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Introdução à

Administração
e Economia

A Administração de
Pequenos Projetos e
Estimativa de Custo
APRESENTAÇÃO

Caro Aluno, que bom que está aqui novamente!


Vamos agora, analisar a aplicação prática de
alguns conceitos já estudados.

N esse módulo você poderá aplicar os conceitos aprendidos de administração e economia,


na prática do engenheiro. Mostrarei as preocupações para se planejar um projeto de
engenharia, para o qual deve ter em mente sempre 4 aspectos: tempo, recursos humanos,
recursos financeiros e conhecimentos técnicos.
Ao final do módulo você estará apto a elaborar uma proposta de prestação de serviços na
área de engenharia.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer as áreas que devem ser planejadas no momento de uma proposta;
• Elaborar uma proposta técnica e financeira;
• Conhecer os erros que podem levar uma proposta e prestação de serviços ruim.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Transposição Pedagógica Infraestrutura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Laila Coelho Silva Coordenação


Produção de Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Design Multimídia
Assessoria ao Professor, AUTORIA
Coordenação
Assessoria ao Aluno e Tutoria
Rodrigo Tito M. Valadares Prof. Cláudio Roberto M. Pessoa
Coordenação
Design Multimídia
Gabrielle Nunes Paixão
Alan J. Galego Bernini

BELO HORIZONTE - 2018


A ADMINISTRAÇÃO DE PEQUENOS
PROJETOS E ESTIMATIVA DE CUSTO
A administração e Economia na Engenharia
Como pudemos estudar no início deste curso, ao falarmos na prática da administração
estamos pensando em 5 áreas: planejamento, organização, execução, controle e lideran-
ça. Ao trazermos essas áreas para a engenharia, é fácil mostrar como o engenheiro é um
administrador nato, pois esteja onde estiver, para que seja bem-sucedido deverá colocar
isso em prática a todo momento. Não existe aquele engenheiro que conseguirá, hoje
em dia, planejar e executar todo um projeto, ou uma obra, sozinho. Atualmente temos
uma gama de conhecimento tão vasta que se torna impossível trabalhar sem equipes
multidisciplinares.

É neste momento que a engenharia, a administração e a economia se cruzam. Vimos até


agora uma visão de gestão geral ligada à estratégia das organizações. Mas precisamos
ligar isso à Engenharia. Para que saibamos elaborar um bom projeto de engenharia é
necessário também ter conhecimentos de gestão e economia. Todo projeto de engenharia
terá 4 grandes aspectos que devem ter uma atenção maior, caso contrário poderá trazer
problemas e até prejuízo financeiro às organizações. São eles: tempo, recursos humanos,
recursos financeiros e conhecimentos técnicos.

Ao longo do curso de engenharia você terá contato com os conhecimentos técnicos que
precisa adquirir na sua área de estudo e que fará de você um grande engenheiro. Mas
somente isso não bastará. É preciso que estudemos as outras 3 áreas, que são objeto
desse módulo. Não tenho aqui a pretensão de esgotar o tema, que será abordado com
mais profundidade em outras disciplinas de seu curso. Porém, aqui, iremos entender os
conceitos e cuidados básicos para elaborar uma boa proposta e planejamento de peque-
nos projetos.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 65


Gestão de Projetos
Quando se fala em gestão de projetos é preciso enfatizar sempre o PMI (Project Management
Institute), instituição internacional que, segundo Carvalho (2015), foi fundada em 1969
e funciona em 185 países. É a referência do assunto e responsável pelo desenvolvimento
do PMBOK (Project Management Body of Knowledge), que tem o objetivo de:

• identificar e descrever as boas práticas da gestão de projetos;


• padronizar a linguagem utilizada no contexto da profissão;
• oferecer uma referência básica para qualquer profissional;
• oferecer uma estrutura para os programas de desenvolvimento profissional e certifi-
cação do PMI. (CARVALHO, 2015)

66 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Não vamos analisar o PMBOK aqui, porém utilizaremos alguns conceitos dele para desen-
volvermos nossa gestão e elaboração de proposta de um pequeno projeto.

Para início de conversa é interessante que conceituemos projeto. Segundo o PMI (s.d.),
projeto “é um conjunto de atividades temporárias, realizadas em grupo, destinadas a
produzir um produto, serviço ou resultado únicos. Um projeto é temporário no sentido de
que tem um início e fim definidos no tempo, e, por isso, um escopo e recursos definidos”.

Ao analisarmos o conceito, já podemos ver que os aspectos citados de prazo e custo


são inerentes. Não se concebe um projeto sem que se planeje o tempo necessário para
sua duração nem sem um custo definido. Sem isso poderão haver problemas futuros. É
preciso, portanto, planejar.

Segundo Valeriano (2005), é importante também entender o objetivo, produto (entregas)


e serviço de um projeto. Para o autor, o objetivo é “o que a equipe do projeto deve ou
se propõe a fazer”. É aqui que se especifica a ação, o produto que se pretende obter, o
modo, as condições, restrições e requisitos para chegar a ele. O produto “é o resultado
do projeto, ou seja, aquilo que está escrito no objetivo e que deve ser entregue ao cliente
do projeto”.

No caso da engenharia é de suma importância ser muito bem definido no escopo do proje-
to qual é o produto final, em outras palavras, o que será entregue ao cliente ao fim do
projeto. Caso contrário, corremos o risco de cair no que o mercado vulgarmente chama
de: “já que”. Como exemplo, temos algumas obras de engenharia civil, cujo escopo do
produto final foi mal definido, e leva ao: “Já que está pintando essa parede, pode pintar
também aquela outra?”, ou ainda, “E agora que pintou essa aqui pode só olhar esse canto
aqui e mudar a cor?”

E, assim seu projeto (obra) não acabará nunca. Lembre-se, projeto tem início e fim defini-
dos. Nesse momento, surge a preocupação com uma boa gestão para cumprir os prazos
que foram definidos no início. Por isso, iniciaremos nossas análises falando de tempo.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 67


Gestão do Tempo
Gerenciar tempo é algo que, a prin-
cípio, parece ser uma tarefa fácil.
Mas é possível perceber que isso
não é uma verdade absoluta, ao
notar que estamos sempre sem
tempo para fazer as coisas
importantes da nossa vida
pessoal.

Sendo assim, é preciso que


tenhamos conhecimento de
conceitos básicos que nos
auxiliarão na gestão de tempo
de projetos.

Segundo Carvalho (2015),


gerenciar tempo do projeto é
algo que nos permitirá cumprir
os prazos de acordo com o que
foi planejado. Para tal, ainda
segundo o autor, existem sete
grandes processos que são citados
no PMBOK:

1. Planejar o gerenciamento do
cronograma;
2. Definir as atividades: identificar as
ações que são necessárias para entregar o
produto/serviço final;
3. Sequenciar as atividades: identificar e documentar a relação
entre as atividades do projeto;
4. Estimar os recursos das atividades: estimar tipo e quantidade de material, pessoas,
equipamentos, suprimentos, que serão utilizados;
5. Estimar duração de cada atividade;
6. Desenvolver o cronograma: observar as datas necessárias para execução do projeto;
7. Controlar o cronograma.

Ao elaborar o cronograma de um projeto é necessário levantar com precisão o tempo real


para execução de todas as tarefas, bem como lembrar que externalidades poderão afetar
o seu projeto, como chuva, férias de profissionais, feriados, acidentes de trabalho, etc.
Todos esses fatores podem atrasar o cronograma e devem ser previstos no momento de
um planejamento. É claro que cada projeto tem o seu nível de risco e deve ser avaliado
de acordo com ele.

Existem hoje diversas ferramentas que podem auxiliar o engenheiro a planejar o seu proje-
to. Dentre as mais famosas está o Microsoft Project.

SAIBA MAIS
Assista o vídeo 5, disponibilizado no AVA sobre como utilizar a ferramenta MS Project para
gerenciar o cronograma de seu projeto.

68 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Gestão de pessoas
A gestão de pessoas trata-se de um assunto extremamente sensível quando pensamos
em empresas de engenharia. Como no curso de engenharia somos treinados para fazer
cálculos e provarmos tudo utilizando um raciocínio lógico (matemático), quando precisa-
mos lidar com algo que não possui uma lógica, como as pessoas, temos uma grande difi-
culdade. Isso não é privilégio de engenheiros, Peter Drucker, renomado gestor e conhecido
como o pai da administração moderna, no livro editado por Krames (2013), diz que nunca
quis administrar grandes corporações por não ter “paciência com as pessoas”.

Valeriano (2005), cita uma frase de Mintzberg que norteia a preocupação de gerir pesso-
as: “Os líderes energizam as pessoas não por tratá-las como um tipo de dispensável
‘recurso humano’ (provavelmente a mais ofensiva expressão cunhada no gerenciamento),
mas como respeitáveis membros de um coesivo sistema social” (MINTZBERG, 1998)

A frase de Mintzberg ilustra bem a preocupação que os gestores (líderes) devem ter para
conseguir que seus liderados executem suas tarefas de forma que os objetivos do projeto
sejam alcançados. Em se tratando de projetos e execução na engenharia, é mister salien-
tar que muitas vezes estaremos trabalhando com um profissional de baixa capacitação e
nível de conhecimento. Isso torna a nossa tarefa ainda mais delicada e trabalhosa.

Carvalho (2015), citando o PMBOK, diz que para uma boa gestão de pessoas deve ser
devidamente identificado, documentado os papéis, responsabilidades, competências
necessárias e as relações hierárquicas do projeto. É significante para o projeto, conhecer
as pessoas que nele atuarão, seus conhecimentos, suas habilidades e, até mesmo, dispo-
nibilidade. No momento do planejamento, é preciso saber se todas as pessoas necessárias
para a execução de cada tarefa estarão disponíveis para executá-la no momento oportuno.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 69


Portanto, segundo Carvalho (2015), alinhado ao PMBOK, é necessário para um bom plane-
jamento das pessoas:

1. Mobilizar as pessoas: conhecê-las a fundo. Hoje é importante conhecer o que moti-


va as pessoas;
2. Estudar o calendário de alocar as pessoas;
3. Plano de liberação das pessoas: definir quando serão liberadas do projeto;
4. Necessidade de treinamento: saber se será necessário algum treinamento específi-
co para executar as tarefas do projeto. Isso afeta diretamente o cronograma;
5. Reconhecimento e recompensas: esse aspecto está diretamente ligado ao que foi
dito na frase de Mintzberg. É preciso saber valorizar as pessoas;
6. Conformidade: analisar se existe conformidade com leis trabalhistas;
7. Segurança: desenvolver políticas e procedimentos para proteção e segurança física
das pessoas.

Por fim, é primordial entender como será a relação dos engenheiros (gestores/líderes) com
as pessoas. Esse é um perfil que, caso você desenvolva no seu dia a dia profissional, o
tornará um engenheiro diferenciado.

SAIBA MAIS
Acesse os links a seguir e leia um pouco mais sobre as características de grandes líderes:
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/as-10-caracteristicas-dos-grandes-lideres/31676/
https://exame.abril.com.br/pme/as-10-caracteristicas-fundamentais-de-um-lider-de-sucesso/
http://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-lideranca/noticia/4971258/caracteristicas-imprescin
diveis-grandes-lideres.

REFLITA
Você conhece algum líder e o considera inspirador?
Você tem as características necessárias para sê-lo?

70 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Gestão de Recursos: Aquisições e suprimentos
Assim como visto no caso da gestão de pessoas, é preciso que haja um planejamento
adequado em relação aos recursos necessários para execução das tarefas do projeto.
Sem os recursos em mãos, será impossível para as pessoas executarem o que devem e
em tempo hábil. Mas é importante para que possamos desenvolver esse planejamento,
entender melhor alguns conceitos que o norteará nesse sentido.

Segundo Carvalho (2015, pg. 161), “recursos representam todas as necessidades de


bens físicos, de informações e de pessoas que os processos, as atividades e as opera-
ções devem satisfazer para que sejam transformados nos produtos desejados”. O autor
define processo como um conjunto de atividades, que se desdobram em um conjunto de
operações.

Para melhor entender o conceito, vamos analisar a figura abaixo.

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DE RECURSOS

Recursos
Recursos
a serem
do projeto
transformados
Materiais
Informações
Consumidores Processos
Atividades Materiais
Operações Informações
Recursos Entradas Saídas Pessoas
de Transformação de
transformação materiais, informação
e pessoas

Instalações Produtos
Máquinas (Bens e
Pessoas serviços)

Fonte: adaptado de Carvalho (2015, pg. 162)

O esquema do autor nos permite perceber claramente as etapas de um projeto e, com isso,
entender a necessidade de gerir os recursos necessários. Ao analisar o esquema temos
ao lado direito os recursos que serão transformados (materiais, informações e pessoas),
bem como, os recursos necessários para essa transformação (instalações, máquinas e
pessoas). Esses recursos somados, servirão de entradas para realização dos processos,
atividades e operações necessárias para transformar os recursos em bens e serviços que
são a saída de toda transformação, em outras palavras, são os objetivos traçados no
momento inicial do planejamento de um projeto.

É primordial para o engenheiro gestor, conhecer a fundo os objetivos do projeto para


que somente assim, possa analisar e definir os recursos necessários para execução dos
processos que levarão ao produto fim. Sem conhecê-los e planejar, fatalmente, em algum
momento não haverá ali materiais, informações, pessoas, instalações, máquinas, o que
colaborará com o fracasso do projeto. Mesmo para se montar um bom planejamento
financeiro, visando evitar prejuízos, é importante conhecer tudo isso. É o que veremos no
próximo tópico.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 71


Gestão Financeira
A gestão financeira é um ponto crucial de qualquer projeto. É muito importante ter em
mãos todos os dados de custo e venda para evitar possíveis dessabores no futuro. É
sempre bom lembrar que nesse momento temos três parâmetros a serem analisados:

1. O quanto custa prestar o serviço;


2. O quanto você quer ganhar e irá vender o seu produto/serviço;
3. O quanto o mercado paga.

Os dois primeiros estão sob o seu controle, ou seja, são parâmetros que podem ser anali-
sados e você terá total domínio sobre eles. O terceiro já é um pouco complicado, pois
dependerá de uma pesquisa de mercado bem elaborada para conhecer o mercado, seus
concorrentes, expectativa e necessidades de seus clientes e, só assim, conhecer o quanto
ele pagaria. Esses são assuntos de outras disciplinas do curso, pois estão ligados direta-
mente à estratégia e marketing. Nessa disciplina analisaremos os dois primeiros.

Segundo Valeriano (2005), a gestão de custo eficaz compreende 3 processos:

1. Estimativa de custos: momento onde são levantados todos os custos envolvidos em


todas as atividades;
2. Orçamento: é onde se faz a previsão da distribuição dos custos pelas partes do
projeto;
3. Controle de custos: é onde se controla a execução para fazer os ajustes necessários
para adequar ao cronograma e replanejar, se necessário.

Para elaborar uma estimativa de custos, segundo Carvalho (2015), é preciso levantar o
valor financeiro de todos os recursos, considerando: as pessoas contratadas, materiais
que serão utilizados, fornecedores terceirizados ou consultores contratados, máquinas e
equipamentos a serem adquiridos ou alugados, e viagens a serem realizadas. É relevante
lembrar que o custo de todos os recursos está diretamente ligado ao tempo que durará
o seu projeto.

Já para o orçamento, segundo Carvalho (2015, pg. 180), devemos realizar “a alocação das
estimativas de custos individualmente nas atividades, ou nos pacotes de trabalho (grupo
de atividades) do projeto. O objetivo é obter a linha base dos custos do projeto”. Essa linha
base estará ligada ao cronograma do projeto visando o controle e possíveis ajustes.

72 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Após levantamento de custos e elaboração do orçamento é sempre importante, para se
colocar preço de venda de um produto/serviço, lembrar que temos que somar a eles, os
valores de custo de administração (que podem ou não já serem colocados na estimativa
de custo), margem de ganho (“lucro”) e impostos. Esquecer de colocar um desses valores
pode levar o seu projeto a dar prejuízo.

A margem é o ganho que você terá ao vender o produto ou prestar o serviço, objetivo
do seu projeto. É um valor pessoal. Cada empresa poderá colocar o valor que entenda
que o seu cliente compraria. Para tal, como já dito, é importante conhecer o mercado
para saber até qual o percentual caberia ainda nos custos para não tornar o seu produto/
serviço inviável. Os custos de administração incluem valores pagos, como aluguel de
escritório, secretária, luz, telefone, água, comissões de vendas e todos os custos indire-
tos que existem para que a empresa possa funcionar. É claro que o custo será diluído por
todos os projetos da empresa, por isso deve ser colocado um percentual desse custo na
estimativa de custos. Se for somente um projeto (uma consultoria pessoal, por exemplo)
todo o custo deverá ser levado em consideração no momento de elaborar o preço final.

Outro custo de extrema importância a ser considerado, são os impostos. Segundo infor-
mações retiradas do site do Sebrae, Sandra Tocantis (s.d), indica que os impostos que
devem ser considerados são:

QUADRO 1: VALORES DE IMPOSTOS

Custos Variáveis de Venda (Impostos)


Impostos Alíquotas
ICMS (Imposto sobre circulação de mercadoria e serviço) - Estadual 17%
PIS (Programa de Integração Social) - Federal 0,65%
Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) - Federal 3,00%
Contribuição Social - Federal 1,08%
IRPJ (lucro presumido) - Imposto de renda de pessoa jurídica 1,20%
IPI (Imposto sobre produto industrializado) - Federal 10%
2 a 5% depende da
ISSQN - Imposto sobre serviço de qualquer natureza - Municipal
prefeitura

Fonte: Tocantis (s.d.)

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 73


No caso do ICMS e ISSQN, não são utilizados juntos. Quando se faz uma proposta para
prestação de serviços, devemos pagar imposto à prefeitura local, portanto, saber qual é a
alíquota cobrada por ela; quando vendemos produtos, devemos pagar o ICMS ao estado.
Apesar de haver poucos estados cujo ICMS varia, é bom também saber qual o valor do
seu estado. Existe ainda a opção de simples, que seria pagar somente um valor de alíquo-
ta. Mas é importante analisar se a sua empresa pode ser enquadrada nesse caso, ou não.

Para clarear como montar um custo de venda de produtos vamos analisar o exemplo
proposto por Tocantis (s.d) de análise de custo e venda no comércio. Para entender o
exemplo a autora conceitua:

• Custo fixo: todos os gastos que não variam em função do volume produzido;
• Custos variáveis: gastos que variam em função do volume produzido;
• Custos diretos: custos que podem ser apropriados diretamente ao produto/serviço;

Custos indiretos: gastos que para serem incorporados ao produto/serviço utilizam um


critério de rateio. Também chamadas de despesas por não estarem ligadas à produção.
(TOCATINS, s.d.)

Para compor um preço de venda é importante cobrir todos esses custos citados. A autora
dá o seguinte exemplo:

Imagine que você vá vender camisas e calças em uma loja. Você comprou 200 calças e
300 camisas a custo de R$ 30,00 e R$ 15,00, respectivamente. Portanto, você pagou R$
6.000,00 em calças e R$ 4.500,00 em camisas. Totalizando R$ 10.500,00. Nesse valor
ainda houve uma incidência de 10% de IPI, 17% de ICMS e um frete de R$ 900,00. A
empresa paga ainda 4% de comissão sobre as vendas.

Então, já é preciso calcular o CAM (custo de aquisição da mercadoria) = valor de compra


+ IPI + ICSM + frete.

QUADRO 2: CÁLCULO DO CAM

Produto PCU IPI Frete Soma ICMS CAM


Calças 30,00 3,00 1,80 34,80 5,92 40,72
Camisas 15,00 1,50 1,80 18,30 3,11 21,41

Fonte: adaptado de Tocantis (s.d.)

OBS: O frete foi calculado pegando o valor total pago, dividido pelo número de peças
adquiridas.

74 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Após o cálculo do CAM é preciso calcular os custos variáveis de venda (CVV). O CVV
será calculado segundo mostra o quadro 3.

QUADRO 3: CÁLCULO DO CVV

ICMS 17%
PIS 0,65%
Cofins 3,00%
Contribuição Social 1,08%
IRPJ (lucro presumido) 1,20%
Comissão 4,00%
SOMA 26,93%

Fonte: Tocantis (s.d.)

Após o cálculo dos custos variáveis é preciso calcular os custos indiretos fixos.
Somente para lembrar, esses custos englobam água, luz, telefone, etc. Pode-se
acrescentar um valor percentual do valor de custos diretos, ou, caso a empre-
sa tenha um levantamento preciso dos custos fixos, calcula-se o quanto esse
valor representa na receita da empresa. Para clarear, voltemos ao exemplo
de Tocantis (s.d). Imaginemos que a empresa tenha um custo fixo médio nos
últimos 6 meses de R$ 2.000,00 e no mesmo período uma receita bruta média
de R$ 20.500,00.

CF%= (CFM / RBM) x 100


CF% = percentual do custo em relação a receita média
CFM = custo fixo médio
RBM= receita bruta média

Então, nesse exemplo:


CF% = (2.000,00/20.500,00) x 100 = 9,76%

Após conhecer o valor de custos variáveis e custo fixo indireto,


falta colocar uma margem (lucro) que é o valor que você cobrará pelo
seu serviço/produto, ou seja, no preço final é o que você ganhará. Esse
valor é pessoal e depende muito de você (e/ou sua empresa) conhecer
muito bem o mercado para definir o quanto de margem seria ideal em
cada solução. Caso não exista esse estudo, você poderá cobrar a
mais, inviabilizando o produto, ou a menos, deixando de ganhar um
pouco mais e desvalorizando o seu serviço. No exemplo que estamos
estudando será colocado 20% de margem.

É preciso calcular então, o que é chamado de taxa de marcação, ou seja,


é o valor que multiplicado pelo preço de custo nos dará o valor final de
venda do produto/serviço.

A taxa de marcação é calculada utilizando a seguinte fórmula:


TM = 100 / 100 – (CF%+CVV+ML)

Para o exemplo analisado, teremos:


TM = 100 / 100 – (9,76 + 26,93 + 20)
TM = 100 / 100 – (56,69)
TM = 2,31

Achado o valor de TM, basta multiplicar pelo custo de aquisição de mercadoria


(CAM) dos produtos para achar o preço final, conforme visto no quadro 4.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 75


QUADRO 4: CÁLCULO DO PREÇO FINAL

Produto CAM TM Preço Final (R$)


Calça 40,72 2,31 94,06
Camisa 21,41 2,31 49,46

Fonte: adaptado de Tocantins (s.d.)

Portanto, o preço final de venda das calças é de R$ 94,06 e das camisas de R$ 49,46.
Note que o valor é bem maior que o preço de compra oferecido no início, pelo fornecedor
de material.

O exemplo acima foi desenvolvido para montar preço de produtos. Podemos usar o
mesmo método para composição de custos de produtos da área da engenharia, o que
seria diferente são somente os valores que, geralmente, são bem maiores, como no caso
da composição de custo de um apartamento residencial, por exemplo.

É interessante também que analisemos um exemplo de composição de custo para pres-


tação de serviços, que é o caso mais comum na área da engenharia. Portanto, imagine
que um cliente o procurou para elaborar um projeto na área de engenharia. Para tal, no
momento da análise do escopo do projeto (que é o primeiro passo para o planejamento),
ficou definido para prestação de serviço:

1. Equipe envolvida

Profissional Salário
Engenheiro Sênior R$ 15.000,00
Estagiário engenharia R$ 1.200,00
Técnico da área R$ 2.300,00
Auxiliar de serviços gerais R$ 1.500,00

2. O projeto será dividido etapas, a saber:


a. A primeira etapa, de levantamento de informações, constará de 4 sub tarefas que
serão executadas pelo estagiário e por 2 técnicos, e demorará 6 dias cada uma.
b. A segunda etapa, de elaboração do projeto, terá 8 sub tarefas, será executada pelo
estagiário, um técnico e pelo engenheiro sênior e cada uma terá a duração de 5 dias.
c. A terceira etapa, digitação e desenhos do projeto, terá a duração de 15 dias e será
executada pelo estagiário, um técnico e o auxiliar de serviços gerais, com a super-
visão do engenheiro sênior em 50% do tempo.
d. Na quarta etapa será a apresentação do projeto ao cliente e terá a duração de 4
horas. Será executada pelo engenheiro sênior.
e. O valor de custo fixo médio da empresa é de R$ 60.000,00 e o faturamento médio
mensal é de R$ 250.000,00. Comissão de vendas 2,5%.
f. Elaborar um cronograma e calcular o valor de venda do projeto.

76 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Esse é um exemplo prático da área da engenharia. Para solucioná-lo, é importante utilizar
alguma ferramenta de projeto como, por exemplo, o MS-Project e planilhas eletrônicas
como MS Excel que vamos utilizar nesse exemplo.

Solução:

Para início do cálculo do valor de projeto é preciso, no caso de prestação de serviço,


conhecer o valor da hora trabalhada de cada profissional. Para tal, é preciso somar o
salário do profissional, adicionado aos encargos sociais obrigatórios por lei (FGTS, INSS,
vale transporte, vale refeição, décimo terceiro salário, férias, 1/3 de férias, multa de resci-
são por demissão, etc). É de suma importância não esquecer os encargos, pois a soma
de todos esses fatores poderá levar a um encargo alto, e não adicioná-lo poderá trazer
um prejuízo indesejado. O encargo pode ir de 70% até, em alguns casos na engenharia,
a 163% do valor do salário do profissional. Usaremos no exemplo o valor de 100% do
encargo para efeito de cálculo.

Após somarmos o encargo e salário, dividiremos o total pelas horas úteis trabalhadas.
Porque horas úteis? Pois são as horas que realmente você conseguirá provar que seu
profissional trabalhou no projeto. O salário, dentro da consolidação da lei trabalhista (CLT)
está contemplado para 220 horas mensais. Mas nessas horas contam os sábados (a
tarde), domingo e feriados. Portanto, as horas úteis que aconselho sempre a usar são 160
horas mensais (8 horas por dia; 5 dias por semana; 4 semanas por mês). Assim, teremos:

PLANILHA 1: CÁLCULO DA HORA POR PROFISSIONAL

Encargo
Profissional Salário Total Custo H/H
(100%)
Engenheiro
R$ 15.000,00 R$ 15.000,00 R$ 30.000,00 R$ 187,50
Sênior
Estagiário R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 2.400,00 R$ 15,00
Técnico R$ 2.300,00 R$ 2.300,00 R$ 4.600,00 R$ 28,75
Auxiliar R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 R$ 3.000,00 R$ 18,75

Fonte: o autor.

NOME

DATA ENTRADA SAÍDA

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 77


Após calcular o valor da hora, é preciso criar o cronograma do projeto para sabermos
quem trabalha, quando e qual a quantidade de horas trabalhadas de cada profissional.
Assim, teremos:

PLANILHA 2: TAREFAS DO PROJETO

Itens Dias Recursos


Projeto 79,5 -
Levantamento de Informações 24 -
subtarefa 1 6 Estagiário; técnico 1; técnico 2
subtarefa 2 6 Estagiário; técnico 1; técnico 2
subtarefa 3 6 Estagiário; técnico 1; técnico 2
subtarefa 4 6 Estagiário; técnico 1; técnico 2
Elaboração do Projeto 40 -
subtarefa 1 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 2 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 3 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 4 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 5 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 6 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 7 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
subtarefa 8 5 Estagiário; técnico 1; engenheiro
Digitação e Desenho 15 Estagiário; técnico 1; auxiliar; 50% engenheiro
Apresentação 0,5 Engenheiro

Fonte: o autor

Analisando a planilha 2 é possível ver que o projeto total durará 79,5 dias e temos
toda a distribuição das tarefas, e cada profissional que trabalhará em cada uma delas.
Após a análise podemos calcular quantas horas serão trabalhadas por cada profissional.
Multiplicando as horas trabalhadas pelo valor da hora calculado na planilha 1, temos o
valor de custo de cada profissional. Somando o valor de custo de cada profissional, temos
o valor de custo do projeto (Planilha 3).

PLANILHA 3: CUSTO TOTAL DO PROJETO

Profissional Resumo H/H Valor da hora Total


Engenheiro 48,0 R$187,50 R$9.000,00
Estagiário 79,0 R$15,00 R$1.185,00
Técnico 1 79,0 R$28,75 R$2.271,25
Técnico 2 24,0 R$28,75 R$690,00
Auxiliar 15,0 R$18,75 R$281,25
Custo Total R$13.427,50

Fonte: o autor

78 A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo


Com o custo total é preciso calcular os custos variáveis do projeto. No caso de prestação
de serviço e para empresa de lucro presumido, teremos:

QUADRO 5: CÁLCULO DO CVV

ISSQN (Belo Horizonte) 5%


PIS 0,65%
Cofins 3,00%
Contribuição Social 1,08%
IRPJ (lucro presumido) 1,20%
Comissão 2,50%
SOMA 13,43%

Fonte: o autor

Após o CVV, devemos calcular percentual de custo fixo médio.


CF% = (CFM / RBM) x 100
CF% = (60.000/250000) x 100 = 24%

Para chegarmos ao preço final falta estipular a margem de ganho e o valor da taxa de
marcação. Usando uma margem de 30%, teremos:
TM = 100 / 100 – (CF%+CVV+ML)
TM = 100/100 – (24+13,43+30)
TM = 100/32,57
TM = 3,07

Multiplicando agora a taxa de marcação pelo custo calculado


do projeto, teremos:
Preço Final = 3,07 x 13.427,50 = R$ 41.226,58
Assim, então o nosso preço de venda do projeto será de R$
41.226,58.

Com isso, concluímos os cálculos de estimativa de


custos para uma prestação de serviço de engenha-
ria. É de suma importância, como pôde ver, que
tenhamos todos os custos e impostos em
mãos no momento de elabo-
rar sua proposta. Sem
esses valores corre-se
um risco de compor o
preço final de forma
equivocada e não
cumprir o objetivo
final.

A Administração de Pequenos Projetos e Estimativa de Custo 79


Síntese
Neste módulo você pode ter um conhecimento maior de como calcular custos e preços de
vendas de produtos/serviços que venderá ao mercado como engenheiro.

Tenho certeza de que com os conceitos estudados e exemplos que foram analisados, você
já está apto a realizar o planejamento e estimativa de custo de pequenos projetos. Para
projetos maiores é aconselhável que aprofunde os estudos em ferramentas e conceitos de
gestão de projetos que serão de grande valia para o seu aprendizado.

Boa sorte!

Referências
Carvalho, F.C.A. de. Gestão de Projetos. 1 ed. Pearson, São Paulo, 2015. Disponível em: <http://fumec.bv3.
digitalpages.com.br/users/publications/9788543005928/pages/-18>. Acesso em: 05 de janeiro de 2018.
Krames, J.A. A cabeça de Peter Drucker. Sextante, Rio de Janeiro 2013.
Mintzberg, H. Convert Leadership: notes on management professionals. Boston, Harvard Bussiness Review, nov.
dez, 1998.
Project Managament Insitute. Disponível em: <https://brasil.pmi.org>. Acesso em: 03 de janeiro de 2018.
Tocantis, S. Custo e Preço no comércio. Sebrae, Amapá. (s.d.). Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/
sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/custos-e-preco-de-venda-no-comercio,e195164ce51b9410VgnVCM1000003
b74010aRCRD>. Acesso em: 07 de janeiro de 2018.
Valeriano, D. Moderno gerenciamento de Projetos. Prentice Hall, São Paulo, 2005. Disponível em: http://fumec.
bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050391/pages/_1>. Acesso em: 05 de janeiro de 2018..

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