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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS

BACIA
METRO
POLI
TANA
RESUMO EXECUTIVO
Plano das Coletas Seletivas

BACIA METROPOLITANA

DEZEMBRO, 2017
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

Camilo Sobreira de Santana


GOVERNADOR

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE - SEMA


Artur José Vieira Bruno Lúcia Mara Bezerra da Silva
Secretário do Meio Ambiente Técnica - CODES

Maria Dias Cavalcante Viviane Gomes Monte


Secretária Executiva Técnica - CODES

Enio da Silva Nobre Rabêlo


EQUIPE TÉCNICA - SECRETARIA DO MEIO
Articulador - CODES
AMBIENTE - SEMA
Renata do Nascimento Martins
Luana Karla Bezerra Ferreira
Técnica - CODES
Orientadora da Célula de Gestão Territorial - CODES
Antônia Massilia Santos Silva Albano
Francisco Leorne de Sousa Cavalcante
Técnica - CODES
Gestor Ambiental - CODES

EQUIPE TÉCNICA - I&T Gestão de Resíduos

Tarcísio de Paula Pinto Danilo do Rosário e Silva


Coordenador Geral Técnico de campo
Maria Stella Magalhães Gomes Jorge Alisson Oliveira Cunha
Assistente de Coordenação Técnico de campo
Eugênio Alves Soares Daysiane Barbosa Brandão
Especialista em Direito Técnica de campo
Aguinaldo Luis de Lima Leandra de Azevedo S. Cavalcante
Especialista em Contabilidade Técnica de campo
Carlos Henrique de Oliveira Yasmin Barbosa Vidal
Especialista em Gestão Ambiental Técnica de apoio
Helena Maria Ferreira Leite Rafael Guiti Hindi
Coordenadora de Campo Técnico de apoio
Piero Pucci Falgetano Letícia Ribeiro Carvalho
Coordenador de Campo Técnica de apoio
Rubens Pastorelli Negrini Marisa Vieira de Jesus
Coordenador de Campo Analista Administrativa
Wanderley Macedo dos Anjos Breno Gentil
Coordenador de Campo Edição Gráfica

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APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que entregamos aos oitenta e um municípios cearenses inseri-
dos nas Bacias Hidrográficas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, seus Planos Regiona-
lizados de Coleta Seletiva. Este documento representa para os municípios não somente
um instrumento para cumprimento da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas
acima de tudo uma proposta inovadora e ousada para gestão dos mesmos.

Todas as etapas do trabalho foram executadas de forma participativa, respeitando as ca-


racterísticas individuais de cada município e sua similaridade com os demais que inte-
gram a mesma região.

Os Planos Regionalizados, além de uma produção coletiva, são também expressão de ações
em parceria que vem sendo constantes no dia a dia da SEMA, desta feita com a APRECE –
Associação dos Municípios, com a AGACE – Associação dos Gestores Ambientais, e com o
CAOMACE – Centro de Apoio Operacional ao Meio Ambiente do Estado do Ceará.

No escopo dos planos, apresentamos um modelo tecnológico que permite a implemen-


tação de uma coleta seletiva de forma integrada e consorciada, denominada “Coletas Se-
letivas Múltiplas”. A escolha deste novo modelo além de apresentar redução de custos
e resultados a curto prazo, garante a inclusão social e participação dos catadores, bem
como melhorias significativas na qualidade de vida da população e no meio ambiente.

Acreditamos que a partir desta publicação inicia-se um novo momento na gestão de re-
síduos sólidos do Ceará, caracterizado por um verdadeiro rompimento com a paralisia
atual, reafirmando-se um caminho que atende à ordem de prioridade determinada nas
políticas nacional e estadual de resíduos sólidos – recuperar e valorizar o máximo de re-
síduos antes de tratar da disposição final.

Artur José Vieira Bruno


Secretário de Meio Ambiente do Estado do Ceará
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................5

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................17
1. Romper a paralisia atual.............................................................................................................17
2. Rotas tecnológicas simples e seguras..........................................................................................17
3. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência............................................................. 18
4. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo dos resíduos.................. 18
5. Ajustar a coleta domiciliar e de resíduos da limpeza urbana para o manejo diferenciado.......... 19
6. Estruturar a mudança comportamental................................................................................... 19
7. Construir a estabilidade da gestão por meio de consórcios públicos.......................................... 19
8. Ancorar as iniciativas de inclusão sócio produtiva na estabilidade da gestão.............................20
9. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira dos serviços...........20
10. Definir o papel indutor do Estado na gestão regionalizada...................................................... 21

DIAGNÓSTICO DA REGIÃO MACIÇO DE BATURITÉ...................................................................... 25


1. Aspectos Gerais da Região e seus municípios............................................................................. 25
2. Situação atual dos resíduos sólidos...........................................................................................26
2.1 Caracterização dos resíduos sólidos................................................................................................26
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados...........................................................................................27
2.3 Resíduos domiciliares secos........................................................................................................... 30
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos.................................................................................................... 31
2.5 Resíduos da limpeza urbana...........................................................................................................33
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa............................................................................................. 34
3. Custos do serviço......................................................................................................................36
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos só-
lidos............................................................................................................................................. 37
5. Identificação dos catadores e suas organizações........................................................................ 37
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos............................... 38
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva.................................................................................................... 38
6. Possibilidades de consorciamento.............................................................................................40
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem........................................................................ 41

DIAGNÓSTICO DA REGIÃO SERTÃO CENTRAL.............................................................................43


1. Aspectos Gerais da Região e seus municípios.............................................................................43
2. Situação atual dos resíduos sólidos...........................................................................................44
2.1 Caracterização dos resíduos sólidos............................................................................................... 44
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados.......................................................................................... 44
2.3 Resíduos domiciliares secos............................................................................................................45

6
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos....................................................................................................47
2.5 Resíduos da limpeza urbana.......................................................................................................... 48
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa............................................................................................. 49
3. Custos do serviço...................................................................................................................... 51
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos só-
lidos............................................................................................................................................. 52
5. Identificação dos catadores e suas organizações........................................................................ 52
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos................................52
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva.....................................................................................................52
6. Possibilidades de consorciamento.............................................................................................54
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem........................................................................ 55

PLANEJAMENTO NAS REGIÕES MACIÇO DE BATURITÉ E SERTÃO CENTRAL............................... 57


Planejamento das coletas seletivas................................................................................................ 57
1. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência............................................................. 57
2. Rotas tecnológicas simples e seguras......................................................................................... 57
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de manejo de resíduos sólidos oriundos das coletas seletivas.... 60
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos.................................................................................... 61
2.1.2 Galpão de Triagem....................................................................................................................... 61
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e Madeira............................................................................62
2.1.4 Galpão de Compostagem.............................................................................................................63
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil....................................................................... 64
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR............................................................................................65
2.1.7 Ecopontos.....................................................................................................................................65
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos municípios....................................................................66
2.2 Avaliação do mercado de reciclagem e mecanismos para criação de fontes de negócios, emprego e
renda...................................................................................................................................................66
3. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo de resíduos sólidos........ 67
3.1 Divisão do município em setores para coleta seletiva..................................................................... 68
3.2 Pré-dimensionamento das equipes administrativa e operacionais................................................ 68
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais das Centrais Municipais de Resíduos.....................69
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões de Triagem.............................................................69
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Ecopontos...........................................................69
3.3 Investimentos necessários..............................................................................................................69
4. Ajustar a solução de coleta para o manejo diferenciado............................................................. 70
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta e transporte dos materiais coletados........................... 71
4.2 Introdução da coleta em três frações.............................................................................................. 71
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas Seletivas................................................................................72
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde do trabalhador para operação das áreas de manejo......73
5. Estruturar a mudança comportamental.................................................................................... 73
6. Construir e estabilizar a institucionalidade da gestão............................................................... 74
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas...................... 74
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das

7
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Coletas Seletivas................................................................................................................................... 75
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local......................................................................................................................................... 75
6.4 Periodicidade de revisão do plano.................................................................................................. 75
7. Ancorar as iniciativas de inclusão socio produtiva na estabilidade da gestão.............................. 75
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem......................... 75
7.1.1 Apoio aos catadores.......................................................................................................................76
7.1.2 Fomento às cooperativas............................................................................................................... 77
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável.............................. 77
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira............................... 78
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança..............................................................................................................................79
9. Definir o papel do Estado como indutor do avanço necessário..................................................80
9.1 Apoio aos investimentos iniciais..................................................................................................... 81
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente...........................................................................................82
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem.....................................82

DIAGNÓSTICO DA REGIÃO LITORAL LESTE................................................................................. 87


1. Aspectos Gerais da Região e seus municípios............................................................................. 87
2. Situação atual dos resíduos sólidos...........................................................................................88
2.1 Caracterização dos resíduos sólidos............................................................................................... 88
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados.......................................................................................... 88
2.3 Resíduos domiciliares secos............................................................................................................ 91
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos....................................................................................................93
2.5 Resíduos da limpeza urbana...........................................................................................................95
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa..............................................................................................97
3. Custos dos serviços...................................................................................................................99
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos só-
lidos........................................................................................................................................... 100
5. Identificação dos catadores e suas organizações...................................................................... 100
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos..............................100
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva...................................................................................................100
6. Possibilidades de consorciamento........................................................................................... 103
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem...................................................................... 104

PLANEJAMENTO NA REGIÃO LITORAL LESTE............................................................................ 106


PLanejamento das coletas seletivas............................................................................................. 106
1. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência........................................................... 106
2. Rotas tecnológicas simples e seguras....................................................................................... 106
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de manejo de resíduos sólidos oriundos das coletas seletivas... 109
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos...................................................................................110
2.1.2 Galpão de Triagem......................................................................................................................110
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e Madeira........................................................................... 111

8
2.1.4 Galpão de Compostagem............................................................................................................112
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil.......................................................................113
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR...........................................................................................114
2.1.7 Ecopontos....................................................................................................................................114
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos municípios...................................................................115
2.2 Avaliação do mercado de reciclagem e mecanismos para criação de fontes de negócios, emprego e
renda..................................................................................................................................................115
3. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo de resíduos sólidos....... 116
3.1 Divisão do município em setores para coleta seletiva..................................................................... 117
3.2 Pré-dimensionamento das equipes administrativa e operacionais................................................ 117
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais das Centrais Municipais de Resíduos....................118
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões de Triagem............................................................118
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Ecopontos..........................................................118
3.3 Investimentos necessários.............................................................................................................118
4. Ajustar a solução de coleta para o manejo diferenciado............................................................ 119
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta e transporte dos materiais coletados......................... 120
4.2 Introdução da coleta em três frações............................................................................................ 120
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas Seletivas...............................................................................121
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde do trabalhador para operação das áreas de manejo.....121
5. Estruturar a mudança comportamental...................................................................................122
6. Construir e estabilizar a institucionalidade da gestão..............................................................123
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas.................... 123
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das
Coletas Seletivas................................................................................................................................. 124
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local....................................................................................................................................... 124
6.4 Periodicidade de revisão do plano................................................................................................ 124
7. Ancorar as iniciativas de inclusão sócio produtiva na estabilidade da gestão............................ 124
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem....................... 125
7.1.1 Apoio aos catadores..................................................................................................................... 125
7.1.2 Fomento às cooperativas............................................................................................................. 126
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável............................ 126
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira..............................127
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança............................................................................................................................ 128
9. Definir o papel do Estado como indutor do avanço necessário.................................................129
9.1 Apoio aos investimentos iniciais................................................................................................... 130
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente..........................................................................................131
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem....................................131

DIAGNÓSTICO DA REGIÃO METROPOLITANA A.........................................................................137


1. Aspectos Gerais da Região Metropolitana A e seus municípios..................................................137
2. Situação atual dos resíduos sólidos......................................................................................... 138
2.1 Caracterização dos resíduos sólidos.............................................................................................. 138
9
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados......................................................................................... 139


2.3 Resíduos domiciliares secos.......................................................................................................... 140
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos.................................................................................................. 143
2.5 Resíduos da limpeza urbana......................................................................................................... 144
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa............................................................................................ 146
3. Custos do serviço.................................................................................................................... 148
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos
sólidos........................................................................................................................................ 148
5. Identificação dos catadores e suas organizações...................................................................... 149
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos...............................151
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva....................................................................................................151
6. Possibilidades de consorciamento............................................................................................153
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem.......................................................................154

PLANEJAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA A......................................................................156


Planejamento das coletas seletivas...............................................................................................156
1. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência............................................................156
2. Rotas tecnológicas simples e seguras........................................................................................156
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de manejo de resíduos sólidos oriundos das coletas seletivas... 159
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos.................................................................................. 160
2.1.2 Galpão de Triagem..................................................................................................................... 160
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e Madeira...........................................................................161
2.1.4 Galpão de Compostagem........................................................................................................... 162
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil...................................................................... 164
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR.......................................................................................... 164
2.1.7 Ecopontos................................................................................................................................... 164
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos municípios.................................................................. 165
2.2 Avaliação do mercado de reciclagem e mecanismos para criação de fontes de negócios, emprego e
renda................................................................................................................................................. 165
3. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo de resíduos sólidos...... 166
3.1 Divisão do município em setores para coleta seletiva.................................................................... 166
3.2 Pré-dimensionamento das equipes administrativa e operacionais................................................167
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais das Centrais Municipais de Resíduos................... 168
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões de Triagem........................................................... 168
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Ecopontos......................................................... 168
3.3 Investimentos necessários............................................................................................................ 168
4. Ajustar a solução de coleta para o manejo diferenciado........................................................... 169
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta e transporte dos materiais coletados......................... 169
4.2 Introdução da coleta em três frações............................................................................................ 170
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas Seletivas............................................................................... 171
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde do trabalhador para operação das áreas de manejo..... 171
5. Estruturar a mudança comportamental...................................................................................172
6. Construir e estabilizar a institucionalidade da gestão..............................................................172

10
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas.....................173
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das
Coletas Seletivas..................................................................................................................................173
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local........................................................................................................................................173
6.4 Periodicidade de revisão do plano.................................................................................................173
7. Ancorar as iniciativas de inclusão socio produtiva na estabilidade da gestão.............................173
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem........................174
7.1.1 Apoio aos catadores......................................................................................................................174
7.1.2 Fomento às cooperativas..............................................................................................................175
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável.............................175
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira..............................176
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança.............................................................................................................................176
9. Definir o papel do estado como indutor do avanço necessário.................................................178
9.1 Apoio aos investimentos iniciais................................................................................................... 178
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente..........................................................................................179
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem................................... 180

DIAGNÓSTICO DA REGIÃO METROPOLITANA B.........................................................................185


1. Aspectos Gerais da Região Metropolitana B e seus municípios..................................................185
2. Situação atual dos resíduos sólidos......................................................................................... 186
2.1 Caracterização dos resíduos sólidos.............................................................................................. 186
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados......................................................................................... 187
2.3 Resíduos domiciliares secos.......................................................................................................... 189
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos.................................................................................................. 190
2.5 Resíduos da limpeza urbana..........................................................................................................191
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa............................................................................................ 192
3. Custos do serviço.................................................................................................................... 194
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos só-
lidos........................................................................................................................................... 194
5. Identificação dos catadores e suas organizações.......................................................................195
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos.............................. 195
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva................................................................................................... 196
6. Possibilidades de consorciamento............................................................................................197
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem...................................................................... 198

PLANEJAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA B.....................................................................200


Planejamento das coletas seletivas..............................................................................................200
1. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência...........................................................200
2. Rotas tecnológicas simples e seguras.......................................................................................200
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de manejo de resíduos sólidos oriundos das coletas seletivas...203
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos................................................................................. 204

11
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.2 Galpão de Triagem.................................................................................................................... 204


2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e Madeira..........................................................................205
2.1.4 Galpão de Compostagem...........................................................................................................206
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil......................................................................207
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR......................................................................................... 208
2.1.7 Ecopontos.................................................................................................................................. 208
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos municípios..................................................................209
2.2 Avaliação do mercado de reciclagem e mecanismos para criação de fontes de negócios, emprego e
renda.................................................................................................................................................209
3. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo de resíduos sólidos...... 210
3.1 Divisão do município em setores para coleta seletiva.....................................................................211
3.2 Pré-dimensionamento das equipes administrativa e operacionais................................................211
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais das Centrais Municipais de Resíduos................... 212
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões de Triagem........................................................... 212
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Ecopontos......................................................... 212
3.3 Investimentos necessários............................................................................................................ 212
4. Ajustar a solução de coleta para o manejo diferenciado............................................................213
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta e transporte dos materiais coletados......................... 214
4.2 Introdução da coleta em três frações............................................................................................ 214
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas Seletivas.............................................................................. 215
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde do trabalhador para operação das áreas de manejo.... 216
5. Estruturar a mudança comportamental...................................................................................216
6. Construir e estabilizar a institucionalidade da gestão..............................................................216
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas.....................217
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das
Coletas Seletivas..................................................................................................................................217
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local........................................................................................................................................217
6.4 Periodicidade de revisão do plano................................................................................................ 218
7. Ancorar as iniciativas de inclusão socio produtiva na estabilidade da gestão............................ 218
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem....................... 219
7.1.1 Apoio aos catadores..................................................................................................................... 219
7.1.2 Fomento às cooperativas............................................................................................................. 219
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável............................220
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira............................. 220
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança............................................................................................................................220
9. Definir o papel do estado como indutor do avanço necessário................................................ 223
9.1 Apoio aos investimentos iniciais...................................................................................................223
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente.........................................................................................224
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem...................................224

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 227

12
DECRETO Nº 32483 DE 29/12/2017.............................................................................................. 230

13
INTRODUÇÃO
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

16
INTRODUÇÃO diferenciados, com uma gestão de processo capacitada

Introdução
e estável a cargo de consórcios públicos.

Com estas perspectivas tornou-se possível a ruptura


da atual paralisia da maioria dos municípios cearenses,
Este Resumo Executivo apresenta os Planos das Coletas
com iniciativas simples e imediatas.
Seletivas das Regiões Maciço de Baturité e Sertão Cen-
tral, Litoral Leste, Metropolitana A e Metropolitana B,
componentes do Plano Regionalizado de Coletas Seleti-
vas da Bacia Hidrográfica Metropolitana.
2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
De cada região estão apresentadas, em sequência, os SEGURAS
elementos do Diagnóstico realizado e do Planejamento
desenvolvido pelas equipes técnicas locais com apoio da
Consultoria. Os diagnósticos trabalharam as informa- Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que, se
ções prestadas por agentes locais, de forma a compor a nova legislação é exigente, por um lado, por outro
um cenário suficientemente seguro para o período de aponta caminhos, ao exigir a recuperação dos resídu-
planejamento das intervenções necessárias à correta os, utilizando seu potencial econômico e ambiental,
gestão dos resíduos sólidos nestas duas Regiões. definindo uma ordem de prioridade para o manejo de
resíduos, partindo da não geração, redução, reutiliza-
À luz das experiências dos técnicos envolvidos no pro- ção, reciclagem, tratamento, caminhando-se gradativa-
jeto, foram eleitas algumas diretrizes como norteadoras mente para o envio apenas de rejeitos aos aterros sani-
de todo o processo, do levantamento de informações ao tários. Ou seja, ao invés de se pensar em políticas para
planejamento das intervenções necessárias. São estas implantação de aterros sanitários, há que se pensar e
diretrizes as descritas a seguir. implementar políticas “pré-aterro”.

Adotam-se neste Plano soluções de manejo experimen-


tadas, de baixa complexidade e que demandam pouco
1. ROMPER A PARALISIA ATUAL investimento inicial, ressaltando-se:
• compostagem dos resíduos orgânicos em galpões
fechados, em pilhas estáticas com aeração forçada;
A frustrada tentativa de organização dos municípios em
consórcios públicos visando a construção de aterros sa- • manejo das embalagens adequado à escala local,
nitários regionalizados levou os municípios a uma situ- convivendo no território regional instalações de
ação de paralisia, com exceção das Regiões Sertão Norte simples acumulação de resíduos secos para municí-
e Médio Jaguaribe. Há atualmente uma compreensão pios que geram pequenas quantidades, com instala-
clara de que dotar o Estado, neste período, das soluções ções de triagem que recebam também resíduos secos
de aterramento necessárias é tarefa inexequível. Os de outros municípios;
aterros são obras complexas e caras, que não condizem • priorização do manejo dos RCC classe A pelo sim-
com o atual período de dificuldades da economia na- ples peneiramento com equipamento móvel, poster-
cional, e que por sua maturação lenta, não possibilitam gando a trituração;
uma agenda imediata de extensas atividades para as ad-
• manejo dos volumosos com desmonte de peças e
ministrações que recém iniciaram seus mandatos.
destinação de partes plásticas e metálicas em conjun-
Estabelecida esta compreensão, reconheceu-se a inevi- to com embalagens, e partes em madeira em conjun-
tabilidade da convivência com os lixões na grande maio- to com resíduos verdes;
ria dos municípios, mas, conforme um dos projetos em • manejo dos resíduos verdes com organização de pi-
desenvolvimento pela SEMA, com o início do processo lhas estáticas para digestão natural de capina, folhas
de recuperação destas áreas degradadas, conduzindoas e galharias, e de destinação de troncos e galhos para
a um estágio controlado de soluções transitórias. geração de energia, após desmonte;

A partir destas constatações, assumiu-se a necessidade • acumulação regional dos resíduos de logística re-
de desenvolvimento do que se denominou “políticas versa e encaminhamento aos agentes legalmente
pré-aterro”1 , para que se inicie rapidamente um perío- responsáveis.
do de “ir menos aos lixões”, por meio de “coletas seleti-
O atendimento aos objetivos das políticas públicas na-
vas múltiplas” que conduzam os resíduos para destinos
cionais para saneamento básico e resíduos sólidos, que

1 - Conforme designação da AGACE

17
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

são responsabilidades municipais exigidas, só ocorrerá mento exija escala industrial incompatível com o porte
Introdução

se o manejo dos resíduos for concebido em um sistema da Região, como é na maioria das vezes o caso dos resí-
organizado, que permita a efetividade da integração duos recicláveis secos, resíduos industriais e outros.
nomeada na “gestão integrada de resíduos sólidos”.
Os resíduos da construção civil decorrentes da limpeza
Essa integração ocorrerá em um sistema articulado de urbana, os resíduos verdes, os resíduos orgânicos do-
áreas de uso local e regional, que reduz e simplifica in- miciliares e de feiras e mercados públicos são resíduos
vestimentos e procedimentos operacionais. urbanos que devem permanecer no território; e em ge-
ral devem ser enviados para outros territórios os reci-
Com isso se está invertendo a lógica de implantação das cláveis secos, os resíduos de logística reversa e outros,
ações, para o atendimento do que determina a Lei: ao atendendo a lógica da cadeia produtiva. É importante,
invés de se começar pela implantação de um aterro, pri- assim, o reconhecimento dos agentes econômicos lo-
vilegiam-se soluções de menor custo de investimento e cais e regionais e seu envolvimento na construção de
que geram receitas, ficando os aterros como a última soluções de economia circular.
etapa da implementação da Lei – os investimentos mais
caros, de mais longa maturação e de operacionalização
mais exigente.
4. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
Essa inversão se coaduna com o fato de que não há como
implantar os aterros sanitários necessários ao Estado do ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
Ceará no curto prazo e, portanto, não há como encerrar MANEJO DOS RESÍDUOS
os lixões. No entanto, é possível e desejável “ir menos
ao lixão” e melhorar sua condição, começando por dar
A integração da gestão se dará não apenas no nível do
outro destino aos resíduos mais impactantes, os orgâ-
planejamento, mas também, e principalmente no nível
nicos, e ao mesmo tempo cumprindo determinação da
operacional.
Lei 12.305/2010 que em seu Artigo 36 define como res-
ponsabilidade do titular dos serviços públicos de limpe- A proposta adotada neste Plano é implantar uma Cen-
za urbana e manejo de resíduos sólidos a compostagem tral Municipal de Resíduos na sede de cada município,
dos resíduos orgânicos e a coleta seletiva dos resíduos. dotada de uma unidade de compostagem, de área para
operação de resíduos da construção civil, área para
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de
manejo de resíduos volumosos, área para manejo de
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
resíduos verdes, galpão para resíduos secos e área para
cílios deve ser substituído por outro mais amplo e ade-
recepção de resíduos da logística reversa, além de ins-
quado, que pressupõe a segregação na fonte de todos
talação de apoio, e um número de Ecopontos de acordo
os tipos de resíduos, e aplicado não apenas aos gerado-
res domiciliares mas a todos os geradores de resíduos.
Consequentemente não se trata mais de planejar uma ECO
ECO

coleta seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas


ECO
que propiciem o melhor aproveitamento dos diferentes
tipos de resíduos.
ECO

SAÍDA
SAÍDA

3. SOLUÇÕES COM MÁXIMA


PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
SAÍDA

Adota-se o Princípio da Proximidade e da Autossuficiên-


cia para o gerenciamento dos resíduos, conceito tomado com as necessidades de cada município.
das diretivas europeias para os resíduos sólidos. Com a
Essa Central na área urbana é inspirada pela experi-
proximidade das instalações de manejo em relação às
ência bem sucedida de realização de compostagem em
fontes geradoras, reduzem-se custos e as emissões de
ambiente coberto e fechado, com aeração forçada de pi-
gases de efeito estufa decorrentes de transporte e evita-
lhas estáticas (sem reviramento dos resíduos), praticada
se também a externalização dos impactos negativos que
na Colômbia, que revelou-se solução barata, simples,
podem decorrer do manejo dos resíduos sólidos.
eficiente e eficaz, sem odores e atração de vetores, e que
Cada região deve ser capaz de resolver em seu território não demanda grandes pátios para manejo dos resíduos.
todo o manejo de resíduos, exceto aqueles cujo trata- Sua operação ocupa área relativamente reduzida e pode

18
ser implantada de forma modular, permitindo evoluir resíduos segregados.

Introdução
com os investimentos no ritmo em que se evolui com a
coleta seletiva desses resíduos. A definição dos resíduos orgânicos como objeto da pri-
meira coleta seletiva extensiva a todo o território, obri-
A CMR, portanto, é uma área onde se integra o manejo ga, de imediato ao ajustamento da coleta municipal, de
dos diferentes tipos de resíduos urbanos, aproximan- forma progressiva.
do resíduos que devem ter tratamentos integrados,
como os orgânicos domiciliares e as folhas resultantes
das podas e manejo de áreas verdes, madeiras da cons-
trução, de resíduos volumosos e troncos, recicláveis se- 6. ESTRUTURAR A MUDANÇA
cos da construção civil e dos domicílios. São integrados COMPORTAMENTAL
também o uso de equipamentos, como máquinas para
movimentação de resíduos, a instalação de apoio, parte
do pessoal envolvido na operação e todos os controles A imprescindível mudança comportamental para a se-
operacionais, permitindo ainda a gestão integrada dos gregação dos resíduos para a coleta e a destinação dos
recursos financeiros advindos do manejo para valoriza- demais resíduos gerados nos domicílios às CMRs, tem
ção dos resíduos, de forma que operações superavitá- que ser estruturada para o momento presente e para o
rias sustentem as deficitárias e reduzam a dependência futuro, com envolvimento dos agentes de saúde e das
de investimentos externos. escolas do município.

A CMR integra, em municípios de maior porte ou que Para uma mudança imediata de comportamento dos
tenham áreas urbanas descontínuas, uma rede munici- geradores nos domicílios, é possível e desejável também
pal de áreas de recepção de resíduos de pequenos gera- o envolvimento das equipes de agentes comunitários de
dores, os Ecopontos, instalados na medida das necessi- saúde, agentes de combate a endemias e outros, no pro-
dades de atendimento da população do município. Essa cesso de orientação aos munícipes quanto à destinação
rede municipal, por sua vez, integra um Sistema Regio- adequada nos endereços definidos e divulgação dos en-
nal de Áreas de Manejo de Resíduos Sólidos. Passe-se dereços de entrega dos resíduos.
portanto a ter um conjunto de endereços para os quais
a população deverá encaminhar, por sua conta, os resí- Por outro lado, consolidando uma mudança de com-
duos não definidos como domiciliares pela legislação. portamento no futuro, é necessário o envolvimento da
rede escolar municipal, estadual e privada, de forma
O Ecoponto é uma área para simples recepção de re- que as escolas desenvolvam e implantem planos de ge-
síduos da construção civil, resíduos de poda, resíduos renciamento de todos os seus resíduos, vinculados aos
volumosos, e pequenas quantidades de resíduos da lo- endereços de destinação definidos no município, com
gística reversa. Está sempre ligado a uma CMR, onde os envolvimento do alunato, dos professores e funcioná-
resíduos recebidos serão processados. rios. Assim, se estará promovendo a formação de uma
nova geração habituada a outros comportamentos em
A CMR funcionará como um local de entrega voluntária relação aos resíduos.
de resíduos para a população do município que more
num raio entre 1,5 km e 2 km de distância, uma vez que
este Plano prevê coleta porta a porta apenas das três
frações de resíduos domiciliares – orgânicos, recicláveis 7. CONSTRUIR A ESTABILIDADE DA
secos e rejeitos. GESTÃO POR MEIO DE CONSÓRCIOS
PÚBLICOS

5. AJUSTAR A COLETA DOMICILIAR E DE Os municípios isolados, no entanto, enfrentam muita


RESÍDUOS DA LIMPEZA URBANA PARA dificuldade para o cumprimento de todas as exigências
O MANEJO DIFERENCIADO da legislação. A história da gestão municipal de resíduos
no país tem sido desastrosa, sujeita à descontinuidade
política local e à falta de recursos e de quadros técnicos
Para que esse Sistema funcione corretamente é funda- qualificados. Por isso, em todo o país vem se consoli-
mental que as práticas de coleta domiciliar sejam pro- dando a convicção de que apenas uma escala adequada
gressivamente ajustadas para coletas seletivas das três de gestão e operação torna possível o cumprimento de
diferentes frações de resíduos mencionadas e que a co- todas as exigências legais trazidas nos últimos 12 anos.
leta dos diferentes tipos de resíduos da limpeza urbana
também seja seletiva, permitindo conduzir à CMR os Na busca dessa escala, o Estado do Ceará vem estimu-

19
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

lando nesse período a formação de consórcios intermu- guardando-se o papel obrigatório das instâncias muni-
Introdução

nicipais para o enfrentamento da gestão dos resíduos cipais capacitadas ao atendimento de questões relativas
sólidos. O último estudo, Regionalização para a Gestão à assistência social, atendimento à saúde, e outros.
dos Resíduos Sólidos no Estado do Ceará, anexado ao
Plano Estadual de Resíduos Sólidos, definiu 14 regiões A legislação brasileira hoje é clara – serviços como o de
para a gestão dos resíduos sólidos no Estado, e que serve coleta seletiva de resíduos secos recicláveis são parte do
de base para a proposição de consórcios neste Plano. serviço público, e só podem ser prestados sob contrato.
Portanto os catadores de materiais recicláveis só pode-
Assim, o Plano Regionalizado para Implementação de rão realizar atividades desses serviços se forem contra-
Coletas Seletivas da Bacia Hidrográfica Metropolitana tados. E os contratos devem ser celebrados pelo Con-
está ancorado no avanço da gestão associada por meio sórcio, a quem os municípios estarão transferindo suas
de consórcios públicos, autarquias intermunicipais dis- competências relativas aos serviços de limpeza urbana e
ciplinadoras e implementadoras das responsabilidades manejo de resíduos sólidos.
municipais a nível regional.
É importante também incorporar o instrumento do
Por isso, ao lado da proposta técnica para gerencia- PSAU - Prestação de Serviços Ambientais Urbanos na
mento dos resíduos sólidos na Região, foi colocada em discussão da inclusão dos catadores no sistema de ma-
discussão junto aos municípios uma Minuta de Proto- nejo, resgatando-os para o “território da formalidade”.
colo de Intenções para a constituição de Consórcios
Públicos em cada uma das Regiões contempladas nes- O Plano não prescinde também da inclusão de outros
te Plano, obtendo-se como sinalização dos municípios agentes, como os agricultores regionais, como eventu-
em relação à formação de Consórcio em cada uma das ais consumidores de resíduos orgânicos processados,
regiões, a assinatura de uma Carta de Adesão pelos pre- de construtores de vários portes, como consumidores
feitos, manifestando sua concordância com a perspec- de resíduos da construção recuperados e de alguns con-
tiva da gestão associada. sumidores de biomassa para a geração de energia, que
podem ser envolvidos na destinação de diversos tipos
de madeira residual.

8. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
INCLUSÃO SÓCIO PRODUTIVA NA
9. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
ESTABILIDADE DA GESTÃO
DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
FINANCEIRA DOS SERVIÇOS
A questão da inclusão social dos catadores deve ser vista
do ponto de vista do fomento e apoio à sua organização.
Apontar solução para recuperação dos custos é deter-
Fomento para que se organizem e possam usufruir da minação legal que tem que ser cumprida; considera-se
vantagem que a lei lhes oferece de serem contratados que as boas soluções tecnológicas, gerenciais e de en-
para a prestação de serviços públicos – uma vez que genharia devam ser buscadas para que se expresse aos
hoje realizam serviços de coleta e triagem de resíduos munícipes o menor custo possível dos serviços, sem re-
domiciliares secos sem nenhuma remuneração pelos núncia às receitas da valorização dos materiais, que não
serviços – e que essa contratação ocorra com dispensa são desprezíveis na rota tecnológica adotada.
de licitação.
Os municípios devem instituir a cobrança de Taxa de
Apoio para que possam se qualificar, se aprimorar no Resíduos Sólidos Domiciliares para recuperação dos
exercício profissional, ter acesso a serviços de saúde, custos divisíveis relativos à coleta, tratamento e desti-
para que possam fazer parte do sistema previdenciário. nação destes resíduos. Preços públicos devem ser insti-
tuídos para a absorção eventual de resíduos de grandes
Buscando-se formas mais efetivas de apoio aos proces- geradores e deve ser prevista a discussão do recebi-
sos de inclusão sócio produtiva dos catadores de mate- mento de créditos por efetivação da logística reversa de
riais recicláveis, considera-se que estes processos serão embalagens e alguns resíduos especiais. A recuperação
mais consequentes se inseridos num sistema de manejo dos custos de serviços indivisíveis, como varrição, poda
regional, orquestrado pelo Consórcio a ser criado, para e limpeza corretiva, por exemplo, deve ser sustentada
que haja pleno reconhecimento dos catadores e suas pelo Orçamento Municipal, contribuindo para isso, em
organizações como agentes ambientais privados, neces- bom número dos municípios, frações de recursos defi-
sariamente priorizados pelo ente público nas múltiplas nidas no IPTU.
relações a serem estabelecidas por meio contratual, res-

20
Pretende-se que o Consórcio seja o órgão a efetivar a co-

Introdução
brança da Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares, cujos
valores arrecadados devam ser mantidos em contas do
município em nome do Consórcio, para cobertura de
custos da prestação de serviços do Consórcio ou de ter-
ceiros por ele contratados.

10. DEFINIR O PAPEL INDUTOR DO


ESTADO NA GESTÃO REGIONALIZADA

É notório que não bastam os investimentos, e mesmo as


melhores soluções técnicas, para a superação das defi-
ciências na gestão dos resíduos sólidos urbanos, se não
for estabelecido um novo processo de gestão nos muni-
cípios. E o papel do Governo do Estado é fundamental
para a construção e consolidação dos consórcios pro-
postos, a exemplo do papel desempenhado no passado
pelo Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), hoje Fun-
dação Nacional de Saúde (FUNASA), para a constituição
e desenvolvimento institucional dos serviços de água e
esgoto, com apoio técnico fornecido por um engenhei-
ro residente, que implantou sistemas e rotinas admi-
nistrativas e operacionais dos serviços, com padrões ge-
renciais e técnicos de qualidade. Isto ocorreu em bom
número de municípios cearenses, com repercussões
benéficas até a atualidade.

Este Plano prevê que algo semelhante seja adotado no


processo de implementação dos Consórcios Públicos
para a gestão associada das atividades planejadas.

O Estado do Ceará pode assumir um papel indutor des-


tas políticas públicas de caráter local e regional, por meio
da alocação de um Gestor Ambiental Residente em cada
consórcio público, criado em atendimento às diretrizes
já ressaltadas. Deve também promover o treinamento e
capacitação continuados desses gestores e dos funcioná-
rios do Consórcio nos aspectos técnicos e gerenciais.

Deve ainda equacionar os investimentos iniciais para


soluções de manejo, inserindo soluções de repasse no
ICMS Sócio Ambiental, a serem sequenciados pelos
consórcios públicos.

21
REGIÃO
MACIÇO DE
BATURITÉ
E
SERTÃO
CENTRAL
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DAS REGIÕES
MACIÇO DE BATURITÉ E
SERTÃO CENTRAL
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

24
DIAGNÓSTICO DA de 02 de março de 2017, envolvendo os municípios de

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Aquiraz, Itaitinga, Pacatuba, Guaiúba, Horizonte, Pal-

REGIÃO MACIÇO DE mácia, Pacoti, Pacajus, Acarape e Redenção. Outra


Unidade de Conservação da Região, estabelecida pelo
Decreto nº 20.956, de 18 de setembro de 1990 e pela al-
BATURITÉ teração realizada no Decreto nº 24.958, de 05 de julho
de 1998, é a APA da Serra do Baturité, com uma extensão
de cerca de 30,2 mil hectares, englobando os municí-
pios de Baturité, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu, Re-
denção, Palmácia, Aratuba, Capistrano, Caridade e Ca-
nindé. Além desta, há uma reserva indígena localizada
1. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO E no Município de Aratuba.
SEUS MUNICÍPIOS
Outro aspecto a ser considerado é a distribuição da po-
pulação do município pelos distritos. Nos municípios
A Região Maciço de Baturité situa-se a nordeste do Es- de Guaramiranga e de Redenção, as populações dos dis-
tado do Ceará, limitando-se ao norte e ao leste com a tritos de Pernambuquinho e Antônio Diogo, são equiva-
Região Metropolitana B, e ao sul e ao oeste com a Região lentes à população dos distritos sedes, respectivamente.
Sertão Central, conforme definição da “Regionalização
da Gestão de Resíduos Sólidos no Estado do Ceará”. Em relação a geração de riqueza, medida pelo Produto
Interno Bruto – PIB, os doze municípios são responsá-
A Região integra a Bacia Hidrográfica Metropolitana, veis pela geração de 1,3% do PIB do Estado, sendo Batu-
uma das mais críticas do ponto de vista das condições rité responsável por 0,3% do PIB estadual.
hídricas, com déficit hídrico acentuado e dependente
de importação de águas de outras bacias. Gráfico 1 - Evolução do PIB per capita nos
municípios da Região Maciço de Baturité (R$/ano)
Abriga reservas da APA do Rio Pacoti e o Corredor Ecoló-
gico do Rio Pacoti, estabelecidas pelo Decreto nº 32.164, 2014 2010

Quadro 1 - População total e urbana na Estado


Região Maciço de Baturité – 2016
Redenção

Palmácia
População Total População
Município Pacoti
2016 Urbana 2016
Mulungu
Acarape 16.418 8.546
Itapiúna
Aracoiaba 26.203 14.182
Guaramiranga
Aratuba 11.300 3.687 Capistrano
Barreira 20.835 8.643 Baturité

Baturité 35.154 25.792 Barreira

Capistrano 17.621 6.414 Aratuba

Guaramiranga 3.632 2.181 Aracoiaba

Acarape
Itapiúna 19.872 9.416

Mulungu 12.682 4.635 4.000 8.000 12.000 16.000


Fonte: IBGE
Pacoti 11.936 4.861

Palmácia 13.022 5.377 A concentração do rendimento nos municípios aferida


Redenção 27.358 15.646 pelo Censo do IBGE em 2010, no entanto, ainda é baixa,
sendo semelhante para todos os municípios da região,
Maciço de Baturité 216.033 109.380
com quase 85% da população recebendo até um salário
Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016. mínimo e 11% recebendo de 1 a 2 salários mínimos.
Nota: A projeção da população urbana para 2016 foi
estimada pela I&T, a partir do índice de urbanização A partir do Índice Firjan de Desenvolvimento Munici-
verificado no Censo de 2010 pal, pode-se notar que na região, apenas os municípios

25
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

de Itapiúna e Palmácia apresentam o índice geral de nicípios de Barreira, Baturité e Itapiúna, neste caso.
desenvolvimento regular, tendo os demais municípios
Nos municípios de Acarape, Guaramiranga e Redenção
um desenvolvimento moderado. Destacam-se também,
as prefeituras realizam a operação de limpeza urbana e
em relação ao índice de saúde, os municípios de Ara-
coleta de resíduos e têm contrato com empresas tercei-
tuba, Barreira e Guaramiranga, com alto índice de de-
rizadas para aluguel de veículos.
senvolvimento, sendo os demais com desenvolvimento
moderado. Em relação ao índice da educação, todos os Situações diferente das apresentadas ocorrem nos mu-
municípios obtiveram um índice de desenvolvimento nicípios de Pacoti e de Aracoiaba. Em Pacoti, a empre-
moderado. O ponto fraco, presente em todos os muni- sa contratada para a coleta e limpeza urbana disponi-
cípios, fica em relação ao índice de emprego e renda, biliza os veículos e cinco operadores, sendo os demais
sendo que metade apresenta um desenvolvimento re- operadores completados com o quadro operacional da
gular e outra metade um baixo desenvolvimento, sendo secretaria gestora. Em Aracoiaba, a empresa contratada
estes os municípios de Barreira, Capistrano, Guarami- realiza os serviços de coleta dos resíduos domiciliares e
ranga, Itapiúna, Mulungu e Palmácia. de varrição, além de prestar os serviços de capina e ro-
çada e de limpeza corretiva de resíduos da construção
Outro aspecto relevante para a caracterização social do civil e volumosos. Já a prefeitura realiza a operação de
município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro- varrição e de podas.
grama Bolsa Família, que caracteriza a parcela da popu-
Entre os municípios que terceirizam os serviços de co-
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
leta (Barreira, Baturité, Itapiúna, Aracoiaba e Pacoti), os
apresenta um percentual de 57% das famílias recebendo
contratos com a prestadora do serviço não contemplam
Bolsa Família.
a coleta diferenciada, devendo haver uma reformula-
Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são ção contratual. Para os demais municípios que realizam
aqui considerados: o número de escolas e o número de a operação, para implementar a coleta diferenciada,
agentes de saúde, relevantes para a mudança compor- basta uma readequação em seu quadro operacional
tamental que terá que ocorrer para o sucesso das cole- para atingir os objetivos propostos de implantação.
tas diferenciadas. Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con-
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
De maneira geral, os municípios contam com equipes
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi-
bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
cação e correção de problemas, fiscalização, etc.
comunidade. E o número de escolas na Região também
é significativo. Via de regra não existe um planejamento claro das ati-
vidades, muitas vezes ficando a car-
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos go das próprias empresas contrata-
municípios da Região Maciço de Baturité – 2017 das tomar decisões sobre roteiros
de coleta e atividades rotineiras de
limpeza.
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) 2.1 Caracterização dos
resíduos sólidos
Maciço de
210 476 150 Poucos municípios no Brasil têm um
Baturité
estudo de caracterização de resíduos.
Fonte: I&T. Oficinas Municipais de Diagnóstico. 2017 No Estado do Ceará o panorama não
é diferente, sendo Baturité uma das
exceções. Nesta caracterização nota-
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS -se que a presença de resíduos orgânicos em Baturité é
SÓLIDOS superior à obtida na média nacional, e as dos resíduos
secos e rejeitos são inferiores à média. A maior presença
de orgânicos na caracterização pode ser entendida pe-
Na Região Maciço de Baturité, quatro municípios reali-
los aspectos de uma cultura rural ainda muito presente,
zam os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos
mesmo com a urbanização do município.
sólidos por execução própria da secretária responsável
pela gestão dos resíduos sólidos (Aratuba, Capistrano, Mesmo com discrepância em relação à média nacional,
Mulungu e Palmácia). Entre os doze municípios, apenas em função das características específicas desta Região,
três realizam a operação de limpeza urbana e coleta de neste Plano adota-se, preliminarmente, a composição
resíduos por meio da gestão de um contrato terceiriza- gravimétrica encontrada no estudo realizado pelo mu-
do com empresas prestadoras de serviço, sendo os mu- nicípio de Baturité para todos os municípios da Região.

26
Gráfico 2 – Composição gravimétrica na Região gerados é o fato de muitos resíduos urbanos serem cole-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Maciço de Baturité tados conjuntamente. Além disso, os resíduos de gran-
Rejeitos
des geradores são também coletados com os resíduos
domiciliares, sem que ocorra o seu dimensionamento
10%
preciso – não há informações sobre quantos são, que ti-
pos de resíduos são disponibilizados para coleta e que
quantidades representam.

26% Recicláveis
No caso da Região Maciço de Baturité, apenas os muni-
cípios de Barreira e Mulungu realizam uma coleta de re-
síduos domiciliares e varrição em conjunto, realizando
ainda duas formas de coletas, uma para os resíduos da
64% construção civil, outra para resíduos verdes e volumosos.
Compostáveis
Outra forma ocorre nos municípios de Baturité, Gua-
ramiranga, Pacoti e Palmácia, que coletam os resíduos
Fonte: Elaboração I&T a partir dos dados do Plano domiciliares e de varrição em conjunto com os resídu-
Estadual de Resíduos Sólidos do Ceará
os volumosos, distinguindo assim os resíduos verdes e
resíduos da construção civil, que são coletados ora em
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados conjunto, ora em coletas distintas, conforme a disposi-
ção destes resíduos em vias públicas.
Os municípios da Região Maciço de Baturité transpor-
tam os resíduos para lixões à céu aberto, realizando, em Os municípios de Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Itapiúna
muitos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de e Redenção ainda realizam uma coleta conjunta, distin-
resíduos: da construção civil, volumosos e resíduos ver- guindo apenas os resíduos da construção civil em uma
des. Desta forma, o controle dos resíduos gerados nes- coleta distinta. Mesmo assim, nos municípios de Ara-
tes municípios é ineficiente, sendo realizado apenas um coiaba e Itapiúna, se houver disposição de resíduos ver-
cálculo das quantidades geradas, avaliadas pelo número des em vias públicas no momento da coleta dos resíduos
de viagens recebidas, tipo de resíduo transportado e ca- da construção civil, aqueles são coletados com os RCC.
pacidade volumétrica dos veículos.
Por fim, apenas o município de Capistrano não possui
Do ponto de vista do atendimento da população com nenhum tipo de coleta segregada, realizando a coleta de
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta todos os resíduos dispostos em vias públicas, sem qual-
uma cobertura de serviço bastante ampla, com índices quer distinção.
superiores a 70%. A exceção fica por conta do Municí-
A Região conta com uma frota de veículos contratados
pio de Aratuba, que possui cobertura para apenas 45%
das empresas prestadoras do serviço de limpeza urbana
da população.
(Baturité e Barreira), ou contratado pela empresa pres-
Além dos resíduos não serem pesados, outra dificulda- tadora do serviço de coleta, ou veículos próprios (Pal-
de para estimar a quantidade de resíduos domiciliares mácia, Mulungu, Capistrano e Aratuba): 6 caminhões
compactadores, 38 caminhões
Foto 1. Operação de coleta domiciliar em Pacoti caçamba, 3 caminhões carroce-
ria e 1 utilitário.

A quantidade total coletada foi


estimada a partir do número de
viagens realizadas e capacidade
dos veículos utilizados. De acor-
do com os dados disponíveis, a
Região Maciço de Baturité gera
diariamente 139,8 toneladas de
resíduos domiciliares indiferen-
ciados, o que representa uma
média de 1,3 quilos por dia por
habitante.

O SNIS – Sistema Nacional de In-


Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 formações sobre Saneamento

27
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

gu). Além destes, merecem desta-


Quadro 3 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares que os municípios de Capistrano
gerados por dia nos municípios da Região Maciço de Baturité e Palmácia, que obtiveram uma
geração abaixo dos 0,5 quilos por
Resíduos gerados Indicador do SNIS
Resíduos gerados habitante.
Município per capita (kg/ para a população (kg/
total (t/dia)
hab.dia) hab.dia)
Todos os resíduos domiciliares são
Acarape 16,7 2,0 0,90 coletados e dispostos diretamente
Aracoiaba 9,0 0,6 0,90
nos lixões da Região, uma vez que
de maneira geral não são aprovei-
Aratuba 4,1 1,1 0,90 tados, com raras exceções.
Barreira 18,9 2,2 0,90
Apesar de todos os resíduos co-
Baturité 17,1 0,7 0,95 letados na Região serem levados
Capistrano 1,8 0,3 0,90 para lixões, nem todos os muni-
Guaramiranga 8,6 3,9 0,90 cípios possuem lixões ativos em
seus territórios, especialmente
Itapiúna 14,1 1,5 0,90
os municípios da região serrana
Mulungu 15,0 3,2 0,90 do Maciço de Baturité, que por
estarem localizados em Área de
Pacoti 9,8 2,0 0,90
Proteção Ambiental (APA), não
Palmácia 2,8 0,5 0,90 podem dispor resíduos em seus
Redenção 21,9 1,4 0,90 territórios. É o caso dos municí-
pios de Pacoti, Guaramiranga e
Fonte: I&T. Levantamento de dados em campo junto aos órgãos municipais Mulungu, que transportam seus
gestores dos serviços. Nota: Os dados são estimados e foram calculados pela
resíduos para o lixão de Baturité.
I&T considerando o número de viagens e a capacidade dos veículos

apresenta uma média de produção de resíduos domici- Os outros dois municípios da


liares para as diferentes regiões do Brasil; para o ano de região serrana, Palmácia e Aratuba, se estendem terri-
2015 na região Nordeste a média encontrada de geração torialmente para além da serra protegida pela APA, e,
per capita foi de 1,22 kg/hab./dia. desta forma, dispõe seus resíduos em áreas localizadas
abaixo da região serrana. No lixão de Palmácia a opera-
Entre os doze municípios, cinco deles obtiveram uma ção é realizada em valas para aterramento de resíduos.
geração per capita acima de 2 quilos por habitante. Em
três deles, os técnicos municipais justificaram essa alta Na maioria dos municípios é recorrente a presença de
na geração pelo fato de serem municípios turísticos, da catadores e sucateiros recuperando materiais entre os
região serrana do Maciço de Baturité, com uma popu- resíduos, a presença de animais, e a ocorrência de quei-
lação sazonal elevada (Pacoti, Guaramiranga e Mulun- ma dos resíduos.

Foto 2. Lixão de Barreira

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

28
Foto 3. Lixão de Baturité

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

Foto 4. Valas para aterramento no lixão de Palmácia

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017


Foto 5. Catadores no lixão do Município de Aratuba

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

29
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.3 Resíduos domiciliares secos


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Além destas ações específicas, não ocorre coleta dife-


renciada de resíduos de forma sistemática nos municí-
Os municípios, na medida em que não têm suas pró- pios do Maciço de Baturité.
prias caracterizações de resíduos, não informaram a
Os números mostram que as iniciativas atuais não che-
composição dos resíduos coletados. Assim, considera-
gam a coletar por mês a quantidade de resíduos secos
-se, como mencionado anteriormente, o percentual de
gerada por dia nos municípios. Apesar de louváveis, o
resíduos secos existente no estudo de caracterização de
que se pode verificar é que ainda são ações incipientes e
resíduos de Baturité – 26% para toda a Região.
de pouca eficiência e eficácia.
Não há nenhuma ação de coleta seletiva dos resíduos
A estimativa de geração de resíduos secos recicláveis
domiciliares secos na Região Maciço de Baturité. A re-
foi feita aplicando-se o percentual de resíduos secos da
cuperação destes resíduos ocorre por meio de catado-
composição gravimétrica de Baturité à massa estimada
res, que trabalham nos lixões municipais de forma de-
de resíduos gerados em cada município. O município
sorganizada, ou coletando em vias públicas, como será
com menor geração é Capistrano – 0,5 t/dia e o com
explicitado mais adiante.
maior geração é Redenção – 5,7 t/dia.
No município de Barreira a coleta seletiva das embala-
Os grandes geradores de resíduos secos, embora não se-
gens secas é realizada de maneira informal no momen-
jam considerados geradores de resíduos urbanos, apre-
to. Existem no município 10 catadores que coletam os
sentam interesse para este Projeto na medida em que
resíduos pelas ruas do município, além de coletores
devem também segregar os resíduos que geram para
espalhados nas localidades e distritos. Não possuem
sua adequada destinação e aproveitamento, e devem
um local adequado e estruturado para esta separação e
ser considerados na estruturação das cadeias produti-
acondicionam o material coletado em bags, virados de
vas de resíduos de tipo assemelhado aos domiciliares.
ponta cabeça, para proteção contra eventuais chuvas,
em suas próprias residências. A coleta é realizada por Não foi possível identificar nos municípios um cadastro
carroça, “carro geladeira” e bicicleta, dependendo do de grandes geradores e nem o porte dos empreendi-
catador. Este tipo de ação também ocorre nos municí- mentos - foram apontados genericamente como grandes
pios de Acarape e Redenção. geradores os supermercados (ou mercantis), pela quan-
tidade de embalagens geradas,
Foto 6. Ponto de entrega de resíduos secos do Programa Ecoenel
chamadas secundárias ou terci-
árias. Nos municípios de maior
porte, como Baturité e Barreira, é
possível identificar também pré-
dios de escritórios, lojas de depar-
tamentos e indústrias.

O processamento dos resídu-


os dos grandes geradores pode
gerar novos empreendimentos
econômicos na Região, que po-
dem, inclusive, atrair resíduos
de municípios de fora da Região,
uma vez que são de responsabili-
dade privada.
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017
Em grande medida os resíduos
dos grandes geradores são co-
Outro tipo de ação ocorre no município de Barreira, rea- letados em conjunto com os resíduos domiciliares da
lizada pelo Programa Ecoenel, da distribuidora de ener- Região; não há, portanto, cobrança para essa coleta, o
gia Enel. O município disponibiliza um local para ser o que significa também que não se cobra o transporte e a
ponto de recepção deste programa, que recebe os resí- destinação final.
duos secos da população em troca de desconto na con-
ta de energia. Apesar de outros municípios estarem em Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição
procedimento de viabilizar sua inserção neste programa, final pelos catadores são destinados a uma rede de asso-
atualmente apenas o município de Barreira participa. ciações, sucateiros e recicladores localizados na Região
e em Fortaleza, Maracanaú e Maranguape.

30
Foto 7. Material coletado por uma das famílias no lixão de Baturité

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

São instalações em grande maioria de pequeno porte, 2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
que estabelecem um fluxo de resíduos entre elas, que
se inicia na ação dos catadores e se encerra em proces- Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os
sadores locais e externos, conforme indicado em Mapa municípios não informaram o percentual da presença
que georreferencia as que puderam ser visitadas nos le- desses resíduos na massa total de geração de resíduos.
vantamentos de campo. Assim, considera-se para toda a Região, como mencio-

Mapa Diagnóstico
-0 65
CE

!
H
CE-15
5
MA
PALMÁCIA CE
RN
)
&(
( )
& PI
!
? PB

PE

(
!
D )
&
( Reciclador
PACOTI
CE

)
&
(
-2 53

@ ( Grande
56

)
& !
? )
&
ACARAPE
-3

(
CE

)
&
( Sucateiro
GUARAMIRANGA REDENÇÃO
!
H Pequeno
35 6

)
&
( Sucateiro
5;CE-

BARREIRA
!
CE-06

H #)
& CE-35
( 4

!
? )
&
(
)
&
( (
!
D )
&
( # ECOENEL
)
&
( )
&
(
MULUNGU
Aproveitamento
@
60
-0
CE

CE-464
!
H de Pneus
!
H
Acumulação de
!
H !
?
65

BATURITÉ Podas
-0

CE
)
&
!(
CE

-3
56
?
ARACOIABA !
H Lixão
ARATUBA
!
H )
&
( (
!
D Bota Fora

CAPISTRANO Maciço de
CE
-2 57 !
H
Baturité

Divisa Municipal

Setor Censitário
Urbano

ITAPIÚNA Cursos d'água


)
&
(
)
(&
Rodovias
!
H
22
-1
BR
60
-0
CE

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

31
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Foto 8. Depósito de sucateiro em Capistrano

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

nado anteriormente para os


resíduos secos, o percentual de Quadro 4 - Número e frequência de funcionamento de feiras e
geração dos resíduos orgânicos mercados
existente no estudo de caracte-
Maciço de Feiras Mercados
rização de resíduos de Baturité
– 64%. Baturité
Número Frequência Número Frequência

Não há iniciativas de coleta se- Total 10 diária e semanal 5 diária


letiva de resíduos orgânicos na
Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em campo
Região Maciço de Baturité. To-
dos os resíduos domiciliares são
coletados em conjunto. A estru- de resíduos orgânicos e o número e frequência de fun-
tura de transporte dos resíduos já foi descrita no item cionamento das feiras (10) e mercados (5).
relativo aos resíduos indiferenciados.
São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
A partir da composição gravimétrica dos resíduos ado- gânicos também os hotéis, bares, restaurantes e outros
tada e da estimativa de geração de resíduos indiferen- estabelecimentos dedicados ao preparo de alimentos,
ciados, estima-se que a Região gere 89,5 toneladas de além dos supermercados em função de perdas resultan-
resíduos orgânicos por dia, o que representa 0,8 kg/dia tes da comercialização de frutas, legumes e verduras.
por habitante.
Quadro 5 – Número de grandes geradores de resíduos orgânicos na
O município com menor gera- Região Maciço de Baturité
ção é Capistrano – 1,2 t/dia e o
com maior geração é Redenção
Maciço de Locais de Bares, restaurantes Processadores de
– 14 t/dia. Baturité hospedagem e similares alimentos

Para avaliação da geração de re- Total 24 34 8


síduos orgânicos é preciso levar
em conta, além da fração de re- Fonte: MTE. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, 2015
síduos orgânicos de origem do-
miciliar, a quantidade gerada Os resíduos orgânicos, se compostados, poderiam ser
em grandes geradores e em feiras e mercados existen- usados tanto em áreas verdes dos municípios da Região
tes nos municípios. No entanto, na Região os resíduos quanto em atividades agrícolas do entorno.
são coletados em conjunto com os domiciliares, impos-
sibilitando a definição dessas quantidades no momen- O IBGE identifica áreas plantadas, que são agricultu-
to. Conhece-se apenas o número de estabelecimentos ráveis, na Região Maciço de Baturité, e potencialmente
que pelas suas atividades geram grandes quantidades consumidoras de composto orgânico.

32
Na grande maioria dos municí-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Quadro 6 - Área agriculturável nos municípios da Região Maciço
pios da Região Maciço de Baturi-
de Baturité
té, os resíduos da limpeza urba-
na são coletados conjuntamente
Área colhida Área colhida
com os resíduos domiciliares. Os
Maciço de Baturité em lavouras em lavouras Área total (ha)
temporárias (ha) permanentes (ha) resíduos da construção civil pos-
suem coletas diferenciadas, com
Total 31.480 38.789 70.269
destinos diferentes dos domici-
liares.
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015
Nos municípios de Aratuba e Re-
denção, os resíduos verdes são
2.5 Resíduos da limpeza urbana deixados no próprio local onde
foi prestado o serviço, deixando-o se decompor natu-
A Lei 11.445/2007 define as atividades de limpeza públi- ralmente. Os municípios de Aracoiaba, Barreira, Pal-
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; mácia, Pacoti possuem áreas para disposição apenas de
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos resíduos verdes, que em coletas diferenciadas, são en-
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- caminhados para estes locais, apenas para acumulação,
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos sem nenhum tipo de reaproveitamento.
de acesso aberto ao público.
Os municípios de Mulungu e Guaramiranga, da região
Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver- serrana, não possuem um local para o descarte destes
des, provenientes da capina, podas e roçada, a limpeza resíduos, e não podem leva-los para o lixão de Baturité.
de feiras públicas e eventos de acesso aberto ao público, Assim, acabam descartando de maneira inadequada nas
e os resíduos resultantes das atividades de limpeza cor- encostas.
retiva que são aplicadas nos recorrentes pontos viciados
de cada município. Nestes pontos há a presença signifi- Os municípios de Acarape, Capistrano, Itapiúna e Batu-
cativa de resíduos da construção, resíduos volumosos e rité encaminham os resíduos verdes e volumosos para
resíduos domiciliares. os seus lixões municipais.

Foto 9. Veículos utilizados na limpeza urbana de Acarape Em relação aos resíduos da cons-
trução civil, o cenário é diferen-
te. O reaproveitamento destes
resíduos é mais frequente, sendo
realizado em todos os municí-
pios. Nos municípios da região
serrana o uso é mais frequente,
pois este tipo de resíduo é utili-
zado para realizar aterramento
para a construção.

Na grande maioria dos municí-


pios a coleta é feita semanalmen-
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 te, com exceção dos municípios
maiores, onde há coleta diaria-
Foto 10. Local de destinação de podas, capina, roçada e volumosos em Barreira
mente. As operações de limpeza
urbana são realizadas com reve-
zamento dos mesmos veículos
utilizados para a coleta de resí-
duos domiciliares. Em 7 municí-
pios foram identificados veículos
exclusivos para esta operação,
que totalizam: 3 caminhões ca-
çamba, 4 caminhões carroceria,
um trator carroceria e um veícu-
lo utilitário.

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 Com base em indicadores, fo-

33
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

ram estimadas as quantidades de resíduos da limpeza Parte dos Resíduos da Construção Civil é aproveitada
urbana geradas nos municípios da Região Maciço de para aterramento e uso em estradas. Essa prática é mais
Baturité. Não foram considerados os resíduos da varri- comum em municípios de menor porte e chega a ocor-
ção neste Plano, uma vez que seu aproveitamento neste rer em toda a Região Maciço de Baturité.
momento exigiria esforços que escapam ao escopo das
coletas seletivas. Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira,
foi levantado o número de cerâmicas
Quadro 7 – Estimativa de geração de resíduos da limpeza e de frigoríficos existentes na Região,
urbana na Região Maciço de Baturité que utilizam madeira para geração de
energia ou vapor (caso dos frigorífi-
Verdes RCC Volumosos
cos). Além disso, são potenciais usu-
Maciço de Baturité
m /dia
3
m /dia
3
m /dia
3 ários das madeiras oriundas dos ser-
viços de limpeza urbana (madeiras da
Total 101,7 22,8 9,0
construção civil de deposições irre-
Fonte: I&T, a partir de levantamento de dados em campo. 2017
gulares ou recebidas em Ecopontos,
madeiras de resíduos volumosos e
troncos e galhos de poda e supressão
Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de resí- de árvores) as indústrias instaladas na Região que ne-
duos da construção civil são legalmente os responsáveis cessitam de madeira para geração de energia em fornos
pelo manejo de seus resíduos. São grandes geradores de e caldeiras, cujo potencial não foi possível avaliar neste
resíduos da construção as construtoras em geral e as de- momento. Foram identificadas 4 cerâmicas na Região
molidoras. A maior parte das construtoras se dedica à
construção de edifícios. 2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa

Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que expres- O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a
sam apenas o universo formal das atividades econômi- partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO-
cas, foi possível reconhecer parte deste segmento pro- NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
dutivo. dores de pneus novos a promover a
coleta e dar destinação adequada aos
Quadro 8 – Geradores de Resíduos da Construção Civil produtos considerados inservíveis.
Conforme estabeleceu a Resolução,
Tipo de Construtoras de Empresas de e visando garantir o recolhimento
Construtoras
empreendimento edifícios demolição de pneus inservíveis, os fabricantes
e importadores de pneus novos são
Total 16 16 – obrigados a implantar e operar um
Fonte: RAIS 2015 ponto de coleta nos municípios com
população superior a 100 mil habi-
tantes, pelo menos.
Foto 11. Local de destinação de podas, capina, roçada e volumosos em
Barreira As exigências também recaem sobre
os estabelecimentos de comercializa-
ção de pneumáticos, que são obriga-
dos a reter um pneu usado para cada
unidade nova ou reformada vendida,
além de garantir o armazenamento
dos mesmos até a sua coleta, funcio-
nando como ponto de entrega, man-
tendo-se a responsabilidade de fabri-
cantes e importadores de promover a
coleta, o transporte e a destinação dos
pneus inservíveis.

A Reciclanip é a entidade de referên-


cia que atua como o agente executor
do sistema de logística reversa de
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 pneus no Brasil. Criada pelo conjun-
to de empresas do setor industrial

34
(ANIP), a Reciclanip tem gerenciado junto aos muni- Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


cípios brasileiros a implantação de postos de coleta, sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em
criados por meio de convênios de cooperação firmados todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
com as prefeituras municipais. sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de
recebimento, a população total encontra-se abaixo des-
Na Região Maciço de Baturité, durante o levantamento te patamar.
de campo, não foram identificados pontos de recepção
instalados pela Reciclanip. Porém, no município de Re- Dos 32 pontos de recebimento de pneus inservíveis no
denção foi identificada uma borracharia que reutiliza Estado do Ceará, apenas 6 destes pontos estão em mu-
pneus inservíveis, transformando-os em cadeiras. nicípios que não são objeto dos Planos Regionalizados
de Coletas Seletivas.
Existe ainda um ordenamento dos pneus gerados pela
Prefeitura de Pacoti, que armazena os pneus em um lo- O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi
cal protegido das intempéries. Porém, não há nenhuma definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
ação para a retirada deste material. belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
Em geral, a implantação destes postos de coleta depen- nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
de da disponibilização de locais para o armazenamento toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
de pneus pelos municípios, sendo que a entidade repre- pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela
sentativa do setor produtivo oferece a garantia do reco- rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
lhimento posterior. e importadores desses produtos.
De acordo com o setor privado responsável pelo reco- O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos
lhimento dos pneus inservíveis (contemplando indús- gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e
trias e importadores), são 863 pontos de coleta pelo baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica
país, dos quais apenas 3 estão no Estado do Ceará. e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os
Já os dados disponibilizados pelo IBAMA indicam a exis-
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no
tência de 1.723 pontos de coleta pelo país, dos quais 32
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação
estão no Ceará.
direta entre perfil socioeconômico da população, con-
sumo e geração.
Mapa 1 – Mapa com indicativo de pontos
de coleta de pneumáticos inservíveis no Gráfico 3 – Postos de entrega de pilhas e baterias
Estado do Ceará segundo macrorregiões (%)

Norte
Centro Oeste 2%
Nordeste
Sul 7%
14%
10%

67%
Sudeste

Fonte: GMC&LOG
Fonte: IBAMA, 2017
No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reconhe-
cidos; não há nenhum na Região Maciço de Baturité.

35
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas resíduos eletroeletrônicos, como média nacional, é de


e baterias – Estado do Ceará 2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por
habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi-
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú-
mero de lâmpadas descartadas.

3. CUSTOS DO SERVIÇO

Como regra, os municípios não apropriam os custos dos


serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba-
na de forma que permita analisar separadamente cada
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole-
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga-
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente.

A partir dos dados disponibilizados pelos municípios


Fonte: GMC&LOG participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi-
O sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescen- co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região,
tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi es- como indicado a seguir.
truturado a partir da assinatura de acordo setorial em
novembro de 2014. Como operadora do sistema de lo-
Gráfico 4 – Distribuição de despesas nos
gística reversa de lâmpadas no Brasil, a Reciclus irá im-
custos dos serviços de manejo de resíduos
plementar e operar o sistema de acordo com a metodo-
sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
logia aprovada no respectivo acordo setorial, que prevê
Região Maciço de Baturité
a implantação de pontos de coleta em estabelecimen-
tos comerciais estrategicamente localizados, de acordo
com critérios de dimensionamento da geração de resí- Orgânicos
duos pós-consumo residencial, baseados em aspectos Varrição, poda
e capina 17%
territoriais e de capacidade de recolhimento. 29%

No Ceará apenas Fortaleza é contemplada com a implan-


tação de pontos de recepção de lâmpadas no Ano I do 11% Secos
Acordo Setorial (2017). Serão também atendidas, Caucaia
(Ano II), Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral (Ano III),
8 cidades (Ano IV), 65 cidades (Ano V) e outras 104 cidades 10%
Rejeitos
do estado (correspondente a 56% do total de municípios
cearenses) não terão nenhum ponto de entrega. 34%
Limpeza
De acordo com indicadores divulgados pelo Ministé- corretiva
rio do Meio Ambiente, a taxa de geração per capita de

Quadro 9 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Maciço de Baturité

Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)

Total 475 108 780 317 284

Fonte: I&T, a partir de indicadores do Ministério do Meio Ambiente. 2017

36
Gráfico 5 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


urbana na Região Maciço de Baturité

30

25

20
População (em mil hab.)

15

10

0
5,00 10,00 15,00 20,00

Custo mensal per capita (R$)

Fonte: Elaboração I&T


Nota: foram utilizados os dados da Região Maciço de Baturité para municípios assemelhados da Bacia Hidrográfica
Metropolitana, como na Região Litoral Leste e Sertão Central

Com base nas informações dos contratos, pode-se afir- possui Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
mar que os gastos totais, na Região Maciço de Baturité,
se ampliam na medida em que diminui o porte da popu-
lação atendida, como pode ser observado no Gráfico 5.
5. IDENTIFICAÇÃO DOS CATADORES E
SUAS ORGANIZAÇÕES
4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,
PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO No processo de levantamento de dados para a descrição
da cadeia produtiva de reciclagem, foi feito um esforço
DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS para identificar os catadores que atuam em cada muni-
SÓLIDOS cípio, e suas organizações.

Uma maneira de se obter esse número é por meio de um


Com poucas exceções, nos municípios do Ceará envol- cadastramento. No caso dos municípios abrangidos pelo
vidos neste Projeto não existe ainda uma preocupação Projeto, na Região Maciço de Baturité, os municípios não
com a institucionalização da gestão dos resíduos sóli- possuem um cadastramento de catadores. Houve ape-
dos. Algumas vezes há menção ao tema em Leis Orgâ- nas uma ação de cadastramento no município de Baturi-
nicas dos municípios, Códigos de Postura, Planos Dire- té, que já está desatualizada, pois foi realizada em 2005.
tores. Mas não há leis que instituam política municipal No entanto, não se obteve acesso a esse cadastro.
de resíduos sólidos, órgãos bem es-
truturados para planejamento e fis-
calização da prestação dos serviços Quadro 10 – Número de organizações e de catadores identificados
pelas empresas contratadas, tam- na Região Maciço de Baturité
pouco regulação dos serviços.
Número de Número total
Maciço de Número de
Os municípios de Aracoiaba e Ara- catadores de catadores
Baturité organizações
organizados identificados
tuba possuem Planos de Saneamen-
to Básico, o município de Barreira Total 1 12 210
possui Plano Municipal de Coletas
Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias Municipais, sistematização I&T
Seletivas e o município de Baturité
37
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Foto 12. Conversa com os catadores no levantamento de campo à recuperação de resíduos no cenário
(lixão de Baturité) nacional, no Nordeste e no Estado do
Ceará.

Também foram considerados, nesta


análise, os dados específicos do Cea-
rá, produzidos pelo Sindiverde – Sin-
dicato das Empresas de Reciclagem
de Resíduos Sólidos Domésticos e In-
dustriais do Ceará.

O setor de produção e de reciclagem


de papel e papelão é constituído de
uma série de segmentos, desde a in-
dústria de papel e celulose (represen-
tada pela BRACELPA) até os aparistas
(representados pela ANAP), fornece-
dores das indústrias recicladoras. Em
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017
relação à recuperação, o setor apre-
senta dados que indicam um total de
5.1 Programas e projetos de inserção de 4,7 milhões de toneladas coletadas e
catadores na gestão pública de resíduos encaminhadas à indústria recicladora – equivalentes a
64,5% do consumo aparente.
A única organização existente no município de Barreira
De acordo com publicações do setor, confirma-se a in-
é a Associação de Catadores LLR, do Município de Bar-
formação de que os principais polos recicladores são SP,
reira, que conta com 12 associados no momento. A asso-
PR e SC.
ciação foi formada no período entre a oficina municipal
de diagnóstico e a capacitação dos catadores, e todavia As principais fontes de informação sobre a cadeia eco-
ainda não está em operação. nômica da reciclagem e da produção de embalagens e
produtos que geram resíduos metálicos são as entida-
Quando estiver em operação, eles vão ser contratados
des representativas do setor de alumínio e de aço, os
pela Prefeitura do Município de Barreira para realizar
fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De
a coleta seletiva porta a porta no município, recebendo
acordo com informações do setor, em 2014 o índice de
um caminhão para coleta e um galpão para triagem de
recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média
resíduos, que será a edificação abandonada do antigo
mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala-
matadouro.
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em
Mais do que uma parceria, a Prefeitura Municipal de 2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com
Barreira irá realizar um contrato com a Associação de capacidade de recepção das embalagens de alumínio,
Catadores LLR, para realizar a coleta porta a porta no sendo cinco para produção do corpo das latas e duas
município, sendo disponibilizados a eles um caminhão para produção das tampas – nenhuma no Ceará.
para a coleta de resíduos e um galpão para a triagem.

5.2 Diagnóstico da cadeia Foto 13. Caminhão privado de coleta de Pacoti, atuando no município de
produtiva Palmácia

Para a compreensão das cadeias


produtivas em que se inserem
os resíduos secos coletados sele-
tivamente na Região Maciço de
Baturité, foram realizadas pes-
quisas e mantidos contatos com
as entidades representativas de
segmentos responsáveis pelos
resíduos secos com o objetivo de
identificar os fluxos de resíduos,
as ações e as iniciativas voltados Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias municipais, sistematização I&T

38
Foto 14. Local de acumulação de sucateiro Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


A principal fonte de informação sobre
a reciclagem dos vidros é a entidade
representativa do setor – a ABIVIDRO.
Segundo dados de 2013 desta institui-
ção, são 8 os principais grupos fabri-
cantes de vidro oco no Brasil (embala-
gens), com duas unidades operando no
Nordeste: em Pernambuco e na Bahia.
Havia uma fábrica (CIV) em Fortaleza,
mas alterou seu ramo de atuação, pro-
duzindo atualmente vidros planos (es-
pelhos, automotivos etc.). O índice de
reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está
próximo ao patamar de 40%, variando
Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias municipais, sistematização I&T anualmente para baixo ou para cima,
sem grandes alterações em torno des-
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca ta média. Além disso, cerca de 25% das
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas embalagens de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- pelo setor de bebidas. O setor de vidro não é signatário
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- do acordo setorial de embalagens em geral. Portanto,
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es- ainda não há estratégias para ampliar o desempenho do
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco, setor de vidro no âmbito da reciclagem de materiais.
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali-
tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci-
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be- clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014.
e encaminhadas para a reciclagem.
Na etapa de levantamento de dados para a elaboração
As principais fontes de informação sobre a reciclagem deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re-
dos plásticos são as entidades representativas do setor conhecidos nos municípios da Região fluxos para ou-
– a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo- tras regiões, em busca das instalações processadoras
ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando dos materiais recuperados. Os dados informados pelos
aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo sucateiros são bastante imprecisos, não sendo possível
informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús- considerar quantidades exatas por tipo de material. Em
trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61 números gerais, são comercializados na região 61,9 to-
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon- neladas de resíduos secos por mês, com comerciantes
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA, nos municípios de Barreira, Baturité, Capistrano, Itapi-
entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des- úna, Pacoti e Redenção. Nos demais municípios, há co-
carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori- merciantes de materiais de menor expressão, que não
gem industrial – resíduos gerados no processo produti- conseguem contabilizar a quantidade comercializada.
vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no Embora exista em geral alguma resistência dos sucatei-
Ceará, todos na Região Metropolitana. ros em informar os preços de compra e venda pratica-
dos, foi possível obter dados de alguns deles, bastante
Em relação ao PET, as informações são oriundas da enti- convergentes, que permitiram definir preços de refe-
dade representativa do setor – a ABIPET, com dados mais rência. Todos os resíduos secos que chegam aos suca-
recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65% do teiros são resultado da ação de catadores e, eventual-
PET adquirido pelas indústrias está em forma de flocos, mente, de coletas feitas diretamente pelos sucateiros
enquanto os fardos ainda representam 25% do montan- em áreas comerciais.
te de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10% chega
às unidades recicladoras na forma de PET granulado. O Mapa a seguir expressa de forma sucinta os fluxos
Em relação à reciclagem do PET, as principais unidades internos na Região e os fluxos direcionados a destinos
recicladoras estão situadas nos estados de São Paulo, externos, inclusive a outros estados.

39
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Mapa Fluxoss
FORTALEZA - CE MARACANAÚ - CE
MARANGUAPE - CE

FORTALEZA - CE

PALMÁCIA MA

CE
RN
PI
PB
PACOTI
PE
REDENÇÃO ACARAPE
GUARAMIRANGA
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
BARREIRA Maciço de
MULUNGU
Baturité

Divisa Municipal
BATURITÉ

ARACOIABA Setor Censitário


Urbano
ARATUBA
Rodovias

CAPISTRANO

BATURITÉ

ITAPIÚNA

IBARETAMA
CHORÓ

QUIXADÁ - CE

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

Estima-se que sejam geradas 945 toneladas de resíduos de regionalização foi realizado com apoio do Ministério
secos por mês, cerca de 36,3 toneladas/dia, e recupera- do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência
das por mês cerca de 61,9 toneladas. Percebe-se que há de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e
muito a ser feito no sentido de efetivar a coleta seleti- o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi-
va de resíduos secos na Região e conduzir os resíduos a lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
aproveitamento. ções brasileiras atuais.

Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a


Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-
6. POSSIBILIDADES DE ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a
Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões
CONSORCIAMENTO
para a gestão, e que serve de base para este Plano. De
uma forma geral, estes processos não evoluíram.
O Estado do Ceará, como já mencionado, vem há cerca
O caso do Maciço de Baturité merece uma atenção mais
de dez anos trabalhando para a criação de consórcios
detalhada, pois o consórcio na Região foi constituído,
entre os municípios para o enfrentamento da questão
não está em operação, mas teve sua diretoria renovada.
da gestão dos resíduos sólidos. Os primeiros estudos
A assinatura do primeiro Protocolo de Intenções ocor-
trataram exclusivamente da busca de escala adequada
reu no ano 2007, assinado por 10 municípios - Acarape,
para a implantação de aterros sanitários, tendo sido
Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Capistrano, Guaramiran-
propostos cerca de 30 arranjos intermunicipais para a
ga, Itapiúna, Mulungu, Pacoti e Redenção, e ficaram
gestão de aterros, dos quais 26 estavam formalizados
fora do consórcio os municípios de Barreira e Palmácia.
em 2012, com a eleição de uma diretoria e inscrição no
Este primeiro protocolo de intenções visava formalizar
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas.
um Consórcio Público para gerenciar, operar e manter
Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram o aterro sanitário regional, a ser implantado no muni-
a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí- cípio de Baturité. Porém, entre idas e vindas, nenhum
duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo avanço foi obtido.

40
É também convicção da Consultoria que a gestão de re- Tomando como referência os preços indicados pelo

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


síduos sólidos por municípios isolados, com exceção de CEMPRE para municípios do Nordeste e consideran-
alguns poucos grandes municípios, dotados de órgãos do que, atualmente, a quantidade estimada de resíduos
técnicos desenvolvidos, não apresenta condições de su- potencialmente recuperáveis pela cadeia produtiva é de
cesso. A escala necessária para o funcionamento de ati- 8.914 toneladas por ano, as perdas podem representar,
vidades de planejamento, capacidade de acompanha- de acordo com os preços estimados, R$ 6.289.691,42.
mento da operação, exercício de controles, condições Além disso, há que considerar os custos de aterramento
de mobilização social e orientação à população, fisca- dos resíduos secos se estes não forem recuperados, o que
lização dos serviços e operação das instalações de ma- pode agregar mais R$ 306.294,03 como perda de recurso.
nejo necessárias para responder às exigências legais de
manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos sob Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
responsabilidade pública aponta para a criação de con- respondem à não colocação de composto orgânico no
sórcios intermunicipais robustos como uma condição mercado e ao custo de aterramento, R$ 1.057.081,26 e R$
essencial para a gestão adequada dos resíduos urbanos. 1.872.374,46 respectivamente.

O não aproveitamento dos resíduos da construção civil


Na elaboração deste Plano, com metodologia muito
e resíduos de madeira provenientes de poda, constru-
participativa e a inversão de prioridades nos investi-
ção e resíduos volumosos também pode representar
mentos, focando principalmente ações que desviem os
uma significativa perda econômica – R$ 676.515,84 no
resíduos da disposição final, os municípios voltaram a
RCC e R$ 202.441,20 nas madeiras.
acreditar na possibilidade de avançar como Consórcio.
A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
A discussão de uma Minuta de Protocolo de Intenções re- tais, que decorrem dos impactos da degradação da
novada, já mencionada, ainda não tinha sido concluída matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
no momento da edição deste Plano. No entanto, a maio- virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
ria dos prefeitos da Região manifestou sua concordância cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
com a construção de um consórcio com o novo objeti- ção de materiais reciclados.
vo proposto, por meio da assinatura da Carta de Adesão
mencionada nas Considerações Iniciais deste Plano. No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração
de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas,
7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E imobilização de área do aterro por longo tempo, mes-
ECONÔMICA DA RECICLAGEM mo após o encerramento da disposição de resíduos;
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
A primeira avaliação a fazer sobre a reciclagem na Re- mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
gião Maciço de Baturité diz respeito às perdas econômi- gerado nos aterros.
cas decorrentes da não implementação das coletas sele-
tivas, o que produz para as municipalidades gastos com Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
destinação final de resíduos que deveriam ser recupe- (EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
rados e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
financeiras pela não realização das receitas de venda Grande (MS), aponta as principais formas de relação
dos materiais. Conforme os dados já apresentados, de entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-
geração de resíduos e suas características gravimétricas, tidade de metano produzida até a decomposição total
a produção de resíduos secos na Região Maciço de Batu- dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos
rité se estima como segue. restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis.

Quadro 11 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis


na Região Maciço de Baturité

Geração Papéis Metais Plásticos Vidro


Região
85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%

Total (t) 74.002 30.389 6.727 31.317 5.568

Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017

41
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Para a produção de papel novo é


utilizada a celulose proveniente
de 11 árvores, que com a recicla-
gem deixariam de ser cortadas. O
outro fator ambiental importante
é a economia de energia elétri-
ca obtida com a reciclagem deste
tipo de material.

Há diversas estimativas a respeito


do potencial de conservação de
energia elétrica pela reciclagem de
embalagens. Tomando-se como
referência o estudo da EPE men-
cionado, é possível afirmar-se que,
sendo potencialmente recicláveis
3.959 toneladas anuais de papel e
papelão na Região Maciço de Ba-
Foto 15. Queima de resíduos e balança de comprador no lixão de Acarape
turité o potencial de economia de
energia com a reciclagem deste
Outra relação demonstrou para duas situações de de- material atinge 14.318,7 MW/ano.
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas, Outro material com expressiva presença é o plástico,
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t que apresenta o mais alto potencial de conservação de
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq. energia elétrica. Na Região Maciço de Baturité estima-se
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra- atualmente como potencialmente recicláveis 4.079 to-
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como neladas anuais de plásticos, o que poderia representar
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em economia de energia de 20.641,8 MW/ano.
ambiente de degradação anaeróbia.
Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa- materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o bientais e econômicos para a Região.
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano,
mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o
impacto em termos de aquecimento global.

No caso dos resíduos secos, também são importantes


a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do
consumo de energia para extração de matérias primas
e produção dos bens (incluindo a extração e processa-
mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de
CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí-
veis no processo de produção dos bens.

E há ainda outra parcela, que é a emissão de CO2 devi-


da ao transporte dos resíduos, desde a coleta até a des-
tinação final, aplicável a todos os tipos de resíduos. Os
impactos ambientais não decorrem apenas da geração
dos gases prejudiciais à atmosfera. Há também perdas
relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
cursos naturais e ao uso de energia.

No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a


grande redução na extração da bauxita e no consumo
de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
em 95% o uso de energia no processo.

42
DIAGNÓSTICO DA

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Quadro 12 - População total e urbana na
Região Sertão Central – 2016

REGIÃO SERTÃO População Total População


Município
CENTRAL Choró
2016

13.340
Urbana 2016

3.951

Ibaretama 13.203 4.532

Sertão Central 26.543 8.483

1. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO E Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016.


Nota: A projeção da população urbana para 2016 foi
SEUS MUNICÍPIOS estimada pela I&T, a partir do índice de urbanização
verificado no Censo de 2010

A Região Sertão Central situa-se na região central do pelo Produto Interno Bruto – PIB, sendo cada um deles
Estado do Ceará, limitando-se ao norte com a Região com uma contribuição de 0,06%.
Litoral Oeste, à nordeste com a Região Metropolitana B
Gráfico 6 - Evolução do PIB per capita nos
e a Região Maciço de Baturité, à leste com a Região Vale
municípios da Região (R$/ano)
do Jaguaribe, ao sul com a Região Sertão Centro Sul e a
oeste com a Região Sertão de Crateús, conforme defi- 2014 2010
nição da “Regionalização da Gestão de Resíduos Sólidos
Estado
no Estado do Ceará”.
Ibaretama
Integram a Região Sertão Central onze municípios: Ba- Choró
nabuiú, Canindé, Caridade, Choró, Ibaretama, Ibicui-
tinga, Itatira, Madalena, Quixadá e Quixeramobim. A 4.000 8.000 12.000 16.000
Região constitui importante polo turístico pela beleza Fonte: IBGE
dos monólitos presentes, sendo Quixadá o principal
A concentração do rendimento nos municípios aferido
atrativo, conhecido também por ser a Terra dos Monó-
pelo Censo do IBGE em 2010, no entanto, ainda é baixa,
litos. Além do atrativo turístico, principalmente para
sendo semelhante para os dois municípios da região, com
praticantes de esportes radicais, outro atrativo para
uma média de 88,4% da população recebendo até um sa-
migração populacional na Região são as universidades
lário mínimo e 9,1% recebendo de 1 a 2 salários mínimos.
e faculdades presentes, principalmente em Quixadá.
Além das belezas dos monólitos, a Região conta com a A partir deste índice, pode-se notar que os dois muni-
beleza da vegetação do sertão, que em períodos chuvo- cípios da Região apresentam o índice geral de desenvol-
sos, exprime uma beleza peculiar para seus visitantes. vimento regular, sendo os índices de educação e saúde
Apesar de ser composta por onze municípios, o objeto moderados. O que impulsiona negativamente o índice
deste diagnóstico envolve somente dois municípios da é o emprego e renda, sendo que o desenvolvimento em
região: Choró e Ibaretama, os dois únicos que fazem Ibaretama é regular e em Choró é baixo.
parte da Bacia Hidrográfica Metropolitana. Por esta ra-
zão, as menções à Região Sertão Central que se fizerem Outro aspecto relevante para a caracterização social do
neste documento a partir deste ponto referem-se so- município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro-
mente aos dois municípios. grama Bolsa Família, que caracteriza parcela da popu-
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
Outro aspecto analisado foi a distribuição da população apresenta um percentual de 63% das famílias receben-
urbana do município pelos distritos. Nestes dois muni- do Bolsa Família.
cípios a população urbana dos distritos fora da sede não
é significativa. A sede de Choró concentra 65% da popu- Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são
lação urbana do município; e a sede de Ibaretama tem aqui considerados: o número de escolas e o número de
60% da população urbana, sendo os demais habitantes agentes de saúde, relevantes para a mudança compor-
distribuídos pelos outros distritos. Não há nos dois mu- tamental que terá que ocorrer para o sucesso das cole-
nicípios nenhum distrito com mais de mil habitantes na tas diferenciadas.
área urbana, exceto as sedes municipais.
De maneira geral, os municípios contam com equipes
Os dois municípios que compõe esta Região concen- bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
tram 0,11% da geração de riqueza do Estado, medida comunidade. E o número de escolas na Região também
é significativo.

43
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

muitas vezes ficando a cargo das pró-


Quadro 13 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos
prias empresas contratadas tomar
municípios da Região Sertão Central – 2017
decisões sobre roteiros de coleta e
Escolas Privadas, Agentes Agentes de atividades rotineiras de limpeza.
Sertão
Municipais, Comunitários de Combate a
Central
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) 2.1 Caracterização dos
resíduos sólidos
Total 41 78 13

Poucos municípios no Brasil têm um


Fonte: I&T. Oficinas Municipais de Diagnóstico. 2017
estudo de caracterização de resídu-
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS os. No Estado do Ceará o panorama
não é diferente, sendo Quixadá uma das exceções.
SÓLIDOS
Note-se que a caracterização gravimétrica de Quixadá
é assemelhada à média nacional. Neste Plano adota-se,
Na Região Sertão Central, os dois municípios realizam
preliminarmente, a composição gravimétrica encon-
os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos só-
trada no estudo realizado neste município para todos
lidos por meio da locação de veículos e operação pelas
os municípios da Região.
secretarias responsáveis pelo manejo de resíduos.

A Prefeitura de Choró tem um contrato para locação 2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados
dos veículos, sendo os operadores da coleta e da limpe-
za urbana concursados da Secretaria de Meio Ambiente Os municípios da Região Sertão Central transportam os
e Infraestrutura, responsável pelo manejo de resíduos. resíduos para lixões a céu aberto, realizando, em mui-
Durante o levantamento de dados no município, havia tos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de resí-
um processo de licitação em andamento para contratar duos: da construção civil, volumosos e resíduos verdes.
empresa para realizar a coleta e a limpeza urbana, ter- Desta forma, o controle dos resíduos gerados nestes
ceirizando assim o serviço prestado. municípios é ineficiente, sendo realizado apenas um
cálculo das quantidades geradas avaliadas pelo número
Em Ibaretama, a Prefeitura mantem um contrato com de viagens recebidas, tipo de resíduo transportado e ca-
a empresa para prestação do serviço de transporte de pacidade volumétrica dos veículos.
resíduos, sendo os coletores e operadores da limpeza
urbana concursados pela Prefeitura. Do ponto de vista do atendimento da população com
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta uma
Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con- cobertura de serviço com índices de 68%.
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi- Além dos resíduos não serem pesados, outra dificul-
cação e correção de problemas, fiscalização, etc. Via de dade para estimar a quantidade de resíduos domicilia-
regra não existe um planejamento claro das atividades, res gerados é o fato de muitos resíduos urbanos serem
coletados conjuntamente. Além disso, os resíduos de
Gráfico 7 – Composição gravimétrica da Região grandes geradores são também coletados com os resí-
Sertão Central duos domiciliares, sem que haja seu dimensionamento
preciso – não há informações sobre quantos são, que ti-
pos de resíduos são disponibilizados para coleta e que
Rejeitos quantidades representam.
26%
Nos municípios da Região Sertão Central é realizada
uma coleta conjunta com os resíduos domiciliares indi-
ferenciados e os resíduos da limpeza pública, havendo
uma coleta distinta para os resíduos da construção civil.

A Região conta com uma frota de veículos fornecidos


pelas empresas contratadas, que realizam as diversas co-
48% 26% letas necessárias em domicílios e na limpeza urbana: 1
Compostáveis caminhão caçamba e 1 caminhão carroceria. A quantida-
Recicláveis
de total coletada foi estimada a partir do número de via-
gens realizadas e capacidade dos caminhões utilizados.
Fonte: Elaboração I&T a partir dos dados do PERS
De acordo com os dados disponíveis, a Região Sertão
44
Central gera diariamente 5,2 toneladas de resíduos do- Todos os resíduos domiciliares são coletados e dispostos

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


miciliares indiferenciados, o que representa uma mé- diretamente nos lixões da Região, uma vez que de ma-
dia de 0,4 quilos por dia por habitante. neira geral não são aproveitados, com raras exceções.
Todos os municípios do Sertão
Quadro 14 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares Central possuem áreas de dispo-
gerados por dia nos municípios da Região Sertão Central sição de resíduos a céu aberto em
seus territórios, e em todas essas
Indicador de geração áreas há atuação de catadores,
Resíduos gerados Resíduos gerados
Município per capita do SNIS que será detalhada adiante.
total (t/dia) per capita (t/dia)
2015
Em Ibaretama, há dois lixões: um
Choró 1,6 0,3 0,90
no distrito sede e outro no distri-
Ibaretama 3,6 0,4 0,90 to de Nova Vida. Os dois estão em
operação há 21 anos e recebem
Fonte: I&T. Levantamento de dados em campo junto aos órgãos municipais
a cada 3 meses um trator esteira
gestores dos serviços.
Nota: Os dados são estimados e foram calculados pela I&T considerando o para concentrar os resíduos e or-
número de viagens e a capacidade dos veículos ganizar o local, sem haver reco-
brimento do mesmo.
Foto 16. Operação de coleta domiciliar em Choró
A presença de catadores só foi ve-
rificada no lixão do distrito sede,
havendo uma família fazendo a
coleta de resíduos secos no local.

Nos dois municípios é recorrente a


presença de catadores e sucateiros
recuperando materiais entre os
resíduos, a presença de animais,
e a ocorrência de queima dos re-
síduos. No lixão de Choró, os pró-
prios coletores realizam a separa-
ção de resíduos após a coleta.
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

Foto 17. Lixão do Distrito de Nova Vida, em Ibaretama 2.3 Resíduos domiciliares
secos

Os municípios, na medida em
que não têm suas próprias carac-
terizações de resíduos, não infor-
maram a composição dos resídu-
os coletados. Assim, considera-se,
como mencionado anteriormen-
te, o percentual de resíduos secos
existente no estudo de caracteri-
zação de resíduos de Quixadá –
26% para toda a Região.

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 Não há nenhuma ação de coleta


seletiva dos resíduos domiciliares
secos na Região Sertão Central. A
O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Sanea- recuperação destes resíduos ocorre por meio de cata-
mento apresenta uma média de geração per capita en- dores, que trabalham nos lixões municipais de forma
contrada nos municípios que forneceram informações, desorganizada, como será explicitado mais adiante.
organizada para 6 faixas de população urbana. Os dois
municípios se inserem na faixa 1, com população até 30 No município de Choró existem de 10 a 12 catadores,
mil habitantes e a geração per capita média foi de 0,9 contando os coletares municipais que realizam a sepa-
kg/hab./dia, de acordo com o SNIS 2015. ração de resíduos no lixão. Os demais atuam nas ruas
acumulando seus resíduos em casa. Estes estão associa-
45
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Foto 18. Lixão do distrito sede em Ibaretama

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

Foto 19. Lixão no distrito sede de Choró apenas um coletor de rua, que re-
aliza a coleta apenas de papelão.

Na Região Sertão Central existe


uma atuação discreta de catado-
res na coleta de resíduos reciclá-
veis no comércio e residências;
no entanto, não há informações
sobre a quantidade por eles cole-
tada. Além destas ações específi-
cas, não ocorre coleta de resídu-
os sistemática nos municípios do
Sertão Central.

A estimativa de geração de re-


Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 síduos secos recicláveis foi fei-
Foto 20. Balança para resíduos em sucateiro ta aplicando-se o percentual de
resíduos secos da composição
gravimétrica de Quixadá à mas-
sa estimada de resíduos gerados
em cada município. O município
com menor geração é Choró – 0,4
t/dia e o com maior geração é Iba-
retama – 0,9 t/dia.

Os grandes geradores de resídu-


os secos, embora não sejam con-
siderados geradores de resíduos
urbanos, apresentam interesse
para este Projeto na medida em
que devem também segregar
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 os resíduos que geram para sua
adequada destinação e aproveita-
dos a uma associação do município, que será detalhada mento, e devem ser considerados
no capítulo correspondente. na estruturação das cadeias produtivas de resíduos de
tipo assemelhado aos domiciliares.
Em Ibaretama, uma família composta por 6 catadores
realiza a coleta de resíduos no lixão, sendo identificado Não foi possível identificar nos municípios um cadastro

46
de grandes geradores e nem o porte dos empreendimen- 2.4 Resíduos domiciliares orgânicos

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


tos - foram apontados genericamente os grandes gerado-
res como os supermercados (ou mercantis), pela quanti- Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os
dade de embalagens chamadas secundárias ou terciárias. municípios não informaram o percentual da presença
desses resíduos na massa total de geração de resíduos.
O processamento dos resíduos dos grandes geradores Assim, considera-se para toda a Região, como mencio-
pode gerar novos empreendimentos econômicos na nado anteriormente para os resíduos secos, o percentu-
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni- al de geração dos resíduos orgânicos existente no estu-
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa- do de caracterização de resíduos de Quixadá – 48%.
bilidade privada.
Não há iniciativas de coleta seletiva de resíduos orgâ-
Em grande medida os resíduos dos grandes geradores nicos na Região Sertão Central. Todos os resíduos do-
são coletados em conjunto com os resíduos domiciliares miciliares são coletados em conjunto. A estrutura de
da Região; não há, portanto, cobrança para essa coleta, transporte dos resíduos já foi descrita no item relativo
o que significa também que não se cobra o transporte e aos resíduos indiferenciados.
a destinação final.
A partir da composição gravimétrica dos resíduos ado-
Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição tada e da estimativa de geração de resíduos indiferen-
final pelos catadores são destinados a uma rede de asso- ciados, estima-se que a Região gere 2,4 toneladas de
ciações, sucateiros e recicladores localizados na Região. resíduos orgânicos por dia, o que representa 0,2 kg/dia
por habitante.
São instalações em grande maioria de pequeno porte,
que estabelecem um fluxo de resíduos entre elas, que O município com menor geração é Choró – 0,7 t/dia e o
se inicia na ação dos catadores e se encerra em proces- com maior geração é Ibaretama – 1,7 t/dia.
sadores locais e externos, conforme indicado em Mapa
que georreferencia as que puderam ser visitadas nos le- Para avaliação da geração de resíduos orgânicos é preci-
vantamentos de campo. so levar em conta, além da fração de resíduos orgânicos

Mapa Diagnóstico

MA

CE
RN
PI
PB

PE

Associação ou
!
^ Cooperativa de
Catadores

!
H Lixão

Sertão Central

Divisa Municipal

Cursos d'água

Setor Censitário
!
H Urbano

Rodovias
-1
22 !
H
BR

)
&
(
!
H CE
-4 5
6
IBARETAMA
CHORÓ 22
!
^ BR
-1

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

47
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

de origem domiciliar, a quantidade gerada em grandes Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver-
geradores e em feiras e mercados existentes nos muni- des, provenientes da capina, podas e roçada, a limpeza
cípios. No entanto, na Região os resíduos são coletados de feiras públicas e eventos de acesso aberto ao público,
em conjunto com os domiciliares, impossibilitando a e os resíduos resultantes das atividades de limpeza cor-
definição dessas quantidades no momento. Reconhe- retiva que são aplicadas nos recorrentes pontos viciados
ceu-se apenas um único mercado, em Choró, que opera de cada município. Nestes pontos há a presença signifi-
diariamente. cativa de resíduos da construção, resíduos volumosos e
resíduos domiciliares.
São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
gânicos também os hotéis, bares, restaurantes e outros No município de Choró, os resíduos da limpeza urbana
estabelecimentos dedicados ao preparo de alimentos, (varrição, verdes e volumosos) são coletados conjun-
além dos supermercados em função de perdas resultan- tamente com os resíduos domiciliares. Os resíduos da
tes da comercialização de frutas, legumes e verduras. construção civil possuem coletas diferenciadas, com
destinos diferentes dos domiciliares e com reaproveita-
Os resíduos orgânicos, se compostados, poderiam ser mento quando possível.
usados tanto em áreas verdes dos municípios da Região
quanto em atividades agrícolas do entorno. Em Ibaretama, os resíduos da limpeza urbana (varrição
e volumosos) também são coletados conjuntamente
O IBGE identifica áreas plantadas, que são agriculturá- com os resíduos domiciliares. Os resíduos verdes e da
veis, na Região Sertão Central, e potencialmente consu- construção civil possuem coletas diferenciadas, com os
midoras de composto orgânico. mesmos destinos dos domiciliares. Em alguns distritos,
os resíduos verdes acabam
Quadro 15 - Área agriculturável nos municípios da Região Sertão Central sendo coletados junto com a
coleta domiciliar.
Área colhida em Área colhida
Sertão As operações de limpeza
lavouras temporárias em lavouras Área total (ha)
Central
(ha) permanentes (ha) urbana são realizadas com
Total 6.440 1.118 7.558
revezamento dos mesmos
veículos utilizados para a co-
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015 leta de resíduos domicilia-
res. Além da frota apresen-
tada na coleta de resíduos
2.5 Resíduos da limpeza urbana
domiciliares, apenas em Ibaretama há a inclusão de um
novo veículo de coleta – o caminhão carroceria de 6m³,
A Lei 11.445/2007 define as atividades de limpeza públi- totalizando assim, três veículos nas operações de limpe-
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; za urbana da Região, sendo 2 de Ibaretama e 1 de Choró.
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- Com base em indicadores, foram estimadas as quanti-
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos dades de resíduos da limpeza urbana geradas nos mu-
de acesso aberto ao público. nicípios da Região Sertão Central. Não foram conside-

Foto 21. Coleta misturada no Distrito Piranji, Ibaretama

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

48
rados os resíduos da varrição neste Plano, uma vez que recolhimento de pneus inservíveis, os fabricantes e im-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


seu aproveitamento neste momento exigiria esforços portadores de pneus novos são obrigados a implantar e
que escapam ao escopo das coletas seletivas. operar um ponto de coleta nos municípios com popula-
ção superior a 100 mil habitantes, pelo menos.

Quadro 16 - Estimativa de geração de resíduos da limpeza As exigências também recaem sobre


urbana na Região Sertão Central os estabelecimentos de comercializa-
ção de pneumáticos, que são obriga-
Verdes RCC Volumosos dos a reter um pneu usado para cada
Sertão
Central unidade nova ou reformada vendida,
m3/dia m3/dia m3/dia
além de garantir o armazenamento
Total 2,7 4,3 0,9 dos mesmos até a sua coleta, funcio-
nando como ponto de entrega, man-
Fonte: I&T, a partir de levantamento de dados em campo. 2017
tendo-se a responsabilidade de fabri-
cantes e importadores de promover
a coleta, o transporte e a destinação
Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de resí- dos pneus inservíveis. A Reciclanip é a entidade de re-
duos da construção civil são legalmente os responsáveis ferência que atua como o agente executor do sistema
pelo manejo de seus resíduos. São grandes geradores de de logística reversa de pneus no Brasil. Criada pelo con-
resíduos da construção as construtoras em geral e as de- junto de empresas do setor industrial (ANIP), a Recicla-
molidoras. A maior parte das construtoras se dedica à nip tem gerenciado junto aos municípios brasileiros a
construção de edifícios. implantação de postos de coleta, criados por meio de
convênios de cooperação firmados com as prefeituras
Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que ex- municipais.
pressam apenas o universo formal das atividades eco-
nômicas, foi possível reconhecer parte deste segmento Em geral, a implantação destes postos de coleta depen-
produtivo. Não há construtoras ou demolidoras que te- de da disponibilização de locais para o armazenamento
nham declarado informações à RAIS em 2015 nos dois de pneus pelos municípios, sendo que a entidade re-
municípios da Região. presentativa do setor produtivo oferece a garantia do
recolhimento posterior. De acordo com o setor privado
Parte dos Resíduos da Construção Civil é aproveitada responsável pelo recolhimento dos pneus inservíveis
para aterramento e uso em estradas. Essa prática é mais (contemplando indústrias e importadores), são 863
comum em municípios de menor porte e chega a ocor- pontos de coleta pelo país, dos quais apenas 3 estão no
rer no município de Choró, da Região Sertão Central. Estado do Ceará.
Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madei- Já os dados disponibilizados pelo IBAMA indicam a exis-
ra, foram levantados o número de cerâmicas e de fri- tência de 1.723 pontos de coleta pelo país, dos quais 32
goríficos existentes na Região, que utilizam madeira estão no Ceará.
para geração de energia ou vapor (caso dos frigoríficos).
Além disso, são potenciais usuários das madeiras oriun- Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos-
das dos serviços de limpeza urbana (madeiras da cons- sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em
trução civil de deposições irregulares ou recebidas em todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
Ecopontos, madeiras de resíduos volumosos e troncos sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de
e galhos de poda e supressão de árvores) as indústrias recebimento, a população total encontra-se abaixo des-
instaladas na Região que necessitam de madeira para te patamar.
geração de energia em fornos e caldeiras, cujo potencial
não foi possível avaliar neste momento. Identificou-se 1 Dos 32 pontos de recebimento de pneus inservíveis no
cerâmica na Região, em Ibaretama. Estado do Ceará, apenas 6 destes pontos estão em mu-
nicípios que não são objeto dos Planos Regionalizados
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa de Coletas Seletivas.

O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi


O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a
definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO-
belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
dores de pneus novos a promover a coleta e dar desti-
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
nação adequada aos produtos considerados inservíveis.
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
Conforme estabeleceu a Resolução, e visando garantir o pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela

49
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Mapa 3 – Mapa com indicativo de pontos Gráfico 8 – Postos de entrega de pilhas e baterias
de coleta de pneumáticos inservíveis no segundo macrorregiões (%)
Estado do Ceará
Norte
Centro Oeste 2%
Nordeste
Sul 7%
14%
10%

67%
Sudeste

Fonte: GMC&LOG

Fonte: IBAMA, 2017 Mapa 4 – Pontos de recebimento de pilhas


e baterias – Estado do Ceará
rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
e importadores desses produtos.

O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos


gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e
baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação
direta entre perfil socioeconômico da população, con-
sumo e geração.

No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reco-


nhecidos, nenhum deles na Região Sertão Central.

O sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescen-


tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi es-
truturado a partir da assinatura de acordo setorial em
novembro de 2014. Como operadora do sistema de lo-
gística reversa de lâmpadas no Brasil, a Reciclus irá im- Fonte: GMC&LOG
plementar e operar o sistema de acordo com a metodo-
logia aprovada no respectivo acordo setorial, que prevê (Ano II), Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral (Ano III),
a implantação de pontos de coleta em estabelecimen- 8 cidades (Ano IV), 65 cidades (Ano V) e outras 104 cidades
tos comerciais estrategicamente localizados, de acordo do estado (correspondente a 56% do total de municípios
com critérios de dimensionamento da geração de resí- cearenses) não terão nenhum ponto de entrega.
duos pós-consumo residencial, baseados em aspectos
territoriais e de capacidade de recolhimento. De acordo com indicadores divulgados pelo Ministé-
rio do Meio Ambiente, a taxa de geração per capita de
No Ceará apenas Fortaleza é contemplada com a implan- resíduos eletroeletrônicos, como média nacional, é de
tação de pontos de recepção de lâmpadas no Ano I do 2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por
Acordo Setorial (2017). Serão também atendidas, Caucaia habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34

50
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Quadro 17 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Sertão Central

Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)

Total 62.548 1.297 31.336 41.795 37.471

Fonte: I&T, a partir de indicadores do Ministério do Meio Ambiente. 2017

pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por Gráfico 9 – Distribuição de despesas nos
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- custos dos serviços de manejo de resíduos
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4 sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú- Região Sertão Central
mero de lâmpadas descartadas.

Orgânicos
Varrição, poda
e capina 17%
3. CUSTOS DO SERVIÇO 29%

11% Secos
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba-
na de forma que permita analisar separadamente cada
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- 10%
Rejeitos
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários 34%
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Limpeza
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente. corretiva

A partir dos dados disponibilizados pelos municípios Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- mar que os gastos totais, na Região Sertão Central, to-
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi- mando como parâmetro os da Região Maciço de Batu-
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região, rité, se ampliam na medida em que diminui o porte da
como indicado no Gráfico 9. população atendida, como pode ser observado a seguir.

Gráfico 10 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Sertão Central
30

25

20
População (em mil hab.)

15

10

0
5,00 10,00 15,00 20,00

Custo mensal per capita (R$)


Fonte: Elaboração I&T. Nota: foram utilizados os dados da Região Maciço de Baturité para municípios assemelhados da Bacia
Hidrográfica Metropolitana, como na Região Litoral Leste e Sertão Central

51
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

dor do município de Quixadá, e compra o material duas


PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO vezes por mês. A Associação ainda está implementando
uma metodologia de trabalho e até o momento só reali-
DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
zou duas vendas conjuntas com os catadores.
SÓLIDOS
5.1 Programas e projetos de inserção de
Com poucas exceções, nos municípios do Ceará envol-
catadores na gestão pública de resíduos
vidos neste Projeto não existe ainda uma preocupação
com a institucionalização da gestão dos resíduos sóli- Nos dois municípios da Região não há parcerias para a
dos. Algumas vezes há menção ao tema em Leis Orgâ- inclusão dos catadores.
nicas dos municípios, Códigos de Postura, Planos Dire-
tores. Mas não há leis que instituam política municipal 5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva
de resíduos sólidos, órgãos bem estruturados para pla-
nejamento e fiscalização da prestação dos serviços pelas Para a compreensão das cadeias produtivas em que se
empresas contratadas, tampouco regulação dos servi- inserem os resíduos secos coletados seletivamente na
ços. Nenhum dos dois municípios possui Plano Diretor; Região Sertão Central, foram realizadas pesquisas e
os dois estão elaborando os seus Planos Municipais de mantidos contatos com as entidades representativas de
Saneamento Básico, exigidos pela Lei11.445/2007. Tam- segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob-
bém não possuem Planos de Gestão Integrada de Resí- jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as
duos Sólidos, exigidos pela Lei 12.305/2010, que insti- iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená-
tuiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará.

Também foram considerados, nesta análise, os dados


específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin-
5. IDENTIFICAÇÃO DOS CATADORES E dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos
Domésticos e Industriais do Ceará.
SUAS ORGANIZAÇÕES
O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús-
No processo de levantamento de dados para a descrição
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA)
da cadeia produtiva de reciclagem, foi feito um esforço
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedo-
para identificar os catadores que atuam em cada muni-
res das indústrias recicladoras. Em relação à recupe-
cípio, e suas organizações.
ração, o setor apresenta dados que
indicam um total de 4,7 milhões de
Quadro 18 – Número de organizações e de catadores toneladas coletadas e encaminha-
identificados na Região Sertão Central das à indústria recicladora – equi-
valentes a 64,5% do consumo apa-
Número de Número total rente.
Sertão Número de
catadores de catadores
Central organizações
organizados identificados De acordo com publicações do se-
Total 1 12 18
tor, confirma-se a informação de
que os principais polos recicladores
Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias Municipais, sistematização I&T são SP, PR e SC.

As principais fontes de informação


Apenas o município de Choró possui uma associação de sobre a cadeia econômica da reciclagem e da produção
catadores, chamada Associação dos Catadores e Recicla- de embalagens e produtos que geram resíduos metáli-
gem de Choró. A associação tem um bom contato com a cos são as entidades representativas do setor de alumí-
Prefeitura, participando de decisões de seus interesses. nio e de aço, os fabricantes de lata e a cadeia de sucatas
Eles realizam a coleta na sede e nos distritos de Barbado, ferrosas. De acordo com informações do setor, em 2014
Monte Castelo e Maravilha todos os dias da semana. o índice de recuperação do alumínio é de 38,5% - supe-
rior à média mundial, de 27,1%. O índice de recuperação
Existem 25 associados, mas são catadores apenas 12 en-
das embalagens de alumínio (latas) alcançou o índice de
tre eles, que coletam com “carrinhos geladeira”. Atual-
97,7% em 2016. No Nordeste, são sete unidades indus-
mente a associação não possui um local para realizar
triais com capacidade de recepção das embalagens de
suas atividades. Os catadores estão acumulando os re-
alumínio, sendo cinco para produção do corpo das latas
síduos em suas casas e vendem o material individual-
e duas para produção das tampas – nenhuma no Ceará.
mente. O comprador dos materiais recicláveis é mora-

52
vidros é a entidade representativa do setor

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


– a ABIVIDRO. Segundo dados de 2013 desta
instituição, são 8 os principais grupos fabri-
cantes de vidro oco no Brasil (embalagens),
com duas unidades operando no Nordeste:
em Pernambuco e na Bahia. Havia uma fá-
brica (CIV) em Fortaleza, mas alterou seu
ramo de atuação, produzindo atualmente
vidros planos (espelhos, automotivos etc.).
O índice de reciclagem, segundo a ABI-
VIDRO, está próximo ao patamar de 40%,
variando anualmente para baixo ou para
cima, sem grandes alterações em torno
desta média. Além disso, cerca de 25% das
Foto 22. Separação de PET no lixão de Choró
embalagens de vidro são reaproveitadas ou
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca reutilizadas pelo setor de bebidas. O setor
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas de vidro não é signatário do acordo setorial de embala-
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- gens em geral. Portanto, ainda não há estratégias para
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- ampliar o desempenho do setor de vidro no âmbito da
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es- reciclagem de materiais.
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco,
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali-
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci-
tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be- da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014.
bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas
e encaminhadas para a reciclagem. Na etapa de levantamento de dados para a elaboração
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re-
As principais fontes de informação sobre a reciclagem conhecidos nos municípios da Região Sertão Central.
dos plásticos são as entidades representativas do setor Somente foi identificado um deles, também catador,
– a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo- e que comercializa material com outros catadores em
ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando Ibaretama, revendendo o material para um compra-
aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo dor de Quixadá. Os dados informados pelos sucateiros
informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús- são bastante imprecisos, não sendo possível considerar
trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61 quantidades exatas por tipo de material. Em números
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon- gerais, estima-se que são comercializados na região 2,5
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA, toneladas de resíduos secos por mês.
entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des-
carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori- Embora exista em geral alguma resistência dos suca-
gem industrial – resíduos gerados no processo produti- teiros em informar os preços de compra e venda pra-
vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa ticados, foi possível obter dados de alguns deles nos
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no municípios próximos, bastante convergentes, que per-
Ceará, todos na Região Metropolitana. mitiram definir preços de referência. Todos os resíduos
secos que chegam aos sucateiros são resultado do tra-
Em relação ao PET, as informações são oriundas da en- balho de catadores e, eventualmente, de coletas feitas
tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados diretamente pelos sucateiros em áreas comerciais.
mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65%
do PET adquirido pelas indústrias está em forma de O Mapa a seguir expressa de forma sucinta os fluxos
flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do internos na Região e os fluxos direcionados a destinos
montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10% externos, inclusive os ocorrentes no Maciço de Baturité.
chega às unidades recicladoras na forma de PET gra- Estima-se que sejam geradas 35 toneladas de resíduos
nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais secos por mês, cerca de 1,3 toneladas/dia, e recupera-
unidades recicladoras estão situadas nos estados de São das por mês cerca de 2,5 toneladas. Percebe-se que há
Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas. muito a ser feito no sentido de efetivar a coleta seleti-
va de resíduos secos na Região e conduzir os resíduos a
A principal fonte de informação sobre a reciclagem dos aproveitamento.

53
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Mapa Fluxos
FORTALEZA - CE MARACANAÚ - CE
MARANGUAPE - CE

FORTALEZA - CE

PALMÁCIA MA

CE
RN
PI
PB
PACOTI
PE
REDENÇÃO ACARAPE
GUARAMIRANGA
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
BARREIRA Maciço de
MULUNGU
Baturité

Divisa Municipal
BATURITÉ

ARACOIABA Setor Censitário


Urbano
ARATUBA
Rodovias

CAPISTRANO

BATURITÉ

ITAPIÚNA

IBARETAMA
CHORÓ

QUIXADÁ - CE

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

6. POSSIBILIDADES DE Mapa 5 – Regionalização do Sertão Central,


CONSORCIAMENTO inclusos Choró e Ibaretama

O Estado do Ceará, como já mencionado, vem há


cerca de dez anos trabalhando para a criação de
consórcios entre os municípios para o enfrenta-
mento da questão da gestão dos resíduos sólidos.
Os primeiros estudos trataram exclusivamente da
busca de escala adequada para a implantação de
aterros sanitários, tendo sido propostos cerca de
30 arranjos intermunicipais para a gestão de ater-
ros, dos quais 26 estavam formalizados em 2012,
com a eleição de uma diretoria e inscrição no Ca-
dastro Nacional de Pessoas Jurídicas.

Na Região Sertão Central houve discussão para a


formação de um consórcio com o objetivo de im-
plementar aterros sanitários regionais, envolven-
do Quixadá e Canindé. Porém, as tratativas não
evoluíram por falta de investimentos.

Com a evolução dos conceitos técnicos, que pas-


saram a reconhecer a necessidade de desviar dos
aterros resíduos orgânicos, secos e da construção
civil, novo estudo de regionalização foi realizado Fonte: Elaboração I&T a partir da Regionalização para a Gestão
com apoio do Ministério do Meio Ambiente, que Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ceará

54
Durante a realização da Oficinas Regionais,

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


os municípios de Choró e Ibaretama se mos-
traram favoráveis à formação de um consór-
cio; porém, por serem municípios de peque-
no porte, e por serem os únicos de sua Região
inseridos na Bacia Hidrográfica Metropoli-
tana, objeto deste Projeto, entenderam que
não possuem força para encabeçar o proces-
so de consorciamento na Região. Contudo, se
mostraram favoráveis a esse tipo de iniciati-
va caso um dos grandes municípios lidere o
processo – Quixadá ou Canindé.

Sendo assim, diante da situação de depen-


Foto 23. Lixão do Distrito Sede de Ibaretama
dência dos grandes municípios da Região
ampliou a área de abrangência de consórcios de forma para o consorciamento e, tendo em vista a
a reduzir o número de aterros e o aumento de sua capa- formação do Consórcio Público na Região Maciço de
cidade, para que sua sustentabilidade técnica e econô- Baturité, os dois municípios se mostraram favoráveis a
mica fosse viabilizada nas condições brasileiras atuais. integrar, por enquanto, o manejo regional, em conjunto
com o consórcio em formação na Região vizinha. Neste
Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a caso, será necessária a celebração de Convênios de Coo-
Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce- peração com os municípios da Região Maciço de Baturi-
ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a té, nos termos da Lei 11.107/2005, para que o Consórcio
Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões em formação possa ser o gestor dos serviços, prestando
para a gestão, e que serve de base para este Plano. serviços por meio de um contrato de programa entre os
dois municípios e o consórcio a ser formado na Região
É também convicção da Consultoria que a gestão de re- Maciço de Baturité. Esse arranjo será melhor detalhado
síduos sólidos por municípios isolados, com exceção de nos itens do Planejamento.
alguns poucos grandes municípios, dotados de órgãos
técnicos desenvolvidos, não apresenta condições de su-
cesso. A escala necessária para o funcionamento de ati-
vidades de planejamento, capacidade de acompanha- 7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E
mento da operação, exercício de controles, condições ECONÔMICA DA RECICLAGEM
de mobilização social e orientação à população, fisca-
lização dos serviços e operação das instalações de ma-
nejo necessárias para responder às exigências legais de A primeira avaliação a fazer sobre a reciclagem na Re-
manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos sob gião Sertão Central diz respeito às perdas econômicas
responsabilidade pública aponta para a criação de con- decorrentes da não implementação das coletas seleti-
sórcios intermunicipais robustos como uma condição vas, o que produz para as municipalidades gastos com
essencial para a gestão adequada dos resíduos urbanos. destinação final de resíduos que deveriam ser recupe-
rados e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas
Na elaboração deste Plano, com metodologia muito financeiras pela não realização das receitas de venda
participativa e a inversão de prioridades nos investi- dos materiais.
mentos, focando principalmente ações que desviem os
resíduos da disposição final, os municípios voltaram a Conforme os dados já apresentados, de geração de resí-
acreditar na possibilidade de se consorciar. Os municí- duos e suas características gravimétricas, a produção de
pios demonstraram abertura para o processo de insti- resíduos secos na Região Sertão Central se estima como
tuição do consórcio, novamente. segue.

Quadro 19 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis na Região Sertão Central

Geração Papéis Metais Plásticos Vidro


Região
85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%

Total (t) 359 147 33 152 27

Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017

55
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Tomando como referência os preços indicados pelo nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de
CEMPRE para municípios do Nordeste e considerando aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o
que, atualmente, a quantidade estimada de resíduos po- dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano,
tencialmente recuperáveis pela cadeia produtiva é de mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o
359 toneladas por ano, as perdas podem representar, impacto em termos de aquecimento global.
de acordo com os preços estimados, R$ 233.951,33. Além
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-
disso, há que considerar os custos de aterramento dos
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
resíduos secos se estes não forem recuperados, o que
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de
pode agregar mais R$ 11.392,91 como perda de recurso.
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do
Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor- preço da terra.
respondem à não colocação de composto orgânico no
No caso dos resíduos secos, também são importantes
mercado e ao custo de aterramento, R$ 29.489,39 e R$
a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do
22.744,23 respectivamente.
consumo de energia para extração de matérias primas
O não aproveitamento dos resíduos da construção civil e produção dos bens (incluindo a extração e processa-
e resíduos de madeira provenientes de poda, constru- mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de
ção e resíduos volumosos também podem representar CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí-
uma significativa perda econômica – R$ 34.344,96 no veis no processo de produção dos bens.
RCC e R$ 5.483,40 nas madeiras.
E há ainda outra parcela, que é a emissão de CO2 devi-
A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien- da ao transporte dos resíduos, desde a coleta até a des-
tais, que decorrem dos impactos da degradação da tinação final, aplicável a todos os tipos de resíduos. Os
matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais impactos ambientais não decorrem apenas da geração
virgens e maiores quantidades de energia para o pro- dos gases prejudiciais à atmosfera. Há também perdas
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza- relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
ção de materiais reciclados. cursos naturais e ao uso de energia.

No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos grande redução na extração da bauxita e no consumo
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas, evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
imobilização de área do aterro por longo tempo, mes- em 95% o uso de energia no processo.
mo após o encerramento da disposição de resíduos;
Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
gerado nos aterros.
deste tipo de material.
Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
(EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
Grande (MS), aponta as principais formas de relação
mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-
cialmente recicláveis 147 toneladas anuais de papel e
tidade de metano produzida até a decomposição total
papelão na Região Sertão Central o potencial de econo-
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos
mia de energia com a reciclagem deste material atinge
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
532,6 MW/ano.
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis.
Outro material com expressiva presença é o plástico,
Outra relação demonstrou para duas situações de de-
que apresenta o mais alto potencial de conservação de
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
energia elétrica. Na Região Sertão Central estima-se
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas,
atualmente como potencialmente recicláveis 152 to-
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
neladas anuais de plásticos, o que poderia representar
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq.
economia de energia de 767,8 MW/ano.
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra-
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
ambiente de degradação anaeróbia. síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
bientais e econômicos para a Região.
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-

56
PLANEJAMENTO NAS 1. SOLUÇÕES COM MÁXIMA

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
REGIÕES MACIÇO DE
BATURITÉ E SERTÃO
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-
síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-
ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-
CENTRAL dos e eventualmente processados, devem permanecer
no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.

Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos


PLANEJAMENTO DAS COLETAS resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
colas mais próximas possível, os resíduos da construção
SELETIVAS
civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
O Plano das Coletas Seletivas das Regiões Maciço de seca normalmente é transferida, buscando instalações
Baturité e Sertão Central foi elaborado tendo como de transformação que raramente estarão presentes no
pano de fundo toda a moderna legislação brasileira próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
que trata direta ou indiretamente da gestão integrada de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
dos resíduos sólidos. Trata-se de planejar algumas ati-
vidades da prestação de um serviço público caracteri- Nas duas regiões esses princípios se aplicam a todos os
zado por lei, cuja solução operacional está submetida municípios, desde Baturité, o mais populoso, até Gua-
a regramentos legais bem definidos, que impõem aos ramiranga, o de menor população urbana. A geração de
municípios mudanças profundas na maneira como resíduos secos entre os municípios não justifica o inves-
hoje são prestados os serviços de limpeza urbana e ma- timento em muitos galpões de triagem, sendo necessá-
nejo de resíduos sólidos. rio apenas dois: um em Baturité, recebendo os resíduos
dos municípios de Aratuba, Itapiúna, Capistrano, Mu-
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre- lungu, Guaramiranga, Aracoiaba, Choró e Ibaretama; e
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada outro galpão de triagem em Redenção, recebendo resí-
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados duos de Pacoti, Palmácia, Acarape e Barreira.
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com
os custos quando transferem o gerenciamento ao po- A existência de cerâmicas e frigorífico justificam a per-
der público. As prioridades de investimento devem ser manência das madeiras de troncos e as provenientes de
invertidas. resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
municípios da Região. O composto gerado pela com-
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida e mercados públicos será vendido para agricultores de
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu- cada município pelo Consórcio a ser criado. E os resídu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da os da construção civil, depois de triados e peneirados,
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica poderão ser imediatamente usados pelas secretarias
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam municipais encarregadas de obras, para uso em obras
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento públicas dos municípios.
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se-
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi- SEGURAS
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o
balanço energético muito superior, decorrente da recu-
peração dos materiais, em relação ao determinado por Os municípios das Regiões do Maciço de Baturité e do
processos destrutivos como a incineração e outros foca- Sertão Central ainda se encontram no estágio de aboli-
dos na imediata geração de energia. ção dos lixões, paralisados à espera da implantação de
aterro sanitário, que era visto como “primeiro passo”
para a sustentabilidade na gestão dos resíduos. A partir

57
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada

da edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos dades para o manejo de resíduos. Assim, a estratégia de
os municípios estão desafiados a inverter essa lógica, manejo diferenciado, com as Coletas Seletivas de cada
implantando novos processos de gestão dos resíduos, um dos resíduos, é o único caminho para que a ordem
que privilegiem a recuperação dos resíduos e seu desvio de prioridades seja cumprida – viabilizando desde as
da disposição final. A implantação do aterro sanitário práticas de não geração até a diretriz de disposição final
continua sendo importante, mas não é mais o primeiro exclusivamente de rejeitos.
passo, e sim o último.
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de
A dificuldade real que os municípios têm de implantar coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, cílios é substituído por outro mais amplo e adequado,
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi-
possível aplicar as determinações da Política Nacional ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse-
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando quentemente não se trata mais de planejar uma coleta
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro-
permitindo movimentação imediata aos municípios, e piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos
não os deixando reféns de soluções com investimento de resíduos.
vultoso e demorado.
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Cole- resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
tas Seletivas das Regiões do Maciço de Baturité e do Ser- ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
tão Central considera a diretriz fundamental da Política resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
Nacional de Resíduos Sólidos, expressa em seu Art. 9º,
que estabelece de forma mandatória a ordem de priori- A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas

Figura 1 - Layout esquemático da CMR - Central Municipal de Resíduos

Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC

Recepção
e triagem

Apoio e
controles

58
de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


de “adequada proximidade das soluções para resíduos” metros quadrados) para simples recepção e armazena-
e “adequada escala das operações”, composto de um mento temporário dos resíduos da construção civil, re-
conjunto de instalações e procedimentos para valoriza- síduos verdes e resíduos volumosos, além dos resíduos
ção de resíduos. da logística reversa para acumulação à espera da reti-
rada pelos agentes responsáveis pela cadeia produtiva
Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor de cada um. Um Ecoponto funciona na CMR. Os parâ-
número possível de áreas físicas, mas que atendam a metros adotados para cada uma das instalações e para
toda a população urbana de cada município, com in- a definição da rede em cada município e região serão
tegração das operações com diversos tipos de resídu- apresentados no capítulo seguinte.
os, por meio do uso integrado
(compartilhado) de equipa- Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m²
mentos, do uso compartilhado para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste
da equipe técnica, uso compar- Funcionário RCC Residuos verdes
tilhado da edificação de apoio e e solo
Resíduos a
proteger Platô de descarga
gestão financeira integrada dos
recursos advindos do manejo
para valorização dos resíduos,
de forma que operações supe-
ravitárias sustentem as defici-
tárias e reduzam a dependência
de recursos externos.
Identificação
São considerados nesse Siste- e acesso Resíduos a
proteger
ma dois tipos de instalações
para manejo de resíduos só- Volumosos,
madeiras etc.
lidos, além das áreas atuais
de disposição final (lixões e
aterros sanitários ou controla-
dos) e a futura implantação de
Figura 3 – Desenho ilustrativo do Ecoponto Simplificado – área em
aterros regionais de rejeitos: as
torno de 1.000m² para manejo do RCC com equipamento de carga
Centrais Municipais de Resídu-
os – CMR e os Ecopontos.
Resíduos a
Volumosos, proteger
madeiras etc.
A CMR é uma instalação de Funcionário

múltiplos usos onde ocorrem: a


compostagem de resíduos orgâ-
nicos; a triagem de resíduos da
construção civil e seu peneira-
mento; o desmonte de resíduos Acumulação
volumosos; o picotamento das do RCC

madeiras da construção civil, Identificação Pátio de


e acesso descarga
de podas e madeiras dos volu-
mosos; a segregação de troncos
e galhos grossos; a segregação Resíduos
verdes
da capina e roçada em pilhas
estáticas para deterioração; a
acumulação ou triagem dos re-
síduos secos, conforme o porte do município. A Figura 4 expressa o esquema de articulação de um Siste-
ma de Áreas de Manejo com suas diversas unidades.
A CMR também recebe, para acumulação, pequenas
quantidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, Com a implementação da Política Nacional de Resíduos
pilhas e baterias, para retirada pelos fabricantes ou Sólidos e avanço das coletas seletivas, a coleta dos re-
comerciantes responsáveis. A área das CMRs nas duas síduos sólidos domiciliares indiferenciados deverá ser
regiões varia entre 7,5 mil e 20 mil metros quadrados; paulatinamente reduzida até atingir a característica de
estas instalações foram situadas preferencialmente na rejeito. Deve, portanto, ser prevista a sua destinação
área urbana da sede de cada município. adequada como etapa necessária da gestão integrada

59
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo

dos resíduos sólidos urbanos. CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de
operações e áreas específicas de manejo para diferentes
Como os municípios utilizam lixões como locais de dis- tipos de resíduos.
posição final dos resíduos indiferenciados, a rota tec-
nológica prevê redução substancial dos resíduos ali de- Na CMR poderão ser entregues:
positados, e ações de melhorias gradativas da condição 1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de
dessas áreas, como soluções transitórias. resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção
Projeto em elaboração pela SEMA prevê a recuperação
civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
destas áreas, envolvendo cercamento, remoção dos re-
resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
síduos espalhados no entorno externo e sua disposição
troeletrônicos, pilhas e baterias);
na frente de trabalho atual, controle de acesso, e início
de recuperação das porções degradadas já não mais uti- 2. com pagamento de preço público, por agentes
lizadas para disposição de resíduos. privados, os resíduos da construção civil, resíduos
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a quantidade;
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep- 3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
utilizarão áreas menores. lagens);

2.1 Modelo tecnológico para as áreas de 4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
manejo de resíduos sólidos oriundos das urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
coletas seletivas toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
verdes;
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A 5. por executores diretos de obras públicas, os re-

60
síduos gerados nestas obras, principalmente os da (volume de estocagem correspondente a duas viagens).

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


construção civil.
2.1.2 Galpão de Triagem
A meta definida no Plano está estimada em 85% da ge-
ração dos resíduos orgânicos e 85% dos resíduos secos O ponto de partida para o dimensionamento dos Gal-
gerados nos domicílios e pequenos estabelecimentos pões de Triagem, instalações um pouco mais comple-
equiparados aos domicílios. xas, é a evolução da coleta seletiva até atingir a meta
definida neste Plano, estimada em 85% da geração dos
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos resíduos secos.

Foi adotada uma estratégia de implantação em quatro


Para o manejo dos resíduos secos, a CMR pode ter um
etapas, que permitam avanço progressivo, mas também
Galpão de Acumulação, operado de forma articulada
redução dos custos de investimento.
com unidade instalada em município da proximidade
- Galpão de Triagem que fará a segregação dos resíduos Respeitada a estratégia de quatro etapas, aos municí-
secos do município em que está instalado e dos resídu- pios foram alocadas soluções de acordo com os volumes
os secos que pode receber de municípios próximos, que gerados: galpões de simples acumulação para transfe-
têm apenas um Galpão de Acumulação. rência ou galpões de triagem manual ou mecanizada.

O Galpão de Acumulação, funcionando como estação Nas duas regiões, como em outras do Estado, foram res-
de transferência, é concebido para atender a necessida- tringidas as soluções ao máximo de 6,6 t/dia por turno,
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags nesta primeira etapa, para que se considere uma “curva

Foto 24. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú

Fonte: I&T

61
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos


captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar

mezanino

prensa baias para 1 triador descarga


20 ton subtipos de a cada em desnível
docas de resíduos 380 kg (possível
expedição coletado rampa)
estoque ao dia silo
expedição tambores 1,5 a 2,0
1 semana triagem dias de
cargas fechadas primária coleta

Fonte: Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente

de aprendizagem” dos novos processos. A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que du-
Os estudos de concepção seguirão a sequência básica in-
rante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
dicada na Figura 5, a menos da necessidade de mecaniza-
ção de processos em galpões de maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira indicada na Figura 6.
A área de manejo dos resíduos verdes e
Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de Resíduos
madeira deve ser dimensionada para a Verdes
recepção destes resíduos, organizando
a operação em seis zonas de trabalho.
galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
A Área de Manejo de Resíduos Verdes
receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados,
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde troncos e galhos grossos
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo
ocorrer sua trituração prévia; e a ga-
lharia e folhas serão acumuladas em madeira Industrializada
uma grande pilha colocada em ma- capina e roçada
turação por período aproximado de
4 meses, depois de retirada a porção Fonte: I&T
para uso na compostagem.

62
Foto 25. Acumulação de troncos e pilha para maturação de folhas e galharias

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Fonte: I&T

Foto 26. Acumulação de madeira industrializada geração dos resíduos orgânicos.

As estruturas foram dimensionadas considerando-se


dois parâmetros: 1) em municípios de menor porte
considerou-se a construção integral do galpão já na pri-
meira etapa; 2) em municípios de maior porte conside-
rou-se uma “curva de aprendizagem”, com evolução do
processo por módulos de até 300 m2, mas garantindo-
-se reserva de espaço nas CMR.

Para operação da unidade de compostagem são neces-


sários bomba sopradora e temporizador, que garantam
a aeração necessária às pilhas de resíduos, termosonda
para acompanhamento do processo de digestão da ma-
téria orgânica, e pequena peneira rotativa para penei-
Fonte: I&T ramento do composto após a maturação. O processo de
compostagem se encerrará entre 45 e 60 dias.
2.1.4 Galpão de Compostagem
Basicamente, a organização do galpão de compostagem
A operação de compostagem com pilhas estáticas em obedecerá ao zoneamento indicado na Figura 7.
galpão coberto deve ser dimensionada para a evolução
Nas Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central
da coleta seletiva de orgânicos até atingir a meta defi-
serão implantados 14 galpões de compostagem (um em
nida no Plano, que se estima poder chegar a até 85% da
cada CMR) de diferentes portes. O Consórcio Público

63
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem

3 Baias uso em rodízio Tubulação no piso Maturação e Resfriamento

Recepção e Mistura Estoque material estruturante Peneiramento e estoque

Fonte: ACODAL, Colômbia

incentivará que, nas áreas de compostagem de cada mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
município, os tempos vagos das equipes responsáveis zona de operação foi dimensionada para estocagem e
por este trabalho sejam dedicados à produção de com- acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
posteiras simples, a serem ofertadas aos munícipes que zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
adiram à compostagem no domicílio, ou outro ambien- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
te gerador. sórcio Público.

2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume
gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di- destes resíduos para processamento e reutilização.

64
Figura 8 - Desenho ilustrativo da Área de 2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


Manejo de Resíduos da Construção Civil
São áreas ofertadas à entrega voluntária de resíduos
provenientes de pequenos geradores ou geradores de
Peneira Móvel
maior porte, entregues a preço público. Preveem espa-
RCC fino ço para a triagem em pátio, estimando-se a presença
peneirado
predominante de resíduos da construção civil.

Os resíduos volumosos serão conduzidos a um peque-


no galpão coberto, para desmontagem, destinando as
RCC grosso Reserva
madeiras para a área de Resíduos Verdes, os recicláveis
peneirado RCC limpo secos para o galpão de secos, os tecidos e espumas para
as baias próximas e envio posterior à cadeia produtiva.

A operação das CMRs exigirá a permanência de uma pá


carregadeira (retroescavadeira na maioria dos casos) no
Fonte: I&T
local, sendo usada de forma compartilhada nas opera-
Foto 27. Área de triagem ções das várias zonas compartimentadas que compõem
a instalação. Alguns dos equipamentos, já descritos, se-
rão viabilizados periodicamente, pelo Consórcio, para o
manejo de RCC, resíduos verdes e madeiras.

2.1.7 Ecopontos

Os Ecopontos, sendo áreas de mera acumulação se-


gregada de resíduos, demandam poucas atividades de
operação; haverá um funcionário do Consórcio respon-
sável pela recepção dos resíduos e orientação aos mu-
nícipes quanto aos locais específicos de destinação de
cada tipo de resíduo.

Nesta instalação poderão ser entregues voluntariamen-


te, por munícipes, até doze tipos de resíduos, sempre
em pequena quantidade: resíduos sólidos domiciliares
secos, resíduos da construção civil, resíduos volumosos
diversos, resíduos verdes e resíduos de logística reversa
(lâmpadas, pneus, eletroeletrônicos, pilhas e baterias);

Foram consideradas duas hipóteses de layout para os


Ecopontos: uma imediata para operação com descarga
Fonte: I&T dos resíduos no solo que implicará em uso esporádico
Foto 28 . Operação com a Peneira Vibratória de equipamento de carga (área em torno de 1.000 m2)
e outro layout com descarga em contêineres a partir de
platô, que permitirá deslocamento de resíduos direta-
mente pelos equipamentos de transporte (área em tor-
no de 700 m2). Estará colocada como meta a migração
de toda a operação para o segundo tipo de layout con-
forme ocorra o crescimento das atividades do Consór-
cio Público.

Os Ecopontos obedecem um projeto padrão, com di-


mensões assemelhadas nos diversos municípios. A ade-
quação aos volumes diferenciados de geração será feita
pelo uso mais ou menos intenso pelos usuários e pela
remoção de resíduos com maior ou menor frequência.
Fonte: I&T

65
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

dade de processamento.
municípios
Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região preci-
Para a adequação das instalações é necessário identi- sará utilizar um aterro sanitário para rejeitos.
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A
No momento, e pelo período previsto de implementa-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com
ção deste Plano, os resíduos urbanos que não forem re-
os indicadores de referência, é possível estimar a quan-
cebidos e processados nas instalações planejadas serão
tidade de resíduos que as instalações receberão.
encaminhados aos lixões dos municípios.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
A condição atual dos lixões será melhorada pela im-
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu
plantação de projetos que estão sendo estudados pela
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar
SEMA por meio dos “Planos de Recuperação de Áreas
o acesso da população, funcionando, inclusive em um
Degradadas (PRAD) de 81 lixões das Bacias Hidrográfi-
dos dias do final de semana.
cas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, no Estado do
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve Ceará” em fase final de elaboração. Tal Plano prevê que,
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo ex- em municípios para os quais não há perspectiva de dis-
cessivo de resíduos que dificulte a operação e de forma posição de resíduos em aterros sanitários a curto prazo,
a que as viagens até a CMR sejam otimizadas. será proposta uma Solução Transitória, que prevê iso-
lamento da área dos atuais lixões, limitação da área de
Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de descarga e recuperação gradativa, e limpeza da área do
uma área da cidade com população em torno de 25 mil entorno.
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto. 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
e mecanismos para criação de fontes de
Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar limi- negócios, emprego e renda
tados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Gerado-
res ou transportadores privados de maior porte deverão A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Sele-
recorrer à CMR e o uso desta área estará condicionado tivas das Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Cen-
ao pagamento de preço público adequado e disponibili- tral se apoia na certeza de que existe mercado consumi-

Foto 29. Atividade agroecológica no Ceará

Fonte: APRECE, Instituto Antonio Conselheiro, Quixeramobim, CE

66
dor para todos os produtos que serão recuperados por Será necessário, assim, que o Consórcio negocie, em

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


meio do manejo diferenciado dos resíduos urbanos. nome dos municípios associados, acordo no sentido de
remunerar as atividades realizadas de transporte e tria-
Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per- gem dos resíduos secos. A implantação de pontos de re-
centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos colhimento de lâmpadas, pilhas e baterias, eletroeletrô-
de resíduos não há coleta porque não há mercado. No nicos e pneus é de responsabilidade do setor privado.
entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida-
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a Em todos esses casos, a participação do poder público
porta sistemática, que se expande gradativamente na no processo resume-se ao recebimento de pequenas
medida em que se implantem soluções de triagem e co- quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs,
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente para posterior retirada pelos responsáveis. O Consór-
fará surgir novos negócios. cio deverá manter rigorosos registros e contabilidade
dos custos incorridos em todas as operações realizadas,
Para a colocação do composto orgânico no mercado para que se efetivem acordos justos entre as partes.
consumidor não há nenhum problema para a absorção
dos resíduos pelos produtores rurais nos próprios mu- Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, pelo
nicípios; dados existentes revelam que os volumes a se- Consórcio, de Certificados de Logística Reversa, a se-
rem gerados são muito inferiores à capacidade regional rem negociados com os responsáveis legais pelos resí-
de consumo de fertilizantes (em torno de 0,1% desta). Se- duos, diretamente ou por meio das entidades envolvi-
rão priorizados os empreendimentos agroecológicos da das nos Acordos Setoriais.
Região, especialmente os que forem vinculados ao Pro-
grama de Aquisição de Alimentos (PAA) e aqueles vincu-
lados aos esforços pela convivência com o semiárido.
3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
Também não haverá problemas para a colocação dos re-
ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de
MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen-
to de terrenos. O simples peneiramento dos resíduos, A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resíduos
como proposto no Plano para o primeiro momento, das Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central
qualificará os resíduos para uso em diversas obras e ser- foi realizada pelos municípios, com apoio técnico da
viços públicos, não oferecendo problema de colocação Consultoria, a partir de alguns parâmetros.
dos resíduos qualificados.
As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
Por fim, uma avaliação preliminar demonstra o poten- servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
cial de utilização dos resíduos de madeira (das podas, Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
construção civil e desmonte de volumosos) pelas cerâ- Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
micas, frigoríficos e outras atividades econômicas da sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
Região, que demandam energia de baixo custo ou a do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
produção de vapor. habitada para permitir acesso da população, num raio
de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon-
água e energia, e com possibilidade de afetação para
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei
essa finalidade.
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en-
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- A estimativa de geração de resíduos em cada município
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui- se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
Lei 12.305/2010. deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
postagem com capacidade de processamento de no má-
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente
ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede-
da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do
tecnológico fosse dominado.
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defini- O resultado desse trabalho é um Sistema Regional de Ma-
do na Lei, que as operações realizadas pelos serviços pú- nejo, composto por áreas na sede e no território dos mu-
blicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos nicípios, com 14 CMRs e 35 Ecopontos, sendo 14 nas sedes
relativas à logística reversa de embalagens poderão ser municipais e 21 em distritos, indicados no mapa a seguir.
devidamente remuneradas.

67
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Mapa das áreas de manejo

GADO PALMÁCIA
MA

COLINA GADOS DOS RODRIGUES CE


RN
FÁTIMA PI
BARRA NOVA

PERNAMBUQUINHO PB
!
H PACOTI ACARAPE
PE
)
" SANTA ANA
!
H REDENÇÃO "
)
GUASSI

!
H !
H" !
H
) CMR
GUARAMIRANGA )
"
BOA VISTA CÓRREGO
SÃO SEBASTIÃO FAÍSCA
!
H !
H H"
! )
)
" !
H! !
H
!
H
ANTÔNIO DIOGO H
!
H Ecoponto
!
H BARREIRA
MULUNGU !
H
JENIPAPEIRO
!
H )
" LAGOA GRANDE Fluxos
ARACOIABA !
H
BATURITÉ
LAGOA DO BARRO
municipais
H"
! )
!
H!H
HLAGOA DE SÃO JOÃO
! Fluxos regionais
H VAZANTES
!
)!ARATUBA
"
H
PAI JOÃO
!
H IDEAL Rodovias
!
H
JAGUARÃO
)
"
CAPISTRANO !
H Maciço do
PEDRA BRANCA
Baturité
PLÁCIDO MARTINS

PALMATÓRIA !
H Divisa Municipal

BATURITÉ
MILTON BELO
ITAPIÚNA "
) !H Setor Censitário
Urbano
!
H ITANS

!
H
BARBADA CAIO PRADO

CAIÇARINHA H PIRANJI
!

NOVA-VIDA
!
H
IBARETAMA
OITICICA

MONTE CASTELO !
H
!
H
CHORÓ
SANTA RITA
)
"
)
" !
H
PEDRA E CAL
!
H
MARAVILHA

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

3.1 Divisão do município em setores para processo de gestão associada e maiores no período em
coleta seletiva que maior número de atividades estiver implantado e
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
Nos municípios com população urbana na sede superior
a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon- O número de servidores do Consórcio Público, e seus
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
uma setorização de forma a definir a área de abrangên- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais.
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
ponda às exigências do período: menores no início do pletas nos municípios menores e bem avançadas nos

68
maiores municípios associados. de resíduos, é recomendável que as instalações perma-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


neçam abertas pelo maior tempo possível, todos os dias
Na estrutura departamental proposta para o Consórcio da semana, além de um dos dias do final de semana.
Público estão presentes, além da Presidência e Supe-
rintendência: Assessoria Jurídica e Ouvidoria; Planeja- O número de funcionários necessários a este serviço é
mento e Controle; Comunicação, Mobilização e Educa- um por Ecoponto, com cargo de Auxiliar Operacional,
ção Ambiental; Prestação de Serviços; Administrativo e sob coordenação do Encarregado Geral da CMR.
Financeiro; e, Tecnologia de Informação. No primeiro
cenário esta equipe administrativa deve atingir 12 pro- Foto 30. Ecoponto operando com caçamba estacionária
fissionais concursados, coordenados pelo Superinten-
dente.

Na equipe responsável pela “Prestação de Serviços” su-


gere-se a presença de 3 técnicos dedicados à orientação
do processo de compostagem e organização da desti-
nação do composto produzido; ao controle do uso em
rodízio dos equipamentos de manejo do RCC e Madeira
(Peneira Vibratória e Picador); e, por último, dedicados
à viabilização do comércio dos resíduos recicláveis secos
obtidos no processo de triagem.

3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais


das Centrais Municipais de Resíduos

As equipes operacionais serão compostas de um Encar-


Fonte: I&T
regado Geral e Auxiliares Operacionais, evoluindo em
dimensão conforme avança a implementação das ativi-
dades. 3.3 Investimentos necessários
O Encarregado responderá pela coordenação das ati-
vidades na CMR e também pela remoção dos resíduos Na elaboração do Plano de Coletas Seletivas das Regiões
captados nos Ecopontos, articulando esta operação do do Maciço de Baturité e do Sertão Central foram estima-
Consórcio Público. dos custos de implantação da infraestrutura em geral e
dos principais componentes das instalações, com base
Na CMR ocorrerão operações integradas com os vários nos indicadores do Sinapi-CE (base julho/2017) e con-
resíduos, compartilhando-se espaços, equipes, contro- sultas complementares ao mercado.
les e equipamentos.
Os custos indicados para as CMR incluem serviços pre-
Decorrente do volume de resíduos gerados, as equipes liminares, cercamento e divisórias internas, portão,
nas CMR variarão entre 5 a 8 funcionários. baias e galpões para desmonte de volumosos e armaze-
namento de resíduos com alguma periculosidade (RCC
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões Classe D e outros).
de Triagem
Às 14 CMR planejadas corresponderá um investimen-
São equipes que também evoluirão com o crescimento to de R$ 1.946.303,16 e aos 35 Ecopontos simples R$
das coletas seletivas. Os parâmetros adotados para o di- 3.501.876,70.
mensionamento são aqueles propostos em manuais do
Os equipamentos de carga e de transporte interno (ou
Ministério das Cidades.
entre Ecopontos e CMR) foram considerados como in-
No Cenário II, quando serão iniciadas as operações de sumos locados nos mercados locais.
triagem de resíduos secos, as equipes nos dois galpões
Para o processo de compostagem os investimentos ini-
de triagem variarão entre 31 e 33 funcionários.
ciais prevêem:1) a implantação de um galpão de com-
postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos
de telhas onduladas e piso concretado, equipado com
Ecopontos
baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador,
termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,

69
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de


água, para suporte à equipe inicial de operadores. PARA O MANEJO DIFERENCIADO
Desta forma, nas duas regiões, o investimento inicial
em 14 galpões de compostagem completos seria de R$ A implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá
918.545,19. mudanças e ajustes na forma como atualmente se reali-
za a coleta de resíduos nos municípios. Nas duas regiões
Já para o manejo dos resíduos secos, conforme o pla- a prática predominante é a coleta de resíduos domici-
nejamento adotado pelos técnicos municipais, estão liares indiferenciados, sem haver coletas seletivas dos
previstos investimentos em Galpões de Acumulação domiciliares.
(estações de transferência) e Galpões de Triagem, sen-
sivelmente menores que os esperáveis, pela redução do A primeira etapa de implementação do Plano será a im-
número de unidades de triagem propiciado pelo com- plantação da compostagem dos resíduos orgânicos, co-
partilhamento de instalações no Consórcio Público. letados de forma seletiva. Para os municípios menores,
mesmo onde o galpão de compostagem seja implantado
Nas duas regiões os investimentos iniciais para recupe- em um módulo único, a coleta deve avançar em duas
ração dos resíduos secos em todos os municípios são es- etapas, de forma a cobrir inicialmente 50% da área ur-
timados em R$ 849.006,00 para 12 Galpões de Acumu- bana e depois os outros 50%.
lação e R$ 1.581.420,93 para os dois galpões de triagem
completos em Baturité e Redenção. Para municípios maiores, que gerem até 6t/dia, uma
segunda etapa estará condicionada à implantação de
Os investimentos para qualificação do RCC e das ma- outro módulo do galpão para ampliar sua capacidade
deiras, de forma a ampliar sua capacidade de reutili- de processamento de resíduos. E para municípios que
zação, serão feitos em equipamentos móveis, para uso geram mais de 6t/dia até 9t/dia a implantação da cole-
compartilhado por todos os municípios: R$ 50 mil es- ta seletiva de orgânicos avançará em 3 etapas, à medida
timados para uma Peneira Móvel e R$ 180 mil para um em que sejam acrescidos novos módulos de galpões de
Picador Florestal sobre carreta homologada. compostagem.

O quadro geral dos investimentos necessários para o Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
início de todas as atividades planejadas deve considerar alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
belecida em cada uma das CMR. Desta forma, os investi- de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
mentos iniciais e seu impacto na população urbana das junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
duas regiões são indicados no quadro a seguir. seletiva de secos).

Quadro 20 – Investimentos previstos

Investimentos - Coletas Seletivas Múltiplas (R$)

Galpão de
Infraestrutura Galpões de Equipamentos Ecopontos
Acumulação e Edificações de
básica das CMR Compostagem Móveis RCC e simples e com
Triagem RS secos Apoio (14)
(14) (14) Madeiras (2) platô (35)
(14)

1.946.303,16 918.545,18 2.430.426,93 230.000,00 1.117.164,13 3.501.876,70

Total: 10.144.316,10

Investimentos per capita (R$)

16,51 7,79 20,62 1,95 9,48 29,71

Total: 86,07

Nota: Investimentos integrais, com exceção dos galpões para orgânicos e secos que são parciais nos maiores Municípios
Fonte: I&T

70
Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. O Consór- dias alternados em todos os municípios. O Consórcio
cio Público, em conjunto com cada município, deverá deverá apoiar os municípios nessa transição para calcu-
planejar o processo gradativo de alteração das rotinas lar os volumes a coletar e traçar as novas rotas dia a dia.
de coletas, buscando manter ao máximo os termos con-
tratuais, de forma a reduzir o impacto das novas coletas 4.2 Introdução da coleta em três frações
sobre as empresas contratadas, sem colocar em risco o
cumprimento das metas do Plano. Algumas rotas serão No momento da implantação da coleta em três frações,
alteradas para coleta seletiva de orgânicos em parte da será introduzida uma outra coleta, exclusiva para resí-
cidade, em dias alternados com a coleta de indiferen- duos secos.
ciados; as demais permanecerão como estão.
A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a coleta seletiva
Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas- não é mais uma opção, de acordo com as conveniências
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva- do governo local, mas uma exigência. Assim, a definição
mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos. de um modelo eficiente de coleta se impõe.
Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta
a porta introduz-se uma terceira coleta. As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem van-
tagens e desvantagens. Em uma análise simples de lo-
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta gística de transporte, é possível visualizar uma solução
e transporte dos materiais coletados intermediária, mista, que agrega boa parte das vanta-
gens de ambos os processos, aumenta a eficiência e re-
A frequência de coleta dos resíduos indiferenciados duz custos. Este modelo consiste na coleta porta a porta
praticada atualmente é principalmente diária nos mu- por um coletor munido de um carro bag. Este coletor
nicípios das duas regiões, com algumas exceções. dialoga com os moradores dos domicílios nos quais faz a
coleta, controla a qualidade da segregação e acumula os
Nos municípios ou áreas de municípios em que a cole- resíduos coletados porta a porta em um bag. Quando o
ta é feita diariamente é muito simples a implantação da bag estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com de acumulação, de onde será transportado à CMR por
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas al- um caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo
ternadas, como ocorre em grande parte das cidades bra- com o porte do município.
sileiras, sem problemas inclusive nas cidades maiores.
A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega
que há contratos em andamento, que provavelmente a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami-
serão renovados, e ainda não é possível prever o teor nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a
das alterações. desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
de rejeitos entre os resíduos valorizáveis.
Para o período seguinte, informações que deverão ser
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio poderão in- A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte-
dicar necessidade de revisão dos roteiros de coleta atu- grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
almente praticados, no sentido de tornar o processo de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
mais eficiente.
Foto 31. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Fonte: elaboração I&T

71
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Foto 32. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Fonte: I&T

em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas, namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre-
igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti- cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta-
mização dos fluxos e da logística de coleta. riamente entregues nos Ecopontos.

A implantação da coleta seletiva na modalidade mista A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na
em estudos realizados pela Consultoria, quando atin- mesma viagem terá que ser totalmente abolida.
gida a escala de todo o território, custa em média 25%
a mais do que a coleta convencional nele realizada. Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re- Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos
ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater- verdes do domicílio e resíduos volumosos.
ramento sem reaproveitamento. Em regiões das cidades onde predominam moradores
Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-
resíduos secos para todo o território dos municípios tas especiais programadas desses resíduos com veículos
permite plena incorporação do trabalho dos Catado- da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente
res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro
para as atividades que vierem a desempenhar, e traba- dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei- 4.3 Equipamentos e equipes das Coletas
ta dos diferentes tipos de resíduos. Seletivas

A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre- A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
quência semanal, já experimentada em quase todos os da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já
municípios que praticam coleta seletiva de secos, com existentes, sem alteração do número de equipamentos e
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
terísticas permitem armazenamento nas residências te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
por esse período sem gerar incômodos. ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
nos processos do Galpão de Compostagem.
O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru-
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con- geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios operar vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
o transporte pelo Consórcio, logo que possível deverão agregados aos contratos em vigor.
ser utilizados caminhões poliguindaste para transporte
dos resíduos em contêineres, simplificando bastante a A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
operação do Ecoponto. Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
Não existe uma frequência pré-definida de transpor- se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
te, uma vez que pode haver variação na disposição de postas de metas de avanço. O início da coleta de secos
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- nas Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central
72
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Foto 33. Operação no Ecoponto Simplificado

envolverá, inicialmente, o tempo de trabalho de 24 co- prestadores de serviços. Há mudanças comportamen-


letores e 2,7 caminhões. tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde o futuro, operando principalmente no ambiente esco-
do trabalhador para operação das áreas de lar, preparando as novas gerações para a continuidade
manejo e aprofundamento do manejo responsável de resíduos
no ambiente urbano.
Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra-
balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta Para isso deve-se começar pela ampla divulgação da
de resíduos, segregação nos locais de tratamento, pre- mudança operacional que se fará com as coletas seleti-
paração para venda, carregamento e descarregamento vas múltiplas, de maneira geral, e enfatizando cada eta-
de resíduos e operação de todas as atividades de trata- pa de implantação.
mento.
Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das no-
O Consórcio deverá elaborar Programa de Prevenção vas práticas para a correta segregação dos resíduos na
de Riscos Ambientais (PPRA) e Plano de Controle Con- fonte de geração, das formas adequadas de disponibili-
tra Incêndio (PCI) para cada uma das CMRs da Região, zação dos resíduos para coleta e do novo calendário das
garantindo que todas as normas de segurança sejam coletas porta a porta. Mas também dos novos endere-
permanentemente observadas, além de Programa de ços para disposição dos resíduos volumosos, verdes e
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos da construção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos
trabalhadores envolvidos. Deverão ser utilizados Equi- resíduos da logística reversa que deverão ser levados a
pamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI) esses locais.
nas instalações, sempre que as atividades a ser executa-
Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo-
das assim exigirem.
bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes
de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
contatos diretos periódicos em todos os domicílios em
cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio
5. ESTRUTURAR A MUDANÇA para as mudanças comportamentais imediatamente
COMPORTAMENTAL necessárias.

As duas Regiões contam com 1.030 agentes de saúde e


A implementação das coletas seletivas múltiplas exige 313 agentes de combate a endemias, conforme detalha-
um profundo processo de mudança comportamen- do no Diagnóstico.
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- escolas, com o desenvolvimento de atividades de edu-
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, cação ambiental centradas na não geração, redução de
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e geração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se

73
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

de expor cotidianamente às novas gerações em forma- intermunicipais para a gestão de resíduos sólidos têm
ção, nas 458 escolas das duas Regiões, os caminhos que prioridade na alocação de recursos estaduais, conforme
devem ser seguidos por todos os tipos de resíduos ge- definição da Lei 16.032/2016.
rados no ambiente escolar - daqueles das salas de aula,
aos administrativos, aos de reparo das instalações, aos O Consórcio a ser formado deve ter uma equipe própria
de logística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, suficiente para realizar todas as atividades de planeja-
aos volumosos, aos da cantina escolar e outros. mento, fiscalização das posturas dos usuários e das ati-
vidades operacionais de coletas nos municípios.
Todas as 458 escolas serão estimuladas a elaborar, com
participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla- O Protocolo mencionado trata também de um aspecto
no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de particularmente importante das coletas seletivas, que
orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re- é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos
síduos gerados no ambiente escolar. resíduos processados: composto orgânico, resíduos se-
cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
Para as mudanças comportamentais necessárias será da construção civil segregados corretamente. Para isso
imprescindível o envolvimento dos estabelecimentos é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
comerciais (lojas, mercantis, quitandas, distribuição de Fundo Regional de Financiamento do Manejo Dife-
materiais de construção etc.) para que se responsabili- renciado, receptor dos resultados da comercialização,
zem pelo anúncio dos novos endereços para disposição para cobertura de custos operacionais e aplicação no
dos resíduos e novas regras. investimento de novas instalações que integrarão o Sis-
tema Integrado de Áreas de Manejo planejado para as
duas Regiões.

6. CONSTRUIR E ESTABILIZAR A Além disso há quatro anexos que tratam de aspectos


fundamentais da prestação dos serviços de limpeza ur-
INSTITUCIONALIDADE DA GESTÃO
bana e manejo de resíduos sólidos: o primeiro é rela-
tivo aos empregos que são criados; o segundo trata de
As coletas seletivas múltiplas reduzirão o recurso aos li- uma exigência da Lei 11.445/2007, que é o regulamen-
xões e aterros como destino de resíduos, mas exigirão to uniforme para a prestação de serviços em regime de
a construção de uma instância de gestão forte, bem es- gestão associada, estabelecendo desta forma elementos
truturada, com escala operacional que reduza custos e importantes da política municipal de resíduos sólidos;
melhore a produtividade nas ações. o terceiro autoriza o lançamento de Taxa de Resíduos
Sólidos Domiciliares no município, indispensável para
Como mencionado em várias passagens deste Plano, a sustentabilidade da prestação dos serviços, conforme
essa instância é um Consórcio Intermunicipal formado definição também da Lei 11.445/2007 e o quarto anexo
com a participação dos 12 municípios da Região Maciço trata de leis uniformes para o gerenciamento de resídu-
de Baturité contemplados pelo projeto de implementa- os da construção civil.
ção de coletas seletivas nas bacias prioritárias do Ceará.
Os dois municípios da Região Sertão Central poderão 6.1 Definição das responsabilidades para
estabelecer um Convênio de Cooperação com esta ins- implementação do Plano de Coletas Seletivas
tituição até que se formalize o Consórcio da Região Ser-
tão Central. A proposta discutida pelos municípios divide as respon-
sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis
Para essa construção,
PROTOCOLO DE INTENÇÕES DO CONSÓRCIO DA REGIÃO SERTÃO DE CRATEÚS pela gestão de resíduos, o Consórcio e o Governo Esta-
iniciou-se durante a eta-
dual no tocante ao planejamento, regulação, fiscaliza-
pa de planejamento, a
ção, prestação dos serviços, implantação das unidades
discussão de uma Minu-
de manejo, venda dos materiais recuperados e cobran-
ta de Protocolo de Inten-
PROTOCOLO DE ça para sustentabilidade dos serviços prestados.
ções com os municípios
INTENÇÕES da Região. Aponta-se o planejamento coordenado pelo Consórcio
DO Público, os serviços de coleta e limpeza realizados pe-
A construção do Con-
los municípios, a operação das unidades de destinação
CONSÓRCIO DA sórcio é muito impor-
pelo Consórcio, o recolhimento da Taxa de Resíduos Só-
tante para a obtenção
REGIÃO DO MACIÇO lidos também por ele, que se responsabilizará pela fis-
de recursos do Governo
calização local, e a regulação e fiscalização dos contratos
DE BATURITÉ do Estado para a im-
pela ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos
plementação do Plano,
VERSÃO 04/10/2017 1
Delegados do Estado do Ceará.
uma vez que consórcios

74
6.2 Programas e ações de capacitação de resíduos sólidos. Portanto, a periodicidade sugerida

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


técnica voltados para a implementação e é de quatro anos, adotada também para os planos mu-
operacionalização das Coletas Seletivas nicipais de saneamento básico.

Para que a implementação e a operação das Coletas Se- No caso deste Plano de Coletas Seletivas, sua elaboração
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio ocorreu no período de revisão do PPA; sugere-se, por-
deverá desenvolver programas e ações de capacitação tanto, que seja revisado em 2021 pela primeira vez e daí
técnica para sua estruturação institucional, implantação em diante sempre no ano de elaboração do PPA, de for-
das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi- ma, inclusive, a incluir no PPA as ações cabíveis.
ções irregulares, operações de compostagem e triagem
Avaliações do estágio de implementação do Plano deve-
de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
rão ser feitas anualmente, a partir dos relatórios perió-
monitoramento geral da eficácia das operações.
dicos sobre a qualidade da prestação dos serviços exigi-
Essa capacitação será essencial para transformar as prá- do pela Lei 11.445/2007, instrumentos importantes para
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas. a revisão do Plano, e divulgadas para os usuários.

6.3 Monitoramento e indicadores, controle


e fiscalização da implementação e
operacionalização no âmbito local 7. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
INCLUSÃO SOCIO PRODUTIVA NA
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos, ESTABILIDADE DA GESTÃO
estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí-
pios das duas regiões, que contratam serviços, o con-
Os levantamentos de informações realizados nos mu-
trole e a fiscalização da execução dos contratos devem
nicípios para elaboração deste Plano evidenciaram a
ser feitos pelas secretarias municipais contratantes e
situação de desamparo em que se encontram os catado-
órgãos de controle do município.
res de materiais recicláveis na maioria deles. Somente
Ao município, portanto, caberá a verificação de cum- há associação de catadores nos municípios de Choró e
primento de rotas, calendário, horários, condição de Barreira, ainda em busca de parcerias para uma atuação
operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes mais sólida.
de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de
Entretanto em todos os casos as ações realizadas pelos
uniforme e equipamentos de segurança e proteção in-
catadores para recuperação de resíduos domiciliares
dividual, eficiência da coleta.
são feitas à margem da formalização exigida pela Lei
Ao Consórcio caberá a fiscalização em relação à segrega- 11.445/2010, que é clara – serviços como o de coleta se-
ção dos resíduos que entram nas CMRs da Região, sen- letiva de resíduos secos recicláveis são parte do serviço
do necessário um intenso intercâmbio de informações público, e só podem ser prestados sob contrato.
para que as desconformidades na coleta sejam corrigi-
Assim, a alternativa de envolvimento de cooperativas
das, e campanhas sejam reforçadas.
ou associações de catadores neste serviço só poderá ser
Um sistema de monitoramento da coleta e da operação efetivada se for objeto de um contrato, como qualquer
das áreas de manejo implica a estruturação de proces- prestador de serviço, com estabelecimento de deve-
sos de registros de informações e produção de indica- res, obrigações e direitos, mesmo que acionada a pos-
dores capazes de orientar ações corretivas e preventi- sibilidade de dispensa de licitação prevista em lei. Será
vas. Deverão ser monitorados os vários tipos de coleta, importante que o Consórcio crie programa de apoio à
as operações nos 35 Ecopontos e nas 14 CMR, e aspectos formalização das organizações, com sua capacitação e
específicos como a eficiência e eficácia dos processos e a programas que fomentem o seu manejo de embalagens,
qualidade dos materiais produzidos. orgânicos, volumosos, eletroeletrônicos e outros.

6.4 Periodicidade de revisão do plano 7.1 Estratégias de incentivo para a


formalização das cadeias produtivas da
Este Plano de Coletas Seletivas é entendido como um reciclagem
detalhamento do Plano Regional de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos. Definição da Lei 12.305/2010 reco- A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí-
menda que seja observada a vigência dos Planos Pluria- duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita
nuais na definição da periodicidade de revisão dos pla- que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co-
nos municipais (e intermunicipais) de gestão integrada operativas ou de outras formas de associação de cata-

75
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Foto 34. Capacitação dos catadores das Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central

Fonte: I&T

dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as são social e à emancipação econômica deste segmento.
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- Nos lixões os catadores trabalham em condições pre-
mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis cárias e na sua maioria se encontram em situação de
que neles estejam presentes. extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e
precisam fundamentalmente de programas e ações de
Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es- combate à pobreza e geração de trabalho e renda.
tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia
produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi- Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública
ca de cooperativas e associações de catadores. De forma e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru-
complementar, apresentam-se em anexo minutas dos mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão
principais instrumentos para parcerias entre a Admi- social e à emancipação econômica dos catadores.
nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil –
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
de instruções para a formalização de associações e coo-
e organização produtiva com base na economia solidá-
perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
ria e autogestão.
vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres- regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
tação de serviços entre a Administração Pública e coo- ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
perativas de catadores. dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
de um programa específico voltado à formalização da
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
presença dos empreendimentos comercializadores de
ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs.
materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
7.1.1 Apoio aos catadores OSCs podem firmar termos de colaboração visando
atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que por meio de atividades, realizadas de modo contínuo
os catadores têm na coleta, separação e venda de reci- e permanente, como programas de assistência social,
cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de

76
habitação popular, ou parcerias no formato de projetos, tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as- merciais. Assim a Administração Pública deve observar
sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem. a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada
na legislação significa criar condições adequadas, de
Há uma série de exigências formais a serem cumpri- forma a impulsionar e estimular a participação destes
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que empreendimentos sociais como prestadores de serviço.
apresenta um roteiro para a constituição de associações
e cooperativas de catadores. Desta forma, a Administração Pública deve remunerar
as cooperativas ou associações de catadores quando da
Considerando que o mecanismo de chamamento pú- contratação dos serviços de coleta e triagem de resídu-
blico é um dos instrumentos fundamentais na cele- os sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em
bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste que o faria para contratação de uma empresa presta-
Plano, edital de chamamento público para termos de dora de serviços.
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta
modalidade de parcerias entre a Administração Pública O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em
e as Organizações da Sociedade Civil. atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas,
alocando as organizações de catadores e seus núcleos de
7.1.2 Fomento às cooperativas trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos
recicláveis diversos.
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de um Sistema de Áreas de Manejo, a ser gerido por um
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona- Consórcio Público da Região Maciço de Baturité, assu-
mento de cooperativas ou de outras formas de associa- me importância a perspectiva de organização do fo-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis mento aos catadores por meio de uma cooperativa ou
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como associação de abrangência regional, que articule os gru-
sua contratação”. Também é importante ressaltar que pos de catadores em cada município, por menores que
esta priorização só pode se dar por meio de contrata- sejam, permitindo o desenvolvimento de atividades lo-
ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação, calmente planejadas.
conforme a Lei 11.445/2007.
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
Enquanto as questões relacionadas a organização e fun- comercializadores de material reciclável
cionamento das cooperativas ou de outras formas de as-
sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
do apoio, a priorização da contratação das cooperativas formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
ou de outras formas de associação de catadores deve ser porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou ape-
nas intermediando negócios e efe-
Foto 35. Informes sobre a capacitação para os catadores do Lixão de Baturité tuando o transporte entre agentes,
carecem de formalização das suas
atividades. Esta necessidade deve
ser atendida com o desenvolvimen-
to de um programa específico vol-
tado ao incentivo à formalização,
mas também apoiado no esforço de
fiscalização das condições de traba-
lho oferecidas e condições sanitárias
existentes.

Três motivos tornam o desenvolvi-


mento deste programa bastante im-
portante. Em primeiro lugar o fato
de que são agentes já estabelecidos,
numerosos, e que fazem uma movi-
mentação de materiais em volume
expressivo, porém ainda desconhe-
cido. Dados anteriores sugerem que
Fonte: I&T este volume seja em torno de 4 vezes

77
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

superior ao dos programas de reciclagem com apoio di-


reto do poder público. DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes FINANCEIRA
estabelecimentos são alimentados por um número
significativo de catadores “de ofício” ou por muníci- De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra-
pes de menor renda que buscam ampliação de seus sileiros que responderam ao questionário do Sistema
proventos, recorrendo a segregação de resíduos para para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No
tanto. É atualmente da natureza dos estabelecimentos caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai
comercializadores de menor porte, assegurarem seus para 38,6%.
resultados econômicos a partir de uma relação des-
qualificada com os seus fornecedores de materiais. As O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu-
relações dos estabelecimentos com os catadores são nicípios com menos de 30 mil habitantes (pop total) é
bastante arcaicas, típicas de atividades informais, e de R$ 7,13 por habitante ao mês. Para a faixa entre 30
precisam ser qualificadas. mil e 100 mil habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e
para a faixa entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$
Por último, a necessidade de formalização se impo- 7,08. Para municípios da faixa 4 é de R$ 8,84/hab.mês.
rá pela demanda que se mostrará crescente para uma Estes custos englobam todas as despesas dos serviços de
presença mais significativa dos estabelecimentos na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, inclusive
efetivação de um fluxo de “exportação” dos resíduos da disposição final.
região geradora. O conjunto destes estabelecimentos,
com todas as suas precariedades, constitui hoje o cami- A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
nho para a destinação de resíduos recicláveis que serão participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
necessariamente coletados de forma muito mais inten- cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
sa. Este conjunto expressa um fluxo regional de capta- com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá anali-
ção e destinação de resíduos importantes e valorosos sar a estrutura de custos nas duas regiões.
que precisará ser ativado pelo Poder Público, por meio
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
do Consórcio Público e seus instrumentos de atuação,
mar que os gastos se ampliam na medida em que dimi-
já descritos neste plano, para destinação e valorização
nui o porte da população atendida, como pode ser ob-
de resíduos.
servado a seguir.

Gráfico 11 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Sertão Central

30

25

20
População (em mil hab.)

15

10

0
5,00 10,00 15,00 20,00

Custo mensal per capita (R$)


Fonte: Elaboração I&T
Nota: foram utilizados os dados da Região Maciço de Baturité para municípios assemelhados da Bacia Hidrográfica
Metropolitana, como na Região Litoral Leste e Sertão Central

78
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


de serviços públicos das Coletas Seletivas de destinação por triagem, em substituição ao custo de
Múltiplas e formas de cobrança aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e
A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi-
a composição dos custos municipais para a prestação ções irregulares ou coleta especial destes resíduos.
dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana.
Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual Na análise dos novos custos incidentes não há senti-
em que meramente são afastados os resíduos do espaço do em uma análise por município, na medida em que
urbano onde são gerados, em relação à situação com as a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio Pú-
coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas blico. O custo é regional e dele participam os municí-
e postos de trabalho, redução de impactos e custos no pios na forma estabelecida em Contrato de Rateio (Lei
meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al- 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das ope-
terações diretas são: rações. Também não há sentido em uma análise de cus-
tos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas
• Ampliação do custo de coleta pela introdução da Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração
coleta diferenciada de secos após o início do proces- física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão
so com o manejo de orgânicos; integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em
• Ampliação dos custos de destinação pela introdu- cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi-
ção do processamento de resíduos; tárias reduzam os custos das deficitárias.
• Redução geral de custos pela contabilização das re- De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta-
ceitas geradas com os materiais valorizáveis; das estimativas de custos para os novos processos.
• Redução geral dos custos pela eliminação de parte
do custo de aterramento; Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras
e resíduos da construção civil, quando adequadamente
• Redução geral de custos pela ampliação da escala manejados, geram receitas – excedente econômico que,
de manejo dos resíduos sólidos, decorrente da gestão gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
associada por Consórcio Público. cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole-
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu- Nas duas regiões, especial atenção deverá ser dedicada à
ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem realização das receitas oriundas da comercialização das
em substituição ao de aterramento; para os resíduos se- embalagens e produtos recicláveis presentes no RCC e

Quadro 21 - Coletas Seletivas Múltiplas – novos custos

Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)

Total 125.707,73 462.066,63 58.946,43 167.603,42 814.324,21

Custo per capita no


Consórcio 1,07 3,92 0,50 1,42 6,91
(R$/hab.urb. mês)

Quadro 22 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas

Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)

Custo total (*) 99,35 26,15 63,51 118,40 45,63

(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume

79
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

Quadro 23 – Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos viços públicos é determinação
tratados nas Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central legal da Lei Federal de Sanea-
mento Básico (11.445/2007) e da
Política Nacional de Resíduos
Quantidade Valor de venda Valor potencial de Sólidos (12.305/2010) que tem
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) que ser cumprida. Este Plano
de Coletas Seletivas considera
que as boas soluções tecnológi-
Composto (t) 416,01 148,50 61.776,76
cas, gerenciais e de engenharia
devam ser buscadas para que se
Embalagens (t) 347,62 280,63 97.553,56
expresse aos munícipes o me-
Estruturante (m³) 1.993,49 5,00 9.967,45
nor valor possível, sem renún-
cia às receitas possibilitadas
RCC Classe A (m³) 1.885,84 32,00 60.346,99 pela valorização dos materiais.
Considera ainda que os valo-
Madeiras (m³) 1.379,61 10,00 13.796,13 res eventualmente lançados em
IPTU devam ser direcionados
Recicláveis (t) (RCC e à recuperação dos custos in-
57,87 1.000,00 57.870,32
volumosos)
divisíveis, por meio do Fundo
Especial do município e a Taxa
Total – – 301.311,21
de Manejo de Resíduos Domi-
ciliares, operada pelo Consór-
Fonte: Elaboração I&T
cio Público, deve ser lançada
volumosos, 52% da receita total potencial, das oriundas para recuperação dos custos
da qualificação do RCC como agregado reutilizável, 20% divisíveis relativos à coleta, tratamento e destinação de
da receita total potencial e também daquelas decorrentes resíduos, de forma que os municípios das Regiões do
da venda do composto orgânico, também 21% do total. Maciço de Baturité e do Sertão Central possam sair da
atual situação de descumprimento de dispositivo legal.
Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu- Por final, novamente para adequação a dispositivo le-
nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o gal, o Plano considera que os preços públicos têm que
recurso a uma Organização Social, a instituição de um ser instituídos para a absorção eventual de resíduos de
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen- grandes geradores.
ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni-
cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos Futuramente poderá ser considerada pelo Consórcio a
Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre discussão de créditos, junto aos responsáveis legais (fa-
as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien- bricantes, distribuidores e outros) por efetivação da lo-
te, responderá pela comercialização dos resíduos em gística reversa de embalagens e alguns resíduos especiais.
nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de
Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
mento dos custos operacionais com a coleta e processa- 9. DEFINIR O PAPEL DO ESTADO COMO
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão INDUTOR DO AVANÇO NECESSÁRIO
de catadores.

O Fundo Regional de Financiamento será alimentado Na tradição brasileira, até a edição da Lei 12.305/2010, os
também por recursos oriundos dos Fundos Especiais de Estados praticamente não exerciam papel de relevo no
âmbito municipal. O fundo municipal – Fundo Especial tema dos resíduos sólidos, a não ser como licenciadores
para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – recepciona- dos empreendimentos viabilizados pelos municípios.
rá os recursos provenientes do ICMS Sócio Ambiental,
os recursos provenientes de multas e outras receitas, O Estado do Ceará, no entanto, tem atuado em várias
as dotações orçamentárias para cobertura do custo de frentes no tema dos resíduos sólidos: elaborou em 2012
limpeza urbana (custos indivisíveis) e os recursos pro- seu Plano de Resíduos Sólidos, elaborou um estudo de
venientes da arrecadação da TRSD – Taxa de Resíduos regionalização para adequação da escala de gestão, es-
Sólidos Domiciliares para cobertura do custo de manejo tão em elaboração os Planos Regionais de Resíduos Só-
de resíduos (custos divisíveis). lidos para 11 das 14 Regiões estabelecidas para a gestão
dos resíduos sólidos.
Apontar a solução para recuperação dos custos dos ser-

80
Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita- ICMS Sócio Ambiental.

Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central


rão, aos municípios, o cumprimento da exigência le-
gal, os Planos de Coletas Seletivas, descendo a detalhes, O histórico das duas regiões em relação ao repasse des-
como observado neste documento, dão a eles instru- tes recursos nos últimos anos pode ser analisado na fi-
mentos imediatos para a implementação de ações e iní- gura do Gráfico 12.
cio do processo de mudança.
Observe-se que o valor de um único ano, considerada
Apoiando os municípios no preparo deste Plano de Co- a média dos repasses efetuados nos três últimos anos,
letas Seletivas das Regiões do Maciço de Baturité e do corresponde a 2 vezes os investimentos iniciais neces-
Sertão Central, o Estado do Ceará anunciou a intenção sários à implantação das Coletas Seletivas Múltiplas, ex-
de ir mais além, apoiando também sua implementação. cluído o cercamento da área.

9.1 Apoio aos investimentos iniciais O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que
terão prioridade para investimentos os municípios que
A implantação das instalações obedecerá ao cronogra- tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
ma geral já apresentado. No primeiro ano está prevista Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação.
a implantação das seguintes instalações da CMR de cada
Ocorrendo o avanço da gestão associada por Consór-
município: módulo inicial de galpão de compostagem
cio Público na Região Maciço de Baturité, alguns outros
com guarita coberta, equacionamento da peneira mó-
condicionantes estão estabelecidos pelo Estado para
vel e do picador de madeiras; no segundo ano serão im-
acesso dos municípios aos recursos por ele gerenciados:
plantados
• existência de área afetada adequada para a implan-
No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu- tação da CMR;
lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu-
apoio nas CMR.
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas)
Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- e sua capacitação;
mento pelos municípios ou pelo Consórcio Público já • compromisso com a reconfiguração da coleta de
constituído, por se tratarem de obras bastante simpli- resíduos domiciliares executada por execução direta
ficadas. ou contrato terceirizado;

Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce- • adoção de solução para a recuperação dos custos
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen- operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
do serviço público.

Gráfico 12 – Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental nas Regiões do Maciço de Baturité (inclusos
Choró e Ibaretama).

3.500

2.800
ICMS - 2% (mil R$)

2.100

1.400

700

0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Maciço de Baturité - Repasses ICMS Socioambiental

Fonte: SEMA

81
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente


Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central

sugeriu-se que sejam alcançadas por etapas, de acordo


com o porte dos municípios: em duas etapas nos muni-
Além de aporte de recursos financeiros, o apoio do Es- cípios menores e em três etapas nos maiores.
tado à gestão se fará pela cessão de um servidor – Ges-
tor Ambiental Residente - técnico com as qualificações No tocante à coleta seletiva de secos, que deve ser ante-
requeridas, que exercerá por algum tempo o cargo de cedida de investimentos mais significativos nas infraes-
Superintendente do Consórcio que será criado apoian- truturas de triagem, considera-se na proposta de metas
do seu Presidente e a Diretoria (escolhidos todos entre que ela se iniciará, de forma extensiva, em um período
os prefeitos da Região Maciço de Baturité). em que as mudanças comportamentais já estão em cur-
so. Desta forma propôs-se que a introdução das novas
Ao técnico cedido pelo Estado incumbirá, em conjun- rotas de coleta aconteça por etapas, porém mais curtas,
to com os gestores e técnicos locais, estruturar o órgão de 6 meses.
intermunicipal na forma estabelecida no Protocolo de
Intenções e neste Plano. Os municípios menores avançariam em duas etapas,
cada uma cobrindo 50% do território da sede, e os mu-
Será essencial seu papel de capacitador das equipes nicípios maiores avançando em 4 etapas, com 25% do
locais, transmitindo conhecimento, viabilizando solu- território em cada uma delas.
ções, sustentando procedimentos, motivando a qualifi-
cação técnica e gerencial da equipe do Consórcio e dos As operações com resíduos de logística reversa, que
municípios. inevitavelmente ocorrem nas duas Regiões, deverão ter
meta estabelecida, mas articuladas com as metas que
A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien- o Estado do Ceará está estabelecendo na discussão dos
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá Termos de Compromisso com cada cadeia produtiva.
um processo de informação continuada destes Gesto-
res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni- reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do materiais e produtos:
saneamento. • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
por outras duráveis;
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e • venda de alimentos a granel e embalagens com me-
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que nores quantidades;
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno- • locais de entrega de produtos em condição de uso,
vável por igual período, para que o Consórcio se estru- como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
ture e qualifique seu quadro de funcionários.
• programa para supermercados doarem produtos
próximos do vencimento para instituições filantró-
9.3 Metas e diretrizes para redução,
picas;
reutilização, coleta seletiva e reciclagem
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento trodomésticos.
foi elaborado um cronograma de implantação do Pla-
Em 2022, o Consórcio deverá promover debate nos mu-
no de Coletas Seletivas, que considera as atividades nele
nicípios para avaliação da implementação do Plano de
previstas: dos ajustes na documentação básica do Con-
Coletas Seletivas e a definição de metas de redução da
sórcio Público dos Municípios do Maciço de Baturité –
geração de resíduos, por meio de implementação de
AMSA, à implantação das unidades e dos procedimen-
programas, projetos e ações nessa direção.
tos de coleta.

Os investimentos a serem realizados demandarão a pre-


sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
linha de ação a concentração dos apoios por meio dos
Consórcios Públicos. Desta forma, o primeiro passo
deve ser o de ajuste no Consórcio Público na Região
Maciço de Baturité, com aprovação de toda a base legal
para seu início de operação.

Portanto, anteriormente às metas de operação da coleta


seletiva de orgânicos há metas para o Consórcio e para
construção das CMR. Em relação às metas de coleta,
82
Quadro 24 – Cronograma de implantação sugerido

MESES
ATIVIDADES

meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3

2 Votação nas Câmaras Vereadores 2

Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1

4 Cercamento das CMR 3

5 Orgânicos – e xec . Galpões Compostagem 3

6 Renegociação Contratos Coleta Org 3

7 Capacitação equipe Consórcio 2

8 Capacitação equipe operacional 2

9 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 50% 12

10 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 100% 12

11 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 50% 12

12 Ampliação Galpão Compostagem 3

Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12

14 Colet a Mun acima 11mil hab urb – 33% 12

15 Ampliação Galpão Compostagem 3

16 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 66% 12

17 Ampliação Galpão Compostagem 3

18 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 12

19 Secos - Uso pleno dos galpões atuais -

20 Viabilização investimentos 12

21 Construção GAcum e GTriagem 6

22 Renegociação Contratos Coleta Sec 3

23 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 50% 6

24 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 100% 6

25 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 25% 6

Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6

27 Introdução 2o turno -

28 Ampliação 2o módulo Galpão 6

29 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 75% 6

30 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 6

31 Introdução Peneira Móvel RCC -

32 Introdução Picotador Madeiras -

33 Operações LR pneus -

34 Operações LR lâmpadas -

35 Operações LR pilhas e baterias -

Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -

37 Implementação PGRS Escolas -

38 Capacitação ACS e ACE -

83
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
REGIÃO
LITORAL
LESTE
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
LITORAL LESTE
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

86
DIAGNÓSTICO DA Alguns distritos apresentam população urbana conside-

Região Litoral Leste


rável, como os Distritos de Parajuru, Serra do Félix e Su-

REGIÃO LITORAL LESTE catinga, no Município de Beberibe, os Distritos de Gua-


nacés, Caponga e Jacarecoara, no Município de Cascavel
e o Distrito de Pratiús, no Município de Pindoretama.

Em relação à geração de riqueza, medida pelo Produto


Interno Bruto – PIB, os três municípios são responsáveis
pela geração de 1,2% do PIB do Estado, sendo Cascavel
1. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO E responsável por 0,6% do PIB estadual.
SEUS MUNICÍPIOS
Gráfico 1 - Evolução do PIB per capita nos
municípios da Região (R$/ano)
A Região Litoral Leste situa-se a nordeste do Estado do
2014 2010
Ceará, limitando-se ao norte com o Oceano Atlântico, a
noroeste com a Região Metropolitana A, a oeste com a
Estado
Região Metropolitana B e a sul com a Região Vale do Ja-
guaribe, conforme definição da “Proposta de Regionali- Pindoretama
zação da Gestão de Resíduos Sólidos no Estado do Ceará”. Cascavel

Integram a Região Litoral Leste oito municípios: Bebe- Beberive

ribe, Cascavel e Pindoretama, Fortim, Aracati, Icapui, 4.000 8.000 12.000 16.000
Itaiçaba, Jaguaruana. A Região constitui importante polo
Fonte: IBGE
turístico pela beleza de suas praias, atraindo visitantes de
todo o país e do exterior, sendo o Monumento das Falé- A concentração do rendimento nos municípios aferido
sias de Beberibe um dos principais polos de atração para pelo Censo do IBGE em 2010, no entanto, ainda é baixa,
a Região e a praia da Águas Belas, em Cascavel, também sendo semelhante para todos os municípios da região,
muito procurada pelas lagoas naturais que se formam com uma média de 82,3% da população recebendo até
em suas praias. Embora Pindoretama não possua litoral um salário mínimo e 12,2% recebendo de 1 a 2 salários
em seu território, a cidade conta com atrativos turísticos mínimos.
ligados a riqueza cultural do município.
A partir do Índice Firjan de Desenvolvimento Munici-
Apesar de ser composta por oito municípios, este Plano pal, pode-se notar que na Região todos os municípios
das Coletas Seletivas envolve somente três municípios apresentam o índice geral de desenvolvimento mode-
da região: Beberibe, Cascavel e Pindoretama, por esta- rado. Destaca-se em relação ao índice de saúde o mu-
rem na Bacia Hidrográfica Metropolitana, objeto deste nicípio de Cascavel, com alto desenvolvimento, sendo
trabalho. Por esta razão, as menções à Região Litoral que os demais municípios mantêm, neste quesito, um
Leste que se fizerem neste documento a partir deste desenvolvimento moderado. Em relação ao índice da
ponto referem-se somente aos três municípios. educação, todos os municípios obtiveram um índice de
desenvolvimento moderado. O ponto fraco, presente
Quadro 1 - População total e urbana na em todos os municípios, é o índice de emprego e ren-
Região Litoral Leste – 2016 da, sendo que os municípios de Pindoretama e Cascavel
apresentam um desenvolvimento regular e o município
População Total População de Beberibe baixo desenvolvimento.
Município
2016 Urbana 2016
Outro aspecto relevante para a caracterização social do
Beberibe 52.719 23.095 município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro-
grama Bolsa Família, que caracteriza parcela da popu-
Cascavel 70.574 59.965
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
Pindoretama 20.430 12.309 apresenta um percentual de 57% das famílias recebendo
Bolsa Família.
Litoral Leste 143.723 95.368

Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são


Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016.
Nota: (*) A projeção da população urbana para 2016 foi aqui considerados: o número de escolas e o número de
calculada pela I&T, aplicando-se sobre a população agentes de saúde, relevantes para a mudança compor-
estimada total o mesmo índice de urbanização tamental que terá que ocorrer para o sucesso das cole-
verificado pelo Censo de 2010 tas diferenciadas.

87
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1 Caracterização dos resíduos sólidos


Região do Litoral Leste

De maneira geral, os municípios contam com equipes


bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
comunidade. E o número de escolas na Região também Poucos municípios no Brasil têm um estudo de carac-
é significativo. terização de resíduos. No Estado do Ceará o panorama
não é diferente, sendo Cascavel uma
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos das exceções.
municípios da Região Litoral Leste – 2017
Note-se que os rejeitos em Cascavel
Escolas Privadas, Agentes Agentes de são superiores aos rejeitos obtidos
Região Municipais, Estaduais Comunitários de Combate a na média nacional (16,7%), o que
e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE)
pode indicar coleta indevida de re-
Total 132 263 96 síduos da limpeza corretiva na cole-
ta domiciliar ou mesmo limitações
Fonte: IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará -
Perfil Municipal 2016 do mercado de recicláveis existente
no Estado, o que leva alguns tipos
de resíduos aproveitados em outras
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS
regiões do país serem considerados rejeitos em Casca-
SÓLIDOS vel. Por outro lado, a presença de embalagens é menos
significativa e os orgânicos estão mais presentes que na
média nacional (31,9% e 51,4%, respectivamente).
Na Região Litoral Leste, os municípios de Beberibe e
Pindoretama realizam os serviços de limpeza urbana
Gráfico 2 – Composição gravimétrica na Região
e manejo de resíduos sólidos por meio da contratação
Litoral Leste
de empresas, em contratos de terceirização. Em Casca-
vel, a Secretaria de Infraestrutura realiza a operação de
limpeza urbana e o contrato com empresa terceirizada Rejeitos Recicláveis
contempla apenas o transporte de resíduos.
21% 18%
Em Beberibe todos os serviços de limpeza urbana são
executados por empresa contratada pela Secretaria de
Infraestrutura. No caso de Pindoretama, a empresa é
responsável por todas as operações de limpeza urbana,
exceto a realização de podas, que é realizado por uma
pessoa física contratada pela Secretaria de Infraestrutu-
ra. Entre os municípios que pertencem à Região Lito-
ral Leste, apenas Cascavel realiza a operação de coleta
e limpeza urbana com funcionários concursados pela 61%
Secretaria de Infraestrutura, sendo contratados apenas
os veículos para o transporte de resíduos. Compostáveis

Nos dois municípios que terceirizam os serviços de co- Fonte: Elaboração I&T a partir dos dados do Plano
Estadual de Resíduos Sólidos do Ceará
leta, os contratos com a prestadora do serviço não con-
templam a coleta diferenciada, devendo haver uma
reformulação contratual. Para Cascavel, que realiza a
operação, para implementar a coleta diferenciada, bas- Em função das características específicas desta Região,
ta uma readequação em seu quadro operacional para neste Plano adota-se, preliminarmente, a composição
atingir os objetivos propostos no Plano. gravimétrica encontrada no estudo realizado pelo mu-
nicípio de Cascavel para todos os municípios da Região.
Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con-
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi-
cação e correção de problemas, fiscalização, etc. Via de
regra não existe um planejamento claro das atividades, Os municípios da Região Litoral Leste transportam os
muitas vezes ficando a cargo das próprias empresas resíduos para lixões a céu aberto, realizando, em mui-
contratadas tomar decisões sobre roteiros de coleta e tos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de resí-
atividades rotineiras de limpeza. duos: da construção civil, volumosos e resíduos verdes.
Desta forma, o controle dos resíduos gerados nestes
municípios é ineficiente, sendo feito apenas um cálculo

88
das quantidades geradas a partir Quadro 3 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares

Região Litoral Leste


do número de viagens recebidas, gerados por dia nos municípios da Região Litoral Leste
tipo de resíduo transportado e
Resíduos gerados Indicador do SNIS
capacidade volumétrica dos veí- Resíduos gerados
Município per capita (kg/ para a população (kg/
culos. total (t/dia)
hab.dia) hab.dia)

Do ponto de vista do atendimen- Beberibe 39,2 1,7 0,95


to da população com coleta de Cascavel 25,7 0,4 0,95
resíduos domiciliares, a Região
apresenta uma cobertura de ser- Pindoretama 14,8 1,2 0,90

viço bastante ampla, com índices


Fonte: I&T. Levantamento de dados em campo junto aos órgãos gestores dos
superiores a 70%. A exceção é o serviços.
município de Pindoretama, que Nota: Os dados são estimados e foram calculados pela I&T considerando o
possui cobertura de 69% da po- número de viagens e a capacidade dos veículos
pulação.
miciliares indiferenciados, o que representa uma mé-
Além dos resíduos não serem pesados, outra dificul- dia de 0,8 quilos por dia por habitante.
dade para estimar a quantidade de resíduos domicilia-
O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Sane-
res gerados é o fato de muitos resíduos urbanos serem
amento apresenta uma média de produção de resíduos
coletados conjuntamente. Além disso, os resíduos de
domiciliares para as diferentes regiões do Brasil; para o
grandes geradores são também coletados com os resí-
ano de 2015 na região Nordeste a média encontrada de
duos domiciliares, sem que haja seu dimensionamento
geração per capita foi de 1,22 kg/hab./dia. O município
preciso.
de Cascavel apresentou uma geração per capita bem in-
Nos municípios da Região Litoral Leste é realizada uma ferior, com 0,4 kg por habitante. Por ser uma região tu-
coleta conjunta com os resíduos domiciliares indiferen- rística, esta média deveria estar próxima aos resultados
ciados, os resíduos de varrição e resíduos volumosos, obtidos para o município de Beberibe, que são mais ele-
havendo uma coleta distinta para os resíduos verdes e vados que os indicadores atuais de geração per capita,
outra coleta para os resíduos da construção civil. com 1,7 kg por habitante ao dia.

Todos os resíduos domiciliares são coletados e deposi-


A Região conta com uma frota de veículos contratados
tados diretamente nos lixões da Região, uma vez que de
das empresas prestadoras do serviço de limpeza urbana
maneira geral não são aproveitados, com raras exceções.
(Beberibe e Pindoretama), ou contratado pela empresa
prestadora do serviço de coleta (Cascavel): 3 caminhões Todos os municípios do Litoral Leste possuem áreas de
compactadores, 12 caminhões caçambas, 16 caminhões deposição de resíduos a céu aberto em seus territórios,
carroceria, 3 tratores e 1 carroça. A quantidade total co- e em todas essas áreas há atuação de catadores, que será
letada foi estimada a partir do número de viagens reali- detalhada adiante, sendo que Cascavel possui duas áre-
zadas e capacidade dos caminhões utilizados. as de deposição a céu aberto em atividade.

De acordo com os dados disponíveis, a Região Litoral O Lixão da Sede de Cascavel e o Lixão de Pindoretama
Leste gera diariamente 79,7 toneladas de resíduos do- possuem uma área para a deposição dos resíduos de
podas, capina e roçada separado
Foto 1. Operação de coleta domiciliar em Pindoretama do local de descarga dos resídu-
os domiciliares. As podas, capi-
nas e roçadas são acumuladas e
vão sendo empurradas formando
uma pilha de material mistura-
do, com muita presença de terra.
O Lixão de Beberibe só recebe os
resíduos domiciliares, tendo uma
área para destinação de resíduos
verdes e outra para destinação de
resíduos da construção civil.

Nos três municípios é recorrente


a presença de catadores e sucatei-
ros recuperando materiais entre
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017
os resíduos, a presença de ani-

89
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Foto 2. Lixão de Beberibe

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

Foto 3. Lixão de Cascavel no Distrito Sede

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017


Foto 4. Lixão de Cascavel no Distrito de Caponga

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

90
pio. Ele realiza a coleta do ma-

Região Litoral Leste


Foto 5. Lixão de Pindoretama
terial e acumula os resíduos em
sua residência, para vender di-
retamente para um comprador
de Fortaleza, que busca o mate-
rial.

Em Pindoretama há 11 catadores
que atuam na cidade, coletan-
do com “carros geladeira”. Eles
coletam nas ruas e separam em
suas residências. A venda do
material é realizada para suca-
teiros da Região.

No município de Cascavel tam-


bém foi identificada a ação de
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017
uma catadora de rua, que ar-
mais, e a ocorrência de queima dos resíduos. No lixão mazena os resíduos em frente à
de Pindoretama há algum tipo de controle no acesso e sua residência. Existe ainda um ponto de recebimento
recobrimento dos resíduos depositados. do Programa Ecoenel, localizado em um sucateiro, que
recebe em torno de 30 toneladas por mês.
2.3 Resíduos domiciliares secos
Além destas ações específicas, não ocorre coleta de re-
síduos sistemática nos municípios do Litoral Leste. Os
Os municípios, na medida em que não têm suas pró- números mostram que a quantidade coletada nas ini-
prias caracterizações de resíduos, não informaram a ciativas atuais não chega a significar, por mês, a quanti-
composição dos resíduos coletados. Assim, considera- dade de resíduos secos gerada por dia nos municípios.
-se, como mencionado anteriormente, o percentual de Apesar de louváveis, o que se pode verificar é que ainda
resíduos secos existente no estudo de caracterização de são ações incipientes e de pouca eficiência e eficácia.
resíduos de Cascavel – 18% para toda a Região.
A estimativa de geração de resíduos secos recicláveis
Não há nenhuma ação de coleta seletiva dos resíduos foi feita aplicando-se o percentual de resíduos secos da
domiciliares secos na Região Litoral Leste. A recupera- composição gravimétrica de Cascavel à massa estimada
ção destes resíduos ocorre por meio de catadores, que de resíduos gerados em cada município. O município
trabalham nos lixões municipais de forma desorganiza- com menor geração é Pindoretama – 2,3 t/dia e o com
da, como será explicitado mais adiante. maior geração é Beberibe – 6,0 t/dia.
No município de Beberibe, há um catador que realiza Os grandes geradores de resíduos secos, embora não se-
coleta porta a porta nos hotéis e pousadas do municí- jam considerados geradores de resíduos urbanos, apre-
sentam interesse para este Pro-
Foto 6. Residência de catador em Beberibe
jeto na medida em que devem
também segregar os resíduos
que geram para sua adequada
destinação e aproveitamento, e
devem ser considerados na es-
truturação das cadeias produti-
vas de resíduos de tipo asseme-
lhado aos domiciliares.

O consórcio Comares elabo-


rou o documento “Diagnóstico
Grandes Geradores”, que di-
vulgou um cadastramento dos
agentes presentes nos três mu-
nicípios, coletando informações
de quantidades geradas em cada
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 estabelecimento. Estes dados

91
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Foto 7. Ponto de entrega da Ecoenel

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

Foto 8. Sucateiro no Município de Cascavel

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

serão muito importantes para o planejamento da apli- Em grande medida os resíduos dos grandes geradores
cação das determinações da Política Nacional de Resí- são coletados em conjunto com os resíduos domiciliares
duos Sólidos. O resultado para a região, referente aos da Região; não há, portanto, cobrança para essa coleta,
resíduos secos, está expresso no Quadro 4. o que significa também que não se cobra o transporte e
a destinação final.
O processamento dos resíduos dos grandes geradores
pode gerar novos empreendimentos econômicos na Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni- final pelos catadores são destinados a uma rede de asso-
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa- ciações, sucateiros e recicladores localizados na Região
bilidade privada. e em Fortaleza.

Quadro 4 – Grandes geradores identificados no Diagnóstico Grandes Geradores

Grandes Tipo de resíduo (toneladas/mês)


Grandes
Litoral Leste Geradores de
Geradores Sucatas
Secos Papel e papelão Plástico Vidro
metálicas
Total 18 15 107,21 147,36 118,43 0,02

Fonte: Diagnóstico Grandes Geradores. Comares

92
Mapa Diagnóstico

Região Litoral Leste


5 43
E-
C
4
MA
)
&
( (
CE-45
&
CE
PINDORETAMA RN
!
H !
H PI
PB

CE-04
PE

0
Grande
Sucateiro

!
H Pequeno
)
&
( Sucateiro
)
&
( Oceano Atlântico
!
? (
& Compostagem
CASCAVEL
!
? Acumulação de
BEBERIBE !
? Podas

Acúmolo de
!
? RCC
CE
-0 4
CE-138

!
H Lixão

Litoral Leste
!
H Divisa Municipal

Setor Censitário
Urbano

Cursos d'água
BR
-1
16

Rodovias
38
-1
CE

BR-304

BR
-1
16

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

São instalações em grande maioria de pequeno porte, Solidária de Pindoretama (COOPAFESP). Ela coleta re-
que estabelecem um fluxo de resíduos entre elas, que síduos dos agricultores cooperados e conseguiu da Pre-
se inicia na ação dos catadores e se encerra em proces- feitura uma carga de resíduos verdes da coleta urbana
sadores locais e externos, conforme indicado em mapa para a compostagem. Porém, a iniciativa ainda não está
que georeferencia as que puderam ser visitadas nos le- voltada para uma coleta extensiva nas proximidades, se
vantamentos de campo. restringindo ainda aos cooperados.

2.4 Resíduos domiciliares orgânicos A partir da composição gravimétrica adotada para os


resíduos e da estimativa de geração de resíduos indife-
Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os renciados, estima-se que a Região gere 48,7 toneladas
municípios não informaram o percentual da presença de resíduos orgânicos por dia, o que representa 0,51 kg/
desses resíduos na massa total de geração de resíduos. dia por habitante. O município com menor geração é
Assim, considera-se para toda a Região, como mencio- Pindoretama – 9,1 t/dia e o com maior geração é Beberi-
nado anteriormente para os resíduos secos, o percentu- be – 23,9 t/dia.
al de geração dos resíduos orgânicos existente no estu-
Para avaliação da geração de resíduos orgânicos é preci-
do de caracterização de resíduos de Cascavel – 61%.
so levar em conta, além da fração de resíduos orgânicos
Não há iniciativas de coleta seletiva de resíduos orgâni- de origem domiciliar, a quantidade gerada em grandes
cos na Região Litoral Leste. Todos os resíduos domici- geradores e em feiras e mercados existentes nos muni-
liares são coletados em conjunto. A estrutura de trans- cípios. No entanto, na Região os resíduos são coletados
porte dos resíduos já foi descrita no item relativo aos em conjunto com os domiciliares, impossibilitando a
resíduos indiferenciados. definição dessas quantidades no momento. Conhece-se
apenas o número de estabelecimentos que pelas suas
No município de Pindoretama, existe um projeto de atividades geram grandes quantidades de resíduos or-
compostagem ainda em fase experimental, gerenciado gânicos e o número e frequência de funcionamento das
pela Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia feiras (4) e mercados (12).

93
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Quadro 5 - Número e frequência de funcionamento de São potencialmente grandes gera-


feiras e mercados dores de resíduos orgânicos tam-
bém os hotéis, bares, restaurantes e
Feiras Mercados
Litoral Leste outros estabelecimentos dedicados
Número Frequência Número Frequência ao preparo de alimentos, além dos
supermercados em função de per-
Total 4 semanal 12 diária
das resultantes da comercialização
Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em campo de frutas, legumes e verduras.

Segundo o Diagnóstico de Grandes


Quadro 6 – Número de grandes geradores de resíduos orgânicos Geradores, elaborado pelo Coma-
na Região Litoral Leste res, existem 11 estabelecimentos
considerados grandes geradores de
Locais de Bares, restaurantes Processadores de orgânicos.
Litoral Leste
hospedagem e similares alimentos
A compostagem da Cooperativa da
Total 32 61 1 Agricultura Familiar e Economia
Solidária de Pindoretama (COOPA-
Fonte: MTE. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, 2015
FESP) é realizada em leiras, cober-
tas por lonas. O composto, quando
Quadro 7 – Diagnóstico Grandes Geradores da Região Litoral Leste pronto, será destinado apenas para
os cooperados, por um preço sim-
Grandes bólico, em torno de R$ 0,15/kg. Es-
Grandes Resíduos
Litoral Leste Geradores de
Geradores Orgânicos (t/mês) timam que o custo de produção do
Orgânicos
material está em torno de R$ 0,20/
Total 18 11 34,88 kg.
Fonte: Diagnóstico Grandes Geradores Os resíduos orgânicos, se compos-
tados, poderiam ser usados tanto
Quadro 8 – Área agriculturável nos municípios da Região em áreas verdes dos municípios da
Litoral Leste Região quanto em atividades agrí-
Área colhida Área colhida
colas do entorno. O IBGE identifica
Litoral Leste em lavouras em lavouras Área total (ha) áreas plantadas, que são agricul-
temporárias (ha) permanentes (ha) turáveis, na Região Litoral Leste, e
potencialmente consumidoras de
Total 9.700 65.603 75.303
composto orgânico.
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015

Foto 9. Compostagem da COOPAFESP, do Município de Pindoretama

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

94
2.5 Resíduos da limpeza urbana Em todos os municípios a coleta é feita semanalmente.

Região Litoral Leste


As operações de limpeza urbana são realizadas com re-
A Lei 11.445/2007 define as atividades de limpeza públi- vezamento dos mesmos veículos utilizados para a cole-
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; ta de resíduos domiciliares. Apenas em Cascavel foram
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos identificados veículos exclusivos para esta operação: 7
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- caminhões caçamba.
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos
Com base em indicadores, foram estimadas as quanti-
de acesso aberto ao público.
dades de resíduos da limpeza urbana geradas nos muni-
Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver- cípios da Região Litoral Leste. Não foram considerados
des, provenientes da capina, podas e roçada, a limpe- os resíduos da varrição neste Plano, uma vez que seu
za de feiras públicas e eventos de acesso aberto ao pú- aproveitamento neste momento exigiria esforços que
blico, e os resíduos resultantes das
atividades de limpeza corretiva que Quadro 9 - Estimativa de geração de resíduos da limpeza
são aplicadas nos recorrentes pontos urbana na Região Litoral Leste
viciados de cada município. Nestes
pontos há a presença significativa de Verdes RCC Volumosos
resíduos da construção, resíduos vo- Litoral Leste
lumosos e resíduos domiciliares. m3/dia m3/dia m3/dia

Total 127,3 12,9 17,6


Nos três municípios da Região Litoral
Leste, os resíduos da limpeza urbana Fonte: I&T, a partir de levantamento de dados em campo. 2017
(varrição e volumosos) são coletados
conjuntamente com os resíduos do-
miciliares. Os resíduos verdes e resíduos da construção escapam ao escopo das coletas seletivas.
civil possuem coletas diferenciadas, com destinos dife-
rentes dos domiciliares. Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de resí-
duos da construção civil são legalmente os responsáveis
O destino final dos resíduos verdes coletados nos mu- pelo manejo de seus resíduos. São grandes geradores de
nicípios da Região são distintos dos domiciliares, sendo resíduos da construção as construtoras em geral e as de-
que em Cascavel e Pindoretama, os resíduos verdes são molidoras. A maior parte das construtoras se dedica à
dispostos em área separada nos respectivos lixões das construção de edifícios.
sedes municipais.
Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que expres-
Em Beberibe, os resíduos verdes são dispostos em uma sam apenas o universo formal das atividades econômicas,
área de acumulação específica para estes resíduos. Em foi possível reconhecer parte deste segmento produtivo.
todos os casos, os resíduos verdes não têm um aprovei-
tamento, sendo apenas acumulados. Outro levantamento, o Diagnóstico de Grandes Gerado-

Foto 10. Operação de coleta de resíduos verdes em Pindoretama

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

95
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Foto 11. Local de acumulação de resíduos verdes no lixão de Pindoretama res realizado pelo Comares, identifi-
cou a presença de estabelecimentos
com grande geração de madeiras.

Parte dos Resíduos da Construção


Civil é aproveitada para aterramen-
to e uso em estradas. Essa prática é
mais comum em municípios de me-
nor porte e chega a ocorrer em toda
a Região Litoral Leste. O município
de Beberibe possui uma área especí-
fica para destinação apenas dos re-
síduos da construção civil, para uso
posterior, principalmente na época
chuvosa.

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 Com vistas ao aproveitamento dos


resíduos de madeira, foram levan-
tados o número de cerâmicas e de
Quadro 10 – Geradores de Resíduos da Construção Civil frigoríficos existentes na Região,
que utilizam madeira para geração
Tipo de Construtoras de Empresas de de energia ou vapor (caso dos frigo-
Construtoras
empreendimento edifícios demolição ríficos). Além disso, são potenciais
usuários das madeiras oriundas dos
Total 23 12 - serviços de limpeza urbana (madei-
ras da construção civil de deposições
Fonte: RAIS 2015
irregulares ou recebidas em Eco-
pontos, madeiras de resíduos volu-
Quadro 11 – Diagnóstico de Grandes Geradores mosos e troncos e galhos de poda e
supressão de árvores) as indústrias
Grandes
Grandes instaladas na Região que necessitam
Litoral Leste Geradores de Madeiras (t/mês)
Geradores de madeira para geração de energia
Madeira
em fornos e caldeiras, cujo potencial
Total 18 2 30,10 não foi possível avaliar neste mo-
Fonte: Diagnóstico Grandes Geradores mento. Foram identificadas 8 cerâ-

Foto 12. Local de acumulação dos resíduos da construção civil em Beberibe

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

96
porte e a destinação dos pneus inservíveis.

Região Litoral Leste


Foto 13. Lixeira produzida pela AMO Beberibe, com
pneus reutilizados
A Reciclanip é a entidade de referência que atua como
o agente executor do sistema de logística reversa de
pneus no Brasil. Criada pelo conjunto de empresas do
setor industrial (ANIP), a Reciclanip tem gerenciado
junto aos municípios brasileiros a implantação de pos-
tos de coleta, criados por meio de convênios de coope-
ração firmados com as prefeituras municipais.

Na Região Litoral Leste, durante o levantamento de


campo, não foram identificados pontos de recepção
instalados pela Reciclanip. Porém, foram identificadas
ações de reaproveitamento de pneus, como no caso da

Mapa 1 – Mapa com indicativo de pontos


de coleta de pneumáticos inservíveis no
Estado do Ceará

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

micas na Região

2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa

O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a


partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO- Fonte: IBAMA, 2017
NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
dores de pneus novos a promover a coleta e dar desti- associação AMO Beberibe. A Prefeitura de Cascavel doa
nação adequada aos produtos considerados inservíveis. os pneus gastos dos seus veículos para esta associação e
para a Associação Jangurussu, em Fortaleza.
Conforme estabeleceu a Resolução, e visando garantir o
recolhimento de pneus inservíveis, os fabricantes e im- Em geral, a implantação dos postos de coleta da Recicla-
portadores de pneus novos são obrigados a implantar e nip depende da disponibilização de locais para o arma-
operar um ponto de coleta nos municípios com popula- zenamento de pneus pelos municípios, sendo que a en-
ção superior a 100 mil habitantes, pelo menos. tidade oferece a garantia do recolhimento posterior. De
acordo com o setor privado responsável pelo recolhi-
As exigências também recaem sobre os estabelecimen-
mento dos pneus inservíveis (contemplando indústrias
tos de comercialização de pneumáticos, que são obriga-
e importadores), são 863 pontos de coleta pelo país, dos
dos a reter um pneu usado para cada unidade nova ou
quais apenas 3 estão no Estado do Ceará.
reformada vendida, além de garantir o armazenamento
dos mesmos até a sua coleta, funcionando como ponto Já os dados disponibilizados pelo IBAMA indicam a exis-
de entrega, mantendo-se a responsabilidade de fabri- tência de 1.723 pontos de coleta pelo país, dos quais 32
cantes e importadores de promover a coleta, o trans- estão no Ceará.

97
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos- estão em municípios que não são objeto dos Planos de
sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em Coletas Seletivas.
todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi
definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
Gráfico 3 – Postos de entrega de pilhas e baterias belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
segundo macrorregiões (%) tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
Norte
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
Centro Oeste 2% pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela
Nordeste rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
Sul 7% e importadores desses produtos.
14%
10%
O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos
gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e
baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação
direta entre perfil socioeconômico da população, con-
sumo e geração.

No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reco-


67% nhecidos, não há nenhum na Região Litoral Leste.
Sudeste
O sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescen-
tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi es-
Fonte: GMC&LOG
truturado a partir da assinatura de acordo setorial em
recebimento, a população total encontra-se abaixo des- 2014. Como operadora do sistema de logística reversa
te patamar. Dos 32 pontos de recebimento de pneus de lâmpadas no Brasil, a Reciclus irá implementar e ope-
inservíveis no Estado do Ceará, apenas 6 destes pontos rar o sistema de acordo com a metodologia aprovada no
respectivo acordo setorial, que prevê a implantação de
Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas pontos de coleta em estabelecimentos comerciais estra-
e baterias – Estado do Ceará tegicamente localizados, de acordo com critérios de di-
mensionamento da geração de resíduos pós-consumo
residencial, baseados em aspectos territoriais e de capa-
cidade de recolhimento.

No Ceará apenas Fortaleza é contemplada com a implan-


tação de pontos de recepção de lâmpadas no Ano I do
Acordo Setorial (2017). Serão também atendidas, Caucaia
(Ano II), Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral (Ano III),
8 cidades (Ano IV), 65 cidades (Ano V) e outras 104 cidades
do estado (correspondente a 56% do total de municípios
cearenses) não terão nenhum ponto de entrega.

De acordo com indicadores divulgados pelo Ministé-


rio do Meio Ambiente, a taxa de geração per capita de
resíduos eletroeletrônicos, como média nacional, é de
2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por
habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi-
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú-
Fonte: GMC&LOG mero de lâmpadas descartadas.

98
Região Litoral Leste
Quadro 12 – Estimativa de geração de alguns resíduos da logística reversa na Região Litoral Leste

Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)

Total 1.327 28 1.050 886 795

Fonte: I&T, a partir de indicadores do Ministério do Meio Ambiente. 2017

3. CUSTOS DOS SERVIÇOS

Como regra, os municípios não apropriam os custos dos Gráfico 4 – Distribuição de despesas nos
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba- custos dos serviços de manejo de resíduos
na de forma que permita analisar separadamente cada sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- Região Litoral Leste
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Orgânicos
Varrição, poda
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente. e capina 17%
29%
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- 11% Secos
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi-
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região,
como indicado no Gráfico 4.
10%
Rejeitos
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
mar que os gastos totais, na Região Litoral Leste, toman- 34%
do como parâmetro os da Região Maciço de Baturité, se Limpeza
ampliam na medida em que diminui o porte da popu- corretiva
lação atendida, como pode ser observado no Gráfico 5.

Gráfico 5 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região

30

25

20
População (em mil hab.)

15

10

0
5,00 10,00 15,00 20,00

Custo mensal per capita (R$)


Fonte: Elaboração I&T
Nota: foram utilizados os dados da Região Maciço de Baturité para municípios assemelhados da Bacia Hidrográfica
Metropolitana, como na Região Maciço de Baturité e Sertão Central

99
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

4. INSTRUMENTOS Quadro 13 – Número de organizações e de catadores identificados


Região do Litoral Leste

LEGAIS, PLANOS, na Região Litoral Leste

PROGRAMAS E Número de Número total


Número de
PROJETOS NO ÂMBITO Litoral Leste
organizações
catadores de catadores
organizados identificados
DO GERENCIAMENTO
DOS RESÍDUOS Total - - 78

SÓLIDOS Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias Municipais, sistematização I&T

5.1 Programas e projetos de inserção de


Com poucas exceções, nos municípios do Ceará envol- catadores na gestão pública de resíduos
vidos neste Projeto não existe ainda uma preocupação
com a institucionalização da gestão dos resíduos sólidos. Não há ainda nenhuma organização de catadores atu-
Algumas vezes há menção ao tema em Leis Orgânicas dos ando nos municípios da Região Litoral Leste, e assim,
municípios, Códigos de Postura, Planos Diretores. Mas não há nenhuma parceria para a inclusão dos catado-
não há leis que instituam política municipal de resídu- res. O Comares UCV está iniciando um procedimento
os sólidos, órgãos bem estruturados para planejamento para a formação de associação ou cooperativa.
e fiscalização da prestação dos serviços pelas empresas
contratadas, tampouco regulação dos serviços. 5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva
Não foram identificados Planos de Saneamento Básico
ou Planos de Gestão Integrada de Resíduos, porém, foi Para a compreensão das cadeias produtivas em que
mencionado que estes dois documentos estão em ela- se inserem os resíduos secos coletados seletivamente
boração para o Consórcio Intermunicipal de Gestão In- na Região Litoral Leste, foram realizadas pesquisas e
tegrada para Aterro de Resíduos Sólidos – Comares UCV. mantidos contatos com as entidades representativas de
Vale ressaltar que todos os municípios da Região Litoral segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob-
Leste tratados neste Plano têm lei aprovada que os in- jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as
clui no consórcio. iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená-
rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará.

Também foram considerados, nesta análise, os dados


5. IDENTIFICAÇÃO DOS CATADORES E específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin-
SUAS ORGANIZAÇÕES dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos
Domésticos e Industriais do Ceará.

No processo de levantamento de dados para a descrição O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão
da cadeia produtiva de recicla-
gem, foi feito um esforço para Foto 14. Local de acumulação dos resíduos da construção civil em Beberibe
identificar os catadores que
atuam em cada município, e
suas organizações.

O Consórcio Comares UCV re-


alizou um cadastramento dos
catadores nos três municípios;
porém, a situação é muito ins-
tável, sendo a rotatividade de
pessoas catando resíduos nos
lixões dos municípios muito
alta. Não existem associações
ou cooperativas de catadores
na Região e o Consórcio Co-
mares está realizando diálogos
para apoiar os catadores na
formação de uma cooperativa
regional, possibilitando uma
atividade de recuperação de
resíduos fora dos lixões.
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

100
Região Litoral Leste
Foto 15. Espaços de sucateiros em Cascavel

Fonte: I&T. Levantamento de campo. 2017

é constituído de uma série de segmentos, desde a indús- tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA) reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be-
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedo- bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas
res das indústrias recicladoras. Em relação à recupera- e encaminhadas para a reciclagem.
ção, o setor apresenta dados que indicam um total de
4,7 milhões de toneladas coletadas e encaminhadas à As principais fontes de informação sobre a reciclagem
indústria recicladora – equivalentes a 64,5% do consu- dos plásticos são as entidades representativas do setor
mo aparente. – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
De acordo com publicações do setor, confirma-se a in- aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo
formação de que os principais polos recicladores são SP, informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús-
PR e SC. trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco- dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA,
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des-
produtos que geram resíduos metálicos são as entida- carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
des representativas do setor de alumínio e de aço, os gem industrial – resíduos gerados no processo produti-
fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa
acordo com informações do setor, em 2014 o índice de que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no
recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média Ceará, todos na Região Metropolitana.
mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala-
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados
capacidade de recepção das embalagens de alumínio, mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65%
sendo cinco para produção do corpo das latas e duas do PET adquirido pelas indústrias está em forma de
para produção das tampas – nenhuma no Ceará. flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10%
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca chega às unidades recicladoras na forma de PET gra-
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es-
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco, A principal fonte de informação sobre a reciclagem dos
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada vidros é a entidade representativa do setor – a ABIVIDRO.
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8 os prin-
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- cipais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil (emba-

101
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

lagens), com duas unidades operando no Nordeste: em Os dados informados pelos sucateiros são bastante im-
Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV) em precisos, não sendo possível considerar quantidades
Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produzindo exatas por tipo de material. Em números gerais, são
atualmente vidros planos (espelhos, automotivos etc.). comercializados na região 9,3 toneladas de resíduos se-
cos por mês.
O índice de reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está pró-
ximo ao patamar de 40%, variando anualmente para Embora exista em geral alguma resistência dos sucatei-
baixo ou para cima, sem grandes alterações em torno ros em informar os preços de compra e venda pratica-
desta média. Além disso, cerca de 25% das embalagens dos, foi possível obter dados de alguns deles, bastante
de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas pelo setor convergentes, que permitiram definir preços de refe-
de bebidas. O setor de vidro não é signatário do acordo rência. Todos os resíduos secos que chegam aos suca-
setorial de embalagens em geral. Portanto, ainda não há teiros são resultado do trabalho de catadores e, eventu-
estratégias para ampliar o desempenho do setor de vi- almente, de coletas feitas diretamente pelos sucateiros
dro no âmbito da reciclagem de materiais. em áreas comerciais.

O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria O mapa a seguir expressa de forma sucinta os fluxos
com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali- internos na Região e os fluxos direcionados a destinos
zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci- externos, inclusive a outros estados.
clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014. Estima-se que sejam geradas 317,4 toneladas de resídu-
os secos por mês, cerca de 12 toneladas/dia e recupera-
Na etapa de levantamento de dados para a elaboração das por mês cerca de 9,3 toneladas. Percebe-se que há
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re- muito a ser feito no sentido de efetivar a coleta seletiva
conhecidos nos municípios da Região Litoral Leste. um de resíduos secos na Região e conduzir os resíduos a
fluxo para outras regiões, de busca das instalações pro- aproveitamento.
cessadoras dos materiais recuperados.

Mapa Fluxos
FORTALEZA - CE

MA

CE
RN
PI

PINDORETAMA PB

PE
CASCAVEL
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
Oceano Atlântico
Litoral Leste

BEBERIBE Divisa Municipal

Setor Censitário
Urbano

Rodovias

MOSSORÓ - RN

SÃO PAULO - SP

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

102
6. POSSIBILIDADES DE Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-

Região Litoral Leste


CONSORCIAMENTO ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a
Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões
para a gestão, e que serve de base para este Plano.
O Estado do Ceará, como já mencionado, vem há cerca
de dez anos trabalhando para a criação de consórcios É também convicção da Consultoria que a gestão de re-
entre os municípios para o enfrentamento da questão síduos sólidos por municípios isolados, com exceção de
da gestão dos resíduos sólidos. Os primeiros estudos alguns poucos grandes municípios, dotados de órgãos
trataram exclusivamente da busca de escala adequada técnicos desenvolvidos, não apresenta condições de su-
para a implantação de aterros sanitários, tendo sido cesso. A escala necessária para o funcionamento de ati-
propostos cerca de 30 arranjos intermunicipais para a vidades de planejamento, capacidade de acompanha-
gestão de aterros, dos quais 26 estavam formalizados mento da operação, exercício de controles, condições
em 2012, com a eleição de uma diretoria e inscrição no de mobilização social e orientação à população, fisca-
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. lização dos serviços e operação das instalações de ma-
nejo necessárias para responder às exigências legais de
No caso da Região Litoral Leste, os três municípios apro- manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos sob
varam leis para integrarem o Consórcio Intermunicipal responsabilidade pública aponta para a criação de con-
de Gestão Integrada para Aterro de Resíduos Sólidos – sórcios intermunicipais robustos como uma condição
Comares UCV, em 2010. essencial para a gestão adequada dos resíduos urbanos.

Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram A lei que criou o Consórcio Comares UCV inicialmente
a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí- foi aprovada em 2010 e em 2015 houve a inauguração
duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo da sede. No ano de 2016, as leis foram reformuladas e
de regionalização foi realizado com apoio do Ministério enviadas às Câmaras com a inserção do conceito de ges-
do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência tão integrada; foram aprovadas em 26 de agosto de 2016
de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e adequando o Consórcio à moderna legislação de resí-
o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi- duos sólidos.
lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
ções brasileiras atuais. Foi assinado com o Ministério Público do Estado um
Termo de Ajuste de Conduta – TAC, de 3 de maio de
Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a 2016, onde está descrita a responsabilidade e função de

Mapa 3 - Regionalização no Litoral Leste

Fonte: Elaboração I&T, a partir da Regionalização para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Estado do Ceará

103
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

cada município e dos funcionários no Consórcio. Cada que produz para as municipalidades gastos com desti-
município cedeu 2 funcionários para integrar parte nação final de resíduos que deveriam ser recuperados
da equipe técnica, mas futuramente o Consórcio terá e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas fi-
funcionários próprios. O Comares já realizou algumas nanceiras pela não realização das receitas de venda dos
ações, entre elas o Projeto Brasil Solidário, Plano de materiais.
Educação Ambiental, estudos dos grandes geradores e
um Plano de Mídia. Conforme os dados já apresentados, de geração de re-
síduos e suas características gravimétricas, a produ-
Na elaboração deste Plano, com metodologia muito par- ção de resíduos secos na Região Litoral Leste se estima
ticipativa e a inversão de prioridades nos investimentos, como segue.
focando principalmente ações
que desviem os resíduos da dis- Quadro 14 – Geração anual de resíduos secos potencialmente
posição final, os municípios vi- recicláveis na Região Litoral Leste
sualizaram a possibilidade de
fortalecer o consórcio, discu- Geração Papéis Metais Plásticos Vidro
LItoral
tindo a Minuta de Protocolo de Leste
Intenções, já mencionada, para 85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%
realizar ajustes na documenta- Total (t) 3.809 1.564 346 1.612 287
ção básica do Consórcio Inter-
municipal de Gestão Integrada Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017
para Aterro de Resíduos Sólidos
– Comares UCV, visando a im-
plantação das unidades e dos procedimentos de coleta. Tomando como referência os preços indicados pelo
CEMPRE para municípios do Nordeste e considerando
Outra discussão necessária é a referente à Regionaliza- que, atualmente, a quantidade estimada de resíduos
ção para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Es- potencialmente recuperáveis pela cadeia produtiva é de
tado do Ceará, mencionada no Plano Estadual de Resí- 3.523 toneladas por ano, as perdas podem representar,
duos Sólidos do Ceará. de acordo com os preços estimados, R$2.485.559,80.
Além disso, há que considerar os custos de aterramen-
O Plano Estadual define a Região Litoral Leste com oito
to dos resíduos secos se estes não forem recuperados,
municípios, incluindo, além dos três municípios do Co-
o que pode agregar mais R$ 121.041,25 como perda de
mares UCV, os municípios de Fortim, Aracati, Itaiçaba,
recurso.
Jaguaruana e Icapuí, conforme mostra o mapa. A Regio-
nalização proposta por este documento possibilita que Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
a região ganhe escala adequada para fortalecer o ma- respondem à não colocação de composto orgânico no
nejo de resíduos sólidos, que inclua resíduos que não mercado e ao custo de aterramento, R$ 575.114,02 e R$
ofereciam escala mínima de gestão, possibilitando o 1.018.681,20 respectivamente.
compartilhamento dos equipamentos necessários para
o manejo e, também, o compartilhamento de recursos O não aproveitamento dos resíduos da construção civil
e receitas com maior eficiência. e resíduos de madeira provenientes de poda, constru-
ção e resíduos volumosos também podem representar
Ao mesmo tempo, esta região conta com três municí- uma significativa perda econômica – R$ 103.034,88 no
pios bem avançados na busca de soluções, enquanto os RCC e R$ 137.787,00 nas madeiras.
outros municípios citados ainda estão iniciando o diá-
logo para trilhar o mesmo caminho. A possibilidade de A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
inserção de novos municípios ao Consórcio não poderá tais, que decorrem dos impactos da degradação da
fragilizar ou retardar o avanço que está ocorrendo com matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
os três municípios já associados ao Comares UCV. virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
ção de materiais reciclados.

7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração


ECONÔMICA DA RECICLAGEM de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas,
A primeira avaliação a fazer sobre a reciclagem na Re- imobilização de área do aterro por longo tempo, mes-
gião Litoral Leste diz respeito às perdas econômicas de- mo após o encerramento da disposição de resíduos;
correntes da não implementação das coletas seletivas, o perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-

104
Foto 16. Material coletado pelos catadores do lixão de Beberibe No caso dos resíduos secos,

Região Litoral Leste


também são importantes a
emissão de dióxido de carbo-
no (CO2) decorrente do con-
sumo de energia para extração
de matérias primas e produ-
ção dos bens (incluindo a ex-
tração e processamento dos
combustíveis a serem usados)
e a emissão de CO2 oriunda do
consumo não-energético de
combustíveis no processo de
produção dos bens.

E há ainda outra parcela, que


é a emissão de CO2 devida ao
transporte dos resíduos, desde
a coleta até a destinação final,
aplicável a todos os tipos de
resíduos. Os impactos ambien-
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017 tais não decorrem apenas da
geração dos gases prejudiciais à
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi- atmosfera. Há também perdas
mentos e custos operacionais para o uso do gás metano relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
gerado nos aterros. cursos naturais e ao uso de energia.

Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
(EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro- grande redução na extração da bauxita e no consumo
veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
Grande (MS), aponta as principais formas de relação evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan- em 95% o uso de energia no processo.
tidade de metano produzida até a decomposição total
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis. de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
Outra relação demonstrou para duas situações de de- deste tipo de material.
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas, Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq. lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra- mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como cialmente recicláveis 1.564 toneladas anuais de papel e
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em papelão na Região Litoral Leste o potencial de econo-
ambiente de degradação anaeróbia. mia de energia com a reciclagem deste material atinge
5.658,5 MW/ano.
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-
nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de Outro material com expressiva presença é o plástico,
aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o que apresenta o mais alto potencial de conservação de
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano, energia elétrica. Na Região Litoral Leste estima-se atual-
mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o mente como potencialmente recicláveis 1.612 toneladas
impacto em termos de aquecimento global. anuais de plásticos, o que poderia representar econo-
mia de energia de 8.157,2 MW/ano.
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-
dem atratividade para atividades comerciais e residen- Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
preço da terra. bientais e econômicos para a Região.

105
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

PLANEJAMENTO NA
Região do Litoral Leste

síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-


ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-

REGIÃO LITORAL LESTE dos e eventualmente processados, devem permanecer


no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.

Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos


resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
PLANEJAMENTO DAS COLETAS colas mais próximas possível, os resíduos da construção
SELETIVAS civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
seca normalmente é transferida, buscando instalações
O Plano das Coletas Seletivas da Região Litoral Leste foi de transformação que raramente estarão presentes no
elaborado tendo como pano de fundo toda a moderna próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
legislação brasileira que trata direta ou indiretamente de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
da gestão integrada dos resíduos sólidos. Trata-se de
planejar algumas atividades da prestação de um serviço Na Região Litoral Leste esses princípios se aplicam a
público caracterizado por lei, cuja solução operacional todos os municípios, desde Cascavel, o mais populo-
está submetida a regramentos legais bem definidos, que so, até Pindoretama, o de menor população urbana. A
impõem aos municípios mudanças profundas na ma- quantidade de resíduos secos na região justifica a im-
neira como hoje são prestados os serviços de limpeza plementação de apenas um galpão de triagem, que irá
urbana e manejo de resíduos sólidos. concentrar os resíduos dos demais municípios. Assim,
pela localização, definiu-se o galpão de triagem no mu-
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre- nicípio de Cascavel, recebendo os resíduos acumulados
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada nos municípios de Beberibe e Pindoretama.
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com A existência de cerâmicas e frigorífico justificam a per-
os custos quando transferem o gerenciamento ao poder manência das madeiras de troncos e as provenientes de
público. As prioridades de investimento devem ser in- resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
vertidas. municípios da Região. O composto gerado pela com-
postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- e mercados públicos será vendido para agricultores de
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida cada município pelo Consórcio. E os resíduos da cons-
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu- trução civil, depois de triados e peneirados, poderão
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da ser imediatamente usados pelas secretarias municipais
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica encarregadas de obras, para uso em obras públicas dos
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam municípios.
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se-
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística
SEGURAS
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi-
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o
balanço energético muito superior, decorrente da recu- Os municípios da Região Litoral Leste ainda se en-
peração dos materiais, em relação ao determinado por contram no estágio de abolição dos lixões, à espera da
processos destrutivos como a incineração e outros foca- implantação de aterro sanitário, que era visto como
dos na imediata geração de energia. “primeiro passo” para a sustentabilidade na gestão dos
resíduos. A partir da edição da Lei da Política Nacional
de Resíduos Sólidos os municípios estão desafiados a
inverter essa lógica, implantando novos processos de
1. SOLUÇÕES COM MÁXIMA gestão dos resíduos, que privilegiem a recuperação dos
PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA resíduos e seu desvio da disposição final. A implantação
do aterro sanitário continua sendo importante, mas
não é mais o primeiro passo, e sim o último.
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-

106
Região Litoral Leste
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada

A dificuldade real que os municípios têm de implantar coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, cílios é substituído por outro mais amplo e adequado,
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi-
possível aplicar as determinações da Política Nacional ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse-
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando quentemente não se trata mais de planejar uma coleta
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro-
permitindo movimentação imediata aos municípios, e piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos
não os deixando reféns de soluções com investimento de resíduos.
vultoso e demorado.
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Cole- resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
tas Seletivas da Região Litoral Leste considera a diretriz ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma man-
datória a ordem de prioridades para o manejo de resí- A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
duos. Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
as Coletas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
caminho para que a ordem de prioridades seja cumpri- e “adequada escala das operações”, composto de um
da – viabilizando desde as práticas de não geração até a conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
diretriz de disposição final exclusivamente de rejeitos. ção de resíduos.

O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
número possível de áreas físicas, mas que atendam a

Figura 1 - Layout esquemático da CMR - Central Municipal de Resíduos

Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC

Recepção
e triagem

Apoio e
controles

107
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

toda a população urbana de cada município, com in- metros adotados para cada uma das instalações e para
tegração das operações com diversos tipos de resíduos, a definição da rede em cada município e região serão
por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa- apresentados no capítulo seguinte.
mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
compartilhado da edificação de
Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m²
apoio e gestão financeira inte-
para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste
grada dos recursos advindos do
manejo para valorização dos re- Funcionário RCC Residuos verdes
e solo
síduos, de forma que operações Resíduos a
proteger Platô de descarga
superavitárias sustentem as
deficitárias e reduzam a depen-
dência de recursos externos.

São considerados nesse Sistema


dois tipos de instalações para
manejo de resíduos sólidos,
além das áreas atuais de dis- Identificação
posição final (lixões e aterros e acesso Resíduos a
proteger
sanitários ou controlados) e a
futura implantação de aterros Volumosos,
madeiras etc.
regionais de rejeitos: as Cen-
trais Municipais de Resíduos –
CMR e os Ecopontos.

A CMR é uma instalação de Figura 3 – Desenho ilustrativo do Ecoponto Simplificado – área em


múltiplos usos onde ocorrem: torno de 1.000m² para manejo do RCC com equipamento de carga
a compostagem de resíduos or-
gânicos; a triagem de resíduos Resíduos a
Volumosos, proteger
da construção civil e seu penei- Funcionário
madeiras etc.
ramento; o desmonte de resí-
duos volumosos; o picotamen-
to das madeiras da construção
civil, de podas e madeiras dos
volumosos; a segregação de
troncos e galhos grossos; a se- Acumulação
do RCC
gregação da capina e roçada em Identificação Pátio de
pilhas estáticas para deteriora- e acesso descarga
ção; a acumulação ou triagem
dos resíduos secos, conforme o
Resíduos
porte do município. verdes

A CMR também recebe, para


acumulação, pequenas quan-
tidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, pilhas e
A Figura 4 expressa o esquema de articulação de um Sis-
baterias, para retirada pelos fabricantes ou comerciantes
tema de Áreas de Manejo com suas diversas unidades.
responsáveis. As áreas destinadas a implementação das
CMRs na Região Litoral Leste variam entre 7,5 mil e 20 mil Com a implementação da Política Nacional de Resíduos
metros quadrados; estas instalações serão situadas prefe- Sólidos e avanço das coletas seletivas, a coleta dos re-
rencialmente na área urbana da sede de cada município. síduos sólidos domiciliares indiferenciados deverá ser
paulatinamente reduzida até atingir a característica de
Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
rejeito. Deve, portanto, ser prevista a sua destinação
metros quadrados) para simples recepção e armazena-
adequada como etapa necessária da gestão integrada
mento temporário dos resíduos da construção civil, re-
dos resíduos sólidos urbanos.
síduos verdes e resíduos volumosos, além dos resíduos
da logística reversa para acumulação à espera da reti- Como os municípios utilizam lixões como locais de dis-
rada pelos agentes responsáveis pela cadeia produtiva posição final dos resíduos indiferenciados, a rota tec-
de cada um. Um Ecoponto funciona na CMR. Os parâ- nológica prevê redução substancial dos resíduos ali de-

108
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo

Região Litoral Leste


positados, e ações de melhorias gradativas da condição resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos
dessas áreas, como soluções transitórias. sólidos domiciliares secos, resíduos da construção
civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
Projeto em elaboração pela SEMA prevê a recuperação resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
destas áreas, envolvendo cercamento, remoção dos re- troeletrônicos, pilhas e baterias);
síduos espalhados no entorno externo e sua disposição
na frente de trabalho atual, controle de acesso, e início 2. com pagamento de preço público, por agentes
de recuperação das porções degradadas já não mais uti- privados, os resíduos da construção civil, resíduos
lizadas para disposição de resíduos. volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
quantidade;
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a 3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep- resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e lagens);
utilizarão áreas menores.
4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
manejo de resíduos sólidos oriundos das toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
coletas seletivas da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
verdes;
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A síduos gerados nestas obras, principalmente os da
CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de construção civil.
operações e áreas específicas de manejo para diferentes
tipos de resíduos. A meta definida no Plano está estimada em 85% da ge-
ração dos resíduos orgânicos e 85% dos resíduos secos
Na CMR poderão ser entregues: gerados nos domicílios e pequenos estabelecimentos
equiparados aos domicílios.
1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de

109
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos 2.1.2 Galpão de Triagem


Região do Litoral Leste

Para o manejo dos resíduos secos, a CMR pode ter um O ponto de partida para o dimensionamento dos Gal-
Galpão de Acumulação, como no caso de Pindoretama pões de Triagem, instalações um pouco mais comple-
e Beberibe, operado de forma articulada com unidade xas, é a evolução da coleta seletiva até atingir a meta
instalada em município da proximidade - Galpão de definida neste Plano, estimada em 85% da geração dos
Triagem, neste caso situado em Cascavel, que fará a se- resíduos secos.
gregação dos resíduos secos do município em que está
instalado e dos resíduos secos que receberá dos municí- Foi adotada uma estratégia de implantação em quatro
pios que têm apenas um Galpão de Acumulação. etapas, que permitam avanço progressivo, mas também
redução dos custos de investimento.
O Galpão de Acumulação, funcionando como estação
Respeitada a estratégia de quatro etapas, aos municí-
de transferência, é concebido para atender a necessida-
pios foram alocadas soluções de acordo com os volumes
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags
gerados: galpões de simples acumulação para transfe-
(volume de estocagem correspondente a duas viagens).
rência ou galpões de triagem manual ou mecanizada.

Foto 17. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú

Fonte: I&T

110
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos

Região Litoral Leste


captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar

mezanino

prensa baias para 1 triador descarga


20 ton subtipos de a cada em desnível
docas de resíduos 380 kg (possível
expedição coletado rampa)
estoque ao dia silo
expedição tambores 1,5 a 2,0
1 semana triagem dias de
cargas fechadas primária coleta

Fonte: Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente

Na Região Litoral Leste, como em outras do Estado, foi meses, depois de retirada a porção para uso na compos-
restringido o porte das soluções, nesta primeira etapa, tagem.
para que se considere uma “curva de aprendizagem”
dos novos processos. Os estudos de concepção seguirão A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
a sequência básica indicada na Figura 5, a menos da ne- ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
cessidade de mecanização de processos em galpões de durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e
A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira
indicada na figura a seguir.

A área de manejo dos resíduos verdes e


madeira deve ser dimensionada para a Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de Resíduos
recepção destes resíduos, organizando Verdes
a operação em seis zonas de trabalho.
galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
A Área de Manejo de Resíduos Verdes
receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados,
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde troncos e galhos grossos
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo
ocorrer sua trituração prévia; e a ga-
lharia e folhas serão acumuladas em madeira Industrializada
uma grande pilha colocada em matu- capina e roçada
ração por período aproximado de 4 Fonte: I&T

111
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Foto 18. Acumulação de troncos e pilha para maturação de folhas e galharias

Fonte: I&T

Foto 19. Acumulação de madeira industrializada


geração dos resíduos orgânicos.

As estruturas foram dimensionadas considerando-se


dois parâmetros: 1) em municípios de menor porte
considerou-se a construção integral do galpão já na pri-
meira etapa; 2) em municípios de maior porte conside-
rou-se uma “curva de aprendizagem”, com evolução do
processo por módulos de até 300 m2, mas garantindo-
-se reserva de espaço nas CMR.

Para operação da unidade de compostagem são neces-


sários bomba sopradora e temporizador, que garantam
a aeração necessária às pilhas de resíduos, termosonda
para acompanhamento do processo de digestão da ma-
téria orgânica, e pequena peneira rotativa para penei-
Fonte: I&T ramento do composto após a maturação. O processo de
compostagem se encerrará entre 45 e 60 dias.
2.1.4 Galpão de Compostagem
Basicamente, a organização do galpão de compostagem
A operação de compostagem com pilhas estáticas em obedecerá ao zoneamento indicado na Figura 7.
galpão coberto deve ser dimensionada para a evolução
Na Região Litoral Leste serão implantados 3 galpões de
da coleta seletiva de orgânicos até atingir a meta defi-
compostagem (um em cada CMR das sedes municipais)
nida no Plano, que se estima poder chegar a até 85% da
de diferentes portes.

112
Região Litoral Leste
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem

3 Baias uso em rodízio Tubulação no piso Maturação e Resfriamento

Recepção e Mistura Estoque material estruturante Peneiramento e estoque

Fonte: ACODAL, Colômbia

O Consórcio Público incentivará que, nas áreas de com- mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
postagem de cada município, os tempos vagos das equi- zona de operação foi dimensionada para estocagem e
pes responsáveis por este trabalho sejam dedicados à acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
produção de composteiras simples, a serem ofertadas zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
aos munícipes que adiram à compostagem no domicí- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
lio, ou outro ambiente gerador. sórcio Público.

2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume
Civil gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
destes resíduos para processamento e reutilização.
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di-

113
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR


Região do Litoral Leste

Figura 8 – Desenho ilustrativo da Área de


Manejo de Resíduos da Construção Civil
São áreas ofertadas à entrega voluntária de resíduos
provenientes de pequenos geradores ou geradores de
Peneira Móvel
maior porte, entregues a preço público. Preveem es-
RCC fino
paço para a triagem em pátio, estimando-se a presença
peneirado
predominante de resíduos da construção civil.

Os resíduos volumosos serão conduzidos a um peque-


no galpão coberto, para desmontagem, destinando as
RCC grosso Reserva
madeiras para a área de Resíduos Verdes, os recicláveis
peneirado RCC limpo secos para o galpão de secos, os tecidos e espumas para
as baias próximas e envio posterior à cadeia produtiva.

A operação das CMRs exigirá a permanência de uma pá


carregadeira (retroescavadeira na maioria dos casos) no
Fonte: I&T
local, sendo usada de forma compartilhada nas opera-
Foto 20. Área de triagem ções das várias zonas compartimentadas que compõem
a instalação. Alguns dos equipamentos, já descritos, se-
rão viabilizados periodicamente, pelo Consórcio, para o
manejo de RCC, resíduos verdes e madeiras.

2.1.7 Ecopontos

Os Ecopontos, sendo áreas de mera acumulação se-


gregada de resíduos, demandam poucas atividades de
operação; haverá um funcionário do Consórcio respon-
sável pela recepção dos resíduos e orientação aos mu-
nícipes quanto aos locais específicos de destinação de
cada tipo de resíduo.

Nesta instalação poderão ser entregues voluntariamen-


te, por munícipes, até doze tipos de resíduos, sempre
em pequena quantidade: resíduos sólidos domiciliares
secos, resíduos da construção civil, resíduos volumosos
diversos, resíduos verdes e resíduos de logística reversa
(lâmpadas, pneus, eletroeletrônicos, pilhas e baterias);

Foram consideradas duas hipóteses de layout para os


Fonte: I&T
Ecopontos: uma imediata para operação com descarga
dos resíduos no solo que implicará em uso esporádico
de equipamento de carga (área em torno de 1.000 m2)
Foto 21. Operação com a Peneira Vibratória
e outro layout com descarga em contêineres a partir de
platô, que permitirá deslocamento de resíduos direta-
mente pelos equipamentos de transporte (área em tor-
no de 700 m2). Estará colocada como meta a migração
de toda a operação para o segundo tipo de layout con-
forme ocorra o crescimento das atividades do Consór-
cio Público.

Os Ecopontos obedecem um projeto padrão, com di-


mensões assemelhadas nos diversos municípios. A ade-
quação aos volumes diferenciados de geração será feita
pelo uso mais ou menos intenso pelos usuários e pela
remoção de resíduos com maior ou menor frequência.
Fonte: I&T

114
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região preci-

Região Litoral Leste


municípios sará utilizar um aterro sanitário para rejeitos. No mo-
mento, e pelo período previsto de implementação deste
Para a adequação das instalações é necessário identi- Plano, os resíduos urbanos que não forem recebidos e
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A processados nas instalações planejadas serão encami-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com nhados aos lixões dos municípios.
os indicadores de referência, é possível estimar a quan-
tidade de resíduos que as instalações receberão. A condição atual dos lixões será melhorada pela im-
plantação de projetos que estão sendo estudados pela
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma SEMA por meio dos “Planos de Recuperação de Áreas
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu Degradadas (PRAD) de 81 lixões das Bacias Hidrográfi-
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar cas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, no Estado do
o acesso da população, funcionando, inclusive em um Ceará” em fase final de elaboração. Tal Plano prevê que,
dos dias do final de semana. em municípios para os quais não há perspectiva de dis-
posição de resíduos em aterros sanitários a curto prazo,
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve será proposta uma Solução Transitória, que prevê iso-
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo ex- lamento da área dos atuais lixões, limitação da área de
cessivo de resíduos que dificulte a operação e de forma descarga e recuperação gradativa, e limpeza da área do
a que as viagens até a CMR sejam otimizadas. entorno.

Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
uma área da cidade com população em torno de 25 mil e mecanismos para criação de fontes de
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima negócios, emprego e renda
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto.

Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar limi- A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Sele-
tados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Gerado- tivas da Região Litoral Leste se apoia na certeza de que
res ou transportadores privados de maior porte deverão existe mercado consumidor para todos os produtos que
recorrer à CMR e o uso desta área estará condicionado serão recuperados por meio do manejo diferenciado
ao pagamento de preço público adequado e disponibili- dos resíduos urbanos.
dade de processamento.
Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
Foto 22. Atividade agroecológica no Ceará

Fonte: APRECE, Instituto Antonio Conselheiro, Quixeramobim-CE

115
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos gem dos resíduos secos.
de resíduos não há coleta porque não há mercado. No
entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida- A implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon-
porta sistemática, que se expande gradativamente na sabilidade do setor privado.
medida em que se implantem soluções de triagem e co- Em todos esses casos, a participação do poder público
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente no processo resume-se ao recebimento de pequenas
fará surgir novos negócios. quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs,
Para a colocação do composto orgânico no mercado para posterior retirada pelos responsáveis. O Consór-
consumidor não há nenhum problema para a absorção cio deverá manter rigorosos registros e contabilidade
dos resíduos pelos produtores rurais nos próprios mu- dos custos incorridos em todas as operações realizadas,
nicípios; dados existentes revelam que os volumes a se- para que se efetivem acordos justos entre as partes.
rem gerados são muito inferiores à capacidade regional Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, pelo
de consumo de fertilizantes (em torno de 0,1% desta). Se- Consórcio, de Certificados de Logística Reversa, a se-
rão priorizados os empreendimentos agroecológicos da rem negociados com os responsáveis legais pelos resí-
Região, especialmente os que forem vinculados ao Pro- duos, diretamente ou por meio das entidades envolvi-
grama de Aquisição de Alimentos (PAA) e aqueles vincu- das nos Acordos Setoriais.
lados aos esforços pela convivência com o semiárido.

Também não haverá problemas para a colocação dos re-


síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de 3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen- ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
to de terrenos. O simples peneiramento dos resíduos, MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
como proposto no Plano para o primeiro momento,
qualificará os resíduos para uso em diversas obras e ser-
viços públicos, não oferecendo problema de colocação A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resíduos
dos resíduos qualificados. da Região Litoral Leste foi realizada pelos municípios,
com apoio técnico da Consultoria, a partir de alguns
Por fim, uma avaliação preliminar demonstra o poten- parâmetros.
cial de utilização dos resíduos de madeira (das podas,
construção civil e desmonte de volumosos) pelas cerâ- As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
micas, frigoríficos e outras atividades econômicas da servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
Região, que demandam energia de baixo custo ou a Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
produção de vapor. Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon- do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei habitada para permitir acesso da população, num raio
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en- de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- água e energia, e com possibilidade de afetação para
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui- essa finalidade.
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a
Lei 12.305/2010. A estimativa de geração de resíduos em cada município
se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede- deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do postagem com capacidade de processamento de no má-
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defini- da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
do na Lei, que as operações realizadas pelos serviços pú- tecnológico fosse dominado.
blicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
relativas à logística reversa de embalagens poderão ser O resultado desse trabalho é um Sistema Regional de
devidamente remuneradas. Manejo, composto por áreas na sede e no território dos
municípios, com 5 CMRs (uma em cada sede municipal
Será necessário, assim, que o Consórcio negocie, em e duas em distritos de Cascavel) e 22 Ecopontos, sendo
nome dos municípios associados, acordo no sentido de 8 nas sedes municipais e 14 em distritos, indicados no
remunerar as atividades realizadas de transporte e tria- mapa a seguir.

116
Mapa áreas de manejo

Região Litoral Leste


H"
! ) PRATIÚS 4
CE-45
H
! MA

H
!
EMA CAPONGA CE
PINDORETAMA !
H "
) RN
H
! PI
CAPONGUINHA

CE-04
CAPIM DE ROÇA PB

0
H
!
PE
CASCAVEL

!"
JACARECOARA
"
) H
! Ecoponto
H
H!
!
)!H
H
H
! Oceano Atlântico
GUANACÉS H
!
H
! "
) CMR
H
!
"
) Fluxos
municipais
BEBERIBE
Fluxos regionais

Litoral Leste
CE
-0 4
0 H
!
CE-138

H
! SUCATINGA

Divisa Municipal

Setor Censitário
Urbano

Rodovias
H
!
ITAPEIM PARAJURU
H
!
PARIPUEIRA
H
!
BR
-1
16

PITOMBEIRAS
38

H
!
-1
CE

CRISTAIS

SERRA DO FÉLIX
H
!

FORQUILHA

BR-304
H
!
BR
-1
16

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

3.1 Divisão do município em setores para processo de gestão associada e maiores no período em
coleta seletiva que maior número de atividades estiver implantado e
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
Nos municípios com população urbana na sede superior
a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon- O número de servidores do Consórcio Público, e seus
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
uma setorização de forma a definir a área de abrangên- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
ponda às exigências do período: menores no início do pletas nos municípios menores e bem avançadas nos

117
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Foto 23. Ecoponto operando com caçamba


Região do Litoral Leste

maiores municípios associados.


estacionária
Na estrutura departamental proposta para o Consórcio
Público estão presentes, além da Presidência e Supe-
rintendência: Assessoria Jurídica e Ouvidoria; Planeja-
mento e Controle; Comunicação, Mobilização e Educa-
ção Ambiental; Prestação de Serviços; Administrativo e
Financeiro; e, Tecnologia de Informação. No primeiro
cenário esta equipe administrativa deve atingir 12 pro-
fissionais concursados, coordenados pelo Superinten-
dente.

Na equipe responsável pela “Prestação de Serviços” su-


gere-se a presença de 3 técnicos dedicados à orientação
do processo de compostagem e organização da desti-
nação do composto produzido; ao controle do uso em
rodízio dos equipamentos de manejo do RCC e Madeira
(Peneira Vibratória e Picador); e, por último, dedicados
Fonte: I&T
à viabilização do comércio dos resíduos recicláveis secos
obtidos no processo de triagem.
O número de funcionários necessários a este serviço é
um por Ecoponto, com cargo de Auxiliar Operacional,
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais
sob coordenação do Encarregado Geral da CMR.
das Centrais Municipais de Resíduos
3.3 Investimentos necessários
As equipes operacionais serão compostas de um Encar-
regado Geral e Auxiliares Operacionais, evoluindo em
Na elaboração do Plano de Coletas Seletivas da Região
dimensão conforme avança a implementação das ati-
Litoral Leste foram estimados custos de implantação da
vidades. O Encarregado responderá pela coordenação
infraestrutura em geral e dos principais componentes
das atividades na CMR e também pela remoção dos re-
das instalações, com base nos indicadores do Sinapi-CE
síduos captados nos Ecopontos, articulando esta opera-
(base julho/2017) e consultas complementares ao mer-
ção do Consórcio Público.
cado.
Na CMR ocorrerão operações integradas com os vários
Os custos indicados para as CMR incluem serviços pre-
resíduos, compartilhando-se espaços, equipes, contro-
liminares, cercamento e divisórias internas, portão,
les e equipamentos. Decorrente do volume de resíduos
baias e galpões para desmonte de volumosos e armaze-
gerados, as equipes nas CMR variarão entre 7 a 12 fun-
namento de resíduos com alguma periculosidade (RCC
cionários.
Classe D e outros).
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões Neste primeiro momento, foi considerado o investi-
de Triagem mento apenas da primeira CMR de Cascavel, no Distrito
Sede. As outras duas CMR planejadas para o municí-
São equipes que também evoluirão com o crescimento pio serão implementadas em momento posterior. Para
das coletas seletivas. Os parâmetros adotados para o di- este início da operação na Região Litoral Leste, às três
mensionamento são aqueles propostos em manuais do CMR planejadas corresponderá um investimento de R$
Ministério das Cidades. 512.004,46 e aos 22 Ecopontos simples R$ 2.201.179,64.

No Cenário II, quando serão iniciadas as operações de Os equipamentos de carga e de transporte interno (ou
triagem de resíduos secos, a equipe no galpão de tria- entre Ecopontos e CMR) foram considerados como in-
gem regional de Cascavel será de 26 funcionários. sumos locados nos mercados locais.

3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Para o processo de compostagem os investimentos ini-
Ecopontos ciais prevêem:1) a implantação de um galpão de com-
postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte de telhas onduladas e piso concretado, equipado com
de resíduos, é recomendável que as instalações perma- baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador,
neçam abertas pelo maior tempo possível, todos os dias termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma
da semana, além de um dos dias do final de semana. guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,

118
sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de 4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA

Região Litoral Leste


água, para suporte à equipe inicial de operadores. PARA O MANEJO DIFERENCIADO
Desta forma, na Região Litoral Leste, o investimento
inicial em 3 galpões de compostagem completos seria A implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá
de R$ 255.951,78. mudanças e ajustes na forma como atualmente se reali-
za a coleta de resíduos nos municípios.
Já para o manejo dos resíduos secos, conforme o pla-
nejamento adotado pelos técnicos municipais, estão Na Região Litoral Leste a prática predominante é a cole-
previstos investimentos em Galpões de Acumulação ta de resíduos domiciliares indiferenciados, sem haver
(estações de transferência) e Galpões de Triagem, sen- coletas seletivas dos domiciliares. A primeira etapa de
sivelmente menores que os esperáveis, pela redução do implementação do Plano será a implantação da com-
número de unidades de triagem propiciado pelo com- postagem dos resíduos orgânicos, coletados de forma
partilhamento de instalações no Consórcio Público. seletiva. No Litoral Leste, onde os municípios geram
mais de 6t/dia a implantação da coleta seletiva de or-
Na Região Litoral Leste os investimentos iniciais para
gânicos avançará em 3 etapas, à medida em que sejam
recuperação dos resíduos secos em todos os municípios
acrescidos novos módulos de galpões de compostagem.
são estimados em R$ 141.501,00 para 2 Galpões de Acu-
mulação e R$ 712.280,86 para o galpão regional comple- Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
to de Cascavel. alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
Os investimentos para qualificação do RCC e das ma-
de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
deiras, de forma a ampliar sua capacidade de reutili-
junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
zação, serão feitos em equipamentos móveis, para uso
seletiva de secos).
compartilhado por todos os municípios: R$ 50 mil es-
timados para uma Peneira Móvel e R$ 180 mil para um Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a
Picador Florestal sobre carreta homologada. qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. O Consór-
cio Público, em conjunto com cada município, deverá
O quadro geral dos investimentos necessários para o
planejar o processo gradativo de alteração das rotinas
início de todas as atividades planejadas deve considerar
de coletas, buscando manter ao máximo os termos con-
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta-
tratuais, de forma a reduzir o impacto das novas coletas
belecida em cada uma das CMR. Desta forma, os inves-
sobre as empresas contratadas, sem colocar em risco o
timentos iniciais e seu impacto na população urbana da
cumprimento das metas do Plano. Algumas rotas serão
Região Litoral Leste são indicados no quadro a seguir.
alteradas para coleta seletiva de orgânicos em parte da
cidade, em dias alternados com a coleta de indiferen-

Quadro 15 – Investimentos previstos

Investimentos - Coletas Seletivas Múltiplas – Litoral Leste (R$)

Galpão de
Equipamentos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de Ecopontos
Móveis RCC e
básica das CMR (3) Compostagem (3) Triagem RS secos Apoio (3) simples (22)
Madeiras (2)
(3)

512.004,46 255.951,78 853.781,86 230.000,00 239.392,31 2.201.179,64

Total: 4.292.310,05

Investimentos per capita (R$)

5,37 2,68 8,95 2,41 2,51 23,08

Total: 45,01

Nota: Investimentos integrais, com exceção dos galpões para orgânicos e secos que são parciais nos maiores Municípios
Fonte: I&T

119
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

ciados; as demais permanecerão como estão. com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta,
controla a qualidade da segregação e acumula os resí-
Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas- duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva- estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de
mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos. acumulação, de onde será transportado à CMR por um
Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
a porta introduz-se uma terceira coleta. porte do município.

4.1 Definição de rotas e frequência para coleta A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
e transporte dos materiais coletados leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega
A frequência de coleta dos resíduos indiferenciados a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami-
praticada atualmente é principalmente diária nos mu- nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a
nicípios da Região Litoral Leste, com algumas exceções. desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
Nos municípios ou áreas de municípios em que a coleta de rejeitos entre os resíduos valorizáveis.
é feita diariamente é muito simples a implantação da
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte-
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
alternadas, como ocorre em grande parte das cidades de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
brasileiras, sem problemas inclusive nas cidades maio- em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
res. igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
mização dos fluxos e da logística de coleta.
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez que A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
há contratos em andamento, que provavelmente serão em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
renovados, e ainda não é possível prever o teor das al- gida a escala de todo o território, custa em média 25%
terações. a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
Para o período seguinte, informações que deverão ser resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio poderão in- ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
dicar necessidade de revisão dos roteiros de coleta atu- ramento sem reaproveitamento.
almente praticados, no sentido de tornar o processo
mais eficiente. Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
resíduos secos para todo o território dos municípios
A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
dias alternados em todos os municípios. O Consórcio res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
deverá apoiar os municípios nessa transição para calcu- para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
lar os volumes a coletar e traçar as novas rotas dia a dia. lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
4.2 Introdução da coleta em três frações ta dos diferentes tipos de resíduos.

A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre-


No momento da implantação da coleta em três frações,
quência semanal, já experimentada em quase todos os
será introduzida uma outra coleta, exclusiva para re-
municípios que praticam coleta seletiva de secos, com
síduos secos. A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac-
coleta seletiva não é mais uma opção, de acordo com
terísticas permitem armazenamento nas residências
as conveniências do governo local, mas uma exigência.
por esse período sem gerar incômodos.
Assim, a definição de um modelo eficiente de coleta se
impõe. O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru-
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs
As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem van-
poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con-
tagens e desvantagens. Em uma análise simples de lo-
sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios operar
gística de transporte, é possível visualizar uma solução
o transporte pelo Consórcio, logo que possível deverão
intermediária, mista, que agrega boa parte das vanta-
ser utilizados caminhões poliguindaste para transporte
gens de ambos os processos, aumenta a eficiência e re-
dos resíduos em contêineres, simplificando bastante a
duz custos.
operação do Ecoponto.
Este modelo consiste na coleta porta a porta por um
Não existe uma frequência pré-definida de transpor-
coletor munido de um carro bag. Este coletor dialoga
120
Foto 24. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Região Litoral Leste


Fonte: elaboração I&T

Foto 25. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Fonte: I&T

te, uma vez que pode haver variação na disposição de existentes, sem alteração do número de equipamentos e
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre- te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta- ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
riamente entregues nos Ecopontos. nos processos do Galpão de Compostagem.

A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
na mesma viagem terá que ser totalmente abolida. Os geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
veículos de coleta domiciliar não poderão recolher re- vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
síduos que devem ser entregues pelos munícipes nos agregados aos contratos em vigor.
Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos
verdes do domicílio e resíduos volumosos. A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
Em regiões das cidades onde predominam moradores equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole- se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
tas especiais programadas desses resíduos com veículos postas de metas de avanço. O início da coleta de secos
da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente na Região Litoral Leste envolverá, inicialmente, o tem-
identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro po de trabalho de 21 coletores e 1 caminhão.
dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas do trabalhador para operação das áreas de
Seletivas manejo

A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica- Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra-
da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta

121
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Foto 26. Operação no Ecoponto Simplificado

Fonte: I&T

de resíduos, segregação nos locais de tratamento, pre- Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das no-
paração para venda, carregamento e descarregamento vas práticas para a correta segregação dos resíduos na
de resíduos e operação de todas as atividades de trata- fonte de geração, das formas adequadas de disponibili-
mento. zação dos resíduos para coleta e do novo calendário das
coletas porta a porta. Mas também dos novos endere-
O Consórcio deverá elaborar Programa de Prevenção ços para disposição dos resíduos volumosos, verdes e
de Riscos Ambientais (PPRA) e Plano de Controle Con- da construção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos
tra Incêndio (PCI) para cada uma das CMRs da Região, resíduos da logística reversa que deverão ser levados a
garantindo que todas as normas de segurança sejam esses locais.
permanentemente observadas, além de Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo-
trabalhadores envolvidos. Deverão ser utilizados Equi- bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes
pamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI) de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
nas instalações, sempre que as atividades a ser executa- contatos diretos periódicos em todos os domicílios em
das assim exigirem. cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio
para as mudanças comportamentais imediatamente
necessárias.

5. ESTRUTURAR A MUDANÇA A Região conta com 263 agentes de saúde e 96 agentes


de combate a endemias, conforme detalhado no Diag-
COMPORTAMENTAL
nóstico.

A implementação das coletas seletivas múltiplas exige Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas
um profundo processo de mudança comportamen- escolas, com o desenvolvimento de atividades de edu-
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo cação ambiental centradas na não geração, redução de
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, geração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- de expor cotidianamente às novas gerações em forma-
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, ção, nas 132 escolas da Região, os caminhos que devem
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e ser seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no
prestadores de serviços. Há mudanças comportamen- ambiente escolar - daqueles das salas de aula, aos ad-
tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im- ministrativos, aos de reparo das instalações, aos de lo-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para gística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos
o futuro, operando principalmente no ambiente esco- volumosos, aos da cantina escolar e outros.
lar, preparando as novas gerações para a continuidade
Todas as 132 escolas serão estimuladas a elaborar, com
e aprofundamento do manejo responsável de resíduos
participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla-
no ambiente urbano.
no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de
Para isso deve-se começar pela ampla divulgação da orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re-
mudança operacional que se fará com as coletas seleti- síduos gerados no ambiente escolar.
vas múltiplas, de maneira geral, e enfatizando cada eta-
Para as mudanças comportamentais necessárias será
pa de implantação.
122
imprescindível o envolvimento dos estabelecimentos a gestão de resíduos sólidos têm prioridade na aloca-

Região Litoral Leste


comerciais (lojas, mercantis, quitandas, distribuição de ção de recursos estaduais, conforme definição da Lei
materiais de construção etc.) para que se responsabili- 16.032/2016.
zem pelo anúncio dos novos endereços para disposição
dos resíduos e novas regras. O Comares UCV deve ter uma equipe suficiente para re-
alizar todas as atividades de planejamento, fiscalização
das posturas dos usuários e das atividades operacionais
de coletas nos municípios,
6. CONSTRUIR E ESTABILIZAR A
O Protocolo mencionado trata também de um aspecto
INSTITUCIONALIDADE DA GESTÃO particularmente importante das coletas seletivas, que
é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos
As coletas seletivas múltiplas reduzirão o recurso aos li- resíduos processados: composto orgânico, resíduos se-
xões e aterros como destino de resíduos, mas exigirão cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
a construção de uma instância de gestão forte, bem es- da construção civil segregados corretamente. Para isso
truturada, com escala operacional que reduza custos e é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
melhore a produtividade nas ações. Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
ciado, receptor dos resultados da comercialização, para
Como mencionado em inúmeras passagens deste Pla- cobertura de custos operacionais e aplicação no inves-
no, essa instância, que no caso do Litoral Leste já está timento de novas instalações que integrarão o Sistema
formada, deve ser o Consórcio Público, com número de Integrado de Áreas de Manejo planejado para a Região.
municípios que garanta a escala e resultado do projeto
de implementação de coletas seletivas nas bacias priori- Além disso há quatro anexos que tratam de aspectos
tárias do Ceará. fundamentais da prestação dos serviços de limpeza ur-
bana e manejo de resíduos sólidos: o primeiro é rela-
Para o fortalecimento do Comares UCV, iniciou-se du- tivo aos empregos que são criados; o segundo trata de
rante a etapa de planejamento, a discussão de uma Mi- uma exigência da Lei 11.445/2007, que é o regulamen-
nuta de Protocolo de Intenções com os municípios da to uniforme para a prestação de serviços em regime de
Região. A Consultoria, utilizando uma versão de pro- gestão associada, estabelecendo desta forma elementos
tocolo desenvolvida pelos Ministérios das Cidades e do importantes da política municipal de resíduos sólidos;
Meio Ambiente no final do ano 2010, ajustou alguns as- o terceiro autoriza o lançamento de Taxa de Resíduos
pectos específicos para a Região e a submeteu aos mu- Sólidos Domiciliares no município, indispensável para
nicípios durante a Oficina de Planejamento, solicitando a sustentabilidade da prestação dos serviços, conforme
que fosse discutida pela área técnica de resíduos sóli- definição também da Lei 11.445/2007 e o quarto anexo
dos, pela procuradoria jurídica dos municípios, equipe trata de leis uniformes para o gerenciamento de resídu-
do Comares UCV e finalmente submetida aos prefeitos. os da construção civil.
A proposta é que elementos deste Protocolo de Inten-
ções sejam incorporados à documentação existente. 6.1 Definição das responsabilidades para
implementação do Plano de Coletas Seletivas
O fortalecimento do Consórcio, em suas atribuições e
na sua amplitude de território, com maior número de A proposta discutida pelos municípios divide as respon-
municípios, é muito importante para a obtenção de sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis
recursos do Governo do Estado para a implementação pela gestão de resíduos, o Consórcio e o Governo Esta-
do Plano, uma vez que consórcios intermunicipais para dual no tocante ao planejamento, regulação, fiscaliza-
ção, prestação dos serviços, implantação das unidades
de manejo, venda dos materiais recuperados e cobran-
ça para sustentabilidade dos serviços prestados.

Aponta-se o planejamento coordenado pelo Consórcio


Público, os serviços de coleta e limpeza realizados pe-
los municípios, a operação das unidades de destinação
pelo Consórcio, o recolhimento da Taxa de Resíduos Só-
lidos também por ele, que se responsabilizará pela fis-
calização local, e a regulação e fiscalização dos contratos
pela ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos
Delegados do Estado do Ceará.

123
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

6.2 Programas e ações de capacitação 6.4 Periodicidade de revisão do plano


Região do Litoral Leste

técnica voltados para a implementação e


operacionalização das Coletas Seletivas Este Plano de Coletas Seletivas é entendido como um
detalhamento do Plano Regional de Gestão Integrada
Para que a implementação e a operação das Coletas Se- de Resíduos Sólidos. Definição da Lei 12.305/2010 reco-
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio menda que seja observada a vigência dos Planos Pluria-
deverá desenvolver programas e ações de capacitação nuais na definição da periodicidade de revisão dos pla-
técnica para sua estruturação institucional, implantação nos municipais (e intermunicipais) de gestão integrada
das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi- de resíduos sólidos. Portanto, a periodicidade sugerida
ções irregulares, operações de compostagem e triagem é de quatro anos, adotada também para os planos mu-
de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa, nicipais de saneamento básico.
monitoramento geral da eficácia das operações.
No caso deste Plano de Coletas Seletivas, sua elaboração
Essa capacitação será essencial para transformar as prá- ocorreu no período de revisão do PPA; sugere-se, por-
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas. tanto, que seja revisado em 2021 pela primeira vez e daí
em diante sempre no ano de elaboração do PPA, de for-
6.3 Monitoramento e indicadores, controle ma, inclusive, a incluir no PPA as ações cabíveis.
e fiscalização da implementação e
Avaliações do estágio de implementação do Plano deve-
operacionalização no âmbito local
rão ser feitas anualmente, a partir dos relatórios perió-
dicos sobre a qualidade da prestação dos serviços exigi-
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos,
do pela Lei 11.445/2007, instrumentos importantes para
estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí-
a revisão do Plano, e divulgadas para os usuários.
pios da Região Litoral Leste, que contratam serviços, o
controle e a fiscalização da execução dos contratos de-
vem ser feitos pelas secretarias municipais contratantes
e órgãos de controle do município. 7. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
Ao município, portanto, caberá a verificação de cum- INCLUSÃO SÓCIO PRODUTIVA NA
primento de rotas, calendário, horários, condição de ESTABILIDADE DA GESTÃO
operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes
de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de
Os levantamentos de informações realizados nos muni-
uniforme e equipamentos de segurança e proteção in-
cípios para elaboração deste Plano evidenciaram a situ-
dividual, eficiência da coleta.
ação de desamparo em que se encontram os catadores
Ao Consórcio caberá a fiscalização em relação à segrega- de materiais recicláveis na maioria deles. Não existem
ção dos resíduos que entram nas CMRs da Região, sen- associações ou cooperativas de catadores na Região
do necessário um intenso intercâmbio de informações e o Consórcio Comares está realizando diálogos para
para que as desconformidades na coleta sejam corrigi- apoiar os catadores na formação de uma cooperativa
das, e campanhas sejam reforçadas. regional, possibilitando uma atividade de recuperação

Um sistema de monitora- Foto 27. Catador no lixão de Pindoretama


mento da coleta e da ope-
ração das áreas de manejo
implica a estruturação de
processos de registros de in-
formações e produção de in-
dicadores capazes de orientar
ações corretivas e preventi-
vas. Deverão ser monitorados
os vários tipos de coleta, as
operações nos 22 Ecopontos
e nas 5 CMR, e aspectos es-
pecíficos como a eficiência
e eficácia dos processos e a
qualidade dos materiais pro-
duzidos.
Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

124
de resíduos fora dos lixões. 7.1.1 Apoio aos catadores

Região Litoral Leste


Entretanto em todos os casos as ações realizadas pelos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que
catadores para recuperação de resíduos domiciliares
os catadores têm na coleta, separação e venda de reci-
são feitas à margem da formalização exigida pela Lei
cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso
11.445/2010, que é clara – serviços como o de coleta se-
exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
letiva de resíduos secos recicláveis são parte do serviço
xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
público, e só podem ser prestados sob contrato.
são social e à emancipação econômica deste segmento.
Assim, a alternativa de envolvimento de cooperativas
ou associações de catadores neste serviço só poderá ser Nos lixões os catadores trabalham em condições pre-
efetivada se for objeto de um contrato, como qualquer cárias e na sua maioria se encontram em situação de
prestador de serviço, com estabelecimento de deveres, extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e
obrigações e direitos, mesmo que acionada a possibili- precisam fundamentalmente de programas e ações de
dade de dispensa de licitação prevista em lei. combate à pobreza e geração de trabalho e renda.

Será importante que o Consórcio crie programa de Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública
apoio à formalização das organizações, programa de ca- e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru-
pacitação e programas de fomento às organizações para mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão
o manejo de embalagens, orgânicos, volumoso, eletro- social e à emancipação econômica dos catadores.
eletrônicos e outros.
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
7.1 Estratégias de incentivo para a de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
formalização das cadeias produtivas da e organização produtiva com base na economia solidá-
reciclagem ria e autogestão.

Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o


A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí-
regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita
ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co-
dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
operativas ou de outras formas de associação de cata-
de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos
13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers-
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as
ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs.
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis OSCs podem firmar termos de colaboração visando
que neles estejam presentes. atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
por meio de atividades, realizadas de modo contínuo
Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es-
e permanente, como programas de assistência social,
tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia
alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de
produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi-
habitação popular, ou parcerias no formato de projetos,
ca de cooperativas e associações de catadores. De forma
limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as-
complementar, apresentam-se em anexo minutas dos
sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem.
principais instrumentos para parcerias entre a Admi-
nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil –
Há uma série de exigências formais a serem cumpri-
OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que
de instruções para a formalização de associações e coo-
apresenta um roteiro para a constituição de associações
perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
e cooperativas de catadores.
vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva Considerando que o mecanismo de chamamento pú-
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres- blico é um dos instrumentos fundamentais na cele-
tação de serviços entre a Administração Pública e coo- bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste
perativas de catadores. Plano, edital de chamamento público para termos de
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta
Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
modalidade de parcerias entre a Administração Pública
de um programa específico voltado à formalização da
e as Organizações da Sociedade Civil.
presença dos empreendimentos comercializadores de
materiais recuperados ou recicláveis na economia local.

125
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

7.1.2 Fomento às cooperativas


Região do Litoral Leste

atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas,


alocando as organizações de catadores e seus núcleos de
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de recicláveis diversos.
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona- Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
mento de cooperativas ou de outras formas de associa- um Sistema de Áreas de Manejo, a ser gerido por um
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis Consórcio Público da Região Litoral Leste, assume im-
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como portância a perspectiva de organização do fomento aos
sua contratação”. Também é importante ressaltar que catadores por meio de uma cooperativa ou associação
esta priorização só pode se dar por meio de contrata- de abrangência regional, que articule os grupos de cata-
ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação, dores em cada município, por menores que sejam, per-
conforme a Lei 11.445/2007. mitindo o desenvolvimento de atividades localmente
planejadas.
Enquanto as questões relacionadas a organização e fun-
cionamento das cooperativas ou de outras formas de as- 7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito comercializadores de material reciclável
do apoio, a priorização da contratação das cooperativas
ou de outras formas de associação de catadores deve ser Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co- formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
merciais. Assim a Administração Pública deve observar porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou apenas
a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada intermediando negócios e efetuando o transporte entre
na legislação significa criar condições adequadas, de agentes, carecem de formalização das suas atividades.
forma a impulsionar e estimular a participação destes Esta necessidade deve ser atendida com o desenvolvi-
empreendimentos sociais como prestadores de serviço. mento de um programa específico voltado ao incentivo
à formalização, mas também apoiado no esforço de fis-
Desta forma, a Administração Pública deve remunerar calização das condições de trabalho oferecidas e condi-
as cooperativas ou associações de catadores quando da ções sanitárias existentes.
contratação dos serviços de coleta e triagem de resíduos
sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em que Três motivos tornam o desenvolvimento deste programa
o faria para contratação de uma empresa prestadora de bastante importante. Em primeiro lugar o fato de que
serviços. são agentes já estabelecidos, numerosos, e que fazem
uma movimentação de materiais em volume expressivo,
O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em porém ainda desconhecido. Dados anteriores sugerem

Foto 28. Resultado do trabalho de catadores no Lixão de Pindoretama

Fonte: I&T. Levantamento de campo, 2017

126
que este volume seja em torno de 4 vezes superior ao dos 8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA

Região Litoral Leste


programas de reciclagem com apoio direto do poder pú- DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
blico.
FINANCEIRA
De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes es-
tabelecimentos são alimentados por um número sig- De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra-
nificativo de catadores “de ofício” ou por munícipes de sileiros que responderam ao questionário do Sistema
menor renda que buscam ampliação de seus proventos, para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No
recorrendo a segregação de resíduos para tanto. É atual- caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai
mente da natureza dos estabelecimentos comercializa- para 38,6%.
dores de menor porte, assegurarem seus resultados eco-
nômicos a partir de uma relação desqualificada com os O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu-
seus fornecedores de materiais. As relações dos estabe- nicípios com menos de 30 mil habitantes (pop total) é
lecimentos com os catadores são bastante arcaicas, típi- de R$ 7,13 por habitante ao mês. Para a faixa entre 30
cas de atividades informais, e precisam ser qualificadas. mil e 100 mil habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e
para a faixa entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$
Por último, a necessidade de formalização se imporá pela 7,08. Para municípios da faixa 4 é de R$ 8,84/hab.mês.
demanda que se mostrará crescente para uma presença Estes custos englobam todas as despesas dos serviços de
mais significativa dos estabelecimentos na efetivação de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, inclusive
um fluxo de “exportação” dos resíduos da região gera- disposição final.
dora. O conjunto destes estabelecimentos, com todas as
suas precariedades, constitui hoje o caminho para a des- A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
tinação de resíduos recicláveis que serão necessariamen- participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
te coletados de forma muito mais intensa. Este conjunto cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
expressa um fluxo regional de captação e destinação de com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá anali-
resíduos importantes e valorosos que precisará ser ativa- sar a estrutura de custos na Região Litoral Leste.
do pelo Poder Público, por meio do Consórcio Público e
seus instrumentos de atuação, já descritos neste plano, Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
para destinação e valorização de resíduos. mar que os gastos se ampliam na medida em que dimi-
nui o porte da população atendida, como pode ser ob-
servado a seguir.

Gráfico 6 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Litoral Leste

30

25

20
População (em mil hab.)

15

10

0
5,00 10,00 15,00 20,00

Custo mensal per capita (R$)


Fonte: Elaboração I&T
Nota: foram utilizados os dados da Região Maciço de Baturité para municípios assemelhados da Bacia Hidrográfica
Metropolitana, como na Região Litoral Leste e Sertão Central

127
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação


Região do Litoral Leste

em substituição ao de aterramento; para os resíduos se-


de serviços públicos das Coletas Seletivas cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o
Múltiplas e formas de cobrança. de destinação por triagem, em substituição ao custo de
aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e
a composição dos custos municipais para a prestação Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi-
dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana. ções irregulares ou coleta especial destes resíduos.
Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual
em que meramente são afastados os resíduos do espaço Na análise dos novos custos incidentes não há senti-
urbano onde são gerados, em relação à situação com as do em uma análise por município, na medida em que
coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio Pú-
e postos de trabalho, redução de impactos e custos no blico. O custo é regional e dele participam os municí-
meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al- pios na forma estabelecida em Contrato de Rateio (Lei
terações diretas são: 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das ope-
rações. Também não há sentido em uma análise de cus-
• Ampliação do custo de coleta pela introdução da tos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas
coleta diferenciada de secos após o início do proces- Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração
so com o manejo de orgânicos; física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão
• Ampliação dos custos de destinação pela introdu- integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em
ção do processamento de resíduos; cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi-
tárias reduzam os custos das deficitárias.
• Redução geral de custos pela contabilização das re-
ceitas geradas com os materiais valorizáveis; De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta-
• Redução geral dos custos pela eliminação de parte das estimativas de custos para os novos processos.
do custo de aterramento;
Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras
Redução geral de custos pela ampliação da escala de e resíduos da construção civil, quando adequadamente
manejo dos resíduos sólidos, decorrente da gestão asso- manejados, geram receitas – excedente econômico que,
ciada por Consórcio Público. gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole- ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu-
ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem Na Região Litoral Leste, especial atenção deverá ser de-

Quadro 16 - Coletas Seletivas Múltiplas – novos custos

Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)

Total 111.967,55 160.912,48 29.934,07 85.057,47 387.871,57

Custo per capita no


Consórcio 1,17 1,69 0,31 0,89 4,07
(R$/hab.urb. mês)

Quadro 17 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas

Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)

Custo total (*) 85,64 25,11 50,79 158,16 50,54

(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume

128
Apontar a solução para recu-

Região Litoral Leste


Quadro 18 – Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos
tratados na Região Litoral Leste peração dos custos dos serviços
públicos é determinação legal
da Lei Federal de Saneamento
Quantidade Valor de venda Valor potencial de Básico (11.445/2007) e da Políti-
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) ca Nacional de Resíduos Sólidos
(12.305/2010) que tem que ser
cumprida. Este Plano de Cole-
Composto (t) 127,9 148,50 18.996,12
tas Seletivas considera que as
boas soluções tecnológicas, ge-
Embalagens (t) 136,4 280,63 38.281,52
renciais e de engenharia devam
Estruturante (m³) 1.489,1 5,00 7.445,71
ser buscadas para que se ex-
presse aos munícipes o menor
RCC Classe A (m³) 268,7 32,00 8.599,74 valor possível, sem renúncia às
receitas possibilitadas pela va-
Madeiras (m³) 593,3 10,00 5.932,71 lorização dos materiais. Consi-
dera ainda que os valores even-
Recicláveis (t) (RCC e tualmente lançados em IPTU
17,9 1.000,00 17.912,70
volumosos)
devam ser direcionados à recu-
peração dos custos indivisíveis,
Total – – 97.168,50
por meio do Fundo Especial do
município e a Taxa de Manejo
Fonte: Elaboração I&T
de Resíduos Domiciliares, ope-
rada pelo Consórcio Público,
dicada à realização das receitas oriundas da comerciali- deve ser lançada para recupe-
zação das embalagens e produtos recicláveis presentes ração dos custos divisíveis relativos à coleta, tratamento
no RCC e volumosos, 58% da receita total potencial, e e destinação de resíduos, de forma que os municípios
das oriundas da comercialização de composto orgânico, da Região Litoral Leste possam sair da atual situação de
20% da receita total potencial. descumprimento de dispositivo legal. Por final, nova-
mente para adequação a dispositivo legal, o Plano consi-
A Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu-
dera que os preços públicos têm que ser instituídos para
nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o
a absorção eventual de resíduos de grandes geradores.
recurso a uma Organização Social, a instituição de um
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen- Futuramente poderá ser considerada pelo Consórcio a
ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni- discussão de créditos, junto aos responsáveis legais (fa-
cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos bricantes, distribuidores e outros) por efetivação da lo-
Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre gística reversa de embalagens e alguns resíduos especiais.
as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien-
te, responderá pela comercialização dos resíduos em
nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de 9. DEFINIR O PAPEL DO ESTADO COMO
Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
INDUTOR DO AVANÇO NECESSÁRIO
mento dos custos operacionais com a coleta e processa-
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão
de catadores. Na tradição brasileira, até a edição da Lei 12.305/2010, os
Estados praticamente não exerciam papel de relevo no
O Fundo Regional de Financiamento será alimentado tema dos resíduos sólidos, a não ser como licenciadores
também por recursos oriundos dos Fundos Especiais de dos empreendimentos viabilizados pelos municípios.
âmbito municipal. O fundo municipal – Fundo Especial
para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – recepciona- O Estado do Ceará, no entanto, tem atuado em várias
rá os recursos provenientes do ICMS Sócio Ambiental, frentes no tema dos resíduos sólidos: elaborou em 2012
os recursos provenientes de multas e outras receitas, seu Plano de Resíduos Sólidos, elaborou um estudo de
as dotações orçamentárias para cobertura do custo de regionalização para adequação da escala de gestão, es-
limpeza urbana (custos indivisíveis) e os recursos pro- tão em elaboração os Planos Regionais de Resíduos Só-
venientes da arrecadação da TRSD – Taxa de Resíduos lidos para 11 das 14 Regiões estabelecidas para a gestão
Sólidos Domiciliares para cobertura do custo de manejo dos resíduos sólidos.
de resíduos (custos divisíveis).

129
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste

Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita- O histórico da Região Litoral Leste em relação ao repas-
rão, aos municípios, o cumprimento da exigência le- se destes recursos nos últimos anos pode ser analisado
gal, os Planos de Coletas Seletivas, descendo a detalhes, na figura do Gráfico 7.
como observado neste documento, dão a eles instru-
mentos imediatos para a implementação de ações e iní- Observe-se que o valor de um único ano, considerada
cio do processo de mudança. a média dos repasses efetuados nos três últimos anos,
corresponde a 1,6 vezes os investimentos iniciais neces-
Apoiando os municípios no preparo deste Plano de Co- sários à implantação das Coletas Seletivas Múltiplas, ex-
letas Seletivas da Região Litoral Leste, o Estado do Ceará cluído o cercamento da área.
anunciou a intenção de ir mais além, apoiando também
sua implementação e o fortalecimento do Comares UCV. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que
terão prioridade para investimentos os municípios que
9.1 Apoio aos investimentos iniciais tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação.
A implantação das instalações obedecerá ao cronogra-
Ocorrendo o avanço sugerido na gestão associada por
ma geral já apresentado. No primeiro ano está prevista
Consórcio Público na Região Litoral Leste, alguns ou-
a implantação das seguintes instalações da CMR de cada
tros condicionantes estão estabelecidos pelo Estado
município: módulo inicial de galpão de compostagem
para acesso dos municípios aos recursos por ele geren-
com guarita coberta, equacionamento da peneira mó-
ciados:
vel e do picador de madeiras; no segundo ano serão im-
plantados • existência de área afetada adequada para a implan-
tação da CMR;
No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu-
• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu-
lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas)
apoio nas CMR.
e sua capacitação;
Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- • compromisso com a reconfiguração da coleta de
mento pelos municípios ou pelo Comares, por se trata- resíduos domiciliares executada por execução direta
rem de obras bastante simplificadas. ou contrato terceirizado;

Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce- • adoção de solução para a recuperação dos custos
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen- operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
ICMS Sócio Ambiental. do serviço público.

Gráfico 7 – Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental nas Regiões do Litoral Leste

1.400

1.200

1.000
ICMS - 2% (mil R$)

800

600

400

200

0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Litoral Leste - Repasses ICMS Socioambiental

Fonte: SEMA

130
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente sugeriu-se que sejam alcançadas por etapas, de acordo

Região Litoral Leste


com o porte dos municípios: em duas etapas nos muni-
Além de aporte de recursos financeiros, o apoio do Es- cípios menores e em três etapas nos maiores.
tado à gestão se fará pela cessão de um servidor – Ges-
tor Ambiental Residente - técnico com as qualificações Nos três municípios da Região sugere-se o avanço em
requeridas, que exercerá por algum tempo o cargo de três etapas, respeitando-se um processo de aprendiza-
Superintendente do Consórcio que será criado apoian- gem e, passando a ser incumbência do Consórcio a ela-
do seu Presidente e a Diretoria (escolhidos todos entre boração de solução complementares.
os prefeitos da Região Litoral Leste).
No tocante à coleta seletiva de secos, que deve ser ante-
Ao técnico cedido pelo Estado incumbirá, em conjun- cedida de investimentos mais significativos nas infraes-
to com os gestores e técnicos locais, estruturar o órgão truturas de triagem, considera-se na proposta de metas
intermunicipal na forma estabelecida no Protocolo de que ela se iniciará, de forma extensiva, em um período
Intenções e neste Plano. em que as mudanças comportamentais já estão em cur-
so. Desta forma propôs-se que a introdução das novas
Será essencial seu papel de capacitador das equipes rotas de coleta aconteça por etapas, porém mais curtas,
locais, transmitindo conhecimento, viabilizando solu- de 6 meses.
ções, sustentando procedimentos, motivando a qualifi-
cação técnica e gerencial da equipe do Consórcio e dos Os três municípios do Litoral Leste avançariam em qua-
municípios. tro etapas, cada uma cobrindo 25% do território da sede.

A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien- As operações com resíduos de logística reversa, que ine-
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
um processo de informação continuada destes Gesto- belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni- Compromisso com cada cadeia produtiva.
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do
Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
saneamento.
reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a materiais e produtos:
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que por outras duráveis;
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno-
• venda de alimentos a granel e embalagens com me-
vável por igual período, para que o Consórcio se estru-
nores quantidades;
ture e qualifique seu quadro de funcionários.
• locais de entrega de produtos em condição de uso,
9.3 Metas e diretrizes para redução, como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
reutilização, coleta seletiva e reciclagem • programa para supermercados doarem produtos
próximos do vencimento para instituições filantró-
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi picas;
elaborado um cronograma de implantação do Plano de
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre-
trodomésticos.
vistas: dos ajustes na documentação básica do Comares
UCV, à implantação das unidades e dos procedimentos Em 2022, o Consórcio deverá promover debate nos mu-
de coleta. nicípios para avaliação da implementação do Plano de
Coletas Seletivas e a definição de metas de redução da
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre-
geração de resíduos, por meio de implementação de
sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
programas, projetos e ações nessa direção.
linha de ação a concentração dos apoios por meio dos
Consórcios Públicos que estabeleçam a escala adequada
e a estabilidade da gestão técnica. Desta forma, o pri-
meiro passo deve ser o de ajuste no Consórcio Público
na Região Litoral Leste, com aprovação de toda a base
legal para seu início de operação.

Portanto, anteriormente às metas de operação da coleta


seletiva de orgânicos há metas para o Consórcio e para
construção das CMR. Em relação às metas de coleta,
131
Quadro 19 – Cronograma de implantação sugerido
MESES
meses

ATIVIDADES
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3
2 Votação nas Câmaras Vereadores 2
Inicial

3 1 a Assembleia Geral 1
4 Cercamento das CMR 3
5 Orgânicos – e xec . Galpões Compostagem 3
6 Renegociação Contratos Coleta Org 3
7 Capacitação equipe Consórcio 2
8 Capacitação equipe operacional 2
9 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 50% 12
10 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 100% 12
Res. Orgânicos

11 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 50% 12


12 Ampliação Galpão Compostagem 3
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12
14 Colet a Mun acima 11mil hab urb – 33% 12
15 Ampliação Galpão Compostagem 3
16 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 66% 12
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

17 Ampliação Galpão Compostagem 3


18 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 12
19 Secos - Uso pleno dos galpões atuais -
20 Viabilização investimentos 12
21 Construção GAcum e GTriagem 6
22 Renegociação Contratos Coleta Sec 3
23 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 50% 6
Res. Secos

24 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 100% 6


25 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 25% 6
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6
27 Introdução 2o turno -
28 Ampliação 2o módulo Galpão 6
29 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 75% 6
30 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 6
31 Introdução Peneira Móvel RCC -
32 Introdução Picotador Madeiras -
33 Operações LR pneus -
Res.Outros

34 Operações LR lâmpadas -
35 Operações LR pilhas e baterias -
36 Operações LR eletroeletrônicos -
37 Implementação PGRS Escolas -
38 Capacitação ACS e ACE -

132
Região do Litoral Leste
133
Região Litoral Leste
REGIÃO
METRO
POLITANA
A
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
METROPOLITANA A
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

136
DIAGNÓSTICO Alguns distritos apresentam população urbana consi-

Região Metropolitana A
derável, como Jurema em Caucaia, e todos os distritos

DA REGIÃO de Fortaleza; mas também Camará e Tapera e outros em


Aquiraz, e Croatá em São Gonçalo do Amarante.

METROPOLITANA A Esta Região também concentra grande parte da gera-


ção de riqueza do Estado, medida pelo Produto Interno
Bruto – PIB. Os cinco municípios são responsáveis pela
geração de 53,8% do PIB do Estado em 2014, sendo For-
taleza responsável por 45% do PIB estadual.

1. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO O município de Eusébio é o que apresenta maior PIB


METROPOLITANA A E SEUS per capita na Região, mais do que o dobro da média
MUNICÍPIOS regional. Outro município que merece destaque nesse
aspecto é São Gonçalo do Amarante, com PIB per capita
48% acima da média da Região. O menor PIB per capita
A Região Metropolitana A situa-se a nordeste do Estado da Região é o de Caucaia.
do Ceará, limitando-se ao norte com o Oceano Atlânti-
co, ao sul com a Região Metropolitana B, a leste com a Gráfico 1 - Evolução do PIB per capita nos
Região Litoral Leste e a oeste com a Região Litoral Oeste, municípios da Região (R$/ano)
conforme definição da “Proposta de Regionalização da 2014 2010
Gestão de Resíduos Sólidos no Estado do Ceará”.
Região
Integram a Região Metropolitana A cinco municípios:
São Gonçalo do
Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Fortaleza e São Gonçalo do Amarante
Amarante. A Região constitui importante polo turístico Fortaleza
pela beleza de suas praias, atraindo visitantes de todo
Eusébio
o país e do exterior, e também é o principal polo in-
dustrial do Estado. Apesar do desenvolvimento recente Caucaia
de outros polos industriais, num movimento de des- Aquiraz
centralização da atividade industrial, Fortaleza ainda
abriga a metade das indústrias do Estado. No corredor 2.000 4.000 6.000 8.000

industrial ao longo da BR-116, o município de Eusébio Fonte: IBGE


se destaca com a instalação de importantes indústrias.
Fortaleza apresenta maior percentual de população
A oeste da Região Metropolitana A, impulsionada pelo
com rendimento nominal acima de 2 salários mínimos
desenvolvimento do complexo industrial e portuário
– 24,17%, contrastando com São Gonçalo do Amarante,
do Pecém, a instalação da Companhia Siderúrgica do
que tem apenas 6,24% da população com rendimento
Pecém – CSP também impulsiona o desenvolvimento
acima de 2 salários mínimos e Aquiraz, com 7,07% da po-
industrial na Região, atraindo indústrias e negócios vol-
pulação nessa condição.
tados à exportação.
Quadro 1 - População total e urbana na A observação dos dados permite verificar que o melhor
Região Metropolitana A – 2016 município, em todos os índices é Eusébio, e o que apre-
senta piores indicadores, com exceção do indicador
para saúde, é São Gonçalo do Amarante.
População Total População
Municípios
2016 Urbana 2016
Outro aspecto relevante para a caracterização social do
Aquiraz 78.438 73.439
município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro-
grama Bolsa Família, que caracteriza parcela da popula-
Caucaia 358.164 319.902 ção com baixo poder aquisitivo.
Eusébio 51.913 51.913
Na região apenas os municípios de Aquiraz (43,8%) e São
Fortaleza 2.609.716 2.609.716 Gonçalo do Amarante (44,5%) possuem percentuais aci-
S. Gonçalo Amarante 47.791 31.079 ma de 40% de famílias beneficiários do Programa Bolsa
Família sendo que os outros municípios possuem até
Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016. 30% de famílias beneficiárias.
Nota: (*) A projeção da população urbana para 2016 foi
calculada pela I&T, aplicando-se sobre a população Dois outros aspectos sociais são aqui considerados: o
estimada total o mesmo índice de urbanização
número de escolas e o número de agentes de saúde, re-
verificado pelo Censo de 2010

137
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

levantes para a mudança comportamental que terá que terização dos resíduos de Fortaleza, realizada em 2012.
ocorrer para o sucesso das coletas diferenciadas.
No Quadro 4 apresenta-se a caracterização de resíduos
De maneira geral, os municípios contam com equipes realizada em Eusébio em 2015.
bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
comunidade, como se pode ver no Quadro 2, a seguir. E Note-se que os rejeitos em Fortaleza e Eusébio repre-
o número de escolas na Região também é significativo. sentam quase o dobro dos rejeitos verificados na média
nacional (16,7%), o que pode indicar
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos coleta indevida de resíduos da lim-
municípios da Região Metropolitana A – 2017 peza corretiva na coleta domiciliar
ou mesmo limitações do mercado
de recicláveis existente no Estado,
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a
o que leva alguns tipos de resíduos
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) aproveitados em outras regiões do
país serem considerados rejeitos em
Total 2.739 3.151 1.767 Fortaleza.

Fonte: Portal da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. www.qedu.org.br Os percentuais de resíduos orgâni-
cos nos dois municípios situam-se
abaixo da média nacional (51,4%),
sendo mais acentuado em Eusébio.
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS Mesmo com discrepância em relação à média nacional,
em função das características desta Região, neste Plano
SÓLIDOS
adota-se, preliminarmente, a composição gravimétrica

Na Região Metropolitana A, com exceção do Município Quadro 3 – Caracterização dos resíduos


de São Gonçalo do Amarante, todos os municípios rea- indiferenciados de Fortaleza – 2012
lizam os serviços de limpeza urbana e manejo de resí-
duos sólidos por meio da contratação de empresas, em Tipo de Resíduo % de presença
contratos de terceirização. O município de Caucaia tem
Restos de Alimentos 34,9%
concessão para a destinação final sem ônus ao Aterro
Metropolitano Oeste (ASMOC) enquanto estiver em vi- Papel 2,1%
gor o presente contrato entre o Governo do Estado e a Papelão 4,2%
empresa operadora.
Jornal 1,6%
Os órgãos gestores, de forma geral, por falta de corpo Vidro Branco 0,9%
técnico, exercem controle limitado sobre as empresas
Vidro Colorido 0,6%
contratadas, do ponto de vista do acompanhamento
dos serviços de coleta e limpeza pública, com exceção de Longa Vida 1,2%
Fortaleza em que a regulação e fiscalização são exercidas
PET 1,1%
pela ACFOR (Autarquia de Regulação Fiscalização e Con-
trole dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental). Plástico Rígido 3,1%

Plástico Filme 10,9%


Todos os municípios possuem planejamento de coleta
com calendário estruturado para atender a demanda; Ferro 1,5%
em Caucaia e Fortaleza foi identificada a necessidade Alumínio 0,5%
de rever a frequência e abrangência da mesma, pois é
Fralda 6,2%
notória, em algumas áreas, a baixa qualidade do serviço
prestado. Rejeito 18,5%

Resíduos de Jardim 7,8%


2.1 Caracterização dos resíduos sólidos
Borracha 0,9%
No Estado do Ceará poucos municípios têm um estudo Trapos 4,0%
de caracterização de resíduos, sendo Fortaleza e Eusébio
Total 100%
exceções, pois foram feitas caracterizações para a elabo-
ração dos respectivos PGIRS – Plano de Gestão Integrada Fonte: SANETAL. Plano Municipal de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos. Apresenta-se no Quadro 3 a carac- de Resíduos Sólidos - 2012

138
coletados em conjunto.

Região Metropolitana A
Quadro 4 – Caracterização dos resíduos
indiferenciados de Eusébio– 2015 A Região conta com uma frota de veículos, muitas vezes
provida pela empresa contratada: 97 caminhões com-
Tipo de Resíduo Média
pactadores, 344 caminhões caçamba ou carroceria, 1
Resíduos Orgânicos 35,3% trator de praia, 1 caminhão gaiola e 41 caminhões po-
liguindaste.
Resíduos Recicláveis 36,0%

Rejeitos 28,7% De acordo com os dados disponíveis, a Região Metro-


politana A gera diariamente 2.600 toneladas de resídu-
Total 100%
os domiciliares indiferenciados, o que representa uma
média de 0,84 quilos por dia por habitante.
Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos de Eusébio - 2015
O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Sane-
encontrada no estudo realizado pelo município de For- amento apresenta uma média de produção de resíduos
taleza para Fortaleza e Caucaia, e a composição gravi- domiciliares para as diferentes regiões do Brasil; para o
métrica do estudo de Eusébio para o próprio municí- ano de 2015, na região Nordeste, a média encontrada de
pio, Aquiraz e São Gonçalo do Amarante. geração per capita foi de 1,22 kg/hab./dia.

Os municípios da Região Metropolitana A constituem Os valores encontrados nos levantamentos, inferiores à


uma exceção do ponto de vista das informações sobre média da região Nordeste, de acordo com os dados do
os resíduos gerados, uma vez que todos os municípios SNIS 2015, se explicam em parte pelas condições de co-
dispõem seus resíduos em aterros e apenas o aterro leta; mas parte pode ser creditada à limitada capacidade
de São Gonçalo do Amarante não dispõe de balança. de gerenciamento do serviço, o que se reflete em maior
Os outros, portanto, dispõem de dados mais precisos esforço para limpeza corretiva.
para a geração de resíduos, uma vez que todos os cami-
nhões que entram nos aterros são pesados. Entretanto, Todos os resíduos domiciliares são coletados e dispos-
não foi possível obter os dados de Fortaleza. No caso de tos em aterros que atendem os municípios da Região,
São Gonçalo do Amarante é feito um controle dos ca- à exceção de resíduos de alguns pequenos distritos de
minhões na entrada, sendo as quan-
tidades geradas avaliadas pelo nú- Quadro 5 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares
mero de viagens recebidas, tipo de gerados por dia nos municípios da Região Metropolitana A
resíduo transportado e capacidade
volumétrica dos veículos. Indicador de
Resíduos gerados
Resíduos gerados geração per
Município per capita (kg/
total (t/dia) capita do SNIS
2.2 Resíduos domiciliares dia)
2015
indiferenciados
Aquiraz 62,1 0,86 0,95

Do ponto de vista do atendimento Caucaia 214,9 0,67 1,01


da população com coleta de resíduos
Eusébio 72,3 1,39 0,95
domiciliares, a região apresenta uma
cobertura de serviço bastante ampla. Fortaleza (*) 2.197,63 0,84 1,15

S. Gonçalo do Amarante 53,6 1,48 0,95


Além disso, resíduos de grandes ge-
radores são coletados com os resí- Total 2.600,53 0,84
duos domiciliares, sem que haja seu
dimensionamento preciso – não há Fonte: I&T. Levantamento de dados em campo junto aos órgãos municipais
gestores dos serviços.
informações sobre quantos são, que
Nota: (*) Foram adotados dados informados pelo município ao SNIS 2015
tipos de resíduos são disponibiliza-
dos para coleta e que quantidades
representam. São Gonçalo do Amarante que são destinados ao lixão
do Cágado.
São várias modalidades de coleta praticadas para os di- O Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia
ferentes tipos de resíduos urbanos na Região. Em todos atende os municípios de Fortaleza e Caucaia.
os municípios da região a coleta de resíduos domiciliar
é realizada porta a porta grande parte com caminhões O Aterro Sanitário Metropolitano Leste, em Aquiraz,
compactadores. Em alguns distritos de Aquiraz, Cau- atende os municípios de Aquiraz e Eusébio.
caia e São Gonçalo do Amarante todos os resíduos são
139
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

São Gonçalo do Amarante é atendi-


da por um aterro, mas o município
também recorre a um lixão (Lixão
do Cágado).

2.3 Resíduos domiciliares


secos

Os municípios, na medida em que


não operam coletas diferenciadas,
não informaram a quantidade de re-
síduos secos gerados. Assim, conside-
ra-se o percentual de resíduos secos
identificado no estudo de caracteri-
zação de resíduos de Fortaleza, 28,6%,
para os municípios de Fortaleza e
Caucaia e o percentual identificado
Foto 1. Aterro em Caucaia, AMOC no estudo realizado para Eusébio,
36,0%, para o restante da Região.

Os resíduos domiciliares secos rara-


mente são coletados de forma seleti-
va na Região. De maneira geral, não
existe coleta seletiva de resíduos se-
cos nos municípios da Região Metro-
politana A, com exceção do municí-
pio de Eusébio. A coleta seletiva em
Eusébio é feita pela Associação das
Catadoras e Catadores de Materiais
Recicláveis do Eusébio (ACEU).

Em Fortaleza há recebimento de re-


síduos secos na rede de 36 Ecopontos
instalada no município. O munícipe
pode depositar os resíduos segrega-
dos em seu domicilio e recebe uma
bonificação, que pode ser crédito do
Foto 2. Operação do aterro em Aquiraz Bilhete Único utilizado no transpor-
te coletivo, ou desconto na conta de
energia elétrica.

Em São Gonçalo do Amarante a Co-


operativa dos Recicladores de São
Gonçalo do Amarante (COORESGA)
realiza coleta seletiva no bairro Ana-
cetaba. Não possui convênio ou con-
trato com nenhum órgão público
para coleta de resíduos.

Os grandes geradores de resíduos


secos, embora não sejam considera-
dos geradores de resíduos urbanos,
apresentam interesse para este Pla-
no na medida em que devem tam-
bém segregar os resíduos que ge-
ram para sua adequada destinação e
Foto 3. Área do aterro de São Gonçalo do Amarante

140
Região Metropolitana A
Foto 4. Lixão do Cágado

aproveitamento, e devem ser considerados na estrutu- bilidade privada. De fato, a cadeia produtiva de recicla-
ração das cadeias produtivas de resíduos de tipo asse- gem de resíduos secos se concentra nesta Região.
melhado aos domiciliares.
Na medida em que os municípios consolidam o licencia-
Não foi possível identificar nos municípios um cadastro mento ambiental municipalizado passam a exigir e con-
de grandes geradores e nem o porte dos empreendimen- trolar a destinação de resíduos dos grandes geradores;
tos. Nas Oficinas Municipais realizadas foram apontados no entanto parte dos resíduos destes geradores é coleta-
genericamente os grandes geradores como os super- da em conjunto com os resíduos domiciliares da Região
mercados, pela quantidade de embalagens chamadas sem cobrança deste serviço por parte dos municípios.
secundárias ou terciárias – aquelas que acondicionam
determinadas quantidades de produtos para facilitar o Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição fi-
transporte e estoque– e raramente foram identificados nal pelos catadores são destinados a uma rede de sucatei-
outros grandes geradores. ros e recicladores localizados na Região. São instalações
em grande maioria de pequeno porte, que estabelecem
O processamento dos resíduos dos grandes geradores um fluxo de resíduos entre elas, que se inicia na ação dos
pode gerar novos empreendimentos econômicos na catadores e se encerra em processadores locais e exter-
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni- nos, conforme indicado em mapa que georreferencia as
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa- que puderam ser visitadas nos levantamentos de campo.

Foto 5. Coleta Seletiva porta a porta realizada pela ACEU

141
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Foto 6. Ecoponto – Jóquei Club Foto 8. Ecoponto - Pirambu

Foto 7. Ecoponto – Jangurussu Foto 9. Ecoponto - Vila Velha

Mapa diagnóstico

MA
CE
RN
PI
PB

PE

)
&
( Reciclador
!
(
^ Oceano Atlântico
!
. %
& Reciclador de RCC
)
&
(
CE

Associação ou
-11
62

!
7

(
^
CE-163

CE-1

!
H SÃO GONÇALO DO AMARANTE 22
Cooperativa de
C
E-4 Catadores
341

!
(
^
CE-

& '
)
(
3 Grande Sucateiro
CE-156

)
&
( Pequeno Sucateiro
CE

C
E0
-4 21

9
23

K
CE-4

BR-222 BR-222
BR-2 Receptor de
CE
-3
41
22
! Volumosos
)
&
(
421

BR-2
90

K! !
22
CE-

@ Reaproveitamento de
-0

!
(
090

( ^
0 CE

!
^(
^
CE-

!
(
^ Pneus
CE-09

BR
CE-08
5
BR-0 20 !
(
^
#
-2 22
BR
-0 2
0
FORTALEZA CE
-5
22 ECOENEL
)
& ^
( !
( !
(
^
BR

& )
&!
( Usina de Triagem
-0

CAUCAIA
&
CE-040

(
10

)
&
( ^ !
(
^
20

-0

'
CE

3
BR

!
( Inoperante
-0

^ ( %
&
20

!
^ CE-025
65

CE-0 10
0
E-
C

^)
&
(
CE
!
(( -0
21 & Compostagem
20 BR
0

-0
-0 1

-0 20
BR
@
!
?
CE

BR-02
0
)
&
( Acumulação de Podas
!
(
^ BR
-0 2
0
%
&
CE
-0 2

'
3
1

EUSÉBIO CE-20
7 CE Aterro Sanitário
# -2 0
7

&)
(
'
3(
!
(
&
^ CE-453
!
H Lixão

AQUIRAZ
!
. Lixão Antigo

(
!
D Bota Fora
CE
-0
40

3
CE-54

Metropolitana A

Divisa Municipal

Setor Censitário
Urbano

Cursos d'água

Rodovias

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

142
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos

Região Metropolitana A
Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos,
os municípios não informaram o percentual da pre-
sença desses resíduos na massa total de geração de re-
síduos. Assim, considera-se para toda a Região, como
mencionado anteriormente para os resíduos secos, os
percentuais de geração dos resíduos orgânicos existen-
tes nos estudos de caracterização de resíduos de Forta-
leza, 42,7%, que foram aplicados para o município de
Caucaia e a de Eusébio, 35,3%, aplicados aos municípios
de Aquiraz e São Gonçalo do Amarante.

Não há iniciativas de coleta seletiva de resíduos orgâ-


nicos na Região Metropolitana A; todos os resíduos do-
miciliares são coletados em conjunto. A estrutura de
transporte dos resíduos já foi descrita no item relativo
aos resíduos indiferenciados.
Foto 10. Área de processamento do coco da Associação
do Morro do Chapéu
A partir da composição gravimétrica dos resíduos ado-
tada e da estimativa de geração de resíduos indiferen- São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
ciados, estima-se que a Região gere 1.096,32 toneladas gânicos também os hotéis, bares, restaurantes e outros
de resíduos orgânicos por dia, o que representa 0,355 estabelecimentos dedicados ao preparo de alimentos,
kg/dia por habitante. além dos supermercados em função de perdas resultan-
tes da comercialização de frutas, legumes e verduras.
Para avaliação da geração de resíduos orgânicos é preci-
so levar em conta, além da fração de resíduos orgânicos No Município de São Gonçalo do Amarante a Associa-
de origem domiciliar, a quantidade gerada em grandes ção do Morro do Chapéu realiza a coleta de resíduos de
geradores e em feiras e mercados existentes nos municí- coco verde nas praias próximas ao bairro para benefi-
pios. Na Região estes resíduos são coletados em conjunto ciamento das fibras, que é comercializada como extrato
com os domiciliares, impossibilitando a definição dessas vegetal e enchimento para estofamento.
quantidades no momento. Conhece-se apenas o núme-
ro de estabelecimentos que pelas suas atividades geramEm Aquiraz a empresa responsável pela coleta de resí-
grandes quantidades de resíduos orgânicos e o número duos dos hotéis e restaurante do Beach Park – Reciclado-
e frequência de funcionamento das feiras e mercados. ra Aquiraz – faz a coleta segregada de orgânicos e realiza
a compostagem destes resí-
Quadro 6 - Número e frequência de funcionamento de feiras e duos em instalação própria,
mercados com o compromisso de des-
Feiras Mercados
tinar o material compostado
Metropolitana A ao cliente para utilização na
Número Frequência Número Frequência manutenção dos jardins de
suas instalações.
Total 4* semanal 4* diária
Os resíduos orgânicos, se
Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em campo. OBS: (*) compostados, poderiam ser
Fortaleza não forneceu as informações
usados tanto em áreas ver-
des dos municípios da Re-
Quadro 7 – Número de grandes geradores de resíduos orgânicos nos gião quanto em atividades
municípios da Região Metropolitana A agrícolas do entorno.

O IBGE identifica áreas plan-


Locais de Bares, restaurantes e Processadores de tadas, que são agriculturá-
Metropolitana A
hospedagem similares alimentos
veis, na Região Metropoli-
Total 414 3.327 524
tana A, e potencialmente
consumidoras de composto
Fonte: MTE. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, 2015 orgânico.

143
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Foto 11. Compostagem da Recicladora Aquiraz

za também os recepcionados nos


Quadro 8 – Área agriculturável nos municípios da Região
Ecopontos vão para o ASMOC e são
Metropolitana A
parte utilizados na manutenção
dos acessos temporários às áreas
Área colhida Área colhida
Região de aterramento ou são enterrados
em lavouras em lavouras Área total (ha)
Metropolitana A na massa de resíduos.
temporárias (ha) permanentes (ha)

Total 9 618 10 274 19 892 Em Aquiraz, Eusébio e São Gonça-


lo há um aproveitamento parcial
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015 para manutenção de estradas e
logradouros e parte vai para seus
2.5 Resíduos da limpeza urbana respectivos aterros.

A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais Em todos os municípios da Região, exceto em São Gon-
para o saneamento básico, define as atividades de lim- çalo do Amarante, existem empresas que executam ser-
peza pública como varrição, capina, podas e atividades viço de coleta e destinação de Resíduos da Construção
correlatas; o asseio de escadarias, monumentos, sanitá- Civil para grandes geradores.
rios, abrigos e outros; raspagem e remoção de terra e
Os resíduos verdes provenientes dos serviços de poda e
areia em logradouros públicos; e limpeza de feiras pú-
capina são coletados de forma segregada e encaminha-
blicas e eventos de acesso aberto ao público.
dos para o destino final de cada município da região.
Para as coletas seletivas, têm relevância os resíduos ver-
O serviço de limpeza pública, bem como a coleta, é rea-
des provenientes da capina, podas e atividades correla-
lizado diariamente nos municípios da Região, que con-
tas, como roçada, limpeza de feiras públicas e eventos
ta com uma frota de veículos utilizados para a limpeza
de acesso aberto ao público e os resíduos resultantes das
urbana: 344 caminhões tipo caçamba, carroceria e baú,
atividades de limpeza corretiva que são aplicadas nos
1 trator de limpeza de praia, 1 caminhão gaiola e 41 po-
recorrentes pontos viciados de cada município. Nestes
liguindastes.
pontos há a presença significativa de resíduos da
construção, inclusive o solo, resíduos volumosos e
Quadro 9 – Estimativa de geração de resíduos da
resíduos domiciliares.
limpeza urbana na Região Metropolitana A (m³/dia)
Em todos os municípios da Região a limpeza cor-
Região
retiva é realizada de forma mecanizada ou manu- RCC Verdes Volumosos
Metropolitana A
al e os resíduos transportados aos destinos finais
dos municípios. Total 594,0 688,6 297,0

Os resíduos de construção civis coletados em For- Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em
taleza e Caucaia na limpeza urbana e em Fortale- campo. 2017.
(*) Fortaleza não forneceu as informações

144
Com base em indicadores, foram estimadas as quanti- Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que expres-

Região Metropolitana A
dades de resíduos da limpeza urbana geradas nos mu- sam apenas o universo formal das atividades econômicas,
nicípios da Região Metropolitana A. Não foram consi- foi possível reconhecer parte deste segmento produtivo.
derados os resíduos da varrição neste
Plano, uma vez que seu aproveita- Quadro 10 – Geradores de Resíduos da Construção Civil
mento neste momento exigiria esfor-
ços que escapam ao escopo das cole- Tipo de Construtoras Empresas de
tas seletivas. Construtoras
empreendimento de edifícios demolição

Os grandes geradores de resíduos de Total 3.283 2.613 7


madeiras e de resíduos da construção
civil são legalmente os responsáveis Fonte: RAIS 2015
pelo manejo de seus resíduos. São
grandes geradores de resíduos da construção as cons- Na Região foram identificadas duas recicladoras de
trutoras em geral e as demolidoras. A maior parte das RCC: USIFORT em Fortaleza, e RECICLO em Eusébio,
construtoras se dedica à construção de edifícios. voltadas para recepção de resíduos de grandes gerado-
res de RCC.

Foto 12. USIFORT – Recicladora de RCC

Foto 13. RECICLO – Recicladora de RCC

145
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

ou reformada vendida, além


de garantir o armazenamento
dos mesmos até a sua coleta,
funcionando como ponto de
entrega, mantendo-se a res-
ponsabilidade de fabricantes e
importadores de promover a
coleta, o transporte e a destina-
ção dos pneus inservíveis.

A Reciclanip é a entidade de
referência que atua como o
agente executor do sistema de
logística reversa de pneus no
Brasil. Criada pelo conjunto de
Foto 14. Área de acúmulo de resíduo verde empresas do setor industrial
(ANIP), a Reciclanip tem geren-
Os resíduos verdes (podas) segregados, coletados em ciado junto aos municípios bra-
Fortaleza e destinados ao ASMOC, são processados e sileiros a implantação de postos de coleta, criados por
transformados em briquetes e aproveitados como lenha meio de convênios de cooperação firmados com as pre-
em empresas da região. Os resíduos verdes coletados feituras municipais.
nos outros municípios da região não são aproveitados;
apenas em São Gonçalo do Amarante estes resíduos são Em geral, a implantação destes postos de coleta depen-
acumulados no aterro em área separada da massa de de da disponibilização de locais para o armazenamento
aterramento, para degradação natural ou queima. de pneus pelos municípios, sendo que a entidade repre-
sentativa do setor produtivo oferece a garantia do reco-
Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira, lhimento posterior.
foi levantado o número de cerâmicas e de frigoríficos
existentes na Região, que utilizam madeira para geração De acordo com o setor privado responsável pelo reco-
de energia ou vapor (caso dos frigoríficos). Além disso, lhimento dos pneus inservíveis (contemplando indús-
são potenciais usuários das madeiras oriundas dos ser- trias e importadores), são 863 pontos de coleta pelo
viços de limpeza urbana (madeiras da construção civil país, dos quais apenas 3 estão no Estado do Ceará.
de deposições irregulares ou recebidas em Ecopontos,
Mapa 1 – Mapa com indicativo de pontos
madeiras de resíduos volumosos e troncos e galhos de
de coleta de pneumáticos inservíveis no
poda e supressão de árvores) as indústrias instaladas
Estado do Ceará
na Região que necessitam de madeira para geração de
energia em fornos e caldeiras, cujo potencial não foi
possível avaliar neste momento. Foram identificadas 24
cerâmicas e 2 frigoríficos na Região.

2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa

O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a


partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO-
NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
dores de pneus novos a promover a coleta e dar desti-
nação adequada aos produtos considerados inservíveis.

Conforme estabeleceu a Resolução, e visando garantir o


recolhimento de pneus inservíveis, os fabricantes e im-
portadores de pneus novos são obrigados a implantar e
operar um ponto de coleta nos municípios com popula-
ção superior a 100 mil habitantes, pelo menos.

As exigências também recaem sobre os estabelecimen-


tos de comercialização de pneumáticos, que são obri-
gados a reter um pneu usado para cada unidade nova
Fonte: IBAMA, 2017

146
Já os dados disponibilizados pelo IBAMA indicam a exis- No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reco-

Região Metropolitana A
tência de 1.723 pontos de coleta pelo país, dos quais 32 nhecidos, ampla maioria na Região Metropolitana.
estão no Ceará.
Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas
Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos- e baterias – Estado do Ceará
sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em
todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de
recebimento, a população total encontra-se abaixo des-
te patamar.

Dos 32 pontos de recebimento de pneus inservíveis no


Estado do Ceará, apenas 6 destes pontos estão em mu-
nicípios que não são objeto dos Planos de Coletas Seleti-
vas. Segundo os números apresentados 14 pontos estão
localizados na Região Metropolitana A, 11 em Fortaleza,
2 em Caucaia e 1 em Eusébio.

O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi


definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela Fonte: GMC&LOG
rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
e importadores desses produtos.
O sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescen-
O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi es-
gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e truturado a partir da assinatura de acordo setorial em
baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica novembro de 2014. Como operadora do sistema de lo-
e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do gística reversa de lâmpadas no Brasil, a Reciclus irá im-
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os plementar e operar o sistema de acordo com a metodo-
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no logia aprovada no respectivo acordo setorial, que prevê
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação a implantação de pontos de coleta em estabelecimen-
direta entre perfil socioeconômico da população, con- tos comerciais estrategicamente localizados, de acordo
sumo e geração. com critérios de dimensionamento da geração de resí-
duos pós-consumo residencial, baseados em aspectos
Gráfico 2 – Postos de entrega de pilhas e baterias territoriais e de capacidade de recolhimento.
segundo macrorregiões (%)
Norte No Ceará apenas Fortaleza é contemplada com a im-
Centro Oeste 2% plantação de pontos de recepção de lâmpadas no Ano
Nordeste I do Acordo Setorial (2017). Serão também atendidas,
Sul 7% Caucaia (Ano II), Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral
14%
(Ano III), 8 cidades (Ano IV), 65 cidades (Ano V) e outras
10%
104 cidades do Estado (correspondente a 56% do total
de municípios cearenses) não terão nenhum ponto de
entrega.

Na região Metropolitana A três municípios possuem


pontos de coleta de pilhas e baterias instalados, Fortale-
za, Eusébio e Caucaia.

De acordo com indicadores divulgados pelo Ministé-


rio do Meio Ambiente, a taxa de geração per capita de
67% resíduos eletroeletrônicos, como média nacional, é de
Sudeste 2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por
habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34
Fonte: GMC&LOG

147
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Quadro 11 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região


Metropolitana A

Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)

Total 13.394 278 7.261.292 8.950 8.024

Fonte: I&T, a partir de indicadores do Ministério do Meio Ambiente. 2017

pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por Utilizando as mesmas informações e analisando os da-
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- dos por estrato de porte populacional, verifica-se que
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4 nos municípios pequenos e médios a média do custo
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú- per capita é de R$ 12,61, quase o dobro do custo médio
mero de lâmpadas descartadas. per capita verificado nos grandes municípios – R$ 6,45,
ou seja, há um ganho de escala importante nos custos
dos serviços com o aumento da população atendida.

3. CUSTOS DO SERVIÇO Gráfico 4 – Despesa mensal (parcial) per capita


com serviços de manejo de resíduos sólidos e
limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba- Pacatuba
na de forma que permita analisar separadamente cada
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- Pacajus

tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em Ocara


alguns contratos há discriminação de custos unitários
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Maranguape
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente. Maracanaú

A partir dos dados disponibilizados pelos municípios Itatinga


participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
Horizonte
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi-
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região, Guaiúba
como indicado a seguir.
Chorozinho
Gráfico 3 – Distribuição de despesas nos
Fortaleza
custos dos serviços de manejo de resíduos e
limpeza urbana – estimativa para a Região Eusébio
Metropolitana A
Caucaia

Varrição, poda Orgânicos Aquiraz


e capina 6.000 12.000 18.000 24.000 30.000
21% 27%
Fonte: Elaboração I&T

4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,


PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO
DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
17%
Limpeza SÓLIDOS
corretiva
18%
Secos Na Região Metropolitana A, três dos cinco municípios
18% possuem Plano Municipal de Gestão Integrada de Resí-
Rejeitos duos Sólidos (Caucaia, Eusébio e Fortaleza), e todos os
municípios possuem uma equipe mínima para controle
Fonte: Elaboração I&T da coleta domiciliar e realização de atividades de limpe-

148
za urbana. Como já mencionado,

Região Metropolitana A
Foto 15.- ACEU – Associação de Catadores de Eusébio
Fortaleza conta com uma agência
reguladora dos serviços.

5. IDENTIFICAÇÃO DOS
CATADORES E SUAS
ORGANIZAÇÕES

No processo de levantamento de
dados para a descrição da cadeia
produtiva de reciclagem, foi feito
um esforço para identificar os ca-
tadores que atuam em cada mu-
nicípio, e suas organizações.
Fonte: I&T
Na Região Metropolitana A há Foto 16. Galpão da ASCAJAN
uma concentração dos catadores
e principalmente das organiza-
ções existentes no Estado, algu-
mas há longa data, como a ASCA-
JAN e a SOCRELP.

Existe também há dez anos a Rede


de Catadores de Resíduos Sólidos
Recicláveis do Estado do Ceará,
que tem como objetivo “desen-
volver ações conjuntas entre as
Associações, Cooperativas e Gru-
pos de Catadores de Fortaleza e
Região Metropolitana”. Segundo
o sítio mantido pela Rede na In-
ternet, seu foco recente foi a cole-
ta do OGR (Óleos e Gorduras Re- Fonte: I&T
siduais) e sua comercialização em
rede para a usina de Biodiesel (Pe- Em Aquiraz atua a associação denominada “Associação
trobrás), ação prejudicada no período de levantamen- dos Catadores de Recicláveis da Vila Machuca” que tem
to de dados pela interrupção da aquisição do óleo pela atuação limitada no Município; declaram não receber
empresa. A Rede não dispõe de informações estrutura- apoio institucional da prefeitura, não possuem sede,
das sobre o universo de catadores que atuam na região nem galpão de triagem. Trabalham após o final da ope-
metropolitana. E mesmo a Cáritas Diocesana, entidade ração diretamente sobre o ASML, retirando resíduos lá
que apoia os catadores para sua organização e desenvol- depositados quando o processo de recobrimento não é
vimento há mais de 20 anos, não mantém cadastro das concluído na rotina diária, como já mencionado.
organizações, conforme informação à Consultoria.
Em Caucaia existe a Associação dos
Agentes Ambientais da Jurema – AS-
Quadro 12 – Número de organizações e de catadores
SAAJ, atualmente desativada. Só foi
identificados na Região Metropolitana A
possível contato com a última pre-
sidente da associação; segundo ela,
Região Número de Número total
Número de parte dos catadores que são asso-
Metropolitana catadores de catadores
organizações ciados atuam de forma autônoma
A organizados identificados
recuperando resíduos em coleta
Total 15 323 3.931 nas residências e comércio próxi-
mo a suas moradias e comerciali-
Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias Municipais, sistematização I&T
zam com sucateiros locais.

149
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Foto 17. Galpão da Coopemares Em Eusébio, como já menciona-


do, há a Associação das Catadoras
e Catadores de Materiais Reciclá-
veis do Eusébio (ACEU). Associa-
ção criada há 3 anos, incentivada
pela Fundação Alphaville, iniciou
sua atividade com coleta seletiva
nos empreendimentos da Alpha-
ville implantados no município e
depois em parceria com a Prefei-
tura de Eusébio, sendo a executo-
ra do programa de coleta seletiva
do município.

Em Fortaleza, como citado an-


teriormente, há 11 entidades de
catadores oficializadas no muni-
Fonte: I&T cípio, sendo 10 organizadas como
associação e apenas uma como
Foto 18. Galpão de trabalho da SOCRELP
cooperativa (a COOPEMARES),
compreendendo 240 catadores.
Algumas destas entidades pres-
tam serviço para grandes gerado-
res, com emissão de certificado de
destinação.

Em Fortaleza foram reconhecidos


três grupos organizados de cata-
dores que realizam trabalho de
coleta e segregação de resíduos,
mas não são reconhecidos e mo-
nitorados pela equipe de apoio às
entidades de catadores da Secre-
taria de Urbanismo e Meio Am-
biente: “Associação de Catadores
de Materiais Recicláveis do Gran-
de Bom Jardim – ASCABONJA”
Fonte: I&T
com 10 membros, Grupo São Ju-
Foto 19. Área de trabalho do Grupo de Catadores Quintino Cunha das Tadeu Quintino Cunha com 8
membros, e Grupo de Catadores
do Jardim Iracema - UCAJIR.

Em São Gonçalo do Amarante, a


Cooperativa dos Recicladores de
São Gonçalo do Amarante (CO-
ORESGA) atua no município re-
cuperando resíduos no aterro
e realizando coleta sistemática
porta a porta no bairro Anaceta-
ba. A coleta é feita por um grupo
de catadores com um caminhão
gaiola (veículo doado por empre-
sa privada). Toda a triagem é feita
na área utilizada pela cooperativa
no aterro. Atualmente são 20 co-
operados cadastrados, sendo que
Fonte: I&T
12 deles atuam apenas no aterro.

150
Foto 20. Veículo de coleta da Cooperativa CORESGA

Região Metropolitana A
Fonte: I&T

5.1 Programas e projetos de inserção de De acordo com publicações do setor, confirma-se a in-
catadores na gestão pública de resíduos formação de que os principais polos recicladores são SP,
PR e SC.
Apesar do apoio provido por algumas prefeituras, pou-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco-
cos são os programas ou projeto de inserção específica
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e
de catadores na gestão pública de resíduos relatados na
produtos que geram resíduos metálicos são as entida-
Região.
des representativas do setor de alumínio e de aço, os
Das parcerias descritas, algumas estão com convênios fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De
formalizados, como é o caso de Eusébio, Fortaleza e São acordo com informações do setor, em 2014 o índice de
Gonçalo do Amarante, com apoio das entidades do mu- recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média
nicípio. mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala-
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva 2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com
capacidade de recepção das embalagens de alumínio,
Para a compreensão das cadeias produtivas em que se sendo cinco para produção do corpo das latas e duas
inserem os resíduos secos coletados seletivamente na para produção das tampas – nenhuma no Ceará.
Região Metropolitana A, foram realizadas pesquisas e
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca
mantidos contatos com as entidades representativas de
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas
segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob-
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon-
jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis-
iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená-
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es-
rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará.
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco,
Também foram considerados, nesta análise, os dados Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada
específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin- um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação
dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la-
Domésticos e Industriais do Ceará. tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be-
O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús- e encaminhadas para a reciclagem.
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA)
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedores As principais fontes de informação sobre a reciclagem
das indústrias recicladoras. Em relação à recuperação, o dos plásticos são as entidades representativas do setor
setor apresenta dados que indicam um total de 4,7 mi- – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
lhões de toneladas coletadas e encaminhadas à indústria ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
recicladora – equivalentes a 64,5% do consumo aparente. aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo

151
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús- ticos e Industriais do Ceará), tentou-se obter os dados
trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61 desagregados para que se pudesse visualizar com maior
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon- clareza as relações entre os vários agentes da cadeia de
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA, reciclagem do Estado, e complementá-la com informa-
entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des- ções obtidas em campo.
carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
gem industrial – resíduos gerados no processo produti- No entanto, os dados desagregados não foram disponi-
vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa bilizados. Assim, o que se pode apresentar neste diag-
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no nóstico são alguns dos dados publicados no Anuário do
Ceará, todos na Região Metropolitana. Setor de Reciclagem do Ceará 2016, para uma visão ge-
ral do setor no estado.
Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados Na pesquisa realizada pelo SINDIVERDE foram aborda-
mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65% dos 287 estabelecimentos em 6 cidades da Região Me-
do PET adquirido pelas indústrias está em forma de tropolitana, como mostra o Quadro 13, a seguir.
flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10% Quadro 13 – Quantidade de
chega às unidades recicladoras na forma de PET gra- estabelecimentos participantes da
nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais pesquisa IEL/SINDIVERDE – 2014
unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas. Quantidade de
% da
Município estabelecimentos
amostra
A principal fonte de informação sobre a reciclagem participantes
dos vidros é a entidade representativa do setor – a ABI-
Caucaia 13 4,5%
VIDRO. Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8
os principais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil Eusébio 7 2,4%
(embalagens), com duas unidades operando no Nordes- Fortaleza 258 89,9%
te: em Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV)
em Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produ- Maracanaú 7 2,4%

zindo atualmente vidros planos (espelhos, automotivos Maranguape 1 0,3%


etc.). O índice de reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está
Pacatuba 1 0,3%
próximo ao patamar de 40%, variando anualmente para
baixo ou para cima, sem grandes alterações em torno Total 287
desta média. Além disso, cerca de 25% das embalagens
Fonte: SINDIVERDE
de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas pelo setor
de bebidas. O setor de vidro não é signatário do acordo
setorial de embalagens em geral. Portanto, ainda não há Pelos dados obtidos, é possível notar que a pesquisa
estratégias para ampliar o desempenho do setor de vi- praticamente se restringiu à capital do estado, sendo
dro no âmbito da reciclagem de materiais. que os demais municípios representam apenas 10% dos
estabelecimentos pesquisados.
O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria
com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali- Foram objeto do estudo 292 “negócios de reciclagem”,
zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci- como são chamados os empreendimentos pesquisados,
clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios que incluem associações e cooperativas de catadores,
da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014. grupo organizado de catadores, micro sucateiro, suca-
teiro, reciclador, transformador e outros. As respostas
Na etapa de levantamento de dados para a elaboração obtidas têm superposição porque em muitos casos cada
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros iden- entrevistado poderia dar mais de uma resposta, como é
tificados nos municípios da Região Metropolitana A. No o caso dos materiais com que lida.
entanto, a grande concentração de atividades da cadeia
na Região e o prazo muito estreito de realização de le- Os materiais mais citados foram os plásticos e metais
vantamentos de campo não permitiram a realização de (74,3% citações cada um), seguidos de papel (63%) e vi-
visitas a uma amostra representativa dos empreendi- dro (44,6%), este provavelmente pelo reaproveitamento
mentos que ocorrem na Região. de litros da Ypióca, já que não há reciclagem de vidro
no Estado. Entre os plásticos, os mais presentes são o
Tendo sido realizado um levantamento em 2014 sobre a PET (70,9% de citações) e o plástico filme (61,6%). Entre
reciclagem no Estado pelo SINDIVERDE (Sindicato das os metais, os mais citados são o alumínio (68,5%) e os
Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domés- metais ferrosos (52,1%).

152
Região Metropolitana A
Gráfico 5 – Quantidade de negócios de
Quadro 14 – Número de empresas e volume
reciclagem identificados
movimentado por tipo de material
5 cooperativas
Associações 10 Volume médio
2 grupos organizados Número de
outros 1 Material
empresas
movimentado (t/
mês)
transformador
17
Plástico Filme 173 503,6
reciclador 16
PVC 95 226,1

PET 197 1.071,5


microdeposeiro
Alumínio em geral 193 379,6
156
Cobre 132 117,9
deposeiro
92 Metais ferrosos 150 3.053,0

Vidros 79 123,8

Papel e papelão 178 3.420,9

Total 1.197 8.914,4

Fonte: SINDIVERDE. Elaboração I&T Fonte: SINDIVERDE


a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí-
De acordo com o levantamento do SINDIVERDE, na ca-
duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo
deia produtiva de reciclagem analisada, os sucateiros
de regionalização foi realizado com apoio do Ministério
vendem um total de 8.251 toneladas de materiais por
do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência
mês, enquanto os recicladores e transformadores ven-
de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e
dem 6.914 toneladas por mês. As diferenças se explicam
o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi-
por perdas nos processos e envio de material para fora
lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
do estado, situação que foi relatada por alguns sucatei-
ções brasileiras atuais.
ros entrevistados em outras Regiões. Os dados apre-
sentados por tipo de material, no entanto, diferem um Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a
pouco quanto ao volume médio movimentado. Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-
ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a
A maior parte dos resíduos secos que chega aos suca-
Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões
teiros é resultado do trabalho de catadores; segundo o
para a gestão, e que serve de base para este Plano.
estudo do SINDIVERDE, 76,7% dos entrevistados citou
catadores como fonte de aquisição dos materiais que No caso da Região Metropolitana A houve dificuldades.
processa. Fortaleza tem porte populacional que por si dá escala
aos empreendimentos e uma estrutura institucional
na área de resíduos sólidos que dispensa a formação de
consórcio. Caucaia, embora tenha porte populacional
6. POSSIBILIDADES DE que permitiria gestão isolada, ainda é frágil do ponto
CONSORCIAMENTO de vista da adequação dos serviços às exigências legais e
tem previsão de fazer a gestão dos resíduos sólidos por
meio de consórcio em seu Plano de Gestão Integrada de
O Estado do Ceará vem há cerca de dez anos trabalhan-
Resíduos Sólidos. A equipe local que acompanhou os
do para a criação de consórcios entre os municípios
trabalhos de elaboração do Plano não definiu a posição
para o enfrentamento da questão da gestão dos resí-
do município em relação ao consorciamento.
duos sólidos. Os primeiros estudos trataram exclusiva-
mente da busca de escala adequada para a implantação De outra parte, o representante do município de São
de aterros sanitários, tendo sido propostos cerca de 30 Gonçalo do Amarante nos eventos de desenvolvimento
arranjos intermunicipais para a gestão de aterros, dos do Plano manifestou a negativa do município em parti-
quais 26 estavam formalizados em 2012, com a eleição cipar de consórcios intermunicipais. Restaram, assim,
de uma diretoria e inscrição no Cadastro Nacional de com população relativamente pequena e condições es-
Pessoas Jurídicas. Nenhum deles, entretanto, foi consti- pecíficas de alguma fragilidade (ausência de área para
tuído na Região Metropolitana A. instalação de novo aterro sanitário, por exemplo) os
municípios de Aquiraz e Eusébio. O representante do
Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram
153
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

município de Aquiraz se posicionou favoravelmente à uma significativa perda econômica – R$ 173.371,20 no


formação de um consórcio na Região; o de Eusébio não RCC e R$ 454.822,33 nas madeiras, desconsiderando os
se definiu. valores potenciais de Fortaleza.

Porém, com esse quadro, não parece se justificar a cria- A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
ção de um novo órgão público para a gestão dos resíduos tais, que decorrem dos impactos da degradação da
sólidos apenas dos dois municípios. Assim, foi propos- matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
to a estes municípios que amadureçam soluções, sen- virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
do uma delas a de firmar convênio de cooperação, nos cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
moldes definidos na Lei 11.107/2005, com consórcios de ção de materiais reciclados.
municípios próximos: ou da Região Litoral Leste, ou da
Região Metropolitana B, que vierem a se formar. No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração
de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas,
7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E imobilização de área do aterro por longo tempo, mes-
mo após o encerramento da disposição de resíduos;
ECONÔMICA DA RECICLAGEM
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
A primeira avaliação a fazer sobre a reciclagem na Re- mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
gião Metropolitana A diz respeito às perdas econômicas gerado nos aterros.
decorrentes da não implementação das coletas seleti-
vas, o que produz para as municipalidades gastos com Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
destinação final de resíduos que deveriam ser recupe- (EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
rados e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
financeiras pela não realização das receitas de venda Grande (MS), aponta as principais formas de relação
dos materiais. entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-
tidade de metano produzida até a decomposição total
Conforme os dados já apresentados, de geração de re- dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos
síduos e suas características gravimétricas, a produção restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
de resíduos secos na Região Metropolitana A se estima quantidade de madeira e a 8% dos têxteis.
como segue no Quadro 15.
Outra relação demonstrou para duas situações de de-
Tomando como referência os preços indicados pelo pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
CEMPRE para municípios do Nordeste e consideran- iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas,
do que, atualmente, a quantidade estimada de resí- que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
duos potencialmente recuperáveis pela cadeia produ- CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq.
tiva é de 185.816 toneladas por ano, as perdas podem Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra-
representar, de acordo com os preços estimados, R$ dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como
131.107.068,65 anuais. o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em
ambiente de degradação anaeróbia.
Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
respondem à não colocação de composto orgânico no Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-
mercado e ao custo de aterramento, R$ 12.954.915,73 e nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de
R$ 9.491.715,03 respectivamente. aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano,
O não aproveitamento dos resíduos da construção civil mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o
e resíduos de madeira provenientes de poda, constru- impacto em termos de aquecimento global.
ção e resíduos volumosos também podem representar
Quadro 15 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis na Região Metropolitana A

Região Geração Papéis Metais Plásticos Vidro


Metropolitana
A 85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%

Total (t) 200.933 82.515 18.267 85.034 15.117

Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017

154
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-

Região Metropolitana A
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do
preço da terra.

No caso dos resíduos secos, também são importantes


a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do
consumo de energia para extração de matérias primas
e produção dos bens (incluindo a extração e processa-
mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de
CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí-
veis no processo de produção dos bens.

E há ainda outra parcela, que é a emissão de CO2 devi-


da ao transporte dos resíduos, desde a coleta até a des-
tinação final, aplicável a todos os tipos de resíduos. Os
impactos ambientais não decorrem apenas da geração
dos gases prejudiciais à atmosfera. Há também perdas
relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
cursos naturais e ao uso de energia.

No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a


grande redução na extração da bauxita e no consumo
de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
em 95% o uso de energia no processo.

Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-


veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
deste tipo de material.

Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-


servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
cialmente recicláveis 82.515 toneladas anuais de papel e
papelão na Região Metropolitana A o potencial de eco-
nomia de energia com a reciclagem deste material atin-
ge 284.626 MW/ano.

Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos


materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
bientais e econômicos para a Região.

155
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

PLANEJAMENTO 1. SOLUÇÕES COM MÁXIMA


Região Metropolitana A

PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
NA REGIÃO
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-
METROPOLITANA A síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-
ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-
dos e eventualmente processados, devem permanecer
no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.

PLANEJAMENTO DAS COLETAS Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos
resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
SELETIVAS colas mais próximas possível, os resíduos da construção
civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
O Plano das Coletas Seletivas da Região Metropolitana A seca normalmente é transferida, buscando instalações
foi elaborado tendo como pano de fundo toda a moder- de transformação que raramente estarão presentes no
na legislação brasileira que trata direta ou indiretamen- próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
te da gestão integrada dos resíduos sólidos. Trata-se de de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
planejar algumas atividades da prestação de um serviço
Na Região Metropolitana A todos os produtos gerados
público caracterizado por lei, cuja solução operacional
no processamento e recuperação de materiais têm
está submetida a regramentos legais bem definidos, que
como ser absorvidos na própria região, pois a mesma
impõem aos municípios mudanças profundas na ma-
concentra a indústria da reciclagem do Estado do Ceará
neira como hoje são prestados os serviços de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos. A existência de cerâmicas e frigoríficos justificam a per-
manência das madeiras de troncos e as provenientes de
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre- resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada municípios da Região. O composto gerado pela com-
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com e mercados públicos será vendido para agricultores de
os custos quando transferem o gerenciamento ao po- cada município pelo Consórcio ou pela equipe de ges-
der público. As prioridades de investimento devem ser tão. E os resíduos da construção civil, depois de triados
invertidas. e peneirados, poderão ser imediatamente usados pelas
secretarias municipais encarregadas de obras, para uso
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- em obras públicas dos municípios.
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento
SEGURAS
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se- Os municípios da Região Metropolitana A, destinam
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem seus resíduos a Aterros com exceção São Gonçalo do
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística Amarante, que em parte utiliza um lixão. A partir da
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi- edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos os
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o municípios estão desafiados a inverter essa lógica, im-
balanço energético muito superior, decorrente da recu- plantando novos processos de gestão dos resíduos, que
peração dos materiais, em relação ao determinado por privilegiem sua recuperação e seu desvio da disposição
processos destrutivos como a incineração e outros foca- final. A implantação de aterros, desafio já superado na
dos na imediata geração de energia. região, não deve imobilizar os municípios em relação à
adequada gestão dos resíduos sólidos urbanos, devendo
avançar na Política Nacional de Resíduos Sólidos, “indo
menos ao aterro”, desviando e tratando uma gama sig-

156
Região Metropolitana A
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada

nificativa de resíduos, buscando a utilização dos aterros A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
apenas para a destinação de rejeitos. deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Coletas resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
Seletivas da Região Metropolitana A considera a diretriz
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma manda- de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
tória a ordem de prioridades para o manejo de resíduos. de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com as Cole- e “adequada escala das operações”, composto de um
tas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único caminho conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
para que a ordem de prioridades seja cumprida – viabili- ção de resíduos.
zando desde as práticas de não geração até a diretriz de
disposição final exclusivamente de rejeitos. Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
número possível de áreas físicas, mas que atendam a
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de toda a população urbana de cada município, com in-
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi- tegração das operações com diversos tipos de resíduos,
cílios é substituído por outro mais amplo e adequado, por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa-
que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi- compartilhado da edificação de apoio e gestão finan-
ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse- ceira integrada dos recursos advindos do manejo para
quentemente não se trata mais de planejar uma coleta valorização dos resíduos, de forma que operações supe-
seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro- ravitárias sustentem as deficitárias e reduzam a depen-
piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos dência de recursos externos.
de resíduos.

Figura 1 - Layout esquemático da CMR - Central Municipal de Resíduos

Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC

Recepção
e triagem

Apoio e
controles

157
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

São considerados nesse Sistema dois tipos de instalações pilhas e baterias, para retirada pelos fabricantes ou co-
para manejo de resíduos sólidos, além das áreas atuais merciantes responsáveis. A área das CMRs na Região
de disposição final (aterros sanitários ou controlados e Metropolitana A varia entre 7,5 mil e 20 mil metros
lixões) e a futura implantação de aterros regionais de quadrados; estas instalações foram situadas preferen-
rejeitos: as Centrais Municipais de Resíduos – CMR e os cialmente na área urbana da sede de cada município
Ecopontos. Em Fortaleza, como é conhecido, já opera participante do planejamento. Em municípios de maior
uma rede extensa de Ecopontos. porte, como ocorrem na Região, devem ser previstas
diversas instalações, vocacionadas ao atendimento de
A CMR é uma instalação de múltiplos usos onde ocor- regiões determinadas.
rem: a compostagem de resíduos orgânicos; a triagem
de resíduos da construção civil e seu peneiramento; o Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
desmonte de resíduos volumosos; o picotamento das metros quadrados) para simples recepção e armazena-
madeiras da construção civil, de podas e madeiras dos mento temporário dos resíduos da construção civil, re-
volumosos; a segregação de troncos e galhos grossos; a síduos verdes e resíduos volumosos, além dos resíduos
segregação da capina e roçada em pilhas estáticas para da logística reversa para acumulação à espera da reti-
deterioração; a acumulação ou triagem dos resíduos se- rada pelos agentes responsáveis pela cadeia produtiva
cos, conforme o porte do município. de cada um. Um Ecoponto funciona na CMR. Os parâ-
metros adotados para cada uma das instalações e para
A CMR também recebe, para acumulação, pequenas a definição da rede em cada município e região serão
quantidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, apresentados no capítulo seguinte.

A Figura 4 expressa o esquema


Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m²
de articulação de um Sistema
para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste
de Áreas de Manejo com suas
Funcionário RCC Residuos verdes diversas unidades.
e solo
Resíduos a
proteger Platô de descarga
Com a implementação da Políti-
ca Nacional de Resíduos Sólidos
e avanço das coletas seletivas, a
coleta dos resíduos sólidos do-
miciliares indiferenciados de-
verá ser paulatinamente redu-
zida até atingir a característica
Identificação de rejeito. Deve, portanto, ser
e acesso Resíduos a prevista a sua destinação ade-
proteger
quada como etapa necessária
Volumosos, da gestão integrada dos resídu-
madeiras etc.
os sólidos urbanos.

Como os municípios utilizam


aterros como locais de dispo-
Figura 3 – Desenho ilustrativo do Ecoponto Simplificado – área em
sição final dos resíduos indi-
torno de 1.000m² para manejo do RCC com equipamento de carga
ferenciados, a rota tecnológi-
ca prevê redução substancial
Resíduos a
Volumosos, proteger dos resíduos ali depositados, e
madeiras etc.
Funcionário
ações de melhorias gradativas
da condição dessas áreas, pela
redução da presença de orgâ-
nicos, os resíduos mais impac-
tantes.
Acumulação
do RCC Projeto em elaboração pela
Identificação Pátio de SEMA prevê a recuperação dos
e acesso descarga
lixões, inclusive o existente em
São Gonçalo do Amarante, en-
Resíduos volvendo cercamento, remo-
verdes ção dos resíduos espalhados no

158
Região Metropolitana A
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo

entorno externo e sua disposição na frente de trabalho civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
atual, controle de acesso, e início de recuperação das resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
porções degradadas já não mais utilizadas para dispo- troeletrônicos, pilhas e baterias);
sição de resíduos. 2. com pagamento de preço público, por agentes
privados, os resíduos da construção civil, resíduos
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep-
quantidade;
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e 3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
utilizarão áreas menores. resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de lagens);
manejo de resíduos sólidos oriundos das
4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
coletas seletivas urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A verdes;
CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de
operações e áreas específicas de manejo para diferentes 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
tipos de resíduos. síduos gerados nestas obras, principalmente os da
construção civil.
Na CMR poderão ser entregues:
A meta definida no Plano está estimada em 85% da ge-
1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de ração dos resíduos orgânicos e 85% dos resíduos secos
resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos gerados nos domicílios e pequenos estabelecimentos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção equiparados aos domicílios.

159
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos


Região Metropolitana A

definida neste Plano, estimada em 85% da geração dos


resíduos secos.
Para o manejo dos resíduos secos, a CMR pode ter um
Galpão de Acumulação, operado de forma articulada Foi adotada uma estratégia de implantação em quatro
com unidade instalada em município da proximidade etapas, que permitam avanço progressivo, mas também
- Galpão de Triagem que fará a segregação dos resíduos redução dos custos de investimento.
secos do município em que está instalado e dos resídu-
Respeitada a estratégia de quatro etapas, aos municí-
os secos que pode receber de municípios próximos, que
pios foram alocadas soluções de acordo com os volumes
têm apenas um Galpão de Acumulação. No caso da Re-
gerados: galpões de simples acumulação para transfe-
gião Metropolitana A, todos os municípios deverão ter
rência ou galpões de triagem manual ou mecanizada.
Galpões de Triagem.
Nos maiores municípios da Região Metropolitana A,
O Galpão de Acumulação, funcionando como estação
como é o caso de Caucaia, foram restringidas as solu-
de transferência, é concebido para atender a necessida-
ções ao máximo de 10 t/dia por turno, nesta primeira
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags
etapa, para que se considere uma “curva de aprendi-
(volume de estocagem correspondente a duas viagens).
zagem” dos novos processos. No caso de Fortaleza, que
já tem as definições traçadas em seu PGIRS, não foram
2.1.2 Galpão de Triagem
propostas soluções neste Plano, reconhecendo-se que,
sendo a capital uma das maiores cidades do país, não há
O ponto de partida para o dimensionamento dos Gal- como não ocorrerem soluções mecanizadas e automa-
pões de Triagem, instalações um pouco mais comple- tizadas para o manejo de resíduos secos, complementa-
xas, é a evolução da coleta seletiva até atingir a meta res às existentes.

Foto 21. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú

Fonte: I&T

160
Região Metropolitana A
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos
captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar

mezanino

prensa baias para 1 triador descarga


20 ton subtipos de a cada em desnível
docas de resíduos 380 kg (possível
expedição coletado rampa)
estoque ao dia silo
expedição tambores 1,5 a 2,0
1 semana triagem dias de
cargas fechadas primária coleta

Fonte: Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente

Os estudos de concepção nos municípios menores se- A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
guirão a sequência básica indicada na Figura 5, a menos ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
da necessidade de mecanização de processos em gal- durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
pões de maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e
Madeira A organização dessa área de manejo se dará da forma
indicada na Figura 6.
A área de manejo dos resíduos verdes e
madeira deve ser dimensionada para a Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de
recepção destes resíduos, organizando Resíduos Verdes
a operação em seis zonas de trabalho.
galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
A Área de Manejo de Resíduos Verdes
receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados,
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde
troncos e galhos grossos
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo
ocorrer sua trituração prévia; e a ga-
lharia e folhas serão acumuladas em
madeira Industrializada
uma grande pilha colocada em ma- capina e roçada
turação por período aproximado de
4 meses, depois de retirada a porção Fonte: I&T
para uso na compostagem.

161
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Foto 22. Acumulação de troncos e pilha para maturação de folhas e galharias

Fonte: I&T
Foto 23. Acumulação de madeira industrializada
geração dos resíduos orgânicos.

As estruturas foram dimensionadas considerando-se


dois parâmetros: 1) em municípios de menor porte
considerou-se a construção integral do galpão já na pri-
meira etapa; 2) em municípios de maior porte conside-
rou-se uma “curva de aprendizagem”, com evolução do
processo por módulos de até 300 m2, mas garantindo-
-se reserva de espaço nas CMR.

Para operação da unidade de compostagem são neces-


sários bomba sopradora e temporizador, que garantam
a aeração necessária às pilhas de resíduos, termosonda
para acompanhamento do processo de digestão da ma-
téria orgânica, e pequena peneira rotativa para penei-
Fonte: I&T ramento do composto após a maturação. O processo de
compostagem se encerrará entre 45 e 60 dias.
2.1.4 Galpão de Compostagem
Basicamente, a organização do galpão de compostagem
A operação de compostagem com pilhas estáticas em obedecerá ao zoneamento indicado na Figura 7.
galpão coberto deve ser dimensionada para a evolução
da coleta seletiva de orgânicos até atingir a meta defi- Na Região Metropolitana A serão implantados 4 galpões
nida no Plano, que se estima poder chegar a até 85% da de compostagem (um em cada CMR – São Gonçalo do
Amarante, Eusébio, Aquiraz e Caucaia) de diferentes

162
Região Metropolitana A
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem

3 Baias uso em rodízio Tubulação no piso Maturação e Resfriamento

Recepção e Mistura Estoque material estruturante Peneiramento e estoque

Fonte: ACODAL, Colômbia

portes. O município de Caucaia comporta uma insta- luções mecanizadas e automatizadas para o manejo de
lação mais sofisticada, mecanizada e com investimen- resíduos orgânicos.
to elevado, a ser viabilizada no futuro pelo Consórcio
Público ou a própria municipalidade, depois da intro- Os municípios, ou o Consórcio Público, incentivarão
dução dos galpões simplificados. Novamente, no caso que, nas áreas de compostagem de cada um deles, os
de Fortaleza, com definições traçadas em seu PGIRS, tempos vagos das equipes responsáveis por este serviço
não foram propostas soluções neste Plano, reconhe- sejam dedicados à produção de composteiras simples, a
cendo-se ser possível planejar pequenos módulos de serem ofertadas aos munícipes que adiram à composta-
compostagem pelo município, mas também que, pela gem no domicílio, ou outro ambiente gerador.
dimensão da capital, não há como não ocorrerem so-

163
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção


Região Metropolitana A

Foto 25 . Operação com a Peneira Vibratória


Civil

A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di-


mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
zona de operação foi dimensionada para estocagem e
acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
zado com a geração local e com uma agenda de aten-
dimento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo
Consórcio Público ou em decorrência de Convênio de
Cooperação firmado com consórcio próximo. Nos mu-
nicípios de maior porte estas áreas estarão inseridas nas
diversas CMR a serem implantadas.

As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume Fonte: I&T


gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR
destes resíduos para processamento e reutilização.

Figura 8 – Desenho ilustrativo da Área de São áreas ofertadas à entrega voluntária de resíduos
Manejo de Resíduos da Construção Civil provenientes de pequenos geradores ou geradores de
maior porte, entregues a preço público. Preveem es-
paço para a triagem em pátio, estimando-se a presença
Peneira Móvel predominante de resíduos da construção civil.
RCC fino
peneirado Os resíduos volumosos serão conduzidos a um peque-
no galpão coberto, para desmontagem, destinando as
madeiras para a área de Resíduos Verdes, os recicláveis
secos para o galpão de secos, os tecidos e espumas para
as baias próximas e envio posterior à cadeia produtiva.
RCC grosso Reserva
peneirado RCC limpo A operação das CMRs exigirá a permanência de uma pá
carregadeira (retroescavadeira no caso dos municípios
menores) no local, sendo usada de forma compartilha-
da nas operações das várias zonas compartimentadas
Fonte: I&T que compõem a instalação. Alguns dos equipamentos,
já descritos, serão viabilizados periodicamente, pelo
Foto 24. Área de triagem Consórcio, para o manejo de RCC, resíduos verdes e
madeiras.

2.1.7 Ecopontos

Os Ecopontos, sendo áreas de mera acumulação se-


gregada de resíduos, demandam poucas atividades de
operação; haverá um funcionário do Consórcio respon-
sável pela recepção dos resíduos e orientação aos mu-
nícipes quanto aos locais específicos de destinação de
cada tipo de resíduo.

Nesta instalação poderão ser entregues voluntariamen-


te, por munícipes, até doze tipos de resíduos, sempre
em pequena quantidade: resíduos sólidos domiciliares
secos, resíduos da construção civil, resíduos volumosos
diversos, resíduos verdes e resíduos de logística reversa
(lâmpadas, pneus, eletroeletrônicos, pilhas e baterias);

Foi considerada uma única hipótese de layout para os


Ecopontos com descarga em contêineres a partir de pla-
Fonte: I&T tô, que permitirá deslocamento de resíduos diretamen-

164
te pelos equipamentos de transporte (área em torno de cas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, no Estado do

Região Metropolitana A
700 m2), sem uso de equipamento de carga. Ceará” em fase final de elaboração. Tal Plano prevê que,
em municípios para os quais não há perspectiva de dis-
Os Ecopontos obedecem um projeto padrão, com di- posição de resíduos em aterros sanitários a curto prazo,
mensões assemelhadas nos diversos municípios. A ade- será proposta uma Solução Transitória, que prevê iso-
quação aos volumes diferenciados de geração será feita lamento da área dos atuais lixões, limitação da área de
pelo uso mais ou menos intenso pelos usuários e pela descarga e recuperação gradativa, e limpeza da área do
remoção de resíduos com maior ou menor frequência. entorno.

2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
municípios e mecanismos para criação de fontes de
negócios, emprego e renda
Para a adequação das instalações é necessário identi-
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Se-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com letivas da Região Metropolitana A se apoia na certeza de
os indicadores de referência, é possível estimar a quan- que existe mercado consumidor para todos os produtos
tidade de resíduos que as instalações receberão. que serão recuperados por meio do manejo diferencia-
do dos resíduos urbanos.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos
o acesso da população, funcionando, inclusive em um de resíduos não há coleta porque não há mercado. No
dos dias do final de semana. entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida-
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve
porta sistemática, que se expande gradativamente na
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo exces-
medida em que se implantem soluções de triagem e co-
sivo de resíduos que dificulte a operação e de forma a
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente
que as viagens até a CMR sejam otimizadas. Cada Eco-
fará surgir novos negócios.
ponto tem abrangência para atendimento de uma área
da cidade com população em torno de 25 mil habitantes, Para a colocação do composto orgânico no mercado
mas buscando-se uma distância máxima entre 1,5 km a 2 consumidor não há nenhum problema para a absorção
km, do usuário ao Ecoponto.
Foto 26. Atividade agroecológica no Ceará
Os volumes recebidos dos mu-
nícipes deverão estar limitados
ao máximo de 1m3 por descarga
efetuada. Geradores ou transpor-
tadores privados de maior porte
deverão recorrer à CMR e o uso
desta área estará condicionado ao
pagamento de preço público ade-
quado e disponibilidade de pro-
cessamento.

Com a recuperação de resíduos


propiciada pelas CMRs e Ecopon-
tos, a Região poderá estender a
vida útil dos aterros sanitários,
destinando-os progressivamente
à destinação de rejeitos.

A condição atual do lixão de São


Gonçalo deverá ser melhorada
pela implantação de projeto que
está sendo estudado pela SEMA
por meio dos “Planos de Recupe-
ração de Áreas Degradadas (PRAD)
de 81 lixões das Bacias Hidrográfi- Fonte: APRECE, Instituto Antonio Conselheiro, Quixeramobim, CE

165
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

dos resíduos pelos produtores rurais nos próprios mu- para posterior retirada pelos responsáveis. Os municí-
nicípios; dados existentes revelam que os volumes a se- pios ou o Consórcio deverão manter rigorosos registros
rem gerados são muito inferiores à capacidade regional e contabilidade dos custos incorridos em todas as ope-
de consumo de fertilizantes. (em torno de 0,6%). Serão rações realizadas, para que se efetivem acordos justos
priorizados os empreendimentos agroecológicos da Re- entre as partes.
gião, especialmente os que forem vinculados ao Progra-
ma de Aquisição de Alimentos (PAA) e aqueles vincula- Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, de Certi-
dos aos esforços pela convivência com o semiárido. ficados de Logística Reversa, a serem negociados com os
responsáveis legais pelos resíduos, diretamente ou por
Também não haverá problemas para a colocação dos re- meio das entidades envolvidas nos Acordos Setoriais.
síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen-
to de terrenos, nos menores municípios, e já existe uma 3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
crescente atenção empresarial na capital para o reapro- ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
veitamento destes materiais. O simples peneiramento MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
dos resíduos, como proposto no Plano para o primeiro
momento, qualificará os resíduos para uso em diversas
obras e serviços públicos, não oferecendo problema de A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resídu-
colocação dos resíduos qualificados. os da Região Metropolitana A foi realizada pelos mu-
nicípios (à exceção de Fortaleza), com apoio técnico da
Por fim, uma avaliação preliminar demonstra o poten- Consultoria, a partir de alguns parâmetros.
cial de utilização dos resíduos de madeira (das podas,
construção civil e desmonte de volumosos) pelas cerâ- As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
micas, frigoríficos e outras atividades econômicas da servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
Região, que demandam energia de baixo custo ou a Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
produção de vapor. Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon- do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei habitada para permitir acesso da população, num raio
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en- de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- água e energia, e com possibilidade de afetação para
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui- essa finalidade.
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a
Lei 12.305/2010. A estimativa de geração de resíduos em cada município
se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede- deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do postagem com capacidade de processamento de no má-
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defini- da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
do na Lei, que as operações realizadas pelos serviços pú- tecnológico fosse dominado. O resultado desse trabalho
blicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos é um Sistema Regional de Manejo, complementar ao já
relativas à logística reversa de embalagens poderão ser existente em Fortaleza, composto por áreas na sede e no
devidamente remuneradas. território dos municípios, com 4 CMRs e 31 Ecopontos,
sendo 18 nas sedes municipais e 13 em distritos, indica-
Será necessário, assim, que o Consórcio, em nome dos
dos no mapa a seguir.
municípios associados, ou os municípios diretamente,
negociem acordo no sentido de remunerar as atividades
3.1 Divisão do município em setores para
realizadas para transporte e triagem dos resíduos secos.
coleta seletiva
A implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon- Nos municípios com população urbana na sede superior
sabilidade do setor privado. a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon-
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para
Em todos esses casos, a participação do poder público entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais
no processo resume-se ao recebimento de pequenas uma setorização de forma a definir a área de abrangên-
quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs, cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil

166
Mapa das áreas de manejo

Região Metropolitana A
MA
CE
RN
PI
PB

F_1PE

"
) CMR
!
H Oceano Atlântico

H
! H
! Ecoponto
CE
-11
62

7
CE-163

CE-1

H
! 22 Fluxo municipal
341

E-4
C
CE-

"
)
H
!
Metropolitana A
CE-156
SÃO GONÇALO
DO AMARANTE

CE
Divisa Municipal

C
E0
-4 21

9
23

0
H
!
CE-4

BR-222 BR-222
BR-2
!
H 22 H
!
CE
-3
41

H
!
Setor Censitário
421
Urbano
BR-2

90
22 H
! H
!
CE-
CAUCAIA

-0
!!
H

CE
H
"
) H
! H
!
H
!
H
! H
!
H
!
H
! BR
-2 22 H
!
CE-08
5
H
! BR-0 20
FORTALEZA
H
!
H
!
H
! Rodovias
-0 20 H
! CE
BR -5
!
H H !
! H 22

H
! H
! H
! H
!
H H
! ! H
!

CE-040

10
H !
H

-0
! H
!

CE
H
!

BR
H!
! H H
!

-0
20
H
! CE-025

65

CE-0 10
H
!

0
E-
H
! H
!

C
H
! H
! CE
-0
21

CE-010
20 H!
! H H
! H
!
-0
BR H
!
BR-02
0 ! H EUSÉBIO
H20 !
-0
BR

CE
-0 2
1
"
) CE
-2 0
H
! 7

!
H
H
!
H
! AQUIRAZ "
) CE-453

H
! H
!
H
! H
!

H
! H
!

CE
-0
40
3
CE-54

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
3.2 Pré-dimensionamento das equipes cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
administrativa e operacionais. rações:
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada ções, definição dos contratos, e início das operações
da gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do de compostagem;
número de instalações planejado pelas equipes locais
• Cenário II – com operações de compostagem em
e da decisão de adoção ou não da Gestão Associada, de
curso e início das operações extensivas de coleta se-
forma a centralizar no Consórcio Público, estabelecido
letiva de resíduos secos;
como autarquia intermunicipal, a coordenação de todo
o processo. • Cenário III – com operações de compostagem já
consolidadas e operações com resíduos secos com-
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
ponda às exigências do período: menores no início do maiores municípios associados.
processo de gestão associada e maiores no período em
que maior número de atividades estiver implantado e Na estrutura departamental proposta para o Consórcio
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente. Público, ou nas equipes locais, deverão estar presentes,
além de eventual Presidência e Superintendência: As-
O número de servidores do eventual Consórcio Público, sessoria Jurídica e Ouvidoria; Planejamento e Contro-
e seus cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no le; Comunicação, Mobilização e Educação Ambiental;
Protocolo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos Prestação de Serviços; Administrativo e Financeiro; e,
municípios. O Protocolo, que aprovado se transformará Tecnologia de Informação. No primeiro cenário esta
em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma equipe administrativa deve atingir 12 profissionais con-
167
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

cursados, coordenados pelo Superintendente. Foto 27. Ecoponto operando com caçamba estacionária

Na equipe responsável pela “Prestação de Ser-


viços” sugere-se a presença de 3 técnicos dedi-
cados à orientação do processo de composta-
gem e organização da destinação do composto
produzido; ao controle do uso em rodízio dos
equipamentos de manejo do RCC e Madeira
(Peneira Vibratória e Picador); e, por último,
dedicados à viabilização do comércio dos resí-
duos recicláveis secos obtidos no processo de
triagem.

3.2.1 Dimensionamento das equipes


operacionais das Centrais Municipais de
Resíduos

As equipes operacionais serão compostas de


um Encarregado Geral e Auxiliares Opera-
cionais, evoluindo em dimensão conforme
avança a implementação das atividades. O En-
carregado responderá pela coordenação das Fonte: I&T
atividades na CMR e também pela remoção
dos resíduos captados nos Ecopontos próxi- 3.3 Investimentos necessários
mos, articulando esta operação do município ou Con-
sórcio Público. Na elaboração do Plano de Coletas Seletivas da Região
Metropolitana A foram estimados custos de implanta-
Na CMR ocorrerão operações integradas com os vários ção da infraestrutura em geral e dos principais compo-
resíduos, compartilhando-se espaços, equipes, contro- nentes das instalações, com base nos indicadores do Si-
les e equipamentos. Decorrente do volume de resíduos napi-CE (base julho/2017) e consultas complementares
gerados, as equipes nas CMR variarão entre 5 a 13 fun- ao mercado.
cionários (excetuada Fortaleza).
Os custos indicados para as CMR incluem serviços pre-
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões liminares, cercamento e divisórias internas, portão,
de Triagem baias e galpões para desmonte de volumosos e armaze-
namento de resíduos com alguma periculosidade (RCC
São equipes que também evoluirão com o crescimento Classe D e outros).
das coletas seletivas. Os parâmetros adotados para o di-
mensionamento são aqueles propostos em manuais do Às 4 CMR planejadas corresponderá um investimento
Ministério das Cidades. de R$ 756.956,62; aos 31 Ecopontos R$ 4.764.319,81. Os
equipamentos de carga e de transporte interno (ou en-
No Cenário II, quando serão iniciadas as operações de tre Ecopontos e CMR) foram considerados como insu-
triagem de resíduos secos, as equipes nos 4 galpões de mos locados nos mercados locais.
triagem variarão entre 23 funcionários e 42 funcioná-
rios, no maior galpão, em Caucaia. Para o processo de compostagem os investimentos ini-
ciais prevêem:1) a implantação de um galpão de com-
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
Ecopontos de telhas onduladas e piso concretado, equipado com
baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador,
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma
de resíduos, é recomendável que as instalações perma- guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,
neçam abertas pelo maior tempo possível, todos os dias sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de
da semana, além de um dos dias do final de semana. água, para suporte à equipe inicial de operadores.

O número de funcionários necessários a este serviço é Desta forma, na Região Metropolitana A, o investimen-
um por Ecoponto, com cargo de Auxiliar Operacional, to inicial em 4 galpões de compostagem completos seria
sob coordenação do Encarregado Geral da CMR. de R$ 376.868,59.

168
Região Metropolitana A
Quadro 16 – Investimentos em estruturas para recuperação de resíduos

Investimentos - Coletas Seletivas Múltiplas (R$)

Galpão de
Equipamentos Ecopontos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de
Móveis RCC e simples e com
básica das CMR (4) Compostagem (4) Triagem RS secos Apoio (4)
Madeiras (2) platô (31)
(4)

756.956,62 376.868,59 4.651.055,78 230.000,00 319.189,75 4.764.319,81

Total: 11.098.390,55

Investimentos per capita (R$)

1,59 0,79 9,76 0,48 0,67 10,00

Total: 23,30

Nota (*): Não estão considerados investimentos na capital, Fortaleza


Fonte: I&T

Na Região Metropolitana A os investimentos iniciais implantação da compostagem dos resíduos orgânicos,


para recuperação dos resíduos secos em todos os muni- coletados de forma seletiva. Para municípios da Região
cípios são estimados em R$ 4.651.055,78 para 4 Galpões a implantação da coleta seletiva de orgânicos avançará
de Triagem completos. em 3 etapas, determinando que sejam acrescidos novos
módulos de galpões de compostagem.
Os investimentos para qualificação do RCC e das ma-
deiras, de forma a ampliar sua capacidade de reutili- Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
zação, serão feitos em equipamentos móveis, para uso alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
compartilhado por todos os municípios: R$ 50 mil esti- da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
mados para uma Peneira Móvel e R$ 180 mil para um Pi- de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
cador Florestal sobre carreta homologada, que atende- junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
rão apenas as demandas iniciais do processo de gestão. seletiva de secos).

O quadro geral dos investimentos necessários para o Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a
início de todas as atividades planejadas deve considerar qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. Os municí-
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- pios, ou o Consórcio Público, deverão planejar o proces-
belecida em cada uma das CMR inicialmente planeja- so gradativo de alteração das rotinas de coletas, buscan-
das. Desta forma, os investimentos iniciais e seu impac- do manter ao máximo os termos contratuais, de forma
to na população urbana da Região Metropolitana A são a reduzir o impacto das novas coletas sobre as empresas
indicados no Quadro 16. contratadas, sem colocar em risco o cumprimento das
metas do Plano. Algumas rotas serão alteradas para co-
leta seletiva de orgânicos em parte da cidade, em dias
alternados com a coleta de indiferenciados; as demais
4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA permanecerão como estão.
PARA O MANEJO DIFERENCIADO Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas-
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva-
Afora as definições já existentes no PGIRS de Fortaleza, a mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos.
implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá mu- Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta
danças e ajustes na forma como atualmente se realiza a a porta introduz-se uma terceira coleta.
coleta de resíduos nos municípios restantes. Na Região
Metropolitana A, a prática predominante é a coleta de 4.1 Definição de rotas e frequência para coleta
resíduos domiciliares indiferenciados – só há coletas se- e transporte dos materiais coletados
letivas em Eusébio.
Nos municípios ou áreas de municípios em que a cole-
A primeira etapa de implementação do Plano será a ta é feita diariamente é muito simples a implantação da
169
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas al- de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
ternadas, como ocorre em grande parte das cidades bra- em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
sileiras, sem problemas inclusive nas cidades maiores. igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
mização dos fluxos e da logística de coleta.
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez que A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
há contratos em andamento, que provavelmente serão em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
renovados, e ainda não é possível prever o teor das al- gida a escala de todo o território, custa em média 25%
terações. a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
Para o período seguinte, informações que deverão ser resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio, ou o próprio ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
município, poderão indicar necessidade de revisão dos ramento sem reaproveitamento.
roteiros de coleta atualmente praticados, no sentido de
tornar o processo mais eficiente. Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
resíduos secos para todo o território dos municípios
A coleta dos resíduos orgânicos seria, portanto, feita em permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
dias alternados em todos os municípios, com as equipes res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
gestoras calculando os volumes a coletar e traçando as para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
novas rotas, dia a dia. lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
4.2 Introdução da coleta em três frações ta dos diferentes tipos de resíduos.

No momento da implantação da coleta em três frações, A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre-
será introduzida uma outra coleta, exclusiva para resí- quência semanal, já experimentada em quase todos os
duos secos. municípios que praticam coleta seletiva de secos, com
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac-
A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a coleta seletiva terísticas permitem armazenamento nas residências
não é mais uma opção, de acordo com as conveniências por esse período sem gerar incômodos.
do governo local, mas uma exigência. Assim, a definição
de um modelo eficiente de coleta se impõe. O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru-
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs
As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem vanta- poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con-
gens e desvantagens. Em uma análise simples de logística sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios ope-
de transporte, é possível visualizar uma solução inter- rar o transporte pelo eventual Consórcio, deverão ser
mediária, mista, que agrega boa parte das vantagens de utilizados caminhões poliguindaste para transporte dos
ambos os processos, aumenta a eficiência e reduz custos. resíduos em contêineres, simplificando bastante a ope-
ração do Ecoponto.
Este modelo consiste na coleta porta a porta por um
coletor munido de um carro bag. Este coletor dialoga Não existe uma frequência pré-definida de transporte,
com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta, uma vez que pode haver variação na disposição de re-
controla a qualidade da segregação e acumula os resí- síduos pelos usuários. Com algum tempo de funciona-
duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag mento, o Consórcio ou equipes locais poderão prever
estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de com melhor precisão as rotinas de transporte desses re-
acumulação, de onde será transportado à CMR por um síduos voluntariamente entregues nos Ecopontos.
caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
porte do município. A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na
mesma viagem terá que ser totalmente abolida.
A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami- Ecopontos ou na CMR – resíduos de construção, resídu-
nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a os verdes do domicílio e resíduos volumosos.
desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
de rejeitos entre os resíduos valorizáveis. Em regiões das cidades onde predominam moradores
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-
A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte- tas especiais programadas desses resíduos com veículos

170
Foto 28. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Região Metropolitana A
Fonte: elaboração I&T

Foto 29. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Fonte: I&T

da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente tensiva de secos na Região Metropolitana A envolverá o


identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro tempo de trabalho de 92 coletores e 19 caminhões, ini-
dos respectivos terrenos até o momento da coleta. cialmente (excetuando-se Fortaleza).

4.3 Equipamentos e equipes das Coletas 4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde
Seletivas do trabalhador para operação das áreas de
manejo
A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra-
existentes, sem alteração do número de equipamentos e balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta de
das equipes envolvidas. Será extremamente importan- resíduos, segregação nos locais de tratamento, prepara-
te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a ção para venda, carregamento e descarregamento de re-
ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência síduos e operação de todas as atividades de tratamento.
nos processos do Galpão de Compostagem.
O Consórcio (ou as equipes municipais) deverá elaborar
Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e
geradores obrigará a introdução de novas equipes e no- Plano de Controle Contra Incêndio (PCI) para cada uma
vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar das CMRs da Região, garantindo que todas as normas de
agregados aos contratos em vigor. segurança sejam permanentemente observadas, além
de Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no nal (PCMSO) dos trabalhadores envolvidos. Deverão ser
Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou utilizados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e Individual (EPI) nas instalações, sempre que as ativida-
se expande a coleta seletiva de resíduos secos, confor- des a ser executadas assim exigirem.
me propostas de metas de avanço. O início da coleta ex-

171
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

5. ESTRUTURAR A MUDANÇA
Região Metropolitana A

participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla-


COMPORTAMENTAL no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de
orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re-
síduos gerados no ambiente escolar.
A implementação das coletas seletivas múltiplas exige
um profundo processo de mudança comportamen- Para as mudanças comportamentais necessárias será
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo imprescindível o envolvimento dos estabelecimentos
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, comerciais (lojas, mercantis, quitandas, distribuição de
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- materiais de construção etc.) para que se responsabili-
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, zem pelo anúncio dos novos endereços para disposição
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e dos resíduos e novas regras.
prestadores de serviços. Há mudanças comportamen-
tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para
o futuro, operando principalmente no ambiente esco- 6. CONSTRUIR E ESTABILIZAR A
lar, preparando as novas gerações para a continuidade INSTITUCIONALIDADE DA GESTÃO
e aprofundamento do manejo responsável de resíduos
no ambiente urbano.
As coletas seletivas múltiplas reduzirão o recurso aos li-
Para isso deve-se começar pela ampla divulgação da xões e aterros como destino de resíduos, mas exigirão
mudança operacional que se fará com as coletas seleti- a construção de uma instância de gestão forte, bem es-
vas múltiplas, de maneira geral, e enfatizando cada eta- truturada, com escala operacional que reduza custos e
pa de implantação. melhore a produtividade nas ações.

Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das novas Como mencionado em várias passagens deste Plano,
práticas para a correta segregação dos resíduos na fonte essa instância envolve 5 municípios que compõe a Re-
de geração, das formas adequadas de disponibilização gião Metropolitana A contemplados pelo projeto de im-
dos resíduos para coleta e do novo calendário das cole- plementação de coletas seletivas nas bacias prioritárias
tas porta a porta. Mas também dos novos endereços para do Ceará.
disposição dos resíduos volumosos, verdes e da constru-
ção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos resíduos da Para essa construção, iniciou-se durante a etapa de pla-
logística reversa que deverão ser levados a esses locais. nejamento, a discussão de uma Minuta de Protocolo de
Intenções com os municípios da Região, apontando a
Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo- constituição de um Consórcio Público como caminho
bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes preferencial.
de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
contatos diretos periódicos em todos os domicílios em A construção do Consórcio é muito importante para a
cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio obtenção de recursos do Governo do Estado para a im-
para as mudanças comportamentais imediatamente plementação do Plano, uma vez que consórcios inter-
necessárias. municipais para a gestão de resíduos sólidos têm prio-
ridade na alocação de recursos estaduais, conforme
A Região conta com 3.151 agentes de saúde e 1.767 agen- definição da Lei 16.032/2016.
tes de combate a endemias, conforme detalhado no
Diagnóstico. O Consórcio eventualmente formado deve ter uma
equipe própria suficiente para realizar todas as ativi-
Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas dades de planejamento, fiscalização das posturas dos
escolas, com o desenvolvimento de atividades de educa- usuários e das atividades operacionais de coletas nos
ção ambiental centradas na não geração, redução de ge- municípios,
ração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se de
expor cotidianamente às novas gerações em formação, O Protocolo mencionado trata também de um aspecto
nas 2.739 escolas da Região, os caminhos que devem ser particularmente importante das coletas seletivas, que
seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no am- é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos
biente escolar - daqueles das salas de aula, aos adminis- resíduos processados: composto orgânico, resíduos se-
trativos, aos de reparo das instalações, aos de logística cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos volu- da construção civil segregados corretamente. Para isso
mosos, aos da cantina escolar e outros. é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
Todas as 2.739 escolas serão estimuladas a elaborar, com ciado, receptor dos resultados da comercialização, para

172
cobertura de custos operacionais e aplicação no inves- formações para que as desconformidades na coleta se-

Região Metropolitana A
timento de novas instalações que integrarão o Sistema jam corrigidas, e campanhas sejam reforçadas.
Integrado de Áreas de Manejo planejado para a Região.
Um sistema de monitoramento da coleta e da operação
A discussão entre os municípios sobre a implantação de das áreas de manejo implica a estruturação de proces-
um Consórcio na Região não evoluiu a ponto de haver sos de registros de informações e produção de indica-
uma definição quando da finalização deste Plano. dores capazes de orientar ações corretivas e preventi-
vas. Deverão ser monitorados os vários tipos de coleta,
6.1 Definição das responsabilidades para as operações nos 31 Ecopontos e nas 4 CMR, e aspectos
implementação do Plano de Coletas Seletivas específicos como a eficiência e eficácia dos processos e a
qualidade dos materiais produzidos.
A proposta discutida pelos municípios divide as respon-
sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis 6.4 Periodicidade de revisão do plano
pela gestão de resíduos, o eventual Consórcio e o Go-
verno Estadual, no tocante ao planejamento, regulação, Este Plano de Coletas Seletivas é entendido como um
fiscalização, prestação dos serviços, implantação das detalhamento do Plano Regional de Gestão Integrada
unidades de manejo, venda dos materiais recuperados e de Resíduos Sólidos. Definição da Lei 12.305/2010 reco-
cobrança para sustentabilidade dos serviços prestados. menda que seja observada a vigência dos Planos Pluria-
nuais na definição da periodicidade de revisão dos pla-
6.2 Programas e ações de capacitação nos municipais (e intermunicipais) de gestão integrada
técnica voltados para a implementação e de resíduos sólidos. Portanto, a periodicidade sugerida
operacionalização das Coletas Seletivas é de quatro anos, adotada também para os planos mu-
nicipais de saneamento básico.
Para que a implementação e a operação das Coletas Se-
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio No caso deste Plano de Coletas Seletivas, sua elaboração
deverá desenvolver programas e ações de capacitação ocorreu no período de revisão do PPA; sugere-se, por-
técnica para sua estruturação institucional, implantação tanto, que seja revisado em 2021 pela primeira vez e daí
das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi- em diante sempre no ano de elaboração do PPA, de for-
ções irregulares, operações de compostagem e triagem ma, inclusive, a incluir no PPA as ações cabíveis.
de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
Avaliações do estágio de implementação do Plano deve-
monitoramento geral da eficácia das operações.
rão ser feitas anualmente, a partir dos relatórios perió-
Essa capacitação será essencial para transformar as prá- dicos sobre a qualidade da prestação dos serviços exigi-
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas. do pela Lei 11.445/2007, instrumentos importantes para
a revisão do Plano, e divulgadas para os usuários.
6.3 Monitoramento e indicadores, controle
e fiscalização da implementação e
operacionalização no âmbito local
7. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos, INCLUSÃO SOCIO PRODUTIVA NA
estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí- ESTABILIDADE DA GESTÃO
pios da Região Metropolitana A (com exceção de São
Gonçalo do Amarante) que contratam serviços, o con-
Os levantamentos de informações realizados nos mu-
trole e a fiscalização da execução dos contratos devem
nicípios para elaboração deste Plano identificaram que
ser feitos pelas secretarias municipais contratantes e
em alguns municípios da região, como em Eusébio,
órgãos de controle do município.
existe uma forte relação institucional com a Associação
Ao município, portanto, caberá a verificação de cum- de Catadores local que realiza a coleta seletiva porta a
primento de rotas, calendário, horários, condição de porta; Fortaleza tem uma histórica relação com as enti-
operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes dade de catadores e São Gonçalo do Amarante, embo-
de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de ra de forma restrita, oferece apoio às entidades locais;
uniforme e equipamentos de segurança e proteção in- nos Municípios de Caucaia e Aquiraz, embora houvesse
dividual, eficiência da coleta. história de relação institucional entre o poder público
municipal e as entidades de catadores, hoje esta relação
Ao eventual Consórcio caberá a fiscalização em relação é inexistente.
à segregação dos resíduos que entram nas CMRs da Re-
gião, sendo necessário um intenso intercâmbio de in- Entretanto, as ações realizadas pelos catadores para re-

173
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Foto 30. Associação de Catadores de Eusébio ACEU

Fonte: I&T

cuperação de resíduos domiciliares, em grande parte, mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
são feitas à margem da formalização exigida pela Lei que neles estejam presentes.
11.445/2010, que é clara – serviços como o de coleta se-
letiva de resíduos secos recicláveis são parte do serviço Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es-
público, e só podem ser prestados sob contrato. Na re- tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia
gião Metropolitana A cabe ressaltar os avanços ocorri- produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi-
dos em Eusébio e algumas iniciativas que ocorrem em ca de cooperativas e associações de catadores. De forma
Fortaleza. complementar, apresentam-se em anexo minutas dos
principais instrumentos para parcerias entre a Admi-
Assim, a alternativa de envolvimento de cooperativas nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil –
ou associações de catadores neste serviço só poderá ser OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
efetivada se for objeto de um contrato, como qualquer de instruções para a formalização de associações e coo-
prestador de serviço, com estabelecimento de deveres, perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
obrigações e direitos, mesmo que acionada a possibili- vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
dade de dispensa de licitação prevista em lei. cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres-
Será importante que o Consórcio, ou os municípios di- tação de serviços entre a Administração Pública e coo-
retamente, criem programa de apoio à formalização das perativas de catadores.
organizações, programa de capacitação e programas de
fomento às organizações para o manejo de embalagens, Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
orgânicos, volumoso, eletroeletrônicos e outros. de um programa específico voltado à formalização da
presença dos empreendimentos comercializadores de
7.1 Estratégias de incentivo para a materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
formalização das cadeias produtivas da
reciclagem 7.1.1 Apoio aos catadores

A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí- A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que
duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita os catadores têm na coleta, separação e venda de reci-
que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co- cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso
operativas ou de outras formas de associação de cata- exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- são social e à emancipação econômica deste segmento.
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem Nos lixões os catadores trabalham em condições pre-
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- cárias e na sua maioria se encontram em situação de
extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e

174
precisam fundamentalmente de programas e ações de Enquanto as questões relacionadas a organização e fun-

Região Metropolitana A
combate à pobreza e geração de trabalho e renda. cionamento das cooperativas ou de outras formas de as-
sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito
Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública do apoio, a priorização da contratação das cooperativas
e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru- ou de outras formas de associação de catadores deve ser
mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-
social e à emancipação econômica dos catadores. merciais. Assim a Administração Pública deve observar
a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
na legislação significa criar condições adequadas, de
de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
forma a impulsionar e estimular a participação destes
e organização produtiva com base na economia solidá-
empreendimentos sociais como prestadores de serviço.
ria e autogestão.
Desta forma, a Administração Pública deve remunerar
Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
as cooperativas ou associações de catadores quando da
regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
contratação dos serviços de coleta e triagem de resíduos
ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em que
dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
o faria para contratação de uma empresa prestadora de
de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
serviços.
13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em
ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs. atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas,
alocando as organizações de catadores e seus núcleos de
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos
OSCs podem firmar termos de colaboração visando
recicláveis diversos.
atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
por meio de atividades, realizadas de modo contínuo Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
e permanente, como programas de assistência social, um Sistema de Áreas de Manejo, a ser eventualmente
alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de gerido por um Consórcio Público da Região Metropo-
habitação popular, ou parcerias no formato de projetos, litana A, assume importância a perspectiva de organi-
limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as- zação do fomento aos catadores por meio de uma co-
sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem. operativa ou associação de abrangência regional, que
articule os grupos de catadores em cada município, por
Há uma série de exigências formais a serem cumpri-
menores que sejam, permitindo o desenvolvimento de
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que
atividades localmente planejadas.
apresenta um roteiro para a constituição de associações
e cooperativas de catadores.
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
Considerando que o mecanismo de chamamento pú- comercializadores de material reciclável
blico é um dos instrumentos fundamentais na cele-
bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
Plano, edital de chamamento público para termos de formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou apenas
modalidade de parcerias entre a Administração Pública intermediando negócios e efetuando o transporte entre
e as Organizações da Sociedade Civil. agentes, carecem de formalização das suas atividades.
Esta necessidade deve ser atendida com o desenvolvi-
7.1.2 Fomento às cooperativas mento de um programa específico voltado ao incentivo
à formalização, mas também apoiado no esforço de fis-
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o calização das condições de trabalho oferecidas e condi-
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de ções sanitárias existentes.
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de
Três motivos tornam o desenvolvimento deste progra-
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona-
ma bastante importante. Em primeiro lugar o fato de
mento de cooperativas ou de outras formas de associa-
que são agentes já estabelecidos, numerosos, e que fa-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
zem uma movimentação de materiais em volume ex-
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como
pressivo, porém ainda desconhecido. Dados anteriores
sua contratação”. Também é importante ressaltar que
sugerem que este volume seja em torno de 04 vezes su-
esta priorização só pode se dar por meio de contrata-
perior ao dos programas de reciclagem com apoio dire-
ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação,
to do poder público.
conforme a Lei 11.445/2007.

175
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes es- nui o porte da população atendida, como pode ser ob-
tabelecimentos são alimentados por um número sig- servado a seguir.
nificativo de catadores “de ofício” ou por munícipes de
menor renda que buscam ampliação de seus proventos, Gráfico 6 – Despesa mensal (parcial) per capita
recorrendo a segregação de resíduos para tanto. É atual- com serviços de manejo de resíduos sólidos e
mente da natureza dos estabelecimentos comercializa- limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
dores de menor porte, assegurarem seus resultados eco- Pacatuba
nômicos a partir de uma relação desqualificada com os
Pacajus
seus fornecedores de materiais. As relações dos estabe-
lecimentos com os catadores são bastante arcaicas, típi- Ocara
cas de atividades informais, e precisam ser qualificadas.
Maranguape
Por último, a necessidade de formalização se imporá pela Maracanaú
demanda que se mostrará crescente para uma presença
mais significativa dos estabelecimentos na efetivação de Itatinga
um fluxo de “exportação” dos resíduos da região gera- Horizonte
dora. O conjunto destes estabelecimentos, com todas as
suas precariedades, constitui hoje o caminho para a des- Guaiúba
tinação de resíduos recicláveis que serão necessariamen- Chorozinho
te coletados de forma muito mais intensa. Este conjunto
expressa um fluxo regional de captação e destinação de Fortaleza
resíduos importantes e valorosos que precisará ser ativa- Eusébio
do pelo Poder Público, por meio do Consórcio Público e
seus instrumentos de atuação, já descritos neste plano, Caucaia
para destinação e valorização de resíduos. Aquiraz

6.000 12.000 18.000 24.000 30.000


Fonte: Elaboração I&T
8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação
DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E de serviços públicos das Coletas Seletivas
FINANCEIRA Múltiplas e formas de cobrança

De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra- A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar
sileiros que responderam ao questionário do Sistema a composição dos custos municipais para a prestação
para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana.
caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual
para 38,6%. em que meramente são afastados os resíduos do espaço
urbano onde são gerados, em relação à situação com as
O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu- coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas
nicípios com menos de 30 mil habitantes (pop total) é e postos de trabalho, redução de impactos e custos no
de R$ 7,13 por habitante ao mês. Para a faixa entre 30 meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al-
mil e 100 mil habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e terações diretas são:
para a faixa entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$ • Ampliação do custo de coleta pela introdução da
7,08. Para municípios do porte de Caucaia o custo é de coleta diferenciada de secos após o início do proces-
R$ 8,84 por habitante por mês. Estes custos englobam so com o manejo de orgânicos;
todas as despesas dos serviços de limpeza urbana e ma-
nejo de resíduos sólidos, inclusive disposição final. • Ampliação dos custos de destinação pela introdu-
ção do processamento de resíduos;
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios • Redução geral de custos pela contabilização das re-
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- ceitas geradas com os materiais valorizáveis;
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá ana- • Redução geral dos custos pela eliminação de parte
lisar a estrutura de custos na Região Metropolitana A. do custo de aterramento;
• Redução geral de custos pela ampliação da escala
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir- de manejo dos resíduos sólidos, decorrente da even-
mar que os gastos se ampliam na medida em que dimi- tual gestão associada por Consórcio Público.

176
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole- Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras

Região Metropolitana A
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu- e resíduos da construção civil, quando adequadamente
ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem manejados, geram receitas – excedente econômico que,
em substituição ao de aterramento; para os resíduos se- gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
de destinação por triagem, em substituição ao custo de ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e Na Região Metropolitana A, especial atenção deverá ser
Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi- dedicada à realização das receitas oriundas da comer-
ções irregulares ou coleta especial destes resíduos. cialização das embalagens e produtos recicláveis pre-
sentes no RCC e volumosos, 63,54%% da receita total po-
Em geral, na análise dos novos custos incidentes não há tencial, e das oriundas da madeira recuperada, 12,66%
sentido em uma análise por município, na medida em da receita total potencial.
que a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio
Público. O custo é regional e dele participam os mu- Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu-
nicípios na forma estabelecida em Contrato de Rateio nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o
(Lei 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das recurso a uma Organização Social, a instituição de um
operações. Também não há sentido em uma análise de Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
custos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni-
Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos
física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre
integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien-
cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi- te, responderá pela comercialização dos resíduos em
tárias reduzam os custos das deficitárias. Já na Região nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
Metropolitana A, ocorrendo a continuidade de gestão dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de
de forma individualizada, algumas vantagens deixarão Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
de se manifestar. mento dos custos operacionais com a coleta e processa-
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão
De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta- de catadores.
das estimativas de custos para os novos processos.

Quadro 17 - Coletas Seletivas Múltiplas – novos custos

Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)

Total 111.967,55 431.616,79 58.040,86 485.865,68 1.087.490,88

Custo per capita no


Consórcio 0,24 0,91 0,12 1,02 2,29
(R$/hab.urb. mês)

Quadro 18 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas

Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)

Custo total (*) 71,82 16,08 39,76 86,02 46,74

(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume

177
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

Quadro 19 – Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos Futuramente poderá ser con-
tratados na Região Metropolitana A siderada pelos municípios, ou
pelo Consórcio, a discussão de
créditos, junto aos responsáveis
Quantidade Valor de venda Valor potencial de legais (fabricantes, distribuido-
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) res e outros) por efetivação da
logística reversa de embalagens
e alguns resíduos especiais.
Composto (t) 187,20 148,50 27.799,20

Embalagens (t) 713,51 280,63 200.236,77


9. DEFINIR O PAPEL
Estruturante (m³) 309,86 5,00 1.549,28 DO ESTADO COMO
INDUTOR DO AVANÇO
RCC Classe A (m³) 475,25 32,00 15.208,00
NECESSÁRIO
Madeiras (m³) 3.989,67 10,00 39.896,70

Na tradição brasileira, até a edi-


Recicláveis (t) (RCC e
30,45 1.000,00 30.450,81 ção da Lei 12.305/2010, os Esta-
volumosos)
dos praticamente não exerciam
Total - - 315.140,76 papel de relevo no tema dos re-
síduos sólidos, a não ser como
Fonte: Elaboração I&T licenciadores dos empreendi-
mentos viabilizados pelos mu-
O Fundo Regional de Financiamento será alimentado nicípios.
também por recursos oriundos dos Fundos Especiais de
âmbito municipal. O fundo municipal – Fundo Especial O Estado do Ceará, no entanto, tem atuado em várias
para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – recepciona- frentes no tema dos resíduos sólidos: elaborou em 2012
rá os recursos provenientes do ICMS Sócio Ambiental, seu Plano de Resíduos Sólidos, elaborou um estudo de
os recursos provenientes de multas e outras receitas, regionalização para adequação da escala de gestão, es-
as dotações orçamentárias para cobertura do custo de tão em elaboração os Planos Regionais de Resíduos Só-
limpeza urbana (custos indivisíveis) e os recursos pro- lidos para 11 das 14 Regiões estabelecidas para a gestão
venientes da arrecadação da TRSD – Taxa de Resíduos dos resíduos sólidos.
Sólidos Domiciliares para cobertura do custo de manejo
de resíduos (custos divisíveis). Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita-
rão, aos municípios, o cumprimento da exigência le-
Apontar a solução para recuperação dos custos dos ser- gal, os Planos de Coletas Seletivas, descendo a detalhes,
viços públicos é determinação legal da Lei Federal de como observado neste documento, dão a eles instru-
Saneamento Básico (11.445/2007) e da Política Nacional mentos imediatos para a implementação de ações e iní-
de Resíduos Sólidos (12.305/2010) que tem que ser cum- cio do processo de mudança.
prida. Este Plano de Coletas Seletivas considera que as
boas soluções tecnológicas, gerenciais e de engenharia Apoiando os municípios no preparo deste Plano de Co-
devam ser buscadas para que se expresse aos munícipes letas Seletivas da Região Metropolitana A, o Estado do
o menor valor possível, sem renúncia às receitas possi- Ceará anunciou a intenção de ir mais além, apoiando
bilitadas pela valorização dos materiais. Considera ainda também sua implementação.
que os valores eventualmente lançados em IPTU devam
ser direcionados à recuperação dos custos indivisíveis,
9.1 Apoio aos investimentos iniciais
por meio do Fundo Especial do município e a Taxa de
Manejo de Resíduos Domiciliares, operada pelo eventu- A implantação das instalações obedecerá ao cronograma
al Consórcio Público, deve ser lançada para recupera- geral já apresentado. No primeiro ano está prevista a im-
ção dos custos divisíveis relativos à coleta, tratamento e plantação das seguintes instalações da CMR de cada mu-
destinação de resíduos, de forma que os municípios da nicípio: módulo inicial de galpão de compostagem com
Região Metropolitana A possam sair da atual situação de guarita coberta, equacionamento da peneira móvel e do
descumprimento de dispositivo legal. Por final, nova- picador de madeiras; no segundo ano serão implantados
mente para adequação a dispositivo legal, o Plano consi-
No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu-
dera que os preços públicos têm que ser instituídos para
lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
a absorção eventual de resíduos de grandes geradores.
apoio nas CMR.

178
Gráfico 7- Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental na Região Metropolitana A

Região Metropolitana A
2.500

2.000
ICMS - 2% (mil R$)

1.500

1.000

500

0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Metropolitana A - Repasses ICMS Socioambiental

Fonte: SEMA

Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- • compromisso com a reconfiguração da coleta de
mento pelos municípios ou pelo Consórcio Público, por resíduos domiciliares executada por execução direta
se tratarem de obras bastante simplificadas. ou contrato terceirizado;
• adoção de solução para a recuperação dos custos
Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce-
operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen-
preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do
do serviço público.
ICMS Sócio Ambiental.

O histórico da Região do Metropolitana A em relação 9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente


ao repasse destes recursos nos últimos anos pode ser
analisado no Gráfico 7, do qual não constam os dados Além de aporte de recursos financeiros, o apoio do Es-
de Fortaleza. tado à gestão se fará pela cessão de um servidor – Ges-
tor Ambiental Residente - técnico com as qualificações
Observe-se que o valor de um único ano, considerada requeridas, que exercerá por algum tempo o cargo de
a média dos repasses efetuados nos três últimos anos, Superintendente do Consórcio que será criado apoian-
corresponde a 2,5 vezes os investimentos iniciais neces- do seu Presidente e a Diretoria (escolhidos todos entre
sários à implantação das Coletas Seletivas Múltiplas, ex- os prefeitos da Região Metropolitana A).
cluído o cercamento da área, em quatro dos cinco mu-
nicípios da Região. Ao técnico cedido pelo Estado incumbirá, em conjun-
to com os gestores e técnicos locais, estruturar o órgão
O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que intermunicipal na forma estabelecida no Protocolo de
terão prioridade para investimentos os municípios que Intenções e neste Plano.
tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação. Será essencial seu papel de capacitador das equipes
locais, transmitindo conhecimento, viabilizando solu-
Ocorrendo o avanço da gestão associada por Consórcio ções, sustentando procedimentos, motivando a qualifi-
Público na Região Metropolitana A, alguns outros con- cação técnica e gerencial da equipe do Consórcio e dos
dicionantes estão estabelecidos pelo Estado para acesso municípios.
dos municípios aos recursos por ele gerenciados:
A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien-
• existência de área afetada adequada para a implan-
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá
tação da CMR;
um processo de informação continuada destes Gesto-
• reconhecimento e capacitação dos atores para efe- res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua
tivação da Mudança Comportamental (Agentes de sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni-
Saúde e Escolas);

179
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A

cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
saneamento. belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a Compromisso com cada cadeia produtiva.
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno- reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
vável por igual período, para que o Consórcio se estru- materiais e produtos:
ture e qualifique seu quadro de funcionários. • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
por outras duráveis;
9.3 Metas e diretrizes para redução,
reutilização, coleta seletiva e reciclagem • venda de alimentos a granel e embalagens com me-
nores quantidades;
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi • locais de entrega de produtos em condição de uso,
elaborado um cronograma de implantação do Plano de como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre-
• programa para supermercados doarem produtos
vistas: da eventual formação do Consórcio e suas equi-
próximos do vencimento para instituições filantró-
pes, à implantação das unidades e dos procedimentos
picas;
de coleta.
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre- trodomésticos.
sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
linha de ação a concentração dos apoios por meio dos Em 2022, o Consórcio, ou as equipes locais, deverão
Consórcios Públicos. Desta forma, o primeiro passo promover debate nos municípios para avaliação da im-
pode ser o de constituição do Consórcio Público na Re- plementação do Plano de Coletas Seletivas e a definição
gião Metropolitana A, com aprovação de toda a base le- de metas de redução da geração de resíduos, por meio
gal para seu início de operação. de implementação de programas, projetos e ações nes-
sa direção.
Portanto, anteriormente às metas de operação da co-
leta seletiva de orgânicos há metas para a implantação
do Consórcio e para construção das CMR. Em relação
às metas de coleta, sugeriu-se que sejam alcançadas por
etapas, de acordo com o porte dos municípios – na Re-
gião Metropolitana A em três etapas em todos os muni-
cípios participantes do planejamento.

Para Caucaia, maior município da Região depois de


Fortaleza, sugere-se o avanço em três etapas, respeitan-
do-se um processo de aprendizagem e, passando a ser
incumbência do Consórcio, ou do próprio município,
a elaboração de solução mecanizada, de maior ampli-
tude, que permita a universalização do tratamento dos
orgânicos do município.

No tocante à coleta seletiva de secos, que deve ser ante-


cedida de investimentos mais significativos nas infraes-
truturas de triagem, considera-se na proposta de metas
que ela se iniciará, de forma extensiva, em um período
em que as mudanças comportamentais já estão em cur-
so. Desta forma propôs-se que a introdução das novas
rotas de coleta aconteça por etapas, porém mais curtas,
de 6 meses.

Os municípios da Região Metropolitana A poderiam


avançar em 4 etapas, com 25% do território em cada
uma delas.

As operações com resíduos de logística reversa, que ine-

180
Quadro 20 – Cronograma de implantação sugerido

MESES
ATIVIDADES

meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3

2 Votação nas Câmaras Vereadores 2

Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1

4 Cercamento das CMR 3

5 Orgânicos – e xec . Galpões Compostagem 3

6 Renegociação Contratos Coleta Org 3

7 Capacitação equipe Consórcio 2

8 Capacitação equipe operacional 2

9 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 50% 12

10 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 100% 12

11 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 50% 12

12 Ampliação Galpão Compostagem 3

Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12

14 Colet a Mun acima 11mil hab urb – 33% 12

15 Ampliação Galpão Compostagem 3

16 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 66% 12

17 Ampliação Galpão Compostagem 3

18 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 12

19 Secos - Uso pleno dos galpões atuais -

20 Viabilização investimentos 12

21 Construção GAcum e GTriagem 6

22 Renegociação Contratos Coleta Sec 3

23 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 50% 6

24 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 100% 6

25 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 25% 6

Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6

27 Introdução 2o turno -

28 Ampliação 2o módulo Galpão 6

29 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 75% 6

30 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 6

31 Introdução Peneira Móvel RCC -

32 Introdução Picotador Madeiras -

33 Operações LR pneus -

34 Operações LR lâmpadas -

35 Operações LR pilhas e baterias -

Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -

37 Implementação PGRS Escolas -

38 Capacitação ACS e ACE -

181
Região Metropolitana A
REGIÃO
METRO
POLITANA
B
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
METROPOLITANA B
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

184
DIAGNÓSTICO Ocara, que contribuem para colocar o Ceará como prin-

Região Metropolitana B
cipal produtor de castanha do País. Impulsionada pela

DA REGIÃO oferta de lenha oriunda do manejo da cultura do caju e


abundância de argila, é bastante significativa a presença
de olarias que produzem tijolos e telhas na Região.
METROPOLITANA B Outro aspecto a ser considerado é a distribuição da po-
pulação do município pelos distritos, uma vez que em
alguns municípios a população nas sedes distritais é ex-
pressiva e chega a superar a população da Sede, como
ocorre com o distrito de Curupira no município de
1. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO Ocara e Senador Carlos Jereissati em Pacatuba.
METROPOLITANA B E SEUS Esta Região também contribui de forma significativa
MUNICÍPIOS para a geração de riqueza do Estado, medida pelo Pro-
duto Interno Bruto – PIB. Os nove municípios são res-
ponsáveis pela geração de 9,47% do PIB do Estado, sendo
A Região Metropolitana B situa-se a nordeste do Estado
que Maracanaú responde por 56,48% do PIB da Região o
do Ceará, limitando-se ao norte com a Região Metro-
que corresponde a 5,35% do PIB do Estado.
politana A, ao sul com a Região Médio Jaguaribe, a leste
com a Região Litoral Leste e a oeste com a Região Ser- Os municípios de Maracanaú e Horizonte apresentam
tão Central e Maciço de Baturité, conforme definição maiores valores para o PIB per capita na Região – mais
da “Proposta de Regionalização da Gestão de Resíduos do que o dobro da média regional. A produção de ri-
Sólidos no Estado do Ceará”. queza na Região é bastante desigual, com seis municí-
pios com PIB per capita abaixo da média regional, sen-
Integram a Região Metropolitana B nove municípios:
do que três deles apresentam PIB per capita menor que
Chorozinho, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú,
a metade da média da Região: Chorozinho, Guaiúba e
Maranguape, Ocara, Pacajus e Pacatuba. A Região possui
Ocara. Horizonte e Maracanaú apresentam PIB per ca-
dois polos de desenvolvimento industrial – um em Mara-
pita maior do que a média do Estado.
canaú e Maranguape, e outro induzido pelo eixo da BR-
116 entre os municípios de Pacatuba, Itaitinga e Horizon- Gráfico 1 - Evolução do PIB per capita nos
te. A Região é importante para a cajucultura no Estado, municípios da Região (R$/ano)
destacando-se os municípios de Pacajus, Chorozinho e 2014 2010

Quadro 1 - População total e urbana na Estado

Região Metropolitana B – 2016 Pacatuba

Pacajus
População Total População
Municípios Ocara
2016 Urbana 2016
Maranguape
Chorozinho 19.194 11.634
Maracanaú
Guaiúba 26.091 20.443
Itatinga
Horizonte 64.676 59.820
Horizonte
Itaitinga 38.933 38.649
Guaiúba
Maracanaú 223.188 221. 668
Chorozinho
Maranguape 125.058 95.156
7.000 14.000 21.000 28.000 35.000
Ocara 25.261 8.021
Fonte: IBGE
Pacajus 69.877 57.254
Mais de noventa por cento da população em todos os
Pacatuba 81.627 70.157 municípios da Região Metropolitana B, tem rendimen-
to até 2 salários mínimos, sendo o município de Mara-
Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016.
canaú o que apresenta o menor percentual de popula-
Nota: (*) A projeção da população urbana para 2016 foi
calculada pela I&T, aplicando-se sobre a população ção com rendimento nominal até 2 salários mínimos
estimada total o mesmo índice de urbanização – 90,12% e os municípios de Guaiúba com 96,96% e Oca-
verificado pelo Censo de 2010 ra com 96,88% são os que apresentam maior percentual
da população nessa condição.

185
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Apenas o município de Chorozinho é considerado de Os órgãos gestores, de forma geral, exercem controle li-
desenvolvimento regular, sendo os demais enquadra- mitado sobre as empresas contratadas, do ponto de vis-
dos na faixa de desenvolvimento moderado; Maraca- ta do acompanhamento dos resíduos coletados, identi-
naú se aproxima da condição de município com alto ficação e correção de problemas, fiscalização do serviço.
índice de desenvolvimento, pouco baixo do IFDM de
0,8. Em relação à variável educação, apenas Horizonte Nos municípios onde são contratados os serviços de
se destaca com alto índice de desenvolvimento nessa coleta, existe um calendário planejado e seguido pelas
área; na componente saúde, destacam-se Maracanaú, empresas contratadas; em alguns municípios onde o
Maranguape e Ocara. Em relação a emprego e renda serviço é realizado de forma direta os roteiros são in-
apenas Horizonte e Maracanaú apresentam índice aci- fluenciados por demandas pontuais.
ma de 0,6, considerado de desenvolvimento moderado.
O pior indicador é de Chorozinho, abaixo de 0,4. 2.1 Caracterização dos resíduos sólidos

Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos Poucos municípios no Brasil têm um
municípios da Região Metropolitana B – 2017 estudo de caracterização de resíduos.
No Estado do Ceará o panorama não
é diferente, e na Região Metropoli-
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a tana B, não foi identificado nenhum
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) município que tenha realizado a ca-
racterização dos seus resíduos.
Total 855 1.000 441
Como não há caracterização recente
Fonte: Portal da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. www.qedu.org.br de resíduos para municípios da Re-
gião, adota-se neste Plano a composi-
ção gravimétrica dos resíduos sólidos
Outro aspecto relevante para a caracterização social urbanos do município maior gerador
do município é o relativo às famílias beneficiárias do da Região (Maracanaú) para o ano de 2013, do Plano Esta-
Programa Bolsa Família, que caracteriza parcela da po- dual de Resíduos Sólidos – PERS 2015.
pulação com baixo poder aquisitivo. Os municípios de
Chorozinho, Ocara, Guaiúba e mesmo Maranguape O percentual de resíduos orgânicos encontrado em
apresentam percentual elevado de famílias dependen- Maracanaú é mais baixo do que o percentual médio
tes do Programa Bolsa Família. nacional (51,4), apesar do porte do município. O per-
centual de resíduos secos é próximo da média nacional
Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são (31,9%), mas o de rejeitos é bem superior à média nacio-
aqui considerados: o número de escolas e o número de nal (16,7%), o que pode expressar maiores dificuldades
agentes de saúde, relevantes para a mudança compor- de mercado para alguns tipos de materiais aproveitados
tamental que terá que ocorrer para o sucesso das coletas em outras regiões do país.
diferenciadas. De maneira geral, os municípios contam
com equipes bem preparadas e numerosas de agentes Gráfico 2 – Composição gravimétrica dos RSU
de saúde da comunidade. E o número de escolas na Re- em Maracanaú
gião também é significativo.

rejeitos
27% orgânicos
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS 43,90%
SÓLIDOS

Na Região Metropolitana B a maioria dos municípios


realiza os serviços de limpeza urbana e manejo de resí-
duos sólidos por meio da contratação de empresas, em
contratos de terceirização da coleta pública e limpeza 29,10%
urbana. Em nenhum dos municípios consultados os recicláveis
contratos contemplam a coleta diferenciada; o mesmo
ocorre com Chorozinho e Ocara, que executam direta- Fonte: PERS
mente os serviços.

186
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados

Região Metropolitana B
ções sobre quantos são, que tipos de resíduos são dispo-
nibilizados para coleta e que quantidades representam.
Do ponto de vista do atendimento da população com
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta uma A Região conta uma frota de veículos locada e parte dela
cobertura de serviço relativamente ampla. é utilizada também para coleta de resíduos da limpeza
urbana.
Uma das dificuldades para definição precisa das quanti-
dades de resíduos domiciliares gerados é o fato de mui- De acordo com os dados disponíveis, a Região Metro-
tos resíduos urbanos serem coletados conjuntamente, politana B gera diariamente 652,10 toneladas de resídu-
uma vez que têm o mesmo destino e, na maioria dos os domiciliares indiferenciados, o que representa uma
municípios da Região, controle limitado nos locais de média de 0,94 kg por dia por habitante.
destinação. Além disso, resíduos de grandes geradores
são coletados com os resíduos domiciliares, sem que Outro dado do SNIS se refere à produção de resíduos
haja seu dimensionamento preciso – não há informa- domiciliares para as diferentes regiões do Brasil; para o
ano de 2015 na região Nordeste a
Quadro 3 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares média encontrada de geração per
gerados por dia nos municípios da Região Metropolitana B capita foi de 1,22 kg/hab./dia. Em
geral os municípios da Região Me-
Média do SNIS
Resíduos gerados Resíduos gerados tropolitana B apresentaram valo-
Município para a faixa
total (t/dia) per capita (t/dia) res médios per capita mais próxi-
populacional(kg/dia)
mos à média de geração do país.
Chorozinho 14,0 1,21 0,90

Guaiuba 17,0 0,83 0,90


Quase todos os resíduos domici-
liares são coletados e dispostos di-
Horizonte 50,8 0,85 0,95 retamente nos aterros e lixões da
Itaitinga 39,0 1,01 0,95 Região, uma vez que de maneira
geral não são aproveitados.
Maracanaú 209,5 0,95 0,89

Maranguape 79,9 0,84 0,95 A Região Metropolitana B possui


aterro sanitário que atende os
Ocara 16,0 2,00 0,90
dois maiores municípios da re-
Pacajus 96,2 1,68 0,95 gião (Maracanaú e Maranguape)
Pacatuba 97,5 1,39 0,95
e Horizonte e Pacatuba têm ater-
ros controlados, o que a distingue
Fonte: I&T. Levantamento de dados em campo junto aos órgãos municipais da realidade de outras regiões do
gestores dos serviços Ceará, em que a maioria dos mu-
Nota: Os valores apresentados para Pacatuba e Ocara são os declarados ao SNIS nicípios ainda utiliza lixões como
2015; os de Pacajus são os declarados ao SNIS 2012 destino final.

Foto 1. Lixão de Guaiúba

Fonte: I&T

187
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Foto 2. Lixão de Maranguape

Fonte: I&T

Foto 3. Lixão de Pacajus

Fonte: I&T
Foto 4. Aterro de Maracanaú

Fonte: I&T

188
e estaduais.

Região Metropolitana B
Foto 5. Aterro de Horizonte

Como afirmado, a estimativa de


geração de resíduos secos reci-
cláveis foi feita aplicando-se o
percentual de resíduos secos da
composição realizada para Ma-
racanaú pelo PERS-2015 à massa
estimada de resíduos gerados
em cada município. O municí-
pio com menor geração é Cho-
rozinho – 4,1 t/dia e o com maior
geração é Maracanaú – 61,0 t/dia.

Os grandes geradores de resídu-


os secos, embora não sejam con-
Fonte: I&T siderados geradores de resíduos
urbanos a serem atendidos pela
2.3 Resíduos domiciliares secos coleta publica, apresentam inte-
resse para este Projeto na medida em que devem tam-
Os municípios, na medida em que não têm suas pró- bém segregar os resíduos que geram, para sua adequada
prias caracterizações de resíduos, não informaram a destinação e aproveitamento, e devem ser considerados
composição dos resíduos coletados. Assim, considera- na estruturação da cadeia produtiva de resíduos secos.
-se, como mencionado anteriormente, o percentual de
Não foi possível identificar nos municípios um cadas-
resíduos secos existente no estudo de caracterização de
tro de grandes geradores e nem o porte dos empreen-
resíduos do Plano Estadual de Resíduos Sólidos – PERS
dimentos. Foram apontados genericamente os grandes
2015 para Maracanaú, que é de 29,10%.
geradores como os supermercados, pela quantidade de
De maneira geral, não existe coleta seletiva de resíduos embalagens chamadas secundárias ou terciárias.
secos nos municípios da Região Metropolitana B, com
O processamento dos resíduos dos grandes geradores
exceção do município de Maranguape, onde, por inicia-
pode gerar novos empreendimentos econômicos na
tiva da AVATAH – Associação de Catadores de Materiais
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni-
Recicláveis e Reutilizáveis de Maranguape é realizada
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa-
coleta em parte dos bairros e áreas comerciais da sede
bilidade privada.
do município. Não há informações sobre a quantidade
por eles coletada. Em grande medida os resíduos dos grandes geradores
são coletados em conjunto com os resíduos domicilia-
No Município de Maracanaú a Cooperativa Nordestina
res na Região; não há cobrança para essa coleta, o que
de Catadores de Resíduos – COONVIDA recebe e coleta
significa também que não se cobra o transporte e a des-
resíduos de grandes geradores, e de órgãos municipais
tinação final.
Foto 6. Catadores da AVATAH fazendo coleta
Os resíduos domiciliares secos
desviados da disposição final
pelos catadores são destinados a
uma rede de sucateiros localiza-
dos na Região.

Estudo proposto pela Câmara Se-


torial da Cadeia Produtiva da Re-
ciclagem dos Resíduos Sólidos e
realizado pelo Sindiverde, a par-
tir de pesquisa feita pelo IEL/CE,
em 2014, identificou 156 micro
sucateiros e 92 sucateiros con-
centrados em oito municípios da
Bacia Hidrográfica Metropolita-
Fonte: I&T na. Dos 292 empreendimentos

189
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Mapa Diagnóstico

65
E-0
& )

C
)
( (&

!^) MARACANAÚ MA
(
&
) )
&
( ((
& !


& K
) )
(
& CE

3!
' ^ ! !^ RN
'
3

60
?
<
! !
H PI

CE-0
!
^(& & & PB
)
&
( Oceano Atlântico
ITAITINGA PE
MARANGUAPE
!
? @
!@
!
)
(
& Reciclador

BR-11 6
20
BR
-0 z
PACATUBA Reaproveitamento de
!

 Computadores

BR-11 6
K!

060
Reaproveitamento de
!
H)

CE
CE-455
&
(

65
Inservíveis

CE-0
!
H Aproveitamento de Madeira
451

60
CE-

CE-0
HORIZONTE < Associação ou Cooperativa
?
! !
(
^ de Catadores
GUAIÚBA &'
3
& Galpão de Triagem

CE-451

BR
-116
Grande Sucateiro
H)
!&
(

PACAJUS
)
&
( Pequeno Sucateiro

!@
@! Acumulação de Pneus

z ATT Privada

16
BR-1
# ECOENEL

CHOROZINHO
CE-35
4
)
&
( & Galpão de Triagem
Inoperante

!
H (
& Compostagem

!
? Acúmulo de RCC

!
? Acumulação de Podas

?
<
! Acúmolo de Poda e RCC

'
3 Aterro Sanitário

'
3 Aterro Controlado

!
?!H )
&
( !
H Lixão

6
BR-11
)
(
& CE
-4
64

(
!
D Bota Fora
OCARA
4
CE-46

Metropolitana B
22
-1

Divisa Municipal
BR

Setor Censitário Urbano

Cursos d'água

Rodovias

Fonte: I&T, a partir de dados do IBGE e EMBRAPA

pesquisados, 9 são de Maracanaú, 1 de Maranguape e 1 cos por dia, em média 0,491 kg/dia por habitante.
de Pacatuba. No entanto, a visita de campo mostrou que
há muitos outros empreendimentos em Maracanaú de- Para avaliação da geração de resíduos orgânicos é pre-
dicados ao processamento de resíduos secos, dos quais ciso levar em conta, além da sua fração nos de origem
foram visitadas algumas instalações, como será detalha- domiciliar, a quantidade gerada em grandes geradores
do mais adiante. e em feiras e mercados existentes nos municípios. No
entanto, estes resíduos são coletados em conjunto com
os domiciliares, impossibilitando a definição dessas
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
quantidades. Conhece-se apenas o número de estabe-
lecimentos que pelas suas atividades geram grandes
Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os quantidades de orgânicos e o número e frequência de
municípios não informaram o percentual da presença funcionamento das feiras (10) e mercados (9).
desses resíduos na massa total de geração de resíduos.
Assim, considera-se para toda a
Região, como mencionado an- Quadro 4 - Número e frequência de funcionamento de feiras e
teriormente, o percentual de mercados
geração dos resíduos orgânicos
existente no PERS-2015 para Metropolitana Feiras Mercados
Maracanaú, que é de 43,9%. Não B
Número Frequência Número Frequência
há iniciativas de coleta seletiva
de resíduos orgânicos na Região Total 10 semanais 9 diária
Metropolitana B.
Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em campo
A partir da composição gravi-
métrica dos resíduos adotada e
da estimativa de geração de resíduos indiferenciados, São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
estima-se que a Região gere 286,27 toneladas de orgâni- gânicos os hotéis, bares, restaurantes e outros estabele-

190
cimentos dedicados ao preparo de alimentos, e também manda em situações mais críticas.

Região Metropolitana B
os supermercados em função de perdas resultantes da
comercialização de frutas, legumes e verduras. Alguns municípios da região têm mapeado os pontos
viciados de despejo irregular,
Quadro 5 – Número de grandes geradores de resíduos orgânicos na como é o caso de Horizonte que
Região Metropolitana B possui 18 pontos identificados,
Itaitinga 12 pontos, Maracanaú
Locais de Bares, restaurantes Processadores de aproximadamente 300 pontos e
Metropolitana B
hospedagem e similares alimentos Maranguape aproximadamente
100 pontos identificados.
Total 20 196 36
Com base em indicadores, fo-
Fonte: MTE. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, 2015 ram estimadas as quantidades
de resíduos da limpeza urbana
Os resíduos orgânicos, se compostados, poderiam ser geradas nos municípios da Região Metropolitana B. Não
usados tanto em áreas verdes dos municípios da Região foram considerados os resíduos da varrição neste Plano,
quanto em atividades agrícolas do entorno. uma vez que seu aproveitamento neste momento exigi-
ria esforços que escapam ao escopo das coletas seletivas.
No caso da região Metropolitana B, apenas o município
de Maracanaú é densamente ocupado por atividades Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de re-
urbanas. Segundo o IBGE, identificam-se muitas áreas síduos da construção civil são responsáveis pelo manejo
agriculturáveis nos outros municípios da Região e po- de seus resíduos. São grandes geradores de resíduos da
tencial consumidoras de composto orgânico. construção as construtoras em geral e as demolidoras.
A maior parte das construtoras se
dedica à construção de edifícios;
Quadro 6 - Área agriculturável nos municípios da Região
dados da RAIS para 2015, expres-
Metropolitana B
sam o universo formal das ativi-
dades econômicas das empresas.
Área colhida Área colhida
Metropolitana B em lavouras em lavouras Área total (ha) Parte dos Resíduos da Constru-
temporárias (ha) permanentes (ha)
ção Civil é aproveitada para ater-
ramento e uso em manutenção
Total 18 978 47 183 66 176
de estradas. Essa prática ocorre
em todos os municípios da Re-
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015
gião; nos municípios menores
o RCC coletado é direcionado
para uso direto sem qualquer
2.5 Resíduos da limpeza urbana segregação. Em Pacajus e Pacatuba ocorre esta prática,
mas não foi possível obter detalhes dos procedimentos
A Lei 11.445/2007, define as atividades de limpeza públi- adotados. Nos municípios de Maracanaú, Maranguape,
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; Horizonte e Itaitinga os RCC, ainda sem segregação, são
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos encaminhados para uma área de acumulação visando
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- uso futuro.
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos
de acesso aberto ao público. Os municípios de Ocara, Maranguape, Maracanaú, Ho-
rizonte e Itaitinga depositam os resíduos provenientes
Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver- de podas em área de acúmulo e o restante dos muni-
des, provenientes da capina, poda e atividades correla- cípios os depositam em suas áreas de destinação final,
tas, como roçada, a limpeza de feiras públicas e eventos junto com os resíduos da coleta domiciliar.
de acesso aberto ao público e os resíduos resultantes das
atividades de limpeza corretiva que são aplicadas nos Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira,
recorrentes pontos viciados de cada município. Nestes foi levantado o número de cerâmicas e de frigoríficos
pontos há a presença significativa de resíduos da cons- existentes na Região, que utilizam madeira para gera-
trução, resíduos volumosos e resíduos domiciliares. ção de energia ou vapor (caso dos frigoríficos). Além
disso, são potenciais usuários das madeiras oriundas
Os municípios da região executam o serviço de limpeza dos serviços de limpeza urbana (madeiras da constru-
corretiva de maneira manual ou mecanizada de for- ção civil de deposições irregulares ou recebidas, madei-
ma rotineira nos pontos viciados de deposição e sob de- ras de resíduos volumosos e troncos e galhos de poda e

191
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Quadro 7 – Estimativa de geração de resíduos da limpeza to de pneus pelos municípios, sendo


urbana na Região Metropolitana B que a entidade representativa do se-
tor produtivo oferece a garantia do
Verdes RCC Volumosos
recolhimento posterior.
Metropolitana B
m3/dia m3/dia m3/dia
De acordo com o setor privado res-
Total 417,43 223,21 208,7 ponsável pelo recolhimento dos
pneus inservíveis (contemplando
Fonte: I&T, a partir de levantamento de dados em campo. 2017
indústrias e importadores), são 863
pontos de coleta pelo país, dos quais
Quadro 8 – Geradores de Resíduos da Construção Civil apenas 3 estão no Estado do Ceará.

Já os dados disponibilizados pelo


Tipo de Construtoras de Empresas de IBAMA indicam a existência de 1.723
Construtoras
empreendimento edifícios demolição
pontos de coleta pelo país, dos quais
32 estão no Ceará.
Total 261 200 4

Fonte: RAIS 2015 Considerando as normas legais, o


Estado do Ceará possui pontos de re-
supressão de árvores) as indústrias instaladas na Região colhimento de pneus inservíveis em
que necessitam de madeira para geração de energia e todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
vapor, cujo potencial não foi possível avaliar neste mo- sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de
mento. Foram identificados na região 19 cerâmicas e 5 recebimento, a população total encontra-se abaixo des-
frigoríficos. te patamar.

2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa


Mapa 1 – Mapa com indicativo de pontos
O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a de coleta de pneumáticos inservíveis no
partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO- Estado do Ceará
NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
dores de pneus novos a promover a coleta e dar desti-
nação adequada aos produtos considerados inservíveis.

Conforme estabeleceu a Resolução, e visando garantir o


recolhimento de pneus inservíveis, os fabricantes e im-
portadores de pneus novos são obrigados a implantar e
operar um ponto de coleta nos municípios com popula-
ção superior a 100 mil habitantes, pelo menos.

As exigências também recaem sobre os estabelecimen-


tos de comercialização de pneumáticos, que são obriga-
dos a reter um pneu usado para cada unidade nova ou
reformada vendida, além de garantir o armazenamento
dos mesmos até a sua coleta, funcionando como ponto
de entrega, mantendo-se a responsabilidade de fabri-
cantes e importadores de promover a coleta, o trans-
porte e a destinação dos pneus inservíveis.

A Reciclanip é a entidade de referência que atua como


o agente executor do sistema de logística reversa de
pneus no Brasil. Criada pelo conjunto de empresas do
Fonte: IBAMA, 2017
setor industrial (ANIP), a Reciclanip tem gerenciado
junto aos municípios brasileiros a implantação de pos-
tos de coleta, criados por meio de convênios de coope-
ração firmados com as prefeituras municipais. Dos 32 pontos de recebimento de pneus inservíveis no
Estado do Ceará, apenas 6 destes pontos estão em mu-
Em geral, a implantação destes postos de coleta depen- nicípios que não são objeto dos Planos Regionalizados
de da disponibilização de locais para o armazenamen- de Coletas Seletivas, sendo que quatro dos pontos estão

192
na Região Metropolitana B. Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas

Região Metropolitana B
e baterias – Estado do Ceará
O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi
definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela
rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
e importadores desses produtos.

O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos


gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e
baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação
direta entre perfil socioeconômico da população, con-
sumo e geração.

Gráfico 3 – Postos de entrega de pilhas e baterias


segundo macrorregiões (%) Fonte: GMC&LOG
Norte
gística reversa de lâmpadas no Brasil, a Reciclus irá im-
Centro Oeste 2%
plementar e operar o sistema de acordo com a metodo-
Nordeste logia aprovada no respectivo acordo setorial, que prevê
Sul 7%
14% a implantação de pontos de coleta em estabelecimen-
10% tos comerciais estrategicamente localizados, de acordo
com critérios de dimensionamento da geração de resí-
duos pós-consumo residencial, baseados em aspectos
territoriais e de capacidade de recolhimento.

No Ceará apenas Fortaleza é contemplada com a im-


plantação de pontos de recepção de lâmpadas no Ano
I do Acordo Setorial (2017). Serão também atendidas,
Caucaia no Ano II, Juazeiro do Norte, Maracanaú e So-
bral no Ano III, 8 cidades no Ano IV, 65 cidades no Ano
V e outras 104 cidades do estado (correspondente a 56%
67% do total de municípios cearenses) não terão nenhum
ponto de entrega.
Sudeste
O acordo firmado para logística reversa das lâmpadas
Fonte: GMC&LOG prevê a implantação no terceiro ano de implementação
do acordo (2019) de 5 pontos de recolhimento e 11 reci-
Com relação ao Estado do Ceará, a entidade gestora pientes em Maracanaú; e no ano 5 (2021) 7pontos e 15
disponibiliza a listagem dos locais de recebimento de recipientes em Horizonte; ainda no quinto ano, 1 ponto
pilhas e baterias dos consumidores domésticos. São 40 de recolhimento e 2 recipientes em Itaitinga; 1 ponto de
pontos de recebimento de pilhas e baterias oriundas de recolhimento e 2 recipientes em Maranguape; 1 ponto
consumo doméstico, com distribuição entre os municí- de recolhimento e 2 recipientes em Pacajus; 6 pontos de
pios conforme ilustra o mapa a seguir. recolhimento e 13 recipientes em Pacatuba; e 1 ponto e 2
recipientes em Guaiúba.
O sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescen-
tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi es- De acordo com indicadores divulgados pelo Ministé-
truturado a partir da assinatura de acordo setorial em rio do Meio Ambiente, a taxa de geração per capita de
novembro de 2014. Como operadora do sistema de lo- resíduos eletroeletrônicos, como média nacional, é de

193
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Quadro 9 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Metropolitana B

Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)

Total 2.924.748 60.651 5.391.240 1.954,3 1.752,2

Fonte: I&T, a partir de indicadores do Ministério do Meio Ambiente. 2017

2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por O custo médio mensal encontrado considerando os
habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34 municípios da Região Metropolitana B foi de R$ 7,03 per
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por capita por mês, abaixo dos custos médios calculados
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- pela ABRELPE para 2015 – R$ 9,92 per capita.
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4
Gráfico 5 – Despesa mensal (parcial) per capita
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú-
com serviços de manejo de resíduos sólidos e
mero de lâmpadas descartadas.
limpeza urbana na Região Metropolitana A e B

Pacatuba

3. CUSTOS DO SERVIÇO Pacajus

Ocara
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos Maranguape
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba-
na de forma que permita analisar separadamente cada Maracanaú
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- Itatinga
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários Horizonte
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Guaiúba
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente.
Chorozinho
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
Fortaleza
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi- Eusébio
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região,
Caucaia
como indicado a seguir.
Aquiraz
Gráfico 4 – Distribuição de despesas nos 6.000 12.000 18.000 24.000 30.000
custos dos serviços de manejo de resíduos Fonte: Elaboração I&T
sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
Região Metropolitana B 4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,
Varrição, poda PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO
e capina
13%
Orgânicos DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
22% SÓLIDOS

Com poucas exceções, nos municípios do Ceará en-


volvidos neste Projeto não existe ainda uma preocu-
pação com a institucionalização da gestão dos resídu-
15% os sólidos. Algumas vezes há menção ao tema em Leis
36% Secos
Orgânicas dos municípios, Códigos de Postura, Planos
Limpeza Diretores. Mas não há leis que instituam política muni-
corretiva
cipal de resíduos sólidos, órgãos bem estruturados para
14% planejamento e fiscalização da prestação dos serviços
Rejeitos pelas empresas contratadas, tampouco regulação dos
serviços.

194
Da mesma forma, foram levanta-

Região Metropolitana B
Foto 7. Catadores de Horizonte, Chorozinho e Ocara
dos os planos, projetos e progra-
mas que existem nos municípios
e que tratam de algum aspecto do
gerenciamento dos resíduos sóli-
dos urbanos.

Note-se que os municípios de


Chorozinho e Horizonte têm
Planos Municipais de Sanea-
mento Básico, exigidos pela Lei
11.445/2007, que institui as di-
retrizes nacionais para o sanea-
mento básico, e apenas o muni-
cípio de Horizonte tem Plano de
Gestão Integrada de Resíduos Só-
lidos, exigido pela Lei 12.305/2010
que institui a Política Nacional de Fonte: I&T
Resíduos Sólidos.
A partir dos levantamentos de dados realizados nas Ofi-
cinas Municipais de Diagnóstico e visitas de campo nos
municípios, foram obtidas algumas informações, agru-
5. IDENTIFICAÇÃO DOS CATADORES E padas no Quadro 10, que mostra que na Região Metro-
SUAS ORGANIZAÇÕES politana B há 5 organizações de catadores, reunindo 89
catadores, de um total de 403 catadores identificados.

No processo de levantamento de dados para a descrição As informações obtidas das características dos catado-
da cadeia produtiva de reciclagem, foi feito um esforço res identificados durante o processo de levantamento
para identificar os catadores que atuam em cada muni- de dados, nos municípios que possuíam organização de
cípio, e suas organizações. catadores, mostram que 79% são do sexo masculino e
21% são do sexo feminino. A renda declarada pelos cata-
Durante a fase de levantamento de dados tentou-se le- dores variou entre 200 e 500 reais mensais, na maioria
vantar o número de catadores atuando em cada muni- dos municípios, mas com a cooperativa de Horizonte
cípio e sua caracterização básica, conforme proposto (COOPERHO) anunciando retirada entre 1,3 e 1,5 salá-
pelo Termo de Referência. Tais informações foram so- rio mínimo por mês.
licitadas nas Oficinas Municipais e também nos levan-
tamentos de campo quando, em muitos casos, houve 5.1 Programas e projetos de inserção de
contatos com os catadores. Por esse processo chegou-se catadores na gestão pública de resíduos
a estimativas do número de catadores atuando em cada
município e sobre o número daqueles que estão organi- Em Guaiúba houve, na gestão anterior, uma iniciativa
zados em grupos, associações e cooperativas. Mas infor- piloto de coleta seletiva, que está sendo retomada. Em
mações sobre gênero, faixa etária e escolaridade foram Horizonte não há coleta seletiva, mas no novo contrato
mais difíceis de obter, uma vez que nem as secretarias de serviço de coleta há previsão da coleta seletiva com a
municipais nem as próprias organizações de catadores inserção de catadores do município. Em Itaitinga está
dispõem dessas informações. em implantação uma unidade de triagem, prevendo a
contratação dos catadores do lixão
Quadro 10 – Número de organizações e de catadores para o processo de recuperação dos
identificados resíduos.

Região Número de Número total Em Maracanaú há um núcleo de


Número de inclusão produtiva dos catadores e
Metropolitana catadores de catadores
organizações
B organizados identificados um convênio com repasse mensal
para a cooperativa. Em Maranguape
Total 5 89 403
está sendo articulado um acordo de
Fonte: Oficinas Municipais e Secretarias Municipais, sistematização I&T cooperação técnica entre a prefei-
tura e a associação existente.

195
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva


Região Metropolitana B

e encaminhadas para a reciclagem.

Para a compreensão das cadeias produtivas em que se As principais fontes de informação sobre a reciclagem
inserem os resíduos secos coletados seletivamente na dos plásticos são as entidades representativas do setor
Região Metropolitana B, foram realizadas pesquisas e – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
mantidos contatos com as entidades representativas de ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob- aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo
jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús-
iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená- trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61
rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará. delas estão localizadas na região Nordeste, correspon-
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA,
Também foram considerados, nesta análise, os dados entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des-
específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin- carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos gem industrial – resíduos gerados no processo produti-
Domésticos e Industriais do Ceará. vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no
O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão Ceará, todos na Região Metropolitana.
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús-
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA) Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedo- tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados
res das indústrias recicladoras. Em relação à recupera- mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65%
ção, o setor apresenta dados que indicam um total de do PET adquirido pelas indústrias está em forma de
4,7 milhões de toneladas coletadas e encaminhadas à flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
indústria recicladora – equivalentes a 64,5% do consu- montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10%
mo aparente. chega às unidades recicladoras na forma de PET gra-
nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais
De acordo com publicações do setor, confirma-se a infor- unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
mação de que os principais polos recicladores são SP, PR Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.
e SC. No Cerará foi identificada uma unidade produtiva
de maior porte - indústria de papel sanitário - em Crato. A principal fonte de informação sobre a reciclagem
dos vidros é a entidade representativa do setor – a ABI-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco- VIDRO. Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e os principais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil
produtos que geram resíduos metálicos são as entida- (embalagens), com duas unidades operando no Nordes-
des representativas do setor de alumínio e de aço, os te: em Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV)
fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De em Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produ-
acordo com informações do setor, em 2014 o índice de zindo atualmente vidros planos (espelhos, automotivos
recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média etc.). O índice de reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está
mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala- próximo ao patamar de 40%, variando anualmente para
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em baixo ou para cima, sem grandes alterações em torno
2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com desta média. Além disso, cerca de 25% das embalagens
capacidade de recepção das embalagens de alumínio, de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas pelo setor
sendo cinco para produção do corpo das latas e duas de bebidas. O setor de vidro não é signatário do acordo
para produção das tampas – nenhuma no Ceará. setorial de embalagens em geral. Portanto, ainda não há
estratégias para ampliar o desempenho do setor de vi-
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca dro no âmbito da reciclagem de materiais.
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali-
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es- zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci-
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco, clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014.
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- Pelos dados obtidos, é possível notar que a despeito da
tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de concentração das atividades na capital, pode-se ver que
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be- Maracanaú é também importante polo na cadeia de re-
bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas ciclagem no Estado.

196
Mapa fluxos

Região Metropolitana B
FORTALEZA - CE

MARACANAÚ MA
M
&
CE
M
&
RN
MARANGUAPE PI
PB

PE
Oceano Atlântico
ITAITINGA
M
& Fluxos - Cadeia
M
& de Recicláveis
PACATUBA Secos

Metropolitana B
M
&

GUAIÚBA Divisa Municipal


HORIZONTE
&
M M
& Sedes Municipais

Setor Censitário
Urbano
M
&
PACAJUS Rodovias

Text

CHOROZINHO
M
&

OCARA
M
&

SÃO PAULO - SP

OUTROS ESTADOS
AO SUL

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

Na etapa de levantamento de dados para a elaboração disso, uma vez que não se viabilizaram recursos para
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re- implantação de aterros.
conhecidos nos municípios da Região Metropolitana B.
Identificou-se um fluxo de materiais entre eles, dos me- Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram
nores estabelecimentos para os maiores, e um fluxo, a a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí-
grandes processadores e comercializadores de Fortaleza duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo
e Maracanaú. Destes grandes comercializadores, parte de regionalização foi realizado com apoio do Ministério
dos produtos é vendida para indústria local e parte é co- do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência
mercializada com compradores de outros estados. de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e
o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi-
lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
ções brasileiras atuais.
6. POSSIBILIDADES DE
Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a
CONSORCIAMENTO Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-
ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a
O Estado do Ceará vem há cerca de dez anos trabalhan- Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões
do para a criação de consórcios entre os municípios para a gestão, e que serve de base para este Plano.
para o enfrentamento da questão da gestão dos resí-
É convicção da Consultoria, também, que a gestão de
duos sólidos. Os primeiros estudos trataram exclusiva-
resíduos sólidos por municípios isolados, com exceção
mente da busca de escala adequada para a implantação
de alguns poucos grandes municípios, dotados de ór-
de aterros sanitários, tendo sido propostos cerca de 30
gãos técnicos desenvolvidos, não apresenta condições
arranjos intermunicipais para a gestão de aterros, dos
de sucesso. A escala necessária para o funcionamento
quais 26 estavam formalizados em 2012, com a eleição
de atividades de planejamento, capacidade de acom-
de uma diretoria e inscrição no Cadastro Nacional de
panhamento da operação, exercício de controles, con-
Pessoas Jurídicas. Nenhum deles, entretanto, foi além
dições de mobilização social e orientação à população,

197
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

fiscalização dos serviços e operação das instalações de de resíduos secos na Região Metropolitana B se estima
manejo necessárias para responder às exigências legais como segue.
de manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos
sob responsabilidade pública aponta para a criação de Tomando como referência os preços indicados pelo
consórcios intermunicipais robustos como uma condi- CEMPRE para municípios do Nordeste e consideran-
ção essencial para a gestão adequada dos resíduos ur- do que, atualmente, a quantidade estimada de resí-
banos. duos potencialmente recuperáveis pela cadeia produ-
tiva é de 44.230 toneladas por ano, as perdas podem
Por outro lado, os consórcios outrora criados para cons- representar, de acordo com os preços estimados, R$
trução de aterros sanitários com objetivo de proporcio- 31.207.407,13. Além disso, há que considerar os custos
nar destinação adequada aos municípios da Região ou de aterramento dos resíduos secos se estes não forem
não se viabilizaram, como no caso do Consórcio entre os recuperados, o que pode agregar mais R$ 1.519.731,53
municípios de Horizonte, Pacajus, Chorozinho e Ocara, como perda de recurso.
ou, quando implantado, a operação ficou inviabilizada,
como no caso do Aterro de Pacatuba, construído para Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
atender os municípios de Pacatuba, Itaitinga e Guaiúba. respondem à não colocação de composto orgânico no
mercado e ao custo de aterramento, R$3.214.412,64 e
Essa experiência negativa do passado contribuiu para R$2.479.174,37 respectivamente.
que os municípios não se mobilizassem de forma mais
contundente rumo à proposta da gestão associada e in- O não aproveitamento dos resíduos da construção civil
tegrada do manejo dos resíduos sólidos. Por outro lado, e resíduos de madeira provenientes de poda, constru-
alguns municípios avançam em soluções autônomas ção e resíduos volumosos também podem representar
para destinação final de resíduos, a exemplo de Hori- uma significativa perda econômica – R$ 3.226.850,08 no
zonte que hoje opera um Aterro Controlado, e Itaitinga RCC e R$ 507.330,64 nas madeiras.
que espera equacionar a gestão integrada de resíduos
A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
em seu município por meio de uma PPP. Ainda assim,
tais, que decorrem dos impactos da degradação da
nenhum dos municípios se colocou contra o consorcia-
matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
mento para a gestão dos resíduos sólidos e implementa-
virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
ção do Plano das Coletas Seletivas na Região.
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
ção de materiais reciclados.

No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração


7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos
ECONÔMICA DA RECICLAGEM no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas,
imobilização de área do aterro por longo tempo, mes-
A primeira abordagem a fazer sobre a reciclagem na Re-
mo após o encerramento da disposição de resíduos;
gião Metropolitana B diz respeito às perdas econômicas
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
decorrentes da não implementação das coletas seleti-
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
vas, o que produz para as municipalidades gastos com
mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
destinação final de resíduos que deveriam ser recupe-
gerado nos aterros.
rados e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas
financeiras pela não realização das receitas de venda Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
dos materiais. (EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
Conforme os dados já apresentados, de geração de re-
Grande (MS), aponta as principais formas de relação
síduos e suas características gravimétricas, a produção
entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-

Quadro 11 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis na Região Metropolitana B

Região Geração Papéis Metais Plásticos Vidro


Metropolitana
B 85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%

Total (t) 56.268 19.641 4.348 20.241 3.598

Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017

198
Região Metropolitana B
Foto 8. Cobap e Vascoplastic, em Maracanaú

Fonte: I&T

tidade de metano produzida até a decomposição total relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos cursos naturais e ao uso de energia.
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis. No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
grande redução na extração da bauxita e no consumo
Outra relação demonstrou para duas situações de de- de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas, em 95% o uso de energia no processo.
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq. Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra- veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
ambiente de degradação anaeróbia. deste tipo de material.

Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa- Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano, mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o cialmente recicláveis 19.641 toneladas anuais de papel e
impacto em termos de aquecimento global. papelão na Região Metropolitana B o potencial de eco-
nomia de energia com a reciclagem deste material atin-
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per- ge 68.940 MW/ano.
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de Outro material com expressiva presença é o plástico,
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do que apresenta o mais alto potencial de conservação de
preço da terra. energia elétrica. Na Região Metropolitana B estima-se
atualmente como potencialmente recicláveis 20.241 to-
No caso dos resíduos secos, também são importantes neladas anuais de plásticos, o que poderia representar
a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do economia de energia de 102.418 MW/ano.
consumo de energia para extração de matérias primas
e produção dos bens (incluindo a extração e processa- Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí- síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
veis no processo de produção dos bens. bientais e econômicos para a Região.

E há ainda outra parcela, que é a emissão de CO2 devi-


da ao transporte dos resíduos, desde a coleta até a des-
tinação final, aplicável a todos os tipos de resíduos. Os
impactos ambientais não decorrem apenas da geração
dos gases prejudiciais à atmosfera. Há também perdas

199
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

PLANEJAMENTO 1. SOLUÇÕES COM MÁXIMA


Região Metropolitana B

PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
NA REGIÃO
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-
METROPOLITANA B síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-
ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-
dos e eventualmente processados, devem permanecer
no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.

PLANEJAMENTO DAS COLETAS Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos
resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
SELETIVAS colas mais próximas possível, os resíduos da construção
civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
seca normalmente é transferida, buscando instalações
O Plano das Coletas Seletivas da Região Metropolitana B
de transformação que raramente estarão presentes no
foi elaborado tendo como pano de fundo toda a moder-
próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
na legislação brasileira que trata direta ou indiretamen-
de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
te da gestão integrada dos resíduos sólidos. Trata-se de
planejar algumas atividades da prestação de um serviço Na Região Metropolitana B esse princípio se aplica par-
público caracterizado por lei, cuja solução operacional cialmente pois parte dos grandes processadores da in-
está submetida a regramentos legais bem definidos, que dústria da reciclagem encontra-se em Maracanaú. Al-
impõem aos municípios mudanças profundas na ma- guns municípios geram quantidades de resíduos secos
neira como hoje são prestados os serviços de limpeza que não justificam a instalação de um galpão de tria-
urbana e manejo de resíduos sólidos. gem, apenas um galpão de acumulação – Chorozinho,
Guaiúba e Ocara; outros, como Horizonte, Itaitinga,
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre-
Maranguape, Maracanaú, Pacajus e Pacatuba, produ-
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada
zem quantidades que exigem a instalação de galpão de
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados
triagem local.
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com
os custos quando transferem o gerenciamento ao po- A existência de cerâmicas e frigoríficos justificam a per-
der público. As prioridades de investimento devem ser manência das madeiras de troncos e as provenientes de
invertidas. resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
municípios da Região. O composto gerado pela com-
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida e mercados públicos será vendido para agricultores de
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu- cada município pelo Consórcio a ser criado. E os resídu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da os da construção civil, depois de triados e peneirados,
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica poderão ser imediatamente usados pelas secretarias
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam municipais encarregadas de obras, para uso em obras
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento públicas dos municípios.
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se-
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi-
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o
SEGURAS
balanço energético muito superior, decorrente da recu-
peração dos materiais, em relação ao determinado por A Região Metropolitana B, embora possua municípios
processos destrutivos como a incineração e outros foca- que tem como destino final aterros, na maioria ainda
dos na imediata geração de energia. utiliza lixões como destinação final; esses municípios
estiveram paralisados, à espera da implantação de ater-
ro sanitário, que era visto como “primeiro passo” para
a sustentabilidade na gestão dos resíduos. A partir da

200
Região Metropolitana B
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada

edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
os municípios estão desafiados a inverter essa lógica, de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
implantando novos processos de gestão dos resíduos, de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
que privilegiem a recuperação dos resíduos e seu desvio e “adequada escala das operações”, composto de um
da disposição final. A implantação do aterro sanitário conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
continua sendo importante, mas não é mais o primeiro ção de resíduos.
passo, e sim o último.
Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
A dificuldade real que os municípios têm de implantar número possível de áreas físicas, mas que atendam a
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, toda a população urbana de cada município, com in-
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- tegração das operações com diversos tipos de resíduos,
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa-
possível aplicar as determinações da Política Nacional mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando compartilhado da edificação de apoio e gestão finan-
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, ceira integrada dos recursos advindos do manejo para
permitindo movimentação imediata aos municípios, e valorização dos resíduos, de forma que operações supe-
não os deixando reféns de soluções com investimento ravitárias sustentem as deficitárias e reduzam a depen-
vultoso e demorado. dência de recursos externos.

A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções São considerados nesse Sistema dois tipos de instalações
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Coletas para manejo de resíduos sólidos, além das áreas atuais
Seletivas da Região Metropolitana B considera a diretriz de disposição final (lixões e aterros sanitários ou con-
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, trolados) e a futura implantação de aterros regionais de
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma manda- rejeitos: as Centrais Municipais de Resíduos – CMR e os
tória a ordem de prioridades para o manejo de resíduos. Ecopontos.
Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com as Cole-
tas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único caminho A CMR é uma instalação de múltiplos usos onde ocor-
para que a ordem de prioridades seja cumprida – viabili- rem: a compostagem de resíduos orgânicos; a triagem
zando desde as práticas de não geração até a diretriz de de resíduos da construção civil e seu peneiramento; o
disposição final exclusivamente de rejeitos. desmonte de resíduos volumosos; o picotamento das
madeiras da construção civil, de podas e madeiras dos
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de volumosos; a segregação de troncos e galhos grossos; a
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domicí- segregação da capina e roçada em pilhas estáticas para
lios é substituído por outro mais amplo e adequado, que deterioração; a acumulação ou triagem dos resíduos se-
pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos de resí- cos, conforme o porte do município.
duos, e aplicado não apenas aos geradores domiciliares,
mas a todos os geradores de resíduos. Consequentemen- A CMR também recebe, para acumulação, pequenas
te não se trata mais de planejar uma coleta seletiva, mas quantidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos,
sim as Coletas Seletivas Múltiplas que propiciem o me- pilhas e baterias, para retirada pelos fabricantes ou co-
lhor aproveitamento dos diferentes tipos de resíduos. merciantes responsáveis. A área das CMRs na Região
Metropolitana B varia entre 7,5 mil e 20 mil metros qua-
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi- drados; estas instalações foram situadas preferencial-
deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos: mente na área urbana da sede de cada município.
resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados. metros quadrados) para simples recepção e armazena-
mento temporário dos resíduos da construção civil,

201
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Figura 1 - Layout esquemático da CMR - Central Municipal de Resíduos

Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC

Recepção
e triagem

Apoio e
controles

Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m² resíduos verdes e resíduos vo-
para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste lumosos, além dos resíduos da
logística reversa para acumu-
Funcionário RCC Residuos verdes
e solo lação à espera da retirada pelos
Resíduos a
proteger Platô de descarga agentes responsáveis pela ca-
deia produtiva de cada um. Um
Ecoponto funciona na CMR. Os
parâmetros adotados para cada
uma das instalações e para a de-
finição da rede em cada muni-
cípio e região serão apresenta-
dos no capítulo seguinte.
Identificação
e acesso Resíduos a
proteger A Figura 4 expressa o esquema
Volumosos,
de articulação de um Sistema
madeiras etc. de Áreas de Manejo com suas
diversas unidades.

Com a implementação da Po-


Figura 3 – Desenho ilustrativo do Ecoponto Simplificado – área em lítica Nacional de Resíduos
torno de 1.000m² para manejo do RCC com equipamento de carga Sólidos e avanço das coletas
seletivas, a coleta dos resíduos
Resíduos a sólidos domiciliares indiferen-
Volumosos, proteger
madeiras etc. ciados deverá ser paulatina-
Funcionário
mente reduzida até atingir a
característica de rejeito. Deve,
portanto, ser prevista a sua des-
tinação adequada como etapa
necessária da gestão integrada
Acumulação
do RCC dos resíduos sólidos urbanos.
Identificação Pátio de
e acesso descarga Como parte dos municípios
utiliza lixões como locais de
disposição final dos resíduos
Resíduos
verdes indiferenciados, a rota tecnoló-
gica prevê redução substancial

202
Região Metropolitana B
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo

dos resíduos ali depositados, e ações de melhorias gra- Na CMR poderão ser entregues:
dativas da condição dessas áreas, como soluções tran- 1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de
sitórias. resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção
Projeto em elaboração pela SEMA prevê a recuperação
civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
destas áreas, envolvendo cercamento, remoção dos re-
resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
síduos espalhados no entorno externo e sua disposição
troeletrônicos, pilhas e baterias);
na frente de trabalho atual, controle de acesso, e início
de recuperação das porções degradadas já não mais uti- 2. com pagamento de preço público, por agentes
lizadas para disposição de resíduos. privados, os resíduos da construção civil, resíduos
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a quantidade;
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep-
3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os
resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e
tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
utilizarão áreas menores.
lagens);
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de 4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
manejo de resíduos sólidos oriundos das urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
coletas seletivas toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da verdes;
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de síduos gerados nestas obras, principalmente os da
operações e áreas específicas de manejo para diferentes construção civil.
tipos de resíduos.

203
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.2 Galpão de Triagem


Região Metropolitana B

A meta definida no Plano está estimada em 85% da ge-


ração dos resíduos orgânicos e 85% dos resíduos secos
gerados nos domicílios e pequenos estabelecimentos O ponto de partida para o dimensionamento dos Gal-
equiparados aos domicílios. pões de Triagem, instalações um pouco mais comple-
xas, é a evolução da coleta seletiva até atingir a meta
2.1.1 Galpão de Acumulação de Resíduos Secos definida neste Plano, estimada em 85% da geração dos
resíduos secos.
Para o manejo dos resíduos secos, a CMR pode ter um
Galpão de Acumulação, operado de forma articulada Foi adotada uma estratégia de implantação em quatro
com unidade instalada em município da proximidade etapas, que permitam avanço progressivo, mas também
- Galpão de Triagem que fará a segregação dos resíduos redução dos custos de investimento. Respeitada a estra-
secos do município em que está instalado e dos resídu- tégia de quatro etapas, aos municípios foram alocadas
os secos que pode receber de municípios próximos, que soluções de acordo com os volumes gerados: galpões de
têm apenas um Galpão de Acumulação. simples acumulação para transferência ou galpões de
triagem manual ou mecanizada.
O Galpão de Acumulação, funcionando como estação
de transferência, é concebido para atender a necessida- Na Região Metropolitana B, como em outras do Estado,
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags foram restringidas as soluções ao máximo de 10 t/dia
(volume de estocagem correspondente a duas viagens). por turno, nesta primeira etapa, para que se considere
uma “curva de aprendizagem” dos novos processos. O

Foto 9. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú

Fonte: I&T

204
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos

Região Metropolitana B
captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar

mezanino

prensa baias para 1 triador descarga


20 ton subtipos de a cada em desnível
docas de resíduos 380 kg (possível
expedição coletado rampa)
estoque ao dia silo
expedição tambores 1,5 a 2,0
1 semana triagem dias de
cargas fechadas primária coleta

Fonte: Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente

pleno atendimento das necessidades dos maiores mu- grande pilha colocada em maturação por período apro-
nicípios, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, ximado de 4 meses, depois de retirada a porção para
Horizonte e Itaitinga, demandará que o Consórcio via- uso na compostagem.
bilize, no futuro, solução mecanizada para triagem ou
alimentação, com maior capacidade e produtividade. A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
Os estudos de concepção seguirão a sequência básica durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
indicada na Figura 5, a menos da necessidade de meca- Uma área específica receberá os resíduos coletados em
nização de processos em galpões de maior capacidade. Capina e Roçada pela limpeza urbana.

2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira indicada na Figura 6.

A área de manejo dos resíduos verdes e Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de Resíduos Verdes
madeira deve ser dimensionada para a
recepção destes resíduos, organizando galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
a operação em seis zonas de trabalho.

A Área de Manejo de Resíduos Verdes


receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados, troncos e galhos grossos
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo madeira Industrializada
ocorrer sua trituração prévia; e a galha- capina e roçada
ria e folhas serão acumuladas em uma
Fonte: I&T

205
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Foto 10. Acumulação de troncos e pilha para maturação de folhas e galharias


Região Metropolitana B

Fonte: I&T
Foto 11. Acumulação de madeira industrializada
geração dos resíduos orgânicos.

As estruturas foram dimensionadas considerando-se


dois parâmetros: 1) em municípios de menor porte
considerou-se a construção integral do galpão já na pri-
meira etapa; 2) em municípios de maior porte conside-
rou-se uma “curva de aprendizagem”, com evolução do
processo por módulos de até 300 m2, mas garantindo-
-se reserva de espaço nas CMR.

Para operação da unidade de compostagem são neces-


sários bomba sopradora e temporizador, que garantam
a aeração necessária às pilhas de resíduos, termosonda
para acompanhamento do processo de digestão da ma-
téria orgânica, e pequena peneira rotativa para penei-
Fonte: I&T ramento do composto após a maturação. O processo de
compostagem se encerrará entre 45 e 60 dias.
2.1.4 Galpão de Compostagem
Basicamente, a organização do galpão de compostagem
A operação de compostagem com pilhas estáticas em obedecerá ao zoneamento indicado na Figura 7.
galpão coberto deve ser dimensionada para a evolução
da coleta seletiva de orgânicos até atingir a meta defi- Na Região Metropolitana B serão implantados 9 galpões
nida no Plano, que se estima poder chegar a até 85% da de compostagem (um em cada CMR) de diferentes por-
tes. O município de Maracanaú comporta uma instala-

206
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem

Região Metropolitana B
3 Baias uso em rodízio Tubulação no piso Maturação e Resfriamento

Recepção e Mistura Estoque material estruturante Peneiramento e estoque

Fonte: ACODAL, Colômbia

ção mais sofisticada, mecanizada e com investimento 2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção
elevado, a ser viabilizada no futuro pelo Consórcio Pú- Civil
blico, depois da introdução dos galpões simplificados.
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di-
O Consórcio Público incentivará que, nas áreas de com- mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
postagem de cada município, os tempos vagos das equi- zona de operação foi dimensionada para estocagem e
pes responsáveis por este trabalho sejam dedicados à acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
produção de composteiras simples, a serem ofertadas zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
aos munícipes que adiram à compostagem no domicí- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
lio, ou outro ambiente gerador. sórcio Público.

207
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR


Região Metropolitana B

As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume


gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
destes resíduos para processamento e reutilização. São áreas ofertadas à entrega voluntária de resíduos
provenientes de pequenos geradores ou geradores de
Figura 8 – Desenho ilustrativo da Área de
maior porte, entregues a preço público. Preveem es-
Manejo de Resíduos da Construção Civil
paço para a triagem em pátio, estimando-se a presença
predominante de resíduos da construção civil.
Peneira Móvel
Os resíduos volumosos serão conduzidos a um peque-
RCC fino
peneirado
no galpão coberto, para desmontagem, destinando as
madeiras para a área de Resíduos Verdes, os recicláveis
secos para o galpão de secos, os tecidos e espumas para
as baias próximas e envio posterior à cadeia produtiva.

RCC grosso Reserva


A operação das CMRs exigirá a permanência de uma pá
peneirado RCC limpo carregadeira (retroescavadeira na maioria dos casos) no
local, sendo usada de forma compartilhada nas opera-
ções das várias zonas compartimentadas que compõem
a instalação. Alguns dos equipamentos, já descritos, se-
Fonte: I&T
rão viabilizados periodicamente, pelo Consórcio, para
o manejo de RCC, resíduos verdes e madeiras.
Foto 12. Área de triagem
2.1.7 Ecopontos

Os Ecopontos, sendo áreas de mera acumulação se-


gregada de resíduos, demandam poucas atividades de
operação; haverá um funcionário do Consórcio respon-
sável pela recepção dos resíduos e orientação aos mu-
nícipes quanto aos locais específicos de destinação de
cada tipo de resíduo.

Nesta instalação poderão ser entregues voluntaria-


mente, por munícipes, até doze tipos de resíduos,
sempre em pequena quantidade: resíduos sólidos do-
miciliares secos, resíduos da construção civil, resídu-
os volumosos diversos, resíduos verdes e resíduos de
logística reversa (lâmpadas, pneus, eletroeletrônicos,
pilhas e baterias);

Foram consideradas duas hipóteses de layout para os


Ecopontos: uma imediata para operação com descarga
dos resíduos no solo que implicará em uso esporádico
de equipamento de carga (área em torno de 1.000 m2)
Fonte: I&T
e outro layout com descarga em contêineres a partir
Foto 13 . Operação com a Peneira Vibratória de platô, que permitirá deslocamento de resíduos di-
retamente pelos equipamentos de transporte (área em
torno de 700 m2). Estará colocada como meta a migra-
ção de toda a operação para o segundo tipo de layout
conforme ocorra o crescimento das atividades do Con-
sórcio Público.

Os Ecopontos obedecem um projeto padrão, com di-


mensões assemelhadas nos diversos municípios. A ade-
quação aos volumes diferenciados de geração será feita
pelo uso mais ou menos intenso pelos usuários e pela
remoção de resíduos com maior ou menor frequência.

Fonte: I&T

208
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos disponibilidade de processamento.

Região Metropolitana B
municípios
Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região precisa-
Para a adequação das instalações é necessário identi- rá ampliar o número de municípios dispondo em aterro
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A sanitário seus rejeitos. No momento, e pelo período pre-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com visto de implementação deste Plano, os resíduos urbanos
os indicadores de referência, é possível estimar a quan- que não forem recebidos e processados nas instalações
tidade de resíduos que as instalações receberão. planejadas serão encaminhados aos lixões dos municí-
pios ou aos aterros sanitários.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu A condição atual dos lixões será melhorada pela implan-
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar tação de projetos que estão sendo estudados pela SEMA
o acesso da população, funcionando, inclusive em um por meio dos “Planos de Recuperação de Áreas Degrada-
dos dias do final de semana. das (PRAD) de 81 lixões das Bacias Hidrográficas do Aca-
raú, Metropolitana e Salgado, no Estado do Ceará” em
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve fase final de elaboração. Tal Plano prevê que, em muni-
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo ex- cípios para os quais não há perspectiva de disposição de
cessivo de resíduos que dificulte a operação e de forma resíduos em aterros sanitários a curto prazo, será pro-
a que as viagens até a CMR sejam otimizadas. posta uma Solução Transitória, que prevê isolamento
da área dos atuais lixões, limitação da área de descarga
Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de e recuperação gradativa, e limpeza da área do entorno.
uma área da cidade com população em torno de 25 mil
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto. e mecanismos para criação de fontes de
negócios, emprego e renda
Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar li-
mitados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Ge-
A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Se-
radores ou transportadores privados de maior porte
letivas da Região Metropolitana B se apoia na certeza de
deverão recorrer à CMR e o uso desta área estará con-
que existe mercado consumidor para todos os produtos
dicionado ao pagamento de preço público adequado e

Foto 14. Atividade agroecológica no Ceará

Fonte: APRECE, Instituto Antonio Conselheiro, Quixeramobim, CE

209
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

que serão recuperados por meio do manejo diferencia- implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
do dos resíduos urbanos. pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon-
sabilidade do setor privado.
Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos Em todos esses casos, a participação do poder público
de resíduos não há coleta porque não há mercado. No no processo resume-se ao recebimento de pequenas
entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida- quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs,
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a para posterior retirada pelos responsáveis. O Consór-
porta sistemática, que se expande gradativamente na cio deverá manter rigorosos registros e contabilidade
medida em que se implantem soluções de triagem e co- dos custos incorridos em todas as operações realizadas,
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente para que se efetivem acordos justos entre as partes.
fará surgir novos negócios.
Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, pelo
Não deverá ocorrer problema para a absorção dos re- Consórcio, de Certificados de Logística Reversa, a se-
síduos pelos produtores rurais nos municípios; dados rem negociados diretamente com os responsáveis le-
existentes revelam que os volumes a serem gerados são gais, ou por meio das entidades envolvidas nos Acordos
muito inferiores à capacidade regional de consumo de Setoriais.
fertilizantes (em torno de 0,6 % desta). Serão prioriza-
dos os empreendimentos agroecológicos da Região,
especialmente os vinculados ao Programa de Aquisição
de Alimentos (PAA) e vinculados aos esforços pela con- 3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
vivência com o semiárido. ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
Também não haverá problemas para a colocação dos re- MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen- A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resíduos
to de terrenos. O simples peneiramento dos resíduos, da Região Metropolitana B foi realizada pelos municí-
como proposto no Plano para o primeiro momento, pios, com apoio técnico da Consultoria, a partir de al-
qualificará os resíduos para uso em diversas obras e guns parâmetros.
serviços públicos. Por fim, uma avaliação preliminar
demonstra o potencial de utilização dos resíduos de As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
madeira (das podas, construção civil e desmonte de vo- servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
lumosos) pelas cerâmicas, frigoríficos e outras ativida- Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
des econômicas da Região, que demandam energia de Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
baixo custo ou a produção de vapor. sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon- habitada para permitir acesso da população, num raio
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en- água e energia, e com possibilidade de afetação para
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- essa finalidade.
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui-
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a A estimativa de geração de resíduos em cada município
Lei 12.305/2010. se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede- postagem com capacidade de processamento de no má-
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defi- tecnológico fosse dominado.
nido na Lei, que as operações realizadas pelos serviços
públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sóli- O resultado desse trabalho é um Sistema Regional de
dos relativas à logística reversa de embalagens poderão Manejo, composto por áreas na sede e no território
ser devidamente remuneradas. Será necessário, assim, dos municípios, com 9 CMRs e 16 Ecopontos, sendo
que o Consórcio negocie, em nome dos municípios as- 11 nas sedes municipais e 5 em distritos, indicados no
sociados, acordo no sentido de remunerar as atividades mapa a seguir.
realizadas de transporte e triagem dos resíduos secos. A

210
Mapa das áreas de manejo

Região Metropolitana B
MARACANAÚ
PAJUÇARA MA
H
!
SENADOR CARLOS CE
H
! JEREISSATI H
! RN
"
) MONGUBA "
) PI
H
! PAVUNA ITAITINGA
H
! "
)!H PB
H
!
Oceano Atlântico PE
MARANGUAPE
PENEDO H SAPUPARA
! PACATUBA
H
!
LADEIRA
"
) CMR
GRANDE H
! H
!
CAMARÁ
UMARIZEIRAS
Ecoponto
SÃO JOÃO
DO AMANARI PAPARA H
!
LAGES
H
! H
!
LAGOA DO
ITAPEBUSSU
AMANARI
JUBAIA
GUAIÚBA
JUVENAL
Fluxo municipal
MANOEL GUEDES CACHOEIRA NÚCLEO COLONIAL
TANQUES PIO XII (SÃO GERÔNIMO) HORIZONTE
!"
H )H
!
ANTÔNIO MARQUES
DOURADO
H!
! H!
H Fluxo regional
VERTENTES ANINGAS
DO LAGEDO
QUEIMADOS DOURADOS
BAÚ
Metropolitana B
ITACIMA
ÁGUA VERDE PACAJUS
"
) H
! Divisa Municipal
ITAIPABA H
!

PASCOAL
Setor Censitário
Urbano
CAMPESTRE

PATOS DOS
LIBERATOS
CHOROZINHO Rodovias
H"
!) CEDRO

H
! TIMBAÚBA DOS
MARINHEIROS
TRIÂNGULO

SERRAGEM

NOVO HORIZONTE

"
) OCARA

H SERENO
!
DE CIMA
CURUPIRA

ARISCO DOS MARIANOS

Fonte: I&T, a partir de dados IBGE e Embrapa

3.1 Divisão do município em setores para ponda às exigências do período: menores no início do
coleta seletiva processo de gestão associada e maiores no período em
que maior número de atividades estiver implantado e
Nos municípios com população urbana na sede supe- os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
rior a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja des-
contínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR O número de servidores do Consórcio Público, e seus
para entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos mu- cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
nicipais uma setorização de forma a definir a área de colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
abrangência da CMR e propostos Ecopontos que garan- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
tissem fácil acesso a todos às áreas de recepção de re- em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
síduos. Recomendou-se também a localização de Eco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
pontos nos distritos mais populosos, ficando, portanto, paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
todo o território dos municípios coberto pela rede local do com as demandas do período.
proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais.
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
211
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

maiores municípios associados. Foto 15. Ecoponto operando com caçamba estacionária

Na estrutura departamental proposta para o


Consórcio Público estão presentes, além da
Presidência e Superintendência: Assessoria Ju-
rídica e Ouvidoria; Planejamento e Controle;
Comunicação, Mobilização e Educação Am-
biental; Prestação de Serviços; Administrativo
e Financeiro; e, Tecnologia de Informação. No
primeiro cenário esta equipe administrativa
deve atingir 12 profissionais concursados, co-
ordenados pelo Superintendente.

Na equipe responsável pela “Prestação de Servi-


ços” sugere-se a presença de 3 técnicos dedica-
dos à orientação do processo de compostagem e
organização da destinação do composto produ-
zido; ao controle do uso em rodízio dos equipa-
mentos de manejo do RCC e Madeira (Peneira
Vibratória e Picador); e, por último, dedicados
à viabilização do comércio dos resíduos reciclá-
veis secos obtidos no processo de triagem. Fonte: I&T

3.2.1 Dimensionamento das equipes de resíduos, é recomendável que as instalações perma-


operacionais das Centrais Municipais de Resíduos neçam abertas pelo maior tempo possível, todos os dias
da semana, além de um dos dias do final de semana.
As equipes operacionais serão compostas de um Encar-
O número de funcionários necessários a este serviço é
regado Geral e Auxiliares Operacionais, evoluindo em
um por Ecoponto, com cargo de Auxiliar Operacional,
dimensão conforme avança a implementação das ati-
sob coordenação do Encarregado Geral da CMR.
vidades. O Encarregado responderá pela coordenação
das atividades na CMR e também pela remoção dos re- 3.3 Investimentos necessários
síduos captados nos Ecopontos, articulando esta opera-
ção do Consórcio Público.
Na elaboração do Plano de Coletas Seletivas da Região
Na CMR ocorrerão operações integradas com os vários Metropolitana B foram estimados custos de implanta-
resíduos, compartilhando-se espaços, equipes, contro- ção da infraestrutura em geral e dos principais compo-
les e equipamentos. Decorrente do volume de resíduos nentes das instalações, com base nos indicadores do Si-
gerados, as equipes nas CMR variarão entre 5 e 12 fun- napi-CE (base julho/2017) e consultas complementares
cionários. ao mercado.

Os custos indicados para as CMR incluem serviços pre-


3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões
liminares, cercamento e divisórias internas, portão,
de Triagem
baias e galpões para desmonte de volumosos e armaze-
namento de resíduos com alguma periculosidade (RCC
São equipes que também evoluirão com o crescimento
Classe D e outros).
das coletas seletivas. Os parâmetros adotados para o di-
mensionamento são aqueles propostos em manuais do Às 9 CMR planejadas corresponderá um investimento de
Ministério das Cidades. R$ 1.636.827,39; aos 3 Ecopontos simples R$ 300.160,86;
e aos 13 Ecopontos com platô R$ 1.997.940,56.
No Cenário II, quando serão iniciadas as operações de
triagem de resíduos secos, as equipes nos 6 galpões de Os equipamentos de carga e de transporte interno (ou
triagem variarão entre 46 funcionários e 164 funcioná- entre Ecopontos e CMR) foram considerados como in-
rios, estes no maior galpão, em Maracanaú. sumos locados nos mercados locais.

3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Para o processo de compostagem os investimentos ini-
Ecopontos ciais preveem: 1) a implantação de um galpão de com-
postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte de telhas onduladas e piso concretado, equipado com

212
baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador, 4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA

Região Metropolitana B
termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma PARA O MANEJO DIFERENCIADO
guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,
sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de
água, para suporte à equipe inicial de operadores. Desta A implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá
forma, na Região Metropolitana B, o investimento ini- mudanças e ajustes na forma como atualmente se reali-
cial em 9 galpões de compostagem completos será de R$ za a coleta de resíduos nos municípios.
767.855,35.
Na Região Metropolitana B a prática predominante é a
Já para o manejo dos resíduos secos, conforme o planeja- coleta de resíduos domiciliares indiferenciados, ocor-
mento adotado pelos técnicos municipais, estão previs- rendo apenas em Maranguape, por iniciativa da Asso-
tos investimentos em Galpões de Acumulação (estações ciação de Catadores AVATAH, a coleta seletiva em alguns
de transferência) e Galpões de Triagem, sensivelmente bairros do município.
menores que os esperáveis, pela redução do número de
A primeira etapa de implementação do Plano será a im-
unidades de triagem propiciado pelo compartilhamento
plantação da compostagem dos resíduos orgânicos, co-
de instalações no Consórcio Público. Na Região Metro-
letados de forma seletiva. Para os municípios menores,
politana B os investimentos iniciais para recuperação
mesmo onde o galpão de compostagem seja implantado
dos resíduos secos em todos os municípios são estima-
em um módulo único, a coleta deve avançar em duas
dos em R$ 212.251,50 para 3 Galpões de Acumulação e R$
etapas, de forma a cobrir inicialmente 50% da área ur-
7.404.660,06 para 6 Galpões de Triagem completos.
bana e depois os outros 50%.
Os investimentos para qualificação do RCC e das ma-
Para municípios maiores, que gerem até 6t/dia, uma
deiras, de forma a ampliar sua capacidade de reutili-
segunda etapa estará condicionada à implantação de
zação, serão feitos em equipamentos móveis, para uso
outro módulo do galpão para ampliar sua capacidade
compartilhado por todos os municípios: R$ 50 mil es-
de processamento de resíduos. E para municípios que
timados para uma Peneira Móvel e R$ 180 mil para um
geram mais de 6t/dia até 9t/dia a implantação da cole-
Picador Florestal sobre carreta homologada.
ta seletiva de orgânicos avançará em 3 etapas, à medida
O quadro geral dos investimentos necessários para o em que sejam acrescidos novos módulos de galpões de
início de todas as atividades planejadas deve considerar compostagem.
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
belecida em cada uma das CMR. Desta forma, os inves- alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
timentos iniciais e seu impacto na população urbana da da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
Região Metropolitana B são indicados no quadro a seguir. de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
seletiva de secos).

Quadro 12 – Investimentos em estruturas para recuperação de resíduos

Investimentos - Coletas Seletivas Múltiplas (R$)

Galpão de
Equipamentos Ecopontos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de
Móveis RCC e simples e com
básica das CMR (9) Compostagem (9) Triagem RS secos Apoio (9)
Madeiras (2) platô (16)
(9)

1.636.827,39 767.855,35 7.616.911,56 230.000,00 718.176,94 2.298.101,42

Total: 13.267.872,66

Investimentos per capita (R$)

2,81 1,32 13,07 0,39 1,23 3,94

Total: 22,77

Fonte: I&T

213
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a de um modelo eficiente de coleta se impõe.
qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. O Consór-
cio Público, em conjunto com cada município, deverá As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem van-
planejar o processo gradativo de alteração das rotinas tagens e desvantagens. Em uma análise simples de lo-
de coletas, buscando manter ao máximo os termos con- gística de transporte, é possível visualizar uma solução
tratuais, de forma a reduzir o impacto das novas coletas intermediária, mista, que agrega boa parte das vanta-
sobre as empresas contratadas, sem colocar em risco o gens de ambos os processos, aumenta a eficiência e re-
cumprimento das metas do Plano. Algumas rotas serão duz custos.
alteradas para coleta seletiva de orgânicos em parte da
Este modelo consiste na coleta porta a porta por um
cidade, em dias alternados com a coleta de indiferen-
coletor munido de um carro bag. Este coletor dialoga
ciados; as demais permanecerão como estão.
com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta,
Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas- controla a qualidade da segregação e acumula os resí-
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva- duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag
mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos. estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de
Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta acumulação, de onde será transportado à CMR por um
a porta introduz-se uma terceira coleta. caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
porte do município.
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta
A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
e transporte dos materiais coletados
leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega
A frequência de coleta dos resíduos indiferenciados pra-
a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami-
ticada atualmente é principalmente diária nos municí-
nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a
pios da Região Metropolitana B, com algumas exceções.
desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
Nos municípios ou áreas de municípios em que a cole- de rejeitos entre os resíduos valorizáveis.
ta é feita diariamente é muito simples a implantação da
A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte-
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com
grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas al-
de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
ternadas, como ocorre em grande parte das cidades bra-
em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
sileiras, sem problemas inclusive nas cidades maiores.
igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de mização dos fluxos e da logística de coleta.
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez
A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
que há contratos em andamento, que provavelmente
em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
serão renovados, e ainda não é possível prever o teor
gida a escala de todo o território, custa em média 25%
das alterações.
a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Para o período seguinte, informações que deverão ser Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio poderão in- resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
dicar necessidade de revisão dos roteiros de coleta atu- ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
almente praticados, no sentido de tornar o processo ramento sem reaproveitamento.
mais eficiente.
Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em resíduos secos para todo o território dos municípios
dias alternados em todos os municípios. O Consórcio permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
deverá apoiar os municípios nessa transição para calcu- res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
lar os volumes a coletar e traçar as novas rotas dia a dia. para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
4.2 Introdução da coleta em três frações poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
ta dos diferentes tipos de resíduos.
No momento da implantação da coleta em três frações, A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre-
será introduzida uma outra coleta, exclusiva para resí- quência semanal, já experimentada em quase todos os
duos secos. municípios que praticam coleta seletiva de secos, com
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac-
A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a coleta seletiva
terísticas permitem armazenamento nas residências
não é mais uma opção, de acordo com as conveniências
por esse período sem gerar incômodos.
do governo local, mas uma exigência. Assim, a definição
214
Foto 16. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Região Metropolitana B
Fonte: elaboração I&T

Foto 17. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)

Fonte: I&T

O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru- tas especiais programadas desses resíduos com veículos
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente
poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con- identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro
sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios operar dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
o transporte pelo Consórcio, logo que possível deverão
ser utilizados caminhões poliguindaste para transporte 4.3 Equipamentos e equipes das Coletas
dos resíduos em contêineres, simplificando bastante a Seletivas
operação do Ecoponto.
A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
Não existe uma frequência pré-definida de transpor- da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já
te, uma vez que pode haver variação na disposição de existentes, sem alteração do número de equipamentos e
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre- te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta- ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
riamente entregues nos Ecopontos. nos processos do Galpão de Compostagem.
A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
mesma viagem terá que ser totalmente abolida. geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
agregados aos contratos em vigor.
resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
verdes do domicílio e resíduos volumosos. Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
Em regiões das cidades onde predominam moradores
se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-

215
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

postas de metas de avanço. O início da coleta de secos na da construção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos
Região Metropolitana B envolverá inicialmente o tempo resíduos da logística reversa que deverão ser levados a
de trabalho de 90 coletores e 13 caminhões. esses locais.

4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo-
do trabalhador para operação das áreas de bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes
manejo de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
contatos diretos periódicos em todos os domicílios em
Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra- cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio
balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta de para as mudanças comportamentais imediatamente
resíduos, segregação nos locais de tratamento, prepara- necessárias. A Região conta com 1.000 agentes de saúde
ção para venda, carregamento e descarregamento de re- e 441 agentes de combate a endemias, conforme deta-
síduos e operação de todas as atividades de tratamento. lhado no Diagnóstico.

O Consórcio deverá elaborar Programa de Prevenção Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas
de Riscos Ambientais (PPRA) e Plano de Controle Con- escolas, com o desenvolvimento de atividades de edu-
tra Incêndio (PCI) para cada uma das CMRs da Região, cação ambiental centradas na não geração, redução de
garantindo que todas as normas de segurança sejam geração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se
permanentemente observadas, além de Programa de de expor cotidianamente às novas gerações em forma-
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos ção, nas 882 escolas da Região, os caminhos que devem
trabalhadores envolvidos. Deverão ser utilizados Equi- ser seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no
pamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI) ambiente escolar - daqueles das salas de aula, aos ad-
nas instalações, sempre que as atividades a ser executa- ministrativos, aos de reparo das instalações, aos de lo-
das assim exigirem. gística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos
volumosos, aos da cantina escolar e outros.

Todas as 882 escolas serão estimuladas a elaborar, com


participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla-
5. ESTRUTURAR A MUDANÇA no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de
COMPORTAMENTAL orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re-
síduos gerados no ambiente escolar.
A implementação das coletas seletivas múltiplas exige Para as mudanças com-
um profundo processo de mudança comportamen-
PROTOCOLO DE INTENÇÕES DO CONSÓRCIO DA REGIÃO SERTÃO LITORAL NORTE

portamentais necessá-
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo rias será imprescindível
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, o envolvimento dos esta-
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- belecimentos comerciais
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, PROTOCOLO DE
(lojas, mercantis, qui-
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e INTENÇÕES tandas, distribuição de
prestadores de serviços. Há mudanças comportamen- materiais de construção
DO
tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im- etc.) para que se respon-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para CONSÓRCIO DA sabilizem pelo anúncio
o futuro, operando principalmente no ambiente esco- dos novos endereços
REGIÃO
lar, preparando as novas gerações para a continuidade para disposição dos resí-
e aprofundamento do manejo responsável de resíduos METROPOLITANA B
duos e novas regras.
no ambiente urbano. VERSÃO 04/10/2017 1

Para isso deve-se começar pela ampla divulgação da


mudança operacional que se fará com as coletas seleti-
vas múltiplas, de maneira geral, e enfatizando cada eta-
6. CONSTRUIR E ESTABILIZAR A
pa de implantação. INSTITUCIONALIDADE DA GESTÃO

Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das no-


vas práticas para a correta segregação dos resíduos na As coletas seletivas múltiplas reduzirão o recurso aos li-
fonte de geração, das formas adequadas de disponibili- xões e aterros como destino de resíduos, mas exigirão
zação dos resíduos para coleta e do novo calendário das a construção de uma instância de gestão forte, bem es-
coletas porta a porta. Mas também dos novos endere- truturada, com escala operacional que reduza custos e
ços para disposição dos resíduos volumosos, verdes e melhore a produtividade nas ações.

216
Como mencionado em várias passagens deste Plano, ção, prestação dos serviços, implantação das unidades

Região Metropolitana B
essa instância é um Consórcio Intermunicipal formado de manejo, venda dos materiais recuperados e cobran-
com a participação dos 9 municípios da Região Metro- ça para sustentabilidade dos serviços prestados.
politana B contemplados pelo projeto de implementa-
ção de coletas seletivas nas bacias prioritárias do Ceará. Aponta-se o planejamento coordenado pelo Consórcio
Público, os serviços de coleta e limpeza realizados pe-
Para essa construção, iniciou-se durante a etapa de pla- los municípios, a operação das unidades de destinação
nejamento, a discussão de uma Minuta de Protocolo de pelo Consórcio, o recolhimento da Taxa de Resíduos Só-
Intenções com os municípios da Região. lidos também por ele, que se responsabilizará pela fis-
calização local, e a regulação e fiscalização dos contratos
A construção do Consórcio é muito importante para a pela ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos
obtenção de recursos do Governo do Estado para a im- Delegados do Estado do Ceará.
plementação do Plano, uma vez que consórcios inter-
municipais para a gestão de resíduos sólidos têm prio- 6.2 Programas e ações de capacitação
ridade na alocação de recursos estaduais, conforme técnica voltados para a implementação e
definição da Lei 16.032/2016. operacionalização das Coletas Seletivas
O Consórcio a ser formado deve ter uma equipe própria
Para que a implementação e a operação das Coletas Se-
suficiente para realizar todas as atividades de planeja-
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio
mento, fiscalização das posturas dos usuários e das ati-
deverá desenvolver programas e ações de capacitação
vidades operacionais de coletas nos municípios,
técnica para sua estruturação institucional, implantação
O Protocolo mencionado trata também de um aspecto das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi-
particularmente importante das coletas seletivas, que ções irregulares, operações de compostagem e triagem
é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
resíduos processados: composto orgânico, resíduos se- monitoramento geral da eficácia das operações.
cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
Essa capacitação será essencial para transformar as prá-
da construção civil segregados corretamente. Para isso
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas.
é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
6.3 Monitoramento e indicadores, controle
ciado, receptor dos resultados da comercialização, para
e fiscalização da implementação e
cobertura de custos operacionais e aplicação no inves-
operacionalização no âmbito local
timento de novas instalações que integrarão o Sistema
Integrado de Áreas de Manejo planejado para a Região.
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos,
Além disso há quatro anexos que tratam de aspectos estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí-
fundamentais da prestação dos serviços de limpeza ur- pios da Região Metropolitana B que contratam serviços,
bana e manejo de resíduos sólidos: o primeiro é rela- o controle e a fiscalização da execução dos contratos de-
tivo aos empregos que são criados; o segundo trata de vem ser feitos pelas secretarias municipais contratantes
uma exigência da Lei 11.445/2007, que é o regulamen- e órgãos de controle do município.
to uniforme para a prestação de serviços em regime de
gestão associada, estabelecendo desta forma elementos Ao município, portanto, caberá a verificação de cum-
importantes da política municipal de resíduos sólidos; primento de rotas, calendário, horários, condição de
o terceiro autoriza o lançamento de Taxa de Resíduos operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes
Sólidos Domiciliares no município, indispensável para de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de
a sustentabilidade da prestação dos serviços, conforme uniforme e equipamentos de segurança e proteção in-
definição também da Lei 11.445/2007 e o quarto anexo dividual, eficiência da coleta.
trata de leis uniformes para o gerenciamento de resídu-
Ao Consórcio caberá a fiscalização em relação à segrega-
os da construção civil.
ção dos resíduos que entram nas CMRs da Região, sen-
do necessário um intenso intercâmbio de informações
6.1 Definição das responsabilidades para
para que as desconformidades na coleta sejam corrigi-
implementação do Plano de Coletas Seletivas
das, e campanhas sejam reforçadas.

A proposta discutida pelos municípios divide as respon- Um sistema de monitoramento da coleta e da operação
sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis das áreas de manejo implica a estruturação de processos
pela gestão de resíduos, o Consórcio e o Governo Esta- de registros de informações e produção de indicadores
dual no tocante ao planejamento, regulação, fiscaliza- capazes de orientar ações corretivas e preventivas. De-

217
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Foto 18. Associação de Catadores de Maranguape e AVATAH


Região Metropolitana B

verão ser monitorados os vários tipos


de coleta, as operações nos 16 Eco-
pontos e nas 9 CMR, e aspectos espe-
cíficos como a eficiência e eficácia dos
processos e a qualidade dos materiais
produzidos.

6.4 Periodicidade de revisão do


plano

Este Plano de Coletas Seletivas é en-


tendido como um detalhamento do
Plano Regional de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos. Definição da Lei
12.305/2010 recomenda que seja ob-
servada a vigência dos Planos Pluria-
nuais na definição da periodicidade
de revisão dos planos municipais (e
intermunicipais) de gestão integrada
de resíduos sólidos. Portanto, a perio-
dicidade sugerida é de quatro anos,
adotada também para os planos mu-
nicipais de saneamento básico.

No caso deste Plano de Coletas Seleti-


vas, sua elaboração ocorreu no perío-
do de revisão do PPA; sugere-se, por-
tanto, que seja revisado em 2021 pela
primeira vez e daí em diante sempre
no ano de elaboração do PPA, de for-
ma, inclusive, a incluir no PPA as ações
cabíveis.

Avaliações do estágio de implementa-


ção do Plano deverão ser feitas anual-
mente, a partir dos relatórios periódi-
cos sobre a qualidade da prestação dos Fonte: I&T
serviços exigido pela Lei 11.445/2007,
instrumentos importantes para a re- Entretanto em todos os casos as ações realizadas pelos
visão do Plano, e divulgadas para os usuários. catadores para recuperação de resíduos domiciliares
são feitas à margem da formalização exigida pela Lei
11.445/2010, que é clara – serviços como o de coleta se-
letiva de resíduos secos recicláveis são parte do serviço
7. ANCORAR AS INICIATIVAS DE público, e só podem ser prestados sob contrato.
INCLUSÃO SOCIO PRODUTIVA NA Assim, a alternativa de envolvimento de cooperativas
ESTABILIDADE DA GESTÃO ou associações de catadores neste serviço só poderá ser
efetivada se for objeto de um contrato, como qualquer
prestador de serviço, com estabelecimento de deveres,
Os levantamentos de informações realizados nos muni-
obrigações e direitos, mesmo que acionada a possibili-
cípios para elaboração deste Plano evidenciaram a situ-
dade de dispensa de licitação prevista em lei.
ação de desamparo em que se encontram os catadores
de materiais recicláveis na maioria deles. Nos municí- Será importante que o Consórcio crie programa de
pios de Horizonte, Maracanaú, Maranguape, Pacatuba apoio à formalização das organizações, programa de ca-
e Guaiúba onde há entidades organizadas de catadores, pacitação e programas de fomento às organizações para
há iniciativas de relacionamento institucional entre o o manejo de embalagens, orgânicos, volumoso, eletro-
Poder Público Municipal e estas organizações. eletrônicos e outros.

218
7.1 Estratégias de incentivo para a Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações

Região Metropolitana B
formalização das cadeias produtivas da de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
reciclagem e organização produtiva com base na economia solidá-
ria e autogestão.
A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co- regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
operativas ou de outras formas de associação de cata- ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as 13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs.
mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
que neles estejam presentes.
OSCs podem firmar termos de colaboração visando
Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es- atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia por meio de atividades, realizadas de modo contínuo
produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi- e permanente, como programas de assistência social,
ca de cooperativas e associações de catadores. De forma alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de
complementar, apresentam-se em anexo minutas dos habitação popular, ou parcerias no formato de projetos,
principais instrumentos para parcerias entre a Admi- limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as-
nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil – sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem.
OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
Há uma série de exigências formais a serem cumpri-
de instruções para a formalização de associações e coo-
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que
perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
apresenta um roteiro para a constituição de associações
vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
e cooperativas de catadores.
cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres- Considerando que o mecanismo de chamamento pú-
tação de serviços entre a Administração Pública e coo- blico é um dos instrumentos fundamentais na cele-
perativas de catadores. bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste
Plano, edital de chamamento público para termos de
Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta
de um programa específico voltado à formalização da
modalidade de parcerias entre a Administração Pública
presença dos empreendimentos comercializadores de
e as Organizações da Sociedade Civil.
materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
7.1.2 Fomento às cooperativas
7.1.1 Apoio aos catadores
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de
os catadores têm na coleta, separação e venda de reci-
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de
cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona-
exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
mento de cooperativas ou de outras formas de associa-
xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
são social e à emancipação econômica deste segmento.
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como
Nos lixões os catadores trabalham em condições pre- sua contratação”. Também é importante ressaltar que
cárias e na sua maioria se encontram em situação de esta priorização só pode se dar por meio de contrata-
extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação,
precisam fundamentalmente de programas e ações de conforme a Lei 11.445/2007.
combate à pobreza e geração de trabalho e renda.
Enquanto as questões relacionadas a organização e fun-
Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública cionamento das cooperativas ou de outras formas de as-
e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru- sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito
mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão do apoio, a priorização da contratação das cooperativas
social e à emancipação econômica dos catadores. ou de outras formas de associação de catadores deve ser
tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-

219
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

merciais. Assim a Administração Pública deve observar mente da natureza dos estabelecimentos comercializa-
a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada dores de menor porte, assegurarem seus resultados eco-
na legislação significa criar condições adequadas, de nômicos a partir de uma relação desqualificada com os
forma a impulsionar e estimular a participação destes seus fornecedores de materiais. As relações dos estabe-
empreendimentos sociais como prestadores de serviço. lecimentos com os catadores são bastante arcaicas, típi-
cas de atividades informais, e precisam ser qualificadas.
Desta forma, a Administração Pública deve remunerar
as cooperativas ou associações de catadores quando da Por último, a necessidade de formalização se imporá
contratação dos serviços de coleta e triagem de resíduos pela demanda que se mostrará crescente para uma pre-
sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em que sença mais significativa dos estabelecimentos na efetiva-
o faria para contratação de uma empresa prestadora de ção de um fluxo de “exportação” dos resíduos da região
serviços. geradora. O conjunto destes estabelecimentos, com to-
das as suas precariedades, constitui hoje o caminho para
O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em a destinação de resíduos recicláveis que serão necessa-
atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas, riamente coletados de forma muito mais intensa. Este
alocando as organizações de catadores e seus núcleos de conjunto expressa um fluxo regional de captação e des-
trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos tinação de resíduos importantes e valorosos que precisa-
recicláveis diversos. rá ser ativado pelo Poder Público, por meio do Consórcio
Público e seus instrumentos de atuação, já descritos nes-
Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
te plano, para destinação e valorização de resíduos.
um Sistema de Áreas de Manejo, a ser gerido por um
Consórcio Público da Região Metropolitana B, assume
importância a perspectiva de organização do fomento
aos catadores por meio de uma cooperativa ou associa-
8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
ção de abrangência regional, que articule os grupos de
catadores em cada município, por menores que sejam, DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
permitindo o desenvolvimento de atividades localmen- FINANCEIRA
te planejadas.
De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra-
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
sileiros que responderam ao questionário do Sistema
comercializadores de material reciclável
para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No
caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai
Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
para 38,6%.
formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou apenas O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu-
intermediando negócios e efetuando o transporte entre nicípios com menos de 30 mil habitantes é de R$ 7,13
agentes, carecem de formalização das suas atividades. por habitante ao mês. Para a faixa entre 30 mil e 100 mil
Esta necessidade deve ser atendida com o desenvolvi- habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e para a faixa
mento de um programa específico voltado ao incentivo entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$ 7,08. Para mu-
à formalização, mas também apoiado no esforço de fis- nicípios do porte de Maracanaú o custo é de R$ 8,84 por
calização das condições de trabalho oferecidas e condi- habitante por mês. Estes custos englobam todas as des-
ções sanitárias existentes. pesas dos serviços de limpeza urbana e manejo de resí-
duos sólidos, inclusive disposição final.
Três motivos tornam o desenvolvimento deste progra-
ma bastante importante. Em primeiro lugar o fato de A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
que são agentes já estabelecidos, numerosos, e que fa- participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
zem uma movimentação de materiais em volume ex- cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
pressivo, porém ainda desconhecido. Dados anteriores com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá ana-
sugerem que este volume seja em torno de 4 vezes supe- lisar a estrutura de custos na Região Metropolitana B.
rior ao dos programas de reciclagem com apoio direto
do poder público. 8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação
de serviços públicos das Coletas Seletivas
De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes es- Múltiplas e formas de cobrança
tabelecimentos são alimentados por um número sig-
nificativo de catadores “de ofício” ou por munícipes de
A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar
menor renda que buscam ampliação de seus proventos,
a composição dos custos municipais para a prestação
recorrendo a segregação de resíduos para tanto. É atual-
dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana.

220
de manejo dos resíduos sólidos, decorrente da gestão

Região Metropolitana B
Gráfico 6 – Despesa mensal (parcial) per capita
com serviços de manejo de resíduos sólidos e associada por Consórcio Público.
limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole-
Pacatuba
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu-
Pacajus ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem
em substituição ao de aterramento; para os resíduos se-
Ocara cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o
Maranguape de destinação por triagem, em substituição ao custo de
aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
Maracanaú trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e
Itatinga Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi-
ções irregulares ou coleta especial destes resíduos.
Horizonte
Na análise dos novos custos incidentes não há senti-
Guaiúba
do em uma análise por município, na medida em que
Chorozinho a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio Pú-
blico. O custo é regional e dele participam os municí-
Fortaleza
pios na forma estabelecida em Contrato de Rateio (Lei
Eusébio 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das ope-
rações. Também não há sentido em uma análise de cus-
Caucaia
tos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas
Aquiraz Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração
6.000 12.000 18.000 24.000 30.000
física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão
integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em
Fonte: Elaboração I&T
cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi-
Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual
tárias reduzam os custos das deficitárias.
em que meramente são afastados os resíduos do espaço
urbano onde são gerados, em relação à situação com as De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta-
coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas das estimativas de custos para os novos processos.
e postos de trabalho, redução de impactos e custos no
meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al- Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras
terações diretas são: e resíduos da construção civil, quando adequadamente
• Ampliação do custo de coleta pela introdução da manejados, geram receitas – excedente econômico que,
coleta diferenciada de secos após o início do proces- gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
so com o manejo de orgânicos; cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
• Ampliação dos custos de destinação pela introdu-
ção do processamento de resíduos; Na Região Metropolitana B, especial atenção deverá ser
• Redução geral de custos pela contabilização das re- dedicada à realização das receitas oriundas da comer-
ceitas geradas com os materiais valorizáveis; cialização das embalagens e produtos recicláveis, 73%
da receita total potencial, e das oriundas da qualifica-
• Redução geral dos custos pela eliminação de parte ção do RCC como agregado reutilizável, 17% da receita
do custo de aterramento; total potencial.
• Redução geral de custos pela ampliação da escala

Quadro 13 - Coletas Seletivas Múltiplas – novos custos

Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)

Total 122.272,68 655.743,56 37.909,49 446.140,95 1.262.066,68

Custo per capita no


Consórcio 0,21 1,13 0,07 0,77 2,17
(R$/hab.urb. mês)

221
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Quadro 14 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas

Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)

Custo total (*) 63,13 7,85 30,08 83,54 34,59

(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume

Quadro 15– Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos tal, os recursos provenientes
tratados na Região Metropolitana B de multas e outras receitas, as
dotações orçamentárias para
cobertura do custo de limpeza
Quantidade Valor de venda Valor potencial de urbana (custos indivisíveis) e os
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) recursos provenientes da arre-
cadação da TRSD – Taxa de Resí-
duos Sólidos Domiciliares para
Composto (t) 70,20 148,50 10.424,70
cobertura do custo de manejo
de resíduos (custos divisíveis).
Embalagens (t) 618,70 280,63 173.627,57

Apontar a solução para recu-


Estruturante (m³) 144,99 5,00 724,95
peração dos custos dos serviços
públicos é determinação legal
RCC Classe A (m³) 1.288,80 32,00 41.241,60
da Lei Federal de Saneamento
Madeiras (m³) 596,07 10,00 5.960,70 Básico (11.445/2007) e da Políti-
ca Nacional de Resíduos Sólidos
Recicláveis (t) (RCC e (12.305/2010) que tem que ser
4,44 1.000,00 4.436,25
volumosos) cumprida. Este Plano de Coletas
Seletivas considera que as boas
Total - - R$ 236.415,77 soluções tecnológicas, geren-
ciais e de engenharia devam ser
Fonte: Elaboração I&T
buscadas para que se expresse
aos munícipes o menor valor
A Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu-
possível, sem renúncia às receitas possibilitadas pela va-
nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o
lorização dos materiais. Considera ainda que os valores
recurso a uma Organização Social, a instituição de um
eventualmente lançados em IPTU devam ser direciona-
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
dos à recuperação dos custos indivisíveis, por meio do
ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni-
Fundo Especial do município e a Taxa de Manejo de Re-
cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos
síduos Domiciliares, operada pelo Consórcio Público,
Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre
deve ser lançada para recuperação dos custos divisíveis
as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien-
relativos à coleta, tratamento e destinação de resíduos,
te, responderá pela comercialização dos resíduos em
de forma que os municípios da Região Metropolitana
nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
B possam sair da atual situação de descumprimento de
dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de
dispositivo legal. Por final, novamente para adequação a
Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
dispositivo legal, o Plano considera que os preços públi-
mento dos custos operacionais com a coleta e processa-
cos têm que ser instituídos para a absorção eventual de
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão
resíduos de grandes geradores.
de catadores.
Futuramente poderá ser considerada pelo Consórcio a
O Fundo Regional de Financiamento será alimentado
discussão de créditos, junto aos responsáveis legais (fa-
também por recursos oriundos dos Fundos Especiais de
bricantes, distribuidores e outros) por efetivação da lo-
âmbito municipal. O fundo municipal – Fundo Especial
gística reversa de embalagens e alguns resíduos especiais.
para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – recepcio-
nará os recursos provenientes do ICMS Sócio Ambien-

222
9. DEFINIR O PAPEL DO ESTADO COMO guarita coberta, equacionamento da peneira móvel e do

Região Metropolitana B
INDUTOR DO AVANÇO NECESSÁRIO picador de madeiras; no segundo ano serão implantados

No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu-


Na tradição brasileira, até a edição da Lei 12.305/2010, os lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
Estados praticamente não exerciam papel de relevo no apoio nas CMR. Os Ecopontos poderão ser implantados
tema dos resíduos sólidos, a não ser como licenciadores a qualquer momento pelos municípios ou pelo Consór-
dos empreendimentos viabilizados pelos municípios. cio Público já constituído, por se tratarem de obras bas-
tante simplificadas.
O Estado do Ceará, no entanto, tem atuado em várias
frentes no tema dos resíduos sólidos: elaborou em 2012 Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce-
seu Plano de Resíduos Sólidos, elaborou um estudo de ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen-
regionalização para adequação da escala de gestão, es- te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do
tão em elaboração os Planos Regionais de Resíduos Só- ICMS Sócio Ambiental.
lidos para 11 das 14 Regiões estabelecidas para a gestão
O histórico da Região Metropolitana B em relação ao re-
dos resíduos sólidos.
passe destes recursos nos últimos anos pode ser analisa-
Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita- do na figura do Gráfico 7.
rão, aos municípios, o cumprimento da exigência le-
Observe-se que o valor de um único ano, considerada
gal, os Planos de Coletas Seletivas, descendo a detalhes,
a média dos repasses efetuados nos três últimos anos,
como observado neste documento, dão a eles instru-
corresponde a 2,5 vezes os investimentos iniciais neces-
mentos imediatos para a implementação de ações e iní-
sários à implantação das Coletas Seletivas Múltiplas.
cio do processo de mudança.
O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que
Apoiando os municípios no preparo deste Plano de Co-
terão prioridade para investimentos os municípios que
letas Seletivas da Região Metropolitana B, o Estado do
tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
Ceará anunciou a intenção de ir mais além, apoiando
Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação.
também sua implementação.
Ocorrendo o avanço da gestão associada por Consórcio
9.1 Apoio aos investimentos iniciais
Público na Região Metropolitana B, alguns outros con-
dicionantes estão estabelecidos pelo Estado para acesso
A implantação das instalações obedecerá ao cronograma dos municípios aos recursos por ele gerenciados:
geral já apresentado. No primeiro ano está prevista a im-
plantação das seguintes instalações da CMR de cada mu- • existência de área afetada adequada para a implan-
nicípio: módulo inicial de galpão de compostagem com tação da CMR;

Gráfico 7 - Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental na Região Metropolitana B

3.500

2.800
ICMS - 2% (mil R$)

2.100

1.400

700

0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Metropolitana B - Repasses ICMS Socioambiental

Fonte: SEMA

223
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu- sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas) linha de ação a concentração dos apoios por meio dos
e sua capacitação; Consórcios Públicos. Desta forma, o primeiro passo
deve ser o de constituição do Consórcio Público na Re-
• compromisso com a reconfiguração da coleta de
gião Metropolitana B, com aprovação de toda a base le-
resíduos domiciliares executada por execução direta
gal para seu início de operação.
ou contrato terceirizado;
• adoção de solução para a recuperação dos custos Portanto, anteriormente às metas de operação da coleta
operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares, seletiva de orgânicos há metas para o Consórcio e para
preços públicos e outras) e estabilidade da prestação construção das CMR. Em relação às metas de coleta,
do serviço público. sugeriu-se que sejam alcançadas por etapas, de acordo
com o porte dos municípios: em duas etapas nos muni-
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente cípios menores e em três etapas nos maiores.

Além de aporte de recursos financeiros, o apoio do Es- Haverá ampliação gradativa dos módulos do galpão e
tado à gestão se fará pela cessão de um servidor – Ges- das baias na medida em que avance a coleta seletiva, e
tor Ambiental Residente - técnico com as qualificações ajustes futuros com introdução progressiva de meca-
requeridas, que exercerá por algum tempo o cargo de nização nos maiores municípios, respeitando-se um
Superintendente do Consórcio que será criado apoian- processo de aprendizagem e prevendo-se avanços que
do seu Presidente e a Diretoria (escolhidos todos entre permitam a universalização do tratamento dos orgâni-
os prefeitos da Região Metropolitana B). cos do município.

Ao técnico cedido pelo Estado incumbirá, em conjun- No tocante à coleta seletiva de secos, que deve ser ante-
to com os gestores e técnicos locais, estruturar o órgão cedida de investimentos mais significativos nas infraes-
intermunicipal na forma estabelecida no Protocolo de truturas de triagem, considera-se na proposta de metas
Intenções e neste Plano. que ela se iniciará, de forma extensiva, em um período
em que as mudanças comportamentais já estão em cur-
Será essencial seu papel de capacitador das equipes so. Desta forma propôs-se que a introdução das novas
locais, transmitindo conhecimento, viabilizando solu- rotas de coleta aconteça por etapas, porém mais curtas,
ções, sustentando procedimentos, motivando a qualifi- de 6 meses.
cação técnica e gerencial da equipe do Consórcio e dos
municípios. Os municípios menores avançariam em duas etapas,
cada uma cobrindo 50% do território da sede, e os mu-
A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien- nicípios maiores avançando em 4 etapas, com 25% do
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá território em cada uma delas.
um processo de informação continuada destes Gesto-
res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua As operações com resíduos de logística reversa, que ine-
sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni- vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
saneamento. Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
Compromisso com cada cadeia produtiva.
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno- materiais e produtos:
vável por igual período, para que o Consórcio se estru- • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
ture e qualifique seu quadro de funcionários. por outras duráveis;
• venda de alimentos a granel e embalagens com me-
9.3 Metas e diretrizes para redução,
nores quantidades;
reutilização, coleta seletiva e reciclagem
• locais de entrega de produtos em condição de uso,
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
elaborado um cronograma de implantação do Plano de • programa para supermercados doarem produtos
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre- próximos do vencimento para instituições filantró-
vistas: da formação do Consórcio e suas equipes, à im- picas;
plantação das unidades e dos procedimentos de coleta.
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre- trodomésticos.

224
Quadro 16 – Cronograma de implantação sugerido

MESES
ATIVIDADES

meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3

2 Votação nas Câmaras Vereadores 2

Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1

4 Cercamento das CMR 3

5 Orgânicos – e xec . Galpões Compostagem 3

6 Renegociação Contratos Coleta Org 3

7 Capacitação equipe Consórcio 2

8 Capacitação equipe operacional 2

9 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 50% 12

10 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 100% 12

11 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 50% 12

12 Ampliação Galpão Compostagem 3

Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12

14 Colet a Mun acima 11mil hab urb – 33% 12

15 Ampliação Galpão Compostagem 3

16 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 66% 12

17 Ampliação Galpão Compostagem 3

18 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 12

19 Secos - Uso pleno dos galpões atuais -

20 Viabilização investimentos 12

21 Construção GAcum e GTriagem 6

22 Renegociação Contratos Coleta Sec 3

23 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 50% 6

24 Coleta Mun até 11 mil hab urb – 100% 6

25 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 25% 6

Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6

27 Introdução 2o turno -

28 Ampliação 2o módulo Galpão 6

29 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 75% 6

30 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 100% 6

31 Introdução Peneira Móvel RCC -

32 Introdução Picotador Madeiras -

33 Operações LR pneus -

34 Operações LR lâmpadas -

35 Operações LR pilhas e baterias -

Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -

37 Implementação PGRS Escolas -

38 Capacitação ACS e ACE -

225
Região Metropolitana B
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B

Em 2022, o Consórcio deverá promover debate nos mu-


nicípios para avaliação da implementação do Plano de
Coletas Seletivas e a definição de metas de redução da
geração de resíduos, por meio de implementação de
programas, projetos e ações nessa direção.

226
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Região Metropolitana B
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227
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

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Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que taleza, 2012.
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o
Comitê Interministerial da Política Nacional de Resídu-
os Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos
Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.

________ Decreto Federal nº 7.217, 21 de Junho de 2010.


Regulamenta a Lei Federal n.º 11.445/2007.

________ Decreto Federal nº 8.211, 21 de Março de 2014.


Altera o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que re-
gulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bá-
sico.

________ Decreto Federal nº 8.629, 30 de Dezembro de


2015.
Altera o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que re-
gulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bá-
sico.

________ Lei Federal n.º 11.107, de 06 de Abril de 2005.


Dispõe sobre normas gerais de contratação de consór-
cios públicos.

________ Lei n° 12.305 de 2 de agosto de 2010.


Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera
a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.

________ Lei Federal n.º 12.187, de 29 de Dezembro de


2009.
Institui a Polítca Nacional sobre a Mudança do Clima.

229
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

Decreto nº 32483 de 29/12/2017

Publicado no DOE em 29 de dezembro 2017

Altera o Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008, e dá outras providências.

O Governador do Estado do Ceará, no uso de suas atribuições que lhe conferem os incisos IV e VI do
art. 88 da Constituição Estadual,

Considerando o disposto nos arts. 1º e 4º da Lei nº 14.023, de 17 de dezembro de 2007, que alterou a
Lei nº 12.612, de 07 de agosto de 1996;

Considerando a necessidade de aperfeiçoar a metodologia de cálculo da participação que caberá a


cada município em função do Índice Municipal de Qualidade do Meio Ambiente - IQM;

Decreta:

Art. 1º O caput, os incisos I e IV, e os §§ 1º, 2º e 4º do art. 18 e o art. 19 do Decreto nº 29.306, de 05 de


junho de 2008, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 18. A partir do ano de 2018, serão considerados, para efeito de existência de Sistema de Geren-
ciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, os seguintes requisitos:

I - a implantação da Estrutura Operacional para Gestão de Resíduos Sólidos;

(.....)

IV - a apresentação da Licença de Instalação válida para a disposição final dos resíduos sólidos ur-
banos, preferencialmente consorciada ou Apresentação da Lei Municipal que Ratifica o Protocolo
de Intenções do Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos ou Consórcio Público para
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

(.....)

§ 1º Para cálculo da soma ponderada, os requisitos, se cumpridos até o dia 30 de junho de cada ano,
terão os seguintes pesos na soma total ponderada: requisito I peso de 0,3 (três décimos), requisito
II peso de 0,3 (três décimos), requisito III peso de 0,1 (um décimo) e requisito IV ou requisito V peso
de 0,3 (três décimos).

§ 2º Com referência ao inciso IV do art. 18, municípios que já possuírem adequada disposição final
de resíduos sólidos urbanos deverão apresentar a Licença de Operação renovada até o dia 30 junho
do ano de referência.

§ 4º Para efeito de cálculo da soma ponderada, cada requisito deverá ser cumprido até o dia 30 de
junho de cada ano.”

“Art. 19. Os dados necessários para o cálculo do Índice Municipal de Qualidade do Meio Ambiente
deverão ser disponibilizados pela Secretaria do Meio Ambiente - SEMA até 31 de Julho de cada ano.

Parágrafo único. Os municípios têm a discricionariedade para optar pela avaliação prevista no art.
18 ou art. 18-A, sendo vedada a combinação de requisitos nos referidos artigos.”

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Art. 2º Ficam acrescidos ao art. 18 do Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008, os §§ 5º e 6º, com
a seguinte redação:

“Art. 18. (.....)

§ 5º O formulário de coleta de dados específico deste artigo, será disponibilizado pela SEMA aos
municípios até 31 de janeiro do ano de referência.

§ 6º O repasse do recurso definido no parágrafo 1º deste artigo estará condicionado a apresentação


da Lei de criação de Fundo Específico de Meio Ambiente, o qual recepcionará o referido recurso.”

Art. 3º Fica acrescido ao Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008, o art. 18-A, com a seguinte
redação:

“Art. 18-A. A partir de 2018, também serão considerados para efeito de Avaliação do IQM os Municí-
pios que aderirem a gestão de resíduos regionalizada, na seguinte gradação:

I - o IQM é igual a 1 se o município “i”

a) No primeiro ano, minimamente:

1. apresentar a Lei de constituição do Consórcio Público para Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
incluindo a Legislação uniforme pertinente, bem como a ata de formação da primeira diretoria;

2. apresentar a Lei de criação de Fundo Específico de Meio Ambiente, o qual recepcionará o recurso
definido no inciso IV do parágrafo único do art. 1º deste Decreto;

3. apresentar o Plano Regionalizado de Coletas Seletivas Múltiplas de todos os resíduos sólidos ur-
banos, notadamente: resíduos domiciliares orgânicos e secos, resíduos da construção civil, resíduos
verdes e resíduos volumosos aprovado pelo Consórcio Público;

4. apresentar de documento que comprove a afetação do uso da área da central municipal de resíduos.

b) nos demais anos:

1. cumprir, no máximo 5 (cinco) anos, o cronograma de implementação das iniciativas e implan-


tação das instalações físicas definidas pelo Plano Regionalizado de Coletas Seletivas Múltiplas, com
priorização das ações voltadas aos resíduos orgânicos.

II - IQM é igual a 0 se o município não cumprir os requisitos dispostos no inciso anterior.

Parágrafo único. O formulário de coleta de dados específico deste artigo, será disponibilizado pela
SEMA aos municípios até 31 de janeiro do ano de referência.”

Art. 4º Ficam revogados o art. 17, o § 3º do 18 e o art. 20 do Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008.

Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DA ABOLIÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza aos 29 de dezembro


de 2017.

Camilo Sobreira Santana

GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

Artur José Vieira Bruno

SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE

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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA

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