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O stresse pode ser definido como uma resposta fisiológica, psicológica, cognitiva e
comportamental, que ocorre sempre que precisamos de nos adaptar às mudanças (pressões
internas e externas), ou simplesmente como o desgaste nas pessoas, causado pela sociedade
de rápidas mudanças. Os bombeiros não estão excluídos do desgaste diário produzido pela
nossa sociedade. Adicionalmente ao stresse do dia-a-dia, os bombeiros estão sujeitos a um
grande número de stressores negativos (ou potencialmente traumáticos) no desempenho da
sua missão.
Contudo, existe uma crescente evidência de que o stresse não deve ser totalmente
evitado. O stresse é usualmente definido pelas suas capacidades de alimentar doenças e dor,
no entanto um aspeto igualmente importante é a sua capacidade desafiar e providenciar
estímulo para um bom crescimento e desenvolvimento ao longo da vida. O stresse é essencial
para a vitalidade e bom funcionamento.
1ª- Fase de Alarme: ocorre após exposição súbita a um estímulo nocivo a que o organismo não
está adaptado. Esta fase inclui duas subfases: a reação ao choque, ou seja, a reação inicial ao
agente nocivo com vários sintomas característicos como a taquicardia, diminuição do tónus
muscular, da temperatura e da pressão sanguínea. A segunda subfase, fase de contrachoque,
consiste na fase de reação marcada pela mobilização das forças defensivas em que o córtex
adrenal e a secreção das hormonas adrenocorticóides aumentam.
2ª- Fase de Adaptação ou Resistência: esta fase caracteriza-se por uma adaptação completa
ao stressor, durante a qual os sintomas diminuem ou desaparecem, existindo uma diminuição
na resistência a outros estímulos. Se o indivíduo não conseguir lidar ou adaptar-se à situação
que induz o stresse, surge a 3ª fase.
3ª- Fase de Exaustão: que se caracteriza por um retorno dos órgãos ao estado normal. A
resistência do indivíduo do indivíduo diminui substancialmente.
1- Sem stresse (astress), a vida seria monótona, não haveria desafios nem crescimento;
2- Algum stresse (eustress) é benéfico, podendo providenciar oportunidades de mudanças
positivas nas nossas vidas. Este tipo de stresse está associado ao pico de desempenho.
3- Com um excesso de stresse (distress) nós ficamos sobrecarregados. A nossa capacidade de
gerir fica limitada e sentimo-nos mal.
O que faz mal ao ser humano é localizar-se num dos dois extremos, ou seja, levar uma vida
demasiado monótona ou com um número demasiado elevado de exigências desgastantes com
as quais não consegue lidar adequadamente.
Embora os stressores sejam muitas vezes pessoais e particulares, para o indivíduo e que os
mesmos possam mudar com o passar do tempo, existem vários stressores que ocorrem com
grande regularidade entre os bombeiros, nomeadamente:
Um incidente crítico consiste num acontecimento que gera uma resposta emocional
intensa, que condiciona a capacidade de resposta do individuo ou grupo para lidar com a
situação, interferindo com o seu desempenho no trabalho e/ou nas suas atividades pessoais,
resultando num sentimento devastador de vulnerabilidade ou perda de controlo.
São características dos incidentes críticos o facto dos mesmos serem inesperados, de
despertar no indivíduo um reduzido sentimento de controlo e uma elevada perceção de
ameaça, bem como risco de perdas físicas ou emocionais.
O trauma psicológico consiste num tipo de dano emocional que ocorre como resultado de
um acontecimento, que prevê uma experiencia de dor e sofrimento emocional ou físico.
Como experiência dolorosa que é, o trauma traz uma intensificação do medo, o que pode
conduzir a uma elevação do nível de stresse, causando alterações físicas no cérebro afetando o
comportamento e o pensamento da pessoa, uma vez que face a intensidade do mesmo, os
mecanismos de coping (gestão do stresse) colapsam.
O incidente traumático pode ser causado por diversos tipos de vivências, no entanto o
sentimento de abandono diante de uma ameaça real ou subjetiva à própria vida, ou à vida de
pessoas amadas, ou à integridade do corpo. Um incidente traumático pode, também profanar
as ideologias de um indivíduo desencadeando no mesmo, um estado de extrema confusão e
insegurança.
Sintomas Emocionais
Sintomas Comportamentais
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Para uma correta aplicação dos primeiros socorros psicológicos é importante seguir
algumas linhas orientadoras, nomeadamente:
• Cumprir os requisitos de urgência, proximidade, simplicidade e expectativa de
uma rápida recuperação;
• Não “etiquetar” as vítimas como doentes mentais pelo simples facto de
apresentarem condutas ansiogénicas e agressivas perante as circunstâncias
que acabaram de viver;
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Para poder compreender as dinâmicas que por vezes surgem entre o profissional de
emergência e a vítima, e poder escolher entre as diversas possibilidades de comunicação que
podemos estabelecer a via mais eficaz é importante ter em conta alguns dos princípios básicos
da comunicação de suporte em situações de emergência, nomeadamente:
Empatia: comunicar uma capacidade de ver e sentir a partir do ponto
de vista da pessoa afetada.
Respeito: comunicar um respeito sincero pela dignidade e valor das
pessoas afetadas;
Autenticidade: ser uma pessoa muito genuína que possa ganhar a
confiança em condições difíceis. Isto significa dizer o que se pensa e
acreditar no que se diz;
Postura de Não-Julgamento: evitar cuidadosamente julgar as pessoas
afetadas;
Capacitar: ao terminar a intervenção a pessoa deve sentir-se mais
resiliente e capaz na resolução dos seus problemas;
Ser prático: ser prático sobre o que pode ou não ser realizado por uma
pessoa que está em crise;
Confidencialidade: manter privadas as informações que são
partilhadas pela pessoa afetada.
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A escuta ativa consiste num processo que permite perceber às pessoas envolvidas numa
conversa, que estas estão reciprocamente interessadas e comprometidas no processo de ouvir
e se entender, o que facilita a troca de informações vantajosas, melhorando assim as relações
interpessoais.
Podemos adotar alguns comportamentos úteis que vão facilitar a escuta ativa:
Manter uma aproximação adequada com o interlocutor (nem muito perto, nem
muito afastado), de preferência sem a existência de barreiras físicas entre os dois;
Manter contacto visual constante e mostrar interesse no que está a ser dito,
acompanhando o decorrer do discurso com ações que demonstrem que está a
entender (acenar afirmativamente com a cabeça, dizer sim ou ok…);
Reduzir outros estímulos que possam interferir com este processo, como mexer no
telemóvel, gesticular demasiadamente, distrair-se com uma caneta…;
4.3. Responder
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4.4. Questionar
A intervenção psicossocial em crise pode ser praticada quer por profissionais de saúde
mental (psicólogos), quer por bombeiros com formação na área.
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Pode sem aplicado em vítimas ilesas que revelam muitas vezes um estado de elevada
absorção e em vítimas que experienciam frequentemente ruminações, ideias irracionais ou
encontram-se oprimidos pelos seus sentimentos. Uma ruminação mental consiste em
repetições constantes e involuntárias de pensamentos relacionados com o incidente crítico, tal
como uma série de imagens visuais, e um breve diálogo interno normalmente com conteúdos
irracionais.
É a abordagem técnica mais importante para lidar com qualquer forma de dissociação
ou de flashback. Esta técnica tem por objetivos:
• Refocalização da atenção em estímulos exteriores;
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Se não resultar…, pode ser necessário recorrer a outro tipo de intervenção mais
específica com um técnico com formação em saúde mental (psiquiatra ou psicólogo clínico).
IMPORTÂNCIA DOS
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