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Integração de práticas ágeis com

metodologias tradicionais

Apresentação
O planejamento de projetos se faz fundamental na medida em que, hoje, não se pode arriscar a
perder tempo e dinheiro. Com as metodologias para o desenvolvimento de softwares que estão à
nossa disposição, esse trabalho fica mais confiável e assertivo. Tudo que se desenvolve de software
hoje em dia está ancorado em um projeto e, cada vez mais, se torna importante seu gerenciamento.

Apesar de as metodologias ágeis serem as mais utilizadas nas empresas hoje em dia, há benefícios
oriundos das metodologias tradicionais que podem ser acoplados às práticas ágeis.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará essas metodologias para conhecer o melhor dos
dois mundos, ou seja, do tradicional e do ágil, e, com essa bagagem de informações, saberá mais
sobre o framework híbrido, que atualmente ganha espaço nas empresas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar por que as práticas ágeis são organizadas como frameworks.


• Identificar os frameworks híbridos.
• Comparar práticas ágeis com as metodologias tradicionais no desenvolvimento de software.
Infográfico
A integração de práticas ágeis com as tradicionais tem sido cada vez mais utilizada e reconhecida
por sua eficiência no desenvolvimento de software. É a mistura do melhor de cada metodologia a
serviço de um planejamento mais eficaz.

Neste Infográfico, veja um comparativo entre as metodologias e os benefícios que cada uma
oferece.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Conteúdo do livro
As metodologias ágeis e os modelos tradicionais podem ser integrados e adotados de forma híbrida
nas empresas. O objetivo é agregar a esse novo modelo as especificidades técnicas e conceituais
dos outros, a fim de melhorar o fluxo de desenvolvimento de software dentro das instituições.

No capítulo Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais, da obra Desenvolvimento de


software com metodologias ágeis, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o
que é um framework híbrido, além de comparar as diferenças entre práticas ágeis e tradicionais no
desenvolvimento de projetos de software.

Boa leitura.
DESENVOLVIMENTO
DE SOFTWARE COM
METODOLOGIAS ÁGEIS

Wheslley Rimar Bezerra


Integração de práticas
ágeis com metodologias
tradicionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar por que as práticas ágeis são organizadas como frameworks.


 Identificar os frameworks híbridos.
 Comparar práticas ágeis com as metodologias tradicionais no desen-
volvimento de software.

Introdução
A área de desenvolvimento de software é muito ampla e rica em recursos
e ferramentas que tornam o caminho de um programador mais leve na
construção de soluções para a empresa em que trabalha e para os clientes
dela. Essas ferramentas não necessariamente são de software, sendo muitas
vezes conceituais. Elas reforçam ainda mais a ideia de que deve haver mu-
danças na mentalidade das equipes de desenvolvimento, de forma que elas
vejam a necessidade de buscar mais produtividade e ser autogerenciáveis.
Neste capítulo, você vai aprender quais são os frameworks ágeis utili-
zados pelas grandes empresas, identificar quais frameworks utilizam abor-
dagem híbrida, além de comparar as práticas ágeis com as tradicionais.

1 Organização de metodologias ágeis em


frameworks
O mundo corporativo atual exige de seus profissionais muita agilidade, alta
performance e flexibilidade para enfrentarem os desafios que podem surgir
no dia a dia das empresas. Logo, para acompanhar esse dinamismo, as insti-
tuições precisam modificar seus mindsets, ou seja, deve haver uma mudança
2 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

comportamental de seus gestores e equipes como um todo e, por conseguinte,


essas mudanças se aplicam fisicamente em suas estruturas organizacionais.
Nesse sentido, quando falamos em desenvolvimento de sistemas, natu-
ralmente surge o interesse em se utilizar metodologias ágeis, pois elas são
conhecidas por aumentarem a performance das equipes de desenvolvimento.
Essas práticas estão organizadas em frameworks. Mas o que são frameworks
no contexto ágil? Em síntese, podemos dizer que eles são identificados como
estruturas que dão suporte ao gerenciamento de projetos, adicionando regras,
técnicas, princípios e conceitos que facilitam o fazer profissional das equipes
que os implementam.
Existem diversos frameworks que adotam os princípios ágeis e, por esse
motivo, é importante que se tenha conhecimento satisfatório sobre eles para
que haja uma implementação sem muitas dificuldades.

Os modelos ágeis, em sua maioria, são conhecidos por priorizarem as entregas, não
dedicando tanto tempo ou esforço para documentações nos projetos. Entretanto, as
equipes devem tomar muito cuidado com a falta de documentação, principalmente
quando o software é demasiadamente complexo, pois os clientes podem ser impac-
tados negativamente por não conseguirem utilizar o sistema de maneira adequada e
a equipe pode perder as nuances do projeto, ou seja, as particularidades.

A seguir, veja quais são os frameworks ágeis que têm grande influência
no mercado.

Scrum — Este framework certamente é o mais conhecido e aplicado no coti-


diano das empresas. Sua estrutura se dá com a formação de equipes pequenas,
multidisciplinares e autogerenciáveis, que fazem entregas parciais do produto
a cada ciclo de desenvolvimento (sprint). O Scrum tem papéis bem definidos,
tais como: product owner, Scrum Master e time de desenvolvimento.
Além disso, em seus moldes há quatro eventos principais, também cha-
mados de cerimônias, a saber: planejamento da sprint, reunião diária, revisão
da sprint e retrospectiva da sprint. Esses momentos em que a equipe se reúne
com seus próprios integrantes ou com os clientes são muito importantes, pois
elucidam a transparência que um projeto Scrum deve ter.
Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais 3

Em resumo, nessas cerimônias são realizados os planejamentos de como


será conduzido o projeto e de como serão organizadas as entregas em cada
ciclo de desenvolvimento.
Adiante, temos os artefatos product backlog, sprint backlog e incremento.
Neles, temos a definição e a visão de quais são as tarefas que precisam ser
construídas e, ao final, quais funcionalidades serão entregues. E, finalmente,
na estrutura Scrum há regras, que são acordos definidos entre o time para
que o projeto seja bem conduzido. Segundo Schwaber e Sutherland (2017),
mesmo que haja a possibilidade de se colocar em prática apenas partes do
framework, o resultado não será Scrum. Para que seja Scrum, o framework
deve ser implementado por completo.

Extreme Programming (XP) — Este framework, muito utilizado em desen-


volvimento de software e em consonância com o Manifesto ágil, baseia-se
em cinco valores essenciais: comunicação, feedback, coragem, simplicidade e
respeito. Apesar de ser muito semelhante ao Scrum, o XP tem uma visão mais
voltada ao operacional, enquanto o Scrum tem foco maior no gerenciamento
do projeto como um todo. É verdade, porém, que eles podem se complementar
em alguns aspectos. Assim, como o próprio nome diz, o XP busca explorar
ao máximo (ao extremo) as boas práticas de desenvolvimento de software.
Em suma, um projeto conduzido com o framework XP deve ter suas fun-
cionalidades testadas ao máximo, além de ser revisado constantemente e
refatorado, se necessário. Por fim, as funcionalidades devem ser bem simples
de ser implementadas e operadas. Isso significa que todas as práticas de de-
senvolvimento recomendadas devem ser amplificadas e levadas ao extremo.

O Manifesto ágil é um documento que fundamenta o desenvolvimento ágil. Nele, estão


princípios e valores que têm como proposta nortear o comportamento das equipes
ágeis, permitindo que elas estejam dedicadas ao que realmente agrega valor tanto
para o projeto quanto para o cliente que o solicitou.

Kanban — Apesar de não ser um framework, o Kanban aparece nessa lista,


pois é uma excelente ferramenta de apoio ao desenvolvimento de software
e é considerado como uma filosofia de trabalho, tendo melhores resultados
4 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

quando aplicado a metodologias ágeis, como o Scrum. O Kanban é originário


do Sistema Toyota de Produção e significa “registro ou placa visível” (BOR-
TOLUCI, 2017). De forma bem sucinta, com o Kanban é possível determinar
como está o fluxo de desenvolvimento de um produto. Basicamente, por meio
de cartões ou blocos de notas são feitas sinalizações que indicam em que etapa
do desenvolvimento está determinada tarefa ou funcionalidade.
O Kanban traz como proposta uma forma melhor de visualizar a evolução de
um produto. Em geral, são utilizados os termos to do (a fazer), doing (fazendo)
e done (feito/pronto) para categorizar as tarefas. Dessa forma, é possível ter
um controle sobre como está a produção de determinada funcionalidade de
um software, por exemplo.

2 Frameworks híbridos
Os modelos ágeis geralmente são frameworks muito bem definidos, estrutura-
dos e funcionam muito bem sozinhos, mas é possível potencializá-los, fazendo
a junção com ferramentas mais tradicionais. Esses frameworks, agora híbridos,
unem o que há de melhor em cada um, absorvendo os benefícios de ambas as
abordagens. Os frameworks ágeis enxergam o projeto como um fluxo contínuo
e os modelos tradicionais enxergam o projeto de forma analítica. Segundo
Silva (2019), uma abordagem ou modelo híbrido se dá com a combinação de
qualquer framework ágil com qualquer modelo tradicional, na qual o modelo
resultante se beneficia das características de cada abordagem.

Adaptive Software Development (ASD) — Esse método, proposto por Hi-


ghsmith, une os princípios ágeis, como as entregas parciais de um produto,
as equipes autogerenciáveis, a adaptação às mudanças que ocorrem no ciclo
de vida do projeto e os ciclos iterativos, com as características de abordagens
tradicionais, como uma lista de tarefas que devem ser executadas em cada
ciclo, a construção de um cronograma com datas definidas pela equipe que
exigem comprometimento, ao invés de datas flexíveis e, finalmente, a análise
de riscos e o monitoramento do cronograma (SILVA, 2015).

Water-Scrum-Fall — Essa abordagem híbrida se vale do modelo de desen-


volvimento de software tradicional cascata (Waterfall) e modelo ágil Scrum.
Nele, o produto é desenvolvido de maneira iterativa como no Scrum, mas tem
conceitos do modelo cascata (Waterfall) em sua estrutura, a fim de planejar
e documentar o projeto.
Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais 5

Não é de hoje que as empresas enfrentam dificuldades quando fazem


uso exclusivo de uma abordagem em cascata. Como forma de resolver essas
dificuldades, muitas instituições migram diretamente para a abordagem ágil
sem se preparar antes.
Um fato importante é: o modelo tradicional não precisa ser abandonado
por completo e uma abordagem flexível, como o Water-Scrum-Fall, pode ser
a solução, visto que ela permite que os times de desenvolvimento consigam
absorver melhor as características do projeto, uma vez que o Scrum é inserido
no meio do modelo cascata. Além disso, esse modelo possibilita uma melhor
compreensão quanto às necessidades do cliente.
No modelo Water-Scrum-Fall, a parte visual de um projeto web, por
exemplo, pode ser inserida em um grau elevado de planejamento, passando
por validações até ser aprovado, seguindo uma abordagem mais tradicional
(cascata). Por outro lado, o backend pode ser desenvolvido de forma iterativa,
seguindo uma abordagem ágil (Scrum).

Ágil-cascata (Agile-Waterfall)
Muito similar ao modelo Water-Scrum-Fall, esse modelo pode ser aplicado ao
desenvolvimento de software e implementa conceitos da estrutura em cascata
e do modelo ágil. Conforme podemos observar na Figura 1, de maneira geral,
suas etapas (sequenciais e cíclicas) podem ser as descritas a seguir.
As etapas sequenciais envolvem os seguintes processos.

 Research (Pesquisa): etapa inicial de pesquisa e entendimento do escopo


do projeto. Nesta fase, a equipe tem uma visão geral de como deverá
ser o software, entendendo quais necessidades ele deve suprir.
 Strategize (Traçar estratégias/Planejamento): etapa de planejamento do
projeto como um todo, na qual todas as estratégias são formuladas para
que o fluxo de desenvolvimento aconteça da melhor forma possível.
 Document requirements (Requisitos do documento): aqui é feita a coleta
de todas as informações necessárias para que o projeto seja desenvolvido.
Todas as particularidades devem ser expostas para que a equipe tenha
uma visão detalhada do escopo do projeto e suas nuances.
 System design (Projeto do sistema): nesta fase ocorre a prototipação
do sistema que será desenvolvido, podendo ser por meio de wirefra-
mes (modelo de interface de como devem ser as páginas ou telas) com
detalhes visuais do software.
6 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

Todavia, as cíclicas têm as seguintes fases:

 Develop (Desenvolvimento): fase de construção do software, na qual


ocorre a codificação das telas e das funcionalidades do produto.
 Integration and testing (Integração e testes): etapa de testes da aplica-
ção. Pode ocorrer sempre que uma funcionalidade tiver sido concluída.
Nela, são verificados possíveis erros de código ou lógica que passaram
despercebidos pelos programadores.
 Deploy (Implantação): etapa de entrega do produto, na qual ele é co-
locado em uma infraestrutura de produção e poderá será utilizado
pelo cliente. Esta fase ocorre sempre após uma funcionalidade ser
desenvolvida, testada e aprovada.
 Support/maintenance (Suporte e manutenção): após a entrega do produto,
dependendo do contrato firmado entre a empresa e o cliente, podem
ocorrer momentos de suporte e manutenção da aplicação, visando a
manter o programa sempre atualizado com as tecnologias mais recentes.

Research Checkpoint

Strategize Checkpoint

Document
Checkpoint
requirements

System Checkpoint
design

Develop

Support/ Integration
maintenance and testing

Deploy

Figura 1. Modelo híbrido ágil-cascata (Agile-Waterfall).


Fonte: Adaptada de Lucidchart Content Team ([20––]).
Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais 7

Este modelo pode ser considerado em uma empresa nas seguintes situações
(LUCIDCHART, CONTENT TEAM, [20––]):

 quando há o desejo e a necessidade de que as equipes colaborem entre si;


 quando a empresa está em um processo de mudança do modelo tradicio-
nal para o ágil, mas se depara com algumas dificuldades no processo;
 o projeto tem custo e cronograma definidos, mas pode se beneficiar
com o design e o planejamento rápido do modelo ágil.

Segundo Bianchi (2017), os modelos híbridos:

 são adaptados para atender às características do projeto e da empresa;


 mantêm o equilíbrio entre a previsibilidade e a flexibilidade;
 combinam princípios e técnicas de mais de um modelo, considerando,
por exemplo, a definição de escopo de acordo com o modelo tradicional
e um planejamento iterativo de acordo com o modelo ágil;
 combinam a autogestão de equipes oriunda do modelo ágil com a dis-
ciplina de processos proveniente do modelo tradicional;
 apresentam em um mesmo cenário o trabalho colaborativo dos dife-
rentes papéis, como, por exemplo, um gestor/gerente de projetos com
um Scrum Master;
 garantem colaboração entre clientes, fornecedores e membros da equipe
de desenvolvimento do produto;
 focam no que realmente agrega valor ao cliente, ou seja, documentações
desnecessárias são evitadas.

3 Metodologias ágeis e metodologias


tradicionais
A partir deste ponto será realizado um comparativo entre as metodologias
ágeis e os modelos tradicionais, também chamados de modelos clássicos. A
questão principal não é introduzir o pensamento de que a metodologia ágil
é melhor em detrimento da metodologia tradicional. O pensamento deve ser
pautado em como podemos extrair benefícios com ambas as ferramentas.
Ser ágil ou tradicional pode ser vantajoso em diversos cenários, assim como
também podem ser encontrados obstáculos nessas estruturas. Veja, no Quadro
1, as características ligadas às duas abordagens.
8 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

Quadro 1. Comparativo modelos ágeis versus modelos tradicionais

Tradicional Ágil

O olhar é para o O projeto é observado


projeto como um todo como um fluxo contínuo
(a entrega final é o de pequenas entregas,
momento mais valioso). no qual após a realização
Entregas
Além disso, é importante de uma tarefa, outra é
obedecer que a acionada e executada, dando
estrutura do projeto tem velocidade na entrega das
começo, meio e fim. funcionalidades do software.

O ciclo de vida do O ciclo de vida do


projeto é guiado por projeto é guiado por
atividades ou tarefas. funcionalidades do produto.
O desenvolvimento
é organizado em um
backlog, ou seja, a lista
Ciclo de vida
de itens que faz parte do
escopo do projeto. Ela é
construída em um diálogo
contínuo entre a equipe de
desenvolvimento, a área
de negócios e o cliente.

A atribuição de papéis A atribuição de papéis é


é individualizada. realizada por pequenos
times, e não por indivíduos.
Papéis
Além disso, o cálculo de
métricas de desempenho
também é feito por equipes.

O escopo do projeto é O planejamento é


descrito textualmente fundamental, pois
e o planejamento todas as decisões e os
Planejamento é extensivo. rumos que o projeto irá
tomar são decididos de
forma colaborativa e
afetam todo o time.

(Continua)
Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais 9

(Continuação)

Quadro 1. Comparativo modelos ágeis versus modelos tradicionais

Tradicional Ágil

A organização do Reuniões são necessárias


projeto é mecânica, ou para ajustes ao longo do
Organização seja, tem formalidades desenvolvimento do software.
e burocracias nos
processos.

Modelo de O modelo de
desenvolvimento desenvolvimento é
Desenvolvimento
por ciclo de vida incremental, evoluindo
(cascata, espiral). a cada ciclo.

Não há restrições quanto Não há restrições quanto


à tecnologia utilizada. à tecnologia utilizada,
Tecnologia
mas favorece tecnologias
orientadas a objetos.

A comunicação é feita A comunicação é informal.


Comunicação
de maneira formal.

Fonte: Adaptado de Almeida (2017).

Todo projeto, seja ele de software ou não, deve manter o equilíbrio entre
três pilares básicos: escopo, tempo e custo (dinheiro). Eles estão organizados
em um formato de triângulo, no qual qualquer alteração que ocorrer em um dos
lados imediatamente afetará os outros dois lados. Por exemplo: se alterarmos
o custo de um projeto, pode ser que o tempo de entrega e o escopo também
sejam modificados, ou se alterarmos o tempo para a entrega do projeto, pode
ser que sejam afetados o custo e o escopo. Dessa forma, é impossível modificar
um dos pilares e manter os demais intactos.
Partindo desse princípio, conforme observado na Figura 2 e considerando
as diferenças macro entre as duas abordagens (tradicional e ágil), podemos
dizer que, no modelo tradicional, o foco maior é no planejamento, no qual
o escopo do projeto é fixo, mas o tempo e o custo são flexíveis. No modelo
ágil, todavia, o tempo e o custo são fixos, mas o escopo é flexível, pois pode
haver mudanças no planejamento inicial.
10 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

Fixo Fixo Fixo


Escopo Tempo Custo

Foco no aumento
Modelo
de valor
tradicional
VS

Foco no
planejamento Modelo ágil

Tempo Custo Escopo


Flexível Flexível Flexível

Figura 2. Diferenças macro entre os modelos tradicional e ágil.


Fonte: Silva e Melo (2016, p. 453).

Benefícios de uma abordagem híbrida


Com base nos frameworks aqui estudados, é possível verificar que não há uma
abordagem que possa ser considerada como a melhor em todos os cenários ou
que seja a que traz os melhores resultados. O que há, na verdade, é a abordagem
que se adequa às necessidades da empresa naquele momento.
O principal benefício de uma abordagem híbrida é a possibilidade de mini-
mizar o que há de limitações nos modelos ágil e tradicional. Mas além desse
benefício, podemos citar outros, como: coesão entre a equipe, comunicação
entre times diferentes, satisfação do cliente, entrega do produto dentro do
prazo, flexibilidade e controle do projeto (SILVA, 2015).

Coesão — Pensando em equipes que estejam organizadas em locais diferentes,


mas que atuam em um mesmo produto, a abordagem híbrida pode trazer a
sensação de pertencimento, garantindo que as equipes sigam o mesmo ideal
e falem a mesma língua dentro do projeto.

Comunicação — Equipes que já atuam com abordagem tradicional são bene-


ficiadas quando há a inserção de práticas ágeis, tanto na comunicação entre os
integrantes da equipe quanto na comunicação entre equipe e gestores. Logo,
por meio da comunicação, é possível alinhar todas as etapas do projeto com
Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais 11

todos os envolvidos e ainda sincronizar tarefas e discursos entre os diferentes


membros do time.

Satisfação do cliente — Uma das marcas do modelo ágil é a possibilidade


de trazer o cliente para o processo de desenvolvimento do produto. É possível
trazer essa característica para o modelo tradicional, aproximando o cliente
junto à equipe. Assim, com o cliente acompanhando o processo, é possível
alinhar as expectativas dele com o que está sendo produzido pela equipe. Além
disso, na etapa de testes, é possível coletar feedbacks do cliente que podem
servir como um mecanismo de medição da satisfação do cliente em relação
ao produto que está sendo entregue pela empresa por meio das equipes de
desenvolvimento.

Entrega no prazo — O cliente final não sofre com atrasos da equipe, pois,
por meio de entregas parciais, ele pode utilizar partes do produto desde o
início do desenvolvimento.

Flexibilidade — Mudanças podem ocorrer no projeto e a equipe sabe lidar


com isso, adaptando-se ao novo contexto, ainda que essas mudanças sejam
relacionadas à priorização de um requisito que não estava naquele ciclo de
desenvolvimento.

Controle do projeto — Nas práticas tradicionais há um controle total sobre


o andamento do projeto. Esse pode ser um benefício que agrega muito valor
no modelo híbrido.
Em virtude do conteúdo estudado neste capítulo, é importante deixar
claro que não há uma competitividade que visa a qualificar qual é o melhor
framework. A empresa deve identificar, com base em estudos, pesquisas e
experiências prévias, qual é a ferramenta que melhor atende a ela. A cultura
organizacional de uma instituição pode exercer grande influência nessa de-
cisão. Assim, a melhor forma de atingir a plenitude dos benefícios de uma
abordagem de projetos é conhecer em detalhes a metodologia que se deseja
implementar, articulando treinamentos com a equipe para que todos adotem a
mesma cultura. E, por fim, após essa etapa de nivelamento, pode-se dar início
ao processo de adoção da ferramenta de maneira gradual.
12 Integração de práticas ágeis com metodologias tradicionais

ALMEIDA, G. A. M. Fatores de escolha entre metodologias de desenvolvimento de software


tradicionais e ágeis. 2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) — Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
BIANCHI, M. J. Ferramenta para configuração de modelos híbridos de gerenciamento
de projetos. 2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) — Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.
BORTOLUCI, R. et al. Análise da aplicabilidade das propriedades do kanban nos mo-
delos de desenvolvimento de software. Revista Científica on-line-Tecnologia, Gestão e
Humanismo, v. 7, n. 2, p. 38–49, 2017.
LUCIDCHART CONTENT TEAM. Agile-waterfall hybrid: is it right for your team? [20––].
Disponível em: https://www.lucidchart.com/blog/is-agile-waterfall-hybrid-right-for-
-your-team. Acesso em: 20 ago. 2020.
SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. Guia do Scrum: um guia definitivo para o Scrum: as
regras do jogo. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: https://www.scrumguides.org/docs/scru-
mguide/v2017/2017-Scrum-Guide-Portuguese-Brazilian.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020.
SILVA, F. B. Proposta e avaliação de um procedimento de planejamento de tempo combinado
ágil e tradicional. 2015. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) — Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.
SILVA, M. M. Abordagem de pontos de função no desenvolvimento de sistemas utilizando
práticas ágeis. 2019. Dissertação (Mestrado em Computação Aplicada) — Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019.
SILVA, R. F.; MELO, F. C. L. Modelos híbridos de gestão de projetos como estratégia
na condução de soluções em cenários dinâmicos e competitivos. Revista Brasileira de
Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 12, n. 3, p. 443–457, 2016.

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Muitas empresas ficam em dúvida se adotam uma abordagem tradicional ou partem para um
modelo mais moderno, como as metodologias ágeis, no desenvolvimento de seus projetos de
software.

Essa escolha não é trivial e exige uma boa dinâmica da equipe envolvida, para que a metodologia a
ser implementada seja bem recebida por todos os interessados.

Algumas empresas mais conservadoras podem preferir um modelo híbrido, que concilia
características de ambas as abordagens, permitindo uma melhor adaptação da equipe.

Nesta Dica do Professor, apresenta-se o conceito de frameworks híbridos, que podem ser utilizados
como alternativas às metodologias completamente tradicionais ou completamente ágeis.

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Exercícios

1) Atualmente, existem várias formas de desenvolvimento de projetos de software, que têm


características bem específicas. Em cada afirmação a seguir, estão declaradas algumas
características do modelo de desenvolvimento. Identifique em cada uma delas qual é o
modelo utilizado.

1 - Deve haver o levantamento do que se tem que fazer em todo o projeto; durante o
processo, produz-se muita documentação; o cliente demora para se beneficiar do produto;
uma etapa só pode começar quando a anterior for encerrada.

2 – O cliente beneficia-se rapidamente do produto; erros são detectados precocemente; as


entregas são feitas em pequenas porções; o planejamento é cíclico.

3 – O time planeja o projeto de forma sequencial e, com isso, o custo dele é mais preciso; o
time é motivado; faz pequenas entregas para o cliente e é adaptável.

Escolha a alternativa em que os nomes das metodologias estão na mesma ordem das
afirmações.

A) Híbrido, cascata e ágil.

B) Híbrido, ágil e cascata.

C) Cascata, híbrido e ágil.

D) Cascata, ágil e híbrido.

E) Ágil, cascata e híbrido.

2) As afirmações a seguir são sobre como as tarefas são realizadas quando se utiliza frameworks
ágeis, como o Scrum.

Assinale a alternativa que demonstra como são feitas as entregas e como o time de
desenvolvimento trabalha.

A) São realizadas tão logo a tarefa anterior seja finalizada. Os clientes não participam desse
processo e por vezes decepcionam-se com o resultado.

B) São entregues no final do projeto e o cliente, muitas vezes, acaba tendo uma surpresa
desagradável, pois o produto não condiz com a realidade atual.
C) São realizadas por um time motivado, entregues em pequenas porções e o cliente conhece
seu produto ao término do projeto.

D) Fazem parte de um modelo incremental e são divididas em sprints. Nessas sprints, são
desenvolvidas funcionalidades do produto.

E) São realizadas por um time que não é comprometido com prazos e que está pouco
preocupado com a qualidade da entrega.

3) No desenvolvimento de projetos com metodologias híbridas, existe o framework Adaptive


Software Development (ASD), entre outros.

Assinale a alternativa que mostra algumas características desse framework.

A) Daily, time colaborativo, não adaptável a mudanças de escopo, entrega feita no final do
projeto e análises constantes dos riscos.

B) Ausência de cronograma, time não comprometido com prazos, somente com qualidade, e
entrega feita no final do projeto.

C) Adaptável a mudanças, colaboração do time, comprometimento com prazos, pequenas


entregas de funcionalidades e cronograma com datas definidas.

D) Riscos são avaliados constantemente, time focado na missão, inflexível a mudanças e sem
controle de cronograma.

E) Equipe adaptável a mudanças de escopo, reuniões a cada seis meses, riscos avaliados
constantemente e cronograma com datas definidas.

4) O planejamento de um software pode ser feito de maneiras diferentes dentro de uma


empresa. Ele se altera de acordo com a metodologia de desenvolvimento implementada. A
seguir estão algumas afirmações sobre as metodologias de desenvolvimento de software.
Assinale V ou F para cada uma e, depois, marque qual das alternativas é a correta.

( ) Na metodologia tradicional, há um documento de abertura do projeto e um cronograma


com todas as tarefas que vão compor o produto.

( ) O modelo ágil permite evolução e mudanças de requisitos.

( ) No modelo waterfall, a resolução de problemas pode custar muito caro.

( ) No modelo ágil, os bugs são resolvidos somente no final do projeto.


( ) No modelo waterfall, o projeto final é diferente do planejamento inicial.

A) V, V, V, F, F.

B) V, V, F, V, V.

C) V, F, V, F, V.

D) F, V, F, V, V.

E) F, F, F, V, V.

5) O desenvolvimento de software pode ser conduzido de diversas maneiras. Em geral,


empresas adotam metodologias para que os projetos sejam desenvolvidos de maneira
organizada. Pensando em duas dessas metodologias (ágil e cascata), relacione-as com seus
respectivos termos.

Metodologias:

1 - Ágil.

2 - Cascata.

Termos:

A - Escopo fechado.

B - Time motivado.

C - Alteração no escopo.

D - Sprints.

E - Cronograma completo.

F - Feedbacks constantes.

G - Flexibilidade.

H - Muita documentação.

A) 1-B / 1-C / 1-D / 1-A / 1-G / 2-F / 2-E / 2-H.

B) 1-H / 1-C / 1-D / 1-F / 1-G / 2-A / 2-E / 2-B.

C) 1-B / 1-C / 1-D / 1-F / 1-G / 2-A / 2-E / 2-H.


D) 1-E / 1-H / 1-D / 1-F / 1-G / 2-A / 2-B / 2-C.

E) 1-G / 1-C / 1-D / 1-F / 1-B / 2-A / 2-E / 2-H.


Na prática
Muitas vezes, precisa-se de exemplos reais que comprovem que determinada ferramenta é um
sucesso, para que, a partir de então, se possa adotá-la.

Na escolha de uma metodologia, todavia, não há o certo ou o errado. O que há é uma adequação
ao modelo estrutural da empresa.

Veja, Na Prática, como a empresa Code Vision fez a migração de um modelo completamente
tradicional para um modelo híbrido de desenvolvimento de software.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Metodologias de desenvolvimento de software - Nathália


Sautchuk
Assista, neste vídeo, que agregará muito conhecimento, um pouco mais sobre metodologias
tradicionais, ágeis e híbridas, com a Ms. Nathália Sautchuk.

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Métodos ágeis e documentação de software


Assista, neste vídeo, uma explanação sobre documentação de sistemas feitos com abordagem
tradicional e ágil.

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Metodologias Ágeis x Metodologias Tradicionais: Quais as


principais diferenças?
Leia, neste artigo, Metodologias Ágeis x Metodologias Tradicionais: Quais as principais diferenças?

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