O documento discute as relações entre paixões, químicas e consumo. Afirma que as paixões são comuns na juventude e podem rejuvenescer quando maduras. Também diz que as pessoas podem se apaixonar por objetos de consumo e que fórmulas mágicas prometem felicidade através do consumo, mas que remédios e venenos se alternam nessa dinâmica. Finalmente, defende que assim como um amor se cura com outro, as paixões químicas requerem novas relações em vez de limit
O documento discute as relações entre paixões, químicas e consumo. Afirma que as paixões são comuns na juventude e podem rejuvenescer quando maduras. Também diz que as pessoas podem se apaixonar por objetos de consumo e que fórmulas mágicas prometem felicidade através do consumo, mas que remédios e venenos se alternam nessa dinâmica. Finalmente, defende que assim como um amor se cura com outro, as paixões químicas requerem novas relações em vez de limit
O documento discute as relações entre paixões, químicas e consumo. Afirma que as paixões são comuns na juventude e podem rejuvenescer quando maduras. Também diz que as pessoas podem se apaixonar por objetos de consumo e que fórmulas mágicas prometem felicidade através do consumo, mas que remédios e venenos se alternam nessa dinâmica. Finalmente, defende que assim como um amor se cura com outro, as paixões químicas requerem novas relações em vez de limit
As paixes so moradas da juventude. H paixes maduras que rejuvenesce quem avana na idade. Apaixonamo-nos pelas pessoas, pelo trabalho, pelos livros, pelo esporte, pelo cio. Apaixonamo-nos, tambm, pelo que conseguimos consumir. Alis, esse um modo contemporneo da paixo. Somos capazes, e cada vez mais incentivados, a apaixonar-nos pelas coisas, por objetos de mercado. Vislumbramos a espectros da felicidade. Frmulas e plulas mgicas nos indicam o caminho do sucesso e da realizao. Tristezas, decepes e frustraes, comuns vida de qualquer um, so rapidamente remediadas com medicaes ou objetos a consumir. O frmaco, lembram os filsofos, remdio e veneno. Remdio e veneno se alternam na dana do consumo. Qualquer medicao, prescrita para a cura, pode se tornar nociva dependendo do uso que dela se faa. E qualquer frmaco antecipadamente nocivo pode ser usado como medicao para os males da alma. A qumica um dos nomes da droga. Mas a qumica , tambm, um dos nomes da atrao. No tem qumica, diz quem busca explicaes para a falta de paixo. H vrios modos de se ligar passionalmente ao outro. H o ficar eventual, o ficar habitual e o ficar mais constante. H, tambm, vrios modos de se ligar s drogas. A experimentao eventual um incio de explorao que pode durar uma vida inteira. Como h quem se relacione eventualmente com a mesma pessoa durante anos. O hbito nas relaes , por outro lado, um tipo de relao comumente encontrada no amor e em quem consome drogas. Hbito para momentos ou circunstncias especficas, de lazer, trabalho, ansiedade, solido. Ficar habitualmente com algum em festas; consumir drogas para aproveitar a balada. Sair com algum nos momentos de solido; usar alguma substncia que faa companhia. Sair rapidamente com o(a) colega de trabalho; dar uma cheiradinha para enfrentar uma rdua jornada. Compartilhar com algum um casamento; casar com alguma droga. No se assuste caro leitor, amor e consumo no so equivalentes. So relaes. Relaes amorosas, relaes de consumo. Por vezes o amor torna-se relao de consumo. O inverso tambm verdadeiro. Uma paixo ou um amor se cura com outra/o, diz a sabedoria popular. Raramente sugerimos a algum que sofre um mal de amor que restrinja suas relaes. Ao contrrio, oferecemos vrias outras possibilidades. Apresentamos-lhe novas pessoas, o convidamos para eventos, atividades. Tentamos abrir outras possibilidades de escolha. Curiosamente, at agora, temos feito diferente com as paixes qumicas. Temos achado que a nica soluo para ela est na restrio das atividades. Temos fechado as pessoas em hospitais ou clnicas, limitando suas possibilidades de amizade, limitado suas outras relaes. E muitas vezes sem sequer saber qual mesmo o modo de relao no qual se encontra. Internamos trabalhadores consumidores de droga, quando muitas vezes o trabalho uma das nicas relaes que mantm a pessoa com um lao comunitrio. Decretamos um casamento com a droga quando se trata simplesmente de um ficar eventual. Do mesmo modo que um amor se cura com outro, a sada para as paixes qumicas est na criao de outras relaes passionais. E no na limitao das possibilidades de se apaixonar. H vezes em que um casamento intenso ou de longa durao implica em recadas. Idas e vindas comuns a quem viveu um amor intenso ou uma relao de hbitos comuns. Especialmente para quem estabeleceu relaes de dependncia com seu parceiro ou parceira. Idas e vindas no consumo e dependncia s drogas so tambm comuns. H que suport-los. s vezes os casais em processo de separao precisam se distanciar, sem manter qualquer tipo de contato. Tambm isso acontece com as paixes qumicas. Mas precisa ser uma escolha e no uma imposio. Na imposio, o efeito breve. Uma escolha acompanhada pela amizade, pela pacincia e pela parceria de quem disponibiliza um suporte abre caminho para novas escolhas. Internaes compulsrias e represso exclusiva da oferta so lgica exclusiva da limitao, uma poltica de restrio, sem a criao simultnea de outras possibilidades. Precisamos urgentemente de solues que abram possibilidades de novas paixes e no que limitem ainda mais os recursos dos apaixonados.
1 Psicloga, psicanalista. Membro da APPOA. Profa. do Instituto de Psicologia da UFRGS/ Departamento de Psicanlise e Psicopatologia. E-mail: djambo.sandra@gmail.com.