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GERENCIAMENTO DE ESCOPO,
RISCO E MUDANÇAS EM
PROJETOS ÁGEIS
O início da década dos anos 2000 viu surgir o Manifesto Ágil, que foi uma
tentativa – bem-sucedida, é bom salientar – de conferir mais agilidade aos projetos
empresariais, sobretudo projetos de desenvolvimento e manutenção de software.
O Manifesto Ágil é um documento originado em uma reunião de diversos
profissionais de software, ocorrida em 2001 no estado norte-americano de Utah e
que é considerada um marco para as metodologias ágeis. Esses profissionais já
usavam metodologias ágeis como Scrum, eXtreme Programming (XP –
programação extrema), Feature Driven Development (FDD – desenvolvimento
orientado a requisitos), Dynamic System Development Model (DSDM – modelo
dinâmico de desenvolvimento de sistemas), Adaptative Software Development
(ADS – desenvolvimento de software adaptativo), entre outras técnicas. O
Manifesto surgiu em função de que essas metodologias – cada uma com suas
técnicas e características – reuniam princípios em comum, logo o Manifesto Ágil
é uma consolidação desses princípios.
Com o passar dos anos, o Scrum acabou se tornando a metodologia ágil
mais usada e não apenas em projetos de software, embora esse campo seja o
mais usual nas metodologias ágeis e para o próprio Scrum. Algumas razões
contribuíram para isso:
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1.2.1 Product owner (proprietário do produto)
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Figura 1 – Time Scrum
Créditos: Ivector/Shutterstock.
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segunda, a geração do balancete; numa terceira, a geração do balanço e assim
por diante.
Para facilitar o entendimento do conceito de épico, pense nele como um
módulo, pois normalmente o sistema é dividido em módulos e estes agrupam
funcionalidades, que são disponíveis, em geral por interfaces gráficas.
Você também pode encontrar em projetos ágeis o termo tema de negócio.
Trata-se de uma divisão ainda acima do épico. Podemos dizer então que um tema
é um agrupamento de épicos (ou requisitos). Tudo depende de como o backlog
do produto é escrito. Como se recomenda que essa escrita seja não muito
detalhada, é normal extrairmos os temas e épicos do backlog.
Vamos usar como exemplo o software financeiro citado anteriormente.
Poderíamos ter um tema chamado controle de recursos, que agruparia os épicos
citados (controlar as entradas e saídas de dinheiro; gerar o fluxo de caixa; emitir
os relatórios contábeis)
O agrupamento de épicos em temas não é obrigatório (nas metodologias
ágeis, obrigatório é apenas seguir seus princípios e valores), no entanto dá uma
visão melhor de como deve ser a estrutura do produto, por isso é recomendável
sempre que possível
Figura 2 – Scrum
Créditos: Joreks/Shutterstock.
Você deve ter percebido que alguns termos das metodologias ágeis provêm
do esporte (Scrum, por exemplo, é uma jogada do rugby). Agora veremos mais
um desses termos, que é emprestado do atletismo: sprint.
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O termo sprint em inglês significa arrancada. No atletismo, refere-se aos
momentos finais das corridas de fundo e meio fundo (800 m ou mais), nos quais
os corredores aumentam bastante a velocidade de modo que os adversários não
consigam ultrapassá-los.
Segundo Sbrocco e Macedo (2012, p. 164), “sprint representa a unidade
básica de desenvolvimento do Scrum, entendida como um esforço dentro de uma
‘caixa de tempo’; em outras palavras, um esforço restrito a uma duração
específica”.
Os projetos que usam o scrum acontecem por meio de sprints sequenciais,
as chamadas iterações. Cada sprint deve gerar um entregável para o cliente, que
tenha valor. Em cada sprint são desenvolvidos um ou mais requisitos contidos no
backlog e, assim, quando todas as sprints previstas são finalizadas e entregues,
o produto todo está entregue.
Recomenda-se que uma sprint dure entre duas e quatro semanas. Isso
porque não é um tempo tão curto, de modo que o time produza pouco, nem um
período tão longo no qual o cliente tenha de ficar esperando muito tempo por uma
entrega de valor. Contudo, como ditam os princípios das metodologias ágeis, cada
empresa e cada projeto devem definir qual o tempo necessário de cada sprint.
Também é possível que num mesmo projeto haja sprints com tempos diferentes.
Como o scrum é organizado em cerimônias, uma sprint também tem as
suas, algo que deve ser seguido pelo time e coordenado pelo Scrum master. E
nessas cerimônias, o escopo é bastante abordado e gerenciado, como veremos
na sequência.
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Figura 3 – Relação backlog x sprints
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Figura 4 – Visão geral da dinâmica da metodologia Scrum
Uma sprint no Scrum é dividida em estórias. Sim, isso mesmo, com e, uma
convenção do Scrum, devido ao fato de que vem da palavra story em inglês (e
não history). Outros a chamam pelo seu nome em inglês, user stories. Podemos
dizer que as estórias são o backlog da Sprint.
Seja qual for a forma de chamar as estórias, fato é que elas orientam o
trabalho do time e é mais um dos itens em que o escopo se concretiza e é
gerenciado.
É conveniente, para registro do projeto, portanto, o registro do escopo e
que se tenha um mapa das estórias. De acordo com Massari (2018, p. 58):
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Figura 5 – Mapa de user stories
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Critérios de aceitação
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Mas perceba que, depois do enunciado, a estória traz ainda mais um
elemento, os critérios de aceitação, que veremos a seguir.
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– nos quais artefatos visuais estejam descritos. Dessa forma, os critérios não
ficam tão extensos.
Contudo, o como fazer também deve constar do projeto. Isso é feito por
meio das tarefas de uma estória. Vejamos na sequência.
4.2 Tarefas
Se repararmos como as estórias são escritas, vamos concluir que ela está
na linguagem do P. O., do cliente ou de um usuário, tão somente. Tanto que
qualquer pessoa consegue compreender o que ali está descrito, seja no
enunciado ou nos critérios de aceitação.
Já as tarefas é que especificam como as estórias serão implementadas.
Aqui entram aspectos técnicos, os quais o P. O., o cliente ou o usuário não
precisam saber. Fazem sentido para o time de desenvolvimento.
Quando uma estória é apresentada ao time, a atividade seguinte vai ser a
de escrever essas tarefas, que em geral são escritas em post-its, que depois serão
afixados em um quadro estilo kanban. Essa definição de tarefas da estória é feita
pelos integrantes do time técnico.
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• Implementar interface;
• Criar banco de dados;
• Escrever rotina de inclusão e validação de conta;
• Aplicar testes unitários;
• Entre outras.
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E quem deve fazer cada tarefa? Em geral, os times de desenvolvimento já
têm tacitamente acertado quem faz cada tarefa, porém as técnicas ágeis
preconizam que qualquer integrante, em tese, pode fazer qualquer tarefa.
Um projeto Scrum é executado não apenas por meio das tarefas, mas
também pelas chamadas cerimônias. Trata-se de eventos que devem acontecer
em períodos predeterminados, dentro de uma sprint. Vamos entender quais são
essas cerimônias e como elas impactam no escopo ágil.
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Em geral, essas reuniões duram o dia todo, sendo a primeira (ou as duas
primeiras) dedicadas à apresentação da sprint, cerca de quatro ou cinco horas
para o planejamento do time e cerca de uma hora para a apresentação do time
sobre as estimativas e eventuais negociações. Caso uma ou mais estórias não
caibam no tempo da Sprint, normalmente passam para a sprint prevista seguinte,
o que cria um impacto no escopo do projeto.
Quanto ao escopo, o planejamento pode impactar em alteração na ordem
ou prioridade de requisitos, devido a fatores levantados pelo time de
desenvolvimento. Isso é comum em projetos ágeis. Portanto, o escopo deve ser
alterado quando isso ocorrer.
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possível em projetos ágeis, dada a natureza mais genérica da descrição e
detalhamento de backlog, sprints, estórias e tarefas.
Assim, uma providência salutar em projetos Scrum de tecnologia (software,
sobretudo) é que essa reunião seja feita em quintas-feiras, porque assim a sexta-
feira seria usada apenas para tais correções e ajustes. Caso esses não existam,
esse dia é utilizado para ações de implantação em produção do que foi construído.
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REFERÊNCIAS
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