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Farmacologia

Ano le.vo 2020/2021


Marisa Machado
Bibliografia

•  Brunton, L. B., Hilal-Dandan, R. & Knowlmann, B. C. (Eds.).
(2018) Goodman & Gilman's the pharmacological basis of
therapeu.cs. (13th ed.). McGraw-Hill.
•  Guimarães, S., Moura, D., & Silva, P.S. (2014). Terapêu.ca
Medicamentosa e suas Bases Farmacológicas (6ª ed). Porto
Editora.
•  Rang, H. P., Dale, M. M., RiZer, J. M., & Flower, R. J. (2015).
Rang & Dale's Pharmacology (8th ed). Churchill Livingstone.
Bibliografia
Sites recomendados:
• Prontuário terapêu.co (
hZp://www.infarmed.pt/prontuario/index.php)

• Sistema Nacional de Farmacovigilância – Portal RAM
(hZp://extranet.infarmed.pt/
page.seram.frontoffice.seramhomepage?
wmp_tc=1396713&wmp_rt=render&requestID=a14e232e-58b4-
4561-95ce-60f5c84f346f)
Avaliação

Avaliação con,nua (30% + 30% + 40 %) e/ou exame final
(100%)

(8 valores mínimo na frequência para poder ir à frequência
seguinte) - Avaliação con,nua
Introdução à Farmacologia
•  Farmacologia
(pharmakon + logos)
Ciência que estuda os fármacos
- Farmacologia Geral
Estuda os princípios e os conceitos gerais aplicáveis a todos os
fármacos
- Farmacologia Específica
Estudo de cada fármaco (ou grupo de fármacos similares) em
par.cular
- Farmacologia Experimental
- Farmacologia Clínica
Farmacologia Geral
Fármacos
“ todos os agentes capazes de modificar funções nos seres
vivos”

Esta definição muito genérica é da mesma forma abrangente, e leva-


nos até à célula, estrutura altamente organizada, com uma função
definida no corpo humano, e cuja funcionalidade pode estar alterada,
deixando de representar um papel a.vo na complexa máquina que é o
organismo humano.
No fundo, pretende-se que o fármaco, (molécula química), atue na
célula ou estrutura alvo , corrija a sua funcionalidade, normalizando-a.
Farmacologia Geral
A abordagem terapêuPca, pressupõe :
•  Realização de uma boa história clínica
•  Realização de um diagnósPco correto
•  Estabelecimento de um esquema terapêuPco adequado
•  Existência de medicamentos disponíveis para a patologia em causa
•  Uso racional do medicamento, em concentração e tempos
adequados
•  Avaliação beneVcio/risco ( presença de eventuais efeitos
secundários)
•  Avaliação da eficácia terapêuPca por reavaliação do doente
•  Esta reavaliação poderá levar a uma adaptação do esquema
terapêu.co
Farmacologia Geral
Jogo de xadrez vs TerapêuPca
•  Regras de jogo
Avaliação e Diagnós.co
•  Valor das peças
Arsenal terapêu.co
•  Avaliação da movimentação das peças
Diferentes abordagens terapêu.cas
•  Previsão das jogadas
Avaliação risco vs benevcio
•  Movimentação da peça
Ins.tuição da terapêu.ca adequada
•  Cheque – mate
Melhoria e cura
O Desenvolvimento da Farmacologia

Farmacologia Geral
•  O estudo da farmacologia na atualidade é muito
complexa e congrega várias áreas do saber, face
à enorme evolução tecnológica e pela
necessidade de permanente procura de novas
moléculas que tenham eventual interesse
terapêu.co, conciliando várias áreas do saber, de
forma a produzir moléculas cada vez mais
eficazes e seguras no seu uso no Homem.
Farmacologia Atual
Farmacologia Geral
ObjePvos:
O sucesso terapêu.co no tratamento de
doenças depende de bases farmacológicas que
permitam a escolha e administração do
medicamento de forma cienxfica e racional,
tendo em conta os obje.vos pretendidos.
Farmacologia Geral
O início de a.vidade, a intensidade e a duração
de resposta terapêu.ca produzida pela maioria
dos medicamentos depende de muitos fatores
que são inerentes, quer ao sistema biológico,
quer ao fármaco.
Farmacologia Geral
O estabelecimento de esquemas posológicos padrão e
seus ajustes dependem de situações como:
•  Condições fisiológicas: Idade, sexo, peso corporal,
gestação
•  Hábitos do paciente: tabagismo, ingestão álcool,
obesidade
•  Doenças: Insuficiência renal, hepá.ca, respiratória,
infecções, queimaduras, febre, anemias, etc
•  Influência dos diferentes fatores inerentes ao doente
Introdução à Farmacologia
•  Fármaco
é definido como todo o agente químico/biológico capaz de modificar
as ações dos seres vivos
Ações farmacológicas
. Medicamentos
. meios químicos de diagnós.co
. tóxicos ou venenos

•  Medicamento
Fármaco u.lizado com fins terapêu.cos
Efeitos terapêuPcos
Efeitos cura.vos
Efeitos profilá.cos
Efeitos laterais ou Secundários
Reações adversas
Introdução à Farmacologia
•  Classificação dos fármacos

–  quanto à origem:
•  Naturais
•  Semi-sinté.cos
•  Sinté.cos

–  Quanto ao modo de acção:
•  Organotrópicos
•  E.otrópicos
Organotrópicos: ação direta sobre o organismo

EPotrópicos: ação direta sobre agentes patogénicos (vírus, bactérias,


fungos, protozoários, helmintas); ex: an.bió.cos

Podem ter:
• Vertente curaPva (terapêu.ca)
• Vertente profiláPca (evita certas situações patológicas)

Os medicamentos podem ser identificados por três nomes


diferentes:
1.  Nome químico
2.  Nome genérico
3.  Nome comercial
Origem natural: mineral,
vegetal e animal.

Origem sintéPca:
produzido por síntese em
laboratório.
Origem semi-sintéPca:
medicamento de origem
natural ao qual se re.ra,
acrescenta ou subs.tuem
grupos químicos.

A Farmacologia é uma ciência que estuda os fármacos em aspetos muito
variados:

Farmacognosia: estuda a origem, conservação, iden.ficação e análise química
dos fármacos que provêm dos reinos animal e vegetal.

Farmácia: estuda a preparação, conservação e análise dos medicamentos

Farmacodinamia: estuda as ações farmacológicas e os seus mecanismos (o
que o fármaco faz ao organismo).

Farmacociné2ca: estuda a absorção, distribuição, metabolização e excreção dos
fármacos (o que o organismo faz ao fármaco).

Farmacogené2ca: estudo da influência dos factores genéPcos sobre a
farmacodinamia, farmacociné.ca e toxicologia de fármacos, e das eventuais
modificações gené.cas induzidas por fármacos.

Toxicologia: estudo das ações tóxicas dos fármacos.

Galénica/tecnologia farmacêu2ca: Preparação de medicamentos em formas que
permitam a sua administração aos doentes da maneira mais ú.l e cómoda.
Farmacologia

Disciplina que engloba o conhecimento da história,
origem, das propriedades vsico-químicas, efeitos
bioquímicos e fisiológicos, mecanismos de ação,
absorção, distribuição, metabolismo e excreção,
usos terapêu.cos e outros, dos fármacos.
Medicamento
•  Forma farmacêu.ca

- Matérias primas:

_Substância a.va

_Excipientes
Formas FarmacêuPcas
•  Formas farmacêu.cas sólidas
–  Pós, grânulos, comprimidos, drageias, pas.lhas, cápsulas, supositórios
e óvulos
•  Formas farmacêu.cas semi-sólidas
–  Pomadas, cremes, geles, pastas, emplastros
•  Formas farmacêu.ca líquidas
(Soluções, suspensões, emulsões)
–  Gotas colírios, colutórios, xaropes, loções, etc.
Ciclo geral dos fármacos no organismo

•  Biofarmacêu.ca
Envolve todo o conjunto de mecanismos que decorrem
desde a administração do fármaco até ao momento da
sua absorção
•  Farmacociné.ca
ADME
•  Farmacodinâmica
Relacionada com a resposta farmacológica e com o efeito
terapêu.ca
Ciclo geral dos fármacos
Ciclo geral dos fármacos
Biotransformação

Plasma Metabolitos

Absorção Fármaco livre Excreção

Eritrócitos Proteinas

Distribuição
Órgão efetor Reserva tecidual
•  Farmacodinâmica
–  “O que o fármaco faz ao organismo”

Estudo das ações


farmacológicas e seus mecanismos

•  FarmacocinéPca
–  “O que o organismo faz ao fármaco”
LADME
Processo dinâmico, que se pode dividir em duas fases

•  L+A = Incorporação
Resulta da conjugação de 2 processos:
. Libertação do fármaco a par.r da forma farmacêu.ca
. Absorção

•  D + M + E = Disposição
Resulta da conjugação de 3 processos
. Distribuição
. Metabolismo
. Excreção
Absorção
Descreve a rapidez e a extensão com que um fármaco
abandona o local de administração.

Biodisponibilidade
Fração da dose administrada que a.nge o seu local de ação.
Processos de travessia das barreiras biológicas
–  A/B. Difusão passiva
–  C. Difusão facilitada
–  C. Transporte a.vo
–  D. Endocitose/exocitose
Fatores que influenciam a absorção

•  Área de absorção

•  Tempo de contato

•  In.midade de contato

•  Intensidade de irrigação

•  Espessura da estrutura absorvente


FarmacocinéPca
Distribuição
•  A distribuição dos fármacos depende
–  Perfusão sanguínea do órgão alvo
–  Difusão a outros órgãos
•  Permeabilidade das membranas
•  Natureza e propriedades do fármaco
–  pKa, peso molecular, lipossolubilidade, ligação às proteínas
plasmá.cas

•  Existem 3 locais de distribuição:


Plasma / Líquido inters.cial/intracelular
Farmacociné.ca
FarmacocinéPca
Distribuição
•  Ligação dos fármacos às proteínas
plasmá.cas:
–  É importante porque permite:
•  o transporte e distribuição
•  depósito e manutenção dos níveis de fármaco

–  É um fenómeno divcil de estudar por:


•  a ligação às proteínas plasmá.cas diferir com a espécie
animal em estudo
•  Variação dos métodos laboratoriais
FarmacocinéPca
Distribuição
•  Casos especiais:

–  SNC / barreira hematoencefálica


•  Sangue
•  Líquido cefaloraquidiano
–  Feto / barreira placentária
–  Leite materno / glândula mamária
–  Redistribuição
•  Representa uma movimentação especial dos fármacos altamente
lipovlicos –> situações de desiquilibrio fisiológico
Biotransformação
•  Compreende qualquer alteração da estrutura química sofrida
pelo fármaco no organismo.

•  Essa alteração dá origem a metabolito(s).

•  Os metabolitos são geralmente moléculas mais hidrossolúveis,


o que facilita a excreção. Têm geralmente mais polaridade,
mais grupos hidrovlicos e maior dimensão, dificultando a sua
distribuição para fora do espaço intravascular e facilitando a
sua excreção.
Biotransformação
FarmacocinéPca
Metabolismo
•  O metabolismo ocorre:
–  Sistema microssomial hepá.co
•  Para realizar a oxidação dos fármacos necessita da
presença de NADPH e oxigénio
•  A formação do citocromo P-450 desempenha papel
principal na oxidação dos fármacos
–  Intes.no delgado
–  Sangue e outros orgãos
Biotransformação
A . Fase I B . Fase II
•  Oxidação •  Conjugação
•  Redução Leva à formação de conjugados com
•  Hidrólise os grupos funcionais expostos, com
Implica alteração ou exposição de aumento do tamanho da molécula
grupos funcionais, com aumento de
polaridade
Biotransformação
•  Fatores que podem influenciar a biotransformação:

–  Fatores gené.cos, com polimorfismos em reações de


oxidação e conjugação
–  Indução ou inibição de enzimas metabolizantes
–  Doenças hepá.cas
–  Má nutrição
–  Idade
Eliminação
•  Via renal
–  Filtração glomerular (não seguida de reabsorção)
–  Secreção tubular

•  Via biliar
–  Circulação entero-hepá.ca

•  Excreção pulmonar
•  Excreção glândulas exócrinas
–  Glândula mamária

CICLO GERAL DOS MEDICAMENTOS
Desenvolvimento de novos medicamentos
ENSAIOS CLÍNICOS

“Todo o estudo sistemá.co com medicamentos realizado


em seres humanos, quer em doentes quer em voluntários
sãos, com o obje.vo de inves.gar ou verificar os efeitos
terapêu.cos e reações adversas do produto em
inves.gação e, ainda, estudar a sua absorção, distribuição,
metabolismo ou biotransformação e excreção, de modo a
se poder .rar conclusões sobre a sua eficácia e
segurança.”
Ensaios clínicos - FASE I

•  Estudos iniciais (no Homem)

•  Pode incluir par.cipantes saudáveis e/ou doentes


(±20-100 indivíduos)

•  Avaliação preliminar de segurança


•  Determinar o perfil farmacociné.co e farmacodinâmico da
substância a.va
Ensaios clínicos - FASE II

•  Demonstração de a.vidade
•  Avaliação da segurança a curto prazo da substância a.va em
doentes com a patologia ou situação para a qual a substância
é indicada
•  Determinação da dose/regime adequado
•  Maior número de par.cipantes (±100-200 indivíduos)
Ensaios clínicos - FASE III

•  Ensaios realizados num número de doentes ainda maior


(±1000-6000 indivíduos)
•  Realizam-se antes do fármaco ser comercializado
•  Determinar o balanço da eficácia/segurança a curto e longo prazo
•  Determinar o valor terapêu.co global e rela.vo
•  Determinar o padrão e o perfil das reações adversas mais
frequentes
Ensaios clínicos - FASE IV

•  Estudos realizados após a introdução no mercado do


medicamento acabado

•  Permitem obter informação adicional acerca dos riscos e


benevcios do uso do fármaco em causa bem como
o.mizar a sua u.lização

•  Deteção de reações adversas raras


PLACEBO
•  Medicamento ou processo sem ação específica

•  O efeito placebo é atribuído às expecta.vas rela.vas


a qualquer regime terapêu.co que os doentes
esperam ter efeito
www.fda.gov
Descrição da REAÇÃO ADVERSA




IdenPficação do MEDICAMENTO que terá
dado origem à reação adversa


Medicação concomitante

Informação sobre a PESSOA que sofreu a
reação adversa

Contato NOTIFICAFOR
Fatores de Risco
•  Polimedicação
•  Idade do doente
–  IDOSOS:
•  Dificuldade em seguir o regime de tratamento por incompreensão ou esquecimento
•  Polimedicação (média 10 a 13 drogas por idoso)
•  Aumento da hipersensibilidade
–  ▼ absorção ▼ metabolização hepá.ca ▼ fluxo renal
▼ massa muscular
–  ▲ tecido adiposo

•  Género
•  Doenças de Base
•  Raça e polimorfismo gené.co

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