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WBA0154_V2.

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Estudos de Conflitos Ambientais: Impactos
Ambientais e de Vizinhança
Estudos de Conflitos Ambientais: Impactos Ambientais e de
Vizinhança
Autoria: Profa. Dra. Ana Beatriz Perriello Leme
Como citar este documento: LEME, Ana Beatriz Perriello. Estudos de Conflitos Ambientais: Impactos Am-
bientais e de Vizinhança. Valinhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental 05
Assista a suas aulas 22
Unidade 2: Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos 29
Assista a suas aulas 47
Unidade 3: Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental 55
Assista a suas aulas 70
Unidade 4: Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais 77
Assista a suas aulas 92

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Estudos de Conflitos Ambientais: Impactos Ambientais e de
Vizinhança
Autoria: Profa. Dra. Ana Beatriz Perriello Leme
Como citar este documento: LEME, Ana Beatriz Perriello. Estudos de Conflitos Ambientais: Impactos Am-
bientais e de Vizinhança. Valinhos: 2016.

Sumário
Unidade 5: A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto
99
Ambiental
Assista a suas aulas 113
Unidade 6: Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA 121
Assista a suas aulas 137
Unidade 7: O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica
144
e suas Implicâncias
Assista a suas aulas 158
Unidade 8: O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade 165
Assista a suas aulas 177
3
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Apresentação da Disciplina

A procura por profissionais que atuem na pal objetivo a formação e a capacitação de


área de gestão, licenciamento e auditoria excelentes profissionais que irão atuar dire-
ambiental cresce ano a ano. Isso se deve, tamente na gestão, no licenciamento e na
especialmente, à preocupação recente das auditoria ambiental.
empresas, do governo e dos cidadãos em Ao estudar este material, você perceberá
preservarem e conservarem o meio am- que todo ele está pautado em extensas le-
biente, tanto para a nossa, como para futu- gislações ambientais, que nunca devem ser
ras gerações. Desta forma, busca-se sem- negligenciadas e que estarão sempre indi-
pre avaliar, antecipar e prevenir os impactos cadas para a leitura complementar. Porém,
ambientais negativos e, na medida do pos- o nosso foco será explicar os processos, as
sível, também propor estratégias para aliar etapas e a execução de um estudo de im-
o desenvolvimento à sustentabilidade. pacto ambiental, avaliando-se o ambien-
Assim, todo o conteúdo desta disciplina foi te diretamente afetado e suas vizinhanças.
pensado e estruturado utilizando-se as me- Assim, você está convidado a participar do
lhores referências da área, trazendo ferra- desenvolvimento das competências neces-
mentas indispensáveis para sua atuação fu- sárias para ajudarmos na preservação am-
tura, de forma concisa e direcionada ao seu biental e no desenvolvimento sustentável.
cotidiano profissional, sendo nosso princi-
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Unidade 1
Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental

Objetivos

1. Compreender a aplicação da avalia-


ção de impactos ambientais no âmbi-
to de atuação profissional;
2. Conhecer os principais termos e con-
ceitos envolvidos na avaliação de im-
pactos ambientais;
3. Entender a origem e como seu deu a
difusão das legislações ambientais.

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1. Introdução

Os profissionais que pretendem trabalhar estudo dos impactos ambientais de obras já


com avaliação de impacto ambiental só te- finalizadas e em operação, avaliando-se as
rão sucesso se compreenderem a comple- alterações ambientais ocorridas no passa-
xidade e interdisciplinaridade que envolve do ou no presente.
esse processo. Desta forma, esses profissio- Assim, a AIA é uma poderosa ferramenta
nais devem conciliar os interesses privados para antecipar e prevenir os efeitos negati-
e econômicos e o debate público e popular. vos da implantação e operação de um em-
Nesse contexto, vale ressaltar que a Avali- preendimento ou atividade. Porém, esta é
ção de Impacto Ambiental (AIA) pode ser uma área que está em constante transfor-
empregada com diferentes objetivos, ferra- mação e deverá ser atualizada assim que
mentas e metodologias. Entre os principais houver o surgimento de novos tipos de em-
objetivos podemos elencar: (1) A previsão preendimento e também novas normativas
dos impactos potenciais de um projeto eco- legais.
nômico e/ou de engenharia, objetivo este Em 1950, o termo poluição começou a ga-
que será o foco deste material; (2) A identi- nhar grande popularidade e repercussão.
ficação de prováveis consequências futuras Com o tempo, percebeu-se que este termo
de programas e políticas governamentais não explicava a complexidade dos proble-
no desenvolvimento socioeconômico; (3) O mas ambientais, que nem sempre estavam
6/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
vinculados com a emissão de poluentes. Foi
assim que em 1970 surgiu o termo impacto Para saber mais
ambiental, que pode ser avaliado como po- IMPACTO AMBIENTAL POSITIVO E NEGATIVO?
sitivo ou negativo (ABNT, NBR ISO 14.001, Quando falamos em impacto ambiental, pensa-
2015). Deste modo, qualquer forma de po- mos em algo que causará automaticamente da-
luição gera um impacto ambiental negati- nos ao meio ambiente. Porém, os impactos am-
vo, mas nem todo impacto ambiental está bientais podem ser positivos e negativos, pois a
vinculado a um episódio de poluição. Por palavra impacto está vinculada com uma altera-
exemplo, a submersão das Sete Quedas ção antrópica. Por exemplo, a construção de uma
para a construção do reservatório de Itaipu empresa que irá despejar efluentes nos rios vizi-
não emitiu diretamente poluentes, porém nhos causará um impacto ambiental negativo,
causou danos à fauna e à flora, gerando porém, se esta mesma empresa investir na cons-
grandes modificações nesse habitat. trução de uma estação de tratamento de esgoto,
ela contribuirá para que os efluentes produzidos
na cidade não sejam encaminhados sem trata-
mento para os rios, além de gerar empregos para
a região onde será implantada, produzindo im-
pactos positivos.

7/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


Assim, vale lembrar que a AIA está contextu-
alizada no desenvolvimento da sustentabi- Para saber mais
lidade, surgindo na ecologia e, ao contrário SUSTENTABILIDADE. Apesar de ser um termo am-
do que muitos pensam, não está vinculada plamente difundido, a ideia de sustentabilidade vai
somente ao meio ambiente, mas também a além de simplesmente sustentar, favorecer e con-
questões de desenvolvimento econômico, servar o meio ambiente para as futuras gerações.
social e cultural. Dessa forma, a natureza é Ela está diretamente vinculada ao desenvolvimen-
nossa fornecedora de bens, no entanto, a to econômico, social e cultural e pode ser exem-
exploração dos recursos naturais sem um plificada nas seguintes frases: (1) Ecologicamente
estudo prévio desencadeia alguns proces- correto: trocar as sacolas plásticas de supermerca-
sos de degradação ambiental, afetando a dos pelas ecobags de tecido; (2) Economicamente
capacidade da natureza de promover os viável, por exemplo, trocar as lâmpadas incandes-
serviços essenciais à vida. À nossa socieda- centes por lâmpadas de LED; (3) Socialmente jus-
de cabe gerir o meio ambiente e reorganizar to, por exemplo, a construção de rampas de acesso
a relação entre sociedade e natureza. para deficientes; e (4) Culturalmente diverso, por
exemplo, estimular uma festa das nações. Logo,
sustentabilidade é o que precisamos da natureza e
o que ofereceremos em troca.

8/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


2. Conceitos Gerais

Segundo a International Association for Im-


Link
O site da International Association for Impact
pact Assessment (IAIA), a Avaliação de Im-
Assessment apresenta diversos vídeos sobre
pacto Ambiental é o processo usado para
avaliação de impacto ambiental. Disponível em:
identificar as consequências futuras de uma
<http://www.iaia.org/>. Acesso em: 9 abr. 2017.
ação presente ou proposta. Portanto, a AIA
visa evitar ou prevenir a ocorrência de efei-
tos indesejáveis ao meio ambiente e é usa- Sendo a AIA um processo, ela é composta de
da para apoiar a tomada de decisão sobre a diversas etapas, entre elas, a triagem, a de-
autorização ou o licenciamento de um novo finição do conteúdo dos estudos, a descri-
projeto, fornecendo as informações sobre ção do projeto, do ambiente e da vizinhan-
as prováveis consequências de suas ações. ça a ser afetada, a identificação, a previsão
e a avaliação dos impactos significativos e,
ainda, as medidas mitigadoras e compen-
satórias, apresentadas com os resultados.
Além disso, a AIA prevê a consulta e a parti-
cipação pública na realização dos estudos e
na tomada de decisões, sendo uma impor-
9/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
tante ferramenta de gestão ambiental an- como do empreendedor. Desta forma, um
tecipatória e participativa, da qual o Estudo projeto típico trará diversas alterações, al-
de Impacto Ambiental (EIA) é apenas uma gumas negativas, outras positivas, e isso
parte. deverá ser considerado quando se prepara
um estudo de impacto ambiental, mesmo
que ele se deva às consequências negativas.
Link O impacto ambiental é a mudança em um
Acompanhe as notícias e referências científicas parâmetro ambiental em um determina-
e técnicas da Associação Brasileira de Avaliação do tempo e área, como apresentado na Fi-
de Impacto. Disponível em: <http://avaliacao- gura 1. Assim, o impacto ambiental resulta
deimpacto.org.br/>. Acesso em: 9 abr. 2017.
de uma atividade que não ocorreria se essa
obra e/ou atividade não tivesse sido inicia-
da. Porém, em uma Avaliação de Impacto
Além disso, a AIA é importante para garan-
Ambiental, há uma dificuldade de se prever
tir que o planejamento do empreendimen-
a evolução da qualidade do ambiente em
to contemple a biodiversidade e aumente a
uma área, e, para esse procedimento, acaba
legitimidade do empreendimento, podendo
sendo levada em consideração a diferença
facilitar o processo de implantação e re- entre a provável situação futura de um in-
mover as incertezas tanto da comunidade dicador ambiental e sua situação presente.
10/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
Figura 1. Representação do conceito de impacto ambiental

Fonte: Sánchez (2013, p. 29, adaptado pela autora).

11/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


Outro termo que vale aqui ser definido é a biente, como os poluentes; (3) Sobrecarga
degradação ambiental, que tem uma co- de fatores de estresse além da capacidade
notação claramente negativa, sendo consi- de suporte do meio, gerando desequilíbrio.
derada um impacto ambiental negativo. O Assim, vale ressaltar que a construção de
agente da degradação ambiental é sempre uma rodovia não é um impacto ambiental, e
o ser humano, pois processos naturais não sim uma causa de impactos ambientais.
degradam ambientes, apenas causam mu-
danças, por exemplo, as erupções vulcâni- 3. Origem e Difusão da Avaliação
cas. O grau de degradação pode ser tal que de Impacto Ambiental
um ambiente se recupere sozinho e espon-
taneamente, o que chamamos de resiliên- Nossa história não começa agora, mas,
cia, mas essa ação geralmente demanda sim, na Revolução Industrial, ocorrida em
tempo, o que anda bastante escasso, além aproximadamente 1760. Nesse período,
do que, a partir de um nível de degradação, houve uma grande transição nos métodos
a recuperação torna-se inviável. de produção, passando de artesanais (cap-
italismo comercial) para uma produção fa-
O impacto ambiental pode ser causado por:
bril em escala (capitalismo industrial), com
(1) Supressão de certos elementos ambien-
uma maior exploração de matéria-prima e
tais; (2) Inserção de certos elementos no am-
12/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
insumos e, também, uma maior geração de nas questões ambientais, surgindo assim
resíduos. Como esse processo foi acelera- todo o conceito de sustentabilidade. Ainda
do, o homem pode rapidamente começar a nessa conferência, foi criado o Programa
observar um desiquilíbrio ambiental, perce- das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
bendo assim que suas atividades alteraram que nada mais era do que um mecanismo
o ambiente natural. institucional para tratar questões ambien-
Em um primeiro momento, apesar de as al- tais entre as Nações Unidas, com sede em
terações no meio ambiente crescerem dia a Nairóbi, no Quênia.
dia e afetarem diretamente o equilíbrio am- Assim, os Estados Unidos foram pioneiros
biental, a comunidade permaneceu sem dis- e propuseram, em 1969, uma lei da política
cutir o assunto. Porém, aproximadamente nacional do meio ambiente (NEPA, do inglês
200 anos mais tarde, em 1972, foi realiza- National Environmental Policy Act), que deu
da em Estocolmo, na Suécia, a Conferência poder aos diferentes órgãos do governo de
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente aplicar essa lei conforme seus procedimen-
(UNCHE, do inglês Conference on the Human tos e diretrizes, e foi instituído um Consel-
Environment). Nessa primeira conferência, ho de Qualidade Ambiental (CEQ, do inglês
foi redigida a Declaração de Estocolmo, que Council of Environmental Quality), que tinha
indica os princípios e as responsabilidades a função de estabelecer diretrizes gerais,
13/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
zelar, acompanhar e arbitrar pela correta forma diferente: em alguns é uma normati-
aplicação da lei. va, em outros um estatuto, em uns é apenas
Após a NEPA, os EUA criaram um mecanis- uma diretriz, porém em quase todos são os
mo preventivo que auxiliaria na tomada de órgãos governamentais que devem exigir a
decisões dos setores públicos, que instituiu AIA e permitir a implementação de um pro-
a Avalição de Impacto Ambiental em forma jeto.
de uma Declaração de Impactos Ambien- No Brasil, na década de 1970, obras de
tais, e os sistemas para a Avaliação de Im- grande porte, como a Usina Hidrelétrica de
pactos Ambientais foram difundidos pelo Sobradinho, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí,
mundo. Entre 1970 e 1980 países como entre outras com financiamento multilater-
Canadá, Austrália e França, entre outros, al, já foram submetidas à Avaliação de Im-
criaram leis para uso e aplicação da AIA. pacto Ambiental devido a exigências dos
Em 1985, foi criada a Diretiva Europeia so- bancos financiadores. Além disso, os es-
bre AIA, o que estimulou a sua difusão pe- tados do Rio de Janeiro e de São Paulo, em
los países do continente. Recentemente, a 1975 e 1976, respectivamente, estabelece-
AIA tem representação intercontinental, ram suas próprias leis de controle da polu-
abrangendo mais de 120 países. Em cada ição. Porém, apenas no ano de 1981, a AIA
país onde a AIA é aplicada, ela é feita de uma foi incluída como instrumento da Política
14/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental
Nacional de Meio Ambiente através da Lei Além do CONAMA, em 1988, a Constituição
de Política Nacional do Meio Ambiente no Federal dedicou o artigo 225 a dispor de
6.938/81, com a criação do Conselho Na- diretrizes voltadas ao meio ambiente, nas
cional do Meio Ambiente (CONAMA). quais foram incluídas a obrigação do Poder
Público de exigir a elaboração de AIA para
instalação de obra e/ou atividade poten-
Link cialmente causadora de degradação ambi-
É recomendável a leitura do site do CONAMA para ental. E por último foi homologada a Lei do
atualizações das legislações, verificação das re- Estatuto da Cidade, no 10.257/01, que traz
soluções e divulgação de eventos. Disponível em: um quadro atualizado para a gestão urba-
<http://www.mma.gov.br/port/conama/>. na. Entre os instrumentos políticos, a lei in-
Acesso em: 9 abr. 2017. clui o estatuto prévio de Impacto Ambiental
(EIA) e o estudo prévio de Impacto de Vizin-
Assim, após a criação do CONAMA, este hança (EIV).
órgão publicou em 1986 a Resolução CONA-
MA no 1/86, que estabeleceu as definições,
as responsabilidades, os critérios e as dire-
trizes para a implementação e o uso da AIA.

15/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


Para saber mais
CONAMA. São atos do órgão ambiental, as formu-
lações de resoluções, monções, recomendações,
proposições e a tomada de decisões. A resolução
CONAMA no 1/86 prevê a preparação do Relató-
rio de Impacto Ambiental (RIMA), que deve sinte-
tizar os estudos realizados e apresentar suas con-
clusões em linguagem acessível ao público não
especialista. Essa resolução já foi alterada três
vezes: (1) CONAMA no 11/86 (alterado o art 2º);
(2) CONAMA no 5/87 (acrescentado inciso XVIII);
(3) CONAMA no 237/97 (revogado os art. 3º e 7º).

16/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


Glossário
Meio ambiente: segundo a Lei Federal nº 6.938/81, art. 3º, inciso I, é o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas.
Poluição: palavra de origem latina, polluere, que significa profanar, manchar e sujar. Entendida
como uma condição do entorno dos seres vivos que lhes possa ser danosa e vinculada com pa-
râmetros físico-químicos que podem ser mensurados.
Resiliência ambiental: a capacidade de um sistema se recuperar após uma perturbação de um
agente externo, ou seja, a capacidade de um sistema retornar a um estado de equilíbrio depois
de uma perturbação temporária.
Antrópico: o que resulta da ação do homem sobre algo.

17/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


?
Questão
para
reflexão

Pense em seu cotidiano ou, se necessário, faça uma bus-


ca e escreva alguns exemplos de impactos ambientais
negativos e de impactos ambientais positivos.

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Considerações Finais

• Avaliação de Impacto Ambiental é um processo interdisciplinar e pode ser em-


pregada com diferentes objetivos, sendo principalmente uma ferramenta an-
tecipatória e preventiva dos efeitos da implantação de uma operação.
• A ideia de Avaliação de Impacto Ambiental surge com a definição de sustenta-
bilidade e estava anteriormente vinculada com o termo “poluição”, mas perce-
beu-se que poluição não explicava a complexidade dos problemas ambientais.
• Um impacto ambiental pode ser positivo ou negativo, e os dois devem ser pon-
derados e apontados em uma AIA, porém degradação ambiental sempre será
entendida de forma negativa e derivada de agentes antrópicos.
• Após o surgimento da NEPA e da UNCHE, vários países difundiram e instituíram
a AIA em suas legislações. No Brasil, ela se tornou necessária a partir da Lei no
6.938/81, que criou o CONAMA, órgão responsável pelas resoluções ambien-
tais, e atualmente também podemos contar com a Lei no 10.257/01, que traz
um quadro atualizado para a gestão urbana.

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Referências

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Sistema de gestão ambiental: requisitos e


orientações para uso – NBR ISO 14.001, 2015.
BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente,
seus mecanismos de formulações e aplicação e dá outras providências. Diário oficial de União,
2 set. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em:
5 set. 2016.
______. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá
outras providências. Diário oficial de União, 11 jul. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 5 set. 2016.

______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA
no 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação
de impacto ambiental. Diário oficial de União, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em: 5 set. 2016.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para elaboração de estudos
para licenciamento com avaliação de impacto ambiental. p. 1-13, maio 2014.

20/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


CHRISTENSEN, P.; KORNOV, L.; NIELSEN, E. H. EIA as Regulation: Does it Work? Journal of Envi-
ronmental Planning and Management, v. 48, n. 3, p.393-412, maio 2005.
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.18-99, 2013.

21/184 Unidade 1 • Conceitos, Origens e Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Conceitos, Origens e Difusão da Aula 1 - Tema: Conceitos, Origens e Difusão da
Avaliação de Impacto Ambiental. Bloco I Avaliação de Impacto Ambiental. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
e33583dfdd09c0963c793aff3692fefd>. 1d/46cc89117a225764148b3c85591a289d>.

22/184
Questão 1
1. A AIA é uma poderosa ferramenta para __________ e __________ os
efeitos negativos da implementação de um empreendimento.

a) Remediar e resolver.
b) Prevenir e antecipar.
c) Fiscalizar e punir.
d) Antecipar e restaurar.
e) Reabilitar e revitalizar.

23/184
Questão 2
2. O termo Avaliação de Impacto Ambiental surgiu de outro termo que o
antecedia. AIA foi precedido por qual dos seguintes termos?

a) Poluição, pois quando há um impacto ambiental ele está vinculado diretamente a um episó-
dio de poluição.
b) Degradação ambiental, pois sempre um impacto ambiental gera uma degradação ambien-
tal.
c) Sustentabilidade, pois somente após entender o que seria sustentável pode-se determinar a
dimensão do que seria impacto ambiental.
d) Poluição, pois a AIA não explicava a complexidade dos problemas ambientais.
e) Sustentabilidade, pois tudo que é sustentável não gera impacto ambiental.

24/184
Questão 3
3. A degradação ambiental advém de fontes:

a) Antrópicas.
b) Ambientais.
c) Ambientais e antrópicas.
d) Difusas.
e) Pontuais.

25/184
Questão 4
4. A AIA é usada para apoiar a tomada de decisão sobre a __________ de
um projeto, fornecendo as informações sobre as prováveis consequências
da instalação deste projeto.

a) Autorização.
b) Sustentabilidade.
c) Recuperação.
d) Viabilidade econômica.
e) Degradação ambiental.

26/184
Questão 5
5. O primeiro grande evento mundial, organizado pela ONU, sobre ques-
tões ambientais foi:

a) Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade.


b) Conferência Mundial do Clima.
c) Congresso Internacional da Unesco.
d) Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
e) Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente.

27/184
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: A.

A Avaliação de impacto ambiental (AIA) é A degradação ambiental sempre está rela-


uma poderosa ferramenta para prevenir e cionada com um impacto ambiental nega-
antecipar os efeitos negativos da imple- tivo e sempre terá origem antrópica, pois
mentação de um empreendimento. a natureza não gera degradação, mas sim-
plesmente alterações ambientais.
2. Resposta: D.
4. Resposta: A.
O termo AIA surge na década de 1970,
substituindo e ampliando o termo de polui- A AIA é usada para apoiar a tomada de deci-
ção (década de 1950), pois percebeu-se que são sobre a autorização de um projeto.
poluição não explicava a complexidade dos
problemas ambientais e que nem sempre
5. Resposta: E.
estes estavam vinculados com a emissão de O primeiro grande evento mundial, organi-
poluentes. zado pela ONU sobre questões ambientais
foi a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente, em 1972.
28/184
Unidade 2
Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos

Objetivos

1. Entender a sequência lógica de even-


tos em um processo de avaliação de
impactos ambientais.
2. Compreender o principal objetivo de
um processo de avaliação de impacto
ambiental e seus objetivos secundá-
rios.
3. Conhecer os principais meios de ava-
liar, identificar e prever os impactos
ambientais descritos na legislação
brasileira.
29/184
1. Introdução

A avaliação de impacto ambiental é orga-


nizada e estruturada em diversas etapas, Link
inter-relacionadas de maneira lógica e se- Acompanhe as notícias relacionadas às licitações,
quencial. A esse conjunto de atividades e legislações e publicações do Sistema Ambiental
procedimentos dá-se o nome de Processo Paulista. Disponível em: <http://www.ambien-
de Avaliação de Impacto Ambiental, que te.sp.gov.br/>. Acesso em: 9 abr. 2017.
tem como objetivo central analisar a via-
bilidade ambiental de uma proposta e fun- Para cumprir esse papel, o processo da AIA é
damentar uma decisão concreta a respeito, regido por lei, regulamentação ou orienta-
podendo autorizar, inviabilizar ou modificar ção específica que detalha os procedimen-
os projetos antes da sua execução. Desta tos a serem seguidos de acordo com os tipos
forma, a finalidade de qualquer AIA é con- de atividades sujeitos à elaboração prévia
siderar os impactos ambientais antes de se de um estudo de impacto ambiental. Ainda
tomar qualquer decisão que possa acarretar que as diferentes jurisdições estabeleçam
significativamente a degradação da quali- procedimentos de acordo com suas parti-
dade do meio ambiente. cularidades e legislações vigentes, qualquer
sistema de avaliação de impacto ambiental
deve obrigatoriamente ter um número mí-

30/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
nimo de componentes que definem como serão executadas certas tarefas obrigatórias. Assim,
não se trata do processo americano, europeu ou brasileiro, mas de um processo universal, essen-
cialmente muito semelhante.

Para saber mais


O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil. Em nosso país, o processo da AIA está definido
pelas Resoluções Conama nº 1/86 e 237/97, que trazem uma lista de empreendimentos que deverão pas-
sar por um processo de AIA (listas positivas), entre eles: aeroportos, transporte metropolitano, ferrovias,
rodovias, terminais logísticos, dutovias, linhas de transmissão, barragens e hidrelétricas, usina de açúcar
e álcool, indústrias, mineração, aterros de resíduos, unidades de recuperação de energia termoelétrica e
parcelamento do solo, podendo também encontrar um conjunto particular de circunstâncias legais, ad-
ministrativas e políticas complementares e específicas nos diferentes estados e cidades brasileiras.

Atualmente, a AIA é um instrumento da política pública ambiental que pode ser utilizado nos
mais diversos setores, entre eles: nas grandes obras e projetos de engenharia, em planos, pro-
gramas e políticas públicas e, também, nos impactos de produção, consumo e descarte de bens
e serviços. Porém, a AIA sozinha não é a solução para todas as deficiências de planejamento e/ou
brechas legais que permitem, consentem e facilitam a degradação ambiental.
31/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
e não apenas apontar os impactos de cada
Link projeto e julgar se estes são aceitáveis ou
não. Vale ressaltar que, após a aprovação de
Conheça o Sistema Nacional de Unidades de Con- um projeto, certos compromissos assumi-
servação da Natureza. Disponível em: <http:// dos pelos empreendedores e delineados no
www.mma.gov.br/estruturas/240/_publica- Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deverão
cao/240_publicacao05072011052536.pdf>. ser cumpridos no programa de gestão am-
Acesso em: 9 abr. 2017. biental.

Assim, para que um processo de avaliação Desta forma, as implicações que uma ava-
de impacto ambiental seja bem sucedido, é liação de impacto ambiental tem sobre um
essencial que as pessoas envolvidas na sua projeto ajudam na melhoria, na concepção,
produção e elaboração compreendam as no planejamento e na decisão dos projetos,
implicações que a AIA terá sobre um proje- além de serem usadas como um instrumen-
to e, além disso, estejam dispostas a traba- to de negociação social e de gestão ambien-
lhar de modo interdisciplinar no intuito de tal do futuro empreendimento. Podemos ci-
incentivar os proponentes a conceberem os tar como implicações os seguintes itens: 1)
projetos ambientalmente menos agressivos Retirada de projetos inviáveis; 2) Legitima-
e formular alternativas de menor impacto, ção de projetos viáveis; 3) Seleção de me-
32/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
lhores alternativas quanto à localização; 4)
Reformulação de planos e projetos; 5) Re-
definição de objetivos e responsabilidades
dos proponentes (ORTOLANO; SHEPHERD,
1995, p.26).
De maneira geral, o estudo de impacto am-
biental (EIA) está dividido em três etapas
principais: 1) A etapa inicial; 2) A etapa de
análise detalhada e 3) A etapa pós-aprova-
ção, no caso da decisão ter sido favorável à
implantação do projeto. Dentro de cada uma
das três etapas de um EIA (inicial, detalhada
e pós-operação), alguns componentes bá-
sicos devem ser apresentados, que corres-
pondem às tarefas a serem realizadas e que
formarão, ao final, a avaliação de impacto
ambiental. Esses componentes estão orga-
nizados e apresentados na Tabela 1.
33/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
Tabela 1. Etapas de um estudo de impacto ambiental e principais componentes realizados em cada etapa

Etapas de um EIA Componentes realizados por etapa


• Apresentação da proposta;
Inicial • Triagem;
• Determinação do escopo do estudo de impacto ambiental.
• Elaboração do estudo de impacto ambiental e do relatório de impacto ambiental;
• Análise técnica do estudo de impacto ambiental;
Análise Detalhada
• Consulta pública;
• Decisão.
• Acompanhamento, monitoramento e gestão ambiental;
Pós-aprovação
• Plano de desativação.
Fonte: elaborada pela autora.

Assim, neste módulo abordaremos as etapas iniciais e nos módulos seguintes a etapa de análise
detalhada e a etapa de pós-aprovação. Sendo que as etapas iniciais têm a função de determinar
se será necessário avaliar detalhadamente os impactos ambientais do empreendimento e, em
caso positivo, definir o alcance e a profundidade dos estudos necessários. Como em qualquer
processo, a próxima etapa dependerá da anterior, assim, para que o EIA seja cumprido satisfato-
34/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
riamente, todas essas etapas serão impor- informando todos os dados do empreende-
tantes e devem ser apresentadas dentro de dor, da empresa e do projeto. Dados como a
algumas normas específicas. localização e as características técnicas do
projeto não podem ser negligenciados nessa
etapa, e a descrição poderá também incluir
Link informações sobre o consumo de recursos
Leia mais sobre Área de Proteção Ambiental. Dis- naturais ou sobre a modificação de recursos
ponível em: <http://uc.socioambiental.org/ ambientais ou culturais significativos.
uso-sustent%C3%A1vel/%C3%A1rea-de-
Muitas iniciativas têm baixo potencial de
-prote%C3%A7%C3%A3o-ambiental>. Aces-
causar impactos ambientais relevantes, en-
so em 9 abr. 2017.
quanto outras serão capazes de causar pro-
Apresentação da proposta: Qualquer em- fundas e duradouras modificações. A avalia-
presa, seja pública e/ou privada, ou qual- ção prévia dos impactos somente será reali-
quer outra organização, poderá apresentar zada para as iniciativas que tenham poten-
uma proposta de implementação de uma cial de impacto significativo. As informações
nova operação, que deverá ser apresentada fornecidas nesse momento serão utilizadas
para sua análise e aprovação. Assim, deve- para a triagem e devem ser suficientes para
-se descrever a iniciativa em linhas gerais, embasar a tomada de decisões nessa etapa.
35/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
Para saber mais
Licenciamento Ambiental. As atividades no Brasil que utilizam recursos ambientais ou que possam de-
gradar a qualidade ambiental devem obter previamente uma autorização governamental, sem a qual não
podem nem ser construídas. Tal autorização é conhecida como licença ambiental e são exigidas a qual-
quer empreendimento. Em alguns casos, quando houver o potencial de ocorrência de impactos ambien-
tais significativos, a autoridade governamental exigirá a apresentação de um estudo de impacto ambien-
tal, assim, não serão todos os tipos de empreendimentos que terão que passar por um EIA detalhado. O
processo de licenciamento ambiental é realizado em três fases: 1) Fase de planejamento - Licença Prévia
(LP); 2) Fase de implantação – Licença de Instalação (LI) e 3) Fase de operação - Licença de Operação (LO)
(Resoluções Conama 237/97).

Triagem: Nesta etapa, são avaliados todos os possíveis tipos de impacto ambiental que o projeto
proposto poderá causar e são classificados os impactos com baixo potencial e os com alto po-
tencial (impactos ambientais significativos) de causarem alterações ambientais. Trata-se então
de selecionar entre todas as ações humanas as que serão impactantes e as que serão irrelevan-
tes. Assim, nesta etapa, avalia-se se o empreendimento necessitará de um estudo de impacto
ambiental (EIA) para obter sua licença, ou se não será necessário este estudo. Todo projeto que
36/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
cause um ou mais impactos significativos controle. Os critérios básicos de enqua-
deverá passar por um EIA. dramento podem ser: listas positivas, listas
Porém, existem impactos que são difíceis de negativas, critérios de cortes, localização
serem mensurados como relevantes ou não, do empreendimento, recursos ambientais
ou então ficam em um campo intermediá- ambientalmente afetados. Por exemplo, um
rio no qual não são claras as consequências projeto de irrigação que demandará grande
que podem advir de determinada ação, ca- quantidade de água, se o local tem gran-
sos em que um estudo simplificado é neces- de disponibilidade de água, tal projeto não
sário para enquadrá-los em uma das cate- afetará tanto o ambiente, porém, se essa re-
gorias. gião tiver baixa disponibilidade hídrica, isso
será um impacto ambiental significativo.
Desta forma, a triagem resulta em um en-
quadramento do projeto, usualmente em
uma das três categorias: A) São necessários
estudos aprofundados; B) Não são neces-
sários estudos aprofundados; ou C) Existe
dúvida sobre o potencial de causar impac-
tos significativos ou sobre as medidas de

37/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
Para saber mais
No Brasil, a triagem é feita por meio de quatro relatórios, são eles: 1) Relatório Ambiental Simplificado
(RAS) ou Estudo Ambiental Simplificado (EAS) - Aplicável aos projetos considerados de impacto ambien-
tal muito pequeno e não significativo, mas que pode servir de base para a exigência de um RAP, se o órgão
ambiental considerar necessário estudos ambientais mais aprofundados. 2) Relatório Ambiental Prelimi-
nar (RAP) - Sua análise poderá levar a três caminhos: indeferimento do pedido de licença, exigência de
apresentação de EIA e Rima, ou dispensa de apresentação de EIA e Rima; 3) Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) - Avalia sistematicamente as consequências consideradas efetiva ou potencialmente causadoras
de significativa degradação do meio ambiente bem como propõe medidas mitigadoras ou compensató-
rias com vistas a sua implantação e 4) Relatório de Controle Ambiental (RCA) – Acompanha e monitora o
empreendimento, atestando o cumprimento das exigências constantes da Licença Prévia e da Licença de
Instalação (Resoluções SMA 42/1994, 54/2004, 49/2014).

Determinação do escopo do estudo de impacto ambiental: Antes da realização de um EIA,


assim como em qualquer outro processo, não se inicia apenas coletando dados aleatórios, mas
definindo previamente os objetivos do estudo, sua abrangência e seu alcance. Por exemplo, em
um projeto de geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, o EIA deverá dar grande
atenção à qualidade do ar; já em uma hidrelétrica, a qualidade do ar será tratada de maneira rá-
38/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
pida, mas outros itens, como: qualidade das para organizar a coleta e a análise de infor-
águas, vegetação nativa na área de inunda- mações pertinentes e relevantes, porém sua
ção e a presença de populações nessa área, organização dependerá da identificação
serão abordados extensamente. A etapa de preliminar dos impactos prováveis, pois, se
determinação da abrangência é usualmen- um impacto não é identificado, ele não será
te concluída com a preparação de um docu- estudado e também não serão propostas
mento que estabelece as diretrizes dos es- medidas mitigadoras a seu respeito.
tudos a serem executados, conhecido como Documentos oriundos de entidades recon-
termos de referência ou instruções técnicas. hecidas poderão servir de referência para a
Desta forma, fazem parte da determina- seleção de questões relevantes, assim como
ção do escopo: 1) Dirigir os estudos para as a comunidade local afetada também pode
questões relevantes; 2) Estabelecer os li- ser consultada para estabelecer quais são os
mites de alcance dos estudos; 3) Planejar o problemas e impactos percebidos por eles.
levantamento de dados para o diagnóstico Além disso, também há a necessidade de
ambiental e 4) Definir as alternativas a se- verificar se a localização do projeto estará
rem analisadas, sempre com o foco nos im- inserida em uma área protegida ou em uma
pactos significativos. Assim, o escopo tor- unidade de conservação ambiental, como é
na-se uma ferramenta muito importante o exemplo da Mata Atlântica no Brasil. Lógi-
39/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
co que a experiência dos profissionais en-
volvidos no processo também auxiliará na
delimitação do escopo do EIA.

40/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
Glossário
Baixo potencial impactante: é quando os impactos ambientais encontrados em um projeto
são irrelevantes ou têm medidas amplamente conhecidas de controle dos impactos. Se regras
gerais bastam para controlar satisfatoriamente os impactos de uma atividade, então AIA pouco
ou nada terá para contribuir para essa decisão.
Abrangência: entende-se por alternativas tecnológicas e de localização de um projeto no le-
vantamento de diagnóstico ambiental.
Alcance: entende-se pelo nível de detalhamento de cada levantamento e as correspondentes
análises, podendo também ser encontrado o termo profundidade.

41/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
?
Questão
para
reflexão

Agora propomos que você vá a um supermercado e


compre todos os itens necessários para passar a sema-
na que você não tenha armazenado na sua casa. Defina
nessa situação qual seria a apresentação de proposta, a
triagem e a determinação do escopo dessa ida ao mer-
cado. Você anda fazendo um estudo prévio da sua ida ao
mercado?

42/184
Considerações Finais (1/2)

• A avaliação de impacto ambiental é um processo e tem como objetivo


principal analisar a viabilidade ambiental de uma proposta, autorizan-
do, inviabilizando ou modificando os projetos antes da sua execução.
• Os procedimentos para a realização da AIA são regidos por lei que
detalha todas as etapas do processo, que de maneira geral estão di-
vididos em três etapas principais: 1) Inicial; 2) Análise detalhada e 3)
Pós-aprovação.
• As etapas iniciais têm a função de determinar se será necessário ava-
liar detalhadamente os impactos ambientais do empreendimento e,
em caso positivo, definir o alcance e a profundidade dos estudos ne-
cessários.

43/184
Considerações Finais (2/2)
• Entre os componentes das etapas iniciais temos: 1) Apresentação da
proposta – descreve em linhas gerais a proposta inicial; 2) Triagem
– avaliação de todos os possíveis impactos gerados pelo empreendi-
mento e verificação de impactos significativos e 3) Determinação do
escopo do EIA - definição prévia dos objetivos do estudo, sua abran-
gência e seu alcance.

44/184
Referências

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONA-
MA no 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a aval-
iação de impacto ambiental. Diário oficial de União – 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em: 5 set. 2016.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para elaboração de estudos
para licenciamento com avaliação de impacto ambiental. p. 14-16, maio 2014.
CHRISTENSEN, P.; KORNOV, L.; NIELSEN, E. H. EIA as Regulation: Does it Work? Journal of Envi-
ronment Planning and Management, v. 48, n. 3, p.393-412, maio 2005.
ORTOLANO, L; SHEPHERD, A. Environmental impact assessmet: challenges and opportunities.
Impact Assessment, v. 13, n. 1, p.3-30, 1995.
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.102-179, 2013.
SÃO PAULO. Secretária do Meio Ambiente, Sistema Ambiental Paulista - Consema. Resolução
SMA no 42, de 29 de dezembro de 1994. Dispõe sobre a tramitação de estudos de impacto am-
biental. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamento/documentos/1994_Res_
SMA_42.pdf>. Acesso em: 8 set. 2016.

45/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
______. Secretária do Meio Ambiente, Sistema Ambiental Paulista - Consema. Resolução SMA no
54, de 30 de novembro de 2004. Dispõe sobre os procedimentos para licenciamento ambiental.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamento/documentos/2004_Res_SMA_54.
pdf>. Acesso em: 8 set. 2016.

______. Secretária do Meio Ambiente, Sistema Ambiental Paulista - Consema. Resolução SMA no
49, de 28 de maio de 2014. Dispõe sobre os procedimentos para licenciamento ambiental com
avaliação de impacto ambiental. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/res-
olucoes-sma/resolucao-sma-49-2014/>. Acesso em: 8 set. 2016.

46/184 Unidade 2 • Os Processos: Avaliação, Identificação e Previsão de Impacto Ambiental e seus Objetivos
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Os Processos: Avaliação, Iden- Aula 2 - Tema: Os Processos: Avaliação, Iden-
tificação e Previsão de Impactos Ambientais e tificação e Previsão de Impactos Ambientais e
deus Objetivos. Bloco I deus Objetivos. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
f6e56fec309bdb8acea81b5184c5f00e>. 1d/534cc7209cefb3d33d99b148404036d2>.

47/184
Questão 1
1. A avaliação de impacto ambiental é organizada na forma de um/uma:

a) Impacto ambiental;
b) Equação probabilística;
c) Esquema matemático;
d) Processo;
e) Recuperação de área degrada.

48/184
Questão 2
2. O objetivo principal de uma AIA é:

a) Inviabilizar as propostas que façam qualquer alteração ambiental;


b) Apontar somente os impactos irrelevantes de uma operação;
c) Ser feita apenas por uma pessoa que saiba tudo sobre o empreendimento;
d) Tomar uma decisão sobre o projeto sem avaliar as questões ambientais;
e) Verificar a viabilidade ambiental de uma proposta.

49/184
Questão 3
3. As pessoas envolvidas na produção e elaboração da AIA devem:

a) Propor projetos menos agressivos e alternativas menos impactantes;


b) Ser todas de uma mesma área da ciência;
c) Julgar se os impactos de cada projeto são aceitáveis ou não;
d) Ressaltar apenas os impactos positivos do projeto;
e) Trabalhar em benefício do empreendedor do projeto.

50/184
Questão 4
4. O estudo de impacto ambiental (EIA) está dividido em três etapas princi-
pais, organizadas sequencialmente. São elas:

a) Inicial, intermediária e final;


b) Inicial, análise detalhada e pós-aprovação;
c) Análise detalhada, implementação do projeto e gestão ambiental;
d) Definição do escopo, gestão ambiental e triagem;
e) Triagem, análise técnica e gestão ambiental.

51/184
Questão 5
5. É na etapa de ___________ que se determina a necessidade de elabora-
ção de um EIA.

a) Apresentação de proposta;
b) Triagem;
c) Determinação de escopo;
d) Consulta pública;
e) Análise técnica.

52/184
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: A.

A avaliação de impacto ambiental é orga- As pessoas envolvidas na produção e na


nizada na forma de um processo, que conta elaboração da AIA devem propor projetos
com uma sequência lógica de etapas a se- menos agressivos e formular alternativas
rem seguidas, a qual dá-se o nome de pro- de menor impacto ambiental, além de tra-
cesso de avaliação de impactos ambientais. balharem de maneira interdisciplinar com o
foco da degradação ambiental.
2. Resposta: E.
4. Resposta: B.
O objetivo principal da AIA é analisar a via-
bilidade ambiental de uma proposta e fun- O estudo de impacto ambiental (EIA) está di-
damentar uma decisão concreta a respeito, vidido em três etapas principais, organizadas
podendo nesse processo autorizar, inviabi- sequencialmente, que são: a etapa inicial,
lizar ou modificar os projetos antes da sua análise detalhada e a etapa de pós-aprova-
execução. ção.

53/184
Gabarito
5. Resposta: B.

É na etapa de triagem que se determina a


necessidade de elaboração de um estudo
de impacto ambiental.

54/184
Unidade 3
Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental

Objetivos

1. Entender as etapas do planejamento e


da execução de um estudo de impacto
ambiental;
2. Compreender a importância de iden-
tificar os impactos e prever sua signi-
ficância;
3. Conhecer as principais características
de um estudo de base e de um diag-
nóstico ambiental.

55/184
1. Introdução

Como já descrito, a AIA é organizada na for- deve estar imaginando que trata-se de um
ma de um processo de avaliação de impac- dos módulos mais importantes da disciplina
to ambiental. Sendo assim, contém diversas - e de fato você está certo. Porém, todos os
etapas. No tema 2, começamos essa abor- demais módulos também são importantes,
dagem definindo quais seriam as etapas ini- pois, como a AIA é um processo, para que
ciais do processo, entre elas a apresentação ela seja executada com precisão e respon-
da proposta, a triagem e a determinação do sabilidade, ela necessitará de um bom de-
escopo. senvolvimento em todas as suas etapas.
Desta forma, neste módulo iremos estudar O EIA, por ser o documento principal, nor-
um dos itens que compõem a análise deta- malmente consome mais tempo e recur-
lhada, que é a elaboração de um estudo de sos e estabelece as bases para a análise da
impacto ambiental, e nos módulos seguin- viabilidade ambiental do empreendimento.
tes veremos os outros processos que se en- A equipe envolvida em sua preparação de-
quadram na análise detalhada e também verá ser composta de modo interdisciplinar,
nas etapas pós-aprovação. visando determinar a extensão e a intensi-
Sendo o enfoque deste módulo a elabora- dade dos impactos ambientais que poderá
ção de um estudo de impacto ambiental, e causar e, se necessário, propor modifica-
este, a atividade central de uma AIA, você ções no projeto, de forma a reduzir ou, se
56/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental
possível, eliminar os impactos negativos. Como os relatórios que descrevem os resultados des-
ses estudos costumam ser bastante técnicos, é usual preparar um resumo escrito em linguagem
simplificada e destinado a comunicar as principais características do empreendimento e seus
impactos a todos os interessados, o que é previsto por lei e denominado Rima.

Para saber mais


Estudo de impacto ambiental no Brasil. Ultimamente no Brasil têm sido empregados diferentes tipos de
estudos ambientais, entre os quais podemos citar o estudo de impacto ambiental (EIA, CONAMA 1/86)
propriamente dito, o plano de controle ambiental (PCA, Lei 9.314/96 e CONAMA 23/94), o relatório am-
biental preliminar (RAP, SMA-SP 42/94), o relatório de controle ambiental (RCA, Lei 9.314/96 e CONAMA
23/94) e, ainda, o plano de recuperação de áreas degradadas (Prad, Decreto Federal 97.632/89) para o
setor de mineração e o projeto básico ambiental (PBA, CONAMA 6/87) para o setor elétrico.

Um estudo de impacto ambiental pode ser dividido em três fases principais, sendo elas: (1) Pla-
nejamento do estudo; (2) Identificação, previsão e classificação de impactos e (3) Diagnóstico
dos impactos encontrados e estudo base. Ao final, este estudo auxiliará na tomada de decisão a
respeito da viabilidade da obra, verificará a necessidade de medidas mitigadoras e/ou compen-

57/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


satórias e ajudará nas negociações entre o
empreendedor, o governo e a população. Para saber mais
Um estudo de impacto ambiental completo Como um EIA pode modificar um projeto? Um
só é feito em um empreendimento de inte- exemplo que podemos citar é a pista descenden-
resse econômico e social que fará interven- te da Rodovia dos Imigrantes (SP-160), que liga
ções físicas no meio ambiente. Assim, com a grande São Paulo ao porto de Santos. Após um
o EIA selecionam-se as melhores alterna- estudo de impacto ambiental foi possível projetar
tivas para tornar o projeto viável e susten- um novo traçado para a rodovia, que fosse menos
tável, lembrando que, apesar de utilizar o impactante e mais moderno do que o traçado ori-
método científico em sua concepção, o EIA ginal proposto da rodovia.
não é um estudo com fins científicos, mas
de resolução de problemas práticos, poden- O EIA pode ser feito a partir de duas abor-
do, também, contribuir indiretamente com dagens muito distintas: (1) Exaustiva, onde
a ciência. se preza pela grande quantidade de in-
formações, ou (2) Dirigida, que é pontu-
al e preza pela qualidade das informações,
mesmo que sua quantidade seja reduzida
apenas aos impactos de fato significativos.

58/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


A maioria das AIAs que encontramos é feita Planejamento do estudo de impacto am-
de modo exaustivo, porém a maneira diri- biental: Agora você deve estar se pergun-
gida parece ter melhores resultados quanto tando por onde começar um EIA. A respos-
as medidas mitigadoras e compensatórias, ta é simples, mas sua execução é bastante
gastando-se menos tempo e recursos, pois laboriosa. Primeiramente, pesquisam-se os
é mais eficaz analisar algumas questões em dados existentes a respeito da região esco-
profundidade do que descrever generica- lhida. Se possível, pode ser feita uma visi-
mente dezenas de impactos. ta de campo e/ou utilizar fotos ou imagens
da área. Na sequência, deve-se entender o
projeto. Neste momento dados do terreno,
Link da forma de construção, da operação (insu-
Sugere-se a leitura do material disponibilizado mos/matérias-primas), dos tipos de rejeitos
pela Secretaria Municipal do Meio Ambiental a e da mão de obra empregada serão relevan-
respeito da EIA/RIMA metrô curitibano. Disponí- tes. Ainda é possível consultar documentos
vel em: <http://www.curitiba.pr.gov.br/con- técnicos e fazer entrevistas com os respon-
teudo/consulta-eiarima-metro-curitiba- sáveis pelo projeto. Depois, levantam-se os
no/467>. Acesso em: 9 abr. 2017. prováveis impactos e estes são hierarquiza-
dos.

59/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


maior familiaridade com o tipo de projeto
Para saber mais poderão gastar menos tempo, porém em-
preendimentos iguais em locais diferen-
Questionamentos que devem ser feitos no mo-
tes podem gerar impactos completamente
mento do planejamento do estudo de impacto
diferentes. Assim, quem não tem familia-
ambiental: (1) Quais são as informações neces-
ridade ou tem dúvidas sobre os possíveis
sárias? (2) Qual é a finalidade dessas informa-
impactos gerados pela obra poderá consul-
ções? (3) Como serão coletadas? (4) Onde serão
tar algumas listas de verificação, não se es-
coletadas? e (5) Durante quanto tempo e com que
quecendo de verificar as leis específicas do
frequência serão coletadas? Lembrando que mui-
estado ou do município, sempre evitando a
tas vezes a área de estudo pode ser significativa-
simples compilação de dados.
mente maior do que a do empreendimento, pois
poderão haver impactos nas regiões vizinhas ao Depois de definido o tipo de informação que
empreendimento. se deseja coletar, deve-se estabelecer uma
escala de tempo e espaço (área de estudo
Levantadas as devidas questões, é possível e área de influência) para que o estudo não
calcular o tamanho do trabalho e o número se torne infinito. Além disso, escolhem-se
de horas que serão necessárias para a pro- também os métodos de tratamento e in-
dução do EIA, lembrando que equipes com terpretação dos dados e a forma de coleta
60/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental
desses dados. Para isso, definem-se parâ- guma medida para reduzi-los (medidas mi-
metros chamados de indicadores ambien- tigadoras) ou compensá-los (medidas com-
tais. Ao final, podem ser gerados modelos pensatórias).
de previsão matemática dos impactos ou, Para isso, algumas etapas do empreendi-
se não for possível, pode-se utilizar ensaios mento deverão ser consideradas, entre elas:
em escala laboratorial ou extrapolações. o planejamento, a implementação, a opera-
Identificação, previsão e avaliação de im- ção, a desativação e o fechamento.
pactos: Com tudo planejado, é possível in-
dicar quais impactos serão efetivamente
significativos e monitorá-los através dos Link
indicadores ambientais. Na sequência, é Acompanhe o relatório técnico disponibilizado
possível fazer a previsão dos impactos. Para acerca do empreendimento e análise dos im-
isso, considera-se a magnitude e a inten- pactos no caso “RIMA do projeto da 4ª usina
sidade desses impactos. E, por fim, é feita de pelotização em Ponta de Ubu, ES”. Caso: Sa-
a avaliação dos impactos ambientais, que marco Mineração S/A. Disponível em: <http://
indicará a importância e a significância de www.meioambiente.es.gov.br/download/
cada um deles. Sabe-se que alguns impac- RT_409_09_RIMA.pdf>. Acesso em: jan. 2017.
tos poderão ser aceitos, desde que haja al-
61/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental
Para saber o grau de relevância de cada im- dores que preferem fazer estudos rápidos,
pacto e poder corrigi-lo corretamente, po- no intuito de reduzir os custos nesta etapa,
dem ser utilizados diagramas e matrizes que acabam por assumir maiores custos de mi-
verificam se há interação entre os impactos, tigação e compensação.
se eles serão cumulativos e/ou sinérgicos Diagnóstico dos impactos e estudo base:
e se auxiliam na seleção dos impactos sig- Após apontar todos os impactos, tomam-se
nificativos. O grande desafio desta etapa, medidas de ordem técnica, entre elas o pla-
além da escolha dos impactos que deverão no de gestão destes impactos. Esse plano é
ser considerados, é evitar extensas compi- importante, pois as medidas descritas nele
lações de dados analíticos e preferir a in- deverão ser adotadas durante toda a vida
terpretação desses dados, a fim de que eles do empreendimento.
se tornem informações úteis na tomada de
decisão e ajudem a entender as relações de Neste momento, são propostas as medidas
causa e efeito, especialmente em casos de que irão evitar, atenuar ou compensar os
impactos cumulativos. Vale ressaltar que o impactos adversos da obra e, ainda, serão
EIA não é apenas uma descrição técnica do valorizados os impactos positivos da mes-
local e da vizinhança do empreendimento, ma, sendo importante dirigir o estudo para
mas, sim, uma análise científica bem funda- as questões relevantes levantadas anterior-
mentada e crítica. Além disso, empreende- mente.

62/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


Nesta etapa, são fornecidas informações ticos, o que deverá ser evitado, pois o estu-
necessárias para a definição de programas do não deveria se limitar à descrição técni-
de gestão ambiental, que estabeleçam uma ca apenas, mas, sim, incluir uma análise que
base de dados para futura comparação. As- facilite a sua compreensão.
sim, devem-se selecionar os melhores indi-
cadores ambientais, que serão constante-
mente monitorados, e projetar uma prová-
vel situação futura.
Link
O estudo base deverá conter a descrição do É possível acompanhar alguns estudos de im-
empreendimento, cartografias, dados sobre pacto ambiental disponibilizados para o público,
o meio físico (área de exploração), meio bi- como se sugere na leitura de “Programa Rodoanel
ótico (mapeamento de biótipos) e do meio Mario Covas-EIA”. Disponível em: <http://www.
antrópico (saúde, cultura e patrimônio cul- ambiente.sp.gov.br/rodoaneltrechosul/es-
tural), todos obtidos a partir de dados pre- tudo-de-impacto-ambiental-eia/>. Acesso
viamente coletados ou coletados a partir em: 9 abr. 2017.
dos indicadores ambientais monitorados.
Infelizmente, a maioria dos EIAs apresenta
diagnósticos mais descritivos do que analí-
63/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental
Glossário
Lista de verificação: é uma lista de carácter técnico que descreve os possíveis impactos decor-
rentes de cada tipo de empreendimento, conhecido como checklist de impactos.
Indicadores Ambientais: parâmetros que devem ser monitorados em todas as etapas do em-
preendimento, no seu estudo de impacto ambiental, construção, operação e desativação, no
intuito de indicar a qualidade do ambiente e suas modificações.
Efeitos cumulativos: entende-se por cumulativos os impactos que se somam.
Efeitos Sinérgicos: entende-se por sinérgicos os impactos que se somam ou se multiplicam.

64/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


?
Questão
para
reflexão

Vamos pensar ainda na ideia de ir ao mercado fazer as compras ne-


cessárias para a semana. Quais itens você descartaria do seu cari-
nho por gerarem um grande impacto financeiro? Qual você man-
teria mesmo havendo o impacto financeiro? Seria possível escolher
um item que substituísse este com um custo menor? Como você
poderia compensar os seus gastos em um produto impactante
(caro), sem que lhe faltasse dinheiro para pagar a conta? Se você
consegue fazer todas essas avaliações, parabéns! Você agora já
tem uma ideia do que é um estudo de impacto ambiental. A úni-
ca diferença é que agora vamos pensar em conjunto nas questões
ambientais, econômicas e sociais.
65/184
Considerações Finais (1/2)

• O estudo de impacto ambiental é o documento principal de uma avaliação


de impacto ambiental. Nele são estabelecidas as bases para a análise da
viabilidade ambiental do empreendimento;
• Um EIA pode ser dividido em três fases: (1) Planejamento do estudo; (2)
Identificação, previsão e classificação de impactos e (3) Diagnóstico dos im-
pactos encontrados e estudo base;
• O EIA pode ser feito a partir de duas abordagens: (1) Exaustiva, onde se pre-
za pela grande quantidade de informações, ou (2) Dirigida, que é pontual
e preza pela qualidade das informações, mesmo que sua quantidade seja
reduzida apenas aos impactos de fato significativos;
• É possível monitorar os impactos significativos em um EIA utilizando-se in-
dicadores ambientais;

66/184
Considerações Finais (2/2)
• Na elaboração do EIA poderão ser aceitos alguns impactos, desde que haja
alguma medida para reduzi-los (medidas mitigadoras) ou compensá-los
(medidas compensatórias);
• Nesta etapa, também são fornecidas informações necessárias para a defini-
ção de programas de gestão ambiental.

67/184
Referências

BRASIL. Lei no 9.314, de 14 de novembro de 1996. Altera dispositivos do Decreto-Lei no 227, de


28 de fevereiro de 1997, e dá outras providências. Diário oficial de União, 18 nov. 1996. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9314.htm>. Acesso em: 23 set. 2016.
______. Decreto Federal no 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do
artigo 2º, inciso VIII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. Diá-
rio oficial de União, 12 abr. 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/1980-1989/D97632.htm>. Acesso em: 23 set. 2016.

______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA
no 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação
de impacto ambiental. Diário oficial de União, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em: 5 set. 2016.

______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA
no 6, de 16 de setembro de 1987. Dispõe sobre o licenciamento ambiental em obras do setor de
geração de energia elétrica. Diário oficial de União, 22 out. 1987. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=57>. Acesso em: 23 set. 2016.

68/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONA-
MA no 23, de 30 de dezembro de 1994. Institui procedimentos específicos para o licenciamento
de atividades relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural.
Diário oficial de União, 20 dez. 1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=164>. Acesso em: 23 set. 2016.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para elaboração de estudos
para licenciamento com avaliação de impacto ambiental. maio 2014.
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.181-288, 2013.
SÃO PAULO. Secretária do Meio Ambiente, Sistema Ambiental Paulista - Consema. Resolução
SMA no 42, de 29 de dezembro de 1994. Dispõe sobre a tramitação de estudos de impacto am-
biental. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamento/documentos/1994_Res_
SMA_42.pdf>. Acesso em: 8 set. 2016.

69/184 Unidade 3 • Etapas do Planejamento e da Elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Etapas do Planejamento e da Aula 3 - Tema: Etapas do Planejamento e da


Elaboração de um Estudo de Impacto Ambien- Elaboração de um Estudo de Impacto Ambien-
tal. Bloco I tal. Bloco II
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d530bc78656a3d99f43b9616d49de03d>. aad72207cd52729b03d2ca05c9f49afa>.

70/184
Questão 1
1. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna em:

O estudo de impacto ambiental é ______________ para uma avaliação de impactos ambientais.


a) Pouco importante.
b) Muitas vezes desnecessário.
c) A principal atividade.
d) Facilmente substituível.
e) Inútil.

71/184
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresenta o principal objetivo do EIA.

a) Demandar tempo e dinheiro do empreendedor.


b) Verificar a viabilidade ambiental do empreendimento.
c) Ter uma equipe interdisciplinar.
d) Simplesmente apontar impactos significativos.
e) Ter linguagem informal para ser de amplo acesso à população.

72/184
Questão 3
3. Um EIA pode ser dividido em três fases principais. Assinale a alternativa que
apresenta a primeira delas.

a) Planejamento do estudo.
b) Classificação dos impactos.
c) Diagnóstico dos impactos.
d) Identificação de impactos.
e) Previsão de impactos.

73/184
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Alguns impactos significativos poderão ser
aceitos, desde que:

a) Sejam desconsiderados no EIA.


b) Sejam reduzidos e/ou compensados.
c) Sejam apontados como insignificativos.
d) Sejam monitorados com indicadores ambientais.
e) Sejam previstos no plano de gestão ambiental.

74/184
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta com relação ao que deve ser o EIA.

a) Uma descrição técnica do local.


b) Uma descrição técnica do local e da vizinhança.
c) Uma descrição rápida do local e da vizinhança.
d) Uma descrição técnica e crítica do local.
e) Uma descrição técnica e crítica do local e da vizinhança.

75/184
Gabarito
1. Resposta: C. das mitigadoras) e/ou compensados (medi-
das compensatórias).
O estudo de impacto ambiental é a principal
atividade para uma avaliação de impactos 5. Resposta: E.
ambientais.
O EIA deve ser uma descrição técnica e críti-
2. Resposta: B. ca do local e da vizinhança.

O principal objetivo do EIA é verificar a via-


bilidade ambiental do empreendimento.

3. Resposta: A.

A primeira fase de um EIA é o planejamento


do estudo.

4. Resposta: B.
Alguns impactos significativos poderão ser
aceitos, desde que sejam reduzidos (medi-
76/184
Unidade 4
Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais

Objetivos

1. Conhecer e entender como funciona


um plano de gestão ambiental;
2. Compreender como é feito o processo
de acompanhamento pós-implemen-
tação da obra.
3. Aprender a importância de uma aná-
lise técnica dos resultados encontra-
dos no estudo de impacto ambiental.

77/184
1. Introdução

No tema 2 foram abordadas as questões do apresentado. Caso o empreendimento


relacionadas às etapas iniciais do proces- tenha uma instituição financiadora, essa
so de avaliação de impactos ambientais. No também poderá enviar uma equipe técnica
tema 3 definimos a principal parte de uma para avaliar o projeto/estudo ao qual foi so-
AIA, em sua fase de análise detalhada, que licitado o empréstimo.
é o estudo de impactos ambientais. Neste
tema, iremos abordar mais uma parte da Para saber mais
análise detalhada, que é o processo de aná-
Quem pode participar do processo de análise téc-
lise técnica do estudo de impacto ambien-
nica do EIA? Podem participar desse processo as
tal, e também a etapa pós-aprovação de um
empresas contratantes do estudo, as associações
projeto, que é o plano de gestão ambiental
que representam o público, o ministério público,
do empreendimento.
as agências financiadoras públicas e/ou privadas,
Análise técnica do estudo de impacto am- as agências regulamentadoras e os órgãos gover-
biental: Após a preparação do estudo de namentais, este último em caráter obrigatório.
impacto ambiental, é necessário que um
corpo técnico, pertencente ao órgão gover- Assim, nesta etapa é avaliada a conformida-
namental encarregado de autorizar o em- de do EIA. Para isso, verifica-se se o estudo
preendimento, avalie a qualidade do estu- descreve adequadamente o projeto propos-

78/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
to, analisa-se devidamente seus impactos e municação dos resultados. Além das con-
propõe-se medidas mitigadoras capazes de sultas aos termos de referência, o órgão
atenuar suficientemente os impactos signi- fiscalizador poderá, também, fazer visitas a
ficativos e negativos. Os analistas preocu- empreendimentos semelhantes e ao local
pam-se mais com os aspectos técnicos dos de construção do empreendimento.
estudos, como o grau de detalhamento do
diagnóstico ambiental, os métodos utiliza-
dos para a previsão da magnitude dos im-
Link
Assuntos relacionados a mudança do clima, de-
pactos e a adequação das medidas mitiga-
sastres e conflitos, manejo de ecossistemas e
doras propostas.
governança ambiental são discutidos no site de
Para a análise, o corpo técnico compara os UNEP. Disponível em: <http://web.unep.org/
termos de referência com o que foi apre- pnuma-no-brasil>. Acesso em: 9 abr. 2017.
sentado dentro do estudo. Os termos de
referência podem ser divididos em quatro Um EIA torna-se quase que sem utilidade
partes: (1) Descrição do projeto; (2) Identi- quando é somente descritivo e pouco ana-
ficação e avaliação de impactos-chave; (3) lítico e quando defende apenas os pontos/
Considerações de alternativas e medidas impactos positivos do empreendimento.
mitigadoras ou compensatórias e (4) Co- Desta forma, o corpo técnico poderá elen-

79/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
car algumas falhas que podem ter ocorrido Um estudo de impacto ambiental consi-
no momento do estudo, entre elas: perce- derado satisfatório deverá apresentar um
ber que alternativas foram negligenciadas, equilíbrio entre diagnóstico, prognóstico e
medidas mitigadoras apresentadas são ge- projetos factíveis, uma atenuação dos im-
néricas, planos de monitoramento são su- pactos adversos e uma valorização dos im-
perficiais, houve carência de procedimentos pactos benéficos, além de ter as qualidades
técnicos para prever impactos, os impactos de um bom relatório técnico, e ele deverá
não permitem uma avaliação conclusiva, se adequar às expectativas do órgão fiscali-
não teve a valorização das pessoas (popula- zador. Muitas pessoas e/ou órgãos poderão
ções foram consideradas como facilmente participar do processo de análise, porém no
deslocáveis), falta de menção a alternativas
Brasil a decisão final sobre a viabilidade ou
locacionais, previsões subestimadas, im-
não de um projeto ficará a critério de um
precisão na área atingida e na área de in-
colegiado, que terá como base principal o
fluência, entre outras. Parte dos problemas
parecer técnico elaborado com as conside-
que podem ser observados nos EIA vem de
falhas no próprio estudo, porém estas fa- rações públicas e técnicas.
lhas também podem advir de outras partes Após a análise técnica e a aprovação do li-
do processo, como dos projetos mal elabo- cenciamento ambiental de um empreendi-
rados e de uma triagem ineficiente. mento, começamos a nos preocupar com a
80/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
etapa pós-aprovação de um projeto. Essa critos no EIA, o que é grave em termos de
etapa é a maior em termos de tempo dentro impactos ambientais, pois os impactos pre-
de uma AIA e deverá durar por toda a vida vistos terão chance de serem diferentes dos
útil do empreendimento e, até mesmo, após impactos reais, causando uma dificuldade
o seu fechamento. Para isso, são implemen- para a correta implantação de medidas mi-
tados processos de acompanhamento e os tigadoras.
planos de gestão ambiental e desativação. O processo de acompanhamento inclui fis-
Etapa de acompanhamento: Após a apro- calização, supervisão e/ou auditoria. Por
vação de um projeto, devemos verificar se isso, muitas vezes é chamado de processo de
ele está sendo executado de acordo com o auditoria ambiental e é dividido em três par-
proposto. Assim, a aprovação de um EIA não tes principais: (1) Monitoramento, podendo
significa que a AIA está encerrada. Desta se fazer uso dos indicadores ambientais, (2)
forma, durante o acompanhamento serão Supervisão e (3) Análise da documentação,
avaliados os compromissos assumidos, com que deverá ser arquivada e conter todas as
o objetivo de garantir a proteção ambiental. informações sobre os indicadores ambien-
Esta etapa é necessária, pois foi percebido tais monitorados.
que os projetos que são de fato implemen-
tados são muito diferentes daqueles des-
81/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
validar as provas documentais e produzir e
Para saber mais divulgar um parecer técnico. Durante o pro-
cesso de auditoria ambiental o mais comum
Auditoria ambiental. Para o acompanhamento
é ter comissões mistas, formadas pelos fun-
utilizam-se ferramentas de gestão ambiental,
cionários da empresa e também por funcio-
monitoramento e auditoria. O processo de audi-
nários do órgão licenciador. Para ajudar no
toria ambiental é previsto pela ISO 19.011/2002,
processo de acompanhamento, podem ser
que dispõe das diretrizes para auditorias de siste-
utilizadas ferramentas de gestão e monito-
ma de gestão da qualidade e/ou ambiental.
ramento ambiental.
A responsabilidade pelo processo de acom-
panhamento é partilhada entre o empreen-
dedor e o órgão governamental fiscaliza- Link
dor. São funções do empreendedor: cum- Confira os conceitos, histórico, classificação e
prir as leis, observar as condições da licença objetivos da auditoria. Disponível em: <http://
ambiental, implantar os planos de ação e www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/ar-
guardar todas as provas documentais. São quivos/24.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2017.
funções do agente do governo: fiscalizar as
exigências, impor sanções se necessário,
82/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
Monitoramento e gestão ambiental: aplicáveis e, por conseguinte, alertar para a
Além das auditorias ambientais, durante necessidade de ajustes e correções. Porém,
toda a implantação, operação e desativa- ele pode servir também para contribuir com
ção do empreendimento, este deverá ser o desenvolvimento sustentável, vindo a ser
acompanhado de medidas visando reduzir, o diferencial entre um projeto tradicional
eliminar ou compensar os impactos nega- e um projeto inovador. Este plano pode ser
tivos e potencializar os positivos, conhe- composto por: plano de monitoramento,
cidos como planos de monitoramento e medidas mitigadoras, medidas compensa-
gestão ambiental. Assim, gestão ambien- tórias ou de recuperação, medidas de valo-
tal pode ser definida como um conjunto de rização de impactos benéficos, e utiliza in-
medidas técnicas e gerenciais que visam dicadores ambientais. A AIA prevê o uso da
que o empreendimento esteja em confor- gestão após a aprovação do projeto como
midade com a legislação, minimizando os uma etapa de acompanhamento.
riscos ambientais. Pode ser que em algum momento do mate-
O plano de gestão ambiental deverá permi- rial você se pergunte se as medidas mitiga-
tir confirmar ou não as previsões feitas no doras propostas no EIA de fato funcionam.
estudo de impacto ambiental, verificar se E a resposta é: só poderemos saber se elas
o empreendimento atende aos requisitos foram eficientes, se houver um monitora-
83/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
mento após a implantação da operação, pois, sem um monitoramento e uma avaliação, é im-
possível saber se elas darão certo, uma vez que são os erros e acertos observados nessa etapa
que tornam as medidas mais ou menos eficazes. Assim, para monitorarmos e gerirmos ade-
quadamente o empreendimento, são usadas boas práticas de gestão ambiental, conhecidas
como benchmarking, ou balizamento, e também podemos utilizar o ISO 14.000 para nos ajudar
no processo.

Para saber mais


Além do CONAMA, atualmente todos os países também contam com uma série da ISO 14.000, que é
uma família de normas sobre gestão, desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida de um produto,
rotulagem ambiental e integração de aspectos ambientais no desenho de produtos, que começou a ser
desenvolvida em 1993, tendo como base vários regulamentos europeus.

Alguns impactos podem ser previstos, mas sua ocorrência de fato é incerta, dessa forma, no
EIA são inclusas algumas medidas voltadas a esses impactos. Utilizam-se duas estratégias de
gerenciamento principais: 1) O plano de gerenciamento de risco e/ou 2) Plano de atendimento
a emergências (ISO 14.001). Nesta etapa, não é necessário um grande detalhamento, mas este
deve ser suficiente para a prevenção dos riscos possíveis.
84/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
eficiência das medidas mitigadoras propos-
Link tas e compensando de maneira mais ade-
quada todos os danos ambientais.
Confira o Sistema de Gestão Ambiental conforme
ABNT NBR ISSO 14001. Disponível em: <http:// Mas como poderíamos aplicar as medi-
www.abnt.org.br/certificacao/tipos/siste- das compensatórias? Como compensar um
mas#faqnoanchor>. Acesso em: 9 abr. 2017. dano ambiental? A compensação deve ser
aplicada no intuito de compensar os danos
causados naquela área. Assim, por exemplo,
Quando houver uma emergência, seja ela
se houver a perda de alguns hectares de flo-
de qualquer natureza, em uma operação, a
resta, poderíamos compensá-los pela con-
capacitação humana será o diferencial. Por
servação, recuperação ou geração de uma
isso, em todas as empresas há exigências
área equivalente ou maior, em outra região
da presença de trabalhadores brigadistas,
próxima, com equivalência de habitat. Ou
que passam por treinamentos, para evita-
seja, a área a ser compensada tem que ser
rem e auxiliarem em um momento de risco,
proporcional à área degradada.
sempre com o intuito de envolver toda a co-
munidade, evitando assim a ocorrência de Apesar de parecer simples, as medidas
alguns impactos ou também aumentando a compensatórias adotadas começam a ficar
complicadas quando envolvem manejo de
85/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
pessoas, pois uma indenização monetária fechamento do empreendimento. E deve
é a medida mais adotada, mas nem sem- apresentar em cada uma dessas etapas os
pre é a mais justa e necessária à população. parâmetros a serem monitorados, a local-
Muitas vezes uma medida compensatória ização das estações de coleta, a periodici-
é proposta, como a geração de empregos, dade de amostragem, a forma de coleta e
porém os empregos gerados requerem uma análise das amostras. Sempre monitoran-
formação específica que não abrange as do indicadores físicos, biológicos, sociais e
pessoas da comunidade diretamente afe- econômicos da região.
tada. Assim, deveríamos propor planos de Ainda que bem estruturado, o plano de
capacitação de pessoal local, o que con- gestão ambiental pode não ter o sucesso
tribuiria positivamente no desenvolvimen- esperado. Isso ocorre pela dificuldade da sua
to sustentável da região. correta aplicação, que tem que ser bem con-
De modo geral, o plano de monitoramento duzida e não pode depender apenas de pes-
se dá em três fases principais: 1) Pré-op- soas, e sim de toda a instituição. Assim, este
eracional, que é durante o estudo base; 2) plano deve ser incluso nas atividades da em-
Operacional, que é depois da conclusão do presa e, se possível, serem institucionaliza-
EIA, costuma ser a maior parte, e 3) Pós-op- dos para resistirem à troca de pessoal. Todas
eracional, que seria na desativação e/ou as pessoas envolvidas em um programa de
86/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
gestão ambiental devem ter um bom conhe-
cimento do histórico de planejamento ambi-
ental e do plano de gestão atual.
O plano de gestão ambiental é apresentado
em um capítulo específico no EIA. Neste es-
tudo, deverão ser apontadas ao menos uma
medida de gestão para cada impacto signif-
icativo, e o grande desafio percebido é ga-
rantir recursos financeiros e humanos para
aplicar, com sucesso, as medidas mitigado-
ras resultantes do processo de avaliação.

87/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
Glossário
Termos de referência: são extensas listas de verificação, com critérios de pontuação, utilizadas
pelos órgãos licenciadores para avaliar a qualidade de um EIA.
Medidas mitigadoras: são medidas que viabilizam condições alternativas para prevenir, corri-
gir, compensar e potencializar os impactos ambientais positivos, reduzindo o risco de impactos
ambientais negativos.
Medidas compensatórias: São medidas utilizadas quando é impossível mitigar o impacto (re-
duzir o impacto). Dessa forma, são aplicadas no intuito de compensar os danos causados na
área, podendo ser feitas na região impactada ou fora dela.

88/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
?
Questão
para
reflexão

Depois da compra feita, agora é hora de levá-la para casa e saber


administrá-la com prudência, afinal você não pode deixar faltar
comida para aquela festa com os amigos no próximo final de se-
mana. Assim, você precisará se organizar com base na sua lista
(estudo de impactos ambientais) e verificar quais atitudes você
deverá tomar (medidas mitigadoras e compensatórias) e quais
produtos/alimentos você deverá monitorar (indicadores ambien-
tais), para saber se suas compras estão de acordo com o planeja-
do, não podendo haver nem falta e nem desperdício de recursos.
Há algum plano de monitoramento na sua dispensa?
89/184
Considerações Finais
• Após a realização de um EIA, um corpo técnico avaliará a qualidade do es-
tudo apresentado. Nesta etapa, verifica-se se o estudo descreve adequada-
mente o projeto, analisa-se devidamente seus impactos e propõe-se medi-
das mitigadoras capazes de atenuar os impactos significativos e negativos.
• Após a aprovação de um projeto, verificamos se ele está sendo executado
de acordo com o proposto. Assim, no acompanhamento serão avaliados os
compromissos assumidos, garantindo a proteção ambiental. Essa etapa in-
clui: fiscalização, supervisão e/ou auditoria, e a responsabilidade é partilha-
da entre o empreendedor e o órgão governamental fiscalizador.
• Gestão ambiental é um conjunto de medidas técnicas e gerenciais que vi-
sam que o empreendimento esteja em conformidade com a legislação, mi-
nimizando os riscos ambientais.
• O plano de gerenciamento de risco e o plano de atendimento a emergências
são utilizados quando alguns impactos previstos têm a ocorrência incerta.

90/184
Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 19.011, Diretrizes para auditorias de
sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental, nov. 2002. Disponível em: <https://qualidade-
online.files.wordpress.com/2009/12/iso19011.pdf>. Acesso em: 4 out. 2016.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.000, Sistema de gestão ambiental,
1996. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/certificacao/tipos/sistemas#faqnoanchor>. Aces-
so em: 4 out. 2016.
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.379-531, 2013.

91/184 Unidade 4 • Plano de Gestão Ambiental e a Análise Técnica dos Estudos Ambientais
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: O Plano de Gestão Ambiental e Aula 4 - Tema: O Plano de Gestão Ambiental e
Análise Técnica dos Estudos Ambientais. Bloco I Análise Técnica dos Estudos Ambientais. Bloco
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ II
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
1d/3bec9ee8213a1e95bf2ae77ead578c81>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
b262b3744882c1a1c33c939f797afbdd>.

92/184
Questão 1
1. Assinale a alternativa que indica em qual das etapas de uma AIA ocorre a
análise técnica do EIA.

a) Antes do início da AIA.


b) Na etapa inicial de uma AIA.
c) Na análise detalhada da AIA.
d) Na etapa pós-aprovação da AIA.
e) Após a finalização da AIA.

93/184
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresenta quem é o principal avaliador da
qualidade de um EIA no Brasil.

a) A empresa contratante do estudo.


b) As associações que representam o público.
c) A instituição financiadora.
d) O órgão governamental.
e) O ministério público.

94/184
Questão 3
3. Assinale a alternativa que apresenta de quem é a responsabilidade pelo
acompanhamento do empreendimento.

a) Do empreendedor e do órgão governamental.


b) Do empreendedor e da população regional.
c) Do órgão governamental e da população regional.
d) Do empreendedor.
e) Do órgão governamental.

95/184
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. O monitoramento e a gestão ambiental
permitem, principalmente:

a) Propor medidas mitigadoras para impactos previstos.


b) Fazer previsões de impacto ambientais.
c) Confirmar ou não as previsões feitas no EIA.
d) Propor medidas compensatórias de impactos que não irão ocorrer.
e) Inviabilizar a execução do empreendimento.

96/184
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. Quando prevemos um impacto, mas não
temos certeza da sua ocorrência, quais estratégias gerenciais podem ser
adotadas?

a) Plano de gerenciamento de perigo ou plano de socorro ambiental.


b) Plano de gerenciamento de emergências ou plano de danos ambientais.
c) Plano de gestão de risco ou plano de danos ambientais.
d) Plano de gerenciamento de perigo ou plano de danos ambientais.
e) Plano de gerenciamento de risco ou plano de atendimento a emergências.

97/184
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: C.

A análise técnica do estudo de impacto am- O monitoramento e a gestão ambiental per-


biental ocorre na etapa de análise detalha- mitem, principalmente, confirmar ou não as
da de uma avaliação de impacto ambiental. previsões feitas no EIA, visando à conformi-
dade do empreendimento com a legislação
2. Resposta: D. vigente.

No Brasil, o principal avaliador da qualida- 5. Resposta: E.


de de um estudo de impacto ambiental é o
órgão governamental ou as agências regu- Quando prevemos um impacto, mas não te-
ladoras, que participam do processo em ca- mos certeza da sua ocorrência, adotam-se
ráter obrigatório. planos de gerenciamento de risco ou plano
de atendimento a emergências.
3. Resposta: A.

A responsabilidade pelo acompanhamen-


to do empreendimento é partilhada entre o
empreendedor e o órgão governamental.
98/184
Unidade 5
A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental

Objetivos

1. Conhecer como se dá a execução de


uma previsão de impactos ambientais
dentro de um EIA;
2. Entender o que são indicadores de im-
pactos ambientais e em que fases de
uma AIA eles podem ser empregados;
3. Compreender a importância de se
prever todos os impactos possíveis e
mitigá-los.

99/184
1. Introdução

No tema 3, aprendemos o que é um estudo dicadores, os quais devem ser devidamente


de impacto ambiental (EIA), quais seus ob- justificados no EIA e monitorados desde o
jetivos e sua importância dentro de um pro- início do EIA até após a desativação do em-
cesso de avaliação de impactos ambientais preendimento. Todos os métodos de mon-
(AIA). Neste tema, continuaremos o assun- itoramento deverão ser descritos na forma
to, trazendo agora uma nova perspecti- de procedimentos técnicos, dando a pos-
va que encontramos dentro de um estudo sibilidade de serem calibrados e validados
de impacto ambiental, a importância de se matematicamente (modelagem matemáti-
prever impactos, como executar essa tarefa ca) ou em experimentos de campo e labo-
e o que é o gerenciamento de risco e porque ratório, sendo que, após análise, deverão
ele é importante dentro de uma AIA. ser apresentados no EIA.
Todo EIA, como já estudado, deverá fazer Indicadores ambientais: Entre as diversas
um prognóstico de uma situação ambiental, funções dos indicadores podemos dizer que
econômica e social futura. Trata-se de uma as principais são: estimar a magnitude dos
tarefa que denominamos previsão de im- impactos, fornecer informação para aval-
pactos. Sendo assim, esta é uma das etapas iação da importância dos impactos, prog-
que deve ser feita dentro de um EIA. Nesse nosticar a situação futura, comparar e se-
processo, teremos que escolher alguns in- lecionar alternativas, ajudar na escolha de
100/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
melhores medidas mitigadoras. Sendo que, a seleção dos indicadores corretos e mais importantes,
com certeza, ajudará na tomada de decisão sobre a viabilidade ou não do empreendimento.

Para saber mais


Mas afinal, o que são indicadores ambientais? São parâmetros de medida das condições ambientais e
de sua magnitude. Parâmetros ambientais que podem ser monitorados ao se construir uma estação de
tratamento de esgoto (ETE) são, por exemplo: 1) Qualidade da água: o corpo aquático que receberá o
esgoto tratado deverá ser avaliado antes, durante e depois da sua implantação, avaliando-se alguns pa-
râmetros, como pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), coliformes fecais,
nitrogênio e fósforo totais, turbidez e temperatura; 2) Qualidade do ar: a qualidade do ar próximo de uma
ETE poderá ser alterada pela presença de gases gerados no processo, assim as concentrações de monóxi-
do de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), Ozônio (O3), poeira suspensa,
inalável e fumaça, poderão ser monitoradas.

Mas a utilização dos indicadores vai além do EIA, uma vez que eles também podem ser monito-
rados e utilizados na etapa de gestão ambiental, como vimos no tema 4 deste material.

101/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental


Métodos de previsão de impactos: Existem mais tendencioso, ou seja, o mais difícil de
vários métodos para fazer uma previsão de provar tecnicamente os resultados, pois usa
impactos, entre esses métodos podemos as opiniões de especialistas em obras pare-
citar: 1) Modelagem matemática: no qual, cidas e extrapolam essas observações para
através de indicadores, é possível modelar o empreendimento estudado.
matematicamente o ambiente e avaliar os
impactos na área direta e indiretamente
afetada; 2) Comparação e extrapolação:
Link
no qual são feitos ensaios piloto, in situ, ou Confira o material de identificação, previsão, ava-
estudo de casos semelhantes, e extrapol- liação dos impactos ambientais e proposição de
am-se os resultados para a área de estudo; medidas e ações de controle disponibilizado pelo
3) Experimentos em laboratório: no qual são Metrô SP. Disponível em: <http://www.metro.
levadas para laboratório algumas amostras sp.gov.br/metro/licenciamento-ambiental/
para análise; 4) Modelos computaciona- linha-2-verde/EIA_Linha_2/Volume-IV/Ar-
is: muito parecidos com os matemáticos, quivo-17.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2017.
porém feitos em computador, com soft-
wares específicos; 5) Julgamento de espe- Independentemente do método escolhido,
cialistas: é o método mais simples, porém todos eles carregam erros e incertezas em
suas medidas, pois de fato só saberemos os
102/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
reais impactos após a realização da obra. Por rada, este poderá ser mitigado ou compen-
isso, a importância de tornar as hipóteses sado, o que não ocorrerá com os impactos
transparentes, reprodutíveis ou verificáveis e não previstos. Outro problema grave que
representativas, o que fica difícil em alguns tem sido observado é a alteração entre a
casos, por estes serem formulados em ter- obra estudada e a implantada, o que acaba
mos vagos e/ou de difícil controle e monito- por praticamente anular o EIA feito, sendo
ramento. Por isso também a importância de este o caso mais grave.
se fazer, após a obra finalizada e em funcio-
namento, o processo de gestão ambiental.
Para saber mais
O que temos percebido ao longo dos anos,
Existe previsão de impacto ideal? Não existe uma
é que a maioria das previsões indicam a di-
previsão de impacto que seja ideal, pois todas elas
reção correta do impacto e que poucos são
têm algum nível de incerteza intrínseca, porém, se
os impactos não previstos e ainda menores
existisse, ela deveria cumprir esses critérios: esti-
são as previsões totalmente erradas. Porém,
mar a magnitude dos impactos com os indicadores
vale ressaltar que a não identificação de um
corretos, determinar a distribuição espacial do im-
impacto é mais grave que a sua previsão em
pacto, determinar a duração do impacto, informar
magnitude incorreta, pois se o impacto for
as hipóteses adotadas e as incertezas associadas.
identificado, mesmo que em magnitude er-
103/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
Avaliação da importância dos impactos:
Uma das etapas mais difíceis de um estu-
do de impacto ambiental é a avaliação da
Link
É possível conferir os relatórios anuais de aciden-
importância dos impactos, pois, neste mo-
tes ambientais no site do Ibama. Disponível em:
mento, é necessário atribuir um grau de im-
<http://www.ibama.gov.br/index.php?op-
portância para uma alteração ambiental,
tion=com_content&view=article&id=571&I-
assim, essa escolha dependerá não só do
trabalho técnico, mas também do juízo de temid=530>. Acesso em: 9 abr. 2017.
valor dos membros envolvidos no EIA. Para
tentar eliminar esse critério, o recomenda- Para definir se um impacto será significati-
do é sempre se apoiar nas decisões coletivas vo ou não, podemos usar de maneira ger-
da equipe técnica e, de forma alguma, ten- al a seguinte hipótese, se o impacto for
tar favorecer o empreendedor contratante. grande sobre um recurso importante, ele
Entre as funções dessa etapa estão: interp- será significativo, porém se o impacto for
retar o significado dos impactos ambientais pequeno sobre um recurso resiliente não
identificados, verificar a necessidade de me- será significativo. Sempre que houver per-
didas mitigadoras ou compensatórias, com- da irreversível de algum elemento do ecos-
parar alternativas menos impactantes e, se sistema, este será significativo. Um impacto
necessário, propor modificações no projeto. poderá ser considerado significativo, se ele
104/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
afetar a saúde ou a segurança humana de vem ser comparados, classificados e hier-
modo a comprometer a disponibilidade de arquizados em um EIA e que sempre tere-
emprego e de recursos para a comunidade, mos duas opções finais: fazer ou não o em-
afetar a variação de um parâmetro ambien- preendimento.
tal, modificar a estrutura de um ecossiste- A escolha e a classificação dos impactos de-
ma (ameaçar a existência de espécies raras), verão ser feitas com clareza, sabendo que
ou se o público, através de consulta pública, não há uma fórmula universal e que não de-
considerá-lo importante. vem ser extrapoladas condições iguais para
Segundo o CONAMA nº 1/86, ao verificar se lugares diferentes, levando em conta, prin-
um impacto é ou não significativo, temos cipalmente, a importância, a magnitude
que observar os seguintes critérios: mag- do impacto e a distribuição heterogênea
nitude (cumulativo ou sinérgico), duração dos impactos e comunicando claramente o
(imediato, médio ou longo prazo), extensão porquê das escolhas, decisões e conclusões
(direto ou indireto), reversibilidade (tem- obtidas.
porário ou permanente), relevância legal, Análise de risco para a avaliação de impac-
probabilidade de ocorrência e distribuição to ambiental: Muitos impactos previstos
de riscos e benefícios (distribuição de ônus ou não só ocorrerão se houver um funcio-
e bônus). Lembrando que os impactos de- namento inadequado do empreendimento,
105/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
situação a que chamamos de risco. Desta
forma, os riscos podem ser agudos, advin-
dos de um acidente, ou crônicos, após um
longo período de exposição, podendo ser Para saber mais
naturais, como no caso de uma inundação, Perigo versus Risco. Muitas pessoas confundem
ou tecnológicos, como em uma explosão de ou acreditam que os dois são a mesma coisa, mas
reator. E, para que eles não ocorram de fato, não são. Perigo é uma característica intrínseca do
devemos estar prevenidos. Assim devemos material ou da substância, e risco é a preocupa-
nos perguntar: “O que aconteceria se...” e ção com uma situação de perigo. Por exemplo, sa-
verificar se a resposta o colocaria em uma bemos que ácido clorídrico é uma substância pe-
situação arriscada, sendo esse o objetivo de rigosa por ser corrosiva, assim, se não for arma-
programas específicos de gerenciamento zenada de maneira adequada, estamos nos colo-
preventivo e corretivo empresarial. cando em uma situação de risco, pois essa subs-
tância poderá vazar e gerar uma contaminação.
Desta forma, risco é algo que tem probabilidade
de acontecer se algo não atender às expectativas.

106/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental


Para ajudar nesse processo, poderá ser con-
Link sultado a ISO 31.000, além de consultar e
monitorar o histórico de acidentes, realizar
Conceito de perigo, risco, desvio, causa e inci- inspeções de segurança a partir de listas de
dente. Disponível em: <https://www.youtube. verificação, analisar os fluxogramas de pro-
com/watch?v=p4hEk5mjua4>. Acesso em: 9 cesso e categorizar as operações geradoras
abr. 2017. de maiores riscos, verificando qual é a pos-
sível falha e qual seria sua consequência,
Para uma avaliação de risco, a primeira eta- lembrando que sempre, mais importante
pa é identificar os perigos existentes. Na se- que prever um risco, é não deixar que ele
quência, analisar a consequência de cada de fato ocorra. Critérios para aceitação de
ação tomada e avaliar assim os riscos exis- prováveis riscos ainda são muito contro-
tentes, e sabendo de todos os riscos, propor versos, pois há sempre uma dúvida sobre
medidas de gerenciamento desses riscos a probabilidade de ocorrência ou não dos
e ações de emergência que poderiam ser riscos.
tomadas, que podem até ser incorporadas
na AIA.

107/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental


Glossário
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): é a quantidade de oxigênio dissolvido que será ne-
cessária para que ocorra a oxidação da matéria orgânica biodegradável (decomposição biológi-
ca) em condições aeróbicas, ou seja, na presença de oxigênio.
Oxigênio dissolvido: quantidade de oxigênio dissolvido em um fluido, por vezes denominado
nível de saturação em oxigênio. É um parâmetro muito empregado na determinação da quali-
dade de um corpo aquático.
Intrínseca: é o que faz parte da essência, que é característico e inerente de algo.
pH (potencial hidrogeniônico): é uma medida que utiliza uma escala numérica de 0 a 14, usa-
da para determinar a acidez, basicidade ou neutralidade de uma solução.
Reversibilidade: refere-se a uma propriedade ou a um sistema, que tem a capacidade de retor-
nar ao estado inicial após ter sofrido modificações.

108/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental


?
Questão
para
reflexão

Você já foi ao mercado, gastou sua verba da semana, fez o seu pla-
nejamento e está monitorando adequadamente os itens de sua
dispensa. Porém, é feriado e um grande amigo seu, que há tem-
pos não aparece, decide lhe fazer uma cordial visita para que você
conheça sua nova amiga. E agora reflita: Você se preveniu para
gerenciar esse risco? Você conhece algum mercado aberto no fe-
riado? Você tem alguma verba que possa gastar? Bom, você não
quer que a primeira impressão da amiga do seu amigo seja ruim.
Quais as perguntas “o que aconteceria se...” você poderia formular
para estar prevenido e organizado contra riscos como este?
109/184
Considerações Finais (1/2)

• A utilização de indicadores ambientais começa no EIA e terminará apenas


após a desativação do empreendimento, sendo possível utilizá-los para es-
timar os impactos e suas magnitudes, na seleção de melhores alternativas
e medidas mitigadoras ou compensatórias, ajudando na tomada de decisão
sobre a viabilidade do empreendimento e também no processo de gestão
ambiental.
• Existem vários métodos de se fazer uma previsão de impactos, mas indepen-
dentemente do método escolhido, todos eles carregam erros e incertezas
intrínsecas, pois só saberemos os impactos reais após a realização da obra.
Porém, todas as hipóteses usadas nos métodos de previsão de impactos de-
verão ser transparentes, reprodutíveis ou verificáveis e representativas.

110/184
Considerações Finais (2/2)

• Na etapa de avaliação de importância dos impactos, estes deverão ser in-


terpretados e deverá ser feita a verificação da real necessidade de medidas
mitigadoras ou compensatórias, ou de modificações no projeto. Podemos
usar o seguinte critério: se o impacto for grande sobre um recurso impor-
tante, ele será significativo, porém se o impacto for pequeno sobre um re-
curso resiliente, não será significativo.
• Muitos impactos só ocorrerão se houver um funcionamento inadequado do
empreendimento, situação a que chamamos de risco. E para que eles não
ocorram de fato, devemos estar prevenidos e assim devemos nos perguntar:
“O que aconteceria se...” e verificar se a resposta o colocaria em uma situação
arriscada.

111/184
Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 31.000, Gestão de risco – Princípios
e diretrizes, 2009. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=57190>.
Acesso em: 10 out. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONA-
MA no 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a ava-
liação de impacto ambiental. Diário oficial de União, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em: 5 set. 2016.

SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.289-378, 2013.

112/184 Unidade 5 • A Execução, os Indicadores e o Monitoramento no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: A Execução, Indicadores e Moni- Aula 5 - Tema: A Execução, Indicadores e Moni-
toramento no Processo de Avaliação de Impac- toramento no Processo de Avaliação de Impacto
to Ambiental. Bloco I Ambiental. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
f17ec11566c5923b4e4b6bd44797fd5f>. 1d/975c94c3e4d718e3d3a93ddc1c2f3c9f>.

113/184
Questão 1
1. Assinale a alternativa que apresenta o que é um indicador ambiental.

a) Um parâmetro de medida das condições ambientais.


b) Um parâmetro de risco de acidentes.
c) Um parâmetro obtido em laboratório.
d) Uma medida matemática de risco ambiental.
e) Uma característica física do ambiente.

114/184
Questão 2
2. Assinale a alternativa que identifica qual dos métodos de previsão de
impacto descritos a seguir é o menos transparente, reprodutível e repre-
sentativo.

a) Modelagem matemática.
b) Comparação e extrapolação.
c) Experimentos em laboratório.
d) Modelos computacionais.
e) Julgamento de especialistas.

115/184
Questão 3
3. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna.

Todos os métodos de previsão de impactos carregam junto ____________.


a) Transparência e reprodutibilidade.
b) Erros e incertezas.
c) Representatividade e transparência.
d) Indicadores ambientais corretos.
e) Reprodutibilidade e erros.

116/184
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Um impacto, com certeza, será significa-
tivo se:

a) O recurso for resiliente.


b) O impacto for reversível.
c) O impacto for irreversível.
d) O impacto for benéfico.
e) O impacto for pequeno.

117/184
Questão 5
5. Assinale a alternativa que identifica a primeira etapa de uma avaliação
de risco.

a) Identificar os riscos.
b) Identificar os perigos.
c) Analisar as consequências de cada ação.
d) Propor medidas de gerenciamento de risco.
e) Propor ações de emergência.

118/184
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: B.

Um indicador ambiental é um parâmetro Todos os métodos de previsão de impacto


de medida das condições ambientais, que carregam junto erros e incertezas intrínse-
pode ser usado tanto no EIA, como também cas, pois só saberemos se os impactos de
na gestão do empreendimento. fato ocorrerão após a realização do empre-
endimento.
2. Resposta: E.
4. Resposta: C.
O método de previsão de impacto menos
transparente, reprodutível e representati- Um impacto será significativo se for grande
vo é o julgamento de especialistas, pois é o sobre um recurso importante e irreversível.
método mais difícil de provar tecnicamente
os resultados, uma vez que usa as opiniões 5. Resposta: B.
de especialistas.
A primeira etapa em uma avaliação de risco
é identificar os perigos existentes. Na sequ-
ência, analisar a consequência de cada ação
tomada e avaliar assim os riscos existentes,
119/184
Gabarito
e sabendo de todos os riscos, propor medi-
das de gerenciamento desses riscos e ações
de emergência que poderiam ser tomadas.

120/184
Unidade 6
Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA

Objetivos

1. Compreender como deverão ser co-


municados os resultados de uma Ava-
liação de impactos ambientais;
2. Conhecer o processo de consulta pú-
blica, como ele pode ser feito e quais
são as implicações dessa consulta;
3. Entender como se dá o processo deci-
sório dentro de uma AIA.

121/184
1. Introdução

Em todos os temas até agora, falamos so- lido por técnicos, mas também pela popu-
bre alguma etapa do processo de avaliação lação ampla e geral. Assim, com certeza, o
de impacto ambiental (AIA) e neste tema relatório não poderá ser escrito apenas em
encerraremos esse assunto. Aprendere- linguagem técnica, tão pouco apenas em
mos como deverá ser feita a comunicação linguagem jornalística, mas, sim, ter car-
de uma AIA, como é o processo de consul- acterísticas dos dois tipos de texto, pois o
ta pública e como ele poderá influenciar na público leitor é heterogêneo, englobando
tomada de decisão sobre a viabilidade de políticos, jornalistas, advogados, consul-
um empreendimento. tores, militantes e cidadãos.
Para podermos comunicar os resultados
obtidos no estudo de impactos ambien-
tais, devemos escrevê-los na forma de um
relatório, para o qual damos o nome de
relatório de impacto ambiental (RIMA).
Porém, antes de escrevermos esse relatório,
ou melhor, antes de escrever qualquer coisa,
temos que pensar quem será nosso público
leitor. Desta forma, sabe-se que o RIMA será
122/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
Para saber mais
Quem lê um RIMA? Os leitores de um Rima são heterogêneos e poderiam ser divididos e classificados em
cinco grupos distintos, a saber: 1) Analista técnico – são pessoas que pertencem ao órgão licenciador e
que estão em busca de detalhes técnicos em profundidade, para que seja possível fazer uma avaliação
criteriosa do EIA; 2) Grupo social – são as organizações não governamentais (ONG), que estarão focadas
em projetos polêmicos em sua área de atuação e provavelmente estarão preocupadas com apenas um
aspecto do EIA; 3) Público – será a população geral e ampla, direta ou indiretamente afetada pelo em-
preendimento, que tem como maior preocupação as modificações que ocorrerão em sua vida cotidiana;
4) Administrador – são os dirigentes dos órgãos licenciadores, cujo foco é verificar se o empreendimento
atenderá a todos os aspectos legais necessários; 5) Políticos – verificam se o empreendimento se adequa
aos seus interesses e quais são as suas implicações (SÁNCHEZ, 2013, p.422).a

2. Características - RIMA

O RIMA deverá ser um facilitador da discussão pública dos resultados do EIA, assim uma frase
mal colocada ou uma leitura desatenta poderá causar grandes prejuízos ao processo de AIA, pois
poderá gerar uma aprovação mais trabalhosa e cheia de questionamentos. Dessa forma, segun-

123/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


do Weiss (1989), um EIA ilegível é um risco o relatório mais lido do mundo, mas apenas
ambiental. Para evitar interpretações equiv- ser lido completamente, buscando trans-
ocadas e para auxiliar na leitura, o RIMA de- mitir a informação técnica e multidisciplinar
verá ser apresentado dentro de um forma- a um público variado, com interesses espe-
to característico, de forma atraente, com cíficos e distintos.
linguagem clara e acessível, descrevendo e
justificando adequadamente os métodos,
os resultados e as conclusões.
Link
Verifique o relatório de impacto ambiental “Rima
Desta forma, toda comunicação de uma Belo Monte”. Disponível em: <https://www.
RIMA deverá ter um emissor de informação eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS-
(equipe técnica que preparou o RIMA), um 46763BB8PTBRIE.htm>. Acesso em: 9 abr. 2017.
receptor (pessoa que decodifica a infor-
mação de acordo com a sua capacidade
analítica), uma linguagem (objetiva à co- Para que um relatório seja considerado bem
municação de todos), um veículo de comu- escrito, ele deverá evitar erros estruturais,
nicação (de acesso amplo e fácil) e por úl- ou seja, ele deverá ter uma sequência lógi-
timo a mensagem que se deseja transmitir, ca, com começo, meio e fim. Todas as figu-
sendo que o objetivo de um RIMA não é ser ras e tabelas têm que ser autoexplicativas e

124/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


serão bem aceitas se forem pequenas e com siglas, tabelas, figuras, apêndices e anexos, e
as informações bem organizadas. Deverá também pode ser incluso um glossário, além
ser feita uma revisão gramatical e estilísti- da apresentação das referências bibliográfi-
ca, e caso os técnicos não tenham essa ha- cas, que podem ser sites, entrevistas, entre
bilidade, poderão ser auxiliados por profis- outros.
sionais da comunicação, tomando o cuidado
para não alterar as informações do RIMA. O
texto principal deve ser leve e de fácil leitu-
Para saber mais
ra, assim extensas tabelas ou dados podem O que deve ser comunicado em um RIMA? Deve ser
ser colocados em anexo, causando assim um comunicados em um RIMA as intenções do pro-
conforto visual. Além disso, é importante ter ponente do projeto, os seus objetivos, as carac-
um sumário organizado e paginado que faci- terísticas técnicas do projeto, suas justificativas,
lite a localização por informações-chave, um sua localização, os impactos que causará, tanto
resumo, podendo este ser geral ou capitular positivos, como negativos, quais as medidas que
contendo os objetivos de cada capítulo. De- serão adotadas para evitar, reduzir ou compensar
verá ser evitada a quebra excessiva do texto, os impactos e mais outros documentos que po-
podendo utilizar títulos e subtítulos apenas dem ser necessários, e essa comunicação poderá
quando necessário. É recomendada a uti- ser feita em jornal impresso, em TV, vídeos, divul-
lização de índices analíticos, que são listas de gação na internet, entre outros.
125/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
Uma das características mais marcantes são os mesmos afetados. Por exemplo, um
no processo da AIA é a participação públi- aterro sanitário beneficia toda uma cidade,
ca, pois, já que o empreendimento con- mas prejudica a vizinhança do local onde
sumirá ou degradará bens coletivos, a de- ele estará. Uma hidrelétrica beneficia todo
cisão sobre sua execução ou não também um estado, mas as pessoas que terão que
não poderia ser feita em âmbito privado. A ser deslocadas das áreas que serão alaga-
consulta pública é um mecanismo formal das sofrerão. Assim, o debate sobre ônus e
de consulta aos interessados, incluindo os bônus de um projeto é atualmente media-
diretamente afetados pela decisão, mas do pela AIA, que passou a desempenhar um
não se limitando a estes, com o objetivo de papel de instrumento de negociação, tendo
informar, ouvir e decidir, promovendo um a EIA e o RIMA como principais fontes de in-
engajamento social. formação e base para negociações.
Essa etapa é importante porque, muitas A participação pública visa respeitar os dire-
vezes, um projeto pode ser viável ambien- itos sociais de acesso à justiça, informação
talmente, desde que certas condições sejam e participação no processo decisório, pre-
observadas, mas os impactos socioambien- visto pela Lei Federal nº 10.650/2003, que
tais distribuem-se de maneira desigual. As- dispõe sobre o direito à informação ambi-
sim, os grupos humanos beneficiados não ental. Além disso, a participação pública
126/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
se justifica por motivos éticos, legitimando
as decisões do que é desejável ou não em Link
sociedades democratas, sendo que a so- RIMA – Impacto. Projeto de irrigação do assen-
ciedade tem o papel de mediadora entre o tamento Santa Mônica. Disponível em: <http://
privado e o político, partilhando, em parte, w w w . i m a s u l . m s . g o v. b r / w p - c o n t e n t /
o poder de decisão. Os objetivos principais uploads/sites/74/2015/06/RIMA-Irriga%-
de uma consulta pública são: aprimorar as C3%A7%C3%A3o-Terenos.pdf>. Acesso em: 9
decisões, especialmente das medidas miti- abr. 2017.
gadoras; fazer com que os cidadãos expres-
sem seus pontos de vista e influenciem no Para que seja possível a expressão do públi-
resultado; promover a aceitação pública do co, os prazos, o acesso e os custos deverão
empreendimento; atender a requisitos pre- ser razoáveis para fazer valer o direito à in-
vistos por lei; proporcionar a comunicação formação e à participação. Os procedimen-
entre proponente e sociedade; reduzir con- tos de consulta podem ser divididos em três
flitos sociais; e ajudar no plano de gestão tipos: 1) Representação pública – feita por
eficiente e colaborativo. eleições, plebiscitos e conselhos; 2) Partic-
ipação pública autônoma – feita através de
abaixo-assinado, passeatas, atos públicos e

127/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


3) Participação sob convite – que são debates com regras. O processo de participação pública é
previsto pelo CONAMA nº 9/87, que menciona que todo processo de AIA deverá ter no mínimo
uma audiência pública. Assim, há diferentes procedimentos de consulta, dos quais a audiência
pública é um dos mais conhecidos.

Para saber mais


O que é uma audiência pública? É uma reunião pública que deverá ser mediada e pode ou não ter a pre-
sença de um consultor técnico, que fará uma exposição sobre o tema antes da discussão. Tem algumas
formalidades, como o tempo que cada um tem para se expressar e a dinâmica de quem se expressa em
cada momento. Tem uma duração definida, sendo geralmente marcada para o período noturno e deven-
do ser amplamente divulgada e aberta a todas as pessoas. Deve favorecer os debates e questionamentos
e a negociação, evitando-se o confronto, e ser limitada por filtros. Além das manifestações verbais, po-
dem ser apresentados documentos e todo o processo deverá ser gravado.

O público não tem o poder de decidir sobre a viabilidade ou não de um projeto, ou seja, essa não
é uma etapa decisória da AIA, mas ela fornecerá ao órgão licenciador um caminho coletivo para o
bem comum. Entre as críticas sobre esse processo, temos que ela ocorre muito tarde no proces-
so de AIA, ou seja, depois que o estudo já foi concluído e será encaminhado para licenciamento,
128/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
sendo que poderia ocorrer diversas vezes e
em diversas etapas. Poucas pessoas de fato Link
leem o RIMA e estão suficientemente infor- Terminal Fluvial de Granéis Sólidos da Cargill
madas para debater sobre o assunto, e hoje Agrícola. Disponível em: <http://www.cargill.
percebemos o surgimento de um grupo de com.br/wcm/groups/public/@csf/@brazil/
especialistas em audiências que opinam so- documents/document/cargill_brasil_rima.
bre tudo indiscriminadamente. Além disso, pdf>. Acesso em: 9 abr. 2017.
poucos sabem, mas o EIA e o RIMA têm que
estar disponíveis com antecedência e fácil
Resumidamente, esse é um processo que
acesso aos cidadãos, e, além disso, qualquer
envolve múltiplas partes, questões múlti-
cidadão poderá pleitear verba para assesso-
plas, e as soluções também devem seguir
ria técnica e transporte se necessário, tudo
esse caminho, para que a contribuição seja
com custas previamente fixadas.
efetiva. Além disso, requer-se algum con-
hecimento técnico e por isso existe um aux-
ílio financeiro para esses casos, para que
o acesso ao EIA e ao RIMA sejam amplos e
igualitários. As decisões finais não devem
envolver questões afetivas e juízos de valor.
129/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
Elas devem ser racionais e visar à sustent- teve grande oposição popular na cidade de
abilidade, por isso, não é o público que toma Paulínia, fazendo com que mudassem de
a decisão final sobre a aprovação de um cidade, para Mogi Mirim. Mas, apesar de
empreendimento. De maneira geral, essa grandes esforços da CESP, até mesmo de
é uma etapa que tem um caráter político, levar os vereadores da cidade para visitar-
porém não deve virar politicagem (interess- em uma usina similar no Japão, a população
es individuais), mas mostrar que o cidadão continuou não aceitando a proposta, e com
pode sim ser ativo nesse processo. isso a CESP acabou desistindo do projeto,
Um exemplo onde a participação pública foi que não foi implantado.
decisória no processo de AIA foi o caso da
Companhia Energética de São Paulo (CESP) 3. Tomada de Decisão
em 1990, em que foi enviado um projeto
Ao longo do processo de avaliação de im-
de construção de uma usina termoelétrica,
pactos ambientais, várias decisões são
com o resíduo de uma refinaria de petróleo
tomadas por vários protagonistas, mas a
como combustível, e após o estudo técni-
decisão final sobre a aprovação ou não cab-
co percebeu-se que os impactos gerados
erá ao órgão licenciador. Esse órgão varia
seriam pequenos e derivariam apenas da
em cada jurisdição, podendo ser uma auto-
queima do combustível, porém o projeto
130/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA
ridade ambiental regional, federal, um co-
legiado, um conselho, que verificará a via-
bilidade do empreendimento. No Brasil, o
modelo de decisão colegiado, por meio de
um conselho com participação da socie-
dade civil, é muito empregado, sendo que
esses colegiados são subordinados à auto-
ridade ambiental.
Para isso, serão consideradas, além das in-
formações técnicas do EIA e do RIMA, as
questões de ordem econômica, política
e social, e três tipos de decisão são pos-
síveis: 1) Não autorizar o empreendimen-
to, 2) Aprová-lo incondicionalmente ou 3)
Aprová-lo com restrições, podendo ser so-
licitadas modificações ou a complemen-
tação dos estudos apresentados.

131/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


Glossário
Heterogêneo: tem natureza desigual, tem diferenças.
Legitimado: tornado legítimo, adequado às formalidades da lei.
Mediador: pessoa que atua como árbitro entre pessoas, grupos, etc., buscando soluções entre
as partes envolvidas.
Plebiscito: consulta feita ao povo por meio de votação, envolvendo interesses sociais a respeito
de um assunto específico.

132/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


?
Questão
para
reflexão

Agora é o momento de você se expressar e escrever um RIMA para


sua ida ao mercado. Explique, em linguagem simples e clara, po-
rém fundamentada e devidamente justificada, o seu planejamento
antes da ida, os impactos financeiros, os itens descartados, as me-
didas mitigadoras e compensatórias adotadas (escolha de produ-
tos similares devido ao preço, por exemplo), o seu planejamento
e a sua administração de compras e os gerenciamentos de risco
propostos, lembrando-se de que o seu texto tem que ter um perfil
e uma estrutura técnica, ou seja, deve ser próximo do formato do
seu trabalho de conclusão de curso. Essa é uma tarefa simples?
133/184
Considerações Finais (1/2)

• A comunicação dos resultados de um EIA deverá ser feita na forma de um


relatório de impacto ambiental (RIMA), que tem um público leitor heterogê-
neo e, por isso, deverá ser escrito em linguagem simples e clara, com estru-
tura e características técnicas, mesclando um estilo técnico e jornalístico,
devendo ser um facilitador da discussão pública dos resultados do EIA.
• Um RIMA deverá comunicar as intenções do proponente, os seus objetivos,
as características técnicas, suas justificativas, sua localização, os impactos
que causará e as medidas mitigadoras e/ou compensatórias.
• A consulta pública é um mecanismo formal de consulta aos cidadãos dire-
tamente afetados pela decisão, mas não se limitando a estes, com o obje-
tivo de informar, ouvir e decidir, promovendo um engajamento social. Os
procedimentos de consulta são a representação, a participação pública au-
tônoma e a participação sob convite.

134/184
Considerações Finais (2/2)

• Na AIA várias decisões são tomadas, mas a decisão final deverá ser racional
e sustentável, por isso, não é o público que toma essa decisão, e sim o órgão
licenciador, que poderá aprovar ou não um empreendimento.

135/184
Referências

BRASIL. Lei no 10.650, de 14 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e infor-
mações existentes os órgãos e entidades integrantes do Sisnama. Diário oficial de União, 17
abr. 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.650.htm>. Aces-
so em: 13 out. 2016.
______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA
no 9, de 3 de dezembro de 1987. Dispõe sobre a realização de audiência pública no processo de
licenciamento ambiental. Diário oficial de União, 5 jul. 1990. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=60>. Acesso em: 13 out. 2016. (com status vigente e
em revisão)
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.419-510, 2013.
WEISS, E. H. An unreadeble EIS is an environmental hazard. The environmental professional. 11,
p. 236-240, 1989.

136/184 Unidade 6 • Comunicação dos Resultados e Participação Pública no EIA/RIMA


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Aula 6 - Tema: Comunicação dos Resultados e Aula 6 - Tema: Comunicação dos Resultados e
Participação Pública no EIA/Rima. Bloco I Participação Pública no EIA/Rima. Bloco II
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03f7deba1064753bf47898095a3a7f54>. 537d3c8733a5b86e344ac05dc311ad>.

137/184
Questão 1
1. Assinale a alternativa que contempla como é feita a comunicação de uma
AIA.

a) ATA – Avaliação de impacto ambiental.


b) EIA – Estudo de impacto ambiental.
c) RIMA – Relatório de impacto ambiental.
d) EIV – Estudo de impacto de vizinhança.
e) REVI – Relatório de impacto de vizinhança.

138/184
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresenta quem tem interesse em um EIA/
RIMA.

a) Toda a sociedade.
b) Juristas.
c) Organizações não governamentais.
d) Políticos.
e) Analistas técnicos.

139/184
Questão 3
3. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.

Segundo o CONAMA nº 9/87, todo processo de AIA deverá ter no mínimo ___________:
a) Um plebiscito.
b) Uma audiência pública.
c) Uma passeata.
d) Um abaixo-assinado.
e) Uma eleição.

140/184
Questão 4
4. As decisões finais de uma AIA devem envolver:

a) Questões afetivas.
b) Juízos de valor.
c) Apenas questões ambientais.
d) Apenas questões sociais.
e) Sustentabilidade.

141/184
Questão 5
5. Quem deverá tomar a decisão final a respeito de uma AIA?

a) A população através de um plebiscito.


b) Os políticos.
c) As organizações não governamentais.
d) O órgão licenciador.
e) A população através de uma audiência pública.

142/184
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.

A comunicação de uma AIA é feita através de As decisões finais não devem envolver ques-
um relatório de impacto ambiental (RIMA). tões afetivas e juízos de valor, mas ser racio-
nais e pensar na sustentabilidade.
2. Resposta: A.
5. Resposta: E.
Toda a sociedade tem ou deveria ter inte-
resse em um EIA/RIMA, pois estes são ins- A decisão final a respeito de uma AIA é to-
trumentos que possibilitam a participação mada pelo órgão licenciador, no caso do
social de forma ampla nas questões am- Brasil, um colegiado subordinado à autori-
bientais. dade ambiental.

3. Resposta: B.

Segundo o CONAMA nº 9/87, todo processo


de AIA deverá ter no mínimo uma audiência
pública.

143/184
Unidade 7
O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas
Implicâncias

Objetivos

1. Entender a importância de um estudo


de impacto de vizinhança (EIV);
2. Conhecer o Estatuto da Cidade e sua
aplicabilidade em áreas urbanas;
3. Compreender os aspectos benéficos
de um EIV e sua influência na organi-
zação e na sustentabilidade de uma
cidade.

144/184
1. Introdução
Mudando um pouco de assunto, mas ain- ma viário, saturação da infraestrutura,
da na mesma vertente de avaliar impactos como redes de esgotos e de drenagem de
ambientais, neste tema falaremos sobre o águas pluviais, alterações microclimáticas
impacto de vizinhança. O termo impacto de derivadas de zonas de sombreamento e com
vizinhança é recente, ainda pouco difundi- falta de ventilação, aumento da frequência
do, e surge junto com o Estatuto da Cidade e intensidade de inundações devido à im-
(Lei Federal nº 10.257/2001), sendo usado permeabilização do solo.
para descrever impactos locais em áreas
urbanas, ou seja, seu foco é na cidade, em Atualmente, temos alguns planos diretores
áreas já urbanizadas que sofrerão alguma e leis de zoneamento nas cidades, que são
modificação. instrumentos bem difundidos da política ur-
bana. Porém, eles não se mostram suficien-
Essas modificações podem ocorrer no meio tes para fazer a mediação entre os interess-
físico, biótico, socioeconômico e no próprio es privados dos empreendedores e o direito
ser humano, podendo ser intervenções à qualidade urbana daqueles que moram ou
civis, agrícolas, de urbanização, miner- transitam em seu entorno. Assim, enten-
ação, entre outras. Quando ocorre qualquer dendo que os limites desses planos e outros
tipo de modificação dentro de uma cidade, instrumentos de gestão ambiental não são
essa poderá causar a sobrecarga do siste-

145/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
suficientes, urbanistas e outros profission- 2. Estudo de Impacto de Vizi-
ais propuseram uma modalidade específica nhança
de avaliação de impacto ambiental adap-
tada aos empreendimentos e impactos ur- O maior objetivo de se fazer um estudo de
banos, o Estudo de Impacto de Vizinhança impacto de vizinhança (EIV) é não deixar que
(EIV). ocorra uma expansão acelerada e desor-
ganizada das cidades, degradando o meio
ambiental natural e cultural da população.
Esse conceito foi adotado pelo Estatuto da
Link Cidade, que conferiu ao EIV um conteúdo
Diferenças entre EIV e EIA. Disponível em: <ht- muito próximo ao de um EIA, guardadas as
tps://www.masterambiental.com.br/noti- devidas proporções, sendo dedicados ao EIV
cias/eiv/qual-a-diferenca-de-um-estudo- três artigos desse estatuto.
-de-impacto-de-vizinhanca-e-um-estudo-
-de-impacto-ambiental/>. Acesso em: 9 abr.
2017.

146/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
fazer um EIA, ele estará, automaticamente,
Para saber mais dispensado de fazer um EIV. Porém, quando
um EIA não for obrigatório, mas há possib-
O EIV só começou a ser feito após o Estatuto da
lidade de o empreendimento causar algum
Cidade? A resposta é não. Anteriormente, alguns
impacto ambiental ou socioeconômico na
municípios já haviam incorporado exigências si-
região, poderá ser solicitado um estudo de
milares às suas leis, como São Paulo, que já tinha
impacto de vizinhança.
uma lei (Lei Orgânica de São Paulo, 1990) que fa-
zia exigência de um relatório de impacto de vizi-
nhança (Rivi), dependendo da modalidade do em-
preendimento, da área a ser construída e do uso,
Link
O site da prefeitura de Santo André, por exemplo,
industrial, institucional, comercial ou residencial
disponibiliza Estudos de Impacto de Vizinhança.
do solo.
Disponível em: <http://www2.santoandre.sp.
Os impactos de vizinhança são impactos gov.br/index.php/eiv-estudo-de-impacto-
locais, em áreas urbanas, e o seu estudo, -de-vizinhanca>. Acesso em: 9 abr. 2017.
apesar de semelhante ao EIA quanto aval-
iação, difere significativamente nos objeti- Assim, um EIV é feito em projetos habita-
vos. Quando um empreendimento tem que cionais, institucionais ou comerciais, públi-

147/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
cos ou privados, em áreas urbanas direta ou dores antigos. Agora imagine que haja uma
indiretamente afetadas com o objetivo de proposta de construção de uma casa notur-
buscar a sustentabilidade do meio urbano, na nesse bairro, imagine como o modo de
analisando os impactos nas atividades ur- vida dessas pessoas seria alterado. Ou en-
banas em âmbito municipal em defesa dos tão, imagine a construção de um grande su-
interesses coletivos. Entre os impactos que permercado, que demandará mão de obra
podemos observar estão a poluição sonora majoritariamente feminina, sem haver nen-
e visual, as alterações no trânsito da região, huma escola ou creche na região. São dois
a carência de espaços verdes, as áreas de casos em que ou os projetos são inviáveis
lazer para a comunidade, a alteração do re- ou precisam de medidas mitigadoras para
gime de segurança, a falta de serviços de que possam ser executados, por isso então
educação próximos ao empreendimento, fazer um estudo de impacto de vizinhança.
as deficiências em termos de transporte e Além desses, cemitérios, aterros sanitári-
saúde. Assim, verifica-se a compatibilidade os e terminais rodoviários são necessários
do empreendimento com a área onde será à toda a população, porém repudiados em
construído. qualquer lugar, assim deverá haver um con-
Por exemplo, pense em um bairro paca- senso entre a população e a prefeitura para
to, distante do centro, com casas e mora- a negociação de obras desse tipo.

148/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
Para saber mais
Impactos na cidade. Os impactos de uma cidade têm as mesmas características dos impactos previstos
em um EIA, porém são urbanos, por exemplo: 1) Impacto positivo (aumento do número de empregos na
região) versus negativo (danos ao comercio local); 2) Impacto direto (aumento da poluição atmosférica
devido ao aumento de tráfego na região) versus indireto (aumento populacional na região); 3) Impacto
curto prazo (aumento de ruído devido a obras de engenharia civil que terão prazo para terminar) versus
longo prazo (erosão devido ao desmatamento); 4) Impacto reversível (construção de obras com produ-
ção de poeira) versus irreversível (perda de área verde); 5) Impacto temporário (ruídos gerados na fase de
construção de um empreendimento) versus permanente (aumento do tráfego).

A maior parte dos estudos de impacto de vizinhança feitos atualmente é destinada aos esta-
belecimentos de grande porte que, com certeza, farão grande modificações no meio urbano.
O intuito de se realizar um EIV em um caso assim, é que o patrimônio histórico, arquitetônico,
paisagístico, ambiental e cultural da cidade seja conservado e defendido. Desta forma, é pos-
sível preservar conjuntos tombados, como é o caso da cidade de São Paulo, que não permite que
sejam feitas obras, sem considerar uma distância mínima de 300 metros do conjunto tombado.
Além disso, é necessário verificar se o local em torno do empreendimento não terá o risco de for-
149/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
mar um cinturão de pobreza, visto que essa de hospitais, verificando assim quais serão
é uma prática comum no Brasil, especial- os ônus e os bônus da instalação do em-
mente se observarmos casos reais. preendimento pra a população vizinha ou
Além disso, o EIV busca uma ocupação con- diretamente afetada.
sciente e organizada do solo, sem deixar de
lado a expansão urbana, procurando aliar Link
crescimento com bem-estar coletivo, quan- Apresentação de um EIV de um empreendimen-
do possível. Algumas restrições deverão ser to. Disponível em: <http://www.riodasostras.
observadas, dentro do município, entre elas rj.gov.br/download/estudos/completo-eiv-
se haverá alguma alteração da carga de im- -assembleia-de-deus.pdf>. Acesso em: 9 abr.
postos sobre as propriedades ao entorno de 2017.
uma grande obra, o código de obras e edi-
ficações municipal, que determina as cotas Como já dito, o EIV é um método simi-
de altura e afastamento de um empreendi- lar, porém mais simples do que o EIA. Uma
mento em relação às vias públicas, o código grande diferença entre os dois é que em
de postura da cidade, que determina, por um EIA é necessário haver um corpo técni-
exemplo, que após as 22 horas deverá haver co multidisciplinar de especialistas, já no
silêncio em áreas residenciais ou próximas EIV não há manifestação quanto a autoria
150/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
do estudo, podendo ele ser feito tanto por ca e, assim como na AIA, prevê audiências
uma equipe técnica, como por apenas uma públicas e a participação popular na gestão
pessoa. Geralmente, o profissional que atua da cidade (autogestão participativa). Além
em um estudo como este tem sua formação disso, a lei fornece ao município a prerroga-
em áreas como arquitetura e urbanismo, tiva de determinar quais empreendimentos
engenharia civil ou engenharia ambiental, são passíveis de EIV, sempre avaliando o ta-
podendo também ser formado em áreas manho da vizinhança, os impactos gerados,
correlatas. positivos e negativos, quais as alternativas
As medidas mitigadoras e compensatórias de localização e de fluxo de energia, pessoas
propostas deverão englobar todo o mu- e substâncias, sendo obrigatória em todos
nicípio, como postos de trabalho, recolhi- os municípios brasileiros.
mento de impostos, e não devem excluir a
ideia de sustentabilidade, tendo assim que
fornecer ou contribuir para o acesso à cul-
tura, para uma ocupação territorial justa,
para a aceitação social, especialmente da
população diretamente afetada. Por isso,
o Estatuto da Cidade é uma lei democráti-
151/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
Para saber mais
Dois casos reais. O primeiro caso é o do Shopping Pátio Higienópolis em 1999, que foi projetado para ser
construído em uma área privilegiada de São Paulo. Os moradores não foram a favor da obra, pois haveria
uma sobrecarga viária e uma descaracterização arquitetônica da região. Ao final das discussões, o em-
preendedor se comprometeu a manter as áreas verdes, diminuir o número de vagas em estacionamento
e também o tamanho da obra, assim como instalar semáforos e restaurar dois casarões vizinhos. Porém,
em 2010 o shopping sofreu uma ampliação à revelia da legislação, não obtendo licença de funcionamen-
to, e a briga com os vizinhos prossegue, pois eles alegam que houve o abandono dos casarões vizinhos,
que sofreram com a deterioração. O segundo caso, é um exemplo de abuso da sociedade civil, em que a
sociedade dos amigos do bairro de Alto de Pinheiro (São Paulo) protestou contra a obra de um conjunto
de edifícios, alegando popularização da região. Devido às pressões populares, o empreendedor decidiu
reduzir o número de unidades, aumentar a metragem, evitando baixar a qualidade dos moradores do
bairro (SAMPAIO, 2005, p.44).

152/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
Glossário
Alterações microclimáticas: são alterações que poderão ocorrer no regime de ventilação e de
disponibilidade solar (sombreamento) em uma determinada área.
Cinturão de pobreza: aglomeração de pessoas com baixos recursos financeiros, conhecidos
também como favelas.
Conjuntos tombados: são áreas que são registradas como tendo valor para uma comunidade,
protegendo-as por meio de legislação específica.
Impermeabilização do solo: quando construímos algo sob o solo, esse solo não terá mais ca-
pacidade de drenar as águas das chuvas (pluviais) e, com isso, podem causar o aumento da fre-
quência e da intensidade de inundações na região.
Prerrogativa: é um privilégio, uma regalia.
Saturação da infraestrutura: significa que as redes de água, esgoto e de drenagem de águas
pluviais estarão trabalhando em suas condições limites, podendo a qualquer momento serem
sobrecarregadas e colapsarem.
Sobrecarga do sistema viário: aumento do fluxo de veículos em determinada região, causando
episódios de tráfego intenso e possíveis congestionamentos.

153/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
?
Questão
para
reflexão
A maior parte dos estudos de impacto de vizinhança feitos atual-
mente é destinada aos estabelecimentos de grande porte, como é
o caso dos shoppings centers. Vamos pensar nos impactos de uma
obra como essa? Começamos pelos impactos econômicos: imagi-
ne como o comércio local seria afetado? O impacto social: como a
população reagiria a esse empreendimento? O impacto urbanístico:
como ficarão o visual, o sombreamento, a ventilação para as casas
próximas? O impacto de infraestrutura: temos rede de água e esgoto
suficiente? O impacto no meio urbano: como o sistema viário com-
portaria o aumento do fluxo de carros? Seria necessária a construção
de mais vias públicas? Seria necessária a instalação de semáforos? O
impacto ambiental: qual é a taxa de área verde retirada? Como ficará
a permeabilidade do solo após a construção?
154/184
Considerações Finais (1/2)

• O termo impacto de vizinhança surge com o Estatuto da Cidade e é usado


para descrever impactos locais em áreas urbanas. O estudo de impacto de
vizinhança (EIV) tem como maior objetivo buscar a sustentabilidade do meio
urbano, evitando uma expansão acelerada e desorganizada das cidades,
degradando o meio ambiente natural e cultural da população;
• O EIV tem características muito próximas de um EIA, porém o EIV é feito em
âmbito municipal e só é realizado quando não há necessidade de um EIA.
Para o EIV não há necessidade de um corpo técnico multidisciplinar de es-
pecialistas;
• A maior parte dos EIV é destinada aos estabelecimentos de grande porte
que farão grandes modificações no meio urbano. Entre essas modificações
temos: sobrecarga do sistema viário, saturação da infraestrutura, altera-
ções microclimáticas e impermeabilização do solo.

155/184
Considerações Finais (2/2)

• As medidas mitigadoras e compensatórias propostas deverão englobar todo


o município e serem sustentáveis. Assim, o Estatuto da Cidade também pre-
vê audiências públicas e a autogestão participativa. Além disso, a lei dá ao
município a prerrogativa de determinar quais empreendimentos são passí-
veis de EIV.

156/184
Referências

BRASIL. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade – Regulamenta os arts. 182 e
183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providên-
cias. Diário oficial de União, 11 jul. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 13 out. 2016.

SAMPAIO, L. Estudo de impacto de vizinhança: sua pertinência e a delimitação de sua abrangên-


cia em face de outros estudos ambientais. Monografia (Especialização em Direito Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2005.
SÁNCHEZ, C. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Tex-
tos, 2. ed., p.98-99, 2013.
SANT’ANNA, M. S. Estudo de Impacto de Vizinhança: instrumento de garantia da qualidade de
vida dos cidadãos urbanos. Belo Horizonte: Forum, 2007.
SÃO PAULO. Prefeitura de São Paulo, Lei Orgânica de São Paulo, de 4 de abril de 1990. Diário ofi-
cial de União, 6 abr. 1990. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/
upload/educacao/cme/LOM.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016.

157/184 Unidade 7 • O Estudo de Impacto Ambiental de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza Jurídica e suas Implicâncias
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Aula 7 - Tema: O Estudo de Impacto Ambiental Aula 7 - Tema: O Estudo de Impacto Ambiental
de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza de Vizinhança: Conceitos, Histórico, Natureza
Jurídica e suas Implicações. Bloco I Jurídica e suas Implicações. Bloco II
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bd7727e81f1c0851b882facff76fc30b>. e3f8098014871b23f325380a0f21b4ae>.

158/184
Questão 1
1. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.

O estudo de impacto de vizinhança (EIV) é destinado às _____________:


a) Áreas vizinhas.
b) Áreas urbanas.
c) Áreas rurais.
d) Áreas comerciais.
e) Áreas industriais.

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Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. No que um EIV é igual a um EIA?

a) Na sua abrangência.
b) Na necessidade de realização.
c) No seu corpo técnico.
d) Nos objetivos.
e) Na sua estrutura de avaliação.

160/184
Questão 3
3. Quando o EIA for obrigatório a um empreendimento, o EIV será:

a) Também obrigatório.
b) Necessário, dependendo do tamanho da obra.
c) Necessário, dependendo dos impactos da obra.
d) Poderá ser solicitado pelo município.
e) Desnecessário.

161/184
Questão 4
4. Assinale a alternativa que apresenta o maior objetivo de um EIV.

a) O crescimento do meio urbano.


b) O crescimento das áreas verdes.
c) A sustentabilidade do meio urbano.
d) A escolha dos melhores empreendimentos para a cidade.
e) A satisfação da população do município.

162/184
Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta o impacto devido ao aumento do
nível de ruído pelo aumento de tráfego na região.

a) Positivo.
b) Direto.
c) Curto prazo.
d) Irreversível.
e) Temporário.

163/184
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: C.

O estudo de impacto de vizinhança (EIV) é O maior objetivo de um EIV é o crescimen-


destinado às áreas urbanas, com o enfoque to do meio urbano de maneira organizada,
na cidade. favorecendo, principalmente a sustentabili-
dade do meio urbano.
2. Resposta: E.
5. Resposta: B.
O EIV e o EIA são iguais em sua estrutura de
avaliação, porém diferem-se em seus obje- O aumento do nível de ruído, devido ao au-
tivos, necessidade de realização, abrangên- mento de tráfego na região é um impacto
cia e corpo técnico. direto, negativo, em longo prazo, reversível
e permanente.
3. Resposta: E.

Quando um EIA for obrigatório a um empre-


endimento, o EIV será desnecessário, pois
este é utilizado em obras de menor porte e
em âmbito municipal.
164/184
Unidade 8
O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade

Objetivos

1. Entender como somos dependentes


do ambiente e como somos direta-
mente afetados por ele;
2. Conhecer os meios que podemos uti-
lizar para alcançar sustentabilidade
na nossa vida ou cidade;
3. Compreender o que são os projetos
de recuperação de áreas degradadas
e como eles podem ser utilizados para
se alcançar a sustentabilidade.

165/184
1. Introdução

No tema anterior, vimos e pudemos perce- Um dos grandes problemas que observa-
ber que o estudo de impacto de vizinhan- mos é o fato de o homem não se sentir per-
ça (EIV) é uma das formas que, atualmente, tencente ao meio ambiente. O próprio sig-
podemos utilizar para conquistar a susten- nificado da palavra ambiente ajuda-nos a
tabilidade em uma cidade. Pois com o EIV as cometermos esse erro, pois seria ao redor,
pessoas têm a oportunidade de opinar se lugar em torno do homem, e nós associa-
querem e como querem o empreendimen- mos indevidamente esse conceito à fau-
to. Além disso, com esse estudo, é possível na e à flora. No entanto, segundo a Lei nº
pensar e ser mais assertivo na escolha dos 6.938/81, ambiente compreende tudo, coi-
empreendimentos e de sua localização. As- sas vivas e não vivas que afetam o ecossis-
sim, pode-se ter uma gestão participativa e tema e a sua vida.
ambientalmente responsável dentro de um Sendo assim, sabendo que dentro do con-
contexto urbano pré-existente. ceito ecossistêmico o homem é a espécie
Desta forma, como o EIV pode ser utilizado engenheira mais bem-sucedida, temos o fu-
para alcançar sustentabilidade, neste mó- turo da biosfera e dos humanos totalmente
dulo vamos aprender um pouco sobre o que relacionado. Sabemos que a natureza é nos-
seria a sustentabilidade e como ela poderia sa maior fornecedora de bens, responsável
ser aplicada no contexto urbano.
166/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
pelo serviço de regulação e manutenção da
vida, fornecedora de serviços básicos e cul-
turais. E se a relação entre o que utilizamos
da natureza e o que oferecemos em troca Para saber mais
não tiver um saldo positivo ou, ao menos, Relação homem versus ambiente. A relação entre
equilibrado, estaremos em breve, como já homem e meio ambiente foi bruscamente alte-
podemos observar, nos confrontando com rada, especialmente após a Revolução Industrial.
episódios de degradação e esgotamento Exemplo disso são: a grande alteração da distri-
dos recursos naturais, gerando poluição. buição e extinção de um grande número de espé-
cies animais e vegetais; o consumo desenfreado de
combustíveis fósseis, em apenas algumas décadas,
que levaram milhares de anos para serem produzi-
dos; algumas alterações atmosféricas e climáticas,
como o buraco na camada de ozônio, as chuvas
ácidas, o efeito estufa, a alteração nos níveis de
CO2 e o aumento na temperatura mundial.

167/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
2. Relação do homem e meio
ambiente Link
O site do Instituto EKOS Brasil fornece informa-
Quando falamos em degradação ambien- ções relacionadas a remediação, investimento
tal, estamos falando de uma degradação da impacto, energia renovável, entre outros. Dispo-
qualidade do meio ambiente, modificando nível em: <http://ekosbrasil.org/energia-re-
as propriedades físicas e químicas dos ele- novavel.html>. Acesso em: 9 abr. 2017.
mentos naturais de tal forma que possam
perder suas propriedades de uso, lembran-
do que o agente de degradação é sempre Porém, quando o ambiente sofre uma de-
o ser humano e que qualquer degradação gradação ambiental, é possível sim que o ser
ambiental gerará um impacto ambiental humano, a partir de ações de recuperação e
negativo. manutenção, consiga restaurar o equilíbrio
ao meio. A recuperação ambiental é assim,
um conjunto de medidas que visam à apli-
cação de técnicas de manejo a fim de tor-
nar um ambiente degradado apto para um
novo uso produtivo, desde que sustentável.

168/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
Diferentes variantes de recuperação de áreas degradadas podem ser observadas na Tabela 2.
Tabela 2. Tipos de recuperação de áreas degradadas e ações tomadas em cada um dos tipos de recuperação

Tipo de recuperação Ações tomadas em cada tipo de recuperação ambiental


Devolver o equilíbrio e a estabilidade dos processos ambientais ali atuantes ante-
Recuperação
riormente.
Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem altera-
Restauração
das.
Reabilitação Reaproveitar a área industrial urbana desativada e contaminada.
Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminan-
Remediação
tes do local.
Revitalização Reaproveitar a área para outra finalidade.
Fonte: Unesp (2016, adaptada pela autora).

O mundo já observou três grandes revoluções no modo de vida humano, entre elas a revolução
religiosa, a da agricultura e a industrial. Nesse contexto, é possível refletir que atualmente esta-
mos vivendo uma quarta revolução no modo de vida no planeta, a revolução sustentável, pois já
entendemos que do jeito que está não pode ficar e temos que agir imediatamente, o que já é e
será um grande desafio científico, político e social.

169/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
Link Para saber mais
O Instituto Pólis é uma ONG de atuação nacional Ecologia Industrial. Essa é uma ideia nova, que
e internacional na construção de cidades sus- ainda deve ser aprimorada, mas tem o intuito de
tentáveis. Disponível em: <www.polis.org.br>. mudar o pano de fundo econômico da tomada
Acesso em: 9 abr. 2017. de decisão e colocar as questões ambientais e de
sustentabilidade em destaque, melhorando tam-
Assim, foi a partir de 1970 que a ideia de bém a política, a planificação e a gestão das cida-
ecologia e sustentabilidade começou a ga- des, influenciando no comportamento individual
nhar força no mundo. Neste contexto, tive- e no desenvolvimento de tecnologias respeitosas
mos as duas maiores conferências a respei- ao ambiente (tecnologias verdes).
to do meio ambiente: 1) UNCHE, em Esto-
colmo no ano de 1972. e 2) ECO-92, no Rio Mas será que conseguiremos gerir o mun-
de Janeiro em 1992, mostrando que as con- do de maneira sustentável e responsável? A
venções e as leis caminham para que pos- resposta é sim. Já dispomos de tecnologias,
samos atingir a sustentabilidade nas cida- como a energia solar, que pode ser melho-
des. Foi neste intuito que surgiu a ideia da rada e difundida, métodos de tratamento
AIA, do EIA e do EIV. da água do mar, que devem ser otimizados,
170/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
para se tornarem acessíveis, temos uma es- para as gerações futuras, buscando o equi-
trutura que pode ser implementada para a líbrio do que precisamos da natureza e do
agricultura sustentável, reciclando os ele- que oferecemos em troca.
mentos do solo e utilizando pesticidas na- Assim, pode-se dizer que existem três gran-
turais. des personagens que poderão fazer a di-
ferença em nosso estilo de vida e torná-lo
Link mais sustentável, a saber: o cidadão, o pro-
fissional e o governo. O cidadão poderá con-
Convém verificar as notícias disponibilizadas pelo
tribuir economizando recursos e utilizando-
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:
-os de maneira mais consciente, podendo
<http://www.mma.gov.br/cidades-susten-
praticar os três Rs, que são reduzir, reciclar e
taveis>. Acesso em: 9 abr. 2017.
reutilizar e, além disso, buscar informações,
Porém, vale lembrar que sustentabilidade novas tecnologias e conscientizar as pesso-
não envolve apenas o meio ambiente, ela as menos esclarecidas. O profissional, es-
também está relacionada à economia, à pecialmente o que atua na área ambiental,
educação e à cultura. A ideia é ter o desen- poderá adequar as empresas às legislações
volvimento de vários setores, sem que es- ambientais, mostrar os benefícios de gerir
tes agridam o meio ambiente, preservando um negócio ambientalmente responsável,
171/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
além de desenvolver novas tecnologias menos poluentes. Já o governo deverá criar políticas pú-
blicas de conscientização e redução do consumo de bens primários, investir em infraestrutura,
melhorando o saneamento básico, por exemplo, além de incentivar as empresas a gerirem negó-
cios ambientalmente responsáveis.


Para saber mais
Saneamento básico. Segundo a Lei nº 11.445/2007, o saneamento básico é um conjunto de medidas que
visam preservar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e melhorar a qua-
lidade de vida da população. Ele inclui abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana,
drenagem urbana, manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais. Poucas pessoas sabem, mas ele é es-
sencial para que um país seja considerado desenvolvido, e o Brasil ainda tem muita carência nessa área e
esta seria uma das formas de alcançar a sustentabilidade nas cidades.

172/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
Glossário
Bens primários: são bens como água, energia, combustíveis, entre outros.
Conceito ecossistêmico: conceito de fluxos de energia dentro de um ecossistema, ou seja, uma
pequena parte da biosfera.
Drenagem urbana: captação das águas das chuvas no meio urbano.
Espécie engenheira: espécie que age sobre o ambiente, alterando-o e transformando-o.

173/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
?
Questão
para
reflexão

Bens primários: são bens como água, energia, combustíveis,


entre outros.
Conceito ecossistêmico: conceito de fluxos de energia dentro
de um ecossistema, ou seja, uma pequena parte da biosfera.
Drenagem urbana: captação das águas das chuvas no meio
urbano.
Espécie engenheira: espécie que age sobre o ambiente, alte-
rando-o e transformando-o.
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Considerações Finais
• O estudo de impacto de vizinhança é uma das formas que temos para alcan-
çar a sustentabilidade no meio urbano;
• Degradação ambiental é uma modificação nas propriedades físicas e quími-
cas dos elementos naturais, porém é possível recuperar áreas degradadas a
partir de medidas e técnicas de manejo que tornam o ambiente degradado
apto para um uso sustentável;
• Após três grandes revoluções no modo de vida humano (religiosa, agricul-
tura e industrial), é possível que atualmente estejamos vivendo a revolução
sustentável, onde dispomos de energia solar, tratamento da água do mar,
agricultura sustentável, entre outros;
• Três grandes personagens que poderão fazer a diferença em nosso estilo de
vida e torná-lo mais sustentável são: o cidadão, o profissional e o governo.
E uma das formas de alcançarmos sustentabilidade no meio urbano é apli-
cando o saneamento básico.

175/184
Referências

BARBAUT, R. Ecologia Geral: Estrutura e funcionamento da biosfera. Paris, 6.ed. Petrópolis: Edi-
tora Vozes, 2011.
BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente,
seus mecanismos de formulações e aplicação e dá outras providências. Diário oficial de União,
2 set. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em:
5 set. 2016.
______. Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico. Diário oficial de União, 8 jan. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 13 out. 2016.

UNESP. Recuperação de áreas degradadas. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/apli-


cada/ead/estudos_ambientais/ea14.html>. Acesso em: 5 set. 2016.

176/184 Unidade 8 • O Estudo de Impacto de Vizinhança como Meio de Alcançar a Sustentabilidade na Cidade
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Aula 8 - Tema: O Estudo de Impacto de Vizi- Aula 8 - Tema: O Estudo de Impacto de Vizi-
nhança como Meio de Alcançar a Sustentabili- nhança como Meio de Alcançar a Sustentabili-
dade. Bloco I dade. Bloco II
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pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
d67365b01f42e31b5192354636370606>. 91347fc4b6cfafbb951358c6c10b2ac7>.

177/184
Questão 1
1. Segundo a Lei nº 6.938/81, ambiente compreende:

a) Apenas coisas não vivas.


b) Apenas coisas vivas.
c) Coisas vivas e não vivas.
d) Apenas o ser humano.
e) Apenas fauna e flora.

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Questão 2
2. Para restaurar o equilíbrio ao meio, são usadas medidas de recupera-
ção. Entre as alternativas, escolha a que expressa a ideia de revitalização.

a) Devolver o equilíbrio e a estabilidade dos processos ambientais ali atuantes anteriormente.


b) Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas.
c) Reaproveitar a área industrial urbana desativada e contaminada.
d) Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes do local.
e) Reaproveitar a área para outra finalidade.

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Questão 3
3. Atualmente, podemos estar passando por uma quarta revolução, que
seria na:

a) Agricultura.
b) Religião.
c) Indústria.
d) Área rural.
e) Sustentabilidade.

180/184
Questão 4
4. Sustentabilidade envolve questões:

a) Apenas ambientais.
b) Ambientais, econômicas, sociais e culturais.
c) Apenas ambientais e sociais.
d) Apenas ambientais e econômicas.
e) Apenas econômicas e sociais.

181/184
Questão 5
5. Qual das atitudes sustentáveis a seguir pode ser praticada apenas pelo
governo?

a) Consumo consciente de bens primários.


b) Adequação das empresas às legislações vigentes.
c) Desenvolvimento de novas tecnológicas.
d) Criação de políticas públicas de conscientização do uso de bens primários.
e) Redução, reciclagem e reutilização dos bens primários.

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Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: B.

Segundo a Lei nº 6.938/81, ambiente com- Sustentabilidade é um tema amplo, que en-
preende tudo, coisas vivas e não vivas que globa questões ambientais, econômicas,
afetem o ecossistema e a sua vida. sociais e culturais, sempre pensando no que
precisamos da natureza e o que oferecere-
2. Resposta: E. mos em troca.

Cada uma das alternativas expressa uma 5. Resposta: D.


das medidas de recuperação ambiental. Po-
rém, a ideia de revitalização de uma área De todas as atitudes citadas, apenas o go-
degradada exprime a ideia de reaproveitar verno poderia criar políticas públicas de
a área para outra finalidade, especialmente conscientização do uso de bens primários.
com uma finalidade sustentável.

3. Resposta: E.
Podemos estar começando uma quarta re-
volução, que seria na sustentabilidade.
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