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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

SISTEMAS ESPACIAIS DE APOIO À DECISÃO

O Sistema de Apoio ao Licenciamento da

Direcção Regional do Ambiente do Alentejo

Pedro da Costa Brito Cabral

(Licenciado)

Dissertação para obtenção do grau de

Mestre em Sistemas de Informação Geográfica

Orientador: Professor Doutor Marco Octávio Trindade Painho

Co-Orientador: Professor Doutor João Afonso Ramalho Sopas Pereira Bento

Júri: Professor Doutor João Afonso Ramalho Sopas Pereira Bento


Professor Doutor Marco Octávio Trindade Painho
Professor Doutor António da Nóbrega de Sousa de Câmara
Professor Doutor Luís Gustavo de Matos

Maio de 2001
SISTEMAS ESPACIAIS DE APOIO À DECISÃO

O Sistema de Apoio ao Licenciamento


da Direcção Regional do Ambiente do Alentejo

RESUMO

Os recentes desenvolvimentos em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) permitiram


que os gestores ambientais passassem a ter ao seu dispor sistemas de informação com dados
mais acessíveis, mais facilmente combináveis e flexíveis, indo ao encontro das
necessidades do processo de decisão ambiental.

Seria de esperar que esta situação permitisse a tomada de decisões ambientais de um modo
mais informado, mais fácil e mais consistente, o que não se verifica na prática, pois os SIG
são ainda vistos como uma tecnologia complexa e inacessível para os decisores.

No presente trabalho, revêem-se os sistemas espaciais de apoio à decisão e desenvolve-se


uma aplicação para a Direcção Regional do Ambiente do Alentejo (DRA-Alentejo), que se
pretende que democratize e facilite a utilização de uma ferramenta de SIG entre os
decisores na área do ambiente, e que permita apoiar de uma forma semi-automática, a
actividade de licenciamento ou a avaliação prévia de projectos a partir de interface
especialmente concebido, atendendo às condicionantes ambientais espaciais existentes para
um determinado local.

ii
SPATIAL DECISION SUPPORT SYSTEMS

The Environmental Permitting Support System


of the Alentejo Environmental Regional Directorate

ABSTRACT

With the recent developments in Geographical Information Systems, environmental


decision makers increasingly have available information systems with more accessible,
easily combined and flexible data that meet the requirements of environmental decision
making.

In these circumstances, it would be expected that the decision making process would
become better informed, easier and consistent. This does not happen in real world problem
solving because GIS are still seen as a complex and inaccessible technology for decision
makers.

In this work, the concepts of spatial decision support systems are revised and an application
is developed for the Alentejo Environmental Regional Directorate (DRA-Alentejo), with
the objective of democratizing the use of a GIS tool among environmental decision makers.
This application allows the support of environmental permitting through an user interface
that evaluates spatial environmental constraints for a specific place.

iii
PALAVRAS-CHAVE

Sistemas de Apoio à Decisão

Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão

Sistema de Apoio ao Licenciamento

Condicionantes Ambientais

Sistemas de Informação Geográfica

Aplicações de SIG

KEYWORDS

Decision Support Systems

Spatial Decision Support Systems

Licensing Support System

Environmental Constraints

Geographical Information Systems

GIS Applications

iv
NOTAÇÃO UTILIZA DA

COM – Modelo de Objectos de Componentes (Component Object Model)

DDM – Dados, Diálogos e Modelos (Data, Dialog and Models)

DL – Decreto-Lei

DH – Domínio Hídrico

DRA-Alentejo – Direcção Regional do Ambiente do Alentejo

IGeoE – Instituto Geográfico do Exército

ISEGI – Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação

PCSA – Áreas de Serviço de Cuidados Primários (Primary Care Service Areas)

RAN – Reserva Agrícola Nacional

REN – Reserva Ecológica Nacional

SAD – Sistema de Apoio à Decisão

SEAD – Sistema Espacial de Apoio à Decisão

SEAD -MC - Sistema Espacial de Apoio à Decisão Multi-Critério

SEBC – Sistemas Espaciais Baseados em Conhecimento

SEP – Sistema Espacial Pericial

SEPAD – Sistema Espacial Pericial de Apoio à Decisão

SGGD – Sistema de Geração e Gestão de Diálogos

v
SGMB – Sistema de Gestão do Modelo de Base

SIE / EIS – Sistema de Informação para Executivos (Executive Information Systems)

SIG – Sistema de Informação Geográfica

SIG / MIS – Sistemas de Informação para Gestão / Management Information Systems

SIGD – Sistema de Informação Geográfica Distribuídos

SP – Sistema Pericial

SPAD – Sistema Pericial de Apoio à Decisão

SPD – Sistema de Processamento de Dados

vi
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Marco Painho por ter sido a primeira pessoa que me falou sobre SIG e
por me ter orientado no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Professor Doutor João Bento por ter prestado uma colaboração muito activa e
interessada na elaboração deste documento.

Ao Ricardo Sena, excelente programador, sem o qual o SAL não existiria.

À Mª José Santana pelos conselhos sempre pertinententes que me dispensou.

À Sara Barradas por me ter ajudado a rever várias vezes este documento com um olho
clínico.

vii
ÍNDICE DO TEXTO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................1-1
1.1 Enquadramento ......................................................................................................1-1
1.2 Objectivos ..............................................................................................................1-3
1.3 Pressupostos ...........................................................................................................1-4
1.4 Metodologia Geral .................................................................................................1-4
1.5 Organização da tese................................................................................................1-5

2 SISTEMAS ESPACIAIS DE APOIO À DECISÃO ....................................................2-7


2.1 Objectivos do capítulo............................................................................................2-7
2.2 Introdução aos Sistemas de Apoio à Decisão.........................................................2-7
2.2.1 O processo da tomada de decisão .................................................................. 2-10
2.2.2 Conceito de Sistema de Apoio à Decisão ...................................................... 2-12
2.2.3 Problemas de decisão e apoio à decisão ........................................................ 2-14
2.3 Introdução aos Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão ...................................... 2-16
2.3.1 Dados geográficos, informação e tomada de decisão.................................... 2-16
2.3.2 Sistemas de Informação Geográfica.............................................................. 2-18
2.3.3 Os SIG no apoio à decisão............................................................................. 2-21
2.3.3.1 Reconhecimento ........................................................................................ 2-22
2.3.3.2 Desenho ..................................................................................................... 2-22
2.3.3.3 Escolha....................................................................................................... 2-23
2.3.4 Tecnologias de desenvolvimento para SEAD ............................................... 2-24
2.3.5 Sistemas espaciais para apoio à decisão ........................................................ 2-26
2.3.5.1 Sistemas Espaciais de Processamento de Dados ....................................... 2-27
2.3.5.2 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão .................................................... 2-27
2.3.5.3 Sistemas Espaciais Periciais ...................................................................... 2-32
2.3.5.4 Sistemas Espaciais Periciais de Apoio à Decisão...................................... 2-34

2.4 Análise espacial multi-critério ............................................................................. 2-35


2.4.1 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão Multi-Critério ................................. 2-36
2.4.2 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão Colaborativos ................................. 2-37
2.5 Disponibilização de funcionalidades SIG na Internet.......................................... 2-38
2.6 Casos de estudo de SEAD.................................................................................... 2-42

3 O SISTEMA DE APOIO AO LICENCIAMENTO DA DRA-ALENTEJO.............. 3-54


3.1 Enquadramento .................................................................................................... 3-54
3.2 Objectivos ............................................................................................................ 3-55
3.3 Processo de desenvolvimento utilizado................................................................ 3-55
3.4 Modelo de implementação do SAL...................................................................... 3-58

viii
3.4.1 Arquitectura ................................................................................................... 3-58
3.4.2 Modelo de objectos de componentes ............................................................. 3-62
3.5 Cartas de condicionantes ...................................................................................... 3-65
3.6 Fontes de informação utilizadas para a construção das cartas de condicionantes 3-66
3.7 Metodologia utilizada para a construção das cartas de condicionantes ............... 3-75
3.8 Interacção com o utilizador.................................................................................. 3-77

4 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 4-87


4.1 Apreciação Geral.................................................................................................. 4-87
4.2 Comentário aos SEAD ......................................................................................... 4-89

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 92

ix
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Funções de um SEAD (adaptado de Malczewski, 1999) ................................... 2-31

Tabela 2 Tabela que resume o equilíbrio entre o cliente e o servidor (Lopes, 2000)........ 2-41

Tabela 3 Condicionantes previstas no PDM de Aljustrel e de Beja ou em legislação geral


em vigor (Santana, 1998)................................................................................................... 3-69

Tabela 4 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Condicionantes de Licenciamento


de Captações Subterrâneas (Santana, 1998) .....................................................................3-73

Tabela 5 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Condicionantes de Licenciamento


de Outras Utilizações do DH.............................................................................................3-73

Tabela 6 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Todas as Condicionantes......3-74

x
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Fases do processo de tomada de dec isão segundo Simon (Malczewski, 1997).. 2-11
Figura 2 Estrutura do grau de problemas de decisão segundo Simon (adaptado de
Malczewski, 1997)............................................................................................................. 2-13
Figura 3 Tipos de problemas de decisão, tipos de sistema e actividades de resolução de
problemas (adaptado de Sprague e Watson, 1996)............................................................ 2-15
Figura 4 Exemplo de conversão de dados geográficos em informação geográfica........... 2-17
Figura 5 Níveis de informação (adaptado de ESRI, 2000)................................................ 2-19
Figura 6 Polígonos, linhas, pontos e o modelo relacional (adaptado de ESRI, 1995) ...... 2-20
Figura 7 Exemplo de partição do espaço segundo o modelo matricial (ESRI, 1995) ....... 2-21
Figura 8 Níveis de tecnologia para SEAD segundo Sprague (1980), adaptado de Densham
(1991)................................................................................................................................. 2-25
Figura 9 Componentes de um SEAD (adaptado de Malczewski, 1997) ........................... 2-29
Figura 10 Infra-estrutura para SEPAD (adaptado de Malczewski, 1999) ......................... 2-35
Figura 11 Infra-estrutura para SEAD-MC (adaptado de Malczewski, 1999).................... 2-37
Figura 12 Configuração baseada no servidor (adaptado de Foote e Kirvin, 1998) ........... 2-40
Figura 13 Configuração baseada no cliente (adaptado de Foote e Kirvin, 1998).............. 2-40
Figura 14 Configuração híbrida (adaptado de Foote e Kirvin, 1998) .............................. 2-41
Figura 15 Área de estudo do DOCLOC (Geochoice, 2000).............................................. 2-43
Figura 16 Página de Internet do OSDM (Carver, 96) ....................................................... 2-49
Figura 17 Interface do Virtual Slaithwaite em Java (Carver, 1999)................................. 2-50
Figura 18 Introdução de comentários no sistema (Carver, 1999)...................................... 2-51
Figura 19 Modelo da Espiral (adaptado de Boehm, 1994)................................................ 3-56
Figura 20 A arquitectura DNA da Microsoft (Redmond, 1999) ...................................... 3-58
Figura 21 Estrutura de uma aplicação Three-tier (adaptado de Redmond, 1999)............. 3-59
Figura 22 Aplicação Two-tier (adaptado de Redmond, 1999) .......................................... 3-61
Figura 23 Modelo de Objectos de Componentes (adaptado de Williams e Kindel, 1994)3-62
Figura 24 Estrutura dos componentes do SAL nos três níveis da arquitectura ................. 3-65
Figura 25 Pormenor da carta de condicionantes para a zona da Albufeira do Roxo ......... 3-76
Figura 26 Interface do Sistema de Apoio ao Licenciamento............................................. 3-78
Figura 27 Exemplo de pesquisa efectuada por Freguesia.................................................. 3-80
Figura 28 Catálogo de imagens com informação do IGeoE.............................................. 3-81
Figura 29 Catálogo de imagens com imagens de satélite da zona de Sines (SPOT 4)...... 3-82
Figura 30 Representação temática de uma cobertura utilizando classes ........................... 3-83
Figura 31 Selecção do tipo de implantação espacial ......................................................... 3-84
Figura 32 Formulário com informação alfanumérica sobre o processo e correspondente
implantação espacial.......................................................................................................... 3-85
Figura 33 Resultado da análise.......................................................................................... 3-86
Figura 34 Resultado da análise no Word ........................................................................3-86

xi
1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento

Estabelecer o equilíbrio entre a utilização correcta dos recursos naturais e a legislação


ambiental vigente é uma das funções que as instituições da área do Ambiente
desempenham com evidente aumento do grau de complexidade, invocando a necessidade
de automatização de processos de análise que auxiliem a tomada de decisão, por forma a
utilizar os recursos disponíveis, por definição escassos, de um modo mais eficiente e,
também, a pôr fim a processos de avaliação ambiental tipicamente morosos e de difícil
execução.

As instituições que lidam com a gestão ambiental, nomeadamente no que se refere à


avaliação de pretensões de licenciamento, debatem-se com grandes dificuldades no que
respeita ao processo de avaliação de condicionantes ambientais, que se encontram
dispersamente mapeadas, implicando inevitavelmente a prestação de um serviço
ineficiente à comunidade, com desperdícios de recursos organizativos e, consequentemente,
ambientais. A realidade geográfica que os técnicos ambientais precisam de avaliar é
bastante diversificada e pode ser representada em formato digital de um modo muito
variado, utilizando tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

Os SIG são ferramentas poderosas que permitem o armazenamento, a integração, a edição,


a extracção, a visualização e a análise de dados georreferenciados, sendo de grande
utilidade no que respeita à gestão ambiental, dada a natureza espacial da informação que
esta encerra, constituindo uma ferramenta fundamental no auxílio à tomada de decisão
neste domínio.

1-1
A informação ambiental tem uma dimensão espacial, temporal e institucional, pelo que a
sua análise e a sua avaliação beneficiam largamente da utilização de análise geográfica,
constituindo esta a principal razão pela qual os sistemas de apoio à decisão espaciais
integram tecnologia SIG. No entanto, as ferramentas de SIG actualmente disponíveis estão
ainda longe de ser de fácil utilização, dado exigirem um elevado grau de experiência e
conhecimentos informáticos, para que delas se retirem todos os benefícios que a utilização
deste tipo de tecnologia oferece.

Esta situação resulta num dos principais factores de insucesso dos processos de
implementação de SIG, dado criarem-se situações de distanciamento entre as pessoas que
realmente beneficiariam da utilização deste tipo de sistema e o próprio SIG. Felizmente os
fabricantes de aplicações de SIG aperceberam-se desta situação e começaram a
disponibilizar no mercado ferramentas de desenvolvimento que constituem uma grande
evolução ao nível das tecnologias de informação geográfica, por permitirem uma maior
integração com as restantes tecnologias de informação.

Neste sentido, as tecnologias de informação geográfica baseiam-se cada vez mais em


tecnologias -padrão, abandonando de vez o seu carácter tradicionalmente proprietário,
nomeadamente ao nível do desenvolvimento aplicacional e da parametrização. Outra
vantagem deste tipo de abordagem consiste numa significativa diminuição do tempo de
desenvolvimento das aplicações, devido à possibilidade de trabalhar com código modular e
reutilizável, o que implica uma considerável diminuição dos custos de implementação.

No entanto, a principal vantagem na adopção de processos e metodologias padronizados


reside na possibilidade de implementação de aplicações de informação geográfica que
permitam a disponibilização de soluções adaptadas às necessidades dos utilizadores, que
não têm de ser necessariamente especialistas em SIG para utilizar eficazmente este tipo de
aplicações.

No presente trabalho, desenvolve-se uma aplicação SIG que utiliza um processo de


desenvolvimento padronizado e que permite apoiar de uma forma automática a decisão de
pretensão de licenciamento a partir de um interface, atendendo às condicionantes espaciais

1-2
existentes para um determinado local. Pretende-se que esta aplicação seja de fácil utilização
e possua apenas as funcionalidades necessárias para dar resposta a um problema específico,
pelo que não constitui uma solução para os especialistas na utilização de aplicações de SIG,
mas sim por um leque mais variado de pessoas, não necessariamente especialistas na
utilização deste tipo de ferramentas.

1.2 Objectivos

A presente dissertação tem como principal objectivo o desenvolvimento de uma aplicação


de tecnologia SIG, que se pretende venha a ser efectivamente utilizada por instituições com
competências na avaliação de condicionantes ambientais de natureza espacial, e tem como
objectivos gerais:

• o desenvolvimento de uma metodologia que permita a integração de informação


geográfica na aplicação a desenvolver;

• o desenvolvimento de um interface que permita a avaliação automática das


pretensões de projecto, face às condicionantes legalmente impostas;

• a integração e o armazenamento da informação espacial numa base de dados


operacional, com a possibilidade de produção automática de relatórios referentes à
análise espacial efectuada.

1-3
1.3 Pressupostos

Os factos que estiveram na base do desenvolvimento da presente dissertação foram os


seguintes:

• existem grandes dificuldades nos processos de tomada de decisão ambientais,


tipicamente morosos e excessivamente consumidores de recursos, que derivam da
falta de ferramentas de análise adequadas;

• os processos de armazenamento, recolha, tratamento e organização de bases de


dados geográficas estão mal sistematizados e resultam numa má integração e
aproveitamento da informação disponível;

• é possível desenvolver metodologias eficientes conducentes à criação de sistemas de


apoio à decisão que incluam informação georreferenciada;

• os SIG constituem uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento de uma


metodologia que dê resposta aos problemas de decisão espacial.

1.4 Metodologia Geral

Em termos gerais, a metodologia adoptada foi a seguinte:

• análise das necessidades de informação e de sistemas da DRA-Alentejo;

• produção das cartas de condicionantes em formato digital para a região do Alentejo,


utilizando informação de diversas fontes, formatos e suportes;

1-4
• estruturação da base de dados operacional e geográfica para armazenamento e
integração da informação recolhida;

• desenvolvimento de um interface para simular as condicionantes ambientais,


armazenar informação georreferenciada e permitir a produção automática de
relatórios.

As bases de dados cartográfica e alfanumérica foram cons truídas com recurso ao ArcInfo
NT, versão 7.2.1, da Environmental Systems Research Institute (ESRI); no que se refere à
visualização e análise, foi utilizado o ArcView, versão 3.1, da ESRI; o desenvolvimento
aplicacional foi levado a cabo por meio de MapObjects, versão 2.0 da ESRI, assim como
de Visual Basic , versão 6, da Microsoft; para a produção de relatórios, foi utilizado o
Word, versão 97 da Microsoft; finalmente, para o armazenamento de dados, recorreu-se
ao Access, versão 97 da Microsoft.

1.5 Organização da tese

A presente dissertação encontra-se dividida em 4 capítulos.

Em primeiro lugar, apresentam-se as razões da escolha do tema, os objectivos que se


pretendem atingir, os pressupostos assumidos e a metodologia seguida em termos globais
(Capítulo 1).

Seguidamente, apresenta-se uma breve revisão bibliográfica versando sobre Sistemas de


Apoio à Decisão (SAD) e, sobretudo, sobre Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão
(SEAD), apresentando diferentes possibilidades de abordagem a este tipo de sistemas
(Capítulo 2).

1-5
No Capítulo 3, efectua-se uma descrição pormenorizada dos aspectos metodológicos que
estiveram subjacentes ao desenvolvimento de uma aplicação de apoio ao licenciamento,
salientando aspectos de programação relacionados com o desenvolvimento aplicacional e
de implementação, a construção de cartas de condicionantes, assim como as vantagens e
limitações da aplicação desenvolvida.

As conclusões, englobando a apreciação geral dos resultados obtidos, a avaliação das


limitações da aplicação e uma indicação dos desenvolvimentos posteriores deste estudo,
constituem o Capítulo 4.

Foram utilizadas, sempre que possível, expressões em português; exceptuam-se os casos


em que a utilização dos vocábulos na língua inglesa seja de tradução imperceptível e
susceptível de interpretação menos precisa, ou em que a sua utilização já se tenha
vulgarizado na língua portuguesa.

1-6
2 SISTEMAS ESPACIAIS DE APOIO À DECISÃO

2.1 Objectivos do capítulo

Este capítulo tem por objectivo descrever as principais características dos Sistemas de
Apoio à Decisão e dos problemas de decisão que incluem uma componente espacial.

Serão abordados o modo de desenvolvimento do processo de tomada de decisão, o conceito


de Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão e os sistemas baseados em computador para
auxílio da tomada de decisão que envolvem uma componente espacial. Serão ainda
descritas as componentes e as funções deste tipo de sistemas, assim como as tecnologias de
desenvolvimento existentes, dando particular relevância à disponibilização de informação
geográfica e de funcionalidades de SIG na Internet.

2.2 Introdução aos Sistemas de Apoio à Decisão

No final dos anos 60 apareceram os primeiros Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), tendo-
se iniciado a introdução na literatura desta temática progressivamente a partir desta data,
coincidindo com o abandono do conceito de Sistemas de Informação para Gestão (SIG/MIS
- Management Information Systems). Os SIG/MIS eram sistemas de informação totais, que
suportavam todas as necessidades de informação da organização, enquanto que os SAD
consistem em pequenos sistemas vocacionados para uma decisão específica, a ser tomada
por um único decisor.

2-7
O aparecimento dos SAD foi, de acordo com Sprague e Watson (1989), resultado de vários
factores, de entre os quais se salientam a evolução tecnológica ao nível do hardware e do
software, os avanços na investigação nas principais universidades, uma crescente
preocupação com o suporte ao processo de tomada de decisão, um crescente ambiente
económico turbulento e um aumento das pressões competitivas.

Foi em 1971 que o termo SAD foi utilizado pela primeira vez, numa comunicação da
autoria de Gorry e Scott Morton, onde se explicava este conceito como operando sobre
domínios semi-estruturados, em que os humanos – e não os sistemas - tomavam decisões.
Ainda segundo estes autores, o sistema interagia com o decisor no que respeitava aos
aspectos estruturáveis do problema.

Durante os anos que se seguiram, o desenvolvimento deste tipo de sistemas tornou-se muito
popular e os conhecimentos e a experiência no desenvolvimento deste tipo de sistemas
evoluiu significativamente, culminando com a primeira publicação específica sobre SAD
em 1978, por Keen e Scott Morton.

Um dos modelos mais importantes foi publicado por Keen (1980), que consid era os SAD
como o resultado de um processo conhecido por desenho adaptativo, em que os elementos-
chave são o sistema, o utilizador é a pessoa que constrói o sistema, sendo a compreensão da
interacção entre estes três elementos fundamental no processo de desenvolvimento do SAD.
Segundo este autor, é através da evolução do sistema - que, de certa maneira, representa a
compreensão por parte dos decisores do problema - , que é realmente fornecido o suporte à
decisão. Os sistemas desenvolvidos são normalmente de reduzida dimensão e podem ser
dispensados assim que se dê resposta ao objectivo específico para o qual foram
desenvolvidos.

Sprague e Carlson (1982), desenvolveram a abordagem ROMC (Representations,


Operations, Memory-Aids and Mechanism Control) para os SAD, que é uma abordagem
sistemática para o desenvolvimento de SAD em grande-escala e, especialmente, de
interfaces para o utilizador. Trata-se de uma abordagem orientada para o utilizador, sendo
este quem define os requisitos que o sistema deve incluir. Estes dois autores desenvolveram

2-8
também uma importante infra-estrutura para os SAD, conhecida como a arquitectura DDM
(Data, Dialog and Models). Esta arquitectura consiste, basicamente, numa especificação de
requisitos que um software deverá possuir para desenvolver SAD, ou seja, a capacidade de
gestão de dados, diálogos e de modelos.

Em meados dos anos 80, com a adesão maciça à utilização de computadores e a


disponibilização de ferramentas de modelação, a natureza dos SAD alterou-se
significativamente. A progressiva diminuição dos preços do hardware e do software
permitiu que se criassem as condições para que os gestores tivessem ao seu dispor
computadores nos seus postos de trabalho, podendo criar os seus SAD personalizados. Os
departamentos de informática passam a ensinar os gestores a criar os seus próprios SAD em
vez de os desenvolverem para eles, sendo este tipo de suporte denominado apoio passivo
(Keen, 1987). No entanto, apenas sistemas bastante simplificados poderiam ser
desenvolvidos deste modo, o que se revelou claramente insuficiente para dar resposta às
necessidades crescentes de gestão de informação devido, principalmente, à redução dos
níveis organizacionais.

Esta situação levou ao surgimento, no final da década de 80, dos Sistemas de Informação
para Executivos (SIE/EIS – Executive Information Systems) que, como o próprio nome
indica, são sistemas vocacionados para fornecer informação aos gestores de uma
organização.

As aplicações SIE disponibilizam as seguintes funções básicas:

• apresentam informação interna e externa, de acordo com o modelo de negócio da


organização, integrando a informação de várias fontes e efectuando a sua
distribuição;

• funcionalidades para análise da informação, proporcionando formas de questionar,


apresentar e formatar os dados organizados em termos de modelos, permitindo
ainda visualizá-los em termos gráficos;

2-9
• facilidades de acesso aos dados e navegação pela informação através de interface,
apresentando os dados na forma textual ou gráfica, permitindo ao utilizador
interagir com o sistema com o rato ou com o teclado; a agregação e a abstracção são
funcionalidades-chave para tornar a informação acessível e utilizável e,
frequentemente, levam a que se constituam réplicas não normalizadas dos dados
relevantes, para alimentar de modo mais fácil os SIE.

Por outro lado, os SAD, incluindo um especialista participante activo no seu


desenvolvimento, juntamente com o decisor, entretanto abandonados, voltaram a ser
populares.

Ao longo dos últimos anos, a investigação no domínio dos SAD tem-se concentrado mais
no desenvolvimento de ferramentas do que propriamente nos métodos.

2.2.1 O processo da tomada de decisão

Simon (1960) desenvolveu um modelo descritivo para a tomada de decisão, dividido em 3


fases interactivas e iteractivas (Figura 1):

• reconhecimento – consiste na identificação do problema ou de uma oportunidade


de mudança;

• desenho 1 – consiste na verificação e na estruturação das decisões alternativas;

• escolha – está relacionado com a avaliação e com a escolha da melhor alternativa.

1
Herbert Simon, considerado um dos pais da Inteligência Artificial, utiliza o termo design com o significado
de projecto. Contudo, é frequente o uso de “desenho” de sistemas de informação, com o significado de
“projecto” de sistemas de informação.

2-10
Figura 1 Fases do processo de tomada de decisão segundo Simon (adaptado de Malczewski, 1997)

Ainda Simon (1960) defende que os humanos são racionais na concepção de um certo
número de alternativas escolhendo, seguidamente, a melhor alternativa, e que têm tendência
para tomar decisões satisfatórias em detrimento de decisões óptimas. Estas três fases da
decisão não têm necessariamente de seguir um caminho linear desde o reconhecimento à
escolha, passando pela fase de desenho. A qualquer momento do processo de tomada de
decisão poderá ser necessário regressar a uma fase anterior. Cada uma das três fases do
processo de tomada de decisão exige um tipo de informação diferente.

O mesmo autor introduz o conceito de heurística2 como sendo regras que os humanos
utilizam para simplificar a tarefa de tomada de decisão. As heurísticas constituem uma
ajuda para a tomada de uma decisão satisfatória, rapidamente e com eficiência e estão,
frequentemente, associadas ao uso de conhecimento empírico sobre o domínio em causa
que, por se basear em experiência, permite encurtar o caminho para a tomada de decisão.

2
A palavra heurística vem da palavra Grega heuriskein e significa o acto de descobrir. É um processo de
resolução de problemas não algorítmico (Bento, 96).

2-11
2.2.2 Conceito de Sistema de Apoio à Decisão

Os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) são sistemas interactivos, baseados em


computadores, que têm como objectivo principal ajudar os decisores a utilizar dados e
modelos para identificar e resolver problemas, assim como a tomar decisões.

Os SAD ajudam os decisores a utilizar e manipular dados, a aplicar listas de verificação e


heurísticas, e a construir e utilizar modelos matemáticos.

Turban (1990) sugere que os SAD têm quatro características principais:

• incorporam dados e modelos;

• são sistemas desenhados para ajudar os gestores nos seus processos de decisão, no
que se refere a problemas semi-estruturados (ou não estruturados);

• auxiliam, mas não substituem, avaliações de gestão;

• têm como objectivo melhorar a eficácia das decisões e não a eficiência com que as
decisões são tomadas.

O sistema deverá ajudar o decisor a resolver problemas não estruturados, não programáveis
(ou semi-estruturados) e deverá possuir um mecanismo de interrogação interactivo que
utilize uma linguagem de fácil utilização e aprendizagem (Bonczek et al., 1980).

Os conceitos de problemas semi-estruturados, eficácia e apoio à decisão resumem a


essência do conceito de SAD:

i. Decisão de problemas semi-estruturados

Todos os problemas de decisão recaem sobre um intervalo de variação contínuo (Figura 2),
entre decisões estruturadas e decisões não estruturadas (Simon, 1960):

2-12
• as decisões estruturadas ocorrem quando a tomada de decisão pode ser estruturada
pelo decisor ou com base em teoria relevante;

• as decisões não estruturadas ocorrem quando o decisor se revela incapaz de


estruturar o problema, ou o problema não é estruturável com base em teoria
relevante.

Figura 2 Estrutura do grau de problemas de decisão segundo Simon (adaptado de Malczewski, 1997)

As decisões estruturadas são programáveis e podem ser resolvidas por meios


computacionais, ao contrário das decisões não estruturadas, que não são programáveis e
devem ser resolvidas pelo decisor, com um recurso limitado a computadores. Todos os
problemas de decisão espaciais reais se situam algures entre estes dois casos extremos
sendo, portanto, chamados problemas semi-estruturados. A parte estruturável
(programável) do problema pode ser solucionada automaticamente por um computador,
enquanto que a parte não estruturável terá que ser resolvida pelo decisor sózinho, ou em
interacção com o sistema.

ii. Eficácia no processo de decisão

O objectivo do sistema é o de melhorar a eficácia, em detrimento da eficiência, do processo


de tomada de decisão. A eficácia máxima é atingida quando se conseguem incorporar
conhecimentos do decisor e programas baseados em computador, no processo de tomada de
decisão. Para ser eficaz, o sistema deverá ser de fácil utilização, de modo a evitar uma

2-13
separação funcional dos papéis do analista e da pessoa encarregada de tomar a decisão
(Goodchild, 1993).

iii. Apoio à decisão

O sistema ajuda o utilizador a explorar o problema de decisão, de um modo interactivo e


recursivo, em todas as fases do processo de tomada de decisão. Os SAD, em caso algum,
deverão subtituir o decisor (ou decisores); apenas deverão fornecer elementos para apoiar e
fundamentar a sua decisão.

2.2.3 Problemas de decisão e apoio à decisão

Um dos aspectos críticos na implementação de um SAD reside na escolha do tipo de


sistema que reflicta o grau de complexidade da estrutura do problema. Tendo em conta este
objectivo, revela-se de grande utilidade a distinção entre decisões estruturadas e não-
estruturadas, incorporando-se nesta classificação quatro elementos respeitantes às
actividades de resolução de problemas (Sprague e Watson, 1996):

• dados – representam o estado do problema que retrata a realidade e é relevante para


o problema;

• procedimentos – representam a sequência de operações utilizadas na resolução do


problema;

• objectivos e condicionantes – representam os resultados desejados da resolução do


problema e as limitações impostas pelo espaço de decisão;

• estratégias – indicam os procedimentos a aplicar para se atingirem os objectivos.

2-14
Dados os elementos de decisão de problemas e a distinção entre problemas estruturados e
não-estruturados, podem evidenciar-se quatro tipos de problemas de decisão, com os
respectivos tipos de sistemas (Figura 3):

• problemas do tipo I – são problemas totalmente estruturados, uma vez que os


quatro elementos se encontram bem definidos; estes problemas podem ser
resolvidos por meio de Sistemas de Processamento de Dados (SPD);

• problemas do tipo II – são problemas semi-estruturados que podem ser resolvidos


utilizando SAD;

• problemas do tipo III – os problemas de decisão enquadram-se nesta categoria se


todo o conhecimento relevante puder ser incluído numa base de conhecimentos; os
sistemas que resolvem este tipo de problemas designam-se por Sistemas Periciais
(SP) ou baseados em conhecimento;

Figura 3 Tipos de problemas de decisão, tipos de sistema e actividades de resolução de problemas (adaptado
de Sprague e Watson, 1996)

2-15
• problemas do tipo IV - os problemas de decisão enquadram-se nesta categoria se
todo o conhecimento relevante não puder ser incluído numa base de conhecimentos;
os sistemas que resolvem este tipo de problemas designam-se por Sistemas Periciais
de Apoio à Decisão (SPAD).

2.3 Introdução aos Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão

Nos últimos anos tem-se assistido a um incremento na investigação e no desenvolvimento


de Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão (SEAD). O aparecimento do conceito de SEAD
está relacionado com a necessidade de expansão das capacidades dos SIG para a resolução
de problemas complexos de decisão espacial (Densham, 1991). A investigação
desenvolvida neste campo tem proporcionado muitas correntes diferenciadas, mas com uma
origem comum e, portanto, com terminologias semelhantes: por exemplo, sistemas de apoio
à decisão ambientais, sistemas de apoio à decisão colaborativos, sistemas de apoio à
decisão para grupos, sistemas baseados em conhecimento e sistemas periciais.

2.3.1 Dados geográficos, informação e tomada de decisão

Os conceitos de dados geográficos, informação e tomada de decisão encontram-se


inter-relacionados entre si. Dados geográficos ou dados espaciais, de acordo com
Malczewski (1999), são definidos como materiais desorganizados e não classificados, que
podem ser associados a uma localização. No sentido de se tornarem úteis, estes materiais
terão de ser transformados em informação. Quando os dados geográficos, ou espaciais, são
organizados, apresentados, analisados, interpretados e, por conseguinte, considerados úteis
para um problema de decisão específico, transformam-se em informação. Seguindo esta
linha de raciocínio, informação geográfica é definida como dados georreferenciados,
processados de modo a serem significativos e perceptíveis pelos decisores (Figura 4).

2-16
Localização de clientes Despesa anual média (1000 esc.)

ID DESPESA
1 268
2 3550
3 128
4 232
5 240
6 287
7 112
8 1770
9 271
10 79
11 356
12 64
13 610
14 341
15 2390
16 2980
17 353
18 354
19 218
Distribuição da despesa dos clientes 20 388
21 3900
22 136
23 215
24 102
25 28
26 23
27 303
28 158
29 4
30 427

1:1000

Figura 4 Exemplo de conversão de dados geográficos em informação geográfica

Os problemas de decisão que envolvam dados geográficos e informação são designados por
problemas de decisão espacial. De acordo com Malczewski (1997), os problemas de
decisão espacial caracterizam-se, normalmente, por permitirem a inclusão de um grande
número de alternativas de decisão, cujas consequências ou resultados diferem no espaço.
Cada alternativa é avaliada com base em múltiplos critérios; alguns desses critérios podem
ser qualitativos e outros quantitativos. Na resolução destes problemas existe,
frequentemente, mais do que um decisor, envolvido no processo de tomada de decisão.

2-17
Cada decisor apresenta preferências distintas em termos da importância relativa dos
critérios de avaliação e das respectivas consequências. As decisões envolvem, na maior
parte dos casos, um ou mais factores de incerteza. O processo de conversão de dados em
informação é crucial para a tomada de decisão e proporciona um valor acrescentado aos
dados. O sucesso da tomada de decisão depende largamente da quantidade e da qualidade
da informação disponível para os decisores.

2.3.2 Sistemas de Informação Geográfica

Burrough (1998) define SIG como um poderoso conjunto de ferramentas que permitem
recolher, armazenar, extrair, transformar e visualizar dados espaciais que representam a
realidade para um certo conjunto de objectivos.

Os SIG distinguem-se de outros sistemas de informação capazes de utilizarem dados


georreferenciados por incluírem a capacidade adicional de executar operações espaciais
(NCGIA Core Curriculum, 1991). Como consequência desta característica, este tipo de
sistemas de informação tornam possível a realização de análises espaciais. O interface
associado a este tipo de sistemas é, normalmente, composto por dois componentes: um
alfanumérico e outro gráfico.

No que respeita à representação da informação geográfica, à qual poderá estar associada


diversa informação alfanumérica, são principalmente utilizados dois paradigmas de
representação: vector e matricial (Bento, 2000). Existem outros modelos que são menos
utilizados por força de condicionantes tecnológicas ou por estarem ainda em fase
experimental como, por exemplo, modelos orientados por objectos, modelos temporais,
modelos difusos e modelos tridimensionais (Matos, 1998).

2-18
Modelo vectorial

No modelo vectorial, o espaço a ser modelado é, normalmente, representado em duas


dimensões por um conjunto de objectos estáticos com fronteiras bem definidas embora
possa também ser projectado a três dimensões. Cada um destes conjuntos de tipo de
objectos é organizado em camadas de informação separadas (Figura 5). Cada nível, ou
tema, de informação é constituído por um conjunto de objectos geográficos ligados
topologicamente e ao nível de atributos.

Árvores

Edifícios

Eixos de via

Realidade

Figura 5 Níveis de informação (adaptado de ESRI, 2000)

A representação gráfica da informação, à qual poderá estar associada diversa informação


tabular, pode assumir três formas: pontos, linhas e áreas. No que respeita à informação
tabular, cada registo na tabela armazena informação sobre o objecto no espaço e cada
coluna armazena um tipo de atributo para cada objecto (Figura 6).

2-19
Figura 6 Polígonos, linhas, pontos e o modelo relacional (adaptado de ESRI, 1995)

Modelo matricial

No modelo matricial, frequentemente designado por raster, cada nível de informação é


descrito utilizando-se uma matriz ou tabela espacialmente abrangente em que cada célula
ou pixel (picture element ou unidade mínima de imagem) armazena um único valor.

Este modelo, ao contrário do modelo vectorial, é mais adequado para a representação de


fenómenos que têm uma distribuição contínua como, por exemplo, insolação, humidade,
altimetria, etc.

Assim num determinado nível para cada célula podemos ter, por exemplo, a média da
reflectância captada por uma banda de satélite de detecção remota (regista o nível de
radiação recebido pelo sensor – se for de 8 bits significa que armazena valores entre 0 e
255), um esquema de classific ação no qual se atribuem valores arbitrários ao uso do solo
(Figura 6), o valor obtido por interpolação a partir de uma amostra de valores de um
determinado fenómeno como a altimetria ou a humidade, etc.

2-20
Figura 7 Exemplo de partição do espaço segundo o modelo matricial (adaptado de ESRI, 1995)

2.3.3 Os SIG no apoio à decisão

O principal objectivo dos SIG é o de fornecer informação para auxiliar a tomada de decisão
que envolve dados espaciais. As capacidades dos SIG para suportar uma decisão podem ser
analisadas dentro do contexto do processo de tomada de decisão (Figura 1), em que cada
uma das etapas exige um tipo de informação diferente. No entanto, segundo Openshaw
(1991), os sistemas deste tipo possuem capacidades limitadas no que se refere ao suporte às
fases de desenho e escolha do processo de tomada de decisão, pois apenas disponibilizam
um ambiente de modelação estático, o que implica capacidades reduzidas face às das
ferramentas de apoio à decisão.

Resumindo, os SIG apresentam as seguintes limitações:

• apresentam capacidades de análise de informação geográfica limitadas, na medida


em que não disponibilizam ferramentas de modelação analítica (Openshaw, 1991);

• as bases de dados geográficas, assim como as ferramentas de interrogação, são


concebidas essencialmente com a preocupação de produção cartográfica;

2-21
• as capacidades de produção de relatórios tabulares são, na maioria dos casos,
inadequadas para o decisor, que precisa de relatórios mais personalizados.

2.3.3.1 Reconhecimento

Um problema de decisão espacial é, de acordo com Malczewski (1999), a diferença entre o


estado existente e o estado desejado de um sistema geográfico que represente a realidade.

A fase de reconhecimento envolve a pesquisa de condições que apelem à decisão e requer


uma análise exploratória da situação de decisão. É durante esta fase que os dados de base
são obtidos, processados e examinados para se poderem identificar oportunidades ou
problemas.

As funções de aquisição, armazenamento, interrogação e gestão de dados que os SIG


possuem convertem a situação que retrata a realidade para a base de dados geográfica.
Depois de identificadas as decisões espaciais, os dados podem ser manipulados e analisados
por forma a se obter informação acerca do problema de decisão que se está a analisar.

Os SIG podem desempenhar um papel vital na fase inicial da tomada de decisão espacial,
concorrendo para a coordenação da análise da situação de decisão, através da sua
capacidade de integração e exploração de dados e informação de um variado leque de
fontes. Além disso, os SIG permitem, efectivamente, armazenar, integrar e processar
grandes quantidades de dados georreferenciados e apresentar a informação de uma forma
compreensiva e graficamente apelativa para os decisores que, se utilizassem relatórios
tabulares, não conseguiriam analisar todos os dados e informação de modo eficiente.

2.3.3.2 Desenho

A fase de desenho envolve o desenvolvimento e análise de um conjunto de possíveis


decisões alternativas para o problema identificado na fase de reconhecimento, em que um

2-22
modelo formal é normalmente utilizado para ajudar um decisor na geração de um conjunto
de alternativas.

Um modelo é uma representação, ou abstracção, simplificada da realidade e, no contexto de


decisão espacial, representa os aspectos mais relevantes da situação de decisão constante na
base de dados geográficos e no modelo de dados utilizado. Esta representação é feita
através da estruturação e da formalização dos dados e informação disponíveis, relacionadas
com o problema de decisão. As alternativas de decisão espaciais são delineadas através da
manipulação e análise dos dados e informação armazenados no SIG.

As capacidades dos SIG para gerar um conjunto de decisões alternativas residem,


principalmente, nos princípios de relação espacial de conectividade, contiguidade,
proximidade e métodos de sobreposição topológica (Malczewski,1999).

Apesar de os SIG serem descritos como sistemas que suportam o processo de desenho e a
avaliação de alternativas de decisão espacial, a maior parte das aplicações comerciais de
SIG não possuem o tipo de análise espacial e modelação exigido pelos decisores (Keenen,
1995 e Grimshaw,1994, citados por Malczewski, 1999). Devido a esta limitação, torna-se
necessária a integração de técnicas de decisão analíticas e funcionalidades de SIG, através
da incorporação directa de modelos analíticos na aplicação de SIG ou do desenvolvimento
de interfaces de fácil utilização incluídas num sistema de análise de decisões previamente
desenvolvido. Os modelos concebidos para gerar decisões alternativas em ambiente SIG
operam fora do alcance dos utilizadores.

2.3.3.3 Escolha

Esta fase da tomada de decisão envolve a selecção de uma decisão de entre um leque de
decisões alternativas, em que cada uma é analisada e avaliada em relação às outras, em
função de uma regra de decisão. É de salientar que a geração de alternativas faz
exclusivamente parte da fase de desenho; no entanto, a sua avaliação corresponde à fase de

2-23
escolha. As regras de decisão são utilizadas para estabelecer uma hierarquia entre as
alternativas consideradas ou a considerar.

A utilização de SIG nesta fase é crítica para a capacidade de incorporação das preferências
do decisor no processo de tomada de decisão, embora, normalmente, os SIG não
disponibilizem um mecanismo flexível que permita a incorporação dessas preferências no
processo de tomada de decisão (Carver 1991, Heywood 1995 citados por Malczewski,
1999). Esta restrição torna os SIG um ambiente estático de modelação e reduz a sua
capacidade como ferramenta de apoio à decisão (Heywood, 1995 citado por Malczewski,
1999).

O sucesso dos SIG nesta fase da tomada de decisão depende da capacidade do sistema se
comportar como um sistema de apoio à decisão espacial (SEAD), ao ser incorporado no
processo de tomada de decisão (ponto 2.6).

2.3.4 Tecnologias de desenvolvimento para SEAD

De acordo com Densham (1989), citando e adaptando a infra-estrutura desenvolvida por


Sprague (1980) para os SAD, a tecnologia que permite o desenvolvimento de SAD assenta
em três níveis distintos (Figura 8). No nível mais baixo encontra-se uma caixa de
ferramentas de SEAD, constituída por um conjunto de hardware e de componentes de
software, que podem ser utilizados para construir uma série de módulos específicos. As
ferramentas de SEAD que permitem o des envolvimento de um gerador de SEAD, ou de um
SEAD específico, são linguagens de programação como, por exemplo, Arc Macro
Language, Avenue, Visual Basic , Visual C++, Magic etc.

2-24
Figura 8 Níveis de tecnologia para SEAD segundo Sprague (1980), adaptado de Densham (1991)

A um segundo nível, encontra-se o gerador de SEAD, constituído por módulos de


hardware e software compatíveis, facilmente parametrizáveis, de modo a permitirem a
construção de um SEAD específico. Alguns exemplos incluem: ArcInfo, ArcView,
MapObjects, Mapinfo, Geomedia, SAS, etc.

Um SEAD específico é um sistema vocacionado para a análise de um conjunto de


problemas de decisão previamente identificados. Estes sistemas são utilizados pelo decisor
na resoluç ão de problemas semi-estruturados, entre os quais: ARGIS, IDRISI Decision
Support, GeoMed, etc.

A infra-estrutura desenvolvida por Sprague é constituída por cinco papéis distintos, não
necessariamente desempenhados por cinco pessoas diferentes, correspondendo os três
primeiros aos três níveis que constituem a arquitectura do modelo. Assim sendo, existe um
especialista no desenvolvimento de aplicações, uma pessoa especializada na criação de
ferramentas de software que utilizam a mesma linguagem de programação da aplicação.

Depois de desenvolvidas estas ferramentas, um técnico terá de as adicionar ao gerador de


SEAD, tornando-o mais rico ao nível das capacidades e componentes. É o construtor do

2-25
SEAD específico que faz a configuração deste nível, a partir de módulos disponibilizados
pelo gerador de SEAD. O intermediário é a pessoa que se senta à frente do interface e
interage fisicamente com o sistema, no qual o decisor é o responsável pelo
desenvolvimento, implementação e gestão da solução adoptada.

O decisor especifica as análises a efectuar e utiliza os resultados do sistema para avaliar


várias soluções recorrentes. O resultado desta avaliação pode ser utilizado para investigar
outros aspectos do problema de decisão que poderão requerer capacidades adicionais, com
o objectivo de as incluir no SEAD específico.

O sistema é actualizado por cada uma das pessoas que têm a seu cargo os requisitos e
especificações técnicas nos três níveis da infra-estrutura de Sprague, sendo este processo de
adaptação e modificação em relação às preferências do decisor conhecido por processo de
modificação adaptativo (Keen, 1980).

A aplicação desenvolvida no âmbito desta dissertação, o Sistema de Apoio ao


Licenciamento da Direcção Regional do Ambiente do Alentejo, descrito no Capítulo 3,
constitui um SEAD específico e segue, também, esta estratégia de processo de modificação
adaptativo.

2.3.5 Sistemas espaciais para apoio à decisão

De acordo com as classificações definidas no ponto 2.2.3, podem diferenciar-se quatro


tipos de sistemas espaciais no apoio à decisão (Malczewski, 1999):

− Sistemas Espaciais de Processamento de Dados (SEPD);

− Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão (SEAD);

− Sistemas Espaciais Periciais (SEP);

− Sistemas Espaciais Periciais de Apoio à Decisão (SEPAD).

2-26
2.3.5.1 Sistemas Espaciais de Processamento de Dados

Segundo Malczewski (1999), este tipo de sistemas aplica-se a todos os problemas em que
os quatro elementos da actividade de resolução de problemas (dados; procedimentos;
objectivos e condicionantes; estratégias) são estruturados; ou seja, toda a informação
exigida se encontra disponível, existe um conjunto bem definido de critérios e
condicionantes, o problema pode ser resolvido a partir de procedimentos padronizados, e
não existe a necessidade de uma estratégia complexa para gerar e avaliar as alternativas.
Neste tipo de sistemas não existe a necessidade de envolver o decisor na resolução do
problema, pois existe a possibilidade de incorporar todos os elementos do problema num
modelo que pode ser analisado através de técnicas sistematizadas ou algoritmos. Os SEPD
não têm a capacidade de gerar estratégias flexíveis, sendo esta uma das características que
os distingue dos outros tipos de sistemas que suportam decisões espaciais.

2.3.5.2 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão

Os SEAD são sistemas interactivos concebidos para apoiar o utilizador ou o grupo de


utilizadores a atingir uma maior eficácia na tomada de decisões respeitantes a problemas
semi-estruturados de decisão espacial (Malczewski, 1997).

Densham (1991) acrescenta que este tipo de sistemas se caracteriza por disponibilizar uma
infra-estrutura que integra os sistemas de gestão de base de dados com os modelos
analíticos, os dispositivos gráficos de visualização, a possibilidade de produção de
relatórios tabulares e a inclusão dos conhecimentos do decisor.

Geoffrion (1983), citado por Densham (1991), refere que as características que definem um
SAD também podem ser utilizadas para definir um SEAD. No entanto, devido à
complexidade dos problemas que possuem uma componente espacial, torna-se necessário
que um SEAD possua capacidades e funcionalidades adicionais, com o intuito de:

• fornecer mecanismos para aceitar inputs sob a forma de dados espaciais;

2-27
• permitir a representação de relações espaciais complexas e de estruturas comuns em
informação geográfica;

• incluir técnicas analíticas unicamente utilizadas em análise espacial e geográfica


(incluindo estatísticas);

• permitir a geração de resultados em vários formatos, como mapas ou outros tipos


mais especializados.

Segundo Densham (1991), as características de um SEAD facilitam o processo de pesquisa


de decisão que pode ser caracterizado como iterativo, integrador e participativo. É iterativo
porque gera uma série de soluções alternativas, beneficiando análises posteriores, dado que
o ganho de informação conseguido neste processo servirá para ser, seguidamente, utilizado
pelo decisor em novas avaliações. É participativo porque o decisor desempenha um papel
activo na definição do problema, ao efectuar a análise e ao avaliar os resultados. O
benefício da participação resulta na integração dos conhecimentos do decisor sob a forma
de dados quantitativos nos modelos e na qualidade da informação utilizada. Ainda de
acordo com este autor, um SEAD é, normalmente, implementado para um domínio limitado
de um problema em que a base de dados integra uma variedade de dados espaciais e não
espaciais, que facilitam a utilização de técnicas de modelação analíticas e estatísticas. Este
tipo de sistemas disponibilizam interfaces gráficos para visualização de informação,
incluindo os resultados da análise, aos decisores, das mais variadas formas.

Keen (1980), refere que os SEAD se adaptam ao estilo de resolução de problemas do


decisor, podendo ser facilmente alterados de modo a incluir, adaptar ou eliminar
funcionalidades.

A tecnologia que compõe um SAD deverá consistir em três conjuntos de capacidades nas
áreas de diálogo, dados e modelos, que constituem o paradigma DDM – Data Dialog and
Models (Sprague e Watson, 1996).

2-28
Malczewski (1997) acrescenta que, à semelhança de um SAD, um SEAD bem desenhado
deverá estabelecer um equilíbrio correcto entre estas três capacidades.

Componentes

Os componentes de um SEAD incluem (Figura 9):

• um Sistema de Gestão de Base de Dados (SGBD), que contém as funções


necessárias para gerir a base de dados geográfica;

Figura 9 Componentes de um SEAD (adaptado de Malczewski, 1997)

• um Sistema de Gestão do Modelo de Base (SGMB), que contém as funcionalidades


para gerir o modelo de base;

• um Sistema de Geração e de Gestão de Diálogos (SGGD), que gere o interface entre


o utilizador e o resto do sistema.

Funções

As funções de um SEAD são específicas para cada um dos seus componentes (Tabela 1).
No que respeita ao componente das bases de dados de gestão, este deverá permitir a leitura

2-29
de dados de localização, como por exemplo, coordenadas, freguesias, locais, etc. Deverá,
igualmente, prever a possibilidade de obtenção de vistas a partir de perguntas feitas ao
sistema, assim como efectuar a aquisição, o armazenamento, a manipulação e integração de
dados lógicos, utilizando o sistema de gestão de base de dados residente na aplicação
(Malczewski, 1999).

Em relação ao componente do modelo de base e gestão, este deverá permitir um ou vários


tipos de análise, que poderão ser variados como, por exemplo, a busca por objectivos, a
optimização de percursos, a simulação de vários cenários com base na manipulação de uma
ou mais variáveis, ou quaisquer outros. Este componente deverá incluir módulos que
permitam ao decisor efectuar análises exploratórias e confirmatórias dos dados espaciais
com base em estatísticas e previsões, permitindo-lhe a inclusão das suas preferências como,
por exemplo, a definição dos níveis geográficos a incluir na análise, a escolha de cores e
padrões na representação dos temas com base atributos múltiplos, a inclusão de cálculos, de
diversos critérios de avaliação, etc.

Uma outra característica importante será a possibilidade de modelar a incerteza dos dados
com base em regras de decisão e através de análises de sensibilidade e/ou de propagação de
erros (Malczewski, 1999).

No que toca ao componente de gestão de diálogo, o interface deverá ser de utilização


amigável e bastante intuitiva, de modo a evitar uma deficiente interacção entre o utilizador
e o sistema (Goodchild, 1993). Para tal, deverão utilizar-se mensagens de erro e ajuda,
caixas de diálogo bem desenhadas, menus e botões intuitivos, eventualmente linhas de
comando para os utilizadores mais avançados, possibilidade de parametrização do interface
em relação às preferências do utilizador, ou seja, todo e qualquer tipo de artifícios que
facilitem a tarefa ao utilizador do sistema, garantindo a sua adesão à utilização deste.

2-30
COMPONENTES FUNÇÕES
Bases de dados de gestão Tipo de dados:
• Localização (ex. coordenadas)
• Topológicos (ex. pontos, linhas, polígonos e suas relações)
• Atributos (ex. geologia, elevação, rede de transportes, etc.)
Vistas de dados lógicos:
• SGBD relacionais
• SGBD hierárquicos
• SGBD de redes
• SGBD orientados por objectos
Gestão de bases de dados internas e externas:
• Aquisição
• Armazenamento
• Manipulação
• Perguntas
• Integração
Modelo de base e gestão Análise
• Busca por objectivos
• Optimização
• Simulação
• "What-if "
Estatísticas e previsões
• Análise exploratória de dados espaciais
• Análise confirmatória de dados espaciais
• Séries temporais
• Geostatística
Modelação das preferências do decisor
• Estrutura de valores
• Estrutura hierárquica de objectivos, critérios de avaliação,
objectivos e atributos
• Valores/utilidade de atributos múltiplos
Modelação de incerteza
• Incerteza dos dados
• Regra de decisão de incerteza
• Análises de sensibilidade
• Análise de erros de propagação
Gestão do diálogo Utilização amigável
• Mensagens de erro e ajuda
• Modo iniciado e avançado
• Variedade de estilos de diálogo
• Linhas de comando
• Menus
• Caixas de diálogo
• Interfaces gráficos para o utilizador
Dispositivos de visualização gráfica e tabular
• Visualização no espaço de decisão (dispositivos de visualização
de cartografia)
• Visualização no espaço de decisão resultante ( imagens 2D e 3D,
gráficos, relatórios, etc.)

Tabela 1 Funções de um SEAD (adaptado de Malczewski, 1999)

2-31
2.3.5.3 Sistemas Espaciais Periciais

Os Sistemas Espaciais Periciais (SEP) são sistemas baseados em computador que


empregam metodologias de raciocínio em determinados domínios espaciais do problema
para transferir conhecimento e recomendações, como se de um perito se tratasse
(Malczewski, 1999). Este tipo de sistemas, também conhecidos por Sistemas Espaciais
Baseados em Conhecimento (SEBC), têm como objectivo imitar o processo de raciocínio
utilizado por peritos na resolução de problemas que envolvem uma componente espacial e
suportam o processo de tomada de decisão através de perguntas relevantes, explicando as
razões para se adoptarem certas acções.

As principais características destes sistemas são as seguintes:

• possuem a capacidade de resolver problemas espaciais do mesmo modo, ou melhor,


do que peritos humanos;

• utilizam o conhecimento de peritos sob a forma de regras, enquadramentos 3 ou


qualquer outro formalismo para a sua representação computacional explícita;

• interagem com os decisores.

Enquanto os sistemas periciais representam as regras através de operadores lógicos, os SEP


acrescentam operações espaciais do tipo “a Norte de”, “fora de”, “dentro de” e “mais longe
do que”.

Generalizando, os SEP consistem num conjunto de regras e de dados que interagem através
de um mecanismo de inferência (Kim et al., 1990; Schmoldt e Rauscher, 1996, citados por
Malczewski, 1999).

3
Enquadramentos (frames em inglês) são colecções de atributos e valores associados que descrevem uma
entidade do mundo real (Rich & Knight, 1991).

2-32
Além do interface para o utilizador, os SEP possuem dois componentes principais:

• base de conhecimento – consiste num conjunto de regras, enquadramentos, ou


qualquer outro formalismo de representação, que descrevem as relações entre os
elementos no domínio do conhecimento;

• mecanismo de inferência – consiste nos métodos de utilização das regras existentes


na base de conhecimentos, com o objectivo de inferir conclusões.

As regras assumem, de uma maneira geral, a seguinte forma:

[condição(ões) → resultado(s)]

As regras utilizadas para se inferir um determinado resultado são definidas no exterior por
um perito. Para se representarem as regras num computador, torna-se necessário obtê-las
dos peritos, num processo conhecido por aquisição de conhecimentos, que consiste em
identificar qual a informação que os peritos utilizam para resolver um problema específico
e como combinam essa informação para chegarem a um resultado. O mecanismo de
inferência é o elemento responsável pela inter-relação das regras constantes na base de
conhecimento (Rich & Knight, 1991).

O desenvolvimento de Sistemas Periciais é baseado na premissa de que os humanos tomam


decisões depois de percorrerem todo o espaço de pesquisa associado ao problema,
acedendo a um pequeno número de regras associadas entre si, cada uma representando uma
tarefa específica de decisão. Os mecanismos utilizados podem ser representados em
linguagens de programação, como uma série de regras do tipo “IF/THEN”. Em alguns
sistemas, as regras e os resultados da inferência têm associados um objectivo ou
probabilidade subjectiva, obtidos a partir de conhecimento pericial humano (Rich &
Knight, 1991).

2-33
2.3.5.4 Sistemas Espaciais Periciais de Apoio à Decisão

O objectivo deste tipo de sistemas é em tudo semelhante ao dos SEAD, ou seja, é o de

melhorar a qualidade da tomada de decisão. No entanto, a sua filosofia e os seus objectivos

são bastante diferentes. A principal diferença reside no facto do objectivo do SEAD estar

mais focalizado no apoio ao decisor do que em substituí-lo, como acontece com os

Sistemas Espaciais Periciais de Apoio à Decisão (SEPAD). Neste tipo de sistemas, o

objectivo é o de replicar o conhecimento de um perito na tomada de decisão espacial,

substituindo o decisor. Consequentemente, enquanto que nos SEAD o processo de tomada

de decisão é baseado na interacção entre o decisor e o sistema, nos SEPAD o objectivo

centra-se numa recomendação disponibilizada para o decisor, baseada no conhecimento de

peritos, armazenado no sistema.

Malczewski (1999) propõe uma infra-estrutura para este tipo de sistemas (Figura 10)
semelhante à infra-estrutura para SEAD, com a particularidade de se poderem adicionar um
ou vários SP. A principal ideia subjacente a este tipo de abordagem é permitir
disponibilizar ao utilizador, mesmo que inexperiente, uma ferramenta que dê respostas aos
problemas de decisão espacial.

2-34
Figura 10 Infra-estrutura para SEPAD (adaptado de Malczewski, 1999)

Os SEAD permitem que o utilizador lide com o problema de um modo flexível, incluindo
as suas preferências pessoais, através da manipulação de dados e modelos, enquanto que
nos SEPAD, o utilizador tem pouca, ou nenhuma, flexibilidade.

2.4 Análise espacial multi-critério

Segundo Malczewski (1999), a decisão espacial baseada em critérios múltiplos requer uma
articulação dos objectivos do decisor e a identificação de atributos úteis para indicar o grau
com que estes objectivos são efectivamente atingidos. O objectivo e os atributos formam
uma estrutura hierárquica de critérios de avaliação para um problema de decisão específico.

2-35
Ainda segundo este autor, os critérios, individualmente e em conjunto, deverão representar
adequadamente a natureza multi-critério de um problema de decisão. Cada critério que
compõe este tipo de problemas, deve ser individualmente, mensurável e compreensível. Os
critérios de decisão, no seu conjunto, deverão ser completos, operacionais, divisíveis em
componentes individuais, não redundantes e minimalistas. Uma vez estabelecida a estrutura
hierárquica dos objectivos e atributos, cada critério deve ser representado num nível de
informação da base de dados geográfica.

2.4.1 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão Multi-Critério

Os sistemas de apoio à decisão espacial multi-critério (SEAD-MC) podem ser vistos como
uma classe de SEAD, com a particularidade de se basearem em vários critérios para a
tomada de decisão espacial. Os problemas de decisão multi-critério envolvem um conjunto
de alternativas que são avaliadas com base em critérios não ortogonais. Os SEAD-MC são
sistemas baseados em computador, controlados pelo utilizador, que disponibilizam dados e
modelos para suportarem problemas de decisão espaciais semi-estruturados (Malczewski,
1999).

Nos últimos anos foram propostas várias infra-estruturas no que diz respeito ao desenho de
SEAD-MC, tendo todas elas em comum o facto de pretenderem integrar as capacidades dos
SIG com as técnicas de decisão baseadas em critérios múltiplos. O modo como estes dois
componentes são integrados depende da filosofia da estratégia de desenho, dos tipos de
problemas de decisão e dos modelos de decisão multi-critério incorporados no SEAD-MC.

Apesar de existirem diferentes abordagens, é habitualmente aceite que a estrutura básica


deste tipo de sistemas é composta por três elementos principais: a base de dados geográfica,
os modelos multi-critério e o interface para o utilizador (Figura 11).

2-36
Figura 11 Infra-estrutura para SEAD -MC (adaptado de Malczewski, 1999)

Esta infra-estrutura é constituída por diversas actividades de resolução de problemas como


a construção da base de dados, o desenvolvimento da estrutura de valores multi-critério
(relação entre os objectivos e atributos e as preferências do decisor), a geração de decisões
alternativas, a avaliação de alternativas, a execução de análise de sensibilidade e a escolha
de uma alternativa para implementação. Devido ao facto de muitas decisões que possuem
uma componente espacial envolverem preferências conflituosas, este tipo de sistemas deve
ter a capacidade de suportar decisões em grupo ou colaborativas (Malczewski, 1999).

2.4.2 Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão Colaborativos

Muitos problemas espaciais são intrinsecamente complexos e a sua resolução requer uma
abordagem interdisciplinar. Consequentemente, os indivíduos envolvidos na sua resolução
colaboram muitas vezes no desenvolvimento de soluções para este tipo de problemas como
membros de um grupo ou de uma task force.

2-37
Segundo Densham e Armstrong (1995), é neste tipo de colaboração que os sistemas
espaciais de apoio à decisão existentes apresentam maiores fraquezas: não foram
explicitamente concebidos para fornecer ferramentas que permitam a grupos de indivíduos
desenvolver e avaliar soluções alternativas para problemas espaciais complexos.

Assim, torna-se necessário desenvolver as ferramentas existentes para SEAD no sentido de


ajudar grupos de tomada de decisão a gerar soluções para problemas espaciais com
definição deficiente, nomeadamente por meio da integração dos SEAD em ambientes de
trabalho cooperativo apoiado por computador. Tais ambientes – denominados SEAD
colaborativos - permitem a grupos de indivíduos trabalhar em conjunto por meio de um
conjunto de ferramentas genéricas que lidam com muitas das tarefas requeridas pelos
grupos de empresas (troca de informação sob a forma de texto, números e gráficos) e com
avaliações de grupo, construção de consensos e votações.

Os SEAD colaborativos são um tipo específico de Sistemas de Apoio à Decisão Multi-


Critério. Permitem a tomada de decisões em grupo e, nomeadamente, a resolução de
questões difusas.

Um exemplo deste tipo de sistemas de apoio à decisão multi-objectivo de análise difusa


(Bender e Simonovic, 1995 e Simonovic e Bender, 1996, citados por Malczewski, 1999) é
o sistema desenvolvido para a gestão de recursos hídricos, pela Universidade de Manitoba4.

2.5 Disponibilização de funcionalidades SIG na Internet

Um dos principais focos do desenvolvimento actual de ferramentas SIG consiste no


desenvolvimento de funcionalidades destes sistemas para disponibilização na Internet.

4
Trata-se de um protótipo de aplicação em UNIX que utiliza extensivamente GRASS GIS, programação em
FORTRAN e scripts em UNIX. O sistema foi concebido e testado com o objectivo de auxiliar a gestão de
recursos hídricos na província de Manitoba, Canadá.

2-38
Plewe, citado por Lopes (2000), utiliza o termo Sistemas de Informação Geográfica
Distribuídos (SIGD) para referir a tecnologia de distribuição de informação geográfica por
uma vasta audiência, familiarizada ou não com SIG, de forma a permitir a realização de
funções e obtenção de resultados similares aos existentes num ambiente SIG centralizado.

A Internet constitui um meio privilegiado e com um elevado potencial de crescimento no


que respeita à disponibilização de grandes quantidades de informação georreferenciada, e
torna possível o acesso, por parte dos utilizadores, a funcionalidades SIG, sem terem
necessariamente de ser proprietários de licenças de aplicações de SIG, bastando para tal
disporem de um computador com ligação à Internet e de um browser.

Lopes (2000), refere existirem quatro formas de distribuir informação espacial disponíveis
a partir de um SIGD:

• ficheiros de dados – transferência de um conjunto de dados geográficos


(componentes geográfica e alfanumérica) para os utilizadores, que deverão ser
experientes e detentores de software de SIG;

• mapas – distribuição em formato raster (normalmente formatos GIF ou JPEG) ou


vectorial (actualmente os browsers comuns necessitam softwares adicionais para
lerem este formato de dados);

• pesquisas simples – pesquisas sobre bases de dados de acordo com um conjunto de


critérios espaciais, ou de atributos de entidades, definidos à partida e disponíveis
numa interface em que os resultados que satisfazem os critérios são devolvidos
sobre a forma de mapas ou dados tabulares;

• funções de análise espacial – estendem o acesso às funcionalidades SIG


disponíveis no servidor, por exemplo, pesquisas complexas, cálculo de áreas
tampão, mapas dinâmicos, etc.

Existem várias estratégias que podem ser utilizadas para distribuir dados georreferenciados
e adicionar funcionalidades de SIG à Internet (Foot e Kirvin, 1998):

2-39
• baseadas no servidor - permitem que os utilizadores (clientes) façam os seus pedidos
sobre dados e diversas análises. O servidor processa o pedido de informação e devolve
os dados, ou a análise, para o cliente remoto (Figura 12).

Figura 12 Configuração baseada no servidor (adaptado de Foote e Kirvin, 1998)

• baseadas no cliente - permitem que os utilizadores (clientes) efectuem a manipulação


e análise de dados localmente nos seus próprios computadores (Figura 13).

Figura 13 Configuração baseada no cliente (adaptado de Foote e Kirvin, 1998)

2-40
• soluções híbridas - combinam as características das estratégias baseadas no cliente
e no servidor, optimizando o desempenho e respondendo a necessidades específicas
dos utilizadores (Figura 14).

Figura 14 Configuração híbrida (adaptado de Foote e Kirvin, 1998)

Estas estratégias implicam diferentes situações de equilíbrio entre clientes e servidores para
com um conjunto de tarefas típicas destes sistemas (Tabela 2).

Cliente fraco Equilíbrio Cliente forte Cliente SIG


Tarefas do - navegação - análise - pesquisa - servidor de
servidor - pesquisa - desenho de mapas - análise ficheiros
- análise - desenho de mapas
- desenho de mapas
Transferência - mapa raster - mapa raster / - mapa vectorial - dados tabulares
vectorial
Tarefas do - visualização - visualização - visualização - visualização
cliente - navegação - navegação - navegação
- pesquisa - pesquisa - pesquisa
- análise
- desenho de mapas
Tabela 2 Tabela que resume o equilíbrio entre o cliente e o servidor (adaptado de Lopes, 2000)

2-41
Os programadores podem desenvolver este tipo de aplicações desde a raiz, ou optar pela
compra de módulos adicionais de aplicações comerciais de SIG. O desenho da interface
exige um grande cuidado para assegurar que os utilizadores compreendam a informação e
utilizem as funcionalidades disponibilizadas pelo sistema.

O grande desafio das aplicações de SIG para a Internet reside na criação de aplicações que
sejam independentes das plataformas em que operam, e que funcionem em qualquer rede
baseada em protocolo TCP/IP, ou seja, qualquer computador que esteja ligado à Internet
através de um browser.

2.6 Casos de estudo de SEAD

Como referido anteriormente, os problemas de decisão multi-critério envolvem um


conjunto de alternativas que são avaliadas com base em critérios conflituosos, devendo ter a
capacidade para suportar processos de decisão de grupo ou colaborativos. Um contributo
significativo do conceito de SEAD-MC é a integração de ferramentas (dados e modelos)
previamente separadas num todo, cujo valor venha maior que a soma das partes.
Apresentam-se, em seguida, alguns casos de estudo que reflectem bem as potencialidades e
os campos de aplicação deste tipo de sistemas.

2-42
DOCLOC 5 - Afectação de recursos de serviços de saúde

Este caso de estudo retrata um SEAD-MC denominado DOCLOC, que foi concebido para
ajudar o Departamento de Saúde do estado de Idaho, E.U.A., a avaliar as necessidades dos
vários serviços de sáude primários.

Figura 15 Área de estudo do DOCLOC (Geochoice, 2000)

O problema de decisão consiste na aplicação de um determinado orçamento de 240 000


dólares americanos nos serviços de cuidados de saúde primários, de modo a melhorar o
acesso dos cidadãos a este tipo de serviços.

O tipo de dados utilizado é proveniente de fontes estatais e federais.

As alternativas de localização foram avaliadas e ordenadas com base em critérios de


atractividade para os profissionais de saúde, de acordo com critérios de preferência pessoais
e profissionais.

5
O DOCLOC foi desenvolvido pela empresa norte-americana Geochoice (www.geochoice.com). Esta é uma
empresa especializada em desenvolvimento de software de apoio à decisão espacial.

2-43
Foram estabelecidos 13 critérios para avaliar as necessidades de financiamento das áreas de
serviço de cuidados primários (PCSA – Primary Service Areas). Estes agrupavam-se nas
seguintes categorias: características sócio-económicas das PCSA, disponibilidade de
médicos e instalações e número estimado de visitas não atendidas.

Os objectivos de decisão do DOCLOC podem classificar-se em dois níveis:

• nível genérico: melhorar o o acesso aos cuidados de saúde primários no estado de


Idaho;

• nível operacional: quantificação das necessidades de serviços deste tipo nas áreas
servidas pelos serviços existentes; classificar as PCSA com base nas suas
necessidades; utilizar essa classificação para a afectação dos fundos.

O DOCLOC possui quatro módulos distintos:

• uma base de dados geográfica;

• um módulo gráfico de visualização de atributos e mapas;

• um programa que permite a transferência de dados;

• um modelo de decisão multi-critério.

As capacidades de visualização e de base de dados foram implementadas utilizando os


programas ArcView e ArcInfo, respectivamente, e referem-se à selecção de vistas,
imagens, tabelas de atributos e especificação de perguntas ao sistema.

O modelo SEAD-MC recebe como input uma tabela de decisão. Seguidamente, a regra de
decisão de ponto ideal (TOPSIS)6 permite ao utilizador o estabelecimento de preferências e

6
TOPSIS (Technique for Order Preference by Similarity to the Ideal Solution): desenvolvida por Hwang e
Yoon, 1981, define a melhor alternativa como sendo simultaneamente mais próxima da alternativa ideal e
mais longínqua do ponto mais negativo, com base no conceito de utilidade monótona crescente (quanto maior

2-44
a classificação de alternativas. As alternativas de localização são listadas por ordem
decrescente, assim como o nome (ou número) das áreas de cuidados de saúde, sendo-lhes
atribuídas pontuações. Todas as componentes do sistema consistem em aplicações de
Windows e correm a partir do mesmo interface, o que assegura a consistência da
utilização do sistema.

A afectação de fundos nas PCSA é um problema de decisão iterativo e a re-avaliação de


necessidades de cuidados de saúde primários é efectuada de 3 em 3 anos.

CRDSS 7 – Sistema de apoio à decisão do Rio Colorado

O Rio Colorado e os seus afluentes abastecem de água cerca de um terço da área do estado
do Colorado, EUA. A gestão das águas do Colorado está condicionada por pactos, um
tratado internacional, um decreto do Supremo Tribunal e legislação estadual diversa. O
Pacto do Rio Colorado, datado de 1922, dividiu o uso das águas do Sistema do Rio
Colorado entre uma Bacia Superior e uma Bacia Inferior, a que correspondem benefícios
decorrentes do uso para consumo. Para além disso, o Tratado Mexicano de 1944 atribuiu
também ao México um caudal anual. O Rio Colorado serve uma região árida, onde a água
disponível é insuficiente para satisfazer as necessidades de todos os utilizadores.

Tanto o Estado como os restantes utilizadores têm interesse em ter acesso ao impacte das
transferências de direitos sobre a água e à evolução dos recursos hídricos. No estado do
Colorado, os direitos sobre a água são considerados propriedade privada, permitindo ao
indivíduo que os detém a sua utilização; acresce ainda que esses direitos são transmissíveis
entre tipos de usos e de um local para outro, desde que não se transgrida nenhum direito
consagrado na legislação.

valor do atributo, melhor é a alternativa) ou decrescente (quanto menor o valor do atributo, melhor é a
alternativa).
7
Em 1993 o estado do Colorado, EUA, iniciou o desenvolvimento do CRDSS. A informação relativa a este
projecto encontra-se disponível no seguinte endereço de Internet: http://cdss.state.co.us

2-45
O estado do Colorado procede a avaliações constantes da gestão dos seus recursos hídricos
face ao crescimento da população e da procura, e às reduções de fundos relativos a
programas hídricos federais. A gestão e uma utilização mais eficiente dos recursos
existentes tem recebido uma atenção acrescida, tanto por parte dos utilizadores como das
autoridades estaduais. A gestão dos recursos hídricos e o SAD do Rio Colorado propõem-se
incluir:

• a análise do Pacto inter-estadual;

• o planeamento de recursos hídricos;

• a gestão dos direitos de utilização da água.

O principal objectivo do SAD do Rio Colorado consiste em fornecer a capacidade de


desenvolver informação credível, com base na qual se possam tomar decisões informadas
no que se refere à gestão dos recursos hídricos do rio Colorado. Assim, o CRDSS deverá:

• desenvolver bases de dados exactas, fáceis de utilizar, que auxiliem a gestão e a


afectação dos recursos hídricos do rio Colorado e dos seus afluentes;
• fornecer dados e modelos que permitam avaliar estratégias alternativas de gestão de
recursos hídricos que podem maximizar a utilização dos recursos disponíveis em
todos os tipos de condições hidrológicas;

• ser um sistema funcional que possa ser utilizado por decisores e outros, e cuja
manutenção e actualização caiba ao estado do Colorado;

• ter a capacidade de representar com exactidão as políticas correntes e potenciais,


federais e estaduais, administrativas e operacionais;
• promover a partilha de informação entre organizações governamentais e
utilizadores de recursos hídricos.

O CRDSS centra-se em bases de dados contendo informação histórica sobre correntes,


factores climatéricos e usos de água, assim como em tabelas de direitos de utilização de

2-46
recursos hídricos e de políticas de gestão de recursos hídricos. Os dados são associados a
localizações na bacia do rio, utilizando um sistema de informação geográfica. Este sistema
deverá permitir aos decisores aceder aos dados sobre recursos hídricos e simular potenciais
decisões e políticas a implementar, assim como examinar consequências potenciais,
relacionadas com os seguintes factores:
• política de Pactos Interestaduais, incluindo a avaliação de depósitos alternativos e
políticas operacionais do rio, a determinação da água disponível e a maximização da
distribuição das águas do rio;
• planeamento dos Recursos Hídricos, incluindo o desenvolvimento e a utilização de
um modelo de planeamento de recursos hídricos (i.e., novos projectos, permutas de
água, planos operacionais) e a avaliação dos impactos das apropriações de fluxos de
correntes (ou seja, cardumes de peixes em perigo, correntes mínimas);
• gestão de Direitos sobre a Água, incluindo a optimização da gestão de direitos sobre
a água, a partilha de informação on-line entre utilizadores da água, e a gestão dos
direitos sobre a água no contexto das disposições estabelecidas pelo Pacto (i.e.,
estratégias alternativas de gestão que permitirão a máxima utilização dos recursos
disponíveis).

O projecto do CRDSS foi organizado em tarefas que, quando completas, são integradas
num sistema computacional concebido para atingir totalmente os objectivos originais.
Trata-se de um SAD orientado para o utilizador, centrado em cinco elementos críticos:
• desenvolvimento da base de dados;

• modelos;

• integração do sistema;

• envolvimento dos utilizadores;

• documentação.

2-47
OSDM – Open Spatial Decision Making on the Internet

Trata-se de sistemas baseados em SIG, acessíveis através da Internet (Figura 16). O caso
retratado seguidamente foi concebido como um meio auxiliar para encontrar as localizações
adequadas para o tratamento de resíduos nucleares.

Desenvolvido por Carver (1996), trata-se de um sistema que não exige conhecimentos
prévios de SIG nem de SEAD-MC. Todas as respostas são obtidas por meio de ícones e
botões, com a utilização do rato.

O sistema permite aos utilizadores aceder a dados de SIG (imagens de mapas digitais) e
informação acerca desses dados (fonte, relevância, etc.), assim como a identificação de
localizações adequadas, de acordo com as suas preferências individuais, dado que a
avaliação dos critérios é importante para a escolha de localizações das estações de
tratamento de resíduos nucleares.

O processo de identificação de localizações adequadas para a instalação de estações de


tratamento de resíduos nucleares na Grã-Bretanha envolve, basicamente, três estádios:

• um menu de visualização de dados, que permite aceder aos dados e informação do


SIG;

• um menu de selecção de dados e hierarquização de critérios, que permite aos


utilizadores seleccionar um conjunto de restrições e mapas de critérios, avaliar
mapas de critérios individuais e, seguidamente, submeter a informação a uma
busca no site;

• um menu de visualização de resultados, que permite aos utilizadores ver a imagem


resultante da busca no site; um menu final permite ao utilizador uma oportunidade
para fornecer feedback acerca do sistema e das vistas referentes à questão do
depósito de resíduos radioactivos.

2-48
Figura 16 Página de Internet do OSDM (Carver, 96)

A análise de decisão multi-critério tem como inputs duas componentes: os mapas de


condicionantes (de ordem geológica; de tipos de terreno à superfície, sendo os terrenos
calcários à superfície considerados propícios; restrições para áreas de conservação da
natureza; restrições de localização costeira; restrições para zonas com elevada densidade
populacional) e os mapas de avaliação de critérios (atributos: densidade populacional;
acesso das populações; acesso estratégico; acesso por estradas locais; acesso por ferrovias
locais; distância de áreas de conservação).

Virtual Slaithwaite Case Study

É um sistema que envolve a comunidade local em actividades de planeamento, integrado


num vasto programa levado a cabo por universidades do Reino Unido. Trata-se de um
modelo PFR (Planning for Real), virtual, baseado na Internet (Figura 17).

2-49
Utilizando uma área de 2 km2 de terreno em redor de Slaithwaite, este projecto consistiu no
desenvolvimento de um modelo virtual da localidade, que permitisse à comunidade local
interagir com um mapa digital, dando-lhe um acesso quase instantâneo às questões
apresentadas (queries) e aos resultados decorrentes. O sistema Virtual Slaithwaite consiste
num “SIG on-line de participação pública”, e deverá ter sido um dos primeiros sistemas
acessíveis ao público a permitir fluxos de informação nos dois sentidos. A janela do
browser de Internet consiste em 4 frames para cada tipo específico de informação. Os
utilizadores podem visualizar um mapa de Slaithwaite, ampliar ou encolher a imagem,
proceder a operações que ajudem a visualização e a navegação, fazer perguntas acerca de
edifícios e estradas e, ainda, fornecer sugestões acerca de sites específicos identificados a
partir do mapa. Todos os inputs fornecidos pelos utilizadores são guardados por meio de
logs de acesso à Internet, para serem seguidamente utilizados para análises futuras e
servirem de feedback para o processo de planeamento.

Figura 17 Interface do Virtual Slaithwaite em Java (Carver, 1999)

2-50
Criou-se, assim, uma base de dados desta comunidade, representando pontos de vista
acerca das actividades de planeamento, que os utilizadores fornecem por meio de
preenchimento de caixas de texto. Os utilizadores apenas têm de seleccionar o objecto
(edifícios, espaços abertos, rio ou canal). As caixas de texto são enviadas para o sistema
quando o utilizador termina e sai do sistema; o utilizador é ainda confrontado com um
questionário de avaliação da aplicação e podem fazer comentários adicionais (Figura 18). A
aplicação foi implementada utilizando as classes de vectores de Geotools 8.

As respostas dos utilizadores são tratadas por meio de scripts PERL por parte do servidor e
de formulários de HTML. Foi decidido que os utilizadores não tivessem acesso aos
comentários de outras pessoas, com vista a tentar receber sugestões imaginativas.

Figura 18 Introdução de comentários no sistema (Carver, 1999)

8
Trata-se de um pacote de software baseado em Java para visualização e elaboração de queries para ficheiros
em formatos da ESRI.

2-51
Este método apresentou diversas vantagens em relação ao modelo PFR tradicional, de entre
as quais se destacam:

• a possibilidade de actualização instantânea da base de dados e do perfil dos


utilizadores on-line;
• o sistema virtual dispõe de um longo tempo de utilização, permitindo às pessoas
utilizá-lo em qualquer altura, com acesso através de qualquer máquina;

• o público não necessita de comparecer em qualquer reunião, em determinada


altura ou lugar, o que consiste muitas vezes no maior factor condicionante de
participação pelos métodos tradicionais;
• o sistema permite uma recolha de resultados mais rápida a partir dos ficheiros e
o site da Internet pode ser utilizado para dar a conhecer os resultados/feedback;

• o PFR tradicional requer instrumentos que limpem periodicamente as sugestões


dos utilizadores, retirando-as do modelo físico, e incluir a informação numa base
de dados para uma análise posterior.

As arquitecturas VDME (Virtual Decision Making Environments) consistem em sistemas


baseados em Internet, colaborativos e participativos. De acordo com Kingston (99), são
espaços virtuais, criados para permitir a iteração entre grupos de indivíduos (participantes
ou clientes), com o intuito de:
1. explorar o problema de decisão;
2. experimentar com alternativas de escolha;
3. formular uma ou mais escolhas de decisão.

A exploração do problema de decisão consiste numa parte essencial do processo de


aprendizagem dos utilizadores. O acesso directo e fácil à informação relacionada com um
problema de decisão é um elemento-chave na aprendizagem, nas suas diversas facetas.

2-52
Neste contexto, a informação deverá estar disponível tanto no que se refere aos aspectos
espaciais como não-espaciais do problema de decisão. Estes poderão tomar a forma de
mapas e outras formas de dados espaciais (fotografias aéreas, imagens de satélite, etc.),
assim como sob a forma de multimédia - texto, som, imagens e vídeo.

Todos estes tipos de informação deverão, em conjunto, contribuir para explicar os


contextos histórico e político do problema de decisão, assim como o seu enquadramento
físico, social, cultural e económico. As ideias e/ou perspectivas existentes para o problema
de decisão, tanto a nível individual como da comunidade, deverão ser apresentadas onde
forem produzidas.

Através da aprendizagem de todos os aspectos de um problema de decisão, o cliente deverá


começar a modificar as ideias existentes e a gerar outras novas. Estas podem ser respostas
no espaço da informação, na forma e quando tal seja considerado conveniente.

A experimentação com alternativas de escolha consiste noutra parte essencial do processo


de aprendizagem. As alternativas de solução praticáveis poderão ser identificadas e
alimentadas no espaço de decisão, ao passo que as alternativas impraticáveis ou geradoras
de conflitos serão rejeitadas. Esta aproximação do tipo What if é fundamental para muitas
análises exploratórias em SIG, dado que estes sistemas deverão permitir aos clientes testar
teorias/hipóteses básicas no que se refere às suas alternativas de decisão, desenvolver
modelos de decisão e/ou caminhos aplicáveis ao problema de decisão e aproximar-se de um
consenso e/ou compromisso e trade-off com as ideias de outros utilizadores.

A formulação das escolhas de decisão deve ter como objectivo a maximização de


consensos e a minimização de conflitos. Deste modo, poderá ser possível identificar a
melhor solução de compromisso. A comunicação e o feedback para todos os clientes é
essencial neste estádio (e no decurso do processo de decisão), com vista a fornecer aos
clientes informação acerca de como e porquê foram identificadas alternativas de decisão
específicas. A maximização de consensos no decurso de todo o processo de decisão
contribui para a maximização da aceitabilidade da decisão final, minimizando, deste modo,
qualquer reacção adversa (Carver, 1996).

2-53
3 O SISTEMA DE APOIO AO LICENCIAMENTO DA DRA-
ALENTEJO

3.1 Enquadramento

A DRA-Alentejo, como instituição regional responsável pela gestão ambiental de recursos,


desenvolve uma importante actividade de licenciamento de projectos ou de avaliação prévia
da sua localização; neste âmbito, debate-se com dificuldades no que respeita à confrontação
das condicionantes ambientais destes processos de avaliação (normalmente constantes de
cartografia dispersa, com diferentes origens), o qual vem sendo executado de modo não
automatizado, consumindo desnecessariamente recursos que poderiam ser aplicados na
execução de outras tarefas.

A DRA-Alentejo emite pareceres sobre toda a área sob a sua jurisdição, com base na
legislação ambiental em vigor, constituindo este processo de avaliação uma das tarefas dos
seu técnicos. Este tipo de análise tem vantagens em utilizar tecnologia SIG, explorando em
particular a base de dados espacial e as capacidades de análise que lhe são inerentes.

Foi neste sentido que a DRA-Alentejo começou a desenvolver, em colaboração com o


Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa
(ISEGI-UNL), um sistema que permitisse, entre outras funcionalidades, disponibilizar uma
ferramenta de apoio à decisão de fácil utilização com o intuito de armazenar, consultar,
extrair e analisar informação geográfica de carácter ambiental.

3-54
3.2 Objectivos

O principal objectivo subjacente ao desenvolvimento do Sistema de Apoio ao


Licenciamento (SAL) é permitir a simulação de condicionantes ambientais a partir de um
interface, de modo a que qualquer técnico da DRA-Alentejo, não necessariamente
especialista em sistemas de informação geográfica, consiga, de um modo simples, ter
acesso a um relatório que o auxilie a emitir pareceres acerca de pretensões de
licenciamento, da competência da DRA-Alentejo. De igual modo se pretende que, através
deste interface, seja possível armazenar informação numa base de dados sobre os pedidos
de licenciamento, ou de avaliação prévia entrados como, por exemplo, dados sobre o
requerente, sobre o processo individual e acerca da implantação espacial do processo.

Outro objectivo, não menos importante, é o de sistematizar e integrar toda a recolha,


armazenamento e gestão de informação georreferenciada da DRA-Alentejo, de modo a que
se retirem todos os benefícios que a utilização de um SIG disponibiliza.

3.3 Processo de desenvolvimento utilizado

O desenvolvimento do SAL foi baseado num processo iterativo, integrando de forma


coordenada as diferentes fases de trabalho realizadas.

A adopção de um processo de desenvolvimento permitiu, entre outros aspectos:

• definir as actividades a executar ao longo do projecto;

• auxiliar no planeamento do projecto;

• proporcionar pontos de controlo para a avaliação do projecto e para a tomada de


decisões.

3-55
O faseamento das actividades a levar a cabo no desenvolvimento do SAL não implicou uma
rígida progressão sequencial das fases de trabalho realizadas, pois verificou-se, em várias
ocasiões, a necessidade de rectificar ou completar aspectos anteriormente desenvolvidos.
Devido a esta particularidade, comum a projectos de desenvolvimento aplicacional, houve a
necessidade de se optar por um modelo de desenvolvimento que apresentasse um carácter
iterativo, de modo a corresponder da melhor forma possível aos objectivos estabelecidos.

Assim sendo, o modelo que foi adoptado baseia-se na construção de protótipos sucessivos,
seguindo a filosofia do modelo desenvolvido por Boehm (1994), denominado por Espiral
(Figura 19).

Figura 19 Modelo da Espiral (adaptado de Boehm, 1994)

O modelo da Espiral permite a paragem do processo de desenvolvimento do produto,


dependendo dos resultados obtidos a partir da especificação de requisitos adicionais.

3-56
Neste modelo, o sistema informático é desenvolvido por etapas, podendo cada uma das
fases repetir-se várias vezes até à conclusão do projecto, que acontece quando o cliente
aprova o resultado do desenvolvimento.

Cada fase deste modelo encontra-se dividida em quatro quadrantes, que reflectem as
actividades principais:

• planeamento – envolve a determinação dos objectivos do projecto, alternativas e


condicionantes.

• análise de risco – engloba a análise de alternativas e a identificação de riscos.

• desenvolvimento – envolve o desenvolvimento e o teste do novo produto.

• avaliação – verificação dos resultados por parte do cliente.

A dimensão radial do modelo representa os custos cumulativos de cada etapa, enquanto que
a dimensão angular representa o progresso de cada um dos ciclos. Durante o primeiro
circuito à volta da espiral são estabelecidos os objectivos, identificados condicionalismos e
alternativas, e levantada e analisada toda a informação relativa ao projecto a ser
desenvolvido.

Com base nesta informação, é iniciado o desenvolvimento aplicacional que, muito


provavelmente não constitui ainda um sistema completo que responda a todas as
necessidades. Assim, após a avaliação por parte dos utilizadores poderá ser necessário
efectuar uma nova volta na espiral, fazendo avançar a implementação do sistema.

Cada volta à espiral, no sentido dos ponteiros do relógio, representa uma fase que resulta
num protótipo, ou seja, uma extensão natural do protótipo desenvolvido anteriormente.
Nesta fase, o desenvolvimento aplicacional resulta num protótipo a ser avaliado pelos
utilizadores, que deverão proceder à sua avaliação e apresentar as devidas sugestões; com
base na avaliação e nas sugestões, será iniciada uma nova volta à espiral.

3-57
Em cada nova iteração são ajustados os requisitos, em estreita colaboração com os
utilizadores, criando-se protótipos cada vez mais evoluídos. A utilização de uma ferramenta
de desenvolvimento rápido, como por exemplo, o Visual Basic , faz com que este modelo
seja considerado adequado à execução deste projecto. Este tipo de ferramentas permite
reduzir consideravelmente o tempo de desenvolvimento e os recursos consumidos na
implementação.

O modelo da Espiral revelou-se como sendo o mais indicado, pois inclui uma metodologia
na qual os protótipos constituem elementos essenciais para se atingir a especificação final,
quer ao nível das funcionalidades a implementar, quer em relação ao próprio interface do
SAL.

3.4 Modelo de implementação do SAL

Descrevem-se, seguidamente, as características das opções tomadas, no sentido de se


efectuar a implementação do SAL. Estas opções estão relacionadas com a arquitectura e o
modelo de objectos adoptados.

3.4.1 Arquitectura
Para se efectuar a implementação do SAL, optou-se por um modelo baseado na arquitectura
DNA da Microsoft (Windows Microsoft Distributed Internet Applications) (Figura 20).

Figura 20 A arquitectura DNA da Microsoft (Redmond, 1999)

3-58
Uma arquitectura DNA não constitui um produto, mas sim uma estratégia vocacionada para
desenvolver aplicações utilizando a plataforma do Windows, e tem como objectivo
disponibilizar a tecnologia de componentes, os serviços de interoperabilidade e as
ferramentas para os programadores desenvolverem aplicações. Esta arquitectura representa
a abordagem da Microsoft no que se refere ao desenvolvimento de aplicações distribuídas
que utilizam uma arquitectura lógica, dividida em três níveis lógicos (Three-tier), baseadas
na plataforma Windows (Figura 21).

Figura 21 Estrutura de uma aplicação Three-tier (adaptado de Redmond, 1999)

Neste tipo de aplicações, as funcionalidades podem ser segmentadas em três níveis lógicos,
sendo cada nível representado e identificado pelos serviços que disponibiliza:

• Serviços de apresentação – é a parte responsável pela disponibilização da


informação ao utilizador, envio da informação do utilizador para ser processada

3-59
pelos serviços de negócio, recepção e apresentação da informação processada pelos
serviços do negócio.

• Serviços do negócio – é a parte responsável pela recepção dos pedidos do


utilizador, pela interacção com os serviços de dados para efectuar as operações de
negócio para as quais a aplicação foi desenhada e pelo envio dos dados processados
para os serviços de apresentação.

• Serviços de dados – é a parte responsável pelo armazenamento, gestão e


integridade dos dados.

A localização física dos componentes poderá igualmente ser feita, embora não
obrigatoriamente, em três níveis: no computador cliente (posto de trabalho), num servidor
de serviços do negócio e no servidor de dados (onde o sistema gestor de bases de dados está
instalado).

Esta arquitectura apresenta as seguintes vantagens (Kirtland, 1999):

• Autonomia – esta é uma das características mais importantes da arquitectura DNA


e está relacionada com o facto dos clientes não terem acesso directo aos recursos
críticos da aplicação, tendo apenas a possibilidade de efectuar pedidos em relação a
componentes específicos, o que aumenta a estabilidade da aplicação.

• Reutilização – as funcionalidades encapsuladas nos componentes podem ser


partilhadas e reutilizadas por várias aplicações, promovendo a integração de várias
aplicações.

• Flexibilidade – o processamento pode ser distribuído do posto de trabalho para


servidores mais poderosos, o que ajuda a satisfazer, em algumas situações,
requisitos de desempenho.

• Gestão – sistemas complexos podem ser divididos em elementos mais simples e


fáceis de gerir.

3-60
• Manutenção – caso haja uma alteração nas características do negócio, basta alterar
a implementação do componente que disponibiliza esses serviços.

Uma arquitectura Two-tier (Figura 22) apresenta apenas dois níveis lógicos de
funcionalidades: os serviços de apresentação e os serviços de dados, não apresentando o
nível intermédio da arquitectura Three-tier.

Figura 22 Aplicação Two-tier (adaptado de Redmond, 1999)

Neste tipo de arquitectura, os serviços de apresentação são responsáveis pela recolha de


informação junto do utilizador, pela interacção com os serviços de dados, pela operação dos
serviços de negócio da aplicação e pela apresentação dos resultados dessas operações junto
do utilizador.

Para a implementação do SAL, optou-se por uma arquitectura com três níveis lógicos, em
detrimento de uma apenas com dois níveis lógicos, fundamentalmente devido ao facto desta
última apresentar os seguintes problemas:

• qualquer alteração executada ao nível lógico da aplicação implica a reconstrução


das aplicações no cliente;

3-61
• qualquer alteração feita na estrutura das bases de dados, no que se refere à
localização dos dados ou ao acesso aos dados implica, também, uma reconstrução
das aplicações no cliente;

• os drivers das bases de dados têm de ser instalados e configurados nos postos-
-cliente;

• problemas de desempenho quando existem muitos clientes a aceder aos dados.

3.4.2 Modelo de objectos de componentes


A arquitectura adoptada (Three-tier) pode ser construida com relativa facilidade, fazendo
uso de um modelo de objectos de componentes (COM - Component Object Model) (Figura
23), que se baseia em objectos que operam ao nível do sistema e disponibilizam um modo-
padrão para que diferentes componentes e aplicações comuniquem entre si.

Figura 23 Modelo de Objectos de Componentes (adaptado de Williams e Kindel, 1994)

3-62
Devido ao facto do modelo de objectos de componentes ser independente, os
programadores podem utilizar qualquer linguagem ou ferramenta para a criação de
aplicações que utilizem componentes, como por exemplo, Visual Studio, PowerBuilder,
Delphi, etc. O modelo COM baseia-se na reutilização binária, o que significa que as
aplicações (componentes) podem ser desenvolvidas sem dependência do código-fonte. Os
programadores podem desenvolver aplicações baseadas em vários componentes, cada um
com um conjunto de funcionalidades específicas e alterar, sempre que necessário, apenas o
componente respeitante à funcionalidade que tenha sido alterada, sem ter de reescrever o
código para toda a aplicação.

No desenvolvimento do SAL, a adopção deste modelo deveu-se, principalmente, às


seguintes razões:

• a utilização de um ambiente de desenvolvimento baseado em objectos, neste caso o


Visual Basic, versão 6, da Microsoft;

• os componentes que disponibilizam serviços de processamento de informação


geográfica - neste caso específico, o MapObjects, da ESRI - baseiam-se em
objectos;

• o sistema operativo para aplicações da DRA-Alentejo é um produto da Microsoft;

• muitas das aplicações da DRA-Alentejo são baseadas na plataforma do Windows ;

• as vantagens associadas ao desenvolvimento baseado em objectos.

Através de um desenvolvimento baseado em objectos é possível proceder-se à estruturação


do sistema num conjunto de objectos que se relacionam entre si e disponibilizam um
determinado conjunto de funcionalidades específicas. A identificação e a definição dos
vários objectos decorre dos elementos definidos nas fases de análise e desenho.

3-63
Ao nível da implementação, procede-se a uma organização coerente destes objectos em
vários componentes. Assim, cada componente poderá incluir objectos que representam ou
tratam determinado domínio do sistema; por exemplo, um componente poderá incluir
objectos com a responsabilidade de aceder e disponibilizar informação da base de dados, ou
outro componente com objectos relativos ao interface.

A implementação baseada em objectos e componentes apresenta várias vantagens,


nomeadamente:

• código modular e reutilizável;

• capacidade de adaptação à mudança;

• desenvolvimento mais rápido;

• custos de manutenção reduzidos.

Ao definir-se o modelo de objectos pretende-se não só obter uma implementação que


corresponda por completo aos requisitos do sistema informático a desenvolver, mas
também garantir que muitos desses objectos possam vir a ser reutilizáveis em futuras
implementações. Assim, cada novo componente aplicacional poderá utilizar componentes
já desenvolvidos, ao mesmo tempo que especificará e implementará novos objectos (Figura
24). Com os sucessivos desenvolvimentos aplicacionais, o modelo de objectos vai ficando
cada vez mais completo, levando a uma maior reutilização do código já construído e à
diminuição do tempo de implementação dos projectos.

3-64
Figura 24 Estrutura dos componentes do SAL nos três níveis da arquitectura

Um bom exemplo da reutilização de código modular no SAL é o componente do catálogo


de cartografia (CatalogCart.dll), previamente desenvolvido para outras aplicações no
ISEGI-UNL e posteriormente implementado sem qualquer alteração adicional.

3.5 Cartas de condicionantes

A produção de cartas de condicionantes, em formato digital, apresenta grandes vantagens


no que respeita à utilização, organização e sistematização da informação geográfica, em
formato digital, de que a DRA-Alentejo é detentora.

A existência das cartas de condicionantes em formato digital constitui um factor crítico no


sucesso da implementação do sistema de apoio ao licenciamento, uma vez que esta
aplicação vive da informação que lhe for incorporada.

3-65
Antes de se iniciar o processo de construção das cartas, impõe-se uma recolha de toda a
informação que se pretenda vir a incluir nessas mesmas cartas para cada tipo de
licenciamento. A informação ainda não disponível poderá mais tarde vir a ser adicionada às
cartas de condicionantes existentes e, eventualmente, em utilização.

3.6 Fontes de informação utilizadas para a construção das cartas de


condicionantes

Toda a informação utilizada na elaboração das cartas de condicionantes é propriedade da


DRA-Alentejo e encontra-se em formato digital utilizável em SIG. No caso aqui
demonstrado, apenas foi utilizada informação para a Bacia da Hidrográfica do Roxo.

A escala de trabalho base é a de 1:25000, projecção Gauss, elipsóide internacional, datum


de Lisboa, datum vertical – marégrafo de Cascais.

O software utilizado na construção das cartas de condicionantes foi o ArcInfo NT, versão
7.2.1, da ESRI.

A DRA-Alentejo é a entidade exclusivamente responsável pelo licenciamento das


utilizações do Domínio Hídrico, processo regulado pelo Decreto-Lei nº46/94, de 22 de
Fevereiro, o qual distingue 13 utilizações sujeitas a licenciamento:

• captação de águas;

• rejeição de águas residuais;

• infra-estruturas hidráulicas;

• limpeza e desobstrução de linhas de água;

• extracção de inertes;

• construções;

3-66
• apoios de praia e equipamentos;

• estacionamentos e acessos;

• culturas biogenéticas;

• marinhas;

• navegação e competições desportivas;

• flutuação e estruturas flutuantes;

• sementeira, plantação e corte de árvores.

No caso da Bacia da Albufeira do Roxo, as origens das condicionantes de licenciamento


das utilizações do Domínio Hídrico (DH), de acordo com Santana (1998), são as seguintes:

• os Planos Directores Municipais do território dos Concelhos de Aljustrel e de Beja,


aprovados pela Resolução do Conselho de Ministros nº138/95, de 15 de Novembro,
e pela Portaria nº359/92, de 22 de Abril, respectivamente. As REN de ambos os
concelhos apenas foram aprovadas mais tarde, através da Resolução de Conselho de
Ministros nº33/97 de 4 de Março, no caso de Aljustrel, e da Portaria nº300/93, de 26
de Março, no caso de Beja;

• a legislação geral que enquadra as utilizações – trata-se, essencialmente, do referido


Decreto -Lei nº46/94, de 22 de Fevereiro. Para além de definir prioridades de
licenciamento no Art. 23º, é definida uma distância mínima de 100 m entre
captações subterrâneas;

• o diploma que classifica as principais albufeiras portuguesas, o Decreto-


-Regulamentar nº2/88, de 20 de Janeiro, classifica a Albufeira do Roxo como
“protegida”, dada a sua utilização como origem de água para abastecimento de
populações; daqui resulta uma Zona de Protecção de 500 m, a par de uma Zona
Reservada de 50 m, instituída para todas as albufeiras classificadas.

3-67
O resultado da sobreposição de todas as condicionantes, cujo método se descreve no ponto
3.5.2, constitui a carta de condicionantes de licenciamento das utilizações do DH. O DH
inclui as massas de água, os seus leitos e margens e uma faixa territorial ao longo destas
(Sousa, 1996, citado por Santana, 1998).

Encontram-se em fase de elaboração três cartas de condicionantes de licenciamento,


correspondentes aos domínios superficial e subterrâneo:

• uma carta que abrange todo o território, correspondente às condicionantes do


licenciamento das captações subterrâneas;

• uma carta delimitada à faixa respeitante à delimitação do DH, sobreposto às


condicionantes existentes para os restantes tipos de utilização do DH, excluindo as
captações subterrâneas.

• uma carta que abrange todo o território e onde foram incluídas todas as
condicionantes, a utilizar no processo de avaliação de outro tipo de pretensões.

Na tabela 3 encontram-se listadas as condicionantes constantes nos PDM e referenciadas


nos diversos artigos constituintes dos respectivos Regulamentos, as restrições de uso que as
mesmas impõem e as excepções previstas, quer no próprio Regulamento, quer nas leis
originárias da condicionante; estas são igualmente indicadas sempre que o Regulamento
para elas remeta (Santana, 1998). Nas tabelas 4, 5 e 6 encontram-se as coberturas da DRA-
Alentejo utilizadas para a elaboração de cada uma das cartas de condicionantes.

3-68
Tabela 3 Condicionantes previstas no PDM de Aljustrel e de Beja ou em legislação geral em vigor (Santana, 1998)

CON- ARTº DO
CE- TIPO DE ZONA ABRANGIDA REG. DO RESTRIÇÕES DE USO EXCEPÇÕES
LHO CONDICIONANTE PDM OU
DIPLOMA
Aljustrel Albufeira de águas públicas 500m - Zona de Protecção; 16º Na Zona Reservada apenas é permitida a
50m - Zona Reservada DR 2/88 construção de infra-estruturas de apoio à
utilização da albufeira; na Zona de Protecção,
proibido o estabelecimento de certas indústrias,
instalações pecuárias intensivas e
armazenamento de pesticidas ou adubos
RAN Áreas identificadas nas 13º e 31º Proibidas todas as acções que diminuam ou Obras com finalidade exclusivamente agrícola;
cartas da RAN destruam as potencialidades agrícolas dos de interesse público; habitações de agricultores;
solos, nomeadamente obras hidráulicas, vias de vias de comunicação; minas e pedreiras; obras de
comunicação e acessos, construção de edifícios, defesa do património cultural, sem alternativa
aterros e escavações ou quaisquer outras formas válida de localização em terrenos não incluídos
de utilização não agrícola na RAN

REN - Leitos de Cursos de Água e Linhas de água e áreas 11º e 29º a) Não é permitida a construção de edifícios e de Obras que pela sua natureza ou dimensão não
Zonas Ameaçadas pelas Cheias identificadas nas cartas da infra-estruturas, com excepção de construções prejudiquem o equilíbrio ecológico; acções de
REN ligeiras de carácter não definitivo de apoio às interesse público, nacional, regional ou local sem
actividades agrícolas, turísticas e recreativas alternativa económica e técnica aceitável;
instalações de interesse para a defesa nacional;
florestação e

REN - Lagoas, Albufeiras e Faixas Áreas identificadas nas 11º e 29º b) Não é permitida a construção de edifícios e de exploração florestal decorrente de projectos
de Protecção cartas da REN infra-estruturas, excepto as de apoio à aprovados; remodelações, beneficiações e
utilização das albufeiras, nem a destruição da ampliações de instalações agrícolas e de
vegetação de protecção quando existente habitações de proprietários ou rendeiros e
trabalhadores permanentes, ou destinadas a
turismo rural; construção isolada nas

REN - Cabeceiras de linhas de Áreas identificadas nas 11º e 29º c) Proibidas todas as acções que impeçam a zonas de cabeceiras de linhas de água, áreas com
água cartas da REN infiltração das águas pluviais ou que riscos de erosão (desde que sejam utilizados
contribuam para aumentar a escorrência sistemas de defesa e tratamento de descargas de
superficial poluentes ou que sejam acompanhados de
medidas minimizadoras e de protecção contra a
erosão)

REN - Áreas de infiltração Áreas identificadas nas 11º e 29º d) Proibidas todas as acções que contribuam para ou em solos de REN com finalidade
máxima cartas da REN reduzir a infiltração das águas pluviais ou que exclusivamente agrícola; arranque ou destruição
provoquem a contaminação do lençol freático do coberto vegetal desde que integrado nas
técnicas normais de produção
REN - Áreas com riscos de erosão Áreas identificadas nas 11º e 29º e) Proibidas todas as acções susceptíveis de
cartas da REN provocar ou agravar directa ou indirectamente
a erosão do solo
(continua)

3-69
Tabela 3 (Continuação) - Condicionantes previstas no PDM de Aljustrel e de Beja ou em legislação geral em vigor (Santana, 1998)

CON- ARTº DO
CE- TIPO DE ZONA ABRANGIDA REG. DO RESTRIÇÕES DE USO EXCEPÇÕES
LHO CONDICIONANTE PDM
OU
DIPLOMA
Aljustrel Rede rodoviária IP - 50m, IC - 35m, OE - 17º Zona "non aedificandi" Vedações (IP e IC - 7m, OE - 5m da zona da
20m, EM - 6m para cada DL 13/94 estrada*); outras infra-estruturas e equipamentos
lado do eixo; podem ser instalados na faixa de 7m mediante
estradas nacionais aprovação da JAE
desclassificadas - 1ª, 2ª ou 3ª
classe - 15m, 12m, 10m, *inclui faixa de rodagem, bermas, pontes,
respectivamente, a contar do viadutos, valetas, passeios, banquetas e taludes
limite da plataforma;
Rede ferroviária Faixa de 10m para 18º Zona "non aedificandi"
construções e de 40m para
instalações industriais

Rede radioeléctrica Faixa de desobstrução - 19º Proibida a implantação ou manutenção de


100m edifícios ou de outros obstáculos que distem
10m do elipsóide da 1ª zona de Fresnel

Beja REN - Leitos de Cursos de Água e Linhas de água e áreas 9º Proibida a construção, obras hidráulicas, vias de Acções já previstas ou autorizadas; instalações
Zonas Ameaçadas pelas Cheias identificadas nas cartas da comunicação, re ou florestação com espécies de de interesse para a defesa nacional; acções de
REN Eucaliptus, a alteração do leito e acções que interesse público reconhecido; remodelações,
prejudiquem o escoamento (exceptuam-se as beneficiações e ampliações de instalações
operações de limpeza) e a instalação de abrigos agrícolas e de habitações de proprietários ou
fixos ou móveis titulares de direitos de

REN - Lagoas, Albufeiras e Faixas Faixa de protecção 10º Proibida a construção, obras hidráulicas, vias, exploração ou trabalhadores permanentes, com
de Protecção envolvente - 100 m edifícios e infra-estruturas, excepto os de apoio condicionamentos (índice de utilização=0,02;
à utilização da albufeira; instalação de fossas e área máxima=1000m2, altura máxima=6,5m com
sumidouros de efluentes; rega com águas excepção de silos, depósitos de água ou
residuais; florestação ou reflorestação com instalações tecnicamente justificáveis);
espécies de Eucaliptus construções para turismo rural,

REN - Cabeceiras de linhas de Áreas identificadas nas 11º Proibida a construção, obras hidráulicas, vias de de habitação ou agro-turismo (condicionamentos
água cartas da REN comunicação, (re) florestação com espécies de iguais à excepção do índice de utilização=0,02);
Eucaliptus, quaisquer acções que prejudiquem a infra-estruturas de abastecimento de água e
infiltração das águas e acelerem o escoamento e condução de esgotos; infra-estruturas viárias
a erosão integradas nas redes nacional, regional ou
municipal;

(continua)

3-70
Tabela 3 (Continuação) - Condicionantes previstas no PDM de Aljustrel e de Beja ou em legislação geral em vigor (Santana, 1998)

CON- ARTº DO
CE- TIPO DE ZONA ABRANGIDA REG. DO RESTRIÇÕES DE USO EXCEPÇÕES
LHO CONDICIONANTE PDM
OU
DIPLOMA
Beja REN - Áreas de infiltração Áreas identificadas nas 12º Proibida a construção, obras hidráulicas, vias de arranque ou destruição de vegetação natural
máxima cartas da REN comunicação, re ou florestação com espécies de integrada nas técnicas normais de produção;
Eucaliptus, descarga de efluentes não tratados, acções de florestação ou exploração florestal
instalação de fossas e sumidouros, rega com decorrentes de projectos aprovados ou
águas residuais sem tratamento primário autorizados pelas autoridades competentes na
matéria
REN - Áreas com riscos de erosão Áreas identificadas nas 13º Proibida a construção, obras hidráulicas, vias de
cartas da REN comunicação, (re) florestação com espécies de
Eucaliptus
RAN Áreas identificadas nas 14º Proibidas todas as acções que diminuam ou Obras com finalidade exclusivamente agrícola;
cartas da RAN destruam as potencialidades agrícolas dos de interesse público; habitações de agricultores;
solos, nomeadamente obras hidráulicas, vias de vias de comunicação; minas e pedreiras; obras de
comunicação e acessos, construção de edifícios, defesa do património cultural, sem alternativa
aterros e escavações ou quaisquer outras formas válida de localização em terrenos não incluídos
de utilização não agrícola na RAN

Captações subterrâneas de 20m - perímetro de 15º Não devem executar-se outras captações,
interesse público (*) protecção próxima; 100m - DL 46/94 instalações sanitárias que não providas de
alargada descarga para fora da zona de protecção

Albufeira do Roxo 500m - Zona de Protecção; 19º Na Zona Reservada apenas é permitida a
50m - Zona Reservada construção de infra-estruturas de apoio à
utilização da albufeira; na Zona de Protecção,
proibido o estabelecimento de certas indústrias,
instalações pecuárias intensivas e
armazenamento de pesticidas ou adubos

Rede Rodoviária - rede nacional IP - 50m, IC - 35m, OE - 30º, 31º, 32º e 33º Zona "non aedificandi" Vedações (IP e IC - 7m, OE - 5m da zona da
fundamental; rede nacional 20m, EM - 20 para cada lado estrada*); outras infra-estruturas e equipamentos
complementar; estradas nacionais do eixo; podem ser instalados na faixa de 7m mediante
desclassificadas; rede municipal estradas nacionais aprovação da JAE
desclassificadas - 1ª, 2ª ou 3ª
classe - 15m, 12m, 10m, *inclui faixa de rodagem, bermas, pontes,
respectivamente, a contar do viadutos, valetas, passeios, banquetas e taludes
limite da plataforma
(*) A lei geral obriga à consideração de um “perímetro de protecção alargada” para todas as captações subterrâneas (continua)

3-71
Tabela 3 (Continuação) - Condicionantes previstas no PDM de Aljustrel e de Beja ou em legislação geral em vigor (Santana, 1998)

CON- ARTº DO
CE- TIPO DE ZONA ABRANGIDA REG. DO RESTRIÇÕES DE USO EXCEPÇÕES
LHO CONDICIONANTE PDM
OU
DIPLOMA
Beja Rede de distribuição de energia 25m 35º Afastamento das edificações terá um valor
eléctrica mínimo de 25m

Rede Ferroviária Faixa de 20m para 34º Faixa "non aedificandi"


habitações;
40m para edificações para
fins industriais

Reservatórios de água potável Faixa circular de 15m 36º Proibida a construção, a deposição de resíduos
sólidos ou líquidos, a plantação de espécies
arbóreas ou arbustivas…., e a fertilização de
culturas agrícolas

Condutas de água, emissários e Faixa de 10m, para cada 36º Interdita a plantação de espécies arbóreas ou
colectores de esgotos lado da conduta arbustivas danosas

Estações de tratamento ou Faixa de 500m, a partir do 36º Interdita a edificação


depósitos de resíduos sólidos limite exterior

Estações de tratamento de águas Faixa de: 36º Interdita a edificação e p roibida a abertura de
residuais 100m - lagunagem; poços ou furos
50m - biodiscos,
a partir do limite exterior

Servidão radioeléctrica (faixa de 24m - feixe hertziano 38º Proibida a implantação ou manutenção de
desobstrução entre centros Beja/Serpa; 26m - f.h. Beja edifícios ou de outros obstáculos que distem
radioeléctrico) /Alcaria Ruiva; 35m - f.h. 10m do elipsóide da 1ª zona de Fresnel
Alcáçovas/Beja (*)

Marcos geodésicos Faixa de 15m de raio 39º Interditas acções de plantação, construção e
circunjacente outras obras ou trabalhos de qualquer natureza
que impeçam a visibilidade das direcções de
triangulação

(*) Estes valores são provenientes do Artº38º do Regulamento do PDM (conforme coluna seguinte); no entanto, a faixa cartografada na Carta de Condicionantes do PDM de Beja tem a largura de 100m,
indistintamente do feixe hertziano em causa. Este foi o valor considerado para efeitos de elaboração das cartas de condicionante de licenciamento das utilizações do DH

3-72
Tabela 4 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Condicionantes de Licenciamento de Captações
Subterrâneas (Santana, 1998)

TIPO DE NOME DA COBERTURA PROCESSAMENTO REALIZADO -> COBERTURA


CONDICIONANTE ORIGINADA
Albufeira do Roxo e Zona ALBUF Selecção segundo ID_ALBUF seguida de “buffer” de 50 m ->
Reservada ZRESER

Linhas de água HIDRO

Rede Rodoviária ESTRADA “Buffer” de 7 m seguido de “buffers” de 50, 35 20 e 6 consoante o


tipo de estrada , respectivamente IP, IC, OE e EM -> BUFRODO

Captações subterrâneas CAPTRES “Buffer” de 100 m sobre 0<Captres_id<500 (captações


existentes subterrâneas) -> BUFCAPS

ETAR urbana ESGOTO Selecção de “Esgoto_id = 3” (limites da ETAR) seguida de


“buffer” de 100 m (*) -> BUFLAG

(*) Na zona em estudo, todas as ETARs urbanas existentes no Concelho de Beja são constituídas por sistemas de lagunagem

Tabela 5 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Condicionantes de Licenciamento de Outras


Utilizações do DH (Santana, 1998)

TIPO DE CONDICIONANTE NOME DA PROCESSAMENTO REALIZADO -> COBERTURA


COBERTURA ORIGINADA
Zona de Protecção da Albufeira do Roxo ALBUF Selecção segundo ID_ALBUF seguida de “buffer” de 500 m ->
ZPROT

Zona Reservada da Albufeira do Roxo ALBUF Selecção segundo ID_ALBUF seguida de “buffer” de 50 m ->
ZRESERV
Reserva Agrícola Nacional SOLOS Selecção de RAN = 1 -> RAN

Reserva Ecológica Nacional REN e RENHIDRO Sobreposição REN e RENHIDRO ->RENTOT

Rede Rodoviária ESTRADA Selecção das estradas e “buffers” de:


IP - 50 e 7 m; IC - 35 e 7 m; OE - 20, 7 e 5; EM - 6 -> BUFRODO
Rede Ferroviária CP “Buffers” de 10 e 40 m -> BUFCP

Rede Radioeléctrica TELECOM “Buffer” de 100 m -> BUFTELE

Captações subterrâneas existentes CAPTRES Selecção de captações e “buffer” de 100 m -> BUFCAPS

ETAR urbana ESGOTO Selecção de “Esgoto_id = 3” (limites da ETAR) seguida de


“buffer” de 100 m (*) -> BUFLAG
Emissários ESGOTO Selecção de “Esgoto_id = 2” (emissários) seguida de “buffer” de
10 m -> BUFEMI
Reservatórios de água CAPTRES Selecção de <=500<id<599(reservatórios) e “buffer” de 15 m ->
BUFRES
Condutas de água ÁGUA “Buffer” de 10 m sobre “Agua_id = 2” (exclui a zona urbana) ->
BUFAGUA
Marcos geodésicos MARCOS “Buffer” de 15 m -> BUFMAR

(*) Na zona em estudo, todas as ETARs urbanas existentes no Concelho de Beja são sistemas de lagunagem

3-73
Tabela 6 Coberturas utilizadas na elaboração da Carta de Todas as Condicionantes

TIPO DE NOME DA COBERTURA DESCRIÇÃO


CONDICIONANTE
Albufeira do Roxo e Zona ZRESER “buffer” de 50 m
Reservada

Linhas de água HIDRO

Rede Rodoviária BUFRODO “buffer” de 7 m seguido de “buffers” de 50, 35 20 e 6 consoante o


tipo de estrada , respectivamente IP, IC, OE e EM

Captações subterrâneas BUFCAPS “buffer” de 100 m


existentes

ETAR urbana BUFLAG “buffer” de 100 m (*)

Zona de Protecção da Albufeira ZPROT “buffer “ de 500 m


do Roxo

Zona Reservada da Albufeira do ZRESERV “buffer” de 50 m


Roxo

Reserva Agrícola Nacional RAN

Reserva Ecológica Nacional RENTOT

Rede Rodoviária BUFRODO “buffers” de:


IP - 50 e 7 m; IC - 35 e 7m; OE – 20 e 7m; EM – 6 e 7m
Rede Ferroviária BUFCP “buffers” de 10 e 40 m

Rede Radioeléctrica BUFTELE “buffer” de 100 m

ETAR urbana BUFLAG “buffer” de 100 m (**)

Emissários BUFEMI “buffer” de 10 m

Reservatórios de água BUFRES “buffer” de 15 m

Condutas de água BUFAGUA “buffer” de 10 m (exclui a zona urbana)

Marcos geodésicos BUFMAR “buffer” de 15 m

(*) Na zona em estudo, todas as ETARs urbanas existentes no Concelho de Beja são constituídas por sistemas de lagunagem
(**) Na zona em estudo, todas as ETARs urbanas existentes no Concelho de Beja são sistemas de lagunagem

3-74
3.7 Metodologia utilizada para a construção das cartas de
condicionantes

Foi adoptado um pré-processamento da informação geográfica em formato digital


existente de modo a optimizar o sistema em termos de rapidez e gestão dos dados.
Sendo assim, a partir das diversas coberturas existentes efectuaram-se várias
sobreposições de modo a criar um nível de informação único que integrasse a
informação de todas as condicionantes existentes. Teoricamente seria possível manter
uma separação lógica de todas as condicionantes em níveis separados e intersectar a
implantação espacial do processo com os diversos níveis mas, na prática, esta situação
levaria a uma degradação da rapidez de processamento e à criação de muitos polígonos
indesejados.

Para a produção de cada carta de condicionantes com o ArcInfo, o procedimento


utilizado baseia-se na seguinte metodologia:

1. Ter pelo menos duas coberturas de condicionantes para cada tipo de


licenciamento específico.

2. Adicionar um campo novo às coberturas, utilizando o comando ADDITEM, no


módulo TABLES, com as seguintes características: 1 caracter, tipo numérico e 0
casas decimais (1, N, 0). O nome do campo adicionado deverá ter no máximo 8
caracteres e reflectir, tanto quanto possível, o nome da condicionante.

3. Depois de adicionado o campo, é necessário codificá-lo com os seguintes


valores: 0, para o caso em que estamos perante a ausência da condicionante; 1,
para o caso em que estamos em presença da condicionante.

4. Em ARC, utilizar o comando UNION para unir as duas coberturas.

5. O resultado deverá conter apenas os seguintes campos: Area, Perimeter, ID, _ID,
COND1, COND2. Todos os outros campos em duplicado deverão ser
eliminados com o comando DROPITEM, dentro do módulo TABLES.

3-75
6. A cobertura resultante do processo de união constituirá uma carta de
condicionantes com duas condicionantes.

7. Para se adicionar mais condicionantes, basta repetir o processo aqui descrito, em


que uma das coberturas iniciais é o resultado da união de duas coberturas, e a
outra é uma cobertura com uma condicionante adicional ainda não incluída no
sistema.

A produção das cartas de condicionantes (Figura 25) gera coberturas bastante pesadas, o
que implicará a criação de uma ferramenta que permita utilizar apenas a informação
corresponde à zona que se esteja a analisar. A opção a tomar passará pelo
desenvolvimento de um componente, incorporável no SAL, que permita a utilização de
um catálogo de cartografia vectorial para se poder utilizar eficazmente este tipo de
informação.

Figura 25 Pormenor da carta de condicionantes para a zona da Albufeira do Roxo (escala 1: 25000)

3-76
3.8 Interacção com o utilizador

O principal objectivo subjacente ao desenvolvimento do interface foi o de permitir de


um modo rápido, fácil e eficaz, o acesso por parte dos técnicos da DRA-Alentejo a um
relatório onde constassem as condicionantes resultantes da avaliação de pretensões de
licenciamento para um determinado local no Alentejo.

Os princípios que estiveram na base do desenho do interface foram os seguintes


(adaptado de Malczewski,1999):

• Acessibilidade - permitir que qualquer utilizador, mesmo não conhecendo o


sistema, o possa utilizar intuitivamente.

• Flexibilidade - permitir que o utilizador recupere de situações não intencionais.

• Interactividade - permitir que a informação circule eficientemente entre o


utilizador e o sistema e vice-versa.

• Ergonomia - permitir que o utilizador comunique eficientemente e eficazmente


com o sistema.

• Baseado em eventos - permitir que o utilizador esteja consciente das tarefas que
está a executar.

Foram efectuados testes informais de adaptação dos utilizadores reais ao interface que
foi desenvolvido, tendo em conta os princípios aqui enumerados. Não constitui, no
entanto, objectivo desta tese efectuar uma análise rigorosa relativamente a métodos
utilizados na avaliação das interfaces de utilizador que poderiam passar pela avaliação
por peritos e gravação de percursos.

Pretende-se, com a utilização desta aplicação, que seja possível armazenar, numa base
de dados, os dados alfanuméricos do processo e a respectiva implantação geográfica.
Não é objectivo desta aplicação disponibilizar todas as funções de um SIG, mas sim
apenas as funcionalidades necessárias para dar resposta à avaliação de uma pretensão de
licenciamento. Outra grande preocupação tida em conta foi a de permitir que qualquer

3-77
pessoa, independentemente dos seus conhecimentos informáticos, utilizasse a aplicação
sem dificuldades de maior.

Assim sendo, e para cumprir estes objectivos, foi desenhado e testado um interface
(Figura 26) que é constituído por três partes distintas:

• um dispositivo gráfico de visualização onde é possível visualizar e analisar


informação geográfica em diversos formatos SIG, podendo esta ser do tipo
vectorial ou matricial;

• uma barra de ferramentas com botões com diversas funcionalidades;

• uma componente alfanumérica onde consta a informação respeitante aos


processos de licenciamento existentes no sistema, sendo possível efectuar
pesquisas através do número do processo e visualizar a implementação espacial
correspondente.

Figura 26 Interface do Sistema de Apoio ao Licenciamento

3-78
Este interface contém uma barra de ferramentas com botões com diversas
funcionalidades:

Ver Tudo – permite visualizar a informação geográfica inserida no sistema em


toda a sua extensão. Esta funcionalidade é acessível através do menu Visualizar / Ver
Tudo.

Aproximar – permite fazer uma ampliação do mapa, desenhando com o botão


esquerdo do rato, um rectângulo sobre a área do mapa que se pretende ampliar. Esta
funcionalidade é, também, acessível através do menu Visualizar / Aproximar.

Afastar – permite fazer uma redução do mapa clicando com o rato sobre a área do
mapa que se pretende reduzir. Esta funcionalidade é, também, acessível através do
menu Visualizar / Afastar.

Mover – permite efectuar uma deslocação do mapa clicando com o rato sobre o
mapa e arrastando-o para o local pretendido. Esta funcionalidade é, também, acessível
através do menu Visualizar / Mover.

Identificar – permite obter informação sobre os pontos, linhas ou áreas


constantes no mapa, clicando com o rato sobre o mapa. Esta funcionalidade é, também,
acessível através do menu Visualizar / Identificar.

Desenhar – permite efectuar o desenho da implantação de um processo que


poderá ser do tipo ponto, linha ou área. Esta funcionalidade é acessível através do menu
Análise / Analisar condicionantes.

Os botões foram desenhados no ISEGI e estão a ser utilizados noutras aplicações que
possuem funcionalidades semelhantes.

3-79
Este interface indica também a escala a que se está a visualizar o mapa, as coordenadas
militares da localização do rato em relação ao mapa, e dispõe, ainda, de um mapa de
navegação, em tamanho reduzido, para auxiliar o utilizador a localizar-se na região.

Outra funcionalidade importante é a possibilidade de se efectuarem pesquisas em


relação ao número do processo e, se o utilizador assim o desejar, efectuar ampliações
para a correspondente implantação espacial do processo.

Com o objectivo de auxiliar o utilizador a pesquisar a zona onde se situa o local para o
qual pretende obter informação, este interface permite efectuar pesquisas por Concelho
ou por Freguesia, a partir de uma caixa de diálogo criada para o efeito (Figura 27).

Figura 27 Exemplo de pesquisa efectuada por Freguesia

As cartas militares à escala 1:25000, em formato matricial, podem ser accionadas a


partir de um catálogo de imagens sendo, deste modo, possível visualizar apenas a
imagem que se pretende (Figura 28).

3-80
Figura 28 Catálogo de imagens com informação do IGeoE.

Depois de se activar o catálogo de imagens, surgem dois novos botões na barra de


ferramentas do interface, que permitem adicionar ou retirar a imagem correspondente à
quadrícula militar do local que se pretende visualizar.

Uma vez activado o catálogo de imagens, é também possível efectuar pesquisas pelo
número da carta militar. O catálogo de imagens é um componente configurado para
utilizar imagens no formato Mr_Sid ; no entanto, é possível alterá-lo, de modo a
suportar vários outros tipos de imagem, como por exemplo, os formatos TIFF,
BMP, JPG, ERDAS, RLC, etc. Deste modo, é também possível activar o
catálogo de imagens com outros tipos de informação, como por exemplo, imagens de
satélite, ou ortofotomapas (Figura 29), desde que se encontre num formato compatível
com o MapObjects, sem necessidade de converter as imagens, bastando, para tal,
alterar o componente.

3-81
Figura 29 Catálogo de imagens com imagens de satélite da zona de Sines (SPOT 4, 1999)

Outro formato legível por esta aplicação é o formato GRID, produzido com o software
ARCINFO ou a extensão Spatial Analyst do software ArcView, ambos da ESRI.

Sempre que é adicionada ou subtraída informação geográfica à aplicação, esta alteração


é reflectida na legenda do mapa, sendo possível modificar, de acordo com as
preferências do utilizador, a representação temática da cartografia (Figura 30).

Mais uma vez, foi utilizado um componente específico para a configuração de temas,
previamente desenvolvido para outras aplicações no ISEGI-UNL e, devido à
característica de reutilização de código que os componentes incorporam, tornou-se
possível incluir as funcionalidades desse componente nesta aplicação. Este componente
permite que a representação temática possa ser efectuada através de um símbolo único,
valores únicos ou classes, sendo também possível atribuir etiquetas referentes a um
qualquer atributo existente na tabela da cobertura. Permite ainda definir a visibilidade
dos temas com base no factor de ampliação, possibilitando, deste modo, controlar a
escala de visualização da cartografia incluída na aplicação.

3-82
Figura 30 Representação temática de uma cobertura utilizando classes

Depois de se visualizar a zona sobre a qual se pretende obter informação (Figura 31), o
utilizador pode simular as condicionantes através de uma janela de diálogo que permite
seleccionar o tipo de implantação espacial do processo.

A implantação dos processos pode ser de três tipos diferentes:

• ponto, por exemplo, um poço;

• linha, por exemplo, uma estrada;

• área, por exemplo, uma casa.

Após a selecção do tipo de implantação espacial, o utilizador desenha-o sobre o local


para o qual pretende obter informação, com base na cartografia 1: 25000 do IGeoE.

3-83
Figura 31 Selecção do tipo de implantação espacial

Após o desenho da implantação espacial sobre o local para o qual se pretende obter
informação, o utilizador preenche um formulário (Figura 32) com informação sobre o
processo, que fica registado numa base de dados em Access com a correspondente
implantação geográfica, armazenada numa cobertura em formato shapefile.

É nesta fase que o utilizador define qual o tipo de projecto que pretende avaliar, que
poderá ser de três tipos:

• avaliação prévia de localização (cobertura que tem todas as condicionantes);

• domínio hídrico (sem captações subterrâneas);

• captações subterrâneas.

Cada um destes três tipos de licenciamento corresponde a uma carta de condicionantes,


a ser utilizada pela aplicação para intersectar com a implantação espacial definida pelo
utilizador.

3-84
Figura 32 Formulário com informação alfanumérica sobre o processo e correspondente implantação
espacial

Após a escolha do tipo de avaliação que se pretende realizar, pode verificar-se a


existência, ou não, de condicionantes para o respectivo local, de acordo com a
informação disponível na carta de condicionantes.

O resultado obtido é apresentado num formulário com as condicionantes discriminadas


individualmente (Figura 33).

O utilizador pode verificar as condicionantes individualmente ou em conjunto e definir


as propriedades da simbologia com que estas aparecem desenhadas no mapa. Esta
característica é bastante útil, devido ao facto da cada condicionante ter resultados
diferentes no que respeita à aplicação da legislação.

3-85
Figura 33 Resultado da análise

Depois de efectuada a análise, é possível imprimir o resultado, num documento Word,


acompanhado dos dados do processo e da imagem correspondente ao local do terreno
sobre o qual sobre o qual se pretende obter informação (Figura 34).

Figura 34 Resultado da análise no Word

O utilizador pode, a qualquer momento, consultar os processos de licenciamento


existentes no sistema e visualizar a correspondente implantação espacial.

3-86
4 CONCLUSÕES

4.1 Apreciação Geral

A aplicação desenvolvida para o SAL da DRA-Alentejo cumpre os objectivos


inicialmente definidos e constitui uma base de trabalho que poderá permitir vários
desenvolvimentos futuros.

A utilização de SIG pode trazer benefícios incalculáveis, devido à sua capacidade de


gestão de informação geográfica de um modo rápido, preciso e sofisticado (Goodchild,
1993).

A implementação do SAL traz grandes vantagens para os técnicos da DRA-Alentejo, na


medida em que passam a poder efectuar um parecer de uma forma rápida sobre um
pedido de licenciamento. Outra vantagem é a integração da informação geográfica de
que a DRA-Alentejo é detentora, de um modo acessível e facilmente utilizável por parte
dos técnicos. A utilização desta aplicação pode trazer grandes benefícios devido à sua
capacidade de gestão de informação geográfica em formato digital.

Uma das limitações do SAL está relacionada com a informação cartográfica utilizada,
principalmente devido à desactualização das cartas disponíveis, assim como à sua
escala. É necessário ter em conta que as cartas utilizadas na construção das cartas de
condicionantes, devido ao facto da sua escala não permitir uma precisão suficiente para
analisar condicionantes da ordem dos 10 metros, também estão, na sua maioria,
desactualizadas, o que constitui um problema acrescido para o processo de tomada de
decisão. Não se podem tomar decisões sobre licenciamento com base em cartografia à
escala 1:25000, pois existem condicionantes da ordem dos 10 ou 20 metros. O ideal
seria utilizar cartas com escalas maiores, o que nem sempre é possível, devido à sua
inexistência.

4-87
A construção de cartas de condicionantes precisas é um factor fundamental, dado que a
inclusão de dados errados no sistema levará a que sejam tomadas decisões erradas.
Existe, contudo, um obstáculo à sua implementação: o facto de ainda não existirem
cartas de condicionantes em formato digital para a totalidade da região do Alentejo. O
exemplo aqui demonstrado utilizou apenas as cartas de condicionantes com informação
da Bacia Hidrográfica da Albufeira do Roxo.

De uma forma geral, podem apontar-se como principais limitações à aplicação


desenvolvida, os seguintes pontos:

• a qualidade da informação cartográfica utilizada, principalmente devido à


desactualização das cartas disponíveis, assim como à escala utilizada;

• insuficiência de informação geográfica em formato digital para permitir a


construção das cartas de condicionantes.

A principal preocupação é que a interface seja de utilização muito fácil e eficaz e que
sejam construidas cartas de condicionantes com tal precisão que os utilizadores
acreditem na eficácia do sistema e adiram à sua utilização. A aderência à sua utilização
constituirá um factor crítico de sucesso deste projecto.

Não se pretende, com esta aplicação, criar um sistema que emita pareceres vinculativos,
mas sim um sistema que ajude os técnicos a tomar e a fundamentar decisões. Acredita-
se que esta aplicação será uma ferramenta muito útil para os técnicos da DRA-Alentejo
que têm a seu cargo a avaliação deste tipo de problemas.

Neste momento, já se procedeu à instalação de uma versão da aplicação nas instalações


da DRA-Alentejo, para que os seus técnicos efectuem uma avaliação e, posteriormente,
se proceder, com base nesta, às alterações que se julguem necessárias, seguindo a
filosofia do modelo da Espiral.

Um desenvolvimento desejável para esta aplicação passa, inquestionavelmente, pela


possibilidade de disponibilização deste tipo de informação com inclusão de funções de
análise geográfica ao público em geral através da Internet, concretizando assim dois

4-88
objectivos importantes: a democratização da utilização de SIG e o acesso à informação,
tão propalada no Livro Verde para a Sociedade de Informação.

4.2 Comentário aos SEAD

Os SEAD demonstram que os SIG, por si só, consistem num instrumento de apoio à
decisão rudimentar, tornando-se necessária a associação a outros métodos mais
sofisticados de apoio à decisão. De entre os SEAD, existem diversos tipos, sendo que
alguns se aproximam daquilo que se se considerar ser essencial para o futuro dos SIG: a
possibilidade de utilização por parte de diversos tipos de utilizadores, que não terão de
ter forçosamente formação em SIG, nem conhecimentos das ferramentas que,
tradicionalmente, lhe são próprias.

Os SEAD apresentam características fundamentais que apontam para a viabilidade da


democratização dos SIG: a facilidade de utilização, o apoio efectivo à tomada de
decisão, o feedback tanto para os autores como para os utilizadores, a interactividade, a
integração e a possibilidade de conterem interfaces amigáveis e com componente
gráfica. Para além disso, os SEAD adaptam-se ao estilo de resolução de problemas do
decisor, podendo ser facilmente alterados, de modo a incluir, adaptar ou eliminar
funcionalidades.

Enquanto que nos SEAD o processo de tomada de decisão é baseado na interacção entre
o decisor e o sistema, nos SEPAD o objectivo centra-se numa recomendação
disponibilizada para o decisor baseada em conhecimento de peritos armazenado no
sistema, permitindo disponibilizar ao utilizador, mesmo que inexperiente, uma
ferramenta que dê respostas para problemas de decisão espacial.

Os SEAD permitem que o utilizador confronte o problema de um modo flexível,


incluindo as suas preferências pessoais, através da manipulação de dados e modelos,
enquanto que nos SEPAD, o utilizador tem pouca, ou nenhuma, flexibilidade. Assim
sendo, estes sistemas não vão totalmente ao encontro daquilo que se considera ser a
democratização dos SIG.

4-89
Por sua vez, os SEAD-MC são sistemas baseados em computador, controlados pelo
utilizador, que disponibilizam dados e modelos para suportarem problemas de decisão
espaciais semi-estruturados. Envolvem um conjunto de alternativas que são avaliadas
com base em critérios conflituosos.

Muitos especialistas em sistemas de informação reconhecem que os problemas de


decisão multi-critério estão no cerne do apoio à decisão (Keen, 1987; Angehrn 1992).
Assim, alguns autores reconhecem que os SEAD-MC constituem uma das principais
classes de SAD (Keen, 1987), ao passo que outros consideram que se trata apenas de
uma generalização do conceito de SAD (Dyer e Forman 1991; Angehrn 1992). Devido
ao facto de muitas decisões que possuem uma componente espacial envolverem
preferências conflituosas, este tipo de sistemas deve ter a capacidade de suportar
decisões em grupo ou colaborativas.

Os SEAD colaborativos permitem a grupos de indivíduos trabalhar em conjunto por


meio de um conjunto de ferramentas genéricas que lidam com muitas das tarefas
requeridas pelos grupos de empresas (troca de informação sob a forma de texto,
números e gráficos) e com avaliações de grupo, construção de consensos e votações.

Os SEAD colaborativos são um tipo específico de sistemas de apoio à decisão multi-


-critérios. Um exemplo é o sistema de apoio à decisão multi-objectivo difuso, que
permite a inclusão de informação qualitativa (opiniões, críticas, etc.), muito útil para a
resolução de problemas específicos.

A contribuição para a resolução dinâmica de problemas específicos através da


integração das contribuições dos mais diversos utilizadores permite a modificação e
evolução destes sistemas. Assim, os SEAD colaborativos parecem ser ideais, tanto para
os técnicos como para os utilizadores. Aliás, neste caso, os técnicos são, a um tempo,
criadores, e seguidamente, utilizadores do sistema pericial resultante da componente
colaborativa.

Se se considerar a possibilidade de disponibilização deste tipo de aplicações na Internet,


permitindo um acesso à informação praticamente sem custos, constituindo um meio
privilegiado e com um elevado potencial de crescimento no que respeita à
disponibilização de grandes quantidades de informação georreferenciada perante uma

4-90
vasta audiência, então será com certeza o caminho certo para a universalização e
democratização na utilização dos SIG.

A Internet torna possível o acesso aos utilizadores a funcionalidades SIG, sem que para
tal tenham de ser necessariamente proprietários de licenças de aplicações de SIG,
bastando para tal disporem de um computador pessoal com ligação à Internet e de um
browser. Para além disso, a Internet permite o acesso generalizado a discussões sobre
novos avanços no que se refere ao desenvolvimento de aplicações, ao acesso a novos
dados, à disponibilização de nova bibliografia referente a assuntos específicos e também
aos avanços tecnológicos e tendências de mercado, através do acesso às páginas das
empresas que comercializam software para SIG.

A inclusão de informação com opiniões (preferências, prioridades, julgamentos, etc.)


dos decisores nos sistemas de informação é um fenómeno recente, essencial para o
desenvolvimento de sistemas de informação mais amigáveis. Apesar de haver ainda
muito a aprender sobre quais os tipos de informação mais valiosos, de como os incluir
nos sistemas de informação e de qual o modo mais eficaz para distribuir este tipo de
informação, reconhece-se-lhe um grande potencial, por permitir um acréscimo de
qualidade da informação.

Pode, ainda salientar-se um desenvolvimento provável e desejável dos SAD, em geral, e


que se aplica também aos SEAD: a evolução para sistemas inteligentes, que permitam
aos utilizadores, por um lado, o acesso a dados, informação e conhecimento, em
qualquer momento e em qualquer lugar, mas que consigam também reduzir os
crescentes e, por vezes, excessivos volumes de informação fornecidos aos utilizadores,
filtrando-os e disponibilizando apenas a informação que for relevante para esses
mesmos utilizadores. Trata-se, basicamente, de apostar na qualidade da informação
produzida e disponibilizada, por contraponto a uma grande quantidade de dados a que
os utilizadores não saibam como utilizar.

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