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BACIA
METRO
POLI
TANA
RESUMO EXECUTIVO
Plano das Coletas Seletivas
BACIA METROPOLITANA
DEZEMBRO, 2017
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
2
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ
3
APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que entregamos aos oitenta e um municípios cearenses inseri-
dos nas Bacias Hidrográficas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, seus Planos Regiona-
lizados de Coleta Seletiva. Este documento representa para os municípios não somente
um instrumento para cumprimento da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas
acima de tudo uma proposta inovadora e ousada para gestão dos mesmos.
Os Planos Regionalizados, além de uma produção coletiva, são também expressão de ações
em parceria que vem sendo constantes no dia a dia da SEMA, desta feita com a APRECE –
Associação dos Municípios, com a AGACE – Associação dos Gestores Ambientais, e com o
CAOMACE – Centro de Apoio Operacional ao Meio Ambiente do Estado do Ceará.
Acreditamos que a partir desta publicação inicia-se um novo momento na gestão de re-
síduos sólidos do Ceará, caracterizado por um verdadeiro rompimento com a paralisia
atual, reafirmando-se um caminho que atende à ordem de prioridade determinada nas
políticas nacional e estadual de resíduos sólidos – recuperar e valorizar o máximo de re-
síduos antes de tratar da disposição final.
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................5
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................17
1. Romper a paralisia atual.............................................................................................................17
2. Rotas tecnológicas simples e seguras..........................................................................................17
3. Soluções com máxima proximidade e autossuficiência............................................................. 18
4. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo dos resíduos.................. 18
5. Ajustar a coleta domiciliar e de resíduos da limpeza urbana para o manejo diferenciado.......... 19
6. Estruturar a mudança comportamental................................................................................... 19
7. Construir a estabilidade da gestão por meio de consórcios públicos.......................................... 19
8. Ancorar as iniciativas de inclusão sócio produtiva na estabilidade da gestão.............................20
9. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira dos serviços...........20
10. Definir o papel indutor do Estado na gestão regionalizada...................................................... 21
6
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos....................................................................................................47
2.5 Resíduos da limpeza urbana.......................................................................................................... 48
2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa............................................................................................. 49
3. Custos do serviço...................................................................................................................... 51
4. Instrumentos legais, planos, programas e projetos no âmbito do gerenciamento dos resíduos só-
lidos............................................................................................................................................. 52
5. Identificação dos catadores e suas organizações........................................................................ 52
5.1 Programas e projetos de inserção de catadores na gestão pública de resíduos................................52
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva.....................................................................................................52
6. Possibilidades de consorciamento.............................................................................................54
7. Avaliação ambiental e econômica da reciclagem........................................................................ 55
7
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Coletas Seletivas................................................................................................................................... 75
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local......................................................................................................................................... 75
6.4 Periodicidade de revisão do plano.................................................................................................. 75
7. Ancorar as iniciativas de inclusão socio produtiva na estabilidade da gestão.............................. 75
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem......................... 75
7.1.1 Apoio aos catadores.......................................................................................................................76
7.1.2 Fomento às cooperativas............................................................................................................... 77
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável.............................. 77
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira............................... 78
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança..............................................................................................................................79
9. Definir o papel do Estado como indutor do avanço necessário..................................................80
9.1 Apoio aos investimentos iniciais..................................................................................................... 81
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente...........................................................................................82
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem.....................................82
8
2.1.4 Galpão de Compostagem............................................................................................................112
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil.......................................................................113
2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR...........................................................................................114
2.1.7 Ecopontos....................................................................................................................................114
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos municípios...................................................................115
2.2 Avaliação do mercado de reciclagem e mecanismos para criação de fontes de negócios, emprego e
renda..................................................................................................................................................115
3. Dotar todos os municípios de endereços reconhecíveis para o manejo de resíduos sólidos....... 116
3.1 Divisão do município em setores para coleta seletiva..................................................................... 117
3.2 Pré-dimensionamento das equipes administrativa e operacionais................................................ 117
3.2.1 Dimensionamento das equipes operacionais das Centrais Municipais de Resíduos....................118
3.2.2 Dimensionamento das equipes nos Galpões de Triagem............................................................118
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Ecopontos..........................................................118
3.3 Investimentos necessários.............................................................................................................118
4. Ajustar a solução de coleta para o manejo diferenciado............................................................ 119
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta e transporte dos materiais coletados......................... 120
4.2 Introdução da coleta em três frações............................................................................................ 120
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas Seletivas...............................................................................121
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde do trabalhador para operação das áreas de manejo.....121
5. Estruturar a mudança comportamental...................................................................................122
6. Construir e estabilizar a institucionalidade da gestão..............................................................123
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas.................... 123
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das
Coletas Seletivas................................................................................................................................. 124
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local....................................................................................................................................... 124
6.4 Periodicidade de revisão do plano................................................................................................ 124
7. Ancorar as iniciativas de inclusão sócio produtiva na estabilidade da gestão............................ 124
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem....................... 125
7.1.1 Apoio aos catadores..................................................................................................................... 125
7.1.2 Fomento às cooperativas............................................................................................................. 126
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável............................ 126
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira..............................127
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança............................................................................................................................ 128
9. Definir o papel do Estado como indutor do avanço necessário.................................................129
9.1 Apoio aos investimentos iniciais................................................................................................... 130
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente..........................................................................................131
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem....................................131
10
6.1 Definição das responsabilidades para implementação do Plano de Coletas Seletivas.....................173
6.2 Programas e ações de capacitação técnica voltados para a implementação e operacionalização das
Coletas Seletivas..................................................................................................................................173
6.3 Monitoramento e indicadores, controle e fiscalização da implementação e operacionalização no
âmbito local........................................................................................................................................173
6.4 Periodicidade de revisão do plano.................................................................................................173
7. Ancorar as iniciativas de inclusão socio produtiva na estabilidade da gestão.............................173
7.1 Estratégias de incentivo para a formalização das cadeias produtivas da reciclagem........................174
7.1.1 Apoio aos catadores......................................................................................................................174
7.1.2 Fomento às cooperativas..............................................................................................................175
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos comercializadores de material reciclável.............................175
8. Dar cumprimento à exigência de sustentabilidade econômica e financeira..............................176
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação de serviços públicos das Coletas Seletivas Múltiplas e
formas de cobrança.............................................................................................................................176
9. Definir o papel do estado como indutor do avanço necessário.................................................178
9.1 Apoio aos investimentos iniciais................................................................................................... 178
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente..........................................................................................179
9.3 Metas e diretrizes para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem................................... 180
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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 227
12
DECRETO Nº 32483 DE 29/12/2017.............................................................................................. 230
13
INTRODUÇÃO
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
16
INTRODUÇÃO diferenciados, com uma gestão de processo capacitada
Introdução
e estável a cargo de consórcios públicos.
A partir destas constatações, assumiu-se a necessidade • acumulação regional dos resíduos de logística re-
de desenvolvimento do que se denominou “políticas versa e encaminhamento aos agentes legalmente
pré-aterro”1 , para que se inicie rapidamente um perío- responsáveis.
do de “ir menos aos lixões”, por meio de “coletas seleti-
O atendimento aos objetivos das políticas públicas na-
vas múltiplas” que conduzam os resíduos para destinos
cionais para saneamento básico e resíduos sólidos, que
17
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
são responsabilidades municipais exigidas, só ocorrerá mento exija escala industrial incompatível com o porte
Introdução
se o manejo dos resíduos for concebido em um sistema da Região, como é na maioria das vezes o caso dos resí-
organizado, que permita a efetividade da integração duos recicláveis secos, resíduos industriais e outros.
nomeada na “gestão integrada de resíduos sólidos”.
Os resíduos da construção civil decorrentes da limpeza
Essa integração ocorrerá em um sistema articulado de urbana, os resíduos verdes, os resíduos orgânicos do-
áreas de uso local e regional, que reduz e simplifica in- miciliares e de feiras e mercados públicos são resíduos
vestimentos e procedimentos operacionais. urbanos que devem permanecer no território; e em ge-
ral devem ser enviados para outros territórios os reci-
Com isso se está invertendo a lógica de implantação das cláveis secos, os resíduos de logística reversa e outros,
ações, para o atendimento do que determina a Lei: ao atendendo a lógica da cadeia produtiva. É importante,
invés de se começar pela implantação de um aterro, pri- assim, o reconhecimento dos agentes econômicos lo-
vilegiam-se soluções de menor custo de investimento e cais e regionais e seu envolvimento na construção de
que geram receitas, ficando os aterros como a última soluções de economia circular.
etapa da implementação da Lei – os investimentos mais
caros, de mais longa maturação e de operacionalização
mais exigente.
4. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
Essa inversão se coaduna com o fato de que não há como
implantar os aterros sanitários necessários ao Estado do ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
Ceará no curto prazo e, portanto, não há como encerrar MANEJO DOS RESÍDUOS
os lixões. No entanto, é possível e desejável “ir menos
ao lixão” e melhorar sua condição, começando por dar
A integração da gestão se dará não apenas no nível do
outro destino aos resíduos mais impactantes, os orgâ-
planejamento, mas também, e principalmente no nível
nicos, e ao mesmo tempo cumprindo determinação da
operacional.
Lei 12.305/2010 que em seu Artigo 36 define como res-
ponsabilidade do titular dos serviços públicos de limpe- A proposta adotada neste Plano é implantar uma Cen-
za urbana e manejo de resíduos sólidos a compostagem tral Municipal de Resíduos na sede de cada município,
dos resíduos orgânicos e a coleta seletiva dos resíduos. dotada de uma unidade de compostagem, de área para
operação de resíduos da construção civil, área para
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de
manejo de resíduos volumosos, área para manejo de
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
resíduos verdes, galpão para resíduos secos e área para
cílios deve ser substituído por outro mais amplo e ade-
recepção de resíduos da logística reversa, além de ins-
quado, que pressupõe a segregação na fonte de todos
talação de apoio, e um número de Ecopontos de acordo
os tipos de resíduos, e aplicado não apenas aos gerado-
res domiciliares mas a todos os geradores de resíduos.
Consequentemente não se trata mais de planejar uma ECO
ECO
SAÍDA
SAÍDA
18
ser implantada de forma modular, permitindo evoluir resíduos segregados.
Introdução
com os investimentos no ritmo em que se evolui com a
coleta seletiva desses resíduos. A definição dos resíduos orgânicos como objeto da pri-
meira coleta seletiva extensiva a todo o território, obri-
A CMR, portanto, é uma área onde se integra o manejo ga, de imediato ao ajustamento da coleta municipal, de
dos diferentes tipos de resíduos urbanos, aproximan- forma progressiva.
do resíduos que devem ter tratamentos integrados,
como os orgânicos domiciliares e as folhas resultantes
das podas e manejo de áreas verdes, madeiras da cons-
trução, de resíduos volumosos e troncos, recicláveis se- 6. ESTRUTURAR A MUDANÇA
cos da construção civil e dos domicílios. São integrados COMPORTAMENTAL
também o uso de equipamentos, como máquinas para
movimentação de resíduos, a instalação de apoio, parte
do pessoal envolvido na operação e todos os controles A imprescindível mudança comportamental para a se-
operacionais, permitindo ainda a gestão integrada dos gregação dos resíduos para a coleta e a destinação dos
recursos financeiros advindos do manejo para valoriza- demais resíduos gerados nos domicílios às CMRs, tem
ção dos resíduos, de forma que operações superavitá- que ser estruturada para o momento presente e para o
rias sustentem as deficitárias e reduzam a dependência futuro, com envolvimento dos agentes de saúde e das
de investimentos externos. escolas do município.
A CMR integra, em municípios de maior porte ou que Para uma mudança imediata de comportamento dos
tenham áreas urbanas descontínuas, uma rede munici- geradores nos domicílios, é possível e desejável também
pal de áreas de recepção de resíduos de pequenos gera- o envolvimento das equipes de agentes comunitários de
dores, os Ecopontos, instalados na medida das necessi- saúde, agentes de combate a endemias e outros, no pro-
dades de atendimento da população do município. Essa cesso de orientação aos munícipes quanto à destinação
rede municipal, por sua vez, integra um Sistema Regio- adequada nos endereços definidos e divulgação dos en-
nal de Áreas de Manejo de Resíduos Sólidos. Passe-se dereços de entrega dos resíduos.
portanto a ter um conjunto de endereços para os quais
a população deverá encaminhar, por sua conta, os resí- Por outro lado, consolidando uma mudança de com-
duos não definidos como domiciliares pela legislação. portamento no futuro, é necessário o envolvimento da
rede escolar municipal, estadual e privada, de forma
O Ecoponto é uma área para simples recepção de re- que as escolas desenvolvam e implantem planos de ge-
síduos da construção civil, resíduos de poda, resíduos renciamento de todos os seus resíduos, vinculados aos
volumosos, e pequenas quantidades de resíduos da lo- endereços de destinação definidos no município, com
gística reversa. Está sempre ligado a uma CMR, onde os envolvimento do alunato, dos professores e funcioná-
resíduos recebidos serão processados. rios. Assim, se estará promovendo a formação de uma
nova geração habituada a outros comportamentos em
A CMR funcionará como um local de entrega voluntária relação aos resíduos.
de resíduos para a população do município que more
num raio entre 1,5 km e 2 km de distância, uma vez que
este Plano prevê coleta porta a porta apenas das três
frações de resíduos domiciliares – orgânicos, recicláveis 7. CONSTRUIR A ESTABILIDADE DA
secos e rejeitos. GESTÃO POR MEIO DE CONSÓRCIOS
PÚBLICOS
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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
lando nesse período a formação de consórcios intermu- guardando-se o papel obrigatório das instâncias muni-
Introdução
nicipais para o enfrentamento da gestão dos resíduos cipais capacitadas ao atendimento de questões relativas
sólidos. O último estudo, Regionalização para a Gestão à assistência social, atendimento à saúde, e outros.
dos Resíduos Sólidos no Estado do Ceará, anexado ao
Plano Estadual de Resíduos Sólidos, definiu 14 regiões A legislação brasileira hoje é clara – serviços como o de
para a gestão dos resíduos sólidos no Estado, e que serve coleta seletiva de resíduos secos recicláveis são parte do
de base para a proposição de consórcios neste Plano. serviço público, e só podem ser prestados sob contrato.
Portanto os catadores de materiais recicláveis só pode-
Assim, o Plano Regionalizado para Implementação de rão realizar atividades desses serviços se forem contra-
Coletas Seletivas da Bacia Hidrográfica Metropolitana tados. E os contratos devem ser celebrados pelo Con-
está ancorado no avanço da gestão associada por meio sórcio, a quem os municípios estarão transferindo suas
de consórcios públicos, autarquias intermunicipais dis- competências relativas aos serviços de limpeza urbana e
ciplinadoras e implementadoras das responsabilidades manejo de resíduos sólidos.
municipais a nível regional.
É importante também incorporar o instrumento do
Por isso, ao lado da proposta técnica para gerencia- PSAU - Prestação de Serviços Ambientais Urbanos na
mento dos resíduos sólidos na Região, foi colocada em discussão da inclusão dos catadores no sistema de ma-
discussão junto aos municípios uma Minuta de Proto- nejo, resgatando-os para o “território da formalidade”.
colo de Intenções para a constituição de Consórcios
Públicos em cada uma das Regiões contempladas nes- O Plano não prescinde também da inclusão de outros
te Plano, obtendo-se como sinalização dos municípios agentes, como os agricultores regionais, como eventu-
em relação à formação de Consórcio em cada uma das ais consumidores de resíduos orgânicos processados,
regiões, a assinatura de uma Carta de Adesão pelos pre- de construtores de vários portes, como consumidores
feitos, manifestando sua concordância com a perspec- de resíduos da construção recuperados e de alguns con-
tiva da gestão associada. sumidores de biomassa para a geração de energia, que
podem ser envolvidos na destinação de diversos tipos
de madeira residual.
8. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
INCLUSÃO SÓCIO PRODUTIVA NA
9. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
ESTABILIDADE DA GESTÃO
DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
FINANCEIRA DOS SERVIÇOS
A questão da inclusão social dos catadores deve ser vista
do ponto de vista do fomento e apoio à sua organização.
Apontar solução para recuperação dos custos é deter-
Fomento para que se organizem e possam usufruir da minação legal que tem que ser cumprida; considera-se
vantagem que a lei lhes oferece de serem contratados que as boas soluções tecnológicas, gerenciais e de en-
para a prestação de serviços públicos – uma vez que genharia devam ser buscadas para que se expresse aos
hoje realizam serviços de coleta e triagem de resíduos munícipes o menor custo possível dos serviços, sem re-
domiciliares secos sem nenhuma remuneração pelos núncia às receitas da valorização dos materiais, que não
serviços – e que essa contratação ocorra com dispensa são desprezíveis na rota tecnológica adotada.
de licitação.
Os municípios devem instituir a cobrança de Taxa de
Apoio para que possam se qualificar, se aprimorar no Resíduos Sólidos Domiciliares para recuperação dos
exercício profissional, ter acesso a serviços de saúde, custos divisíveis relativos à coleta, tratamento e desti-
para que possam fazer parte do sistema previdenciário. nação destes resíduos. Preços públicos devem ser insti-
tuídos para a absorção eventual de resíduos de grandes
Buscando-se formas mais efetivas de apoio aos proces- geradores e deve ser prevista a discussão do recebi-
sos de inclusão sócio produtiva dos catadores de mate- mento de créditos por efetivação da logística reversa de
riais recicláveis, considera-se que estes processos serão embalagens e alguns resíduos especiais. A recuperação
mais consequentes se inseridos num sistema de manejo dos custos de serviços indivisíveis, como varrição, poda
regional, orquestrado pelo Consórcio a ser criado, para e limpeza corretiva, por exemplo, deve ser sustentada
que haja pleno reconhecimento dos catadores e suas pelo Orçamento Municipal, contribuindo para isso, em
organizações como agentes ambientais privados, neces- bom número dos municípios, frações de recursos defi-
sariamente priorizados pelo ente público nas múltiplas nidas no IPTU.
relações a serem estabelecidas por meio contratual, res-
20
Pretende-se que o Consórcio seja o órgão a efetivar a co-
Introdução
brança da Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares, cujos
valores arrecadados devam ser mantidos em contas do
município em nome do Consórcio, para cobertura de
custos da prestação de serviços do Consórcio ou de ter-
ceiros por ele contratados.
21
REGIÃO
MACIÇO DE
BATURITÉ
E
SERTÃO
CENTRAL
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DAS REGIÕES
MACIÇO DE BATURITÉ E
SERTÃO CENTRAL
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
24
DIAGNÓSTICO DA de 02 de março de 2017, envolvendo os municípios de
Palmácia
População Total População
Município Pacoti
2016 Urbana 2016
Mulungu
Acarape 16.418 8.546
Itapiúna
Aracoiaba 26.203 14.182
Guaramiranga
Aratuba 11.300 3.687 Capistrano
Barreira 20.835 8.643 Baturité
Acarape
Itapiúna 19.872 9.416
25
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
de Itapiúna e Palmácia apresentam o índice geral de nicípios de Barreira, Baturité e Itapiúna, neste caso.
desenvolvimento regular, tendo os demais municípios
Nos municípios de Acarape, Guaramiranga e Redenção
um desenvolvimento moderado. Destacam-se também,
as prefeituras realizam a operação de limpeza urbana e
em relação ao índice de saúde, os municípios de Ara-
coleta de resíduos e têm contrato com empresas tercei-
tuba, Barreira e Guaramiranga, com alto índice de de-
rizadas para aluguel de veículos.
senvolvimento, sendo os demais com desenvolvimento
moderado. Em relação ao índice da educação, todos os Situações diferente das apresentadas ocorrem nos mu-
municípios obtiveram um índice de desenvolvimento nicípios de Pacoti e de Aracoiaba. Em Pacoti, a empre-
moderado. O ponto fraco, presente em todos os muni- sa contratada para a coleta e limpeza urbana disponi-
cípios, fica em relação ao índice de emprego e renda, biliza os veículos e cinco operadores, sendo os demais
sendo que metade apresenta um desenvolvimento re- operadores completados com o quadro operacional da
gular e outra metade um baixo desenvolvimento, sendo secretaria gestora. Em Aracoiaba, a empresa contratada
estes os municípios de Barreira, Capistrano, Guarami- realiza os serviços de coleta dos resíduos domiciliares e
ranga, Itapiúna, Mulungu e Palmácia. de varrição, além de prestar os serviços de capina e ro-
çada e de limpeza corretiva de resíduos da construção
Outro aspecto relevante para a caracterização social do civil e volumosos. Já a prefeitura realiza a operação de
município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro- varrição e de podas.
grama Bolsa Família, que caracteriza a parcela da popu-
Entre os municípios que terceirizam os serviços de co-
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
leta (Barreira, Baturité, Itapiúna, Aracoiaba e Pacoti), os
apresenta um percentual de 57% das famílias recebendo
contratos com a prestadora do serviço não contemplam
Bolsa Família.
a coleta diferenciada, devendo haver uma reformula-
Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são ção contratual. Para os demais municípios que realizam
aqui considerados: o número de escolas e o número de a operação, para implementar a coleta diferenciada,
agentes de saúde, relevantes para a mudança compor- basta uma readequação em seu quadro operacional
tamental que terá que ocorrer para o sucesso das cole- para atingir os objetivos propostos de implantação.
tas diferenciadas. Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con-
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
De maneira geral, os municípios contam com equipes
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi-
bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
cação e correção de problemas, fiscalização, etc.
comunidade. E o número de escolas na Região também
é significativo. Via de regra não existe um planejamento claro das ati-
vidades, muitas vezes ficando a car-
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos go das próprias empresas contrata-
municípios da Região Maciço de Baturité – 2017 das tomar decisões sobre roteiros
de coleta e atividades rotineiras de
limpeza.
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) 2.1 Caracterização dos
resíduos sólidos
Maciço de
210 476 150 Poucos municípios no Brasil têm um
Baturité
estudo de caracterização de resíduos.
Fonte: I&T. Oficinas Municipais de Diagnóstico. 2017 No Estado do Ceará o panorama não
é diferente, sendo Baturité uma das
exceções. Nesta caracterização nota-
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS -se que a presença de resíduos orgânicos em Baturité é
SÓLIDOS superior à obtida na média nacional, e as dos resíduos
secos e rejeitos são inferiores à média. A maior presença
de orgânicos na caracterização pode ser entendida pe-
Na Região Maciço de Baturité, quatro municípios reali-
los aspectos de uma cultura rural ainda muito presente,
zam os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos
mesmo com a urbanização do município.
sólidos por execução própria da secretária responsável
pela gestão dos resíduos sólidos (Aratuba, Capistrano, Mesmo com discrepância em relação à média nacional,
Mulungu e Palmácia). Entre os doze municípios, apenas em função das características específicas desta Região,
três realizam a operação de limpeza urbana e coleta de neste Plano adota-se, preliminarmente, a composição
resíduos por meio da gestão de um contrato terceiriza- gravimétrica encontrada no estudo realizado pelo mu-
do com empresas prestadoras de serviço, sendo os mu- nicípio de Baturité para todos os municípios da Região.
26
Gráfico 2 – Composição gravimétrica na Região gerados é o fato de muitos resíduos urbanos serem cole-
26% Recicláveis
No caso da Região Maciço de Baturité, apenas os muni-
cípios de Barreira e Mulungu realizam uma coleta de re-
síduos domiciliares e varrição em conjunto, realizando
ainda duas formas de coletas, uma para os resíduos da
64% construção civil, outra para resíduos verdes e volumosos.
Compostáveis
Outra forma ocorre nos municípios de Baturité, Gua-
ramiranga, Pacoti e Palmácia, que coletam os resíduos
Fonte: Elaboração I&T a partir dos dados do Plano domiciliares e de varrição em conjunto com os resídu-
Estadual de Resíduos Sólidos do Ceará
os volumosos, distinguindo assim os resíduos verdes e
resíduos da construção civil, que são coletados ora em
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados conjunto, ora em coletas distintas, conforme a disposi-
ção destes resíduos em vias públicas.
Os municípios da Região Maciço de Baturité transpor-
tam os resíduos para lixões à céu aberto, realizando, em Os municípios de Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Itapiúna
muitos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de e Redenção ainda realizam uma coleta conjunta, distin-
resíduos: da construção civil, volumosos e resíduos ver- guindo apenas os resíduos da construção civil em uma
des. Desta forma, o controle dos resíduos gerados nes- coleta distinta. Mesmo assim, nos municípios de Ara-
tes municípios é ineficiente, sendo realizado apenas um coiaba e Itapiúna, se houver disposição de resíduos ver-
cálculo das quantidades geradas, avaliadas pelo número des em vias públicas no momento da coleta dos resíduos
de viagens recebidas, tipo de resíduo transportado e ca- da construção civil, aqueles são coletados com os RCC.
pacidade volumétrica dos veículos.
Por fim, apenas o município de Capistrano não possui
Do ponto de vista do atendimento da população com nenhum tipo de coleta segregada, realizando a coleta de
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta todos os resíduos dispostos em vias públicas, sem qual-
uma cobertura de serviço bastante ampla, com índices quer distinção.
superiores a 70%. A exceção fica por conta do Municí-
A Região conta com uma frota de veículos contratados
pio de Aratuba, que possui cobertura para apenas 45%
das empresas prestadoras do serviço de limpeza urbana
da população.
(Baturité e Barreira), ou contratado pela empresa pres-
Além dos resíduos não serem pesados, outra dificulda- tadora do serviço de coleta, ou veículos próprios (Pal-
de para estimar a quantidade de resíduos domiciliares mácia, Mulungu, Capistrano e Aratuba): 6 caminhões
compactadores, 38 caminhões
Foto 1. Operação de coleta domiciliar em Pacoti caçamba, 3 caminhões carroce-
ria e 1 utilitário.
27
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
28
Foto 3. Lixão de Baturité
29
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
30
Foto 7. Material coletado por uma das famílias no lixão de Baturité
São instalações em grande maioria de pequeno porte, 2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
que estabelecem um fluxo de resíduos entre elas, que
se inicia na ação dos catadores e se encerra em proces- Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os
sadores locais e externos, conforme indicado em Mapa municípios não informaram o percentual da presença
que georreferencia as que puderam ser visitadas nos le- desses resíduos na massa total de geração de resíduos.
vantamentos de campo. Assim, considera-se para toda a Região, como mencio-
Mapa Diagnóstico
-0 65
CE
!
H
CE-15
5
MA
PALMÁCIA CE
RN
)
&(
( )
& PI
!
? PB
PE
(
!
D )
&
( Reciclador
PACOTI
CE
)
&
(
-2 53
@ ( Grande
56
)
& !
? )
&
ACARAPE
-3
(
CE
)
&
( Sucateiro
GUARAMIRANGA REDENÇÃO
!
H Pequeno
35 6
)
&
( Sucateiro
5;CE-
BARREIRA
!
CE-06
H #)
& CE-35
( 4
!
? )
&
(
)
&
( (
!
D )
&
( # ECOENEL
)
&
( )
&
(
MULUNGU
Aproveitamento
@
60
-0
CE
CE-464
!
H de Pneus
!
H
Acumulação de
!
H !
?
65
BATURITÉ Podas
-0
CE
)
&
!(
CE
-3
56
?
ARACOIABA !
H Lixão
ARATUBA
!
H )
&
( (
!
D Bota Fora
CAPISTRANO Maciço de
CE
-2 57 !
H
Baturité
Divisa Municipal
Setor Censitário
Urbano
31
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
32
Na grande maioria dos municí-
Foto 9. Veículos utilizados na limpeza urbana de Acarape Em relação aos resíduos da cons-
trução civil, o cenário é diferen-
te. O reaproveitamento destes
resíduos é mais frequente, sendo
realizado em todos os municí-
pios. Nos municípios da região
serrana o uso é mais frequente,
pois este tipo de resíduo é utili-
zado para realizar aterramento
para a construção.
33
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
ram estimadas as quantidades de resíduos da limpeza Parte dos Resíduos da Construção Civil é aproveitada
urbana geradas nos municípios da Região Maciço de para aterramento e uso em estradas. Essa prática é mais
Baturité. Não foram considerados os resíduos da varri- comum em municípios de menor porte e chega a ocor-
ção neste Plano, uma vez que seu aproveitamento neste rer em toda a Região Maciço de Baturité.
momento exigiria esforços que escapam ao escopo das
coletas seletivas. Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira,
foi levantado o número de cerâmicas
Quadro 7 – Estimativa de geração de resíduos da limpeza e de frigoríficos existentes na Região,
urbana na Região Maciço de Baturité que utilizam madeira para geração de
energia ou vapor (caso dos frigorífi-
Verdes RCC Volumosos
cos). Além disso, são potenciais usu-
Maciço de Baturité
m /dia
3
m /dia
3
m /dia
3 ários das madeiras oriundas dos ser-
viços de limpeza urbana (madeiras da
Total 101,7 22,8 9,0
construção civil de deposições irre-
Fonte: I&T, a partir de levantamento de dados em campo. 2017
gulares ou recebidas em Ecopontos,
madeiras de resíduos volumosos e
troncos e galhos de poda e supressão
Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de resí- de árvores) as indústrias instaladas na Região que ne-
duos da construção civil são legalmente os responsáveis cessitam de madeira para geração de energia em fornos
pelo manejo de seus resíduos. São grandes geradores de e caldeiras, cujo potencial não foi possível avaliar neste
resíduos da construção as construtoras em geral e as de- momento. Foram identificadas 4 cerâmicas na Região
molidoras. A maior parte das construtoras se dedica à
construção de edifícios. 2.6 Resíduos sujeitos a Logística Reversa
Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que expres- O sistema de logística reversa de pneus foi instituído a
sam apenas o universo formal das atividades econômi- partir das exigências estabelecidas pela Resolução CO-
cas, foi possível reconhecer parte deste segmento pro- NAMA nº 416/2009, que obriga fabricantes e importa-
dutivo. dores de pneus novos a promover a
coleta e dar destinação adequada aos
Quadro 8 – Geradores de Resíduos da Construção Civil produtos considerados inservíveis.
Conforme estabeleceu a Resolução,
Tipo de Construtoras de Empresas de e visando garantir o recolhimento
Construtoras
empreendimento edifícios demolição de pneus inservíveis, os fabricantes
e importadores de pneus novos são
Total 16 16 – obrigados a implantar e operar um
Fonte: RAIS 2015 ponto de coleta nos municípios com
população superior a 100 mil habi-
tantes, pelo menos.
Foto 11. Local de destinação de podas, capina, roçada e volumosos em
Barreira As exigências também recaem sobre
os estabelecimentos de comercializa-
ção de pneumáticos, que são obriga-
dos a reter um pneu usado para cada
unidade nova ou reformada vendida,
além de garantir o armazenamento
dos mesmos até a sua coleta, funcio-
nando como ponto de entrega, man-
tendo-se a responsabilidade de fabri-
cantes e importadores de promover a
coleta, o transporte e a destinação dos
pneus inservíveis.
34
(ANIP), a Reciclanip tem gerenciado junto aos muni- Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos-
Norte
Centro Oeste 2%
Nordeste
Sul 7%
14%
10%
67%
Sudeste
Fonte: GMC&LOG
Fonte: IBAMA, 2017
No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reconhe-
cidos; não há nenhum na Região Maciço de Baturité.
35
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
3. CUSTOS DO SERVIÇO
Quadro 9 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Maciço de Baturité
Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)
36
Gráfico 5 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
30
25
20
População (em mil hab.)
15
10
0
5,00 10,00 15,00 20,00
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir- possui Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
mar que os gastos totais, na Região Maciço de Baturité,
se ampliam na medida em que diminui o porte da popu-
lação atendida, como pode ser observado no Gráfico 5.
5. IDENTIFICAÇÃO DOS CATADORES E
SUAS ORGANIZAÇÕES
4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,
PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO No processo de levantamento de dados para a descrição
da cadeia produtiva de reciclagem, foi feito um esforço
DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS para identificar os catadores que atuam em cada muni-
SÓLIDOS cípio, e suas organizações.
Foto 12. Conversa com os catadores no levantamento de campo à recuperação de resíduos no cenário
(lixão de Baturité) nacional, no Nordeste e no Estado do
Ceará.
5.2 Diagnóstico da cadeia Foto 13. Caminhão privado de coleta de Pacoti, atuando no município de
produtiva Palmácia
38
Foto 14. Local de acumulação de sucateiro Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.
39
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Mapa Fluxoss
FORTALEZA - CE MARACANAÚ - CE
MARANGUAPE - CE
FORTALEZA - CE
PALMÁCIA MA
CE
RN
PI
PB
PACOTI
PE
REDENÇÃO ACARAPE
GUARAMIRANGA
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
BARREIRA Maciço de
MULUNGU
Baturité
Divisa Municipal
BATURITÉ
CAPISTRANO
BATURITÉ
ITAPIÚNA
IBARETAMA
CHORÓ
QUIXADÁ - CE
Estima-se que sejam geradas 945 toneladas de resíduos de regionalização foi realizado com apoio do Ministério
secos por mês, cerca de 36,3 toneladas/dia, e recupera- do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência
das por mês cerca de 61,9 toneladas. Percebe-se que há de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e
muito a ser feito no sentido de efetivar a coleta seleti- o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi-
va de resíduos secos na Região e conduzir os resíduos a lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
aproveitamento. ções brasileiras atuais.
40
É também convicção da Consultoria que a gestão de re- Tomando como referência os preços indicados pelo
41
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
42
DIAGNÓSTICO DA
13.340
Urbana 2016
3.951
A Região Sertão Central situa-se na região central do pelo Produto Interno Bruto – PIB, sendo cada um deles
Estado do Ceará, limitando-se ao norte com a Região com uma contribuição de 0,06%.
Litoral Oeste, à nordeste com a Região Metropolitana B
Gráfico 6 - Evolução do PIB per capita nos
e a Região Maciço de Baturité, à leste com a Região Vale
municípios da Região (R$/ano)
do Jaguaribe, ao sul com a Região Sertão Centro Sul e a
oeste com a Região Sertão de Crateús, conforme defi- 2014 2010
nição da “Regionalização da Gestão de Resíduos Sólidos
Estado
no Estado do Ceará”.
Ibaretama
Integram a Região Sertão Central onze municípios: Ba- Choró
nabuiú, Canindé, Caridade, Choró, Ibaretama, Ibicui-
tinga, Itatira, Madalena, Quixadá e Quixeramobim. A 4.000 8.000 12.000 16.000
Região constitui importante polo turístico pela beleza Fonte: IBGE
dos monólitos presentes, sendo Quixadá o principal
A concentração do rendimento nos municípios aferido
atrativo, conhecido também por ser a Terra dos Monó-
pelo Censo do IBGE em 2010, no entanto, ainda é baixa,
litos. Além do atrativo turístico, principalmente para
sendo semelhante para os dois municípios da região, com
praticantes de esportes radicais, outro atrativo para
uma média de 88,4% da população recebendo até um sa-
migração populacional na Região são as universidades
lário mínimo e 9,1% recebendo de 1 a 2 salários mínimos.
e faculdades presentes, principalmente em Quixadá.
Além das belezas dos monólitos, a Região conta com a A partir deste índice, pode-se notar que os dois muni-
beleza da vegetação do sertão, que em períodos chuvo- cípios da Região apresentam o índice geral de desenvol-
sos, exprime uma beleza peculiar para seus visitantes. vimento regular, sendo os índices de educação e saúde
Apesar de ser composta por onze municípios, o objeto moderados. O que impulsiona negativamente o índice
deste diagnóstico envolve somente dois municípios da é o emprego e renda, sendo que o desenvolvimento em
região: Choró e Ibaretama, os dois únicos que fazem Ibaretama é regular e em Choró é baixo.
parte da Bacia Hidrográfica Metropolitana. Por esta ra-
zão, as menções à Região Sertão Central que se fizerem Outro aspecto relevante para a caracterização social do
neste documento a partir deste ponto referem-se so- município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro-
mente aos dois municípios. grama Bolsa Família, que caracteriza parcela da popu-
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
Outro aspecto analisado foi a distribuição da população apresenta um percentual de 63% das famílias receben-
urbana do município pelos distritos. Nestes dois muni- do Bolsa Família.
cípios a população urbana dos distritos fora da sede não
é significativa. A sede de Choró concentra 65% da popu- Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são
lação urbana do município; e a sede de Ibaretama tem aqui considerados: o número de escolas e o número de
60% da população urbana, sendo os demais habitantes agentes de saúde, relevantes para a mudança compor-
distribuídos pelos outros distritos. Não há nos dois mu- tamental que terá que ocorrer para o sucesso das cole-
nicípios nenhum distrito com mais de mil habitantes na tas diferenciadas.
área urbana, exceto as sedes municipais.
De maneira geral, os municípios contam com equipes
Os dois municípios que compõe esta Região concen- bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
tram 0,11% da geração de riqueza do Estado, medida comunidade. E o número de escolas na Região também
é significativo.
43
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
A Prefeitura de Choró tem um contrato para locação 2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados
dos veículos, sendo os operadores da coleta e da limpe-
za urbana concursados da Secretaria de Meio Ambiente Os municípios da Região Sertão Central transportam os
e Infraestrutura, responsável pelo manejo de resíduos. resíduos para lixões a céu aberto, realizando, em mui-
Durante o levantamento de dados no município, havia tos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de resí-
um processo de licitação em andamento para contratar duos: da construção civil, volumosos e resíduos verdes.
empresa para realizar a coleta e a limpeza urbana, ter- Desta forma, o controle dos resíduos gerados nestes
ceirizando assim o serviço prestado. municípios é ineficiente, sendo realizado apenas um
cálculo das quantidades geradas avaliadas pelo número
Em Ibaretama, a Prefeitura mantem um contrato com de viagens recebidas, tipo de resíduo transportado e ca-
a empresa para prestação do serviço de transporte de pacidade volumétrica dos veículos.
resíduos, sendo os coletores e operadores da limpeza
urbana concursados pela Prefeitura. Do ponto de vista do atendimento da população com
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta uma
Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con- cobertura de serviço com índices de 68%.
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi- Além dos resíduos não serem pesados, outra dificul-
cação e correção de problemas, fiscalização, etc. Via de dade para estimar a quantidade de resíduos domicilia-
regra não existe um planejamento claro das atividades, res gerados é o fato de muitos resíduos urbanos serem
coletados conjuntamente. Além disso, os resíduos de
Gráfico 7 – Composição gravimétrica da Região grandes geradores são também coletados com os resí-
Sertão Central duos domiciliares, sem que haja seu dimensionamento
preciso – não há informações sobre quantos são, que ti-
pos de resíduos são disponibilizados para coleta e que
Rejeitos quantidades representam.
26%
Nos municípios da Região Sertão Central é realizada
uma coleta conjunta com os resíduos domiciliares indi-
ferenciados e os resíduos da limpeza pública, havendo
uma coleta distinta para os resíduos da construção civil.
Foto 17. Lixão do Distrito de Nova Vida, em Ibaretama 2.3 Resíduos domiciliares
secos
Os municípios, na medida em
que não têm suas próprias carac-
terizações de resíduos, não infor-
maram a composição dos resídu-
os coletados. Assim, considera-se,
como mencionado anteriormen-
te, o percentual de resíduos secos
existente no estudo de caracteri-
zação de resíduos de Quixadá –
26% para toda a Região.
Foto 19. Lixão no distrito sede de Choró apenas um coletor de rua, que re-
aliza a coleta apenas de papelão.
46
de grandes geradores e nem o porte dos empreendimen- 2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
Mapa Diagnóstico
MA
CE
RN
PI
PB
PE
Associação ou
!
^ Cooperativa de
Catadores
!
H Lixão
Sertão Central
Divisa Municipal
Cursos d'água
Setor Censitário
!
H Urbano
Rodovias
-1
22 !
H
BR
)
&
(
!
H CE
-4 5
6
IBARETAMA
CHORÓ 22
!
^ BR
-1
47
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
de origem domiciliar, a quantidade gerada em grandes Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver-
geradores e em feiras e mercados existentes nos muni- des, provenientes da capina, podas e roçada, a limpeza
cípios. No entanto, na Região os resíduos são coletados de feiras públicas e eventos de acesso aberto ao público,
em conjunto com os domiciliares, impossibilitando a e os resíduos resultantes das atividades de limpeza cor-
definição dessas quantidades no momento. Reconhe- retiva que são aplicadas nos recorrentes pontos viciados
ceu-se apenas um único mercado, em Choró, que opera de cada município. Nestes pontos há a presença signifi-
diariamente. cativa de resíduos da construção, resíduos volumosos e
resíduos domiciliares.
São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
gânicos também os hotéis, bares, restaurantes e outros No município de Choró, os resíduos da limpeza urbana
estabelecimentos dedicados ao preparo de alimentos, (varrição, verdes e volumosos) são coletados conjun-
além dos supermercados em função de perdas resultan- tamente com os resíduos domiciliares. Os resíduos da
tes da comercialização de frutas, legumes e verduras. construção civil possuem coletas diferenciadas, com
destinos diferentes dos domiciliares e com reaproveita-
Os resíduos orgânicos, se compostados, poderiam ser mento quando possível.
usados tanto em áreas verdes dos municípios da Região
quanto em atividades agrícolas do entorno. Em Ibaretama, os resíduos da limpeza urbana (varrição
e volumosos) também são coletados conjuntamente
O IBGE identifica áreas plantadas, que são agriculturá- com os resíduos domiciliares. Os resíduos verdes e da
veis, na Região Sertão Central, e potencialmente consu- construção civil possuem coletas diferenciadas, com os
midoras de composto orgânico. mesmos destinos dos domiciliares. Em alguns distritos,
os resíduos verdes acabam
Quadro 15 - Área agriculturável nos municípios da Região Sertão Central sendo coletados junto com a
coleta domiciliar.
Área colhida em Área colhida
Sertão As operações de limpeza
lavouras temporárias em lavouras Área total (ha)
Central
(ha) permanentes (ha) urbana são realizadas com
Total 6.440 1.118 7.558
revezamento dos mesmos
veículos utilizados para a co-
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015 leta de resíduos domicilia-
res. Além da frota apresen-
tada na coleta de resíduos
2.5 Resíduos da limpeza urbana
domiciliares, apenas em Ibaretama há a inclusão de um
novo veículo de coleta – o caminhão carroceria de 6m³,
A Lei 11.445/2007 define as atividades de limpeza públi- totalizando assim, três veículos nas operações de limpe-
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; za urbana da Região, sendo 2 de Ibaretama e 1 de Choró.
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- Com base em indicadores, foram estimadas as quanti-
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos dades de resíduos da limpeza urbana geradas nos mu-
de acesso aberto ao público. nicípios da Região Sertão Central. Não foram conside-
48
rados os resíduos da varrição neste Plano, uma vez que recolhimento de pneus inservíveis, os fabricantes e im-
49
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Mapa 3 – Mapa com indicativo de pontos Gráfico 8 – Postos de entrega de pilhas e baterias
de coleta de pneumáticos inservíveis no segundo macrorregiões (%)
Estado do Ceará
Norte
Centro Oeste 2%
Nordeste
Sul 7%
14%
10%
67%
Sudeste
Fonte: GMC&LOG
50
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Quadro 17 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Sertão Central
Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por Gráfico 9 – Distribuição de despesas nos
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- custos dos serviços de manejo de resíduos
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4 sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú- Região Sertão Central
mero de lâmpadas descartadas.
Orgânicos
Varrição, poda
e capina 17%
3. CUSTOS DO SERVIÇO 29%
11% Secos
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba-
na de forma que permita analisar separadamente cada
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- 10%
Rejeitos
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários 34%
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Limpeza
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente. corretiva
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- mar que os gastos totais, na Região Sertão Central, to-
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi- mando como parâmetro os da Região Maciço de Batu-
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região, rité, se ampliam na medida em que diminui o porte da
como indicado no Gráfico 9. população atendida, como pode ser observado a seguir.
Gráfico 10 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Sertão Central
30
25
20
População (em mil hab.)
15
10
0
5,00 10,00 15,00 20,00
51
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
52
vidros é a entidade representativa do setor
53
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Mapa Fluxos
FORTALEZA - CE MARACANAÚ - CE
MARANGUAPE - CE
FORTALEZA - CE
PALMÁCIA MA
CE
RN
PI
PB
PACOTI
PE
REDENÇÃO ACARAPE
GUARAMIRANGA
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
BARREIRA Maciço de
MULUNGU
Baturité
Divisa Municipal
BATURITÉ
CAPISTRANO
BATURITÉ
ITAPIÚNA
IBARETAMA
CHORÓ
QUIXADÁ - CE
54
Durante a realização da Oficinas Regionais,
Quadro 19 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis na Região Sertão Central
55
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Tomando como referência os preços indicados pelo nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de
CEMPRE para municípios do Nordeste e considerando aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o
que, atualmente, a quantidade estimada de resíduos po- dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano,
tencialmente recuperáveis pela cadeia produtiva é de mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o
359 toneladas por ano, as perdas podem representar, impacto em termos de aquecimento global.
de acordo com os preços estimados, R$ 233.951,33. Além
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-
disso, há que considerar os custos de aterramento dos
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
resíduos secos se estes não forem recuperados, o que
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de
pode agregar mais R$ 11.392,91 como perda de recurso.
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do
Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor- preço da terra.
respondem à não colocação de composto orgânico no
No caso dos resíduos secos, também são importantes
mercado e ao custo de aterramento, R$ 29.489,39 e R$
a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do
22.744,23 respectivamente.
consumo de energia para extração de matérias primas
O não aproveitamento dos resíduos da construção civil e produção dos bens (incluindo a extração e processa-
e resíduos de madeira provenientes de poda, constru- mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de
ção e resíduos volumosos também podem representar CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí-
uma significativa perda econômica – R$ 34.344,96 no veis no processo de produção dos bens.
RCC e R$ 5.483,40 nas madeiras.
E há ainda outra parcela, que é a emissão de CO2 devi-
A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien- da ao transporte dos resíduos, desde a coleta até a des-
tais, que decorrem dos impactos da degradação da tinação final, aplicável a todos os tipos de resíduos. Os
matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais impactos ambientais não decorrem apenas da geração
virgens e maiores quantidades de energia para o pro- dos gases prejudiciais à atmosfera. Há também perdas
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza- relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
ção de materiais reciclados. cursos naturais e ao uso de energia.
No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos grande redução na extração da bauxita e no consumo
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas, evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
imobilização de área do aterro por longo tempo, mes- em 95% o uso de energia no processo.
mo após o encerramento da disposição de resíduos;
Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
gerado nos aterros.
deste tipo de material.
Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
(EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
Grande (MS), aponta as principais formas de relação
mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-
cialmente recicláveis 147 toneladas anuais de papel e
tidade de metano produzida até a decomposição total
papelão na Região Sertão Central o potencial de econo-
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos
mia de energia com a reciclagem deste material atinge
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
532,6 MW/ano.
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis.
Outro material com expressiva presença é o plástico,
Outra relação demonstrou para duas situações de de-
que apresenta o mais alto potencial de conservação de
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
energia elétrica. Na Região Sertão Central estima-se
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas,
atualmente como potencialmente recicláveis 152 to-
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
neladas anuais de plásticos, o que poderia representar
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq.
economia de energia de 767,8 MW/ano.
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra-
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
ambiente de degradação anaeróbia. síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
bientais e econômicos para a Região.
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-
56
PLANEJAMENTO NAS 1. SOLUÇÕES COM MÁXIMA
57
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada
da edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos dades para o manejo de resíduos. Assim, a estratégia de
os municípios estão desafiados a inverter essa lógica, manejo diferenciado, com as Coletas Seletivas de cada
implantando novos processos de gestão dos resíduos, um dos resíduos, é o único caminho para que a ordem
que privilegiem a recuperação dos resíduos e seu desvio de prioridades seja cumprida – viabilizando desde as
da disposição final. A implantação do aterro sanitário práticas de não geração até a diretriz de disposição final
continua sendo importante, mas não é mais o primeiro exclusivamente de rejeitos.
passo, e sim o último.
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de
A dificuldade real que os municípios têm de implantar coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, cílios é substituído por outro mais amplo e adequado,
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi-
possível aplicar as determinações da Política Nacional ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse-
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando quentemente não se trata mais de planejar uma coleta
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro-
permitindo movimentação imediata aos municípios, e piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos
não os deixando reféns de soluções com investimento de resíduos.
vultoso e demorado.
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Cole- resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
tas Seletivas das Regiões do Maciço de Baturité e do Ser- ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
tão Central considera a diretriz fundamental da Política resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
Nacional de Resíduos Sólidos, expressa em seu Art. 9º,
que estabelece de forma mandatória a ordem de priori- A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC
Recepção
e triagem
Apoio e
controles
58
de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
59
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
dos resíduos sólidos urbanos. CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de
operações e áreas específicas de manejo para diferentes
Como os municípios utilizam lixões como locais de dis- tipos de resíduos.
posição final dos resíduos indiferenciados, a rota tec-
nológica prevê redução substancial dos resíduos ali de- Na CMR poderão ser entregues:
positados, e ações de melhorias gradativas da condição 1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de
dessas áreas, como soluções transitórias. resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção
Projeto em elaboração pela SEMA prevê a recuperação
civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
destas áreas, envolvendo cercamento, remoção dos re-
resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
síduos espalhados no entorno externo e sua disposição
troeletrônicos, pilhas e baterias);
na frente de trabalho atual, controle de acesso, e início
de recuperação das porções degradadas já não mais uti- 2. com pagamento de preço público, por agentes
lizadas para disposição de resíduos. privados, os resíduos da construção civil, resíduos
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a quantidade;
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep- 3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
utilizarão áreas menores. lagens);
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de 4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
manejo de resíduos sólidos oriundos das urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
coletas seletivas toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
verdes;
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
60
síduos gerados nestas obras, principalmente os da (volume de estocagem correspondente a duas viagens).
O Galpão de Acumulação, funcionando como estação Nas duas regiões, como em outras do Estado, foram res-
de transferência, é concebido para atender a necessida- tringidas as soluções ao máximo de 6,6 t/dia por turno,
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags nesta primeira etapa, para que se considere uma “curva
Foto 24. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú
Fonte: I&T
61
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
mezanino
de aprendizagem” dos novos processos. A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que du-
Os estudos de concepção seguirão a sequência básica in-
rante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
dicada na Figura 5, a menos da necessidade de mecaniza-
ção de processos em galpões de maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira indicada na Figura 6.
A área de manejo dos resíduos verdes e
Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de Resíduos
madeira deve ser dimensionada para a Verdes
recepção destes resíduos, organizando
a operação em seis zonas de trabalho.
galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
A Área de Manejo de Resíduos Verdes
receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados,
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde troncos e galhos grossos
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo
ocorrer sua trituração prévia; e a ga-
lharia e folhas serão acumuladas em madeira Industrializada
uma grande pilha colocada em ma- capina e roçada
turação por período aproximado de
4 meses, depois de retirada a porção Fonte: I&T
para uso na compostagem.
62
Foto 25. Acumulação de troncos e pilha para maturação de folhas e galharias
63
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
incentivará que, nas áreas de compostagem de cada mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
município, os tempos vagos das equipes responsáveis zona de operação foi dimensionada para estocagem e
por este trabalho sejam dedicados à produção de com- acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
posteiras simples, a serem ofertadas aos munícipes que zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
adiram à compostagem no domicílio, ou outro ambien- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
te gerador. sórcio Público.
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção Civil As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume
gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di- destes resíduos para processamento e reutilização.
64
Figura 8 - Desenho ilustrativo da Área de 2.1.6 Área de Triagem (Ecoponto) na CMR
2.1.7 Ecopontos
65
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
dade de processamento.
municípios
Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região preci-
Para a adequação das instalações é necessário identi- sará utilizar um aterro sanitário para rejeitos.
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A
No momento, e pelo período previsto de implementa-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com
ção deste Plano, os resíduos urbanos que não forem re-
os indicadores de referência, é possível estimar a quan-
cebidos e processados nas instalações planejadas serão
tidade de resíduos que as instalações receberão.
encaminhados aos lixões dos municípios.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
A condição atual dos lixões será melhorada pela im-
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu
plantação de projetos que estão sendo estudados pela
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar
SEMA por meio dos “Planos de Recuperação de Áreas
o acesso da população, funcionando, inclusive em um
Degradadas (PRAD) de 81 lixões das Bacias Hidrográfi-
dos dias do final de semana.
cas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, no Estado do
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve Ceará” em fase final de elaboração. Tal Plano prevê que,
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo ex- em municípios para os quais não há perspectiva de dis-
cessivo de resíduos que dificulte a operação e de forma posição de resíduos em aterros sanitários a curto prazo,
a que as viagens até a CMR sejam otimizadas. será proposta uma Solução Transitória, que prevê iso-
lamento da área dos atuais lixões, limitação da área de
Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de descarga e recuperação gradativa, e limpeza da área do
uma área da cidade com população em torno de 25 mil entorno.
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto. 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
e mecanismos para criação de fontes de
Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar limi- negócios, emprego e renda
tados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Gerado-
res ou transportadores privados de maior porte deverão A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Sele-
recorrer à CMR e o uso desta área estará condicionado tivas das Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Cen-
ao pagamento de preço público adequado e disponibili- tral se apoia na certeza de que existe mercado consumi-
66
dor para todos os produtos que serão recuperados por Será necessário, assim, que o Consórcio negocie, em
67
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
GADO PALMÁCIA
MA
PERNAMBUQUINHO PB
!
H PACOTI ACARAPE
PE
)
" SANTA ANA
!
H REDENÇÃO "
)
GUASSI
!
H !
H" !
H
) CMR
GUARAMIRANGA )
"
BOA VISTA CÓRREGO
SÃO SEBASTIÃO FAÍSCA
!
H !
H H"
! )
)
" !
H! !
H
!
H
ANTÔNIO DIOGO H
!
H Ecoponto
!
H BARREIRA
MULUNGU !
H
JENIPAPEIRO
!
H )
" LAGOA GRANDE Fluxos
ARACOIABA !
H
BATURITÉ
LAGOA DO BARRO
municipais
H"
! )
!
H!H
HLAGOA DE SÃO JOÃO
! Fluxos regionais
H VAZANTES
!
)!ARATUBA
"
H
PAI JOÃO
!
H IDEAL Rodovias
!
H
JAGUARÃO
)
"
CAPISTRANO !
H Maciço do
PEDRA BRANCA
Baturité
PLÁCIDO MARTINS
PALMATÓRIA !
H Divisa Municipal
BATURITÉ
MILTON BELO
ITAPIÚNA "
) !H Setor Censitário
Urbano
!
H ITANS
!
H
BARBADA CAIO PRADO
CAIÇARINHA H PIRANJI
!
NOVA-VIDA
!
H
IBARETAMA
OITICICA
MONTE CASTELO !
H
!
H
CHORÓ
SANTA RITA
)
"
)
" !
H
PEDRA E CAL
!
H
MARAVILHA
3.1 Divisão do município em setores para processo de gestão associada e maiores no período em
coleta seletiva que maior número de atividades estiver implantado e
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
Nos municípios com população urbana na sede superior
a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon- O número de servidores do Consórcio Público, e seus
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
uma setorização de forma a definir a área de abrangên- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais.
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
ponda às exigências do período: menores no início do pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
68
maiores municípios associados. de resíduos, é recomendável que as instalações perma-
69
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
O quadro geral dos investimentos necessários para o Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
início de todas as atividades planejadas deve considerar alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
belecida em cada uma das CMR. Desta forma, os investi- de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
mentos iniciais e seu impacto na população urbana das junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
duas regiões são indicados no quadro a seguir. seletiva de secos).
Galpão de
Infraestrutura Galpões de Equipamentos Ecopontos
Acumulação e Edificações de
básica das CMR Compostagem Móveis RCC e simples e com
Triagem RS secos Apoio (14)
(14) (14) Madeiras (2) platô (35)
(14)
Total: 10.144.316,10
Total: 86,07
Nota: Investimentos integrais, com exceção dos galpões para orgânicos e secos que são parciais nos maiores Municípios
Fonte: I&T
70
Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em
71
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Foto 32. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Fonte: I&T
em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas, namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre-
igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti- cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta-
mização dos fluxos e da logística de coleta. riamente entregues nos Ecopontos.
A implantação da coleta seletiva na modalidade mista A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na
em estudos realizados pela Consultoria, quando atin- mesma viagem terá que ser totalmente abolida.
gida a escala de todo o território, custa em média 25%
a mais do que a coleta convencional nele realizada. Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re- Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos
ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater- verdes do domicílio e resíduos volumosos.
ramento sem reaproveitamento. Em regiões das cidades onde predominam moradores
Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-
resíduos secos para todo o território dos municípios tas especiais programadas desses resíduos com veículos
permite plena incorporação do trabalho dos Catado- da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente
res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro
para as atividades que vierem a desempenhar, e traba- dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei- 4.3 Equipamentos e equipes das Coletas
ta dos diferentes tipos de resíduos. Seletivas
A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre- A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
quência semanal, já experimentada em quase todos os da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já
municípios que praticam coleta seletiva de secos, com existentes, sem alteração do número de equipamentos e
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
terísticas permitem armazenamento nas residências te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
por esse período sem gerar incômodos. ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
nos processos do Galpão de Compostagem.
O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru-
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con- geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios operar vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
o transporte pelo Consórcio, logo que possível deverão agregados aos contratos em vigor.
ser utilizados caminhões poliguindaste para transporte
dos resíduos em contêineres, simplificando bastante a A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
operação do Ecoponto. Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
Não existe uma frequência pré-definida de transpor- se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
te, uma vez que pode haver variação na disposição de postas de metas de avanço. O início da coleta de secos
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- nas Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central
72
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Foto 33. Operação no Ecoponto Simplificado
73
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
de expor cotidianamente às novas gerações em forma- intermunicipais para a gestão de resíduos sólidos têm
ção, nas 458 escolas das duas Regiões, os caminhos que prioridade na alocação de recursos estaduais, conforme
devem ser seguidos por todos os tipos de resíduos ge- definição da Lei 16.032/2016.
rados no ambiente escolar - daqueles das salas de aula,
aos administrativos, aos de reparo das instalações, aos O Consórcio a ser formado deve ter uma equipe própria
de logística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, suficiente para realizar todas as atividades de planeja-
aos volumosos, aos da cantina escolar e outros. mento, fiscalização das posturas dos usuários e das ati-
vidades operacionais de coletas nos municípios.
Todas as 458 escolas serão estimuladas a elaborar, com
participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla- O Protocolo mencionado trata também de um aspecto
no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de particularmente importante das coletas seletivas, que
orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re- é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos
síduos gerados no ambiente escolar. resíduos processados: composto orgânico, resíduos se-
cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
Para as mudanças comportamentais necessárias será da construção civil segregados corretamente. Para isso
imprescindível o envolvimento dos estabelecimentos é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
comerciais (lojas, mercantis, quitandas, distribuição de Fundo Regional de Financiamento do Manejo Dife-
materiais de construção etc.) para que se responsabili- renciado, receptor dos resultados da comercialização,
zem pelo anúncio dos novos endereços para disposição para cobertura de custos operacionais e aplicação no
dos resíduos e novas regras. investimento de novas instalações que integrarão o Sis-
tema Integrado de Áreas de Manejo planejado para as
duas Regiões.
74
6.2 Programas e ações de capacitação de resíduos sólidos. Portanto, a periodicidade sugerida
Para que a implementação e a operação das Coletas Se- No caso deste Plano de Coletas Seletivas, sua elaboração
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio ocorreu no período de revisão do PPA; sugere-se, por-
deverá desenvolver programas e ações de capacitação tanto, que seja revisado em 2021 pela primeira vez e daí
técnica para sua estruturação institucional, implantação em diante sempre no ano de elaboração do PPA, de for-
das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi- ma, inclusive, a incluir no PPA as ações cabíveis.
ções irregulares, operações de compostagem e triagem
Avaliações do estágio de implementação do Plano deve-
de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
rão ser feitas anualmente, a partir dos relatórios perió-
monitoramento geral da eficácia das operações.
dicos sobre a qualidade da prestação dos serviços exigi-
Essa capacitação será essencial para transformar as prá- do pela Lei 11.445/2007, instrumentos importantes para
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas. a revisão do Plano, e divulgadas para os usuários.
75
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Foto 34. Capacitação dos catadores das Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central
Fonte: I&T
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as são social e à emancipação econômica deste segmento.
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- Nos lixões os catadores trabalham em condições pre-
mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis cárias e na sua maioria se encontram em situação de
que neles estejam presentes. extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e
precisam fundamentalmente de programas e ações de
Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es- combate à pobreza e geração de trabalho e renda.
tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia
produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi- Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública
ca de cooperativas e associações de catadores. De forma e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru-
complementar, apresentam-se em anexo minutas dos mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão
principais instrumentos para parcerias entre a Admi- social e à emancipação econômica dos catadores.
nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil –
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
de instruções para a formalização de associações e coo-
e organização produtiva com base na economia solidá-
perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
ria e autogestão.
vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres- regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
tação de serviços entre a Administração Pública e coo- ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
perativas de catadores. dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
de um programa específico voltado à formalização da
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
presença dos empreendimentos comercializadores de
ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs.
materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
7.1.1 Apoio aos catadores OSCs podem firmar termos de colaboração visando
atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que por meio de atividades, realizadas de modo contínuo
os catadores têm na coleta, separação e venda de reci- e permanente, como programas de assistência social,
cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de
76
habitação popular, ou parcerias no formato de projetos, tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-
77
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Gráfico 11 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Sertão Central
30
25
20
População (em mil hab.)
15
10
0
5,00 10,00 15,00 20,00
78
8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o
Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)
Quadro 22 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas
Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)
(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume
79
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
Quadro 23 – Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos viços públicos é determinação
tratados nas Regiões do Maciço de Baturité e do Sertão Central legal da Lei Federal de Sanea-
mento Básico (11.445/2007) e da
Política Nacional de Resíduos
Quantidade Valor de venda Valor potencial de Sólidos (12.305/2010) que tem
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) que ser cumprida. Este Plano
de Coletas Seletivas considera
que as boas soluções tecnológi-
Composto (t) 416,01 148,50 61.776,76
cas, gerenciais e de engenharia
devam ser buscadas para que se
Embalagens (t) 347,62 280,63 97.553,56
expresse aos munícipes o me-
Estruturante (m³) 1.993,49 5,00 9.967,45
nor valor possível, sem renún-
cia às receitas possibilitadas
RCC Classe A (m³) 1.885,84 32,00 60.346,99 pela valorização dos materiais.
Considera ainda que os valo-
Madeiras (m³) 1.379,61 10,00 13.796,13 res eventualmente lançados em
IPTU devam ser direcionados
Recicláveis (t) (RCC e à recuperação dos custos in-
57,87 1.000,00 57.870,32
volumosos)
divisíveis, por meio do Fundo
Especial do município e a Taxa
Total – – 301.311,21
de Manejo de Resíduos Domi-
ciliares, operada pelo Consór-
Fonte: Elaboração I&T
cio Público, deve ser lançada
volumosos, 52% da receita total potencial, das oriundas para recuperação dos custos
da qualificação do RCC como agregado reutilizável, 20% divisíveis relativos à coleta, tratamento e destinação de
da receita total potencial e também daquelas decorrentes resíduos, de forma que os municípios das Regiões do
da venda do composto orgânico, também 21% do total. Maciço de Baturité e do Sertão Central possam sair da
atual situação de descumprimento de dispositivo legal.
Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu- Por final, novamente para adequação a dispositivo le-
nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o gal, o Plano considera que os preços públicos têm que
recurso a uma Organização Social, a instituição de um ser instituídos para a absorção eventual de resíduos de
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen- grandes geradores.
ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni-
cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos Futuramente poderá ser considerada pelo Consórcio a
Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre discussão de créditos, junto aos responsáveis legais (fa-
as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien- bricantes, distribuidores e outros) por efetivação da lo-
te, responderá pela comercialização dos resíduos em gística reversa de embalagens e alguns resíduos especiais.
nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de
Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
mento dos custos operacionais com a coleta e processa- 9. DEFINIR O PAPEL DO ESTADO COMO
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão INDUTOR DO AVANÇO NECESSÁRIO
de catadores.
O Fundo Regional de Financiamento será alimentado Na tradição brasileira, até a edição da Lei 12.305/2010, os
também por recursos oriundos dos Fundos Especiais de Estados praticamente não exerciam papel de relevo no
âmbito municipal. O fundo municipal – Fundo Especial tema dos resíduos sólidos, a não ser como licenciadores
para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – recepciona- dos empreendimentos viabilizados pelos municípios.
rá os recursos provenientes do ICMS Sócio Ambiental,
os recursos provenientes de multas e outras receitas, O Estado do Ceará, no entanto, tem atuado em várias
as dotações orçamentárias para cobertura do custo de frentes no tema dos resíduos sólidos: elaborou em 2012
limpeza urbana (custos indivisíveis) e os recursos pro- seu Plano de Resíduos Sólidos, elaborou um estudo de
venientes da arrecadação da TRSD – Taxa de Resíduos regionalização para adequação da escala de gestão, es-
Sólidos Domiciliares para cobertura do custo de manejo tão em elaboração os Planos Regionais de Resíduos Só-
de resíduos (custos divisíveis). lidos para 11 das 14 Regiões estabelecidas para a gestão
dos resíduos sólidos.
Apontar a solução para recuperação dos custos dos ser-
80
Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita- ICMS Sócio Ambiental.
9.1 Apoio aos investimentos iniciais O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que
terão prioridade para investimentos os municípios que
A implantação das instalações obedecerá ao cronogra- tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
ma geral já apresentado. No primeiro ano está prevista Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação.
a implantação das seguintes instalações da CMR de cada
Ocorrendo o avanço da gestão associada por Consór-
município: módulo inicial de galpão de compostagem
cio Público na Região Maciço de Baturité, alguns outros
com guarita coberta, equacionamento da peneira mó-
condicionantes estão estabelecidos pelo Estado para
vel e do picador de madeiras; no segundo ano serão im-
acesso dos municípios aos recursos por ele gerenciados:
plantados
• existência de área afetada adequada para a implan-
No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu- tação da CMR;
lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu-
apoio nas CMR.
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas)
Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- e sua capacitação;
mento pelos municípios ou pelo Consórcio Público já • compromisso com a reconfiguração da coleta de
constituído, por se tratarem de obras bastante simpli- resíduos domiciliares executada por execução direta
ficadas. ou contrato terceirizado;
Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce- • adoção de solução para a recuperação dos custos
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen- operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
do serviço público.
Gráfico 12 – Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental nas Regiões do Maciço de Baturité (inclusos
Choró e Ibaretama).
3.500
2.800
ICMS - 2% (mil R$)
2.100
1.400
700
0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Maciço de Baturité - Repasses ICMS Socioambiental
Fonte: SEMA
81
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
MESES
ATIVIDADES
meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3
Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1
Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12
20 Viabilização investimentos 12
Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6
27 Introdução 2o turno -
33 Operações LR pneus -
34 Operações LR lâmpadas -
Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -
83
Região Maciço de Baturité e Região do Sertão Central
REGIÃO
LITORAL
LESTE
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
LITORAL LESTE
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
86
DIAGNÓSTICO DA Alguns distritos apresentam população urbana conside-
ribe, Cascavel e Pindoretama, Fortim, Aracati, Icapui, 4.000 8.000 12.000 16.000
Itaiçaba, Jaguaruana. A Região constitui importante polo
Fonte: IBGE
turístico pela beleza de suas praias, atraindo visitantes de
todo o país e do exterior, sendo o Monumento das Falé- A concentração do rendimento nos municípios aferido
sias de Beberibe um dos principais polos de atração para pelo Censo do IBGE em 2010, no entanto, ainda é baixa,
a Região e a praia da Águas Belas, em Cascavel, também sendo semelhante para todos os municípios da região,
muito procurada pelas lagoas naturais que se formam com uma média de 82,3% da população recebendo até
em suas praias. Embora Pindoretama não possua litoral um salário mínimo e 12,2% recebendo de 1 a 2 salários
em seu território, a cidade conta com atrativos turísticos mínimos.
ligados a riqueza cultural do município.
A partir do Índice Firjan de Desenvolvimento Munici-
Apesar de ser composta por oito municípios, este Plano pal, pode-se notar que na Região todos os municípios
das Coletas Seletivas envolve somente três municípios apresentam o índice geral de desenvolvimento mode-
da região: Beberibe, Cascavel e Pindoretama, por esta- rado. Destaca-se em relação ao índice de saúde o mu-
rem na Bacia Hidrográfica Metropolitana, objeto deste nicípio de Cascavel, com alto desenvolvimento, sendo
trabalho. Por esta razão, as menções à Região Litoral que os demais municípios mantêm, neste quesito, um
Leste que se fizerem neste documento a partir deste desenvolvimento moderado. Em relação ao índice da
ponto referem-se somente aos três municípios. educação, todos os municípios obtiveram um índice de
desenvolvimento moderado. O ponto fraco, presente
Quadro 1 - População total e urbana na em todos os municípios, é o índice de emprego e ren-
Região Litoral Leste – 2016 da, sendo que os municípios de Pindoretama e Cascavel
apresentam um desenvolvimento regular e o município
População Total População de Beberibe baixo desenvolvimento.
Município
2016 Urbana 2016
Outro aspecto relevante para a caracterização social do
Beberibe 52.719 23.095 município é o relativo às famílias beneficiárias do Pro-
grama Bolsa Família, que caracteriza parcela da popu-
Cascavel 70.574 59.965
lação com baixo poder aquisitivo. Em média, a região
Pindoretama 20.430 12.309 apresenta um percentual de 57% das famílias recebendo
Bolsa Família.
Litoral Leste 143.723 95.368
87
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Nos dois municípios que terceirizam os serviços de co- Fonte: Elaboração I&T a partir dos dados do Plano
Estadual de Resíduos Sólidos do Ceará
leta, os contratos com a prestadora do serviço não con-
templam a coleta diferenciada, devendo haver uma
reformulação contratual. Para Cascavel, que realiza a
operação, para implementar a coleta diferenciada, bas- Em função das características específicas desta Região,
ta uma readequação em seu quadro operacional para neste Plano adota-se, preliminarmente, a composição
atingir os objetivos propostos no Plano. gravimétrica encontrada no estudo realizado pelo mu-
nicípio de Cascavel para todos os municípios da Região.
Os órgãos gestores, de forma geral, exercem pouco con-
trole sobre as empresas contratadas, do ponto de vista
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados
do acompanhamento dos resíduos coletados, identifi-
cação e correção de problemas, fiscalização, etc. Via de
regra não existe um planejamento claro das atividades, Os municípios da Região Litoral Leste transportam os
muitas vezes ficando a cargo das próprias empresas resíduos para lixões a céu aberto, realizando, em mui-
contratadas tomar decisões sobre roteiros de coleta e tos casos, uma coleta conjunta com outros tipos de resí-
atividades rotineiras de limpeza. duos: da construção civil, volumosos e resíduos verdes.
Desta forma, o controle dos resíduos gerados nestes
municípios é ineficiente, sendo feito apenas um cálculo
88
das quantidades geradas a partir Quadro 3 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares
De acordo com os dados disponíveis, a Região Litoral O Lixão da Sede de Cascavel e o Lixão de Pindoretama
Leste gera diariamente 79,7 toneladas de resíduos do- possuem uma área para a deposição dos resíduos de
podas, capina e roçada separado
Foto 1. Operação de coleta domiciliar em Pindoretama do local de descarga dos resídu-
os domiciliares. As podas, capi-
nas e roçadas são acumuladas e
vão sendo empurradas formando
uma pilha de material mistura-
do, com muita presença de terra.
O Lixão de Beberibe só recebe os
resíduos domiciliares, tendo uma
área para destinação de resíduos
verdes e outra para destinação de
resíduos da construção civil.
89
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
90
pio. Ele realiza a coleta do ma-
Em Pindoretama há 11 catadores
que atuam na cidade, coletan-
do com “carros geladeira”. Eles
coletam nas ruas e separam em
suas residências. A venda do
material é realizada para suca-
teiros da Região.
91
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
serão muito importantes para o planejamento da apli- Em grande medida os resíduos dos grandes geradores
cação das determinações da Política Nacional de Resí- são coletados em conjunto com os resíduos domiciliares
duos Sólidos. O resultado para a região, referente aos da Região; não há, portanto, cobrança para essa coleta,
resíduos secos, está expresso no Quadro 4. o que significa também que não se cobra o transporte e
a destinação final.
O processamento dos resíduos dos grandes geradores
pode gerar novos empreendimentos econômicos na Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni- final pelos catadores são destinados a uma rede de asso-
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa- ciações, sucateiros e recicladores localizados na Região
bilidade privada. e em Fortaleza.
92
Mapa Diagnóstico
CE-04
PE
0
Grande
Sucateiro
!
H Pequeno
)
&
( Sucateiro
)
&
( Oceano Atlântico
!
? (
& Compostagem
CASCAVEL
!
? Acumulação de
BEBERIBE !
? Podas
Acúmolo de
!
? RCC
CE
-0 4
CE-138
!
H Lixão
Litoral Leste
!
H Divisa Municipal
Setor Censitário
Urbano
Cursos d'água
BR
-1
16
Rodovias
38
-1
CE
BR-304
BR
-1
16
São instalações em grande maioria de pequeno porte, Solidária de Pindoretama (COOPAFESP). Ela coleta re-
que estabelecem um fluxo de resíduos entre elas, que síduos dos agricultores cooperados e conseguiu da Pre-
se inicia na ação dos catadores e se encerra em proces- feitura uma carga de resíduos verdes da coleta urbana
sadores locais e externos, conforme indicado em mapa para a compostagem. Porém, a iniciativa ainda não está
que georeferencia as que puderam ser visitadas nos le- voltada para uma coleta extensiva nas proximidades, se
vantamentos de campo. restringindo ainda aos cooperados.
93
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
94
2.5 Resíduos da limpeza urbana Em todos os municípios a coleta é feita semanalmente.
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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
Foto 11. Local de acumulação de resíduos verdes no lixão de Pindoretama res realizado pelo Comares, identifi-
cou a presença de estabelecimentos
com grande geração de madeiras.
96
porte e a destinação dos pneus inservíveis.
micas na Região
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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos- estão em municípios que não são objeto dos Planos de
sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em Coletas Seletivas.
todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi
definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
Gráfico 3 – Postos de entrega de pilhas e baterias belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
segundo macrorregiões (%) tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
Norte
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
Centro Oeste 2% pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela
Nordeste rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
Sul 7% e importadores desses produtos.
14%
10%
O setor responsável pelo gerenciamento dos resíduos
gerados ao final da vida útil destes produtos (pilhas e
baterias) é a Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica (ABINEE), sendo que a entidade gestora do
sistema de logística reversa é a GM&CLOG Logística. Os
pontos de entrega totalizam 1.317 estabelecimentos no
Brasil e sua distribuição pode ser resultante da relação
direta entre perfil socioeconômico da população, con-
sumo e geração.
98
Região Litoral Leste
Quadro 12 – Estimativa de geração de alguns resíduos da logística reversa na Região Litoral Leste
Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos Gráfico 4 – Distribuição de despesas nos
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba- custos dos serviços de manejo de resíduos
na de forma que permita analisar separadamente cada sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- Região Litoral Leste
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Orgânicos
Varrição, poda
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente. e capina 17%
29%
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- 11% Secos
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi-
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região,
como indicado no Gráfico 4.
10%
Rejeitos
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir-
mar que os gastos totais, na Região Litoral Leste, toman- 34%
do como parâmetro os da Região Maciço de Baturité, se Limpeza
ampliam na medida em que diminui o porte da popu- corretiva
lação atendida, como pode ser observado no Gráfico 5.
Gráfico 5 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região
30
25
20
População (em mil hab.)
15
10
0
5,00 10,00 15,00 20,00
99
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
No processo de levantamento de dados para a descrição O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão
da cadeia produtiva de recicla-
gem, foi feito um esforço para Foto 14. Local de acumulação dos resíduos da construção civil em Beberibe
identificar os catadores que
atuam em cada município, e
suas organizações.
100
Região Litoral Leste
Foto 15. Espaços de sucateiros em Cascavel
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús- tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA) reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be-
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedo- bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas
res das indústrias recicladoras. Em relação à recupera- e encaminhadas para a reciclagem.
ção, o setor apresenta dados que indicam um total de
4,7 milhões de toneladas coletadas e encaminhadas à As principais fontes de informação sobre a reciclagem
indústria recicladora – equivalentes a 64,5% do consu- dos plásticos são as entidades representativas do setor
mo aparente. – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
De acordo com publicações do setor, confirma-se a in- aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo
formação de que os principais polos recicladores são SP, informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús-
PR e SC. trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco- dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA,
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des-
produtos que geram resíduos metálicos são as entida- carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
des representativas do setor de alumínio e de aço, os gem industrial – resíduos gerados no processo produti-
fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa
acordo com informações do setor, em 2014 o índice de que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no
recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média Ceará, todos na Região Metropolitana.
mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala-
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados
capacidade de recepção das embalagens de alumínio, mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65%
sendo cinco para produção do corpo das latas e duas do PET adquirido pelas indústrias está em forma de
para produção das tampas – nenhuma no Ceará. flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10%
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca chega às unidades recicladoras na forma de PET gra-
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es-
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco, A principal fonte de informação sobre a reciclagem dos
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada vidros é a entidade representativa do setor – a ABIVIDRO.
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8 os prin-
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- cipais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil (emba-
101
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
lagens), com duas unidades operando no Nordeste: em Os dados informados pelos sucateiros são bastante im-
Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV) em precisos, não sendo possível considerar quantidades
Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produzindo exatas por tipo de material. Em números gerais, são
atualmente vidros planos (espelhos, automotivos etc.). comercializados na região 9,3 toneladas de resíduos se-
cos por mês.
O índice de reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está pró-
ximo ao patamar de 40%, variando anualmente para Embora exista em geral alguma resistência dos sucatei-
baixo ou para cima, sem grandes alterações em torno ros em informar os preços de compra e venda pratica-
desta média. Além disso, cerca de 25% das embalagens dos, foi possível obter dados de alguns deles, bastante
de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas pelo setor convergentes, que permitiram definir preços de refe-
de bebidas. O setor de vidro não é signatário do acordo rência. Todos os resíduos secos que chegam aos suca-
setorial de embalagens em geral. Portanto, ainda não há teiros são resultado do trabalho de catadores e, eventu-
estratégias para ampliar o desempenho do setor de vi- almente, de coletas feitas diretamente pelos sucateiros
dro no âmbito da reciclagem de materiais. em áreas comerciais.
O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria O mapa a seguir expressa de forma sucinta os fluxos
com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali- internos na Região e os fluxos direcionados a destinos
zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci- externos, inclusive a outros estados.
clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014. Estima-se que sejam geradas 317,4 toneladas de resídu-
os secos por mês, cerca de 12 toneladas/dia e recupera-
Na etapa de levantamento de dados para a elaboração das por mês cerca de 9,3 toneladas. Percebe-se que há
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re- muito a ser feito no sentido de efetivar a coleta seletiva
conhecidos nos municípios da Região Litoral Leste. um de resíduos secos na Região e conduzir os resíduos a
fluxo para outras regiões, de busca das instalações pro- aproveitamento.
cessadoras dos materiais recuperados.
Mapa Fluxos
FORTALEZA - CE
MA
CE
RN
PI
PINDORETAMA PB
PE
CASCAVEL
Fluxos - Cadeia
de Recicláveis
Secos
Oceano Atlântico
Litoral Leste
Setor Censitário
Urbano
Rodovias
MOSSORÓ - RN
SÃO PAULO - SP
102
6. POSSIBILIDADES DE Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-
Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram A lei que criou o Consórcio Comares UCV inicialmente
a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí- foi aprovada em 2010 e em 2015 houve a inauguração
duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo da sede. No ano de 2016, as leis foram reformuladas e
de regionalização foi realizado com apoio do Ministério enviadas às Câmaras com a inserção do conceito de ges-
do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência tão integrada; foram aprovadas em 26 de agosto de 2016
de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e adequando o Consórcio à moderna legislação de resí-
o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi- duos sólidos.
lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
ções brasileiras atuais. Foi assinado com o Ministério Público do Estado um
Termo de Ajuste de Conduta – TAC, de 3 de maio de
Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a 2016, onde está descrita a responsabilidade e função de
Fonte: Elaboração I&T, a partir da Regionalização para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Estado do Ceará
103
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
cada município e dos funcionários no Consórcio. Cada que produz para as municipalidades gastos com desti-
município cedeu 2 funcionários para integrar parte nação final de resíduos que deveriam ser recuperados
da equipe técnica, mas futuramente o Consórcio terá e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas fi-
funcionários próprios. O Comares já realizou algumas nanceiras pela não realização das receitas de venda dos
ações, entre elas o Projeto Brasil Solidário, Plano de materiais.
Educação Ambiental, estudos dos grandes geradores e
um Plano de Mídia. Conforme os dados já apresentados, de geração de re-
síduos e suas características gravimétricas, a produ-
Na elaboração deste Plano, com metodologia muito par- ção de resíduos secos na Região Litoral Leste se estima
ticipativa e a inversão de prioridades nos investimentos, como segue.
focando principalmente ações
que desviem os resíduos da dis- Quadro 14 – Geração anual de resíduos secos potencialmente
posição final, os municípios vi- recicláveis na Região Litoral Leste
sualizaram a possibilidade de
fortalecer o consórcio, discu- Geração Papéis Metais Plásticos Vidro
LItoral
tindo a Minuta de Protocolo de Leste
Intenções, já mencionada, para 85% 13,10% 2,90% 13,50% 2,40%
realizar ajustes na documenta- Total (t) 3.809 1.564 346 1.612 287
ção básica do Consórcio Inter-
municipal de Gestão Integrada Fonte: I&T. A partir de levantamento de dados em campo. 2017
para Aterro de Resíduos Sólidos
– Comares UCV, visando a im-
plantação das unidades e dos procedimentos de coleta. Tomando como referência os preços indicados pelo
CEMPRE para municípios do Nordeste e considerando
Outra discussão necessária é a referente à Regionaliza- que, atualmente, a quantidade estimada de resíduos
ção para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Es- potencialmente recuperáveis pela cadeia produtiva é de
tado do Ceará, mencionada no Plano Estadual de Resí- 3.523 toneladas por ano, as perdas podem representar,
duos Sólidos do Ceará. de acordo com os preços estimados, R$2.485.559,80.
Além disso, há que considerar os custos de aterramen-
O Plano Estadual define a Região Litoral Leste com oito
to dos resíduos secos se estes não forem recuperados,
municípios, incluindo, além dos três municípios do Co-
o que pode agregar mais R$ 121.041,25 como perda de
mares UCV, os municípios de Fortim, Aracati, Itaiçaba,
recurso.
Jaguaruana e Icapuí, conforme mostra o mapa. A Regio-
nalização proposta por este documento possibilita que Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
a região ganhe escala adequada para fortalecer o ma- respondem à não colocação de composto orgânico no
nejo de resíduos sólidos, que inclua resíduos que não mercado e ao custo de aterramento, R$ 575.114,02 e R$
ofereciam escala mínima de gestão, possibilitando o 1.018.681,20 respectivamente.
compartilhamento dos equipamentos necessários para
o manejo e, também, o compartilhamento de recursos O não aproveitamento dos resíduos da construção civil
e receitas com maior eficiência. e resíduos de madeira provenientes de poda, constru-
ção e resíduos volumosos também podem representar
Ao mesmo tempo, esta região conta com três municí- uma significativa perda econômica – R$ 103.034,88 no
pios bem avançados na busca de soluções, enquanto os RCC e R$ 137.787,00 nas madeiras.
outros municípios citados ainda estão iniciando o diá-
logo para trilhar o mesmo caminho. A possibilidade de A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
inserção de novos municípios ao Consórcio não poderá tais, que decorrem dos impactos da degradação da
fragilizar ou retardar o avanço que está ocorrendo com matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
os três municípios já associados ao Comares UCV. virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
ção de materiais reciclados.
104
Foto 16. Material coletado pelos catadores do lixão de Beberibe No caso dos resíduos secos,
Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
(EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro- grande redução na extração da bauxita e no consumo
veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
Grande (MS), aponta as principais formas de relação evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan- em 95% o uso de energia no processo.
tidade de metano produzida até a decomposição total
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis. de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
Outra relação demonstrou para duas situações de de- deste tipo de material.
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas, Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq. lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra- mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como cialmente recicláveis 1.564 toneladas anuais de papel e
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em papelão na Região Litoral Leste o potencial de econo-
ambiente de degradação anaeróbia. mia de energia com a reciclagem deste material atinge
5.658,5 MW/ano.
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-
nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de Outro material com expressiva presença é o plástico,
aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o que apresenta o mais alto potencial de conservação de
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano, energia elétrica. Na Região Litoral Leste estima-se atual-
mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o mente como potencialmente recicláveis 1.612 toneladas
impacto em termos de aquecimento global. anuais de plásticos, o que poderia representar econo-
mia de energia de 8.157,2 MW/ano.
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-
dem atratividade para atividades comerciais e residen- Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
preço da terra. bientais e econômicos para a Região.
105
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
PLANEJAMENTO NA
Região do Litoral Leste
106
Região Litoral Leste
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada
A dificuldade real que os municípios têm de implantar coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi-
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, cílios é substituído por outro mais amplo e adequado,
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi-
possível aplicar as determinações da Política Nacional ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse-
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando quentemente não se trata mais de planejar uma coleta
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro-
permitindo movimentação imediata aos municípios, e piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos
não os deixando reféns de soluções com investimento de resíduos.
vultoso e demorado.
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Cole- resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
tas Seletivas da Região Litoral Leste considera a diretriz ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma man-
datória a ordem de prioridades para o manejo de resí- A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
duos. Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
as Coletas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
caminho para que a ordem de prioridades seja cumpri- e “adequada escala das operações”, composto de um
da – viabilizando desde as práticas de não geração até a conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
diretriz de disposição final exclusivamente de rejeitos. ção de resíduos.
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
número possível de áreas físicas, mas que atendam a
Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC
Recepção
e triagem
Apoio e
controles
107
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
toda a população urbana de cada município, com in- metros adotados para cada uma das instalações e para
tegração das operações com diversos tipos de resíduos, a definição da rede em cada município e região serão
por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa- apresentados no capítulo seguinte.
mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
compartilhado da edificação de
Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m²
apoio e gestão financeira inte-
para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste
grada dos recursos advindos do
manejo para valorização dos re- Funcionário RCC Residuos verdes
e solo
síduos, de forma que operações Resíduos a
proteger Platô de descarga
superavitárias sustentem as
deficitárias e reduzam a depen-
dência de recursos externos.
108
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo
109
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Para o manejo dos resíduos secos, a CMR pode ter um O ponto de partida para o dimensionamento dos Gal-
Galpão de Acumulação, como no caso de Pindoretama pões de Triagem, instalações um pouco mais comple-
e Beberibe, operado de forma articulada com unidade xas, é a evolução da coleta seletiva até atingir a meta
instalada em município da proximidade - Galpão de definida neste Plano, estimada em 85% da geração dos
Triagem, neste caso situado em Cascavel, que fará a se- resíduos secos.
gregação dos resíduos secos do município em que está
instalado e dos resíduos secos que receberá dos municí- Foi adotada uma estratégia de implantação em quatro
pios que têm apenas um Galpão de Acumulação. etapas, que permitam avanço progressivo, mas também
redução dos custos de investimento.
O Galpão de Acumulação, funcionando como estação
Respeitada a estratégia de quatro etapas, aos municí-
de transferência, é concebido para atender a necessida-
pios foram alocadas soluções de acordo com os volumes
de de acumulação dos resíduos secos estocados em bags
gerados: galpões de simples acumulação para transfe-
(volume de estocagem correspondente a duas viagens).
rência ou galpões de triagem manual ou mecanizada.
Foto 17. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú
Fonte: I&T
110
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos
mezanino
Na Região Litoral Leste, como em outras do Estado, foi meses, depois de retirada a porção para uso na compos-
restringido o porte das soluções, nesta primeira etapa, tagem.
para que se considere uma “curva de aprendizagem”
dos novos processos. Os estudos de concepção seguirão A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
a sequência básica indicada na Figura 5, a menos da ne- ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
cessidade de mecanização de processos em galpões de durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e
A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira
indicada na figura a seguir.
111
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
Fonte: I&T
112
Região Litoral Leste
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem
O Consórcio Público incentivará que, nas áreas de com- mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
postagem de cada município, os tempos vagos das equi- zona de operação foi dimensionada para estocagem e
pes responsáveis por este trabalho sejam dedicados à acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
produção de composteiras simples, a serem ofertadas zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
aos munícipes que adiram à compostagem no domicí- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
lio, ou outro ambiente gerador. sórcio Público.
2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção As zonas de trabalho, dimensionadas a partir do volume
Civil gerado, seguirão o exposto na Figura 8, com reservação
destes resíduos para processamento e reutilização.
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di-
113
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
2.1.7 Ecopontos
114
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região preci-
Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
uma área da cidade com população em torno de 25 mil e mecanismos para criação de fontes de
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima negócios, emprego e renda
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto.
Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar limi- A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Sele-
tados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Gerado- tivas da Região Litoral Leste se apoia na certeza de que
res ou transportadores privados de maior porte deverão existe mercado consumidor para todos os produtos que
recorrer à CMR e o uso desta área estará condicionado serão recuperados por meio do manejo diferenciado
ao pagamento de preço público adequado e disponibili- dos resíduos urbanos.
dade de processamento.
Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
Foto 22. Atividade agroecológica no Ceará
115
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos gem dos resíduos secos.
de resíduos não há coleta porque não há mercado. No
entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida- A implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon-
porta sistemática, que se expande gradativamente na sabilidade do setor privado.
medida em que se implantem soluções de triagem e co- Em todos esses casos, a participação do poder público
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente no processo resume-se ao recebimento de pequenas
fará surgir novos negócios. quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs,
Para a colocação do composto orgânico no mercado para posterior retirada pelos responsáveis. O Consór-
consumidor não há nenhum problema para a absorção cio deverá manter rigorosos registros e contabilidade
dos resíduos pelos produtores rurais nos próprios mu- dos custos incorridos em todas as operações realizadas,
nicípios; dados existentes revelam que os volumes a se- para que se efetivem acordos justos entre as partes.
rem gerados são muito inferiores à capacidade regional Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, pelo
de consumo de fertilizantes (em torno de 0,1% desta). Se- Consórcio, de Certificados de Logística Reversa, a se-
rão priorizados os empreendimentos agroecológicos da rem negociados com os responsáveis legais pelos resí-
Região, especialmente os que forem vinculados ao Pro- duos, diretamente ou por meio das entidades envolvi-
grama de Aquisição de Alimentos (PAA) e aqueles vincu- das nos Acordos Setoriais.
lados aos esforços pela convivência com o semiárido.
116
Mapa áreas de manejo
H
!
EMA CAPONGA CE
PINDORETAMA !
H "
) RN
H
! PI
CAPONGUINHA
CE-04
CAPIM DE ROÇA PB
0
H
!
PE
CASCAVEL
!"
JACARECOARA
"
) H
! Ecoponto
H
H!
!
)!H
H
H
! Oceano Atlântico
GUANACÉS H
!
H
! "
) CMR
H
!
"
) Fluxos
municipais
BEBERIBE
Fluxos regionais
Litoral Leste
CE
-0 4
0 H
!
CE-138
H
! SUCATINGA
Divisa Municipal
Setor Censitário
Urbano
Rodovias
H
!
ITAPEIM PARAJURU
H
!
PARIPUEIRA
H
!
BR
-1
16
PITOMBEIRAS
38
H
!
-1
CE
CRISTAIS
SERRA DO FÉLIX
H
!
FORQUILHA
BR-304
H
!
BR
-1
16
3.1 Divisão do município em setores para processo de gestão associada e maiores no período em
coleta seletiva que maior número de atividades estiver implantado e
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
Nos municípios com população urbana na sede superior
a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon- O número de servidores do Consórcio Público, e seus
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
uma setorização de forma a definir a área de abrangên- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
ponda às exigências do período: menores no início do pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
117
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
No Cenário II, quando serão iniciadas as operações de Os equipamentos de carga e de transporte interno (ou
triagem de resíduos secos, a equipe no galpão de tria- entre Ecopontos e CMR) foram considerados como in-
gem regional de Cascavel será de 26 funcionários. sumos locados nos mercados locais.
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Para o processo de compostagem os investimentos ini-
Ecopontos ciais prevêem:1) a implantação de um galpão de com-
postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte de telhas onduladas e piso concretado, equipado com
de resíduos, é recomendável que as instalações perma- baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador,
neçam abertas pelo maior tempo possível, todos os dias termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma
da semana, além de um dos dias do final de semana. guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,
118
sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de 4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA
Galpão de
Equipamentos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de Ecopontos
Móveis RCC e
básica das CMR (3) Compostagem (3) Triagem RS secos Apoio (3) simples (22)
Madeiras (2)
(3)
Total: 4.292.310,05
Total: 45,01
Nota: Investimentos integrais, com exceção dos galpões para orgânicos e secos que são parciais nos maiores Municípios
Fonte: I&T
119
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
ciados; as demais permanecerão como estão. com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta,
controla a qualidade da segregação e acumula os resí-
Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas- duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva- estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de
mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos. acumulação, de onde será transportado à CMR por um
Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
a porta introduz-se uma terceira coleta. porte do município.
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
e transporte dos materiais coletados leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega
A frequência de coleta dos resíduos indiferenciados a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami-
praticada atualmente é principalmente diária nos mu- nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a
nicípios da Região Litoral Leste, com algumas exceções. desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
Nos municípios ou áreas de municípios em que a coleta de rejeitos entre os resíduos valorizáveis.
é feita diariamente é muito simples a implantação da
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte-
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
alternadas, como ocorre em grande parte das cidades de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
brasileiras, sem problemas inclusive nas cidades maio- em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
res. igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
mização dos fluxos e da logística de coleta.
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez que A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
há contratos em andamento, que provavelmente serão em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
renovados, e ainda não é possível prever o teor das al- gida a escala de todo o território, custa em média 25%
terações. a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
Para o período seguinte, informações que deverão ser resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio poderão in- ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
dicar necessidade de revisão dos roteiros de coleta atu- ramento sem reaproveitamento.
almente praticados, no sentido de tornar o processo
mais eficiente. Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
resíduos secos para todo o território dos municípios
A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
dias alternados em todos os municípios. O Consórcio res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
deverá apoiar os municípios nessa transição para calcu- para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
lar os volumes a coletar e traçar as novas rotas dia a dia. lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
4.2 Introdução da coleta em três frações ta dos diferentes tipos de resíduos.
Foto 25. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Fonte: I&T
te, uma vez que pode haver variação na disposição de existentes, sem alteração do número de equipamentos e
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre- te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta- ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
riamente entregues nos Ecopontos. nos processos do Galpão de Compostagem.
A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
na mesma viagem terá que ser totalmente abolida. Os geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
veículos de coleta domiciliar não poderão recolher re- vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
síduos que devem ser entregues pelos munícipes nos agregados aos contratos em vigor.
Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos
verdes do domicílio e resíduos volumosos. A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
Em regiões das cidades onde predominam moradores equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole- se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
tas especiais programadas desses resíduos com veículos postas de metas de avanço. O início da coleta de secos
da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente na Região Litoral Leste envolverá, inicialmente, o tem-
identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro po de trabalho de 21 coletores e 1 caminhão.
dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas do trabalhador para operação das áreas de
Seletivas manejo
A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica- Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra-
da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta
121
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
Fonte: I&T
de resíduos, segregação nos locais de tratamento, pre- Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das no-
paração para venda, carregamento e descarregamento vas práticas para a correta segregação dos resíduos na
de resíduos e operação de todas as atividades de trata- fonte de geração, das formas adequadas de disponibili-
mento. zação dos resíduos para coleta e do novo calendário das
coletas porta a porta. Mas também dos novos endere-
O Consórcio deverá elaborar Programa de Prevenção ços para disposição dos resíduos volumosos, verdes e
de Riscos Ambientais (PPRA) e Plano de Controle Con- da construção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos
tra Incêndio (PCI) para cada uma das CMRs da Região, resíduos da logística reversa que deverão ser levados a
garantindo que todas as normas de segurança sejam esses locais.
permanentemente observadas, além de Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo-
trabalhadores envolvidos. Deverão ser utilizados Equi- bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes
pamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI) de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
nas instalações, sempre que as atividades a ser executa- contatos diretos periódicos em todos os domicílios em
das assim exigirem. cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio
para as mudanças comportamentais imediatamente
necessárias.
A implementação das coletas seletivas múltiplas exige Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas
um profundo processo de mudança comportamen- escolas, com o desenvolvimento de atividades de edu-
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo cação ambiental centradas na não geração, redução de
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, geração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- de expor cotidianamente às novas gerações em forma-
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, ção, nas 132 escolas da Região, os caminhos que devem
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e ser seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no
prestadores de serviços. Há mudanças comportamen- ambiente escolar - daqueles das salas de aula, aos ad-
tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im- ministrativos, aos de reparo das instalações, aos de lo-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para gística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos
o futuro, operando principalmente no ambiente esco- volumosos, aos da cantina escolar e outros.
lar, preparando as novas gerações para a continuidade
Todas as 132 escolas serão estimuladas a elaborar, com
e aprofundamento do manejo responsável de resíduos
participação da direção, funcionários e alunos, seu Pla-
no ambiente urbano.
no de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a partir de
Para isso deve-se começar pela ampla divulgação da orientações da SEMA, envolvendo todos os tipos de re-
mudança operacional que se fará com as coletas seleti- síduos gerados no ambiente escolar.
vas múltiplas, de maneira geral, e enfatizando cada eta-
Para as mudanças comportamentais necessárias será
pa de implantação.
122
imprescindível o envolvimento dos estabelecimentos a gestão de resíduos sólidos têm prioridade na aloca-
123
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
124
de resíduos fora dos lixões. 7.1.1 Apoio aos catadores
Será importante que o Consórcio crie programa de Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública
apoio à formalização das organizações, programa de ca- e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru-
pacitação e programas de fomento às organizações para mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão
o manejo de embalagens, orgânicos, volumoso, eletro- social e à emancipação econômica dos catadores.
eletrônicos e outros.
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
7.1 Estratégias de incentivo para a de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
formalização das cadeias produtivas da e organização produtiva com base na economia solidá-
reciclagem ria e autogestão.
125
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
126
que este volume seja em torno de 4 vezes superior ao dos 8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
Gráfico 6 – Despesa (parcial) mensal per capita com serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza
urbana na Região Litoral Leste
30
25
20
População (em mil hab.)
15
10
0
5,00 10,00 15,00 20,00
127
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)
Quadro 17 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas
Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)
(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume
128
Apontar a solução para recu-
129
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região do Litoral Leste
Se os Planos Regionais de Resíduos Sólidos possibilita- O histórico da Região Litoral Leste em relação ao repas-
rão, aos municípios, o cumprimento da exigência le- se destes recursos nos últimos anos pode ser analisado
gal, os Planos de Coletas Seletivas, descendo a detalhes, na figura do Gráfico 7.
como observado neste documento, dão a eles instru-
mentos imediatos para a implementação de ações e iní- Observe-se que o valor de um único ano, considerada
cio do processo de mudança. a média dos repasses efetuados nos três últimos anos,
corresponde a 1,6 vezes os investimentos iniciais neces-
Apoiando os municípios no preparo deste Plano de Co- sários à implantação das Coletas Seletivas Múltiplas, ex-
letas Seletivas da Região Litoral Leste, o Estado do Ceará cluído o cercamento da área.
anunciou a intenção de ir mais além, apoiando também
sua implementação e o fortalecimento do Comares UCV. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos estabeleceu que
terão prioridade para investimentos os municípios que
9.1 Apoio aos investimentos iniciais tiverem criado seu Consórcio Regional para a Gestão de
Resíduos Sólidos, atendendo aos requisitos da legislação.
A implantação das instalações obedecerá ao cronogra-
Ocorrendo o avanço sugerido na gestão associada por
ma geral já apresentado. No primeiro ano está prevista
Consórcio Público na Região Litoral Leste, alguns ou-
a implantação das seguintes instalações da CMR de cada
tros condicionantes estão estabelecidos pelo Estado
município: módulo inicial de galpão de compostagem
para acesso dos municípios aos recursos por ele geren-
com guarita coberta, equacionamento da peneira mó-
ciados:
vel e do picador de madeiras; no segundo ano serão im-
plantados • existência de área afetada adequada para a implan-
tação da CMR;
No segundo ano, serão implantados: galpão de acumu-
• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu-
lação ou galpão de triagem de resíduos e a edificação de
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas)
apoio nas CMR.
e sua capacitação;
Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- • compromisso com a reconfiguração da coleta de
mento pelos municípios ou pelo Comares, por se trata- resíduos domiciliares executada por execução direta
rem de obras bastante simplificadas. ou contrato terceirizado;
Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce- • adoção de solução para a recuperação dos custos
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen- operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
ICMS Sócio Ambiental. do serviço público.
Gráfico 7 – Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental nas Regiões do Litoral Leste
1.400
1.200
1.000
ICMS - 2% (mil R$)
800
600
400
200
0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Litoral Leste - Repasses ICMS Socioambiental
Fonte: SEMA
130
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente sugeriu-se que sejam alcançadas por etapas, de acordo
A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien- As operações com resíduos de logística reversa, que ine-
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
um processo de informação continuada destes Gesto- belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni- Compromisso com cada cadeia produtiva.
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do
Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
saneamento.
reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a materiais e produtos:
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que por outras duráveis;
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno-
• venda de alimentos a granel e embalagens com me-
vável por igual período, para que o Consórcio se estru-
nores quantidades;
ture e qualifique seu quadro de funcionários.
• locais de entrega de produtos em condição de uso,
9.3 Metas e diretrizes para redução, como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
reutilização, coleta seletiva e reciclagem • programa para supermercados doarem produtos
próximos do vencimento para instituições filantró-
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi picas;
elaborado um cronograma de implantação do Plano de
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre-
trodomésticos.
vistas: dos ajustes na documentação básica do Comares
UCV, à implantação das unidades e dos procedimentos Em 2022, o Consórcio deverá promover debate nos mu-
de coleta. nicípios para avaliação da implementação do Plano de
Coletas Seletivas e a definição de metas de redução da
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre-
geração de resíduos, por meio de implementação de
sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
programas, projetos e ações nessa direção.
linha de ação a concentração dos apoios por meio dos
Consórcios Públicos que estabeleçam a escala adequada
e a estabilidade da gestão técnica. Desta forma, o pri-
meiro passo deve ser o de ajuste no Consórcio Público
na Região Litoral Leste, com aprovação de toda a base
legal para seu início de operação.
ATIVIDADES
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3
2 Votação nas Câmaras Vereadores 2
Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1
4 Cercamento das CMR 3
5 Orgânicos – e xec . Galpões Compostagem 3
6 Renegociação Contratos Coleta Org 3
7 Capacitação equipe Consórcio 2
8 Capacitação equipe operacional 2
9 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 50% 12
10 Coleta Mun até 8 mil hab urb – 100% 12
Res. Orgânicos
34 Operações LR lâmpadas -
35 Operações LR pilhas e baterias -
36 Operações LR eletroeletrônicos -
37 Implementação PGRS Escolas -
38 Capacitação ACS e ACE -
132
Região do Litoral Leste
133
Região Litoral Leste
REGIÃO
METRO
POLITANA
A
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
METROPOLITANA A
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
136
DIAGNÓSTICO Alguns distritos apresentam população urbana consi-
Região Metropolitana A
derável, como Jurema em Caucaia, e todos os distritos
137
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
levantes para a mudança comportamental que terá que terização dos resíduos de Fortaleza, realizada em 2012.
ocorrer para o sucesso das coletas diferenciadas.
No Quadro 4 apresenta-se a caracterização de resíduos
De maneira geral, os municípios contam com equipes realizada em Eusébio em 2015.
bem preparadas e numerosas de agentes de saúde da
comunidade, como se pode ver no Quadro 2, a seguir. E Note-se que os rejeitos em Fortaleza e Eusébio repre-
o número de escolas na Região também é significativo. sentam quase o dobro dos rejeitos verificados na média
nacional (16,7%), o que pode indicar
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos coleta indevida de resíduos da lim-
municípios da Região Metropolitana A – 2017 peza corretiva na coleta domiciliar
ou mesmo limitações do mercado
de recicláveis existente no Estado,
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a
o que leva alguns tipos de resíduos
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) aproveitados em outras regiões do
país serem considerados rejeitos em
Total 2.739 3.151 1.767 Fortaleza.
Fonte: Portal da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. www.qedu.org.br Os percentuais de resíduos orgâni-
cos nos dois municípios situam-se
abaixo da média nacional (51,4%),
sendo mais acentuado em Eusébio.
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS Mesmo com discrepância em relação à média nacional,
em função das características desta Região, neste Plano
SÓLIDOS
adota-se, preliminarmente, a composição gravimétrica
138
coletados em conjunto.
Região Metropolitana A
Quadro 4 – Caracterização dos resíduos
indiferenciados de Eusébio– 2015 A Região conta com uma frota de veículos, muitas vezes
provida pela empresa contratada: 97 caminhões com-
Tipo de Resíduo Média
pactadores, 344 caminhões caçamba ou carroceria, 1
Resíduos Orgânicos 35,3% trator de praia, 1 caminhão gaiola e 41 caminhões po-
liguindaste.
Resíduos Recicláveis 36,0%
140
Região Metropolitana A
Foto 4. Lixão do Cágado
aproveitamento, e devem ser considerados na estrutu- bilidade privada. De fato, a cadeia produtiva de recicla-
ração das cadeias produtivas de resíduos de tipo asse- gem de resíduos secos se concentra nesta Região.
melhado aos domiciliares.
Na medida em que os municípios consolidam o licencia-
Não foi possível identificar nos municípios um cadastro mento ambiental municipalizado passam a exigir e con-
de grandes geradores e nem o porte dos empreendimen- trolar a destinação de resíduos dos grandes geradores;
tos. Nas Oficinas Municipais realizadas foram apontados no entanto parte dos resíduos destes geradores é coleta-
genericamente os grandes geradores como os super- da em conjunto com os resíduos domiciliares da Região
mercados, pela quantidade de embalagens chamadas sem cobrança deste serviço por parte dos municípios.
secundárias ou terciárias – aquelas que acondicionam
determinadas quantidades de produtos para facilitar o Os resíduos domiciliares secos desviados da disposição fi-
transporte e estoque– e raramente foram identificados nal pelos catadores são destinados a uma rede de sucatei-
outros grandes geradores. ros e recicladores localizados na Região. São instalações
em grande maioria de pequeno porte, que estabelecem
O processamento dos resíduos dos grandes geradores um fluxo de resíduos entre elas, que se inicia na ação dos
pode gerar novos empreendimentos econômicos na catadores e se encerra em processadores locais e exter-
Região, que podem, inclusive, atrair resíduos de muni- nos, conforme indicado em mapa que georreferencia as
cípios de fora da Região, uma vez que são de responsa- que puderam ser visitadas nos levantamentos de campo.
141
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
Mapa diagnóstico
MA
CE
RN
PI
PB
PE
)
&
( Reciclador
!
(
^ Oceano Atlântico
!
. %
& Reciclador de RCC
)
&
(
CE
Associação ou
-11
62
!
7
(
^
CE-163
CE-1
!
H SÃO GONÇALO DO AMARANTE 22
Cooperativa de
C
E-4 Catadores
341
!
(
^
CE-
& '
)
(
3 Grande Sucateiro
CE-156
)
&
( Pequeno Sucateiro
CE
C
E0
-4 21
9
23
K
CE-4
BR-222 BR-222
BR-2 Receptor de
CE
-3
41
22
! Volumosos
)
&
(
421
BR-2
90
K! !
22
CE-
@ Reaproveitamento de
-0
!
(
090
( ^
0 CE
!
^(
^
CE-
!
(
^ Pneus
CE-09
BR
CE-08
5
BR-0 20 !
(
^
#
-2 22
BR
-0 2
0
FORTALEZA CE
-5
22 ECOENEL
)
& ^
( !
( !
(
^
BR
& )
&!
( Usina de Triagem
-0
CAUCAIA
&
CE-040
(
10
)
&
( ^ !
(
^
20
-0
'
CE
3
BR
!
( Inoperante
-0
^ ( %
&
20
!
^ CE-025
65
CE-0 10
0
E-
C
^)
&
(
CE
!
(( -0
21 & Compostagem
20 BR
0
-0
-0 1
-0 20
BR
@
!
?
CE
BR-02
0
)
&
( Acumulação de Podas
!
(
^ BR
-0 2
0
%
&
CE
-0 2
'
3
1
EUSÉBIO CE-20
7 CE Aterro Sanitário
# -2 0
7
&)
(
'
3(
!
(
&
^ CE-453
!
H Lixão
AQUIRAZ
!
. Lixão Antigo
(
!
D Bota Fora
CE
-0
40
3
CE-54
Metropolitana A
Divisa Municipal
Setor Censitário
Urbano
Cursos d'água
Rodovias
142
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
Região Metropolitana A
Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos,
os municípios não informaram o percentual da pre-
sença desses resíduos na massa total de geração de re-
síduos. Assim, considera-se para toda a Região, como
mencionado anteriormente para os resíduos secos, os
percentuais de geração dos resíduos orgânicos existen-
tes nos estudos de caracterização de resíduos de Forta-
leza, 42,7%, que foram aplicados para o município de
Caucaia e a de Eusébio, 35,3%, aplicados aos municípios
de Aquiraz e São Gonçalo do Amarante.
143
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais Em todos os municípios da Região, exceto em São Gon-
para o saneamento básico, define as atividades de lim- çalo do Amarante, existem empresas que executam ser-
peza pública como varrição, capina, podas e atividades viço de coleta e destinação de Resíduos da Construção
correlatas; o asseio de escadarias, monumentos, sanitá- Civil para grandes geradores.
rios, abrigos e outros; raspagem e remoção de terra e
Os resíduos verdes provenientes dos serviços de poda e
areia em logradouros públicos; e limpeza de feiras pú-
capina são coletados de forma segregada e encaminha-
blicas e eventos de acesso aberto ao público.
dos para o destino final de cada município da região.
Para as coletas seletivas, têm relevância os resíduos ver-
O serviço de limpeza pública, bem como a coleta, é rea-
des provenientes da capina, podas e atividades correla-
lizado diariamente nos municípios da Região, que con-
tas, como roçada, limpeza de feiras públicas e eventos
ta com uma frota de veículos utilizados para a limpeza
de acesso aberto ao público e os resíduos resultantes das
urbana: 344 caminhões tipo caçamba, carroceria e baú,
atividades de limpeza corretiva que são aplicadas nos
1 trator de limpeza de praia, 1 caminhão gaiola e 41 po-
recorrentes pontos viciados de cada município. Nestes
liguindastes.
pontos há a presença significativa de resíduos da
construção, inclusive o solo, resíduos volumosos e
Quadro 9 – Estimativa de geração de resíduos da
resíduos domiciliares.
limpeza urbana na Região Metropolitana A (m³/dia)
Em todos os municípios da Região a limpeza cor-
Região
retiva é realizada de forma mecanizada ou manu- RCC Verdes Volumosos
Metropolitana A
al e os resíduos transportados aos destinos finais
dos municípios. Total 594,0 688,6 297,0
Os resíduos de construção civis coletados em For- Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em
taleza e Caucaia na limpeza urbana e em Fortale- campo. 2017.
(*) Fortaleza não forneceu as informações
144
Com base em indicadores, foram estimadas as quanti- Com consulta aos dados da RAIS para 2015, que expres-
Região Metropolitana A
dades de resíduos da limpeza urbana geradas nos mu- sam apenas o universo formal das atividades econômicas,
nicípios da Região Metropolitana A. Não foram consi- foi possível reconhecer parte deste segmento produtivo.
derados os resíduos da varrição neste
Plano, uma vez que seu aproveita- Quadro 10 – Geradores de Resíduos da Construção Civil
mento neste momento exigiria esfor-
ços que escapam ao escopo das cole- Tipo de Construtoras Empresas de
tas seletivas. Construtoras
empreendimento de edifícios demolição
145
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
A Reciclanip é a entidade de
referência que atua como o
agente executor do sistema de
logística reversa de pneus no
Brasil. Criada pelo conjunto de
Foto 14. Área de acúmulo de resíduo verde empresas do setor industrial
(ANIP), a Reciclanip tem geren-
Os resíduos verdes (podas) segregados, coletados em ciado junto aos municípios bra-
Fortaleza e destinados ao ASMOC, são processados e sileiros a implantação de postos de coleta, criados por
transformados em briquetes e aproveitados como lenha meio de convênios de cooperação firmados com as pre-
em empresas da região. Os resíduos verdes coletados feituras municipais.
nos outros municípios da região não são aproveitados;
apenas em São Gonçalo do Amarante estes resíduos são Em geral, a implantação destes postos de coleta depen-
acumulados no aterro em área separada da massa de de da disponibilização de locais para o armazenamento
aterramento, para degradação natural ou queima. de pneus pelos municípios, sendo que a entidade repre-
sentativa do setor produtivo oferece a garantia do reco-
Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira, lhimento posterior.
foi levantado o número de cerâmicas e de frigoríficos
existentes na Região, que utilizam madeira para geração De acordo com o setor privado responsável pelo reco-
de energia ou vapor (caso dos frigoríficos). Além disso, lhimento dos pneus inservíveis (contemplando indús-
são potenciais usuários das madeiras oriundas dos ser- trias e importadores), são 863 pontos de coleta pelo
viços de limpeza urbana (madeiras da construção civil país, dos quais apenas 3 estão no Estado do Ceará.
de deposições irregulares ou recebidas em Ecopontos,
Mapa 1 – Mapa com indicativo de pontos
madeiras de resíduos volumosos e troncos e galhos de
de coleta de pneumáticos inservíveis no
poda e supressão de árvores) as indústrias instaladas
Estado do Ceará
na Região que necessitam de madeira para geração de
energia em fornos e caldeiras, cujo potencial não foi
possível avaliar neste momento. Foram identificadas 24
cerâmicas e 2 frigoríficos na Região.
146
Já os dados disponibilizados pelo IBAMA indicam a exis- No Ceará há apenas 40 pontos de recebimento reco-
Região Metropolitana A
tência de 1.723 pontos de coleta pelo país, dos quais 32 nhecidos, ampla maioria na Região Metropolitana.
estão no Ceará.
Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas
Considerando as normas legais, o Estado do Ceará pos- e baterias – Estado do Ceará
sui pontos de recolhimento de pneus inservíveis em
todos os municípios com mais de 100.000 habitantes,
sendo que, em cinco dos treze que possuem postos de
recebimento, a população total encontra-se abaixo des-
te patamar.
147
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por Utilizando as mesmas informações e analisando os da-
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- dos por estrato de porte populacional, verifica-se que
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4 nos municípios pequenos e médios a média do custo
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú- per capita é de R$ 12,61, quase o dobro do custo médio
mero de lâmpadas descartadas. per capita verificado nos grandes municípios – R$ 6,45,
ou seja, há um ganho de escala importante nos custos
dos serviços com o aumento da população atendida.
148
za urbana. Como já mencionado,
Região Metropolitana A
Foto 15.- ACEU – Associação de Catadores de Eusébio
Fortaleza conta com uma agência
reguladora dos serviços.
5. IDENTIFICAÇÃO DOS
CATADORES E SUAS
ORGANIZAÇÕES
No processo de levantamento de
dados para a descrição da cadeia
produtiva de reciclagem, foi feito
um esforço para identificar os ca-
tadores que atuam em cada mu-
nicípio, e suas organizações.
Fonte: I&T
Na Região Metropolitana A há Foto 16. Galpão da ASCAJAN
uma concentração dos catadores
e principalmente das organiza-
ções existentes no Estado, algu-
mas há longa data, como a ASCA-
JAN e a SOCRELP.
149
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
150
Foto 20. Veículo de coleta da Cooperativa CORESGA
Região Metropolitana A
Fonte: I&T
5.1 Programas e projetos de inserção de De acordo com publicações do setor, confirma-se a in-
catadores na gestão pública de resíduos formação de que os principais polos recicladores são SP,
PR e SC.
Apesar do apoio provido por algumas prefeituras, pou-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco-
cos são os programas ou projeto de inserção específica
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e
de catadores na gestão pública de resíduos relatados na
produtos que geram resíduos metálicos são as entida-
Região.
des representativas do setor de alumínio e de aço, os
Das parcerias descritas, algumas estão com convênios fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De
formalizados, como é o caso de Eusébio, Fortaleza e São acordo com informações do setor, em 2014 o índice de
Gonçalo do Amarante, com apoio das entidades do mu- recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média
nicípio. mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala-
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em
5.2 Diagnóstico da cadeia produtiva 2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com
capacidade de recepção das embalagens de alumínio,
Para a compreensão das cadeias produtivas em que se sendo cinco para produção do corpo das latas e duas
inserem os resíduos secos coletados seletivamente na para produção das tampas – nenhuma no Ceará.
Região Metropolitana A, foram realizadas pesquisas e
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca
mantidos contatos com as entidades representativas de
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas
segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob-
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon-
jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis-
iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená-
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es-
rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará.
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco,
Também foram considerados, nesta análise, os dados Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada
específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin- um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação
dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la-
Domésticos e Industriais do Ceará. tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be-
O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús- e encaminhadas para a reciclagem.
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA)
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedores As principais fontes de informação sobre a reciclagem
das indústrias recicladoras. Em relação à recuperação, o dos plásticos são as entidades representativas do setor
setor apresenta dados que indicam um total de 4,7 mi- – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
lhões de toneladas coletadas e encaminhadas à indústria ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
recicladora – equivalentes a 64,5% do consumo aparente. aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo
151
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús- ticos e Industriais do Ceará), tentou-se obter os dados
trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61 desagregados para que se pudesse visualizar com maior
delas estão localizadas na região Nordeste, correspon- clareza as relações entre os vários agentes da cadeia de
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA, reciclagem do Estado, e complementá-la com informa-
entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des- ções obtidas em campo.
carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
gem industrial – resíduos gerados no processo produti- No entanto, os dados desagregados não foram disponi-
vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa bilizados. Assim, o que se pode apresentar neste diag-
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no nóstico são alguns dos dados publicados no Anuário do
Ceará, todos na Região Metropolitana. Setor de Reciclagem do Ceará 2016, para uma visão ge-
ral do setor no estado.
Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados Na pesquisa realizada pelo SINDIVERDE foram aborda-
mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65% dos 287 estabelecimentos em 6 cidades da Região Me-
do PET adquirido pelas indústrias está em forma de tropolitana, como mostra o Quadro 13, a seguir.
flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10% Quadro 13 – Quantidade de
chega às unidades recicladoras na forma de PET gra- estabelecimentos participantes da
nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais pesquisa IEL/SINDIVERDE – 2014
unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas. Quantidade de
% da
Município estabelecimentos
amostra
A principal fonte de informação sobre a reciclagem participantes
dos vidros é a entidade representativa do setor – a ABI-
Caucaia 13 4,5%
VIDRO. Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8
os principais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil Eusébio 7 2,4%
(embalagens), com duas unidades operando no Nordes- Fortaleza 258 89,9%
te: em Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV)
em Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produ- Maracanaú 7 2,4%
152
Região Metropolitana A
Gráfico 5 – Quantidade de negócios de
Quadro 14 – Número de empresas e volume
reciclagem identificados
movimentado por tipo de material
5 cooperativas
Associações 10 Volume médio
2 grupos organizados Número de
outros 1 Material
empresas
movimentado (t/
mês)
transformador
17
Plástico Filme 173 503,6
reciclador 16
PVC 95 226,1
Vidros 79 123,8
Porém, com esse quadro, não parece se justificar a cria- A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
ção de um novo órgão público para a gestão dos resíduos tais, que decorrem dos impactos da degradação da
sólidos apenas dos dois municípios. Assim, foi propos- matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
to a estes municípios que amadureçam soluções, sen- virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
do uma delas a de firmar convênio de cooperação, nos cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
moldes definidos na Lei 11.107/2005, com consórcios de ção de materiais reciclados.
municípios próximos: ou da Região Litoral Leste, ou da
Região Metropolitana B, que vierem a se formar. No caso dos resíduos orgânicos há o impacto da geração
de gases de efeito estufa pela disposição dos resíduos
no solo, risco de infiltração de chorume no solo, com
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas,
7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL E imobilização de área do aterro por longo tempo, mes-
mo após o encerramento da disposição de resíduos;
ECONÔMICA DA RECICLAGEM
perda do uso do gás gerado pela decomposição da ma-
téria orgânica em ambiente anaeróbio ou altos investi-
A primeira avaliação a fazer sobre a reciclagem na Re- mentos e custos operacionais para o uso do gás metano
gião Metropolitana A diz respeito às perdas econômicas gerado nos aterros.
decorrentes da não implementação das coletas seleti-
vas, o que produz para as municipalidades gastos com Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
destinação final de resíduos que deveriam ser recupe- (EPE), do Ministério de Minas e Energia, sobre o apro-
rados e reintroduzidos nas cadeias produtivas, e perdas veitamento energético dos resíduos sólidos em Campo
financeiras pela não realização das receitas de venda Grande (MS), aponta as principais formas de relação
dos materiais. entre resíduos sólidos urbanos e o efeito estufa. A quan-
tidade de metano produzida até a decomposição total
Conforme os dados já apresentados, de geração de re- dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos
síduos e suas características gravimétricas, a produção restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
de resíduos secos na Região Metropolitana A se estima quantidade de madeira e a 8% dos têxteis.
como segue no Quadro 15.
Outra relação demonstrou para duas situações de de-
Tomando como referência os preços indicados pelo pósito apenas de restos de alimentos em quantidades
CEMPRE para municípios do Nordeste e consideran- iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas,
do que, atualmente, a quantidade estimada de resí- que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
duos potencialmente recuperáveis pela cadeia produ- CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq.
tiva é de 185.816 toneladas por ano, as perdas podem Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra-
representar, de acordo com os preços estimados, R$ dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como
131.107.068,65 anuais. o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em
ambiente de degradação anaeróbia.
Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
respondem à não colocação de composto orgânico no Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa-
mercado e ao custo de aterramento, R$ 12.954.915,73 e nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de
R$ 9.491.715,03 respectivamente. aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano,
O não aproveitamento dos resíduos da construção civil mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o
e resíduos de madeira provenientes de poda, constru- impacto em termos de aquecimento global.
ção e resíduos volumosos também podem representar
Quadro 15 – Geração anual de resíduos secos potencialmente recicláveis na Região Metropolitana A
154
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per-
Região Metropolitana A
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do
preço da terra.
155
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
NA REGIÃO
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-
METROPOLITANA A síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-
ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-
dos e eventualmente processados, devem permanecer
no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.
PLANEJAMENTO DAS COLETAS Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos
resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
SELETIVAS colas mais próximas possível, os resíduos da construção
civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
O Plano das Coletas Seletivas da Região Metropolitana A seca normalmente é transferida, buscando instalações
foi elaborado tendo como pano de fundo toda a moder- de transformação que raramente estarão presentes no
na legislação brasileira que trata direta ou indiretamen- próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
te da gestão integrada dos resíduos sólidos. Trata-se de de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
planejar algumas atividades da prestação de um serviço
Na Região Metropolitana A todos os produtos gerados
público caracterizado por lei, cuja solução operacional
no processamento e recuperação de materiais têm
está submetida a regramentos legais bem definidos, que
como ser absorvidos na própria região, pois a mesma
impõem aos municípios mudanças profundas na ma-
concentra a indústria da reciclagem do Estado do Ceará
neira como hoje são prestados os serviços de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos. A existência de cerâmicas e frigoríficos justificam a per-
manência das madeiras de troncos e as provenientes de
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre- resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada municípios da Região. O composto gerado pela com-
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com e mercados públicos será vendido para agricultores de
os custos quando transferem o gerenciamento ao po- cada município pelo Consórcio ou pela equipe de ges-
der público. As prioridades de investimento devem ser tão. E os resíduos da construção civil, depois de triados
invertidas. e peneirados, poderão ser imediatamente usados pelas
secretarias municipais encarregadas de obras, para uso
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- em obras públicas dos municípios.
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento
SEGURAS
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se- Os municípios da Região Metropolitana A, destinam
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem seus resíduos a Aterros com exceção São Gonçalo do
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística Amarante, que em parte utiliza um lixão. A partir da
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi- edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos os
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o municípios estão desafiados a inverter essa lógica, im-
balanço energético muito superior, decorrente da recu- plantando novos processos de gestão dos resíduos, que
peração dos materiais, em relação ao determinado por privilegiem sua recuperação e seu desvio da disposição
processos destrutivos como a incineração e outros foca- final. A implantação de aterros, desafio já superado na
dos na imediata geração de energia. região, não deve imobilizar os municípios em relação à
adequada gestão dos resíduos sólidos urbanos, devendo
avançar na Política Nacional de Resíduos Sólidos, “indo
menos ao aterro”, desviando e tratando uma gama sig-
156
Região Metropolitana A
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada
nificativa de resíduos, buscando a utilização dos aterros A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi-
apenas para a destinação de rejeitos. deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos:
resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Coletas resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados.
Seletivas da Região Metropolitana A considera a diretriz
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma manda- de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
tória a ordem de prioridades para o manejo de resíduos. de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com as Cole- e “adequada escala das operações”, composto de um
tas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único caminho conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
para que a ordem de prioridades seja cumprida – viabili- ção de resíduos.
zando desde as práticas de não geração até a diretriz de
disposição final exclusivamente de rejeitos. Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
número possível de áreas físicas, mas que atendam a
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de toda a população urbana de cada município, com in-
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domi- tegração das operações com diversos tipos de resíduos,
cílios é substituído por outro mais amplo e adequado, por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa-
que pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
de resíduos, e aplicado não apenas aos geradores domi- compartilhado da edificação de apoio e gestão finan-
ciliares, mas a todos os geradores de resíduos. Conse- ceira integrada dos recursos advindos do manejo para
quentemente não se trata mais de planejar uma coleta valorização dos resíduos, de forma que operações supe-
seletiva, mas sim as Coletas Seletivas Múltiplas que pro- ravitárias sustentem as deficitárias e reduzam a depen-
piciem o melhor aproveitamento dos diferentes tipos dência de recursos externos.
de resíduos.
Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC
Recepção
e triagem
Apoio e
controles
157
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
São considerados nesse Sistema dois tipos de instalações pilhas e baterias, para retirada pelos fabricantes ou co-
para manejo de resíduos sólidos, além das áreas atuais merciantes responsáveis. A área das CMRs na Região
de disposição final (aterros sanitários ou controlados e Metropolitana A varia entre 7,5 mil e 20 mil metros
lixões) e a futura implantação de aterros regionais de quadrados; estas instalações foram situadas preferen-
rejeitos: as Centrais Municipais de Resíduos – CMR e os cialmente na área urbana da sede de cada município
Ecopontos. Em Fortaleza, como é conhecido, já opera participante do planejamento. Em municípios de maior
uma rede extensa de Ecopontos. porte, como ocorrem na Região, devem ser previstas
diversas instalações, vocacionadas ao atendimento de
A CMR é uma instalação de múltiplos usos onde ocor- regiões determinadas.
rem: a compostagem de resíduos orgânicos; a triagem
de resíduos da construção civil e seu peneiramento; o Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
desmonte de resíduos volumosos; o picotamento das metros quadrados) para simples recepção e armazena-
madeiras da construção civil, de podas e madeiras dos mento temporário dos resíduos da construção civil, re-
volumosos; a segregação de troncos e galhos grossos; a síduos verdes e resíduos volumosos, além dos resíduos
segregação da capina e roçada em pilhas estáticas para da logística reversa para acumulação à espera da reti-
deterioração; a acumulação ou triagem dos resíduos se- rada pelos agentes responsáveis pela cadeia produtiva
cos, conforme o porte do município. de cada um. Um Ecoponto funciona na CMR. Os parâ-
metros adotados para cada uma das instalações e para
A CMR também recebe, para acumulação, pequenas a definição da rede em cada município e região serão
quantidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, apresentados no capítulo seguinte.
158
Região Metropolitana A
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo
entorno externo e sua disposição na frente de trabalho civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
atual, controle de acesso, e início de recuperação das resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
porções degradadas já não mais utilizadas para dispo- troeletrônicos, pilhas e baterias);
sição de resíduos. 2. com pagamento de preço público, por agentes
privados, os resíduos da construção civil, resíduos
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep-
quantidade;
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e 3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
utilizarão áreas menores. resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de lagens);
manejo de resíduos sólidos oriundos das
4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
coletas seletivas urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A verdes;
CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de
operações e áreas específicas de manejo para diferentes 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
tipos de resíduos. síduos gerados nestas obras, principalmente os da
construção civil.
Na CMR poderão ser entregues:
A meta definida no Plano está estimada em 85% da ge-
1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de ração dos resíduos orgânicos e 85% dos resíduos secos
resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos gerados nos domicílios e pequenos estabelecimentos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção equiparados aos domicílios.
159
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Foto 21. Imagem ilustrativa do Galpão de Acumulação e transporte por caminhão baú
Fonte: I&T
160
Região Metropolitana A
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos
captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar
mezanino
Os estudos de concepção nos municípios menores se- A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
guirão a sequência básica indicada na Figura 5, a menos ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
da necessidade de mecanização de processos em gal- durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
pões de maior capacidade. Uma área específica receberá os resíduos coletados em
Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e
Madeira A organização dessa área de manejo se dará da forma
indicada na Figura 6.
A área de manejo dos resíduos verdes e
madeira deve ser dimensionada para a Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de
recepção destes resíduos, organizando Resíduos Verdes
a operação em seis zonas de trabalho.
galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
A Área de Manejo de Resíduos Verdes
receberá material gerado em manu-
tenção de áreas verdes, em capina,
supressão de árvores e outras ativida-
des correlatas, inclusive de privados,
a preço público. O material passará
inicialmente por uma triagem, onde
troncos e galhos grossos
acontecerá a segregação de troncos e
galhos grossos por um lado, e galharia
e folhas, por outro. Os troncos ficarão
segregados para venda pelo Consór-
cio para geração de energia, podendo
ocorrer sua trituração prévia; e a ga-
lharia e folhas serão acumuladas em
madeira Industrializada
uma grande pilha colocada em ma- capina e roçada
turação por período aproximado de
4 meses, depois de retirada a porção Fonte: I&T
para uso na compostagem.
161
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
Fonte: I&T
Foto 23. Acumulação de madeira industrializada
geração dos resíduos orgânicos.
162
Região Metropolitana A
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem
portes. O município de Caucaia comporta uma insta- luções mecanizadas e automatizadas para o manejo de
lação mais sofisticada, mecanizada e com investimen- resíduos orgânicos.
to elevado, a ser viabilizada no futuro pelo Consórcio
Público ou a própria municipalidade, depois da intro- Os municípios, ou o Consórcio Público, incentivarão
dução dos galpões simplificados. Novamente, no caso que, nas áreas de compostagem de cada um deles, os
de Fortaleza, com definições traçadas em seu PGIRS, tempos vagos das equipes responsáveis por este serviço
não foram propostas soluções neste Plano, reconhe- sejam dedicados à produção de composteiras simples, a
cendo-se ser possível planejar pequenos módulos de serem ofertadas aos munícipes que adiram à composta-
compostagem pelo município, mas também que, pela gem no domicílio, ou outro ambiente gerador.
dimensão da capital, não há como não ocorrerem so-
163
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Figura 8 – Desenho ilustrativo da Área de São áreas ofertadas à entrega voluntária de resíduos
Manejo de Resíduos da Construção Civil provenientes de pequenos geradores ou geradores de
maior porte, entregues a preço público. Preveem es-
paço para a triagem em pátio, estimando-se a presença
Peneira Móvel predominante de resíduos da construção civil.
RCC fino
peneirado Os resíduos volumosos serão conduzidos a um peque-
no galpão coberto, para desmontagem, destinando as
madeiras para a área de Resíduos Verdes, os recicláveis
secos para o galpão de secos, os tecidos e espumas para
as baias próximas e envio posterior à cadeia produtiva.
RCC grosso Reserva
peneirado RCC limpo A operação das CMRs exigirá a permanência de uma pá
carregadeira (retroescavadeira no caso dos municípios
menores) no local, sendo usada de forma compartilha-
da nas operações das várias zonas compartimentadas
Fonte: I&T que compõem a instalação. Alguns dos equipamentos,
já descritos, serão viabilizados periodicamente, pelo
Foto 24. Área de triagem Consórcio, para o manejo de RCC, resíduos verdes e
madeiras.
2.1.7 Ecopontos
164
te pelos equipamentos de transporte (área em torno de cas do Acaraú, Metropolitana e Salgado, no Estado do
Região Metropolitana A
700 m2), sem uso de equipamento de carga. Ceará” em fase final de elaboração. Tal Plano prevê que,
em municípios para os quais não há perspectiva de dis-
Os Ecopontos obedecem um projeto padrão, com di- posição de resíduos em aterros sanitários a curto prazo,
mensões assemelhadas nos diversos municípios. A ade- será proposta uma Solução Transitória, que prevê iso-
quação aos volumes diferenciados de geração será feita lamento da área dos atuais lixões, limitação da área de
pelo uso mais ou menos intenso pelos usuários e pela descarga e recuperação gradativa, e limpeza da área do
remoção de resíduos com maior ou menor frequência. entorno.
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
municípios e mecanismos para criação de fontes de
negócios, emprego e renda
Para a adequação das instalações é necessário identi-
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Se-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com letivas da Região Metropolitana A se apoia na certeza de
os indicadores de referência, é possível estimar a quan- que existe mercado consumidor para todos os produtos
tidade de resíduos que as instalações receberão. que serão recuperados por meio do manejo diferencia-
do dos resíduos urbanos.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos
o acesso da população, funcionando, inclusive em um de resíduos não há coleta porque não há mercado. No
dos dias do final de semana. entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida-
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve
porta sistemática, que se expande gradativamente na
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo exces-
medida em que se implantem soluções de triagem e co-
sivo de resíduos que dificulte a operação e de forma a
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente
que as viagens até a CMR sejam otimizadas. Cada Eco-
fará surgir novos negócios.
ponto tem abrangência para atendimento de uma área
da cidade com população em torno de 25 mil habitantes, Para a colocação do composto orgânico no mercado
mas buscando-se uma distância máxima entre 1,5 km a 2 consumidor não há nenhum problema para a absorção
km, do usuário ao Ecoponto.
Foto 26. Atividade agroecológica no Ceará
Os volumes recebidos dos mu-
nícipes deverão estar limitados
ao máximo de 1m3 por descarga
efetuada. Geradores ou transpor-
tadores privados de maior porte
deverão recorrer à CMR e o uso
desta área estará condicionado ao
pagamento de preço público ade-
quado e disponibilidade de pro-
cessamento.
165
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
dos resíduos pelos produtores rurais nos próprios mu- para posterior retirada pelos responsáveis. Os municí-
nicípios; dados existentes revelam que os volumes a se- pios ou o Consórcio deverão manter rigorosos registros
rem gerados são muito inferiores à capacidade regional e contabilidade dos custos incorridos em todas as ope-
de consumo de fertilizantes. (em torno de 0,6%). Serão rações realizadas, para que se efetivem acordos justos
priorizados os empreendimentos agroecológicos da Re- entre as partes.
gião, especialmente os que forem vinculados ao Progra-
ma de Aquisição de Alimentos (PAA) e aqueles vincula- Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, de Certi-
dos aos esforços pela convivência com o semiárido. ficados de Logística Reversa, a serem negociados com os
responsáveis legais pelos resíduos, diretamente ou por
Também não haverá problemas para a colocação dos re- meio das entidades envolvidas nos Acordos Setoriais.
síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen-
to de terrenos, nos menores municípios, e já existe uma 3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
crescente atenção empresarial na capital para o reapro- ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
veitamento destes materiais. O simples peneiramento MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
dos resíduos, como proposto no Plano para o primeiro
momento, qualificará os resíduos para uso em diversas
obras e serviços públicos, não oferecendo problema de A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resídu-
colocação dos resíduos qualificados. os da Região Metropolitana A foi realizada pelos mu-
nicípios (à exceção de Fortaleza), com apoio técnico da
Por fim, uma avaliação preliminar demonstra o poten- Consultoria, a partir de alguns parâmetros.
cial de utilização dos resíduos de madeira (das podas,
construção civil e desmonte de volumosos) pelas cerâ- As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
micas, frigoríficos e outras atividades econômicas da servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
Região, que demandam energia de baixo custo ou a Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
produção de vapor. Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon- do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei habitada para permitir acesso da população, num raio
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en- de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- água e energia, e com possibilidade de afetação para
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui- essa finalidade.
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a
Lei 12.305/2010. A estimativa de geração de resíduos em cada município
se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede- deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do postagem com capacidade de processamento de no má-
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defini- da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
do na Lei, que as operações realizadas pelos serviços pú- tecnológico fosse dominado. O resultado desse trabalho
blicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos é um Sistema Regional de Manejo, complementar ao já
relativas à logística reversa de embalagens poderão ser existente em Fortaleza, composto por áreas na sede e no
devidamente remuneradas. território dos municípios, com 4 CMRs e 31 Ecopontos,
sendo 18 nas sedes municipais e 13 em distritos, indica-
Será necessário, assim, que o Consórcio, em nome dos
dos no mapa a seguir.
municípios associados, ou os municípios diretamente,
negociem acordo no sentido de remunerar as atividades
3.1 Divisão do município em setores para
realizadas para transporte e triagem dos resíduos secos.
coleta seletiva
A implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon- Nos municípios com população urbana na sede superior
sabilidade do setor privado. a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja descon-
tínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR para
Em todos esses casos, a participação do poder público entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos municipais
no processo resume-se ao recebimento de pequenas uma setorização de forma a definir a área de abrangên-
quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs, cia da CMR e propostos Ecopontos que garantissem fácil
166
Mapa das áreas de manejo
Região Metropolitana A
MA
CE
RN
PI
PB
F_1PE
"
) CMR
!
H Oceano Atlântico
H
! H
! Ecoponto
CE
-11
62
7
CE-163
CE-1
H
! 22 Fluxo municipal
341
E-4
C
CE-
"
)
H
!
Metropolitana A
CE-156
SÃO GONÇALO
DO AMARANTE
CE
Divisa Municipal
C
E0
-4 21
9
23
0
H
!
CE-4
BR-222 BR-222
BR-2
!
H 22 H
!
CE
-3
41
H
!
Setor Censitário
421
Urbano
BR-2
90
22 H
! H
!
CE-
CAUCAIA
-0
!!
H
CE
H
"
) H
! H
!
H
!
H
! H
!
H
!
H
! BR
-2 22 H
!
CE-08
5
H
! BR-0 20
FORTALEZA
H
!
H
!
H
! Rodovias
-0 20 H
! CE
BR -5
!
H H !
! H 22
H
! H
! H
! H
!
H H
! ! H
!
CE-040
10
H !
H
-0
! H
!
CE
H
!
BR
H!
! H H
!
-0
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CE-54
acesso a todos às áreas de recepção de resíduos. Reco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
mendou-se também a localização de Ecopontos nos dis- paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
tritos mais populosos, ficando, portanto, todo o territó- do com as demandas do período.
rio dos municípios coberto pela rede local proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
3.2 Pré-dimensionamento das equipes cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
administrativa e operacionais. rações:
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada ções, definição dos contratos, e início das operações
da gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do de compostagem;
número de instalações planejado pelas equipes locais
• Cenário II – com operações de compostagem em
e da decisão de adoção ou não da Gestão Associada, de
curso e início das operações extensivas de coleta se-
forma a centralizar no Consórcio Público, estabelecido
letiva de resíduos secos;
como autarquia intermunicipal, a coordenação de todo
o processo. • Cenário III – com operações de compostagem já
consolidadas e operações com resíduos secos com-
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
ponda às exigências do período: menores no início do maiores municípios associados.
processo de gestão associada e maiores no período em
que maior número de atividades estiver implantado e Na estrutura departamental proposta para o Consórcio
os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente. Público, ou nas equipes locais, deverão estar presentes,
além de eventual Presidência e Superintendência: As-
O número de servidores do eventual Consórcio Público, sessoria Jurídica e Ouvidoria; Planejamento e Contro-
e seus cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no le; Comunicação, Mobilização e Educação Ambiental;
Protocolo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos Prestação de Serviços; Administrativo e Financeiro; e,
municípios. O Protocolo, que aprovado se transformará Tecnologia de Informação. No primeiro cenário esta
em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma equipe administrativa deve atingir 12 profissionais con-
167
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
cursados, coordenados pelo Superintendente. Foto 27. Ecoponto operando com caçamba estacionária
O número de funcionários necessários a este serviço é Desta forma, na Região Metropolitana A, o investimen-
um por Ecoponto, com cargo de Auxiliar Operacional, to inicial em 4 galpões de compostagem completos seria
sob coordenação do Encarregado Geral da CMR. de R$ 376.868,59.
168
Região Metropolitana A
Quadro 16 – Investimentos em estruturas para recuperação de resíduos
Galpão de
Equipamentos Ecopontos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de
Móveis RCC e simples e com
básica das CMR (4) Compostagem (4) Triagem RS secos Apoio (4)
Madeiras (2) platô (31)
(4)
Total: 11.098.390,55
Total: 23,30
O quadro geral dos investimentos necessários para o Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a
início de todas as atividades planejadas deve considerar qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. Os municí-
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- pios, ou o Consórcio Público, deverão planejar o proces-
belecida em cada uma das CMR inicialmente planeja- so gradativo de alteração das rotinas de coletas, buscan-
das. Desta forma, os investimentos iniciais e seu impac- do manter ao máximo os termos contratuais, de forma
to na população urbana da Região Metropolitana A são a reduzir o impacto das novas coletas sobre as empresas
indicados no Quadro 16. contratadas, sem colocar em risco o cumprimento das
metas do Plano. Algumas rotas serão alteradas para co-
leta seletiva de orgânicos em parte da cidade, em dias
alternados com a coleta de indiferenciados; as demais
4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA permanecerão como estão.
PARA O MANEJO DIFERENCIADO Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas-
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva-
Afora as definições já existentes no PGIRS de Fortaleza, a mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos.
implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá mu- Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta
danças e ajustes na forma como atualmente se realiza a a porta introduz-se uma terceira coleta.
coleta de resíduos nos municípios restantes. Na Região
Metropolitana A, a prática predominante é a coleta de 4.1 Definição de rotas e frequência para coleta
resíduos domiciliares indiferenciados – só há coletas se- e transporte dos materiais coletados
letivas em Eusébio.
Nos municípios ou áreas de municípios em que a cole-
A primeira etapa de implementação do Plano será a ta é feita diariamente é muito simples a implantação da
169
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas al- de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
ternadas, como ocorre em grande parte das cidades bra- em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
sileiras, sem problemas inclusive nas cidades maiores. igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
mização dos fluxos e da logística de coleta.
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez que A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
há contratos em andamento, que provavelmente serão em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
renovados, e ainda não é possível prever o teor das al- gida a escala de todo o território, custa em média 25%
terações. a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
Para o período seguinte, informações que deverão ser resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio, ou o próprio ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
município, poderão indicar necessidade de revisão dos ramento sem reaproveitamento.
roteiros de coleta atualmente praticados, no sentido de
tornar o processo mais eficiente. Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
resíduos secos para todo o território dos municípios
A coleta dos resíduos orgânicos seria, portanto, feita em permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
dias alternados em todos os municípios, com as equipes res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
gestoras calculando os volumes a coletar e traçando as para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
novas rotas, dia a dia. lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
4.2 Introdução da coleta em três frações ta dos diferentes tipos de resíduos.
No momento da implantação da coleta em três frações, A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre-
será introduzida uma outra coleta, exclusiva para resí- quência semanal, já experimentada em quase todos os
duos secos. municípios que praticam coleta seletiva de secos, com
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac-
A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a coleta seletiva terísticas permitem armazenamento nas residências
não é mais uma opção, de acordo com as conveniências por esse período sem gerar incômodos.
do governo local, mas uma exigência. Assim, a definição
de um modelo eficiente de coleta se impõe. O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru-
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs
As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem vanta- poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con-
gens e desvantagens. Em uma análise simples de logística sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios ope-
de transporte, é possível visualizar uma solução inter- rar o transporte pelo eventual Consórcio, deverão ser
mediária, mista, que agrega boa parte das vantagens de utilizados caminhões poliguindaste para transporte dos
ambos os processos, aumenta a eficiência e reduz custos. resíduos em contêineres, simplificando bastante a ope-
ração do Ecoponto.
Este modelo consiste na coleta porta a porta por um
coletor munido de um carro bag. Este coletor dialoga Não existe uma frequência pré-definida de transporte,
com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta, uma vez que pode haver variação na disposição de re-
controla a qualidade da segregação e acumula os resí- síduos pelos usuários. Com algum tempo de funciona-
duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag mento, o Consórcio ou equipes locais poderão prever
estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de com melhor precisão as rotinas de transporte desses re-
acumulação, de onde será transportado à CMR por um síduos voluntariamente entregues nos Ecopontos.
caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
porte do município. A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na
mesma viagem terá que ser totalmente abolida.
A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami- Ecopontos ou na CMR – resíduos de construção, resídu-
nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a os verdes do domicílio e resíduos volumosos.
desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
de rejeitos entre os resíduos valorizáveis. Em regiões das cidades onde predominam moradores
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-
A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte- tas especiais programadas desses resíduos com veículos
170
Foto 28. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Região Metropolitana A
Fonte: elaboração I&T
Foto 29. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Fonte: I&T
4.3 Equipamentos e equipes das Coletas 4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde
Seletivas do trabalhador para operação das áreas de
manejo
A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra-
existentes, sem alteração do número de equipamentos e balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta de
das equipes envolvidas. Será extremamente importan- resíduos, segregação nos locais de tratamento, prepara-
te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a ção para venda, carregamento e descarregamento de re-
ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência síduos e operação de todas as atividades de tratamento.
nos processos do Galpão de Compostagem.
O Consórcio (ou as equipes municipais) deverá elaborar
Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e
geradores obrigará a introdução de novas equipes e no- Plano de Controle Contra Incêndio (PCI) para cada uma
vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar das CMRs da Região, garantindo que todas as normas de
agregados aos contratos em vigor. segurança sejam permanentemente observadas, além
de Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no nal (PCMSO) dos trabalhadores envolvidos. Deverão ser
Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou utilizados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e Individual (EPI) nas instalações, sempre que as ativida-
se expande a coleta seletiva de resíduos secos, confor- des a ser executadas assim exigirem.
me propostas de metas de avanço. O início da coleta ex-
171
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
5. ESTRUTURAR A MUDANÇA
Região Metropolitana A
Trata-se de fazer uma campanha de divulgação das novas Como mencionado em várias passagens deste Plano,
práticas para a correta segregação dos resíduos na fonte essa instância envolve 5 municípios que compõe a Re-
de geração, das formas adequadas de disponibilização gião Metropolitana A contemplados pelo projeto de im-
dos resíduos para coleta e do novo calendário das cole- plementação de coletas seletivas nas bacias prioritárias
tas porta a porta. Mas também dos novos endereços para do Ceará.
disposição dos resíduos volumosos, verdes e da constru-
ção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos resíduos da Para essa construção, iniciou-se durante a etapa de pla-
logística reversa que deverão ser levados a esses locais. nejamento, a discussão de uma Minuta de Protocolo de
Intenções com os municípios da Região, apontando a
Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo- constituição de um Consórcio Público como caminho
bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes preferencial.
de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
contatos diretos periódicos em todos os domicílios em A construção do Consórcio é muito importante para a
cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio obtenção de recursos do Governo do Estado para a im-
para as mudanças comportamentais imediatamente plementação do Plano, uma vez que consórcios inter-
necessárias. municipais para a gestão de resíduos sólidos têm prio-
ridade na alocação de recursos estaduais, conforme
A Região conta com 3.151 agentes de saúde e 1.767 agen- definição da Lei 16.032/2016.
tes de combate a endemias, conforme detalhado no
Diagnóstico. O Consórcio eventualmente formado deve ter uma
equipe própria suficiente para realizar todas as ativi-
Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas dades de planejamento, fiscalização das posturas dos
escolas, com o desenvolvimento de atividades de educa- usuários e das atividades operacionais de coletas nos
ção ambiental centradas na não geração, redução de ge- municípios,
ração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se de
expor cotidianamente às novas gerações em formação, O Protocolo mencionado trata também de um aspecto
nas 2.739 escolas da Região, os caminhos que devem ser particularmente importante das coletas seletivas, que
seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no am- é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos
biente escolar - daqueles das salas de aula, aos adminis- resíduos processados: composto orgânico, resíduos se-
trativos, aos de reparo das instalações, aos de logística cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos volu- da construção civil segregados corretamente. Para isso
mosos, aos da cantina escolar e outros. é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
Todas as 2.739 escolas serão estimuladas a elaborar, com ciado, receptor dos resultados da comercialização, para
172
cobertura de custos operacionais e aplicação no inves- formações para que as desconformidades na coleta se-
Região Metropolitana A
timento de novas instalações que integrarão o Sistema jam corrigidas, e campanhas sejam reforçadas.
Integrado de Áreas de Manejo planejado para a Região.
Um sistema de monitoramento da coleta e da operação
A discussão entre os municípios sobre a implantação de das áreas de manejo implica a estruturação de proces-
um Consórcio na Região não evoluiu a ponto de haver sos de registros de informações e produção de indica-
uma definição quando da finalização deste Plano. dores capazes de orientar ações corretivas e preventi-
vas. Deverão ser monitorados os vários tipos de coleta,
6.1 Definição das responsabilidades para as operações nos 31 Ecopontos e nas 4 CMR, e aspectos
implementação do Plano de Coletas Seletivas específicos como a eficiência e eficácia dos processos e a
qualidade dos materiais produzidos.
A proposta discutida pelos municípios divide as respon-
sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis 6.4 Periodicidade de revisão do plano
pela gestão de resíduos, o eventual Consórcio e o Go-
verno Estadual, no tocante ao planejamento, regulação, Este Plano de Coletas Seletivas é entendido como um
fiscalização, prestação dos serviços, implantação das detalhamento do Plano Regional de Gestão Integrada
unidades de manejo, venda dos materiais recuperados e de Resíduos Sólidos. Definição da Lei 12.305/2010 reco-
cobrança para sustentabilidade dos serviços prestados. menda que seja observada a vigência dos Planos Pluria-
nuais na definição da periodicidade de revisão dos pla-
6.2 Programas e ações de capacitação nos municipais (e intermunicipais) de gestão integrada
técnica voltados para a implementação e de resíduos sólidos. Portanto, a periodicidade sugerida
operacionalização das Coletas Seletivas é de quatro anos, adotada também para os planos mu-
nicipais de saneamento básico.
Para que a implementação e a operação das Coletas Se-
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio No caso deste Plano de Coletas Seletivas, sua elaboração
deverá desenvolver programas e ações de capacitação ocorreu no período de revisão do PPA; sugere-se, por-
técnica para sua estruturação institucional, implantação tanto, que seja revisado em 2021 pela primeira vez e daí
das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi- em diante sempre no ano de elaboração do PPA, de for-
ções irregulares, operações de compostagem e triagem ma, inclusive, a incluir no PPA as ações cabíveis.
de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
Avaliações do estágio de implementação do Plano deve-
monitoramento geral da eficácia das operações.
rão ser feitas anualmente, a partir dos relatórios perió-
Essa capacitação será essencial para transformar as prá- dicos sobre a qualidade da prestação dos serviços exigi-
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas. do pela Lei 11.445/2007, instrumentos importantes para
a revisão do Plano, e divulgadas para os usuários.
6.3 Monitoramento e indicadores, controle
e fiscalização da implementação e
operacionalização no âmbito local
7. ANCORAR AS INICIATIVAS DE
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos, INCLUSÃO SOCIO PRODUTIVA NA
estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí- ESTABILIDADE DA GESTÃO
pios da Região Metropolitana A (com exceção de São
Gonçalo do Amarante) que contratam serviços, o con-
Os levantamentos de informações realizados nos mu-
trole e a fiscalização da execução dos contratos devem
nicípios para elaboração deste Plano identificaram que
ser feitos pelas secretarias municipais contratantes e
em alguns municípios da região, como em Eusébio,
órgãos de controle do município.
existe uma forte relação institucional com a Associação
Ao município, portanto, caberá a verificação de cum- de Catadores local que realiza a coleta seletiva porta a
primento de rotas, calendário, horários, condição de porta; Fortaleza tem uma histórica relação com as enti-
operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes dade de catadores e São Gonçalo do Amarante, embo-
de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de ra de forma restrita, oferece apoio às entidades locais;
uniforme e equipamentos de segurança e proteção in- nos Municípios de Caucaia e Aquiraz, embora houvesse
dividual, eficiência da coleta. história de relação institucional entre o poder público
municipal e as entidades de catadores, hoje esta relação
Ao eventual Consórcio caberá a fiscalização em relação é inexistente.
à segregação dos resíduos que entram nas CMRs da Re-
gião, sendo necessário um intenso intercâmbio de in- Entretanto, as ações realizadas pelos catadores para re-
173
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
Fonte: I&T
cuperação de resíduos domiciliares, em grande parte, mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
são feitas à margem da formalização exigida pela Lei que neles estejam presentes.
11.445/2010, que é clara – serviços como o de coleta se-
letiva de resíduos secos recicláveis são parte do serviço Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es-
público, e só podem ser prestados sob contrato. Na re- tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia
gião Metropolitana A cabe ressaltar os avanços ocorri- produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi-
dos em Eusébio e algumas iniciativas que ocorrem em ca de cooperativas e associações de catadores. De forma
Fortaleza. complementar, apresentam-se em anexo minutas dos
principais instrumentos para parcerias entre a Admi-
Assim, a alternativa de envolvimento de cooperativas nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil –
ou associações de catadores neste serviço só poderá ser OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
efetivada se for objeto de um contrato, como qualquer de instruções para a formalização de associações e coo-
prestador de serviço, com estabelecimento de deveres, perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
obrigações e direitos, mesmo que acionada a possibili- vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
dade de dispensa de licitação prevista em lei. cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres-
Será importante que o Consórcio, ou os municípios di- tação de serviços entre a Administração Pública e coo-
retamente, criem programa de apoio à formalização das perativas de catadores.
organizações, programa de capacitação e programas de
fomento às organizações para o manejo de embalagens, Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
orgânicos, volumoso, eletroeletrônicos e outros. de um programa específico voltado à formalização da
presença dos empreendimentos comercializadores de
7.1 Estratégias de incentivo para a materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
formalização das cadeias produtivas da
reciclagem 7.1.1 Apoio aos catadores
A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí- A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que
duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita os catadores têm na coleta, separação e venda de reci-
que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co- cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso
operativas ou de outras formas de associação de cata- exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- são social e à emancipação econômica deste segmento.
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem Nos lixões os catadores trabalham em condições pre-
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- cárias e na sua maioria se encontram em situação de
extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e
174
precisam fundamentalmente de programas e ações de Enquanto as questões relacionadas a organização e fun-
Região Metropolitana A
combate à pobreza e geração de trabalho e renda. cionamento das cooperativas ou de outras formas de as-
sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito
Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública do apoio, a priorização da contratação das cooperativas
e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru- ou de outras formas de associação de catadores deve ser
mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-
social e à emancipação econômica dos catadores. merciais. Assim a Administração Pública deve observar
a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada
Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
na legislação significa criar condições adequadas, de
de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
forma a impulsionar e estimular a participação destes
e organização produtiva com base na economia solidá-
empreendimentos sociais como prestadores de serviço.
ria e autogestão.
Desta forma, a Administração Pública deve remunerar
Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
as cooperativas ou associações de catadores quando da
regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
contratação dos serviços de coleta e triagem de resíduos
ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em que
dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
o faria para contratação de uma empresa prestadora de
de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
serviços.
13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em
ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs. atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas,
alocando as organizações de catadores e seus núcleos de
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos
OSCs podem firmar termos de colaboração visando
recicláveis diversos.
atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
por meio de atividades, realizadas de modo contínuo Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
e permanente, como programas de assistência social, um Sistema de Áreas de Manejo, a ser eventualmente
alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de gerido por um Consórcio Público da Região Metropo-
habitação popular, ou parcerias no formato de projetos, litana A, assume importância a perspectiva de organi-
limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as- zação do fomento aos catadores por meio de uma co-
sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem. operativa ou associação de abrangência regional, que
articule os grupos de catadores em cada município, por
Há uma série de exigências formais a serem cumpri-
menores que sejam, permitindo o desenvolvimento de
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que
atividades localmente planejadas.
apresenta um roteiro para a constituição de associações
e cooperativas de catadores.
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
Considerando que o mecanismo de chamamento pú- comercializadores de material reciclável
blico é um dos instrumentos fundamentais na cele-
bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
Plano, edital de chamamento público para termos de formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou apenas
modalidade de parcerias entre a Administração Pública intermediando negócios e efetuando o transporte entre
e as Organizações da Sociedade Civil. agentes, carecem de formalização das suas atividades.
Esta necessidade deve ser atendida com o desenvolvi-
7.1.2 Fomento às cooperativas mento de um programa específico voltado ao incentivo
à formalização, mas também apoiado no esforço de fis-
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o calização das condições de trabalho oferecidas e condi-
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de ções sanitárias existentes.
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de
Três motivos tornam o desenvolvimento deste progra-
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona-
ma bastante importante. Em primeiro lugar o fato de
mento de cooperativas ou de outras formas de associa-
que são agentes já estabelecidos, numerosos, e que fa-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
zem uma movimentação de materiais em volume ex-
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como
pressivo, porém ainda desconhecido. Dados anteriores
sua contratação”. Também é importante ressaltar que
sugerem que este volume seja em torno de 04 vezes su-
esta priorização só pode se dar por meio de contrata-
perior ao dos programas de reciclagem com apoio dire-
ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação,
to do poder público.
conforme a Lei 11.445/2007.
175
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes es- nui o porte da população atendida, como pode ser ob-
tabelecimentos são alimentados por um número sig- servado a seguir.
nificativo de catadores “de ofício” ou por munícipes de
menor renda que buscam ampliação de seus proventos, Gráfico 6 – Despesa mensal (parcial) per capita
recorrendo a segregação de resíduos para tanto. É atual- com serviços de manejo de resíduos sólidos e
mente da natureza dos estabelecimentos comercializa- limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
dores de menor porte, assegurarem seus resultados eco- Pacatuba
nômicos a partir de uma relação desqualificada com os
Pacajus
seus fornecedores de materiais. As relações dos estabe-
lecimentos com os catadores são bastante arcaicas, típi- Ocara
cas de atividades informais, e precisam ser qualificadas.
Maranguape
Por último, a necessidade de formalização se imporá pela Maracanaú
demanda que se mostrará crescente para uma presença
mais significativa dos estabelecimentos na efetivação de Itatinga
um fluxo de “exportação” dos resíduos da região gera- Horizonte
dora. O conjunto destes estabelecimentos, com todas as
suas precariedades, constitui hoje o caminho para a des- Guaiúba
tinação de resíduos recicláveis que serão necessariamen- Chorozinho
te coletados de forma muito mais intensa. Este conjunto
expressa um fluxo regional de captação e destinação de Fortaleza
resíduos importantes e valorosos que precisará ser ativa- Eusébio
do pelo Poder Público, por meio do Consórcio Público e
seus instrumentos de atuação, já descritos neste plano, Caucaia
para destinação e valorização de resíduos. Aquiraz
De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra- A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar
sileiros que responderam ao questionário do Sistema a composição dos custos municipais para a prestação
para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana.
caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual
para 38,6%. em que meramente são afastados os resíduos do espaço
urbano onde são gerados, em relação à situação com as
O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu- coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas
nicípios com menos de 30 mil habitantes (pop total) é e postos de trabalho, redução de impactos e custos no
de R$ 7,13 por habitante ao mês. Para a faixa entre 30 meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al-
mil e 100 mil habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e terações diretas são:
para a faixa entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$ • Ampliação do custo de coleta pela introdução da
7,08. Para municípios do porte de Caucaia o custo é de coleta diferenciada de secos após o início do proces-
R$ 8,84 por habitante por mês. Estes custos englobam so com o manejo de orgânicos;
todas as despesas dos serviços de limpeza urbana e ma-
nejo de resíduos sólidos, inclusive disposição final. • Ampliação dos custos de destinação pela introdu-
ção do processamento de resíduos;
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios • Redução geral de custos pela contabilização das re-
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi- ceitas geradas com os materiais valorizáveis;
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá ana- • Redução geral dos custos pela eliminação de parte
lisar a estrutura de custos na Região Metropolitana A. do custo de aterramento;
• Redução geral de custos pela ampliação da escala
Com base nas informações dos contratos, pode-se afir- de manejo dos resíduos sólidos, decorrente da even-
mar que os gastos se ampliam na medida em que dimi- tual gestão associada por Consórcio Público.
176
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole- Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras
Região Metropolitana A
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu- e resíduos da construção civil, quando adequadamente
ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem manejados, geram receitas – excedente econômico que,
em substituição ao de aterramento; para os resíduos se- gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
de destinação por triagem, em substituição ao custo de ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e Na Região Metropolitana A, especial atenção deverá ser
Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi- dedicada à realização das receitas oriundas da comer-
ções irregulares ou coleta especial destes resíduos. cialização das embalagens e produtos recicláveis pre-
sentes no RCC e volumosos, 63,54%% da receita total po-
Em geral, na análise dos novos custos incidentes não há tencial, e das oriundas da madeira recuperada, 12,66%
sentido em uma análise por município, na medida em da receita total potencial.
que a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio
Público. O custo é regional e dele participam os mu- Minuta de Protocolo de Intenções submetida aos mu-
nicípios na forma estabelecida em Contrato de Rateio nicípios propõe três novos instrumentos de gestão: o
(Lei 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das recurso a uma Organização Social, a instituição de um
operações. Também não há sentido em uma análise de Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
custos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas ciado de Resíduos Sólidos e seu correlato a nível muni-
Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração cipal – Fundo Especial para Manejo de Resíduos Sólidos
física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão Urbanos. A OS – Organização Social selecionada entre
integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em as dedicadas à proteção e preservação do meio ambien-
cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi- te, responderá pela comercialização dos resíduos em
tárias reduzam os custos das deficitárias. Já na Região nome do Consórcio. Os recursos obtidos com a venda
Metropolitana A, ocorrendo a continuidade de gestão dos materiais serão destinados ao Fundo Regional de
de forma individualizada, algumas vantagens deixarão Financiamento cuja aplicação será destinada ao paga-
de se manifestar. mento dos custos operacionais com a coleta e processa-
mento dos resíduos e para suporte a ações de inclusão
De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta- de catadores.
das estimativas de custos para os novos processos.
Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)
Quadro 18 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas
Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)
(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume
177
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
Quadro 19 – Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos Futuramente poderá ser con-
tratados na Região Metropolitana A siderada pelos municípios, ou
pelo Consórcio, a discussão de
créditos, junto aos responsáveis
Quantidade Valor de venda Valor potencial de legais (fabricantes, distribuido-
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) res e outros) por efetivação da
logística reversa de embalagens
e alguns resíduos especiais.
Composto (t) 187,20 148,50 27.799,20
178
Gráfico 7- Evolução dos repasses do ICMS Sócio Ambiental na Região Metropolitana A
Região Metropolitana A
2.500
2.000
ICMS - 2% (mil R$)
1.500
1.000
500
0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Metropolitana A - Repasses ICMS Socioambiental
Fonte: SEMA
Os Ecopontos poderão ser implantados a qualquer mo- • compromisso com a reconfiguração da coleta de
mento pelos municípios ou pelo Consórcio Público, por resíduos domiciliares executada por execução direta
se tratarem de obras bastante simplificadas. ou contrato terceirizado;
• adoção de solução para a recuperação dos custos
Em relação aos recursos provenientes do Estado do Ce-
operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares,
ará várias fontes poderão ser utilizadas, mas, certamen-
preços públicos e outras) e estabilidade da prestação
te se destaca a possibilidade de alocação dos recursos do
do serviço público.
ICMS Sócio Ambiental.
179
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana A
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
saneamento. belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a Compromisso com cada cadeia produtiva.
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno- reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
vável por igual período, para que o Consórcio se estru- materiais e produtos:
ture e qualifique seu quadro de funcionários. • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
por outras duráveis;
9.3 Metas e diretrizes para redução,
reutilização, coleta seletiva e reciclagem • venda de alimentos a granel e embalagens com me-
nores quantidades;
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi • locais de entrega de produtos em condição de uso,
elaborado um cronograma de implantação do Plano de como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre-
• programa para supermercados doarem produtos
vistas: da eventual formação do Consórcio e suas equi-
próximos do vencimento para instituições filantró-
pes, à implantação das unidades e dos procedimentos
picas;
de coleta.
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre- trodomésticos.
sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
linha de ação a concentração dos apoios por meio dos Em 2022, o Consórcio, ou as equipes locais, deverão
Consórcios Públicos. Desta forma, o primeiro passo promover debate nos municípios para avaliação da im-
pode ser o de constituição do Consórcio Público na Re- plementação do Plano de Coletas Seletivas e a definição
gião Metropolitana A, com aprovação de toda a base le- de metas de redução da geração de resíduos, por meio
gal para seu início de operação. de implementação de programas, projetos e ações nes-
sa direção.
Portanto, anteriormente às metas de operação da co-
leta seletiva de orgânicos há metas para a implantação
do Consórcio e para construção das CMR. Em relação
às metas de coleta, sugeriu-se que sejam alcançadas por
etapas, de acordo com o porte dos municípios – na Re-
gião Metropolitana A em três etapas em todos os muni-
cípios participantes do planejamento.
180
Quadro 20 – Cronograma de implantação sugerido
MESES
ATIVIDADES
meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3
Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1
Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12
20 Viabilização investimentos 12
Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6
27 Introdução 2o turno -
33 Operações LR pneus -
34 Operações LR lâmpadas -
Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -
181
Região Metropolitana A
REGIÃO
METRO
POLITANA
B
DIAGNÓSTICO E
PLANEJAMENTO DA REGIÃO
METROPOLITANA B
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
184
DIAGNÓSTICO Ocara, que contribuem para colocar o Ceará como prin-
Região Metropolitana B
cipal produtor de castanha do País. Impulsionada pela
Pacajus
População Total População
Municípios Ocara
2016 Urbana 2016
Maranguape
Chorozinho 19.194 11.634
Maracanaú
Guaiúba 26.091 20.443
Itatinga
Horizonte 64.676 59.820
Horizonte
Itaitinga 38.933 38.649
Guaiúba
Maracanaú 223.188 221. 668
Chorozinho
Maranguape 125.058 95.156
7.000 14.000 21.000 28.000 35.000
Ocara 25.261 8.021
Fonte: IBGE
Pacajus 69.877 57.254
Mais de noventa por cento da população em todos os
Pacatuba 81.627 70.157 municípios da Região Metropolitana B, tem rendimen-
to até 2 salários mínimos, sendo o município de Mara-
Fonte: IBGE. Estimativa de População 2016.
canaú o que apresenta o menor percentual de popula-
Nota: (*) A projeção da população urbana para 2016 foi
calculada pela I&T, aplicando-se sobre a população ção com rendimento nominal até 2 salários mínimos
estimada total o mesmo índice de urbanização – 90,12% e os municípios de Guaiúba com 96,96% e Oca-
verificado pelo Censo de 2010 ra com 96,88% são os que apresentam maior percentual
da população nessa condição.
185
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Apenas o município de Chorozinho é considerado de Os órgãos gestores, de forma geral, exercem controle li-
desenvolvimento regular, sendo os demais enquadra- mitado sobre as empresas contratadas, do ponto de vis-
dos na faixa de desenvolvimento moderado; Maraca- ta do acompanhamento dos resíduos coletados, identi-
naú se aproxima da condição de município com alto ficação e correção de problemas, fiscalização do serviço.
índice de desenvolvimento, pouco baixo do IFDM de
0,8. Em relação à variável educação, apenas Horizonte Nos municípios onde são contratados os serviços de
se destaca com alto índice de desenvolvimento nessa coleta, existe um calendário planejado e seguido pelas
área; na componente saúde, destacam-se Maracanaú, empresas contratadas; em alguns municípios onde o
Maranguape e Ocara. Em relação a emprego e renda serviço é realizado de forma direta os roteiros são in-
apenas Horizonte e Maracanaú apresentam índice aci- fluenciados por demandas pontuais.
ma de 0,6, considerado de desenvolvimento moderado.
O pior indicador é de Chorozinho, abaixo de 0,4. 2.1 Caracterização dos resíduos sólidos
Quadro 2 - Escolas existentes e agentes de saúde atuando nos Poucos municípios no Brasil têm um
municípios da Região Metropolitana B – 2017 estudo de caracterização de resíduos.
No Estado do Ceará o panorama não
é diferente, e na Região Metropoli-
Escolas Privadas, Agentes Agentes de
Região Municipais, Comunitários de Combate a tana B, não foi identificado nenhum
Estaduais e Federais Saúde (ACS) Endemias (ACE) município que tenha realizado a ca-
racterização dos seus resíduos.
Total 855 1.000 441
Como não há caracterização recente
Fonte: Portal da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. www.qedu.org.br de resíduos para municípios da Re-
gião, adota-se neste Plano a composi-
ção gravimétrica dos resíduos sólidos
Outro aspecto relevante para a caracterização social urbanos do município maior gerador
do município é o relativo às famílias beneficiárias do da Região (Maracanaú) para o ano de 2013, do Plano Esta-
Programa Bolsa Família, que caracteriza parcela da po- dual de Resíduos Sólidos – PERS 2015.
pulação com baixo poder aquisitivo. Os municípios de
Chorozinho, Ocara, Guaiúba e mesmo Maranguape O percentual de resíduos orgânicos encontrado em
apresentam percentual elevado de famílias dependen- Maracanaú é mais baixo do que o percentual médio
tes do Programa Bolsa Família. nacional (51,4), apesar do porte do município. O per-
centual de resíduos secos é próximo da média nacional
Dois outros aspectos relativos aos aspectos sociais são (31,9%), mas o de rejeitos é bem superior à média nacio-
aqui considerados: o número de escolas e o número de nal (16,7%), o que pode expressar maiores dificuldades
agentes de saúde, relevantes para a mudança compor- de mercado para alguns tipos de materiais aproveitados
tamental que terá que ocorrer para o sucesso das coletas em outras regiões do país.
diferenciadas. De maneira geral, os municípios contam
com equipes bem preparadas e numerosas de agentes Gráfico 2 – Composição gravimétrica dos RSU
de saúde da comunidade. E o número de escolas na Re- em Maracanaú
gião também é significativo.
rejeitos
27% orgânicos
2. SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS 43,90%
SÓLIDOS
186
2.2 Resíduos domiciliares indiferenciados
Região Metropolitana B
ções sobre quantos são, que tipos de resíduos são dispo-
nibilizados para coleta e que quantidades representam.
Do ponto de vista do atendimento da população com
coleta de resíduos domiciliares, a Região apresenta uma A Região conta uma frota de veículos locada e parte dela
cobertura de serviço relativamente ampla. é utilizada também para coleta de resíduos da limpeza
urbana.
Uma das dificuldades para definição precisa das quanti-
dades de resíduos domiciliares gerados é o fato de mui- De acordo com os dados disponíveis, a Região Metro-
tos resíduos urbanos serem coletados conjuntamente, politana B gera diariamente 652,10 toneladas de resídu-
uma vez que têm o mesmo destino e, na maioria dos os domiciliares indiferenciados, o que representa uma
municípios da Região, controle limitado nos locais de média de 0,94 kg por dia por habitante.
destinação. Além disso, resíduos de grandes geradores
são coletados com os resíduos domiciliares, sem que Outro dado do SNIS se refere à produção de resíduos
haja seu dimensionamento preciso – não há informa- domiciliares para as diferentes regiões do Brasil; para o
ano de 2015 na região Nordeste a
Quadro 3 – Massa total e per capita de resíduos domiciliares média encontrada de geração per
gerados por dia nos municípios da Região Metropolitana B capita foi de 1,22 kg/hab./dia. Em
geral os municípios da Região Me-
Média do SNIS
Resíduos gerados Resíduos gerados tropolitana B apresentaram valo-
Município para a faixa
total (t/dia) per capita (t/dia) res médios per capita mais próxi-
populacional(kg/dia)
mos à média de geração do país.
Chorozinho 14,0 1,21 0,90
Fonte: I&T
187
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Fonte: I&T
Fonte: I&T
Foto 4. Aterro de Maracanaú
Fonte: I&T
188
e estaduais.
Região Metropolitana B
Foto 5. Aterro de Horizonte
189
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Mapa Diagnóstico
65
E-0
& )
C
)
( (&
!^) MARACANAÚ MA
(
&
) )
&
( ((
& !
& K
) )
(
& CE
3!
' ^ ! !^ RN
'
3
60
?
<
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H PI
CE-0
!
^(& & & PB
)
&
( Oceano Atlântico
ITAITINGA PE
MARANGUAPE
!
? @
!@
!
)
(
& Reciclador
BR-11 6
20
BR
-0 z
PACATUBA Reaproveitamento de
!
Computadores
BR-11 6
K!
060
Reaproveitamento de
!
H)
CE
CE-455
&
(
65
Inservíveis
CE-0
!
H Aproveitamento de Madeira
451
60
CE-
CE-0
HORIZONTE < Associação ou Cooperativa
?
! !
(
^ de Catadores
GUAIÚBA &'
3
& Galpão de Triagem
CE-451
BR
-116
Grande Sucateiro
H)
!&
(
PACAJUS
)
&
( Pequeno Sucateiro
!@
@! Acumulação de Pneus
z ATT Privada
16
BR-1
# ECOENEL
CHOROZINHO
CE-35
4
)
&
( & Galpão de Triagem
Inoperante
!
H (
& Compostagem
!
? Acúmulo de RCC
!
? Acumulação de Podas
?
<
! Acúmolo de Poda e RCC
'
3 Aterro Sanitário
'
3 Aterro Controlado
!
?!H )
&
( !
H Lixão
6
BR-11
)
(
& CE
-4
64
(
!
D Bota Fora
OCARA
4
CE-46
Metropolitana B
22
-1
Divisa Municipal
BR
Cursos d'água
Rodovias
pesquisados, 9 são de Maracanaú, 1 de Maranguape e 1 cos por dia, em média 0,491 kg/dia por habitante.
de Pacatuba. No entanto, a visita de campo mostrou que
há muitos outros empreendimentos em Maracanaú de- Para avaliação da geração de resíduos orgânicos é pre-
dicados ao processamento de resíduos secos, dos quais ciso levar em conta, além da sua fração nos de origem
foram visitadas algumas instalações, como será detalha- domiciliar, a quantidade gerada em grandes geradores
do mais adiante. e em feiras e mercados existentes nos municípios. No
entanto, estes resíduos são coletados em conjunto com
os domiciliares, impossibilitando a definição dessas
2.4 Resíduos domiciliares orgânicos
quantidades. Conhece-se apenas o número de estabe-
lecimentos que pelas suas atividades geram grandes
Também no caso dos resíduos domiciliares orgânicos os quantidades de orgânicos e o número e frequência de
municípios não informaram o percentual da presença funcionamento das feiras (10) e mercados (9).
desses resíduos na massa total de geração de resíduos.
Assim, considera-se para toda a
Região, como mencionado an- Quadro 4 - Número e frequência de funcionamento de feiras e
teriormente, o percentual de mercados
geração dos resíduos orgânicos
existente no PERS-2015 para Metropolitana Feiras Mercados
Maracanaú, que é de 43,9%. Não B
Número Frequência Número Frequência
há iniciativas de coleta seletiva
de resíduos orgânicos na Região Total 10 semanais 9 diária
Metropolitana B.
Fonte: I&T. Oficinas Municipais e levantamento de dados em campo
A partir da composição gravi-
métrica dos resíduos adotada e
da estimativa de geração de resíduos indiferenciados, São potencialmente grandes geradores de resíduos or-
estima-se que a Região gere 286,27 toneladas de orgâni- gânicos os hotéis, bares, restaurantes e outros estabele-
190
cimentos dedicados ao preparo de alimentos, e também manda em situações mais críticas.
Região Metropolitana B
os supermercados em função de perdas resultantes da
comercialização de frutas, legumes e verduras. Alguns municípios da região têm mapeado os pontos
viciados de despejo irregular,
Quadro 5 – Número de grandes geradores de resíduos orgânicos na como é o caso de Horizonte que
Região Metropolitana B possui 18 pontos identificados,
Itaitinga 12 pontos, Maracanaú
Locais de Bares, restaurantes Processadores de aproximadamente 300 pontos e
Metropolitana B
hospedagem e similares alimentos Maranguape aproximadamente
100 pontos identificados.
Total 20 196 36
Com base em indicadores, fo-
Fonte: MTE. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, 2015 ram estimadas as quantidades
de resíduos da limpeza urbana
Os resíduos orgânicos, se compostados, poderiam ser geradas nos municípios da Região Metropolitana B. Não
usados tanto em áreas verdes dos municípios da Região foram considerados os resíduos da varrição neste Plano,
quanto em atividades agrícolas do entorno. uma vez que seu aproveitamento neste momento exigi-
ria esforços que escapam ao escopo das coletas seletivas.
No caso da região Metropolitana B, apenas o município
de Maracanaú é densamente ocupado por atividades Os grandes geradores de resíduos de madeiras e de re-
urbanas. Segundo o IBGE, identificam-se muitas áreas síduos da construção civil são responsáveis pelo manejo
agriculturáveis nos outros municípios da Região e po- de seus resíduos. São grandes geradores de resíduos da
tencial consumidoras de composto orgânico. construção as construtoras em geral e as demolidoras.
A maior parte das construtoras se
dedica à construção de edifícios;
Quadro 6 - Área agriculturável nos municípios da Região
dados da RAIS para 2015, expres-
Metropolitana B
sam o universo formal das ativi-
dades econômicas das empresas.
Área colhida Área colhida
Metropolitana B em lavouras em lavouras Área total (ha) Parte dos Resíduos da Constru-
temporárias (ha) permanentes (ha)
ção Civil é aproveitada para ater-
ramento e uso em manutenção
Total 18 978 47 183 66 176
de estradas. Essa prática ocorre
em todos os municípios da Re-
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2015
gião; nos municípios menores
o RCC coletado é direcionado
para uso direto sem qualquer
2.5 Resíduos da limpeza urbana segregação. Em Pacajus e Pacatuba ocorre esta prática,
mas não foi possível obter detalhes dos procedimentos
A Lei 11.445/2007, define as atividades de limpeza públi- adotados. Nos municípios de Maracanaú, Maranguape,
ca como varrição, capina, podas e atividades correlatas; Horizonte e Itaitinga os RCC, ainda sem segregação, são
o asseio de escadarias, monumentos, sanitários, abrigos encaminhados para uma área de acumulação visando
e outros; raspagem e remoção de terra e areia em logra- uso futuro.
douros públicos; e limpeza de feiras públicas e eventos
de acesso aberto ao público. Os municípios de Ocara, Maranguape, Maracanaú, Ho-
rizonte e Itaitinga depositam os resíduos provenientes
Para as coletas seletivas têm relevância os resíduos ver- de podas em área de acúmulo e o restante dos muni-
des, provenientes da capina, poda e atividades correla- cípios os depositam em suas áreas de destinação final,
tas, como roçada, a limpeza de feiras públicas e eventos junto com os resíduos da coleta domiciliar.
de acesso aberto ao público e os resíduos resultantes das
atividades de limpeza corretiva que são aplicadas nos Com vistas ao aproveitamento dos resíduos de madeira,
recorrentes pontos viciados de cada município. Nestes foi levantado o número de cerâmicas e de frigoríficos
pontos há a presença significativa de resíduos da cons- existentes na Região, que utilizam madeira para gera-
trução, resíduos volumosos e resíduos domiciliares. ção de energia ou vapor (caso dos frigoríficos). Além
disso, são potenciais usuários das madeiras oriundas
Os municípios da região executam o serviço de limpeza dos serviços de limpeza urbana (madeiras da constru-
corretiva de maneira manual ou mecanizada de for- ção civil de deposições irregulares ou recebidas, madei-
ma rotineira nos pontos viciados de deposição e sob de- ras de resíduos volumosos e troncos e galhos de poda e
191
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
192
na Região Metropolitana B. Mapa 2 – Pontos de recebimento de pilhas
Região Metropolitana B
e baterias – Estado do Ceará
O sistema de logística reversa para pilhas e baterias foi
definido pela Resolução CONAMA nº 401/2008 que esta-
belece diretrizes para a coleta, reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final. A Resolução CONAMA
nº 401/2008 determina, entre outras coisas, a obriga-
toriedade de recebimento de pilhas e baterias usadas
pelos estabelecimentos que comercializam pilhas e pela
rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes
e importadores desses produtos.
193
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Quadro 9 – Estimativa de geração anual de alguns resíduos da logística reversa na Região Metropolitana B
Resíduos Pilhas (un) Baterias (un) Lâmpadas (un) Pneus (kg) Eletroeletrônicos (kg)
2,6 kg anuais; para pneus, estima-se 2,9 kg anuais por O custo médio mensal encontrado considerando os
habitante; para pilhas a estimativa de geração é de 4,34 municípios da Região Metropolitana B foi de R$ 7,03 per
pilhas anuais por habitante e 0,09 baterias anuais por capita por mês, abaixo dos custos médios calculados
habitante. Para as lâmpadas, estima-se que cada domi- pela ABRELPE para 2015 – R$ 9,92 per capita.
cílio utilize 4 unidades de lâmpadas incandescentes e 4
Gráfico 5 – Despesa mensal (parcial) per capita
fluorescentes por domicílio, permitindo avaliar o nú-
com serviços de manejo de resíduos sólidos e
mero de lâmpadas descartadas.
limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
Pacatuba
Ocara
Como regra, os municípios não apropriam os custos dos Maranguape
serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza urba-
na de forma que permita analisar separadamente cada Maracanaú
atividade, inclusive porque muitos resíduos são cole- Itatinga
tados e dispostos em conjunto, como se analisou. Em
alguns contratos há discriminação de custos unitários Horizonte
para efeitos da contratação da empresa, mas os paga- Guaiúba
mentos são feitos de uma única forma, conjuntamente.
Chorozinho
A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
Fortaleza
participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
cas) foi possível estimar a partição do dispêndio públi- Eusébio
co com a gestão dos resíduos sólidos, em cada Região,
Caucaia
como indicado a seguir.
Aquiraz
Gráfico 4 – Distribuição de despesas nos 6.000 12.000 18.000 24.000 30.000
custos dos serviços de manejo de resíduos Fonte: Elaboração I&T
sólidos e limpeza urbana – estimativa para a
Região Metropolitana B 4. INSTRUMENTOS LEGAIS, PLANOS,
Varrição, poda PROGRAMAS E PROJETOS NO ÂMBITO
e capina
13%
Orgânicos DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
22% SÓLIDOS
194
Da mesma forma, foram levanta-
Região Metropolitana B
Foto 7. Catadores de Horizonte, Chorozinho e Ocara
dos os planos, projetos e progra-
mas que existem nos municípios
e que tratam de algum aspecto do
gerenciamento dos resíduos sóli-
dos urbanos.
No processo de levantamento de dados para a descrição As informações obtidas das características dos catado-
da cadeia produtiva de reciclagem, foi feito um esforço res identificados durante o processo de levantamento
para identificar os catadores que atuam em cada muni- de dados, nos municípios que possuíam organização de
cípio, e suas organizações. catadores, mostram que 79% são do sexo masculino e
21% são do sexo feminino. A renda declarada pelos cata-
Durante a fase de levantamento de dados tentou-se le- dores variou entre 200 e 500 reais mensais, na maioria
vantar o número de catadores atuando em cada muni- dos municípios, mas com a cooperativa de Horizonte
cípio e sua caracterização básica, conforme proposto (COOPERHO) anunciando retirada entre 1,3 e 1,5 salá-
pelo Termo de Referência. Tais informações foram so- rio mínimo por mês.
licitadas nas Oficinas Municipais e também nos levan-
tamentos de campo quando, em muitos casos, houve 5.1 Programas e projetos de inserção de
contatos com os catadores. Por esse processo chegou-se catadores na gestão pública de resíduos
a estimativas do número de catadores atuando em cada
município e sobre o número daqueles que estão organi- Em Guaiúba houve, na gestão anterior, uma iniciativa
zados em grupos, associações e cooperativas. Mas infor- piloto de coleta seletiva, que está sendo retomada. Em
mações sobre gênero, faixa etária e escolaridade foram Horizonte não há coleta seletiva, mas no novo contrato
mais difíceis de obter, uma vez que nem as secretarias de serviço de coleta há previsão da coleta seletiva com a
municipais nem as próprias organizações de catadores inserção de catadores do município. Em Itaitinga está
dispõem dessas informações. em implantação uma unidade de triagem, prevendo a
contratação dos catadores do lixão
Quadro 10 – Número de organizações e de catadores para o processo de recuperação dos
identificados resíduos.
195
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Para a compreensão das cadeias produtivas em que se As principais fontes de informação sobre a reciclagem
inserem os resíduos secos coletados seletivamente na dos plásticos são as entidades representativas do setor
Região Metropolitana B, foram realizadas pesquisas e – a ABIPLAS e ABIPET. Cerca de 20,9 % dos plásticos fo-
mantidos contatos com as entidades representativas de ram reciclados no Brasil (dados de 2012), representando
segmentos responsáveis pelos resíduos secos com o ob- aproximadamente 918 mil toneladas no ano. Segundo
jetivo de identificar os fluxos de resíduos, as ações e as informações da ABIPLAST, existem no Brasil 762 indús-
iniciativas voltados à recuperação de resíduos no cená- trias de reciclagem mecânica de plástico, sendo que 61
rio nacional, no Nordeste e no Estado do Ceará. delas estão localizadas na região Nordeste, correspon-
dendo a 8% das unidades fabris. Segundo a PLASTIVIDA,
Também foram considerados, nesta análise, os dados entidade do setor, 64% dos resíduos têm origem no des-
específicos do Ceará, produzidos pelo Sindiverde – Sin- carte pós-consumo, enquanto os outros 36% são de ori-
dicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos gem industrial – resíduos gerados no processo produti-
Domésticos e Industriais do Ceará. vo. Em relação aos recicladores, a PLASTIVIDA informa
que dos 61 recicladores da região Nordeste, 16 estão no
O setor de produção e de reciclagem de papel e papelão Ceará, todos na Região Metropolitana.
é constituído de uma série de segmentos, desde a indús-
tria de papel e celulose (representada pela BRACELPA) Em relação ao PET, as informações são oriundas da en-
até os aparistas (representados pela ANAP), fornecedo- tidade representativa do setor – a ABIPET, com dados
res das indústrias recicladoras. Em relação à recupera- mais recentes, de 2015. Segundo os levantamentos, 65%
ção, o setor apresenta dados que indicam um total de do PET adquirido pelas indústrias está em forma de
4,7 milhões de toneladas coletadas e encaminhadas à flocos, enquanto os fardos ainda representam 25% do
indústria recicladora – equivalentes a 64,5% do consu- montante de PET a elas destinado. Por fim, cerca de 10%
mo aparente. chega às unidades recicladoras na forma de PET gra-
nulado. Em relação à reciclagem do PET, as principais
De acordo com publicações do setor, confirma-se a infor- unidades recicladoras estão situadas nos estados de São
mação de que os principais polos recicladores são SP, PR Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Amazonas.
e SC. No Cerará foi identificada uma unidade produtiva
de maior porte - indústria de papel sanitário - em Crato. A principal fonte de informação sobre a reciclagem
dos vidros é a entidade representativa do setor – a ABI-
As principais fontes de informação sobre a cadeia eco- VIDRO. Segundo dados de 2013 desta instituição, são 8
nômica da reciclagem e da produção de embalagens e os principais grupos fabricantes de vidro oco no Brasil
produtos que geram resíduos metálicos são as entida- (embalagens), com duas unidades operando no Nordes-
des representativas do setor de alumínio e de aço, os te: em Pernambuco e na Bahia. Havia uma fábrica (CIV)
fabricantes de lata e a cadeia de sucatas ferrosas. De em Fortaleza, mas alterou seu ramo de atuação, produ-
acordo com informações do setor, em 2014 o índice de zindo atualmente vidros planos (espelhos, automotivos
recuperação do alumínio é de 38,5% - superior à média etc.). O índice de reciclagem, segundo a ABIVIDRO, está
mundial, de 27,1%. O índice de recuperação das embala- próximo ao patamar de 40%, variando anualmente para
gens de alumínio (latas) alcançou o índice de 97,7% em baixo ou para cima, sem grandes alterações em torno
2016. No Nordeste, são sete unidades industriais com desta média. Além disso, cerca de 25% das embalagens
capacidade de recepção das embalagens de alumínio, de vidro são reaproveitadas ou reutilizadas pelo setor
sendo cinco para produção do corpo das latas e duas de bebidas. O setor de vidro não é signatário do acordo
para produção das tampas – nenhuma no Ceará. setorial de embalagens em geral. Portanto, ainda não há
estratégias para ampliar o desempenho do setor de vi-
Em relação à reciclagem de aço, foram coletadas cerca dro no âmbito da reciclagem de materiais.
de 9 milhões de toneladas de sucatas e encaminhadas
para a reciclagem (produção de novo aço), correspon- O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, do Ceará, em parceria
dendo a cerca de 25% do aço produzido no Brasil. Exis- com o SINDIVERDE e o SEBRAE/CE, estruturou e reali-
tem fábricas de embalagens de aço localizadas nos es- zou pesquisa junto a estabelecimentos do setor de reci-
tados de São Paulo (3 unidades), Ceará, Pernambuco, clagem do Estado do Ceará, mas focada nos municípios
Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (cada da Região Metropolitana de Fortaleza, no ano de 2014.
um com 1 unidade). Quanto aos índices de recuperação
e reciclagem, os dados indicam que cerca de 46% das la- Pelos dados obtidos, é possível notar que a despeito da
tas de aço pós-consumo retornaram para o processo de concentração das atividades na capital, pode-se ver que
reciclagem no país. Em relação às latas de aço para be- Maracanaú é também importante polo na cadeia de re-
bidas, o índice alcança 82% de embalagens recuperadas ciclagem no Estado.
196
Mapa fluxos
Região Metropolitana B
FORTALEZA - CE
MARACANAÚ MA
M
&
CE
M
&
RN
MARANGUAPE PI
PB
PE
Oceano Atlântico
ITAITINGA
M
& Fluxos - Cadeia
M
& de Recicláveis
PACATUBA Secos
Metropolitana B
M
&
Setor Censitário
Urbano
M
&
PACAJUS Rodovias
Text
CHOROZINHO
M
&
OCARA
M
&
SÃO PAULO - SP
OUTROS ESTADOS
AO SUL
Na etapa de levantamento de dados para a elaboração disso, uma vez que não se viabilizaram recursos para
deste diagnóstico, foram feitas visitas a sucateiros re- implantação de aterros.
conhecidos nos municípios da Região Metropolitana B.
Identificou-se um fluxo de materiais entre eles, dos me- Com a evolução dos conceitos técnicos, que passaram
nores estabelecimentos para os maiores, e um fluxo, a a reconhecer a necessidade de desviar dos aterros resí-
grandes processadores e comercializadores de Fortaleza duos orgânicos, secos e da construção civil, novo estudo
e Maracanaú. Destes grandes comercializadores, parte de regionalização foi realizado com apoio do Ministério
dos produtos é vendida para indústria local e parte é co- do Meio Ambiente, que ampliou a área de abrangência
mercializada com compradores de outros estados. de consórcios de forma a reduzir o número de aterros e
o aumento de sua capacidade, para que sua sustentabi-
lidade técnica e econômica fosse viabilizada nas condi-
ções brasileiras atuais.
6. POSSIBILIDADES DE
Assim, em 2012 foi finalizada a “Regionalização para a
CONSORCIAMENTO Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos no Estado do Ce-
ará”, estudo referido na Lei 16.032/2016, que institui a
O Estado do Ceará vem há cerca de dez anos trabalhan- Política Estadual de Resíduos Sólidos, com 14 Regiões
do para a criação de consórcios entre os municípios para a gestão, e que serve de base para este Plano.
para o enfrentamento da questão da gestão dos resí-
É convicção da Consultoria, também, que a gestão de
duos sólidos. Os primeiros estudos trataram exclusiva-
resíduos sólidos por municípios isolados, com exceção
mente da busca de escala adequada para a implantação
de alguns poucos grandes municípios, dotados de ór-
de aterros sanitários, tendo sido propostos cerca de 30
gãos técnicos desenvolvidos, não apresenta condições
arranjos intermunicipais para a gestão de aterros, dos
de sucesso. A escala necessária para o funcionamento
quais 26 estavam formalizados em 2012, com a eleição
de atividades de planejamento, capacidade de acom-
de uma diretoria e inscrição no Cadastro Nacional de
panhamento da operação, exercício de controles, con-
Pessoas Jurídicas. Nenhum deles, entretanto, foi além
dições de mobilização social e orientação à população,
197
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
fiscalização dos serviços e operação das instalações de de resíduos secos na Região Metropolitana B se estima
manejo necessárias para responder às exigências legais como segue.
de manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos
sob responsabilidade pública aponta para a criação de Tomando como referência os preços indicados pelo
consórcios intermunicipais robustos como uma condi- CEMPRE para municípios do Nordeste e consideran-
ção essencial para a gestão adequada dos resíduos ur- do que, atualmente, a quantidade estimada de resí-
banos. duos potencialmente recuperáveis pela cadeia produ-
tiva é de 44.230 toneladas por ano, as perdas podem
Por outro lado, os consórcios outrora criados para cons- representar, de acordo com os preços estimados, R$
trução de aterros sanitários com objetivo de proporcio- 31.207.407,13. Além disso, há que considerar os custos
nar destinação adequada aos municípios da Região ou de aterramento dos resíduos secos se estes não forem
não se viabilizaram, como no caso do Consórcio entre os recuperados, o que pode agregar mais R$ 1.519.731,53
municípios de Horizonte, Pacajus, Chorozinho e Ocara, como perda de recurso.
ou, quando implantado, a operação ficou inviabilizada,
como no caso do Aterro de Pacatuba, construído para Para os resíduos orgânicos as perdas econômicas cor-
atender os municípios de Pacatuba, Itaitinga e Guaiúba. respondem à não colocação de composto orgânico no
mercado e ao custo de aterramento, R$3.214.412,64 e
Essa experiência negativa do passado contribuiu para R$2.479.174,37 respectivamente.
que os municípios não se mobilizassem de forma mais
contundente rumo à proposta da gestão associada e in- O não aproveitamento dos resíduos da construção civil
tegrada do manejo dos resíduos sólidos. Por outro lado, e resíduos de madeira provenientes de poda, constru-
alguns municípios avançam em soluções autônomas ção e resíduos volumosos também podem representar
para destinação final de resíduos, a exemplo de Hori- uma significativa perda econômica – R$ 3.226.850,08 no
zonte que hoje opera um Aterro Controlado, e Itaitinga RCC e R$ 507.330,64 nas madeiras.
que espera equacionar a gestão integrada de resíduos
A segunda abordagem diz respeito às perdas ambien-
em seu município por meio de uma PPP. Ainda assim,
tais, que decorrem dos impactos da degradação da
nenhum dos municípios se colocou contra o consorcia-
matéria orgânica e da necessidade de uso de materiais
mento para a gestão dos resíduos sólidos e implementa-
virgens e maiores quantidades de energia para o pro-
ção do Plano das Coletas Seletivas na Região.
cessamento de nova matéria prima ao invés da utiliza-
ção de materiais reciclados.
198
Região Metropolitana B
Foto 8. Cobap e Vascoplastic, em Maracanaú
Fonte: I&T
tidade de metano produzida até a decomposição total relacionadas à necessidade de exploração de novos re-
dos orgânicos corresponde, em peso, a cerca de 5% dos cursos naturais e ao uso de energia.
restos de alimentos depositados em aterro, a 13,5% da
quantidade de madeira e a 8% dos têxteis. No caso do alumínio, o principal ganho ambiental é a
grande redução na extração da bauxita e no consumo
Outra relação demonstrou para duas situações de de- de energia. Estima-se que 1 kg de alumínio reciclado
pósito apenas de restos de alimentos em quantidades evita a extração de 5 kg de bauxita e a reciclagem reduz
iguais, em condições ambientais tropicais e úmidas, em 95% o uso de energia no processo.
que as emissões acumuladas num lixão somam 0,4 t
CO2 eq. e num aterro sanitário atingem 0,9 t CO2 eq. Para a produção de papel novo é utilizada a celulose pro-
Esses cálculos da EPE sugerem que a emissão de degra- veniente de 11 árvores, que com a reciclagem deixariam
dação da matéria orgânica em ambiente aeróbio, como de ser cortadas. O outro fator ambiental importante é a
o do lixão, é menos da metade das emissões de gás em economia de energia elétrica obtida com a reciclagem
ambiente de degradação anaeróbia. deste tipo de material.
Considerando que, conforme o Intergovernmental Pa- Há diversas estimativas a respeito do potencial de con-
nel on Climate Change, o metano (CH4) tem potencial de servação de energia elétrica pela reciclagem de emba-
aquecimento global para 100 anos, 21 vezes maior que o lagens. Tomando-se como referência o estudo da EPE
dióxido de carbono (CO2), a simples queima do metano, mencionado, é possível afirmar-se que, sendo poten-
mesmo sem o aproveitamento do calor gerado, reduz o cialmente recicláveis 19.641 toneladas anuais de papel e
impacto em termos de aquecimento global. papelão na Região Metropolitana B o potencial de eco-
nomia de energia com a reciclagem deste material atin-
Por outro lado, regiões vizinhas a aterros e lixões per- ge 68.940 MW/ano.
dem atratividade para atividades comerciais e residen-
ciais, em função da ocorrência de odores, presença de Outro material com expressiva presença é o plástico,
aves e outros vetores, resultando na desvalorização do que apresenta o mais alto potencial de conservação de
preço da terra. energia elétrica. Na Região Metropolitana B estima-se
atualmente como potencialmente recicláveis 20.241 to-
No caso dos resíduos secos, também são importantes neladas anuais de plásticos, o que poderia representar
a emissão de dióxido de carbono (CO2) decorrente do economia de energia de 102.418 MW/ano.
consumo de energia para extração de matérias primas
e produção dos bens (incluindo a extração e processa- Não há dúvida, portanto, que a reciclagem dos diversos
mento dos combustíveis a serem usados) e a emissão de materiais presentes nos resíduos domiciliares e nos re-
CO2 oriunda do consumo não-energético de combustí- síduos da limpeza urbana traz significativos ganhos am-
veis no processo de produção dos bens. bientais e econômicos para a Região.
199
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
PROXIMIDADE E AUTOSSUFICIÊNCIA
NA REGIÃO
A busca da autossuficiência no gerenciamento dos re-
METROPOLITANA B síduos sólidos urbanos, associada ao princípio da pro-
ximidade, permite estabelecer quais resíduos, segrega-
dos e eventualmente processados, devem permanecer
no âmbito local, e quais devem necessariamente buscar
sua reintrodução em cadeias produtivas mais amplas,
em locais mais distantes.
PLANEJAMENTO DAS COLETAS Devem permanecer no nível local a fração orgânica dos
resíduos, para alocação e consumo nas atividades agrí-
SELETIVAS colas mais próximas possível, os resíduos da construção
civil e os resíduos verdes e madeiras, também apro-
veitados no nível local ou regional, enquanto a fração
seca normalmente é transferida, buscando instalações
O Plano das Coletas Seletivas da Região Metropolitana B
de transformação que raramente estarão presentes no
foi elaborado tendo como pano de fundo toda a moder-
próprio município (recicladores de plásticos, de metais,
na legislação brasileira que trata direta ou indiretamen-
de papéis e celulósicos, de vidro etc.).
te da gestão integrada dos resíduos sólidos. Trata-se de
planejar algumas atividades da prestação de um serviço Na Região Metropolitana B esse princípio se aplica par-
público caracterizado por lei, cuja solução operacional cialmente pois parte dos grandes processadores da in-
está submetida a regramentos legais bem definidos, que dústria da reciclagem encontra-se em Maracanaú. Al-
impõem aos municípios mudanças profundas na ma- guns municípios geram quantidades de resíduos secos
neira como hoje são prestados os serviços de limpeza que não justificam a instalação de um galpão de tria-
urbana e manejo de resíduos sólidos. gem, apenas um galpão de acumulação – Chorozinho,
Guaiúba e Ocara; outros, como Horizonte, Itaitinga,
Os serviços devem ser planejados e regulados. A segre-
Maranguape, Maracanaú, Pacajus e Pacatuba, produ-
gação na fonte e coleta em separado deve ser ampliada
zem quantidades que exigem a instalação de galpão de
para todos os tipos de resíduos. Os geradores privados
triagem local.
devem gerenciar seus próprios resíduos ou arcar com
os custos quando transferem o gerenciamento ao po- A existência de cerâmicas e frigoríficos justificam a per-
der público. As prioridades de investimento devem ser manência das madeiras de troncos e as provenientes de
invertidas. resíduos volumosos e da construção civil nos próprios
municípios da Região. O composto gerado pela com-
A rota tecnológica adotada neste Plano expressa essa in- postagem dos resíduos orgânicos domiciliares, de feiras
versão e respeita a ordem de prioridades estabelecida e mercados públicos será vendido para agricultores de
no Art. 9º da PNRS, que impõe a não geração, a redu- cada município pelo Consórcio a ser criado. E os resídu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento antes da os da construção civil, depois de triados e peneirados,
disposição final, exatamente o oposto do que se pratica poderão ser imediatamente usados pelas secretarias
hoje na Região, com exceções pontuais que não chegam municipais encarregadas de obras, para uso em obras
a alterar o panorama geral. Parte-se do reconhecimento públicas dos municípios.
de que as melhores práticas internacionais, as já conso-
lidadas e as novas estratégias, passam pelas coletas se-
letivas, valorização intensa de resíduos, compostagem
de orgânicos, intensa recuperação dos RCC, e logística 2. ROTAS TECNOLÓGICAS SIMPLES E
reversa de embalagens e de resíduos especiais. Consi-
dera-se também, como já tecnicamente comprovado, o
SEGURAS
balanço energético muito superior, decorrente da recu-
peração dos materiais, em relação ao determinado por A Região Metropolitana B, embora possua municípios
processos destrutivos como a incineração e outros foca- que tem como destino final aterros, na maioria ainda
dos na imediata geração de energia. utiliza lixões como destinação final; esses municípios
estiveram paralisados, à espera da implantação de ater-
ro sanitário, que era visto como “primeiro passo” para
a sustentabilidade na gestão dos resíduos. A partir da
200
Região Metropolitana B
01 02 03 04 05 06
Não Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição
geração final adequada
edição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos A concepção adotada é de um Sistema Regional de Áreas
os municípios estão desafiados a inverter essa lógica, de Manejo de Resíduos Sólidos, aplicando os conceitos
implantando novos processos de gestão dos resíduos, de “adequada proximidade das soluções para resíduos”
que privilegiem a recuperação dos resíduos e seu desvio e “adequada escala das operações”, composto de um
da disposição final. A implantação do aterro sanitário conjunto de instalações e procedimentos para valoriza-
continua sendo importante, mas não é mais o primeiro ção de resíduos.
passo, e sim o último.
Busca-se uma gestão integrada, aliando o uso de menor
A dificuldade real que os municípios têm de implantar número possível de áreas físicas, mas que atendam a
em prazos razoáveis seus aterros sanitários, no entanto, toda a população urbana de cada município, com in-
não pode ser fator de imobilização em relação à adequa- tegração das operações com diversos tipos de resíduos,
da gestão dos resíduos sólidos urbanos. É plenamente por meio do uso integrado (compartilhado) de equipa-
possível aplicar as determinações da Política Nacional mentos, do uso compartilhado da equipe técnica, uso
de Resíduos Sólidos, “indo menos ao lixão”, desviando compartilhado da edificação de apoio e gestão finan-
e tratando uma gama significativa de resíduos urbanos, ceira integrada dos recursos advindos do manejo para
permitindo movimentação imediata aos municípios, e valorização dos resíduos, de forma que operações supe-
não os deixando reféns de soluções com investimento ravitárias sustentem as deficitárias e reduzam a depen-
vultoso e demorado. dência de recursos externos.
A definição da rota tecnológica (os métodos e soluções São considerados nesse Sistema dois tipos de instalações
construtivas) adotada na elaboração do Plano das Coletas para manejo de resíduos sólidos, além das áreas atuais
Seletivas da Região Metropolitana B considera a diretriz de disposição final (lixões e aterros sanitários ou con-
fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, trolados) e a futura implantação de aterros regionais de
expressa em seu Art. 9º, que estabelece de forma manda- rejeitos: as Centrais Municipais de Resíduos – CMR e os
tória a ordem de prioridades para o manejo de resíduos. Ecopontos.
Assim, a estratégia de manejo diferenciado, com as Cole-
tas Seletivas de cada um dos resíduos, é o único caminho A CMR é uma instalação de múltiplos usos onde ocor-
para que a ordem de prioridades seja cumprida – viabili- rem: a compostagem de resíduos orgânicos; a triagem
zando desde as práticas de não geração até a diretriz de de resíduos da construção civil e seu peneiramento; o
disposição final exclusivamente de rejeitos. desmonte de resíduos volumosos; o picotamento das
madeiras da construção civil, de podas e madeiras dos
O antigo conceito de que coleta seletiva era sinônimo de volumosos; a segregação de troncos e galhos grossos; a
coleta de resíduos recicláveis secos gerados nos domicí- segregação da capina e roçada em pilhas estáticas para
lios é substituído por outro mais amplo e adequado, que deterioração; a acumulação ou triagem dos resíduos se-
pressupõe a segregação na fonte de todos os tipos de resí- cos, conforme o porte do município.
duos, e aplicado não apenas aos geradores domiciliares,
mas a todos os geradores de resíduos. Consequentemen- A CMR também recebe, para acumulação, pequenas
te não se trata mais de planejar uma coleta seletiva, mas quantidades de pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos,
sim as Coletas Seletivas Múltiplas que propiciem o me- pilhas e baterias, para retirada pelos fabricantes ou co-
lhor aproveitamento dos diferentes tipos de resíduos. merciantes responsáveis. A área das CMRs na Região
Metropolitana B varia entre 7,5 mil e 20 mil metros qua-
A rota tecnológica adotada neste Plano leva em consi- drados; estas instalações foram situadas preferencial-
deração todas as tipologias de resíduos sólidos urbanos: mente na área urbana da sede de cada município.
resíduos orgânicos, resíduos secos, resíduos da constru-
ção civil, resíduos verdes, resíduos volumosos, alguns Os Ecopontos são instalações menores (entre 700 e 1000
resíduos da logística reversa e resíduos indiferenciados. metros quadrados) para simples recepção e armazena-
mento temporário dos resíduos da construção civil,
201
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Compostagem
Verdes
Galpão
Triagem
RCC
Recepção
e triagem
Apoio e
controles
Figura 2 – Desenho ilustrativo de Ecoponto – área em torno de 700m² resíduos verdes e resíduos vo-
para municípios onde há operação de caminhão poliguindaste lumosos, além dos resíduos da
logística reversa para acumu-
Funcionário RCC Residuos verdes
e solo lação à espera da retirada pelos
Resíduos a
proteger Platô de descarga agentes responsáveis pela ca-
deia produtiva de cada um. Um
Ecoponto funciona na CMR. Os
parâmetros adotados para cada
uma das instalações e para a de-
finição da rede em cada muni-
cípio e região serão apresenta-
dos no capítulo seguinte.
Identificação
e acesso Resíduos a
proteger A Figura 4 expressa o esquema
Volumosos,
de articulação de um Sistema
madeiras etc. de Áreas de Manejo com suas
diversas unidades.
202
Região Metropolitana B
Figura 4 - Desenho ilustrativo do Sistema de Áreas de Manejo
dos resíduos ali depositados, e ações de melhorias gra- Na CMR poderão ser entregues:
dativas da condição dessas áreas, como soluções tran- 1. voluntariamente, por munícipes, até doze tipos de
sitórias. resíduos, sempre em pequena quantidade: resíduos
sólidos domiciliares secos, resíduos da construção
Projeto em elaboração pela SEMA prevê a recuperação
civil, resíduos volumosos diversos, resíduos verdes e
destas áreas, envolvendo cercamento, remoção dos re-
resíduos de logística reversa (lâmpadas, pneus, ele-
síduos espalhados no entorno externo e sua disposição
troeletrônicos, pilhas e baterias);
na frente de trabalho atual, controle de acesso, e início
de recuperação das porções degradadas já não mais uti- 2. com pagamento de preço público, por agentes
lizadas para disposição de resíduos. privados, os resíduos da construção civil, resíduos
volumosos diversos e resíduos verdes, em qualquer
Para municípios que já dispõem de aterro sanitário, a quantidade;
rota tecnológica adotada amplia a capacidade de recep-
3. por agentes operadores dos serviços de manejo de
ção e a vida útil dos Aterros Sanitários existentes; e os
resíduos, os resíduos provenientes das coletas sele-
novos aterros provocarão menor impacto ambiental e
tivas de resíduos orgânicos e resíduos secos (emba-
utilizarão áreas menores.
lagens);
2.1 Modelo tecnológico para as áreas de 4. por agentes operadores dos serviços de limpeza
manejo de resíduos sólidos oriundos das urbana, os resíduos inerentes a estas atividades, em
coletas seletivas toda a sua diversidade, principalmente os resíduos
da limpeza corretiva e os da manutenção de áreas
A seguir apresenta-se o detalhamento da estrutura da verdes;
CMR e os parâmetros adotados no planejamento. A 5. por executores diretos de obras públicas, os re-
CMR, como dito anteriormente, reúne um conjunto de síduos gerados nestas obras, principalmente os da
operações e áreas específicas de manejo para diferentes construção civil.
tipos de resíduos.
203
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Fonte: I&T
204
Figura 5 - Desenho ilustrativo do Galpão de Triagem de Resíduos Secos
Região Metropolitana B
captação escritório painéis de
de águas vestiário aquecimento
pluviais refeitório solar
mezanino
pleno atendimento das necessidades dos maiores mu- grande pilha colocada em maturação por período apro-
nicípios, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, ximado de 4 meses, depois de retirada a porção para
Horizonte e Itaitinga, demandará que o Consórcio via- uso na compostagem.
bilize, no futuro, solução mecanizada para triagem ou
alimentação, com maior capacidade e produtividade. A acumulação da galharia e folhas se fará de forma al-
ternada entre duas grandes pilhas, permitindo que
Os estudos de concepção seguirão a sequência básica durante o abastecimento de uma, outra seja maturada.
indicada na Figura 5, a menos da necessidade de meca- Uma área específica receberá os resíduos coletados em
nização de processos em galpões de maior capacidade. Capina e Roçada pela limpeza urbana.
2.1.3 Área de Manejo dos Resíduos Verdes e A organização dessa área de manejo se dará da forma
Madeira indicada na Figura 6.
A área de manejo dos resíduos verdes e Figura 6 – Desenho ilustrativo da Área de Manejo de Resíduos Verdes
madeira deve ser dimensionada para a
recepção destes resíduos, organizando galharia madura desmonte árvores e triagem galharia verde
a operação em seis zonas de trabalho.
205
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Fonte: I&T
Foto 11. Acumulação de madeira industrializada
geração dos resíduos orgânicos.
206
Figura 7 - Desenho ilustrativo do Galpão de Compostagem
Região Metropolitana B
3 Baias uso em rodízio Tubulação no piso Maturação e Resfriamento
ção mais sofisticada, mecanizada e com investimento 2.1.5 Área de Manejo dos Resíduos da Construção
elevado, a ser viabilizada no futuro pelo Consórcio Pú- Civil
blico, depois da introdução dos galpões simplificados.
A área de manejo dos resíduos da construção civil foi di-
O Consórcio Público incentivará que, nas áreas de com- mensionada e organizada em zonas de trabalho. Cada
postagem de cada município, os tempos vagos das equi- zona de operação foi dimensionada para estocagem e
pes responsáveis por este trabalho sejam dedicados à acumulação por razoável período de tempo, harmoni-
produção de composteiras simples, a serem ofertadas zado com a geração local e com uma agenda de atendi-
aos munícipes que adiram à compostagem no domicí- mento por Peneira Vibratória Móvel operada pelo Con-
lio, ou outro ambiente gerador. sórcio Público.
207
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Fonte: I&T
208
2.1.8 Adequação das instalações ao porte dos disponibilidade de processamento.
Região Metropolitana B
municípios
Além das CMRs e Ecopontos, no futuro a Região precisa-
Para a adequação das instalações é necessário identi- rá ampliar o número de municípios dispondo em aterro
ficar o fluxo diário de resíduos em cada Ecoponto. A sanitário seus rejeitos. No momento, e pelo período pre-
partir dos dados de diagnóstico, relacionando-os com visto de implementação deste Plano, os resíduos urbanos
os indicadores de referência, é possível estimar a quan- que não forem recebidos e processados nas instalações
tidade de resíduos que as instalações receberão. planejadas serão encaminhados aos lixões dos municí-
pios ou aos aterros sanitários.
É importante que o Ecoponto seja sinalizado de forma
clara e visível para identificação pelos munícipes e seu A condição atual dos lixões será melhorada pela implan-
horário de funcionamento deve ser amplo para facilitar tação de projetos que estão sendo estudados pela SEMA
o acesso da população, funcionando, inclusive em um por meio dos “Planos de Recuperação de Áreas Degrada-
dos dias do final de semana. das (PRAD) de 81 lixões das Bacias Hidrográficas do Aca-
raú, Metropolitana e Salgado, no Estado do Ceará” em
A remoção dos resíduos para a CMR do município deve fase final de elaboração. Tal Plano prevê que, em muni-
ocorrer com frequência tal que não haja acúmulo ex- cípios para os quais não há perspectiva de disposição de
cessivo de resíduos que dificulte a operação e de forma resíduos em aterros sanitários a curto prazo, será pro-
a que as viagens até a CMR sejam otimizadas. posta uma Solução Transitória, que prevê isolamento
da área dos atuais lixões, limitação da área de descarga
Cada Ecoponto tem abrangência para atendimento de e recuperação gradativa, e limpeza da área do entorno.
uma área da cidade com população em torno de 25 mil
habitantes, mas buscando-se uma distância máxima 2.2 Avaliação do mercado de reciclagem
entre 1,5 km a 2 km, do usuário ao Ecoponto. e mecanismos para criação de fontes de
negócios, emprego e renda
Os volumes recebidos dos munícipes deverão estar li-
mitados ao máximo de 1m3 por descarga efetuada. Ge-
A rota tecnológica adotada para o Plano de Coletas Se-
radores ou transportadores privados de maior porte
letivas da Região Metropolitana B se apoia na certeza de
deverão recorrer à CMR e o uso desta área estará con-
que existe mercado consumidor para todos os produtos
dicionado ao pagamento de preço público adequado e
209
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
que serão recuperados por meio do manejo diferencia- implantação de pontos de recolhimento de lâmpadas,
do dos resíduos urbanos. pilhas e baterias, eletroeletrônicos e pneus é de respon-
sabilidade do setor privado.
Em relação aos resíduos recicláveis secos, hoje o per-
centual recuperado é muito baixo; e para muitos tipos Em todos esses casos, a participação do poder público
de resíduos não há coleta porque não há mercado. No no processo resume-se ao recebimento de pequenas
entanto, a perspectiva de ampliação da disponibilida- quantidades desses produtos nos Ecopontos e CMRs,
de de resíduos por meio de uma coleta seletiva porta a para posterior retirada pelos responsáveis. O Consór-
porta sistemática, que se expande gradativamente na cio deverá manter rigorosos registros e contabilidade
medida em que se implantem soluções de triagem e co- dos custos incorridos em todas as operações realizadas,
locação dos resíduos na cadeia produtiva, certamente para que se efetivem acordos justos entre as partes.
fará surgir novos negócios.
Uma das hipóteses a ser explorada é a emissão, pelo
Não deverá ocorrer problema para a absorção dos re- Consórcio, de Certificados de Logística Reversa, a se-
síduos pelos produtores rurais nos municípios; dados rem negociados diretamente com os responsáveis le-
existentes revelam que os volumes a serem gerados são gais, ou por meio das entidades envolvidas nos Acordos
muito inferiores à capacidade regional de consumo de Setoriais.
fertilizantes (em torno de 0,6 % desta). Serão prioriza-
dos os empreendimentos agroecológicos da Região,
especialmente os vinculados ao Programa de Aquisição
de Alimentos (PAA) e vinculados aos esforços pela con- 3. DOTAR TODOS OS MUNICÍPIOS DE
vivência com o semiárido. ENDEREÇOS RECONHECÍVEIS PARA O
Também não haverá problemas para a colocação dos re- MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
síduos da construção civil como agregados, uma vez que
atualmente a maior parte dos resíduos já é utilizada de
maneira informal em recuperação de vias e nivelamen- A definição do Sistema de Áreas de Manejo de Resíduos
to de terrenos. O simples peneiramento dos resíduos, da Região Metropolitana B foi realizada pelos municí-
como proposto no Plano para o primeiro momento, pios, com apoio técnico da Consultoria, a partir de al-
qualificará os resíduos para uso em diversas obras e guns parâmetros.
serviços públicos. Por fim, uma avaliação preliminar
demonstra o potencial de utilização dos resíduos de As áreas escolhidas deveriam: estar fora de áreas de pre-
madeira (das podas, construção civil e desmonte de vo- servação ambiental, serem lotes adequados às regras do
lumosos) pelas cerâmicas, frigoríficos e outras ativida- Plano Diretor municipal e à Lei de Uso e Ocupação do
des econômicas da Região, que demandam energia de Solo, serem servidas por vias de acesso com boa aces-
baixo custo ou a produção de vapor. sibilidade para caminhões e para a população, evitan-
do-se zonas altas, serem lotes com proximidade à zona
As coletas seletivas previstas no Plano são de respon- habitada para permitir acesso da população, num raio
sabilidade do poder público, de acordo com a Lei de 1,5 km ou no máximo 2 km, com acesso a redes de
11.445/2007, e com o Art. 36 da Lei 12.305/2010. No en- água e energia, e com possibilidade de afetação para
tanto, os resíduos gerados são responsabilidade com- essa finalidade.
partilhada com os fabricantes, importadores, distribui-
dores, comerciantes e consumidores, de acordo com a A estimativa de geração de resíduos em cada município
Lei 12.305/2010. se expressou no tamanho da área demandada. Conside-
rou-se que cada município, mesmo os de maior porte,
Para os resíduos recicláveis secos, predominantemente deveria iniciar a implantação por um galpão de com-
embalagens, há Acordo Setorial firmado em nível fede- postagem com capacidade de processamento de no má-
ral, entre o Ministério do Meio Ambiente e entidades do ximo 3 t/dia de resíduos orgânicos, crescendo na medi-
setor de embalagens e de fabricantes de produtos que da em que a coleta seletiva fosse avançando e o processo
utilizam as embalagens. Tal Acordo prevê, como defi- tecnológico fosse dominado.
nido na Lei, que as operações realizadas pelos serviços
públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sóli- O resultado desse trabalho é um Sistema Regional de
dos relativas à logística reversa de embalagens poderão Manejo, composto por áreas na sede e no território
ser devidamente remuneradas. Será necessário, assim, dos municípios, com 9 CMRs e 16 Ecopontos, sendo
que o Consórcio negocie, em nome dos municípios as- 11 nas sedes municipais e 5 em distritos, indicados no
sociados, acordo no sentido de remunerar as atividades mapa a seguir.
realizadas de transporte e triagem dos resíduos secos. A
210
Mapa das áreas de manejo
Região Metropolitana B
MARACANAÚ
PAJUÇARA MA
H
!
SENADOR CARLOS CE
H
! JEREISSATI H
! RN
"
) MONGUBA "
) PI
H
! PAVUNA ITAITINGA
H
! "
)!H PB
H
!
Oceano Atlântico PE
MARANGUAPE
PENEDO H SAPUPARA
! PACATUBA
H
!
LADEIRA
"
) CMR
GRANDE H
! H
!
CAMARÁ
UMARIZEIRAS
Ecoponto
SÃO JOÃO
DO AMANARI PAPARA H
!
LAGES
H
! H
!
LAGOA DO
ITAPEBUSSU
AMANARI
JUBAIA
GUAIÚBA
JUVENAL
Fluxo municipal
MANOEL GUEDES CACHOEIRA NÚCLEO COLONIAL
TANQUES PIO XII (SÃO GERÔNIMO) HORIZONTE
!"
H )H
!
ANTÔNIO MARQUES
DOURADO
H!
! H!
H Fluxo regional
VERTENTES ANINGAS
DO LAGEDO
QUEIMADOS DOURADOS
BAÚ
Metropolitana B
ITACIMA
ÁGUA VERDE PACAJUS
"
) H
! Divisa Municipal
ITAIPABA H
!
PASCOAL
Setor Censitário
Urbano
CAMPESTRE
PATOS DOS
LIBERATOS
CHOROZINHO Rodovias
H"
!) CEDRO
H
! TIMBAÚBA DOS
MARINHEIROS
TRIÂNGULO
SERRAGEM
NOVO HORIZONTE
"
) OCARA
H SERENO
!
DE CIMA
CURUPIRA
3.1 Divisão do município em setores para ponda às exigências do período: menores no início do
coleta seletiva processo de gestão associada e maiores no período em
que maior número de atividades estiver implantado e
Nos municípios com população urbana na sede supe- os ganhos de escala se manifestarem mais fortemente.
rior a 25 mil habitantes ou cuja malha urbana seja des-
contínua, dificultando o acesso dos munícipes à CMR O número de servidores do Consórcio Público, e seus
para entrega de resíduos, foi feita pelos técnicos mu- cargos e salários, deverá obedecer ao disposto no Proto-
nicipais uma setorização de forma a definir a área de colo de Intenções a ser discutido e aprovado pelos mu-
abrangência da CMR e propostos Ecopontos que garan- nicípios. O Protocolo, que aprovado se transformará
tissem fácil acesso a todos às áreas de recepção de re- em Contrato de Consórcio, estabelecerá como que uma
síduos. Recomendou-se também a localização de Eco- “reserva” de servidores, em número elevado, para que
pontos nos distritos mais populosos, ficando, portanto, paulatinamente a equipe técnica possa crescer, de acor-
todo o território dos municípios coberto pela rede local do com as demandas do período.
proposta.
As equipes foram dimensionadas de acordo com três
cenários que refletem o estágio de implantação das ope-
3.2 Pré-dimensionamento das equipes
rações:
administrativa e operacionais.
• Cenário I – de início da implantação das instala-
A dimensão das equipes para sustentação adequada da ções, definição dos contratos, e início das operações
gestão decorre das rotas tecnológicas adotadas, do nú- de compostagem;
mero de instalações planejado pelas equipes locais e da • Cenário II – com operações de compostagem em
decisão de adoção da Gestão Associada, de forma a cen- curso e início das operações extensivas de coleta se-
tralizar no Consórcio Público, estabelecido como autar- letiva de resíduos secos;
quia intermunicipal, a coordenação de todo o processo.
• Cenário III – com operações de compostagem já
Logicamente, as equipes deverão ter dimensão que res- consolidadas e operações com resíduos secos com-
pletas nos municípios menores e bem avançadas nos
211
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
maiores municípios associados. Foto 15. Ecoponto operando com caçamba estacionária
3.2.3 Dimensionamento da equipe operacional dos Para o processo de compostagem os investimentos ini-
Ecopontos ciais preveem: 1) a implantação de um galpão de com-
postagem coberto, com estrutura metálica, cobertura
Com o objetivo de facilitar para a população o descarte de telhas onduladas e piso concretado, equipado com
212
baias, tubulação e bomba sopradora, temporizador, 4. AJUSTAR A SOLUÇÃO DE COLETA
Região Metropolitana B
termosonda e peneira rotativa para o composto; 2) uma PARA O MANEJO DIFERENCIADO
guarita em fibra de vidro, com WC, fossa e sumidouro,
sobre cobertura, entrada e medidores de energia e de
água, para suporte à equipe inicial de operadores. Desta A implantação do Plano das Coletas Seletivas exigirá
forma, na Região Metropolitana B, o investimento ini- mudanças e ajustes na forma como atualmente se reali-
cial em 9 galpões de compostagem completos será de R$ za a coleta de resíduos nos municípios.
767.855,35.
Na Região Metropolitana B a prática predominante é a
Já para o manejo dos resíduos secos, conforme o planeja- coleta de resíduos domiciliares indiferenciados, ocor-
mento adotado pelos técnicos municipais, estão previs- rendo apenas em Maranguape, por iniciativa da Asso-
tos investimentos em Galpões de Acumulação (estações ciação de Catadores AVATAH, a coleta seletiva em alguns
de transferência) e Galpões de Triagem, sensivelmente bairros do município.
menores que os esperáveis, pela redução do número de
A primeira etapa de implementação do Plano será a im-
unidades de triagem propiciado pelo compartilhamento
plantação da compostagem dos resíduos orgânicos, co-
de instalações no Consórcio Público. Na Região Metro-
letados de forma seletiva. Para os municípios menores,
politana B os investimentos iniciais para recuperação
mesmo onde o galpão de compostagem seja implantado
dos resíduos secos em todos os municípios são estima-
em um módulo único, a coleta deve avançar em duas
dos em R$ 212.251,50 para 3 Galpões de Acumulação e R$
etapas, de forma a cobrir inicialmente 50% da área ur-
7.404.660,06 para 6 Galpões de Triagem completos.
bana e depois os outros 50%.
Os investimentos para qualificação do RCC e das ma-
Para municípios maiores, que gerem até 6t/dia, uma
deiras, de forma a ampliar sua capacidade de reutili-
segunda etapa estará condicionada à implantação de
zação, serão feitos em equipamentos móveis, para uso
outro módulo do galpão para ampliar sua capacidade
compartilhado por todos os municípios: R$ 50 mil es-
de processamento de resíduos. E para municípios que
timados para uma Peneira Móvel e R$ 180 mil para um
geram mais de 6t/dia até 9t/dia a implantação da cole-
Picador Florestal sobre carreta homologada.
ta seletiva de orgânicos avançará em 3 etapas, à medida
O quadro geral dos investimentos necessários para o em que sejam acrescidos novos módulos de galpões de
início de todas as atividades planejadas deve considerar compostagem.
também o custo de uma Edificação de Apoio, a ser esta- Portanto, para a implementação do Plano, a primeira
belecida em cada uma das CMR. Desta forma, os inves- alteração a ser feita é a mudança da coleta indiferencia-
timentos iniciais e seu impacto na população urbana da da para coleta seletiva em duas frações: coleta exclusiva
Região Metropolitana B são indicados no quadro a seguir. de orgânicos e coleta de secos e rejeitos de forma con-
junta (ressalvadas as iniciativas já existentes de coleta
seletiva de secos).
Galpão de
Equipamentos Ecopontos
Infraestrutura Galpões de Acumulação e Edificações de
Móveis RCC e simples e com
básica das CMR (9) Compostagem (9) Triagem RS secos Apoio (9)
Madeiras (2) platô (16)
(9)
Total: 13.267.872,66
Total: 22,77
Fonte: I&T
213
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Inicialmente os contratos atuais serão a base sobre a de um modelo eficiente de coleta se impõe.
qual se dará a coleta seletiva dos orgânicos. O Consór-
cio Público, em conjunto com cada município, deverá As coletas porta a porta e ponto a ponto possuem van-
planejar o processo gradativo de alteração das rotinas tagens e desvantagens. Em uma análise simples de lo-
de coletas, buscando manter ao máximo os termos con- gística de transporte, é possível visualizar uma solução
tratuais, de forma a reduzir o impacto das novas coletas intermediária, mista, que agrega boa parte das vanta-
sobre as empresas contratadas, sem colocar em risco o gens de ambos os processos, aumenta a eficiência e re-
cumprimento das metas do Plano. Algumas rotas serão duz custos.
alteradas para coleta seletiva de orgânicos em parte da
Este modelo consiste na coleta porta a porta por um
cidade, em dias alternados com a coleta de indiferen-
coletor munido de um carro bag. Este coletor dialoga
ciados; as demais permanecerão como estão.
com os moradores dos domicílios nos quais faz a coleta,
Com a mesma estrutura atual de coleta, portanto, pas- controla a qualidade da segregação e acumula os resí-
sa-se a atender a coleta das duas frações: uma exclusiva- duos coletados porta a porta em um bag. Quando o bag
mente de orgânicos e outra de resíduos secos e rejeitos. estiver completo, o mesmo é conduzido a um ponto de
Com a adoção da coleta seletiva de resíduos secos porta acumulação, de onde será transportado à CMR por um
a porta introduz-se uma terceira coleta. caminhão baú, ou um veículo menor, de acordo com o
porte do município.
4.1 Definição de rotas e frequência para coleta
A coleta mista contorna a principal desvantagem da co-
e transporte dos materiais coletados
leta porta a porta com caminhões, ao operar esta etapa
com veículos de baixíssimo custo operacional, agrega
A frequência de coleta dos resíduos indiferenciados pra-
a vantagem da rápida coleta ponto a ponto com cami-
ticada atualmente é principalmente diária nos municí-
nhões de maior capacidade volumétrica e, contorna a
pios da Região Metropolitana B, com algumas exceções.
desvantagem dos contêineres ao controlar a presença
Nos municípios ou áreas de municípios em que a cole- de rejeitos entre os resíduos valorizáveis.
ta é feita diariamente é muito simples a implantação da
A coleta mista se ancora em um processo de gestão inte-
coleta em duas frações – uma de orgânicos e outra com
grada de resíduos sólidos, atuando a partir de uma rede
secos e rejeitos. Para isso, basta tornar as duas coletas al-
de pontos de apoio, distribuídos pelo território urbano,
ternadas, como ocorre em grande parte das cidades bra-
em espaços de instituições parceiras (pátios de escolas,
sileiras, sem problemas inclusive nas cidades maiores.
igrejas, mercados, postos de combustível etc.), para oti-
Do ponto de vista das rotas não haverá necessidade de mização dos fluxos e da logística de coleta.
alteração no primeiro ano de implantação, uma vez
A implantação da coleta seletiva na modalidade mista
que há contratos em andamento, que provavelmente
em estudos realizados pela Consultoria, quando atin-
serão renovados, e ainda não é possível prever o teor
gida a escala de todo o território, custa em média 25%
das alterações.
a mais do que a coleta convencional nele realizada.
Para o período seguinte, informações que deverão ser Porém, esta implantação possibilita a recuperação dos
coletadas e sistematizadas pelo Consórcio poderão in- resíduos e, ao invés do custo de aterramento, gera as re-
dicar necessidade de revisão dos roteiros de coleta atu- ceitas da valorização, invertendo a prática ilegal de ater-
almente praticados, no sentido de tornar o processo ramento sem reaproveitamento.
mais eficiente.
Esta estratégia de universalização da coleta seletiva de
A coleta dos resíduos orgânicos será, portanto, feita em resíduos secos para todo o território dos municípios
dias alternados em todos os municípios. O Consórcio permite plena incorporação do trabalho dos Catado-
deverá apoiar os municípios nessa transição para calcu- res de Materiais Recicláveis, regularmente contratados
lar os volumes a coletar e traçar as novas rotas dia a dia. para as atividades que vierem a desempenhar, e traba-
lhando em instalações apropriadas, cuja implantação
4.2 Introdução da coleta em três frações poderá ser financiada pelos recursos obtidos pela recei-
ta dos diferentes tipos de resíduos.
No momento da implantação da coleta em três frações, A coleta de resíduos secos porta a porta deverá ter fre-
será introduzida uma outra coleta, exclusiva para resí- quência semanal, já experimentada em quase todos os
duos secos. municípios que praticam coleta seletiva de secos, com
bons resultados, pois os resíduos são leves e suas carac-
A partir da vigência da Lei 12.305/2010, a coleta seletiva
terísticas permitem armazenamento nas residências
não é mais uma opção, de acordo com as conveniências
por esse período sem gerar incômodos.
do governo local, mas uma exigência. Assim, a definição
214
Foto 16. Dispositivos para a coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Região Metropolitana B
Fonte: elaboração I&T
Foto 17. Coleta seletiva mista (porta a porta com veículos leves e ponto a ponto com caminhão)
Fonte: I&T
O transporte dos resíduos verdes, resíduos da constru- tas especiais programadas desses resíduos com veículos
ção civil e resíduos volumosos dos Ecopontos às CMRs da Prefeitura ou do Consórcio, também devidamente
poderá ser feito pelo próprio município ou pelo Con- identificados. Os resíduos deverão ser mantidos dentro
sórcio. No caso de ser decidido pelos municípios operar dos respectivos terrenos até o momento da coleta.
o transporte pelo Consórcio, logo que possível deverão
ser utilizados caminhões poliguindaste para transporte 4.3 Equipamentos e equipes das Coletas
dos resíduos em contêineres, simplificando bastante a Seletivas
operação do Ecoponto.
A coleta seletiva de orgânicos, a primeira a ser aplica-
Não existe uma frequência pré-definida de transpor- da de forma extensiva, operará a partir dos contratos já
te, uma vez que pode haver variação na disposição de existentes, sem alteração do número de equipamentos e
resíduos pelos usuários. Com algum tempo de funcio- das equipes envolvidas. Será extremamente importan-
namento, o Consórcio poderá prever com melhor pre- te o controle da eficácia da segregação nos domicílios, a
cisão as rotinas de transporte desses resíduos volunta- ser realizado pelos coletores, para possibilitar eficiência
riamente entregues nos Ecopontos. nos processos do Galpão de Compostagem.
A prática atual de coleta de diversos tipos de resíduos na Já a coleta extensiva de resíduos secos segregados pelos
mesma viagem terá que ser totalmente abolida. geradores obrigará a introdução de novas equipes e no-
vos equipamentos, que em alguns casos poderão estar
Os veículos de coleta domiciliar não poderão recolher
agregados aos contratos em vigor.
resíduos que devem ser entregues pelos munícipes nos
Ecopontos ou a CMR – resíduos de construção, resíduos A coleta seletiva de orgânicos é a única a ocorrer no
verdes do domicílio e resíduos volumosos. Cenário I já descrito, com adequação dos contratos ou
equipes já operantes. Nos Cenários II e III é incluída e
Em regiões das cidades onde predominam moradores
se expande a coleta seletiva de RS secos, conforme pro-
de baixo poder aquisitivo, poderão ser realizadas cole-
215
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
postas de metas de avanço. O início da coleta de secos na da construção civil – Ecopontos e CMR – bem como dos
Região Metropolitana B envolverá inicialmente o tempo resíduos da logística reversa que deverão ser levados a
de trabalho de 90 coletores e 13 caminhões. esses locais.
4.4 Requisitos mínimos de segurança e saúde Como aspecto estrutural da campanha deverão ser mo-
do trabalhador para operação das áreas de bilizados os agentes comunitários de saúde e os agentes
manejo de combate a endemias, cuja atuação se dá por meio de
contatos diretos periódicos em todos os domicílios em
Todas as normas aplicáveis de segurança e saúde do tra- cada município. Serão estes agentes o ponto de apoio
balhador deverão ser seguidas nas operações de coleta de para as mudanças comportamentais imediatamente
resíduos, segregação nos locais de tratamento, prepara- necessárias. A Região conta com 1.000 agentes de saúde
ção para venda, carregamento e descarregamento de re- e 441 agentes de combate a endemias, conforme deta-
síduos e operação de todas as atividades de tratamento. lhado no Diagnóstico.
O Consórcio deverá elaborar Programa de Prevenção Outra linha de mudança comportamental ocorrerá nas
de Riscos Ambientais (PPRA) e Plano de Controle Con- escolas, com o desenvolvimento de atividades de edu-
tra Incêndio (PCI) para cada uma das CMRs da Região, cação ambiental centradas na não geração, redução de
garantindo que todas as normas de segurança sejam geração, reutilização e reciclagem de resíduos. Trata-se
permanentemente observadas, além de Programa de de expor cotidianamente às novas gerações em forma-
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos ção, nas 882 escolas da Região, os caminhos que devem
trabalhadores envolvidos. Deverão ser utilizados Equi- ser seguidos por todos os tipos de resíduos gerados no
pamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI) ambiente escolar - daqueles das salas de aula, aos ad-
nas instalações, sempre que as atividades a ser executa- ministrativos, aos de reparo das instalações, aos de lo-
das assim exigirem. gística reversa como lâmpadas e eletroeletrônicos, aos
volumosos, aos da cantina escolar e outros.
portamentais necessá-
tal. Devem mudar seus hábitos em relação ao manejo rias será imprescindível
dos resíduos os moradores das cidades e dos distritos, o envolvimento dos esta-
os grandes geradores, os trabalhadores da limpeza ur- belecimentos comerciais
bana e da coleta de resíduos domiciliares, as escolas, PROTOCOLO DE
(lojas, mercantis, qui-
os funcionários públicos, os pequenos comerciantes e INTENÇÕES tandas, distribuição de
prestadores de serviços. Há mudanças comportamen- materiais de construção
DO
tais imediatas, pois as coletas seletivas têm que ser im- etc.) para que se respon-
plantadas de imediato, e mudanças que apontam para CONSÓRCIO DA sabilizem pelo anúncio
o futuro, operando principalmente no ambiente esco- dos novos endereços
REGIÃO
lar, preparando as novas gerações para a continuidade para disposição dos resí-
e aprofundamento do manejo responsável de resíduos METROPOLITANA B
duos e novas regras.
no ambiente urbano. VERSÃO 04/10/2017 1
216
Como mencionado em várias passagens deste Plano, ção, prestação dos serviços, implantação das unidades
Região Metropolitana B
essa instância é um Consórcio Intermunicipal formado de manejo, venda dos materiais recuperados e cobran-
com a participação dos 9 municípios da Região Metro- ça para sustentabilidade dos serviços prestados.
politana B contemplados pelo projeto de implementa-
ção de coletas seletivas nas bacias prioritárias do Ceará. Aponta-se o planejamento coordenado pelo Consórcio
Público, os serviços de coleta e limpeza realizados pe-
Para essa construção, iniciou-se durante a etapa de pla- los municípios, a operação das unidades de destinação
nejamento, a discussão de uma Minuta de Protocolo de pelo Consórcio, o recolhimento da Taxa de Resíduos Só-
Intenções com os municípios da Região. lidos também por ele, que se responsabilizará pela fis-
calização local, e a regulação e fiscalização dos contratos
A construção do Consórcio é muito importante para a pela ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos
obtenção de recursos do Governo do Estado para a im- Delegados do Estado do Ceará.
plementação do Plano, uma vez que consórcios inter-
municipais para a gestão de resíduos sólidos têm prio- 6.2 Programas e ações de capacitação
ridade na alocação de recursos estaduais, conforme técnica voltados para a implementação e
definição da Lei 16.032/2016. operacionalização das Coletas Seletivas
O Consórcio a ser formado deve ter uma equipe própria
Para que a implementação e a operação das Coletas Se-
suficiente para realizar todas as atividades de planeja-
letivas Múltiplas sejam eficientes e efetivas, o Consórcio
mento, fiscalização das posturas dos usuários e das ati-
deverá desenvolver programas e ações de capacitação
vidades operacionais de coletas nos municípios,
técnica para sua estruturação institucional, implantação
O Protocolo mencionado trata também de um aspecto das coletas diferenciadas, coleta segregada de deposi-
particularmente importante das coletas seletivas, que ções irregulares, operações de compostagem e triagem
é um caminho ágil e seguro para a comercialização dos de secos, RCC, volumosos, verdes e de logística reversa,
resíduos processados: composto orgânico, resíduos se- monitoramento geral da eficácia das operações.
cos triados e enfardados, madeiras picotadas, resíduos
Essa capacitação será essencial para transformar as prá-
da construção civil segregados corretamente. Para isso
ticas atualmente existentes, particularmente nas coletas.
é prevista a constituição de Fundos Municipais e de um
Fundo Regional de Financiamento do Manejo Diferen-
6.3 Monitoramento e indicadores, controle
ciado, receptor dos resultados da comercialização, para
e fiscalização da implementação e
cobertura de custos operacionais e aplicação no inves-
operacionalização no âmbito local
timento de novas instalações que integrarão o Sistema
Integrado de Áreas de Manejo planejado para a Região.
As coletas seletivas múltiplas inicialmente, pelo menos,
Além disso há quatro anexos que tratam de aspectos estarão a cargo dos municípios. Nos casos dos municí-
fundamentais da prestação dos serviços de limpeza ur- pios da Região Metropolitana B que contratam serviços,
bana e manejo de resíduos sólidos: o primeiro é rela- o controle e a fiscalização da execução dos contratos de-
tivo aos empregos que são criados; o segundo trata de vem ser feitos pelas secretarias municipais contratantes
uma exigência da Lei 11.445/2007, que é o regulamen- e órgãos de controle do município.
to uniforme para a prestação de serviços em regime de
gestão associada, estabelecendo desta forma elementos Ao município, portanto, caberá a verificação de cum-
importantes da política municipal de resíduos sólidos; primento de rotas, calendário, horários, condição de
o terceiro autoriza o lançamento de Taxa de Resíduos operação e sinalização dos veículos utilizados, equipes
Sólidos Domiciliares no município, indispensável para de coleta alocadas aos serviços, cumprimento de uso de
a sustentabilidade da prestação dos serviços, conforme uniforme e equipamentos de segurança e proteção in-
definição também da Lei 11.445/2007 e o quarto anexo dividual, eficiência da coleta.
trata de leis uniformes para o gerenciamento de resídu-
Ao Consórcio caberá a fiscalização em relação à segrega-
os da construção civil.
ção dos resíduos que entram nas CMRs da Região, sen-
do necessário um intenso intercâmbio de informações
6.1 Definição das responsabilidades para
para que as desconformidades na coleta sejam corrigi-
implementação do Plano de Coletas Seletivas
das, e campanhas sejam reforçadas.
A proposta discutida pelos municípios divide as respon- Um sistema de monitoramento da coleta e da operação
sabilidades entre as secretarias municipais responsáveis das áreas de manejo implica a estruturação de processos
pela gestão de resíduos, o Consórcio e o Governo Esta- de registros de informações e produção de indicadores
dual no tocante ao planejamento, regulação, fiscaliza- capazes de orientar ações corretivas e preventivas. De-
217
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
218
7.1 Estratégias de incentivo para a Para os catadores, as OSCs têm contribuído com ações
Região Metropolitana B
formalização das cadeias produtivas da de defesa e garantia de direitos, visando sua autonomia
reciclagem e organização produtiva com base na economia solidá-
ria e autogestão.
A Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos, no seu artigo 8º, coloca de forma explicita Com a aprovação da Lei 13.019/2014, que estabelece o
que o incentivo à criação e ao desenvolvimento de co- regime jurídico nacional único das parcerias entre a ad-
operativas ou de outras formas de associação de cata- ministração pública e as OSCs, ampliam-se as possibili-
dores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos dades de concretizar o apoio aos catadores no formato
instrumentos principais da Política. Nesta mesma pers- de atividades ou de projetos. Uma das inovações da Lei
pectiva outro ponto importante a ser destacado é que as 13.019/14 é considerar as cooperativas integradas por
metas para a eliminação e recuperação de lixões devem pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
ser associadas à inclusão social e à emancipação econô- ou social como Organizações da Sociedade Civil – OSCs.
mica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
Com esta possibilidade, a Administração Pública e as
que neles estejam presentes.
OSCs podem firmar termos de colaboração visando
Neste Plano, apresenta-se o apoio e o fomento como es- atender às demandas dos catadores e de suas famílias,
tratégias articuladas, visando a formalização da cadeia por meio de atividades, realizadas de modo contínuo
produtiva de reciclagem com a inserção socioeconômi- e permanente, como programas de assistência social,
ca de cooperativas e associações de catadores. De forma alfabetização ou elevação da escolaridade, de saúde, de
complementar, apresentam-se em anexo minutas dos habitação popular, ou parcerias no formato de projetos,
principais instrumentos para parcerias entre a Admi- limitadas no tempo, como aqueles de capacitação e as-
nistração Pública e as Organizações da Sociedade Civil – sessoria técnica na atividade econômica da reciclagem.
OSCs. No campo do fomento, apresenta-se um manual
Há uma série de exigências formais a serem cumpri-
de instruções para a formalização de associações e coo-
das, conforme se poderá ver no Anexo a este Plano, que
perativas de catadoras e catadores de material reciclá-
apresenta um roteiro para a constituição de associações
vel, um breve estudo sobre a viabilidade econômica de
e cooperativas de catadores.
cooperativas na prestação de serviços de coleta seletiva
e minutas para o estabelecimento de contratos de pres- Considerando que o mecanismo de chamamento pú-
tação de serviços entre a Administração Pública e coo- blico é um dos instrumentos fundamentais na cele-
perativas de catadores. bração de parcerias, disponibiliza-se nos anexos deste
Plano, edital de chamamento público para termos de
Apresenta-se ainda como estratégia o desenvolvimento
colaboração, visando ampliar o conhecimento desta
de um programa específico voltado à formalização da
modalidade de parcerias entre a Administração Pública
presença dos empreendimentos comercializadores de
e as Organizações da Sociedade Civil.
materiais recuperados ou recicláveis na economia local.
7.1.2 Fomento às cooperativas
7.1.1 Apoio aos catadores
No artigo 36 da Lei 12.305/10 ficou estabelecido que o
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reconhece que
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de
os catadores têm na coleta, separação e venda de reci-
manejo de resíduos sólidos, ao estabelecer o sistema de
cláveis sua principal fonte de sobrevivência, e por isso
coleta seletiva, “priorizará a organização e o funciona-
exige que as metas de eliminação e recuperação dos li-
mento de cooperativas ou de outras formas de associa-
xões estejam obrigatoriamente associadas à sua inclu-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
são social e à emancipação econômica deste segmento.
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como
Nos lixões os catadores trabalham em condições pre- sua contratação”. Também é importante ressaltar que
cárias e na sua maioria se encontram em situação de esta priorização só pode se dar por meio de contrata-
extrema vulnerabilidade ou risco pessoal ou social e ção, prevista na legislação, e dispensável de licitação,
precisam fundamentalmente de programas e ações de conforme a Lei 11.445/2007.
combate à pobreza e geração de trabalho e renda.
Enquanto as questões relacionadas a organização e fun-
Neste caso, as parcerias entre a Administração Pública cionamento das cooperativas ou de outras formas de as-
e as Organizações da Sociedade Civil – OSCs são instru- sociação de catadores devem ser abordadas no âmbito
mentos fundamentais no processo de apoio à inclusão do apoio, a priorização da contratação das cooperativas
social e à emancipação econômica dos catadores. ou de outras formas de associação de catadores deve ser
tratada na esfera do fomento, onde os interesses são co-
219
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
merciais. Assim a Administração Pública deve observar mente da natureza dos estabelecimentos comercializa-
a isonomia no tratamento, e a priorização mencionada dores de menor porte, assegurarem seus resultados eco-
na legislação significa criar condições adequadas, de nômicos a partir de uma relação desqualificada com os
forma a impulsionar e estimular a participação destes seus fornecedores de materiais. As relações dos estabe-
empreendimentos sociais como prestadores de serviço. lecimentos com os catadores são bastante arcaicas, típi-
cas de atividades informais, e precisam ser qualificadas.
Desta forma, a Administração Pública deve remunerar
as cooperativas ou associações de catadores quando da Por último, a necessidade de formalização se imporá
contratação dos serviços de coleta e triagem de resíduos pela demanda que se mostrará crescente para uma pre-
sólidos urbanos recicláveis, nos mesmos moldes em que sença mais significativa dos estabelecimentos na efetiva-
o faria para contratação de uma empresa prestadora de ção de um fluxo de “exportação” dos resíduos da região
serviços. geradora. O conjunto destes estabelecimentos, com to-
das as suas precariedades, constitui hoje o caminho para
O fomento deve priorizar a inserção dos contratos em a destinação de resíduos recicláveis que serão necessa-
atividades previstas neste Plano de Coletas Seletivas, riamente coletados de forma muito mais intensa. Este
alocando as organizações de catadores e seus núcleos de conjunto expressa um fluxo regional de captação e des-
trabalho em processos de coleta e triagem de resíduos tinação de resíduos importantes e valorosos que precisa-
recicláveis diversos. rá ser ativado pelo Poder Público, por meio do Consórcio
Público e seus instrumentos de atuação, já descritos nes-
Neste sentido, no âmbito de um plano que estabelece
te plano, para destinação e valorização de resíduos.
um Sistema de Áreas de Manejo, a ser gerido por um
Consórcio Público da Região Metropolitana B, assume
importância a perspectiva de organização do fomento
aos catadores por meio de uma cooperativa ou associa-
8. DAR CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA
ção de abrangência regional, que articule os grupos de
catadores em cada município, por menores que sejam, DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E
permitindo o desenvolvimento de atividades localmen- FINANCEIRA
te planejadas.
De acordo com o SNIS 2015, 56,8% dos municípios bra-
7.1.3 Formalização dos estabelecimentos
sileiros que responderam ao questionário do Sistema
comercializadores de material reciclável
para o ano de 2015 cobram pelos serviços prestados. No
caso dos municípios do Nordeste esse percentual cai
Não só os catadores estão ausentes da cadeia produtiva
para 38,6%.
formal da reciclagem. Também os sucateiros de menor
porte, muitos atuando a partir de domicílios, ou apenas O custo anual médio apurado pelo SNIS 2015 para mu-
intermediando negócios e efetuando o transporte entre nicípios com menos de 30 mil habitantes é de R$ 7,13
agentes, carecem de formalização das suas atividades. por habitante ao mês. Para a faixa entre 30 mil e 100 mil
Esta necessidade deve ser atendida com o desenvolvi- habitantes o custo é de R$ 6,86/hab.mês e para a faixa
mento de um programa específico voltado ao incentivo entre 100 mil e 250 mil habitantes é de R$ 7,08. Para mu-
à formalização, mas também apoiado no esforço de fis- nicípios do porte de Maracanaú o custo é de R$ 8,84 por
calização das condições de trabalho oferecidas e condi- habitante por mês. Estes custos englobam todas as des-
ções sanitárias existentes. pesas dos serviços de limpeza urbana e manejo de resí-
duos sólidos, inclusive disposição final.
Três motivos tornam o desenvolvimento deste progra-
ma bastante importante. Em primeiro lugar o fato de A partir dos dados disponibilizados pelos municípios
que são agentes já estabelecidos, numerosos, e que fa- participantes do projeto (81 em três bacias hidrográfi-
zem uma movimentação de materiais em volume ex- cas) foi possível estimar a partição do dispêndio público
pressivo, porém ainda desconhecido. Dados anteriores com a gestão dos resíduos sólidos, que permitirá ana-
sugerem que este volume seja em torno de 4 vezes supe- lisar a estrutura de custos na Região Metropolitana B.
rior ao dos programas de reciclagem com apoio direto
do poder público. 8.1 Sistema de cálculo de custos da prestação
de serviços públicos das Coletas Seletivas
De outro lado, justifica esta ação o fato de que estes es- Múltiplas e formas de cobrança
tabelecimentos são alimentados por um número sig-
nificativo de catadores “de ofício” ou por munícipes de
A introdução das coletas seletivas múltiplas irá alterar
menor renda que buscam ampliação de seus proventos,
a composição dos custos municipais para a prestação
recorrendo a segregação de resíduos para tanto. É atual-
dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana.
220
de manejo dos resíduos sólidos, decorrente da gestão
Região Metropolitana B
Gráfico 6 – Despesa mensal (parcial) per capita
com serviços de manejo de resíduos sólidos e associada por Consórcio Público.
limpeza urbana na Região Metropolitana A e B
De uma forma geral, para os orgânicos, os custos de cole-
Pacatuba
ta pouco impactarão por serem similares aos custos atu-
Pacajus ais, mas serão introduzidos os custos de compostagem
em substituição ao de aterramento; para os resíduos se-
Ocara cos, os custos de coleta serão superiores, assim como o
Maranguape de destinação por triagem, em substituição ao custo de
aterramento; os custos de captação de resíduos de cons-
Maracanaú trução civil, volumosos e verdes diretamente nas CMR e
Itatinga Ecopontos será inferior ao custo de remoção de deposi-
ções irregulares ou coleta especial destes resíduos.
Horizonte
Na análise dos novos custos incidentes não há senti-
Guaiúba
do em uma análise por município, na medida em que
Chorozinho a gestão é regionalizada, operada pelo Consórcio Pú-
blico. O custo é regional e dele participam os municí-
Fortaleza
pios na forma estabelecida em Contrato de Rateio (Lei
Eusébio 11.107/2005) que deverá ser firmado ao início das ope-
rações. Também não há sentido em uma análise de cus-
Caucaia
tos por tipo de resíduos, dado que a rota adotada nas
Aquiraz Coletas Coletivas Múltiplas se viabiliza pela integração
6.000 12.000 18.000 24.000 30.000
física dos processos, da qual deve decorrer uma gestão
integrada dos recursos, despesas e receitas, alocadas em
Fonte: Elaboração I&T
cada tipo de operação, de forma que aquelas superavi-
Ressalve-se o fato de ser incomparável a situação atual
tárias reduzam os custos das deficitárias.
em que meramente são afastados os resíduos do espaço
urbano onde são gerados, em relação à situação com as De qualquer forma, nos quadros a seguir são apresenta-
coletas seletivas, pela ativação de cadeias econômicas das estimativas de custos para os novos processos.
e postos de trabalho, redução de impactos e custos no
meio ambiente e, inclusive, no sistema de saúde. As al- Resíduos recicláveis secos, resíduos orgânicos, madeiras
terações diretas são: e resíduos da construção civil, quando adequadamente
• Ampliação do custo de coleta pela introdução da manejados, geram receitas – excedente econômico que,
coleta diferenciada de secos após o início do proces- gerido de forma integrada, deve ser incorporado para
so com o manejo de orgânicos; cobertura de custos e o financiamento do próprio Siste-
ma de Áreas de Manejo de Resíduos.
• Ampliação dos custos de destinação pela introdu-
ção do processamento de resíduos; Na Região Metropolitana B, especial atenção deverá ser
• Redução geral de custos pela contabilização das re- dedicada à realização das receitas oriundas da comer-
ceitas geradas com os materiais valorizáveis; cialização das embalagens e produtos recicláveis, 73%
da receita total potencial, e das oriundas da qualifica-
• Redução geral dos custos pela eliminação de parte ção do RCC como agregado reutilizável, 17% da receita
do custo de aterramento; total potencial.
• Redução geral de custos pela ampliação da escala
Custo
Custo total Custo total novas
administrativo Custo total CMR Custo da coleta de
Região Ecopontos (R$/ operações e per
consórcio (R$/ (R$/mês) secos (R$/mês)
mês) capita (R$/mês)
mês)
221
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
Quadro 14 - Custos Unitários para o manejo de resíduos oriundos das Coletas Seletivas Múltiplas
Secos
Tipo de resíduo Orgânico (R$/t) RCC (R$/t) Verdes (R$/t) Volumosos (R$/t) (embalagens)
(R$/m3) (**)
(*) computadas receitas; (**) resíduo com custo apurado por volume
Quadro 15– Potencial de receitas com a comercialização dos resíduos tal, os recursos provenientes
tratados na Região Metropolitana B de multas e outras receitas, as
dotações orçamentárias para
cobertura do custo de limpeza
Quantidade Valor de venda Valor potencial de urbana (custos indivisíveis) e os
Resíduo
mensal processada unitário (R$) receita (R$/mês) recursos provenientes da arre-
cadação da TRSD – Taxa de Resí-
duos Sólidos Domiciliares para
Composto (t) 70,20 148,50 10.424,70
cobertura do custo de manejo
de resíduos (custos divisíveis).
Embalagens (t) 618,70 280,63 173.627,57
222
9. DEFINIR O PAPEL DO ESTADO COMO guarita coberta, equacionamento da peneira móvel e do
Região Metropolitana B
INDUTOR DO AVANÇO NECESSÁRIO picador de madeiras; no segundo ano serão implantados
3.500
2.800
ICMS - 2% (mil R$)
2.100
1.400
700
0
2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016
Metropolitana B - Repasses ICMS Socioambiental
Fonte: SEMA
223
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
• reconhecimento dos atores para efetivação da Mu- sença de recursos do Estado, que já estabeleceu como
dança Comportamental (Agentes de Saúde e Escolas) linha de ação a concentração dos apoios por meio dos
e sua capacitação; Consórcios Públicos. Desta forma, o primeiro passo
deve ser o de constituição do Consórcio Público na Re-
• compromisso com a reconfiguração da coleta de
gião Metropolitana B, com aprovação de toda a base le-
resíduos domiciliares executada por execução direta
gal para seu início de operação.
ou contrato terceirizado;
• adoção de solução para a recuperação dos custos Portanto, anteriormente às metas de operação da coleta
operacionais (Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares, seletiva de orgânicos há metas para o Consórcio e para
preços públicos e outras) e estabilidade da prestação construção das CMR. Em relação às metas de coleta,
do serviço público. sugeriu-se que sejam alcançadas por etapas, de acordo
com o porte dos municípios: em duas etapas nos muni-
9.2 Cessão do Gestor Ambiental Residente cípios menores e em três etapas nos maiores.
Além de aporte de recursos financeiros, o apoio do Es- Haverá ampliação gradativa dos módulos do galpão e
tado à gestão se fará pela cessão de um servidor – Ges- das baias na medida em que avance a coleta seletiva, e
tor Ambiental Residente - técnico com as qualificações ajustes futuros com introdução progressiva de meca-
requeridas, que exercerá por algum tempo o cargo de nização nos maiores municípios, respeitando-se um
Superintendente do Consórcio que será criado apoian- processo de aprendizagem e prevendo-se avanços que
do seu Presidente e a Diretoria (escolhidos todos entre permitam a universalização do tratamento dos orgâni-
os prefeitos da Região Metropolitana B). cos do município.
Ao técnico cedido pelo Estado incumbirá, em conjun- No tocante à coleta seletiva de secos, que deve ser ante-
to com os gestores e técnicos locais, estruturar o órgão cedida de investimentos mais significativos nas infraes-
intermunicipal na forma estabelecida no Protocolo de truturas de triagem, considera-se na proposta de metas
Intenções e neste Plano. que ela se iniciará, de forma extensiva, em um período
em que as mudanças comportamentais já estão em cur-
Será essencial seu papel de capacitador das equipes so. Desta forma propôs-se que a introdução das novas
locais, transmitindo conhecimento, viabilizando solu- rotas de coleta aconteça por etapas, porém mais curtas,
ções, sustentando procedimentos, motivando a qualifi- de 6 meses.
cação técnica e gerencial da equipe do Consórcio e dos
municípios. Os municípios menores avançariam em duas etapas,
cada uma cobrindo 50% do território da sede, e os mu-
A SEMA, centralizando a cessão dos Gestores Ambien- nicípios maiores avançando em 4 etapas, com 25% do
tais Residentes em nome do Estado do Ceará, definirá território em cada uma delas.
um processo de informação continuada destes Gesto-
res, promovendo encontros técnicos trimestrais em sua As operações com resíduos de logística reversa, que ine-
sede, para imersão dos profissionais em aspectos técni- vitavelmente ocorrem na Região, deverão ter meta esta-
cos, legais ou administrativos da gestão de resíduos e do belecida, mas articuladas com as metas que o Estado do
saneamento. Ceará está estabelecendo na discussão dos Termos de
Compromisso com cada cadeia produtiva.
Para tanto, será buscado o apoio de instituições como a
APRECE, AGACE, ARCE, SCIDADES, CAOMA-CE, ABES e Algumas iniciativas podem ser adotadas no sentido de
universidades, para atuação em parceria. Sugere-se que reduzir a geração de resíduos e incentivar o reuso de
a presença destes Gestores se dê por cinco anos, reno- materiais e produtos:
vável por igual período, para que o Consórcio se estru- • substituição das sacolinhas plásticas no comércio
ture e qualifique seu quadro de funcionários. por outras duráveis;
• venda de alimentos a granel e embalagens com me-
9.3 Metas e diretrizes para redução,
nores quantidades;
reutilização, coleta seletiva e reciclagem
• locais de entrega de produtos em condição de uso,
A partir das discussões nas Oficinas de Planejamento foi como roupas, livros, objetos, móveis em bom estado;
elaborado um cronograma de implantação do Plano de • programa para supermercados doarem produtos
Coletas Seletivas, que considera as atividades nele pre- próximos do vencimento para instituições filantró-
vistas: da formação do Consórcio e suas equipes, à im- picas;
plantação das unidades e dos procedimentos de coleta.
• criação de oficinas de restauração de móveis e ele-
Os investimentos a serem realizados demandarão a pre- trodomésticos.
224
Quadro 16 – Cronograma de implantação sugerido
MESES
ATIVIDADES
meses
2018 2019 2020 2021
1 Definição do Protocolo Intenções 3
Inicial
3 1 a Assembleia Geral 1
Res. Orgânicos
13 Coleta Mun 8 a 11 mil hab urb – 100% 12
20 Viabilização investimentos 12
Res. Secos
26 Coleta Mun acima 11mil hab urb – 50% 6
27 Introdução 2o turno -
33 Operações LR pneus -
34 Operações LR lâmpadas -
Res.Outros
36 Operações LR eletroeletrônicos -
225
Região Metropolitana B
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
Região Metropolitana B
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RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – RAIS.
legiabre.cfm?codlegi=710>
Ministério do Trabalho, (2015). Disponível em:< http://
www.rais.gov.br/sitio/index.jsf>. ________ Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasi-
leiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
SILVA, F.C. et al.
nováveis, IBAMA.
Recomendações técnicas para o uso agrícola do com-
Instrução Normativa IBAMA n° 1 de 18 de março de 2010.
posto de lixo urbano no Estado de São Paulo. Circular
Disponível em: <https://servicos.ibama.gov.br/ctf/ma-
Técnica. Campinas, SP: MAPA, 2002.
nual/html/IN_01_2010_DOU.pdf>
SINDIRREFINO - Sindicato Nacional da Indústria do
________ Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasi-
rerrefino de Óleos Minerais.
leiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
<https://www.sindirrefino.org.br>
nováveis, IBAMA.
SINDIVERDE – Sindicato das Empresas de Reciclagem Instrução Normativa IBAMA n° 8 de 3 de setembro de
de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Ceará 2012. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/sophia/
<https://www1.sfiec.org.br/sindicatos/sindiverde/> cnia/legislacao/IBAMA/IN0008-030912.PDF>
228
________ Ministério do Meio Ambiente, Sistema Nacio- ________ Lei Federal nº 11.445, de 05 de Janeiro de 2007,
nal de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sóli- que estabelece diretrizes nacionais para o saneamen-
dos, SINIR. to. (2007).
Acordo Setorial para Implantação do Sistema de Logís-
tica Reversa de Embalagens em Geral. ________ Lei Estadual Nº 16.032, 20 de junho de 2016,
que instituiu a Política Estadual de Resíduos Sólidos
________ Ministério do Meio Ambiente, Sistema Nacio- no âmbito do Estado do Ceará.
nal de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sóli-
dos, SINIR. ________ Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Esta-
Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília. 2012. do do Ceará.
Plano Estadual de Resíduos Sólidos - PERS. Fortaleza,
________ Decreto Federal n.º 6.017, de 17 de Janeiro de 2015.
2007.
Regulamenta a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, que ________ Prefeitura Municipal de Caucaia.
dispõe sobre normas gerais de contratação de consór- Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sóli-
cios públicos. dos de Caucaia – Relatório Final. Caucaia, 2013.
________ Decreto Federal n.º 7.390, de 09 de Dezembro ________ Prefeitura Municipal de Eusébio.
de 2010. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sóli-
Regulamenta os arts. 6o, 11 e 12 da Lei no 12.187, de 29 de dos de Eusébio. Eusébio, 2015.
dezembro de 2009, que institui a Política Nacional sobre
________ Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Mudança do Clima - PNMC.
Contribuições e Complementações aos Relatórios I e II
________ Decreto n° 7.404 de 23 de dezembro de 2010. - Diagnóstico e Cenários do PMGIRS de Fortaleza. For-
Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que taleza, 2012.
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o
Comitê Interministerial da Política Nacional de Resídu-
os Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos
Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.
229
PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
O Governador do Estado do Ceará, no uso de suas atribuições que lhe conferem os incisos IV e VI do
art. 88 da Constituição Estadual,
Considerando o disposto nos arts. 1º e 4º da Lei nº 14.023, de 17 de dezembro de 2007, que alterou a
Lei nº 12.612, de 07 de agosto de 1996;
Decreta:
“Art. 18. A partir do ano de 2018, serão considerados, para efeito de existência de Sistema de Geren-
ciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, os seguintes requisitos:
(.....)
IV - a apresentação da Licença de Instalação válida para a disposição final dos resíduos sólidos ur-
banos, preferencialmente consorciada ou Apresentação da Lei Municipal que Ratifica o Protocolo
de Intenções do Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos ou Consórcio Público para
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
(.....)
§ 1º Para cálculo da soma ponderada, os requisitos, se cumpridos até o dia 30 de junho de cada ano,
terão os seguintes pesos na soma total ponderada: requisito I peso de 0,3 (três décimos), requisito
II peso de 0,3 (três décimos), requisito III peso de 0,1 (um décimo) e requisito IV ou requisito V peso
de 0,3 (três décimos).
§ 2º Com referência ao inciso IV do art. 18, municípios que já possuírem adequada disposição final
de resíduos sólidos urbanos deverão apresentar a Licença de Operação renovada até o dia 30 junho
do ano de referência.
§ 4º Para efeito de cálculo da soma ponderada, cada requisito deverá ser cumprido até o dia 30 de
junho de cada ano.”
“Art. 19. Os dados necessários para o cálculo do Índice Municipal de Qualidade do Meio Ambiente
deverão ser disponibilizados pela Secretaria do Meio Ambiente - SEMA até 31 de Julho de cada ano.
Parágrafo único. Os municípios têm a discricionariedade para optar pela avaliação prevista no art.
18 ou art. 18-A, sendo vedada a combinação de requisitos nos referidos artigos.”
230
Art. 2º Ficam acrescidos ao art. 18 do Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008, os §§ 5º e 6º, com
a seguinte redação:
§ 5º O formulário de coleta de dados específico deste artigo, será disponibilizado pela SEMA aos
municípios até 31 de janeiro do ano de referência.
Art. 3º Fica acrescido ao Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008, o art. 18-A, com a seguinte
redação:
“Art. 18-A. A partir de 2018, também serão considerados para efeito de Avaliação do IQM os Municí-
pios que aderirem a gestão de resíduos regionalizada, na seguinte gradação:
1. apresentar a Lei de constituição do Consórcio Público para Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
incluindo a Legislação uniforme pertinente, bem como a ata de formação da primeira diretoria;
2. apresentar a Lei de criação de Fundo Específico de Meio Ambiente, o qual recepcionará o recurso
definido no inciso IV do parágrafo único do art. 1º deste Decreto;
3. apresentar o Plano Regionalizado de Coletas Seletivas Múltiplas de todos os resíduos sólidos ur-
banos, notadamente: resíduos domiciliares orgânicos e secos, resíduos da construção civil, resíduos
verdes e resíduos volumosos aprovado pelo Consórcio Público;
4. apresentar de documento que comprove a afetação do uso da área da central municipal de resíduos.
Parágrafo único. O formulário de coleta de dados específico deste artigo, será disponibilizado pela
SEMA aos municípios até 31 de janeiro do ano de referência.”
Art. 4º Ficam revogados o art. 17, o § 3º do 18 e o art. 20 do Decreto nº 29.306, de 05 de junho de 2008.
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PLANO DAS COLETAS SELETIVAS BACIA HIDROGRÁFICA METROPOLITANA
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