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FARMACOLOGIA

Módulo E

Profª. Drª. Flávia Cutrim


Farmacologia

“ O desejo de ingerir medicamentos é a


principal característica que distingue o
homem dos animais”

 William Osler ( médico canadense )


Farmacologia

É a ciência que estuda as


interações entre os compostos
químicos com o organismo vivo ou
sistema biológico, resultando em
um efeito maléfico (tóxico) ou
benéfico ( medicamento ).
Bibliografia
 FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica:
fundamentos de terapêutica racional. 4 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
 GOODAMN & GILMAN. As bases farmacológicas da
terapêutica. 11. ed. São Paulo: Mcgraw-Hill
Interamericana, 2006
 KATZUNG BG. Farmacologia: básica e clínica, 8. ed.
Guanabara Koogan, 2003.
 KOROLKOVAS, A.; FRANÇA, F.F.A.C. Dicionário
Terapêutico Guanabara. Edição 2004/2005. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
 SILVA, P. Farmacologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.
 RANG, H. P.; DALE, M. M. Farmacologia. 4. ed. Rio de
Janeiro: G. Koogan, 2001.
Por que?
 MELHORAR SUA QUALIDADE DE VIDA
 ALIVIAR OU SE POSSÍVEL ABOLIR A DOR
 PROLONGAR A VIDA
 ...
 1. Nem sempre logram o resultado desejado
 2. Muitas vezes só alcançam o alívio ou consolo
do paciente
 3. Do ponto de vista histórico existem relatos
muito antigos sobre o uso de drogas no
tratamento de enfermidades
Farmacologia – Droga Ideal
SEGURANÇA
FARMACOLÓGICA

 DOSE EFETIVA = DE
 DOSE LETAL MÉDIA = DL50 (DL1/2)

 DL ---------------------------------------- DE

 EXEMPLO: PARACETAMOL
DL50 =10.000MG ------------ DE = 500MG
Farmacologia e suas vertentes

 Farmacogenética:
trata-se do estudo das influências genéticas
sobre as respostas a fármacos. Originalmente,
a farmacogenética tratava das reações
farmacológicas idiossincrásicas familiares, em
que os indivíduos afetados exibiam uma
resposta anormal – habitualmente adversa – a
uma classe de fármaco. Hoje um dia, abrange
variações mais amplas na resposta a fármacos
a base genética é mais complexa.
 Farmacogenômica: Este novo termo superpõe-se à
farmacogenética, descrevendo o uso da informação genética
para orientar a escolha da terapia farmacológica numa base
individual. A pressuposição de base é a de que o possível
prever diferenças na resposta a agentes terapêuticos entre
indivíduos a partir de sua constituição genética. A partir deste
princípio, a descoberta das variações gênicas específicas
associadas a uma resposta terapêutica boa ou inadequada a
determinado fármaco deverá permitir a individualização das
escolhas terapêuticas com base no genótipo do indivíduo. A
farmacogenômica é, em sua essência, um ramo da
farmacogenética com boa dose de liberdade. Até o
momento, o conceito é, em grande parte, teórico; entretanto,
se for comprovada a sua validade, as consequências para a
terapêutica serão de longo alcance.
 Farmacoepidemiologia: Trata-se do
estudo dos efeitos dos fármacos em nível
populacional. Ocupa-se com a
variabilidade dos efeitos farmacológicos
entre indivíduos de uma determinada
população e entre populações. Constitui
um tópico cada vez mais importante
para as autoridades regulamentadoras,
que decidem se um novo fármaco pode
ou não ser aprovado para uso
terapêutico.
 Farmacoeconomia: Este ramo da
economia da saúde visa quantificar, em
termos econômicos, o custo e o benefício
das substâncias utilizadas terapeuticamente.
Surgiu em decorrência da preocupação de
muitos governos em fornecer uma assistência
à saúde a partir dos impostos de renda.
Levando questões sobre quais os tipos de
procedimentos terapêuticos mais
convenientes em termos monetários.
Introdução à farmacologia
Farmacologia básica
 Droga: matéria-prima de origem mineral, vegetal ou
animal que contém um ou mais fármacos.

 Fármaco: substância de estrutura química definida


que quando em um sistema biológico, modifica uma
ou mais funções fisiológicas.

Medicamento
Forma, concentração definida
e embalagem regulamentada

 Remédio
Farmacologia

Farmaco Farmaco
dinâmica cinética
Farmacologia básica

 FARMACOCINÉTICA: ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO,


METABOLISMO E EXCREÇÃO DE FARMACOS

 FARMACODINÂMICA: ESTUDA OS EFEITOS


FISIOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E MECANISMO DE
AÇÃO DOS FÁRMACOS
Farmacologia definições
 VEÍCULO FARMACOLÓGICO:
meio inerte em que a droga se encontra dispersa

 FORMA FARMACÊUTICA:
forma como a droga se apresenta para uso
 EX:
COMPRIMIDOS; CÁPSULAS; DRÁGEAS; INJETÁVEIS;
LÍQUIDOS (soluções, suspensões, xaropes);
POMADAS OU CREMES
Farmacologia definições

 DOSE: é a quantidade de droga administrada

 BIODISPONIBILIDADE: é a fração de um fármaco


administrado que é levado à circulação sistêmica

 BIOEQUIVALÊNCIA: quando um fármaco pode ser


substituído por outro sem consequências clínicas
adversas.
Farmacologia definições

 TEMPO 1/2 VIDA: é o tempo ncessário para


que a concentração plasmática do fármaco
chegue em 50 %. É utilizado para o cálculo
da posologia.

 ESTADO DE EQUILIBRIO ESTÁVEL: indica


quando o fármaco atinge a concentração
terapêutica.
Farmacocinética
Estuda quantitativamente
a cronologia dos processos metabólicos da
absorção, distribuição, biotransformação
e eliminação.

 Absorção
 Distribuição
 Biotransformação
 Excreção
Dose da droga administrada

ABSORÇÃO

Concentração da droga na DISTRIBUIÇÃO Droga nos tecidos


circulação sistêmica de distribuição

Droga metabolizada
ou excretada
Concentração da droga no
local de ação

Efeito farmacológico

Resposta clínica

Toxicidade Eficácia
Farmacocinética
ABSORÇÃO
É o processo pelo qual o medicamento,
principalmente administrado por via oral,
intramuscular ou retal, chegam, sem sofrer
alterações, ao meio tissular, de onde se
distribuirão pelo corpo, através do sangue.

 Fatores que influenciam a absorção:


características físico-químicas da substância ativa,
propriedades da formulação farmacêutica e
processos fisiológicos característicos do paciente
Absorção
AGENTE QUÍMICO ORGANISMO
Solubilidade
Membranas
Grau de ionização
Biológicas
Tamanho e forma
da molécula
Estereoquímica

.
Farmacocinética

DISTRIBUIÇÃO

 Após alcançar a circulação sistêmica , a


passagem do fármaco ou sua captação
por qualquer tecido dependem de vários
fatores: propriedades físico-químicas,
tamanho molecular, solubilidade e
tamanho do tecido e fluxo sanguíneo
tecidual.
Distribuição dos Fármacos
 FÁRMACOS LIGADOS À PROTEÍNAS E
HIDROSSOLÚVEIS FICAM PRINCIPALMENTE
NO COMPARTIMENTO PLASMÁTICO

 FÁRMACOS LIPOSSOLÚVEIS ACUMULAM-


SE NO TECIDO ADIPOSO
Distribuição
FATORES QUE MODIFICAM A DISTRIBUIÇÃO

Propriedades fisico-químicas da substância


(hidrossolubilidade e lipossolubilidade, grau de
ionização do agente tóxico no meio biológico)
Nível de proteínas plasmáticas
Maior ou menor grau de vascularização de
determinadas áreas do organismo
Composição aquosa e lipídica dos orgãos e tecidos
Capacidade de biotransformação do organismo
O líquido extracelular compreende o plasma (4,5%),
líquido intersticial (16%) e linfa (1,2%).

O líquido intracelular é a soma do conteúdo de


líquido de todas as células do corpo.

O líquido transcelular (2,5%) inclui os líquidos


cefalorraquidiano, intra-ocular, peritoneal, pleural e
sinuvial e as secreções digestivas.
RESERVATÓRIO DE DROGAS

Compartimentos orgânicos nos quais um fármaco se


acumula.

Relação: Plasma X local de ação X reservatório

1) Proteínas plasmáticas – depende de: [ ] da droga,


afinidade, número de receptores

2) Reservatórios celulares: músculo, fígado, gordura,


osso, etc..

3) Reservatórios transcelulares: gastrintestinal, LCR,


humor aquoso e líquidos articulares.
VOLUME REAL E APARENTE DE DISTRIBUIÇÃO

Volume real de distribuição – capacidade da droga de


se distribuir pela água presente em todo o organismo

Capacidade da substância de atravessar os epitélios de


absorção, o endotélio capilar e as membranas celulares –
distribuição nos 40 litros de água do organismo.

Homem 70 kg – plasma sanguíneo (3 litros) + líquido


intersticial extravascular (12 litros) + liquido intracelular de
todas as células (28 litros) = 40 litros (total de água do
organismo).
Volume aparente de distribuição (Vd)– volume no
qual a droga teria que se dissolver, para atingir a
mesma concentração em que ela se encontra no
plasma sanguíneo.

Relação entre a quantidade de droga no corpo e a


quantidade existente no plasma. Quanto maior o Vd,
maior a concentração da droga nos tecidos
extravasculares.

Uso farmacocinético. Constante de proporcionalidade


e não possui representação anatômica, podendo variar
de 1 litro até 40 litros por kg de peso.
Vd = quantidade de droga no corpo
C(plasma)

Droga Vd (L/70kg)

Ácido salicílico 12

Fluoxetina 2500

Droga x: Vd = 3 L/70kg.
Qual o compartimento que a droga se encontra?
Relação entre o Vd calculado e os
Compartimentos Teciduais Envolvidos

Vd Calculado Compartimento Teciduais de


Fármacos
(L) Distribuição do Fármaco

Heparina, clofibrato, varfarina, Água plasmática,


5
furosemida compartimento vascular

AAS, tolbutamina, gentamicina, Líquido extracelular


10-20
estreptomicina, ampicilina (plasma e líquido intersticial)

Metildopa, amoxicilina, Água corporal total


22-42
nitroglicerina, prednisolona (líquidos extra e intracelular)
Acetominofeno, propranolol,
imipramina, desipramina,
> 70 Acúmulo e ligação nos tecidos
nortriptilina, morfina,
haloperidol
Biotransformação ou
Metabolismo
 O fígado é o principal órgão de biotransformação
de medicamentos, embora algumas drogas sejam
biotransformadas no plasma, intestino (como o
salbutamol que é biotransformado no intestino) ou
outro órgão.
 Atualmente, tem sido criticados por alguns autores
as palavras metabolismo, metabolizado, e
metabolização.
 A biotransformação (metabolismo) das drogas que
ocorre no fígado envolve dois tipos de reações
bioquímicas, conhecidos como reações de FASE I e
de FASE II.
Biotransformação
 Assim, as drogas polares são excretadas
em maior proporção pela urina, de forma
inalterada. Enquanto os fármacos
lipossolúveis (ou lipofílicos ou não polares)
não são excretados de modo eficiente
pelo rim, pois, a maioria é reabsorvida
pelo túbulo distal voltando à circulação
sistêmica.
Biotransformação
 As reações de FASE I consistem principalmente em
oxidação, redução ou hidrólise.
 Após as reações da Fase I, alguns medicamentos
também podem se tornar mais tóxicos ou
carcinogênicos do que a droga original. Muitas
enzimas hepáticas participam da
biotransformação das drogas da fase I, incluindo o
sistema citocromo P-450 que importância
fundamental.
 Se o metabólito (produto resultante do metabolismo)
não for facilmente excretado ocorre a reação da
FASE II subseqüente, reação de Conjugação .
Biotransformação

O sistema citocromo P-450 contém um grupo


de isoenzimas contendo ferro que ativa o
oxigênio molecular em uma forma capaz de
interagir com substratos orgânicos, e, assim,
cataliza uma quantidade diversificada de
reações oxidativas envolvidas na
biotransformação do medicamento que sofre
redução e oxidação durante o seu ciclo
catalítico.
FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO DOS FÁRMACOS
Eliminação ?
 Os fármacos são eliminados do organismo por
biotransformação e excreção .
 Rins e fígado:
 Fígado: biotransformação – enzimas capazes
de reduzir, oxidar, hidrolisar ou conjugar
compostos
 Rins: EXCREÇÃO dos fármacos e seus
metabólitos: fármacos excretados na bile e
eliminados nas fezes,
Excreção dos Fármacos

 RINS → GRANDE MAIORIA DOS


FÁRMACOS
 PULMÕES→ AGENTES VOLÁTEIS OU
GASOSOS
 SISTEMA BILIAR→ EXCRETADAS PELA BILE
ATRAVÉS DO FÍGADO SOFRE
REABSORÇÃO INTESTINAL
CÁPSULA DE BOWMAN
Filtração de todas as
substâncias de baixo TÚBULO PROXIMAL
peso molecular Secreção ativa de algumas drogas
eletrolíticas fracas, especialmente
ácidos.
Reabsorção de água

ALÇA DE HENLE
Reabsorção de água TÚBULO DISTAL
Excreção passiva e
reabsorção
de drogas lipossolúveis.
Reabsorção de água
TUBOS COLETORES
Reabsorção de água

URINA

Néfron localizando filtração glomerular, reabsorção e secreção tubulares


Depuração (“Clearance”)
• Taxa de eliminação, normalizada com a
concentração de um fármaco
• volume de líquido biológico (sangue ou
plasma) que contém a quantidade da droga
removida pelo rim (na depuração renal) ou
ainda metabolizada pelo fígado (depuração
hepática) na unidade de tempo - ml/min ou
ml/min/kg [Cltot = Clrim + Clhep + Cloutros ]
• É extremamente relevante para estabelecer a
dose da droga em tratamento de longo prazo.
Parâmetros Farmacocinéticos

Vd Depuração Meia-vida
Droga
(L/70kg) (L/h/70kg) (h)

Ácido salicílico 12 0,84 13

Fluoxetina 2500 40,2 53


Via Bio Característica
disponibilidade
(%)
Endovenosa 100 Início rápido
Intramuscular ≤100 Volumes maiores possível; pode
ser dolorosa
Subcutânea ≤100 Volumes menores que a IM; pode
ser dolorosa
Oral <100 Mais conveniente; efeito de
primeira passagem significativo
Retal <100 Efeito de primeira passagem
menor que a oral
Inalação <100 Freqüentemente início muito
rápido
Transdérmica ≤100 Geralmente a absorção muito
lenta; longa duração de ação.
Meia-Vida das Drogas (t ½)

Meia-vida – tempo que determinada concentração da


droga leva para reduzir-se à sua metade
Droga T1/2
Penicilina 30-50 min
Vitamina A 8h
Insulina 30 min
Chumbo 70 dias
Paracetamol 95-175 min
Cafeína 3 1/2-6 h
Xilocaína 75 min
Ácido salicílico 4-41/2 h
Vitamina D 40 dias
Efeito do erro temporal da administração de drogas
Farmacologia ações

Atua sobre proteínas-alvo:Receptores

Enzimas
Transportadores
Canais de ions
 Especificidade: Recíproca entre substâncias e
ligantes

 Nenhum fármaco é totalmente específico: o


aumento da dose faz com que ele atue em
outros alvos diferentes peovocando efeitos
colaterais.
INTERAÇÃO FÁRMACO – RECEPTOR:

A tendência de um fármaco se ligar a um


receptor é determinada pela sua
AFINIDADE;

Enquanto a tendência, uma vez ligada, de


ativar o receptor é indicada pela sua
EFICÁCIA.
Farmacologia: efeitos
Ocupação Ativação
regulada pela regulada pela
afinidade eficácia
Droga A
agonista + R AR AR Resposta

Droga B + AR Nenhums
R
antagonista Resposta
Farmacologia: efeitos

 Agonistas: causam alterações na função


celular, produzindo vários tipos de efeitos.

 Antagonistas:
Substância que se liga ao
receptor sem causar ativação impedindo
consequentemente a ligação do
agonista.
Antagonismos

 Antagonismo químico: duas substâncias se


combinam em solução , perdendo-se o
efeito do fármaco ativo.

 Ex:
Uso de agentes quelantes (dimercaprol)
que se ligam a metais pesados reduzindo
sua toxicidade
Antagonismos
 Antagonismo farmacocinético: o Antagonista
reduz efetivamente a concentração do fármaco
ativo em seu local de ação. Podendo ser:
 Através do aumento da velocidade de
degradação do fármaco ativo.
Ex: Warfarin + Fenobarbital = - efeito do warfarin;
 Redução da velocidade de absorção da
susbstância ativa ;
 Aumento na taxa de excreção renal
Antagonismos
Antagonismo competitivo: ambos os fármacos se
ligam aos mesmos receptores (reversível ou
irreversível)
Antagonismo fisiológico: substâncias de ações
opostas tendem anular uma o efeito da outra.
Ex: histamina atua sobre os receptores das
células parietais da mucosa gástrica
estimulando a secreção de ácido, enquanto o
omeprazol bloqueia esse efeito ao inibir a
bomba de prótons.
Dessensibilização

 Diminuiçãodo efeito de um
fármaco que ocorre gradualmente
quando administrado de modo
contínuo ou repetidamente.
Fatores que podem influenciar os processos farmacocinéticos

Fatores relacionados ao paciente Estados fisiopatológicos

Idade Anemias
Sexo Disfunção hepática
Tabagismo Doenças renais
Consumo de álcool Insuficiência Cardíaca
Uso de outros Infecção
Medicamentos Queimaduras
Febre

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