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AULA 4

UTILIZAÇÃO DO
CANVAS EM PROJETOS

Profª Viviane Suchy


INTRODUÇÃO

Em complementaridade aos conceitos abordados nas aulas anteriores,


vamos agora observar a ferramenta Canvas sob a perspectiva do design thinking.
A contribuição se propõe a relacionar os conceitos e compreender que o Canvas
não é isoladamente uma ferramenta que rompe com o tradicional, mas sim que
está em consonância com um ambiente de pensamento criativo e colaborativo.
Adicionando conceitos, trataremos também nesta aula da perspectiva dos
métodos visuais. É uma abordagem relacional e, conforme Barbosa et al. (2018,
p. 102), trata-se da “visualização da informação como ferramentas estratégicas
para mitigarem os problemas do gerenciamento de projetos”. Pertinente, portanto,
ao que se propõem as ferramentas de auxílio à execução e ao gerenciamento dos
projetos.
A percepção do mercado de trabalho e dos estudiosos foi muito favorável
ao Business Model Canvas. Dessa forma, influenciou aplicações variadas em
projetos práticos, o que resultou em muitas variações. Além de ajustes no modelo,
muitos profissionais e estudiosos sugerem outras ferramentas e metodologias que
aplicam o Canvas para as áreas de projetos. Vamos nos aproximar, nesta aula e
na próxima, de algumas dessas variações.

TEMA 1 – DESIGN THINKING

Agora que já conhecemos o conceito, a composição e o detalhamento do


Business Model Canvas e do Project Model Canvas, podemos compreender a sua
relação com outras terminologias que tratam da inovação em negócios e da busca
por alternativas. Apresentaremos neste capítulo a relação com o design thinking
e suas complementaridades, oportunizando conhecer o próprio conceito e como
ele contribui para o Business Model Canvas e também para o ambiente de
projetos.
Ao observarmos que a proposta do Canvas assim como a abordagem do
design thinking priorizam a forma colaborativa de buscar soluções, já temos aí um
importante elo que pode agregar pontos interessantes a se considerar ao
cotidiano de projetos.

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1.1 Relação entre Canvas e design thinking

Para que possamos estabelecer uma relação com o design thinking, é


fundamental compreender também o que significa essa terminologia. A
abordagem design thinking trata da utilização de um modo criativo de pensar,
buscando gerar soluções levando-se em conta um problema delimitado, cocriando
possibilidades e, dessa forma, executar novas alternativas (Stickdorn; Schneider,
2014). É portanto também uma forma colaborativa de buscar soluções para os
questionamentos pertinentes, com o olhar voltado às necessidades.
Conforme apresentado por Reche e Muniz (2018), não existe um manual
de práticas para o processo de design thinking, porém são recorrentes as
seguintes etapas:

• Pensamento;
• Pesquisa;
• Ideação;
• Experimentação;
• Desenvolvimento; e
• Evolução.

Mesmo sendo um processo essencialmente criativo, prevalece a


necessidade de se encontrar uma linha guia de pensamento estruturado. O design
thinking, segundo Camargo e Ribas (2019), deve ser tratado não como uma
metodologia, mas como uma forma de pensar, um modelo mental. Esse olhar
voltado para a empatia, com pensamentos estruturantes de forma a responder
aos questionamentos do ponto de vista do cliente, é totalmente conectado ao
Business Model Canvas.
Essa correlação entre o design thinking e o Canvas é observada quando
percebemos a importância da empatia para ambos, mas também em relação à
colaboração e à experimentação que sugerem. Temos aqui uma condição de
observar a geração de valor sob o ponto de vista do cliente e a busca de soluções
vindas de perspectivas variadas, pois são contribuições de pessoas distintas.

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Figura 1 – Design thinking

Crédito: Tirachard/Adobe Stock.

De forma complementar, testar as possibilidades sugeridas permite ao


cenário de projetos, sobretudo ágeis, a possibilidade de encontrar falhas ainda em
fase de estudo e prototipação. Se existe a preocupação em validar as
possibilidades de erros e acertos em relação ao ponto de vista do cliente, então é
grande a chance de encontrar inconsistências. A assertividade passa a ser maior
do que se ignorarmos as objeções desses clientes.
As validações criativas, de forma prática, vêm a colaborar para o bom
aproveitamento de recursos e permite que os erros ocorram de forma mais rápida
e, portanto, a um menor custo. Conforme Camargo e Ribas (2019), “quanto mais
cedo (na linha do tempo) você errar, mais barato é. Imagine perceber que errou
somente um ano após ter lançado um produto”?
A abordagem do design thinking está muito alinhada às metodologias ágeis
e inclusive colabora para as três dimensões do chamado triângulo ágil. Conforme
Highsmith (2012), estas três dimensões compreendem:

• O valor, ou seja, o produto;


• As restrições, que se referem ao custo, cronograma e escopo;
• A qualidade: é confiável, adaptável.

Reforçamos, portanto a relação entre o design thinking, o Canvas e os


projetos ágeis. Além de estarem alinhados, são complementares no sentido de
buscarem uma melhor execução, assertividade e entrega ágil.

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TEMA 2 – ADERÊNCIA CANVAS EM PROJETOS

Entendendo o contexto e o propósito dos modelos Canvas existentes,


podemos aqui verificar a sua aderência ao cenário de projetos. Vamos fazer uma
abordagem prática, pontuando as vantagens e desvantagens de utilizar essa
ferramenta e suas metodologias sugeridas para o cenário que envolve projetos
ágeis.
Consideramos uma premissa o entendimento da temporalidade e entrega
pontual que envolve o projeto. Portanto, a utilização das metodologias que
envolvem o Canvas está sendo analisada na perspectiva de uma entrega pontual.
É uma entrega específica, que tem prazo para término. O próprio Guia PMBOK
conceitua, de forma resumida, um projeto como “um esforço temporário
empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, 2017;
p. 4). Abordaremos, portanto, neste capítulo as vantagens e desvantagens da
utilização do Canvas para o ambiente de projetos, considerando essas demandas
específicas que este contexto requer.

2.1 Vantagens e desvantagens

Como trabalhamos nas aulas anteriores, uma das características do


Canvas é o processo colaborativo. Consideramos essa característica da
colaboração uma significativa vantagem da utilização do Canvas em projetos. A
abordagem colaborativa das metodologias que utilizam o Canvas se opõe ao
modelo tradicional, quando temos abordagem mais narrativa e textual.
Assim, oportunizando um momento de interação entre os integrantes,
temos um importante alinhamento da equipe. Essa proximidade e interação
promovem a vantagem em termos de comunicação. A equipe tende a ficar mais
conectada ao colaborar simultaneamente para encontrar as soluções aos
componentes do Canvas.

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Figura 2 – Alinhamento da equipe

Crédito: Fizkes/Shutterstock.

O envolvimento com a ferramenta tem poucas barreiras de entrada, ou


seja, é democrático. Não é necessária uma formação específica para a utilização
do Canvas. Basta colaborar e seguir os componentes norteadores para que o
resultado seja visível. Obviamente é importante compreender a proposta de cada
componente, porém essa orientação pode ser feita por algum participante da
equipe para alinhamento das expectativas. São informações didáticas e com fácil
acesso.
Outra vantagem da utilização do Canvas no cenário de projetos é a
integração das partes, a qual é promovida entre os elementos. Com a abordagem
proposta por essas metodologias, as entregas estão bem contextualizadas. Outro
ponto importante é que a equipe toda tem a visão dessas integrações e
compreende o propósito das entregas.
Conforme Medeiros e Silva (2017), os modelos de Canvas trazem uma
nova perspectiva da aplicação de técnicas, com direcionamento e simplificação
das informações e também da documentação para o andamento dos projetos.
Essa simplificação é uma vantagem muito aguardada pelas equipes de projetos,
sobretudo nas situações de projetos menos complexos quando todo o repertório
de práticas do PMBOK acaba sendo demasiadamente robusto.

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A simplicidade da apresentação, no entanto, pode causar a falsa sensação
de que a documentação para o ambiente de processos é desnecessária. Camargo
e Ribas (2019, p. 66) ressalta:

Uma coisa importante que deve ser dita é que todo mundo sempre
espera uma fórmula milagrosa, que, como num passe de mágica,
forneça o planejamento mais perfeito do mundo de forma rápida, sem
perder tempo documentando, com todas as pessoas necessárias
engajadas e o projeto sendo executado com perfeição, completamente
correto, e, claro, podendo aceitar mudanças a qualquer hora, sem aquele
processos “burocráticos” de ter de buscar aprovações ou ter de se virar
para acomodar as mudanças solicitadas sem alterar prazo ou custo.

A ferramenta, no entanto, não pretende descaracterizar a importância dos


documentos em projetos, pois eles são muito importantes, mas pretende sim
colaborar com a estruturação e ser um referencial ou muitas vezes um ponto de
partida. Cada projeto deve ser analisado em suas particularidades para que seja
definida a documentação necessária. Aqui uma desvantagem pode surgir se a
proposta for absorvida com superficialidade ou a percepção de que a
documentação não é necessária. Sem a compreensão de complementaridade, a
equipe corre o risco de suprimir documentos importantes para o andamento e até
para o legado do projeto.

TEMA 3 – ESTRATÉGIA

A utilização do Canvas permite uma visão macro e sistêmica do modelo de


negócios. Uma das características bastante significativas do modelo Canvas é a
visão integrada das informações do modelo ou do projeto. É essa visão integrada
que permite a validação da estratégia ou mesmo do alinhamento do projeto à
estratégia empresarial. Tendo em vista essa relevância, vamos neste capítulo
ratificar a utilização do Canvas com o tema da estratégia empresarial.

3.1 Contribuição do Canvas para estratégia

O cenário empresarial e consequentemente o cenário de projetos estão


inseridos no contexto de resultado financeiro e competitividade. Por isso tratamos
aqui de abordar a perspectiva da estratégia e a contribuição da ferramenta Canvas
para esse aspecto empresarial. Conforme Oliveira (2001), podemos tratar a
vantagem competitiva como resultado da estratégia em seu ambiente. Alguns
estudos, como destaca Medeiros e Silva (2017, p. 15), têm demonstrado que os

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projetos vêm “sendo utilizados como mecanismos de operacionalização da
estratégia organizacional”.
A concepção do Business Model Canvas está exatamente relacionada ao
contexto de modelo de negócios e dessa forma estritamente ligada ao
estabelecimento e entendimento da estratégia empresarial. Considere também,
como trabalhamos nas aulas anteriores, as alterações e ampliações da estratégia
e a aderência do Business Model Canvas nessas situações. Ao desburocratizar
uma tarefa que de outro modo seria realizada com mais esforço, a ferramenta
Canvas permite aos tomadores de decisão uma disponibilidade para se dedicar
ao essencial.
Utilizando a referência da inteligência estratégica, observada como gerador
de informações para a criação de vantagem competitiva, podemos destacar sua
relevância para a sobrevivência no mercado empresarial (Reche; Muniz, 2018).
Nesse aspecto em particular já se justifica a ferramenta, porém a utilização é
fortalecida quando adicionamos a vantagem de revisitar a estratégia, de tempos
em tempos, e analisar se ainda estão propícias ao cenário.
Relacionando ainda a estratégia e a questão da inteligência, Reche e
Muniz (2018, p. 13) afirmam que:

A finalidade da Inteligência é permitir que a empresa possa agir no


momento certo, de forma rápida e eficaz, além de utilizar o mínimo de
recursos possíveis. Dessa maneira, ela contribui para o aumento e a
sustentação da competitividade da empresa. A Inteligência deve ser
percebida como uma ferramenta para a inovação contínua, pois a
capacidade de inovar está totalmente relacionada à capacidade de
compreender o ambiente externo da organização.

Podemos destacar o quanto a clareza dos componentes e da sua


correlação proporcionam aos gestores a oportunidade de refletir sobre a
estratégia da empresa de forma inteligente. O próprio momento em que a equipe
se dedica a esse assunto é uma vantagem, pois é uma interação participativa e
uma forma colaborativa de debater o tema.
Essa relação entre a estratégia e a ferramenta Canvas é tão estreita que
derivou inclusive um modelo específico para tratar o assunto. Esse modelo,
sugerido por Azevedo et al. (2018) e inspirado pelo Business Model Canvas,
propõe uma ferramenta para que se torne mais simples a visualização estratégica.
O nome da ferramenta é Strategic Model Canvas. Essa sugestão de ferramenta é
voltada especialmente ao gerenciamento estratégico e integra o Canvas, o

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triângulo de negócios (estratégia, organização e infraestrutura/Sistemas) e o
conceito de pensamento estratégico.

Figura 3 – Strategic Model Canvas

Iniciativas Metas Objetivos Ameaças Necessidades dos


Clientes

Indicadores Oportunidades
(KPI´s)

Capex Opex Valor do Negócio

Fonte: Azevedo et al., 2018.

A Figura 3 ilustra a ferramenta Strategic Model Canvas e podemos


perceber as adaptações e adequações dos componentes à necessidade da
administração estratégica. Este é um dos exemplos de adaptação de modelo
Canvas que podemos encontrar nas referências acadêmicas e também no próprio
mercado de trabalho. Esse modelo em especial reforça a importância das
ferramentas como o Canvas para a inteligência estratégia e para o profissional de
projetos. É preciso sempre visualizar os projetos em alinhamento com a estratégia
empresarial para melhor compreender a força e importância de cada projeto para
a organização. Essa visão macro fica muito bem esclarecida em um Business
Model Canvas ou um Strategic Model Canvas, por exemplo.

TEMA 4 – VARIADOS MODELOS VISUAIS CANVAS

Ao pesquisar o tema de Canvas para projetos, nos deparamos com


modelos variados, que referenciam ao Business Model Canvas e ao Project Model
Canvas, porém que promoveram adaptações de componentes, formas e
metodologia. São variações que os autores consideraram relevantes, por suas
experiências profissionais, e que serão abordadas nesta disciplina, pois visam
acrescentar sugestões e conhecimento à temática de Canvas para projetos.
Ressaltamos que não existem escolhas certas ou erradas, mas sim aquelas
conforme as particularidades de cada projeto, equipe e empresa.
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4.1 Diversidade de modelos visuais

Contextualizando os denominados modelos visuais, temos uma clara


percepção de como a informação é trabalhada pela equipe com a ferramenta
Canvas. Bastante distinto do estilo narrativo dos escopos tradicionais, o quadro
Canvas é essencialmente visual e intuitivo. Para facilitar a percepção da equipe
de projetos, Eppler e Platts (2009) mencionaram a utilização de painéis e
ferramentas visuais. O Canvas é exatamente um exemplo de ferramenta visual.
Quando abordamos a utilização de ferramentas visuais, temos à disposição
um vasto repertório, como vídeos, protótipos, diagramação, modelagens e
imagens principalmente. Como bem citou Barbosa et al. (2018), é a visualização
explícita de um conhecimento que anteriormente era implícito.
A existência de variados modelos de Canvas é um exemplo da agilidade
existente no ambiente de projetos. Conforme Vidal (2017, p. 19), “o melhor plano
é aquele que você pode mudar a qualquer momento! Ou seja, planejar muito não
significa oferecer previsibilidade, e sim permitir que mudanças que possam vir a
ocorrer sejam atendidas!”. Exatamente percebendo essa crescente utilização dos
modelos Canvas em negócios e projetos, podemos aproveitar o benefício da
variedade para ampliar o conhecimento e fazer a escolha mais adequada a cada
projeto e equipe.
Uma característica comum relativa aos projetos de diversas áreas é a
grande quantidade de informações. Essa característica pode se configurar
também num grande risco ao projeto, pois é preciso utilizar de boas práticas para
que a informação seja tratada de forma inteligente. Evitando que informações
importantes sejam suprimidas ou não compartilhadas, é possível ter maior
assertividade na entrega de valor do projeto, o que contribui, portanto, para o
cenário de projetos a representação visual de informações. Barbosa et al. (2018,
p. 105) foram muito felizes em afirmar que “a representação visual é superior a
representações verbais e pode facilitar a análise de informações representadas
pelo elevado volume”. Popularmente é comum utilizarmos a expressão “quer que
eu desenhe?” quando queremos ter a certeza de que o outro compreendeu.
Corriqueiramente ainda fazemos isso de forma a dizer que, com o desenho,
qualquer um seria capaz de compreender até os mais complexos conceitos.
É evidente a correlação benéfica da utilização dos recursos visuais em
projetos. Existe a necessidade de os envolvidos terem mais do que o contato com

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a informação: precisam compreender e assimilar mentalmente as informações
para darem andamento ao projeto. A temática é reforçada por Barbosa et al.
(2018, p. 105):

Os benefícios em se utilizar a visualização da informação na gestão de


projetos são amplos, entre eles pode-se destacar: a ampliação das
atividades cognitivas dos envolvidos no projeto; melhora no
entendimento e aproveitamento do que é exposto; apoio ao processo de
aquisição e solidificação de conhecimento por meio da descoberta de
informações.

Conforme Medeiros (2017, p. 6), a gestão visual, além de ter sua


fundamentação na abordagem Lean, pode ser vista com outras denominações
quando correlacionamos “comunicação visual, controle visual, quadro visual, entre
outras”. Reforça ainda que a gestão visual “pode ser conceituada como uma
prática capaz de promover a visualização de informações e exibir requisitos para
definir direcionamentos” (Medeiros, 2017, p. 52). Essa abordagem realizada por
Medeiros é essencialmente pertinente ao ambiente de projetos, pois faz referência
à abordagem dos métodos enxutos desenvolvidos na indústria japonesa quando
menciona Lean. Com base nessa leitura, existe uma condução para que outras
áreas além da produção também se beneficiem da gestão visual, como é o caso
dos Canvas em projetos.
Ainda abordado por Medeiros (2017), vemos que a área de processos
também se beneficia dos modelos visuais, ao apresentar a lógica dos fluxos. Os
modelos visuais contribuem também para o gerenciamento dos processos e
atividades correlatos ao andamento dos projetos.

Figura 4 – Os modelos visuais contribuem também para o gerenciamento dos


processos

Crédito: Fotogestoeber/Shutterstock.

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Para a área de projetos as contribuições são recentes e vieram a partir do
Business Model Canvas e suas variações, como o Project Model Canvas. Com
esse olhar positivo das variações para Canvas em projetos, apresentaremos a
seguir outros modelos:

• Life Cycle Canvas;


• Project Model Visual (PM Visual);
• Ágile Think Canvas.

Considerando que o entendimento do funcionamento e lógica dos Canvas


já foram absorvidos nas aulas anteriores, a explanação estará mais dedicada à
estrutura de cada um dos modelos. Didaticamente faremos essa explanação nos
capítulos a seguir, utilizando além desta a próxima aula.

TEMA 5 – LIFE CYCLE CANVAS

O Life Cycle Canvas é uma das variações de modelo visual para a área de
projetos. Foi desenvolvido e apresentado por Veras (2016) e considera na sua
composição a gestão do ciclo de vida de um projeto. Veremos a seguir o
detalhamento desse Canvas e poderemos compreender as suas particularidades
e a adequação para a utilização em projetos.

5.1 Detalhamento Life Cycle Canvas

Ao visualizar essa variação de Canvas para projetos, percebemos que a


abordagem de diferenciação do Life Cycle Canvas é feita principalmente em
função da gestão do ciclo de vida do projeto. Ele é formulado considerando todo
o fluxo, ou seja, temos que observar o preenchimento das telas desde a iniciação
até o encerramento do projeto. Conforme explicitado em PMI (2017), os processos
de gerenciamento de um projeto são cinco: iniciação, planejamento, execução,
monitoramento/controle e encerramento. No Canvas apresentado por Veras
(2016), os processos de execução e monitoramento/controle são vistos em
conjunto, resultando assim em quatro etapas.
O Life Cycle Canvas é constituído dessa forma de quatro versões finais da
tela de Canvas, que são sequenciais e que correspondem às etapas do
gerenciamento de projetos, por isso a referência ao ciclo de vida do projeto. Estão
presentes alguns campos com informações pertinentes ao projeto como nome do
projeto, patrocinador, ciclo de vida, versão, lições aprendidas, entre outros.
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Os componentes a serem trabalhados nesta proposição de Canvas são
bem aderentes ao vocabulário de projetos. São 15 componentes: justificativas,
objetivos, benefícios, produtos, requisitos, restrições, partes interessadas, equipe,
comunicações, premissas, entregas, aquisições, riscos, custos e tempo. Os itens
denominados justificativas, objetivos e benefícios estarão presentes no Canvas
de abertura e de encerramento, não sendo necessários nas duas etapas
intermediarias.

Figura 2 – Life Cycle Canvas

Projeto Indicador Geral de Ciclo de Vida M&C


Título: Desempenho do Projeto IN PL EX EN Data:
Pitch: TAP PGP REP TEP Local:

Justificativas Produto Partes Interessadas Premissas Riscos

Objetivos Requisitos Equipe Entregas Tempo

Benefícios Restrições Comunicações Aquisições Custo

Lições Aprendidas Versão Gerente do Projeto Patrocinador Cliente

Fonte: Veras, 2016

A Figura 2 é a demonstração do Canvas sugerido por Veras (2016), que


também tem presente os questionamentos norteadores destacados visualmente
através das diferentes cores. Os questionamentos nessa ferramenta
correspondem às perguntas: por quê? O quê? Quem? Como? Quando? e
quanto?
Esse modelo também indica a produção dos artefatos citados no PMBOK.
Os artefatos entregues são o próprio Canvas em cada uma das etapas, sendo
assim menos formais e mais simplificados (Medeiros, 2017). Os artefatos são os
seguintes:
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• Termo de abertura do projeto (TAP);
• Plano de gerenciamento do projeto (PGP);
• Relatório executivo do projeto (REP); e
• Termo de encerramento do projeto (TEP).

Medeiros (2017, p. 17) em seu estudo, dedicou-se a analisar o modelo Life


Cycle Canvas para o planejamento de projetos e destaca

O LCC propõe a gestão visual de projetos em um fluxo dinâmico de


processos em todo o seu ciclo de vida, trazendo alguns elementos
estruturais de modelos considerados tradicionais, como o PMBOK e o
PRINCE2, porém, sem desconsiderar a lógica de se utilizar telas em
formato dinâmico construídas em um fluxo sequencial de atividades,
com fatores-chave para representar as áreas de conhecimento, e ao
mesmo tempo, sugerindo o uso de ferramentas de apoio ao
planejamento que também são recomendadas pelo Guia PMBOK.

Essa ferramenta tem muita aderência ao trabalho na área de projetos e se


coloca de forma robusta fazendo a cobertura de requisitos e etapas. Existem
muitas particularidades e detalhamentos da metodologia que podem ser
aprofundados nas referências bibliográficas. A contribuição do Life Cycle Canvas
é feita levando em consideração as diretrizes e orientações do PMBOK,
promovendo uma agregação de recursos para que o gerente de projetos e sua
equipe sejam assertivos em suas ações e entregas, principalmente olhando para
todo o ciclo de vida do projeto.

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REFERÊNCIAS

AZEVEDO, P. H. D. A. M. et al. Strategic model canvas: uma proposta de


ferramenta para otimizar o planejamento estratégico. Revista de Gestão e
Projetos, v. 9, n. 3, set./dez. 2018.

BARBOSA, F. J. M. et al. Visualização da informação e métodos visuais como


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Projetos – GeP, v. 9, n. 1. jan.-abr. 2018.

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EPPLER, M.; PLATTS, K. Visual strategizing: the systematic use of visualization


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19 jan. 2009.

HIGHSMITH, J. Gerenciamento ágil de projeto: cirando produtos inovadores.


Rio de Janeiro, Alta Books, 2012.

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13 e 14 nov. 2017.

MEDEIROS, B. C. Life Cycle Canvas (LCC): análise de um modelo de gestão


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Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2017.

OLIVEIRA, D. P. R. de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e


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PMBOK - A guide to the project management body of knowledge (PMBOK


Guide). 6. ed. Newtown Square: PMI, 2017.

RECHE M. M.; MUNIZ, R.J. Inteligência estratégica e design thinking: conceitos


complementares, sequenciais e recorrentes para estratégia inovativa. Future
Studies Research Journal, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 82-108, jan.-abr. 2018.

STICKDORN, M.; SCHNEIDER, J. Isto é design thinking de


serviços:fFundamentos, ferramentas, casos. Porto Alegre: Bookman, 2014.

VERAS, M. Gestão dinâmica de projetos: Life Cycle Canvas. Rio de Janeiro:


Brasport, 2016.

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VIDAL, A. Agile Think Canvas. Rio de Janeiro: Brasport, 2017.

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