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Plantas e Memoriais Descritivos no

QGIS

Metodologia completa para elaborar plantas topográficas


profissionais e gerar documentos automaticamente em
software livre

Leandro França

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© 2021 by Leandro Luiz Silva de França

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização da GeoOne.

Capa: Gilveson Silva de Assunção


Colaboração: Alexandre Claudino Santana
Edição: GeoOne

França, Leandro Luiz Silva de


Plantas e memoriais descritivos no QGIS [livro eletrônico] : metodologia completa
para elaborar plantas topográficas profissionais e gerar documentos automaticamente
em software livre / Leandro França. -- 1. ed. -- João Pessoa, PB : GeoOne, 2021.

Bibliografia
ISBN 978-65-00-23920-1
1. Cartografia 2. Geografia 3. Plantas I. Título.
CDD-526

GeoOne
Contato: contato@geoone.com.br

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Agradeço a Deus por esta obra
e dedico à minha esposa Mairla
e ao meu filho Lael

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APRESENTAÇÃO

A história de elaborar Plantas e Memoriais em minha vida teve início quando


passei a atuar como engenheiro cartógrafo na antiga 3ª Divisão de Levantamento (3ª DL)
em Olinda-PE, hoje denominada de 3º Centro de Geoinformação, uma organização
militar do Exército responsável pelo mapeamento sistemático do nordeste brasileiro.

No ano em que eu me apresentei para servir na 3ª DL, em 2016, vivenciei uma


verdadeira transição dos projetos de Cartografia do ArcGIS para o QGIS, isto é, de um
software proprietário (pago) para outro livre (gratuito).

Assim, tive logo que participar ativamente dessa transição e me adaptar a essas
mudanças, tendo em vista que a bagagem que trazia era de SIG com o ArcGIS, adquiridas
no Instituto Militar de Engenharia (IME) e na Texas Tech University (TTU), nos EUA.

Após um ano de uso e estudo do QGIS, identifiquei a enorme potencialidade que


esse software livre e de código aberto poderia trazer não só para a Cartografia, como
também para diversas outras áreas afins.

A partir desse momento, comecei a estudar profundamente Python aplicado ao


QGIS (PyQGIS), buscando me capacitar de todas as formas disponíveis a meu alcance
como: livros, fóruns, blogs e tutoriais na internet, de tal forma que em 2017 já comecei a
escrever os meus primeiros scripts.

No ano seguinte, em 2018, tive a oportunidade de chefiar uma equipe de trabalho


de campo que tinha como missão o levantamento topográfico de alguns imóveis da União.
Nessa ocasião, pude perceber que a equipe tinha uma forte necessidade de elaborar as
plantas e memoriais em softwares de CAD.

Além disso, durante esses trabalhos, pude constatar uma série de dificuldades,
podendo ser citadas:

● Apenas um computador para realizar a tarefa, havendo a necessidade de uma


chave (Hardlock);
● Perda de tempo, não havendo uma metodologia bem definida de execução da
planta;
● Poucos profissionais tinham o completo domínio do software, devido ou número
de licenças e à documentação escassa;
● O software de CAD não possuir código aberto, ficando difícil qualquer
automatização ou implementação;
● E o pior, a necessidade de atualizações, com um custo anual considerável para os
cofres públicos.

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Diante de todos esses problemas, propus-me a ajudar a equipe técnica, buscando
desenvolver uma metodologia de trabalho no QGIS que chegasse ao mesmo resultado do
software pago.

Partindo dessa iniciativa, foi pensado em um modelo de dados que otimizasse a


aquisição das informações dos limites de um imóvel, bem como ferramentas em Python
que pudessem gerar automaticamente todas as peças técnicas e itens da planta topográfica.

O sucesso do método e, principalmente, da qualidade dos resultados alcançados


foi tão grande que vários alunos e pessoas que presto consultoria me pediram para que eu
produzisse um material didático que aprofundasse sobre a metodologia de elaboração de
plantas e documentos do levantamento topográfico no QGIS.

Deste modo, este livro busca explicar detalhadamente a base de criação do


método, ou seja, o modelo de dados TopoGeo e sua implementação no formato
Geopackage, bem como todo o procedimento de execução para se chegar ao resultado de
uma planta topográfica e a geração automática das documentações do imóvel (memorial
descritivo, monografia de marco, entre outras).

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SOBRE O AUTOR

Leandro Luiz Silva de França é engenheiro cartógrafo pelo


Instituto Militar de Engenharia (IME) com período cursado
na Texas Tech University (TTU), nos Estados Unidos da
América. Também possui graduação em Ciências Militares
pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e
mestrado em Ciências Geodésicas e Tecnologias da
Geoinformação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Desenvolvedor Python de ferramentas para o QGIS voltadas ao mapeamento
topográfico, banco de dados PostgreSQL/PostGIS e controle de qualidade de
dados geoespaciais. Pesquisador das seguintes áreas: Cartografia, Geodésia,
Sistema de Informações Geográficas (SIG), Sensoriamento Remoto e Análise de
Dados Espaciais. Atua também como Professor de pós-graduação, Perito Judicial
e Consultor de empresas de Geotecnologias. Como autor do plugin do QGIS “LF
Tools”, disponibiliza abertamente ferramentas para a produção cartográfica,
levantamentos topográficos, Processamento Digital de Imagens (PDI) e
gerenciamento de banco de dados geográficos. Participou do Projeto de
Mapeamento do Estado da Bahia: um marco na cartografia nacional com a
produção de 1.449 cartas topográficas, sendo 1.252 na escala 1:25.000 (Região
Oeste e Litoral) e 297 na escala 1:50.000 (Região do Semiárido). Além disso,
desenvolveu metodologias de cartografia rápida para operações militares e apoiou
o Comando Militar do Nordeste na pandemia da COVID-19 com análises espaciais
através de mapas dinâmicos. É um entusiasta de soluções FOSS, seus scripts
desenvolvidos em PyQGIS e GDAL atualmente vêm sendo empregados no
processamento de dados do PE3D pelo Exército Brasileiro no Projeto de
Mapeamento de Pernambuco. Adora ensinar e ajudar aqueles que necessitam. Ama
a sua família e tem Deus como razão de sua vida.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 9
1.1. Organização do Livro 9
1.2. Orientações Básicas e Configurações do QGIS 11
1.3. Instalação e apresentação do plugin LF Tools 11
2. MODELO TOPOGEO EM ARQUIVO GEOPACKAGE 14
2.1. Entendendo o modelo TopoGeo 14
2.1.1 Categoria Definição de Limites 15
2.1.2 Categoria Materialização 17
2.1.3 Categoria Análise 18
2.1.4 Categorias Feições Artificiais e Feições Naturais 19
2.2. Diagrama de classes do modelo TopoGeo 19
2.3. Formato GeoPackage 20
2.3.1. Criando uma camada em arquivo GeoPackage 21
2.3.2. Adicionando novas camadas no arquivo GeoPackage 24
2.3.3. Gerenciamento de Estilos para um GeoPackage 26
3. PROJETO QGIS PARA O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO 31
3.1. Entendendo a estrutura básica de arquivos para um Projeto 31
3.2. Fluxograma para a confecção da planta e documentações 33
3.3. Configuração do SRC do Projeto 34
4. CARREGAMENTO DE PLANILHA DE PONTOS E ARQUIVOS DWG/DXF 39
4.1. Carga de Pontos a partir de Arquivo CSV 40
4.2. Ferramenta “Planilha para Camada de Pontos” 43
4.3. Importação de arquivo DWG/DXF no QGIS (método 1) 45
4.4. Importação de arquivo DWG/DXF no QGIS (método 2) 47
5. AQUISIÇÃO VETORIAL 50
5.1. Configuração da Aderência 51
5.2. Aquisição das feições da categoria Definição de Limites 52
5.2.1. Classe Ponto Limite 52
5.2.2. Classe Elemento Confrontante 53
5.2.3. Classe Área do Imóvel 55
5.3. Aquisição das feições da categoria Materialização 57
5.3.1 Classe Delimitação Física 57
5.3.2 Classe Ponto de Referência Geodésica 58
5.4. Aquisição das feições das demais categorias 60
5.5. Ferramentas auxiliares 62

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6. DOCUMENTAÇÕES AUTOMÁTICAS 64
6.1. Memorial Descritivo 65
6.2. Memorial Sintético 67
6.3. Planilha de Cálculo de Área e Perímetro 68
6.4. Monografia de Marco Geodésico 69
7. PLANTA TOPOGRÁFICA NO COMPOSITOR DE IMPRESSÃO 72
7.1. Apresentação dos elementos de uma planta topográfica 72
7.2. Definição do tamanho do papel 74
7.3. Verificação do SRC da planta 75
7.4. Ajuste da Escala 76
7.5. Ajuste da Grade 77
7.6. Ajuste da Planta de Situação 78
7.7. Adicionando o Memorial Sintético 79
7.8. Ajuste dos Rótulos 81
7.9. Construção do Quadro de Convenções (Legendas) 84
7.10. Editando os Quadros de Informações 85
7.11. Configuração de DPI e impressão em formato digital 87
8. APLICAÇÕES (BÔNUS) 90
8.1. Planta topográfica com imagens de satélite ou ortomosaico de drone 90
8.2. Planta topográfica com mais de um imóvel 94
8.3. Plantas topográficas em Perícias Cartográficas 97

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1. INTRODUÇÃO

Este livro fornece uma metodologia rápida e precisa de elaboração de plantas


topográficas e memoriais descritivos, bem como outros documentos destinados à
regularização fundiária de imóveis, seja em processo de usucapião, perícias cartográficas
ou registro junto a Prefeituras e Cartórios.

Além da base teórica detalhadamente desenvolvida neste material, são


apresentados e demonstrados recursos práticos baseados no software livre QGIS que
auxiliarão engenheiros e técnicos da área de cartografia e agrimensura a resolverem
diversos tipos de problemas.

A completa leitura deste livro, permitirá que o profissional saiba utilizar


adequadamente os recursos disponíveis no plugin “LF Tools”, reduzindo bastante o
tempo de trabalho na elaboração de plantas e memoriais, de forma a possibilitar o
aumentando de produtividade e maiores lucros.

E o melhor disso é saber que a solução está toda disponível GRATUITAMENTE


dentro do QGIS, sem precisar mais pagar um valor considerável com licenças para
executar esse tipo de atividade.

1.1. Organização do Livro


Este livro está estruturado em oito capítulos. O primeiro capítulo corresponde a
esta introdução onde nos encontramos, cujo objetivo é uma breve ambientação sobre tudo
o que será abordado neste material, além de uma apresentação das configurações e
requisitos do QGIS para o acompanhamento das práticas.

O segundo capítulo explica o modelo de dados utilizado para a elaboração de uma


planta topográfica, que neste livro é denominado de modelo TopoGeo. Além disso, é
ensinado como implementar esse modelo em arquivo GeoPackage no QGIS.

No terceiro capítulo, é ensinado o segredo para organizar todos os dados de um


projeto do QGIS, mostrando a estrutura de pastas para armazenar os dados de
levantamento de campo, os produtos gerados, bem como outros arquivos do levantamento
do imóvel, garantindo o melhor fluxo de trabalho e otimização dos resultados.

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O quarto capítulo é destinado a ensinar as principais técnicas para importar dados
de levantamento topográfico para dentro do QGIS, apresentando ferramentas rápidas e
práticas do plugin “LF Tools” utilizadas para importar e editar uma camada de pontos a
partir de Planilhas do Excel ou Libre Office Calc.

O quinto capítulo ensina o passo a passo para a aquisição vetorial das principais
feições do levantamento topográfico de um imóvel com o uso das classes do modelo
TopoGeo, detalhando-se também como deve ser o preenchimento de seus atributos.

No sexto capítulo, é revelado como gerar automaticamente os principais


documentos do levantamento topográfico (memorial descritivo, monografia de marco,
planilha de coordenadas, etc.) a partir dos dados adquiridos e armazenados no
GeoPackage.

O sétimo capítulo apresenta os principais elementos de uma planta topográfica,


ensinando como realizar os ajustes necessários a partir de layouts pré-definidos para
diversos tamanhos de papel e escala.

Por fim, o último capítulo é dedicado a mostrar diversas outras potencialidades do


método da GeoOne, ensinando como podemos também empregar imagens de satélite e
ortomosaicos de drone em trabalhos técnicos como, por exemplo, em perícias
cartográficas.

Figura 1.1: Mapa mental do livro.

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1.2. Orientações Básicas e Configurações do QGIS
Este conteúdo é indicado para estudantes, professores e profissionais que já
tenham noções de Cartografia e Sistema de Informações Geográficas (SIG), além uma
experiência básica com o software QGIS.

Se o leitor nunca teve contato com essas disciplinas, nem com o software, sugere-
se realizar previamente um curso introdutório de SIG como, por exemplo, o QGIS:
Teoria e Prática, fornecido por este autor na plataforma Udemy.

Para o perfeito acompanhamento das demonstrações práticas, recomenda-se


utilizar a versão 3.16 ou superior do QGIS, bem como a versão mais atual do plugin LF
Tools.

1.3. Instalação e apresentação do plugin LF Tools


O plugin LF Tools está disponível para download no repositório oficial do QGIS.
Para baixá-lo, basta ir ao menu Complementos > Instalar e gerenciar complementos... e
na Aba “Tudo” filtrar com “LF” e ele vai logo aparecer, semelhante a Figura 1.2, abaixo.

Figura 1.2: Plugin LF Tools no repositório oficial do QGIS.

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Este plugin do QGIS é um provedor de
ferramentas e expressões para diversos
tipos de soluções em Cartografia,
Agrimensura, banco de dados PostGIS,
processamento de imagens, coleta de
dados (reambulação) e edição vetorial,
conforme observado na Figura 1.3 ao lado.
Em geral, as ferramentas são
autoexplicativas, possuindo descrições
ilustradas e didáticas, como o exemplo da
Figura 1.4.
Neste livro, será dada ênfase às
ferramentas de geração automática de
Documentação, a saber:
● Memorial Descritivo;
● Memorial Sintético;
● Monografia de Marco Geodésico; e
● Planilha de Cálculo de Área e
Perímetro.
Mas outras ferramentas que podem
auxiliar na elaboração da planta
topográfica também serão abordadas
como, por exemplo:
● Coordenadas para moldura UTM;
● Planilha para camada de pontos;
● Inverter ordem dos vértices; e Figura 1.3: Ferramentas do LF Tools.
● Sequenciar pontos.
Existem mais de 50 ferramentas e
expressões no LF Tools e não estranhe se
a versão que você baixar tiver mais
recursos, pois é um plugin que está em
constante evolução.

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Figura 1.4: Ferramenta de geração de geometria a partir de azimutes e distâncias.

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2. MODELO TOPOGEO EM ARQUIVO
GEOPACKAGE

Neste Capítulo será abordado sobre o TopoGeo, um modelo de dados destinado à


elaboração de plantas topográficas cadastrais e geração automática de memoriais
descritivos, planilhas de cálculo de área e monografias de marcos geodésicos.

Também neste capítulo, será ensinado como implementar as classes do modelo


TopoGeo como camadas de um arquivo GeoPackage, um formato recentemente
desenvolvido e padronizado pela Open Geoespatial Consortium (OGC) [1].

2.1. Entendendo o modelo TopoGeo


Hoje, o levantamento topográfico vai da medição e coleta dos dados em campo
até seu armazenamento digital. Porém, o sistema de armazenamento de dados de áreas de
imóveis para grande parte dos municípios do Brasil ainda não garante a integridade dos
elementos e, em muitos casos, é feito por processos manuais em que os documentos são
organizados de forma descentralizada através de pastas ou fichas, gerando uma base de
difícil manipulação e gerenciamento.

Como os dados geográficos estão diretamente ligados às representações terrestres,


sendo descritos por meio de suas coordenadas, o armazenamento desses dados deve ser
realizado por meio de um banco de dados específico, chamado de banco de dados
geoespaciais, que relaciona as informações descritivas com a sua respectiva representação
no mundo real [2].

Nesse sentido, um modelo de dados para o levantamento topográfico de imóveis


da União foi desenvolvido inicialmente pelo Exército Brasileiro [3] para atender as
necessidades de regularização fundiária de suas áreas patrimoniais, permitindo a
elaboração automática dos principais documentos: a planta e o memorial descritivo.

Este modelo de dados passou por uma série de aperfeiçoamentos, sendo depois
denominado de TopoGeo. As classes de feições desse modelo agrupam objetos
geográficos com características e comportamentos comuns. Essas classes foram
implementadas em um arquivo GeoPackage de forma a contemplar as categorias que são

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mais trabalhadas em um mapeamento topográfico, de acordo com sua funcionalidade
(Tabela 2.1).

Tabela 2.1: Grupos e respectivas Classes de Feições


CATEGORIA CLASSES
limit_point_p Ponto Limite
Definição de Limites
boundary_element_l Elemento Confrontante
Limits Delineation
property_area_a Área do Imóvel

Materialização reference_point_p Ponto de Referência Geodésica


Reference Fixation border_construction_l Delimitação Física
Análise litigation_area_a Área de Litígio
Analysis
security_area_a Área de Segurança
(opcional)
airstrip_a Pista de Pouso
building_a Edificação
curb_l Meio-fio
dam_a Barragem
deposit_a Depósito
energy_tower_p Torre de Energia
Feições Artificiais field_court_a Campo ou Quadra
Artificial Features
grandstand_a Arquibancada
(opcional)
housing_building_a Edificação habitacional
pipe_line_l Trecho Duto
pool_a Piscina
power_line_l Trecho de Energia
railway_l Ferrovia
road_l Rodovia
altimetric_point_p Ponto cotado
contour_line_l Curva de Nível
Feições Naturais drainage_line_l Trecho de Drenagem
Natural Features
flooding_land_a Terreno sujeito a inundação
(opcional)
vegetation_a Vegetação
water_body_a Massa d’água

2.1.1 Categoria Definição de Limites


Este grupo se refere às seguintes classes: Ponto Limite, Elemento Confrontante e
Área do Imóvel, as quais são responsáveis por definir a delimitação do imóvel.

A classe Ponto Limite é utilizada para definir os vértices das linhas limites de
confrontação do perímetro de um imóvel. A classe Elemento Confrontante é definida
como a linha de limite entre o imóvel levantado e o seu confrontante, enquanto a classe
Área do Imóvel é um polígono único que define um imóvel e que contém os principais
atributos sobre ele.

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As Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4 apresentam as descrições dos atributos das classes Ponto
Limite, Elemento confrontante e Área do Imóvel, respectivamente. Os nomes dos
atributos estão definidos em inglês1, mas o alias, apelido em português, corresponde à
tradução para visualização pelo usuário no software QGIS.

Tabela 2.2: Descrição dos atributos da classe Ponto Limite (limit_point_p).


ATRIBUTO APELIDO TIPO DESCRIÇÃO
type tipo mediumint Domínio:
1: Marco de Concreto com chapa de identificação;
2: Ponto Ocupado, materializado por cerca ou muro;
3: Ponto Virtual, não materializado e não ocupado.
sequence ordem mediumint Sequência correta dos pontos que descreve a poligonal.
code codigo text(11) Código de nomenclatura adotada para os pontos.

Tabela 2.3: Descrição dos atributos da classe Elemento Confrontante (boundary_element_l).


ATRIBUTO APELIDO TIPO DESCRIÇÃO
borderer confrontante text(255) Nome do Confrontante.
borderer_label confront_rotulo text(80) Abreviatura do nome do Confrontante para apresentação
no Layout (opcional).
start_pnt_descr descr_pnt_inicial text(255) Descrição suscinta sobre o ponto inicial de confrontação
(Esse dado constará no memorial descritivo).
authorizer responsavel text(255) Nome do responsável por assinar a anuência, caso
necessário.
authorizer_id cpf_cnpj text(14) CPF do responsável por assinar a anuência, caso
necessário.
borderer_registry matricula text(255) Transcrição do Registro do imóvel vizinho, caso
necessário.

Tabela 2.4: Descrição dos atributos da classe Área do Imóvel (property_area_a).


ATRIBUTO APELIDO TIPO DESCRIÇÃO
property imovel text(200) Nome ou código do imóvel.
registry cadastro text(100) Código de cadastro do imóvel.
transcript matricula text(255) Transcrição do Registro do imóvel.
owner proprietario text(200) Nome do proprietário do imóvel.
address endereço text(200) Endereço ou descrição de localização.
county municipio text(150) Município(s) onde o imóvel se localiza.
state UF text(2) Unidade(s) da Federação onde o imóvel se localiza.
survey_date data_levantamento date Data na qual o levantamento foi executado.

surveyor geomensor text(255) Responsável pelo levantamento em campo.


tech_manager resp_tecnico text(200) Responsável Técnico.
prof_id crea text(50) Registro no CONFEA/CREA do Responsável Técnico.
area area real Área do imóvel em metros quadrados.
perimeter perimetro real Perímetro do imóvel em metros.

1
O nome das classes e dos atributos foram definidos em inglês para que o modelo possa ser utilizado
internacionalmente ou adaptados por outros usuários fora do Brasil.

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2.1.2 Categoria Materialização
Este grupo é composto pelas classes Ponto de Referência e Delimitação Física, as
quais representam a materialização de feições no terreno. Ambas as classes são oriundas
das Especificações Técnicas para Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais (ET-
EDGV), versão 3.0 [4].

Segundo a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR) [4], a classe


Delimitação Física é conceituada como uma estrutura natural ou artificial que serve para
delimitar, separar ou proteger uma área.

Já a classe Ponto de Referência Geodésica corresponde a um ponto materializado


no terreno por meio de um marco de concreto (ou similar) com chapa de identificação,
destinado a servir de base nos processos geodésicos e topográficos.

Salienta-se que os atributos destas classes foram adaptados para armazenar


também as informações necessárias à geração automática da monografia dos marcos, bem
como a perfeita representação, conforme as normas brasileiras para levantamento
topográfico NBR 13.133 e IR 50-08 [5][6].

Tabela 2.5: Descrição dos atributos da classe Ponto de Referência Geodésica


(reference_point_p).
ATRIBUTO APELIDO TIPO DESCRIÇÃO
code codigo text(50) Código de nomenclatura adotada para o marco de
concreto.
type tipoptorefgeodtopo mediumint Domínio:
1: Altimétrico
2: Planimétrico
3: Planialtimétrico
4: Gravimétrico
property imovel text(80) Nome ou código do imóvel, se for o caso.
county municipio text(80) Município(s) onde o marco se localiza.
state uf text(2) Unidade(s) da Federação onde o marco se localiza.
description descricao text(250) Descrição da localização do marco.
latitude latitude text(40) Coordenadas da latitude em graus, minutos e
segundos.
longitude longitude text(40) Coordenadas da longitude em graus, minutos e
segundos.
ellip_height altitude real Altitude Elipsoidal (h), em metros.
ortho_height altitudeortometrica real Altitude Ortométrica (H), em metros.
sigma_x sigma_x real Precisão no eixo Este-Oeste, em metros.
sigma_y sigma_y real Precisão no eixo Norte-Sul, em metros.
sigma_h sigma_h real Precisão na direção Normal, em metros.
equipment equipamento text(80) Nome do(s) Equipamento(s) utilizado(s) no
Levantamento.
survey_date lev_data date Data do Levantamento.

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survey_method lev_metodo mediumint Método utilizado no Levantamento.
Domínio:
1: Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)
2: Posicionamento Relativo Estático
survey_ref_base lev_base_ref text(30) Base(s) de Referência, no caso do posicionamento
Relativo Estático.
survey_resp lev_resp text(100) Responsável pelo Levantamento
software software text(150) Software utilizado no processamento dos dados.
processing_date proc_data date Data de processamento dos dados.
processing_resp proc_resp text(100) Responsável pelo processamento dos dados.
report_date monografia_data date Data de preenchimento e geração da monografia do
marco.
report_resp monografia_resp text(100) Responsável pela geração da monografia do marco.
tech_manager resp_tecnico text(150) Nome do Responsável Técnico.
profession crea text(20) Registro no CONFEA/CREA do Responsável
Técnico.
profession_id codigo_credenciado text(10) Código de Credenciamento no INCRA para
Georreferenciamento de imóveis rurais.
observation obs text(255) Observações atinentes ao levantamento e
processamento dos dados.
mark_photo foto_marco text(255) Fotografia superior e aproximada de identificação
do código do marco.
pan_photo foto_panoramica text(255) Fotografia panorâmica de situação e localização do
marco.
aerial_image imagem_aerea text(255) Imagem aérea para identificação da posição do
marco no terreno.

Tabela 2.6: Descrição dos atributos da classe Delimitação Física (border_construction_l).


ATRIBUTO APELIDO TIPO DESCRIÇÃO
name nome text(255) Nome da instância
type tipodelimfis mediumint Indica o tipo da delimitação física
Domínio:
1: Muro
2: Cerca de Arame
3: Cerca de Madeira
4: Cerca Viva
5: Cerca Mista
6: Portão
7: Alambrado
8: Limite não materializado
9: Confrontante
10: Misto
building_mat matconstr mediumint Indica o tipo de material de construção
predominante.

2.1.3 Categoria Análise


Esta categoria é composta pelas classes Área de litígio e Faixa de segurança,
sendo de uso opcional, a depender da finalidade da planta topográfica. A classe Área de
litígio diz respeito ao polígono referente às áreas de conflito de interesse territorial, de
ordem jurídica e a classe Faixa de Segurança se refere às feições que envolvem as vias

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rodoviárias, ferroviárias, dutos e trecho de energia, caracterizando-se como uma faixa de
domínio para garantir os limites de segurança.

As tabelas com a descrição dos atributos das classes Área de litígio e Faixa de
segurança não são apresentadas nesta seção por serem baseadas na modelagem da ET-
EDGV 3.0 e, portanto, maiores detalhes sobre as conceituações e características dessas
classes podem ser consultadas no Anexo A desta especificação da CONCAR [4].

2.1.4 Categorias Feições Artificiais e Feições Naturais


A categoria Feições Artificiais é composta das classes que são utilizadas para a
contextualização da planta, representando feições que foram criadas ou modificadas pelo
homem. Essa categoria é composta pelas classes: Arquibancada, Barragem,
Edificação, Campo Quadra, Depósito Geral, Edificação Habitacional, Meio Fio,
Piscina, Pista Ponto Pouso, Torre Energia, Trecho Duto, Trecho Energia, Trecho
Ferroviário e Trecho Rodoviário.
As classes da categoria Feições Naturais também são utilizadas para a
contextualização da planta topográfica, representando características naturais da
superfície terrestre no interior e nas proximidades do imóvel. Essas classes são: Ponto
Cotado Altimétrico, Curva Nível, Massa D’água, Terreno Sujeito a Inundação,
Trecho Drenagem e Vegetação.
As classes de ambas as categorias também estão baseadas na modelagem da ET-
EDGV 3.0 e, portanto, maiores informações podem ser consultadas no Anexo A desta
especificação [4].

2.2. Diagrama de classes do modelo TopoGeo


A representação resumida do diagrama de classes do modelo TopoGeo, seguindo
o padrão Object Modeling Technique for Geographic Applications (OMT-G) [7], é
apresentada pela Figura 1. No diagrama, as classes foram organizadas de acordo com as
categorias Definição de Limites (Limits Delineation), Materialização (Reference
Fixation), Análise (Analysis), Feições Artificiais (Artificial Features) e Feições Naturais
(Natural Features).

19
Figura 2.1: Diagrama OMT-G das classes do modelo TopoGeo.

Observa-se, no diagrama, que as classes envolvidas na geração automática dos


itens da planta topográfica, bem como do memorial descritivo e monografia do marco
geodésico, estão com os atributos e respectivos tipos de dados detalhados, já as demais
classes estão com os atributos em oculto por simplificação, buscando-se facilitar o
entendimento do leitor.

O TopoGeo tem a finalidade de ser uma modelo inicial, podendo ser adaptado às
necessidades de cada trabalho, ou seja, o usuário pode acrescentar novas classes e
atributos como achar mais conveniente. No entanto, para o correto funcionamento das
ferramentas de geração de memorial descritivo e monografia do marco geodésico, é
importante destacar que os atributos das categorias Definição de Limites e Materialização
não podem ser removidos!

Na próxima seção, será ensinado como transformar esse modelo conceitual em


um modelo físico, através de um arquivo semente que já poderá ser utilizado na prática
em softwares de SIG, como o QGIS.

2.3. Formato GeoPackage


O GeoPackage foi lançado em 2014 e tem o intuito de contornar problemas de
interoperabilidade entre diferentes plataformas e APIs, de forma a facilitar o acesso e
gerenciamento dos dados, por exemplo em dispositivos móveis para SIG, além de reduzir

20
redundâncias nos dados, aprimorar a capacidade de armazenamento e facilitar a
conversão de dados [8].

O formato GeoPackage é um padrão aberto desenvolvido pela OGC, não-


proprietário e independente de plataforma, que serve como repositório de vários tipos de
dados geoespaciais, facilitando a distribuição e aumentando a interoperabilidade entre
plataformas, aplicações e serviços web [1][8].

Diferentemente do Shapefile, que armazena apenas uma camada vetorial, o


GeoPackage funciona como um container, podendo armazenar dentro de um único
arquivo diversas camadas vetoriais e tabelas, além de dados matriciais (raster) [9], como
ilustrado na Figura 2.

Figura 2.2: Formato GeoPackage [1].

Outras vantagens podem ser citadas abaixo:


● Padrão aberto da OGC;
● Ampla implementação (GDAL, QGIS, Esri, R, Python etc.);
● Menor espaço em disco quando comparado com banco de dados convencionais;
● Maior velocidade de consultas e renderização;
● Sem limitação do tamanho do arquivo.

Diante das vantagens acima, o formato GeoPackage foi adotado para a


implementação do modelo TopoGeo, gerando um único arquivo de extensão .gpkg que
armazena todas as camadas mais trabalhadas em uma planta topográfica.

2.3.1. Criando uma camada em arquivo GeoPackage


Nesta seção, será ensinado como criar um arquivo GeoPackage no QGIS tomando
como exemplo a classe Ponto Limite (limit_point_p), ou seja, uma camada de pontos com
os atributos definidos na Tabela 2.2.

21
1º) No QGIS, clique no menu Camadas > Criar nova camada > Criar Camada
GeoPackage...

Figura 2.3: Criar uma nova camada GeoPackage.

Obs.: A janela acima também pode ser acessada com as teclas Ctrl + Shift + N, ou

simplesmente clicando neste botão , que fica na barra de ferramentas “Gerenciar


Camadas”.

2º) Insira o nome do arquivo, o nome da tabela (camada), o tipo de geometria e o Sistema
de Referência de Coordenadas (SRC):

Figura 2.4: Parâmetros iniciais da primeira camada a ser criada.

22
3º) Em seguida, adicione todos os campos previstos na Tabela 2.2, observando-se também
o tipo de dado e o comprimento máximo (número de caracteres), para o caso de “Dados
de texto”:

Figura 2.5: Adicionando os campos (atributos) da camada.

4º) Por fim, clique em OK e verifique que essa camada é carregada automaticamente no
QGIS:

Figura 2.6: Finalizando a criação do GeoPackage.

23
2.3.2. Adicionando novas camadas no arquivo GeoPackage
Para adicionar uma nova camada ao arquivo GeoPackage existente, basta seguir
os passos anteriores, da seção 2.3.1, atentando-se que o parâmetro “Banco de dados” deve
apontar para o mesmo arquivo criado anteriormente, já o “Nome da tabela” deve ser o
novo nome da camada a ser criada, como mostrado abaixo:

Figura 2.7: Adicionando nova camada em GeoPackage existente.

Se você já tem alguma camada, seja ela Shapefile ou de outra fonte de dados, é
possível importá-la para dentro do GeoPackage. Para isso, siga os seguintes passos:

1º) Clique no botão “Gerenciador de fontes de dados livres” , ou simplesmente utilizar


as teclas de atalho Ctrl + L, e na aba GeoPackage, você deve clicar em “Novo” e depois
apontar para o arquivo .gpkg criado:

24
Figura 2.8: Configurando conexão com GeoPackage.

2º) Após feita a conexão com o GeoPackage, você pode fechar a janela da Figura 8
(acima) e depois clicar no botão “Gerenciador de BD” que fica no menu “Base de Dados”.
Na ferramenta Gerenciador BD, selecione o arquivo GeoPackage criado e depois clique
no botão “Importar camada/arquivo”, como mostrado abaixo:

Figura 2.9: Importação de camada ou arquivo para dentro do GeoPackage.

25
Obs.: Mais informações sobre o Gerenciamento de camadas de arquivos GeoPackage
podem ser acessados em [9] e nos cursos da GeoOne.

2.3.3. Gerenciamento de Estilos para um GeoPackage


Os estilos no QGIS correspondem às configurações de simbologias, rótulos,
formulários, diagramas, entre outras, para a visualização estilizada da geometria e
atributos das feições pelo usuário.

Os estilos são armazenados no Projeto do QGIS, seja ele .qgz ou .qgs, mas também
podem ser salvos em arquivos individuais no formato QML ou SLD, como também
diretamente no banco de dados. Nesta seção, será ensinado como armazenar os estilos
dentro de um GeoPackage, para que possam ser aproveitados em outros projetos.

No caso do exemplo abaixo, é aplicado um estilo para a classe Ponto Limite,


definindo sua simbologia, rotulação e formulário.

1º) Na simbologia, foram criados símbolos “Baseado em regra” para cada caso de tipo de
vértice da classe Ponto Limite:

Figura 2.10: Configuração da Simbologia.

Obs.: Novas regras podem ser criadas, como por exemplo o caso de marcos de concreto
sem chapa de identificação.

26
2º) Na rotulação, por exemplo, foi escolhido o valor do campo “code”, para apresentar a
configuração de: Texto, Amortecedor (buffer) e Posicionamento, como mostrado nas
Figuras 2.11, 2.12 e 2.13, respectivamente.

Figura 2.11: Configuração da Rotulação (Texto).

Figura 2.12: Configuração da Rotulação (Amortecedor - Buffer).

27
Figura 2.13: Configuração da Rotulação (Posicionamento).
3º) Para o Formulário de Atributos, é possível adicionar os apelidos (alias) dos nomes
dos campos e os tipos de entradas dos campos. Na figura abaixo, é definido o apelido
“tipo” para o campo “type” e o domínio de entrada para os possíveis valores deste campo,
através do Mapa de Valores.

Figura 2.14: Configuração do Formulário com Mapa de Valores.

28
4º) Após realizar todas as configurações de estilo da camada, é possível salvá-la dentro
do GeoPackage, clicando no botão “Estilo” e “Salvar estilo...”, conforme figura abaixo.

Figura 2.15: Salvando estilo da camada.

Depois, escolha salvar estilo “No banco de dados (GeoPackage)” e defina, por
padronização, o nome do estilo como o próprio nome da classe. Para concluir, clique em
OK.

Figura 2.16: Salvando estilo dentro do GeoPackage.

29
Dica:
Caso você tenha a necessidade de se
aprofundar muito mais sobre como
elaborar plantas e memoriais descritivos
com a utilização de formulários avançados
dentro do próprio QGIS, como este do
exemplo ao lado, não deixe conferir o
curso online da GeoOne através do link
abaixo:
https://go.hotmart.com/P51446268E

Figura 2.17: Formulário personalizado.

30
3. PROJETO QGIS PARA O
LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
O projeto do QGIS corresponde a um arquivo de extensão .qgz ou .qgs. O .qgs era
o formato padrão das versões mais antigas do QGIS, já o .qgz, disponibilizado a partir da
versão 3.0, é um formato mais compacto e robusto [9], sendo o mais indicado para o tipo
de trabalho que vamos realizar.

No projeto do QGIS, podem ser adicionadas ao mapa camadas de diversas fontes


de dados (raster, vetor, etc). Nele podem ser configurados estilos de simbologia e
rotulação dessas camadas, bem como o Sistema de Referências de Coordenadas (SRC)
do projeto [10].

Neste capítulo, será ensinado como os arquivos do levantamento topográfico


podem estar estruturados para a melhor organização e funcionamento de um projeto do
QGIS. Também será tratado sobre o procedimento de definição do SRC de um projeto e
o fluxograma de trabalho para a geração dos produtos desejados: a planta e o memorial
descritivo.

3.1. Entendendo a estrutura básica de arquivos para um Projeto


A estruturação de pastas e arquivos para a elaboração da planta e memorial
descritivo pode ser organizado conforme apresentado na Figura 3.1, onde uma pasta
“raiz” contém outras 5 pastas e 2 arquivos.

Figura 3.1: Estrutura de pastas e arquivos do Projeto

31
A pasta Insumos é utilizada para armazenar todos os arquivos coletados para
auxiliar na confecção da planta como, por exemplo, plantas em DWG ou DXF,
Shapefiles, Imagens de Satélite ou de Drone.

Na pasta Dados de Campo podem ser armazenados os dados brutos levantados


com equipamento de topografia para determinar os pontos limites e outros pontos
auxiliares ou de controle.

A pasta Figuras é destinada a armazenar as figuras no formato PNG, SVG ou


JPEG que serão utilizadas no Compositor de Impressão. Os seguintes itens podem constar
nesta pasta:

● Logomarcas do contratante e contratado;


● Diagramas de Convergência Meridiana (Norte);
● QR-code da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART); e
● Folhas modelos em SVG para diversos tamanhos de papel.

As pastas Planta e Documentação são destinadas ao armazenamento dos


produtos gerados: a planta topográfica (em imagem e PDF) e os documentos do imóvel
(memorial descritivo, planilha de cálculo de área e monografia do marco geodésico).

O arquivo Geopackage TopoGeo.gpkg é um banco de dados vazio (semente), mas


que contém toda a estrutura de camadas, atributos e simbologia já implementadas e
prontas para uso em um novo projeto.

O arquivo Projeto.qgz corresponde ao arquivo do QGIS que contém todas as


configurações para a elaboração da planta topográfica e geração automática das
documentações. Nesse arquivo, é reunido todas as fontes de dados do projeto, ou seja, os
caminhos dos arquivos que se encontram na pasta raiz.

A vantagem de se organizar todos os arquivos dentro da pasta “raiz” é a facilidade


de portabilidade do projeto por completo, compartilhando-o entre máquinas ou até mesmo
podendo ser aberto diretamente em um pendrive, sem correr o risco de perder o caminho
para algum dos arquivos das camadas, considerando-se que este projeto foi configurado
para salvar “caminhos relativos”[9].

Observação: No curso “Elaboração de Plantas e Memoriais Descritivos” da


GeoOne é disponibilizado um arquivo compactado (.zip) contendo a estrutura de pastas,
semelhante a Figura 3.1, com o arquivo Geopackage semente na modelagem TopoGeo e

32
um projeto QGZ modelo com todas as camadas e estilos previamente configurados para
o pronto emprego na produção da planta e geração automática das documentações.

3.2. Fluxograma para a confecção da planta e documentações


A Figura 3.2 apresenta o Fluxograma com os 10 passos para elaborar uma planta
topográfica e gerar automaticamente toda a documentação de um imóvel.

Figura 3.2: Fluxograma dos trabalhos.

(1) Baixar no curso da GeoOne a versão mais atual do arquivo compactado template que
contém a pasta “raiz” e todas as subpastas e arquivos necessários para começar um
novo trabalho.
(2) Descompactar o arquivo template e renomear a pasta “raiz” para o nome do seu
projeto. Observação: o nome do projeto QGZ também pode ser renomeado,
entretanto o arquivo Geopackage não deve ter seu nome alterado, se isso ocorrer, o
projeto do QGIS perderá o caminho de todas as camadas do Geopackage.
(3) Colar todos os dados do levantamento topográfico (dados brutos, pontos processados,
fotografias, ortoimagens, MDT etc.) nas pastas “Dados de Campo” e “Insumos”.
(4) Abrir o arquivo QGZ do QGIS e checar o carregamento das camadas, configurações
iniciais do projeto e conexão com a internet.
(5) Esta etapa requer bastante ATENÇÃO, pois o cálculo automático das coordenadas
projetadas e todas as outras medições de distâncias, azimutes, perímetro e área serão

33
baseados no SRC do Projeto, o qual deverá estar no sistema de projeção UTM
adequado para a área mapeada.
(6) Nesta etapa são carregados os pontos levantados em campo para dentro do QGIS,
bem como todos os outros insumos como ortoimagens, MDT, fotografias com
Geotag etc.
(7) Na etapa de aquisição vetorial, os pontos coletados em campo são carregados na
classe Ponto Limite e seus atributos preenchidos de acordo com o levantamento. Em
seguida, as feições da classe Elemento Confrontante são vetorizadas para cada
confrontante, seguindo a ordem dos vértices. Por fim, o polígono da área do imóvel
pode ser gerado a partir das linhas, que poderão ser aproveitadas também para a
classe delimitação física.
(8) Após o correto preenchimento de todos os atributos das classes Ponto Limite,
Elemento Confrontante e Área do Imóvel, os seguintes documentos poderão ser
gerados: memorial descritivo, memorial sintético e planilha de cálculo de área. Para
a geração da monografia do marco, basta apenas que, pelo menos, uma feição da
classe Ponto de Referência Geodésica esteja com os atributos completamente
preenchidos.
(9) Os ajustes do compositor correspondem à seleção do tamanho de papel, centralização
da planta, ajuste da escala, configuração da grade, ajuste da posição do memorial
sintético, ajuste da posição dos rótulos, configuração da legenda e revisão dos dados
automáticos.
(10) A exportação da planta consiste no ajuste de DPI e configurações do formato de saída
(imagem e GeoPDF).

3.3. Configuração do SRC do Projeto


O Sistema de Referência de Coordenadas (SRC) dá sentido e localização espacial
aos valores das coordenadas dos vértices de uma geometria. O SRC pode ser referenciado
por um número inteiro denominado de Spatial Reference Identifier (SRID), mas é
bastante apresentado nos softwares de SIG como EPSG, sigla para European Petroleum
Survey Group, organização que compilou e disseminou grande parte dos sistemas de
coordenadas utilizados atualmente.

No QGIS, os SRC são classificados como Geográficos e Projetados. Os Sistemas


de Coordenadas Geográficas têm unidade de medida angular dada em graus decimais,

34
correspondente aos valores de longitude e latitude conforme o respectivo elipsóide. Já os
Sistemas Projetados de Coordenadas possuem unidade de medida linear que, na maioria
dos casos, é dada em metros, referentes aos valores de Este (E) e Norte (N).

A Figura 3.3 apresenta a janela de configuração do SRC do QGIS. Na figura,


podem ser identificados os seguintes itens:

(1) Filtro para encontrar um determinado SRC pelo nome ou pelo código (número);
(2) Sistemas de Referência recentemente utilizados;
(3) Todos os SRC implementados no QGIS;
(4) Descrição em Well Know Text (WKT) do SRC selecionado, com informações do
datum, parâmetros do elipsoide de referência, unidades, informações de projeção,
etc.; e
(5) Esboço da extensão (em vermelho) para o correto emprego do SRC.

Figura 3.3: Configuração do SRC no QGIS.

O Modelo TopoGeo possui todas as suas camadas implementadas no Sistema


Geodésico Brasileiro (SGB) oficialmente adotado no Brasil, ou seja, o SIRGAS2000 para
a época 2000,4 [11]. Assim, as coordenadas de todos os vértices criados nessa base de
dados serão armazenadas no SRC SIRGAS 2000, EPSG:4674.

35
Já a planta e toda a documentação do imóvel necessitam estar em uma projeção
do sistema UTM. Deste modo, para facilitar e padronizar toda essa configuração de SRC,
a metodologia apresentada neste livro reduz praticamente a zero a chance de o
profissional errar o SRC de alguma camada, tendo em vista que o SRC será definido uma
única vez.

Ou seja, o SRC definido para o projeto será utilizado também para o cálculo das
coordenadas projetadas das feições de todas as camadas, bem como nas medições de
distâncias, azimutes, área e perímetro.

Para mapeamentos no Brasil no sistema UTM de projeção, existem 12 possíveis


projeções, considerando-se os fusos e hemisférios Norte e Sul, conforme mostrado na
Figura 3.4.

Figura 3.4: Projeções no sistema UTM para o Brasil.

Para profissionais que estão iniciando em SIG é comum ter dúvidas no momento
da seleção do SRC apropriado da área a ser mapeada. Então, para solucionar esse tipo de
problema, a ferramenta “Coordenadas para moldura UTM” do plugin LF Tools pode ser
utilizada (Figura 3.5).

36
Figura 3.5: Ferramenta do plugin LF Tools.

Para descobrir o fuso e hemisfério de um determinado ponto, basta clicar no botão


com reticências: e depois clicar em algum ponto da área de interesse no mapa. Em
seguida, você pode escolher qualquer escala e SRC, para que esta ferramenta gere também
a moldura da carta topográfica nessa escala. O importante desse processo é que, após você
clicar em “Executar”, no Log da ferramenta aparecerá o índice de nomenclatura da carta,
onde consta o seu hemisfério e fuso, conforme mostrado na Figura 3.6.

Figura 3.6: Descoberta do Hemisfério e Fuso com a ferramenta do LF Tools.

37
DICA: Outra forma ainda mais fácil de descobrir o SRC do seu projeto é baixando
o arquivo de fusos e hemisférios para todo o planeta, igual ao mostrado na Figura 3.4,
disponibilizado no curso da GeoOne: Elaboração de Plantas e Memoriais Descritivos no
QGIS.

38
4. CARREGAMENTO DE PLANILHA DE
PONTOS E ARQUIVOS DWG/DXF

Geralmente os dados coletados em campo são disponibilizados em planilhas do


Excel ou arquivos de texto (.txt) com as coordenas geodésicas longitude (λ) e latitude (φ),
ou com as coordenadas projetadas em UTM, Este (E) e Norte (N), junto com outras
informações do processamento dos dados GNSS, como o exemplo mostrado na Figura
4.1.

Figura 4.1: Coordenadas em arquivo de texto.

Outro problema bastante comum para o profissional que vai elaborar uma planta
no QGIS é que os dados disponibilizados por Prefeituras (e outras repartições públicas)
costumam estar nos formatos DWG ou DXF, padrão dos softwares de CAD.

Neste Capítulo, será ensinado como importar esses dois tipos de dados para dentro
do QGIS. Com a importação dos pontos levantados em campo será possível a correta
construção dos pontos limites do imóvel, já os dados CAD poderão servir de auxílio e
referência para a coleta de informações de logradouros, imóveis confrontantes, entre
outros dados auxiliares.

39
4.1. Carga de Pontos a partir de Arquivo CSV
A forma mais ensinada na internet para importar uma planilha com as coordenadas
dos vértices de um imóvel é através da importação de um arquivo CSV.

Para realizar o procedimento de importação de uma camada de pontos a partir de


um arquivo CSV, primeiro é necessário garantir a estrutura de tabela com linhas e colunas
bem definidas, assim como os títulos dos campos.

Para realizar esse procedimento, sugere-se observar as seguintes dicas:

(1) Se o separador decimal for “ponto”, substitua-o por “vírgula”;


(2) Evite espaços no nome dos campos X e Y e deixe-os com uma nomenclatura bem
evidente, por exemplo: “longitude” e “latitude”, “Este” e “Norte”, “lon” e “lat”,
ou “E” e “N”;
(3) Para copiar e colar os dados do arquivo TXT para uma planilha, substitua os
espaços entre as colunas por TAB (tabulação).

No caso dos dados da Figura 4.1, as coordenadas e respectivas precisões foram


levadas para uma planilha do Libre Office Calc, fazendo-se a padronização dos nomes
dos campos, conforme observado na Figura 4.2.

Figura 4.2: Dados organizados em planilha.

Na planilha, escolha a opção “Salvar como...” e depois a opção “Texto CSV


(Separado por vírgula)” (Figura 4.3). Em seguida, escolha a codificação dos caracteres
como UTF-8, o delimitador de campo como “Tabulação” e o delimitador de texto como
aspas duplas (Figura 4.4).

40
Figura 4.3: Salvar como... no formato CSV.

Figura 4.4: Configuração do CSV.

Depois que esse arquivo é exportado, é possível abri-lo em um editor de texto,


como o Bloco de Notas ou Notepad++, para verificar seu conteúdo (Figura 4.5).

Figura 4.5: Arquivo CSV aberto no Notepad++.

41
Para abrir o CSV no QGIS, você pode ir ao menu Camada > Adicionar camada >
Adicionar camada de texto delimitado... ou simplesmente utilizar a tecla de atalho Ctrl +
Shift + T.

Na janela Gerenciador de Fonte de Dados | Texto delimitado (Figura 4.6), configure:

(1) Caminho do arquivo CSV;


(2) Codificação;
(3) Em “Delimitadores personalizados”, escolha a opção “Tabulação”;
(4) Em Opções de Gravação e Campos, selecione “Separador decimal é vírgula”;
(5) Observe se os campos X e Y foram selecionados corretamente; e
(6) Defina o SRC da camada.

Figura 4.6: Configuração para adicionar arquivo CSV no QGIS.

Por fim, verifique a “Amostra de dados” e se estiver tudo ok, clique em


“Adicionar” para carregar a camada de pontos. A Figura 4.7 apresenta a camada de pontos
gerada a partir do arquivo CSV, carregados no QGIS.

42
Figura 4.7: Pontos do arquivo CSV carregados no QGIS.

4.2. Ferramenta “Planilha para Camada de Pontos”


Como pode se perceber, carregar uma planilha CSV no QGIS, requer uma série
de configurações, um procedimento bastante maçante quando se necessita realizá-lo
várias vezes.

Neste sentido, foi desenvolvido a ferramenta “Planilha para Camada de Pontos”,


a qual está implementada no plugin LF Tools e que tem como objetivo principal a criação
de uma camada de pontos a partir das coordenadas preenchidas em uma planilha do Excel
(.xls) ou Open Document Spreadsheet (.ods), sem a necessidade de se exportar um
arquivo CSV.

Voltando-se ao exemplo da Figura 4.2, a planilha agora foi salva no formato


padrão ODS. Este arquivo pode ser aberto no QGIS simplesmente arrastando-o e
soltando-o na sua área de trabalho. Como o arquivo ODS não é espacial, ele aparecerá
como do tipo “Tabela – sem geometria”, conforme mostrado na Figura 4.8.

43
Figura 4.8: Planilha ODS carregada no QGIS.

Agora, para criar a camada de pontos, basta selecionar a ferramenta “Planilha para
camada de pontos” na caixa de ferramentas e preencher os parâmetros indicados na Figura
4.9.

Figura 4.9: Ferramenta “Planilha para camada de pontos”.

Após o preenchimento dos parâmetros, clique em “Executar” e verifique a


Camada de Pontos resultante. Observe também que a coordenada Z é opcional, ou seja,
seu preenchimento não é obrigatório.

44
4.3. Importação de arquivo DWG/DXF no QGIS (método 1)
Neste livro serão apresentados dois métodos para importar arquivos DWG/DXF
no QGIS. O primeiro método, que veremos nesta seção, tenta importar o arquivo CAD
na sua integralidade, ou seja, não apenas os vetores, mas também os estilos (simbologia
e rotulação) que foram configurados no software de CAD. O segundo método, tem uma
importação mais rápida, no entanto, todos os estilos são perdidos, sendo apenas
carregadas camadas de pontos, linhas e polígonos.

O método tradicional para carregar um arquivo CAD é através do menu Projeto >
Importar/Exportar > Importar camadas de DWG/DXF...

Após abrir a janela “Importar DWG/DXF”, os parâmetros devem ser preenchidos


na seguinte ordem:

(1) Apontar o “Pacote alvo”, um arquivo Geopackage que será criado com todas as
camadas do CAD dentro dele;
(2) SRC original2 do arquivo CAD;
(3) Arquivo CAD de extensão DWG ou DXF; e
(4) Nome do grupo, por exemplo, “camadas CAD”.

Figura 4.10: Importação de arquivo DWG/DXF;

2
Os arquivos CAD costumam não armazenar informações de SRC. Se o usuário do QGIS não tiver o
conhecimento prévio do SRC do projeto CAD, ele terá que testar os possíveis SRC até chegar ao que se
ajustar melhor.

45
Neste método, o processo e importação costuma ser demorado pois toda a
estrutura de entidades do CAD é convertida para feições vetoriais e estilos no
Geopackage. Isso significa que é o momento de parar um pouco, fazer um lanche ou
tomar um café até a conclusão da conversão.

Após a conversão, todos as camadas (Layers) aparecerão no espaço “Camadas


para importar ao projeto”, sendo possível fazer uma seleção desses layers. Para concluir,
clique em “OK” e as camadas serão carregadas no QGIS, com mostrado na Figura 4.11.

Figura 4.11: Camadas CAD carregadas no QGIS.

Observe que neste método é aproveitado toda a organização de camadas do DWG,


assim como suas simbologias e estilos, perdendo-se pouca ou nenhuma informação visual
na conversão do CAD para o QGIS.

46
4.4. Importação de arquivo DWG/DXF no QGIS (método 2)
Não é raro acontecer algum problema no momento de importar o desenho de um
arquivo DWG, como no caso da Figura 4.12, onde aparece a mensagem “Falha ao
importar desenho”.

Figura 4.12: Falha ao importar DWG.

Para esse tipo de situação, a solução é recorrer a conversão para o formato DXF,
pois este formato pode ser aberto diretamente no QGIS, bastando arrastá-lo e soltá-lo na
área de trabalho do QGIS.

Na internet há uma grande quantidade de ferramentas de conversão online de


DWG para DXF. No exemplo abaixo, é utilizado o cloudconvert para converter o arquivo
DWG com problema para o formato DXF.

47
Figura 4.13: Conversor de DWG para DXF.

Para o correto carregamento de um arquivo DXF diretamente no QGIS pelo


método 2, os seguintes passos devem ser observados:

(1) Defina o SRC do Projeto QGIS igual ao SRC original do DXF;


(2) Clique no arquivo DXF, segure, arraste e solte na área de trabalho do QGIS;
(3) Selecione todas as camadas do arquivo para adicionar, depois clique em “OK”; e
(4) Verifique se as camadas estão posicionadas corretamente comparando com
alguma outra camada de referência, como, por exemplo, o OpenStreetMap.

Na Figura 4.14 pode ser feita uma comparação de como o mesmo arquivo DXF
pode ser aberto pelos métodos 1 e 2, ensinados neste livro.

48
Figura 4.14: Comparação entre os métodos 1 e 2.

Observa-se que o método 2, embora seja mais rápido para abrir os vetores no
QGIS, tem a desvantagem de perder as informações visuais do arquivo original, ficando
sem a simbologia e os rótulos das anotações, as quais passam a ser representadas apenas
como pontos.

49
5. AQUISIÇÃO VETORIAL

O processo de aquisição vetorial compreende a aquisição das geometrias e


atributos das feições das classes obrigatórias: Ponto Limite, Elemento Confrontante, Área
do Imóvel, Delimitação Física e Ponto de Referência Geodésica, bem como de classes
opcionais pertencentes às categorias Análise, Feições Artificiais e Feições Naturais.

A Figura 5.1 apresenta a sequência dos trabalhos para a aquisição das classes da
Categoria Definição de Limites, ou seja, são adquiridas na seguinte ordem as classes: 1º)
Ponto Limite, 2º) Elemento Confrontante e 3º) Área do Imóvel.

Figura 5.1: Sequência de aquisição vetorial.

As feições da classe Delimitação Física podem ser copiadas das geometrias da


classe Elemento Confrontante, editando-se essas geometrias aos tipos de delimitação
entre os confrontantes, conforme verificado no terreno (muro, cerca, tapume etc.) e
adicionando os atributos necessários a essas feições.

Os Pontos de Referência Geodésica devem também ser adquiridos nesta etapa,


assim como as demais classes opcionais, não havendo necessariamente uma ordem para
a vetorização delas, com exceção das classes da categoria Análise, que logicamente
devem ficar por último.

Neste Capítulo, será ensinado inicialmente sobre a importância da correta


configuração das ferramentas de aderência para a garantia da qualidade posicional e
topológica dos trabalhos. Em seguida, passaremos a tratar detalhadamente dos passos
para a aquisição vetorial das principais classes de uma planta topográfica.

50
5.1. Configuração da Aderência
Para uma aquisição vetorial acurada, garantindo as propriedades topológicas entre
as feições, é necessário a configuração apropriada da aderência e de seu raio de tolerância,
de forma garantir que os vértices entre as feições coincidam e as geometrias estejam
conectadas.

As configurações de aderência devem sempre ser utilizadas na elaboração da


planta topográfica para garantir que os vértices dos segmentos das linhas e polígonos que
foram criados coincidam com os Pontos Limites, ou seja, sejam exatamente iguais aos
pontos de coordenadas coletadas em campo.

O arquivo Projeto.qgz, disponibilizado na pasta “raiz” (Capítulo 3 – Figura 3.1),


possui a aderência entre as camadas já pré-configuradas, não havendo a necessidade de o
operador realizar essa configuração quando for utilizar esse modelo. No entanto, é
importantíssimo entender o funcionamento dessa configuração.

A Figura 5.2 apresenta a barra de ferramentas de aderência, sendo cada item


descrito a seguir:

(1) Habilitar/desabilitar a aderência;


(2) Critérios de aderência para as camadas;
(3) Geometria de aderência (vértice, segmento, área, centroide e meio do segmento);
(4) Medida de tolerância (raio de atração);
(5) Unidade da tolerância (pixel ou unidades do mapa);
(6) Edição topológica (para mais de uma feição);
(7) Critérios de Sobreposição;
(8) Aderência no ponto de interseção entre segmentos;
(9) Autotraçar, para evitar perder tempo adquirindo vértices repetidos que já estão em
segmento(s) de referência; e
(10) Habilitar aderência na própria feição que está sendo criada.

Figura 5.2: Barra de ferramentas de aderência.

Se a barra de ferramentas não estiver aparecendo no seu QGIS, basta ir ao menu


Visão > Barra de Ferramentas e habilitar “Ferramentas de Aderência”.

51
Para a elaboração da planta, a configuração inicial mais adequada para a aquisição
vetorial é a aderência para todas as camadas, atraindo somente aos vértices, com raio de
tolerância de 12 pixels, e estando as demais configurações (6 a 10) desabilitadas,
semelhante ao já apresentado na Figura 5.2.

5.2. Aquisição das feições da categoria Definição de Limites

5.2.1. Classe Ponto Limite


Esta etapa se inicia com o carregamento dos pontos levantados em campo no
QGIS, conforme ensinado na Seção 4.2.

Na Figura 5.3, é possível observar a planilha (tabela) com as coordenadas dos


vértices e a camada de pontos gerada a partir dessa planilha. Tudo isso já dentro do projeto
modelo.

Figura 5.3: Carregamento dos pontos levantados em campo.

Após isso, siga os seguintes procedimentos:

(1) selecione a camada Ponto Limite e coloque-a no modo de edição;


(2) em seguida selecione a camada dos pontos de coletados em campo;
(3) selecione as feições que serão copiadas e depois Ctrl + C, para copiar as feições
selecionadas; e
(4) selecione novamente a camada Ponto Limite e depois utilize as teclas Ctrl + V,
para colar todos os pontos na camada de destino.

52
Por fim, preencha os atributos “código” e “tipo” de cada ponto da classe Ponto
Limite até que o resultado fique igual ao mostrado na Figura 5.4.

Figura 5.4: Resultado da aquisição das feições da classe Ponto Limite.

5.2.2. Classe Elemento Confrontante


Após a aquisição dos pontos limites, o próximo passo é a vetorização dos
elementos confrontantes. O elemento confrontante representa a linha de delimitação de
cada vizinho ou logradouro público.

As linhas dos elementos confrontantes devem ser adquiridas exatamente na


mesma ordem dos pontos limites, caso contrário, o algoritmo de geração de memorial
descritivo não vai funcionar corretamente.

Observe que durante a aquisição, o formulário de atributos deve ser preenchido


com as informações coletadas em campo ou a partir de dados obtidos em cartório ou
prefeitura, semelhante a Figura 5.5.

53
Figura 5.5: Atributos do elemento confrontante.

Após a aquisição de todos os elementos confrontantes, o perímetro do imóvel terá


seu delineamento fechado (Figura 5.6), estando em condições para seguir para a próxima
etapa.

Figura 5.6: Resultado da aquisição das feições da classe Elemento Confrontante.

54
5.2.3. Classe Área do Imóvel
A classe área do imóvel é destinada a uma única feição com geometria do tipo
polígono simples. Esta feição terá em seus atributos as principais informações do imóvel
e, a partir dela, os valores de área e perímetro serão calculados.

A aquisição da geometria dessa classe pode ser feita normalmente pela ferramenta
“Adicionar polígono”, definido cada vértice a partir dos pontos limites, também seguindo
sua ordem e atentando-se para que todos os cliques estejam dentro da tolerância definida
para a ferramenta de aderência.

Outra possibilidade de gerar a área do imóvel (com menos cliques) é através da


utilização da ferramenta “Linhas para polígonos”, tendo como entrada a camada
Elemento Confrontante (Figura 5.7).

Figura 5.7: Ferramenta “Linhas para polígonos”.

Após a geração do polígono, você deve selecionar a feição da camada de saída,


copiá-la e colar na classe Área do Imóvel, estando a mesma já no modo de edição.

Por fim, os atributos da feição do imóvel devem ser preenchidos (Figura 5.8), pois
são esses atributos que serão utilizados tanto para a geração automática do memorial
descritivo quanto no preenchimento dinâmico das informações da planta topográfica no
compositor de impressão.

55
Figura 5.8: Atributos da classe Área do Imóvel.

Vale lembrar que ao final de todos os processos, o operador deve salvar as edições.
A Figura 5.9 apresenta o resultado final da aquisição das feições das classes da categoria
definição de limites do imóvel.

Figura 5.9: Resultado da aquisição das feições da categoria definição de limites.

56
5.3. Aquisição das feições da categoria Materialização
Inicialmente, para a aquisição das próximas feições, altere o “Tema” do mapa do
QGIS para o tema “mapa principal”, conforme mostrado na Figura 5.10.

Figura 5.10: Alterando o tema do mapa para “mapa principal”.

5.3.1 Classe Delimitação Física

A classe Delimitação Física é utilizada para representar na planta topográfica os


diversos tipos de delimitações (muro cerca de arame, alambrado etc.) ou, até mesmo,
quando o limite não está materializado.

As geometrias das feições da classe Delimitação Física são baseadas na classe


Elemento Confrontante. Assim, não há necessidade de adquiri-las novamente, bastando
apenas selecioná-las e copiá-las da camada de origem (Elemento Confrontante) e colá-las
na classe de destino (Delimitação Física).

Para evitar confusão entre a utilização dessas duas classes, algumas diferenças
entre elas estão evidenciadas através da Tabela 5.1.

57
Tabela 5.1: Comparação entre Delimitação Física e Elemento Confrontante.
Delimitação Física Elemento Confrontante
É representado na planta. Não é representado na planta.
Cada feição representa um tipo de limite (muro, Cada feição representa um único confrontante.
cerca, não materializado etc.), ou seja, um
confrontante pode ter mais de um tipo de limite,
por exemplo, uma parte muro e outra cerca.
Não é utilizado na geração do memorial É utilizado na geração do memorial descritivo.
descritivo.

A Figura 5.11 apresenta o resultado da aquisição das feições da classe Delimitação


Física, após o correto preenchimento de seus atributos.

Figura 5.11: Resultado da aquisição das feições da classe Delimitação Física.

5.3.2 Classe Ponto de Referência Geodésica


As feições desta classe são adquiridas quando se deseja evidenciar na planta
topográfica um ou mais pontos bases utilizados no levantamento RTK, ou seja,
corresponde aos pontos de referência que tiveram maior tempo de rastreio em campo com
uma qualidade posicional comprovada.

Os pontos de referência devem estar materializados no terreno através de um


marco de concreto com chapa de identificação. Assim, será possível a geração da

58
Monografia do Marco, um documento que facilita futuras reocupações do ponto, em caso
da necessidade de checagem do levantamento ou para o levantamento de outras áreas.

No exemplo da Figura 5.12, foi criado na classe Ponto de Ref. Geodésica o ponto
M-04, obtido da classe Ponto Limite. Observe que, para a correta representação do ponto
de referência na planta topográfica, bem como na geração automática da Monografia do
Marco, que será vista no Capítulo 6, é necessário o completo preenchimento de todos os
atributos, que constam em cada aba do formulário (Figura 5.13).

Figura 5.12: Criação do Ponto de Referência Geodésica.

59
Figura 5.13: Atributos do marco M-04.

Vale salientar que o ponto de referência não necessita estar no limite do imóvel,
como é o caso do marco M-04. Sempre que possível, é recomendado que o ponto base
seja alocado em uma posição central, com o intuito de se ter linhas de base com distâncias
menores para todos os vértices medidos do imóvel.

5.4. Aquisição das feições das demais categorias


As classes das categorias Feições Artificiais, Feições Naturais e Análise
costumam ser trabalhadas por último. Essas classes podem ter diversas aplicações, seja
em análises ambientais, questões jurídicas de demarcação, inventários e avaliações, ou
simplesmente, para contextualizar as principais feições das áreas internas e externas do
imóvel.

60
Para a aquisição das feições dessas classes, não há necessariamente uma ordem de
vetorização e sua utilização vai depender da finalidade da planta topográfica. Nesta seção,
portanto, serão citados os principais conjuntos de ferramentas adicionais que podem
facilitar a vetorização das feições e garantir a qualidade dos trabalhos.

A Figura 5.14 apresenta os principais conjuntos de ferramentas adicionais para aquisição


vetorial, sendo a descrição sucinta de cada conjunto dado abaixo:

(a) Ferramentas de Digitalização de Formas: permite a aquisição de formas


regulares como círculos, elipses, retângulos e polígonos de n lados.
(b) Ferramentas de Digitalização Avançada: permite a digitalização com medidas
pré-definidas, mover e rotacionar geometrias, trabalhar com multipartes e buraco
de polígonos, recortar, mesclar, entre outras funções.
(c) Plugin Digitizing Tools: complementa as ferramentas de digitalização avançada
com novas funções como separar partes, recortar com polígono, preencher
lacunas, inverter linha, entre outras.
(d) Plugin QAD: o Quantum Aided Design - Cad Tools é um conjunto de ferramentas
para profissionais que já estão habituados a trabalhar com CAD, reduzindo as
dificuldades de transição para o QGIS.

Figura 5.14: Ferramentas adicionais para a aquisição vetorial.

O estudo aprofundado dessas ferramentas está fora do escopo deste livro,


entretanto, a maioria delas são trabalhadas detalhadamente no curso QGIS: Teoria e
Prática, deste autor, ficando o leitor convidado a explorar esses recursos.

61
5.5. Ferramentas auxiliares
Com o emprego da metodologia de elaboração de plantas topográficas, verificou-
se a necessidade de desenvolvimento de algumas ferramentas para acelerar alguns
procedimentos de edições dos atributos e da geometria, quando necessários.

A contribuição deste autor para esta finalidade está no plugin LF Tools,


correspondendo às ferramentas “Sequenciar pontos” e “Inverter ordem dos vértices”
(Figuras 5.15 e 5.16).

Figura 5.15: Ferramenta “Sequenciar pontos”.

Figura 5.16: Ferramenta “Inverter ordem dos vértices”.

62
A ferramenta “Sequenciar pontos” possibilita o preenchimento automático do
atributo “ordem” da classe Ponto Limite de acordo com sua sequência em relação ao
polígono da camada Área do Imóvel.

Já a ferramenta “Inverter ordem dos vértices” possibilita mudar a ordem dos


vértices tanto para polígonos quanto linhas.

63
6. DOCUMENTAÇÕES AUTOMÁTICAS

O emprego de algoritmos computacionais que forneçam soluções otimizadas tem


se tornado uma excelente alternativa para suprimir a necessidade de operações manuais
na elaboração de peças técnicas do levantamento topográfico devido, principalmente, ao
grande ganho de produtividade.

Nesse sentido, foi desenvolvido para o QGIS o plugin LF Tools que conta com
diversas expressões (ou funções) e scripts (ferramentas de processamento) que facilitam
sobremaneira a automatização dos resultados.

Neste capítulo, vamos aprender como utilizar as ferramentas do LF Tools para a


geração de peças técnicas essenciais para o processo de regularização fundiária de
imóveis, sendo elas:

● Memorial Descritivo;
● Memorial Sintético;
● Planilha de cálculo de área e perímetro; e
● Monografia de marco geodésico.

Vale ressaltar que essas ferramentas somente funcionarão adequadamente com o


uso do modelo de dados TopoGeo, empregando a metodologia ensinada neste livro para
a aquisição das feições de definição de limites e materialização.

Os resultados (outputs) dessas ferramentas correspondem a um arquivo no


formato HTML, que pode ser gerado como um arquivo temporário ou salvo diretamente
na máquina. Em ambos os casos, é possível realizar a visualização imediata no QGIS,
através do painel “Visualizador de Resultados”.

Após aberto no visualizador, o arquivo HTML de saída também pode ser impresso
como PDF, podendo também ser aberto em qualquer editor de texto como o Libre Office
Writer ou o Microsoft Word para posteriores ajustes e formatações, caso se julguem
necessários.

Nas seções a seguir, serão abordadas cada uma dessas ferramentas, mostrando os
respectivos parâmetros de entrada e resultados.

64
6.1. Memorial Descritivo
O Memorial Descritivo é um documento que descreve, por extenso, a localização
e o delineamento de uma propriedade urbana ou rural, com base nos dados de
levantamento geodésico e topográfico medidos em campo, devendo os seus pontos limites
estar corretamente georreferenciadas no sistema geodésico brasileiro, que atualmente é o
SIRGAS2000.

Neste documento deve conter a descrição dos elementos confrontantes e dos


pontos limites notórios no terreno, além das coordenadas, azimutes e distâncias. Por isso,
para a geração automática do Memorial Descritivo, é necessário que os atributos das
classes Ponto Limite (ponto), Elemento Confrontante (linha) e Área do Imóvel (polígono)
estejam previamente preenchidos.

Os parâmetros de entrada da ferramenta de geração de Memorial Descritivo


podem ser visualizados na Figura 6.1.

Figura 6.1: Ferramenta de geração do Memorial Descritivo.

Após a execução da ferramenta, o resultado pode ser acessado no painel


“Visualizador de Resultados”, conforme mostrado na Figura 6.2.

65
Figura 6.2: Painel “Visualizador de Resultados”.

O resultado pode ser aberto no navegar de internet padrão do computador (Figura


6.3.a) ou em um editor texto, como o Microsoft Word (Figura 6.3.b).

Figura 6.3: (a) Resultado aberto no navegador de internet; (b) Resultado aberto no Microsoft
Word.

66
6.2. Memorial Sintético
O Memorial Sintético pode ser entendido como um resumo do Memorial
Descritivo estruturado em forma de tabela, constando as informações sobre os vértices,
as medidas lineares (distâncias) e azimutes de cada lado do perímetro do imóvel.

Este tipo de memorial é utilizado na planta topográfica para documentar as


principais informações de georreferenciamento do imóvel com o objetivo de tornar sua
localização geográfica inquestionável, devendo ser um item obrigatório nas plantas
utilizadas em processos de regularização fundiária.

Para a geração automática do Memorial Sintético, é utilizada apenas a camada


Ponto Limite, indicando também o primeiro e último vértice que devem constar na tabela,
o título da tabela e o tamanho do texto (Figura 6.4).

Figura 6.4: Ferramenta de geração do Memorial Sintético.

Como pode ser observado na Figura 6.4, quando se deseja que todos os vértices
do imóvel constem na tabela, basta deixar os parâmetros 1 e -1 para o primeiro e último
vértices, respectivamente. Mas quando a tabela é muito grande, é possível “quebrá-la”
em partes para que se ajuste adequadamente ao tamanho do papel da planta topográfica.

67
O resultado da ferramenta, que pode ser visualizado também no navegador de
internet, está presente na Figura 6.5.

Figura 6.5: Memorial sintético resultante.

6.3. Planilha de Cálculo de Área e Perímetro

Outro documento que merece estar presente nos trabalhos de levantamento


topográfico é a Planilha de Cálculo de Área e Perímetro, onde devem constar todos os
vértices em coordenadas planas e em coordenadas geodésicas, além dos azimutes e
medidas de cada lado, concluindo-se com o principal: o cálculo final de perímetro e área
do imóvel.

Os parâmetros utilizados na ferramenta “Planilha de área e perímetro” são


basicamente as camadas “Ponto Limite” e “Área do Imóvel”, conforme mostrado na
Figura 6.6.

Figura 6.6: Ferramenta de geração da Planilha de cálculo de área e perímetro.

68
A Figura 6.7 apresenta o resultado da ferramenta, com as informações do imóvel,
suas coordenadas planas e geodésicas, bem como as medidas de distância e azimute dos
lados e, por fim, o cálculo de perímetro e área.

Figura 6.7: Planilha de cálculo de área e perímetro.

6.4. Monografia de Marco Geodésico


A documentação dos marcos geodésicos de um imóvel é um procedimento
importantíssimo nos trabalhos de levantamentos geodésicos. Isso porque esses marcos
podem ser reocupados como base para futuros posicionamentos GNSS ou como vértices
de estacionamento de estações totais. Por isso, foi também implementada a ferramenta
“Monografia de marco geodésico” com o intuito de automatizar e padronizar a elaboração
desse documento.

A ferramenta de geração de monografia dos marcos tem como parâmetros de


entrada basicamente a camada Pontos de Referência e uma String, indicando exatamente
o código atribuído ao marco que se deseja gerar a monografia (Figura 6.8).

69
Figura 6.8: Ferramenta de geração de Monografia de marco geodésico.

A monografia do marco geodésico resultante da ferramenta pode ser observada na


Figura 6.9, podendo ser impressa como PDF diretamente no navegador de internet,
utilizando as teclas Ctrl+P.

70
Figura 6.9: Monografia de marco geodésico.

71
7. PLANTA TOPOGRÁFICA NO
COMPOSITOR DE IMPRESSÃO

A planta topográfica é um tipo de mapa especializado para representar parcelas de


terra (glebas, lotes etc.), apresentando as principais características e medidas de uma
propriedade através de azimutes, distâncias, área e elementos vizinhos (confrontantes).

Edificações e outras feições importantes dentro ou próximo à propriedade também


podem ser representadas na planta. Entretanto, para se considerar que a planta é um
documento georreferenciado e com a devida importância legal, as coordenadas dos
vértices da propriedade devem estar evidentes na planta, geralmente em uma tabela
chamada de Memorial Sintético.

O Compositor de Impressão do QGIS é um ambiente de preparação e produção


de toda a estrutura da planta topográfica: escala, grade, planta de situação, memorial
sintético, quadro de convenções, planta de situação, quadro de informações, etc. No
Compositor, o resultado da planta topográfica poderá ser exportado como imagem ou no
formato mais recomendado, o GeoPDF.

Neste capítulo, nós vamos entender o significado dos principais elementos de uma
planta topográfica e em seguida será ensinado como configurá-los, na prática, no
Compositor de Impressão do QGIS.

7.1. Apresentação dos elementos de uma planta topográfica


A Figura 7.1 apresenta os principais elementos que devem constar em uma planta
topográfica, sendo eles:

(a) Planta Principal;


(b) Memorial sintético;
(c) Quadro de orientação do centro da planta;
(d) Sistema Geodésico de Referência e Projeção da Planta Principal;
(e) Quadro de convenções cartográficas (legenda);
(f) Planta de Situação;
(g) Localização e escala aproximada da Planta de Situação;

72
(h) Cabeçalho do executante do serviço;
(i) Descrição do serviço com a logotipo do contratante e do contratado;
(j) Informações do Imóvel e do levantamento topográfico;
(k) Quadro de área;
(l) Quadro de perímetro;
(m) Quadro da equipe auxiliar;
(n) Descrição da metodologia de levantamento e responsável técnico;
(o) Código da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), ou equivalente; e
(p) Autenticação do conselho profissional com QR Code.

Figura 7.1: Principais elementos de uma planta topográfica.

73
7.2. Definição do tamanho do papel
O primeiro passo em qualquer trabalho de mapeamento é definir o tamanho de
papel e escala da planta topográfica, pois os passos seguintes, de fato, vão depender dessas
definições.

Um projeto do QGIS pode conter um ou mais Compositores de Impressão


(Layouts). No projeto modelo, são disponibilizados compositores para os seguintes
tamanho de papel: A0, A1, A2, A3 e A4.

No QGIS, os compositores de impressão podem ser acessados no menu Projeto >


Gerenciador de Layout..., ou simplesmente clicando no botão “Mostra Gerenciador de

Layout”: .

Na Figura 7.2, são apresentados os Compositores Modelos “prontos para uso” na


elaboração de plantas topográficas em diversos tamanhos.

Figura 7.2: Compositores de Impressão em diversos tamanhos.

Em geral, o tamanho A1 é o mais recomendado tanto para impressão em gráficas


quanto para a geração do documento digital. Mas quando a planta requer mais detalhes
em uma escala maior, o tamanho A0 pode ser uma boa opção. Já o tamanho A4 é ideal
para impressão em impressoras comuns, apesar das dificuldades para representar muitos
detalhes na planta, tendo em vista a menor área do papel.

74
7.3. Verificação do SRC da planta
Nesta etapa, é dedicada apenas a verificar se o SRC do Mapa (Planta Principal) é
igual ao SRC do Projeto (Figura 7.3.a), assim como o SRC da Grade é igual ao SRC do
Mapa (Figura 7.3.b), ou seja, SRC do Projeto = SRC do Mapa = SRC da Grade.

Figura 7.3: Verificação do SRC da Planta Principal e de sua Grade.

O Projeto modelo disponibilizado no curso da GeoOne, Elaboração de Plantas e


Memoriais Descritivos no QGIS, já vem com as configurações apresentadas na Figura
7.3 por padrão e, na prática, o operador não tem necessidade de realizar esse trabalho.

O objetivo é evitar erros e poupar tempo. No entanto, é importante ressaltar que o


SRC que é configurado inicialmente para o Projeto (ensinado na Seção 3.3 deste livro)
irá se propagar para todas as outras tarefas, seja na elaboração da planta topográfica
quanto na geração automática das documentações (memoriais, monografias, planilhas,
etc.). Por isso, é importante essa rápida conferência.

75
7.4. Ajuste da Escala
Para ajustar a escala da Planta Principal, clique na ferramenta “Selecionar item”
e depois selecione a Planta Principal no Compositor de Impressão. Outra opção é
selecionar a Planta Principal no painel de itens. Observe que na aba “Propriedades do
Item” aparecerá todas as propriedades do mapa selecionado.

Figura 7.4: Propriedades do item “Planta Principal”.

Se a área mapeada não estiver aparecendo na planta principal, clique no botão

“Configurar a extensão do mapa para coincidir com a tela principal”: . Refine o ajuste

do posicionamento da área mapeada com a ferramenta “Mover conteúdo do item”: .

Figura 7.5: Ajuste da extensão do mapa.

76
Por fim, altere o denominador da escala, de forma que fique com um “valor
cheio” (múltiplo de 100 ou 1.000).
3

Figura 7.6: Ajuste da Escala.

7.5. Ajuste da Grade


Na elaboração de plantas topográficas, com o projeto modelo disponibilizado pela
GeoOne, a configuração da Grade se resume à definição dos intervalos em X e Y, de
forma que seu espaçamento fique adequado para a área mapeada, evitando-se espaços
grandes ou muito curtos que causam sobreposição de coordenadas.

Para acessar as configurações da Grade, vá nas propriedades da Planta Principal e


utilize a barra de rolagem até encontrar “Grades”. Selecione a “Grade 1” e depois clique
em “Modificar grade…”.

Figura 7.7: Configuração da grade.

3
Uma escala com “valor cheio” mostra o cuidado e atenção de quem elaborou a planta
para a escala do produto, além de facilitar a interpretação das medições para quem for
utilizar a planta topográfica.

77
Em seguida, defina um valor, de preferência múltiplo de 10, 50 ou 100, para os
intervalos em X e Y da grade, conforme mostrado na Figura 7.8.

Figura 7.8: Ajuste dos intervalos em X e Y.

7.6. Ajuste da Planta de Situação


A Planta de Situação é destinada a representar o contexto da localização onde o
imóvel se encontra. Ela é apresentada na planta com o SRC SIRGAS2000, ou seja, em
coordenadas geográficas.

A configuração da Planta de Situação consiste em três passos semelhantes ao que


foi realizado para a Planta Principal, ou seja:

(1) Configurar a extensão do mapa para coincidir com a tela principal;


(2) Ajustar a escala do mapa; e
(3) Ajustar o espaçamento em X e Y da Grade.
Deve ser dada atenção à unidade do espaçamento em X e Y que, neste caso, é
dado em graus decimais. No exemplo da Figura 7.9, é considerado intervalos de 15”, o
que corresponde a 0,0125 graus decimais.

78
Figura 7.9: Intervalos X e Y em graus decimais.

7.7. Adicionando o Memorial Sintético


O Memorial Sintético corresponde à tabela com as coordenadas dos vértices do
imóvel e com os azimutes e distâncias de cada lado. Essa tabela é construída no formato
de arquivo HTML, o qual é gerado automaticamente, conforme ensinado na Seção 6.2.

Para inserir o memorial sintético na planta topográfica, siga os seguintes passos:


(1) Menu Adicionar Item > Adicionar HTML, ou simplesmente clicar no botão
“Adicionar HTML”: .
(2) Desenhar na planta (clica, segura e arrasta) a área destinada para inserir o
Memorial Sintético (Figura 7.10).

79
Figura 7.10: Desenhando área para inserir o Memorial Sintético.

(3) Em seguida, nas “Propriedades do Item”, escolha a opção URL e, clicando em


, aponte para o arquivo HTML correspondente ao Memorial Sintético.

Figura 7.11: Caminho para o arquivo HTML.

(4) Caso o Memorial Sintético não apareça no mapa, clique em “Atualizar HTML”,
de tal forma que ele fique visível na área desenhada (Figura 7.12).

80
Figura 7.12: Visualização do Memorial Sintético na planta topográfica.

7.8. Ajuste dos Rótulos


Esta etapa consiste no ajuste da posição e rotação dos rótulos (nomes das feições,
também traduzidos como etiquetas), de forma que fiquem com uma melhor apresentação
na planta, além de evitar que eles se sobreponham ou fiquem ocultos.

As principais camadas que precisam ser verificadas nesta etapa são: Elemento
Confrontante, Ponto Limite, Área de Imóvel e Ponto de Referência Geodésica.
Entretanto, o procedimento ensinado aqui também servirá para as outras classes.

Inicialmente, para o ajuste dos rótulos, é necessário que o mapa na tela do QGIS
esteja com a mesma escala do Compositor de Impressão, pois, dessa forma, os ajustes de
deslocamento dos rótulos terão as mesmas distâncias.

Em seguida, utilize as ferramentas de Rótulo (Figura 7.13), clicando em (a) para


habilitar as opções de rotulação da camada.

Figura 7.13: Ferramentas de Rótulo

81
Em seguida, clique no rótulo que deseja mover ou rotacionar e observe que poderá
aparecer uma janela de nome “Armazenamento Auxiliar” (Figura 7.14). Neste caso,
apenas escolha o campo “fid” e clique em OK. Esta configuração significa que todas as
alterações no rótulo serão armazenadas diretamente no Projeto, sendo associadas a esse
campo. O campo “fid” nada mais é que a chave primária, onde entende-se que não haverá
feições com atributos iguais.

Figura 7.14: Campo para armazenamento das configurações de rótulo no projeto.

No caso da Figura 7.15, o rótulo do confrontante foi transladado com o botão


“Mover Rótulo” (Figura 7.13b) e rotacionado com o botão “Girar Rótulo” (Figura 7.13c),
até que ficasse com uma boa apresentação no Compositor de Impressão.

Figura 7.15: Configuração de rotação e translação de rótulo no QGIS.

Este procedimento é semelhante para todas as camadas. A Figura 7.16 apresenta


o antes e depois do ajuste dos rótulos na planta topográfica no Compositor de Impressão
do QGIS.

82
Figura 7.16: Planta topográfica após ajustes dos rótulos das camadas.

83
7.9. Construção do Quadro de Convenções (Legendas)
O Quadro de Convenções deve conter as descrições dos símbolos utilizados, de
forma a auxiliar na interpretação das informações contidas na planta topográfica.

Para inserir a Legenda no Quadro de Convenções, siga os seguintes passos:


(1) No menu Adicionar Item > Adicionar Legenda, ou simplesmente clicar no
botão “Adicionar Legenda”: ;
(2) Desenhe na região do Quadro de Convenções (clica, segura e arrasta) a área
destinada para inserir a legenda;
(3) Nas Propriedades do Item, desabilite a opção “Atualização automática” e
habilite a opção “Mostrar apenas itens dentro do mapa”, conforme mostrado na
Figura 7.17;

Figura 7.17: Ajuste dos itens da legenda.

(4) Em seguida, também nas propriedades da legenda, ajuste o tamanho das fontes
e deixe em “branco” o nome dos grupos que não precisam aparecer, de forma
tudo caiba dentro do Quadro de Convenções;
(5) Ajuste a largura do símbolo, para que as simbologias das delimitações físicas
apareçam por completo;
(6) Se necessário, regule o espaçamento entre os itens da legenda; e
(7) Se necessário, desabilite a cor de fundo da legenda que, por padrão, vem como
branca.

84
A Figura 7.18 apresenta o resultado da legenda no Quadro de Convenções, após
as devidas configurações.

Figura 7.18: Legenda ajustada ao Quadro de Convenções.

Observação: Caso, você deseje remover a contagem de feições da classe Ponto Limite,
basta ir ao painel de camadas do Projeto do QGIS, clicar com o botão direito do mouse
sobre a camada Ponto Limite e desabilitar a opção “Mostrar contagem de feições”.

7.10. Editando os Quadros de Informações

Você já deve ter percebido que alguns quadros da planta topográfica possuem
imagens e textos com informações da GeoOne. Este fato demandará algumas
personalizações de acordo com o serviço que você necessite executar.

Assim, você precisa editar esses quadros com as informações do contratado e do


contratante, adicionando os detalhes do serviço prestado. A ideia é criar um modelo
perfeitamente ajustado às características dos seus trabalhos.

A edição dessas informações é bastante simples. No caso das imagens, basta clicar
em cima delas e apontar para a nova imagem que você for utilizar (Figura 7.19). Já no
caso dos textos, você tem que clicar no item e editar o conteúdo do texto no espaço da
aba Propriedades do Item (Figura 7.20).

85
Figura 7.19: Edição do caminho da imagem.

Figura 7.20: Edição do texto da descrição do serviço.

Observação: Caso haja a necessidade de alterações no arquivo de fundo para os tamanhos


A0 ao A4, os quais estão disponibilizados no formato SVG na pasta “raiz/Figuras”,
sugere-se utilizar um software livre de desenho vetorial como o Inkscape.

86
7.11. Configuração de DPI e impressão em formato digital
Antes de exportar a planta topográfica, uma configuração muito importante é
ajustar a resolução de exportação, a qual é dada em DPI (dot per inch, do inglês pontos
por polegadas). Essa configuração pode ser acessada na aba “Modelo”, como mostrado
na Figura 7.21.

Figura 7.21: Configuração da resolução de exportação.

A quantidade de DPI vai dizer quantos pixels a imagem exportada vai ter para um
determinado tamanho, ou seja, quanto maior a resolução, melhor será a qualidade visual.
Em contrapartida, mais pesado será o arquivo exportado.

O QGIS tem por padrão a resolução de 300 dpi, no entanto, na prática, a resolução
de 150 dpi vem se mostrado suficiente para gerar plantas no tamanho A1 e A0 com
qualidade suficiente para impressão no respectivo tamanho de papel.

Quando trabalhamos com plantas em grandes tamanhos, como é o caso do A0, o


principal problema de exportar com a resolução de 300 dpi é a possibilidade de alguns
transtornos devido ao enorme tamanho do arquivo, principalmente quando contém
imagens de satélite ou de drone.

87
Se você deseja exportar a planta com um tamanho de arquivo mais compacto, uma
sugestão é exportar com a mesma resolução apresentada na tela do QGIS, que
corresponde a 96 dpi. Essa configuração é interessante para versões mais leves destinadas
a revisão ou teste (minuta).

No compositor de impressão do QGIS é possível exportar a planta topográfica das


seguintes formas:
(a) Imagem em diversos formatos como: jpg, png, tif e bmp;
(b) Arquivo vetorial SVG; e
(c) Arquivo GeoPDF.
Dentre os formatos apresentados, o mais indicado tanto para a impressão em
gráficas quanto para o armazenamento em sistemas digitais de Cartórios, Prefeituras ou
do Judiciário, é o formato GeoPDF.

O formato GeoPDF tem a vantagem de ser um arquivo georreferenciado, ou seja,


ele pode ser carregado diretamente no QGIS, semelhante a um arquivo GeoTIFF. Além
disso, alguns softwares de leitura de PDF, como o Adobe Acrobat Reader, também
possuem ferramentas de medições de distâncias e determinação de coordenadas.

Para exportar a planta como GeoPDF, você deve clicar no botão “Exportar como

PDF”: . Uma mensagem de alerta sobre a possibilidade de erro na impressão de


camadas WMS pode aparecer na sua tela, mas não se preocupe, basta apenas clicar em
“Close”. Despois disso, aponte o caminho onde irá salvar o arquivo e clique em “Salvar”.

Em seguida, uma janela de “Opções de exportação para PDF” será aberta. Observe
que, para que seu arquivo de saída esteja realmente no formato GeoPDF, você deve
habilitar a opção “Criar PDF Geoespacial (GeoPDF)”, conforme mostrado na Figura 7.22.

88
Figura 7.22: Exportação de GeoPDF.

Após isso, basta clicar em “Save” e o arquivo da planta topográfica está pronto
para revisão final e, caso não haja a necessidade de correções, já pode ser entregue ao
cliente, finalizando-se o serviço.

89
8. APLICAÇÕES (BÔNUS)

Este capítulo tem como objetivo apresentar outras potencialidades de aplicação da


metodologia ensinada neste livro, mostrando seu emprego nas seguintes situações:

(1) Planta com imagens de satélite ou ortomosaicos de drone;


(2) Plantas com o levantamento de mais de um imóvel; e
(3) Plantas com análise de geoprocessamento em perícias cartográficas.

8.1. Planta topográfica com imagens de satélite ou ortomosaico de


drone
Hoje, com as facilidades de acesso a imagens orbitais de satélite e de
aerolevantamento com Aeronaves Remotamente Pilotadas (mais comumente conhecidas
como “drones”), as plantas topográficas com imagens de satélite ou ortomosaico de drone
vêm se tornando cada vez mais comuns.

Embora um ortomosaico georreferenciado não substitua o levantamento com


receptor GNSS geodésico, a cobertura com fotografias aéreas para a geração de um
mosaico ortorretificado possibilita a visualização da situação dos limites do imóvel, bem
como do interior da propriedade e suas confrontações, servindo também de comprovação
visual do levantamento geodésico realizado.

Para demonstrar a utilização de uma base de imagem de satélite, vamos tomar


como exemplo a planta trabalhada no capítulo 7.

Neste caso, podemos adicionar qualquer imagem de satélite. No exemplo da


Figura 8.1, foi utilizada a camada “Bing Satellite” do plugin QuickMapServices.

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Figura 8.1: Imagem de satélite adicionada.

Observe na figura anterior que a cor preta dos símbolos e rótulos das feições não
é adequada quando a planta tem por base uma imagem de satélite, devendo-se alterá-las
para cores mais claras, como por exemplo o amarelo ou branco (Figura 8.2).

Figura 8.2: Símbolos e rótulos na cor amarela e branca.

Além dessa configuração de estilos das camadas, é necessário atualizar o tema


“mapa principal”.

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Se você acessar o compositor de impressão com a planta elaborada anteriormente,
vai perceber que a imagem do satélite ainda não vai aparecer. Isto ocorre porque as
camadas que devem ser visualizadas na planta principal já estão definidas para o tema
“mapa principal”.

Para atualizar o tema, de maneira que a nova camada com a imagem de satélite
seja incluída nele, é necessário realizar os seguintes passos:

(1) Coloque para “mostrar” somente as camadas que devem aparecer na planta
principal;
(2) Em seguida clique no botão “Gerenciar Temas de Mapa”: que fica no topo do
painel “Camadas”.
(3) Depois escolha a opção Substituir Tema > mapa principal, conforme mostrado na
Figura 8.3.

Figura 8.3: Substituição do tema “mapa principal”.

O mesmo procedimento feito na planta principal pode ser aplicado à planta de


situação, de tal forma que também tenha uma imagem de satélite como base. A Figura
8.4 mostra o resultado após a substituição dos temas da planta principal e da planta de
situação.

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Figura 8.4: Resultado após a substituição dos temas.

Com a utilização de ortomosaico de drones, devido à sua alta resolução que chega
a menos de 2 cm, é possível “ampliar” alguma área que se deseje destacar evidenciando
algum detalhe do imóvel, como mostrado na Figura 8.5.

Figura 8.5: Destaque em uma área da planta.

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A área de detalhe, nada mais é que uma camada vetorial com polígono circular
criado com as ferramentas de edição de forma do próprio QGIS [9], aplicando-se a
simbologia “polígono invertido”, de tal forma que somente o que estiver dentro do
polígono apareça no mapa.

Muito embora a utilização de ortomosaico de drone ou imagem de satélite tragam


grandes vantagens, deve-se deixar claro na descrição da planta que a definição dos limites
do imóvel foi feita com equipamento de topografia seguindo as especificações nacionais
para levantamento geodésico ou topográfico e que essa base raster tem o objetivo de
contextualização e comprovação da situação na época do levantamento.

8.2. Planta topográfica com mais de um imóvel

Em alguns casos, é necessário representar mais de um imóvel na mesma planta


topográfica, constando também os memoriais sintéticos, os dados dos imóveis, bem como
as áreas e perímetros deles.

Para realizar esse procedimento, é necessário armazenar os dados dos demais


imóveis em novas classes de definição de limites (Ponto Limite, Elemento Confrontante
e Área do Imóvel).

Para realizar esse procedimento existem duas possibilidades: (1) copiar um


arquivo TopoGeo.gpkg para cada imóvel, adicionando as classes da cópia no projeto do
QGIS; ou (2) criar camadas das novas classes dentro do arquivo TopoGeo.gpkg original.

A primeira opção é a mais interessante, pois se aproveita as configurações de


estilos das camadas e mantém a organização de cada imóvel separadamente em arquivos
GPKG.

A Figura 8.6 apresenta uma cópia do arquivo TopoGeo.gpkg, destinado a armazenar


as feições de definição de limites do segundo imóvel.

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Figura 8.6: Cópia do arquivo Geopackage para o segundo imóvel.

O arquivo copiado pode ser carregado no QGIS simplesmente arrastando-o e


soltando-o dentro da área de trabalho do projeto. Em seguida devem ser selecionadas as
classes que serão trabalhadas, conforme a Figura 8.7.

Figura 8.7: Carregamento de novas classes do arquivo Geopackage copiado.

Depois disso, renomeie as camadas e organize as classes de cada imóvel em um


grupo, como mostrado na Figura 8.8.

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Figura 8.8: Organização das classes de cada imóvel em grupos no QGIS.

Daqui em diante, segue-se o procedimento de aquisição vetorial de cada imóvel


individualmente, conforme ensinado no Capítulo 5.
A Figura 8.9 corresponde a um exemplo de planta topográfica com dois imóveis.
Observe que, para cada lote, existe um memorial sintético, cálculo de área e perímetro. A
Figura 8.10 mostra a expressão do QGIS de como a área é calculada a partir do nome da
camada do segundo imóvel.

Figura 8.9: Exemplo de planta topográfica com dois imóveis.

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Figura 8.10: Expressão do QGIS para o cálculo de área a partir do nome da camada.

8.3. Plantas topográficas em Perícias Cartográficas

Embora existam vários modelos de plantas topográficas padronizadas por


institutos e organizações oficiais como o INCRA e a DSG, é bastante comum que esses
modelos não sejam suficientes para atender plenamente a demanda de trabalhos de análise
cartográfica em perícias judiciais.

Muitas vezes, as Perícias Cartográficas requerem soluções criativas na


representação das feições e a utilização de recursos adequados de geoprocessamento para
a correta análise espacial dos dados do levantamento topográfico.

O conteúdo deste livro, que buscou detalhar conceitos e demonstrá-los na prática,


propicia que o leitor possa realmente produzir plantas topográficas profissionais que

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atendam diversas finalidades, como é o caso das Perícias Cartográficas, tendo a confiança
da qualidade do produto gerado.

Como engenheiro cartógrafo, este autor teve a oportunidade de realizar e


participar de vários tipos de perícias e, com as experiências adquiridas, houve também
aperfeiçoamento da metodologia de trabalho e dos produtos gerados no QGIS.

Um exemplo bastante didático da utilização de planta topográfica em perícia


cartográfica é apresentado na Figura 8.11, onde há uma análise de sobreposição de
imóveis. A área em litígio (hachurada em vermelho) foi determinada com ferramentas de
geoprocessamento do QGIS e, desta área, puderam ser determinadas as coordenadas de
seus “pontos limites”, gerando-se a tabela com o memorial sintético, bem como o cálculo
da área e do perímetro da sobreposição.

Figura 8.11: Planta topográfica com análise de geoprocessamento.

Perícia cartográfica é uma atividade bastante interessante de ser explorada não só


por engenheiros cartógrafos, mas por qualquer profissional de áreas afins devidamente
credenciados no seu conselho profissional. Trabalhar em perícias pode ser bastante
excitante e desafiador, pois o laudo pericial se baseia em fundamentos matemáticos para

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a solução técnica de um imbróglio do processo judicial, além da possibilidade do perito
poder obter uma boa renda extra.

O conteúdo deste livro finda por aqui. Eu espero que tudo tenha sido bastante
proveitoso e colaborado para a excelência das atividades que venha realizar a partir deste
material. Desejo também muito sucesso e prosperidade, tendo em mente que pode contar
sempre com o apoio deste autor, cuja missão é oferecer um conteúdo de qualidade para a
sua vida acadêmica e profissional.

Se você tem o interesse de aprender mais, acessando a todo o material das práticas
que foram apresentadas neste livro com videoaulas gravadas do passo a passo, e contando
com o suporte técnico de quem desenvolveu a metodologia e as ferramentas através de
canais como WhatsApp, Facebook ou Telegram, então convido você a conhecer o curso
“Elaboração de planta e memoriais descritivos no QGIS” através do seguinte link:

https://go.hotmart.com/P51446268E

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REFERÊNCIAS

[1] OGC®. GeoPackage Encoding Standard. 2018. Disponível em:


https://www.geopackage.org/spec121/index.html.
[2] Silva, P. A. ; Lima Junior, C. O. ; Carneiro, A. F. T. . Estruturação de um Banco de Dados
Espacial para o Munícipio de Macaparana-PE. 2018. Anais do COBRAC 2018 - Florianópolis –
SC – Brasil - UFSC – de 21 a 24 de outubro 2018.
[3] França, L., Passos, J., Portugal, J., Carneiro, A., Araújo, I., & Silva, D.. Proposição
metodológica com emprego de software livre para a elaboração de documentos de levantamento
topográfico de imóveis da União. In: COBRAC - Congresso de Cadastro Multifinalitário e Gestão
Territorial. 2020.
[4] Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR. Especificação Técnica para Estruturação de
Dados Geoespaciais Vetoriais (ET-EDGV). Versão 3.0. Brasília, 2017.
[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR 13.133 Execução de levantamento
topográfico, 1994.
[6] Departamento de Ciência e Tecnologia - DCT/ Departamento de Engenharia e Construção -
DEC. IR 50-08. Instruções Reguladoras para a Execução do Levantamento Topográfico Cadastral
no Âmbito do Exército. 2010.
[7] Lizardo, Luís Eduardo Oliveira; Davis, Clodoveu Augusto. OMT-G Designer: a Web tool for
modeling geographic databases in OMT-G. In: International Conference on Conceptual
Modeling. Springer, Cham, 2014. p. 228-233.
[8] Rashidan, Muhammad Hanis; Musliman, Ivin Amri. GeoPackage as future ubiquitous GIS
data format: a review. Jurnal Teknologi, v. 73, n. 5, 2015.
[9] França, Leandro Luiz Silva. QGIS: Teoria e Prática. Udemy. 2018. Disponível em: <
https://www.udemy.com/curso-basico-de-qgis >. Acesso em: 10 de abril de 2020.
[10] QGIS.org, 2021. QGIS Geographic Information System. QGIS Association.
http://www.qgis.org.
[11] SIRGAS. Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS).
http://www.sirgas.org/pt/sirgas-realizations/sirgas2000/.

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