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Antiagregantes

Há uma exposição endotelial, e com isso inicia a


Fármacos úteis no tto de importantes disfunções do hemostasia primária com a adesão plaquetária.
sangue: trombose, sangramento, problemas de Ocorre através da GP6 e GB1b, que se ligam ao
circulação e anemia. colágeno e ao fator de von willebrand e vão fazer a
Trombose é a formação de um coágulo indesejado adesão no lugar da lesão.
dentro dos vasos sanguíneos - anormalidade mais Com isso, ocorre a ativação plaquetária, onde os
comum da hemostasia. Os distúrbios trombóticos receptores na superfície das plaquetas aderentes são
incluem IAM, trombose de veias profundas, embolia ativados pelo colágeno do tecido conectivo
pulmonar e derrame cerebral isquêmico agudo. Os subjacente. Isso causa alterações morfológicas e a
distúrbios de sangramento envolvendo falhas da liberação de grânulos contendo mediadores químicos,
hemostasia são menos comuns. Incluem hemofilia, como ADP (que vai ser produzido dentro da plaqueta
que é tratada com transfusão de Fator VIII preparado que se liga ao receptor P2Y1 e P2Y12), tromboxano
por técnicas de DNA recombinante, e deficiência de A2, serotonina, fator de aglutinação plaquetária e
vitamina K, que é tratada com suplemento na dieta. trombina (fator IIa) que se liga ao receptor PAR-1 e
As anemias causadas por deficiências nutricionais, PAR-4.
como a por deficiência de ferro, podem ser tratadas
com suplementação na dieta ou farmacêutica. Essas moléculas sinalizadoras se ligam aos receptores
Contudo, as de base genética, como a anemia na membrana externa em repouso circulantes
falciforme, podem se beneficiar de tto adicional. vizinhas, onde funcionam como sensores que são
ativados pelos sinais enviados das plaquetas
Trombo: coágulo intravascular que flutua no sangue. aderentes. As plaquetas previamente dormentes se
Êmbolo: coágulo intravascular que flutua no sangue. tornam ativas e iniciam a aglutinação. Estas ações são
Assim, um trombo destacado se torna um êmbolo. mediadas por vários sistemas mensageiros que, no
final, resultam na elevação dos níveis de Ca2+ e na
- Ambos são perigosos, pois podem ocluir o vaso e diminuição da concentração de AMP e dentro da
privar os tecidos de oxigênio e nutrientes. plaqueta.

A trombose arterial ocorre mais frequentemente em Através da ativação desses receptores, há uma
vasos de calibre médio tornados trombogênicos por inibição do MPciclico, uma ativação da
lesões superficiais das células endoteliais causadas fosfodiesterase, e com isso a ativação da COX1 com
por aterosclerose. Em geral, consiste em um coágulo formação do tromboxano A, o que leva a um estimulo
rico em plaquetas. Um trombo venoso é iniciado pela à agregação plaquetaria, porque terá uma ativação da
estase do sangue ou ativação inapropriada da cascata GB IIb/ IIa, no qual tem uma modificação estrutural
da coagulação, geralmente como resultado de um em que consiga se conectar com o fibrinogênio e
defeito nos mecanismos de defesa da hemostasia através dele ancorar uma plaqueta na outra.
normal.
Todas as 3 fases são interligadas – uma estimula a
RESPOSTA PLAQUETÁRIA À LESÃO VASCULAR outra. Então quando divide os fármacos em classe,

O traumatismo físico, como uma punção ou um corte, Formação do coágulo: A estimulação local da cascata
inicia uma série complexa de interações entre pelos fatores teciduais liberados dos tecidos lesados e
plaquetas, células endoteliais e a cascata da pelos mediadores da superfície das plaquetas, resulta
coagulação. Estas interações levam à hemostasia ou à na formação de trombina (Fator llA), uma serina
interrupção na perda de sangue a partir de vasos protease. Por sua vez, catalisa a hidrólise do
sanguineos danificados. fibrinogênio em fibrina, que é incorporada no tampão.
Ligações cruzadas subsequentes das tiras de fibrina
estabilizam o coágulo e formam um tampão fibrina-
plaquetas hemostático.

Fibrinólise: Durante a formação do tampão, a via


fibrinolítica é ativada localmente. O plasminogênio é
processado enzimaticamente à plasmina (fibrinolisina)
pelos ativadores de plasminogênio nos tecidos. A
plasmina limita o crescimento do coágulo e dissolve a
rede de fibrina à medida que ocorre a cicatrização.
Atualmente, inúmeras enzimas fibrinolíticas estão
disponíveis para o tto de infarto do miocárdio, Fármacos na agregação
êmbolos pulmonares e choques isquêmicos.
Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa: abciximabe,
Ou seja... Inicialmente ocorre um vasoespasmo no eptifibatibe, tirofibana.
vaso danificado para prevenir perda de sangue
adicional. A etapa seguinte envolve a formação de Fármacos na inibição da função plaquetária
tampão de fibrina e plaquetas (coágulo) no local da
Inibidores da adenosina deaminase (ADA): dipiridamol
punção  A criação de um trombo indesejado
envolve várias das mesmas etapas da coagulação, INIBIDORES DA AGLUTINAÇÃO PLAQUETÁRIA
exceto que o estímulo disparador é uma condição
patológica. Inibem a ciclo-oxigenase-1 (COX-1) ou bloqueiam os
receptores de GP llb/llla ou ADP, interferindo, assim,
Plaquetas em repouso: atuam como sentinelas no sinal que promove a aglutinação plaquetária.
vasculares, monitorando a integridade do endotélio.
Na ausência de lesão, circulam livremente, pois a **Os receptores o GP llb/llla regula a interação
sinalização química indica que o sistema vascular não plaqueta - plaqueta e a formação do trombo. Assim,
está lesado. agentes ativadores de plaquetas, como tromboxano
A2, ADP, trombina, serotonina e colágeno, promovem
Mediadores químicos sintetizados pelas células as alterações conformacionais necessárias para o
endoteliais: como prostaciclinas (prostaglandina I2) e receptor fixar os ligantes, particularmente o
óxido nítrico, atuam como inibidores da aglutinação fibrinogênio, no qual simultaneamente se liga aos
das plaquetas. As prostaciclinas atuam ligando-se a receptores em duas plaquetas vizinhas, resultando na
receptores de membrana plaquetários que estão ligação cruzada entre as plaquetas e na aglutinação.
acoplados à síntese de AMPc, um mensageiro
intracelular  níveis elevados estão associados a uma OBS! Como têm diferentes mecanismos de ação,
diminuição de cálcio intracelular, isso evita a efeitos sinérgicos ou aditivos podem ser obtidos
aglutinação das plaquetas e a subsequente liberação quando fármacos de classes diferentes são
de fatores de agregação plaquetária. associados.
As células endoteliais danificadas sintetizam menos São benéficos na prevenção e no tto de doenças
prostaciclinas, resultando em uma redução localizada cardiovasculares oclusivas, na manutenção de
nos níveis. A ligação da prostaciclina aos receptores transplantes vasculares e na patência arterial e como
plaquetários diminui, resultando em níveis mais auxiliares aos inibidores de trombina ou tto
baixos de AMPc intracelular, o que leva à aglutinação trombolítico no infarto do miocárdio.
plaquetária.
ACIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
Papéis da trombina, do tromboxano e do colágeno: A
membrana das plaquetas também tem receptores Mecanismo de ação: Inibição irreversível da COX-1.
que podem ligar trombina, tromboxanos e colágeno
A estimulação das plaquetas por trombina, colágeno e
exposto. Nos vasos normais intactos, os níveis de
ADP resulta na ativação das fosfolipases, que liberam
trombina e tromboxano são baixos, e o endotélio
ác. Araquidônico e é convertido em prostaglandina H2
intacto cobre o colágeno nas camadas subendoteliais.
pela COX-1, e transformada em tromboxano A2, que é
Os correspondentes receptores das plaquetas estão liberado no plasma, e promove o processo de
desocupados e permanecem inativos; como aglutinação - essencial para a rápida formação do
consequência, não se inicia ativação ou agregação tampão hemostático.
plaquetária. Quando ocupados, cada um inicia uma
série de reações que levam à liberação na circulação
de grânulos intracelulares pelas plaquetas -
estimulando a aglutinação das plaquetas.

Fármacos na ativação

Inibidores da cicloxigenase (COX-1): aspirina.

Inibidores do receptor da trombina: vorapaxar. A supressão da aglutinação induzida pelo AAS persiste
por toda a vida da plaqueta anucleada - que é 7 a 10
Bloqueadores do receptor P2Y12: clopidogrel,
dias. A adm repetida tem efeito acumulativo na
prasugrel, ticagrelor, cangrelor.
função das plaquetas.
Metabolismo hepático e excreção renal. agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica
(PTT) e anemia aplástica, em geral é reservada aos
A dose antiplaquetária (50-375mg/dia) é diferente da pacientes intolerantes a outros ttos.
dose anti-inflamatória (chega a mais de 1g/dia –
pouco utilizada). Infantil tem 100mg, o dado no posto O clopidogrel é para a prevenção de eventos
de saúde. AAS tamponado é 81mg. ateroscleróticos que seguem ao infarto do miocárdio
recente, derrame e doença arterial periférica
É usada no tto profilático da isquemia cerebral estabelecida. Também está aprovado para a profilaxia
transitória, para reduzir a incidência de infartos do de eventos trombóticos na síndrome coronária aguda
miocárdio recorrentes e para diminuir a mortalidade (angina instável ou infarto do miocárdio não onda Q).
nos pacientes pré e pós-infartados. É usado para prevenir eventos trombóticos associados
com intervenção coronária percutânea com ou sem
O tempo de sangramento é alongado com o tto com
stent. Comparado com a ticlopidina, é o preferido nos
AAS, causando complicações que incluem um
eventos isquêmicos cardíacos, porque existem mais
aumento da incidência de choque hemorrágico, bem
dados apoiando seu uso nos pacientes cardíacos.
como de sangramento GI, especialmente com as
Também tem perfil de efeitos adversos melhor,
dosagens mais elevadas.
embora também possa provocar PTT.
É usado, com frequência, em combinação com outros
O prasugrel está aprovado para diminuir os eventos
fármacos anticoagulantes, como heparina ou
trombóticos cardiovasculares em pacientes com
clopidogrel. Fármacos anti-inflamatórios não
síndrome coronária aguda (angina instável, infarto do
esteroides (AINES), como o ibuprofeno, inibem a COX-
miocárdio sem elevação ST e infartos do miocárdio
1 por competição transitória no sítio catalítico - por
com elevação ST que é tratada com intervenção
isso, deve ser ingerido 30 minutos no mínimo antes ou
coronária percutânea). Em triagens clínicas, foi mais
pelo menos 8 horas após. Embora o celecoxibe (um
eficaz do que o clopidogrel na redução da morte
inibidor seletivo de COX-2) não interfira na atividade
cardiovascular, ataque cardíaco não fatal e derrame
antiaglutinante do AAS, há alguma evidência de que
não fatal.
pode contribuir para os eventos cardiovasculares
deslocando o equilíbrio dos mediadores químicos em Farmacocinética: Os alimentos interferem na
favor do tromboxano A2. Interação importante é a absorção da ticlopidina. Após ingestão oral, são
com metotrexato em doença reumatológica. extensamente ligados às proteínas plasmáticas.
Sofrem biotransformação hepática pelo sistema
É o único AINE que tem eficácia antitrombótica
citocromo P450 a metabólitos ativos. O efeito máximo
irreversível.
é alcançado em 3 a 5 dias; mas quando o tto é
Contraindicação: hipersensibilidade (alergia), úlcera suspenso, o sistema plaquetário requer um tempo
péptica ativa, discrasia sanguínea, hepatopatia grave. para se recuperar. A eliminação ocorre por via renal e
fecal.
 Mal estar epigástrico – uma das razões para
usar após o almoço. Candidato a uso via retal. Efeitos adversos: prolongam o sangramento e não
possuem antídoto, mas o sangramento é mais comum
TICLOPIDINA, CLOPIDOGREL, PRASUGREL, com prasugrel. A ticlopidina tem uma advertência em
TICAGRELOR, CANGRELOR tarja preta, do FDA, quanto aos graves efeitos
adversos hematológicos associados com seu uso
Antagonistas do receptor P2Y12. Inibição reversível e (incluem neutropenia, PTI e anemia aplástica exigindo
irrevesivel. frequente monitoração do sangue, especialmente
durante os três primeiros meses de tratamento).
Mecanismo de ação: inibem a ligação do ADP aos
seus receptores e, assim, inibem a ativação dos O clopidogrel causa menos efeitos adversos, e a
receptores de GP llb/llla necessários para que as incidência de neutropenia é menor. Contudo, PTT foi
plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas às outras. registrada. Embora não descrita para o prasugrel, a
TTP é possível. Tem advertência em tarja preta para
Usos terapêuticos: A ticlopidina está aprovada para a
os pacientes que são maus biotransformadores. É um
prevenção de ataques isquêmicos transitórios e
pró-fármaco e seu efeito terapêutico depende
derrames aos pacientes com evento trombótico
inteiramente no metabólito ativo  Os denominados
cerebral prévio. Também é empregada como fármaco
"maus biotransformadores" com síndrome coronária
auxiliar com o AAS após a implantação de stent
aguda ou que estão sob intervenção conorária
coronário para diminuir a incidência de trombose.
subcutânea revelaram as maiores taxas de eventos
Todavia, devido às reações adversas hematológicas
com risco de vida, incluindo neutropenia e
cardiovasculares quando tratados com dosagens-
padrão comparado com metabolizadores normais.

O principal do prasugrel é a hemorragia, que pode ser


fatal. Tem advertência em tarja preta quanto a
hemorragias, derrames e suspensão abrupta do uso
em pacientes que serão submetidos à intervenção
coronária percutânea. Como podem inibir o sistema
CIP450, podem interferir na biotransformação de
INIBIDORES DA FUNÇÃO
fármacos como fenitoína, varfarina, uvastatina e
tamoxifeno, se ingeridos concomitantemente. DIPIRIDAMOL
INIBIDORES DA AGREGAÇÃO Aumenta os níveis intracelulares de AMPc inibindo A
fosfodiesterase, resultando em diminuição da síntese
Antagonistas do GBIIb/IIIa
de tromboxano A2. E também aumento da adenosina.
ABCIXIMABE
Apesar de não ser muito usado como anti-plaquetário,
É um anticorpo monoclonal murino contra o tem um importante efeito cardíaco por ser
complexo GP llb/llla. Ligando-se ao GP llb/llla, vasodilatador arterial (diminui a PA) e causa um
bloqueia a ligação do fibrinogênio e do fator de von estresse miocárdio pela taquicardia associada. Ou
Willebrand e, consequentemente, não acontece a seja, é usado para cintilografia de perfusão miocárdica
aglutinação. com estresse farmacológico – induz estresse
miocárdio sem que o paciente tenha que fazer esforço
É adm por via IV junto com heparina ou AAS como um físico para tal.
auxiliar nas intervenções coronarianas percutâneas
para prevenção das complicações isquêmicas É descrito como "inadequado" para uso em idosos
cardíacas. Aprovado também para a angina instável e como único devido aos problemas GI e de ortostasia.
para uso profilático no infarto do miocárdio. Após
COAGULAÇAO DO SANGUE
interromper a infusão, a função plaquetária
gradualmente retorna ao normal, com o efeito O processo de coagulação que gera trombina consiste
antiplaquetário persistindo por 24 a 48 horas. em duas vias inter-relacionadas: o sistema extrínseco
O principal efeito adverso é o potencial para é iniciado pela ativação do Fator de coagulação VII por
sangramentos, especialmente se for usado com um fator tecidual ou tromboplastina. O s. intrínseco é
anticoagulantes ou se o paciente tem uma condição iniciado, in vivo, pelo contato do Fator XII com células
clínica hemorrágica. É caro, limitando seu uso. superficiais contendo fosfolipídeos.

EPTIFIBATIDA E TIROFIBANA Formação da fibrina: Os sistemas envolvem uma


cascata de reações enzimáticas que transformam
Atuam bloqueando o receptor de GP llb/l lla  A sequencialmente vários fatores plasmáticos (pró-
eptifibatida é um peptídeo cíclico que se liga ao GP enzimas) em suas formas ativas (enzimas). No final,
llb/llla no local de interação com a sequência arginina- eles produzem o Fator Xa, que converte protrombina
glicina-ácido aspártico do fibrinogênio. O tirofibana (Fator II) em trombina (Fator lla).
não é um peptídeo, mas bloqueia o mesmo local.
**A trombina é responsável pela geração de fibrina,
Podem diminuir a incidência de complicações que é a GP que forma a matriz tipo tela do coágulo de
trombóticas associadas a síndromes coronarianas sangue. Se a trombina não é formada ou sua função é
agudas. Quando a infusão IV é suspensa, são impedida, a coagulação é inibida. Cada etapa do
rapidamente eliminados do plasma, mas seu efeito processo de ativação é catalítico; por exemplo, uma
pode persistir por até 4 horas. As preparações orais unidade de Fator ativado Xa pode gerar,
são muito tóxicas. potencialmente, 40 unidades de trombina, o que
resulta na produção de grande quantidade de fibrina
A eptifibatida e seu metabólito são excretados pelos no local da lesão.
rins. A tirofibana é excretada pelos rins e nas fezes. O
principal efeito adverso é o sangramento. Papel das superfícies celulares: Cada reação
envolvida com a cascata da coagulação ocorre em
uma superfície celular ativada localizada, onde o
complexo proteína-proteína com base em fosfolipídeo
se formou. O cálcio é essencial nesse processo, unindo
fosfolipídeos aniônicos a resíduos de ácido Y- superfícies das plaquetas), mas não se ligam tão
carboxiglutâmico dos fatores de coagulação. avidamente à trombina. Sem dúvida, a ativação das
plaquetas em repouso é menos provável com as
Inibidores de coagulação: É importante que a HBMMs do que com a heparina.
coagulação fique restrita ao local da lesão vascular.
Endogenamente existem vários inibidores dos fatores Usos terapêuticos: limitam a expansão dos trombos
de coagulação, incluindo proteína C, proteína S, evitando a formação de fibrina.
antitrombina III e inibidor da via do fator tissular. O
mecanismo de ação dos vários fármacos - Principal fármaco antitrombótico para o tto da
anticoagulantes envolve a ativação desses inibidores trombose aguda de veias profundas e do embolismo
endógenos. pulmonar.

ANTICOAGULANTES - A incidência de episódios tromboembólicos


recorrentes diminui.
Inibem a ação dos fatores de coagulação (os
inibidores de trombina, como a heparina e os - Usada profilaticamente para prevenir trombos
fármacos heparina-relacionados) ou interferem na venosos pós-cirúrgicos em pacientes submetidos à
síntese dos fatores de coagulação (os antagonistas da cirurgia eletiva (p. ex., prótese de bacia) e em IAM.
vitamina K, como a varfarina). - A retrotrombose arterial coronariana após o tto
INIBIDORES DE TROMBINA: HEPARINA E HEPARINAS trombolítico é reduzida.
DE BAIXA MASSA MOLECULAR - Usado nos aparelhos de circulação extracorpórea (p.
Anticoagulante injetável de ação rápida que é usado ex., máquinas de diálise) para prevenir a trombose.
com frequência para interferir agudamente na - De escolha para o tto da gestante com válvula
formação de trombos. cardíaca prostética ou tromboembolismo venoso, pois
Normalmente ocorre como uma macromolécula não atravessam a placenta (devido ao grande
complexada com histamina nos mastócitos, onde sua tamanho e carga negativa).
função fisiológica é desconhecida. Para uso comercial, A HBMM não requer a mesma monitoração intensa
é extraída da mucosa intestinal suína. É muito ácida que a heparina, exige; em consequência, poupam
devido à presença de sulfato e grupos de ácido tempo e custos laboratoriais e de enfermagem –as
carboxílico. tornam úteis para pacientes hospitalizados e
É usada na prevenção de trombose venosa e no tto de ambulatoriais.
uma variedade de doenças trombóticas, como Farmacocinética: Absorção: o efeito anticoagulande
embolia pulmonar e IAM. da heparina ocorre minutos após a adm por via IV (ou
O conhecimento de que formas de heparina de baixa em 1 a 2 horas após injeção SC), a atividade antifator
massa molecular (HBMM) também conseguem atuar Xa máxima das HBMMs ocorre em cerca de 4 horas
como anticoagulantes levou ao isolamento da após a injeção SC.
enoxaparina. As HBMMs são compostos heterogêneos OBS! Isso é comparável aos anticoagulantes
(têm um terço do tamanho da heparina não antagonistas da vitamina K, como a varfarina, cuja
fracionada) produzidos pela despolimerização química atividade exige de 8 a 12 horas.
ou enzimática da heparina não fracionada. Como são
isentas de desvantagens associadas ao polímero, OBS! Precisa ser adm por via parenteral, em locais se
estão substituindo o uso em várias situações clínicas. profundos ou por via IV, pois não atravessa
membranas com facilidade. As HBMMs são adm por
Mecanismo de ação: As moléculas de heparina se via SC. *a adm de ambos por via IM é contraindicada
ligam à antitrombina III, induzindo alteração devido à formação de hematoma.
conformacional que acelera sua velocidade de ação
cerca de mil vezes, causando uma rápida inativação OBS! A heparina com frequência é adm por via IV em
subsequente dos fatores de coagulação bolus para obter anticoagulação imediata. Isso é
seguido de doses menores ou infusão contínua de
Atua como verdadeiro catalisador, permitindo que a heparina por 7 a 10 dias, titulando a dose de forma
antitrombina III se combine rapidamente com a que o tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa)
trombina circulante e o Fator Xa e os iniba. Em seja 1,5 a 2,5 vezes o valor controle normal *aos
contraste, as HBMMs complexam com a antitrombina pacientes com insuficiência renal, a dosagem deve ser
III e inativam o Fator Xa (incluindo o localizado nas
reduzida para compensar a diminuição da função terão cirurgia no cérebro, no olho ou na medula
renal. espinal.

Distribuição: No sangue, a heparina se liga a várias ANTAGONISTAS DA VITAMINA K


proteínas que neutralizam sua atividade, causando,
assim, resistência e farmacocinética imprevisível. A Os anticoagulantes cumarínicos, que incluem a
ligação é variável em pacientes com doença varfarina, comumente usada, e o dicumarol
tromboembólioca. Embora geralmente restrita à (antigamente bisidroxicumarina), raramente usado.
circulação, a heparina é captada pelo sistema Ambos devem sua ação à sua capacidade de
monócitos/macrófagos e sofre despolimerização e antagonizar a função de cofator da vitamina K.
dessulfatação a produtos inativos.
Inicialmente usada como raticida, a varfarina hoje é
OBS! Tem meia-vida mais longa em pacientes com muito usada clinicamente como anticoagulante oral.
cirrose hepática. Com a disponibilização das HBMMs e os inibidores da
aglutinação das plaquetas, contudo, o uso dos
Os metabólitos inativos são excretados na urina. antagonistas da vitamina K está diminuindo. A
Portanto, a insuficiência renal também prolonga a morbidade potencial associada ao uso da varfarina
meia-vida. torna importante identificar os pacientes que
realmente estão em risco de trombose. Mesmo a
Não atravessam a barreira placentária. monitoração cuidadosa, não impede complicações de
sangramento em vários pacientes.
A meia-vida da heparina é de cerca de 1,5 hora, das
HBMMs é duas a quatro vezes mais longa, variando de Mecanismo de ação: Vários dos fatores de coagulação
3 a 7 horas. proteicos (incluindo os Fatores II, VII, IX e X) precisam
da vit K como um cofator para sua síntese pelo fígado
Efeitos adversos: Apesar da expectativa de menos
- esses fatores sofrem uma modificação pós-
efeitos adversos com as HBMM, verificou-se que as
translacional dependente de vitK, na qual alguns de
complicações são similares às observadas com a
seus resíduos de ácido glutâmico são carboxilados
heparina. Todavia, os problemas tromboembólicos
para formar resíduos de ácido Y-carboxiglutâmico, no
são menos comuns.
qual ligam íons cálcio, que são essenciais para a
- Hemorragias: principal complicação. A monitoração interação entre os fatores de coagulação e as
cuidadosa do tempo de sangramento é necessária membranas plaquetárias. Nas reações de
para minimizar esse problema. Pode ser controlado carboxilação, a carboxilase dependente de vit K fixa
pela interrupção do uso da heparina ou pela adm de CO2 para formar os novos grupos COOH no ácido
sulfato de protamina (infundido lentamente, se glutâmico. O cofator vit K reduzido é convertido em
combina ionicamente com a heparina para formar um epóxido de vitamina K durante a reação. A vit K é
complexo 1:1 estável e inativo). regenerada do epóxido pela vit K epóxido-redutase - a
enzima que é inibida pela varfarina.
- Reações de hipersensibilidade: As preparações são
obtidas de suínos e, assim, podem ser antigênicas -i O tto com varfarina resulta na produção de fatores de
ncluem calafrios, febre, urticária e choque anafilático. coagulação menos ativos (de 10 a 40% do normal),
pois lhes faltam suficientes cadeias laterais Y-
- Trombose: A adm crônica ou intermitente pode levar carboxiglutamil.
à redução da atividade da antitrombina III,
diminuindo, assim, a inativação dos fatores de Diferente da heparina, os efeitos anticoagulantes não
coagulação e aumentando o risco de trombose. Para são observados até 8 a 12h depois da adm, mas o pico
minimizar esse risco, são empregados tto com doses do efeito pode demorar até 72 a 96h, tempo
baixas. necessário para esgotar o estoque de fatores de
coagulação circulantes.
- Trombocitopenia: o sangue circulante contém um
número anormalmente pequeno de plaquetas, é uma O efeito anticoagulante pode ser superado pela adm
anormalidade comum entre os pacientes de vit K. Contudo, a reversão após a adm demora
hospitalizados que recebem heparina. O tto deve ser cerca de 24h (tempo necessário para degradação de
interrompido se apresentar grave trombocitopenia e todos os fatores de coagulação sintetizados).
pode ser substituída por outro anticoagulante.
Usos terapêuticos: prevenir a progressão ou a
Contraindicações: em pacientes que são recorrência de trombose aguda de veias profundas ou
hipersensíveis a ela ou têm distúrbios de coagulação, de embolia pulmonar, após o tto inicial com heparina.
são alcoólatras ou que tiveram recentemente ou Também usada para a prevenção do
tromboembolismo venoso durante cirurgias
ortopédicas ou ginecológicas. Profilaticamente, é
Fibrinolíticos
usada em pacientes com IAM, válvulas cardíacas A doença tromboembólica aguda em determinados
prostéticas e fibrilação atrial crônica. pacientes pode ser tratada com a adm de fármacos
Farmacocinética: Absorção: rapidamente absorvida que ativam a conversão de plasminogênio em
após admvia oral. Embora alimentos possam retardar, plasmina - uma serina-protease que hidrolisa fibrina e,
não alteram a extensão da absorção. assim, dissolve coágulos.

Liga-se 99% à albumina plasmática, o que evita sua Mecanismo dos fármacos: aumento da fibrinólise in
difusão para o líquido cerebrospinal, para a urina e vivo.
para o leite materno. Contudo, fármacos que tenham Fibrinólise in vivo
maior afinidade pelo local de ligação da albumina,
como as sulfonamidas, podem deslocar os O endotélio produz o ativador do plasminogênio (t-PA
anticoagulantes e levar a um aumento transitório da ou o u-PA) que o transforma em plasmina, no qual
atividade. corta a fibrina. Esse ativador pode ser inibido pela PAI-
1 e PAI-2 e não é muito ativo se não tiver fibrina no
Atravessa facilmente a placenta. A meia-vida média é endotélio, ou seja, mesmo que o endotélio produza o
de cerca de 40 horas, mas este valor é muito variável esses ativadores, se não tiver fibrina, se não tiver
entre indivíduos. O tempo de protrombina, uma formação de coágulo, eles não estrão ativos. Ou serão
medida da via extrínseca, pode ser usado para degradados, ou inativados pela PAI, ou não chegarão
monitorar o ttto. a fazer efeito, pois uma vez tendo fibrina no sangue,
Tem índice terapêutico estreito e, portanto é chega a ter seu efeito maximizado em 300x.
importante que o INR seja mantido na faixa ideal. Por isso utiliza-se a fibrinólise in vivo para a fibrinólise
Valores de INR acima ou abaixo da faixa aumentam o terapêutica  aumenta a quantidade sérica desse
risco de trombose e hemorragia respectivamente. . ativador da plasmina de forma que os mecanismos
Efeitos adversos: Hemorragias: principal, a anti-fibrinolíticos in vivo sejam menos importantes do
embalagem dos medicamentos que a contém tem que a quantidade de ativador de plasminogênio no
advertência em tarja preta alertando para o risco. Por sangue.
isso, é importante monitorar com frequência e ajustar Todos os fármacos são equivalentes ao t-PA e u-PA e
o efeito do anticoagulante. Pequenos sangramentos vão levar a uma maior ativação de plasminogênio,
podem ser tratados com a retirada do fármaco e a com isso uma maior formação de plasmina e uma
adm de vitamina K1 oral, mas hemorragias exigem maior capacidade de quebra desse trombo de fibrina.
doses maiores de vitamina adm por via IV. Sangue
total, plasma congelado e concentrados plasmáticos t-PA: mais associado à ativação do plasminogenio
dos fatores sanguíneos também podem ser usados relacionado a fibrina no intravascular
para reverter a ação rapidamente.
u-PA: também associado aos coágulos formados no
Interações com fármacos e outras: tem numerosas extravascular.
interações que podem potencializar ou atenuar seu
efeito anticoagulante. Numerosos fatores influenciam
a resposta terapêutica à varfarina, como alterações
ambientais, dieta, estado físico e medicações. Pode
ser necessário monitorar a resposta do paciente mais
amiude com mensuração do tempo de
protrombina/INR se um ou mais dos fatores listados
estão presentes.

Contraindicações: não deve ser usada durante a


gestação, pois é teratogênica e pode causar aborto,
bem como defeitos no parto (Classificação X). Se o tto
anticoagulante é necessário durante a gestação, deve-
se administrar heparina ou HBMM.

A estreptoquinase causa um estado fibrinolítico


sistêmico que pode levar a problemas de
sangramento.
O alteplase atua mais localizadamente na fibrina
trombótica para produzir fibrinólise.

A uroquinase é produzida naturalmente nos rins


humanos e converte diretamente plasminogênio em
plasmina ativa.

No caso de IAM, os fármacos trombolíticos são


reservados para as situações nas quais a angioplastia
não é uma opção ou até que o paciente possa ser
levado ao local que tenha condições de realizar
intervenções coronárias percutâneas. Os fibrinolíticos
podem lisar trombos patológicos e normais.

Mecanismo de ação: Todos atuam convertendo


plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a
fibrina, lisando, assim, os trombos.

A dissolução do coágulo e a reperfusão ocorrem com


maior frequência quando o tto é iniciado logo após a
formação do trombo, pois ele se torna mais resistente
à lise à medida que envelhece. Infelizmente, um maior
número de trombos pode ocorrer enquanto o trombo
se dissolve, levando a uma maior agregação das
plaquetas e trombose. Estratégias para evitar essa
situação incluem a adm de fármacos antiplaquetários,
como o AAS, ou antitrombóticos, como a heparina.

Usos terapêuticos: trombose de veias profundas e


embolismo pulmonar grave. Sua tendência de causar
hemorragias também comprometeu seu uso no tto do
IAM ou trombose arterial periférica. Contudo, são
úteis para restabelecer a função de cateteres e
anastomoses (shunts) lisando os coágulos que causam
a oclusão. Também são usados para dissolver
coágulos que resultam em AVE.

Farmacocinética: Para o IAM, a aplicação


intracoronariana é a forma mais confiável em termos
de obter a recanalização. Contudo, a cateterização
cardíaca pode não ser possível nas 2 a 6 horas de
"janela terapêutica", após as quais a recuperação
miocárdica significativa se torna menos provável.
Assim, são adm por via IV, pois essa via é rápida,
barata e não tem os riscos da cateterização.

Efeitos adversos: não diferenciam entre a fibrina de


um trombo indesejado e a fibrina de um tampão
hemostático benéfico. Assim, a hemorragia é o
principal efeito adverso.

São contraindicados em pacientes com ferimentos em


cicatrização, gestação, história de AVE, tumor
cerebral, traumatismo na cabeça, sangramento
intracranial e câncer metastático. A presença contínua
do estímulo trombogênico pode causar
retrotrombose após a lise do coágulo inicial.

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