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AULA 5

UTILIZAÇÃO DO
CANVAS EM PROJETOS

Prof.ª Viviane Suchy da Luz


INTRODUÇÃO

Variações de Canvas em projetos

Considerando que a ferramenta Canvas teve ampla aceitação e uso na


área de projetos, é natural que existam sugestões de adaptação. É interessante
ressaltar que muitas dessas contribuições são estruturadas por consultores,
gestores professores e gerentes de projetos experientes. São profissionais que
acrescentam suas visões práticas, dificuldades no dia a dia e demandas
recorrentes em projetos variados. Por isso, as contribuições são muito bem-
vindas: trazem para o viés acadêmico à realidade do trabalho em seu ambiente
prático.
Retomando o assunto abordado nas aulas anteriores, a utilização dos
métodos visuais é favorável ao cenário de projetos. São importantes “como
ferramentas de apoio ao gerenciamento de projetos, soluções de problemas e
tomadas de decisões gerenciais”. (Barbosa et al, 2018, p. 112). Esses benefícios
são percebidos no levantamento e síntese das informações, nos cenários
comparativos, no sequenciamento de informações e na própria comunicação
efetivamente.
Já conhecemos nas aulas anteriores o precursor Business Model Canvas
e as variações Project Model Canvas, Strategic Model Canvas e Life Cycle
Canvas. Daremos sequência nesta aula apresentando outras variações de
Canvas pertinentes à área de projetos. Veremos inicialmente o PM Visual,
compreendendo seu conceito, diferenciais e aplicação. Posteriormente, nos
dedicaremos ao Agile Think Canvas, percebendo e pontuando suas contribuições
para o ambiente de negócios e projetos.
Estamos construindo um repertório de opções que podem ser utilizadas
como referências para estruturar projetos com o Canvas. Reforçamos
reiteradamente que cada projeto tem suas particularidades e, desta forma, é
necessária uma análise para que seja defina a melhor ferramenta a utilizar.

TEMA 1 – PROJECT MODEL VISUAL (PM VISUAL)

Da mesma forma que ocorreu com outros profissionais da área de projetos,


o autor do PM Visual, Robson Camargo, utilizou sua bagagem prática,
conhecimento teórico e certificações para contribuir com a variação de repertório

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nesse assunto. Utilizou as referências do Canvas que já conhecia e praticava para
contribuir com uma metodologia diferenciada, que se propõe a sanar algumas
dores sentidas na aplicação das metodologias tradicionais de projetos.

1.1 Conhecendo o PM Visual

O PM Visual também tem a composição de um Canvas de projetos, ou seja,


uma tela inicial que se propõe a responder questionamentos-chave, por meio de
componentes pré-estabelecidos. Esse Canvas é tido como visão macro, é uma
estruturação para a elaboração do plano de projetos. Neste sentido, observou-se
a necessidade de reunir os envolvidos logo no início do projeto.
Uma das dificuldades encontradas na prática de projetos é conciliar as
agendas e a disponibilidade dos envolvidos. Muitas informações importantes
podem chegar em momentos tardios devido à não disponibilidade e envolvimento
dos detentores da informação. Ao propor maior envolvimento dos participantes
por um tempo pré-determinado, o PM Visual adapta a nossa cultura um método
chamado kaizen. Conforme Camargo et al, (2019, p 61):

Por que não fazer como os japoneses desde 1937? Eles aplicam um
método chamado kaizen, que consiste em juntar todo mundo no início
do projeto. O kaizen ficou mais conhecido na década de 1960. Nesse
método, as pessoas se juntam por uma ou duas semanas, por tempo
integral, para discutir um problema que tem ocorrido em um processo,
discutir as soluções possíveis e planejar as ações necessárias.

Como já citamos anteriormente, a equipe de projetos não terá todas as


informações de forma autônoma, mas precisa ter acesso às informações e as
pessoas que as possuem. O projeto é construído ao longo do seu
desenvolvimento, por isso, é comum dúvidas surgirem quando começam a ser
executadas as ações. É preciso que os envolvidos estejam aptos a sanar essas
dúvidas ou pelo menos saibam a quem recorrer para obter as respostas com
agilidade.
O PM Visual sugere então a elaboração do Canvas de Projetos por toda a
equipe envolvida, em que esse processo de criação deve durar aproximadamente
2 horas. Para dar sequência ao projeto, sugere então que o mesmo grupo com
todos os envolvidos se dedique à elaboração de outras lâminas de detalhamento.
Para a elaboração dessas outras lâminas, o autor sugere um trabalho colaborativo
de mais 6 horas aproximadamente.

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O PM Visual é composto, portanto, por um Canvas macro e mais sete
lâminas, que são consideradas o detalhamento das informações. O detalhamento
das informações abrange escopo, prazo, orçamento, equipe, comunicação, riscos
e aquisições. Ele é totalmente colaborativo e requer o envolvimento de toda a
equipe para sua elaboração.

Créditos: AYAimages/Adobestock.

Conforme Camargo et al (2019), o PM Visual é aplicável a projetos de todos


os tamanhos: pequenos, médios e grandes. Para algumas situações como
projetos pequenos e médios, somente o PM Visual será suficiente. Para outros,
será necessário seguir com outras documentações pertinentes. Porém, uma
grande vantagem é que após a elaboração do PM Visual a equipe terá mais
condições de optar pela melhor forma de dar continuidade ao projeto. Ou seja, se
ele deve ser trabalhado com metodologia ágil ou por meio de uma metodologia
tradicional. Independente da escolha, os documentos elaborados no PM Visual
servirão de referência e norteador.
Considerando essa forma de elaboração do PM Visual, podemos destacar,
conforme citados em Camargo et al (2019, p. 66), alguns motivos para sua
utilização:

• Auxilia a decisão de gestão do projeto por metodologia ágil ou tradicional.


• Rapidez em fornecer referência de prazo e custo.

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• Engajamento devido à forma participativa.
• É suficiente para planejamento de pequenos e médios projetos.
• Facilitador para grandes projetos, que serão geridos pela metodologia
tradicional.
Após conhecer o contexto e os diferenciais do PM Visual, é relevante
revisar a sua estrutura. Reforçamos aqui que pressupõe o envolvimento da
equipe, a realização com tempo enxuto e pré-determinado e resulta em um
Canvas de projetos que será desdobrado em mais sete documentos.

TEMA 2 – OS DOCUMENTOS DO PROJECT MODEL VISUAL

Em continuidade à familiarização com PM Visual, vamos na sequência


conhecer a parte gráfica da ferramenta e seu detalhamento. A composição do PM
Visual é feita por oito documentos, que resultam do trabalho de aproximadamente
oito horas.
Deve ser elaborado com o envolvimento dos especialistas e decisores que
têm responsabilidade sobre o projeto demandado. A exemplo de outras
ferramentas já tratadas nesta disciplina, no PM Visual também é sugerida a
elaboração de todos os documentos em papel grande tamanho A1 e composição
com bilhetes autoadesivos.

2.1 Conhecendo os documentos do PM Visual

O Canvas inicial é uma referência ao termo de abertura e trata das


informações do projeto na perspectiva macro. A Figura 1 representa esse
documento, que é dedicado à concepção do projeto. A confecção desse Canvas
é sugerida em aproximadamente 2 horas, seguindo os alinhamentos e premissas
do pensamento visual e com os benefícios do Design Thinking.

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Figura 1 – Canvas de projetos do PM Visual

Fonte: elaborado pelo autor com base em Camargo, 2019.

A Figura 1 apresenta a estrutura do Canvas do PM Visual. Podemos


observar na figura a facilidade em identificar as perguntas norteadoras do Canvas,
tanto pelas cores presentes nos componentes como também pelo fato de estarem
escritas num título vertical ao lado esquerdo de cada um dos grupos de
componentes.
Outro destaque vai para as flechas indicativas do sequenciamento lógico
para preenchimento das informações. Além desses destaques, temos também as
notas de texto que estão abaixo dos títulos em cada componente. Elas permitem
maior esclarecimento sobre o propósito de cada quadrante e facilitam o
entendimento por parte da equipe envolvida.
Em relação ao desdobramento do Canvas de Projeto do PM Visual em
outros documentos, veremos a seguir uma breve explanação sobre as sete
derivações. Cada uma delas será elaborada também em folhas grandes tipo A1 e
seguem a lógica colaborativa de preenchimento por parte dos envolvidos.
O documento relativo ao Escopo tratará de transcrever em forma
hierárquica com os papéis adesivos as entregas. Assim, será feita uma
decomposição e organização das entregas do projeto. Esse documento é
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identificado também como PBS – Product Breakdown Structure – e tem relação
com um documento conhecido na área de projetos como EAP – Estrutura Analítica
do Projeto.
O segundo derivado é o Cronograma que vai detalhar as atividades de
forma sequenciada e por fases. Com as fases e as atividades descritas, é feita
uma marcação em gráfico de Gantt para visualmente observar e acompanhar a
estimativa de duração. A Figura 2 abaixo demonstra um exemplo do cronograma
mencionado.

Figura 2 – Cronograma

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Camargo, 2019.

Na sequência, temos o documento de Custos, ou seja, o Fluxo de


desembolso do projeto. Nesse documento de orçamento do projeto, serão
visualizadas as informações de custos totais e por mês, além da visualização
gráfica da curva de necessidade dos recursos ao longo do projeto.
O documento detalhado relativo aos Recursos Humanos tratará de um
organograma e também de uma matriz de responsabilidades. Nesta situação, a
definição clara das responsabilidades e também os alinhamentos de reporte e
hierarquia irão facilitar o andamento do projeto. O documento se propõe a trazer
um diferencial importante para o cumprimento das entregas.
Parte muito importante para o andamento dos projetos é relativa à
comunicação, por isso, no PM Visual, temos o documento específico destinado a
esse tema. É o Plano de Comunicações que trata das formas utilizadas na
comunicação das informações e inclusive das reuniões oficiais que haverá no

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projeto. Essas reuniões oficiais são o Kick off meeting (reunião de lançamento),
reunião semanal e reunião executiva.
Temos também o documento dedicado aos Riscos. Nessa lâmina do PM
Visual, serão apontados pela equipe os riscos possíveis ao projeto. Esses riscos
serão avaliados pela equipe e distribuídos na matriz Probabilidade x Impacto para
que sejam corretamente classificados e gerenciados. A figura abaixo demonstra
um exemplo da matriz para que fique mais fácil o seu entendimento.

Figura 3 – Matriz Probabilidade x Impacto

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Camargo, 2019.

O outro documento que deriva do Canvas do PM Visual é o Mapa de


Aquisições. Nesse documento, temos a oportunidade de relacionar os produtos
e serviços que devem ser adquiridos para o bom andamento do projeto e também
pontuar as datas de entregas.
Temos aqui a visão completa do PM Visual e podemos perceber que sua
abordagem é bastante prática e direcionada ao melhor aproveitamento do tempo
e dos recursos. Sobretudo, procurando atender à demanda de conciliar o tempo
e agenda dos envolvidos, é mais uma opção para o repertório de escolha de
ferramentas e metodologias.

TEMA 3 – AGILE THINK CANVAS

Em continuidade na nossa trajetória pela utilização do Canvas em projetos,


nos deparamos com a contribuição de André Vidal em sua proposta de
metodologia denominada Agile Think Canvas. O objetivo da metodologia é
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melhorar os resultados e minimizar os riscos em projetos fazendo uso de Métodos
Ágeis. Veremos neste tema a abordagem geral do Agile Think Canvas e quais são
suas considerações que podem colaborar para uma gestão e execução de
projetos assertiva.

3.1 Mentalidade ágil

Para a melhor visualização do Agile Think Canvas, é relevante a


ambientação com a terminologia e conceitos de agilidade. É um termo já
mencionado nas disciplinas do curso de Gestão de Projetos Ágeis, portanto aqui
faremos uma breve retomada desse assunto para alinhamento.
Conforme Vidal, (2017, p. 17) “Ser ágil ou ter agilidade na resolução dos
problemas caracteriza o mindset (mentalidade) de um profissional que adquiriu
competências para interagir no mundo atual de desenvolvimento de software”.
Apesar de abordar diretamente o ambiente de tecnologia da informação, os
conjuntos de técnicas, modelos e frameworks podem ser utilizados em todos os
tipos de projetos ou empresas.
A mentalidade ágil é uma referência fundamental para a metodologia Agile
Think Canvas, que propõe processos de fácil aplicação. Seu objetivo, segundo
Vidal (2017, p. 17) é:

Oferecer um processo para a criação de produtos e serviços mais


aderentes às expectativas do cliente, ao dar visibilidade às entregas e
foco naquilo que garante um maior retorno do investimento feito pelo
cliente.

A questão da agilidade é abordada por Highsmith (2010) com a ilustração


do triângulo ágil. Nessa representação, temos a agilidade considerada por três
dimensões: o valor, a qualidade e as restrições. O aspecto valor trata de algo que
possa ser entregue de forma rápida e frequente. O vértice da qualidade
corresponde à confiabilidade e adaptabilidade das entregas: é flexível para novas
evoluções? Já as restrições dizem respeito aos limitadores de custo, cronograma
e escopo.
Camargo et al (2019), ao discorrer sobre a agilidade para resultados,
dedica-se a apresentar sobre os times ágeis. Nesse contexto, são listadas
algumas características fundamentais dos times ágeis:

• Objetivos claros
• Autonomia
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• Auto-organização
• Ritmo sustentável
• Melhoria contínua
• Transparência
• Comunicação frequente

Essas características apresentadas para os times ágeis permitem, portanto


que se obtenha um melhor aproveitamento do tempo e dos recursos de forma a
proporcionar as entregas do projeto. Reforçamos aqui o pilar da comunicação e
do engajamento da equipe para a mentalidade ágil.
Outro aspecto abordado por Vidal (2017) é a entrega contínua e frequente
ao cliente. Essa constante entrega, ainda que incompleta, promove a
oportunidade de fortalecer o relacionamento com o cliente e eliminam ruídos na
comunicação.
São também de grande valia as contribuições do Design Thinking para o
contexto do Agile Think Canvas. Isso ocorre por meio das etapas de geração de
ideias, prototipação, seleção da solução, implementação e aprendizado é possível
transformar a demanda do cliente em um produto viável.

TEMA 4 – METODOLOGIA AGILE THINK CANVAS

A proposta apresentada pelo Agile Think Canvas se caracteriza por uma


metodologia que busca transformar os processos mapeados em um fluxo de
trabalho intuitivo. Esses processos estão distribuídos em três etapas
fundamentais que são: concepção, análise de modelos e construção.
Veremos neste tema as duas primeiras etapas desse fluxo de trabalho e
quais são os processos envolvidos em cada uma delas. A terceira etapa será
abordada no tema seguinte.

4.1 Concepção – Agile Think Canvas

A etapa nomeada concepção, na metodologia Agile Think Canvas, possui


três macroprocessos principais que visam encontrar as reais necessidades do
cliente. Para Vidal (2017, p. 33), é importante compreender:

Como o usuário enxerga o valor agregado ao produto, aquele algo mais


que não apenas atenda às necessidades de negócio, mas também traga
a solução do seu problema. Algo que traga o conforto e a certeza de que
os serviços serão atendidos.
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O primeiro macroprocesso é o de definição das necessidades do cliente
e busca elaborar a definição da causa-raiz do problema a ser solucionado, ou seja,
das dores do cliente. Temos aqui as conversas iniciais de entendimento com o
cliente, buscando informações, novas respostas e perspectivas. Este é o
momento para definir o entendimento do produto, buscando trazer clareza e
visibilidade do produto, tanto para quem irá utilizá-lo como para quem o está
patrocinando.
O segundo macroprocesso se propõe a pesquisar soluções, definindo os
meios de pesquisa que serão utilizados. Nesse momento, o objetivo é a obtenção
de informações qualitativas ou quantitativas. Elas possibilitam conhecer o
comportamento e as características dos usuários para o produto ou serviço, ou
seja, conhecer o seu perfil.
O terceiro macroprocesso é a geração de ideias, quando é realizado o
esboço dos pensamentos, buscando, conforme Vidal (2017, p. 58), “correlacionar
as atividades do processo com as emoções do usuário e suas experiências
anteriores”. Neste momento, além de mapear o conhecimento do negócio, é
trabalhada a definição da cadeia de valor e o entendimento do processo mental
do cliente.

4.2 Análise de Modelos – Agile Think Canvas

A etapa análise de modelos abrange outros três macroprocessos. O


primeiro é a análise de soluções que identifica as necessidades dos usuários
para a criação do MVP – que é um produto mínimo viável. Dentro da análise de
soluções, temos o planejamento dos cenários e a avaliação de riscos.
O segundo macroprocesso é a seleção de soluções, quando são
escolhidas as funcionalidades para o início do desenvolvimento do produto. Aqui
são abordadas a proposta de valor e a visão do produto.
O terceiro macroprocesso é a prototipação de modelos, quando são
elaboradas as visões físicas do produto para que possam ser elaboradas as
melhores soluções.

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TEMA 5 – AGILE THINK CANVAS, CONTINUAÇÃO METODOLOGIA E
DIFERENCIAIS

Já vimos no tema anterior as etapas de concepção e análise de modelos.


Em continuação ao conhecimento da Metodologia Agile Think Canvas, neste
tema, veremos a terceira etapa. É a etapa construção que trata da
implementação e da aprendizagem.

5.1 Construção – Agile Think Canvas

O primeiro macroprocesso da etapa de construção do Agile Think Canvas


é a implementação. Essa etapa do projeto é dedicada à realização do produto,
como o próprio nome da etapa esclarece: a construção.
Conforme Vidal (2017, p. 113), o “empoderamento” da equipe é um ponto
favorável na resolução de problemas:

Solucionados os problemas e possíveis conflitos, o ambiente tende a se


tornar favorável e propício para a aplicação de processos iterativos,
direcionando o esforço da equipe à geração de valor para o cliente de
forma fracionada e com entregas constantes.

A partir dessa entrega da realização do produto, seguimos para o último


macroprocesso nomeado Aprendizado. Ao longo da jornada do projeto, teremos
situações a contornar e, portanto, o ambiente é favorável ao aprendizado. Das
situações adversas encontradas, as lições devem ser aprendidas pela equipe e
incluídas na base de conhecimento do projeto. É essa observação e registro que
permitirá a melhoria contínua, que é obtida também pelas devolutivas dos clientes
e pela percepção da equipe.
Neste momento do projeto, conforme Vidal (2017, p. 258), são “realizadas
as verificações e validações do ciclo de construção”. As devolutivas e os
feedbacks favorecem a melhoria do produto a ser entregue e também do processo
de trabalho da equipe ao longo do projeto.

5.2 Diferenciais

A metodologia Agile Think Canvas, apresentada nos temas anteriores,


contribui com o cenário de projetos, sobretudo dialogando com o ambiente de
desenvolvimento e engenharia de softwares, trazendo inclusive exemplos
dedicados a esse segmento. Utiliza-se muito do pensamento ágil, buscando em

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cada etapa, uma fundamentação robusta e complementariedade com ferramentas
diversas para a execução de cada um dos macroprocessos estabelecidos.
Mas, além das etapas e processos, onde estão os canvas? Ao longo da
caminhada do projeto por meio da metodologia Agile Think Canvas, são sugeridos
diversos canvas. De modo geral, seguem a mesma lógica, pois, apresentam uma
estrutura pré-estabelecida a ser preenchida com as informações pela equipe.
Relacionamos abaixo alguns dos canvas apresentados na metodologia:

• Entendimento do Produto
• Definição de Perfil
• Definição da Cadeia de Valor
• Interação do usuário
• Mapeamento de Riscos
• Proposta de Valor
• Mapeamento de processo
• Dimensões do produto
• Planejamento de Release
• Planejamento da Iteração

Figura 4 – Canvas de Entendimento do Produto

VISÃO
Qual a sua motivação para a criação do produto?
Que mudança positiva deveria trazer?

CLIENTE - ALVO NECESSIDADES PRODUTO OBJETIVOS DE


NEGÓCIO
Qual é o mercado Que problema o O que é o produto? Como o produto vai
que deseja atingir? produto resolve? No que se diferencia beneficiar a sua
Quem são os clientes Qual benefício dos concorrenes? empresa?
e usuarios? ele fornece? É viavel desenvolver? Quais são os objetivos
do negócio?
CONCORRENTES FLUXO DE RECEITAS CUSTOS ASSOCIADOS CANAIS DE
DISTRIBUIÇÃO
Quem são seus princi- Como você pode Quais são os principais Como você vai
pais concorrentes? monetizar seu fatores de custo para comercializar e vender
Quais são os seus produto e gerar desenvolver mercado, o seu produto?
pontos fortes e receitas? vender e reparar o Será que os canais
fracos? produto? existem hoje?
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Vidal, 2017.

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A Figura 4 acima demonstra o Canvas de Entendimento do produto, por
meio do qual são feitas as reflexões sobre as funcionalidades e requisitos mínimos
do novo produto, além do alinhamento das expectativas para sua produção. Em
relação às necessidades do produto, a confecção do Canvas leva os participantes
a refletir sobre qual é o benefício entregue, ou seja, quais problemas o produto se
propõe a resolver. São abordados os componentes Visão, Clientes-Alvo,
Necessidades, Produto, Objetivos de Negócio, Concorrentes, Fluxo de Receitas,
Custos Associados e Canais de Distribuição.

Figura 5 – Proposta de Valor

PÚBLICO - ALVO BENEFÍCIOS ENTREGUES CRITÉRIOS DE SUCESSO


Qual o público-alvo que Quais são os benefícios que O produto vai beneficiar a
desejamos atingir neste desejamos entregar ? sua empresa? De que forma?
momento? Os beneficios listados são Quais são os objetivos do
Quais os perfis que serão realmente importantes para negócio que devem ser
atendidos prioritariamente? observar neste momento? atingidos neste momento?

MVP BACKLOG

Quais são os modelos de valor que devem ser listados como potenciais funcionalidades
presentes no novo produto? Os objetivos são atingidos com a sua construção?

Quais as funcionalidade de valor para o usuário que devem constar impreterivelmente


nesta versão do produto?

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Vidal, 2017.

A Figura 5 apresentada acima demonstra o documento relativo à Proposta


de Valor. Neste momento do projeto, os participantes são convidados a
desenvolver os componentes Público-Alvo, Benefícios Entregues, MVP Backlog e
critérios de sucesso, preferencialmente respeitando esta ordem.
Como podemos observar pela quantidade disponível de Canvas, essa é
uma ferramenta muito bem aceita pela metodologia Agile Think Canvas. Fato é
que foi incorporada em vários momentos da jornada do projeto, conforme sugerido
pela metodologia. Diferentemente de outras ferramentas em que o Canvas é o
centralizador, aqui a metodologia se utiliza de Canvas específicos para trabalhar
as demandas em cada processo do projeto.
Ao olhar para essa forma de utilização do Canvas em projetos, nos remete
à percepção do quanto foi grande a aceitação pelos profissionais da área. Tão
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bem aceito o conceito de Canvas que foi incorporado, adaptado, agregado,
passando a fazer parte do modo de pensar e cultura ágil.
O Agile Think Canvas é uma colaboração robusta e detalhada de como
pode ser incorporada a ferramenta Canvas em cenários de projetos mais
complexos. Nessa metodologia, são aplicados muitos conceitos do Design
Thinking, modelos visuais e da modelagem ágil; fortalecendo os princípios de
engajamento e interação entre todos os envolvidos e interessados no projeto.

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REFERÊNCIAS

BARBOSA, F. J. M. et al. Visualização da informação e métodos visuais como


ferramentas estratégicas para o gerenciamento de projetos. Revista de Gestão e
Projetos – GeP, v. 9, n. 1. Jan./Abr. 2018.

CAMARGO; R.; RIBAS, T. Gestão Ágil de Projetos: as melhores soluções para


suas necessidades. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

HIGHSMITH, J. Gerenciamento Ágil de Projetos: criando produtos inovadores.


2. ed. Addison-Wesley Professional, 2009.

VIDAL, A. Agile Think Canvas. Rio de Janeiro: Brasport, 2017.

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