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GERENCIAMENTO DE ESCOPO,
RISCO E MUDANÇAS EM
PROJETOS ÁGEIS
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trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto, serviço ou resultado
com os recursos e funções especificados” (PMI, 2000).
Ainda de acordo com o PMBOK®, o escopo de um projeto deve ter o
trabalho necessário de modo que o projeto seja realizado com sucesso. Detalhe:
deve ser apenas o necessário, pois entregar mais do que é solicitado pode gerar
riscos ao projeto. Por isso a importância do escopo. É ele que vai determinar o
que será feito no projeto, seus limites, quais recursos serão usados e de que
maneiras, e até mesmo, em muitos casos, conter o não escopo, ou seja, aquilo
que não fará parte do projeto. Por exemplo, no projeto de construção de uma casa,
o escopo pode definir que será feita uma cozinha, e pode haver uma observação
(nesse caso, o não escopo), informando que não serão feitos armários nessa
cozinha.
Saiba mais
Acesse o link a seguir e veja neste vídeo um pouco mais sobre o Project
Management Institute, entidade que edita e mantém o PMBOK®:
O QUE É o PMI – Project Management Institute. PMI Ceará, 28 maio 2019.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7rw4ySJ_-fY>. Acesso em: 3
nov. 2020.
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coisa é a lista de ingredientes e o modo de trabalhar com esses ingredientes, outra
é o bolo em si.
Cada um desses elementos tem o seu próprio escopo. Vejamos cada um
deles.
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1.2 Declaração de escopo
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entregue em etapas (interações) e a documentação é item secundário e a qual se
recomenda ser breve e sucinta. Logo, você pode se perguntar: diante disso, como
é feita uma declaração de escopo em projetos com metodologias ágeis?
É o que veremos na sequência.
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Figura 2 – Metodologia ágil versus metodologia tradicional
Mas perceba que, dessa forma, muita coisa é discutida sem se ter ainda ao
menos um protótipo do software. No máximo, alguns esboços de telas e relatórios.
Investe-se muito tempo em discussões técnicas, sem a presença do
cliente/patrocinador. E este normalmente tem de esperar um tempo considerável
para poder ver algum resultado prático, geralmente nas fases de testes e
homologações, que acontecem um bom tempo depois do início do projeto, o que
é algo que deixa muitas vezes as pessoas ansiosas, sendo essa a razão principal
de desgastes e pressões, criando um clima pesado no projeto. Também é comum
ocorrerem atrasos em cronogramas e estouro de orçamentos, que trazem ainda
mais problemas às equipes de projetos.
Esses atrasos ocorrem justamente por causa dos requisitos. Por várias
razões: requisitos podem sofrer mudanças ao longo do projeto, aliás, algo
absolutamente normal, dada a dinâmica dos negócios e normativas. Na fase de
discussão dos requisitos, há funcionalidades que não foram corretamente
descritas, devido ao desconhecimento dos participantes ou ausência de pessoas
chaves. Requisitos podem ter suas prioridades definidas erradamente, isto é, um
requisito prioritário pode ser tratado como secundário ou vice-versa. Por fim, pode
haver requisitos importantes deixados de fora do projeto, pela mesma razão de
desconhecimento ou a não participação de pessoas importantes no projeto.
Com isso, os projetos têm de ser revistos, há retrabalho, interrupções,
revisões de custos e cronogramas etc., ou seja, uma série de problemas causados
pelo engessamento que as metodologias tradicionais possuem.
Embora as metodologias tradicionais tenham seus benefícios e uma
infinidade de produtos tenham sido concebidos com o uso dessas técnicas, os
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problemas acima descritos sempre foram uma forte preocupação dos profissionais
envolvidos com projetos, tanto que, a partir dos anos 1990, com o crescente
aumento da tecnologia e o uso de projetos pelas organizações, nasceram
movimentos para se encontrarem formas de tornar menos estressantes a
execução e a gestão dos projetos. O cerne desses movimentos foi tornar mais
ágeis as fases de concepção e execução dos projetos, eliminando ou pelo menos
reduzindo drasticamente os problemas que vimos acima por meio de adoção de
novas abordagens.
Saiba mais
Seja qual for a metodologia que usemos para um projeto, o escopo sempre
estará presente. Não há projeto sem escopo. É o escopo que determina o que vai
ser feito e como vai ser feito. Assim, é falso afirmar que nas metodologias ágeis
não há um escopo. Ele existe, entretanto tem uma abordagem diferente das
metodologias tradicionais.
Nas metodologias tradicionais, existem fases bem definidas, em geral no
início do projeto, nas quais se documentam os requisitos e a solução técnica, de
preferência com o maior nível de detalhe possível. Somente depois disso é que a
execução do projeto começa efetivamente. Já os métodos ágeis preveem que é
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mais importante um software em funcionamento do que documentação
abrangente. Neste ponto, também devemos entender que as metodologias ágeis
não dispensam a documentação e apenas fazem dela algo bem menos extenso e
detalhado, pois a preocupação dos métodos ágeis é entregar o produto com suas
funcionalidades corretas, acima de tudo. Nas metodologias ágeis, como afirma
Foggetti (2014, p. 19), deve-se “utilizar mais tempo na implementação do que na
documentação, mas, ainda assim, ter documentos objetivos para que o
conhecimento não seja perdido”.
O escopo de projetos invariavelmente é expresso em forma documental.
Mas se nas metodologias ágeis a documentação é um item de menor
detalhamento e relevância e os projetos não dispensam um escopo, como tratar
esse fator nos métodos ágeis?
Para resolver essa questão, nas metodologias ágeis existe um artefato
chamado backlog do produto. Assim, para compreendermos o escopo dentro de
metodologias ágeis, temos de entender o que é esse backlog, uma terminologia
básica em métodos ágeis.
3.1 Backlog
É comum que o cliente – aquele que vai usar o produto – tenha uma visão
menos nítida desse produto do que do problema que ele quer resolver. Portanto
as metodologias tradicionais pecam no sentido de que forçam o cliente a elencar
todo o escopo do produto, em mínimos detalhes, quando isso, para ele, em muitos
casos, é uma tarefa difícil, pois tendo apenas uma visão macro da solução e
conhecimento dos problemas a serem resolvidos, ele não terá o conhecimento de
como detalhar um escopo, de como dissecar requisitos e seus pormenores.
As metodologias ágeis desoneram o cliente dessa tarefa de detalhar
profundamente o escopo. Elas compreendem esse paradigma do cliente: visão
macro do produto e entendimento mais profundo dos problemas a serem
resolvidos. Assim, o cliente é instigado a participar da elaboração do backlog do
projeto e não de um detalhamento complexo de escopo.
Uma vez detectada a viabilidade da solução, as metodologias ágeis
preveem a elaboração de uma lista de funcionalidades, não muito complexas, mas
o suficiente para entender o que é a funcionalidade. O backlog nada mais é do
que essa lista de funcionalidades. É com o backlog que o projeto começa.
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Figura 3 – Backlog
Duarte (2016, p. 31) afirma que o backlog é “uma lista ordenada por
prioridade de tudo que deve ser necessário no produto, e origem única dos
requisitos para qualquer mudança a ser feita no mesmo”. Repare que o autor
menciona o termo prioridade. Em backlogs, a prioridade de cada funcionalidade
(ou requisito) é importante para definirmos quando vamos construir cada um
desses requisitos.
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• Observações ou notas: eventuais informações complementares do
requisito, por exemplo, “a fonte do relatório de pedidos deverá ser da família
verdana”.
Portanto, preparar um backlog não é das tarefas mais difíceis (como quase
tudo nas metodologias ágeis). Uma planilha ou editor de textos é mais que
suficiente para essa atividade.
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naturalmente. Portanto todo requisito pode ser objeto de negociação a qualquer
tempo entre cliente e equipe de projeto.
Valuable (com valor, relevante)
Um requisito sem valor, isto é, sem relevância para o cliente, não deve ser
implementado, assim deve ser retirado do backlog ou ser alterado. Requisito de
valor é aquilo que confere valor ao negócio, ser importante para atingir os objetivos
do projeto. Por exemplo, em um desenvolvimento de um site de e-commerce, um
requisito importante é implementar integração com todas as bandeiras de cartão
de crédito.
Estimable (estimável)
Cada requisito deve ter uma estimativa de quanto tempo vai levar para ser
desenvolvido/produzido. Sem isso, sua construção não deve ser iniciada. Essa
estimativa deve ser feita pelo time ágil. Vale lembrar que estimativas não precisam
ser exatas, mas razoáveis. Por isso a importância de pessoas com experiência no
time.
Small (pequena)
Um requisito, como vimos, será transformada em uma estória. A estrutura
da estória é composta de um enunciado (a quem o requisito serve, o que o
requisito deve fazer e que benefícios traz ao produto) e de critérios de aceitação
(lista de itens verificáveis da estória, se todos esses itens forem atendidos, o
requisito/estória é considerado construído). O que esse critério significa é que
boas estórias são pequenas, têm redação concisa, o que inclusive dá mais
precisão na sua estimativa.
Testable (testável)
Estórias devem ter critérios de aceitação que permitam testar o que foi
construído. Um bom critério é objetivo nesse sentido. Por exemplo, o critério deve
ser “Ao cadastrar o CPF, os dois dígitos verificadores devem ser validados
conforme o módulo 11” e não algo como “Os dígitos verificadores do CPF devem
estar corretos para prosseguir o cadastro”.
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TEMA 4 – PRIORIZAÇÃO DE REQUISITOS
Vimos que criar um backlog em si não é uma tarefa difícil. Contudo dois
itens dão um pouco mais de trabalho: a priorização e as estimativas de tempo de
construção. Por ora, vamos tratar da priorização.
Há um célebre artigo publicado em 2011, no site da Scrum Alliance
(entidade certificadora na metodologia ágil Scrum), de autoria do professor de
ciência da computação James O. Coplien, da Universidade de Bruxelas, Bélgica.
Nesse artigo, ele afirma que:
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• Alto risco e alto valor;
• Baixo risco e baixo valor;
• Baixo risco e alto valor.
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Scorecard
Técnica bastante usada para priorizar e ordenar requisitos. No entanto, o
cliente e demais integrantes do time de projeto devem estar bastante alinhados.
Isto porque devem ser atribuídos pesos e notas a critérios e categorias, o que
exige por vezes discussões para definir quais as categorias e seus pesos, bem
como as notas de cada requisito. Essa técnica funciona da seguinte forma:
MoSCOW
Técnica de priorização bastante utilizada em métodos ágeis, especialmente
o Scrum. É um acrônimo em inglês para as palavras:
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REFERÊNCIAS
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