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UNIVERSIDADE WUTIVI - UNITIVA

Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Planeamento Físico


Curso: Arquitetura e Planeamento Físico
Cadeira: Métodos e técnicas
4° Ano

Tema: Processo de Avaliação dos Impacto ambientais e seus objectivos

Discente:
 Edilson Esteira
 Cleida Alberto Langa
 Laira Adozinda Júlio Simango
 Néldia Mussuei
 Neila Rita Da Elisa Conho

Docente: Cristina Soda

Boane, Belo Horizonte, Março de 2024


UNIVERSIDADE WUTIVI
UNITIVA

Faculdade de Engenharias, Arquitectura e Planeamento Físico


Curso: Arquitectura e Planeamento Físico
4° Ano

Tema: Processo de Avaliação dos Impacto ambientais e seus objectivos


Introdução

A questão ambiental é um dos temas mais importantes dos tempos atuais. A utilização
desquiada do ambiente e a limitação dos recursos naturais estabelecem discussões que
envolvem, inclusive, a própria sobrevivência da espécie humana. Assim, o termo “impacto
ambiental” é encontrada com frequência na imprensa e no dia-a-dia. No sentido comum, ela
é, na maioria das vezes, associada a algum dano à natureza, qualquer alteração no meio
ambiente em um ou mais de seus componentes – provocada por uma acção humana e
considerada como um impacto ambiental. (Sanchez, 2013)

Face ao cenário actual, muito se discute sobre o processo de avaliação dos impactos
ambientais e seus objectivos. Para se estudar o cenário actual, é necessário primeiramente
saber o que é processo de avaliação de impactos ambientais. Assim sendo neste trabalho
abordaremos sobre o tema Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.
I. Objectivos

Objectivo Geral:

 Estudar o processo de avaliação dos impactos ambientais e seus objectivos.

Objectivo Específico:

 Definir impacto ambiental, processos ambientais e avaliação dos impactos ambientais;


 Identificar os objectivos da avaliação dos impactos ambientais;
 Identificar as técnicas de análise dos impactos ambientais
 Analisar o processo de avaliação dos impactos ambientais em Moçambique

VI. Metodologia

A metodologia aplicada a este trabalho consiste em pesquisa qualitativa, por meio do método
explicativo, descritivo e o método de pesquisa bibliográfica, tendo este como finalidade o
levantamento e utilização de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos
e electrónicos tais como livros, artigos científicos, Decreto n.º 97/2020 e websites, que
abordam sobre o tema de pesquisa do trabalho.

Abreviaturas:

AIA-
Conceitos

Impacto ambiental

Na literatura técnica, há várias definições de impacto ambiental, quase todas elas largamente
concordantes quanto a seus elementos básicos, embora formuladas de diferentes maneiras, a
saber:

 Qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes –


provocada por uma acção humana (Moreira, 1992, p. 113.);
 O efeito sobre o ecossistema de uma acção induzida pelo homem (Westman, 1985,
p.5.);
 A mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa
determinada área, que resulta de uma dada actividade, comparada com a situação que
ocorreria se essa actividade não tivesse sido iniciada (Wathern, 1988a, p. 7.).
 Alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou
sociais provocadas por acção humana.

Processo Ambiental

Abrange acções de protecção e preservação dos seres vivos e dos recursos ambientais, da
segurança das pessoas e comunidades, do controle e avaliação de risco e programas de
educação ambiental.

Avaliação de impacto ambiental

O termo avaliação de impacto ambiental (AIA) entrou na terminologia e na literatura


ambiental a partir da legislação pioneira que criou esse instrumento de planeamento
ambiental, National Environmental Policy Act – NEPA, a lei de política nacional do meio
ambiente dos Estados Unidos. Essa lei, aprovada pelo Congresso em 1969, entrou em vigor
em 1 de Janeiro de 1970 e acabou transformando-se em modelo de legislações similares em
todo o mundo. A lei exige a preparação de uma “declaração detalhada” sobre o impacto
ambiental de iniciativas do governo federal americano.

Segundo a “International association for impacat assesmente (IAIA)” a avaliação do impacto


é o processo de identificar as consequências futuras de uma acção presente ou proposta.
Assim, o processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) visa a identificação e a
previsão dos potenciais impactos sobre o meio ambiente, decorrentes das atividades
antrópicas, e sistematicamente prôpor medidas de redução e eliminação dos impactos
negativos (PAVLICKOVA et al., 2009, p. 2; GLASSON et al., 2012, p. 76; MORGAN,
2012, p. 5).

Nas últimas décadas, a AIA tem sido aplicada em todo o mundo como uma ferramenta de
gestão ambiental, mostrando-se eficaz na prevenção da degradação do meio ambiente e no
aumento da qualidade de vida humana proporcionando um conjunto de informações
essenciais para o processo de tomada de decisão a respeito da viabilidade ambiental dos
projectos (SADLER, 1996, p.13; JAY et al., 2007, p. 288).

Processo de avaliação do impacto ambiental

É uma ferramenta utilizada para prever e avaliar os efeitos ambientais de um projecto, plano,
ou programa antes que sejam tomadas decisões finais. O processo de AIA pode organizar o
debate com os interessados (a consulta pública é parte do processo), tendo o estudo do
impacto ambiental (EIA) como fonte de informação e base para as negociações.

A AIA tem também o papel de facilitar a gestão ambiental do futuro empreendimento. A


aprovação do projecto implica certos compromissos assumidos pelo empreendedor, que são
delineados no estudo de impacto ambiental, podendo ser modificados em virtude de
negociações com os interessados. A maneira de implementar as medidas mitigadoras e
compensatórias, seu cronograma, a participação de outros atores na qualidade de parceiros e
os indicadores de sucesso podem ser estabelecidos durante o processo de AIA, que não
termina com a aprovação de uma licença, mas continua durante todo o ciclo de vida do
projecto

Objectivos da avaliação de impacto ambiental

Segundo a Associação Internacional de Avaliação de Impactos – IAIA os objectivos da


avaliação de impacto ambiental são:

 Assegurar que as condições ambientais sejam explicitamente tratadas e incorporadas


ao processo;
 Antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos negativos relevantes biofísicos,
sociais e outros;
 Proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais, assim como os
processos ecológicos que mantêm suas funções;
 Promover o desenvolvimento sustentável e optimizar o uso e as oportunidades de
gestão de recursos.

Etapas do processo de avaliação do impacto ambiental

1. Identificação dos impactos potenciais: Este é o estágio inicial, onde são identificados os
possíveis impactos ambientais que podem surgir do projeto, plano ou programa.

2. Análise dos impactos potenciais: Uma vez identificados, os impactos potenciais são
analisados em termos de sua natureza, magnitude, duração e extensão geográfica.

3. Avaliação de impactos significativos: Nesta etapa, os impactos identificados são


avaliados para determinar quais são significativos em termos de suas consequências
ambientais.

4.Identificação de alternativas: São examinadas alternativas para o projecto, plano ou


programa, a fim de reduzir ou evitar os impactos ambientais significativos.

5. Elaboração de medidas de mitigação: São desenvolvidas medidas para reduzir ou


eliminar os impactos ambientais negativos identificados.

6. Monitoramento e acompanhamento: Uma vez implementado, o projecto é monitorado


para garantir que as medidas de mitigação sejam eficazes e para identificar quaisquer
impactos não previstos.

O processo de AIA visa garantir que os impactos ambientais sejam considerados durante o
planeamento e desenvolvimento de projectos, buscando minimizar ou evitar danos ao meio
ambiente. Essa abordagem promove o desenvolvimento sustentável e a conservação dos
recursos naturais.
Processo de Avaliação de Impacto Ambiental em Moçambique

Segundo o n° 5 do artigo I , capitulo I do decreto n° 45/ 2004 do boletim da República ,


Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento de gestão ambiental preventiva
que consiste na identificação e análise prévia, qualitativa e quantitativa, dos efeitos
ambientais benéficos e perniciosos de uma actividade proposta.

Princípios de avaliação do impacto ambiental

O processo de AIA de projectos em Moçambique consagra dois princípios fundamentais da


política de gestão ambiental:

 Princípio da prevenção, ao determinar que o processo de AIA seja prévio ao


licenciamento;

 Princípio da participação, por consignar a obrigatoriedade de promover uma


Consulta do Público interessado, de modo a promover uma alargada participação das
Partes Interessadas e Afectadas e dos Cidadãos, na apreciação da viabilidade
ambiental e social dos projectos.

Na perspectiva de Graglia (2014), em Moçambique, os projectos são regulamentadas como


sendo das categorias A, B ou C. A metodologia da selecção dos projectos sujeitos a AIA
baseia-se não apenas nas dimensões e tipo do projecto, mas também na sua localização,
dando particular relevo às áreas sensíveis do um ponto de vista do património ambiental,
cultural e natural.

O MICOA é a Autoridade Ambiental máxima, através da Direcção Nacional de Avaliação de


Impacto Ambiental (DNAIA) e da Direcção Provincial da Coordenação Ambiental (DPCA).

Fazem parte da Categoria A projectos divididos em 10 tipologias de actividades referentes a


e/ou localizadas em áreas com as características abaixo descritas e são classificadas por
serem de grande impacto.

Estes projectos estão obrigatoriamente sujeitos à elaboração de um EIA, de um Estudo de


Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e de Consulta Pública. Segue
abaixo a tabela com um elenco sumário das actividades e áreas consideradas de categoria A.
1 Ecossistema com estatuto especial de protecção
2 Áreas que impliquem a necessidade de povoamento
3 Áreas densamente povoadas onde a actividade impliquem níveis inaceitáveis de
poluição ou outro tipo de distúrbio que afecte significativamente as comunidades
residentes
4 Regiões sujeitadas a níveis altos de desenvolvimento oi onde existe conflitos na
distribuição ou uso de recursos naturais
5 Áreas ao longo de cursos de água ou áreas usadas como fonte de abastecimento de
água para consumo das comunidades
6 Zonas contendo recurso de valor como por exemplo aquático, minerais, plantas
medicinais.
7 Construção de infra-estruturas
8 Exploração Florestal
9 Agricultura
10 Industria

Fazem parte da categoria B projectos sujeitos á elaboração obrigatória de um EAS e á


produção opcional de um EPDA e de consulta pública, porque não afectam
significativamente as populações humanas, nem áreas ambientalmente sensíveis. Entram
nesta categoria todos os projectos que não constam das categorias A e C.

Fazem parte da categoria C projectos não sujeitos a elaboração nem EIA nem de EAS,
implicando apenas que haja uma boa gestão ambiental,uma vez que não existem impactos
negativos significantes e os impactos positivos resultam ser claramente superiores aos
negativos.

O processo de AIA é organizado em 6 fases (que poderão ser 7 Pré-avaliação -caso o projecto
conste na Categoria B), com diversos intervenientes e entidades.

 Instrução do processo;

 Pré-avaliação (nem sempre aplicável);

 Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e

 Termos de Referencia (TdR);


 Elaboração do EIA ou

 Apreciação Técnica do EIA ou EAS;

 Decisão;

 Fiscalização

Os projectos constantes na Categorias B deverão ser objecto de uma pré-avaliação a ser


efectuada pelo MICOA e deverá ser realizada logo depois da instrução do processo.

Aplicação do AIA em Moçambique — Ponto da Situação

A experiência legislativa ambiental moçambicana pautou-se progressos, principalmente nos


últimos anos. No que respeita à matéria da prevenção e mitigação de danos, mais
especificamente o Licenciamento Ambiental, a Avaliação de Impacto Ambiental, a Auditoria
Ambiental, 0 Plano de Gestão Ambiental (PGA) e as Petrolíferas e Mineiras, encontram-se
regulados em lei específica.

O processo de AIA de é mais parecido com o modelo europeu das directivas 85/337/CEE e
92/11/CE do que com o modelo canadiano ou dos Estados Unidos de América. Uma vez que
a definição de âmbito é obrigatória para os projectos de Categoria A. 0 processo aproxima-se
ao sistema holandês, que é o único que tem esta peculiaridade no âmbito europeu.

Aspectos do processo de AIA Moçambicano

a) Pública/Educação Ambiental - O processo de AIA introduziu um conceito novo na


cultura ou seja, a participação pública. Num país onde a democracia está ainda numa fase
muito incipiente e, por Vezes, muito dissimulada, e onde a tradição de associações civis não é
ainda radicada na cultura nacional, o processo de participação pública é um conceito novo
para muitos. Embora seja o único país da África Austral Onde não existem mecanismos
através dos quais o público possa apresentar recursos às decisões tomadas pela Autoridade
Ambiental competente (Rebelo, 2012). Graglia (2014), cita ainda que, através de uma análise
feita em dois Relatórios de Revisão de EAS elaborados por uma CA da província de
Nampula verificou-se que estes Sublinhavam a importância da preservação dos valores e
culturais locais. Note-se que, nenhum destes EAS Obrigava à Participação Pública dado que
Se inseriam na Categoria B (DPCA, 2011, 2013).

Pós-avaliação – No processo de AIA esta é a fase menos desenvolvida a nível legislativo. O


RAIA dedica-lhe apenas um artigo, sublinhando principalmente o aspecto relativo à
fiscalização; enquanto o RAOP lhe dedica dois artigos. Lamentavelmente, não dispomos de
nenhuma pós-avaliação de verificação ou geral, dispondo Simplesmente de uma auditoria e
monitorização obrigatórias da actividade implementada, sem nenhuma especificação.

Refira-se ainda que, também a nível internacional, a bibliografia técnico-científica relativa


fase de Pós-avaliação é relativamente escassa, muito mais do que em outras fases dos
processos de Avaliação de Impactos (Ramos, 2005).

NO Caso de Moçambique, acresce ainda uma gritante falta de pessoal especializado, a


existência de um só laboratório nacional para a análise de amostras e a falta de metodologia
com que os técnicos do MICOA e DPCA são confrontados, o que se traduz numa paupérrima
Pós avaliação, que é, talvez, a maior lacuna de todo o processo de Impactos, em
Moçambique.

Apreciação Técnica de EIA- O propósito maior do nosso trabalho consiste em, futuramente,
dotar as CA's de instrumentos válidos para a apreciação técnica de EIA de explorações
petrolíferas em Alto Mar, promovendo, assim e em última análise a qualidade ambiental dos
projectos.

Na panorâmica legislativa verifica-se que os técnicos do MICOA não despõem de muitos


instrumentos para as suas avaliações, à parte 0 Art.6 e 8 do RAIA. Estes são artigos gerais
aplicáveis a qualquer tipo de EIA ou EAS, mas que em actividades particularmente
impactantes, complexas e específicas designadamente as actividades petrolíferas em Alto
Mar poderão não resultar muito úteis.

Por outro lado, tais generalidades dos critérios de avaliação, além de não muito úteis para a
CA, levam à produção de diferentes EIA com diferentes metodologias, que não ajudam os
técnicos na celeridade do seu trabalho de avaliação, uma vez que dispõem só de 45 dias para
apreciação do EIA.
Deste modo, a existência de critérios mais específicos permitirão aos proponentes realizar
EIA mais uniformes, na em que conhecerão antecipadamente os aspectos considerados
relevantes e que devem constar no respectivo EIA. Estes critérios, servirão também como
ferramenta de avaliação para as CA. As normas ou critérios de avaliação ajudariam
ulteriormente na transparência do de apreciação técnica.
PAVLICKOVA K, KOZOVA M, MIKLOSOVICOVA A, ZARNOVICAN H, BARANCOK
P, LUCIAK M. Environmental impact assessment (In Slovak). 1st ed. Bratislava: Comenius
University in Bratislava; 2009

SADLER, Barry. CANADIAN ENVIRONMENTAL ASSESSMENT AGENCY.


Environmental Assessment in a Changing World. Evaluating Practice to Improve
Performance-final Report. 1996. Disponível em:
<http://www.ceaa.gc.ca/Content/2/B/7/2B7834CA-7D9A-410B-A4ED-FF78AB625BDB/
iaia8_e.pdf>. Acesso em: 10/03/2024

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