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UNIVERSIDADE DE FRANCA - UNIFRAN

CURSO DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

THAÍS HELENA DA SILVA

TRABALHO - SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)

FRANCA
2023
1 INTRODUÇÃO

A Geografia é uma ciência antiga. Entretanto, o Processamento Eletrônico de Dados, é


uma área de conhecimento recente. Neste sentido, os Sistemas de Informações Geográficas,
usando o Geoprocessamento, compõem uma estrutura de interface entre a Geografia, o
Processamento de Dados e a Comunicação (XAVIER-DA-SILVA, 2001).
O termo geoprocessamento surgiu ao inserir as definições de manipulação de dados
espaciais georreferenciados dentro de sistemas computadorizados. Aponta-se que as
informações georreferenciadas possuem como característica principal o fator de localização, o
que significa que estão ligadas a uma posição específica do globo terrestre através de suas
coordenadas.
Dentro das atividades do geoprocessamento, tem-se o Sistemas de Informações
Geográficas – SIG, que é um conjunto de sistemas de softwares e hardwares que possuem a
capacidade de gerar, armazenar, processar, analisar e representar diversas informações sobre o
ambiente geográfico, tendo como resultado os mapas temáticos, as imagines de satélites, as
cartas topográficas, os gráficos e as tabelas, que são produtos fundamentais para a análise de
evoluções espaciais e temporais de um fenômeno geográfico e as inter-relações entre
diferentes fenômenos espaciais.
Uma definição clássica de SIG seria a de um sistema automatizado de coleta,
armazenamento, manipulação e saída de dados cartográficos. De modo a corroborar com tal
informação, cita-se

As geotecnologias constituem o conjunto de tecnologias para coleta,


armazenamento, edição, processamento, análise e disponibilização de dados e
informações com referência espacial geográfica. São compostas por soluções em
hardware, software, peopleware e dataware. No rol das geotecnologias estão o
geoprocessamento, SIG (GIS, SGI) –Sistemas de Informações Geográficas,
Cartografia Digital ou Automatizada, Sensoriamento Remoto por Satélites, Sistema
de Posicionamento Global (ex. GPS), Aerofotogrametria, Geodésia, Topografia
Clássica, entre outros. Dentre as geotecnologias destaca-se o geoprocessamento,
principalmente na constituição de Sistemas de Informações Geográficas –SIGs
(ZAIDAN, 2017, p. 198).

Em suma, é uma estrutura para coletar, gerenciar e analisar dados. Assim, o


geoprocessamento pode ser considerado como um segmento de atividades, e pode ser
entendido como um conjunto de técnicas e métodos teóricos e computacionais associados a
coleta, entrada, armazenamento, tratamento e processamento de dados, com o intuito de
ocasionar novos dados e/ou informações espaciais ou georreferenciadas.
Esse sistema é importante porque possibilita a realização de análises complexas, de
modo a integrar ao mundo real dados de diferentes fontes, desenvolvendo, assim, um banco
de dados geográficos. O SIG tem como principal finalidade o fato de possibilitar a realização
de análises espaciais envolvendo dados referenciados geograficamente (ZAIDAN, 2017).

2 COMPONENTES E FUNCIONALIDADES DOS SIG

O SIG pode ser classificado como um sistema provido de quatro grupos de aptidões
para manusear dados georreferenciados, que são: entrada, gerenciamento, manipulação e
análise, e saída. Os dados são georreferenciados quando estes possuem basicamente duas
características: dimensão física e localização espacial (ARONOFF, 1989).
Em suma, as principais características de SIG’s são:

 Integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de


dados cartográficos, dados de censo e cadastro urbano e rural, imagens de
satélite, redes e modelos numéricos de terreno.
 Combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação,
para gerar mapeamentos derivados.
 Consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados
geocodificados (CÂMARA; ORTIZ, 1998, p. 02).

Os dados tratados em SIG’s incluem: imagens de satélite, modelos numéricos de


terreno, mapas temáticos, redes e dados tabulares.
Em uma mais ampla perspectiva, pode-se indicar que um SIG possui os seguintes
componentes: Interface com usuário; Entrada e integração de dados; Funções de
processamento gráfico e de imagens; Visualização e plotagem e Banco de dados geográficos.
Estes elementos se relacionam de modo hierárquica. No nível mais próximo ao usuário, a
interface homem-máquina estabelece como o sistema é operado e controlado (CÂMARA;
ORTIZ, 1998).
No nível intermediário, um SIG deve possuir mecanismos de entrada, processamento,
visualização e saída de dados espaciais. No nível mais interno do sistema, um banco de dados
geográficos lida com os dados espaciais e seus atributos (CÂMARA; ORTIZ, 1998).
De modelo geral, as funções do SIG lidam sobre dados em um segmento de trabalho
em memória principal. Os dados são recuperados dos arquivos em disco, que podem ser
controlados por um sistema gerenciador de bases de dados -SGBD e carregados em memória,
a partir da conceituação de uma região geográfica de interesse (CÂMARA; ORTIZ, 1998). A
Figura 1 indica o inter-relacionamento dos principais elementos.
Figura 1- Estrutura Interna de um SIG

Fonte: Retirada de Câmara e Ortiz (1998, p. 03).

Cada sistema, em função de seus objetivos e necessidades, implementa estes


componentes de modo distinto, mas todos os subsistemas citados estão presentes num SIG.
Com relação aos principais modos de entrada de dados, cita-se: digitalização em mesa,
digitalização ótica, entrada de dados via caderneta de campo e leitura de dados na forma
digital. Neste último caso, está incluída a importação de dados em outros formatos.
A digitalização em mesa é um processo complexo e demorado, que envolve os
seguintes passos: digitalização de linhas, ajuste de nós, geração da topologia e rotulação
(identificação) de cada objeto geográfico. Nos melhores sistemas, a topologia é armazenada
de modo dinâmico. Assim, uma modificação em um nó não implica em ter de reproduzir,
novamente toda a topologia do mapa digitalizado (CÂMARA; ORTIZ, 1998).
Já a digitalização ótica por instrumentos de varredura ("scanners") é a maneira de
entrada mais usada em cenários de produção. A tecnologia mais usual é baseada em câmaras
CCD ("charge coupled devices") sendo necessário o uso de dispositivos de alta qualidade
(com pelo menos 600 dpi) para conseguir resultados aceitáveis, e algoritmos de conversão de
formato matricial para vetor requerem intervenção humana parcial (CÂMARA; ORTIZ,
1998).
No caso de importação de dados digitais, é muito relevante aproveitar o investimento
já realizado por outras instituições no Brasil, na coleta e armazenamento de dados
geográficos. As principais fontes de dados são as fitas do INPE (imagens TM e SPOT), dados
digitais do IBGE e do Centro de Cartografia Automatizada do Exército (CeCAu/EX) e dados
disponíveis nos formatos DXF (AutoCAD), SGI/INPE, ARC/INFO, ARC/VIEW, IDRISI,
MGE e MAXICAD (CÂMARA; ORTIZ, 1998).
A integração de dados é essencial para aplicações como redes, onde deseja-se
ocasionar uma base cartográfica contínua a partir de informações dispersas em vários mapas.
Usualmente, as redes elétrica, de telefonia e de água e esgoto estão interligadas em toda a
malha urbana. Poucos sistemas conseguem armazená-las de maneira contínua, dando origem a
particionamentos que não refletem a realidade e que dificultam a realização de análises e
simulações (CÂMARA; ORTIZ, 1998).
Pode-se dividir em três tipos básicos os softwares utilizados em geoprocessamento:
CADs, SIGs e Desktop Maping.

 Os CADs (Computer-Aided Design, ou Desenho Auxiliado por


Computador) são softwares de representação gráfica (desenho) por
camadas (camada de desenho, cores e estilos) que usam a geometria
vetorial. Exemplos: o AutoCAD é o mais conhecido, porém existem outros
programas similares, alguns inclusive, em ambiente software livre:
IntelliCAD, QCAD, BricsCAD, DataCAD e o Vector.
 Os SIGs (Sistemas de Informações Geográficas, ou GIS – Geographic
Information System) são sistemas (ou softwares) que possibilitam a análise,
manipulação e geração de dados georreferenciados. Exemplos: Spring,
ArcGIS, VisionGIS, QGIS, Idrisi, etc. Na verdade, por se constituírem de
um “sistema” os SIGs, dependendo de sua arquitetura, podem até mesmo
englobar recursos de software que classificamos aqui separadamente.
 Por fim, os Desktop Maping ou Computer Maping, são softwares para
manipulação de mapas vetoriais e dados alfanuméricos que ficam em um
meio termo entre os CADs e os SIGs. Exemplo: MapInfo e MapWindow
(FARIA, 2020, n.).

Além disso, a autora citou que existem outros softwares de geoprocessamento:


GISMaps Viewer, Terra View, MegaGis (FARIA, 2020).

3 APLICAÇÕES DOS SIG

Em uma perspectiva geral, pode-se aplicar o setor de Geoprocessamento, no Brasil,


em seis segmentos (CÂMARA; ORTIZ, 1998, p. 09): ·

 Cadastral: aplicações de cadastro urbano e rural, realizadas tipicamente por


Prefeituras, em escalas que usualmente variam de 1:1.000 a 1:20.000. A
capacidade básica de SIG’s para atender este setor é dispor de funções de
consulta a bancos de dados espaciais e apresentação de mapas e imagens.
 Cartografia Automatizada: realizada por instituições produtoras de mapeamento
básico e temático. Neste caso, é essencial dispor de ferramentas de
aerofotogrametria digital e técnicas sofisticadas de entrada de dados (como
digitalizadores ópticos) e de produção de mapas (como gravadores de filme de
alta resolução).
 Ambiental: instituições ligadas às áreas de Agricultura, Meio-Ambiente,
Ecologia e Planejamento Regional, que lidam com escalas típicas de 1:10.000 a
1:500.000. As capacidades básicas do SIG’s para atender a este segmento são:
integração de dados, gerenciamento e conversão entre projeções cartográficas,
modelagem numérica de terreno, processamento de imagens e geração de cartas.
 Concessionárias/Redes: neste segmento, temos as concessionárias de serviços
(Água, Energia Elétrica, Telefonia). As escalas de trabalho típicas variam entre
1:1.000 a 1:5.000. Cada aplicação de rede tem características próprias e com
alta dependência de cada usuário. Os SIG’s para redes devem apresentar duas
características básicas: a forte ligação com bancos de dados relacionais e a
capacidade de adaptação e personalização. O pacote básico disponível com os
SIG’s deste segmento é insuficiente para a realização da maioria das aplicações,
pois cada usuário tem necessidades completamente distintas. Assim, os usuários
deste setor realizam significativos desenvolvimentos nas linguagens de
aplicação do SIG escolhido.
 Planejamento Rural: neste segmento, temos as empresas agropecuárias que
necessitam planejar a produção e distribuição de seus produtos. As escalas de
trabalho típicas variam entre 1:1.000 a 1:50.000. Cada aplicação tem
características próprias e com alta dependência de cada usuário. Os SIG’s
devem apresentar duas características básicas: a forte ligação com bancos de
dados relacionais e a capacidade de adaptação. O pacote básico disponível com
os SIG’s deste segmento é insuficiente para a realização da maioria das
aplicações, pois cada usuário tem necessidades completamente distintas. Assim,
os usuários deste setor realizam significativos desenvolvimentos nas linguagens
de aplicação do SIG escolhido.
 Business Geographic: neste segmento, temos as empresas que necessitam
distribuir equipes de vendas e promoção ou localizar novos nichos de mercado.
As escalas de trabalho típicas variam entre 1:1.000 a 1:10.000. Cada aplicação
tem características próprias e com alta dependência de cada usuário. As
ferramentas de SIG devem prover meios de apresentação dos bancos de dados
espaciais para fins de planejamento de negócios. Em especial, os SIG’s devem
ser adaptados ao cliente, com ferramentas de particionamento e segmentação do
espaço para a localização de novos negócios e alocação de equipes.

Acrescenta-se que, Tiago Badre Marino (2022, n.) do Departamento de Geociências


no Instituto de Agronomia da UFRRJ, aponta que o SIG tem aplicações em:

 Transportes: gestão da infraestrutura viária e roteamento;


 Redes de Utilidades: gerenciamento de águas, redes de eletricidade e gás,
redes de telecomunicações;
 Urbanismo: cadastro de imóveis (IPTU), gestão de equipamentos urbanos,
ações sociais;
 Gestão Ambiental: estudos ambientais, análise de riscos ambientais,
zoneamento ecológico-econômico;
 Agricultura: agricultura de precisão;
 Saúde Pública: estudos epidemiológicos;
 Geomarketing: mapeamento de clientes potenciais, análise espacial da
demanda e análise da concorrência;
 Segurança Pública: aspectos logísticos, mapeamento de crimes e
planejamento de operações especiais.

4 VANTAGENS E DESAFIOS DOS SIG


A grande vantagem de se usar um SIG é a velocidade de fornecimento das respostas,
que relacionam variados dados vindos de diversas fontes simultaneamente e possibilitam
cruzá-los para obter outras informações relevantes, geralmente, de difícil identificação. Tal
aspecto humano é extremamente relevante, já que quem faz as análises é o usuário, o que
pode parecer óbvio de início, mas se você acreditar que somente aprender sobre software de
SIG é suficiente para usufruir das infinitas possibilidades que ele oferece, estará enganado e
limitando seu potencial (MARINO, 2022).
Além disso, acrescenta-se outras vantagens, que são:

Os SIGs têm, cada vez mais, se revelado como uma grande ferramenta capaz apoiar
a tomada de decisões e de resolver problemas de planejamento, sendo utilizada nas
mais variadas aplicações, por diversos setores da sociedade, e para infindáveis
finalidades.
Demonstram grande potencial para a realização de análises e uma capacidade
inovadora de armazenamento, manipulação e visualização de informações
(MARINO, 2022, n.).

Além disso, o SIG apresenta baixo custo de aquisição; possibilidade de operar em


plataformas de baixo custo ou open source, como por exemplo o QGIS; possui simplicidade
de operação, podendo ser usado por pessoal variado; simplificação dos processos com
racionalização no uso de recursos financeiros e equipamentos sociais; apoio a decisões;
manipulação dos dados georreferenciados com versatilidade; objetividade para definir
critérios técnicos com participação e sustentabilidade (MARINO, 2022).
Por outro lado, o uso do GIS enfrenta dificuldades na aquisição e integração de dados
heterogêneos, o que requer governos, empresas, e instituições acadêmicas para promover
conjuntamente a formulação de políticas relevantes.

5 ESTUDO DE CASO

O SIG (Sistema de Informação Geográfica), como já mencionado é um conjunto de


software usado a partir de tecnologia web como Arcgis, GVsig, Spring, Qgis; uma vez que
utilizamos esses softwares é possível coletarmos informações de uma área possibilitando a
criação de relatórios, mapas, dados estáticos, fotografias aéreas entre outros.
A área escolhida para ser feito o estudo de caso está situada na cidade de Boa
Esperança- MG, mostrado na Figura 2, fica localizada no sul de Minas Gerais, com uma
população de aproximadamente 45.000 habitantes. É considerada uma cidade turística devido
aos atrativos que apresenta como: A serra de Boa Esperança e o Lago dos Encantos.

Figura 2 - Boa Esperança/MG

Bairro Maringá

O lago foi assim nomeado pelos moradores e corresponde à parte do lago de furnas
que banha o município. Contribui para atrair turistas e também para o lazer da população
Esperancense, devido à presença de inúmeros bares localizados na avenida paralela a orla do
lago. A economia do município gira em torno da agricultura e agropecuária com destaque para
o cultivo do café e milho e produção de leite.
A área de estudo está localizada no bairro Maringá (Figura 3), o mesmo possui uma
infraestrutura onde atende à demanda de todo o bairro contando com escola, creche, farmácia,
supermercado, posto de saúde, equipamentos públicos como praças, quadras esportivas, etc.
Embora o bairro tenha algumas áreas não edificada podemos considerar um bairro já
consolidada, classe baixa e predominantemente residencial. A faixa etária dos moradores é
diversificada variando de crianças a idosos, tendo em média 5 a 6 pessoas por casa.
Figura 3 - Uso e ocupação do solo

Fonte: Própria autora (2023).

6 CONCLUSÃO

A partir desse contexto apresentado, tem-se que o SIG é um conjunto de "ferramentas"


especializadas em adquirir, armazenar, recuperar, transformar e emitir informações espaciais.
Tais dados geográficos descrevem elementos do mundo real em termos de posicionamento,
referentes a um sistema de coordenadas, seus atributos não aparentes, como a cor, pH, custo,
incidência de pragas e entre outros, e das relações topológicas existentes.
Pôde-se concluir que o SIG pode ser utilizado em estudos relativos ao meio ambiente e
recursos naturais, na pesquisa da previsão de determinados fenômenos ou no apoio a decisões
de planejamento, considerando a concepção de que os dados armazenados equivalem a um
modelo do mundo real

REFERÊNCIAS

ARONOFF, S. Geographic information systems: a management perspective. Ottawa, WDL


Publications, 1989.

CÂMARA, Gilberto; ORTIZ, Manoel Jimenez. Sistemas de informação geográfica para


aplicações ambientais e cadastrais: uma visão geral. In: Congresso Brasileiro De
Engenharia Agrícola: Cartografia, Sensoriamento E Geoprocessamento. 1998.

FARIA, Caroline. Softwares de Geoprocessamento. 2020. Isponível em:


<https://www.infoescola.com/geografia/softwares-de-geoprocessamento/>. Acesso em: 23 de
maio de 2023.

MARINO, Tiago Badre. Aplicabilidades de SIGs. Departamento de Geociências – Instituto de


Agronomia. UFRRJ. 2022. Disponível em: <
http://www.ufrrj.br/lga/tiagomarino/aulas/12%20-%20Aplicabilidades%20de%20SIG.pdf>
Acesso em 25 de maio de 2023.

XAVIER-DA-SILVA, J. Geoprocessamento para Análise Ambiental. Rio de Janeiro: sn,


2001. 228 p.

ZAIDAN, Ricardo Tavares. Geoprocessamento conceitos e definições. Revista de Geografia-


PPGEO-UFJF, v. 7, n. 2, 2017.

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