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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Fisiologia........................................................................ 3
3. Ácido acetilsalicílico (AAS)...................................... 8
4. Inibidores do receptor P2Y12 .............................11
5. Bloqueadores dos receptores da
glicoproteína IIB/IIIA......................................................15
6. Outras classes............................................................18
Referências Bibliográficas .........................................20
ANTIPLAQUETÁRIOS 3

1. INTRODUÇÃO seguida, é reforçado pela fibrina. A


importância relativa de cada proces-
As plaquetas proporcionam o tampão
so depende do tipo de vaso (arterial,
hemostático inicial nos locais de lesão
venoso ou capilar) que foi lesado.
vascular. Elas participam também em
tromboses patológicas, que levam A trombose é a formação patológica
ao infarto do miocárdio, ao aciden- de um tampão “hemostático” dentro
te vascular encefálico e a tromboses da vasculatura na ausência de san-
vasculares periféricas. Nesses últi- gramento (“hemostasia no local erra-
mos anos, foram desenvolvidos po- do”). Há cerca de um século, Rudolph
tentes inibidores da função plaque- Virchow definiu três fatores predis-
tária. Esses fármacos atuam por meio ponentes – a “tríade de Virchow”: le-
de mecanismos distintos e, portanto, são da parede vascular – por exem-
seus efeitos são aditivos ou até mes- plo, quando uma placa ateromatosa
mo sinérgicos quando utilizados em se rompe ou sofre erosão; alteração
combinação. A sua disponibilidade do fluxo arterial – por exemplo, na
provocou uma revolução na medicina aurícula atrial esquerda durante a fi-
cardiovascular, visto que, hoje, a an- brilação atrial, ou nas veias dos mem-
gioplastia e o stenting vascular toma- bros inferiores ao sentar erradamente
ram-se possíveis com baixas taxas após uma longa caminhada; e coagu-
de reestenose e trombose quando labilidade anormal do sangue – como
se emprega um inibidor plaquetário ocorre, por exemplo, nos últimos es-
eficaz. tágios da gravidez ou durante o trata-
mento com alguns anticoncepcionais
orais. O aumento da coagulabilidade
2. FISIOLOGIA pode ser hereditário e, nesses casos,
A hemostasia é a interrupção do é denominado trombofilia.
sangramento de vasos sanguíneos
lesados e é essencial à vida. Um fe- SE LIGA! Um trombo, que se forma in
rimento causa vasoconstrição, acom- vivo, deve ser diferenciado de um co-
águlo, que se forma no sangue in vitro
panhada de:
(por exemplo, em um tubo de vidro). Os
• Adesão e ativação de plaquetas; coágulos são amorfos e consistem em
uma trama difusa de fibrina na qual os
• Formação de fibrina. eritrócitos e leucócitos são aprisionados
indiscriminadamente. Por outro lado,
trombos venosos e arteriais possuem
características distintas.
A ativação de plaquetas leva à for-
mação de um tampão hemostático,
que interrompe o sangramento e, em
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Um trombo arterial é composto pelo • A coagulação sanguínea (forma-


trombo branco, que consiste, prin- ção de fibrina);
cipalmente, em plaquetas em uma
• A função plaquetária;
trama de fibrina. Geralmente ele está
associado à aterosclerose e pode in- • A remoção da fibrina (fibrinólise).
terromper o fluxo sanguíneo, causan-
do isquemia ou morte (infarto) do te-
As plaquetas mantêm a integridade
cido a distância.
da circulação. Quando as plaquetas
O trombo venoso é composto de um são ativadas, elas sofrem uma sequ-
“trombo vermelho” e consiste em uma ência de reações que são essenciais
cabeça branca pequena e uma cauda para a hemostasia, importantes para
longa vermelha, de consistência se- a cicatrização dos vasos sanguíneos
melhante à gelatina, com composição lesados e desempenham um papel na
parecida à do coágulo sanguíneo, que inflamação. Essas reações, das quais
se projeta ao longo do fluxo. O trombo várias são redundantes (no sentido
pode soltar-se do local que está ade- de que se uma via de ativação estiver
rido e flutuar pela circulação formando bloqueada, a outra está disponível) e
um êmbolo; os êmbolos venosos ge- várias outras autocatalíticas, incluem:
ralmente se alojam na artéria pulmo-
nar (“embolismo pulmonar”), enquan- • Adesão após lesão vascular (atra-
to os trombos provenientes do lado vés da formação de pontes de fa-
esquerdo do coração ou da artéria ca- tor de von Willebrand entre ma-
rótida geralmente se alojam em uma cromoléculas subendoteliais e
artéria, no cérebro ou em outros ór- receptores de glicoproteína [GP] Ib
gãos, causando morte, acidente vas- na superfície da plaqueta);
cular ou outra grave consequência. • Alteração da forma (de discos li-
O tratamento farmacológico para tra- sos para esferas espinhosas com
tar ou prevenir a trombose ou o trom- pseudópodos protrusos);
boembolismo é usado com frequên-
cia, pois tais doenças são comuns e,
também, graves. Os fármacos afetam
a hemostasia e a trombose de três
formas distintas, ao influenciar:
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Plaqueta em repouso que interliga plaquetas adjacentes


para formar agregados;
• Exposição de fosfolipídeos ácidos
na superfície plaquetária, promo-
vendo a formação de trombina (e,
assim, mais ativação de plaquetas
via receptores de trombina e for-
mação de fibrina via clivagem do
fibrinogênio).

Ativação plaquetária

Fibrinogênio
Plaqueta ativada Aglutinação plaquetária
Figura 1. Micrografias por escaneio eletrônico de pla-
quetas. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016

Receptores
• Secreção do conteúdo dos grânu-
GP de IIb/IIIa
los (incluindo agonistas plaquetá- ativos
rios, como ADP e 5-hidroxitripta-
mina, e fatores de coagulação e de
crescimento, como o fator de cres-
Figura 2. Ativação e aglutinação de plaquetas. GP,
cimento derivado de plaquetas); glicoproteína. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016

• Biossíntese de mediadores lábeis,


como o fator ativador de plaquetas
e tromboxano (TX) A2;
• Agregação, que é promovida por
vários agonistas, como o colágeno,
trombina, ADP, 5-hidroxitriptami-
na e TXA2, atuando em recepto-
res específicos na superfície pla-
quetária; a ativação por agonistas
leva à expressão de GPIIb/IIIa, re-
ceptores que ligam fibrinogênio, o
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Figura 3. Formação do coágulo hemostático. GP, glicoproteína; ATP, trifosfato de adenosina; AMPc, monofosfato cíclico de adenosina; ADP, difosfato de adenosina; PAF, fator de ativação plaquetário. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016
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Esses processos são FLUXOGRAMA: FISIOLOGIA HEMOSTÁTICA E ATUAÇÃO DOS


essenciais para a he- ANTIPLAQUETÁRIOS
mostasia, mas podem
ser iniciados inadequa-
damente se a parede Placa aterosclerótica rompida
arterial estiver doente,
mais frequentemente
na aterosclerose, resul-
tando em trombose. Adesão de plaquetas a uma
superfície trombogênica

Exposição de
fosfolipídeos
Ativação de plaquetas ácidos

Geração de ácido araquidônico Processos de


coagulação

Aspirina

Produção de
endoperóxidos cíclicos Trombina

Inibidores da
síntese de TXA2

Inibidores
Liberação de ADP, etc Síntese de TXA2 diretos da
trombina
Antagonistas (ex: hirudina)
Ticlopidina do receptor de
Clopidogrel TXA2

Expressão de
receptores de GPIIb/IIIa

Antagonistas de
receptores GP Iib/IIIa (ex:
trocar abciximabe, tirofibana)
Ligação de plaquetas
adjacentes em função da
ligação do fibrinogênio com os
receptores GP Iib/IIIa

Epoprostenol,
Agregação de plaquetas
NO
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3. ÁCIDO convertido inicialmente em prosta-


ACETILSALICÍLICO (AAS) glandina H2 pela COX-1. A prosta-
glandina H2 é metabolizada a trom-
A estimulação das plaquetas por
boxano A2, que é liberado no plasma.
trombina, colágeno e ADP resulta na
O tromboxano A2 promove o proces-
ativação das fosfolipases de mem-
so de aglutinação, que é essencial
brana das plaquetas que liberam áci-
para a rápida formação do tampão
do araquidônico dos fosfolipídeos da
hemostático.
membrana. O ácido araquidônico é

Tromboxano A2

Prostaglandina H2
Ciclo-oxigenase-1 Ácido
(COX-1) acetilsalicílico
Ácido araquidônico
Fosfolipídeos de
membrana
Figura 4. O AAS inibe a COX-1 das plaquetas. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016

O ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a é rápido, e a supressão da tromboxa-


síntese do tromboxano A2 por ace- no A2 e a consequente supressão da
tilação do resíduo serina no centro aglutinação das plaquetas induzida
ativo da COX-1, inativando irrever- pelo AAS persistem por toda a vida
sivelmente a enzima. Isso desloca o da plaqueta, que é 7 a 10 dias aproxi-
equilíbrio dos mediadores químicos madamente. A administração repeti-
em favor dos efeitos antiaglutinantes da do AAS tem efeito acumulativo na
da prostaciclina, prevenindo a agluti- função das plaquetas.
nação plaquetária. O efeito inibitório
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Ciclo-oxigenase-1
plaquetária Ácido
acetilsalicílico

Ciclo-oxigenase-1
Ácido salicílico
acetilada

Cadeia
lateral
serina

Grupo acetila
Figura 5. Acetilação da COX-1 pelo AAS. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016

varia de 15 a 20 minutos, e a do ácido


SE LIGA! O AAS é o único fármaco an- salicílico é de 3 a 12 horas.
tiplaquetário que inibe irreversivelmente
a função das plaquetas.
O AAS é usado no tratamento profi-
lático da isquemia cerebral transitória,
para reduzir a incidência de infarto
Por via oral, o AAS é absorvido por agudo do miocárdio (IAM) recorren-
difusão passiva e rapidamente hidro- te e para diminuir a mortalidade nas
lisado a ácido salicílico no fígado. O situações de prevenção do IAM pri-
ácido salicílico é biotransformado no mário e secundário. Ocorre inativação
fígado, e parte é excretada inaltera- completa das plaquetas com 75 mg
da com a urina. A meia-vida do AAS diários de AAS. A dose de AAS reco-
mendada vai de 50 a 325 mg/dia.
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Dosagens mais altas de AAS au- no centro catalítico. Por isso, AAS de
mentam sua toxicidade, bem como a liberação imediata deve ser tomado
probabilidade de inibir também a pro- no mínimo 60 minutos antes ou pelo
dução de prostaciclina. O tempo de menos 8 horas depois do ibuprofeno.
sangramento é alongado com o trata- Embora o celecoxibe (um inibidor sele-
mento com AAS, causando complica- tivo da COX-2) não interfira na ativida-
ções que incluem aumento da incidên- de antiaglutinante do AAS, há alguma
cia de acidente cerebral hemorrágico evidência de que ele pode contribuir
(AVCh) e sangramento gastrintestinal para os eventos cardiovasculares,
(GI), especialmente com dosagens deslocando o equilíbrio dos mediado-
mais elevadas. Anti-inflamatórios não res químicos em favor do tromboxano
esteroides, como o ibuprofeno, inibem A2.
a COX-1 por competição transitória

SAIBA MAI!
Estudos clínicos demonstraram a eficácia da aspirina em vários contextos clínicos. Para indi-
cações agudas (acidente vascular cerebral [AVC] trombótico em evolução, infarto agudo do
miocárdio) o tratamento é iniciado com uma dose única de aproximadamente 300 mg para
atingir uma inibição substancial rápida (> 95%) da síntese de tromboxano das plaquetas, se-
guida por doses diárias regulares de 75 mg.
Os efeitos adversos da aspirina, a maioria no trato gastrointestinal, são, entretanto, clara-
mente relacionados à dose, de modo que uma dose baixa (geralmente 75 mg/dia) costuma
ser recomendada para tromboprofilaxia. A tromboprofilaxia é reservada para indivíduos com
alto risco cardiovascular (ex: sobreviventes de infarto do miocárdio), em quem os benefícios
cardiovasculares da aspirina geralmente superam o risco de sangramento gastrointestinal.

MAPA MENTAL: ÁCIDO ACETILSALICÍLICO

Ação: inibição da
síntese de TXA2 por
inativação da COX-1

Efeitos adversos: ↑ tempo de


sangramento, ↑ AVCh, Via de administração: Oral
↑ sangramento no TGI
AAS

Dose: 50-325 mg/dia Biotransformação hepática

Meia-vida: 15-20 min Principal via de


(ácido salicílico: 3-12h) excreção: renal
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4. INIBIDORES DO e umas às outras. O ticagrelor se liga


RECEPTOR P2Y 12 reversivelmente ao receptor P2Y12
ADP. Os demais ligam-se irreversi-
Os inibidores do receptor P2Y12
velmente. A inibição máxima da aglu-
ADP, o que também bloqueia a aglu-
tinação das plaquetas é obtida em 1
tinação das plaquetas. Esses fárma-
e 3 horas com ticagrelor, 2 e 4 horas
cos inibem a ligação do ADP aos seus
com prasugrel, 3 e 4 dias com ticlo-
receptores nas plaquetas e, assim,
pidina e 3 e 5 dias com clopidogrel.
inibem a ativação dos receptores de
Quando o tratamento é suspenso,
GP IIb/IIIa necessários para que as
o sistema plaquetário necessita de
plaquetas se liguem ao fibrinogênio
tempo para recuperação.

Receptores Ticlopidina
GP de IIb/IIIa Clopidogrel
ativos Prasugrel
ADP
Ticagrelor

Células endoteliais lesadas

A ticlopidina, o clopidogrel, o prasugrel


e ticagrelor inibem a aglutinação
plaquetária mediada por ADP

Figura 6. Mecanismo de ação de ticlopidina, clopidogrel, prasugrel e ticagrelor.GP, glicoproteína. Fonte: Farmacologia
ilustrada, 2016
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O clopidogrel é aprovado para a pre-


venção de eventos ateroscleróticos SE LIGA! A ticlopidina foi a primeira a ser
em pacientes com IAM ou AVE re- introduzida, porém causa neutropenia e
trombocitopenia. Na atualidade, os prin-
centes e naqueles com doença arte-
cipais agentes são o clopidogrel, o pra-
rial periférica estabelecida. Ele tam- sugrel e o ticagrelor, cada um dos quais
bém está aprovado para a profilaxia é combinado com aspirina de baixa dose
de eventos trombóticos na síndrome em pacientes com doença coronária ins-
tável, geralmente por mais de 1 ano.
coronária aguda (angina instável ou
IAM sem elevação do segmento ST).
Além disso, é usado para prevenir Estes fármacos requerem doses de
eventos trombóticos associados com carga para efeito antiplaquetário mais
intervenção coronária percutânea rápido. Alimentos interferem com a
(ICP) com ou sem stent coronário. absorção da ticlopidina, mas não com
A ticlopidina é indicada para a pre- os demais. Após ingestão oral, os fár-
venção de ataques isquêmicos tran- macos são extensamente ligados às
sitórios (AITs) e AVEs em pacientes proteínas plasmáticas. Eles sofrem
com evento trombótico cerebral pré- biotransformação hepática pelo sis-
vio. Contudo, devido a reações ad- tema CYP450 a metabólitos ativos. A
versas hematológicas ameaçadoras à eliminação dos fármacos e seus me-
vida, a ticlopidina em geral é reserva- tabólitos ocorrem por via renal e fecal.
da para pacientes intolerantes a ou- O clopidogrel é um pró-fármaco, e sua
tros tratamentos. eficácia terapêutica depende total-
mente do metabólito ativo produzido
O prasugrel é aprovado para diminuir
via biotransformação pela CYP2C19.
os eventos trombóticos cardiovascu-
lares em pacientes com síndromes
coronárias agudas (angina instável, SE LIGA! O polimorfismo genético da
IAM sem elevação ST e IAM com ele- CYP2C19 leva a respostas clínicas dimi-
nuídas em pacientes que são “maus bio-
vação ST tratado com ICP). transformadores” de clopidogrel. Atual-
O ticagrelor é aprovado para a pre- mente, há testes para identificar maus
biotransformadores, e é recomendado
venção do tromboembolismo arterial que outros antiplaquetários (prasugrel
em pacientes com angina instável e ou ticagrelor) sejam prescritos para es-
IAM, incluindo aqueles submetidos a ses pacientes. Além disso, outros fárma-
ICP. cos que inibem a CYP2C19, como ome-
prazol e esomeprazol, não devem ser
administrados junto com o clopidogrel.

Os inibidores do receptor P2Y12


ADP podem prolongar o tempo de
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sangramento, para o que não exis- ticagrelor). O prasugrel é contraindi-


te antídoto. A ticlopidina é associada cado em pacientes com histórico de
com graves reações hematológicas AIT ou AVE.
que limitam seu uso, como granuloci-
tose, agranulocitose, púrpura trombo-
citopênica trombótica (PTT) e anemia MAPA MENTAL: INIBIDORES DO RE-
CEPTOR P2Y12 ADP
aplástica. O clopidogrel causa menos
efeitos adversos, e a incidência de
neutropenia é menor. Contudo, foi re-
Ticlopidina
latada PTT como efeito adverso para
clopidogrel e prasugrel (mas não para

Clopidogrel

Representantes

Prasugrel

Ticagrelor

Ticagrelor: ligação
Ação: inibição da aglutinação reversível ao receptor P2Y12
plaquetária mediada por ADP
INIBIDORES através da inibição da ativação
DO RECEPTOR dos receptores GP IIb/IIIa
P2Y12 Demais: ligação irreversível

Via de administração: oral

Biotransformação hepática Clopidogrel: biotransformação


pelo sistema CYP450 pela CYP2C19

Principais vias de excreção:


renal e fecal

Efeitos adversos: ↑ tempo de


sangramento, graves reações
hematológicas (ticlopidina)
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5. BLOQUEADORES e, consequentemente, não acontece


DOS RECEPTORES DA a aglutinação. Eptifibatida e tirofiba-
GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA na atuam de modo similar ao abcixi-
mabe bloqueando o receptor GP IIb/
O receptor GP IIb/IIIa desempenha
IIIa. O eptifibatida é um peptídeo cí-
papel fundamental na estimulação
clico que se liga ao GP IIb/IIIa no local
da aglutinação das plaquetas. O an-
que interage com a sequência argi-
ticorpo monoclonal quimérico abcixi-
nina-glicina-ácido aspártico do fibri-
mabe inibe o complexo receptor GP
nogênio. O tirofibana não é um peptí-
IIb/IIIa. Ligando-se ao GP IIb/IIIa, o ab-
deo, mas bloqueia o mesmo local que
ciximabe bloqueia a ligação do fibri-
a eptifibatida.
nogênio e do fator de von Willebrand

Receptores GP
de IIb/IIIa ativos

Abciximabe
Eptifibatida
Tirofibana

Fibrinogênio
Figura 7. Meca-
nismo de ação
Abciximabe, eptifibatida e tirofibana dos bloqueadores
dos receptores de
bloqueiam os receptores de GP glicoproteína IIb/
IIIa. Fonte: Farma-
IIb/IIIa das plaquetas cologia ilustrada,
2016
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é excretada, principalmente inaltera-


SE LIGA! Os antagonistas do receptor da, pelos rins e nas fezes.
GPIIb/IIIa possuem o atrativo teórico de
inibir todas as vias de ativação de pla-
Esses fármacos são administrados
quetas (uma vez que todas convergem por via IV, junto com heparina e AAS,
para ativação dos receptores GPIIb/IIIa). como um auxiliar da ICP para a pre-
venção de complicações cardíacas
isquêmicas. O abciximabe também
O abciximabe é administrado em bó-
está aprovado para pacientes com
lus intravenoso (IV), seguido de infu-
angina instável que não respondem
são IV, alcançando o pico de inibição
ao tratamento médico convencional
das plaquetas em 30 minutos. Após
quando a ICP é planejada para as
interromper a infusão, a função pla-
próximas 24 horas.
quetária gradualmente retorna ao
normal, com o efeito antiplaquetá- O principal efeito adverso destes
rio persistindo entre 24 e 48 horas. fármacos é o sangramento, espe-
Quando a infusão IV de eptifibatida cialmente se forem usados com
ou tirofibana é interrompida, ambos anticoagulantes.
são rapidamente depurados do plas-
ma. A eptifibatida e seus metabólitos
são excretados pelos rins. A tirofibana
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MAPA MENTAL: BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA

Abciximabe: anticorpo
monoclonal quimérico

Representantes Eptifibatida: heptapeptídeo

Ação: inibição dos Tirofibana: molécula


receptores de GPIIb/IIIa não peptídica

Via de administração: IV Abciximabe: curta (min)

Meia-vida plasmática Eptifibatida: longa (2,5h)

BLOQUEADORES
DOS RECEPTORES
DA GLICOPROTEÍNA Tirofibana: longa (2h)
IIB/IIIA

Abciximabe: longa (dias)

Meia-vida de ligação a plaquetas Eptifibatida: curta

Principal via de excreção:


renal (epitifibatida e tirofibana) Tirofibana: curta

Efeitos adversos: sangramento


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6. OUTRAS CLASSES causa vasodilatação bem como inibe


a agregação plaquetária. É adiciona-
Dipiridamol
do ao sangue que ingressa no circuito
O dipiridamol, um vasodilatador co- de diálise para prevenir trombose du-
ronário, aumenta os níveis intracelu- rante a hemodiálise, especialmente
lares de AMPc inibindo o nucleotídeo em pacientes com contraindicação ao
cíclico fosfodiesterase, resultando, uso de heparina. Ele também é utili-
assim, em diminuição da síntese de zado na hipertensão pulmonar grave
tromboxano A2. Ele pode potenciali- e no choque circulatório associado a
zar o efeito da prostaciclina no anta- sepse meningocócica. Ele é instável
gonismo da adesividade das plaque- em condições fisiológicas e tem meia-
tas e, assim, diminuir sua aderência -vida de 3 minutos, razão pela qual
às superfícies trombogênicas. deve ser administrado por via intra-
O dipiridamol tem biodisponibilidade venosa. Os efeitos adversos relacio-
variável por administração oral e liga- nados à sua ação vasodilatadora in-
-se extensamente às proteínas. Sofre cluem rubores, cefaleia e hipotensão.
biotransformação hepática, por gli-
curonidação, e é excretado principal- Cilostazol
mente com as fezes.
O cilostazol é um antiplaquetário de
O dipiridamol é usado para preven-
uso oral que tem também atividade
ção de acidentes vasculares ence-
vasodilatadora. O cilostazol e seus
fálicos (AVEs) e geralmente é admi-
metabólitos ativos inibem a fosfodies-
nistrado com AAS. Pacientes com
terase tipo III que previne a degrada-
angina instável não usam dipiridamol
ção do AMPc, aumentando, assim, os
devido à sua propriedade vasodilata-
seus níveis nas plaquetas e nos teci-
dora, o que pode agravar a isquemia
dos vasculares. O aumento nos níveis
(fenômeno do roubo coronário). O di-
de AMPc nas plaquetas e nos vasos
piridamol comumente causa cefaleia
previne a aglutinação das plaquetas
e pode causar hipotensão ortostática
e promove a vasodilatação, respecti-
(especialmente na administração IV).
vamente. O cilostazol altera de modo
favorável o perfil lipídico, causando
SE LIGA! Os efeitos benéficos da aspiri- diminuição nos triglicerídeos plasmá-
na e do dipiridamol são aditivos. ticos e aumentando a lipoproteína de
alta densidade colesterol (HDL). Está
Epoprostenol aprovado para a diminuição dos sin-
tomas da claudicação intermitente. O
O epoprostenol (PGI2), um agonis- cilostazol é extensamente biotrans-
ta dos receptores prostanoides IP, formado no fígado pelas isoenzimas
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CYP3A4, CYP2C19 e CYP1A2. Como


tal, esse fármaco tem várias intera-
ções farmacológicas que exigem mo-
dificação da dosagem. A via primá-
ria de eliminação é renal. Os efeitos MAPA MENTAL: OUTRAS CLASSES
adversos mais comuns são cefaleia e
sintomas GI (diarreia, fezes anormais,
dispepsia e dor abdominal). Os inibi- Ação: diminuição da
síntese de TXA2
dores da fosfodiesterase tipo III au-
mentam a mortalidade em pacientes
com insuficiência cardíaca avançada.
Vias de administração: oral, IV
Por isso, o cilostazol é contraindicado
em pacientes com in-
suficiência cardíaca.
Biotransformação hepática
Dipiridamol
por glicuronidação

Principal via de excreção: fecal

Efeitos adversos: cefaleia,


hipotensão ortostática

OUTRAS
CLASSES Via de administração: IV

Epoprostenol

Efeitos adversos: rubores,


cefaleia, hipotensão

Ação: inibição da
fosfodiesterase tipo III

Cilostazol Via de administração: oral

Efeitos adversos: cefaleia,


sintomas do TGI
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Bruntos, Laurence L. Chabner, Bruce A. Knollmann, Bjorn C. As bases farmacológicas da
terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
Rang H. P., et al. Rang & Dale: farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
Whalen, Karen. Finkel, Richard. Panaveli, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
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