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Administração
e Economia
A Administração de
Pequenos Projetos e
Estimativa de Custo
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer as áreas que devem ser planejadas no momento de uma proposta;
• Elaborar uma proposta técnica e financeira;
• Conhecer os erros que podem levar uma proposta e prestação de serviços ruim.
Ao longo do curso de engenharia você terá contato com os conhecimentos técnicos que
precisa adquirir na sua área de estudo e que fará de você um grande engenheiro. Mas
somente isso não bastará. É preciso que estudemos as outras 3 áreas, que são objeto
desse módulo. Não tenho aqui a pretensão de esgotar o tema, que será abordado com
mais profundidade em outras disciplinas de seu curso. Porém, aqui, iremos entender os
conceitos e cuidados básicos para elaborar uma boa proposta e planejamento de peque-
nos projetos.
Para início de conversa é interessante que conceituemos projeto. Segundo o PMI (s.d.),
projeto “é um conjunto de atividades temporárias, realizadas em grupo, destinadas a
produzir um produto, serviço ou resultado únicos. Um projeto é temporário no sentido de
que tem um início e fim definidos no tempo, e, por isso, um escopo e recursos definidos”.
No caso da engenharia é de suma importância ser muito bem definido no escopo do proje-
to qual é o produto final, em outras palavras, o que será entregue ao cliente ao fim do
projeto. Caso contrário, corremos o risco de cair no que o mercado vulgarmente chama
de: “já que”. Como exemplo, temos algumas obras de engenharia civil, cujo escopo do
produto final foi mal definido, e leva ao: “Já que está pintando essa parede, pode pintar
também aquela outra?”, ou ainda, “E agora que pintou essa aqui pode só olhar esse canto
aqui e mudar a cor?”
E, assim seu projeto (obra) não acabará nunca. Lembre-se, projeto tem início e fim defini-
dos. Nesse momento, surge a preocupação com uma boa gestão para cumprir os prazos
que foram definidos no início. Por isso, iniciaremos nossas análises falando de tempo.
1. Planejar o gerenciamento do
cronograma;
2. Definir as atividades: identificar as
ações que são necessárias para entregar o
produto/serviço final;
3. Sequenciar as atividades: identificar e documentar a relação
entre as atividades do projeto;
4. Estimar os recursos das atividades: estimar tipo e quantidade de material, pessoas,
equipamentos, suprimentos, que serão utilizados;
5. Estimar duração de cada atividade;
6. Desenvolver o cronograma: observar as datas necessárias para execução do projeto;
7. Controlar o cronograma.
Existem hoje diversas ferramentas que podem auxiliar o engenheiro a planejar o seu proje-
to. Dentre as mais famosas está o Microsoft Project.
SAIBA MAIS
Assista o vídeo 5, disponibilizado no AVA sobre como utilizar a ferramenta MS Project para
gerenciar o cronograma de seu projeto.
Valeriano (2005), cita uma frase de Mintzberg que norteia a preocupação de gerir pesso-
as: “Os líderes energizam as pessoas não por tratá-las como um tipo de dispensável
‘recurso humano’ (provavelmente a mais ofensiva expressão cunhada no gerenciamento),
mas como respeitáveis membros de um coesivo sistema social” (MINTZBERG, 1998)
A frase de Mintzberg ilustra bem a preocupação que os gestores (líderes) devem ter para
conseguir que seus liderados executem suas tarefas de forma que os objetivos do projeto
sejam alcançados. Em se tratando de projetos e execução na engenharia, é mister salien-
tar que muitas vezes estaremos trabalhando com um profissional de baixa capacitação e
nível de conhecimento. Isso torna a nossa tarefa ainda mais delicada e trabalhosa.
Carvalho (2015), citando o PMBOK, diz que para uma boa gestão de pessoas deve ser
devidamente identificado, documentado os papéis, responsabilidades, competências
necessárias e as relações hierárquicas do projeto. É significante para o projeto, conhecer
as pessoas que nele atuarão, seus conhecimentos, suas habilidades e, até mesmo, dispo-
nibilidade. No momento do planejamento, é preciso saber se todas as pessoas necessárias
para a execução de cada tarefa estarão disponíveis para executá-la no momento oportuno.
Por fim, é primordial entender como será a relação dos engenheiros (gestores/líderes) com
as pessoas. Esse é um perfil que, caso você desenvolva no seu dia a dia profissional, o
tornará um engenheiro diferenciado.
SAIBA MAIS
Acesse os links a seguir e leia um pouco mais sobre as características de grandes líderes:
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/as-10-caracteristicas-dos-grandes-lideres/31676/
https://exame.abril.com.br/pme/as-10-caracteristicas-fundamentais-de-um-lider-de-sucesso/
http://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-lideranca/noticia/4971258/caracteristicas-imprescin
diveis-grandes-lideres.
REFLITA
Você conhece algum líder e o considera inspirador?
Você tem as características necessárias para sê-lo?
Recursos
Recursos
a serem
do projeto
transformados
Materiais
Informações
Consumidores Processos
Atividades Materiais
Operações Informações
Recursos Entradas Saídas Pessoas
de Transformação de
transformação materiais, informação
e pessoas
Instalações Produtos
Máquinas (Bens e
Pessoas serviços)
O esquema do autor nos permite perceber claramente as etapas de um projeto e, com isso,
entender a necessidade de gerir os recursos necessários. Ao analisar o esquema temos
ao lado direito os recursos que serão transformados (materiais, informações e pessoas),
bem como, os recursos necessários para essa transformação (instalações, máquinas e
pessoas). Esses recursos somados, servirão de entradas para realização dos processos,
atividades e operações necessárias para transformar os recursos em bens e serviços que
são a saída de toda transformação, em outras palavras, são os objetivos traçados no
momento inicial do planejamento de um projeto.
Os dois primeiros estão sob o seu controle, ou seja, são parâmetros que podem ser anali-
sados e você terá total domínio sobre eles. O terceiro já é um pouco complicado, pois
dependerá de uma pesquisa de mercado bem elaborada para conhecer o mercado, seus
concorrentes, expectativa e necessidades de seus clientes e, só assim, conhecer o quanto
ele pagaria. Esses são assuntos de outras disciplinas do curso, pois estão ligados direta-
mente à estratégia e marketing. Nessa disciplina analisaremos os dois primeiros.
Para elaborar uma estimativa de custos, segundo Carvalho (2015), é preciso levantar o
valor financeiro de todos os recursos, considerando: as pessoas contratadas, materiais
que serão utilizados, fornecedores terceirizados ou consultores contratados, máquinas e
equipamentos a serem adquiridos ou alugados, e viagens a serem realizadas. É relevante
lembrar que o custo de todos os recursos está diretamente ligado ao tempo que durará
o seu projeto.
Já para o orçamento, segundo Carvalho (2015, pg. 180), devemos realizar “a alocação das
estimativas de custos individualmente nas atividades, ou nos pacotes de trabalho (grupo
de atividades) do projeto. O objetivo é obter a linha base dos custos do projeto”. Essa linha
base estará ligada ao cronograma do projeto visando o controle e possíveis ajustes.
A margem é o ganho que você terá ao vender o produto ou prestar o serviço, objetivo
do seu projeto. É um valor pessoal. Cada empresa poderá colocar o valor que entenda
que o seu cliente compraria. Para tal, como já dito, é importante conhecer o mercado
para saber até qual o percentual caberia ainda nos custos para não tornar o seu produto/
serviço inviável. Os custos de administração incluem valores pagos, como aluguel de
escritório, secretária, luz, telefone, água, comissões de vendas e todos os custos indire-
tos que existem para que a empresa possa funcionar. É claro que o custo será diluído por
todos os projetos da empresa, por isso deve ser colocado um percentual desse custo na
estimativa de custos. Se for somente um projeto (uma consultoria pessoal, por exemplo)
todo o custo deverá ser levado em consideração no momento de elaborar o preço final.
Outro custo de extrema importância a ser considerado, são os impostos. Segundo infor-
mações retiradas do site do Sebrae, Sandra Tocantis (s.d), indica que os impostos que
devem ser considerados são:
Para clarear como montar um custo de venda de produtos vamos analisar o exemplo
proposto por Tocantis (s.d) de análise de custo e venda no comércio. Para entender o
exemplo a autora conceitua:
• Custo fixo: todos os gastos que não variam em função do volume produzido;
• Custos variáveis: gastos que variam em função do volume produzido;
• Custos diretos: custos que podem ser apropriados diretamente ao produto/serviço;
Para compor um preço de venda é importante cobrir todos esses custos citados. A autora
dá o seguinte exemplo:
Imagine que você vá vender camisas e calças em uma loja. Você comprou 200 calças e
300 camisas a custo de R$ 30,00 e R$ 15,00, respectivamente. Portanto, você pagou R$
6.000,00 em calças e R$ 4.500,00 em camisas. Totalizando R$ 10.500,00. Nesse valor
ainda houve uma incidência de 10% de IPI, 17% de ICMS e um frete de R$ 900,00. A
empresa paga ainda 4% de comissão sobre as vendas.
OBS: O frete foi calculado pegando o valor total pago, dividido pelo número de peças
adquiridas.
ICMS 17%
PIS 0,65%
Cofins 3,00%
Contribuição Social 1,08%
IRPJ (lucro presumido) 1,20%
Comissão 4,00%
SOMA 26,93%
Após o cálculo dos custos variáveis é preciso calcular os custos indiretos fixos.
Somente para lembrar, esses custos englobam água, luz, telefone, etc. Pode-se
acrescentar um valor percentual do valor de custos diretos, ou, caso a empre-
sa tenha um levantamento preciso dos custos fixos, calcula-se o quanto esse
valor representa na receita da empresa. Para clarear, voltemos ao exemplo
de Tocantis (s.d). Imaginemos que a empresa tenha um custo fixo médio nos
últimos 6 meses de R$ 2.000,00 e no mesmo período uma receita bruta média
de R$ 20.500,00.
Portanto, o preço final de venda das calças é de R$ 94,06 e das camisas de R$ 49,46.
Note que o valor é bem maior que o preço de compra oferecido no início, pelo fornecedor
de material.
O exemplo acima foi desenvolvido para montar preço de produtos. Podemos usar o
mesmo método para composição de custos de produtos da área da engenharia, o que
seria diferente são somente os valores que, geralmente, são bem maiores, como no caso
da composição de custo de um apartamento residencial, por exemplo.
1. Equipe envolvida
Profissional Salário
Engenheiro Sênior R$ 15.000,00
Estagiário engenharia R$ 1.200,00
Técnico da área R$ 2.300,00
Auxiliar de serviços gerais R$ 1.500,00
Solução:
Após somarmos o encargo e salário, dividiremos o total pelas horas úteis trabalhadas.
Porque horas úteis? Pois são as horas que realmente você conseguirá provar que seu
profissional trabalhou no projeto. O salário, dentro da consolidação da lei trabalhista (CLT)
está contemplado para 220 horas mensais. Mas nessas horas contam os sábados (a
tarde), domingo e feriados. Portanto, as horas úteis que aconselho sempre a usar são 160
horas mensais (8 horas por dia; 5 dias por semana; 4 semanas por mês). Assim, teremos:
Encargo
Profissional Salário Total Custo H/H
(100%)
Engenheiro
R$ 15.000,00 R$ 15.000,00 R$ 30.000,00 R$ 187,50
Sênior
Estagiário R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 2.400,00 R$ 15,00
Técnico R$ 2.300,00 R$ 2.300,00 R$ 4.600,00 R$ 28,75
Auxiliar R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 R$ 3.000,00 R$ 18,75
Fonte: o autor.
NOME
Fonte: o autor
Analisando a planilha 2 é possível ver que o projeto total durará 79,5 dias e temos
toda a distribuição das tarefas, e cada profissional que trabalhará em cada uma delas.
Após a análise podemos calcular quantas horas serão trabalhadas por cada profissional.
Multiplicando as horas trabalhadas pelo valor da hora calculado na planilha 1, temos o
valor de custo de cada profissional. Somando o valor de custo de cada profissional, temos
o valor de custo do projeto (Planilha 3).
Fonte: o autor
Fonte: o autor
Para chegarmos ao preço final falta estipular a margem de ganho e o valor da taxa de
marcação. Usando uma margem de 30%, teremos:
TM = 100 / 100 – (CF%+CVV+ML)
TM = 100/100 – (24+13,43+30)
TM = 100/32,57
TM = 3,07
Tenho certeza de que com os conceitos estudados e exemplos que foram analisados, você
já está apto a realizar o planejamento e estimativa de custo de pequenos projetos. Para
projetos maiores é aconselhável que aprofunde os estudos em ferramentas e conceitos de
gestão de projetos que serão de grande valia para o seu aprendizado.
Boa sorte!
Referências
Carvalho, F.C.A. de. Gestão de Projetos. 1 ed. Pearson, São Paulo, 2015. Disponível em: <http://fumec.bv3.
digitalpages.com.br/users/publications/9788543005928/pages/-18>. Acesso em: 05 de janeiro de 2018.
Krames, J.A. A cabeça de Peter Drucker. Sextante, Rio de Janeiro 2013.
Mintzberg, H. Convert Leadership: notes on management professionals. Boston, Harvard Bussiness Review, nov.
dez, 1998.
Project Managament Insitute. Disponível em: <https://brasil.pmi.org>. Acesso em: 03 de janeiro de 2018.
Tocantis, S. Custo e Preço no comércio. Sebrae, Amapá. (s.d.). Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/
sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/custos-e-preco-de-venda-no-comercio,e195164ce51b9410VgnVCM1000003
b74010aRCRD>. Acesso em: 07 de janeiro de 2018.
Valeriano, D. Moderno gerenciamento de Projetos. Prentice Hall, São Paulo, 2005. Disponível em: http://fumec.
bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050391/pages/_1>. Acesso em: 05 de janeiro de 2018..
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