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GEOPROCESSAMENTO

AMBIENTAL

autor do original
ANDERSON MANZOLI

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
Conselho editorial  regiane burger, modesto guedes júnior

Autor do original  anderson manzoli

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  rodrigo azevedo de oliveira

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  fabrico

Revisão linguística  aderbal torres bezerra

Imagem de capa  nome do autor  —  shutterstock

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

M296g Manzoli, Anderson


Geoprocessamento ambiental / Anderson Manzoli.
Rio de Janeiro : SESES, 2015.
120 p. : il.

ISBN 978-85-5548-023-2

1. SIG. 2. Mapas. 3. Satélite. 4. Georreferenciamento. I. SESES. II. Estácio.

CDD 621.36

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Geoprocessamento 10
Conceitos e fundamentos do Geoprocessamento 11
Conceitos e evolução das tecnologias de geoprocessamento 14
Conceitos de espaço e relações espaciais 17
Tecnologias relacionadas 20
Tipos de dados em geoprocessamento 22

2. Sistemas de Informação Geográfica 30

Base de dados em Sistemas de Informação Geográfica 31


Entrada e Integração de Dados Espaciais 34
Cartografia para Sistemas de Informação Geográfica 36
Conceitos de Geodésiae Projeções Cartográficas 38
Sistemas de coordenadas 41
Sistema de projeção UTM 42
SGB - Sistema Geodésico Brasileiro 45
Sistemas ee Posicionamento Global por Satélites (GNSS) 45

3. Criação de Informações 52

Procedimentos e métodos de análise de dados georreferenciados. 53


Incorporação e manipulação através de análises
espaciais em um sistema SIG. 54
Modelagem Numérica de Terreno (MNT) 56
4. Sensoriamento Remoto 72

Conceitos e fundamentos básicos do Sensoriamento Remoto 73


Processamento digital de imagens 76

5. Técnicas e Aplicações de Geoprocessamento 96

Técnicas de Geoprocessamento 97
Técnicas do Geoprocessamento para diversas aplicações 99
Aplicações em modelos, análises e prognósticos ambientais. 103
Prefácio
Prezado(a) aluno(a)

Seja bem-vindo à disciplina de Geoprocessamento Ambiental!


Quando nos referimos ao estudo do Geoprocessamento Ambiental, natural-
mente lembramos que estes estudos compreendem basicamente o conceito de:
•  Geo-Terra;
•  Processamento-arranjo de informações referenciadas a um sistema de
coordenada;
•  Ambiental - todo processo relativo a ambiente natural.
Esses conceitos, quando agregados, denotam um processo que hoje é infor-
matizado, onde dados e informações são associadas a coordenadas cartográficas
que nos permitem gerar mapas e cartas para as mais diversas aplicações.
Atualmente muitos profissionais e pesquisadores na área preferem o termo
“Geoinformática”, que é mais geral que o termo “Geoprocessamento”.
Dizemos que um dado ou informação está georreferenciado quando ele
possui associado a ele uma coordenada geográfica, normalmente expressa em
latitude e longitude. Associar dados e informações de uma planilha a sua loca-
lização espacial, permite estudos muito mais complexo dos que eram consegui-
dos antes, sem a era digital.
Você que escolheu estudar sobre Geoprocessamento Ambiental deverá estar
atento a conceitos e técnicas de modelagem matemática e de informática. Hoje
a cartografia está se tornando totalmente digital e cada vez mais o computador
está auxiliando nessa evolução. Após o surgimento do Google Maps, do Google
Earth e do WikiMapia uma verdadeira revolução está acontecendo na área de
Geoprocessamento Ambiental e em outras áreas também, como por exemplo na
análise de recursos naturais, transportes, comunicações, energia e planejamen-
to urbano e regional.

7
1
Geoprocessamento
1  Geoprocessamento
Seja bem-vindo ao capítulo 1 da disciplina de Geoprocessamento Ambiental!
Será apresentada uma introdução aos temas associados às Geoprocessamento
Ambiental, considerando um breve histórico do desenvolvimento desta ciência.
As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com ca-
racterísticas espaciais surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 50,
para reduzir os custos de produção e manutenção de mapas.Diversos métodos
eram usados para cruzar dados na tentativa de criar novas informações. Uma for-
ma de cruzar as informações em diversos mapas era com o uso de uma “mesa de
luz”. Os mapas de mesma escala eram sobrepostos e colocados sobre essa mesa.
O tampo da mesa era de vidro e na parte inferior da mesa havia uma fonte de luz,
que fazia a sombra do mapa de baixo ficar sobreposto no mapa de cima.
Hoje os dados podem ser coletados e sobreposto diretamente em meio digital.
Normalmente se faz a pergunta: “Se o onde é importante para sua pesquisa,
então o Geoprocessamento é uma das suas ferramentas de trabalho”.
Assim o Geoprocessamento Ambiental é uma ferramenta interdisciplinar, que
permite a convergência de diferentes disciplinas científicas para o estudo de
fenômenos ambientais. A precisão e a exatidão das informações obtidas estão
ligadas aos equipamentos para obtenção dos dados que serão a matéria-prima
para geração das novas informações, que normalmente são apresentados na
forma de mapas e cartas.
O objetivo deste capítulo é fazer uma introdução aos estudos que se referem as
geotecnologias aplicadas no contexto ambiental, tais como os conceitos, fun-
damentos e tecnologias relacionadas.
Esperamos que você compreenda os fundamentos do geoprocessamento por
meio do estudo da evolução tecnológica e sua atual aplicação. Esta compreen-
são é determinante para se conhecer as diferentes possibilidades de uso, a inte-
gração de dados e as aplicações em análises ambientais.
Por meio das habilidades que serão desenvolvidas esperamos que o geoproces-
samento desperte o interesse e a curiosidade sobre o grande potencial de uso
desse recurso. Esperamos também contribuir para a formação de profissionais
comprometidos com o desenvolvimento sustentável através do auxílio das tec-
nologias e recursos apresentados neste capítulo.

10 • capítulo 1
OBJETIVOS
•  Verificar a importância do estudo das geotecnologias para a for­mação do gestor ambiental.
•  Estudar sobre os conceitos e definições do geoprocessamento, associado com a evolução
das tecnologias interagindo com o meio ambiente.
•  Compreender os fundamentos de espaços e relações espaciais.
•  Estudar os diferentes tipos de dados e informações utilizadas no geoprocessamento.

REFLEXÃO
O IBGE possui uma grande quantidade de mapas e cartas em seu acervo e que a maioria deles
podem ser acessados livremente?
Existe também no site do IBGE um sistema de mapa iterativo que acessa o banco de dados
cadastrais. Acesse o site <http://www.ibge.gov.br/paisesat/main_frameset.php>

1.1  Conceitos e fundamentos do Geoprocessamento

A obtenção de dados e informações sobre a distribuição geográfica de recursos


minerais, propriedades, plantas e animais sempre foi uma parte importante das
atividades das sociedades organizadas. No entanto, até recentemente, isto era feito
apenas em documentos e mapas manuscritos, o que limitava as análises, impossi-
bilitando a combinação de diversos mapas e bancos de dados para gerar novas in-
formações. O desenvolvimento da tecnologia de informática, que aconteceu de for-
ma simultânea, na segunda metade deste século, tornou-se possível armazenar e
representar tais dados e informações em ambiente computacional, tendo abertura
para o surgimento do Geoprocessamento (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Nesse contexto, o termo Geoprocessamento é um conjunto de tecnologias
que utiliza técnicas matemáticas e computacionais voltadas a coleta e tratamento
de informações espaciais para um objetivo específico. As atividades envolvendo
o geoprocessamento são executadas por sistemas específicos mais comumente
chamados de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), conforme apresentado
no tutorial do SPRING-DPI/INPE (2014), que possibilita a realização de análises
complexas, com a integração dados de fontes diversas e com a criação de bancos

capítulo 1 • 11
de dados geo referenciados. Ainda é possível a automatização da produção de do-
cumentos cartográficos (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
O Geoprocessamento apresenta diversas ferramentas que possibilitam a
integração de diversas informações tendo como resultado dados confiáveis, o
que torna sua utilização muito ampla e que vem influenciando de maneira cres-
cente diversas áreas como a Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Comu-
nicações, Transportes, Energia e Planejamento Urbano e Regional.
Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001) o Brasil por ser um país de di-
mensão continental, com uma grande necessidade de informações adequadas
para a tomada de decisões sobre os problemas urbanos, rurais e ambientais, o
Geoprocessamento revela-se como um enorme potencial, principalmente por
apresentar um custo relativamente baixo com o uso de tecnologias que garan-
tem a confiabilidade.
As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados
com características espaciais aconteceram, de acordo com Câmara, Davis e
Monteiro (2001), na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 50, com o obje-
tivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção de mapas. Dada
a falta de recursos da informática na época, e a especificidade das aplicações
necessárias, estes sistemas ainda não podem ser classificados como “sistemas
de informação”.
A partir da necessidade da realização de um inventário de recursos naturais,
por meio de um programa governamental da década de 60 no Canadá, surgiram os
primeiros Sistemas de Informação Geográfica.Contudo, estes sistemas não eram
de fácil uso, pois não possuíam monitores gráficos de alta resolução, os compu-
tadores necessários eram excessivamente caros, e a mão de obra tinha que ser al-
tamente especializada. Havia também a necessidade de desenvolver programas
próprios de uso, pois não existiam soluções comerciais prontas, o que demandava
muito tempo e tinha um alto custo (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
O desenvolvimento de novos e mais acessíveis recursos de hardware, com o
objetivo de melhorar a capacidade de armazenamento e a velocidade de proces-
samento ocorreu ao longo dos anos 70, tornando assim viável o desenvolvimen-
to de sistemas comerciais. Foi então que a expressão GeographicInformation
Systemfoi criada, traduzida no português, como já citada Sistemas de Informa-
ção Geográfica (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

12 • capítulo 1
Hardware: O hardware pode ser definido como um termo geral da língua inglesa que
se refere a parte física de um computador. O Hardware é formado pelos componentes
eletrônicos, como por exemplo, circuitos de fios e luz, placas, utensílios, correntes, e
qualquer outro material em estado físico, que seja necessário para fazer com o que
computador funcione.
Fonte: <http://www.significados.com.br/hardware/>

Também nos anos 70 ocorreu o surgimentodos primeiros sistemas comer-


ciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador),
que trouxe melhorias e progressos das condições para a produção de desenhos
e plantas para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas de
cartografia automatizada. Além disso, na mesma época foram desenvolvidos
alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia, dentre eles ques-
tões de geometria computacional (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Somente na década de 80 que houve um avanço acelerado nas tecnologias de
sistemas de informação geográfica. Até então limitados pelo alto custo do har-
dware e pela pouca quantidade de pesquisa específica sobre o tema, os SIG se be-
neficiaram grandemente da massificação causada pelos avanços da microinfor-
mática e do estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, o
estabelecimento do Geoprocessamento como disciplina científica independente
foi realizado após a criação dos centros de pesquisa que formam o NCGIA (Natio-
nal Centre for GeographicalInformationandAnalysis) (NCGIA, 1989).
A difusão do uso de SIG foi intensificada no decorrer dos anos 80, devido a po-
pularização e redução dos custos das estações de trabalho gráficas, além do sur-
gimento e evolução dos computadores pessoais e dos sistemas gerenciadores de
bancos de dados relacionais. Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001) a incorpo-
ração de muitas funções de análise espacial proporcionou também um alargamen-
to do leque de aplicações de SIG.
Atualmente, observa-se um grande crescimento do ritmo de penetração do
SIG nas organizações, sempre alavancado pelos custos decrescentes do har-
dware e do software, e também pelo surgimento de alternativas menos custosas
para a construção de bases de dados geográficas. A figura 1 exemplifica o ciclo
de criação e implantação de um SIG nessas organizações.

capítulo 1 • 13
Coleção
de dados

Tomada de
decisões Mundo real
Fonte de
dados

Usuários Geração
de dados

Informação para Análise


tomada de decisão
Análise e envio
de dados
Figura 1 – Ciclo de criação e implantação de um SIG.
Fonte: Elaborado pelo Autor.

De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001), o uso do Geoprocessamen-


to no Brasil teve início no início dos anos 80 a partir da divulgação e formação
de profissionais. No próximo tópico deste capítulo estudaremos a evolução das
dessas tecnologias de geoprocessamento.

Software: Definido como uma sequência de instruções escritas para serem interpreta-
das por um computador com o objetivo de executar tarefas específicas. Ou seja, são
programas que comandam o funcionamento de um computador.
Fonte: <http://www.significados.com.br/hardware/>

1.2 Conceitos e evolução das tecnologias de geoprocessamento

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é um instituto brasileiro de-


dicado à pesquisa e exploração espacial, criado em 1961, com o objetivo de pro-
duzir ciência e tecnologia nas áreas espacial e do ambiente terrestre (INPE, 2014).
O Instituto tornou-se referência nacional e internacional nas áreas espacial
e do ambiente terrestre pela geração de conhecimento e pelo atendimento e
antecipação das demandas de desenvolvimento e de qualidade de vida da so-
ciedade brasileira (INPE, 2014).

14 • capítulo 1
Em 1984 foi criada a Divisão de Processamento de Imagens (DPI) no Insti-
tuto, sendo um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologias de ge-
oprocessamento e sensoriamento remoto. Essa divisão desenvolveu alguns sis-
temas para diversos ambientes computacionais, sendo eles o SITIM (Sistema
de Tratamento de Imagens) e o SGI (Sistema de Informações Geográficas), para
ambiente PC/DOS(originalmente um PC-286 com 8 Mhz e 256 Kb de memória)
e para ambientes UNIX e MS/Windows o SPRING (Sistema para Processamento
de Informações Geográficas), que é o mais dos mais utilizados atualmente (CÂ-
MARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
A Divisão de Processamento de Imagens desenvolveu o SITIM paralelamen-
te com um sistema de informação geográfica denominado SGI, tendo como ob-
jetivo a integração de imagens a mapas e outras medições feitas diretamente
no terreno. Os dois sistemas passaram a operar de forma integrada, como apre-
senta a figura 2 abaixo, dando origem ao que veio a ser conhecido como sistema
SITIM/SGI (INPE, 2014).
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 2 – Representação do primeiro sistema SITIM/SGI com a integração de imagens,


mapas e dados obtidos em campo.

Fonte: <http://www.dpi.inpe.br/menu/Historia/historico.php>

De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001), o SITIM/SGI foi utiliza-


do como suporte de um conjunto significativo de projetos ambientais, tendo
destaque:
a) o levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica Brasileira (cerca
de 100 cartas), desenvolvido pela IMAGEM Sensoriamento Remoto, sob
contrato do SOS Mata Atlântica;
b) a cartografia fito-ecológica de Fernando de Noronha, realizada pelo
NMA/EMBRAPA;

capítulo 1 • 15
c) o mapeamento das áreas de risco para plantio para toda a Região Sul do Bra-
sil, para as culturas de milho, trigo e soja, realizado pelo CPAC/EMBRAPA;
d) o estudo das características geológicas da bacia do Recôncavo, através da
integração de dados geofísicos, altimétricos e de sensoriamento remoto,
conduzido pelo CENPES/Petrobrás. Assad e Sano (1998) apresentam um
conjunto significativo de resultados do SITIM/SGI na área agrícola.

A partir de 1991, o SPRING (Sistema para Processamento de Informações


Geográficas), foi desenvolvido para ambiente UNIX e MS/Windows (CÂMARA,
DAVIS E MONTEIRO, 2001). O SPRING unifica o tratamento de imagens de Sen-
soriamento Remoto (ópticas e micro-ondas), mapas temáticos, mapas cadas-
trais, redes e modelos numéricos de terreno (INPE, 2014), como exemplifica a
figura 3 com um estudo do uso dos solos da bacia experimental do Rio Claro/SP
realizado por Déstro e Campos (2006).

CONEXÃO
O SPRING é distribuído livremente via Internet e pode ser obtido através do website <http://
www.dpi.inpe.br/spring>.

744.400 746.800 749.200 751.600

7.478.600

Postagem
7.4762.00 Cultura anual
Cultura perene
Reflorestamento
Solo exposto
Solo inundavel
7.473.800 Capoeira
Mata
Água
Área urbana

7.471.400

744.400 746.800 749.200 751.600

Figura 3 – Exemplo de aplicação do SPRING na elaboração do mapa de uso dos solos da


bacia experimental do Rio Claro/SP.
Adaptado de: DÉSTRO e CAMPOS (2006). Disponível em: http://200.145.140.50/html/CD_REVIS-
TA_ENERGIA_vol8/vol21n42006/artigos/Guilherme%20Fernando%20Gomes%20Destro.pdf

16 • capítulo 1
A vinda ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlinson, responsável pela cria-
ção do primeiro SIG (o CanadianGeographical Information System), incentivou
o aparecimento de vários grupos interessados em desenvolver tecnologias,
dentre eles podemos destacar os seguintes sistemas:

SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental): Desenvolvido pelo grupo do Laboratório de


Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ é um sistema geográfico
de informação para aplicações ambientais em equipamentos de baixo custo.
O SAGA tem seu ponto forte na capacidade de análise geográfica e vem sendo utili-
zado com sucesso como veículo de estudos e pesquisas. Pode ser aplicado nos mais
diversos ramos da pesquisa ambiental, tendo sido testado com sucesso em mais de 50
bases de dados de usuários de todo o Brasil.
SAGRE (Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa): O SAGRE foi desen-
volvido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS para atuar na inte-
gração e padronização de procedimentos operacionais das Empresas Operadoras de
Telecomunicações. O SAGRE envolve um significativo desenvolvimento e personaliza-
ção de software.

MaxiCAD: software produzido pela empresa MaxiDATA, utilizado largamente no Brasil,


com aplicações de Mapeamento por Computador. Mais recentemente, o produto db-
Mapa permitiu a junção de bancos de dados relacionais a arquivos gráficos MaxiCAD,
produzindo uma solução para “desktop mapping” para aplicações cadastrais.

CONEXÃO
Mais informações do uso software e sobre o download podem ser encontradas no link
<http://www.viconsaga.com.br/lageop/saga.php>

1.3  Conceitos de espaço e relações espaciais

O início desta unidade, nós já vimos que o geoprocessamento é um conjunto de


técnicas matemáticas e computacionais para tratamento das informações geo-
gráficas. Para melhor compreensão faz-se necessário definir alguns conceitos:

capítulo 1 • 17
•  Dados – são os elementos básicos (matéria prima) para a elaboração de
informações. Eles são a representação de fatos, conceitos ou instruções
de maneira formal, apropriada a sua comunicação, interpretação ou
processamento. Os Dados Geográficos são um cada particular de dados
espaciais e geralmente são caracterizados por terem duas componentes
fundamentais: o registro de determinado fenômeno, como por exemplo,
uma dimensão física (a população de uma cidade, a largura de uma dada
rodovia) ou uma classe (tipo de rocha, tipo de vegetação, nome de uma
cidade); e a localização espacial do fenômeno.

•  A localização geralmente é especificada com a referência a um sistema


de coordenadas comuns como latitude e longitude. Dados georreferen-
ciados são dados espaciais que dizem respeito a localizações na superfí-
cie terrestre.

•  Segundo Câmara et al (1996), as principais classes de dados geográficos


são mapas temáticos e cadastrais, redes (água; luz; telefone; hidrográfi-
cas; rodovias; arruamentos e outras), modelos numéricos do terreno e
imagens (fotos, desenhos). Ainda segundo esses autores, o dado geográ-
fico descreve fatos, objetos e fenômenos do globo terrestre associado a
sua localização sobre a superfície terrestre, em certo instante ou período
de tempo. Os dados georreferenciados comumente são caracterizados a
partir de três componentes fundamentais; características não espaciais,
características espaciais e características temporais. Sua distribuição
espacial ainda pode ser adimensional (ponto), unidimensional (linha),
bidimensional (superfície) e tridimensional (sólido).

•  Sistema de Informações – são o conjunto de partes integrantes e interdepen-


dentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado
objetivo e efetuam determinada função. A informação é construída pelo sig-
nificado que o homem atribui aos dados. O refinamento dos dados quando
manipulados, podem produzir novas informações (OLIVEIRA, 1996).

•  A terminologia “sistema de informação” é usada como sinônima de “sis-


tema de base de dados” ou “sistema de processamento de dados”. Ela
se refere a um sistema, nem sempre computadorizado, desenhado para
entrada, armazenamento, processamento e saída de informações. O pro-
duto final, a informação, normalmente será o resultado da composição

18 • capítulo 1
de entidades, construído a partir de um ou vários dados. Neste contexto,
o sistema de informação dá, ao usuário, a habilidade de produzir infor-
mação, de forma a contribuir essencialmente na redução de incertezas.

•  CAD – Computer-Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador). São


sistemas que armazenam dados espaciais como entidades gráficas.
Como suas informações são acessadas de modo sequencial elas ficam
fragmentadas em diversos arquivos.

•  AM (CAM)/FM – AutomatedMapping/Facilities Management (Cartografia


automatizada e gerenciamento de recursos). São sistemas que combi-
nam características de sistemas de CAD associados a um banco de da-
dos. A parcela FM é capaz de realizar análise de redes.

•  DTM – Digital TerrainModel / Digital ElevationModel. (Modelo digital do


terreno). São sistemas que permitem analisar e visualizar tridimensio-
nalmente a variação do perfil do terreno por meio de modelos matemá-
ticos. A partir dele podem ser feitos cálculos topográficos, ser traçado o
perfil do terreno e exportar seus dados para um SIG.

•  Topologia – é um conjunto de técnicas que permitem perceber as rela-


ções espaciais como continências (contém/contido), adjacência (próxi-
mo de, ao lado de) e conexão (relacionado com, ligado a) inerentes ao
posicionamento relativo dos objetos, independentementede suas di-
mensões ou coordenadas exatas. A análise topológica permite ao SIG
distinguir as relações espaciais entre os objetos.

•  Redes – na sua formação criam-se relacionamentos entre entidades grá-


ficas de modo a permitir análises, como, por exemplo, o caminho mais
curto. Um tipo mais comum de rede é o Grafo. Sua relação é feita entre
elementos pontuais, denominados nós (ou nós virtuais) e elementos linea-
res, denominados arcos. Cada arco é sempre conectado exatamente entre
dois nós e cada nó pode estar conectados a um número qualquer de arcos.

•  Análises Espaciais – são análises a partir de dados georreferenciados e


de padrões de dados associados a localização, dos quais se obtém no-
vos dados. O que caracteriza o SIG é o processamento espacial de dados
cartográficos associados a atributos alfanuméricos de forma topológica,
criando novas informações através de dados.

capítulo 1 • 19
•  Buffering – também chamado de zona de influência, permite ao progra-
ma computacional pesquisar a ocorrências de objetos em um raio dado
envolta do ponto ou a ocorrência de objetos em um polígono gerado por
paralelas a uma determinada distância do perímetro da poligonal origi-
nal. Pode ser baseada em dados alfanuméricos ou em dados geográficos.

•  Indexação Espacial – São estruturas de dados espaciais através das quais


é possível rapidamente recuperar-se uma lista de objetos geográficos
contidos em uma dada região do espaço. Por exemplo, quando se exe-
cuta o zoom, o SIG precisa recuperar os objetos dos bancos de dados de
modo a preencher corretamente a janela de visualização.

1.4  Tecnologias relacionadas

Como já aprendemos nos tópicos anteriores, os Sistemas de Informação Geográ-


fica (SIG) são uma das importantes tecnologias dentre as diversas incluídas no
Geoprocessamento. Neste tópico vamos estudar o que são e as diferentes formas
de utilização das tecnologias de Banco de Dados Geográfico e WebMapping.
Para iniciarmos, vamos definir o que é um Banco de Dados (BD). De acordo
com Medeiros (2012), pode ser caracterizado como “todo local físico ou virtual
onde estão armazenados dados”.Por exemplo, um livro ou enciclopédia podem
ser considerados um banco de dados. Na área de Geoprocessamento é mais im-
portante o conceito especial de banco ou base de dados relacional. Ou seja, um
banco onde dados são armazenados na forma de tabelas relacionáveis entre si
por meio de campos chaves. Esses bancos de dados são utilizados nas mais di-
versas áreas, desde controle de estoques em empresas até cadastros de clientes
e funcionários (MEDEIROS, 2012).
Os Bancos de Dados Geográfico, também chamados de Banco de Dados Es-
pacial (BDE), suportam feições geométricas em suas tabelas, o que possibilita
a análise e consultas espaciais. É possível calcular nestes casos, por exemplo,
áreas, distâncias, entre outros (MEDEIROS, 2012).
ATENÇÃO
É importante não confundir o Banco de Dados(BD) em si (conjunto de tabelas relacionáveis)
com o programa que o gerenciará, o Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD). Em
outras palavras, softwares como Access, MySQL, Oracle, PostgreSQL não são BD, mas sim
SGBD (MEDEIROS, 2012).

20 • capítulo 1
Existem diversos sistemas que realizam o gerenciamento dos Bancos de Da-
dos, dentre eles o PostgreSQL.
O PostgreSQL é um dos SBGD de código aberto mais avançados, contando
com diversos recursos e funções, desenvolvido atualmente pela PostgreSQL
Global Development Group. Este SBGD possui uma extensão conhecida como
PostGIS, que lhe garante suportar dados espaciais com funções para armazena-
mento e manipulação de dados geográficos (MEDEIROS, 2012).
Uma das ferramentas para a disponibilização e interligação de dados das mais
diversas fontes e naturezas é a internet, que nos últimos anos vem tendo maior des-
taque. De acordo com Medeiros (2012), a geomática também encontrou na inter-
net um nicho para suas atividades. A disponibilização de mapas digitais on-line, os
chamados WebGIS ou Webmapping, tem-se tornado comum, permitindo que um
maior número de usuários tenha acesso aos dados especializados, de forma hábil
e atraente (MEDEIROS, 2012).
De acordo com Casanova et al (2005) e Medeiros (2012), os mapas na web
podem ser apresentados de três principais formas:
•  Mapas Estáticos – Mapas no formato de imagem (*.jpg, *.gif, *.png, etc)
integrados às páginas da internet.
•  Mapas Gerados a partir de formulários – Fornece-se parâmetros para ge-
ração de mapas na forma de imagem.
•  Mapas Dinâmicos – O usuário seleciona uma área de seu interesse em
um mapa geral, gerando uma navegação para outro mapa ou imagem
mais específico com informações mais detalhadas desta região. Em ge-
ral apresentam interface atraente com ícones para consulta espacial cál-
culo de distância e etc.

Dentre os softwares disponíveis para o desenvolvimento de aplicações We-


bGIS destacam-se oMapServer, GeoServer, i3Geo, AlovMap, Time Map, Open-
Layers e P.Mapper (MEDEIROS, 2012).
Essas ferramentas são utilizadas em diversos setores, dentre eles os órgãos
públicos. Como exemplo temos o trabalho desenvolvido por Silva et al. (2013)
no setor turístico da cidade de Nova Lima (MG) em que foi que agrupado os
atrativos turísticos da Rota Sede de Nova Lima, Minas Gerais, em um local vir-
tual e interativo. A figura 4 abaixo mostra o exemplo da aplicação que foi desen-
volvida com o uso do WebGIS.

capítulo 1 • 21
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 4 – Mapa dinâmico da Rota Sede de Nova Lima.


Fonte: Silva et al. (2013)Adaptado de: <http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/territo-
rium_terram/article/viewFile/325/417>

1.5  Tipos de dados em geoprocessamento

As variações geográficas do mundo real possuem imensa complexidade. Quan-


to mais próximo está o observador mais detalhes podem ser vistos. Seria neces-
sário um amplo banco de dados para armazenamento desses dados descritivos
do mundo real (SILVA, 2003).
Os dados são divididos em quatro tipos, sendo, textuais, numéricos, veto-
riais e matriciais ou raster e compõem o Sistema de Gerenciamento de Banco
de Dados.
De acordo com Silva (2003), os dados textuais são de caráter descritivo,apresen-
tado na forma de texto e se referem à descrição mais completa possível. Correspon-
dem a atos descritos sem qualquer interpretação.

22 • capítulo 1
Silva (2003) classifica os dados numéricos como “dados que estão ligados
a codificações em números do campo real”.Esses dados numéricos podem ser
classificados em nominal, ordinal, intercalado e dividido.
A variável nominal corresponde ao atributo que, representando um item es-
pecífico, não necessariamente obedece a uma determinada sequência, como,
por exemplo, tipos de solos ou de árvores de uma determinada região. Os dados
ordinais apresentam-se como listas de classes discretas, com certa ordem ine-
rente, como, por exemplo, as classes de rios, a classe dos níveis de educação,en-
tre outros (SILVA, 2013).
Silva (2003) classifica a variável intercalada como “um determinado interva-
lo natural e que tem um significado particular”, ou seja, a diferença entre 20°C
e 30°C é a mesma que entre 80°C e 90°C, porém sua representatividade física é
diferente. Os dados divididos têm as mesmas características que os dados in-
tercalados, acrescentando-se que, por definição, eles têm uma origem inicial,
que é o ponto zero, por exemplo, renda per capita, a precipitação das chuvas,
entre outros. A grande maioria dos dados que faz parte de um SIG é do tipo
nominal ou ordinal.
Silva (2003) define os dados vetoriais como uma “representação gráfica do
mundo real através de sistemas de coordenadas, dessa forma, a unidade funda-
mental do dado vetorial é o par de coordenadas x, y”.
O dado raster ou matricial refere-se à representação gráfica do mundo real
através de pixels (picture element) ou células, com estrutura mais simples e for-
mação poligonal regular, geralmente quadradas. A resolução do pixel pode ser
determinada em scanner por quanto pixels cabem em uma unidade de medida
ou por fotogrametria, onde cada pixel pode corresponder a uma determinada
área (SILVA, 2013).
Em termos mais gerais, podemos dizer que o dado raster representa o que
ocorre em todos os lugares. O dado vetorial representa ondedeterminado fe-
nômeno ocorre, ou seja, expressa a localização de todos os objetos. A figura 5
representa uma comparação entre os dados vetoriais e raster.

Raster

capítulo 1 • 23
Vetor

Mundo real

Figura 5 – Representação de dado vetorial e raster.


Fonte: Notas de aula

O dado codificado no formato raster pode ser classificado em: codificação


2n, imagem contínua, imagem binária e imagem ternária, como é representa-
do na figura 6.

5 30 8 3 1,5 – 3,4 3,8 5

1 10 5 1 1 5 2,3 –3

5 5 4 9 – 12,3 5 2,5 9

a) Imagem codificada 2n b)Imagem contínua

c) Imagem binária b)Imagem ternária

Figura 6 – Tipos de arquivos raster.


Fonte: Adaptado de Silva (2003).

24 • capítulo 1
.
ATIVIDADE
1. Qual a diferença conceitual entre Dado e Informação?

2. Qual a diferença em armazenar um dado raster com um dado vetorial?

3. Qual a diferença de Georreferenciamento e de Geoprocessamento?

4. Qual a diferença entre os SIGs e os Mapas Iterativos?

5. Qual a diferença entre os sistemas SIGs e os sistemas CADs?

REFLEXÃO
A partir da leitura desta primeira unidade, você observou que hoje temos tecnologias para nos
auxiliar a tomar decisão embasada em modelos que podem ser simulados no computador
anteriormente. Isso permite ao tomador de decisão a fazer várias simulações antes de tomar
uma decisão. Notou-se assim a importância do georreferenciamento no âmbito ambiental.

LEITURA
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE se constitui no principal provedor de
dados e informações do País, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos
da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e
municipal.
O IBGE oferece uma visão completa e atual do País, através do desempenho de suas prin-
cipais funções:
• Produção e análise de informações estatísticas
• Coordenação e consolidação das informações estatísticas
• Produção e análise de informações geográficas
• Coordenação e consolidação das informações geográficas
• Estruturação e implantação de um sistema das informações ambientais

capítulo 1 • 25
• Documentação e disseminação de informações
• Coordenação dos sistemas estatístico e cartográfico nacionais

O site do IBGE possui um banco de dados muito farto de dados para serem utilizados em
SIG. Entre no site <http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#geociencias>
e veja a disponibilidade de material que pode ajudar a contribuir com sua pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAD, E.D.; SANO, E.E. Sistemas de Informações Geográficas - Aplicações na Agricultura.
Brasília, EMBRAPA, 1998 (2z. edição).

Câmara, G.; Davis, C., Monteiro, A. M. V. Introdução À Ciência da Geoinformação. INPE.


São José dos Campos. 2001

Casanova, M.; Câmara, G.; Davis, C.; Vinhas, L.; Queiroz, G. R..Bancos de Dados Geográ-
ficos. MundoGEO, Curitiba, 2005

DÉSTRO, GUILHERME FERNANDO GOMES; CAMPOS, SÉRGIO. Sig‑Spring na caracteri-


zação do uso dos solos a partir de imagens do satélite CBERS. Energia na Agricultura, v. 21,
n. 4, p. 28-35, 2006.

INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 2011. Disponível em: <http://www.inpe.br/


institucional/sobre_inpe/historia.php>. Acesso em: 22 set. 2014.

Medeiros, A. M. L. E-book: Artigos sobre Conceitos em Geoprocessamento. Setembro de


2012. Disponível em: <http://andersonmedeiros.com/>. Acesso em: 13 out. 2014..

Medeiros, J. S. et al. Geoprocessamento: Teoria e Aplicações. In: Monteiro, A. M. V. et al. Intro-


dução a Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: INPE, 2001.

NCGIA, The Research Plan for the NCGIA, International Journal of Geographic Information
Systems, 3(2):117-136, 1989.

SILVA, A. DE B. Sistemas de Informações Geo-refenciadas: conceitos e fundamentos.


Campinas, SP. Editora UNICAMP. 2003.

26 • capítulo 1
Silva, K. G. D., Rios, I. D. S., Machado, L. A., Oliveira, A. R. D., & Ribeiro, L. P. Elaboração de
mapa interativo em Webgis como meio de promover a atividade turística: um experimento na
rota sede-Nova Lima (MG). REVISTA TERRITORIUM TERRAM, v. 1, n. 2, p. 107-122, 2013.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo abordaremos um pouco mais o conceito, funcionamento e importância
do Sistemas SIG para auxiliar na tomada de decisões por parte dos gestores. Além disso,
compreenderemos como esses sistemas conseguem manipular e gerenciar esse grande
banco de dados, gerando novas informações.

capítulo 1 • 27
28 • capítulo 1
2
Sistemas de
Informação
Geográfica
2  Sistemas de Informação Geográfica
Seja bem-vindo ao capítulo 2 da disciplina de Geoprocessamento Ambiental.
Nesta unidade você compreenderá o funcionamento dos Sistemas de Informa-
ção Geográfica e seus potenciais para facilitar o gerenciamento e a tomada de
decisões dos profissionais da área. Conheceremos as formas de utilização das
imagens de satélites nos SIGs bem como suas aplicações nos contextos ambien-
tais. Para compreender esses conceitos é necessário compreender também os
conceitos de Cartografia e Geodésia, que estão ligados ao âmbito da localização
espacial e entender a forma da Terra, criando um sistema de coordenadas que
facilite a localização.
O objetivo deste capítulo é estudar os componentes e aplicações dos Sistemas
de Informação Geográfica. Sendo os SIGs uma combinação de dados alfanu-
méricos, softwares, hardwares, pessoas e dados espaciais, compreender cada
um desses elementos torna-se essencial. Compreender como esse sistema con-
segue manipular e gerenciar esse grande banco de dados, gerando novas infor-
mações, é o escopo desse capítulo.

OBJETIVOS
•  Estudar os conceitos e funcionamento dos Sistemas SIG.
•  Compreender como os SIGs manipulam e gerenciam grandes bancos de dados, gerando
novas informações.
•  Estudar sobre as diferentes formas de representação da Terra.
•  Verificar a importância do Sistema Geodésico Brasileiro.

REFLEXÃO
Você se lembra dos conceitos de Geoprocessamento apresentados no capítulo 1? E das
tecnologias e tipos de dados utilizados em Geoprocessamento? Este e outros assuntos rela-
cionados aos usos de imagens, dados e informações serão abordados nesta unidade. O SIG
vai servir como um gerenciador de todos os dados armazenados, buscando as associações
entre os dados geográficos e alfanuméricos, seja por busca direta ou por modelos matemá-
ticos que podem ser inseridos para gerar nova informações.

30 • capítulo 2
2.1  Base de dados em Sistemas de Informação Geográfica

O SIG (Sistemas de Informação Geográfica) é uma das principais ferramentas


computacional no Geoprocessamento. Baseia-se em um sistema informatiza-
do que processa dados gráficos e alfanuméricos com ênfase a análises espa-
ciais e modelagens de superfícies.
Diversos autores definem o SIG como:
“Um conjunto manual ou computacional de procedimentos utilizados para
armazenar e manipular dados georreferenciados” (ARONOFF, 1989).
“Conjunto poderoso de ferramentas para coletar, armazenar, recuperar, trans-
formar e visualizar dados sobre o mundo real” (BURROUGH, 1986).
“Um sistema de suporte à decisão que integra dados referenciados espacial-
mente num ambiente de respostas a problemas” (COWEN, 1988).
“Um banco de dados indexados espacialmente, sobre o qual opera um con-
junto de procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais”
(SMITH et al., 1987)
Dentre as principais características de um SIG, de acordo com o tutorial do
SPRING-DPI/INPE (2014), temos a integração em uma única base de dados infor-
mações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e cadastro
urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno.
Além disso, o SIG oferece mecanismos para integrar as várias informações,
através de algoritmos de manipulação e análise, para consultar, recuperar e vi-
sualizar o conteúdo da base de dados e gerar mapas.
São diversas as aplicações de um SIG, podendo ser utilizado como ferramen-
ta para produção de mapas, como suporte para análise espacial de fenômenos,
banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e recuperação de
informação espacial (SPRING-DPI/INPE, 2014). Além disso, podem ser realiza-
das análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos
de dados georeferenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de
documentos cartográficos.
Dentro dos SIGs temos os processos de análise espacial, que tratam dados
geográficos que possuem uma localização geográfica (expressa como coorde-
nadas em um mapa) e atributos descritivos (que podem ser representados num
banco de dados convencional). Dados geográficos não existem sozinhos no es-
paço: tão importante quanto localizá-los é descobrir e representar as relações
entre os diversos dados (MAGUIRE, 1991).

capítulo 2 • 31
A estrutura de um SIG é dividida em alguns componentes, como apresenta a
figura 7, sendo: Interface com usuário; Entrada e integração de dados; Funções
de processamento gráfico e de imagens; Visualização e plotagem; Armazena-
mento e recuperação de dados (organizados sob a forma de um banco de dados
geográficos).
Na figura 7, podemos ainda ver a interface homem-máquina e podemos
notar como o sistema é operado e controlado. No nível intermediário, um SIG
deve ter ferramentas de processamento de dados espaciais (entrada, edição,
análise, visualização e saída). No nível mais interno do sistema, um sistema de
gerência de bancos de dados geográficos oferece armazenamento e recupera-
ção dos dados espaciais e seus atributos (SPRING-DPI/INPE, 2014).

Interface

Entrada e Consulta e Visualização


integração análise Plotagem
de dados espacial

Gerência
dados
espaciais

Banco de dados
geográfico

Figura 7 – Arquitetura de Sistemas de Informação Geográfica.


Fonte: SPRING-DPI/INPE, 2014

As principais características de um sistema de informação geográfica são:


integrar em uma única base de dados, as informações espaciais provenientes
de dados de diversas fontes. Além disso, relacionar diferentes tipos de informa-
ções através de algoritmos de manipulação, de maneira a gerar mapeamentos

32 • capítulo 2
derivados, e ainda, permitir a consulta, recuperação, visualização e atualização
do conteúdo das bases de dados (CÂMARA, 1993).
Na figura 8, é mostrado um exemplo do trabalho de Bernasconi (2009) que
utilizou um SIG para identificar a situação do município de Colíder -MT a res-
peito da conservação das APPs e de seu deficit em relação à legislação ambien-
tal em vigência.
Glossário: APP: Área de Preservação Permanente são as matas ciliares situa-
das às margens de rios, córregos e nascentes.

55o40’0”W 55o30’0”W 55o20’0”W 55o10’0”W

Classificação da Cobertura e uso do Solo


Colíder - MT
10o10’0”S

10o10’0”S
Principais rodovias
Área Urbana
Classificação
Água
10o20’0”S

10o20’0”S
Floresta
Área degradada com árvores
Área degradada sem árvores
Agricultura/Pastagem
Solo exposto
Nuvem
Limite municipal
10o30’0”S

10o30’0”S
MT 2

63
08

BR-1
10o40’0”S

10 40’0”S
o

1
MT 42
10o50’0”S

10 50’0”S

MT
o
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

32
0
11o0’0”S

11 0’0”S
o

55o40’0”W 55o30’0”W 55o20’0”W 55o10’0”W

Figura 8 – Classificação da cobertura e uso do solo no município de Colíder – MT


Fonte: Veja a imagem colorida no trabalho completo, pelo link: <http://www.icv.org.br/
site/wp-content/uploads/2013/11/uso-do-sig.pdf>

capítulo 2 • 33
2.2  Entrada e Integração de Dados Espaciais

Os Sistemas de Informação Geográfica são um meio de integrar dados espa-


ciais coletados em diferentes escalas e tempos, e em diferentes formatos.
Basicamente, planejadores urbanos, cientistas, gerentes de recursos, e ou-
tros que usam informação geográfica trabalham em diversas áreas principais.
Eles observam e medem parâmetros ambientais. Eles desenvolvem mapas que
retratam as características da Terra. Eles monitoram alterações ao nosso redor
em função do espaço e tempo. Em adição eles modelam alternativas de ações e
processos para gerenciar o ambiente. Roma e Souza (2001) definem esses fato-
res chamando-os de quatro M’s: medir, mapear, monitorar e modelar (figura 9).
Estas atividades chaves põem ser melhoradas por meio do uso de tecnologias
de sistemas de informação, e em particular através de um SIG.

Modelar

Medir Mapear Monitorar t1

t2

t3

Uso da terra/
cobertura da
terra
Proprietários
Vegetação
Hidrologia

Sistema de Informação
Geográfica

Figura 9 – Os 4 M’s. Medir, mapear, monitorar e modelar os comportamentos e processos


ambientais pelo uso de um SIG.
Fonte: Roma e Souza (2001).

A estrutura básica de um sistema de informação geográfica pode ser sub-


dividida em cinco módulos, sendo eles, aquisição de dados, pré-processamen-
to, gerenciamento de dados, manipulação e análise, e geração de produtos. É

34 • capítulo 2
importante compreender que estes módulos estão sempre interligados em um
processo contínuo, em qualquer aplicação de um SIG (ROMA E SOUZA, 2001).
Aquisição de dados, de acordo com Roma e Souza (2001), é o módulo que
contém o processo de identificar e coletar dados requeridos para sua aplicação.
Este processo geralmente inclui diversos procedimentos, por exemplo:
•  A coleta de novos dados através da preparação de mapas da preparação
de mapas de larga escala da vegetação natural a partir da observação de
campo, ou por delimitação em fotografia aérea.
•  Localizar e coletar dados existentes tais como mapas, fotografias áreas e
terrestres, levantamentos de várias espécies, e documentos de arquivos
repositórios.

Roma e Souza (2001) ainda afirma que nunca se deve economizar (tempo ou
dinheiro) na fase de aquisição de dados. Os dados relevantes para o problema de-
vem identificados e armazenados com qualidade para sua utilidade a em um SIG.
Pré-processamento, de acordo com Roma e Souza (2001), é o elemento que
envolve o tratamento dos dados para que eles possam ser incorporados ao SIG.
Dentre as principais tarefas do pré-processamento incluem conversão do for-
mato dos dados e identificação da locação dos objetos nos dados originais de
forma sistemática.
A conversão do formato dos dados originais envolve extrair informação de
mapas, fotografias e material impresso e gravar essas informações numa base
de dados informatizada. Este processo geralmente é muito lento, consumin-
do muito tempo e esforço, traduzindo-se sempre em alto custo para o projeto
(ROMA E SOUZA, 2001).
O estabelecimento de um sistema consistente para a gravação e especifica-
ção da locação dos objetos no banco de dados possibilita a determinação das
características de qualquer localização especificada. Durante este processo é
muito importante manter um critério de controle de qualidade para acompa-
nhar as operações (ROMA E SOUZA, 2001).
Gerenciamento dos dados, de acordo com Roma e Souza (2001), compõe as
funções de gerenciamento de dados e o acesso à base de dados. Essa automa-
tização torna o sistema mais eficiente, pois um buscador lógico associado vai
diretamente no dado, recuperando e criando a associação. Com isso o sistema
fica mais rápido e não exige do operador uma busca mais onerosa.
Dentre os cuidados no gerenciamento de dados, estão os esquemas de segu-
rança. É possível também criar graus de hierarquia e acesso aos dados, de for-

capítulo 2 • 35
ma que apenas quem tiver mais privilégios podem acessar determinados dados
armazenados. Isso permite que pessoas não autorizadas alterem algum dado
do banco de dados ou até tenha acesso a dados que podem ser considerados
sigilosos. (ROMA E SOUZA, 2001).

Tratamento e análise: As novas informações são geradas a partir de opera-


ções matemáticas, com a implantação de algoritmos, modelos matemáticos
ou estatísticos que manipulam os dados, gerando as novas informações. Por
exemplo imagine uma região onde o avanço de uma nuvem de poluição segue
anualmente um certo crescimento e com os dados coletados é gerado um mo-
delo de crescimento e dispersão dessa poluição. Com o SIG é possível gerar
um mapa prevendo uma situação futura de crescimento e abrangência dessa
nuvem ao longo dos anos, ou até prever quando essa nuvem vai atingir uma
situação crítica.
Geração de Produto: O SIG é capaz de gerar como produto final Tabelas,
Mapas, gráficos diversos, relatórios estatísticos, modelos digitais do terreno,
simulações temporais, etc. Com base nesse novo produto gerado pelo SIG, o
gestor terá mais chances de acertar na decisão que irá tomar.

2.3  Cartografia para Sistemas de Informação Geográfica

A superfície real da Terra não pode ser matematicamente modelada dada sua
complexidade e irregularidades locais assim não existem uma ou um conjunto
de equações que possam descrevê-la de maneira mais correta. Para descrevê-la
usa-se, então, uma representação plana da superfície. Porém, como essa super-
fície não é planificável, ela sempre apresentará deformações, cabendo ao usuá-
rio usar uma adequada correspondência a sua necessidade.
A Cartografia pode ser conceituada, segunda a Associação Cartográfica In-
ternacional (ICA, 1973), como o conjunto de operações científicas, artísticas e
técnicas que, tendo por base os resultados das observações obtidas pelos mé-
todos e processos diretos, indiretos ou subsidiários de levantamento ou explo-
ração de documentos existentes, destinam-se a elaboração e a preparação de
mapas e outras formas de expressão, assim como a sua utilização.
A Terra pode ser representada de diversas formas. Para representá-la abor-
daremos e usaremos as seguintes definições:

36 • capítulo 2
•  Mapa: representação da Terra ou parte dela, em seus aspectos geográfi-
cos que se destina a fins culturais ou ilustrativos. Portanto o mapa não
tem caráter científico e será, geralmente, construído em escala cobrindo
extenso território, como mostra a figura 10.
© NORMAN CHAN | DREAMSTIME.COM

Figura 10 – Localização de países em um mapa.


© MICHELLO | DREAMSTIME.COM

Figura 11 – Representação do mapa político do mundo.

capítulo 2 • 37
•  Carta: representação dos aspectos naturais ou artificiais da Terra, desti-
nados a fins práticos da atividade uma, que permite avaliação precisa de
distâncias. É uma representação similar ao mapa, construída para mos-
trar limites verdadeiros e usos das propriedades, podendo ser omitidas
elevações e detalhes naturais ou artificiais desnecessários. Neste caso o
desenho é puramente topográfico e de pequenas regiões, normalmente
menores de 100 km² ou em escalas maiores de 1:10.000, onde não se leva
em conta a curvatura da superfície terrestre.
© ROBERTO GIOVANNINI | DREAMSTIME.COM

Figura 12 – Representação de uma carta.

Cabe ressaltar que para a NBR 13133 (1994) carta e mapa são sinônimos,
sendo definidos como representação gráfica sobre uma superfície plana, dos
detalhes físicos, naturais e artificiais, de parte ou de toda superfície terrestre –
mediante símbolo ou convenções e meios de orientação indicados, que permi-
tem a avaliação de distâncias, a orientação das direções e a localização geográ-
fica de pontos, áreas e detalhes – podendo ser subdividida em folhas, de forma
sistemática, obedecido a um plano nacional ou internacional.

2.4  Conceitos de Geodésiae Projeções Cartográficas

Geodésia é a ciência que se ocupa da determinação da forma, das dimensões e do


campo de gravidade da Terra. Antes de conhecermos as aplicações dos estudos
geodésicos, vamos estudar alguns conceitos sobre as definições de superfície da

38 • capítulo 2
Terra, que são de suma importância para a compreensão das superfícies geoidais.
A forma da Terra, já passou por diversas interpretações, de acordo com os
diversos períodos históricos que a humanidade viveu. Para se fazer um georefe-
renciamento deve-se conhecer as 3 superfícies:

•  Superfície Física da Terra (SF): é a superfície real da Terra. Ela não pode
ser equacionada matematicamente devido a sua complexidade. E conhe-
cida também como relevo topográfico, como apresenta a figura 13.
© MOPIC | DREAMSTIME.COM

Figura 13 – Representação Superfície Física da Terra.

•  Superfície Elipsoidal (SE): é uma representação matemática do geoide e


gerada pela rotação de uma elipse entorno do eixo menor. Esse elipsoi-
de pode ter paramentos diferentes para melhor representar o geoide de
cada região. A figura 14 a seguir apresenta a sua representação.
© ALEXANDERZAM | DREAMSTIME.COM

Figura 14 – Representação Superfície Elipsoidal da Terra.

capítulo 2 • 39
•  Superfície Geoidal (SG): geoide é uma superfície que possui o mesmo po-
tencial gravitacional, tendo aceleração da gravidade constante com a dire-
ção perpendicular a vertical dada por um fio de prumo. Ela pode ser consi-
derada a superfície que mais se aproxima a superfície média dos oceanos,
como mostra a figura 15. No Brasil o Mapa Geoidal Global apresenta o mo-
delo GEMT2, com precisão absoluta de 3m e precisão relativa de 1 cm/km.
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 15 – Representação Superfície Geoidal da Terra.


Fonte: <http://earthsky.org/earth/european-satellite-produces-most-detailed-view-yet-
-of-earths-gravitational-field>

A figura 16 abaixo apresenta uma comparação entre os três modelos de repre-


sentação da superfície terrestre, sendo o Geoidal, o Elipsoidal e o Topográfica.

HB

DI
DH (na altitude média)

HA

Superfície Física Transformações


geométricas

DG (geóide)

DE (elipsóide)

Transformação
analítica
DP (plano UTM)

Figura 16 – Comparação entre os três modelos de representação da superfície terrestre.


Fonte: Elaborado pelo autor

40 • capítulo 2
É importante conhecer a distância entre as superfícies descritas.
•  Altura Ortométrica (H): é a distância tomada ao longo da vertical do lugar
entre a superfície elipsoidal e a superfície física da Terra. É a mais usada
em Mensuração.
•  Ondulção Geoidal (N): é a distância tomada ao longo da normal do local
entre a superfície elipsoidal e o geoide.
•  Altura Geométrica (h): é a distância tomada ao longo da normal do local
entre a superfície física da Terra e a superfície elipsoidal. Essa é a distância
obtida nos receptores GPS. Uma maneira aproximada de se obter a altitude
ortomética sabendo-se a altura é:

H=h+N

A figura 17 abaixo mostra as superfícies com suas respectivas associações

Figura 17 – Superfícies de referência e suas associações.


Fonte: Elaborado pelo autor

2.5  Sistemas de coordenadas

O sistema de coordenadas serve para podermos definir em qualquer parte da


Terra nossa localização. Existem vários modelos e formas para fazer essas re-
presentações:
•  Coordenadas Geográficas Astronômicas e Geodésicas: as coordenadas
geográficas astronômicas são associadas ao geoide e definidas em fun-
ção do ângulo medido a partir do centro de massa da Terra. São latitude
astronômica, longitude astronômica e a altura ortométrica (H). Suas co-
ordenadas são determinadas pela vertical gravimétrica e sua latitude é o
ângulo da vertical no ponto com o plano do equador.

capítulo 2 • 41
•  As coordenadas geográficas geodésicas são associadas a um elipsoide e
são a latitude geodésica, longitude geodésica e a altura geométrica (h).
Em geral, suas coordenadas são calculadas por meio da equação do elip-
soide e a sua latitude é o ângulo da normal ao elipsoide no ponto com o
plano do equador.

•  Coordenadas Geográficas Cartesianas: neste sistema, a origem do eixo


é o centro de massa da Terra, sendo “X” o eixo na direção do semieixo
maior do elipsoide, “Y” o eixo na direção do semieixo menor do elipsoide
e o eixo “Z” o eixo médio de rotação terrestre. Como a coordenada “Z”
está na vertical ao plano equatorial horizontal e as alturas elipsoidais (h)
estão na direção normal a superfície do elipsoide, uma alteração na altu-
ra não produziria crescimento igual em “Z” (somente nos pólos). Assim
essas unidades não são comumente usadas.

•  Coordenadas Plano-Retangulares: neste sistema, a origem dos eixos é a


mesma do sistema topográfico local. Coincidente com a linha meridiana,
temos a coordenada “Y” positiva em sentido ao norte geográfico. O eixo “X”
é positivo ao sentido leste. Esse sistema é elevado ao nível médio da área do
Sistema Topográfico.

•  Coordenadas Topográficas Locais: para a NRB 14166 (1998) consiste em


um sistema de representação, em planta, das posições dos pontos de um
levantamento topográfico em relação a uma origem de coordenadas ge-
odésicas conhecidas. Neste sistema, todos os ângulos e distâncias das
operações topográficas da determinação dos pontos do levantamento
topográfico, são pressupostos como projetados em verdadeira grandeza
sobre o plano tangente à superfície de referência (elipsoide de referên-
cia) do sistema geodésico adotado, na origem, cujas coordenadas geodé-
sicas são conhecidas.

2.6  Sistema de projeção UTM

O modelo mais adequado para representar o formato da Terra é o elipsoide de


revolução. Em alguns casos, ela pode ser considerada como uma esfera. Porém,
nem a esfera nem o elipsoide de revolução são planificáveis, e para projetos de
engenharia é necessária uma representação no plano de pontos existentes na

42 • capítulo 2
superfície da Terra.
O sistema de projeção UTM é uma projeção cilíndrica, conforme, secante e
só o Meridiano Central e o Equador são linhas retas. Hoje a produção das cartas
topográficas do Sistema Cartográfico Nacional produzidas pelo IBGE e DSG são
em UTM, normalmente em escalas que variam entre 1:1.000.000 e 1:25.000.
Na projeção UTM o cilindro é secante com relação à esfera, resultando em
duas linhas de distorção “zero”. Como decorrência da existência de regiões
onde o coeficiente de escala K difere de 1, assumindo valores maiores e menores
que este, a superfície projetada sofre amplificações e reduções, dependendo de
sua posição relativa ao meridiano central. Na região central (± 180 km do MC) ve-
rifica-se um encolhimento da região projetada, além da conversão de escala do
mapeamento. Efeito inverso ocorre com elementos representados e que encon-
tram-se entre as linhas de secância e os limites da zona. Estes aparecem “maio-
res” que deveriam ser. Em medidas de áreas e distâncias que se utilizem de co-
ordenadas planas do sistema UTM essas considerações deverão ser observadas.
O modelo é composto por 60 cilindros de eixo transverso, obtidos através da
rotação do mesmo no plano do equador, com amplitudes de 6º de longitude, a
partir do anti-meridiano (180º) de Greenwich. Assim são gerados 60 cilindros,
onde cada um deles representa um fuso. A figura 18 mostra os fusos gerados
em cada rotação.

Sobreposição de
fusos nos pólos

Figura 18 – Rotação dos cilindros secantes da projeção UTM, gerando os Fusos.


Fonte: Elaborado pelo autor

capítulo 2 • 43
A projeção UTM está limitada em latitude em 80º Norte e a 84º Sul. Na in-
terseção do plano do equador com o meridiano Central (MC) do fuso, temos o
ponto N=0 para o Hemisfério Norte e N=10.000.000m para o Hemisfério Sul e
para a Longitude temo E=500.000 m. A figura 19 exemplifica o território brasi-
leiro dividido em fusos no sistema UTM.

18 19 20 21 22 23 24 25
8o
NB
4o
NA
Equador
SA
– 4o
SB
– 8o
SC
– 12o
SD
– 16o
SE
– 20o
SF

SG – 24o

SH – 28o

SI – 32o
78o 72o 66o 60o 54o 48o 42o 36o 30o

Figura 19 – Território Brasileiro dividido em Fusos no Sistema UTM.


Fonte: Elaborado pelo autor

É importante não confundir o plano topográfico utilizado tradicionalmente na topográfica


com o plano UTM. O plano UTM é uma transformação matemática num cilindro secante
em um fuso, enquanto o plano local topográfico (Topografia) desconsidera a curvatura da
terra e é perpendicular à vertical do lugar no ponto da superfície terrestre considerado
como origem do levantamento. Nessa simplificação, não se observam os erros sistemáti-
cos provenientes da desconsideração da curvatura terrestre e do desvio da vertical. Esse
plano também pode ser estabelecido em função da normal ao elipsoide.

44 • capítulo 2
2.7  SGB - Sistema Geodésico Brasileiro

O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), segundo a NBR 13133 (1994), é o conjun-


to de pontos geodésicos descritos da superfície física da Terra, implantados e
materializados na porção da superfície terrestre delimitada pela fronteira do
país, com vistas às finalidades de sua utilização, que vão desde o atendimen-
to a projetos internacionais de cunho científico, passando pelas amarrações e
controles de trabalhos geodésicos e cartográficos, até o apoio aos levantamen-
tos no horizonte topográfico, onde prevalecem os critérios de exatidão sobre as
simplificações para a figura da Terra.
De acordo com Lacruz (2003) o desenvolvimento do SGB, composto pelas
redes altimétrica, planimétrica e gravimétrica pode ser dividido em duas fases
distintas: uma anterior e outra posterior ao advento da tecnologia de observa-
ção de satélites artificiais com fins de posicionamento. Essa tecnologia possi-
bilitou, por exemplo, a expansão do SGB à região amazônica, permitindo o esta-
belecimento do arcabouço de apoio ao mapeamento sistemático daquela área.
Na prática, a atuação do IBGE, instituição responsável no País por essas ati-
vidades, caracteriza-se pela implantação e manutenção do Sistema Geodésico
Brasileiro (SGB), formado pelo conjunto de estações, materializadas no terre-
no, cuja posição serve como referência precisa a diversos projetos de engenha-
ria - construção de estradas, pontes, barragens, etc. -, mapeamento, geofísica,
pesquisas científicas, dentre outros.

CONEXÃO
Você pode acessar o site oficial do IBGE e estudar um pouco mais sobre o Sistema Ge-
odésico Brasileiro no website <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/de-
fault_sgb_int.shtm?c=1>

2.8  Sistemas ee Posicionamento Global por Satélites (GNSS)

Com o objetivo de identificar pontos na superfície terrestre, surgiu uma técnica


que vem se desenvolvendo com grande velocidade e inovação tecnológica, a dos
chamados Sistemas de Posicionamento Global (GNSS), que descreveremos, a
seguir, brevemente.

capítulo 2 • 45
Segundo Silva (2003), o aparecimento dos Sistemas de Posicionamento Glo-
bal foi um dos grandes avanços na tecnologia de levantamentos cartográficos.
Uma vez fixada e aceita a forma da Terra como um elipsoide, a precisão das
técnicas de posicionar um ponto de sua superfície em relação a um determina-
do referencial têm avançado. Os satélites de radionavegação de base espacial
que cobrem a Terra hoje são o Sistema GPS (EUA), GLONASS (República Russa),
Compass-Beidu (China) e GALILEO (União Europeia).
Os satélites que compõem o GPS, conforme apresenta a figura 20, orbitam ao
redor da Terra distribuídos em órbitas distintas. O princípio do funcionamento
do sistema é conhecer as distâncias entre um receptor e pelo menos 4 satélites,
conhecendo também as coordenadas desses satélites, é possível calcular as co-
ordenadas da antena do receptor no mesmo sistema de referência dos satélites.
© DESIGNUA | DREAMSTIME.COM

Figura 20 – Representação da constelação de satélites GPS em órbita.

Existem vários métodos de se obter coordenadas com o sistema GNSS,


como mostra a figura 2.8.2, que podem ter variações de precisão e exatidão de
milímetros a metros, conformo o método e o tempo de coleta de dados usado.
O preço do equipamento pode variar muito também, em função dessa precisão,
onde aparelhos GNSS mais simples podem custar de $150,00 dólares a quase
$100.000,00 dólares. Assim, dependendo da necessidade de obter dados mais
precisos, a escolha sobre o tipo de aparelho a utilizar e o método de coleta po-
dem varia muito.

46 • capítulo 2
Figura 21 – Representação de como o Sistema GNSS funciona.
Adaptado de: <http://space-geodesy.gsfc.nasa.gov/techniques/GNSS.html>

ATIVIDADE
1. Quais são os cinco módulos da estrutura básica de um sistema de informação geográ-
fica?

2. Qual a importância da Cartografia para a criação de um SIG?

3. O que é Geoide?

4. Qual a importância do Sistema Geodésico Brasileiro?

5. Qual foi a grande evolução que os Sistema de Posicionamento Global trouxeram para a
coleta de dados espaciais?

REFLEXÃO
A partir da leitura desta unidade, você observou que o SIG pode auxiliar muito na geração de
novas informações a partir de dados coletados. Porém é importante que os dados estejam
corretos. Imagine um grande banco de dados coletados, porém suas informações espaciais

capítulo 2 • 47
estejam deslocadas? Assim, para cada tipo de trabalho deve-se observar como será feito a
coleta de dados espacial para que as necessidades de exatidão da posição dos dados sejam
garantidas. Uma boa compreensão desses conceitos pode evitar equívocos na hora de geor-
referenciar o banco de dados espaciais.

LEITURA
As atividades geodésicas têm experimentado uma verdadeira revolução com o advento do
Sistema de Posicionamento Global (GPS). A capacidade que este sistema possui de permi-
tir a determinação de posições, estáticas ou cinemáticas, aliando rapidez e precisão muito
superiores aos métodos clássicos de levantamento, provocou a necessidade de revisão das
características do SGB. Entre no site <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geode-
sia/> do IBGE e veja quanta informação interessante tem sobre o assunto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARONOFF, S. Geographical Information Systems: A Management Perspective. Ottawa, WDI
Publications, 1989.

BURROUGH, P. Principles of Geographical Information Systems for Land Resources Asses-


sment. Oxford, England, Oxford University Press, 1986.

COWEN, D.J. GIS versus CAD versus DBMS: what are the differences. Photogrammetric
Engineering and Remote Sensing, 54:1551-4, 1988.

SMITH, B. and D. MARK. Ontology and Geographic Kinds. In: International Symposium on
Spatial Data Handling, Proceedings. Vancouver, Canada, 1998. p.308-320.

MAGUIRE,D. An Overview and Definition of GIS. In: Maguire,D.; Goodchild, M.; Rhind, D. (eds)
Geographical Information Systems: Principles and Applications. New York, John Wiley and
Sons, 1991, pp. 9-20.

BERNASCONI, Paula; DE MENDONÇA, Ricardo Abad Meireles; MICOL, Laurent. Uso de


SIG no diagnóstico ambiental municipal: estudo de caso no município de Colíder-MT. Anais
do XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009. INPE,
p, 3575-3582.

48 • capítulo 2
SILVA, A. DE B. Sistemas de Informações Geo-refenciadas: conceitos e fundamentos. Cam-
pinas, SP. Editora UNICAMP. 2003.

LACRUZ, M. S. P. Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informação Geográfica como Sub-


sídio para Levantamentos Fisionômico-Estruturais em Floresta Tropical Úmida – Estudo
de Caso: Estação Científica Ferreira Penna, Pa. Dissertação de Mestrado. São José dos
Campos, SP. INPE. 2003. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/pgsere/Lacruz-%20M-S-
-P-1996/publicacao.pdf>.

ICA - INTERNATIONAL CARTOGRAPHIC ASSOCIATION. Multilingual dictionary of technical


terms in cartography.Viesbaden: Franz Steiner Verlag, 1973. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS (1994). NBR 13133: Execução de Levantamento Topográfico – pro-
cedimento. Rio de Janeiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1998). NBR 14166: Rede de refe-


rência cadastral municipal – procedimento. Rio de Janeiro.

CRUZ, C.B.M; PINA, M.F. Fundamentos de Cartografia. CEGEOP Unidades didáticas 29 a 41.
Volume 2. Rio de Janeiro: LAGEOP /UFRJ, 2002.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Neste capítulo vimos que os sistemas de informação geográfica constituem uma ferramenta
de grande utilidade para o armazenamento e manipulação de informação espacial de forma
eficiente. Quando combinada com o sensoriamento remoto, permite uma melhor análise,
mapeamento, modelagem e manejo dos recursos naturais.
No próximo capítulo estudaremos como gerar novas informações a partir de dados georre-
fenciados e de dados alfanuméricos.

capítulo 2 • 49
3
Criação de
Informações
3  Criação de Informações
Seja bem-vindo ao Capítulo 3 da disciplina de Geoprocessamento Ambiental.
Neste capítulo você compreenderá como são geradas, a partir dos dados de en-
trada, as novas informações. A partir de dados alfanuméricos e dados georre-
ferenciados, o Sistema de Informações Geográfico pode manipular os mapas
através de modelos matemáticos e gerar novos mapas, buscando os atributos
necessários no banco de dados alfanuméricos.
Para o gestor ambiental, o planejamento na implantação de um SIG deve ser
uma constância entre coleta de dados e processamento de dados. Sempre o Sis-
tema deve ser retroalimentado para que os dados sejam atualizados e as infor-
mações correspondam a realidade temporal das análises.
O SIG muitas vezes faz parte de um projeto muito maior, e os resultados obtidos
por ele serão apenas auxiliadores para o desenvolvimento deste projeto maior.
Porém, quando o SIG é o projeto proposto, as suas metas são mais claras e os
resultados são mais diretamente visíveis. Um modo de garantir que o SIG tenha
usos e benefícios mais rápidos é desenvolvê-lo em função dos usos, isto é, defi-
nir as prioridades e depois implantar o sistema.

OBJETIVOS
•  Conhecer os mecanismos internos de como o SIG, a partir de dados espaciais e alfanumé-
ricos, cria novos dados e informações úteis aos gestores.
•  Verificar como os mapas e relatórios gerados podem indicar tendências de fenômenos, e
ainda realizar previsões futuras de cenários, indicar a necessidade de mudanças estratégicas
emergenciais, e outros.
•  Identificar e compreender as diversas possibilidades que os SIGs podem oferecer para
facilitar a resolução de problemas específicos e problemas que surgem no cotidiano de pro-
fissionais da área.

REFLEXÃO
Antigamente, para se traçar as curvas de nível baseando-se em fotogrametria, era necessário
um equipamento chamado par estereoscópico. Para a percepção de profundidade era utiliza-
do simultaneamente os dois olhos obtendo-se a visão da terceira dimensão. A percepção de

52 • capítulo 3
profundidade monoscópica permite apenas uma sensação de desnível, enquanto a percep-
ção binocular possibilita um grau de acurácia muito maior.
Atualmente essa técnica foi substituída por monitores 3D. Assim, isso permitiu a evolução
das curvas de nível para os Modelos Digitais do Terreno.

3.1  Procedimentos e métodos de análise de dados


georreferenciados.

O problema da representação computacional no espaço


Iniciamos este capítulo com a discussão dos aspectos e situações básicas de
representação computacional de dados geográficos.
O termo representação tem origem no século XIII, com as representações
durante as cerimonias funerárias, por meio de manequins de ceras, das figuras
dos reis ingleses e franceses junto aos seus cadáveres. Nesta nova forma, apesar
de morto o rei continuaria presente para seus súditos (GINZBURG, 2001). As-
sim, desde a sua origem a palavra ‘representação’ está associada a uma forma
abstrata de descrição do mundo. O uso do manequim como representação do
soberano morto é apenas um exemplo do problema mais geral da construção
de abstrações que descrevem o mundo (CÂMARA, 2005).
Para explicar como funcionam os bancos de dados geográficos, iremos des-
crever o processo de transformar os conceitos abstratos de espaço geográfico
no referindo ao espaço computacionalmente representado. Para exemplificar,
consideremos alguns problemas:
•  Uma cientista social deseja entender e quantificar o fenômeno da exclu-
são social numa grande cidade brasileira, por meio de mapas de exclusão/
inclusão social, gerados a partir de dados censitários (SPOSATI, 1996).
•  Uma ecóloga tem como objetivo estudar os remanescentes florestais da
Mata Atlântica, por meio de estudos de fragmentação obtidos a partir de
interpretação de imagens de satélite (PARDINI et al., 2005).
•  Uma pedóloga pretende determinar a distribuição de propriedades do
solo numa área de estudo, a partir de um conjunto de amostras de cam-
po (BÖNISCH et al., 2004).

Quais aspectos são comuns nesses três casos? Podemos perceber que os es-
pecialistas lidam com conceitos de sua disciplina (exclusão social, fragmentos,

capítulo 3 • 53
distribuição de propriedades do solo) e precisam de representações/ferramen-
tas que traduzam estes conceitos para o computador. Após esta tradução, elas
poderão compartilhar os dados de seu estudo, inclusive com pesquisadores de
outras disciplinas (CÂMARA, 2005).

3.2  Incorporação e manipulação através de análises espaciais em


um sistema SIG.

Segundo Druck et al (2004), um grande desafio da atualidade para a compreen-


são de questões centrais em diferentes áreas do conhecimento, seja em saúde,
em ambiente, em geologia, em agronomia, entre tantas outras é o entendimento
da distribuição espacial de dados oriundos de fenômenos ocorridos no espaço.
O aumento da disponibilidade de sistemas de informação geográfica (SIG)
de baixo custo e com interfaces amigáveis tem tornando tais estudos cada vez
mais comuns. Estes sistemas possibilitam a visualização espacial, por meio de
mapas, de diversas variáveis como população de espécies, índices de qualidade
de vida ou clientes de empresa em determinada área, etc. Para tal, basta dispor
de um banco de dados e de uma base geográfica (como um mapa de municí-
pios), e o SIG é habilitado para apresentar um mapa colorido possibilitando a
visualização do padrão espacial do fenômeno (DRUCK et al, 2004).
Além da percepção visual da distribuição espacial do problema, Druck et
al (2004) mostram que é muito útil traduzir os padrões existentes com con-
siderações objetivas e mensuráveis, como nos seguintes casos:
•  •São coletados dados sobre a ocorrência de doenças por epidemiologis-
tas. A partir disso, é possível realizar estudos para identificar se as distri-
buições dos casos da doença formam um padrão no espaço, se existem
associações com alguma fonte de poluição, se há evidência de contágio,
entre outros.
•  É realizada uma investigação para identificar se existe alguma concen-
tração espacial na distribuição de roubos. É possível verificar se os rou-
bos que ocorrem em determinadas áreas estão correlacionados com ca-
racterísticas socioeconômicas dessas áreas.
•  Será estimado por uma equipe de geólogos extensão de um depósito mi-
neral em uma região a partir de amostras. A partir disso, será verificado
se é possível usar essas amostras para estimar a distribuição do mineral
na região.

54 • capítulo 3
•  Uma região será analisada para fins de zoneamento agrícola. Posterior-
mente serão escolhidas as variáveis explicativas – solo, vegetação, geo-
morfologia – e determinadas qual a contribuição de cada uma delas para
a definição do tipo de cultura mais adequado para cada local.

Essas diversas problemáticas apresentadas acima fazem parte da análise


espacial de dados geográficos. A ênfase da Análise Espacial é, segundo Druck
et al (2004) “mensurar propriedades e relacionamentos, levando em conta a lo-
calização espacial do fenômeno em estudo de forma explícita. Ou seja, a ideia
central é incorporar o espaço à analise que se deseja fazer.”
A incorporação das análises espaciais foi realizada, de forma pioneira,
desde século XIX por John Snow, em umas das várias epidemias de cóleras,
na cidade de Londres trazidas das Índias. Os mecanismos causadores da do-
ença ainda eram desconhecidos, então, foram estabelecidas duas hipóteses
científicas que procuravam explicá-la: uma relacionando-a aos miasmas,
concentrações nas regiões baixas e pantanosas da cidade, e outra à ingestão
de água insalubre (DRUCK et al, 2004).
O mapa, representado na figura 22, foi realizada a localização das bombas
de água que abasteciam a cidade e as residências dos óbitos ocasionados pela
doença, permitindo assim a visualização do epicentro da epidemia. Foram re-
alizados estudos posteriores que confirmaram esta hipótese, comprovada por
outras informações tais como a localização do ponto de captação de água desta
bomba a jusante da cidade, em local onde a concentração de dejetos, inclusive
de pacientes coléricos era máxima (DRUCK et al, 2004).

JUSANTE: Jusante e montante são lugares referenciais de um rio pela visão de um


observador. Jusante é o fluxo normal da água, de um ponto mais alto para um ponto
mais baixo. Montante é a direção de um ponto mais baixo para o mais alto. A jusante
corresponde ao lado para onde se dirige a corrente de água e montante é a parte onde
nasce o rio. Por, isso se diz que a foz de um rio é o ponto mais a jusante deste rio, e a
nascente é o seu ponto mais a montante.
Fonte: <http://www.significados.com.br/jusante-e-montante/>

capítulo 3 • 55
Figura 22 – Mapa de Londres, onde os óbitos por cólera estão identificados por pontos e
poços de água estão representados por cruzes.
Fonte: Monteiro, 2009, p.21

Essa é uma situação típica foi um dos primeiros exemplos da análise espa-
cial, onde a relação espacial entre os dados contribuiu significativamente para
o avanço na compreensão do fenômeno (DRUCK et al, 2004).

3.3  Modelagem Numérica de Terreno (MNT)

De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001) um Modelo Numérico de Ter-


reno (MNT) é “uma representação matemática computacional da distribuição
de um fenômeno espacial que ocorre dentro de uma região da superfície terres-
tre”. Os MNT podem representar diversos fenômenos, como exemplo, os dados
de relevo, levantamentos de profundidades do mar ou de um rio, informações
geológicas e meteorológicas, dados geofísicos e geoquímicos entre outros.
Dentre algumas aplicações do MNT podemos citar o armazenamento de dados
de altimetria para gerar mapas topográficos; análises de corte aterro para projeto de
estradas e barragens; elaboração de mapas de declividade e exposição para apoio à
análise de geomorfologia e erodibilidade (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Câmara, Davis e Monteiro (2001) explicam que é indispensável à elaboração
e criação de um modelo digital para a representação de uma superfície real não

56 • capítulo 3
computado. Essa representação pode ser feita por equações analíticas ou uma
rede (grade) de pontos, de modo a transmitir ao usuário as características es-
paciais do terreno.

CONEXÃO
No site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) você encontra a programação
e canais para inscrições em diversos eventos científicos relacionados com o georeferencia-
mento. Acesse o link: <http://www.inpe.br/comunicacao_comunidade/eventos.php>

A criação de um modelo numérico de terreno corresponde a uma nova ma-


neira de salientar o problema da elaboração e implantação de projetos. São re-
alizados cálculos diretamente de volumes, áreas, desenhos de perfis e secções-
transversais, geração de imagens sombreadas ou em níveis de cinza, geração de
mapas de declividade e aspecto, geração fatiamentos nos intervalos desejados e
perspectivas tridimensionais a partir dos modelos numéricos. Nos próximos tó-
picos serão expostos exemplos de aplicação desses modelos numéricos (CÂMA-
RA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
O MDT (modelo digital de terreno) e o MDS (modelo digital de superfíce)
consistem na representação do terreno através de modelos em 3D. Este tipo de
modelagem é possível quando se possui uma base em 2D e a altimetria desta
mesma localidade. Para melhor compreensão as figuras 23 e 24 apresentadas
a seguir fazem uma comparação de Modelo Digital de Superfície e o Modelo
Digital Terreno de um mesmo local para melhor entendimento.
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 23 – Modelo Digital de uma Superfície.


Fonte: GlobalGeo, 2014. Disponível em: <http://www.globalgeo.com.br/servicos/gera-
cao-de-mdt-e-mds/>Acesso em: 26 out. 2014.

capítulo 3 • 57
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 24 – Modelo Digital do Terreno.


Fonte: GlobalGeo, 2014. Disponível em: <http://www.globalgeo.com.br/servicos/gera-
cao-de-mdt-e-mds/> Acesso em: 26 out. 2014.

•  Entrada e edição de dados numéricos computacional do espaço


A geração de um modelo numérico de terreno pode ser dividida em duas
etapas: a de aquisição das amostras ou amostragem e a geração do modelo
propriamente dito ou interpolação. Após a geração do modelo são desen-
volvidas as diferentes aplicações (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
A obtenção de um grupo de amostras representativas do fenômeno em
estudo compreende a etapa de amostragem. No geral, essas amostras es-
tão representadas por curvas e pontos tridimensionais (CÂMARA, DAVIS
E MONTEIRO, 2001).
Câmara, Davis e Monteiro (2001) explicam que a interpolação “envolve a
criação de estruturas de dados e a definição de superfícies de ajuste com
o objetivo de se obter uma representação contínua do fenômeno a partir
das amostras”.
Para a manipulação conveniente e eficiente dos modelos pelos algorit-
mos de análise contidos no SIG são definidas essas estruturas. As grades
regulares e a malhas triangulares, que serão abordadas nos próximos
tópicos, são as estruturas de dados mais utilizadas (CÂMARA, DAVIS E
MONTEIRO, 2001).
Os procedimentos de análise executados sobre os modelos digitais são
as aplicações, que podem ser podem ser quantitativas tais como cálcu-
los de volumes e geração de mapas de declividades ou qualitativas, tais
como a visualização do modelo usando-se projeções geométricas plana-
res (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

58 • capítulo 3
• Geração de grades regulares
Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001), “a grade regular é uma repre-
sentação matricial onde cada elemento da matriz está associado a um va-
lor numérico”, como apresenta a figura 25. A grade é gerada a partir da
estimativa, através de interpoladores matemáticos, dos valores para as cé-
lulas que não possuem medidas de elevação, considerando-se a vizinhan-
ça de medidas de elevação conhecidas.
Para cada grandeza medida existe um procedimento de interpolação,
que resultará na criação das grades regulares. Câmara, Davis e Monteiro
(2001) mostram que no caso de altimetria, é comum o uso de funções de
ponderação por inverso do quadrado da distância. Já para variáveis geofí-
sicas, são utilizados procedimentos como o de filtragem bidimensional
ou de geoestatística.

z
y

Figura 25 – Superfície e grade regular correspondente.


Fonte: Namikawa, 1995.

• Geração de grades triangulares (TIN)


A malha triangular ou TIN (do inglês “triangular irregular network”) é, se-
gundo Câmara, Davis e Monteiro (2001) “uma estrutura do tipo vetorial com
topologia do tipo nó-arco e representa uma superfície através de um conjun-
to de faces triangulares interligadas”. São armazenadas as coordenadas de
localização (x, y) e o atributo z para cada um dos três vértices da face do triân-
gulo, com o valor de elevação ou altitude. Geralmente nos SIGs que contém
pacotes para MNT, os algoritmos para criação da grade triangular têm como
referência a triangulação de Delaunay com restrição de região.
A exatidão da descrição da superfície está relacionada a forma das faces
triangulares, ou seja, quanto mais equiláteras há uma maior exatidão.

capítulo 3 • 59
Com a utilização interpoladores, a partir das faces triangulares, é possí-
vel estimar o valor de elevação em qualquer ponto dentro da superfície.
A figura 26 mostra uma superfície tridimensional e a grade triangular
correspondente (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

z
y

Figura 26 – Superfície e malha triangular correspondente.


Fonte: Namikawa, 1995.

A representação da variação do terreno é feita de melhor maneira pelas ma-


lhas triangulares, pois elas capturam a complexidade do relevo sem a necessi-
dade de grande quantidade de dados redundantes. Em terrenos uniformes as
grades regulares têm grande redundância, e apresentam maior dificuldade de
adaptação a relevos de natureza distinta no mesmo mapa, devido à grade de
amostragem fixa (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Câmara, Davis e Monteiro (2001) afirmam que as grades regulares são preferí-
veis Para o caso de variáveis geofísicas e para operações como visualização 3D, pois
apresentam maior facilidade de manuseio computacional. A tabela 3.1 resume as
principais vantagens e desvantagens de grades regulares e malhas triangulares.

MALHA REGULAR MALHA TRIANGULAR

Facilidade no manuseio e Melhor representação de relevo


conversão. complexo.
VANTAGENS
Apropriada para geofísica e Incorporação de restrições como
visualização 3D. linhas de crista.

60 • capítulo 3
MALHA REGULAR MALHA TRIANGULAR

Representação de relevos
Complexidade de manuseio.
DESVANTAGENS complexos.
Inadequada para a visualização 3D
Cálculo de declividade.

Tabela 3.1 – Comparação entre grades regulares e malhas triangulares para representação
de Modelos Numéricos de Terreno.
Fonte: Adaptado de Câmara, Davis e Monteiro (2001).

Os modelos numéricos de terreno também podem ser convertidos para ma-


pas temáticos e para imagens. No próximo tópico iremos estudar algumas apli-
cações destes modelos.

•  Aplicações da Modelagem Numérica de Terreno


A Modelagem Numérica de Terreno (MNT) podem ter diversas aplicações,
entre elas a geração de imagens em níveis de cinza e imagens sombreadas.
Imagem MNT em níveis de cinza: A partir do mapeamento dos valores de
cota do modelo são geradas imagens com os níveis de cinza. Cada pixel da
imagem de possui nível de cinza, variando de acordo com os valores das
cotas (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Imagem de MNT sombreada: A geração de uma imagem sombreada é rea-
lizada a partir do modelo e do posicionamento, em relação à superfície, de
uma fonte de iluminação local. Assim, para cada ponto do modelo pode-
se definir um vetor normal a superfície N e um vetor de iluminação I que
parte do ponto da superfície e aponta para a fonte de iluminação. A partir
desses dois valores pode-se calcular um valor de intensidade de ilumina-
ção de um determinado ambiente (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

•  Projeção Planar, Contornos, Visibilidade, Volumes, Drenagens, Perfis


Projeção planar: O modelo de grade regular retangular, visto nos tópicos
anteriores, é mais indicado para efeitos de visualização do modelo em
projeção planar, que podem ser a projeção paralela e a projeção perspec-
tiva (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

capítulo 3 • 61
Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001) na projeção geométrica pla-
nar paralela “é necessário definir-se a direção de projeção, azimute e
elevação. Para projeção perspectiva deve-se definir ainda um centro de
projeção que define o ponto de partida, ou de chegada, dos raios de pro-
jeção perspectiva”.
A figura 27 abaixo mostra a projeção de um projeto seguindo os esque-
mas de projeção paralela e perspectiva, como um segmento AB, definido
no espaço 3D.

Plano de Plano de A
projeção projeção
Direção de A Centro de
projeção projeção
A’
A’

B B

B’ B’

(a) (b)

Figura 27 – Esquemas de projeção: (a) paralela e (b) perspectiva.


Fonte: (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

Geração de mapas de contorno: As curvas que conectam pontos da su-


perfície com mesmo valor de elevação são as chamadas de linhas de con-
torno, que podem ser determinadas a partir de interseções da superfície
com planos horizontais, ou seja, a projeção dessas interseções, no plano
xy, definem as curvas de contorno (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Existem, basicamente, dois métodos de geração de mapas de contornos
a partir do modelo de grade: o método seguidor de linhas e o método de
segmentos. As linhas de contornos são obtidas a partir de intercessões
com as arestas dos elementos básicos, triângulo ou retângulo, do modelo.
A figura 28 a seguir mostra o processo de desenvolvimento de uma linha
de contorno a partir do modelo (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

62 • capítulo 3
Figura 28 – Geração de uma curva de contorno a partir de um modelo de grade (a)
retangular e (b) triangular.
Fonte: (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

A criação de curvas de nível pelo método de segmentos é dividida em


duas etapas. Na primeira etapa são determinados todos os segmentos
pertencentes a um valor de cota predeterminado. Numa Segunda etapa
são conectados esses segmentos para a definição das curvas de nível que
pertencem ao valor de cota preestabelecido (CÂMARA, DAVIS E MON-
TEIRO, 2001).
Já o método seguidor de linhas em uma única etapa gera cada linha de
contorno. Por esse método procura-se um segmento que pertence a uma
curva de contorno. Os pontos extremos desse segmento são definidos
como extremos da linha de contorno. Posteriormente são identificados
outros segmentos que tem ligações com essas extremidades. São incor-
porados a linha definindo as novas extremidades os novos segmentos
encontrados. O processo é finalizado quando as extremidades se encon-
tram, definindo uma curva de nível fechada, ou quando as duas extremi-
dades já encontraram as bordas da região de interesse (CÂMARA, DAVIS
E MONTEIRO, 2001).
Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001) “esses processos de geração
de mapa de contornos são automáticos e necessitam apenas da defini-
ção do modelo e das curvas a serem geradas”.
Fatiamento do modelo: De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001)
o fatiamento de um modelo consiste em “se definir intervalos, ou fatias,
de cotas com a finalidade de se gerar uma imagem temática a partir do

capítulo 3 • 63
modelo”. Ou seja, é associado a um intervalo de cotas dentro dos valores
atribuídos ao fenômeno modelado cada tema, ou classe das imagens.
O usuário do SIG é responsável pela definição das fatias e também da
associação dessas fatias com classes predefinidas no sistema. As fatias
são definidas de acordo com intervalos de cotas que são úteis para uma
determinada aplicação. A figura abaixo ilustra o processo de fatiamento
do modelo.
São usadas frequentemente em análises espaciais, como operações lógicas
de interseção e união, imagens temáticas geradas pelo fatiamento do mo-
delo. A figura 29 abaixo mostra uma imagem temática criada a partir de um
modelo digital de terreno (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

muito baixo baixo médio alto muito alto

Figura 29 – Imagem temática gerada a partir do fatiamento de um modelo digital de terreno.


Fonte: (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

Análise de perfis: Podem ser criados gráficos de perfis do fenômeno ao


longo de uma trajetória a partir de um modelo de grade regular ou irregu-
lar. De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001) “um gráfico de per-
fil representa a variação do fenômeno estudado em função da distância
planar percorrida numa trajetória predefinida”.

64 • capítulo 3
Pela intersecção da trajetória com as arestas do modelo digital de terre-
no são determinados os pontos do perfil. A escolha das melhores trajetó-
rias para a construção de uma estrada, por exemplo, pode ser analisada
utilizando esse tipo de modelo. São estabelecidas diversas trajetórias a
analisados fatores como as distâncias percorridas, variação máxima de
cota, inclinações máxima e mínima, entre outros (CÂMARA, DAVIS E
MONTEIRO, 2001).

Análise de visibilidade: De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001) “a


análise de visibilidade compreende a criação de um mapa de áreas visíveis
em relação a uma ou mais posições do terreno”. É necessário que o usuá-
rio forneça o modelo a ser utilizado e determine as posições no terreno,
para a criação de perfis entre qualquer ponto do terreno e as posições pre-
definidas (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).
Dentre as aplicações deste tipo de análise, podemos destacar o setor de
telecomunicações, como, por exemplo, a definição de áreas de visibilida-
de para fins de telefonia celular. Nessa aplicação são realizados estudos
para a identificação das áreas de influência de uma ou mais antenas e as
áreas de superposição entre elas (CÂMARA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

Cálculo de volumes: É possível se calcular volumes dentro de uma região do


espaço predeterminada a partir de um modelo digital de terreno. É neces-
sário delimitar uma área, dentro de uma região de interesse, e definir um
plano horizontal de corte. Assim, os valores de cota acima da cota base con-
tribuem para o volume de corte enquanto que os valores de cota abaixo da
cota base contribuem para o volume de aterro.
Como exemplos de aplicação, temos os estudos de terraplanagem de
determinadas áreas que utilizam esses cálculos. Ou ainda, no cálculo
do volume de água represado por uma barragem. (CÂMARA, DAVIS E
MONTEIRO, 2001).

CONEXÃO
No site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) você encontra a programação
e canais para inscrições em diversos eventos científicos relacionados com o georeferencia-
mento. Acesse o link: <http://www.inpe.br/comunicacao_comunidade/eventos.php>

capítulo 3 • 65
3.3.1  Métodos de abstração, conversão e estruturação nesse sistema
computacional

•  Estatística Espacial
A estatística espacial refere a uma localização geográfica possuindo algu-
ma forma de referência espacial. Muitos dados que podem ser analisados es-
teticamente possuem referência espacial. Mas a característica fundamental da
estatística espacial que a diferencia da estatística clássica é o uso explícito da
referência geográfica do modelo. Assim, na coleta, descrição e análise dos da-
dos o uso das coordenadas sociais fica explicito centrando nos processos que
ocorrem no espaço (ASSUNÇÃO, 2001).
Por ser mais complexos que os métodos tradicionais de estatísticas, que
pressupõem que sejam apenas variáveis casuais na estatística espacial as posi-
ções relativas das amostras não são ignoradas. A estítica espacial traz resulta-
dos diferentes daqueles obtidos pela estatística clássica, pois para sua análise
são necessários pelo menos informações sobre a localização e os atributos as-
sociados são dados independentes da forma como seja medido, pressupondo-
se que os dados são espacialmente dependentes (LANDIM, 1998).

•  Introdução à Geoestatística
Cromer (1996) comenta que a geoestatística é utilizada nas avaliações e ca-
racterizações espacial e temporal de certos fenômenos, tendo sido inicialmen-
te aplicada na mineração de ouro desde 1950.
Posteriormente, a geoestatística foi aplicada nas indústrias de exploração de
petróleo, e o sucesso da atividade estava ligado ao sucesso na aplicação de casos,
uma vez que envolvia elevado capital, sendo as operações práticas baseadas na
interpretação de dados espaciais. Assim, a base da geoestatística foi elaborada.
A partir daí, a aplicação das técnicas da geoestatística expandiram-se para diver-
sas áreas da ciência da terra, servindo como ferramenta de tomada de decisões e
possibilitando melhoria na caracterização e entendimento de certos fenômenos
(MANGABEIRA et al, 2001).
A intensificação do uso da geoestatística, a partir dois anos 1980, decorreu
do fato de que até então, segundo Goovaerts (1999), a geoestatística era vista
essencialmente como um modo de descrever o padrão espacial por meio da
ferramenta de semivariogramas. Novas ferramentas foram desenvolvidas para
resolver os problemas, tais como o melhoramento da incerteza com os valores

66 • capítulo 3
estimados. Este autor comenta que o recente desenvolvimento de aquisição de
dados e de recursos computacionais propiciou que a geoestatística fosse larga-
mente difundida e utilizada em diferentes áreas do conhecimento.
De acordo com Mangabeira et al (2001) a geoestatística incorpora, além da
análise da distribuição estatísticas dos dados, as relações espaciais entre eles na
forma de correlação entre os pontos amostrados. Os problemas da ciência da ter-
ra são efetivamente analisados, atualmente por técnicas da geoestatística, quan-
do a interpretação da distribuição espacial dos dados tem forte impacto sobre os
resultados e sobre a tomada de decisão.

ATIVIDADE
1. Como ocorre a incorporação e manipulação dos dados espaciais em um sistema SIG?

2. Como os dados espaciais podem ser abstraídos em um ambiente SIG?

3. O que é a Modelagem Numérica do Terreno?

4. Quais as principais vantagens e desvantagens das grades regulares e malhas triangula-


res na Modelagem Digital do Terreno?

5. Quais as principais aplicações do cálculo de volume gerado pelos Modelos Digitais do


Terreno?

REFLEXÃO
A partir da leitura desta terceira unidade, você observou que o SIG pode gerar informações
novas, a partir de um de dados alfanumérico associado a sua posição espacial.
Assim, para que esse resultado seja recebido pelo gestor e que através disso possa se trans-
formar em ação, é necessário que a informação seja organizada, sintetizada e transmitida aos
envolvidos de forma clara e concisa. A implantação e manutenção de um SIG exige um corpo
técnico qualificado, que deve ser capacitado e constantemente deve retroalimentar o SIG com
os novos dados.

capítulo 3 • 67
LEITURA
Recomendamos a leitura sobre o Projeto Antártico (PAN) do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais! O PAN surgiu em 1982 e possui como principais objetivos: dar apoio logístico,
administrativo e de divulgação científica aos projetos do INPE que participam do Programa
Antártico Brasileiro (PROANTAR).
Dentre as pesquisas desenvolvidas estão a Camada de ozônio, Criosfera, Geopespaço,
Meteorologia Antártica, Oceanografia e Telemetria por Satélites.
No link abaixo há informações variadas sobre o PAN, sobre o continente antártico, pro-
jetos passados e atuais, fotos, vídeos, previsão meteorológica, notícias, links para sites do
gênero, etc. Acesse: <http://www.inpe.br/crs/pan/index.php>

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSUNÇÃO, R.M. Estatística Espacial com aplicações em Epidemiologia, Economia, Sociolo-
gia. 7ªEscola de Modelos de Regressão, São Carlos, SP. 2001.

BÖNISCH, S.; ASSAD, M. L.; CÂMARA, G.; MONTEIRO, A. M. Representação e Propagação


de Incertezas em Dados de Solos: I - Atributos Numéricos. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, v. 28, n.1, p. 33-47, 2004.

CÂMARA, G. Representação computacional de dados geográficos. Casanova, M., Câmara,


G. Davis, C. Vinhas, L., Queiroz, G. Banco de Dados Geográficos. Ed. Curitiba: Mundo GEO,
Curitiba, Brasil, 2005.

CÂMARA, G.; DAVIS, C., MONTEIRO, A. M. V. Geoprocessamento: Teoria e Aplicações - Intro-


dução À Ciência da Geoinformação. INPE-10506-RPQ/249. São José dos Campos. 2001.

CROMER, M. V. Geoestatistic for environmental and geotechnical applications: a technology


transferred. In. SRIVASTAVA, R. M.; ROUHANI, S.; CROMER, M. V.; JOHNSON, A. I.; DESBA-
RATS, A. J. (Ed.). Geostatistics for environmental and geotechnical applications.
American Society for Testing and Materials, 1996. p. 3-12.

DRUCK, S.; CARVALHO, M.S.; CÂMARA, G.; MONTEIRO, A.V.M. (eds). Análise Espacial
de Dados Geográficos. Brasília, EMBRAPA, 2004 (ISBN: 85-7383-260-6).

68 • capítulo 3
GINZBURG, C. Olhos de Madeira: Nove Reflexões sobre a Distância. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001.

GOOVAERTS, P Geostatistics in soil science: state-of-the-art and perspectives. Geoderma,


v. 89, n. 1/2, p. 1-45, 1999.

LANDIM, P.M.B.. Análise Estatística de Dados Geográficos. Editora Unesp, São Paulo, Brasil.
1998.

MANGABEIRA, J.A.C.; GREGO. C.R.; TÔSTO, S. G.; ROMEIRO. A.R. Geoestatística apli-
cada à socioeconomia: estudos de caso em Machadinho d’Oeste, RO. Campinas.
Embrapa. Monitoramento por Satélite, 2011.

MONTEIRO, J.B. Indicador de Criminalidade Geral Baseado em Métdos Multiva-


riados e Estatística Espacial para Controle do Estado. 2009. 85f. Monografia (Gra-
duação em Estatística) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2009.

NAMIKAWA, L. M. Um método de ajuste de superfície para grades triangulares considerando


linhas características. (Dissertação de Mestrado em Computação Aplicada) - Instituto Nacio-
nal de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, SP, Brasil, 1995.

PARDINI, R.; SOUZA, S.; BRAGANETO, R.; METZGER, J.-P. The role of forest structure, frag-
ment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an Atlantic
forest landscape. BiologicalConservation, v. 124, p. 253-266, 2005.

SPOSATI, A. Mapa de Exclusão/Inclusão Social de São Paulo. São Paulo: EDUC,


1996.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo falaremos do Sensoriamento Remoto, uma evolução da Fotogrametria que
permite obter dados sem ter contato direto com eles. Além disso, serão apresentadas diferentes
ferramentas que auxiliam os SIGs a processar os dados gerando novas informações.

capítulo 3 • 69
70 • capítulo 3
4
Sensoriamento
Remoto
4  Sensoriamento Remoto
A busca contínua de conhecimento sobre o nosso universo e a consequente
conquista do espaço pelo homem possibilita o desenvolvimento de novas tec-
nologias espaciais. Um exemplo é a geração de imagens obtidas por sensores
remotos instalados em satélites artificiais, que tem grande potencial para utili-
zação em diferentes formas.
Neste capítulo aprenderemos os conceitos sobre o sensoriamento remoto e a
sua evolução, bem como seus diferentes usos no contexto ambiental.
O Sensoriamento Remoto é o conjunto de atividades que permite a obtenção de
informações dos objetos que compõem a superfície terrestre sem a necessidade
de contato direto com a mesma, gerando imagens e outros tipos de dados, por
meio da captação e do registro de energia refletida ou emitida pela superfície.

OBJETIVOS
• Verificar a importância do estudo do sensoriamento remoto para a formação do gestor
ambiental.
• Estudar sobre os conceitos e definições do sensoriamento remoto e sua relação com
projetos ambientais.
• Compreender os fundamentos do processamento digital de imagens.
• Estudar os diferentes tipos usos e tratamento de imagens digitais.

REFLEXÃO
O precursor do Sensoriamento Remoto foi a Fotogrametria aérea. Inicialmente eram usadas
as fotos convencionais, tiradas de balões, aves, aviões e outros. As fotos tinham apenas as
informações que poderiam ser obtidas pelo espectro visível. Se estivesse escuro, nuvens, ou
qualquer tipo de obstáculo a luz visível, as fotos eram perdidas. O Sensoriamento Remoto foi
uma evolução natural da Fotogrametria aérea, já que os sensores podem obter dados em
espectros em faixas maiores que as faixas do visível pelo olho humano.

72 • capítulo 4
4.1 Conceitos e fundamentos básicos do Sensoriamento Remoto

Definição e evolução
Ao redor da Terra existem hoje inúmeros satélites artificias que, com o avanço
da tecnologia e ciência espacial, foram lançados na órbita terrestre. Neles estão
instalados diversos sensores que permitem obter imagens feitas por satélites,
aviões e outros. Atualmente a maioria das imagens realizadas nas superfícies
da terra são dados obtidos por sensoriamento remoto (FLORENZANO, 2002).
Por isso, inicialmente, vamos definir o que é sensoriamento remoto.
Existem diversas definições sobre o sensoriamento remoto, algumas delas
muito amplas e outras com conceitos muito restritos. O termo sensoriamen-
to refere-se à obtenção dos dados, e remoto, que significa distante, é utilizado
porque a obtenção é feita à distância, ou seja, sem contato físico entre o sensor
e a superfície terrestre (FLORENZANO. 2002), como ilustrado na figura 30. Se-
gundo Novo (2010), o sensoriamento remoto pode ser definido como sendo a
tecnologia que utiliza de forma conjunta sensores, equipamentos para proces-
samento e transmissão de dados, que podem ser colocados a bordo de aerona-
ves, espaçonaves, ou outras plataformas, com o objetivo de captar imagens e
outros tipos de dados da superfície terrestre, e estudar os eventos, fenômenos
e processos que nela ocorrem. Esses estudos são feitos a partir do registro e da
análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que
compõem em suas mais diversas manifestações.

fonte de energia satélite


sensor

energia
refletida
energia
incidente

energia emitida estação de


pela superfície recepção

Figura 30 – Obtenção de imagens por sensoriamento remoto.


Fonte: FLORENZANO. 2002

capítulo 4 • 73
Na figura 30, pode ser observado que o Sol ilumina a superfície terrestre,
e sua energia é refletida pela superfície em direção ao sensor, que é captada e
registrada por este. A energia emitida pela superfície da Terra também pode ser
captada e registrada, dependendo do tipo de sensor.
Ainda podemos observar na figura 30 que a energia atravessa a atmosfera
em sua trajetória, e esta interfere na energia final registrada pelo sensor. Flo-
renzano (2002) ainda explica que essa interferência da atmosfera depende da
distância que o sensor estiver da superfície terrestre, quanto maior a distância,
maior a interferência. Por exemplo, a presença de nuvens na atmosfera pode
impedir que a energia refletida chegue ao sensor a bordo de um satélite.
Os sensores eletrônicos, instalados em satélites artificiais captam a energia
refletida ou emitida pela superfície terrestre e a transforma em sinais elétricos,
que são registrados e transmitidos para estações de recepção na Terra, equi-
padas com enormes antenas parabólicas (figura 31). Os sinais enviados para
esses estações são transformados em dados na forma de gráficos, tabelas ou
imagens. As informações a respeito da superfície terrestre são realizadas partir
da interpretação desses dados (FLORENZANO, 2002).
WIKIPIDIA

Figura 31 – Antenas parabólicas radiotelescópio em New México, USA.

Você verá no próximo tópico como interpretar essas imagens obtidas por
sensoriamento remoto.

História do Sensoriamento Remoto


A origem do sensoriamento remoto é um assunto muito discutido. Os principais
autores relacionam sua origem com o desenvolvimento dos sensores fotográfi-

74 • capítulo 4
cos, a pesquisa espacial e ao seu uso para atividades de defesa e reconhecimento
do terreno. O Manual of Remote Sensing(1975, 1983), da American SocietyOfPho-
togrammetrydivide a história em dois períodos, um de 1860 a 1960, caracterizado
pela utilização de fotografias aéreas, e outro, de 1960 aos dias de hoje, baseado
na abundância de sistemas sensores, alta capacidade de transmissão, armaze-
namento e processamento. Essa evolução, contudo, também se deve aos avanços
das telecomunicações e da informática, que integraram aos altos investimentos
na área e esforços multidisciplinares (NOVO, 2010).
Segundo Florenzano (2002) a história do Sensoriamento Remoto está estrei-
tamente vinculada ao uso militar dessa tecnologia. As primeiras fotografias aé-
reas foram tiradas por meio de balões para levantamentos topográficos. Duran-
te a guerra civil americana, em 1862, foi realizado o reconhecimento das tropas
confederadas através de fotografias aéreas feitas pelo corpo de balconistas de
um exército.
A partir de 1909, inicia-se a fotografia tomada por aviões e na primeira Gran-
de Guerra Mundial seu uso intensificou-se. Com a II Guerra Mundial houve um
grande avanço do sensoriamento remoto. Nesse período, foi desenvolvido o
filme infravermelho, com o objetivo de detectar camuflagem (principalmente
para diferenciar vegetação de alvos pintados de verde), e introduzidos novos
sensores, como os radares, além de ocorrerem avanços nos sistemas de teleco-
municações. Diversos sensores da alta resolução foram desenvolvidos para fins
de espionagem durante o período da Guerra Fria (FLORENZANO, 2002).
Com o fim das guerras, toda essa tecnologia ficou disponível para uso civil,
o que impulsionou o uso de fotografias para o levantamento de recursos natu-
rais. No Brasil, as primeiras fotografias aéreas foram obtidas com o propósito
de realizar o levantamento das características da Bacia Terciária do Vale do Rio
Paraíba, como parte de um extenso projeto para a construção do reservatório
hidroelétrico de Paraibuna (NOVO, 2010).

Os governos do Brasil e da China assinaram em 06 de Julho de 1988 um acordo de


parceria envolvendo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a CAST (Aca-
demia Chinesa de Tecnologia Espacial) para o desenvolvimento de um programa de
construção de dois satélites avançados de sensoriamento remoto, denominado Progra-
ma CBERS (China-Brazil Earth ResourcesSatellite) traduzido para o português como-
Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres. Você pode obter imagens desses sa-
télites e acompanha-los pelo site do Programa CBERS: <http://www.cbers.inpe.br/>

capítulo 4 • 75
4.2  Processamento digital de imagens

•  Fundamentos teóricos iniciais sobre imagens digitais


A princípio vamos fazer uma contextualização para nos situamos dentro da
Computação Gráfica. De acordo com Scuri (1999), trabalhamos basicamente
com dois tipos de informação: Visual e Descritiva. A informação visual é, por
exemplo, a imagem vista na tela do computador e a informação descritiva se
refere ao modelo matemático que representa os objetos visualizados.
A área de Processamento de Imagens, segundo Scuri (1999), envolve opera-
ções que são realizadas sobre imagens e que resultam em imagens. A área de
Computação Gráfica se refere as operações de síntese de imagem, isto é, a gera-
ção de uma visualização do modelo. A área de Visão Computacional abrange as
operações de análise dos objetos contidos na imagem e a geração de modelos
matemáticos desses objetos. A figura 32 abaixo representa a interligação entre
a Visão Computacional e Computação Gráfica no processamento de imagens.

Processamento
de imagens

Informações
visuais
(imagem)
Visão Computação
computacional gráfica
(análise) (síntese)
Informações
descritivas
(modelo)

Figura 32 – Visão Computacional e Computação Gráfica no processamento de imagens.


Fonte: SCURI, 1999. Disponível em: <http://www.inf.ufes.br/~thomas/graphics/www/
apostilas/CIV2801ScuriImgDigital.pdf>, página 7. Acesso em: 20 out. 2014.

Na área de Computação Gráfica se encaixam programas de arquitetura, de-


sign e simulação gráfica, tais como as utilizadas em filmes com animação por
computador. Os programas comerciais que se destacam são o Corel Draw da
Corel, o AutoCad e o Studio 3D, ambos da AutoDesk (SCURI, 1999).

76 • capítulo 4
Os programas computacionais armazenam os dados de imagem de duas
formas: Matriciais e vetoriais. Em processamento de imagens usa mais o mode-
lo matricial e na computação gráfica usa-se mais o modelo de objetos vetoriais.
Nos modelos vetoriais os objetos são armazenados apenas a partir da des-
crição das coordenadas de seus vértices, sejam elas espaciais ou planares (três
ou duas dimensões, respectivamente). Para essa definição é necessário definir
um sistema de coordenadas. Os sistemas de coordenadas mais usados são o
Cartesiano, onde os objetos podem ser escalados, rotacionados e transladados
com maior liberdade para cada objeto (SCURI, 1999).
Nos modelos matriciais utiliza-se uma matriz de dados para armazenar a
informação, para cada linha e cada coluna, de forma que seja possível armaze-
nar informações para cada ponto da matriz gerada, por exemplo, a cor em cada
ponto da imagem. O sistema de coordenadas é uma grade de números inteiros
que descrevem a posição na matriz. Cada elemento dessa matriz (cruzamento
de linhas com colunas) é chamado de Pixel (abreviação de Picture Element),
como apresenta a imagem 33 abaixo (SCURI, 1999).

Figura 33 – Codificação da cor para cada elemento da matriz.


Fonte: SCURI, 1999.

•  Princípios físicos e Processamento de Cores


Quando falamos em cor, estamos na verdade falando de luz, pois, sem a
luz não existiriam o que chamamos “cores”. Neste contexto, vamos entender
melhor os dois processos para formação de cores, o aditivo e o subtrativo. De
acordo com Florenzano (2002) o princípio da fotografia colorida consiste na

capítulo 4 • 77
possibilidade de se reproduzir qualquer cor, por meio de uma mistura de três
cores primárias da luz, (azul, verde e vermelho), decompostas a partir da luz
branca solar que é a fonte natural de luz no planeta terra.
Florenzano (2002) mostra que a mistura das cores primárias, denominada
processo aditivo, forma as cores amarelo, ciano (verde-azulado) e magenta, que
são as cores denominadas secundárias. Cada uma destas três cores resulta da
subtração de uma das cores da luz branca.
No processo aditivo de formação das cores, como mostra o diagrama 34,
pode ser observado que a mistura da luz verde com a luz vermelha resulta na
produção da luz amarela. Da mistura do verde com o azul, resulta a luz ciano,
e da mistura do vermelho com o azul resulta a luz magenta. A combinação das
três cores primárias em proporções iguais, gera o branco (FLORENZANO, 2002).

Cor primária (azul)

Cor composta (magenta)


Cor composta (ciano)

Luz branca

Cor primária (verde)

Cor priária (vermelho) Cor composta (amarelo)

Figura 34 – Processo aditivo de formação das cores.


Fonte: <http://www.if.ufrj.br/~coelho/DI/texto.html>

O processo mais utilizado na geração de fotografias coloridas é o processo


subtrativo de formação de cores. Como mostra Florenzano (2002), este processo,
apresentado pelo diagrama, é constituído pela inserção de três filtros em fren-
te a uma fonte de luz branca. O filtro amarelo absorve a luz azul do feixe de luz
branca e transmite a luz vermelha e a verde. O filtro magenta absorve a luz verde
e transmite a vermelha e azul. O filtro ciano absorve o componente vermelho e
transmite o azul e o verde. A superposição dos filtros ciano e magenta, mostrada

78 • capítulo 4
no diagrama, permite a passagem da luz azul, pois o filtro ciano absorve o verme-
lho e o magenta absorve o verde. As superposições do amarelo e magenta e do
amarelo e ciano geram, respectivamente, as cores vermelho e verde.
A superposição dos três filtros impede a passagem de luz, absorvendo as três
cores primárias presentes na luz branca, e a ausência de cores resulta no preto.
O preto e o branco não são cientificamente considerados cores. O branco é
o resultado da soma de todos os comprimentos de onda e o preto é a ausência
completa da luz, portanto da cor, como pode ser visto na figura 35.

Magenta

Blue (Azul)
vermelho (Red)

Preto
(Black)

Amarelo (Yellow)

Ciano (Cyan) Verde (Green)

Figura 35 – Processo subtrativo de formação das cores.


Fonte: <http://www.geocities.ws/sesasifi2/mesh/aula_entendendo_cores.htm>

O sistema subtrativo é conhecido também como CMYK, (Cyan, Magenta, Yellow, Black
(Key)). Este sistema é empregado por impressoras e fotocopiadoras para reproduzir
a maioria das cores do espectro visível, e é conhecido como quadricromia. O sistema
aditivo também pode ser chamado de sistema RGB (Red, Green e Blue).
Além desses padrões de cores (CMYK e RGB) existem outros. O padrão CMYK é mais
usado para impressão, enquanto o padrão RGB é mais utilizado em câmeras digitais,
monitores e televisões.

•  Radiação e Espectro eletromagnético


A obtenção de dados por sensoriamento remoto, assim como qualquer ou-
tra atividade requer o uso de energia. Os sensores remotos operam com energia

capítulo 4 • 79
que pode ter diferentes origens, sendo de origem de uma fonte natural, como o
calor emitido pela superfície da Terra e a luz do sol, e pode ser de uma fonte ar-
tificial como, por exemplo, o sinal produzido por um radar e a do flash utilizado
em uma máquina fotográfica (FLORENZANO, 2002).
A energia utilizada em sensoriamento remoto é a radiação eletromag-
nética, que propaga em forma de ondas eletromagnéticas com a veloci-
dade da luz (300.000km/s). Ela é medida em frequência (em unidades de
herts – Hz), e comprimento de onda (em unidades de metro). A figura 36
apresentada a frequência de onda, que é o número de vezes que uma onda se
repete por unidade de tempo, ou seja, quanto menor for o número, menor será
a frequência e, quanto maior, maior será a frequência de onda. A distância en-
tre dois picos de ondas sucessivos é denominada de comprimento de onda, ou
seja, quanto mais distantes, maior é o comprimento e, quanto mais próximos,
menor será o comprimento de onda (FLORENZANO, 2002).
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Figura 36 – Tipos diferentes de radiação eletromagnética por seus comprimentos de onda.


Por ordem da frequência crescente e do comprimento de onda de diminuição.
O Espectro Eletromagnético representa a distribuição da radiação ele-
tromagnética, por regiões, segundo o comprimento de onda e a frequência.
Por ser observado que o espectro eletromagnético abrange desde longos com-
primentos de onda como as ondas de TV e rádio, de baixa frequência, até curtos
comprimentos de onda, como os raios cósmicos e os raios gama (γ), de alta fre-
quência (FLORENZANO, 2002).

80 • capítulo 4
Na região do espectro visível, o olho humano enxerga a energia (luz) eletro-
magnética, sendo capaz de distinguir as cores do violeta ao vermelho. A radia-
ção do infravermelho pode ser subdividida em três regiões, sendo o infraverme-
lho próximo, o médio e distante ou termal (FLORENZANO, 2002).
A refletância, absorção e transmissão de radiação eletromagnética são fei-
tas por objetos da superfície terrestre como o solo, a vegetação e a água, em
proporções que variam com o comprimento de onda, de acordo com as suas
características bio-físico-químicas. Essas diferentes proporções de variação de
energia refletida pelos objetos podem ser representadas por meio de gráficos
de curvas, como mostra a figura 37 (FLORENZANO, 2002).
Os objetos da superfície terrestre podem ser identificados e diferenciados
devido a essas variações nas imagens de sensores remotos. A representação dos
objetos nessas imagens vai variar do preto (quando refletem pouca energia) ao
branco (quando refletem muita energia).

visível infravermelho infravermelho água limpa


80 água turva
próximo médio
solo argiloso
70 solo arenoso
vegetação
60
Energia refletida (%)

50

40

30

20

10

0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6
Comprimento de onda (m)

Figura 37 – Curva espectral da vegetação, da água e do solo.


Fonte: FLORENZANO (2002)

Florenzano (2002) apresenta um exemplo de aplicação da identificação e


aplicação da curva espectral, como podemos observar na imagem 38, em que a
vegetação da mata atlântica, que reflete muita energia correspondente a faixa

capítulo 4 • 81
verde na região da luz visível, é representada por tonalidades claras, enquanto a
água, que absorve muita energia nessa faixa (como mostra a figura 38) é repre-
sentada por tonalidades escuras.

Figura 38 – Imagem de Ubatuba/SP obtida na faixa do infravermelho. 11/08/1999.


Fonte: Adaptado de FLORENZANO (2002)

•  Plataformas e Sensores
A energia refletida ou emitida pelos elementos da superfície terrestre é captada
e registrada por meio de equipamentos de sensores remotos, que podem ser ins-
talados em plataformas terrestres, aéreas (balões, helicópteros e aviões) e orbitais
(satélites artificiais). Como exemplos de sensores frequência temos as câmaras fo-
tográficas, câmaras de vídeo, os radiômetros, os sistemas de varredura (scanners) e
os radares (FLORENZANO, 2002).
Como vimos no tópico 1 deste capítulo, os sensores operam em diferentes
regiões do espectro eletromagnético. E de acordo com seu tipo, o sensor capta
dados de uma ou mais regiões do espectro. O olho humano é um sensor natural
que enxerga somente a luz ou energia visível. Sensores artificiais nos permitem
obter dados de regiões de energia invisível ao olho humano (FLORENZANO,
2002). As câmaras de vídeo e fotográficas obtêm energia na região do visível e
do infravermelho próximo.
Segundo Florenzano (2002) “nas câmaras fotográficas,o filme funciona
como o sensor que capta e registra a energia proveniente de um objeto ou área”.

82 • capítulo 4
Diversos sensores eletrônicos multiespectral TM, como o do satélite Landsat-5
operam com um sistema de varredura que capta dados em diferentes faixas es-
pectrais (da região do visível e da região do infravermelho).
Os sensores do tipo radar podem obter imagens tanto durante o dia quan-
to à noite e sob qualquer condição meteorológica (incluindo tempo nublado e
com chuva), que é a principal vantagem dos radares em relação aos sensores
óticos que dependem da luz do sol, que têm diversas limitações na obtenção
de imagens como, por exemplo, a cobertura por nuvens (FLORENZANO, 2002).
As imagens obtidas pelos satélites podem ser vistas em diferentes faixas de
energia, ou seja, é possível obter imagem de uma mesma área em diferentes
faixas espectrais, também chamadas de canais ou bandas. Cada banda apre-
senta características e ações específicas, visto que cada elemento corresponde
a uma faixa espectral. A tabela 4.1 apresenta uma exemplificação das principais
características e aplicações para estudos ambientais das bandas TM e ETM dos
satélites LANDSAT 5 e 7.

INTERVALO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES DAS


BANDA ESPECTRAL
(µm) BANDAS TM E ETM DOS SATÉLITES LANDSAT 5 E 7

(0,45 - 0,52) Apresenta grande penetração em corpos de água, com


elevada transparência, permitindo estudos batimétricos.
Sofre absorção pela clorofila e pigmentos fotossintéticos
auxiliares. Apresenta sensibilidade a plumas de fumaça
oriundas de queimadas ou atividade industrial. Pode apre-
sentar atenuação pela atmosfera.

(0,52 - 0,60) Apresenta grande sensibilidade à presença de sedi-


mentos em suspensão, possibilitando sua análise em
termos de quantidade e qualidade. Boa penetração em
corpos de água.

capítulo 4 • 83
INTERVALO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES DAS
BANDA ESPECTRAL
(µm) BANDAS TM E ETM DOS SATÉLITES LANDSAT 5 E 7

(0,63 - 0,69) A vegetação verde, densa e uniforme, apresenta grande


absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre
as áreas ocupadas com vegetação (ex.: solo exposto, es-
tradas e áreas urbanas). Apresenta bom contraste entre
diferentes tipos de cobertura vegetal (ex.: campo, cerra-
do e floresta). Permite análise da variação litológica em
regiões com pouca cobertura vegetal. Permite o mapea-
mento da drenagem através da visualização da mata ga-
leria e entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca
cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar
a mancha urbana, incluindo identificação de novos lotea-
mentos. Permite a identificação de áreas agrícolas.

(0,76 - 0,90) Os corpos de água absorvem muita energia nesta


banda e ficam escuros, permitindo o mapeamento da
rede de drenagem e delineamento de corpos de água.
A vegetação verde, densa e uniforme, reflete muita
energia nesta banda, aparecendo bem clara nas ima-
gens. Apresenta sensibilidade à rugosidade da copa
das florestas (dossel florestal). Apresenta sensibilida-
de à morfologia do terreno, permitindo a obtenção de
informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia.
Serve para análise e mapeamento de feições geológi-
cas e estruturais. Serve para separar e mapear áreas
ocupadas com pinus e eucalipto. Serve para mapear
áreas ocupadas com vegetação que foram queimadas.
Permite a visualização de áreas ocupadas com macró-
fitas aquáticas (ex.: aguapé). Permite a identificação
de áreas agrícolas.

84 • capítulo 4
INTERVALO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES DAS
BANDA ESPECTRAL
(µm) BANDAS TM E ETM DOS SATÉLITES LANDSAT 5 E 7

(1,55 - 1,75) Apresenta sensibilidade ao teor de umidade das plan-


tas, servindo para observar estresse na vegetação,
causado por desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre
perturbações em caso de ocorrer excesso de chuva
antes da obtenção da cena pelo satélite.

(10,4 - 12,5) Apresenta sensibilidade aos fenômenos relativos aos


contrastes térmicos, servindo para detectar proprieda-
des termais de rochas, solos, vegetação e água.

(2,08 - 2,35) Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, per-


mitindo obter informações sobre Geomorfologia, Solos
e Geologia. Esta banda serve para identificar minerais
com íons hidroxilas. Potencialmente favorável à discrimi-
nação de produtos de alteração hidrotermal.

Tabela 4.1: Principais características e aplicações para estudos ambientais das bandas TM
e ETM dos satélites LANDSAT 5 e 7.
Fonte: <http://www.dgi.inpe.br/Suporte/files/Cameras-LANDSAT57_PT.php>

No próximo tópico iremos estudar sobre os Sistemas Orbitais, com foco no


Programa Landsat que você acabou de ver aplicações de seus satélites na tabela.

•  Sistemas Orbitais
O Programa Landsat(Land Remote SensingSatellite) consiste em uma sé-
rie de satélites desenvolvidos e lançados pela NASA (NationalAeronauticsand
Space Administration), representado pela figura 39 abaixo. Este programa per-
mitiu a aquisição de imagens da superfície terrestre a nível mundial, em uma
escala que imparcialmente documenta processos naturais, como erupções vul-
cânicas, recuo glacial, inundações e incêndios florestais. Além disso, são evi-
denciados os processos induzidos pelo homem, tais como a expansão urbana,
irrigação de culturas, e corte raso da floresta (NASA, 2014 e NOVO 2010).

capítulo 4 • 85
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Figura 39 – Representação do Satélite Landsat em órbita.

Desde o século XX o Programa Landsat representou um modelo de missão de


sensoriamento remoto de recursos naturais, permitindo a inclusão de caracterís-
ticas demandadas pelos usuários dos dados, em seus sucessivos satélites. Para o
Brasil, esse programa possibilitou consolidar e capacitar uma ampla comunidade
de usuários (NASA, 2014 e NOVO 2010).
São diversos os benefícios proporcionados por essas imagens do programa,
entre eles a estudos sobre as mudanças globais do planeta, programas para a ges-
tão de recursos hídricos, da saúde humana e ambiental, planejamento urbano,
recuperação de desastres, agricultura, entre outros (NASA, 2014 e NOVO 2010).

CONEXÃO
Você pode conhecer um pouco mais sobre os benefícios e funções do Programa Landsat
pelo seguinte site: <http://landsat.gsfc.nasa.gov/>

Já foram lançados oito satélites do Programa Landsat desde sua criação,


com evoluções, melhorias e modificações a cada lançamento. O último lança-
mento aconteceu fevereiro de 2013, com o Landsat 8, como apresenta a figura
40, que a continuidade do fornecimento de informações sobre a Terra de ma-
neira confiável, de fácil acesso, e útil em diversas áreas da ciência e da gestão de
recursos. (NASA, 2014 e NOVO 2010).

86 • capítulo 4
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 40 – Lançamento do Satélite Landsat 8, em fevereiro de 2013.


Adaptado de: NASA 2014. Disponível em: <http://eoimages.gsfc.nasa.gov/images/ima-
gerecords/80000/80408/landsat8_pho_2013042_close_lrg.jpg>

Como exemplo de seus diversos usos, Barros et al. (2003) realizaram um tra-
balho na cidade Londrina/PR com a Identificação das Ocupações Irregulares por
meio de imagem Landsat 7, onde os dados foram processados pelo SPRING e
foram gerados mapas restrição legal e de áreas de preservação ocupadas irregu-
larmente. Os resultados apontaram a existência de 21,36km² de área de preserva-
ção permanente, sendo que cerca de 25% encontram-se com ocupação irregular.

•  Estatísticas sobre imagens digitais


A integração entre os sistemas de informação geográfica - SIG e o sensoria-
mento remoto otimiza a extração de informação da imagem utilizando todos
os dados e a funcionalidade do SIG (ARCHIBALD, 1987).
Os principais elementos que tem dado origem ao crescimento acelerado da
integração do sensoriamento remoto com os sistemas de informação geográfica
são, de acordo com Ehlers (1989), os avanços em hardware e software para o tra-
tamento de imagens e a manipulação da informação geográfica; a disponibilidade
de dados de sensoriamento remoto de alta resolução e o progresso nas análises das
imagens, principalmente com a combinação entre imagens e modelos de elevação
do terreno (LACRUZ, 2003).
Archibald (1987) identificou uma série de funções nas quais a integração
do sensoriamento remoto e os sistemas de informação geográfica é de grande

capítulo 4 • 87
utilidade. Algumas destas funções são: localização de pontos de controle para
a correção geométrica das imagens; atualização de mapas através da interpre-
tação de imagens; segmentação (contribui na delimitação de polígonos no SIG
e na separação de áreas para a classificação); e obtenção de estatísticas de cada
polígono individualmente.
Falconer et al. (1990) utilizaram algumas destas funções na elaboração de
um mapa base do inventário a partir da interpretação da imagem, e utilizaram
GPS para a localização dos pontos de controle em campo. Foram produzidos,
em um curto período de tempo e com grande precisão, mapas atualizados dos
recursos florestais e uso potencial da terra, assim como tabelas outros parâme-
tros e estatísticas.
A combinação entre o sensoriamento remoto com os sistemas de informa-
ção geográfica possibilita a execução de diversos trabalhos e estudos, com di-
versas vantagens, como maior precisão, fácil interpretação e de maneira mais
rápida (LACRUZ, 2003).

•  Sistemas de Tratamento e classificação de Imagens


De acordo com Oliveira (1999), a objetivo do processo de classificação é “clas-
sificar todos os pixels de uma imagem digital dentre várias classes de coberturas
ou temas”. A produção de mapas temáticos da cobertura do solo e sumários esta-
tísticos dessas áreas é realizada após esses dados serem classificados.
A classificação, que tem como objetivo descobrir agrupamentos naturais
para estabelecimento de hipóteses sobre o objeto ou fenômeno que está sendo
estudado, tem sido utilizada como sinônimo de agrupamento mas, de maneira
geral, pode significar identificação (OLIVEIRA, 1999).
O termo “padrão”, segundo Lillesand (1994), se refere às medidas de radiân-
cia obtidas nas várias bandas para cada pixel. Reconhecimento de padrões espec-
trais se refere ao conjunto de procedimentos de classificação que utilizam a in-
formação espectral de cada pixel, como base para uma classificação automática.
Existem diversas metodologias para a classificação de imagens, entre eles a
classificação supervisionada e a não supervisionada.
De acordo com Oliveira (1999), neste tipo de classificação, o usuário “su-
pervisiona” o processo de classificação, especificando as características das
variáveis em análise, podendo ser, como exemplo, as diversas coberturas do
solo presentes determinada cena. Dentre a classificação são utilizadas diversas
técnicas, como exemplo, método da mínima distância e o método da máxima

88 • capítulo 4
verossimilhança. O mesmo autor mostra ainda que essa metodologia pode ser
dividia em três fases, sendo:
1.  Treinamento: fase em que ocorre a identificação das áreas de treina-
mento e onde há uma descrição dos atributos espectrais de cada tipo
de cobertura de interesse na cena.
2.  Classificação: o pixel é classificado de acordo com suas características
e se assemelharem ou não a alguma classe. Caso contrário, ele é dito
“desconhecido”.
3.  Resultado: podem ser usados de diferentes maneiras. Três formas típi-
cas de produtos são os mapas temáticos, tabelas com dados e dados
para posterior utilização em geoprocessamento.

Além da metodologia de classificação supervisionada, existe a classificação


não supervisionada. Segundo Oliveira 2014, a principal diferença fundamental
entre os dois métodos é que a “classificação supervisionada possui uma etapa
de treinamento, seguida de uma etapa de classificação”. Na abordagem não su-
pervisionada, a imagem é primeiramente classificada através do agrupamento
em grupos de pixels com características comuns. Então, o usuário irá determi-
nar a identidade da cobertura do solo destes grupos espectrais através da com-
paração da imagem classificada com os dados de referência.
A figura 41 apresenta o resultado de uma classificação supervisionada de
solo, com diferentes tipos de vegetação, culturas e área urbana.

Cultura 1o estágio
Mata

Vegetação ciliar Cultura 2o estágio

Solo exposto Cultura 3o estágio

Área urbana Cultura 4o estágio

Figura 41 – Imagem após classificação supervisionada.


Fonte: OLIVEIRA, 2010. Disponível em: <http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/han-
dle/1884/24745/D%20-%20OLIVEIRA,%20HEMERSON%20NOBREGA%20BARROS%20DE.pdf?se-
quence=1>, acesso em: 20 out. 2014.

capítulo 4 • 89
Segundo Lacruz (1996), os sistemas de tratamento e interpretação de imagens
podem ser utilizar recursos para análise visual e/ou da análise digital, sendo que
cada uma destas análises apresentam diferentes técnicas e vantagens referentes
aos custos, à rapidez, a qualidade, ao treinamento, a experiência prévia, entre ou-
tros fatores, o que não torna ambas as técnicas excludentes entre si.
A análise visual para a identificação dos diferentes objetos presentes numa
fotografia aérea ou numa imagem pode ser feita a partir da análise dos elemen-
tos que a compõe (GARCIA, 1982). De acordo com Segundo Reeves et al. (1975),
são seis os principais componentes considerados na análise, sendo eles:
1.  Tamanho: As escalas das imagens ou aerofotografia definem as dimen-
sões dos objetos, possibilitando a identificação de objetos com formas
iguais pelo seu tamanho relativo (LACRUZ, 1996).
2.  Forma: a forma baseia-se nos aspectos geométricos das feições. Em
muitos casos permite a distinção entre feições naturais e aquelas feitas
pelo homem, como por exemplo, entre floresta natural e áreas de reflo-
restamento (LACRUZ, 1996).
3.  Sombra: as sombras possibilitam a diferenciação de alguns objetos pre-
sentes na imagem e definição das formas de relevo (LACRUZ, 1996).
4.  Tonalidade/cor: a energia recebida pelo sensor em uma determinada
banda do espectro, como já estudamos no início deste capítulo, é re-
presentada por diferentes tonalidades, sendo que um pixel com tonali-
dade escura indica aquelas áreas sobre as quais o sensor detectou um
baixo sinal, enquanto que os pixels claros representam altos valores de
radiância. Em fotos aéreas ou em imagens coloridas, estas gradações
de tonalidades são diferenciadas por variações de cores, o que possibi-
lita uma maior extração de informações (JIMENEZ e GARCÍA, 1982) e
(LACRUZ, 1996).
5.  Textura fotográfica: a forma como a tonalidade dos elementos se apre-
senta na imagem, permite que impressão visual criem o efeito da ru-
gosidade ou da suavidade gerado em alguns objetos. Essa textura cor-
responde ao padrão de arranjo dos elementos tonais (REEVES et al.,
1975). Segundo Gordon et al. através da textura podemos discriminar
áreas com comportamento espectral similar. Ele mostra em alguns tra-
balhos, usando uma imagem do sensor ThematicMapper, que pela tex-
tura apresentada por estes tipos de cobertura, era possível diferenciar
diferentes tipos de árvores frutíferas em uma floresta decídua.

90 • capítulo 4
6.  Padrão: é estabelecido pela composição das formas dentro da cena, es-
tando relacionado geralmente a ações antrópicas. O padrão permite,
por exemplo, a diferenciação nas fotos aéreas e imagens orbitais, entre
áreas de floresta natural e áreas de culturas (LACRUZ, 1996).

A análise digital de imagens é, segundo Schowengerdt (1983), composta por


três etapas de classificação, sendo:
1.  Pré-processamento: realizado pelas técnicas de correção radiométrica.
Tem como objetivo a correção atmosférica e eliminação dos erros pro-
duzidos pelos equipamentos, e a correção geométrica, que alteram a
geometria da imagem para corrigir distorções produzidas pelo sistema
de captura de dados, efeitos da rotação da Terra/variação da altitude e
velocidade do satélite (RICHARDS, 1986).
2.  Realce: As técnicas de realce têm como finalidade a melhoria da inter-
pretação de uma imagem, por meio do uso de diversas técnicas que
possibilitam uma maior discriminação entre as feições que compõem
esta imagem (LACRUZ, 1996).
3.  Classificação: consiste na realização de um processo de decisão, no
qual são designados grupos de pixels como pertencentes a uma classe
(LACRUZ, 1996).

ATIVIDADE
1. Para se fazer um estudo de uma região, buscando áreas que foram desmatadas, é ne-
cessário que o céu esteja descoberto, sem nuvens, para que as imagens obtidas por um
sensor orbital captem a retirada de árvores?

2. O que é Curva espectral?

3. O que é um processo subtrativo de formação de cores?

4. O que é um processo aditivo de formação de cores?

5. Quais são os elementos básicos considerados nas análises visuais e digitais?

capítulo 4 • 91
REFLEXÃO
A partir da leitura desta unidade, você observou que o Sensoriamento Remoto se tornou uma
ferramenta muito útil para o levantamento de dados na área ambiental. Com ele é possível
obter dados e informações que antes só era possível com técnicas de fotogrametria aérea e
coleta de dados em campo. Hoje é possível obter dados de feições de forma remota.

LEITURA
A página oficial do INPE permite a interação entre você e o Banco de Imagens da Divisão
de Geração de Imagens. Neste Banco de Dados, você encontrará, imagens dos satélites
Landsat-1, Landsat-2, Landsat-3, Landsat-5, Landsat-7, CBERS-2 , CBERS-2B (Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Para isso, acesse o site <http://www.dgi.inpe.br/
CDSR/>.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN SOCIETY OF PHOTOGRAMMETRY (A.S.P.) Manual of Remote Sensing.
Falls Church. Sheridan. Press, 1983.

ARCHIBALD, P.D. GIS and remote sensing data integration. Geocarto International,
2(3):67-73, Sept. 1987.

BARROS, M. V. F., SCOMPARIM, A., KISH, C., CAVIGLIONE, J. H., ARANTES, M. R. L.,
NAKASHIMA, S. Y., & REIS, T. Identificação das ocupações irregulares nos fundos de vale
da cidade de Londrina-PR por meio de imagem landsat 7. Revista Ra’ega, Curitiba, n. 7,
p. 47-54, 2003.

CHUVIECO, E. Fundamentos de teledetección espacial. Madrid, Rialp, 1990. 453 p.

EHLERS, M.; EDWARDS, G.; BEDARD, Y. Integration of remote sensing with geographical in-
formation systems: a necessary evolution. Photogrammetric Engineering and Remote
Sensing, 55(11):1619-1627, Nov. 1989.

FALCONER, A.; CROSS, M.D.; ORR, D.G. Procedures for woody vegetation survey in the Kaz-
gail Rural Council area, Sudan. Geocarto International, 5(3):49-58, Sept. 1990.

92 • capítulo 4
LORENZANO, T. G. Imagens de satélites para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de
Textos, 2002.

GARCIA, G. Sensoriamento remoto: princípios e interpretação de imagens. São Paulo,


Nobel, 1982. 357 p.

JIMENEZ SENDIN, J.; GARCÍA SANTOS, N. Introducción al tratamiento digital de imágenes.


Madrid, UAM/IBM, 1982. 113 p. Gordon, D.K.; Philipson, W.R. Philpot, W.D. Fruit tree inven-
tory with Landsat Thematic Mapper data. Photogrammetric Engineeringand Remote
Sensing, 52(12):1871-1876, Dec. 1986.

LACRUZ, M.S.P. Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informação Geográfica Como Sub-


sídio para Levantamentos Fisionômico-Estruturais em Floresta Tropical Úmida – Estudo De
Caso: Estação Científica Ferreira Penna, Pa. Dissertação de Mestrado. São José dos Cam-
pos. INPE, 1996.

LILLESAND, T. M.; Remote Sensingand Image Interpretation; New York; Wiley; 1994.
750 p.

LINTZ, J.; SIMONETT, D.S. Remote Sensing of Environment. 2. ed. Reading, Addison-Wesley,
1976. 694 p

REEVES, R.G.; ANSON, A.; LANDEN, D. Manual of remote sensing. Fall Church, ASP,
1975. v. 2.

RICHARDS, J.A. Remote sensing digital image analysis: an introduction. Berlin, Sprin-
ger-Verlag, 1986. 281 p

SCHOWENGERDT, R.A. Techniques for image processing and classification in remote


sensing. Orlando, Academic Press, 1983. 249 p.

SCURI, A. E. Fundamentos da imagem digital. Pontifícia Universidade Católica do Rio de


Janeiro, 1999.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo serão apresentadas a exemplos de funcionamento e possibilidades de
Geoprocessamento, serão abordados diversas aplicações, modelos e análises usando os
sistemas SIGs.

capítulo 4 • 93
5
Técnicas e
Aplicações de
Geoprocessamento
5  Técnicas e Aplicações de
Geoprocessamento

Seja bem-vindo ao capítulo 5 da disciplina de Geoprocessamento Ambiental! Es-


tamos chegando ao final deste módulo com a certeza de que seus conhecimentos
não serão os mesmos de antes de ter iniciado este trabalho!
Depois de conhecermos um pouco a relação entre os sistemas de informações
geográficas (SIG), os bancos de dados (que em alguns casos são denominados
banco de dados espaciais) e seus modelos de dados, iremos conhecer um pouco
mais sobre as aplicações e utilidades desses sistemas para o nosso dia a dia.
O objetivo deste capítulo é ilustrar o que é e quais as funções de um SIG apresen-
tando várias aplicações e exemplos. Na área ambiental o SIG vem se tornando
um grande aliado para os mais diversos estudos ligados a procedimento para o
levantamento e diagnóstico de áreas degradadas ou em processo de degradação,
ou então para estudos preventivos e de planejamento.

OBJETIVOS
•  Verificar as diferentes técnicas de Geoprocessamento.
•  Conhecer os diversos softwares utilizados atualmente em Geoprocessamento.
•  Evidenciar a quantidade de possíveis e reais aplicações que estão ligadas aos Siste-
mas de Informações Geográficas.

REFLEXÃO
Você se lembra de ter assistido alguma reportagem no jornal que falava do Controle da
Ocorrência do Fogo na Vegetação? Esse monitoramento operacional de focos de quei-
madas e de incêndios florestais é detectados por satélites, e são realizados cálculos e
previsões do risco desse fogo da vegetação. Os dados para a América do Sul e a Central,
África e Europa, são atualizados a cada três horas, todos os dias do ano. O acesso às
informações é livre pelo portal, <http://queimadas.inpe.br>, desenvolvido no INPE, Insti-
tuto Nacional de Pesquisas Espaciais.

96 • capítulo 5
5.1  Técnicas de Geoprocessamento

•  Análise de fenômenos
Na perspectiva moderna de gestão do território, toda ação de planejamento,
ordenação ou monitoramento do espaço deve incluir a análise dos diferentes
componentes de ambiente, incluindo o meio físico-biótico, a ocupação huma-
na, e seu inter-relacionamento. O conceito de desenvolvimento sustentável,
consagrado na Conferência Rio-92, estabelece que as ações de ocupação do ter-
ritório devem ser precedidas de uma análise abrangente de seus impactos no
ambiente, a curto, médio e longo prazo (CAMARA e MEDEIROS, 2014).
Tal postura foi sancionada pelo legislador, ao estabelecer dispositivos de
obrigatoriedade de Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA), como condição
prévia para novos projetos de ocupação do espaço, como rodovias, indústrias e
hidroelétricas. Forma ainda a justificativa política para iniciativas como o Pro-
grama de Zoneamento Ecológico-Econômico, estabelecido pelo Governo Fede-
ral para disciplinar o desenvolvimento da região Amazônica.
Deste modo, pode-se apontar pelo menos quatro grandes dimensões dos
problemas ligados aos Estudos Ambientais, onde é grande o impacto do uso
da tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica: Mapeamento Temático,
Diagnóstico Ambiental, Avaliação de Impacto Ambiental, e Ordenamento Ter-
ritorial (CAMARA e MEDEIROS, 2014).
Nesta visão, segundo Camara e Medeiros (2014) os estudos de Mapeamento
Temático objetivam “caracterizar e entender a organização do espaço, como
base para o estabelecimento das bases para ações e estudos futuros”. Entre
eles, os levantamentos temáticos, como de geologia, geomorfologia, solos, co-
bertura vegetal.
Segundo Camara e Medeiros (2014) as áreas de diagnóstico ambiental ob-
jetivam estabelecer estudos específicos sobre regiões de interesse, com vistas a
projetos de ocupação ou preservação. Como exemplos temos os Estudos e Rela-
tórios de Impactos Ambientais (EIA/RIMAs) e os estudos visando o estabeleci-
mento de áreas de proteção ambiental (APAs).
Os trabalhos de ocupação territorial objetivam normatizar essa ocupação,
buscando racionalizar a gestão do território, com vistas a um processo de de-
senvolvimento sustentável (CAMARA e MEDEIROS, 2014). Neste cenário, estão
em andamento hoje no Brasil uma grande quantidade de iniciativas de zonea-
mento, que incluem estudos abrangentes como o zoneamento ecológico-eco-

capítulo 5 • 97
nômico da Amazônia Legal (BECKER e EGLER, 1997) até aspectos específicos,
como o zoneamento de culturas, coordenado pela EMBRAPA.
A interdisciplinaridade é uma característica básica em todos estes estudos.
(MORAES, 1997). Estes projetos buscam sempre uma visão integrada da questão
ambiental, pois não é possível compreender perfeitamente os fenômenos ambien-
tais sem uma análise de todos os seus componentes (CAMARA e MEDEIROS, 2014).
O uso de Geoprocessamento em projetos ambientais requer a utilização de
técnicas de integração de dados, além da combinação ferramentas de análise
espacial, processamento de imagens, geoestatística e modelagem numérica de
terreno (CAMARA e MEDEIROS, 2014).
O software AutoCAD® Map 3D proporciona acesso a dados de SIG e mape-
amento para suporte a planejamento, projeto e gerenciamento de dados. Mo-
delos inteligentes e ferramentas de CAD ajudam a aplicar padrões regionais e
de disciplinas específicas. A integração de dados de SIG com sua organização
melhora a qualidade, a produtividade e o gerenciamento de ativos.
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Figura 42 – Análise espacial feita com o software AutoCAD® Map 3D.


Elaborado pelo autor

98 • capítulo 5
CONEXÃO
Você pode fazer o download da versão de avaliação do AutoCAD Map 3D. Além disso, você
pode acessar a Comunidade Educacional e obter softwares gratuitos para estudantes por 3
anos. Não perca tempo, instale e faço uso dos programas pelo link: <http://www.autodesk.
com.br/products/autocad-map-3d/free-trial>

5.2  Técnicas do Geoprocessamento para diversas aplicações

De acordo com Câmara, Davis e Monteiro (2001), podemos dividir o setor de


Geoprocessamento no Brasil em seis segmentos, sendo eles:
•  Cadastral: aplicações de cadastro urbano e rural, realizadas tipicamente
por Prefeituras, em escalas que usualmente variam de 1:1.000 a 1:20.000.
A capacidade básica de SIG’s para atender este setor é dispor de funções de
consulta a bancos de dados espaciais e apresentação de mapas e imagens.
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Figura 43 – Imagem fotográfica usada como atributo do Objeto em um SIG para gerencia
de Rede Elétrica.
Fonte: (LONGLEY, 2011)

capítulo 5 • 99
•  Cartografia Automatizada: realizada por instituições produtoras de
mapeamento básico e temático. Neste caso, é essencial dispor de ferra-
mentas de aerofotogrametria digital e técnicas sofisticadas de entrada
de dados (como digitalizadores ópticos) e de produção de mapas (como
gravadores de filme de alta resolução).
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 44 – SIG mostrando uma distribuição de dados de exclusão social sobre o fundo de
imagem de satélite.
Fonte: (LONGLEY, 2011)

•  Ambiental: instituições ligadas às áreas de Agricultura, Meio-Ambien-


te, Ecologia e Planejamento Regional, que lidam com escalas típicas de
1:10.000 a 1:500.000. As capacidades básicas do SIGs para atender a este
segmento são: integração de dados, gerenciamento e conversão entre
projeções cartográficas, modelagem numérica de terreno, processamen-
to de imagens e geração de cartas.

100 • capítulo 5
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 45 – SIG mostrando classificação da cobertura de solo sobreposta na Península


Olímpica, Washington, EUA.
Fonte: (LONGLEY, 2011)

•  Concessionárias/Redes: neste segmento, temos as concessionárias de


serviços (Água, Energia Elétrica, Telefonia). As escalas de trabalho típicas
variam entre 1:1.000 a 1:5.000. Cada aplicação de rede tem características
próprias e com alta dependência de cada usuário. Os SIGs para redes de-
vem apresentar duas características básicas: a forte ligação com bancos
de dados relacionais e a capacidade de adaptação e personalização. O pa-
cote básico disponível com os SIGs deste segmento é insuficiente para a
realização da maioria das aplicações, pois cada usuário tem necessidades
completamente distintas. Assim, os usuários deste setor realizam signifi-
cativos desenvolvimentos nas linguagens de aplicação do SIG escolhido.

capítulo 5 • 101
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Figura 46 – Sistema de informações georreferenciadas para análise de serviços de sanea-


mento da cidade de Curitiba.
Fonte: (JORGE, M.T.E, 2008)

•  Planejamento Rural: neste segmento, temos as empresas agropecuárias


que necessitam planejar a produção e distribuição de seus produtos. As
escalas de trabalho típicas variam entre 1:1.000 a 1:50.000. Cada aplicação
tem características próprias e com alta dependência de cada usuário. Os
SIGs devem apresentar duas características básicas: a forte ligação com
bancos de dados relacionais e a capacidade de adaptação. O pacote bási-
co disponível com os SIGs deste segmento é insuficiente para a realização
da maioria das aplicações, pois cada usuário tem necessidades comple-
tamente distintas. Assim, os usuários deste setor realizam significativos
desenvolvimentos nas linguagens de aplicação do SIG escolhido.

•  Business Geographic: neste segmento, temos as empresas que neces-


sitam distribuir equipes de vendas e promoção ou localizar novos ni-
chos de mercado. As escalas de trabalho típicas variam entre 1:1.000 a
1:10.000. Cada aplicação tem características próprias e com alta depen-

102 • capítulo 5
dência de cada usuário. As ferramentas de SIG devem prover meios de
apresentação dos bancos de dados espaciais para fins de planejamento
de negócios. Em especial, os SIGs devem ser adaptados ao cliente, com
ferramentas de particionamento e segmentação do espaço para a loca-
lização de novos negócios e alocação de equipes.

Pode-se constatar que cada segmento apresenta características próprias e


requer soluções específicas, fato nem sempre compreendido pelos usuários.
Na área de Geoprocessamento, a distância entre a compra do software e um re-
sultado operacional por parte do usuário é muito grande, pois envolve aspectos
como a geração de dados geográficos, disponibilidade de metodologias de tra-
balho adequadas e mecanismos de divulgação dos resultados obtidos (CÂMA-
RA, DAVIS E MONTEIRO, 2001).

CONEXÃO
Em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Ibama lançou o Cen-
tro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (CIMAN). A plataforma virtual foi
criada para monitorar as queimadas e focos de incêndio em todo o país. O CIMAN vai dis-
ponibilizar as informações em tempo real que incluem os locais com focos de calor e as
das equipes que estiverem em campo no combate ao fogo. Acesse: <http://sirc.dgi.inpe.br/
ciman/> e confira as operações mais recentes.

5.3  Aplicações em modelos, análises e prognósticos ambientais.

Como podemos ver ao longo de todos os capítulos, são infinitas as possibilida-


des de usos e aplicações do Geoprocessamento. Suas diversas ferramentas re-
metem a um potencial uso interdisciplinar, em diversas perspectivas e funções.
Apresentaremos neste tópico algumas possibilidades de aplicações do senso-
riamento remoto em projetos, estudos e prognósticos no contexto ambiental.

capítulo 5 • 103
5.3.1  Mapeamentos da Distribuição de Sedimentos em Reservatórios Hidrelétricos

Foram desenvolvidos por Reis (2002) modelos empíricos a partir de métodos


de regressão linear entre dados de campos e medidas de refletância derivadas
de imagens do sensor TM-Landsat, já estudado nos capítulos anteriores, para
mapear a distribuição espacial da concentração de sólidos totais suspensos na
superfície e no meio da coluna d’água.
O principal objetivo do estudo foi avaliar o transporte e deposição de sedi-
mentos e seus efeitos sobre a qualidade da água ao longo do Rio São Francisco,
no trecho entre a Barra de Tarrachil e a montante do Reservatório de Xingó, na
Bahia (REIS, 2012). Foram identificados e mapeados os segmentos de reserva-
tório de maior deposição e/ou transporte de sedimentos a partir dos modelos
empíricos, permitiram mapear a distribuição de concentrações de sólidos da
coluna d’água.
A figura 47 mostra os resultados de Reis (2002) para o mês de março, sendo que
nas regiões indicadas pelas setas há diferenças sensíveis entre a concentração do
meio da coluna de água e da superfície. Essas diferenças de concentração estão re-
lacionadas às características hidrodinâmicas desses reservatórios (NOVO, 2010).

Solo Solo
0-2 mg/l 0-2 mg/l
2-4 mg/l 2-4 mg/l
4-6 mg/l 4-6 mg/l
6-8 mg/l 6-8 mg/l
8-10 mg/l 8-10 mg/l
10-12 mg/l 10-12 mg/l
12-14 mg/l 12-14 mg/l
14-16 mg/l 14-16 mg/l

Figura 47 – Distribuição espacial do total de sólidos suspensos em duas profundidades do


reservatório do submédio São Francisco.
Fonte: Adaptados de Reis (2002) e Novo (2010).

104 • capítulo 5
5.3.2  Identificações de manchas de Petróleo em oceano.

A poluição dos oceanos por óleos, incluindo os estuários, está relacionada a


dois aspectos potencialmente opostos da atividade humana: por um lado, exis-
te a poluição resultante de atividades empreendidas com o intuito de atender
às necessidades da sociedade - a extração, o transporte, e o uso do petróleo
como fonte de energia - e por outro lado há um forte anseio na preservação dos
recursos vivos marinhos, tanto para interações gerais como para legado a gera-
ções futuras (KAMPEL e AMARAL, 2001).
Os métodos e técnicas, tanto preventivos como corretivos, para a minimização
dos danos gerados por estas ocorrências estão se aperfeiçoando cada vez mais, de-
vido aos inúmeros casos de derrames de petróleo ocorridos no litoral brasileiro nos
últimos anos (KAMPEL e AMARAL, 2001).
A Baía de Guanabara, localizada na cidade do Rio de Janeiro/RJ, é um am-
biente costeiro que apresenta diversos problemas ambientais derivados do de-
sordenado crescimento urbano e industrial a partir da década de 50 (KAMPEL
e AMARAL, 2001).
Kampel e Amaral (2001) desenvolveram um trabalho onde demonstraram
por meio da utilização de imagens TM/Landsat a identificação e estimativa da
extensão da mancha de óleo decorrente do derrame ocorrido na Baía de Guana-
bara, em janeiro de 2000.
A análise utilizou componentes principais das seis bandas TM/Landsat,
aliadas a técnicas de segmentação de imagens e informações de campo, que
permitiram a identificação da mancha de óleo. De acordo com a metodologia
proposta, a área desta mancha foi estimada em 133,45 Km2
O resultado final do trabalho, apresentado pela figura 48, demostra a deli-
mitação da mancha de óleo, destacada pela seta, obtida pelo uso de segmenta-
ção das imagens de componentes principais, e informações de campo (visita ao
local do derrame).

capítulo 5 • 105
REPRODUÇÃO© / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Magé
Anil
Mauá

Paquetá

Mancha de Óleo

I. do Governador

Baía de Guanabara

Ponte
I. Cidade Universitária

Niterói

Rio de Janeiro

Figura 48 – Extensão da macha de óleo em 19 de janeiro de 2000.


Fonte: Adaptado de (KAMPEL e AMARAL, 2001). <http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.
br/lise/2001/09.19.12.23/doc/0801.809.252.pdf>

5.3.3  Análises dos Impactos Ambientais e na Determinação da Vulnerabilidade


Ambiental

Oliveira e Mattos (2012) identificaram analiticamente os impactos ambien-


tais negativos e determinaram, a partir de modelos empíricos, em escala de
1:25.000, os graus de vulnerabilidade ambiental existentes no litoral sul do Es-
tado do Rio Grande do Norte, NE do Brasil.
Os resultados dos impactos, apresentados pela figura 49, foram obtidos
mediante a proposição de metodologias de geoprocessamento específicas para
cada impacto. Os impactos ambientais analisados configuram-se nos cam-
pos de dunas, manguezais, faixas de praia e remanescentes florestais de Mata
Atlântica, classificando sua vulnerabilidade entre variáveis de muito alta até
baixa (OLIVEIRA E MATTOS, 2012).

106 • capítulo 5
Figura 49 – Mapa de vulnerabilidade ambiental da área de estudo.
Fonte: (OLIVEIRA E MATTOS, 2012).

5.3.4  Análises dos Impactos Ambientais

O mapeamento do uso da terra, vegetação e impactos ambientais utilizando


sensoriamento remoto e geoprocessamento permite detectar, espacializar e
quantificar as alterações provocadas pelo homem na natureza, contribuindo
para o monitoramento e planejamento de atividades que provocam ou possam
vir a provocar danos futuros ao meio ambiente.
Neste contexto, Ortiz e Freitas (2005) realizaram um trabalho, em uma área
teste que corresponde ao distrito de Assistência e entorno, no município de Rio
Claro/SP, com o objetivo de analisar as transformações ocorridas com o uso da
terra e vegetação visando a detecção de alguns impactos ambientais ocorridos
no espaço de 33 anos que separaram os dados coletados de 1962 e 1995.

capítulo 5 • 107
Para atingir tal objetivo, os autores utilizaram um Sistema de Informação Ge-
ográfica (SIG). Os mapas foram obtidos por meio da interpretação convencional
de fotografias aéreas, posteriormente digitalizados no software CAD Overlay e ge-
orreferenciados no AutoCAD Map. Foram gerados diversos mapas com a modela-
gem digital da área em estudo, como o apresentado pela figura 50, o que possibi-
litou o estudo da rede de drenagem com a incorporação de outros dados como de
vegetação, área urbana, mineração, entre outros (ORTIZ E FREITAS, 2005).

Rio Corumbataí

783 m

500 m
7.504.000 m
241.000 m

236.000 m 7.509.000 m

231.000 m 7.514.000 m
km

226.000 m 0 2 4 6
7.519.000 m

Figura 50 – Modelagem Digital do Terreno da área de estudo com a rede de drenagem


de 1995.
Fonte: Ortiz e Freitas (2005)

5.3.5  Avaliações de Enchentes Urbanas com técnicas de Geoprocessamento.

A prevenção às enchentes urbanas pluviais ou fluviais é uma problemática pre-


sente na maioria das cidades brasileiras. Alcantara e Zeilhofer (2006) realiza-
ram um trabalho com o propósito utilizar técnicas de geoprocessamento para a
avaliação de enchentes pluviais na cidade de Cáceres em Mato Grosso.
Na metodologia utilizada pelos autores as plantas planialtimétricas foram
processadas no software de geoprocessamento SPRING (INPE) e interpoladas
por modelos digitais de terreno (MDT). Análises de dados pluviométricos do
período compreendido entre 1991 a 2003 e pesquisas junto à população foram

108 • capítulo 5
efetuadas para a definição da real data do maior evento ocorrido e a estipulação
da cota máxima de inundação.
Após a geração de um modelo digital de terreno utilizando foi elaborado
um mapa temático dos riscos de enchentes pluviais, apresentado pela figura
51, como cota média de inundação uma altitude de 117,26 m. Os autores ainda
concluíram que a metodologia proposta no trabalho pode auxiliar o trabalho
dos órgãos responsáveis pela prevenção de enchentes urbanas (ALCANTARA E
ZEILHOFER, 2006).
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Área de risco
de enchentes pluviais
N

Legenda:
Córrego / Margem
Altíssimo risco de inundação
Alto risco de inundação
Médio risco de inundação
Baixo risco de inundação
Risco não considerado

Figura 51 – Mapa temático da área de risco de enchentes pluviais.


Fonte: (ALCANTARA E ZEILHOFER, 2006).

5.3.6  Utilizações de Técnicas de Sensoriamento Remoto na Análise da Cobertura


Vegetal de Reserva Florestal

Vicens, Cruz e Rizzini (1998) realizaram um trabalho para a análise da cobertura


vegetal da Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Linha-
res, no Estado do Espírito Santo. Esses estudos dirigidos a identificação e quali-
ficação de remanescentes florestais em áreas preservadas ou interferidas, tem se
tornado fundamentais, pois caracterizam a distribuição espacial dos fragmentos
florestais, direcionando quaisquer medidas de recuperação de áreas degradadas.

capítulo 5 • 109
CONEXÃO
Neste link você pode ver o mapa digital de carbono orgânico dos solos brasileiros recém-lan-
çado pela Embrapa une modelagem matemática e conhecimentos levantados em campo
para ajudar em diversos programas de conservação de recursos naturais. Acesse: <https://
www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2062813/solo-brasileiro-agora-tem-mapea-
mento-digital>

O trabalho utilizou imagens digitais dos satélites SPOT (1994, bandas 1, 2 e 3)


e LANDSAT (1996, bandas 3, 4, 5, e 7). Tais imagens foram processadas no siste-
ma IDRISI for Windows, permitiram a aplicação de diversas funções de proces-
samento digital, como a ampliação de contraste, o georeferenciamento, recortes,
aplicação de diversos índices, entre outros (VICENS, CRUZ E RIZZINI, 1998).
A figura 52 apresenta o mapa gerado pelo estudo, com a classificação das
áreas em Floresta Densa, Ciliar, Secundária ou Campo Hidrófilo de Várzea.

387.000 397.000 407.000

7.895.000

Floresta densa
Floresta ciliar
Floresta secundária
Campo Hidrófilo de Várzea
Áreas não classificadas

7.885.000

Metros
5.000,00

7.875.000

Figura 52 – Classificação por fatiamento da imagem da Reserva Florestal de Linhares.


Fonte: (VICENS, CRUZ E RIZZINI, 1998).

5.3.7  Sistemas de Informações Geográficas como Auxílio no Gerenciamento de


Informações do Plano Diretor Municipal.

Para auxiliar a elaboração do plano diretor do município de Rio Grande/RS foi


montado um SIG junto a Prefeitura. O objetivo era agilizar na busca de docu-

110 • capítulo 5
mentos que envolvem dados referentes ao plano diretor, uma vez que eles esta-
rão todos organizados e dispostos em um SIG. O resultado foi um grande banco
de dados que possibilitou a Prefeitura fazer simulações e estudos, podendo de-
cidir a melhor forma de implantar o Plano Diretor da cidade.
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Figura 53 – Sistemas de Informações Geográficas como Auxílio no Gerenciamento de


Informações do Plano Diretor Municipal.
Fonte: (GONÇALVES, D.C.,2011)

5.3.8  Monitoramento de Focos de Queimadas e Incêndios

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) desenvolve um trabalho


com o monitoramento operacional de focos de queimadas e de incêndios flo-
restais detectados por satélites, e o cálculo e previsão do risco de fogo da vege-
tação. Esse monitoramento de queimadas em imagens de satélites é particu-
larmente útil para regiões remotas sem meios intensivos de acompanhamento,
condição esta que representa a situação geral do País. Para uma área com torres

capítulo 5 • 111
de observação guarnecidas continuamente e mantendo comunicação direta
com brigadas de combate de fogo, os dados de satélite têm interesse marginal.

CONEXÃO
Visite o portal de Monitoramento dessas Queimadas e Incêndios pelo link:
<http://www.inpe.br/queimadas/index.php> e veja qual a situação atual da sua região ou
de outras áreas do Brasil.

Os dados para a América do Sul e a Central, África e Europa, que são atu-
alizados a cada três horas, todos os dias do ano podem ser acessados por um
portal do próprio instituto.
Esse portal permite visualizar os focos de incêndio em um Sistema de Infor-
mação Geográfica, como apresenta a figura 54, com opções de períodos, regiões
de interesse, satélites, planos de informação (p.ex. desmatamento, hidrografia,
estradas), etc., além da exportação dos dados em formatos txt, html, shp e kmz.
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Mapas de
RISCO DE FOGO
Previsão para hoje

Mínimo Baixo Médio Alto Crítico Indeterminado

Figura 54 – Mapa do Risco de Fogo para o Brasil em 27 de outubro de 2014.


Fonte: <http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/abasFogo.php>

112 • capítulo 5
ATIVIDADE
1. Quais são os segmentos do setor de Geoprocessamento no Brasil?

2. Quais os principais softwares de SIG disponíveis atualmente no mercado?

3. Além das aplicações de SIG citadas neste capítulo, cite mais outros três exemplos da
utilização de um SIG na área ambiental de sua cidade.

4. Como o SIG poderia auxiliar na hora de escolher a melhor forma de se deslocar de um


ponto da cidade a outro?

5. O SIG é uma ferramenta que possibilita fazer previsões de catástrofes, simulações e


outro. Porque ele ainda não é usado de forma generalizada por todos os órgãos públicos
para auxiliar na gestão de tomada de decisões?

REFLEXÃO
A partir da leitura desta unidade, você observou que o Geoprocessamento é uma ferramen-
ta de grande utilidade, com possibilidades de aplicação em diferentes áreas. Atualmente o
gestor ambiental possui um amplo leque de opções de ferramentas capazes de processar,
armazenar, copilar e gerar novas informações. Com essas tecnologias o profissional é capaz
de realizar previsões, simulações e dimensionamentos que serão utilizadas como ferramen-
tas de subsidio para a tomada de decisões e estudo.

LEITURA
O Google Earth é uma ferramenta poderosa para o diagnóstico da paisagem e a compreen-
são do uso e ocupação do solo. Através das ferramentas de imagens históricas e reproduzir
passeio, pode-se monitorar a paisagem ao longo do tempo. Também permite verificar o efeito
da ação antrópica sobre a natureza e impactos ambientais decorrentes dessa. Essas ferra-
mentas podem ser utilizadas em diversos trabalhos permitindo contextualização de diferen-
tes conteúdos, com o monitoramento da paisagem em diferentes áreas do planeta.

capítulo 5 • 113
Você pode instalar o Google Earth em seu computador pelo link: <https://www.google.com/
earth/. Além disso, assista a esse vídeo, aprenda e conheça mais sobre essa ferramenta:
https://www.youtube.com/watch?v=QhVkA0E0Z1w>

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCANTARA, L. H., ZEILHOFER, P. Aplicação de técnicas de geoprocessamento
para avaliação de enchentes urbanas: estudo de caso-Cáceres, MT. Anais do 1º. Sim-
pósio de geotecnologias no Pantanal, 2006.

BECKER, B.K.; EGLER, C.A.G. Detalhamento da Metodologia para Execução do


Zoneamento Ecológico-Econômico pelos Estados da Amazônia Legal. Brasília,
MMA/SAE, 1997.

AMARA, G.; MEDEIROS, J.S. Geoprocessamento para Projetos Ambientais. Dispo-


nível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/tutoriais/gis_ambiente/>, acesso em: 20 out.
2014.

CÂMARA, G.; Davis, C., Monteiro, A. M. V. Introdução À Ciência Da Geoinformação.


INPE-10506-RPQ/249. São José dos Campos. 2001

GONÇALVES, D.C.; RAMOS, L.P.; COSTA,N.R.; GARCIA,R.R.;OLIVEIRA,C.L. Sistema de


Informações Geográficas como Auxílio no Gerenciamento de Informações do
Plano Diretor Municipal. Estudo de caso: Município de Rio Grande – RS. Anais XV
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil 2011.

JORGE, M.T.E. Sistema de informações georreferenciadas (SIG) para análise de


serviços de saneamento da cidade de Curitiba. II Simpósio Brasileiro de Ciências
Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação, 2008.

KAMPEL, Milton; AMARAL, Silvana. Imagens TM/Landsat na detecção de mancha de


óleo na Baía da Guanabara-RJ-Brasil. Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,
v. 10, p. 801-809, 2001.

LONGLEY, P.A.; GOODCHILD. M.F.; MAGUIRE, D.J.; RHIND,D.W. Sistemas e Ciência da


Informação Geográfica. Porto Alegre, RS: BOOKMAN, 3ª edição, 2011.

MORAIS, A.C.R. Meio Ambiente e Ciências Humanas. São Paulo, Hucitec, 2a. edição,

114 • capítulo 5
1997.

NOVO, E.M.L.M. Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. 4ª Edição. São Paulo:


Blucher, 2010.

OLIVEIRA, F.F.G.; MATTOS, J. T. Aplicação das Técnicas de Geoprocessamento na


Análise dos Impactos Ambientais e na Determinação da Vulnerabilidade Am-
biental no Litoral Sul do Rio Grande do Norte – NE do Brasil. Revista Geonorte,
Edição Especial, V.1, N.4, p.441 – 458, 2012.

ORTIZ, J.L.; FREITAS, M.I.C. Análise da transformação do uso da terra, vegetação e


impactos ambientais por meio de sensoriamento remoto e geoprocessamento.
Geociências, v. 24, n. 1, p. 77-89, 2005.

REIS, R.S. Qualidade da Água, Deposição de Sedimentos e Sensoriamento Re-


moto: Um estudo de caso nos Reservatórios do Sub-Médio São Francisco. Tese de Douto-
rado em Ciências da Engenharia Ambiental. Universidade de São Paulo, USP, Brasil, 2002.

VICENS, Raúl Sánchez; CRUZ, Carla Bernadette Madureira; RIZZINI, Cecilia Maria. Utiliza-
ção de técnicas de sensoriamento remoto na análise da cobertura vegetal da
Reserva Florestal de Linhares, ES, Brasil. Simpósio brasileiro de sensoriamento remoto,
v. 9, 1998.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1

1.  Qual a diferença conceitual entre Dado e Informação?


Os dados são os elementos básicos (matéria prima) para a elaboração de informações. Eles
são a representação de fatos, conceitos ou instruções de maneira formal, apropriada a sua
comunicação, interpretação ou processamento. A informação é construída pelos significa-
dos atribuídos aos dados. O refinamento dos dados quando manipulados, podem produzir
novas informações.

2.  Qual a diferença em armazenar um dado raster com um dado vetorial?


Os dados vetoriais são uma representação gráfica do mundo real através de sistemas

capítulo 5 • 115
de coordenadas, dessa forma, a unidade fundamental do dado vetorial é o par de coor-
denadas x, y. Os dados raster ou matriciais referem-se às representações gráficas do
mundo real através de pixels (picture element) ou células, com estrutura mais simples e
formação poligonal regular, geralmente quadradas.

3.  Qual a diferença de Georreferenciamento e de Geoprocessamento?


O Georreferenciamento de uma imagem ou um mapa é tornar suas coordenadas conhe-
cidas num dado sistema de referência.
O Geoprocessamento é um conjunto de tecnologias que utiliza técnicas matemáticas
e computacionais voltadas a coleta e tratamento de informações espaciais para um
objetivo específico.

4.  Qual a diferença entre os SIGs e os Mapas Iterativos?


Os SIGs são capazes de fazer topologias, como prever eventos futuros, criar novos mo-
delos. São ferramentas de verificação e análise, baseada num sistema de computação
que associa dados gráficos e alfa numéricos. Os mapas iterativos são camadas de ma-
pas que podem ser sobrepostos para facilitar análise. Não possuem modeladores mate-
máticos para gerar novas informações a partir de dados.

5.  Qual a diferença entre os sistemas SIGs e os sistemas CADs?


Os sistemas CAD são mais apropriados para fazer o desenho dos projetos. Embora os
sistemas CAD possuem algumas formas de fazer análise espacial, os sistemas SIG são
feitos para isso e produzem mapas e análises espaciais mais rápido que os sistemas
CAD. Assim, se é necessária uma análise mais complexa, os SIG são mais apropriados.
Se a necessidade é apenas um desenho do projeto, os sistemas CAD são mais apro-
priados.

Capítulo 2

1.  Quais são os cinco módulos da estrutura básica de um sistema de informação geográ-
fica?
A estrutura básica de um sistema de informação geográfica pode ser subdividida em cinco
módulos, sendo eles: aquisição de dados; pré-processamento; gerenciamento de dados; ma-
nipulação e análise; e geração de produtos.

116 • capítulo 5
2.  Qual a importância da Cartografia para a criação de um SIG?
A cartografia é fundamental na elaboração e a preparação de mapas para a representa-
ção da Terra, o que são utilizados como subsídios dos dados para a criação de um SIG.
Além disso, com a evolução da cartografia se permitiu o aprimoramentos dos SIGs.

3.  O que é Geoide?


Geoide é uma representação da superfície da Terra que possui o mesmo potencial
gravitacional, tendo aceleração da gravidade constante com a direção perpendicular a
vertical dada por um fio de prumo. Ela pode ser considerada a superfície que mais se
aproxima a superfície média dos oceanos.

4.  Qual a importância do Sistema Geodésico Brasileiro?


O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é o conjunto de pontos geodésicos descritos da
superfície física da Terra, implantados e materializados na porção da superfície terrestre
delimitada pela fronteira do país. Sua importância está relacionada com as finalidades
de sua utilização, que vão desde o atendimento a projetos internacionais de cunho cien-
tífico, passando pelas amarrações e controles de trabalhos geodésicos e cartográficos,
até o apoio aos levantamentos no horizonte topográfico, onde prevalecem os critérios de
exatidão sobre as simplificações para a figura da Terra.

5.  Qual foi a grande evolução que os Sistema de Posicionamento Global trouxeram para a
coleta de dados espaciais?
O aparecimento dos Sistemas de Posicionamento Global foi um dos grandes avanços
na tecnologia de levantamentos cartográficos. A precisão das técnicas de posicionar um
ponto de sua superfície em relação a um determinado referencial tem avançado, possi-
bilitando variações de precisão e exatidão de milímetros a metros, conformo o método e
o tempo de coleta de dados usado.

Capítulo 3

1.  Como ocorre a incorporação e manipulação dos dados espaciais em um sistema SIG?
O Sistema SIG possui um banco de dados alfanuméricos, para armazenamento dos atri-
butos e um armazenamento de dados espaciais. Os dados espaciais podem ser adquiri-

capítulo 5 • 117
dos através de Mapas e cartas (raster ou vetoriais), através de Sensoriamento Remoto,
sistemas de posicionamento global por satélites, topografia, fotogrametria, etc. Esses
dados são convertidos em vetores, pixels, ou dados alfanuméricos e importados nos
bancos de dados dos SIG para posterior análise espacial.

2.  Como os dados espaciais podem ser abstraídos em um ambiente SIG?


Para representar a realidade de forma mais fiel possível, os sistemas SIG podem traba-
lhar com ambiente vetorial e ambiente raster. No ambiente vetorial, o SIG interpreta as
feições reais como linhas, pontos polígonos e através de topologias, (contido, próximo,
vizinho, etc) permite análise espacial. No sistema raster os Pixels possuem atributos para
sua caracterização e da mesma forma (pixels na vizinhança, em torno, grupo de pixels
dentro de outro grupo de pixels, etc) são feitas as análises espaciais.

3.  O que é a Modelagem Numérica do Terreno?


A Modelagem Numérica do Terreno (MNT) é uma representação matemática compu-
tacional da distribuição de um fenômeno espacial que ocorre dentro de uma região da
superfície terrestre. Os MNT podem representar diversos fenômenos, como exemplo,
os dados de relevo, levantamentos de profundidades do mar ou de um rio, informações
geológicas e meteorológicas, dados geofísicos e geoquímicos entre outros.

4.  Quais as principais vantagens e desvantagens das grades regulares e malhas triangula-
res na Modelagem Digital do Terreno?
As principais vantagens das malhas regulares são a facilidade no manuseio e conversão e
além do uso em geofísica e visualização 3D, as desvantagens são limitações para a repre-
sentação de relevos complexos e cálculo de declividade.
As principais vantagens das malhas triangulares são uma melhor representação de rele-
vo complexo e a incorporação de restrições como linhas de crista. As desvantagens são
a sua complexidade de manuseio e inadequação para a visualização 3D.

5.  Quais as principais aplicações do cálculo de volume gerado pelos Modelos Digitais do

118 • capítulo 5
Terreno?
É possível se calcular volumes dentro de uma região do espaço predeterminada a partir de
um modelo digital de terreno. Como exemplos de aplicação, temos os estudos de terrapla-
nagem de determinadas áreas que utilizam esses cálculos, ou ainda, no cálculo do volume
de água represado por uma barragem.
Capítulo 4

1.  Para se fazer um estudo de uma região, buscando áreas que foram desmatadas, é ne-
cessário que o céu esteja descoberto, sem nuvens, para que as imagens obtidas por um
sensor orbital captem a retirada de árvores?
Não. O espectro de ondas eletromagnético pode passar pelas nuvens. Vai depender do
comprimento de onda. Se o espectro de onda enviado para descrever o objeto no solo
não altera sua natureza ao passar pelas nuvens, as nuvens não vão atrapalhar a coleta
de dados do sistema.

2.  O que é Curva espectral?


A curva espectral é a representação, através de um diagrama, da variação da energia
espectral refletida por um objeto. Os objetos da superfície terrestre podem ser iden-
tificados e diferenciados devido a essas variações dos comprimentos de ondas das
imagens de sensores remotos.

3.  O que é um processo subtrativo de formação de cores?


No processo subtrativo as cores são determinadas pela absorção e subtração das co-
res da luz branca, ou seja, quando a luz branca é direcionada a um objeto, parte desse
objeto absorve a luz. A parte da luz que não é absorvida é refletida para nossos olhos,
desvendando-nos a cor do objeto atingido, revelando-nos sua pigmentação. E as cores
são determinadas pela maior ou menor quantidade de pigmento das tonalidades verme-
lho, amarelo e azul.

4.  O que é um processo aditivo de formação de cores?


O processo aditivo consiste na mistura das cores primárias, com a formação das cores
amarelo, ciano (verde-azulado) e magenta, que são as cores denominadas secundárias.

capítulo 5 • 119
Cada uma destas três cores resulta da subtração de uma das cores da luz branca.

5.  Quais são os elementos básicos considerados nas análises visuais e digitais?
São seis os principais componentes considerados nas análises, sendo eles: tamanho;
forma; sombra; tonalidade; textura fotográfica e padrão.
Capítulo 5

1.  Quais são os segmentos do setor de Geoprocessamento no Brasil?


SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental): Desenvolvido pelo grupo do Laboratório de
Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ é um sistema geográfico
de informação para aplicações ambientais em equipamentos de baixo custo.
SAGRE (Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa): O SAGRE foi desenvolvi-
do pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS para atuar na integração
e padronização de procedimentos operacionais das Empresas Operadoras de Teleco-
municações.
MaxiCAD, software produzido pela empresa MaxiDATA, utilizado largamente no Brasil,
com aplicações de Mapeamento por Computador.
O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é um instituto brasileiro dedicado à
pesquisa e exploração espacial e desenvolveu o SPRING, que unifica o tratamento de
imagens de Sensoriamento Remoto (ópticas e micro-ondas), mapas temáticos, mapas
cadastrais, redes e modelos numéricos de terreno. É um dos melhores SIG nacionais hoje.

2.  Quais os principais softwares de SIG disponíveis atualmente no mercado?


No mercado existem muitos programas de SIG. Entre eles, podemos destacar os se-
guintes:

IDIOMAS
SOFTWARE LICENÇA PLATAFORMAS
DISPONÍVEIS
Mapinfo Software proprietário Windows Inglês
ArcGIS Software proprietário Windows Inglês
GEOMEDIA Software proprietário Windows Inglês
GRASS GNU Multiplataforma Inglês
Inglês, Espanhol e
gvSIG GNU GPL Multiplataforma
Chinês
MapWindow MPL Windows Inglês

120 • capítulo 5
QGIS GPL Multiplataforma Inglês e Português

SPRING Freeware Multiplataforma Português e Inglês

SAGA GIS GPL Multiplataforma Inglês


Multiplataforma /
iSmart Shareware Inglês
Web
Português, Espanhol
TerraView GNU GPL Multiplataforma
e Inglês
Transcad Software proprietário Windows Inglês

VisualSIG Software proprietário Windows Português e Inglês

3.  Além das aplicações de SIG citadas neste capítulo, cite mais outros três exemplos da
utilização de um SIG na área ambiental de sua cidade.
- Auxiliar os gestores para identificar e quantificar o desmatamento em áreas de reserva.
- Auxiliar a mapear e quantificar as áreas verdes, praças, áreas de lazerda cidade
- Monitoramento dos pontos onde existe engarrafamento e aumento de poluição do ar
por veículos automotores.

4.  Como o SIG poderia auxiliar na hora de escolher a melhor forma de se deslocar de um
ponto da cidade a outro?
O SIG possui a ferramenta de roterizador. A malha urbana é generalizada para um con-
junto de segmentos e pontos conectados. Cada segmento recebe parâmetros (sentido
de mão, tráfego intenso, etc). O sistema para calcular um caminho pode buscar, por
exemplo, o caminho mais curto (onde der o menor somatório de segmentos até a che-
gada) ou o caminho mais rápido (ele usa informações de segmentos cadastrados como
trânsito intenso e busca outros segmentos para desviar, buscando a melhor relação
entre o “peso do trecho” e o menor caminho).

5.  O SIG é uma ferramenta que possibilita fazer previsões de catástrofes, simulações e
outro. Porque ele ainda não é usado de forma generalizada por todos os órgãos públicos
para auxiliar na gestão de tomada de decisões?
O SIG para ser implantado necessita de profissionais de diversas áreas do conheci-
mento, um investimento inicial relativamente alto, manutenção e atualização dos dados
e mão de obra especializada. O retorno do investimento demora um pouco, mas a longo
prazo é extremamente útil para qualquer órgão público.

capítulo 5 • 121

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