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Bruna Botti Cruz

Cláudia Aparecida Soares Machado


José Alberto Quintadilha
Luiz Augusto Manfré
Mariana Abrantes Giannotti
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Índice

Introdução .......................................................................................................2

Caracterização e componentes de um SIG ...............................................4

Interatividade dos Sistemas de informação .................................................8

Infraestrutura de Dados Espaciais ...............................................................9

Volunteered Geographic Information (VGI) ...........................................10

Geobrowsers ...............................................................................................12

Aplicações Ambientais de SIG ...................................................................14

Desastres naturais .......................................................................................16

Monitoramento de queimadas e alterações na cobertura do solo. ...........20

Gestão governamental e serviços públicos .............................................24

SIG para a conservação de hábitats e da biodiversidade .......................28

Mudanças climáticas e SIG como ferramentas de

previsão de mudanças ..................................................................................33

Referências ....................................................................................................36

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Introdução
Existem muitas formas e caminhos para se narrar o desenvolvimento
dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG, traduzido da sigla GIS
– Geographic/Geographical Information Systems), notadamente em
relação às aplicações ambientais. Todavia, uma publicação em particular
merece ser destacada, por ser uma das pioneiras na introdução dos
conceitos de arquitetura da paisagem, planejamento do uso do solo
e planejamento ecológico. Trata-se do livro “Design With Nature”,
escrito pelo renomado arquiteto e urbanista escocês Ian L. McHarg,
cuja primeira edição foi publicada em 1967, e em 1992, uma edição
comemorativa alusiva ao aniversário de 25 anos da primeira publicação
foi lançada.
Nesse livro, McHarg demonstra a importância dos princípios
ecológicos no âmbito do planejamento regional, sendo, ainda hoje,
bastante atual na sua tentativa de promover as premissas necessárias
para projetar paisagens racionais, saudáveis e produtivas, na medida
em que propõe uma relação harmônica entre o ambiente construído e a
natureza que o cerca. Muitos dos estudos e iniciativas que atualmente
já foram realizados e consolidados, e outros que ainda estão sendo
desenvolvidos por cientistas do mundo todo, que se valem do auxílio
de potentes computadores, são preconizados pelo autor, que os
apresenta por meio de mapas, esquemas e “templates” em papel, de
forma quase artesanal, ao utilizar, de acordo com LaGro Jr (1996),
um processo de planejamento do uso do solo que emprega múltiplas
camadas de informação e dados geocodificados, e desta forma,
estabelece os conceitos básicos que seriam, mais tarde, usados para o
desenvolvimento dos SIG.
Isto demonstra que o interesse pela análise de dados sobre
mapas, cruzando diferentes fontes e mesmo diferentes escalas, é uma
preocupação antiga dos pesquisadores, e um assunto, que hoje, conta
com muitas soluções propostas; porém, com muito potencial para ainda
ser investigado e desenvolvido.

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Aparentemente, cada nova solução, para novos ou velhos
problemas, gera novos questionamentos e abre possibilidades para
novas análises, tanto do ponto de vista cartográfico (de quem constrói
os mapas), como dos usuários nas diferentes áreas de aplicação e uso
de SIG.

Este capítulo está organizado da seguinte forma: além desta


Introdução traz um item sobre conceitos básicos de SIG e das análises
espaciais mais tradicionais e, ao final, uma amostra de possíveis
aplicações e usos dos SIGs e das análises espaciais em questões
ambientais.

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Caracterização e
componentes de um SIG
Existem muitas definições do que seja um SIG. Elas podem ser
classificadas em dois grandes grupos: as que definem SIG como um
software e aquelas que o definem como um sistema, no qual o software
é dos componentes. Rodrigues (1990) salienta essa distinção ao afirmar
que em stricto sensu o SIG é um programa computacional, ou seja,
confunde-se com a própria existência do software, enquanto que em
lato sensu, engloba desde o programa computacional, os equipamentos
de informática (hardware), o banco de dados lógico, os procedimentos
de entrada e saída de dados, as normas de operação, codificação, e
a estrutura organizacional que atenda aos elementos do sistema, que
são coleta, manipulação e apresentação de informações sobre entes de
expressão espacial sobre o contínuo espacial (geográfico).
Adotando a definição mais abragente latu sensu os seis
componentes dos SIG, segundo Longley et al. (2013) são as pessoas,
software, hardware, dados, a rede e procedimentos.
A Figura 1 apresenta uma esquematização simplificada do que
é um sistema SIG latu sensu. A Coleta, que outrora praticamente se
referia a extrair dados de mapas em papel (pouquíssima automação
existia), hoje se caracteriza pela busca por informações já existentes na
Internet ou disponibilizadas por proprietários de dados na rede ou nas
nuvens, e por levantamentos de campo em tempo real, realizados com
ajuda de tecnologias (o GNSS - Global Navigation Satellite Systems, por
exemplo – dar referência). Ainda é, como antes, a fase mais onerosa
e demorada no desenvolvimento de um SIG. O Armazenamento dos
dados que, hoje, devido às tecnologias existentes, está sempre em
compatibilidade com as formas de recuperação, seja nas nuvens, seja
pelos dispositivos móveis (celulares, GPS - Global Positioning System,
etc.), ou pela busca em diferentes bancos de dados (as chamadas
infraestruturas de dados espaciais).

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A Análise (tema que será abordado em ítem próprio neste capítulo)
tem por objetivo gerar as informações para o gerente ou planejador
ambiental, a partir daqueles dados capturados e disponibilizados a esse
gestor via SIG.
Armazenamento Recuperação

Coleta Dados Espaciais Análise


Dados Não Espaciais
Dados Temporais

Planejamento Operação Manutenção

Gerenciamento Tomada de Decisão

Figura 1: Esquema de um SIG. Fonte: Laboratório de


Geoprocessamento – EPUSP.
Como se observa na Figura 1, coleta, armazenamento,
recuperação e análise, estão vinculados (e são dependentes) dos
dados (espaciais, não espaciais ou temporais), armazenados em um
ou múltiplos bancos de dados físicos (por exemplo: catálagos ou mapas
em papel, ou até mesmo servidores/hardwares físicos) ou virtuais (por
exemplo, as nuvens, que estão em servidor virtual).
Sistemas de informação espacial são similares a outros sistemas
de informação. Têm, entretanto, características distintas que justificam
abordagem própria. De acordo com Câmara et al. (2004) algumas
dessas características são relacionadas a técnicas específicas de coleta
e entrada de dados, tais como as relacionadas ao sensoriamento remoto
e aos levantamentos de relevo e suas técnicas de conversão para uma
forma digital. Os autores ainda enumeram que outras características
são relacionadas aos esquemas de representação e estruturação dos
entes e atributos, às operações espaciais e à apresentação de dados.
Por ser o espaço um meio de integração, há ainda particularidades de
sistemas de informação espacial ligadas à integração de dados com
diferentes características temáticas, temporais e espaciais.

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Estas particularidades emergem nos vários componentes de
um sistema de informação espacial que, tipicamente, compreendem
subsistemas funcionalmente distintos.

Os SIG podem ser compostos por diversas formas de integração


de bancos de dados, diferentes estruturas de dados, mecanismos de
análise e representação dos dados, o que está muito relacionado com
a sua origem. No entanto, de acordo com Câmara et al. (2012), como
características gerais dos SIG pode-se citar:
○ Possibilidade de inserção e integração de informações espaciais

diversas, conciliando dados cartográficos, satelitais, censitários,


modelos numéricos, tabelas e vetores.
○ Natureza dual de seus bancos de dados, permitindo a coexistência

de dados espaciais e tabulares.


○ Possibilidade de realização de operações cartográficas, tais

como, transformações de projeção e datum.


○ Permite a realização de análises e representações cartográficas,

advindas de informações vetoriais e/ou matriciais.


○ Permite a análise de dados baseadas em critérios alfanuméricos

e topológicos.
○ Permite a realização de análises estatísticas, sejam elas

espaciais ou tabulares.
○ Realiza operações aritméticas de diversas naturezas em dados

vetoriais e matriciais.

Informações mais aprofundadas sobre as características e os


princípios fundamentais dos SIG podem ser encontradas em Câmara
et al. (2004).
As análises ambientais são um dos campos de maior aplicação
dos SIG, uma vez que a dependência espacial é de extrema importância
para os fenômenos naturais. As aplicações ambientais antecedem o uso
dos SIG. A modelagem espacial de fenômenos ambientais começou há
mais de cem anos (por exemplo, os fenômenos hidrológicos). Os SIG
vieram agilizar este processamento.

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As aplicações ambientais podem ser classificadas em dois grupos
de origem:
○ O meio-ambiente: incluindo ecologia, clima, gerenciamento

florestal e poluição. Exemplo: modelagem climática e ambiental,


previsão numérica do tempo (clima e temperatura), monitoramento do
desflorestamento e da emissão e ação de poluentes.
○ E o uso dos recursos naturais: envolvendo extrativismo vegetal e

mineral, energia, recursos hídricos e oceânicos. Exemplos: identificação


e mapeamento mineral e petrolífero, planejamento e supervisão de
redes hidroelétricas, gerenciamento costeiro e marítimo, e sistemas de
informação de recursos hidrológicos.

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Interatividade dos
Sistemas de informação

Um novo paradigma na área de geoprocessamento está sendo


construído diante das recentes tecnologias viabilizadas a partir
da Internet. O uso e acesso às informações espaciais mudaram
consideravelmente na última década. Anteriormente, dados e métodos
eram locais. Agora, tanto dados como métodos podem ser recuperados
e combinados em qualquer parte do mundo (Kuhn, 2005). As inúmeras
opções para disseminar dados geográficos pela Internet tornam clara
a elevada demanda por informação espacial simples de acessar, obter
e usar (Davis e Alves, 2005). Enquanto a primeira geração da Web era
majoritariamente unidirecional, permitindo que um grande número de
usuários visualizasse o conteúdo de um número relativamente restrito de
sites, a nova Web 2.0 caracteriza-se por ser colaborativa e bi-direcional,
permitindo que seus usuários possam interagir e prover informações
para sites, visualizar essa informação coletada e disponibilizá-la para
outros usuários (Goodchild, 2007).

Dentro desta perspectiva novas formas de organizar, coletar,


trocar e disponibilizar, informações espaciais tem sido propostas a
exemplo de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE), Geobrowsers
(ex: Google Earth) e Voluntered Geographic Information (VGI), valendo-
se de tecnologias emergentes como os diversos Geosensores, Mash-
ups e Application Programing Interfaces (APIs) (Craglia et al., 2008). A
seguir são apresentados os conceitos relacionados a essas tecnologias,
levando em conta as diversas tecnologias na área de geoprocessamento
que se baseiam em serviços distribuídos através do ambiente de internet.

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Infraestrutura de Dados
Espaciais

Segundo Rajabifard (2004), uma Infraestrutura de Dados


Espaciais (IDE) é uma iniciativa necessária para a efetiva coleção,
gerenciamento, acesso, distribuição e utilização de dados espaciais. Na
visão de Câmara et al. (2006), uma IDE deve atuar como um facilitador
para a disseminação de dados espaciais associados a um controle de
qualidade, informações sobre metadados e descrições semânticas,
operando como um veículo para o entendimento do espaço.

Ocultar e suavizar detalhes de integração de dados, facilitando


o acesso, reduzindo problemas de manutenção de bases de dados e
possibilitando o aumento do número de aplicações em Sistemas de
Informações Geográficas são alguns dos objetivos a serem atingidos
a partir da constituição de Infraestruturas de Dados Espaciais (Davis e
Alves, 2005).
Rajabifard et al. (2002) identifica os componentes da IDE como:
dados, recursos humanos, padrões, tecnologias de acesso e políticas
necessárias para a coleção, gerência, acesso e utilização eficaz de

Figura 2. Componentes do IDE. Fonte Analders (2001)

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Volunteered Geographic
Information (VGI)

Com o advento da Internet, iniciativas que tentavam aproximar o


público geral, não técnico, ao uso de SIGs tomaram outra dimensão.
As perspectivas para tal integração mudaram significativamente quando
comparadas às possibilidades disponíveis anteriormente. Esforços que
até então vinham sendo materializados pelas iniciativas de PPGIS
(Public Participation GIS) hoje exploram novas possibilidades como
aquelas originadas a partir do fenômeno que vem sendo chamado de
VGI (Volunteered Geographic Information).
De acordo com Goodchild (2007), a forma de mapeamento do
VGI é desordenada, com pouca estrutura formal, pois a informação
é constantemente criada e referida, fluindo em todas as direções.
Produtores e consumidores voluntários de informação não são
distinguíveis. Segundo o autor, assim como qualquer atividade de
grande escala, o VGI está ocasionando seu efeito próprio em padrões
geoespaciais.
Um dos exemplos atualmente bastante ilustrativo de VGI é o
OpenStreetMap. Esta iniciativa consiste na construção de um mapa
urbano de domínio público, do mundo inteiro, através de um esforço
voluntário, em que cada contribuinte desenvolve um mapa de sua rua
digitalizando sobre imagens de alta resolução, que posteriormente são
fundidas em um único mosaico (Goodchild, 2007). Segundo Gould
(2007), a vantagem de indivíduos digitalizando suas próprias ruas é
que são as pessoas que mais conhecem a rua e suas características
freqüentemente mutáveis. Para o autor, faz sentido colher a contribuição
individual de pessoas para então produzir uma base de dados agregada.
Neste contexto, uma das contribuições que a experiência do VGI traz
ao IDE é a transição de uma estrutura mais lenta e estável para uma
infraestrutura mais dinâmica e baseada no usuário.

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Em um nível mais sofisticado, as iniciativas promovidas pela
Google, o Google Earth e o Google Maps, que através de suas interfaces
para programação de aplicações (APIs), permitem que usuários possam
criar e publicar novos conteúdos na forma de planos de informações
geográficas que podem ser visualizados sobre sua base de imagens
e dados (Goodchild, 2007). Este meio sobre o qual dados de diversos
formatos tem sido publicados, consultados e acessados, vem sendo
chamado de Geobrowser.

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Geobrowsers
Segundo Craglia et al. (2008), os Geobrowsers utilizam o globo
como mecanismo para dar zoom ou voar sobre a superfície da Terra
para áreas de interesse, se aproximando da idéia original de Digital
Earth. Associado a essas representações 3D da Terra, existem ainda
as aplicações 2D que também permitem que usuários adicionem
e compartilhem informações através de APIs. São exemplos de
representações 3D o Google Earth, o Microsoft Virtual Earth, o NASA
Worldwind e, de 2D, o Google Maps e o Microsoft Live Search Maps.

Estes fatos atuam como agentes multiplicadores da utilidade de


dados espaciais, tornando inúmeras pesquisas relativas a serviços e
aplicações baseadas em informações espaciais viáveis, em campos até
então impensáveis (Butler, 2006b).

Na visão de Craglia et al. (2008), os Geobrowsers não atingem,


por si só, o que seria esperado de uma digital earth. Isso acontece
devido ao fato de serem orientados ao mercado e, conseqüentemente,
não suportarem um entendimento do estado atual da Terra, pois não
conseguem representar as mudanças no tempo, as causas dessas
mudanças e os relacionamentos entre fenômenos físicos e atividades
humanas.

Em contrapartida, o GEOSS (Global Earth Observation System of


Systems, uma organização internacional que compreende 73 nações,
a Comissão Européia, e 52 organizações internacionais) tem como
principal objetivo promover a conexão científica entre sistemas de
observação constituindo um sistema de sistemas. Cabe ao GEOSS
promover aplicações em benefício de diferentes áreas, sendo elas: clima,
energia, saúde, desastres, biodiversidade, agricultura, ecossistemas,
água e meteorologia (Craglia et al., 2008).

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Um grande passo já havia sido dado nesse sentido, com o
aparecimento dos mash-ups. Segundo Butler (2006a), originalmente o
termo mash-up referia-se à mistura de trilhas musicais e foi apropriado
para fazer referência a websites que integram dados de diferentes
fontes para proporcionar um novo serviço. De maneira similar a alguns
softwares que permitem que especialistas façam consultas, de qualquer
parte do mundo, a uma seqüência genética em um banco de genes,
ou possam acessar automaticamente as informações disponíveis sobre
objetos captados por diferentes telescópios, os mash- ups permitem
que pessoas que não são pesquisadores com avançadas habilidades
de programação, ou trabalhando em áreas suficientemente organizadas
para terem seus dados apropriadamente referenciados e disponíveis
on-line, possam utilizar esse tipo de serviço, através de linguagens
simplificadas, fazendo com que o reuso das informações se torne
o grande potencializador de pesquisas, criando os meios para uma
sistemática colaboração mundial em tempo real.

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Aplicações
Ambientais de SIG

O emprego de SIG exibiu um crescimento sem precedentes nos


últimos 10 anos. Este aumento pode ser atribuído à crescente expansão
das atividades humanas e da consequente necessidade de se manejar
adequadamente o uso dos recursos naturais, que se tornam cada vez
mais escassos (Foote & Lynch, 2014). Em adição, com a popularização
da tecnologia, em termos econômicos, e a ampliação dos sistemas
de memória, que implicam em uma capacidade aumentada em lidar
com grandes conjuntos de dados, estes sistemas de informação têm
ganhado grande importância e extensa aplicabilidade para a resolução
ou como solução propriamente dita de diversas questões ambientais
(Longley et al. 2013).

Os sistemas de informação geográfica, no contexto das inovações


tecnológicas, podem ser entendidos como uma tecnologia integradora
(Prathibha, 2014), pois estes sistemas evoluem a partir da combinação
de uma série de tecnologias discretas, cujo resultado extrapola a soma
das partes (Prathibha, 2014 & Maguire et al. 1997).

Além disso, os SIG constituem uma tecnologia crucial, pois permitem


aos gestores e pesquisadores integrar seus dados e metodologias
de maneiras que suportem investigações geográficas consideradas
tradicionais, e.g., sobreposição de mapas (Foote & Lynch, 2014; Longley
et al. 2013). Em adição, permite também o desenvolvimento de novos
tipos de análise que superam a capacidade dos métodos manuais.
Desta forma, com o uso dos SIG torna-se possível mapear, modelar,
analisar grande montante de dados e realizar inferências a partir de um
único conjunto de dados (Steyaert & Goodchild, 1994).

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Sabendo-se que a localização configura um fator primordial às
questões ambientais, sendo que, segundo Longley et al. (2013), as
decisões têm consequências geográficas, os SIG apresentam infinitas
possibilidades de aplicações em estudos e análises ambientais.
Câmara et al. (1998) pontuaram quatro circunstâncias em que o uso
dos SIG apresenta enorme relevância ambiental: diagnóstico ambiental,
avaliação de impacto ambiental, mapeamento temático, ordenamento
territorial e os prognósticos ambientais.

A aplicação dos SIG nestes casos é de extrema importância,


frente à complexidade das questões ambientais, as quais regularmente
demandam combinação de dados de diferentes fontes, que apresentam,
muitas vezes, diferentes níveis de informação. Em adição, a resolução de
problemas ambientais depende da geração de produtos que permitam
responder questões a partir de vários tipos de visualização de dados,
inclusive de maneira não ortodoxa (e.g., 3D), manipulação interativa
entre mapas e base de dados, modelagem de tendências e construção
de cenários para simulação.

Alguns exemplos de aplicações ambientais de SIG serão


apresentados a seguir:

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Desastres naturais
Desastres naturais correspondem a repentinos e inesperados que
causam danos ambientais, sociais e financeiros. Estes eventos incluem,
avalanches, nevascas, secas, ondas de calor ou frio extremo, terremotos
deslizamentos, tornados, erupções vulcânicas, furacões e incêndios.
Seus efeitos podem ser evitados ou minimizados caso o público
potencialmente afetado se encontra suficientemente preparado. Neste
sentido, os SIG oferecem dados espaciais valiosos aos responsáveis
pelo gerenciamento de resposta aos eventos supracitados.

O furacão Katrina (Figura 3), que em 29 de agosto de 2005, uma


tempestade de categoria 5, atingiu uma série de localidades do extremo
sul dos EUA, ao longo de uma faixa que abrangeu da Flórida ao Mississipi,
é visto por muitos como um marco em que os SIG foram utilizados pela
primeira vez como uma ferramenta de gestão de desastres. A cidade de
Nova Orleans, Louisiana, foi a mais afetada, em função do rompimento
de diques de proteção contra cheias, que ocasionaramm a inundação
de mais de 50 localidades. A maior parte dos mapas de SIG utilizados
em meio a emergência foi gerada por voluntários e agências oficiais,
tornando disponível mapas de ruas, em particular as condições de
acessibilidade ruas em decorrência das inundações (Figura 4), além
de incluir as principais referências urbanas citadas nas chamadas de
emergência, densidade populacional, coordenadas geográficas de
pessoas desaparecidas e de localidades críticas para as ações de
resgate. Apesar da lentidão das ações promovidas pelo governo em
socorrer e minimizar os impactos das inundações em Nova Orleans e
do desconhecimento da limitação de resistência das barragens terem
sido alvo de críticas por parte da opinião pública, é inegável o papel
fundamental desempenhado pelos SIG no gerenciamento do evento em
questão.

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Figura 3. A Costa dos EUA e o furacão Katrina. (Fonte: The U.S. Coast Guard - http://
www.uscg.mil/history/katrina/katrinaindex.asp)

Figura 4. Amostra do atras de ruas de Nova Orleans com a máscara de inundações.


Fonte: Directions Magazine - http://www.directionsmag.com/images/newsletter/2007/05_24
Boyd_and_Mills_figure_3_lg.jpg)

Uma questão importante que surgiu com a demanda de SIG em


decorrência do furacão Katrina e seus desdobramentos foi a dificuldade
enfrentada na obtenção de informações espaciais das localidades
atingidas fora de grandes cidades. Apesar da atenção da mídia ter se
concentrado aos impactos em Nova Orleans, a cidade foi apenas uma
parte da vasta região atingida pela tempestade.

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Várias localidades menores ao longo dos estados da Louisiana
e Mississipi necessitaram de ações de resposta à emergência ao
evento, sendo que muitas delas ainda sofrem com as consequências
da tempestade nos dias de hoje. Para ilustrar as dificuldades apontadas
acima, pode-se citar o caso do Google Earth, cujas imagens de alta
resuloção de áreas que estão fora dos limites de grandes cidades e/
ou que se encontram nas zonas rurais pode ser considerado limitado,
conforme apontado por Nourbakhsh et al. em artigo publicado na
revista científica, Nature, em 2006. É importante ressaltar que tanto
em áreas urbanas quanto rurais, a identificação de infraestruturas
críticas, recursos para re-alocação e ações de resposta à situações de
emergência requerem soluções geopespaciais.
Com esta finalidade, uma metodologia desenvolvida por um
doutorando da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP) pode ajudar a Defesa Civil brasileira a identificar pontos
de deslizamento de terra em rodovias e permitir o delineamento de
ações de mitigação de possíveis acidentes nesses locais (Figura 5).
A metodologia utiliza imagens globais e gratuitas tomadas por satélite
como o Landsat para gerar mapas de relevo e de cobertura do solo
e identificar cicatrizes de deslizamentos já ocorridos, bem como áreas
com maior potencial de deslizamento, com base em informações na
declividade, curvaturas do relevo e densidade de drenagem da região.
O estudo foi validado na cicatriz de um deslizamento ocorrido na Serra
do Mar em 1999, no km 42 da via Anchieta e está detalhado em Manfré
et al. (2014) e Manfré (2015).

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Figura 5. Classificação final da região do desastre composta de três algoritmos (SVM, RN
e MV) e abordagem de desempate por análise do contexto, que permitiram identificar as áreas de
deslizamento de terra com maior acurácia (vermelho). Fonte: Manfré, 2015.

Uma iniciativa de cunho geoespacial interessante a ser citada,


no que diz respeito às aplicações de SIG aos desastres naturais, é
o Google Crisis Map associado ao Google Public Alerts. O primeiro
corresponde a uma série de camadas de informação geográfica em
escala nacional e regional relacionadas à condições meteorológicas,
riscos e preparativos e ações de resposta à emergências. Apesar
da maior parte das infirmações disponíveis são referentes aos EUA,
também é possível encontrar dados espaciais acerca do terremoto no
Nepal (2015), e incêndios na Austrália (Figura 6), por exemplo.
Por sua vez, o Google Public Alerts consiste em uma plataforma
para a disseminação de mensagens como avisos de evacuação em
função de furacões e alertas diários de tempestades. A disponibilização
de informações meteorológicas oficiais, segurança pública, alertas a
eventos extremos como terremotos e outros dados globais relevantes
através da ferramenta de busca Google Search, Google Maps, e ao
ativar o aplicativo para Android, Google Now.
O intuito de ambas iniciativas é divulgar informações cruciais em
situações de crises e, em especial, no caso do Google Crisis Map, é
permitir a exploração de dados geográficos associados à disastres sem
a necessidade de utilização de softwares específicos ou conhecimento
prévio de SIG.

Figura 6. Incêndios australianos. Incêndios ativos (em azul), extintos (em preto), áreas
em estado de emergência decretado (vermelho) e incêndios registrados na Tasmânia (em verde).
Fonte: Google Crisis Map - https://google.org/crisismap/australia.

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Monitoramento de
queimadas e alterações na
cobertura do solo.
A intensa ocorrência de fogo ocasiona efeitos deletérios sobre a
fauna e a flora, como redução da camada lenhosa das espécies nativas
e redução da biodiversidade (Caldas, Silva e Silva Junior, 2014). Os
incêndios, ainda segundo os autores, causam diversos prejuízos
ambientais, ocasionando poluição do ar, emissão de gases de efeito
estufa e mineralização da matéria orgânica do solo, tornando-o mais
pobre em nutrientes e mais suscetível à erosão. Conforme dados do
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a maior parte das
queimadas no Brasil são de origem antrópica, sendo que os focos
geralmente estão associados à colheita manual de cana-de-açúcar,
limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos, vandalismo,
balões e disputas fundiárias. Mais de 300.000 queimadas e nuvens de
fumaça cobrindo milhões de km2 são detectadas anualmente através
de satélites, tendo o Brasil lugar de destaque como um grande poluidor
e devastador.
O INPE, com o intuito de monitorar e fornecer subsídios aos
órgão e instituições que detêm as competências fiscalização, controle
e combate e punição ao uso do fogo no País, vem desenvolvendo
e aprimorando desde a década de 1980 um sistema operacional de
detecção de queimadas. As informações sobre os focos de queimadas
são disponibilizadas sem custo através do Banco de Dados de
Queimadas – BDQ (Figura 7), este fornece as coordenadas dos focos,
data e hora, bem como dias sem chuva, etc. Estas informações se
encontram nas tabelas de atributos dos shapes que são fornecidos pelo
Instituto. Os dados utilizados nesse sistema são obtidos das imagens
AVHRR dos satélites polares NOAA-15, NOAA-16, NOAA-18 e NOAA-
19 quatro vezes ao dia, GOES oito vezes ao dia, e as imagens MODIS
dos satélites polares NASA TERRA e AQUA duas vezes por dia.

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As informações são disponibilizadas operacionalmente aos
usuários cerca de 20 minutos após as passagens dos satélites. O
sistema está disponível no endereço: http://www.dpi.inpe.br/proarco/
bdqueimadas.

Figura 7. Risco de fogo no Brasil - Dados do período de 2015/11/18 00:00:00 até 2015/11/19
13:24:02 (TMG). Fonte: http://www.inpe.br/queimadas/sitAtual.php

Ainda dentre as iniciativas do INPE, destacam-se o projeto


PRODES (Figura 8) e o sistema DETER, que buscam monitorar e
fornecer alertas acerca da alteração da cobertura florestal na Amazônia.
O primeiro, realiza o monitoramento por satélite (classe Landsat,
20 a 30 metros de resolução espacial e taxa de revisita de 16 dias,
e imagens CCD do CBERS-2 e do CBERS-2B) do desmatamento por
corte raso na Amazônia Legal e desde 1988, gera as taxas anuais
de desmatamento na região, que são usadas pelo governo brasileiro
para o estabelecimento de políticas públicas. Segundo o Instituto, as
taxas anuais são estimadas a partir dos incrementos de desmatamento
identificados em cada imagem de satélite que cobre a Amazônia
Legal, sendo que a primeira apresentação dos dados é realizada para
dezembro de cada ano, na forma de estimativa e os dados consolidados
são apresentados no primeiro semestre do ano seguinte.

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O PRODES também utilizou as imagens LISS-3, do satélite
indiano Resourcesat-1, e de imagens do satélite inglês UK-DMC2. Com
essas imagens, a área mínima mapeada pelo PRODES consiste em
6,25 hectares, conforme o Instituto. De maneira a dar maior suporte
às ações de fiscalização, associado ao projeto PRODES, o sistema
DETER foi instituído. Consiste em um levantamento rápido de alertas
de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, realizado
pelo Instituto desde maio de 2004, com dados do sensor MODIS do
satélite Terra, de resolução espacial de 250 m. A menor resolução
espacial dos sensores usados em relação ao PRODES, é compensada
pela capacidade de observação diária, o que permite a entrega de
mapas de alertas de desmatamento para o IBAMA em um a cinco dias
após a data da imagem do MODIS, que torna o sistema uma ferramenta
ideal para comunicar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre
novas alterações na floresta.

Figura 8. Desmatamento (áreas em rosa) mapeado pelo projeto PRODES na Amazônia


Legal. Fonte: INPE - http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=3380

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Na região Centro-Sul do Brasil, a ocorrência de queimadas estão
muito associadas às áreas de cultivos de cana-de-açúcar, as quais vem
se expandindo diante da grande demanda do setor de biocombustíveis
e por exportação do etanol.

Com estas expansão, o governo brasileiro instituiu a partir de


2007 compromissos ambientais com o setor agroindustrial para fins de
eliminar gradualmente as práticas de queimadas para a colheita até
2014 para áreas mecanizadas e até 2017 para não mecanizadas.

Todavia, o atendimento ao protocolo e acordos firmadas depende


largamente de mecanismos de supervisão e controle, baseados no
monitoramento das dinâmicas de produção da cana-de-açúcar – sendo
que este cultivar apresenta características favoráveis ao monitoramento
por meio de imagens de satélite. Neste contexto, o INPE, desenvolve,
desde 2003, o Projeto Canasat (www.dsr.inpe.br/canasat), com o
objetivo de mapear anualmente asáreas de cultivo de cana-de-açúcar
na região Centro-Sul do país ustilizando imagens gratuitas dos satélites
Landsat, CBERS e Resourcesat-I (Rudorff et al. 2010).

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Gestão governamental e
serviços públicos

Dentre a diversa gama de aplicações dos SIG em questões


ambientais, os usuários governamentais se destacam como os atores
que mais demandam informações espaciais e como os primeiros a
valorizar as aplicações potenciais dos SIG. Inclusive, os primeiros
Sistemas de Informação Geográfica surgiram na década de 60,
como parte de um programa governamental do Canadá para criar um
inventário de recursos naturais. Estes sistemas, inicialmente eram
restritos às instituições nacionais ou federais e apresentavam uma série
de limitações operacionais (e.g., inexistência de monitores gráficos de
alta resolução, alto custo dos computadores e requerimento de mão-de-
obra altamente especializada). Hoje, os SIG se encontram difundidos
em todos os níveis governamentais e constitui uma ferramenta de
extrema importância à construção de políticas públicas e no processo
de tomada de decisão.
Dentre as novas tendências de aplicação ambiental dos SIG pelas
esferas governamentais, destacam-se a construção de Infraestruturas
de Dados Espaciais (IDE), como foi realizada pela Secretaria do Meio
Ambiente (SMA) do Estado de São Paulo. O Projeto DataGeo, tem o
objetivo de estruturar, organizar e disponibilizar as bases de informações
ambientais e territoriais do Sistema Ambiental Paulista por meio da
construção de uma Infraestrutura de Dados Espaciais Ambientais –
IDEA-SP (Figura 9).

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Figura 9. Ambiente de pesquisa do Catálago do Sistema Ambiental Paulista – DataGEO.

A infraestrutura, é composta de um Geoportal DataGEO, a porta


de acesso a Base de Informação Territorial Ambiental, um Catálogo de
Metadados para pesquisar a informação desejada e um visualizador,
tudo isso acessível via WEB, busca viabilizar a disponibilização de uma
Base de Informação Territorial Ambiental padronizada e qualificada
que possa subsidiar as análises e processos de tomada de decisão
associados aos mecanismos de Planejamento e Comando e Controle
instituídos pela legislação brasileira, e.g., licenciamento ambiental,
elaboração de planos de manejo, planos diretores, planos de recursos
hídricos, zoneamento ecológico – econômico, fiscalização. Dentre os
temas mais pesquisados na infraestrutura, destacan-se dados ligados
às palavras-chave: manancial, demografia, zoneamento, vegetação,
hidrografia, esgoto, indígena, planejamento, ozônio, saneamento,
bioma, rodovia, qualidade, dentre outros.
Outra iniciativa interessante, cujo objetivo é gerar e tornar disponível
informações espaciais necessárias à gestão ambiental, corresponde
ao Sistema de Informações Geográficas do Ribeira de Iguape e Litoral
Sul (SIG-RB), mantido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de
Iguape e Litoral Sul (UGRHI-11).
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O Sistema, reune informações relevantes à administração dos
recursos hídricos da bacia, além de fornecer subsidios à gestão territorial
e ambiental.

Uma equipe multidisciplinar que envolveu representantes


das áreas de Geologia, Engenharia, Processamento de Dados,
Agrimensura, Aerofotogrametria e Biologia, pertencentes à instituições
públicas e da Sociedade Civil atuantes no Vale do Ribeira e Litoral Sul e
à Universidades (USP, UNESP e UNICAMP) foi instituída para construir
e gerenciar o Sistema. Em adição, a execução de projetos ligados ao
SIG-RB tem apoio da AMAVALES (Associação dos Mineradores de
Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista), e do FEHIDRO (Fundo
Estadual de Recursos Hídricos).

Dentre os projetos executados pelo grupo SIG-RB, destacam-se


os mapeamentos das áreas de risco e a elaboração, junto à Defesa Civil,
dos Planos Municipais de resposta à desastres e planos diretores da
bacia, relatórios de situação dos recursos hídricos e meio ambiente da
UGRHI – 11, disponibilização de carta imagem da bacia, dentre outros,
que dão suporte direto às ações de planejamento, gestão territorial e
ambiental e às ações da Defesa Civil na bacia em questão.

No contexto do planejamento ambiental, Bragagnolo e Galetti


(2013) discutem a dificuldade de prever os efeitos ambientais em
planejamentos espaciais, devido às incertezas das evoluções futuras
na região em análise. É necessário que se considerem as políticas de
zoneamento para a realização de Análises Ambientais Estratégicas.
Nesse sentido, os autores propõe um método baseada na comparação
de opções de zoneamento de uso do solo para facilitar a execução da
Análise Ambiental Estratégica. Diversos cenários de uso do solo foram
gerados e então avaliados quanto à diversos indicadores ambientais.
Os resultados apresentados mostraram que as maiores consequências
ambientais estão associadas à falta de coordenação entre decisões
políticas e avaliações espaciais.
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Ainda no âmbito da gestão governamental, mas sob um enfoque
bastante diferenciado, os SIG possuem ampla aplicabilidade, já
consolidada, e grande importância para a compreensão e intervenção
em problemas de saúde públicas, como controle de epidemias e
identificação dos fatores relacionados a determinadas enfermidades.
Exemplos do uso de SIG na Saúde Pública podem ser encontrados
na publicação organizada pelos pesquisados Simone M. Santos
e Christovam Barcellos, promovida pela fundação Osvaldo Cruz –
Ministério da Saúde (BRASIL, 2006).

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SIG para a conservação de
hábitats e da biodiversidade

Perda de habitat, mudanças climáticas e alterações humanas,


como poluição e o deflorestamento, representam sérias ameaças
à biodiversidade, pois podem levar à fragmentação e extinção de
espécies. Neste contexto, as tecnologias de SIG constituem ferramentas
com alto potencial de auxiliar o gerenciamento, análise e visualização
da biodiversidade. Em adição, estas ferramentas podem dar suporte à
identificação de áreas prioritárias aos esforços de conservação, tomando-
se por base informações relativas à distribuição das populações naturais,
uso de hábitats e preferências, biodiversidade regional histórica e atual
e progressos das ações de conservação.

Análises geoespaciais de hábitat constituem um aspecto chave


para a compreensão da saúde ecológica de uma espécie na natureza.
Como exemplo das aplicação de técnicas de SIG à conservação de
espécies ameaçadas, pode-se citar o caso do Fundo Internacional Gorila
Dian Fossey (DFGFI), cujos pesquisadores vêm empregando diversas
tecnologias SIG para estudar os hábitats utilizados pelos gorilas em
Virunga, o comportamento desta espécie e preservar as populações
remanescentes dos gorilas das montanhas (Gorilla beringei beringei).

O tratablho do DFGFI é considerado pioneiro no que diz


respeito à aplicação de SIG no campo da primatologia, e indica que
estas ferramentas exibem grande potencial na conservação de outras
espécies africanas e do restante do planeta. As aplicações começaram
quanto uma pequena Agência para o Desenvolvimento Internacional
dos Estados Unidos concedeu um auxílio financeiro ao Fundo para a
criação de um mapa digitalizado da área dos vulcões das montanhos
Virunga – tarefa que pareceu simples inicialmente, mas que se mostrou
um grande e longo desafio para a equipe do DFGFI.

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Conforme relataaado por Steklis et al. (2007), uma série de
problemas surgiu conforme os pesquisadores começaram a buscar
mapas existentes dos países, por onde a cadeia montanhosa se
extende (Uganda, Ruanda e República Demográfica do Congo).
Nenhum mapa do Zaire – atual República Demográfica do Congo e
área que contém mais da metade dos hábitats dos gorilas (Fossey,
1983) – estavam disponíveis, pois a posse de mapas topográficos ou
fotos aéreas representariam informações políticas cruciais, diante da
guerra civil acometia a região. Em adição às dificuldades, os melhores
mapas de Ruanda e da Uganda foram produzidos por voolta de 1950
e 1960s e continham características peculiares às tradições dos países
coloniadores (bélgas e franceses no caso de Ruanda e britânicos, em
Uganda), como é o caso das projeções e sistemas de coordenadas
adotadas nos mapas em questão, impedindo, assim a sua combinação.
durante a era colonial.

A partir das limitações supracitadas a equipe do DFGFI entraram em


contato com o Museu Real da África Central em Tervuren, Bélgica, para
tentar obter mapashistóricos que pudessem preencher as informacões
das áreas do Zaire. Como resposta, os pesquisadores receberem um
conjunto completo de mapas da região produzidos pelo Serviço Colonial
Belga, que cobriam toda a cadeia dos vulcões Virunga e suas áreas
de entorno, que serviram aos pesquisadores como um “basemap”, pois
forneciam uma visão histórica da região inteira– retratando a área antes
do desenvolvimento moderno e expansão da população.

Com estas informações em mãos, o primeiro objetivo do DFGFI


foi gerar um mapa de base tridimensional que serviria subsidiar
análises mais sofisticadas sobre as relações entre as características
dos ambientes dos gorilas e os comportamentos da espécie. Com este
intuito, o mapa histórico cedido pelo Museu Real Belga foi manualmente
digitalizado de modo a criar um Modelo Digital de Elevação (MDE),
que permitiu aos pesquisadores visualizar a área de interesse em 3
dimensões (Figura 10).

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Figura 10. Imagem de radar da NASA dos vulcões de Virunga sobreposta ao MDE
criado a partir dos mapas coloniais da Bélgica (à esquerda) e foto de um gorila da montanha
descansando em seu hábitat nos arredores da cadeia montanhosa representada no MDE (à
direita). Fonte: ESRI. GIS for Wildlife Conservation. 2007.

A equipe do DFGFI também extraiu as informações das principais


estradas, hidrologia, limites politicos e de parques, dentre outros dados
geoespaciais que poderiam ser aplicados em futuras analyses de
impactos aos habitats. Além disso, de modo a gerar dados acurados
sobre o uso do solo e cobertura vegetal, a equipe buscou o uso de
satélites. Porém, diante da intensa e constante presença de nuvens, os
pesquisadores tiveram que utilizer imagens de radar como alternativa,
uma vez que estas não sofrem estas interferências. O DFGFI conseguiu,
junto à Aeronáutica Nacional e Administração Espacial, que a área de
Virunga fosse imagiada por radar em 1994, gerando, assim, a primeira
visão remotamente sensoreada, livre de nuvens da região, que permitiu,
ainda, a geração de um mapa de vegetação inicial (Steklis et al. 2007).
Foi apenas em janeiro de 2003 que o DFGFI conseguiu adquirir imagens
de satélite Landsat praticamente sem nuvens, que foram empregadas
para gerar um mapa mais preciso das feições vegetais da região (Figura
11).

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Figura 11. Classificação da vegetação da região de Virunga com base em imagens
Landsat 7 de 2003. Fonte: ESRI. GIS for Wildlife Conservation. 2007.

Com base nestas informações e com o treinamento das equipes


de campo para a marcação com GPS das movimentações diárias dos
animais, localização dos ninhos, atividades de caça furtiva e invasões
das áreas dos parques por caçadores, foi possível aos pesquisadores
incluírem dados decampo diretamente aos SIG, permitindo, desta
forma, melhor monitorar as populações, avaliar ameaças, e, acima de
tudo, testar hipóteses e traçar padrões de formas que não era possível
uma década atrás e/ou por meio de cadernos de anotações e mapas
feitos à mão (Steklis et al. 2007).

Dentre as aplicações ambientais dos SIG, sua utilização na


investigação de serviços ecossistêmicos, tem-se destacado como um
campo muito promissor. Os serviços ecossistêmicos podem ser definidos
como as condições, processos e components do meio ambiente natural
que fornecem benefícios tangíveis e intangíveis que sustentam a vida
humana. Diante de sua importância no desenvolvimento e manutenção
da vida humana, a ONU publicou, em 2005, a Avaliação Ecossistêmica
do Milênio, que estabeleceu uma classificação para os serviços
ecossistêmicos, de acordo com as conexões entre os serviços providos
e o bem estar dos seres humanos, dividindo- os em serviços de provisão,
serviços de regulação, serviços culturais e serviços de suporte.

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Com base, na estrutura propostapela ONU, torna-se nítido
a complexidade de realização de estudos envolvendo seviços
ecossistêmicos, uma vez que estes devem apresentar uma abordagem
multiescala e englobar informações provenientes de uma ampla gama
de ciências naturais e sociais (e.g., dados demográficos, padrões de
consumo, ciclagem de nutrientes, climatologia, ecologia).

Diante destas dificuldades, a aplicação dos SIG permitem a


visualização e análise integrada de dados de diferentes escalas,
provenientes de fontes diversas. Como exemplo, pode-se citar o
trabalho de Sherrouse et al. (2011), que, com base na nos pressupostos
adotados pela ONU, desenvolveram uma aplicação de SIG desenhada
para calcular e mapear os valores sociais relativos dos serviços
ecossistêmicos, conforme a percepção de diferentes grupos de
stakeholders ambientais.

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Mudanças climáticas e SIG
como ferramentas de previsão de
mudanças
Impactos graves na produção global de alimentos são previstos
pelo relatório mais recente do IPCC (Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas) em função das mudanças climáticas provocadas
pelo aquecimento global. Segundo os cientistas que compõem o painel,
o aumento da temperatura ameaça uma série de cultivos agrícolas,
o que pode agravar a questão da fome em localidades consideradas
vulneráveis no planeta.
As estimativas geradas para o Brasil foram corroboradas
pelo estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura
Brasileira”, coordenado pelos pesquisadores Eduardo Assad (Embrapa
Agropecuária) e Hilton Silveira Pinto (Cepagri/Unicamp). O estudo
levou em consideração dois dos vários cenários propostos pelo IPCC
que podem ocorrer até 2100, i.e., cenário A2 – o mais pessimista, que
estima um aumento de temperatura entre 2°C e 5,4°C até 2100, e o B2,
um pouco mais otimista, que prevê um aumento de temperatura entre
1,4°C e 3,8°C em 2100. Com base no aumento de temperatura proposto
nos dois cenários, pesquisadores do CPTEC (Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos), órgão ligado ao INPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), simularam os cenários climáticos futuros do
Brasil, com auxílio na tecnologia de Zoneamento de Riscos Climáticos,
um programa de computador desenvolvido a partir de 1996 pelos
Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, em cooperação
com Embrapa, Unicamp e outras instituições científicas.
Os resultados obtidos indicam que, é esperado que o aumento da
temperatura promova uma intensificação das taxas de perda de água por
evaporação do solo e transpiração das plantas, i.e., evapotranspiração,
o que desencadearia um agravamento da deficiência hídrica, levando a
um aumento de áreas de alto risco climático.

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Segundo os pesquisadores, exceto a região sul e alguns pontos
a sudeste e a sudoeste do Brasil, que sofrem com geadas, as demais
localidades apresentarão efeitos deletérios par a maior parte das
culturas, sendo que, dos produtos analisados (algodão, arroz, café,
cana, feijão, girassol, mandioca, milho e soja), apenas a mandioca e
a cana-de-açúcar não sofrerão redução de área. Por outro lado, a soja
correspondeu a cultura com maior risco no país. Segundo o estudo até
2070 a área com baixo risco climático para o cultivo da leguminosa será
reduzida em até 60%. As áreas mais afetadas serão a Região Sul e o
Cerrado Nordestino, nova fronteira agricola brasileira conhecida como
MATOPIBA, que incorpora os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia. O mapa da figura 12 mostra a projeção de aptidão para cultivo
de soja para o ano de 2070.

Figura 12. Projeção da aptidão para cultivo de soja no ano de 2070 conforme o cenário
pessimista. Fonte: Assad (2008).

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Vale ressaltar ainda que o estudo realizado por Eduardo Assad
(2008) não considerou os recentes crescimentos na Amazônia,
sobretudo no oeste do Estado do Pará, e os potenciais crescimentos
devido à implantação de infra-estruturas de logística na Região Norte
do país.
Além disso, o impacto das mudanças climáticas pode ser
ainda maior caso as previsões de cenários realizadas nesse estudo
se concretizem, uma vez que pode ocorrer uma redução no período
favorável para o cultivo, o que inviabilizaria o cultivo da segunda safra,
que atualmente representa grande fonte de renda para o agronegócio,
praticada principalmente nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

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35
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