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DEFINIÇÃO
Em um ensaio clínico, o investigador aplica uma intervenção e observa os seus efeitos sobre um ou mais
desfechos.
Vantagem: Capacidade de demonstrar a causalidade, resultado da alocação aleatória dos sujeitos (que
eliminam as variáveis confudidoras pré-randomização) e do cegamento dos sujeitos e dos pesquisadores
(que eliminam variáveis confundidoras pós-randomização)
Desvantagem: custo elevado, demanda tempo, aborda uma questão restrita e às vezes expõe os
participantes a potenciais danos. Portanto, só devem ser feitas com questões de pesquisa já amadurecidas
e quando os estudos observacionais e outras linhas de evidência sugerem que uma intervenção possa ser
eficaz, mas faltam evidências mais fortes para que ela possa ser aprovada ou recomendada.
IMPORTÂNCIA
Os ensaios clínicos são uma ferramenta essencial na construção de evidências dos benefícios de uma
terapia medicamentosa assim como a relação custo/benefício de um tratamento. Principalmente no
mundo atual, em que um número cada vez maior de intervenções é proposto sem que haja um
embasamento nas melhores evidências científicas.
Portanto, o ensaio clínico propicia informações que podem dar suporte a políticas públicas e trazer
soluções para os problemas atuais de saúde.
FASES
Os ensaios clínicos são estudos controlados e com a finalidade de avaliar prospectivamente a efetividade,
eficácia e segurança da intervenção a ser estudada.
Segurança: Uma intervenção possui características que tornam improvável a ocorrência de algum efeito
indesejável para o paciente.
➔ Para que um novo medicamento seja liberado: inicialmente deve-se determinar sua eficácia e
segurança. Posteriormente, sua efetividade
➔ Nem sempre a eficácia se traduz em efetividade. Por exemplo, um medicamento pode ter dito
sua eficácia e segurança efetivada e anos depois sai um estudo observacional sugerindo
complicações. Isso pode ter ocorrido porque a droga estava sendo utilizada em grupos de
paciente diferentes, mais graves e sem a monitoração adequada.
1. FASE PRÉ-CLÍNICA
2. FASE CLÍNICA
Subdivide-se em:
RESUMEX:
QUESTÕES ÉTICAS
Atualmente:
Inclui um grupo que recebe uma intervenção a ser testada e um grupo controle que recebe um tratamento
não ativo (de preferência um placebo) ou um tratamento de comparação. O investigador aplica a
intervenção e o controle, segue ambos os grupos ao longo do tempo e compara o desfecho entre os
grupos.
1. ESCOLHA DA INTERVENÇÃO
Quando se planejam intervenções para o tratamento de doenças que causam sintomas graves ou mortes
→ a eficácia é mais importante. “Dose máxima tolerável”
Intervenções para doenças que raramente resultam em progressão da doença ou morte → segurança
ii. Combinações → são usadas para tratar muitas condições clínicas. A desvantagem é que o
resultado não poderá fornecer conclusões claras sobre nenhum dos elementos das
intervenções.
2. ESCOLHA DO CONTROLE
O melhor grupo controle é aquele que não recebe tratamento ativo (placebo) e que pode ser cegado
A melhor comparação entre os grupos de intervenção e controle ocorre quando não há cointervenções
(medicamentos, terapias ou comportamentos que alterem o risco de desenvolver desfechos de interesse).
Exemplo: ensaio clínico randomizado sobre a intervenção do yoga comparada ao cuidado convencional
para prevenir diabetes. Se a equipe estimular os participantes a fazerem mais exercício físico ou perder
peso, isso seria cointervenções importantes.
No geral, vários desfechos devem ser incluídos para aumentar a riqueza dos resultados e que meçam
diferentes aspectos dos fenômenos de interesse. No entanto, um desses desfechos deve ser designado
como desfecho primário/principal (para permitir o cálculo do tamanho da amostra, duração de estudo e
estabelecer as prioridades na hora de implementar o estudo).
Desfechos compostos → Ensaios clínicos que definem desfechos que são compostos por uma série de
diferentes eventos ou medidas. Por exemplo, ensaio sobre intervenção para reduzir o risco de doença
coronariana incluem em uma única variável de desfecho diversos eventos coronarianos específicos como
infarto do miocárdio e morte coronariana. Todos esses desfechos são clinicamente importantes, o
tratamento de cada uma delas são semelhantes e a intervenção pode reduzir o risco de todas. Esse tipo
de desfecho fornece um poder estatístico maior do que um desfecho único, pois ele resulta em um
número maior de eventos.
Efeitos adversos → o pesquisador deve incluir medidas de desfecho para detectar possíveis efeitos
adversos resultantes da intervenção. A maioria dos ensaios clínicos tem, entre seus objetivos principais,
detectar se os benefícios superam os efeitos adversos causados pelo medicamento.
4. SELECIONANDO OS PARTICIPANTES
i. Definir os critérios de entrada → têm como objetivo identificar uma população para a qual
seja factível, ético e relevante estudar o impacto da intervenção sobre os desfechos. Devem
permitir o arrolamento de um número suficientemente grande de participantes e, ao mesmo
tempo, permitir maximizar a capacidade de generalização dos achados do estudo.
Estratificar os participantes de acordo com uma característica como grupo racial permite os
investigadores arrolar um número desejado de participantes com uma característica que
pode influenciar o efeito terapêutico ou a capacidade de generalização.
ii. Determinar critérios de exclusão → dever ser parcimoniosos (exclusões desnecessárias
dificulta o recrutamento e ensaios clínicos com número insuficiente de participantes geram
gastos desnecessários, são antiéticos e podem levar a conclusões enganadoras). Existe 5
motivos de exclusão principais:
Um dos tratamentos do estudo ser prejudicial, causando risco inaceitáveis
O tratamento ativo não pode ser eficaz pois o individuo apresenta baixa risco para o
desfecho (mulher adolescente para doença coronária, por exemplo), tem uma doença que
não vai responder ao tratamento ou já faz tratamento que vai influenciar a intervenção
CASO 3
Descrever os participantes → registrar nomes, números de telefone, e-mail além dos fatores de risco
estabelecidos ou potenciais para o desfecho e sobre características dos participantes que poderão afetar
a eficácia de intervenção.
Medir a variável de desfecho na linha de base → Se o desfecho incluírem mudança em uma determinada
variável, esta deve ser aferida no início do estudo da mesma forma que será aferida no final. Porém, deve-
se lembrar de ser parcimonioso, afinal fazer muitas medições aumenta os custos e a complexidade do
estudo.
Banco de imagens e de amostras biológicas → armazenar imagens, soro, DNA etc. na linha de base
permite medir posteriormente as mudanças que ocorreram ao decorrer do tratamento.
6. RANDOMIZAÇÃO
Os participantes vão ser alocados, de forma aleatória, em dois grupos. Um grupo recebe o tratamento
ativo e o outro recebe o placebo. Dessa forma, evita-se que fatores como idade, sexo e outras
características prognosticas basais sejam distribuídas igualmente.
Técnicas de randomização:
7. CEGAMENTO
Duplo cego/duplamente encoberto → participante + pesquisador responsável pela avaliação não sabe a
que grupo o participante pertence
vieses na avaliação e na adjudicação dos desfechos. (assim, o investigador não pode estar inclinado a
buscar com maior atenção desfechos no grupo que não recebe tratamento)
Existem casos que o cegamento é impossível, por motivos técnicos ou de ordem ética. Por exemplo, cegar
participantes alocados para fazer intervenções educacionais, nutricionais ou de cirurgia.
RESUMEX
Alocação da intervenção
Sigilo da randomização
Mascaramento: o mascaramento é o
processo utilizado par impedir que os
participantes e pesquisadores tenham
conhecimento sobre a alocação dos sujeitos
da pesquisa. Para minimizar o viés de
observação durante o seguimento.
➔ FATORIAL
Busca responder a duas (ou mais) questões de pesquisa em um único ensaio clínico.
Exemplo: pesquisa tinha o objetivo de testar o efeito da aspirina em dose baixa e da vitamina E no risco
de eventos cardiovasculares em mulheres saudáveis. Quatro grupos foram criados: taxa de eventos
cardiovasculares em mulheres que receberam placebos de aspirina X aspirina (independente do grupo
que recebeu ou não vitamina E) → taxa de eventos cardiovasculares em mulheres que receberam
vitamina E X placebo de vitamina E.
➔ CONGLOMERADOS
Exemplo: jogadores de beisebol de 120 times universitários foram alocados de modo que na metade dos
times foi aplicada uma determinada intervenção.
Certas intervenções são mais fáceis, factíveis e custo-efetivo de serem aplicadas em grupos do que em
indivíduos (por exemplo, é mais fácil uma família aderir uma mudança de hábitos alimentares do que
apenas um individuo dessa família)
➔ CONTROLE ATIVO
Se quer demonstrar que possui eficácia similar → ensaio clínico de equivalência/não inferioridade.
➔ ADAPTATIVOS
Ocorre quando o protocolo do ensaio clínico vai sendo alterado à medida que a pesquisa progride e seu
delineamento vai sendo mudado com base em análises interinas dos resultados.
➔ INTERGRUPOS
Igual ao randomizado, porém não o pesquisador é quem escolhe qual grupo o paciente fara parte.
➔ INTRAGRUPOS
Não incluem um grupo controle separado, as aferições são feitas antes e depois de cada participante
receber a intervenção, assim, cada paciente serve como seu próprio controle, permitindo que
características como sexo, idade e fatores genéticos sejam eliminadas como variáveis confundidoras.
Por exemplo, efeito do aprendizado → quando o ensaio clínico envolve testes cognitivos, os pacientes
se saem melhor no teste final porque já tinham entrado em contato antes com o teste.
➔ CRUZADO (CROSSOVER)
Metade dos participantes é alocada aleatoriamente para iniciar o estudo no período-controle e então
mudar para o tratamento ativo, a outra metade faz o contrário.
Desvantagem: aumenta o tempo de estudo, custos adicionais para medir o desfecho no inicio e no final
de cada período de cruzamento, aumento da complexidade da análise e da interpretação dos dados
CASO 3
devido ao problema do efeito residuais (carryover – influencia residual da intervenção no desfecho após
sua interrupção)
TIPOS DE ERROS
ERROS ALEATÓRIOS
Ocorre quando o valor medido na amostra do estudo diverge, devido ao acaso, do verdadeiro valor da
população.
Um erro aleatório nunca pode ser completamente eliminado porque quase sempre o estudo é conduzido
em uma pequena amostra da população
Nunca vai ser completamente eliminado porque quase sempre o estudo é conduzido em uma pequena
amostra da população.
Ocorre quando os resultados diferem de uma maneira sistemática dos verdadeiros valores.
Quando uma pesquisa tem um pequeno erro sistemático ele é dito como um estudo de alta precisão
(acurácia)
1. VIÉS DE SELEÇÃO
Ocorre quando há uma diferença sistemática entre as características das pessoas selecionadas para o
estudo em relação àquelas que não foram selecionadas. Ou seja, se os indivíduos que entraram ou
permaneceram no estudo possuíam características diferentes daqueles que não foram inicialmente
selecionados ou que saíram antes de terminar o estudo. O resultado é uma estimativa enviesada da
associação entre exposição e desfecho.
Ocorre muito quando os participantes são selecionados por conta própria. Por exemplo, os tabagistas que
aceitam participar de um estudo sobre seu hábito de fumar diferem dos não respondentes, pois
geralmente os não respondentes são tabagistas pesados.
Exemplo 2: Em uma indústria onde os trabalhadores estão expostos ao formaldeído, aqueles que mais
sofrem por irritação ocular são, provavelmente, os mais propensos a deixarem o trabalho por solicitação
própria ou atendendo conselho médico. Os trabalhadores que permanecem são menos afetados e um
estudo de prevalência no local de trabalho, sobre a associação entre o formaldeído e irritação dos olhos,
pode ser subestimado.
CASO 3
Ocorre quando a medida individual ou a classificação da doença ou exposição são imprecisas, isto é, não
medem corretamente o que se propõem a medir.
Por exemplo: as medidas bioquímicas ou fisiológicas nunca são completamente precisas e, diferentes
laboratórios produzem, frequentemente, resultados diferentes para um mesmo indivíduo.
Um tipo de viés de mensuração é o viés de memória que ocorre nos estudos de caso-controle quando há
um diferencial de memória na informação para casos e controles. Por exemplo, os casos podem se
lembrar mais facilmente de uma determinada exposição no passado, especialmente se esse
conhecimento está relacionado com a doença em estudo como, por exemplo, a falta de exercício físico e
doença cardíaca. O viés de memória pode exagerar o efeito associado à exposição – por exemplo,
pacientes cardiopatas são mais propensos em admitir a falta de exercício físico no passado – ou
subestimá-lo – se os casos, mais que os controles, deixarem de mencionar uma exposição no passado