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CARDIOLOGIA
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CASO CLÍNICO 1
Doente, sexo feminino, 75 anos de idade, com antecedentes de insuficiência cardíaca de etiologia isquémica
com fração de ejeção reduzida, hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, recorre a consulta de
Cardiologia para reavaliação. Refere queixas de dispneia para esforços de moderada intensidade.
Encontra-se medicada em ambulatório com AAS, atorvastatina, furosemida, metformina, e, desde a última
consulta, iniciou também terapêutica com enalapril e bisoprolol.
Faz-se acompanhar do resultado do ecocardiograma transtorácico pedido na última consulta, que revela
melhoria da fração de ejeção (com fração de ejeção de 36%), sendo de 27% na avaliação prévia, com
restantes aspectos sobreponíveis. O eletrocardiograma evidencia ritmo de base sinusal, FC 90 bpm, sem
desvio do eixo elétrico com QRS 102 ms, com alterações inespecificas da repolarização ventricular.
Na consulta apresenta-se hipertensa (pressão arterial 151/89 mmHg), FC 89 bpm, eupneica com SpO2 97%
em ar ambiente, sem sinais de congestão ou baixo débito.
Qual a medida mais correta a adotar nesta doente?
A. A doente tem indicação para implantação de CDI em prevenção primária
B. A doente tem indicação para implantação de ressincronizador cardíaco
C. Deve ser titulada a dose de beta-bloqueante
D. Face à melhoria substancial da fração de ejeção, deve-se suspender a terapêutica modificadora de
prognóstico
E. A amlodipina é o anti-hipertensor de eleição a considerar neste caso
CASO CLÍNICO 1
Resposta correta: C. Deve ser titulada a dose de beta-bloqueante.
Resumo do caso: Mulher, 75 anos, com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, hipertensão e
diabetes, apresenta-se em consulta de Cardiologia com queixas de cansaço para esforços de intensidade
moderada e com reavaliação ecocardiográfica a demonstrar melhoria da fração de ejeção (de 27% para
36%), sob terapêutica modificadora de prognóstico de insuficiência cardíaca com bisoprolol e enalapril. O
eletrocardiograma revela ritmo sinusal, com FC 90 bpm, com QRS estreitos (102ms). Na consulta apresenta-
se hipertensa, sem sinais de congestão ou baixo débito.
CRT está recomendado em doentes sintomáticos com IC em ritmo sinusal com QRS 130ms e BRE e FEVE 35% apesar da terapêutica médica
I A/B
otimizada, para melhoria dos sintomas e redução da morbimortalidade (melhor evidência para QRS 150ms )
CRT deve ser considerado em doentes sintomáticos com IC em ritmo sinusal com QRS 130ms sem morfologia de BRE e com FEVE 35%
IIa/b B
apesar do tratamento médico otimizado, para melhoria dos sintomas e redução da morbimortalidade
O CDI está recomendado para reduzir o risco de morte súbita e mortalidade por todas as causas em doentes com IC sintomáticos (NYHA II-III) e
FEVE 35% apesar de 3 meses de terapêutica médica otimizada, e desde que expectativa de vida com qualidade 1 ano I A
[Maior evidência de benefício nos doentes com IC isquémica].
O CDI não está recomendado nos 1ªs 40 dias após enfarte agudo do miocárdio III A
O CDI não está recomendado nos doentes em NYHA IV com sintomas graves refratários à terapêutica farmacológica, a não ser que sejam
III C
candidatos a CRT, devices de assistência ventricular ou transplante.
O CDI está recomendado para reduzir o risco de morte súbita e mortalidade por todas as causas em doentes que recuperaram de arritmia
ventricular com instabilidade hemodinâmica e que têm uma expectativa de vida com qualidade 1 ano [desde que não haja causas reversíveis I A
nem tenha sido < 48h pos enfarte]
CASO CLÍNICO 2
Doente, sexo feminino, 70 anos de idade, recorre a consulta de reavaliação no seu cardiologista assistente.
Trata-se de um doente com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2 e Insuficiência
cardíaca de etiologia isquémica (status pos enfarte agudo do miocárdio com angioplastia da artéria descendente
anterior em 2017). Encontra-se medicado em ambulatório com ácido acetilsalicilico, metformina, sinvastatina, valsartan,
furosemida e bisoprolol.
O último ecocardiograma transtorácico revelou: ventrículo esquerdo ligeiramente dilatado, hipertrofiado, com
hipocinesia difusa condicionando fração de ejeção estimada em 27%; válvula aórtica fibrocalcificada, condicionando
estenose aórtica ligeira; válvula mitral com insuficiência mitral ligeira; restantes válvulas sem alterações; ventrículo
direito não dilatado, com função sistólica longitudinal preservada; sem derrame pericárdico.
Faz-se acompanhar de avaliação laboratorial recente que revela: creatinina 0.55 mg/dl, ureia 36 mg/dl, K+ 3.6 mmol/L,
Na+ 141 mmol/L, HbA1c 8.1%.
O eletrocardiograma revela ritmo de base sinusal, FC 65 bpm, QRS 117 ms, critérios de hipertrofia ventricular esquerda,
sem outras alterações.
Qual o passo seguinte mais adequado neste doente?
Resumo do caso: Mulher, 70 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes e
insuficiência cardíaca de etiologia isquemica, com fração de ejeção reduzida (Fej 27%), recorre a consulta de reavaliação.
Encontra-se medicada com AAS, valsartan, bisoprolol, furosemida, sinvastatina e furosemida. Analiticamente apresenta
função renal e ionograma sem alterações. HbA1c 7.5%.
No eletrocardiograma apresenta-se em ritmo sinusal, FC 65 bpm, com critérios de hipertrofia ventricular e QRS estreitos.
(…)
INIBIDORES SGLT2
[ EMPAGLIFOZINA, DAPAGLIFOZINA, CANAGLIFOZINA ]
• Hospitalizações
• Progressão de doença renal crónica
• Mortalidade
ANÁLOGOS GLP-1
[ LIRAGLUTIDE ]
• Doença CV aterosclerótica
CASO CLÍNICO 3
Doente, sexo masculino, 62 anos, com antecedentes de tabagismo ativo (15 UMA), hipertensão e dislipidemia, recorre a consulta
de Cardiologia com queixas de desconforto torácico retroesternal relacionado com o esforço, com cerca de um ano de
evolução. Nega agravamento recente das queixas. Encontra-se medicado em ambulatório com amlodipina 5mg e sinvastatina
20mg.
No exame objetivo apresenta-se apírético, com PA 144/78 mmHg, FC 95 bpm, SpO2 98% em ar ambiente; na auscultação
cardíaca apresenta S1+S2 rítmicos sem sopros e na auscultação pulmonar apresenta murmurio vesicular mantido sem ruídos
adventicios; o restante exame objetivo não denota alterações a destacar.
Realizou um ecocardiograma transtorácico em ambulatório que revelou: ventrículo esquerdo não dilatado, hipertrofiado, com
função sistólica preservada; fibrocalcificação mitro-aórtica, não condicionando restrição de abertura nem regurgitação; válvula
tricúspide e pulmonar sem alterações morfofuncionais; ventrículo direito não dilatado e com boa função sistólica longitudinal;
sem derrame pericárdico. O ECG revela bloqueio de ramo esquerdo já conhecido previamente.
Qual o passo seguinte mais adequado neste doente?
A. Solicitar prova de esforço e otimizar a terapêutica anti-anginosa com introdução de beta-bloqueante
B. Solicitar cintigrafia de perfusão miocárdica e otimizar a terapêutica anti-anginosa com introdução de beta-
bloqueante
C. Encaminhar o doente para o Serviço de Urgência por se tratar de um síndrome coronário agudo em evolução
D. Iniciar terapêutica com ácido acetilsalicilico, ticagrelor e beta-bloqueante
E. Solicitar angioTC coronária para exclusão de doença coronária
CASO CLÍNICO 3
Resposta correta: B. Solicitar cintigrafia de perfusão miocárdica e otimizar a terapêutica anti-anginosa com introdução de
beta-bloqueante.
Resumo do caso: Homem, 62 anos, com múltiplos fatores de risco cardiovascular (tabagismo, hipertensão, dislipidemia)
apresenta-se em consulta de Cardiologia com queixas de angina estável, relacionada com o esforço, com 1 ano de
evolução. Medicado em ambulatório com amlodipina e sinvastatina. Ecocardiograma com ventrículo esquerdo
hipertrofiado, com função preservada e sem outras alterações relevantes.
A. Solicitar prova de esforço e otimizar a terapêutica anti-anginosa com introdução de beta bloqueante – Incorreta
• Perante um quadro clínico compatível com angina estável (síndrome coronário crónico), a avaliação diagnóstica inclui
a realização de exames para avaliação de isquemia, entre os quais os exames de imagem (cintigrafia de perfusão
miocárdica, RM cardíaca ou ecocardiograma de stress) são preferidos relativamente à prova de esforço. Além disso, a
presença de um bloqueio de ramo esquerdo é um fator de confundimento na prova de esforço. Assim, para avaliação
não invasiva de isquemia neste doente seria de preferir um exame de imagem.
Para otimizar a terapêutica anti-anginosa estaria indicado adicionar um beta-bloqueante.
B. Solicitar cintigrafia de perfusão miocárdica e otimizar a trapêutica anti-anginosa com introdução de beta-bloqueante –
Correta
• Perante o exposto na justificação da alínea (A), esta é considerada a opção correta.
CASO CLÍNICO 3
C. Encaminhar o doente para o Serviço de Urgência por se tratar de um síndrome coronário agudo em evolução –
Incorreta
• O doente apresenta-se com queixas de angina estável com um ano de evolução, negando agravamento recente.
(2) – Avaliar a probabilidade pré-teste – com base na idade, género, sintomas e fatores de risco CV
SÍNDROME CORONÁRIO CRÓNICO / DOENÇA CORONÁRIA ESTÁVEL
Prova de esforço – é inferior ao testes de diagnóstico por imagem; não deve ser usado na presença de alterações
eletrocardiográficas de confundimento (p.ex: BCRE), uso de fármacos cardioativos (ex: digoxina) e incapacidade funcional;
Testes não invasivos funcionais – prova de esforço, ecocardiograma de stress, RM, cintigrafia de perfusão miocárdica;
indicado nos doentes com alta probabilidade clínica
Testes não invasivos anatómicos – angioTC coronária; indicado nos doentes com baixa probabilidade clínica
Coronariografia – preferida se:
a) Alta probabilidade clínica e sintomas graves refratários à terapêutica médica
b) Angina típica com baixo nivel de exercicio e alta probabilidade de eventos
c) Disfunção ventricular sugestiva de doença coronaria
d) Suspeita de doença coronária e exames não invasivos inconclusivos
SÍNDROME CORONÁRIO CRÓNICO / DOENÇA CORONÁRIA ESTÁVEL
Agentes anti-plaquetários:
• AAS ou clopidogrel
A. Alta para ambulatório com otimização da terapêutica anti-anginosa, com introdução de nitrato
B. Alta para ambulatório com otimização da terapêutica anti-anginosa, com introdução de amlodipina
C. Internamento para realização de angioTC coronária
D. Internamento para estratificação invasiva
E. Alta para ambulatório com titulação de beta-bloqueante
CASO CLÍNICO 4
Resposta correta: D. Internamento para estratificação invasiva
Resumo do caso: Homem, 65 anos de idade, hipertenso, fumador e com história de doença coronária estável, recorre ao
Serviço de Urgência por episódios de dor torácica de maior intensidade e duração desde o dia anterior. Da avaliação
complementar apresenta eletrocardiograma incaracterístico e troponina negativa.
Face aos antecedentes do doente e apresentação clínica, a hipótese mais provável é angina instável.
A. Alta para ambulatório com otimização da terapêutica anti-anginosa, com introdução de nitrato – Incorreta
• O quadro clínico descrito é compatível com angina instável, atendendo à presença de dor torácica precordial
opressiva de maior intensidade e duração do que os episódios prévios, sem alterações eletrocardiográficas associada
e com troponina negativa. Estes doentes devem ser orientados em regime de internamento, pelo que esta opção está
incorreta.
B. Alta para ambulatório com otimização da terapêutica anti-anginosa, com introdução de amlodipina – Incorreta
• Pelo motivo explicitado na justificação da alínea (A), esta opção também é considerada incorreta.
Resumo do caso: Homem, 54 anos de idade, hipertenso e fumador, recorre ao Serviço de Urgência por dor precordial
opressiva com duas horas de evolução associado a naúseas e vómitos. Na admissão encontra-se pálido, sudorético,
hemodinamicamente estável, eupneico, sem sinais de congestão ou baixo débito. O ECG revelou supradesnivelamento de
ST em DII, DIII e AVF (sugestivo de enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST de localização inferior).
A. Deve ser submetido a coronariografia no prazo de 72 horas – Incorreta
• O caso clínico descrito é de um doente que se apresenta com enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento
ST, de localização inferior. Como tal, está indicada coronariografia emergente e se necessário intervenção coronária
percutânea.
B. Deve realizar doses de carga com ácido acetilsalicilico e ticagrelor – Correta
• Perante um quadro de enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST está indicado realizar doses de
carga de aspirina e um inibidor P2Y12.
C. Deve-se monitorizar o doente e aguardar o doseamento de troponina para diagnóstico diferencial – Incorreta
• Perante a evidência de supraST no eletrocardiograma num doente com dor torácica, está indicado realizar
coronariografia emergente, não se devendo aguardar pelo resultado da avaliação laboratorial.
CASO CLÍNICO 5
D. Iniciar terapêutica com ibuprofeno e colchicina – Incorreta
• Esta abordagem estaria correta se a suspeita diagnóstica fosse pericardite aguda. Contudo o quadro clinico e as
alterações eletrocardiográficas (com supraST localizado às derivações inferiores) é sugestivo de enfarte agudo do
miocárdio com elevação do segmento ST.
E. Realizar um teste de isquemia não invasivo para melhor esclarecimento do diagnóstico – Incorreta
• O teste de isquemia não invasivo (funcional ou anatómico) está recomendado nos casos de doença coronária estável
ou nos casos de angina instável de baixo risco. Contudo, nos casos de enfarte agudo do miocárdio com elevação do
segmento ST está indicada coronariografia emergente.
CASO CLÍNICO 6
Doente, sexo feminino, 82 anos de idade, é trazida ao Serviço de Urgência por dor torácica precordial com duas horas de
evolução, associado a dispneia e a mal-estar generalizado. Trata-se de uma doente com antecedentes de hipertensão arterial,
dislipidemia e síndrome depressivo, medicada em ambulatório com amlodipina 5 mg e sinvastatina 20mg.
Na admissão a doente encontra-se agitada, mencionando que só se sentiu assim porque teve uma discussão familiar,
mencionando intenção de ter alta. Na observação apresenta-se polipneica com SpO2 97% em ar ambiente, taquicardica e
normotensa. Realizou eletrocardiograma de imediato que revelou elevação do segmento ST em todas as derivações precordiais.
Neste contexto foi assumido o diagnóstico de enfarte agudo do miocárdico com elevação do segmento ST e doente foi
submetida a coronariografia emergente, sem documentação de lesões coronárias. Realizou ventriculografia no procedimento
que demonstrou padrão de balonização apical com hipercontratilidade dos segmentos basais.
A avaliação laboratorial revelou troponina de 167 pg/ml (N<14) e o NTproBNP 346 pg/ml (N<150).
Qual a principal hipótese de diagnóstico?
Resumo do caso: Mulher, 82 anos, hipertensa e com dislipidemia, recorre ao Serviço de Urgência por dor precordial com
duas horas de evolução, associado a dispneia e mal-estar generalizado. Eletrocardiograma com elevação do segmento ST
em todas as derivações precordiais. Submetida a coronariografia emergente que não demonstrou lesões coronárias
significativas, tendo realizado ventriculografia que demonstrou padrão de balonização apical com hipercontratilidade dos
segmentos basais. Analiticamente com elevação de troponina (167 pg/ml) e NTproBNP 346 pg/ml.
Os elementos acima favorecem a hipótese diagnóstica de síndrome de takotsubo, o que é reforçado pelo facto de existir
um trigger / desencadeante emocional.
A. Tromboembolismo pulmonar agudo– Incorreta
• Os elementos descritos não são compatíveis com tromboembolismo pulmonar, uma vez que apesar da dor torácica
ser um sintoma comum de apresentação no tromboembolismo pulmonar, os restantes aspectos descritos no quadro
clinico (como os achados eletrocardiográficos e o padrão na ventriculografia) sugerem o diagnóstico de síndrome de
takotsubo.
B. Síndrome de Takotsubo– Correta
• A apresentação com um quadro que simula um enfarte agudo do miocárdio (dor torácica e eletrocardiograma com
elevação do segmento ST) na ausência de doença coronária significativa e com ventriculografia com padrão de
balonização apical é muito típico de síndrome de Takotsubo. O facto de haver um desencadeante emocional favorece
também esta hipótese de diagnóstico. A elevação de troponina e de NTproBNP são frequentes no contexto do
sindrome de Takotsubo.
CASO CLÍNICO 6
C. Pericardite aguda – Incorreta
• O diagnóstico de pericardite pressupõe a presença de 2 de 4 critérios: dor torácica (tipicamente de características
pleuríticas), derrame pericárdico, achados eletrocardiográficos compatíveis (infradesnivelamento do segmento PR e
supradesnivelamento do segmento ST) e auscultação de atrito pericárdico. Apesar desta doente se apresenta com dor
torácica e supraST difuso, a hipótese de pericardite não é a mais provável, considerando que:
- A dor torácica é descrita como dor precordial, e não de características pleuríticas
- A existência de um desencadeante emocional para o quadro suporta a hipótese de síndrome de takotsubo
- O padrão de balonização apical na ventriculografia suporta a hipótese de síndrome de takotsubo
- A elevação de troponina não é enquadrável no diagnóstico de pericardite aguda (exceto de miopericardite)
Apresentação:
- Início agudo dos sintomas
- Alterações no ECG que mimetizam um enfarte agudo do miocárdio
- Elevação enzimática (++ ligeira), na ausência de doença coronária
- Contexto: episódio de stress físico ou emocional
A. Assumir o diagnóstico de angina instável e repetir avaliação de troponina dentro de três horas
B. Assumir o diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST e realizar cateterismo
emergente
C. Assumir o diagnóstico de pericardite aguda e iniciar terapêutica com ibuprofeno e colchicina
D. Assumir o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar periférico e solicitar angioTC torácica
E. Assumir o diagnóstico de miopericardite e iniciar terapêutica com colchicina e corticoide
CASO CLÍNICO 7
Resposta correta: C. Assumir o diagnóstico de pericardite aguda e iniciar terapêutica com ibuprofeno e colchicina
Resumo do caso: Homem, 34 anos, fumador, com dor torácica de características pleuríticas (agrava com a inspiração
profunda) e alívio com inclinação de tronco para a frente, com dois dias de evolução. Subfebril, sem outros achados a
destacar no exame físico. Eletrocardiograma em ritmo sinusal com supraST difuso. Analiticamente com discreta
leucocitose e elevação de PCR, com troponina dentro dos valores de referência.
A. Assumir o diagnóstico de angina instável e repetir avaliação de troponina dentro de três horas – Incorreta
• As características da dor torácica descritas sugerem o diagnóstico de pericardite (dor pleurítica e com alívio com a
inclinação do tronco para a frente). O eletrocardiograma apresenta supradesnivelamento de ST difuso, o que também
é compatível com o diagnóstico de pericardite aguda. O diagnóstico diferencial de supraST no eletrocardiograama
impunha-se com o enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST, mas o facto de o supraST ser difuso e o
doente apresentar tropinina negativa (apesar da evolução da dor de 2 dias) suporta o diagnóstico de pericardite. Além
disso, por se tratar de um doente jovem, ainda que fumador, também é mais provável o diagnóstico de pericardite.
B. Assumir o diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST e realizar cateterismo emergente
– Incorreta
• Pelo exposto na justificação da alínea (A), a extensão do supraST além do território de uma artéria coronária e a
presença de troponina negativa apesar do doente já apresentar dor com dois dias de evolução, torna a hipótese de
diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio improvável.
CASO CLÍNICO 7
C. Assumir o diagnóstico de pericardite aguda e iniciar terapêutica com ibuprofeno e colchicina – Correta
• Para o diagnóstico de pericardite são necessários 2 de 4 critérios de diagnóstico: dor torácica (geralmente de
características pleuríticas), derrame pericárdico, alterações eletrocardiográficas (infraPR e/ou supraST difuso) ou
atrito pericárdico na auscultação. O doente descrito cumpre dois critérios de diagnóstico (dor e alterações
eletrocardiográficas), possibilitando estabelecer o diagnóstico de pericardite aguda.
A terapêutica de 1ª linha na pericardite aguda é a associação de anti-inflamatórios não esteroides (p.exemplo:
ibuprofeno) e colchicina, em combinação com a proteção gástrica (geralmente com inibidor da bomba de protões).
2:
• Dor torácica (>85%)
Infecciosas - Pleurítica (pior c/ inspiração)
- Melhora sentado e inclinado p/ frente
- Viral (+ comum) ✓ ECG
- Agrava com decúbito
Aguda (< 4 semanas) / idiopática ✓ Marcadores cardíacos
- Irradiação: pescoço, ombros , trapézio
Crónica (> 3 meses) - Bacteriana - Pode estar ausente (++ uremia, - Se : miopericardite
doenças do tecido cojuntivo, neoplasia) ✓ Ecocardiograma TT
Recorrente - Fúngica
✓ Radiografia torácica
- Parasitária (raro) • Atrito pericárdico (<33%) ✓ Marcadores de inflamação
- Melhor audível BEE ✓ Teste para tuberculose, HIV
Não infeciosas - Desaparece com o derrame ✓ Função tiroideia
- Auto-imune ✓ Estudo auto-imunidade
• ECG (>60%)
- Neoplásica - SupraST e/ou depressão PR
- Metabólica Serologias virais por rotina têm
- Traumática • Derrame pericárdico (>60%) pouca utilidade.
- Geralmente ligeiro
- Fármacos
Outros achados sugestivos
- Febre, mal-estar, dispneia
- Leucocitose, PCR, VS
PERICARDITE AGUDA
TRATAMENTO
AINE’s:
- Deve-se associar gastroproteção
COLCHICINA:
- recidivas – manter 3 meses
- Efeitos adversos: diarreia
CORTICOIDES:
- Considerar se:
a) Ausência de resposta a AAS/AINEs + colchicina
b) Contra-indicação para AAS/AINES + colchicina
c) Indicação específica para seu o uso (p.ex– doença auto-imune)
- Associado a maior risco de recorrência
- Deve ser excluída causa infeciosa
A. Atendendo à elevada probabilidade de fibrilhação Auricular e score CHADSVASC2 de 4 deve-se iniciar anti-coagulação
B. Deve-se iniciar anti-coagulação e solicitar avaliação complementar com holter de 24 horas
C. Deve-se iniciar beta-bloqueante e solicitar registador de eventos implantável
D. Deve-se solicitar avaliação de função tiroideia, holter de 24 horas e ecocardiograma transtorácico
E. Solicitar o doseamento de função tiroideia e encaminhar para consulta de arritmologia
CASO CLÍNICO 8
Resposta correta: D. Deve-se solicitar holter e ecocardiograma transtorácico
Resumo do caso: Homem, 77 anos de idade, com múlitplos fatores de risco cardiovascular (hipertensão, dislipidemia,
diabetes) que recorre a consulta por queixas de palpitações ocasionais, com segundos de duração em cada episódio, de
ocorrência praticamente praticamente diária, não acompanhadas de sinais / sintomas de alarme (é negada dor torácica,
dispneia, lipotimia ou síncope). No exame físico apresenta-se normocárdico e com pulso regular.
A. Atendendo à elevada probabilidade de fibrilhação Auricular e score CHADSVASC2 de 4 deve-se iniciar anti-coagulação
– Incorreta
• O início de anti-coagulação estaria indicado perante a documentação de fibrilhação auricular. Contudo, apesar de se
tratar de um doente com vários fatores de risco cardiovascular e portanto com maior probabilidade de desenvolver
fibrilhação auricular, não está indicado iniciar anti-coagulação na ausência de documentação de episódios de
fibrilhação auricular, sobretudo considerando que no momento da observação o doente se encontra presumivelmente
em ritmo sinusal.
B. Deve-se iniciar anti-coagulação e solicitar avaliação complementar com holter de 24 horas – Incorreta
• Pelo exposto na justificação da alínea (A) não estaria indicado iniciar anti-coagulação sem documentação de
fibrilhação auricular. O holter de 24 horas seria um exame adequado neste doente para melhor caracterização do
quadro, uma vez que o doente refere ter palpitações praticamente todos os dias.
CASO CLÍNICO 8
C. Deve-se iniciar beta-bloqueante e solicitar registador de eventos implantável – Incorreta
• O beta-bloqueante é o fármaco de primeira linha para o tratamento de várias taquicardias na origem de palpitações
(como extrasistolia supraventricular ou ventricular, fibrilhação auricular, taquicardias de reentrada…), e poderia ser
considerado neste doente. Contudo, seria importante simultaneamente esclarecer a etiologia das palpitações, sendo
que para isso o holter seria o exame mais apropriado atendendo à frequência das queixas. O registador de eventos
implantável reserva-se para os casos de doentes com palpitações que ocorrem com maior intervalo de tempo entre
si.
D. Deve-se solicitar avaliação de função tiroideia, holter de 24 horas e ecocardiograma transtorácico – Correta
• Considerando que o doente reporta uma frequência praticamente diária dos sintomas, o holter de 24 horas seria o
exame adequado para o estudo etiológico das queixas de palpitações. Além disso, o ecocardiograma transtorácico
também seria adequado para avaliação estrutural do coração e exclusão de doença cardíaca estrutural, atendendo a
que se trata de um doente com múltiplos fatores de risco cardiovascular.
Face à história de hipotiroidismo sob terapêutica de reposição com levotiroxina, está indicado o doseamento da
função tiroideia, porque um quadro de hipertiroidismo iatrogenico poderia estar na origem dos sintomas do doente.
A. Administração de choque
B. Administração de choque e de 300mg de amiodarona
C. Administração de choque e de 1mg de adrenalina
D. Realizar uma gasimetria
E. Administração de atropina
CASO CLÍNICO 9
Resposta correta: A. Administração de choque
Resumo do caso: Homem, 75 anos de idade, hipertenso, em paragem cardiorespiratória em ritmo desfibrilhável
(fibrilhação ventricular).
A. Administração de choque – Correta
• O algoritmo de abordagem da paragem cardiorespiratória em ritmo desfibrilhável inclui o início imediato de suporte
básico de vida e a administração de choque assim que se documenta o ritmo desfibrilhável. Nada deve atrasar o
choque (desfibrilhação), uma vez que a rapidez que com se realiza a desfibrilhação é um preditor de outcome.
B. Administração de choque e de 300mg de amiodarona– Incorreta
C. Administração de choque e de 1mg de adrenalina – Incorreta
• Perante a documentação de paragem cardiorespiratória em ritmo desfibrilhável está indicada a administração de
choque, seguido de continuidade das manobras de compressão e ventilação. Só ao terceiro choque é que está
indicada a administração de 300mg de amiodarona 1 mg de adrenalina (de acordo com o algoritmo Europeu e do
INEM). Em alguns algoritmos (nomeadamente no Americano), a administração de adrenalina pode ser feita ao
2ºchoque. Em nenhum dos algoritmos está indicada a sua administração aquando do primeiro choque.
D. Realizar uma gasimetria – Incorreta
• Pelo explicado na justificação das restantes alíneas, o choque é a medida prioritária.
E. Administração de atropina – Incorreta
• Não faz parte do algoritmo de abordagem da paragem em ritmo desfibrilhável.
PARAGEM CARDIORESPIRATÓRIA
CASO CLÍNICO 10
Doente, sexo feminino, 66 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia, excesso de peso e tabagismo
no passado, recorre a consulta do médico de familia por queixas de cansaço para médios esforços e ortopneia (dorme com 2
almofadas), com várias semanas de evolução. Encontra-se medicada em ambulatório com sinvastatina, amlodipina e
omeprazol.
No exame físico apresenta-se apirética, normotensa (pressão arterial 132/83 mmHg), FC 76 bpm, pulso regular; auscultação
cardíaca com evidência de S3, sem sopros audíveis; auscultação pulmonar com crepitações finas bibasais; abdómen livre, sem
massas ou adenomegalias palpáveis; edema bilateral simétrico dos membros inferiores, godet ++.
O último eletrocardiograma realizado (há cerca de seis meses) revelou: ritmo sinusal, FC 80 bpm, QRS estreitos, critérios de
voltagem para hipertrofia ventricular esquerda, sem outras alterações.
Qual a medida que considera mais correta?
Resumo do caso: Mulher, 66 anos, com múltiplos fatores de risco cardiovasculares (hipertensão, dislipidemia, excesso de
peso e ex-fumadora) recorre à consulta por queixas de cansaço para médios esforços e ortopneia com semanas de
evolução. No exame físico apresenta-se normotensa e normocardica, com evidência de congestão pulmonar e periférica,
e com S3 audível (indicativo de disfunção diastólica). No último eletrocardiograma apresentava-se em ritmo sinusal com
critérios de hipertrofia ventricular esquerda (em contexto provável de hipertensão arterial).
Perante o quadro clínico descrito a hipótese de diagnóstico mais provável é insuficiência cardíaca, atendendo à presença
de sinais e sintomas concordantes com esse diagnóstico. A presença de alterações no eletrocardiograma também
fundamenta essa hipótese de diagnóstico. Como tal, o passo seguinte deve passar pela confirmação do diagnóstico,
solicitando o ecocardiograma transtorácico.
A. Prova de esforço – Incorreta
• A prova de esforço pode ter utilidade na suspeita de doença coronária como etiologia da insuficiência cardíaca, mas o
prioritário neste caso é confirmar o diagnóstico de insuficiência cardíaca, pelo que o ecocardiograma transtorácico
seria o exame prioritário. Além disso, para estudo de isquemia são preferidos os exames de imagem em detrimento
da prova de esforço.
Resumo do caso: Jovem, 26 anos de idade, com três episódios de síncope de esforço, sem prodromos, com recuperação
rápida e sem evidência de incontinência de esfíncteres ou movimentos tónico-clónicos a acompanhar o quadro. Com
história familiar de morte súbita cardíaca (tio e avô paternos). Eletrocardiograma com critérios de hipertrofia ventricular
esquerda. Perante estes dados, a hipótese de diagnóstico mais provável é a miocardiopatia hipertrófica.
Aumento da espessura do ventrículo esquerdo, não explicada apenas por alterações da carga (HTA ou estenose aórtica).
• Autossómica Dominante (++; 40-60%)
• Mutações genéticas: proteínas sarcoméricas (++ frequente)
• Caracterizada por:
- Obstrução do trato de saída (em 50%)
- Regurgitação mitral (movimento sistólico anterior do folheto mitral)
- Disfunção diastólica
- Arritmias e risco de morte súbita
DIAGNÓSTICO:
Baseia-se na documentação de hipertrofia ventricular:
Espessura da parede ≥ 15 mm em 1/+ segmentos do miocárdio do VE (por qualquer método)
- ECG
- Ecocardiograma transtorácico – permite avaliar obstrução do trato de saída
- Ressonância Magnética
MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA
APRESENTAÇÃO:
• MORTE SÚBITA CARDÍACA (disritmia ventricular) - + freq em jovens assintomáticos < 35a
• Sintomas mais frequentes: dispneia de esforço, angina, síncope / pré-sincope
• Exame físico: pulso bífido, choque da ponta sustido, sopro sistólico, S4
TRATAMENTO:
Nos doentes sintomáticos com MCPH obstrutiva, está indicado:
• Beta-bloqueantes não vasodilatadores – 1ª linha
• Verapamil
Evitar desporto de competição ou exercício físico intenso!!
Avaliar risco de morte súbita (FR: morte subita, HVE > 30mm, Síncope, Hx familiar MSC) e indicação para CDI
CASO CLÍNICO 12
Doente, sexo masculino, 89 anos de idade, residente em lar, é trazido ao Serviço de Urgência por alteração do estado de
consciência. Trata-se de um doente com antecedentes de síndrome demencial, hipertensão arterial e doença renal crónica
estadio 4.
Na admissão hospitalar o doente é admitido na reanimação por se encontrar em GCS 13, hipotenso (pressão arterial 89/56
mmHg), FC 45 bpm, eupneico em ar ambiente com SpO2 92% em ar ambiente, apirético; no exame físico destaca-se mucosas
descoradas e desidratadas, com extremidades frias. O doente é algaliado, sem saída de urina.
Assume quadro de desidratação e inicia fluid challeng com 500mL de soro fisiológico.
O eletrocardiograma revelou: bradicardia sinusal com BAV de 2º grau mobitz II.
Realiza gasimetria de sangue arterial que revela: pH 7.29, pO2 62 mmHg, pCO2 50 mmHg, HCO3 19 mmHg, K+ 6.7 mmol/L.
Qual a medida prioritária ?
Resumo do caso: homem, 89 anos de idade, admitido por alteração do estado de consciência. Com antecedentes pessoais
relevantes de hipertensão arterial, doença renal crónica e síndrome demencial. Na admissão apresenta-se com GCS 13,
hipotenso e taquicardico, SpO2 92% em ar ambiente, descorado e desidratado e mal perfundido (extremidades frias),
anurico (algaliado sem saida de urina). No eletrocardiograma apresenta bradicardia sinusal com BAV de 2º grau.
Analiticamente a destacar acidose mista e K+ 6.7 mmol/L.
Alterações eletrocardiográficas:
Resumo do caso: mulher, 39 anos de idade, com antecedentes de patologia ansiosa sob terapêutica com bromazepam, é
encaminhada por avaliação de pressão arterial de 145/91 mmHg em consulta de Medicina do trabalho. Na reavaliação
apresenta valor tensional de 136/80 mmHg e taquicardica, em ritmo sinusal.
Tem peso adequado (IMC 23 kg/m2), nega tabagismo, consumo de álcool ou drogas.
Trata-se de uma doente jovem com baixo risco cardiovascular.
1. ESTABELECER O DIAGNÓSTICO
Na consulta:
• Pressão arterial é classificada de acordo com a média de 2/+ medições em 2 consultas
• Na consulta: medição 2 vezes, com intervalo de 1-2 minutos
• Minimizar variabilidade de leitura (5 minutos de repouso, doente sentado, braçadeira adequada)
Pode ser realizada confirmação em estudo de ambulatório (medições de ambulatório ou MAPA)
Monitorização da PA em ambulatório – valor normal: valor médio PA < 135/85 mmHg
MAPA – valores normais: PAm diurna < 135/85 mmHg, PAm noturna < 120/70 mmHg, PAm 24h < 130/80 mmHg
+ +
MONOTERAPIA
pode ser suficiente
CASO CLÍNICO 14
Mulher, 76 anos de idade, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, doença renal crónica estadio 3a e diabetes
mellitus tipo 2, recorre ao médico de família para consulta de reavaliação. Nega queixas a reportar.
Tem feito o registo de ambulatório da pressão arterial, apresentando:
- Pressão arterial sistólica a variar entre 151 e 167 mmHg;
- Pressão arterial diastólica a variar entre 81-95 mmHg;
Encontra-se medicada com metformina e amlodipina.
No exame físico apresenta-se com PA 149/86 mmHg, FC 87 bpm; sem alterações no exame objetivo.
Qual considera ser o melhor anti-hipertensor a adicionar ao esquema terapêutico?
A. Enalapril
B. Carvedilol
C. Diurético tiazidico ou tiazidico like
D. Furosemida
E. Espironolactona
CASO CLÍNICO 14
Resposta correta: A. Enalapril
Resumo do caso: Mulher, 76 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial doença renal crónica estadio 3a e
diabetes, recorre a consulta do médico de familia para reavaliação, acompanhando-se de registos de ambulatório da
pressão arterial compatíveis com pressão arterial não controlada. Encontra-se medicada com um anti-hipertensor
(amlodipina).
A. Enalapril – Correta
• O esquema standart de tratamento da hipertensão arterial inclui um IECA/ARA associado a um BCC ou diurético
tiazidico. Considerando que esta doente já se encontra medicada com amlodipina, a melhor opção seria iniciar
terapêutica com enalapril (IECA), uma vez que é a classe de fármacos preferida nos doentes com doença renal
crónica por apresentar efeito nefroprotetor (redução da albuminúria e da progressão da doença renal).
B. Carvedilol – Incorreta
• Os beta-bloqueantes são anti-hipertensores com efeito mais modesto comparativamente com as restantes classes, e
estão sobretudo indicados em doentes hipertensos com doença coronária, história de angina (como anti-anginoso),
insuficiência cardíaca ou arritmias. Esta doente não apresenta nenhuma destas condições, pelo que o beta-
bloqueante não seria a melhor escolha como 2º anti-hipertensor nesta doente.
CASO CLÍNICO 14
C. Diurético tiazidico ou tiazidico like – Incorreta
• O esquema standart de tratamento da hipertensão arterial inclui um IECA/ARA associado a um BCC ou diurético
tiazidico. Estando a doente já medicada com BCC, a escolha do 2º anti-hipertensor poderia recair sobre IECA/ARA ou
diurético tiazidico. Contudo, os IECA/ARAs são preferidos face à presença de doença renal crónica, devido ao efeito
nefroprotetor.
D. Furosemida – Incorreta
• Os diuréticos fazem parte do esquema anti-hipertensor standart, geralmente com diuréticos tiazidicos / tiazidicos
like. Contudo, na doença renal crónica em estadios mais avançados pode-se considerar o uso de diuréticos de ansa,
como furosemida. Contudo, pelo explicado na justificação das alíneas prévias, o IECA seria o anti-hipertensor
preferencial a adicionar ao esquema terapêutico.
E. Espironolactona – Incorreta
• A espironolactona está indicada nos casos de hipertensão resistente, definida como a persistência de valores de
pressão arterial > 140/90 mmHg apesar de 3 anti-hipertensores, um dos quais um diurético. Assim, não seria a opção
a considerar nesta doente (que apenas se encontra medicada com amlodipina).
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA
ESQUEMA TERAPÊUTICO
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA
POPULAÇÕES ESPECIAIS
COMORBILIDADES CONSIDERAÇÕES
Resumo do caso: Homem, 66 anos de idade, trazido ao Serviço de urgência por dispneia e alteração do estado de
consciência, que se apresenta prostrado, hipotenso e mal-perfundido na admissão, com fervores crepitantes bibasais.
Destaca-se ainda a presença de pulso irregular, com FC 160 bpm, com eletrocardiograma compatível com fibrilhação
auricular.
A. Aguardar avaliação analítica com estudo da função tiroideia – Incorreta
• Perante um doente que se apresenta com fibrilhação auricular com instabilidade hemodinâmica, está indicada a
cardioversão elétrica. Posteriormente estaria indicado a avaliação analitica com estudo da função tiroideia.
B. Administrar beta-bloqueante para controlo de frequência – Incorreta
C. Administrar verapamil para controlo de frequência – Incorreta
• Os beta-bloqueantes, bem como os bloqueadores dos canais de cálcio não dihidridopiridinicos (veramapil, diltiazem),
estão indicados para controlo de frequência na fibrilhação auricular. Contudo, perante um quadro de instabilidade
hemodinâmica está indicada a cardioversão elétrica.
D. Administração de amiodarona para controlo de ritmo – Incorreta
• A amiodarona é uma opção quando se considera a cardioversão farmacológica. Contudo, perante uma situação de
instabilidade hemodinâmica está indicada a cardioversão elétrica.
E. Cardioversão elétrica – Correta
• Na fibrilhação auricular com compromisso hemodinâmico está indicado realizar a cardioversão elétrica.
CASO CLÍNICO 16
Doente, sexo masculino, 76 anos de idade, recorre ao Serviço de Urgência por dispneia. Trata-se de um doente com
antecedentes de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida de etiologia isquémica, hipertensão arterial, dislipidemia
e fibrilhação auricular permanente. Encontra-se medicado com bisoprolol, sacubitril-valsartan, espironolactona e atorvastatina.
Refere queixas de dispneia para minimos esforços, ortopneia e dispneia paroxística noturna.
Na admissão apresenta pressão arterial 124/73 mmHg, com frequência cardíaca 145 bpm, polipneico, SpO2 89% em ar ambiente,
com fervores crepitantes na metade inferior de ambos os campos pulmonares e edema dos membros inferiores godet ++ até à
raiz da coxa.
Realizou eletrocardiograma que evidenciou ritmo de fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida (+/- 150 bpm).
Qual a estratégia que considera mais adequada?
Resumo do caso: Homem, 76 anos, recorre ao Serviço de Urgência por dispneia para mínimos esforços, ortopneia e
dispneia paroxística noturna. Na admissão encontra-se normotenso, FC 145 bpm, em rimto de fibrilhação auricular, com
franca evidência de congestão pulmonar e periferica.
Trata-se de um doente com antecedentes pessoais de hipertensão, dislipidemia, fibrilhação auricular permanente (não
estando anti-coagulado em ambulatório) e insuficiência cardíaca comf rração de ejeção reduzida.
NOÇÕES GERAIS
CLASSIFICAÇÃO
De novo • 1º episódio conhecido, independentemente da duração ou gravidade dos sintomas
FA permanente • FA aceite pelo doente e médico (≥ 1 ano) - controlo de ritmo deixa de ser tentado
Apresentação
Desde assintomáticos até sintomas incapacitantes
- Sintomas mais comuns: cansaço , intolerância ao esforço, palpitações, dispneia
- Formas de apresentação mais graves: síncope, descompensação de IC, AIT / AVC
Diagnóstico
A confirmação do diagnóstico exige documentação eletrocardiográfica: ECG, holter, registador eventos
Para o diagnóstico é suficiente a documentação de um episódio com pelo menos 30s de duração
ECG:
- Ø ondas P (linha de base ondulada)
- RR irregular
- Pelo menos 30 segundos
FIBRILHAÇÃO AURICULAR
ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO DOENTE COM FIBRILHAÇÃO AURICULAR
INSTABILIDADE HD CARDIOVERSÃO ELÉTRICA (choque sincronizado) (iniciar anti-coagulação logo que possível)
1 CONTROLO DE FREQUÊNCIA
Pensar sempre na 2 CONTROLO DE RITMO
• Beta-bloqueante Insuficiência Cardíaca
• BCC não-DHP (verapamil, diltiazem) para a escolha do
• Anti-arritmicos
• Digoxina fármaco! - Doença estrutural: amiodarona
- Doença estrutural: flecainida, propafenona
• Cardioversão elétrica
• Ablação de fibrilhação auricular
Resumo do caso: Homem, 38 anos de idade, com queixas de cansaço, febre e mal estar nas últimas semanas. Apresenta-
se normotenso, taquicardico, polipneico com SpO2 92% em ar ambiente e febril. No exame físico tem um sopro sistólico
no foco aórtico. Realizou ecocardiograma que demonstrou vegetação da válvula aórtica.
A. Isolamento de microorganismo típico em duas hemoculturas – Correta
• O diagnóstico de endocardite pode ser estabelecido de forma defintiva na presença de: 2 critérios major, 1 critério
major e 3 critérios minor ou 5 critérios minor. Nos dados apresentados, o doente cumpre 1 critério major (evidência
por ecocardiograma de vegetação) e 1 critério minor (febre). Assim para estabelecer o diagnóstico definitivo neste
doente seria necessário a presença de mais 1 critério major ou mais 2 critérios minor. Assim, entre as alíneas
assinaladas, a única opção que permitira estabelecer o diagnóstico definitivo seria a presença do critério major de
isolamento de microorganismo típico em duas hemoculturas.
Resumo do caso: Mulher, 76 anos, com antecedentes de hipertensão, dislipidemia e diabetes, é trazida ao Serviço de
Urgência por síncope, não acompanhada de movimento tónico-clonicos ou incontinência de esfíncteres. Refere quadro
com 1 ano de evolução de dispneia e cansaço para pequenos esforços.
Na observação apresenta evidência de congestão pulmonar e sopro sistolico grau IV audivel em todo o precordio.
Eletrocardiograma, em ritmo sinusal, com critérios de hipertrofia venticular esquerda. Da avaliação laboratorial destaca-
se a presença de anemia e significativa elevação do NTproBNP, com apenas discreta elevação da troponina, e ddimeros
negativo.
A. Deve-se solicitar angioTC torácica – Incorreta
• Apesar da síncope ser uma das apresentações possíveis da embolia pulmonar, perante os dados clínicos descritos,
esta não é a principal hipótese de diagnóstico, pelo que seria um doente de baixa probabilidade clínica. A avaliação
dos ddímeros revelou-se negativa, permitindo excluir o diagnóstico de embolia pulmonar nesta doente.
B. Deve-se solicitar ecocardiograma transtorácico – Correta
• Perante uma doente de 76 anos que se apresenta com síncope de esforço, sinais e sintomas compatíveis com
insuficiência cardíaca descompensada (estase pulmonar, dispneia para pequenos esforço), evidência de sopro
sistólico na auscultação cardiaca e analiticamente com elevação do NTproBNP, a hipótese de diagnóstico mais
provável é de Insuficiência cardíaca de etiologia valvular (estenose aórtica). Nesse sentido, o ecocardiograma é
fundamental para estabelecer o diagnóstico de insuficiência cardíaca e apurar a sua etiologia, possibilitando a
caracterização da patologia valvular e da sua gravidade.
CASO CLÍNICO 18
C. Deve-se solicitar uma unidade de concentrado eritrocitário – Incorreta
• A hipótese de diagnóstico mais provável para a síncope é a estenose aórtica. Apesar da doente se apresentar com
anemia (Hb 9.1g/dl), não se considera que essa seja a causa da síncope e não está indicado transfudir perante estes
valores de hemoglobina. Além disso, considerando que a doente se encontra congestiva na admissão, a administração de
volume extra (com a transfusão), seria prejudicial nesta doente.
Resumo do caso: Homem, 56 anos, admitido por dor torácica anterior de início súbito, intensidade 10/10, tipo facada. Na
admissão encontra-se pálido, diaforético, hipotenso e com diferencial de pressões entre os dois membros superiores
(diferença de pressão arterial sistólica de 21 mmHg entre o braço direito e esquerdo), taquicardico, com sopro
protodiastolico e fervores na auscultação pulmonar. O eletrocardiograma revela taquicardia sinusal.
A. Disseção aórtica do tipo A – Correta
• O início súbito de dor torácica intensa tipo facada num doente pálido, diaforético, hipotenso e com diferencial de
pressões entre o braço direito e esquerdo é altamente sugestivo de disseção aórtica. Além disso, o facto do doente
apresentar um sopro protodiastolico sugere insuficiência aórtica aguda, o que indica envolvimento da aorta
ascendente, definindo por isso uma disseção aórtica do tipo A. A realização do ecocardiograma transtorácico e/ou
transesofágico seria útil para confirmar o diagnóstico. A angioTC também poderia ser útil, desde que o doente
reunisse estabilidade clínica para a sua realização.
B. Disseção aórtica do tipo B – Incorreta
• Como explicado na justificação da alínea (A), a presença do sopro protodiastolico sugere insuficiência aórtica aguda
por envolvimento da aorta ascendente.
CASO CLÍNICO 19
Resumo do caso: Mulher, 31 anos de idade, admitida por toracalgia inespecifica e dispneia de início súbito, encontrando-se
hemodinamicamente estável na admissão e tendo realizado angioTC com confirmação do diagnóstico de
tromboembolsimo pulmonar. Trata-se de uma doente com diagnóstico de Síndrome de Anticorpo anti-fosfolipido (SAAF),
não previamente anti-coagulado (presumivelmente por recusa da doente).
D. Início de anti-coagulação com heparina não fracionada com switch posterior para varfarina – Incorreta
• O início de anti-coagulação com heparina não fraccionada reserva-se geralmente aos doentes de alto risco ou com
instabilidade hemodinâmica, que têm elevada probabilidade de evoluir com necessidade de fibrinólise, o que não é o
caso da doente apresentada. Nos doentes hemodinamicamente estáveis opta-se por heparina de baixo peso
molecular por não exigir monitorização e por ter melhor perfil de segurança / efeitos adversos.
• Varfarina
- Sobreposição com HNF/HBPM/Fondaparinux durante 5 dias e até INR terapêutico (2.0-3.0) durante 2 dias
consecutivos
- Requer monitorização do INR
- Indicado se: SAAF, próteses valvulares mecânicas
• NOAC
- Vantagens: necessidade de monitorização, < interações medicamentosas (vs. varfarina), < risco hemorrágico
- Limitações: Clcr < 30 mL/min ( rivaroxabano, edoxabano, dabigatrano) , Clcr < 25 mL/min (apixabano)
ANTI-COAGULAÇÃO NO TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
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