Você está na página 1de 8

Questões de Psicologia da Saúde de preparação para o teste

1. O que é a Psicologia da Saúde? Refira algumas áreas dos contributos da


Psicologia da Saúde para a ciência psicológica.

A Psicologia da Saúde é a aplicação de diversas áreas do conhecimento psicológico (psicologia


clínica, psicologia comunitária, psicologia social, etc) e de técnicas psicológicas à saúde, à doença e
aos cuidados de saúde. Esta tem em consideração os contextos sociais e culturais onde a saúde e as
doenças ocorrem e dá relevância à promoção e manutenção da saúde e à prevenção e tratamento
da doença. O seu objetivo principal é compreender como, através de intervenções psicológicas,
podemos melhorar o bem-estar dos indivíduos e das comunidades.

Na área da saúde foram introduzidos, após várias mudanças, novos aspetos no contexto prático do
psicólogo que intervém na saúde, tais como alteração na relação psicólogo-doente e tempo de
intervenção. A psicologia da saúde, para além de contribuir para a promoção da saúde e prevenção
das doenças, também contribui para o bem-estar psicológico dos utentes reduzindo o uso de
medicação e internamentos hospitalares.

2.a) O que é a Psicologia Positiva?

No entanto, no sentido de melhorar o bem-estar dos indivíduos e da comunidade a ciência tem


tendência a focar os seus estudos nos aspetos disfuncionais e causadores de doença,
desconsiderando os aspetos positivos da saúde. Deste modo, de forma a dar enfase aos aspetos
positivos da saúde Martin Seligman, em 1998 cria a Psicologia Positiva.

Assim, Seligman sugere um redireccionamento do enfoque das pesquisas e intervenções em


indivíduos, famílias e comunidades para os aspetos sadios do desenvolvimento, ou seja, retira a
tónica dos aspetos negativos causadores de stresse/doença e procura os fatores de proteção que
permitem ultrapassar situações adversas. Dentre as variáveis positivas pode-se destacar otimismo,
espiritualidade, criatividade, imagem corporal e resiliência que são frequentemente associadas
ao bem-estar e à qualidade de vida das pessoas doentes e não-doentes e também aos seus
cuidadores.

2.b) Comente a frase: Será que por pensar positivamente as coisas positivas se
realizam? Refira a sua aplicação em meio hospitalar.

Como sabemos a hospitalização pode provocar stresse. Conseguimos diminuir os sintomas de


stresse, através das estratégias de coping que promovem a reflexão acerca da situação como
um motivo de crescimento pessoal, através do desenvolvimento de determinadas
características e capacidades, dando ênfase neste caso para a psicologia positiva reforçando a
importância de valorizar o otimismo, espiritualidade, resiliência, entre outros, de modo a
alcançar o bem-estar. No entanto, não nos podemos esquecer que existem diferentes formas
de cada pessoa reagir a uma determinada situação causadora de stress, sendo que podem ser
utilizadas estratégias relacionadas com a própria comparação com os outros, com a negação
de afeção, com crenças religiosas, podendo mesmo levar à formação de respostas criativas
para a resolução do problema.

3.a) Diga qual a importância e explique o Modelo Interativo de Adaptação ao


Stress.

3.b) Diga alguns dos fatores individuais indutores de stress e suas consequências.

O ser humano é um ser relacional, pelo que, ao longo de toda a sua vida, está em constante
interação com diversos fatores que podem propiciar alguma desorganização do seu mundo e
consequente gerar stress.

Alguns dos fatores que podemos destacar são:

1. Características do Estímulo (intensidade e tempo de exposição)


2. Estado de Saúde (sinais e sintomas e gravidade do quadro clínico);
O estado de saúde é um dos fatores mais importantes porque se existir uma
desorganização orgânica muito significativa, os sistemas (nervoso, endócrino e imune)
deixam de conseguir desenvolver e otimizar respostas adaptativas e de
“enfrentamento” essenciais à nossa sobrevivência.
3. Ambiente Físico;
4. Ambiente Social (Rede de Apoio Disponível, Acesso a recursoso da comunidade);
5. Fatores Individuais (idade, temperamento/componente afetiva ou emocional,
controlabilidade do agente agressor);

Neste sentido, perante os contextos, as respostas das pessoas podem ser variáveis devido à
variabilidade de respostas fisiológicas e comportamentais de cada um.

Por um lado, algumas pessoas podem ser portadoras de resiliência, ou seja, a capacidade de
enfrentar as adversidades da sua vida e de desenvolverem plasticidade fenotípica (capacidade
dos organismos de alterar a sua fisiologia ou morfologia de acordo com as condições do
ambiente).

Por outro lado, outras pessoas são mais vulneráveis a desenvolver patologias físicas ou
mentais decorrente da incapacidade de responderem ao agentes stressores.

4.a) O que é o Coping? Diga se o coping pode influenciar a saúde.

Para que se possam propor estratégias de prevenção e de intervenção que minimizem os


efeitos do stress e melhorem a qualidade de vida da pessoa, bem como a sua saúde, é
fundamental identificar as situações indutoras de stress e a forma como a pessoa lida com
estas. Assim, surge o termo coping que está diretamente relacionado com o verbo inglês “to
cope”, que significa “lidar com”. É um termo que, segundo alguns autores, é de difícil tradução,
por norma utiliza-se a palavra original, ou seja, “coping”.

Os mecanismos de coping são “a resposta-reação direta ou indireta, consciente ou


inconsciente, objetiva ou subjetiva, do organismo aos agentes indutores de stress.” As
estratégias de coping podem ser centradas no problema ou nas emoções. O coping centrado
no problema está relacionado com os esforços desenvolvidos de maneira a gerir ou modificar a
situação causadora de stress, relativamente ao coping centrado nas emoções este encontra-se
relacionado com as estratégias utilizadas no sentido de reduzir a subcarga emocional.

Sendo assim, surgem as estratégias de coping que tem como objetivo procurar, através dos
esforços da pessoa, que esta ultrapasse as dificuldades que aparecem no seu dia-a-dia, com o
intuito de se adaptar e gerir as emoções resultantes da situação indutora de stress.

4.b) O que são riscos psicossociais? Refira alguns dos principais.

Os fatores psicossociais referem-se a condições presentes em situações laborais relacionadas


com a organização do trabalho, a hierarquia, a realização da tarefa e o meio ambiente, que
podem favorecer ou prejudicar a atividade laboral, bem como a qualidade de vida e a saúde
dos trabalhadores. No primeiro caso, fomentam o desenvolvimento pessoal dos indivíduos, ao
passo que, quando são desfavoráveis, prejudicam a sua saúde e bem-estar. Neste caso,
falamos de fatores de risco psicossociais, que são fonte de stresse ocupacional e têm potencial
de causar dano psicológico, físico ou social aos indivíduos.

Os riscos psicossociais podem relacionar-se com: o conteúdo do trabalho, a carga e ritmo do


trabalho, o horário de trabalho, o controlo, o ambiente e equipamentos, cultura e função
organizacional, relações interpessoais no trabalho, o papel na organização, desenvolvimento
da carreira e interação trabalho-casa. Além destes fatores de risco psicossociais, tem-se
assistido à emergência de fatores relacionados com: novas formas de contratação e
insegurança laboral, intensificação do trabalho e fortes exigências emocionais no trabalho.

5.a) Qual a relação entre comportamento, saúde e doenças?

Segundo o modelo de determinantes de Dahlgren e Whitehead, existem determinantes de


saúde que podem otimizar ou degradar a saúde do indivíduo. No modelo é descrito os efeitos
das diferentes etapas sobre a saúde, demonstrando o relacionamento entre o ser, o seu
ambiente e a doença. Este aborda os indivíduos no alicerce do modelo, com as suas
características biológicas e, que irá ser influenciado pelos seus comportamentos, estilos de
vida, redes comunitárias e de apoio, níveis socioeconómicos, culturais, ambientais e entre
outros conjuntos de fatores.

Os comportamentos que estão relacionados com a saúde são comportamentos que podem
interferir quer positivamente quer negativamente na saúde de cada indivíduo. Há três tipos de
comportamentos ligados à saúde:
1. Comportamento em saúde: o objetivo é impedir o aparecimento da doença (Ex: fazer
exercício físico e alimentação saudável);
2. Comportamento de doença: o objetivo é encontrar tratamento (Ex: indivíduo contacta com
o profissional de saúde);
3. Comportamento de doente: o objetivo é ficar saudável (Ex: indivíduo realiza o tratamento);

O ambiente influência a saúde através da exposição a fatores de risco e os comportamentos


que os indivíduos adotam perante esses fatores. Os estilos de vida da sociedade são formados
pelos hábitos diários ou comportamentos dos indivíduos que de certa forma interferem no
estado de saúde de cada um.

5.b) O que são comportamentos de risco para a saúde? e comportamentos


protetores e promotores de saúde? Dê alguns exemplos.

Os comportamentos que colocam em causa a saúde são designados por comportamentos de


risco. Estes comportamentos são formas específicas de comportamentos associados ao
aumento da suscetibilidade para o desenvolvimento de uma determinada doença. Com
suporte em dados epidemiológicos e psicossociais, os comportamentos de risco são muitas
vezes definidos como perigosos. Os comportamentos de risco são ainda uma das principais
causas de morbilidade e mortalidade.
Exemplos: stresse...

Fatores promotores de saúde inserem-se na dinâmica da promoção da saúde. Esta carateriza-


se pela tentativa de possibilitar aos indivíduos e coletivos um aprendizado que os torne
capazes de viver a vida em suas distintas etapas e lidar com limitações impostas por eventuais
doenças.
Exemplos: comportamentos e atitudes saudáveis; ações que contribuem para “o autocontrolo,
a competência e a autoconfiança”; assertividade; treino de relaxamento; estratégias cognitivas
(podem “moderar o impacto dos acontecimentos de vida, aumentando os níveis de bem-estar
psicológico)...

6. Qual o papel das emoções na tomada de decisão de mudança de um


comportamento?

7. Diga o que é a adesão ao tratamento, refira alguns fatores de êxito da adesão, e


ainda, até que ponto considera que a adesão é da responsabilidade do doente.

8. Diga qual a importância da comunicação profissional de saúde/doente


explicando, também, o modelo de adesão e a estratégia comunicacional.

9. Diga o que é o luto e refira as diferentes formas de vivência individual e familiar.


O luto é um processo adaptativo com vários componentes. O luto por ser dividido em 5
estágios. Estes estágios aplicam-se para qualquer forma de perda pessoal catastrófica, desde a
morte de um ente querido até o divórcio. Qualquer mudança pessoal significativa pode levar a
estes estágios que nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todas as pessoas passam por
todos os estágios, mas uma pessoa passa pelo menos por dois.

1. Negação e Isolamento

 Corresponde a mecanismos de defesa temporários do Ego contra a dor psíquica diante


da morte.
 A intensidade e duração desses mecanismos de defesa dependem de como a própria
pessoa que sofre e, as outras pessoas ao seu redor, são capazes de lidar com essa dor.
 Em geral, a Negação e o Isolamento não persistem por muito tempo.

2. Raiva

 Surge devido à impossibilidade do Ego manter a Negação e o Isolamento.


 Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre, geralmente essas emoções
são projetadas no ambiente externo.
 Os relacionamentos tornam-se problemáticos e todo o ambiente é hostilizado.
 Junto com a raiva, também surgem sentimentos de revolta, inveja e ressentimento.

3. Barganha

 Acontece após a pessoa ter deixado de lado a Negação e o Isolamento.


 E após “perceber” que a raiva também não resolve.
 Nessa fase a pessoa procura fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas
possam voltar a ser como antes.
 Começa uma tentativa desesperada de negociação com a emoção ou com quem achar
ser o culpado de sua perda.
 Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em
segredo.

4. Depressão

 Nessa fase ocorre um sofrimento profundo.


 Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns.
 É um momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de
isolamento.
 A pessoa começa a tomar consciência da sua debilidade física, já não consegue negar
as condições em que se encontra.
 As perspectivas da perda são claramente sentidas.
 Trata-se de uma atitude evolutiva; negar não adiantou, agredir e revoltar-se também
não, fazer barganhas não resolveu.
 Surge então um sentimento de grande perda.

5. Aceitação

 Nesse estágio a pessoa já não experimenta o desespero e não nega sua realidade.
 As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa prontifica-se a enfrentar a
situação com consciência das suas possibilidades e limitações.
 O que interessa é que o paciente alcance esse estágio de aceitação em paz e com
dignidade.
 A aceitação não deve ser confundida com um estágio feliz, ela é quase destituída de
sentimentos.

O luto é um processo que implica expressão da dor, retardá-lo não ajuda em nada, pelo
contrário pode comprometer. Ambientes permissivos à expressão emocional são facilitadores
e por isso transformadores da dor em expressão, em sentimentos.

Considera-se então o luto um processo dinâmico de integração emocional do sofrimento


irremediavelmente subjacente á perda. O seu grau de intensidade vai depender de vários
fatores e condições:

 Do tipo de vinculação com o falecido


 Das circunstâncias e dos significados da morte
 Das características de personalidade do sobrevivente

Na Família é um Processo de transição. A perda de alguém próximo ou significativo, pode


apresentar impactos vários no funcionamento emocional e cognitivo da pessoa enlutada,
colocando-a num processo de transição e adaptação de duração incerta

10. a) Quais as consequências psicológicas da hospitalização? Refira a importância


da hospitalização enquanto estratégia de aprendizagem e desenvolvimento.

Os primeiros estudos descreviam a hospitalização como sendo uma experiência traumática.


Nas crianças valorizavam a relação de vinculação e analisavam a situação de privação e
separação extrema. Atualmente os estudos focam-se nas estratégias utilizadas para lidar com
as fontes de anisedade provocadas pela hospitalização.

Sintomas e problemas mais frequentes durante a hospitalização:

 problemas do comportamento alimentar (CR)


 alterações do sono
 enurese ou encoprese (CR)
 regressões a nível comportamental/dependência
 movimentos espasmódicos involutários da face (tics) (CR)
 depressão, ansiedade e inquietação
 medo da morte
 terror aos hospitais, pessoal de saúde, agulhas e procedimentos de diagnóstico

Sintomas e problemas mais frequentes após a hospitalização:

 ansiedade geral
 ansiedade de separação
 problemas de comportamento alimentar (CR) e sono
 problemas de agressividade (CR)
 dificuldades no desempenho escolar/adaptação profissional
 dificuldades de nível interpessoal

Hospitalização como fator de aprendizagem:


 Relações interpessoais positivas e apoiantes com os técnicos de saúde
 Relação mais próxima com a família
 Oportunidade para aprender estratégias de confronto com situações geradoras de
ansiedade
 Imagem de si própria como competente e eficaz
 As primeiras vezes permitem aprender a estar longe de casa

10. b) O que são programas de preparação psicológica para a hospitalização? Dê


exemplo relativo a crianças.

Preparação para a hospitalização – Humanização dos espaços:

 Informações sobre “o que vai acontecer” e sobre os locais “onde vai acontecer” até
que o doente esteja esclarecido
 Espaços para o desempenho de actividades culturais, sociais e lúdicas

Variáveis mediadoras dos efeitos da hospitalização:

 idade
 experiências relativas a hospitais do próprio ou de outros próximos (família/amigos)
 capacidade intelectual
 presença de familiares/amigos (rede de apoio)

Variáveis relativas a familiares/ amigos (rede de apoio):

 atitudes dos familiares/amigos


 ansiedade
 forma como vivenciam a doença do familiar

Variáveis relativas à doença e ao hospital:

 características da doença
 condições ambientais do hospital

Programas de preparação psicológica para crianças:

Consistem na planificação de atividades, que incluem a utilização de uma série de


instrumentos e técnicas, podendo ser realizadas antes, durante e depois do período de
hospitalização, com o objectivo de incrementar o sentimento de bem-estar da criança e da sua
adaptação à situação.

Componentes dos programas:

 fornecimento de informação
 estimular a expressão emocional
 estabelecer uma relação de confiança com o pessoal do hospital
 proporcionar estratégias de confronto para a criança e para os pais

Estabelecer uma relação com o doente e os familiares:


 É importante um espaço onde o diálogo se centra sobre as percepções, os sentimentos
e sobre a procura de soluções para os problemas que surgem
 Nesta fase deve fazer-se uma avaliação, identificando as competências de adaptação e
as dificuldades

A importância do nível de desenvolvimento da criança:

 O nível de desenvolvimento influencia a construção dos fenómenos de saúde e doença


 Os conceitos sobre saúde e doença organizam-se numa progressão hierárquica:
 do concreto para o abstracto
 do particular para o geral
 do rígido para o flexível
 do perceptivo para o racional

Importante:

1. Organizar o espaço e serviço em função das necessidades globais do doente e da


família/amigos

2. Integrar os familiares como participantes da equipe de saúde

3. Preparar familiares e doente para a hospitalização

Você também pode gostar