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Banco de Dados Espaciais – Uma Revisão de Literatura

Marcelo R. Lino1, George D. Cruz1, Daniel S. Maia1, Jose Nilton Jr Santos1, Carlos
F. de Santana1
1
Sistema de Informação – Faculdade Dom Pedro II
Salvador-BA-Brasil

marcelo.lino128@gmail.com , danielsilvamaia@gmail.com

Abstract. There are various areas that require management of geographic,


geometric or spatial data, i.e., data related to space. With the advancement in IT
Technology, Space information Technology has also developed with a wide
application. This paper discusses the evolution of Spatial Database System, its
architecture and application in the world.

Resumo. Existem diversas áreas de conhecimento que requerem dados


geográficos, geométricos ou espaciais, isto é, dados relacionados ao espaço. Com
a evolução da Tecnologia da Informação, houve também uma ampla gama de
aplicações. Este artigo discute a evolução dos Sistemas de Banco de Dados
Espaciais, sua arquitetura e aplicação no mundo.

1. Introdução
Sistema de Informação Geográfica (SIG) ou Sistema de Informação Espacial
(SDS- Spatial Database System) é um conjunto de programas, equipamentos,
metodologias, dados e pessoas (usuário), integrados, de maneira a tornar possível a
coleta, armazenamento, processamento e análise de dados georreferenciados, além da
produção de informação derivada de sua aplicação. [Filho, Iochpe; 1996]
A criação desse tipo de banco de dados foi inicialmente resultado da demanda de
gerenciamento de um grande volume de dados utilizados em Geociência ou Desenho
Assistido por Computador (Computer-Aided Design – CAD) [Ooi, Sacks-Davis, Han;
19--]. As tecnologias empregadas nos SIGs compreendem diversos ramos da Ciência da
Computação, como, Computação Gráfica, Banco de Dados, Inteligência Artificial e
Engenharia de Software. [Filho, Iochpe; 1996]
Além dos clássicos tipos de banco de dados, o SIG se tornou muito interessante
para tomada de decisão de governos. Isto porque esse tipo de dado permite a
visualização de determinado “objeto” na superfície da Terra; com a capacidade de
armazenar, manipular e visualizar estes dados, tornando possível seu uso para o
desenvolvimento urbano ou regional; no gerenciamento de recursos (eletricidade, gás,
água); na escolha de melhor local para investimento; em estudos ambientais e
desenvolvimento de programas de saúde. [Belciu, Diaconita, Lungu, Virgolici; 2014;
Nucci, Souccar, Castillo, 2016]
A obtenção de dados em aplicações de Geoprocessamento é um processo bem
mais complexo quando comparado com a maioria das aplicações convencionais
Isto se deve ao fato da entrada de dados não se limitar a simples operações
de inserção. As dificuldades surgem por duas razões: primeiro por se tratar de
informações gráficas, o que naturalmente já é uma tarefa mais complexa do que a
entrada de dados alfanuméricos, embora os SIG também manipulem dados
alfanuméricos. A segunda razão, e principal, é devido a natureza das fontes de dados
dessas aplicações. [Filho, Iochpe; 1996]

2. A evolução dos dados espaciais


A evolução dos bancos de dados espaciais se deu segundo três estágios:
a. Spatial database based on relational model (RDBMS - Banco de dados espacial
baseado em modelo relacional)
Usada para software comercial de SIG, como por exemplo o ARCIINFO do ESRI, MGE
da Intergraph, etc. Carece de processamento e armazenamento de dados. Também não
pode lidar com as relações coincidentes, relações de agregação e relações entre
específicos e gerais. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]
b. Spatial database based on Object-oriented spatial database (OODBS - Bando de
dados espacial baseado em orientação a objeto)
Cada recurso de superfície pode ser abstraído como um objeto de classe com
propriedades públicas, como ponto, linha, área e assim por diante. Recursos de
superfície específicos são uma instância do objeto. Também possui seus próprios
atributos e gerencia vários objetos hierarquicamente. É bom em descrever os tipos de
dados complexos. Suas deficiências são a falta de padrão OODBS, ferramentas de
desenvolvimento e mecanismo de defesa. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]
c. Spatial database based on Object - Relational Spatial Database (ORDBMS - Bando
de dados espacial baseado em objeto - Base de dados espacial baseada em
modelagem relacional)
O ORDBMS possui as características herdadas tanto do SQL relacional, quanto objeto
relacional. Também adiciona flexibilidade ao servidor de dados. Ele suporta complexos
objetos e lógica de aplicativos "definidos pelo usuário". Ele usa um tipo de dados
abstrato que pode ocultar qualquer estrutura interna complexa e propriedades para
expressar objetos espaciais. Bases de dados espaciais em ORDBMS devem suportar (no
mínimo):
• Tipos de dados complexos (geometria);
• Dados espaciais dentro de tabelas relacionadas - classes de recursos, recurso
conjuntos de dados;
• Regras de validação - subtipos e domínios;
• Metadados espaciais;
• Sistemas de referência espacial (coordenadas) e transformações;
• Topologias e métodos para analisar relações espaciais;
• Redes geométricas;
• Índices hierárquicos multidimensionais para pesquisa de dados espaciais;
• Armazenamento de dados espaciais e não espaciais na mesma base de dados.
[Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]

3. Aplicação de SIG
Existem várias áreas que requerem o uso de dados geográficos, geométricos ou
espaciais. É aplicado para sistemas que realizam o tratamento computacional de dados
geográficos e recuperam informações não apenas com base em suas características
alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial; oferecem ao
administrador uma visão inédita de seu ambiente de trabalho, em que todas as
informações disponíveis sobre um determinado assunto estão ao seu alcance,
interrelacionadas com base no que lhes é fundamentalmente comum - a localização
geográfica. Para que isto seja possível, a geometria e os atributos dos dados num SIG
devem estar georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e representados
numa projeção cartográfica. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016; Davis, Câmara; 2001]
Há pelo menos três grandes maneiras de utilizar um SIG:
• Como ferramenta para produção de mapas;
• Como suporte para análise espacial de fenômenos;
• Como um banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e
recuperação de informação espacial. [Davis, Câmara; 2001]
Alguns exemplos de sua aplicação são:
a.Planejamento urbano
O planejamento urbano requer análise de dados históricos usando computador para
modelagem e simulação. Uma ferramenta de gerenciamento de banco de dados, o SIG,
oferece funções de mapeamento de dados que podem ser usadas para exibir informações
geográficas e em funções de recuperação de dados para mapas de 'consulta'. Essas
análises ajudam na análise de transporte, na análise do uso da terra, na análise da
poluição, etc. Analisando esses tipos de dados, pode-se planejar um melhor uso de
recursos e serviços. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]
b.Operações Militares
Dados espaciais detêm importância crucial para o Comandante Militar no campo de
batalha, uma vez que ajuda na tomada de decisões no planejamento e desenvolvimento
do crescimento de um Estado. O uso de SIG no gerenciamento de bases militares facilita
a manutenção das bases. Permite que os administradores de terra e instalações militares
reduzam os custos operacionais e de manutenção, melhorem a eficácia da missão,
forneçam recursos de modelagem rápida para analisar estratégias alternativas, melhorar
a comunicação e armazenar conhecimento institucional. [Thirunavukkarasu, Wadhwa;
2016]
c.Agricultura
Os Sistemas de Informação Geográfica são úteis para mapear e identificar mudanças
atuais e futuras na precipitação, temperatura, produção de culturas, etc. Ao mapear as
características geográficas e geológicas das terras agrícolas atuais (e potenciais), os
cientistas e os agricultores podem trabalhar juntos na criação de técnicas agrícolas mais
eficazes e eficientes; aumentando a produção de alimentos em diferentes partes do
mundo que estão enfrentando problemas em produzir o suficiente para as pessoas ao seu
redor. O SIG ajuda a analisar os dados do solo que combinam com as práticas agrícolas
históricas para determinar quais são as melhores culturas para plantar, onde devem ser
plantadas e como manter o nível nutricional do solo para melhor beneficiar as plantas.
[Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]
d.Emergências e Desastres
Todas as fases de gerenciamento de desastres e emergências dependem de dados de
várias fontes. Os dados relevantes devem ser coletados, organizados e exibidos
logicamente para determinar a área (tamanho) e o escopo dos programas de
gerenciamento de emergência. Com o uso do SIG, todos os departamentos podem
compartilhar informações através de um banco de dados em mapas gerados por
computador em um único local. Sem essa capacidade, os funcionários de emergência
precisam ter acesso a vários gerentes de departamento, seus mapas e seus dados
exclusivos. A maioria das emergências não fornece tempo para reunir esses recursos.
Isso faz com que os profissionais de emergência tenham que adivinhar, estimar ou tomar
decisões sem informações adequadas. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]
e.Previsão do Tempo
O SIG é o componente chave em sistemas de processamento de tempo que permite
plotagem instantânea, interpolação e animação de dados meteorológicos em qualquer
nível isobárico da atmosfera. O SIG facilitou a incorporação da saída do modelo
numérico do tempo em sistemas de processamento de tempo, sobre os quais as imagens
de satélite e a topografia podem ser sobrepostas; uma abordagem que ajuda muito a
habilidade do meteorologista. [Thirunavukkarasu, Wadhwa; 2016]

4. Estrutura Geral
Numa visão abrangente, pode-se indicar que um SIG tem os seguintes componentes:
Interface com usuário; Entrada e integração de dados; Funções de consulta e análise
espacial; Visualização e plotagem; Armazenamento e recuperação de dados
(organizados sob a forma de um banco de dados geográficos). A entrada dos dados se dá
através do teclado pelo usuário; importação de outros bancos de dados não geográficos;
digitalização através de mesas digitalizadoras ou na própria tela; imagens de satélites e
fotografias aéreas; scanners; e GPS. [Belciu, Diaconita, Lungu, Virgolici; 2014]
Há dois bancos de dados espaciais mais conhecidos: Oracle Spatial, que é uma
ferramenta comercial e PostgreSQL / PostGIS de código aberto. A extensão PostGIS
para o banco de dados PostgreSQL de código-fonte aberto armazena o objeto espacial
no formato padrão Well Known Binary (WKB). Ambos os bancos de dados Oracle
Spatial e PostGIS oferecem a possibilidade de upload em massa dos dados de shapefiles
(a empresa GIS comercial mais famosa do mundo, o formato de arquivo proprietário da
ESRI que armazena dados geoespaciais). [Belciu, Diaconita, Lungu, Virgolici; 2014]

5. Conclusão
Este artigo apresenta uma ideia de como os dados relacionados ao espaço são
armazenados, gerenciados e implementados. Hoje, neste mundo em rápida
mudança, existe a necessidade de utilizar os recursos de forma eficiente e os
dados espaciais podem nos ajudar a fazer isso de várias maneiras. As aplicações
mencionadas no documento são sua implementação no mundo real, que é capaz
de ajudar na redução de custos e aumentar a utilização sustentável de recursos.

Referências

Câmara, G. (1995). “Modelos. Linguagens e Arquiteturas para Banco de Dados


Geográficos”. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Brasil.
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/38024103/tese_gilberto2.pdf?A
WSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1523393455&Signature
=1e6wea8PDJTL2cFpb%2BHJu8KcUKM%3D&response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3DModelos_linguagens_e_arquiteturas_para_
b.pdf
Davis, C., Camara, Gilberto. (2001). “Arquitetura de Sistemas de Informação
Geográfica”. INPE. São José dos Campos
Filho, J. L., Iochpe, C. (1996). “Introdução a Sistemas de Informações Geográficas com
Ênfase em Banco de Dados”.
Jaljolie, R., van Oosterom, P. Dalyot, S. (2018). “Spatial Data Structure and
Functionalities for 3D Land Management System Implementation: Israel Case
Study”. ISPRS Int. J. Geo-Inf. Israel. file:///C:/Users/nane_/Downloads/ijgi-07-
00010-v2.pdf
Nucci, L. B., Souccar, P. T., Castillo, S. D. (2016). “Spatial data analysis and the use of
maps in scientific health articles”. Rev Assoc Med Bras. Brasil.
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v62n4/0104-4230-ramb-62-4-0336.pdf
Thirunavukkarasu, K. e Dr. Manoj Wadhwa. (2016). “Spatial Data System:
Architecture and Applications”, International Journal of Computer Science Trends
and Technology (IJCST). v4.0, n.5. India. http://www.ijcstjournal.org/volume-
4/issue-5/IJCST-V4I5P28.pdf
Velicanu, A. B., Diaconita, V., Lungu, I., Virgolici, A.M. (2014). “Development of
Spatial Database for Regional Development in Romania”. Informatica Economică v.
18, no. 3. Romania. http://revistaie.ase.ro/content/71/05%20-
%20Belciu,%20Diaconita,%20Lungu,%20Virgolici.pdf

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