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FARMACOEPIDEMIOLOGIA

Em busca das informações


confiáveis para exercer atitudes
baseadas em evidências
EPIDEMIOLOGIA
 Definição : Ciência que estuda quantitativamente a
distribuição dos fenômenos de saúde/doença e seus
fatores condicionantes e determinantes nas populações
humanas .

 Origem termo : epi = sobre


demos = população
logos = conhecimento
FARMACOEPIDEMIOLOGIA

 Definição : estudo do uso e dos efeitos dos


fármacos em grupos populacionais.
 Metodologia : métodos de avaliação
epidemiológica aplicados a Farmacologia.
 Importância : utilização em Ensaios Clínicos
onde se avaliam principalmente novos fármacos
e na fase IV pós-mercadológica.

 Atitudes Baseadas em Evidências


EPIDEMIOLOGIA

Epidemiologia descritiva

Epidemiologia analítica
EPIDEMIOLOGIA
DESCRITIVA
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA

 Característica : Descreve as doenças e gera


hipóteses, sem testá-las . Não utiliza grupos
controle.
 Descrição : utiliza conceitos :
 Incidência
 Prevalência
 Fator de risco
 Fator prognóstico
Conceitos utilizados
• Incidência : número de novos casos de
uma ocorrência em um tempo definido.

• Prevalência : número total de casos na


população.
INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA

Cálculo : a / a+b = prevalência ( ou


incidência ) na população em porcentagem (%).
• a = doentes
• b = sadios
• a+b = população total

Exemplo : má-formação após uso da talidomida.


Exemplo: “má-formação após uso da
talidomida”.
 entre 1961-64 nasceram no Brasil 600 crianças
com focomegalia decorrente do uso materno de
talidomida.
• - total de nascimentos neste período = 600.000

• → 600/ 600.000 = 1 / 1000 nascimentos ( 0.1%) .


Incidência no período.
FATOR DE RISCO

 Fator de risco : compara a frequência de


eventos em duas populações que apresentam
ou não o fator de risco estabelecido. Ex.: uso de
antidepressivos em pacientes hipertensos e
normotensos.

100 pacientes hipertensos x 100 pacientes normotensos


15 apresentaram hemorragia ( hipertensos )
X
03 apresentaram hemorragia ( normotensos )
FATOR PROGNÓSTICO
Fator prognóstico : possibilidade de cura ou
complicações com o uso de antibióticos
aminoglicosídeos em pacientes com
insuficiência renal leve.

• 1000 pacientes foram tratados com


aminoglicosídeos e 100 apresentaram
insuficiência renal grave necessitando de
diálise . ( complicações )
EPIDEMIOLOGIA
ANALÍTICA
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
ANALÍTICA
Características : : estudos observacionais e
experimentais.

 estudos observacionais :
 ex. : estudos de caso

 estudos experimentais :
 ex. : ensaios clínicos randomizados
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
ANALÍTICA
Objetivo : avaliar a efetividade dos fármacos.

 efetividade : resultado da eficácia e segurança


de um fármaco em uma população.
 estudos de caso individuais ou em série.
 estudos randomizados duplo-cego
(placebo x fármaco de referência x fármaco em
teste).
ENSAIOS CLÍNICOS
 Constituem aplicação dos conhecimentos da
Epidemiologia Analítica.
 Exigência para registro de medicamentos.
 Ensaios pré-clínicos “ in vitro “ e em duas ou
mais espécies animais ( mamíferos e/ou
roedores).
 Demonstração inequívoca de segurança a curto
e longo prazo.
• HISTÓRICO
• 1962
– FDA exigiu que todas as indústrias
farmacêuticas apresentem estudos que
comprovem que os fámacos são eficazes e
seguros.
– Tornou-se obrigatório estudos pré-clínicos e
clínicos para a comprovação da eficácia e
segurança.
– Todos os fármacos registrados entre 1938 e
1962 foram reavaliados.
Ensaio clínico
Experimentos com seres humanos com o
objetivo de investigar:
– Farmacodinâmica
– Farmacocinética
– Efeitos farmacológicos/clínicos
– Reações adversas

Objetivo: verificar eficácia e segurança


Ensaios Clínicos

Fornecerão as bases científicas para as


decisões terapêuticas que deverão ser tomadas
à partir dos resultados e conclusões destes
ensaios.
ensaio clínico

evidência científica

terapêutica
Ensaio clínico
Requisitos:
• Objetivo do estudo.
• Hipótese a ser testada.
• Enfoque do estudo.
• População homogênea para quem foi delineada
a hipótese.
• Critérios de inclusão e de exclusão.
Ensaios clínicos
Fase I
• Voluntários sadios

Evidenciar a farmacocinética e toxicidade


Implantar os esquemas posológicos.

• Nesta fase não há avaliação de eficácia


Ensaios clínicos
Fase II
Pacientes portadores da patologia de estudo.

Investigar atividade biológica específica.


Informação preliminar da eficácia.
Informações suplementares da segurança.
Relação dose-resposta.
Ensaios clínicos
Fase III
Pacientes portadores da patologia de estudo.

• Tamanho da amostra deve ser grande.


• Comparação com fármaco referência ou placebo.
• Observação de reações adversas.
• Pacientes de risco.
• Fatores modificadores da eficácia / segurança.

Registro do medicamento
Ensaios clínicos
Fase IV (pós comercialização)
Milhares de pacientes utilizando o
medicamento :

• Pacientes com contra-indicações.


• Pacientes utilizando outros medicamentos.
• Melhor Controle – relação médico paciente.
• Critérios de diagnóstico rigorosos.
• Farmacovigilância.
Ensaios Clínicos
• Regulamentação no Brasil
• Conselho Nacional de Saúde
• Resolução CNS nº 196/96
• Resolução CNS nº 251/97

• 1999 - Agência Nacional de Vigilância Sanitária


• Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e
Ensaios Clínicos
• Emissão de pareceres ao registro de medicamentos
• Autorização de de projetos de pesquisa clínica
Aspectos éticos

• Comissão Nacional de Ética em pesquisa


(CONEP)

– Resolução Nº 196, de 10 de outubro de


1996
MÉTODOS DE ENSAIOS CLINICOS

 Estudo de caso.
 Estudo de caso em série.
 Estudo de caso controlado.
 Estudo coorte.
 Estudos randomizados :
• simples cego
• duplo cego
ESTUDO DE CASO

 Simples : relato ocorrido em um paciente ( ex.


embolia pulmonar c/ AINEs ).

 Em Série: indivíduos submetidos a mesma condição


( ex. antidiabéticos > infarto ) .

 Controlado: compara grupos e morbidades ( ex.


tromboembolismo com uso ou não uso de
anticoncepcionais ).
ESTUDO COORTE

 Acompanham populações específicas e


verificam diferenças nos resultados ( ex. uso de
atorvastatina em pacientes hiperlipidêmicos ).
 Não utilizam grupo Controle
 Prospectivo = simultâneo ao evento.
 Retrospectivo = eventos passados - análise de
prontuários.
ENSAIOS CLÍNICOS
RANDOMIZADOS
 Gerente controla o procedimento (medicamento
= Grupo Experimental ) e compara os resultados
c/ Grupo Controle e Placebo.

 experimental x referência x placebo


• Simples Cego
• Duplo Cego
CONCLUSÕES
 A decisão de aplicar os resultados de estudos
específicos , conclusões de revisões, ou outras
evidências na prática clínica depende da
qualidade das evidências de que os benefícios
superam os riscos e custos no ambiente clínico
e nas circunstâncias específicas do paciente.
 Isto favorece o Uso Racional de Medicamentos
Requerimentos para a conduta
clínica
• Formular uma questão clínica derivada do problema do
paciente em questão.
• Definir que informação é necessária.
• Selecionar os melhores estudos.
• Avaliar criticamente a evidência disponível.
• Sintetizar a(s) evidência(s).
• Definir a força da evidência.
• Integrar a evidência com a experiência clínica e aplicar
na prática os resultados.
• Avaliar a evolução desta conduta baseada em
evidências e sempre se atentar nos aprimoramentos
vigentes para condutas futuras.
Passos : Planejamento
Farmacoterapêutico

• 1 - Individualizar o Paciente com


determinada morbidade (comorbidades)
• 2 - Verificar o problema a ser resolvido
• 3 - Qual intervenção a ser aplicada
• 4 - Comparar com outras possíveis
intervenções
• 5 - Desfecho esperado
Em caso de dúvida ???

• Perguntar a um colega ?
• Consultar um livro-texto ?
• Consultar revisões sobre o assunto ?
• Fazer uma pesquisa atualizada por meios
eletrônicos ( Medline)
INFORMAÇÕES NA LITERATURA

• Verificar a confiabilidade das


informações ( estudo randomizado ?,
duplo-cego? , análise estatística ? )

• Considerar relevância da fonte de


informações( Níveis de evidência )
Níveis de evidência
I. Revisão sistemática com metanálise.
II. Mega-ensaio (> 1000 pacientes).
III. Ensaio clínico randomizado (< 1000
pacientes).
IV. Coorte (não randomizado).
V. Estudo caso controle.
VI. Série de casos (sem grupo controle).
VII. Opinião de especialista.
PERSPECTIVAS FUTURAS

Nos ensaios clínicos


FARMACOGENÔMICA CLÍNICA
 50% do total de medicamentos utilizados não possuem
indicação individual quanto a eficácia e segurança.
 49% das reações adversas estão associadas a
fármacos substratos de enzimas polimórficas.
 30 famílias de isoenzimas do sistema citocromo P450
metabolisadoras de fármacos apresentam polimorfismo
• Exemplos :
 erradicação Helicobacter pylori maior em asiáticos que
ocidentais ( menor metabolismo do omeprazol).
 intoxicações por fenitoina maior em caucasianos
( deficiência de CYP2D6 ).

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