Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COORDENADOR: BRUNA
SECRETÁRIA: HOTAIR P
OBJETIVOS:
1. ESTUDAR OS DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO, SUAS ETIOLOGIAS, FISIOPATOLOGIAS, EXAMES
DIAGNÓSTICOS E SEUS POSSÍVEIS MANEJOS.
2. REVISAR A CASCATA DE COAGULAÇÃO E O PROCESSO DE HEMOSTASIA.
3. CORRELACIONAR CADA PACIENTE COM A SUA DOENÇA EM QUESTÃO.
4. ENTENDER OS EXAMES USADOS PARA DIAGNÓSTICO DOS DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO E SEUS
POSSÍVEIS MANEJOS.
DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO
HEMOSTASIA:
A hemostasia consiste no processo que regula o equilíbrio volêmico, mantendo o sangue em seu
estado líquido nos vasos normais, ou seja, não lesados, e permitindo a formação de tampão hemostático
(trombo) nos locais de lesão vascular, a fim de evitar a perda significativa de sangue. Defeitos nos processos
de hemostasia podem causar hemorragias e trombose, que consiste na formação de coágulos sanguíneos
(trombos) dentro de vasos normais, o que pode ser causado por vários fatores.
Os eventos hemostáticos no local da lesão vascular passa pelas seguintes fases:
• Vasoconstrição: mediada por mecanismos neurogênicos reflexos e fatores de secreção local
(endotelina). É uma medida paliativa e transitória, que visa diminuir a perda sanguínea diminuindo o fluxo
sanguíneo na região, porém o sangramento pode retornar caso as próximas fases da hemostasia não
ocorram.
• Hemostasia primária: consiste na formação do tampão hemostático pela agregação plaquetária. A
lesão endotelial expõe a matriz extracelular (MEC), favorecendo a aderência e ativação plaquetária,
resultante da alteração de seu formato (de discos arredondados para placas planas). – ESTANCA O SANGUE.
• Hemostasia secundária: nessa fase o início do tampão plaquetário é consolidado. Isso ocorre com a
exposição do fator tecidual no local da lesão endotelial. O fator tecidual, também chamado de fator III ou
tromboplastina, é uma proteína pró-coagulante que atua em conjunto com o fator II, que é o principal
ativador da cascata de coagulação e normalmente resulta em trombina. A trombina cliva o fibrinogênio
circulante em fibrina insolúvel, formando uma rede de fibrina e induzindo o recrutamento e ativação de mais
plaquetas, formando um tampão permanente, um trombo sólido. – EVITA RESSANGRAMENTO.
• Eventos anti-trombóticos regulatórios: Com isso a formação do trombo são ativados os mecanismos
anti-trombóticos, que visam limitar o tampão evitando trombose. Um dos principais agentes dessa fase é o
ativador de plasminogênio tecidual (t-PA), o qual converte o plasminogênio circulante em plasmina, que é
uma enzima fibrinolítica.
• Endotélio: A regulação da
hemostasia é feita principalmente pelas
células endoteliais, que mantém em
equilíbrio as atividades trombóticas e anti-
trombóticas. Quando íntegro, o endotélio
apresenta propriedades antiplaquetárias,
anticoagulantes e fibrinolíticas, mas a
lesão desse tecido ativa os fatores pró-
coagulantes, que também podem ser
ativados por microorganismos invasores,
citocinas, mediadores plasmáticos e forças
hemodinâmicas (tríade de Virchow).
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021
CASCATA DE COAGULAÇÃO:
• INICIAÇÃO: Essa etapa ocorre em resposta ao dano vascular, que expõe o subendotélio ao sangue. As
plaquetas se aderem ao local danificado, e, uma vez próximas ao subendotélio se ligam ao colágeno pela
glicoproteína GpVI, sendo que essa ligação é responsável por promover uma sinalização em cascata e
ativação das integrinas plaquetárias, que mediam a ligação das plaquetas com o subendotélio. O fator
de von Willebrand (FvW), que circula no plasma, pode se ligar ao colágeno exposto na matriz extracelular
e à glicoproteína (Gp) Ib, presente na superfície plaquetária.
Concomitante a isso, o fator tecidual (FT), presente no subendotélio, é exposto e se liga ao FVII
circulante no plasma. O fator tecidual atua como receptor e cofator para o FVIII, e uma vez complexados,
o FVII é rapidamente convertido em FVII ativado (FVIIa) e o complexo FT/FVIIa resultante ativa os fatores
IX e X. O fator Xa se liga ao FVa e converte pequenas quantidades de protrombina em trombina. A
quantidade de trombina formada de início é insuficiente para a formação do coágulo, mas é suficiente
para retroalimentar a coagulação através da ativação dos fatores V, VIII e IX e de receptores da superfície
plaquetária.
• AMPLIFICAÇÃO: Inicia-se a partir do efeito de pequenas quantidades de trombina gerada na etapa de
iniciação. A trombina liga- -se avidamente a GpIb, e, com isso, a trombina sofre uma alteração
conformacional, que permite a clivagem dos receptores ativadores de protease plaquetária (PAR) pela
trombina. Dessa forma, observa-se que a interação da trombina com a PAR-1 engatilha um processo de
sinalização em cascata, o que resulta na ativação plaquetária, que provoca várias alterações, como:
mudança no citoesqueleto plaquetário, aumento da expressão de fosfatidilserina (FS) na superfície
externa da plaqueta, um fato de extrema importância para o incremento da atividade coagulante e a
degranulação plaquetária com liberação dos conteúdos dos grânulos alfa e denso. Enquanto isso, o FV
parcialmente ativado, presente nos grânulos alfa, é convertido para sua forma completamente ativa por
ação da trombina ou do FXa.
• PROPAGAÇÃO: Após as duas etapas anteriores, as plaquetas se encontram em seu estado ativado. Logo,
juntamente com os cofatores Va e VIIIa ligados em sua superfície, as plaquetas funcionam como
plataforma para o ancoramento de proteínas e formação de complexos tenase e protrombinase. O FIXa,
formado durante a etapa de iniciação, liga-se às plaquetas ativadas de duas formas: dependente e
independente do FVIIIa, sendo que na ação dependente do FVIII, ocorre formação do complexo
fixa/FVIIIa (complexo tenase), que ativa o fator FX. Ademais, o FXa ligado a plaqueta forma um complexo
com o FVa também ligado a plaqueta (complexo protrombinase), que é capaz de converter a
protrombina em trombina. Nesse contexto, a trombina cliva o fibrinogênio, formando assim, os
monômeros de fibrina, os quais se agregam espontaneamente em protofibrilas. Por último, outra função
da trombina é a de ativar o FXIII, responsável por estabilizar essas protofibrilas e tornar o coágulo estável.
-> A ativação da cascata de coagulação também promove uma cascata fibrinolítica, cuja
importância é limitar o tamanho do trombo. Esse processo é realizado principalmente pela plasmina,
uma enzima que interfere na polimerização da fibrina. Além disso, os produtos da degradação da fibrina
também podem atuar como anticoagulantes fracos, e o nível sérico desses produtos pode ser utilizado
no diagnóstico de eventos trombóticos anormais, como os que ocorrem na CID, TVP e TEP. A plasmina é
formada pela conversão do plasminogênio circulante pela ação do t-PA, principalmente, o qual é ativado
pela ligação com a fibrina e isso é importante pois “restringe” a ação do t-PA aos locais de trombose
recente. A plasmina livre é inativada pelo inibidor α2-plasmina. Além da ação do t-PA, o endotélio limita
a coagulação com a liberação do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI), que impede a fibrinólise
inibindo a ligação do t-PA à fibrina, ou seja, o PAI é um fator pró-coagulante, cuja produção é aumentada
pela presença de trombina.
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021
Outras manifestações:
– Incluem hematomas intramusculares que podem comprimir nervos periféricos e provocar síndrome
compartimental (com comprometimento isquêmico), hematomas retroperitoneais, hematomas do
psoas (quadro que simula a apendicite aguda), sangramento gastrointestinal e geniturinário (hematúria).
– A hemorragia intracraniana ocorre em 10% dos pacientes, possuindo uma mortalidade de 30%. Este
evento representa a segunda causa de morte em pacientes hemofílicos, só "perdendo" para a SIDA.
Outro evento hemorrágico ameaçador à vida (além da hemorragia cerebral) é o hematoma orofaríngeo,
pela possibilidade de levar à obstrução de via aérea alta e morte por asfixia.
– Os pseudotumores ocorrem no músculo esquelético, ossos longos, pelve, dedos das mãos e pés. Eles
resultam de hematomas que evoluíram com uma cápsula fibrosa. No osso, levam à destruição óssea,
neoformação óssea, expansão do osso e fratura patológica.
TRATAMENTO DE HEMOFILIA A:
Atualmente, não se usa mais o crioprecipitado para tratar o hemofílico A, pois temos disponível o
fator VIII purificado (com inativação de agentes infecciosos por detergentes ou calor) e o fator VIII
recombinante.
A reposição dos preparados de fator VIII nos hemofílicos A está indicada sempre que houver
hemorragia no preparo pré e peroperatório. A dose deve ser calculada de modo a manter a atividade do
fator VIII entre 15-20% nos sangramentos leves, entre 25-50% nas hemartroses ou sangramentos de
moderada gravidade e, ainda, em torno de 50% na hemorragia intracraniana e no preparo cirúrgico. A dose
do hemoderivado deve ser administrada duas vezes ao dia e por um período de 3-14 dias, dependendo da
gravidade do quadro. No pós-operatório, a duração da reposição é de 10-14 dias, para garantir
umacicatrização adequada.
TERAPIA ADJUVANTE:
Nos casos de hemorragia branda, podemos utilizar o DDAVP (desmopressina), que tem como efeito
principal aumentar a atividade do fator para 5-10% (4-6 vezes). Os antifibrinolíticos (EACA, ácido
tranexâmico) podem ser usados como adjuvantes antes de procedimentos na cavidade oral. A atividade
fibrinolítica é maior nas mucosas, portanto o sangramento mucoso responde melhor a estesmedicamentos.
A dose é a mesma descrita para a doença de von Willebrand. Vale ressaltar que os antifibrinolíticos são
contraindicados na vigência de hematúria: pela chance de formar coágulos obstrutivos do sistema
uroexcretor.
TRATAMENTO DE HEMOFILIA B:
Atualmente, a terapêutica de escolha para a hemofilia B é a reposição de fator IX purificado e de
fator IX recombinante.
COMPLICAÇÕES:
Entre as complicações observadas na hemofilia, estão as decorrentes dos sangramentos, como a
artropatia hemofílica, e decorrentes do tratamento, como as doenças transmissíveis por transfusões
sanguíneas (ex: hepatites B e C e HIV) e o desenvolvimento de aloanticorpos (inibidores) contra o fator
deficiente. Outro: pseudotumor hemofílico ou cistos hemorrágicos
A artropatia hemofílica crônica é a sequela mais frequente e incapacitante em pacientes hemofílicos,
e acomete principalmente os joelhos, tornozelos, cotovelos e coxofemorais. As hemartroses recorrentes
causam danos articulares que ocorrem na membrana sinovial (hiperplasia e hiperemia) e causam
instabilidade articular, resultante da hipo/atrofia da musculatura periarticular. A presença do sangue na
região intra-articular, associada ao espasmo muscular, faz com que ocorra aumento da pressão no espaço
sinovial.
É fundamental que se avalie a progressão clínica da doença articular em seus estágios precoces,
através da ultrassonografia e da ressonância nuclear magnética, uma vez que as alterações iniciais não são
visualizadas nas radiografias.
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021
CLÍNICA E LABORATÓRIO:
A maioria dos indivíduos com DvW possui a forma leve, isto é, sem hemorragia espontânea.
– A suspeita sobrevém quando o indivíduo apresenta um sangramento imediato após trauma ou
procedimentos invasivos (ex.: extração dentária). Nos casos moderados, o paciente pode manifestar
equimoses, que surgem após diminutos traumas, sangramentos em mucosas, ou mesmo sangramentos
gastrointestinais. Apesar da diminuição da atividade do fator VIII, não ocorrem as manifestações típicas
das desordens da coagulação (hemartrose, sangramento para cavidades, tendões, grupamentos
musculares, etc.), com exceção do tipo 3 da doença.
Os achados laboratoriais da triagem hemostática são: (MEDCURSO)
1.Tempo de Sangramento (TS) prolongado;
2.PTTa (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada) alargado (pela deficiência secundária parcial do fator
VIII);
3.Demais provas da hemostasia normais.
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021
O PTTa já pode alargar quando a atividade plasmática do fator VIII é inferior a 30%. A deficiência de
fator VIII só é sintomática quando a atividade é menor que 5% (hemofilia A). Tanto o TS quanto o PTTa
podem estar normais, devido à flutuação na atividade do FvW e do fator VIII nas formas brandas da doença.
Ou seja, a DvW pode cursar com todas as provas da hemostasia normais.
Na Doença de von Willebrand, os achados laboratoriais mais importantes são: (SANAR)
• O teste PFA-100 é anormal. Esse teste substituiu o teste de tempo de sangramento.
• Os níveis de fator VIII muitas vezes estão baixos. Se isso ocorrer, é necessário fazer a dosagem da
ligação VIII/VWF.
• O TTPA (ou K-TTP) pode estar prolongado.
• Os níveis de VWF geralmente são baixos. A agregação de plaquetas pelo plasma do paciente na
presença de ristocetina (VWF: Rco) é defeituosa. A agregação com outros agentes (difosfato de adenosina
[ADP], trombina e adrenalina) geralmente é normal.
• A função de ligação ao colágeno (VWF:CB) geralmente está reduzida (mas raramente é medida).
• A análise dos multímeros é útil para o diagnóstico dos diferentes subtipos.
• A contagem de plaquetas é normal, exceto na doença tipo 2B (na qual é baixa).
São testes adequados somente para o diagnóstico das formas graves (DVW tipo 3), apresentando-se
normais nas formas leves e nas variantes da doença de von Willebrand. O TS é um exame inespecífico e
sujeito a variações operacionais. Os resultados do PFA-100 têm sido demonstrados como anormais na maior
parte dos pacientes com doença de von Willebrand, mas podem apresentar valores normais na DVW tipo 1
leve e moderada, e também em alguns pacientes com tipo 2. Quanto ao TTPA, somente estará prolongado
nos casos com redução suficiente do FVIII plasmático.
DIAGNÓSTICO:
A confirmação diagnóstica é feita pelos seguintes testes:
(1) medida da atividade do FvW pelo teste da ristocetina;
(2) medida do antígeno do FvW por métodos sorológicos (ELISA).
A ristocetina é capaz de induzir agregação plaquetária em plasma rico em plaquetas de indivíduos
normais. Este antimicrobiano induz a aglutinação de plaquetas inativas usando como "ponte" o FvW (em vez
do fibrinogênio). Na DvW, a agregação plaquetária pela ristocetina está especificamente prejudicada. Assim,
na DvW tipos 1 e 3 (distúrbios quantitativos), tanto a dosagem do FvW quanto o teste da ristocetina estarão
reduzidos, ao passo que na DvW tipo 2 (distúrbio primariamente qualitativo), o teste da ristocetina estará
muito mais alterado que a dosagem do FvW.
TRATAMENTO:
– A orientação de evitar drogas antiplaquetárias (AAS e outros AINE) deve ser bem frisada.
– No tipo 1 (o mais comum), tanto a profilaxia do sangramento operatório quanto o tratamento das
hemorragias leves podem ser feitos com DDAVP (desmopressina), um agente que aumenta a liberação
do FvW a partir de seus sítios de estoque, como as células endoteliais (aumento de 2-7x nos níveis
séricos). Este medicamento pode ser empregado pela via intravenosa (0,3 g/kg em 50 ml de SF infundido
em 20 minutos), subcutânea ou intranasal (150 μg spray em cada narina), com início de ação em 30-
60min e duração de 6-12h. Recomenda-se, contudo, não administrar mais do que duas doses num
período de 48h, pelo risco de taquifilaxia e hiponatremia.
– O efeito do DDAVP nos tipos 2 e 3 da doença é menos confiável, sendo contraindicado no tipo 2A.
– A terapia mais eficaz da DvW, independente do tipo, é a reposição de concentrados ricos no FvW, que
devem ser feitos como primeira escolha na vigência de sangramento grave, ou como "resgate" diante da
refratariedade ao DDAVP. Os mais empregados na atualidade são os concentrados de fator VIII de alta
ou intermediária purificação (Humate-P), que contêm fator de von Willebrand em quantidades
satisfatórias e são submetidos, durante o preparo, à ação detergente e do calor, reduzindo a chance de
transmitir partículas infecciosas como o HIV.
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021
– O crioprecipitado é um hemocomponente rico em FvW, porém, tem como desvantagem um maior risco
de transmissão infecciosa, não sendo mais recomendado de rotina no tratamento ou profilaxia da DvW.
➔ Para procedimentos dentários em pacientes com a forma branda da doença, uma opção é a profilaxia
com antifibrinolíticos. O ácido épsilon-aminocaproico (EACA) e o ácido tranexâmico são os dois mais
utilizados.
– O EACA é feito na dose de 6 g VO 6/6h durante 3-4 dias após o procedimento. A dose do ácido
tranexâmico é de 25 mg/kg VO 6/6h. Essas drogas inibem a ativação do plasminogênio aderido à
fibrina, sendo mais eficazes contra hemorragias na mucosa oral.
As opções de tratamento são as seguintes: (SANAR)
– Medidas locais e agentes antifibrinolíticos (ex: ácido tranexâmico para sangramento leve).
– Infusão de DDAVP para pacientes com VWD tipo 1. Isso faz liberar VWF de células endoteliais 30
minutos após a infusão.
– Concentrados de FVW de alta pureza para pacientes com níveis muito baixos de VWF. São usados
concentrados de fator VIII/VWF derivados de plasma. VWF recombinante já está em estudos
clínicos.
– Durante o processo fisiológico da hemostasia, o fator Va é inativado pela PCa pela clivagem daquele do
fator em 3 sítios. A troca do aminoácido arginina para glicina na posição 506 do fator V (1 dos 3 sítios de
clivagem) retarda essa inativação levando a uma resistência do fator Va à ação da PCa. A molécula
variante do fator V (Arg506Gln) foi denomina fator V Leiden. A resistência à PC ativada (RPCa) associa- -
se à mutação no fator V Leiden em mais de 90-95% dos casos.
DIAGNÓSTICO:
A caracterização do evento quanto a sua relação com
situações de risco para trombose (TEV secundário) ou não
(TEV idiopático) é fundamental.
OBS: Praticamente não existem achados clínicos
específicos da TH, exceção feita a purpura fulminans
neonatal ou necrose de pele induzida por cumarínico. Assim,
na maioria das vezes, o quadro clínico é representado pelas
manifestações do TEV.
A avaliação inicial do paciente com suspeita de TH deve
incluir minimamente hemograma, testes de triagem de
coagulação como tempo de protrombina, tempo de
tromboplastina parcial ativado (TTPa), tempo de trombina, função renal e hepática.
TRATAMENTO:
O tratamento dos eventos trombóticos associados a TH deve levar em consideração o tratamento dos
eventos agudos, a profilaxia primária em indivíduos assintomáticos e a profilaxia secundária.
– Tratamento dos eventos agudos: O tratamento do TEV agudo em pacientes com TH não difere daquele
indicado para qualquer outro paciente com TEV. O tratamento previne a EP ou sua extensão, assim como
a extensão de um trombo em veias profundas de membros inferiores e as recorrências.
O tratamento do TEV agudo deve ser realizado com Heparina Não Fracionada (HNF) ou Heparina
de Baixo Peso Molecular (HBPM) e anticoagulante oral. A duração da terapia anticoagulante após um
episódio de TEV agudo em pacientes com TH é variável, podendo ser recomendada por um tempo
mínimo de 3 meses (quando associada a um fator de risco transitório) até 12 meses (se trombose
idiopática ou TEV em sítios não usuais, ex: vaso cerebral ou mesentérico).
Uma entidade grave denominada purpura fulminans pode ocorrer em recém-nascidos
acometidos pelas deficiências de PC e PS (em estado de homozigose ou dupla heterozigose) nos
primeiros dias de vida. Esses pacientes devem ser tratados com transfusão de crioprecipitado, plasma
fresco congelado, e warfarina em dosagem suficiente para que se mantenha o RNI entre 3,5 e 4,5. Ainda,
a warfarina deve ser iniciada com cautela e em baixas doses (2 mg) em pacientes sabidamente
acometidos pelas deficiências de PC e PS, pois nesses casos há risco de desenvolvimento de necrose
subcutânea.
– PROFILAXIA PRIMÁRIA: No caso de um indivíduo ser diagnosticado com uma das deficiências dos
anticoagulantes naturais (PS, PC, AT), FV Leiden e mutação da PT G20210A, recomenda-se que os
familiares de primeiro grau sejam testados especificamente para a condição encontrada. Aos portadores
assintomáticos deve ser oferecido aconselhamento médico e orientações a respeito dos riscos, sinais e
sintomas de TEV e medidas preventivas de eventos tromboembólicos.
O tratamento profilático pode estar indicado em situações de risco, tais como gravidez, puerpério
e pré-operatório de grandes cirurgias, uma vez que essa medida reduz significativamente o risco de
trombose. A profilaxia anticoagulante não é recomendada durante a infância, mas pode ser prescrita em
casos de cirurgia abdominal ou de membros inferiores após os 13 anos de idade. O uso de compostos
estrogênicos deve ser evitado em mulheres assintomáticas acometidas por esses fatores de risco.
CLÍNICA INTEGRADA 2 – MARC 11 - HOTAIR P; - 15/04/2021