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Introdução .......................................................................................................2
Geobrowsers ...............................................................................................12
Referências ....................................................................................................36
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Introdução
Existem muitas formas e caminhos para se narrar o desenvolvimento
dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG, traduzido da sigla GIS
– Geographic/Geographical Information Systems), notadamente em
relação às aplicações ambientais. Todavia, uma publicação em particular
merece ser destacada, por ser uma das pioneiras na introdução dos
conceitos de arquitetura da paisagem, planejamento do uso do solo
e planejamento ecológico. Trata-se do livro “Design With Nature”,
escrito pelo renomado arquiteto e urbanista escocês Ian L. McHarg,
cuja primeira edição foi publicada em 1967, e em 1992, uma edição
comemorativa alusiva ao aniversário de 25 anos da primeira publicação
foi lançada.
Nesse livro, McHarg demonstra a importância dos princípios
ecológicos no âmbito do planejamento regional, sendo, ainda hoje,
bastante atual na sua tentativa de promover as premissas necessárias
para projetar paisagens racionais, saudáveis e produtivas, na medida
em que propõe uma relação harmônica entre o ambiente construído e a
natureza que o cerca. Muitos dos estudos e iniciativas que atualmente
já foram realizados e consolidados, e outros que ainda estão sendo
desenvolvidos por cientistas do mundo todo, que se valem do auxílio
de potentes computadores, são preconizados pelo autor, que os
apresenta por meio de mapas, esquemas e “templates” em papel, de
forma quase artesanal, ao utilizar, de acordo com LaGro Jr (1996),
um processo de planejamento do uso do solo que emprega múltiplas
camadas de informação e dados geocodificados, e desta forma,
estabelece os conceitos básicos que seriam, mais tarde, usados para o
desenvolvimento dos SIG.
Isto demonstra que o interesse pela análise de dados sobre
mapas, cruzando diferentes fontes e mesmo diferentes escalas, é uma
preocupação antiga dos pesquisadores, e um assunto, que hoje, conta
com muitas soluções propostas; porém, com muito potencial para ainda
ser investigado e desenvolvido.
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Aparentemente, cada nova solução, para novos ou velhos
problemas, gera novos questionamentos e abre possibilidades para
novas análises, tanto do ponto de vista cartográfico (de quem constrói
os mapas), como dos usuários nas diferentes áreas de aplicação e uso
de SIG.
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Caracterização e
componentes de um SIG
Existem muitas definições do que seja um SIG. Elas podem ser
classificadas em dois grandes grupos: as que definem SIG como um
software e aquelas que o definem como um sistema, no qual o software
é dos componentes. Rodrigues (1990) salienta essa distinção ao afirmar
que em stricto sensu o SIG é um programa computacional, ou seja,
confunde-se com a própria existência do software, enquanto que em
lato sensu, engloba desde o programa computacional, os equipamentos
de informática (hardware), o banco de dados lógico, os procedimentos
de entrada e saída de dados, as normas de operação, codificação, e
a estrutura organizacional que atenda aos elementos do sistema, que
são coleta, manipulação e apresentação de informações sobre entes de
expressão espacial sobre o contínuo espacial (geográfico).
Adotando a definição mais abragente latu sensu os seis
componentes dos SIG, segundo Longley et al. (2013) são as pessoas,
software, hardware, dados, a rede e procedimentos.
A Figura 1 apresenta uma esquematização simplificada do que
é um sistema SIG latu sensu. A Coleta, que outrora praticamente se
referia a extrair dados de mapas em papel (pouquíssima automação
existia), hoje se caracteriza pela busca por informações já existentes na
Internet ou disponibilizadas por proprietários de dados na rede ou nas
nuvens, e por levantamentos de campo em tempo real, realizados com
ajuda de tecnologias (o GNSS - Global Navigation Satellite Systems, por
exemplo – dar referência). Ainda é, como antes, a fase mais onerosa
e demorada no desenvolvimento de um SIG. O Armazenamento dos
dados que, hoje, devido às tecnologias existentes, está sempre em
compatibilidade com as formas de recuperação, seja nas nuvens, seja
pelos dispositivos móveis (celulares, GPS - Global Positioning System,
etc.), ou pela busca em diferentes bancos de dados (as chamadas
infraestruturas de dados espaciais).
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A Análise (tema que será abordado em ítem próprio neste capítulo)
tem por objetivo gerar as informações para o gerente ou planejador
ambiental, a partir daqueles dados capturados e disponibilizados a esse
gestor via SIG.
Armazenamento Recuperação
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Estas particularidades emergem nos vários componentes de
um sistema de informação espacial que, tipicamente, compreendem
subsistemas funcionalmente distintos.
e topológicos.
○ Permite a realização de análises estatísticas, sejam elas
espaciais ou tabulares.
○ Realiza operações aritméticas de diversas naturezas em dados
vetoriais e matriciais.
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As aplicações ambientais podem ser classificadas em dois grupos
de origem:
○ O meio-ambiente: incluindo ecologia, clima, gerenciamento
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Interatividade dos
Sistemas de informação
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Infraestrutura de Dados
Espaciais
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Volunteered Geographic
Information (VGI)
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Em um nível mais sofisticado, as iniciativas promovidas pela
Google, o Google Earth e o Google Maps, que através de suas interfaces
para programação de aplicações (APIs), permitem que usuários possam
criar e publicar novos conteúdos na forma de planos de informações
geográficas que podem ser visualizados sobre sua base de imagens
e dados (Goodchild, 2007). Este meio sobre o qual dados de diversos
formatos tem sido publicados, consultados e acessados, vem sendo
chamado de Geobrowser.
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Geobrowsers
Segundo Craglia et al. (2008), os Geobrowsers utilizam o globo
como mecanismo para dar zoom ou voar sobre a superfície da Terra
para áreas de interesse, se aproximando da idéia original de Digital
Earth. Associado a essas representações 3D da Terra, existem ainda
as aplicações 2D que também permitem que usuários adicionem
e compartilhem informações através de APIs. São exemplos de
representações 3D o Google Earth, o Microsoft Virtual Earth, o NASA
Worldwind e, de 2D, o Google Maps e o Microsoft Live Search Maps.
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Um grande passo já havia sido dado nesse sentido, com o
aparecimento dos mash-ups. Segundo Butler (2006a), originalmente o
termo mash-up referia-se à mistura de trilhas musicais e foi apropriado
para fazer referência a websites que integram dados de diferentes
fontes para proporcionar um novo serviço. De maneira similar a alguns
softwares que permitem que especialistas façam consultas, de qualquer
parte do mundo, a uma seqüência genética em um banco de genes,
ou possam acessar automaticamente as informações disponíveis sobre
objetos captados por diferentes telescópios, os mash- ups permitem
que pessoas que não são pesquisadores com avançadas habilidades
de programação, ou trabalhando em áreas suficientemente organizadas
para terem seus dados apropriadamente referenciados e disponíveis
on-line, possam utilizar esse tipo de serviço, através de linguagens
simplificadas, fazendo com que o reuso das informações se torne
o grande potencializador de pesquisas, criando os meios para uma
sistemática colaboração mundial em tempo real.
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Aplicações
Ambientais de SIG
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Sabendo-se que a localização configura um fator primordial às
questões ambientais, sendo que, segundo Longley et al. (2013), as
decisões têm consequências geográficas, os SIG apresentam infinitas
possibilidades de aplicações em estudos e análises ambientais.
Câmara et al. (1998) pontuaram quatro circunstâncias em que o uso
dos SIG apresenta enorme relevância ambiental: diagnóstico ambiental,
avaliação de impacto ambiental, mapeamento temático, ordenamento
territorial e os prognósticos ambientais.
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Desastres naturais
Desastres naturais correspondem a repentinos e inesperados que
causam danos ambientais, sociais e financeiros. Estes eventos incluem,
avalanches, nevascas, secas, ondas de calor ou frio extremo, terremotos
deslizamentos, tornados, erupções vulcânicas, furacões e incêndios.
Seus efeitos podem ser evitados ou minimizados caso o público
potencialmente afetado se encontra suficientemente preparado. Neste
sentido, os SIG oferecem dados espaciais valiosos aos responsáveis
pelo gerenciamento de resposta aos eventos supracitados.
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Figura 3. A Costa dos EUA e o furacão Katrina. (Fonte: The U.S. Coast Guard - http://
www.uscg.mil/history/katrina/katrinaindex.asp)
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Várias localidades menores ao longo dos estados da Louisiana
e Mississipi necessitaram de ações de resposta à emergência ao
evento, sendo que muitas delas ainda sofrem com as consequências
da tempestade nos dias de hoje. Para ilustrar as dificuldades apontadas
acima, pode-se citar o caso do Google Earth, cujas imagens de alta
resuloção de áreas que estão fora dos limites de grandes cidades e/
ou que se encontram nas zonas rurais pode ser considerado limitado,
conforme apontado por Nourbakhsh et al. em artigo publicado na
revista científica, Nature, em 2006. É importante ressaltar que tanto
em áreas urbanas quanto rurais, a identificação de infraestruturas
críticas, recursos para re-alocação e ações de resposta à situações de
emergência requerem soluções geopespaciais.
Com esta finalidade, uma metodologia desenvolvida por um
doutorando da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP) pode ajudar a Defesa Civil brasileira a identificar pontos
de deslizamento de terra em rodovias e permitir o delineamento de
ações de mitigação de possíveis acidentes nesses locais (Figura 5).
A metodologia utiliza imagens globais e gratuitas tomadas por satélite
como o Landsat para gerar mapas de relevo e de cobertura do solo
e identificar cicatrizes de deslizamentos já ocorridos, bem como áreas
com maior potencial de deslizamento, com base em informações na
declividade, curvaturas do relevo e densidade de drenagem da região.
O estudo foi validado na cicatriz de um deslizamento ocorrido na Serra
do Mar em 1999, no km 42 da via Anchieta e está detalhado em Manfré
et al. (2014) e Manfré (2015).
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Figura 5. Classificação final da região do desastre composta de três algoritmos (SVM, RN
e MV) e abordagem de desempate por análise do contexto, que permitiram identificar as áreas de
deslizamento de terra com maior acurácia (vermelho). Fonte: Manfré, 2015.
Figura 6. Incêndios australianos. Incêndios ativos (em azul), extintos (em preto), áreas
em estado de emergência decretado (vermelho) e incêndios registrados na Tasmânia (em verde).
Fonte: Google Crisis Map - https://google.org/crisismap/australia.
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Monitoramento de
queimadas e alterações na
cobertura do solo.
A intensa ocorrência de fogo ocasiona efeitos deletérios sobre a
fauna e a flora, como redução da camada lenhosa das espécies nativas
e redução da biodiversidade (Caldas, Silva e Silva Junior, 2014). Os
incêndios, ainda segundo os autores, causam diversos prejuízos
ambientais, ocasionando poluição do ar, emissão de gases de efeito
estufa e mineralização da matéria orgânica do solo, tornando-o mais
pobre em nutrientes e mais suscetível à erosão. Conforme dados do
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a maior parte das
queimadas no Brasil são de origem antrópica, sendo que os focos
geralmente estão associados à colheita manual de cana-de-açúcar,
limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos, vandalismo,
balões e disputas fundiárias. Mais de 300.000 queimadas e nuvens de
fumaça cobrindo milhões de km2 são detectadas anualmente através
de satélites, tendo o Brasil lugar de destaque como um grande poluidor
e devastador.
O INPE, com o intuito de monitorar e fornecer subsídios aos
órgão e instituições que detêm as competências fiscalização, controle
e combate e punição ao uso do fogo no País, vem desenvolvendo
e aprimorando desde a década de 1980 um sistema operacional de
detecção de queimadas. As informações sobre os focos de queimadas
são disponibilizadas sem custo através do Banco de Dados de
Queimadas – BDQ (Figura 7), este fornece as coordenadas dos focos,
data e hora, bem como dias sem chuva, etc. Estas informações se
encontram nas tabelas de atributos dos shapes que são fornecidos pelo
Instituto. Os dados utilizados nesse sistema são obtidos das imagens
AVHRR dos satélites polares NOAA-15, NOAA-16, NOAA-18 e NOAA-
19 quatro vezes ao dia, GOES oito vezes ao dia, e as imagens MODIS
dos satélites polares NASA TERRA e AQUA duas vezes por dia.
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As informações são disponibilizadas operacionalmente aos
usuários cerca de 20 minutos após as passagens dos satélites. O
sistema está disponível no endereço: http://www.dpi.inpe.br/proarco/
bdqueimadas.
Figura 7. Risco de fogo no Brasil - Dados do período de 2015/11/18 00:00:00 até 2015/11/19
13:24:02 (TMG). Fonte: http://www.inpe.br/queimadas/sitAtual.php
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O PRODES também utilizou as imagens LISS-3, do satélite
indiano Resourcesat-1, e de imagens do satélite inglês UK-DMC2. Com
essas imagens, a área mínima mapeada pelo PRODES consiste em
6,25 hectares, conforme o Instituto. De maneira a dar maior suporte
às ações de fiscalização, associado ao projeto PRODES, o sistema
DETER foi instituído. Consiste em um levantamento rápido de alertas
de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, realizado
pelo Instituto desde maio de 2004, com dados do sensor MODIS do
satélite Terra, de resolução espacial de 250 m. A menor resolução
espacial dos sensores usados em relação ao PRODES, é compensada
pela capacidade de observação diária, o que permite a entrega de
mapas de alertas de desmatamento para o IBAMA em um a cinco dias
após a data da imagem do MODIS, que torna o sistema uma ferramenta
ideal para comunicar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre
novas alterações na floresta.
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Na região Centro-Sul do Brasil, a ocorrência de queimadas estão
muito associadas às áreas de cultivos de cana-de-açúcar, as quais vem
se expandindo diante da grande demanda do setor de biocombustíveis
e por exportação do etanol.
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Gestão governamental e
serviços públicos
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Figura 9. Ambiente de pesquisa do Catálago do Sistema Ambiental Paulista – DataGEO.
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SIG para a conservação de
hábitats e da biodiversidade
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Conforme relataaado por Steklis et al. (2007), uma série de
problemas surgiu conforme os pesquisadores começaram a buscar
mapas existentes dos países, por onde a cadeia montanhosa se
extende (Uganda, Ruanda e República Demográfica do Congo).
Nenhum mapa do Zaire – atual República Demográfica do Congo e
área que contém mais da metade dos hábitats dos gorilas (Fossey,
1983) – estavam disponíveis, pois a posse de mapas topográficos ou
fotos aéreas representariam informações políticas cruciais, diante da
guerra civil acometia a região. Em adição às dificuldades, os melhores
mapas de Ruanda e da Uganda foram produzidos por voolta de 1950
e 1960s e continham características peculiares às tradições dos países
coloniadores (bélgas e franceses no caso de Ruanda e britânicos, em
Uganda), como é o caso das projeções e sistemas de coordenadas
adotadas nos mapas em questão, impedindo, assim a sua combinação.
durante a era colonial.
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Figura 10. Imagem de radar da NASA dos vulcões de Virunga sobreposta ao MDE
criado a partir dos mapas coloniais da Bélgica (à esquerda) e foto de um gorila da montanha
descansando em seu hábitat nos arredores da cadeia montanhosa representada no MDE (à
direita). Fonte: ESRI. GIS for Wildlife Conservation. 2007.
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Figura 11. Classificação da vegetação da região de Virunga com base em imagens
Landsat 7 de 2003. Fonte: ESRI. GIS for Wildlife Conservation. 2007.
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Com base, na estrutura propostapela ONU, torna-se nítido
a complexidade de realização de estudos envolvendo seviços
ecossistêmicos, uma vez que estes devem apresentar uma abordagem
multiescala e englobar informações provenientes de uma ampla gama
de ciências naturais e sociais (e.g., dados demográficos, padrões de
consumo, ciclagem de nutrientes, climatologia, ecologia).
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Mudanças climáticas e SIG
como ferramentas de previsão de
mudanças
Impactos graves na produção global de alimentos são previstos
pelo relatório mais recente do IPCC (Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas) em função das mudanças climáticas provocadas
pelo aquecimento global. Segundo os cientistas que compõem o painel,
o aumento da temperatura ameaça uma série de cultivos agrícolas,
o que pode agravar a questão da fome em localidades consideradas
vulneráveis no planeta.
As estimativas geradas para o Brasil foram corroboradas
pelo estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura
Brasileira”, coordenado pelos pesquisadores Eduardo Assad (Embrapa
Agropecuária) e Hilton Silveira Pinto (Cepagri/Unicamp). O estudo
levou em consideração dois dos vários cenários propostos pelo IPCC
que podem ocorrer até 2100, i.e., cenário A2 – o mais pessimista, que
estima um aumento de temperatura entre 2°C e 5,4°C até 2100, e o B2,
um pouco mais otimista, que prevê um aumento de temperatura entre
1,4°C e 3,8°C em 2100. Com base no aumento de temperatura proposto
nos dois cenários, pesquisadores do CPTEC (Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos), órgão ligado ao INPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), simularam os cenários climáticos futuros do
Brasil, com auxílio na tecnologia de Zoneamento de Riscos Climáticos,
um programa de computador desenvolvido a partir de 1996 pelos
Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, em cooperação
com Embrapa, Unicamp e outras instituições científicas.
Os resultados obtidos indicam que, é esperado que o aumento da
temperatura promova uma intensificação das taxas de perda de água por
evaporação do solo e transpiração das plantas, i.e., evapotranspiração,
o que desencadearia um agravamento da deficiência hídrica, levando a
um aumento de áreas de alto risco climático.
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Segundo os pesquisadores, exceto a região sul e alguns pontos
a sudeste e a sudoeste do Brasil, que sofrem com geadas, as demais
localidades apresentarão efeitos deletérios par a maior parte das
culturas, sendo que, dos produtos analisados (algodão, arroz, café,
cana, feijão, girassol, mandioca, milho e soja), apenas a mandioca e
a cana-de-açúcar não sofrerão redução de área. Por outro lado, a soja
correspondeu a cultura com maior risco no país. Segundo o estudo até
2070 a área com baixo risco climático para o cultivo da leguminosa será
reduzida em até 60%. As áreas mais afetadas serão a Região Sul e o
Cerrado Nordestino, nova fronteira agricola brasileira conhecida como
MATOPIBA, que incorpora os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia. O mapa da figura 12 mostra a projeção de aptidão para cultivo
de soja para o ano de 2070.
Figura 12. Projeção da aptidão para cultivo de soja no ano de 2070 conforme o cenário
pessimista. Fonte: Assad (2008).
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Vale ressaltar ainda que o estudo realizado por Eduardo Assad
(2008) não considerou os recentes crescimentos na Amazônia,
sobretudo no oeste do Estado do Pará, e os potenciais crescimentos
devido à implantação de infra-estruturas de logística na Região Norte
do país.
Além disso, o impacto das mudanças climáticas pode ser
ainda maior caso as previsões de cenários realizadas nesse estudo
se concretizem, uma vez que pode ocorrer uma redução no período
favorável para o cultivo, o que inviabilizaria o cultivo da segunda safra,
que atualmente representa grande fonte de renda para o agronegócio,
praticada principalmente nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
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Referências
AALDERS, H.J.G.L. Inter-operability. In: Spatial Data Infrastructure,
Wageningen Universiteit. 2001.
CÂMARA, G.; VINHAS, L.; SOUZA, R.C.M. Free and open source
GIS: will there ever be a geo-Linux?. In: Geospatial Free and Open
Source Software in the 21st Century Anais... Springer Berlin Heidelberg.
p. 229-245. 2012.
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INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2012. Portal do
Monitoramento de Queimadas e Incêndios. Disponível em< http://www.
inpe.br/queimadas>. Acesso em: 19/11/2015.