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Psicologia do Trabalho e das Organizações

Bem-Estar

Bem-Estar e Economia

O PIB não é único indicador de bem-estar das pessoas. Tem-se desenvolvido outras métricas e
outras dimensões para indicadores de bem-estar. Algumas organizações, para saberem como
estão os seus trabalhadores, tem incluindo algumas métricas para avaliar o bem-estar. A
menção ao bem-estar e qualidade de vida tem aumentado nas revistas científicas.

Bem-estar e progresso

A Agenda 2030 foi desenvolvida em 2015 pelas Nações Unidas. Teve por base a agenda da
Ciméria do Milénio, em 2000. Foi aqui que começaram a falar mais sobre as questões do bem-
estar, nomeadamente em 2007 com a conferencia “Beyond PIB”. Em 2011 a OCDE desenvolveu o
BLI – Better Life Index (que esperamos que substituía o PIB na comparação entre países).
Bem-estar

O bem-estar é multidimensional. Pode ser o bem-estar subjetivo (como está na vida), relacional
(envolvimento na comunidade) e objetivo (condições de vida das pessoas).

Para medir o bem-estar devemos considerar: nível de vida material (rendimento, consumo e
riqueza), saúde, educação, atividades pessoais (trabalho), voz política e governação, ligações e
relações sociais, ambiente (condições presentes e futuras), insegurança (económica e física).

Paradigma de Psicologia Positiva

Área que se foca nos aspetos que promovem o bem-estar e positivos. Todas as teorias têm em
comum: interação individuo-ambiente, exigências laborais e existência de recursos para lidar com
estas exigências.

Modelo Transacional

Acontecem vários eventos durante o dia que pode ou não incomodar a pessoa, e serem
considerados um estímulo stressor para a pessoa. Aqueles que não passam deste filtro percetivo,
não damos atenção. Aqueles que damos atenção, passam do filtro. Fazemos uma primeira
apreciação que pode ser positivo, irrelevante ou perigoso. Quando é perigoso, fazemos uma
avaliação secundária, para ver se tenho recursos para lidar com a situação. Se não tiver
recursos suficientes, entramos numa situação de stress. Aqui tem que existir mecanismos de
coping, para ultrapassar o stress. Estas estratégias podem ser focadas no problema (mudar a
situação em si) ou nas emoções (mantemos a situação como está mas mudamos a forma como
sentimos).

Teoria da Conservação de Recursos

O meio que estamos é partilhado. A maior parte de nós temos as mesmas exigências, os mesmo
recursos (físicos, psicológicos que são aprendidos socioculturalmente) e valorizamos os mesmo
valores.

Chama também atenção para as desigualdades: uma pessoa com um meio favorável vai ter
objetivos e ganhos diferentes do que uma pessoa com um meio mais desfavorável. Não partimos
todos do mesmo contexto. Estamos constante em espirais de ganhos e perdas.
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Modelo Vitamínico

Existem algumas características do trabalho que aumentam o bem-estar até um certo ponto -
Efeito AD (Additional Decrement). Depois deste ponto de equilíbrio, o efeito no bem-estar diminui.
Essas vitaminas são:

 Oportunidade de controlo pessoal (tomada de decisão, autonomia)


 Oportunidade para uso de habilidades pessoais (conhecimentos)
 Objetivos externos (exigências laborais)
 Variedade de estímulos
 Clareza ambiental (desempenho esperado, feedback)
 Oportunidades de contacto interpessoal (apoio social)

Outra vitaminas apresentam um efeito CE (Constant Effect). São vitaminas que tem um efeito
positivo e nunca chega a um ponto que tem um efeito negativo (tem um efeito constante). Estas
vitaminas são: ter um salário justo, segurança, valorização social, supervisão adequada,
perspetiva de carreira e equidade.

Stress

Globalização, Mudança da Natureza do Trabalho e Stressores no Trabalho

O stress psicológico é uma consequência da globalização da economia. Após a II Guerra Mundial


ocorreu uma forte industrialização e urbanização nos países desenvolvidos. Ocorreram várias
transformações nas economias dos vários países, com grande impacto no bem-estar e na
distribuição de rendimentos.

O stress tem vindo a aumentar, devido à emergência das tecnologias, que nos colocam pressões e
responsabilidades adicionais. Hoje faz-se muito mais com muito menos pessoas e em menos
tempo. A competição global valoriza e “eficiência”, a produtividade e o lucro.

Novas formas de trabalho (teletrabalho) com novos riscos psicossociais. Aumentou o trabalho
precário, a insegurança do emprego, a pressão do tempo e a intensificação do trabalho – o tempo
nunca chega para fazer tudo no trabalho

Stress

Stress foi inicialmente estudado como uma resposta fisiológica baseada nos modelos animais e,
mais tarde, foi visto como estímulos (life events) considerados stressores. O stress pode ser um
fator constante que influencia todo o nosso funcionamento físico, psicológico, social e hormonal. As
pessoas sob stress podem atuar de forma mais agressiva em circunstâncias sociais e o stress
pode influenciar a qualidade do contacto entre pais e filhos, entre parceiros e no local de trabalho,
entre colegas e relação com chefias.

Stress Psicológico

O stress é uma reação à pressão e a fatores desconhecidos que são interpretados pela pessoa
como uma ameaça. (pressões do dia-a-dia como sejam a sobrecarga de trabalho, expetativas
pessoais de desempenho, conflitos interpessoais e falta de recursos). O stress tem efeitos
negativos na saúde mental e é um fator de risco importante em muitas doenças agudas e
crónicas
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Existem perturbações relacionados com o stress (PTSD, Stress Agudo, Adaptação/Ajustamento).
Estão relacionados com traumas ou eventos stressantes, com relevância clínica superior o que
seria esperado.

 O Stress Agudo surge após o trauma (dura ente 1 dia e 3 meses);


 Adaptação até 3 meses;
 Pós-traumático pode ser uma continuação dos anteriores uma ocorrência distinta que
começa até 6 meses após o trauma

Antes eram considerados transtornos de ansiedade. No entanto, são distintos porque muitos
pacientes não têm ansiedade, mas em vez disso têm sintomas de anedonia ou disforia, raiva,
agressividade ou dissociação

Interação Corpo-Mente

Há um ciclo entre a forma como interpretamos o


evento e como sentimos no nosso corpo. O stress
provocará uma diminuição dos processo
anabólicos e regenerativos do corpo, que por sua
vez diminuirá a função imunitária, que por sua vez
aumentará a sensibilidade à dor, que por sua vez
diminuirá a qualidade e quantidade de sono, e o
ciclo repete-se.

Os agentes indutores de stress podem ser


externos ou internos e tipo de stress pode ser
agudo ou crónico. As fases de stress começam
com o alarme, depois a resistência e depois a
exaustão.

Sistema Neuroendócrino de Stress

 Sistema simpático adrenomedular: secreção de catecolaminas; adrenalina (stress


mental) e noradrenalina (stress físico)
 Sistema hipotalamico pituitário adrenocortical: secreção de corticosteroides;
cortisol (stress crónico)

Coping com o Stress

Os novos problemas (instruções pouco claras, problemas económicos…) não podem ser
resolvidos pelo aumento da força física, elevação da pressão sanguínea e do batimento cardíaco,
libertação de lípidos e glicose no sangue. Muitos indivíduos são relativamente robustos e
conseguem resistir pequenos períodos de elevado stress sem grandes problemas de saúde, mas o
stress de longa e até de duração moderada é prejudicial para a saúde.

O coping é uma resposta ao stress. Existem estilos de coping mais situacionais e outros mais
relacionados com a personalidade.

Modelo Transacional de Lazarus & Folkman (1984)

Stress não resulta apenas de um único evento, mas resulta das transações entre a
pessoa e o ambiente. A avaliação cognitiva (“cognitive appraisal”) é o principal “mediador
da relação entre a pessoa e o ambiente no modelo transacional. As pessoas estão
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continuamente a avaliar e a reavaliar a sua relação com o ambiente. Coping não é
sinónimo de resultado positivo

As estratégias podem ser:

 focadas no problema (distanciamento, reavaliação positiva e fuga-evitamento).


 focadas nas emoções (autocontrolo, procura de suporte social, aceitar a
responsabilidade, resolução planeada do problema, coping confrontativo…)

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