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UNIDADE II – Concepção de

medicamentos
Obtenção de um novo medicamento
e sua introdução no mercado.
 A esperança média de vida das pessoas tem vindo a
aumentar, devido diversos factores, entre eles:
 à melhoria das condições higieno-sanitárias
 aos progressos tecnológicos da medicina → os
medicamentos desempenharam um papel fundamental
 tornaram possível controlar, tratar e, noutros
casos, erradicar numerosas doenças.

 A investigação e desenvolvimento de novos


medicamentos → eficazes e seguros
 Demorado
 Difícil
 Muito dispendioso
 Para controlar e assegurar que os medicamentos que as
pessoas consomem são eficazes e seguros, foram
criadas instituições que tem como função aprovar novos
medicamentos e regular e vigiar os já existentes. A
mais importante é a Food and Drug Administration
(FDA).
 A FDA foi criada em 1906 e o processo de aprovação
de medicamentos sofreu várias alterações, de modo a
acompanhar a evolução técnica e as exigências
bioéticas.
 O processo de desenvolvimento e aprovação de um
medicamento pode ser dividido em várias fases:

 Fase pré-clinica
 Fase clínica
 Com duração de 3-4 anos, consiste na pesquisa de um
fármaco promissor para uma determinada patologia
(nesta fase são testadas milhares de substâncias,
sendo que poucas são seleccionadas para estudos
posteriores);
 Informações preliminares sobre atividade farmacológica
e segurança;
 Testes “in vitro” em tecidos homogeneos, células
intactas, orgãos isolados e em animais
 Três espécies de animais;
 Mais de 90% das substâncias estudadas nesta fase,
são eliminadas: não demonstram suficiente atividade
farmacológica/terapêutica ou demasiadamente tóxicas
em humanos;
 Actividade farmacológica específica e perfil de
toxicidade aceitável = passam à fase seguinte;
 Após a selecção de uma substância com interesse clínico
é requerido à FDA um estatuto de Investigational new
drug (IND), para poder ser utilizado nos estudos
clínicos subsequentes.
 Definição de estudo clínico:

 “Qualquer investigação em seres humanos, objetivando


descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos,
farmacológicos, clínicos e/ou outros efeitos de
produto(s) e/ou identificar reações adversas ao
produto(s) em investigação, com o objetivo de averiguar
sua segurança e/ou eficácia.” (EMEA, 1997)
 Com duração média de 1 ano;
 Pessoas voluntárias (20 a 100), sadias;
 administradas doses crescentes do fármaco
 Direccionada para a segurança e perfil farmacológico
(Farmacodinâmica) do novo medicamento;
 Com 2 anos de duração;
 Medicamento é aplicado em cerca de 100 a 300
pacientes afectados por uma determinada enfermidade
ou condição patológica;
 Tem como objectivo aferir a eficácia do medicamento;
 determinar a dose eficaz e o melhor meio posológico;
 A segurança continua a ser avaliada.
 Com 2 a 10 anos de investigação
 Procura confirmar as potencialidades e segurança do
medicamento numa população maior (no mínmo 800
pacientes) e em várias partes do mundo;
 Estabelecimento do perfil terapêutico:
 Indicações
 Dose e via de administração
 Contra-indicações
 Efeitos colaterais
 Medidas de precaução
 Demonstração de vantagem terapêutica (ex:
comparação com competidores) – Dupla ocultação;
 Farmacoeconomia e qualidade de vida;
 Estratégia de publicação e comunicação.
 A concepção e produção de um medicamento apresenta
duas fases:
 Estudos de pré-formulação
 Estudos de formulação
 Estudo da substância activa do ponto de vista
tecnológico
 Avaliação das características físicas, químicas e
tecnológicas fundamentais de uma dada substância
activa, quer isolada quer associada a excipientes
 Constitui um ponto de partida para a formulação de
medicamentos
 Os ensaios são realizados de modo geral durante a fase
de estudos pré-clínicos e podem se estender até as
fases clínicas I e II.
 Determinações a realizar numa pré-formulação de formas
farmacêuticas sólidas
 Características organolépticas
 Pureza
 Distribuição granulométrica
 Forma
 Superfície específica
 Solubilidade
 Cinética de dissolução
 Coeficiente de partilha
 Constante de dissociação
 Permeação através das membranas biológicas
 Características cristalinas
 Polimorfismo
 Estabilidade (no estado sólido, em solução aquosa e em função do
pH)
 Volume aparente
 Higroscopia
 Escoamento
 Compressibilidade
 Durante os estudos de pré-formulação algumas
formulações prévias são desenvolvidas e são aplicadas
nos estudos clínicos iniciais.
 Uma vez nas fases finais o desenvolvimento da
formulação final é considerado.
 Considera-se a forma farmacêutica final, cor, forma,
tamanho, sabor, aparência física final, embalagem,
linha de produção, entre outros.
 Concepção ou desenho de uma determinada forma
farmacêutica
 Desenvolvimento de uma fórmula que contenha a
quantidade correcta de substância activa, veiculada na
forma farmacêutica adequada, que ceja cedida no
período de tempo conveniente, à velocidade fixada e no
local apropriado, mantendo sempre a integridade qímica
da substância activa.
 Após estas fases, os resultados dos estudos são
sujeitos a apreciação por parte da FDA. É elaborado o
NDA (new drug application) que inclui informações sobre
as propriedades químicas, farmacológicas,
farmacocinéticas, tóxicas e fornece pormenores sobre o
processo de fabrico e o nome comercial a utilizar. Este
processo demora cerca de 12 meses e no final a FDA
emite a sua recomendação, aprovando (AIM) o
medicamento ou exigindo novos estudos.
 Após a aprovação, o medicamento pode ser
comercializado;
 A FDA pode exigir à indústria mais estudos após a
entrada do medicamento em circulação para aferir o
rácio entre o risco e benefício para a população.
 Além disso, existe um programa onde os profissionais
de saúde podem comunicar as reacções que vão surgindo
nos seus doentes que estão a usar determinado
medicamento. Estes dados são extensamente analisados
e, caso surjam situações em que o risco suplanta o
benefício, o medicamento é retirado do mercado.
 Para conseguir um medicamento eficaz,
seguro e comercializável, que cumpra com
as normas da FDA, são necessários cerca
de 5000 a 10000 compostos químicos, no
mínimo 8 a 12 anos de estudos e avaliações
e 350 a 500 milhões de dólares de
investimento.
Fase Tipo de população Escala Objetivo principal
Duração
Fase I Voluntários saudáveis (uito curta Segurança
ou pacientes Um ano) Tolerabilidade
Farmacodinâmica
Farmacocinética 
Fase II Pacientes Curta (um a Segurança
  (hospitais) dois anos) Tolerabilidade
Prova de conceito
Determinação de dose
Eficácia preliminar 
Fase Pacientes (hospital ou Longa Segurança e eficácia
III prática geral)  (dois a dez de longo prazo vs.
anos) medicamentos
concorrentes
Fase IV Pacientes Muito longa Segurança, tolerância
(prática geral)  Meses/anos e eficácia de longo
  prazo em pacientes
da vida real 
 Após expiração da patente do produto de linha podem
ser produzidos genéricos ou outros similares
 Contêm o mesma quantidade de fármaco na mesma
forma farmacêutica.
 Devem ser bioequivalentes com o produto de referência
e portanto apresentar a mesma resposta clínica.
 Podem diferir nos excipientes e na aparência final.
 Os estudos são realizados em voluntários sadios (Fase
I).
 O pedido de registo precisa de um relatório resumido
 os estudos pré-clinicos de segurança e eficácia foram
realizados pelo produto inovador.
 Somente são exigidos os estudos de bioequivalência
 Parte I
A – Informações administrativas
B – Características do medicamento (RCM e rótulo)

 Parte II – Documentação Química e Farmacêutica


A – Composição
B – Fabrico
C – Matérias-Primas
D – Produto acabado
E – Estabilidade
F – Outros dados
 Parte III – Documentação toxicológica e farmacológica
A – Toxicidade
B – Função reprodutora e toxicidade embrio-fetal e
perinatal
C – Potencial mutagénico e carcinogénico
D – Farmacodinâmica e Farmacocinética
E - Outros dados sobre segurança

 Parte IV
A – Farmacologia Clínica
B – Experiência Clínica
 Características do medicamento (RCM)
 Nome do medicamento
 Composição qualitativa e quantitativa em substâncias
activas
 Forma farmacêutica e respectivo conteúdo em peso,
volume ou número de unidades
 Validade e condições de armazenamento
 Indicações terapêuticas
 Posologia e modo de administração
 Contra-indicações
 Utilização em caso de gravidez e lactação
 Efeitos sobre a capacidade de condução e utilização
de máquinas
 Rótulo do medicamento
 Nome do medicamento
 Composição qualitativa e quantitativa das substâncias
activas por unidade de toma em peso, volume ou
número
 Forma farmacêutica e respectivo conteúdo em peso,
volume ou número de unidades
 Prazo de Validade
 N° de registo (AIM)
 Nome do titular de registo (AIM)
 Classificação quanto ao modo de dispensa
 Precauções particulares de conservação, quando for o
caso disso
 A expressão “uso externo” impressa em fundo
vermelho, quando for o caso disso

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