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FUNDAMENTOS DO GEOPROCESSAMENTO

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INTRODUÇÃO
A coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos minerais,
propriedades, animais e plantas sempre foi uma parte importante das atividades
das sociedades organizadas. Até recentemente, no entanto, isto era feito apenas
em documentos e mapas em papel; isto impedia uma análise que combinasse
diversos mapas e dados. Com o desenvolvimento simultâneo, na segunda
metade do século passado, da tecnologia de informática, tornou-se possível
armazenar e representar tais informações em ambiente computacional, abrindo
espaço para o aparecimento do Geoprocessamento.

Nesse contexto, o termo Geoprocessamento denota a disciplina do


conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira
crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes,
Comunicação, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As ferramentas
computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de
diversas fontes e ao criar banco de dados georreferenciados. Tornam ainda
possível automatizar a produção de materiais cartográficos.

Pode-se dizer, de forma genérica, “Se onde é importante para seu negócio, então
Geoprocessamento é sua ferramenta de trabalho”. Sempre que o onde aparece,
dentre as questões e problemas que precisam ser resolvidos por um sistema
informatizado, haverá uma oportunidade para considerar a adoção de um SIG.

Num país de dimensão continental como o Brasil, com uma grande carência de
informações adequadas para a tomada de decisões sobre os problemas
urbanos, rurais e ambientais, o Geoprocessamento apresenta um enorme
potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente
baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente.

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Através do geoprocessamento, a produção de mapas deixou de ser realizada
necessariamente a partir de medições técnicas e observações superficiais, o que
colaborou para o aumento da precisão das representações gráficas e na
melhoria das qualidades das informações obtidas.

As imagens de satélite ou de fotografias aéreas são tratadas a partir de


softwares específicos, como o ArcGIS e o Spring, que selecionam e separam
informações que, a olho nu, são inseparáveis, como o relevo, hidrografia,
altitude, população, vegetação, dentre outras.

O avanço das técnicas e das tecnologias relativas destacaram a importância do


Geoprocessamento. Antes dele, a produção cartográfica era menos precisa e
muito mais complexa, exigindo do profissional cartográfico a realização de uma
grande quantidade de cálculos e sucessivas observações superficiais. Assim,
com as técnicas de geoprocessamento, a margem de erro na obtenção de uma
representação do espaço geográfico tornou-se significativamente menor.

De acordo com diversos estudos de mercado, a área de geoprocessamento é


uma das mais crescentes no mercado de profissões e serviços emergentes na
atualidade, pois vem ganhando uma demanda cada vez maior. Afinal, ações de
planejamento urbano, de produção agrícola, de vigilância florestal, de navegação
e muitas outras perpassam, atualmente, pela obtenção de informações obtidas
por meio desse serviço.

O profissional de geoprocessamento, portanto, tem uma ampla perspectiva de


trabalho, haja vista que é uma profissão bastante requisitada. Existem muitos
centros tecnológicos que oferecem o curso superior na área, que dura, em
média, três anos e envolve conhecimentos em matemática, ciências da Terra,
Física e outras áreas. O graduado poderá trabalhar em conjunto com equipes
formadas por agrimensores, engenheiros civis e outros, atuando na área de
construção, urbanismo, agricultura ou no próprio ramo de cartografia.

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A importância e influência do Geoprocessamento sobre as ações de
planejamento e realização de atividades econômicas é um exemplo de como o
Meio Técnico-Científico-Informacional é um dos elementos estruturantes do
espaço geográfico da sociedade globalizada como um todo. Assim, à medida
que as técnicas e os objetos técnicos transformam-se, mais as sociedades
modificam a maneira como constroem a sua espacialidade.

( Fonte: http://agromulher.com.br/o-que-e-e-como-utilizar-o-geoprocessamento-em-campo/ )

CONTEXTO HISTÓRICO DO GEOPROCESSAMENTO


As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com
características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos
anos 50, com o objetivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção
de mapas. Dada a precariedade da informática na época, e a especificidade das
aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, na Inglaterra, e estudos de
volume de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não podem ser
classificados como “sistemas de informação”.

Os primeiros Sistemas de Informação Geográfica surgiram na década de 60, no


Canadá, como parte de um programa governamental para criar um inventário de
recursos naturais.

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Estes sistemas, no entanto, eram muito difíceis de usar: não existiam monitores
gráficos de alta resolução, os computadores necessários eram excessivamente
caros, e a mão de obra tinha que ser altamente especializada e caríssima. Não
existiam soluções comerciais prontas para uso, e cada interessado precisava
desenvolver seus próprios programas, o que demandava muito tempo e,
naturalmente, muito dinheiro.

Além disto, a capacidade de armazenamento e a velocidade de processamento


eram muito baixas. Ao longo dos anos 70 foram desenvolvidos novos e mais
acessíveis recursos de hardware, tornando viável o desenvolvimento de
sistemas comerciais. Foi então que a expressão Geographic Information System
foi criada. Foi também nesta época que começaram a surgir os primeiros
sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por
computador), que melhoraram em muito as condições para a produção de
desenhos e plantas para engenharia, e serviram de base para os primeiros
sistemas de cartografia automatizada. Também nos anos 70 foram
desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia,
incluindo questões de geometria computacional. No entanto, devido aos custos
e ao fato destes proto-sistemas ainda utilizarem exclusivamente computadores
de grande porte, apenas grandes organizações tinham acesso à tecnologia.

A década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistemas de


informação geográfica inicia um período de acelerado crescimento que dura até
os dias de hoje. Até então limitados pelo alto custo do hardware e pela pouca
quantidade de pesquisa específica sobre o tema, os GIS se beneficiaram
grandemente da massificação causada pelos avanços da microinformática e do
estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, a criação dos
centros de pesquisa que formam o NCGIA - National Centre for Geographical
Information and Analysis (NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do
Geoprocessamento como disciplina científica independente.

No decorrer dos anos 80, com a grande popularização e barateamento das


estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos computadores
pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de dados relacionais, ocorreu
uma grande difusão do uso de GIS.

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A incorporação de muitas funções de análise espacial proporcionou também um
alargamento do leque de aplicações de GIS. Na década atual, observa-se um
grande crescimento do ritmo de penetração do GIS nas organizações, sempre
alavancado pelos custos decrescentes do hardware e do software, e também
pelo surgimento de alternativas menos custosas para a construção de bases de
dados geográficas.

O QUE É O GEOPROCESSAMENTO

Segundo Rodrigues (1993), Geoprocessamento é um conjunto de tecnologias


de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais
voltado para um objetivo específico.

Este conjunto possui como principal ferramenta o Geographical Information


System GIS, considerado também como Sistema de Informação Geográfica
(SIG).

Para que o SIG cumpra suas finalidades, há a necessidade de dados. A


aquisição de dados em Geoprocessamento deve partir de uma definição clara
dos parâmetros, indicadores e variáveis, que serão necessários ao projeto a ser
implementado. Deve-se verificar a existência destes dados nos órgãos
apropriados (IBGE, DSG, Prefeituras, concessionárias e outros). A sua ausência
implicará num esforço de geração que dependerá de custos, prazos e processos
disponíveis para aquisição.

Além disso, os programas de geoprocessamento são importantes para o


monitoramento de áreas ou a localização de determinados pontos. Um
equipamento bastante popular que utiliza essa tecnologia é o GPS, muito
utilizado para determinar ou encontrar uma localização e até descobrir as
melhores rotas para chegar a um determinado local.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GRÁFICA

Um sistema de Informação Geográfica (SIG) difere dos demais sistemas, pela


sua capacidade de estabelecer relações espaciais entre elementos Gráficos. É
o sistema mais adequado para análise espacial de dados geográficos.

Essa capacidade é conhecida como Topologia, ou seja, o estudo genérico dos


lugares geométricos, com suas propriedades e relações. Esta estrutura, além de
descrever a localização e a geometria das entidades de um mapa, define
relações de conectividade, contigüidade e pertinência.

A conectividade permite que arcos estejam ligados a outro por nós. A adjacência
permite que arcos possuam direção e lados como esquerda e direita. A direção
é importante para modelagem de fluxos, em que atributos de orientação como
de nó e para nó são armazenados. Para definir a topologia de um mapa, os
Sistemas de Informações Geográficas utilizam uma estrutura de base de dados
especial.

Em um SIG, do mesmo modo que em sistemas CAM, todas as entidades de um


mapa estão relacionadas a um mesmo sistema de coordenadas.

Além dos dados geométricos e espaciais, os Sistemas de Informação Geográfica


possuem atributos alfanuméricos. Os atributos alfanuméricos são associados
com os elementos gráficos, fornecendo informações descritivas sobre eles. Os
dados alfanuméricos e os dados gráficos são armazenados, geralmente, em
bases separadas.

Os programas para SIG são projetados de modo a permitir exames de rotina em


ambas as bases gráficas e alfanuméricas, simultaneamente. O usuário é capaz
de procurar informações e associa-las às entidades gráficas e vice-versa.
Perguntas do tipo:” Quais lotes da parte leste da cidade são maiores que um
hectare e destinado ao uso industrial?” podem ser solucionadas pelo sistema. A
resposta pode ser dada através da listagem dos números dos lotes ou da
identificação dos lotes no mapa da cidade.

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O SIG reúne as seguintes características:

 Ter capacidade para coletar e processar dados espaciais obtidos a partir


de fontes diversas, tais como: levantamentos de campo (incluindo o
sistema GPS), mapas existentes, fotogrametria, sensoriamento remoto e
outros;
 Ter capacidade para armazenar, recuperar, atualizar e corrigir os dados
processados de uma forma eficiente e dinâmica;
 Ter capacidade para permitir manipulações à realização de
procedimentos de análise dos dados armazenados, com possibilidade de
executar diversas tarefas, tais como, alterar a forma dos dados através de
regras de agregação definidas pelo usuário, ou produzir estimativas de
parâmetros e restrições para modelo de simulação e gerar informações
rápidas a partir de questionamentos sobre os dados e suas inter-relações;

Os dados utilizados em SIG podem ser divididos em dois grandes grupos:

 dados gráficos, espaciais ou geográficos, que descrevem as


características geográficas da superfície (forma e posição) e;
 dados não gráficos, alfanuméricos ou descritivos, que descrevem
os atributos destas características.
 Ter capacidade para controlar a exibição e saída de dados em
ambos os formatos, gráfico e tubular.

COMPONENTES DE UM SIG
O SIG compreende quatro elementos básicos que operam em um contexto
institucional: hardwares, software, dados e profissionais.

O hardware pode ser qualquer tipo de plataforma computacional, incluindo


computadores pessoais, workstations e minicomputadores de alta
performance. Quanto aos periféricos de entrada, são utilizadas mesas
digitalizadoras, scanners, drives de fita, câmeras digitais, restituidores
fotogramétricos, instrumentos topográficos eletrônicos, GPS e outros.

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No que se refere aos periféricos de saída, têm-se monitores, plotters e
impressoras.

O software de SIG é desenvolvido em níveis sofisticados, constituído de


módulos que executam as mais variadas funções.

O dado é o elemento fundamental para o SIG. Os dados geográficos são


muito dispendiosos para coleta, armazenamento e manipulação, pois são
necessários grandes volumes para solucionar importantes problemas
geográficos.

Contudo, o elemento mais importante do SIG é o profissional, a pessoa


responsável pelo seu projeto, implementação e uso. Sem pessoas
adequadamente treinadas e com visão do contexto global, dificilmente um
projeto de SIG terá sucesso.

CARACTERÍSTICAS DE UM SIG
Atualmente, existe um grande número de Sistemas de Informações Geográficas,
com características as mais variadas possíveis em termos de tipos de estruturas
de dados, modelos de banco de dados, sistemas de análise e outras. Apesar de
possuírem habilidades diferentes, existem alguns módulos presentes na maioria
destes programas. Estes módulos são:

Sistemas de Aquisição e Conversão dos Dados;

Banco de Dados Espaciais e de Atributos;

Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD);

Sistema de análise Geográfica;

Sistema de Processamento de Imagens;

Sistema de Modelagem Digital do Terreno – MDT;

Sistema de Análises Estatísticas;

Sistema de Apresentação Cartográfica.

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SISTEMA DE AQUISIÇÃO E CONVERSÃO DE DADOS

Os sistemas de aquisição são constituídos de programas ou funções de um


programa que possuem capacidade de importar os formatos de dados
disponíveis. Os processos de aquisição de dados serão tratados mais à frente.

A conversão de dados representa um conjunto de técnicas de fundamental


importância para um sucesso de SIG. Neste contexto, conversão de dados é
uma expressão que identifica o trabalho de transformação de informações que
estão disponíveis em um determinado meio para outro. Naturalmente, como se
está tratando de sistemas informatizados, o resultado dos trabalhos de
conversão é um banco de dados, seja ele gráfico, alfanumérico ou ambos. O
material original poderá ser composto de registros manuais (fichas, mapas,
plantas, croquis) ou mesmo armazenado em meio magnético.

Resumindo, existem quatro fatores a considera em trabalhos de conversão de


dados, são eles:

Informação a converter;

Organização do processo;

Pessoas envolvidas;

- Tecnologia utilizada.

BANCO DE DADOS

Os Bancos de dados são formados pelo banco de dados espaciais,


descrevendo a forma e a posição das características da superfície do terreno,
e o banco de dados de atributos, descrevendo os atributos ou qualidades
destas características. Em alguns sistemas, o banco de dados espaciais e o
de atributos são rigidamente distintos. Em outros, são integrados em uma
entidade simples, conhecida como coverage. A seguir, será vista a
associação através de um geocódigo, através da localização geográfica
(ponteiro) e a estrutura coverage.

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O método mais comum de se estabelecer a ligação entre duas bases de
dados é através do armazenamento de identificadores comuns a cada uma
delas. Estes identificadores podem ser códigos que relacionem os dados
univocamente – geocódigo, como é apresentado na figura abaixo, em que o
código 999 serve de elo entre as duas sub-bases.

A ligação entre as duas bases de dados pode ser feita, também, por meio de
indicação da localização geográfica através de ponteiros. Neste caso, inclui-
se um campo, nos registros da sub-base de dados alfanuméricos, contendo
as coordenadas que determinam a localização da feição física associada. Na
figura a seguir, a entidade exemplificada contém um campo, no registro da
sub-base alfanumérica, com as coordenadas da sua localização geográfica e
que serve de conector entre as duas sub-bases de dados.

Um outro exemplo, aplicando a estrutura anterior, seria o tipo de solo, onde a


simples enunciação da classe não identificaria sua ocorrência, pois o mesmo
tipo de solo pode ocorrer em localizações geográficas distintas. Como a
descrição do perímetro de cada ocorrência é única, basta utilizar um ponteiro
para localizar o perímetro de cada uma das classes de solo na base de dados
espacial.

As bases de dados gráficas coverage contêm dados espaciais e atributos. Os


atributos são armazenados em tabelas de atributos. Elas contêm informações
sobre as entidades nos temas. Cada linha nestas tabelas está ligada a uma
entidade de base gráfica através de um identificador. Cada entidade na base
gráfica pode estar ligada a um elemento no desenho através de um vínculo
entidade – elemento. Esta estrutura é utilizada em diversos programas de
SIG.

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A imagem abaixo ilustra alguns bancos de dados utilizados no
Geoprocessamento:

( Fonte : http://agromulher.com.br/o-que-e-e-como-utilizar-o-geoprocessamento-em-campo/ )

AQUISIÇÃO DE DADOS EM GEOPROCESSAMENTO


O Geoprocessamento é também um conjunto de tecnologias de coleta de dados.
Sua principal ferramenta, representada pelo SIG, não cumprirá suas funções se
não existirem dados disponíveis e em condições de serem utilizadas.

Determinados dados, em razão de elevados investimentos envolvidos em sua


obtenção, seriam impensáveis de serem obtidos por indivíduos isolados, sem o
apoio de instituições que possam financiar tais custos. Outras vezes, tais dados
não estão disponíveis

(inexistem ou simplesmente não são disponibilizados), obrigando sua geração


por diversos processos como a digitalização. Muitas vezes, na ausência de
determinado dado, opta-se por substituí-lo de modo a atingir um resultado
satisfatório, logicamente com menor precisão. Neste caso, tenta-se utilizar mais
variáveis para conseguir uma convergência de fatores que consiga minimizar o
efeito pela falta daquele dado.

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Portanto, visando minimizar os problemas nesta etapa de aquisição de dados,
pode- se dividi-la em três partes:

Definição de parâmetros, indicadores e dados necessários;

Verificação dos Dados Existentes;

Geração de Dados Digitais.

COMO É TRABALHAR COM GEOPROCESSAMENTO

Trabalhar com geoinformação significa, antes de mais nada, utilizar


computadores como instrumentos de representação de dados espacialmente
referenciados. Deste modo, o problema fundamental da Ciência da
Geoinformação é o estudo e a implementação de diferentes formas de
representação computacional do espaço geográfico.

É costume dizer-se que Geoprocessamento é uma tecnologia interdisciplinar,


que permite a convergência de diferentes disciplinas científicas para o estudo de
fenômenos ambientais e urbanos. Ou ainda, que “o espaço é uma linguagem
comum” para as diferentes disciplinas do conhecimento.

Apesar de aplicáveis, estas noções escondem um problema conceitual: a


pretensa interdisciplinaridade dos SIGs é obtida pela redução dos conceitos de
cada disciplina a algoritmos e estruturas de dados utilizados para
armazenamento e tratamento dos dados geográficos. Considere-se, a título de
ilustração, alguns problemas típicos:

• Um sociólogo deseja utilizar um SIG para entender e quantificar o fenômeno


da exclusão social numa grande cidade brasileira.

• Um ecólogo usa o SIG com o objetivo de compreender os remanescentes


florestais da Mata Atlântica, através do conceito de fragmento típico de Ecologia
da Paisagem.

• Um geólogo pretende usar um SIG para determinar a distribuição de um mineral


numa área de prospecção, a partir de um conjunto de amostras de campo.

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O que há de comum em todos os casos acima? Para começar, cada especialista
lida com conceitos de sua disciplina (exclusão social, fragmentos, distribuição
mineral). Para utilizar um SIG, é preciso que cada especialista transforme
conceitos de sua disciplina em representações computacionais. Após esta
tradução, torna-se viável compartilhar os dados de estudo com outros
especialistas (eventualmente de disciplinas diferentes). Em outras palavras,
quando falamos que o espaço é uma linguagem comum no uso de SIG, estamos
nos referindo ao espaço computacionalmente representado e não aos conceitos
abstratos de espaço geográfico.

Do ponto de vista da aplicação, utilizar um SIG implica em escolher as


representações computacionais mais adequadas para capturar a semântica de
seu domínio de aplicação. Do ponto de vista da tecnologia, desenvolver um SIG
significa oferecer o conjunto mais amplo possível de estruturas de dados e
algoritmos capazes de representar a grande diversidade de concepções do
espaço.

Nesta perspectiva, este capítulo examina os problemas básicos de


representação computacional de dados geográficos. Os conceitos apresentados
visam esclarecer as questões básicas do Geoprocessamento: Como
representar, em computadores, os dados geográficos? Como as estruturas de
dados geométricas e alfanuméricas se relacionam com os dados do mundo real?
Que alternativas de representação computacional existem para dados
geográficos?

Para simplificar a discussão, lidaremos neste capítulo com dados individuais


(cada mapa considerado em separado dos demais dados). No próximo capítulo
(Modelagem de Dados em Geoprocessamento) estaremos considerando o
problema de modelar uma aplicação complexa, incluindo os relacionamentos
entre os diferentes tipos de dados.

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SR – SENSORIAMENTO REMOTO

O SR é a tecnologia capaz de obter imagens e outros tipos de dados através do


monitoramento da superfície terrestre, através da captação e do registro da
energia eletromagnética refletida ou emitida da superfície. Existem vários
programas que executam atividades de processamento digital de imagens, entre
eles o Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING)
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), outro
produto muito popular e que devido a sua gratuidade é amplamente utilizado é o
Google Earth, pois permite sobrevoar o planeta através das imagens de satélite.

A utilização desse tipo de técnica é de fundamental importância no contexto atual


das sociedades, pois ela é capaz de revelar muitos dados geográficos e até
históricos concernentes aos espaços naturais e também sociais, como a
distribuição das áreas florestais, o avanço do desmatamento, o crescimento das
áreas urbanas, etc.

Pode-se dizer que o sensoriamento remoto surgiu logo após a invenção da


máquina fotográfica, quando se tornou possível o registro de imagens a partir do
céu. Inicialmente, utilizavam-se pombos ou balões a fim de captar imagens da
superfície vistas de cima, geralmente para o reconhecimento de lugares ou
produção de mapas. Em tempos de guerra, essa foi também uma importante
estratégia para o reconhecimento do território inimigo, o que auxiliava na
elaboração de planos de ataque e contra-ataque.

E por falar em guerra, foi durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que
esse sistema começou a aperfeiçoar-se por meio da utilização de aviões então
recentemente inventados. O conjunto de técnicas de registro da superfície por
meio da fotografia foi chamado de aerofotogrametria, que, além do registro da
imagem, consistia também no tratamento dessa e de suas adaptações para a
produção de visualizações de áreas inteiras. Esse procedimento é até hoje
amplamente realizado.

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Além da aerofotogrametria, outro recurso de sensoriamento remoto bastante
utilizado são os satélites. Com eles, tornou-se possível o registro de imagens em
pequena escala, ou seja, de amplas áreas; ou, até mesmo, de mapas com
escalas variadas e flexíveis, possibilitando o manejo para diferentes mapas de
localização e temáticos.

Graças aos satélites, são possíveis as confecções de mapas temáticos com as


mais variadas escalas de abrangência, conforme já mencionamos. Assim, é
possível obter informações e registrar cartogramas sobre formas de relevo,
topografia, ocupação humana, entre outros. Há também a funcionalidade
meteorológica, em que a movimentação das massas de ar é captada de modo a
auxiliar na previsão do tempo, que também conta com outros muitos
instrumentos.

Podemos dizer, portanto, que o sensoriamento remoto é um dos maiores


avanços já produzidos pela ciência e tecnologia no que se refere ao estudo da
superfície terrestre e, por que não dizer, de todos os elementos que compõem a
biosfera. Assim, conseguiu-se avanço no monitoramento de fenômenos naturais
e também antrópicos, tais como o monitoramento do avanço do desmatamento
e outros. Um bom exemplo também de sensoriamento remoto é o Google
Earth, que integra uma combinação de imagens de satélite, aerofotogrametrias
e até imagens registradas nas ruas a fim de nos auxiliar na localização e no
deslocamento pelos diferentes lugares.

GPS

O GPS é um sistema de posicionamento por satélites utilizado para a


determinação da posição de um receptor na superfície terrestre. Este
posicionamento é apresentado em coordenadas de longitude, latitude e altitude.
Este sistema pertence aos EUA e possui inserção no mundo inteiro, mas já
começa a sofrer a concorrência de sistemas similares como o europeu
(GALILEO) e o russo (GLONASS).

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Cada satélite do sistema GPS transmite sinais para equipamentos no solo. Os
receptores GPS recebem passivamente os sinais provenientes dos satélites,
mas não transmitem. Os receptores GPS necessitam de ter o campo visual em
altitude desimpedido, pelo que só podem ser utilizados no exterior e, ainda
assim, poderão ter um desempenho menos bom em áreas arborizadas ou perto
de edifícios altos. As operações do GPS dependem de uma referência horária
muito precisa, a qual é fornecida por relógios atómicos do Observatório Naval
nos E.U.A. Cada satélite GPS tem um relógio atómico a bordo.

O sistema GPS usa uma rede de satélites que permite assinalar a localização de
pessoas com receptores GPS em qualquer parte do mundo. A TomTom é uma
das primeiras empresas a disponibilizar a tecnologia GPS de uma forma fácil de
utilizar para qualquer pessoa.

AS CLASSES DE APLICAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO

Projetos de análise espacial sobre regiões de pequeno e médio porte. Por


exemplo geração de relatórios de impacto ambiental para criação de uma
hidroelétrica ou traçado de uma ferrovia. Requerem grande flexibilidade e
abrangência das funções do SIG, para dados de quantidade limitada, mas muito
variada.

Inventários espaciais sobre grandes regiões. Por exemplo levantamentos


sistemáticos, como os feitos pelo INPE para mapear o desflorestamento na
Amazônia. Ênfase maior no tratamento de grandes bases de dados, sendo que
os mesmos procedimentos são repetidos para todos os dados, em regiões são
muito grandes.

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O GEOPROCESSAMENTO NO BRASIL

O Brasil é um país com uma expressão fantástica no restrito mundo dos países
que investem na pesquisa e desenvolvimento de produtos técnicos espaciais. A
prova disso é que recentemente o nosso país, em parceria com a China, lançou
em 1999 o primeiro satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), o
CBERS-1, e em 2003 o CBERS-2. O sucesso desta parceria foi tamanho que os
dois países renovaram seus interesses de produzirem e lançarem mais dois
satélites. As imagens de satélite coletadas pelo CBERS podem ser adquiridas
gratuitamente no site do INPE.

Em janeiro de 2004, a revista britânica Nature indicou que os negócios relativos


ao Geoprocessamento estão entre os três mercados emergentes mais
importantes da atualidade, junto com a nanotecnologia e a biotecnologia.
Atualmente, as aplicações das tecnologias em Geoprocessamento ramificaram-
se para várias áreas do conhecimento, como a Geografia, a Biologia, a História,
a Engenharia, a Arquitetura, os Sistemas de Informação, entre outros, atendendo
as mais variadas necessidades de nossa sociedade, como o desenvolvimento
de bases cartográficas, a análise de recursos naturais, a implantação de redes
de infraestrutura (abastecimento de água, esgoto, drenagem, energia elétrica, e
comunicações), os estudos em planejamento urbano-ambiental, os
mapeamentos em segurança-pública e atividades militares, as análises de
mercados para a prospecção de produtos e serviços, a otimização e segurança
para o transporte de cargas e pessoas através monitoramento de veículos, entre
outras aplicações.

A cada ano que passa, as aplicações das tecnologias de Geoprocessamento


tornam-se mais necessárias ao desenvolvimento das sociedades que
necessitem planejar e implementar o seu desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS

faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1423/_fundamentos_de_geoprocessament
o.pdf

http://www.geolab.faed.udesc.br/paginaweb/Pagina%20da%20disciplina%20ge
op_files/intoducao.pdf

http://www3.unifai.edu.br/pesquisa/publicacoes/professores/sequenciais/o-que-
e-e-para-que-serve-o

http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/introducao_geo.html

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/sensoriamento-remoto.htm

http://pt.support.tomtom.com/app/answers/detail/a_id/8299/~/o-que-%C3%A9-
o-gps%3F

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/geoprocessamento.htm

https://alunosonline.uol.com.br/geografia/geoprocessamento.html

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