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Avaliação de

Impacto Ambiental
Material Teórico
Conceituação e Métodos dos Estudos de Avaliação de Impactos
Ambientais

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Conceituação e Métodos dos Estudos de
Avaliação de Impactos Ambientais

• Introdução
• Fundamentos da metodologia de Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
• Seleção da Metodologia

·· A unidade tem como objetivo apresentar os principais métodos de estudo de


impacto ambiental para dar subsídios importantes para o profissional de meio
ambiente coordenar e elaborar um estudo de impacto ambiental e conhecer os
métodos mais utilizados para esse processo.

Prezado(a) aluno(a),
Nesta unidade, trataremos especificamente dos conceitos e métodos de estudo de impacto ambiental.
Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência realizar as atividades
de fixação dos conteúdos (Atividade de sistematização) e as atividades de interação (Fórum, Reflexiva
ou Aplicação).
Explore todos os recursos do Blackboard. Não acumule dúvidas, participe, pergunte!
Bons estudos.
Aproveite ao máximo!

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Unidade: Conceituação e Métodos dos Estudos de Avaliação de Impactos Ambientais

Contextualização

Nesta unidade, apresentamos os principais métodos de estudo de impacto para dar subsídios
importantes para o profissional de meio ambiente coordenar e elaborar um estudo de impacto
ambiental e conhecer os métodos mais utilizados para esse processo.
Como sabemos, o estudo de impacto ambiental é um instrumento de planejamento e tem
como finalidade identificar, prever e interpretar os efeitos de uma determinada ação humana
sobre o ambiente.
No início da década de 1960, houve a crescente sensibilidade de estudiosos, acadêmicos e
gestores públicos apontando a necessidade urgente da criação de novos instrumentos capazes
de complementar e ampliar a eficiência dos já tradicionais estudos de impacto ambiental,
utilizados no licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos.
Com a consolidação dos conceitos de impactos ambientais, verificou-se que a avaliação
poderia ser realizada com objetividade, para tanto, a avaliação deve ter características técnica
regulamentada pelo poder público e traduzida em um documento acessível a vários segmentos
da sociedade interessadas no processo de licenciamento.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), através da Resolução no 001/86,
definiu como deve ser feita a Avaliação de Impacto Ambiental (EIA), criando duas figuras
novas e utilizadas no Brasil: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).

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Introdução

A partir da resolução do Conama, em que ficou instituída a necessidade do EIA/RIMA,


os instrumentos e métodos apresentaram um aperfeiçoamento tecnológico e técnico. Isso se
deu tanto em relação às exigências impostas pelo corpo técnico dos órgãos ambientais, como
pelos avanços obtidos pelas empresas de consultoria que elaboram esses documentos.
Os problemas ambientais hoje são complexos e graves e se questiona o potencial produtivo
dos ecossistemas e a sobrevivência dos seres vivos. Essa realidade registrada na história
recente da civilização projeta na atualidade uma discussão entre o modelo de desenvolvimento
econômico com caráter consumista e a preservação do ambiente.
O Estudo de Impacto ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram
instituídos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) por meio da resolução
001/86. As atividades que necessitam de licenciamento são elencadas na resolução, e outras
atividades podem ser estabelecidas pela autoridade ambiental local. O quadro a seguir apresenta
um resumo dos procedimentos.

Relatório técnico que atenda aos princípios e objetivos da lei deve obedecer
às seguintes diretrizes gerais:

I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas II. Identificar e avaliar os impactos


e de localização do projeto, considerando ambientais gerados nas fases de
inclusive a não execução do projeto; implantação e de operação

III. Definir os limites da área a ser direta


IV. Considerar os planos e programas
ou indiretamente afetada pelos impactos,
governamentais propostos e em
chamada de área de influência do projeto,
implantação na área de influência do
considerando inclusive a área da bacia
projeto.
hidrográfica na qual se localiza

O EIA deverá apresentar o seguinte conteúdo mínimo:


V. Análise dos impactos e suas alternativas
I. Informações gerais do empreendedor – Identificação, Previsão de Magnitude
(identificação, histórico, localização, etc.); e Importância dos Impactos Relevantes
Prováveis;

II. Caracterização do empreendimento VI. Definição de Medidas Mitigadoras dos


(objetivos, etapas de implantação, porte, etc.); impactos negativos;

VII. Definição de Programa de


III. Área de influência do empreendimento; Acompanhamento e Monitoramento dos
impactos e das medidas mitigadoras.
IV. Diagnóstico ambiental da área de
influência – análise dos meios Físico,
Biológico e Socioeconômico;

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O Conama e os conselhos estaduais, desde a resolução, vêm sendo aprimorados e têm


tornado mais específico os métodos usados no EIA/RIMA. Esse resultado institucional e
técnico é resultado das experiências vividas ao longo dos anos, tornando mais consistentes
as análises técnico-administrativas e possibilitando a redução dos prazos do processo
decisório.

Esse progresso é um esforço conjunto entre universidades e várias associações de


profissionais da área ambiental. Com os desafios ambientais e socioeconômicos, são
necessárias ainda mais rapidez e determinação no caminho do aperfeiçoamento dos
métodos para estudos de impactos ambientais. Apresentaremos a seguir os principais
métodos utilizados e onde se aplicam.

Fundamentos da metodologia de Estudo de Impacto


Ambiental (EIA)

Existem muitos métodos disponíveis para a avaliação de impacto ambiental, muitos


são resultados de outros já existentes. Temos métodos adaptados de técnicas de
planejamento regional, de estudos econômicos ou estudos de ecologia. Podemos dar
como exemplo a análise de potencialidade de utilização do solo e de usos múltiplos
de recursos naturais. Alguns foram concebidos considerando-se os requisitos legais
envolvidos, como o Método das Matrizes e das Redes de Interação. Os métodos
são necessários para disciplinarem os raciocínios e os procedimentos destinados a
identificar os agentes causadores e as respectivas modificações decorrentes de uma
ação ou conjunto de ações (BRAGA, 2005).

No entanto, os métodos passaram a se tornar cada vez mais específicos à medida que o
conhecimento foi se aprofundando, permitindo tipificar causas e efeitos correspondentes
nos diferentes segmentos do ambiente, em face de intervenções também específicas. Hoje
temos métodos bastante elaborados e detalhados para avaliar impactos de empreendimentos
dos mais diferentes tipos, como usinas e indústrias com vários processos de produção;
rodoviárias; habitacionais; obras hidráulicas e sanitárias; etc.

No caso do Brasil, considera-se um método mais adequado quanto maior a utilidade


para dar suporte ao conjunto de atividades e produtos legalmente exigidos na execução
dos EIAs/RIMAs , tornando- os adequados ao processo de apreciação pelos técnicos e
o público interessado.

Embora existam muitos métodos para a avaliação de impacto ambiental, nenhum


abrange todas as atividades ou possibilita a análise de quaisquer tipos de projetos ou
sistemas ambientais.

Munn, apud Braga, resume como atributo desejável de um método sua capacidade de
atender às seguintes funções na avaliação de impactos:

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A Identificação
B Predição
C Interpretação
D Comunicação
E Monitoramento

Outro aspecto importante é que o método caracterize os impactos, a sua relevância e


magnitude.

Ainda assim, um método que atendesse a todas as características referidas, mas fosse
inadequado no processo decisório por ser de difícil comunicação fora do aspecto técnico,
já não cumpriria a função fundamental que se espera dele. No entanto, as técnicas de
comunicação, algumas delas elaboradas para facilitar a comunicação em audiências
públicas para avaliação de impactos ambientais, a facilidade de estabelecer a comunicação
e favorecer o entendimento do público podem ser fatores fundamentais na decisão do
método a ser utilizado.

Para o conhecimento e formação do estudante, vamos descrever a seguir os principais


métodos de avaliação de impacto ambiental.

Método Ad Hoc
No método Ad Hoc, o foco está em reuniões que são promovidas com técnicos e cientistas
especializados, com conhecimentos teóricos e práticos na área do empreendimento analisado.

Em tais reuniões, podem ser utilizados questionários que são respondidos previamente
pelas pessoas com interesse no assunto e circunstancialmente com formação científica ou
profissional com relação ao tema sob análise, para subsidiar os pareceres dos especialistas.

As reuniões são direcionadas para permitir uma visão integrada das questões ambientais,
no sentido de se obter o mais rápido possível as informações a respeito dos impactos
prováveis para possibilitar a classificação de alternativas. No entanto, tal método é passível
de críticas, em razão da subjetividade envolvida nas opiniões e do risco de ser tendencioso
desde a avaliação até e escolha dos participantes.

Em resumo, esse método apresenta:

É um método rápido para identificar os prováveis impactos e viabilizar


Vantagens a aplicação, mesmo com poucas informações.

É um método vulnerável aos itens subjetivos e tendencioso na escolha


Desvantagens dos participantes.

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A seguir, um exemplo bem resumido de uma tabela que ilustra a aplicação desse método,
qualificados os impactos sobre alguns componentes ambientais.

Impacto Ambiental

ÁREA AMBIENTAL EL EP EN B EA P CP LP R I

Vida selvagem x x x

Espécies x
ameaçadas

Vegetação x x x

Vegetação x
exótica

Características x
do solo

Drenagem natural x

Água subterrânea x X

Ruído x x

Áreas virgens x x x x

EL – Efeito Nulo EP – Efeito Positivo EN – Efeito Negativo B – Efeito Benéfico EA Efeito Adverso
P – Problemático CP – Curto Prazo LP – Longo Prazo R – Reversível I – Irreversível

Método das Listagens de Controle


As listagens de controle são uma evolução natural do método anterior. Especialistas preparam
uma lista de fatores ambientais com um potencial de afetar o meio ambiente pelas ações propostas.
Essas listagens tornaram-se disponíveis para os empreendimentos e acessíveis por meio da
bibliografia especializada.

Em resumo, esse método apresenta:

Vantagens Aplicação simples e uma reduzida exigência na informação e dados.

Desvantagens Esse método não faz a previsão ou identifica impactos de segunda ordem.

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Listagens Descritivas
Esse método é muito utilizado para orientar a elaboração de avaliações de impacto ambiental.
A listagem descritiva correlaciona ações, componentes ambientais e as características que
podem ser modificadas. Esse método reúne informações sobre técnicas mais adequadas de
medição e previsão dos indicadores ambientais e a ponderação relativa dos impactos.

Vamos apresentar um exemplo de listagem de controle descritiva empregada em estudo


de impacto ambiental. Nesta tabela apresentamos parte de uma variante diferente de uma
listagem de controle. Os impactos potenciais estão relacionados na primeira coluna e as
respectivas fontes de informações e técnicas de previsão a serem utilizadas para avaliação
são mostradas na coluna seguinte.

Impactos Potenciais Fontes de Informação


Dados necessários Técnicas de previsão

Qualidade do ar/Saúde

Alterações nas concentrações de poluentes no Concentrações atuais ambientais, emissões


ar pela frequência de ocorrência e número de atuais e previstas, modelos de dispersão, mapas
pessoas ameaçadas. demográficos.

Qualidade do ar/ Incômodo

Amostragens junto aos cidadãos, processos


industriais previsíveis, volume de tráfego.
Alterações na ocorrência de incômodos visuais
Alterações no trafego ou outras fontes de ruído
(fumaça, névoa) ou odores e número de pessoas
e em barreiras de som: modelos de propaganda
afetadas.
de ruídos, nomógrafos, relacionando níveis de
Alterações dos níveis de ruído e frequência da
tráfego, barreiras, etc. Pesquisas e amostragens
ocorrência e número de pessoas incomodadas.
junto aos cidadãos ou atual opinião quanto aos
níveis de ruído.

Qualidade da água

Alterações nos usos permitidos ou tolerados da


Efluentes existentes e previstos, concentrações
água e número de pessoas afetadas, por corpo de
atuais ambientes, modelos de qualidade da água.
água relevante.
Parte de uma listagem de controle descritiva – Fatores Ambientais (SILVEIRA e MOREIRA, apud BRAGA, 2005).

Listagens Comparativas
A listagem comparativa é uma evolução das anteriores. Houve, no entanto, a incorporação
de critérios de relevância aos indicadores ambientais. Correntemente, essas listagens são
específicas para cada caso em estudo. Nesse tipo, a relevância do impacto é explicada
numericamente ou por letras em relação ao nível de impacto considerado significativo. Em
alguns modelos do método, a duração do impacto também é considerada. Normalmente, a
intensidade cresce com o número ou ordem alfabética da letra.

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Nos Estados Unidos, foi desenvolvido um tipo de listagem comparativa que passou
a ser usado frequentemente em vários países. O US Forest Service desenvolveu uma
listagem associada a critérios de relevância, composta de fatores ambientais, bem como
socioeconômicos, qualidade da água e habitats e vida selvagem, acompanhados de fatores
desejáveis ou que sejam padrão para cada um deles (SILVEIRA e MOREIRA, 1987, apud
BRAGA, 2005).

Assim que o impacto previsto ultrapassa os valores estabelecidos, apresenta-se uma situação
a ser considerada na análise ambiental.

Principais características desse método:

Padrões estabelecidos dependendo das características


do empreendimento, critérios de relevância e fatores
ambientais;
A dimensão em relação ao tempo é considerada;
Ao aplicar esse método, é possível estabelecer a
hierarquia dentre as alternativas quanto aos impactos
introduzidos por cada uma sobre os diversos
componentes ambientais. Ele, no entanto, não revela
qual a hierarquia das alternativas no total dos impactos.

Listagens em questionário
A listagem em questionário procura resolver uma falha dos métodos anteriores, os
quais consideram os impactos de um projeto isoladamente, sem levar em consideração as
interdependências.

São realizados questionários com instruções para preenchimento e a classificação dos


impactos resultantes das ações descritas. A listagem é separada em categorias genéricas
como doenças, ecossistemas aquáticos, etc.

Listagens ponderais
As listagens ponderais são uma evolução das listagens de controle comparativas. São
conhecidas como método de Battelle, que melhor representa as listagens ponderais.

É um método baseado na listagem de parâmetros ambientais. Nas listagens ponderais,


é colocada em uma atribuição de pesos a importância de cada um dos parâmetros em
relação à soma dos impactos do empreendimento. Uma equipe multidisciplinar é solicitada
para obter a distribuição de pesos entre os parâmetros e desenvolver as funções e valores
dos índices de qualidade ambiental.

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O método de avaliação ambiental de Battelle é o mais expressivo das listagens ponderais,
apresentando as seguintes características principais:

Ao mesmo tempo é abrangente e seletivo;


Muito objetivo para comparar alternativas;
Não permite a interação dos impactos;
Permite a previsão de magnitude;
Não distingue a distribuição temporal.

Os métodos que apresentam pesos como medida de avaliação dos impactos têm algumas
fragilidades, como:

Com a transformação em números, uma parte


das informações se perde. Não se sabe se os pesos
que foram dados aos atributos ambientais serão
representantes na realidade futura;
A distribuição dos impactos entre os diferentes
segmentos da população não é identificado;
As medidas para a atenuação dos impactos não são
evidenciadas.

Método da Superposição de Cartas


É um método de confecção de cartas temáticas referente aos fatores ambientais que são
afetados pelas alternativas, como tipo de solo, cobertura vegetal, geologia, etc. Os resultados
que são produzidos das informações são elencados de acordo com o conceito de fragilidade,
dando origem às cartas de restrição ou potencial de uso.
Com a ampliação da computação gráfica e sensoriamento associada a sistemas de
informações geográficas digitalizadas, esse método tem ganhado bastante espaço. Hoje é
possível a produção de cartas de restrição de aptidão que são permanentemente atualizadas.

Método de Redes de Interação


Com a necessidade de identificar os impactos indiretos ou de ordem inferior, surgiram
as redes de interação. Os impactos primários ou diretos são os impactos provenientes do
projeto, como obras e equipamentos, e os impactos indiretos são os impactos decorrentes
do resultado do projeto, como a mudança de intensidade do tráfego. Os impactos diretos são
mais fáceis de avaliar, já para os indiretos a dificuldade de avaliação é maior, pois são induzidos
e dependentes de uma previsão, com um número maior de variáveis.

Uma das maiores vantagens desse método é a identificação das ações que vão contribuir
para a magnitude do impacto, no entanto, da forma que as redes são construídas, só abrangem
os impactos negativos.

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Método das Matrizes de Interação


Esse método é a evolução das listagens de controle. Os fatores ambientais são dispostos
em coluna, e em linha as ações decorrentes de um projeto. É possível relacionar os
impactos de cada ação nas quadrículas resultantes do cruzamento das colunas com as
linhas, preservando-se as ações de causa e efeito (BRAGA, 2005).

Cada uma das ações é elencada nas filas das matrizes e ao percorrê-las, consegue-se
detectar as potencialmente responsáveis pelo maior número de impactos. Para configurar o
potencial de impacto de cada ação, são utilizados indicadores que qualificam ou quantificam
os impactos, podendo-se, então, propor medidas mitigadoras aos impactos adversos ou
amplificar os impactos benéficos.

No entanto, as matrizes são tão vulneráveis e sujeitas a riscos como todos os métodos já
vistos, pois as dificuldades para definir critérios de relevância e ponderação de indicadores
ambientais as colocam nessa posição.

Uma das matrizes mais utilizadas é conhecida como Matriz de Leopold. É realizado
o cruzamento de 88 componentes (ou fatores) ambientais e 100 ações potencialmente
alteradoras do ambiente, resultando em 8.800 quadrículas (BRAGA, 2005). São indicados
algarismos que variam de 1 a 10 em cada uma dessas quadrículas e que correspondem à
magnitude e à importância do impacto. O número 1 corresponde à condição de menor
magnitude, ou seja, mínimo de alteração ambiental e de menor importância, ou seja,
mínima significância da ação sobre o componente ambiental considerado. Já o número 10
corresponde aos valores máximos desses atributos. O sinal + ou – na frente dos números
mostra se o impacto é benéfico (+) ou adverso (-). Como nos demais métodos anteriores,
esses valores apresentam o risco da subjetividade.

Nesse método, cabem também muitas das observações feitas a outros métodos, como,
por exemplo:

A generalidade da abrangência limita a aplicabilidade


caso a caso;
Com esse método, chega-se a uma matriz com uma
quantidade muito alta de quadrículas preenchidas,
dificultando a interpretação e a visualização dos
impactos, sendo, portanto, necessária uma nova
seleção para eliminar os de menor significância;
A matriz foi gerada para projetos com impactos
e por territórios de grandes extensões, não sendo
eficiente no caso de projetos urbanos.

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Método dos Modelos de Simulação
Modelos de simulação matemáticos com finalidade de representar a realidade, a estrutura
e o funcionamento dos sistemas ambientais, inter-relacionando os fatores físicos, biológicos e
socioeconômicos (BRAGA, 2005). Esses modelos são baseados na definição de objetivos, na
escolha das variáveis estabelecendo a interpretação dos resultados.

Ao fazer as simulações para as várias alternativas, conhece-se o estado ambiental antes


e depois da implantação de cada alternativa, através das variáveis que caracterizam cada
componente ambiental.

Esse método apresenta as seguintes desvantagens:

Existe a dificuldade de encontrar dados disponíveis


com a representatividade que o desenvolvimento do
modelo necessita;
Necessidade frequente de empregar relações
simplificadas entre as variáveis, por conta da
complexidade dos fenômenos representados ou por
limitações computacionais;
Dificuldade de incorporar fatores como os fatores
estéticos, sociais e outros;
Possibilidade de induzir as decisões.

Apesar dessas restrições, esses modelos de simulação são bem versáteis para comparar
alternativas, permitindo fazer projeções temporais, e promovem a comunicação interdisciplinar
incorporando as variáveis (BRAGA, 2005).

Método da Análise Benefício-Custo


Com a prática, a segunda das variantes foi consagrada como a mais adequada nas avaliações
para os aspectos ambientais.

Esse método apresenta, no entanto, várias dificuldades. Essas dificuldades estão relacionadas
à avaliação sob um mesmo padrão de medida, o monetário, dos bens de serviços ambientais
gerados e dos bens de serviços utilizados ou comprometidos pelo projeto (BRAGA, 2005).

Método da Análise Multiobjetivo


Esse método está baseado na definição dos objetivos que deverão ser considerados em uma
situação de decisão. De forma geral, o método multiobjetivo pode ser colocado em forma de
hierarquia, ou seja, um objetivo muito genérico pode ser atendido por objetivos específicos que
são quantificados por atributos. Atributos podem ser entendidos como um aspecto mensurável
de julgamento pelo qual uma variável de decisão pode ser caracterizada.

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Seleção da Metodologia

A seleção da metodologia escolhida para a avaliação dos impactos ambientais é específica


para cada caso que se apresenta e deve partir da comparação entre os métodos de aplicação
existentes. Os métodos que estudamos utilizam técnicas diversas para a qualificação e
quantificação dos impactos, assim como para comparar as alternativas de projeto.
Ao se analisar cada um dos métodos apresentados, ficam em evidência os diferentes graus
de subjetividade envolvidos na sua aplicação e as dificuldades de quantificação.
O melhor caminho para a seleção do método mais adequado a ser utilizado na avaliação
ambiental é o diálogo entre os profissionais que possuem formação ambiental, e que estão
familiarizados com as tecnologias, e os especialistas envolvidos no empreendimento.
Independentemente do tipo de método escolhido, a AIA consiste em classificar os impactos
ambientais. Conforme determinado no Inciso II do Artigo 6º da Resolução CONAMA nº
01/86, a análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas deve ser realizada
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos),
diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu
grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e
benefícios sociais.

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Material Complementar

Sites:
Para aprofundar seus estudos em Avaliação de impactos ambientais, segue
tese de doutorado de Hugo Rogério Stamm, apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal de Santa Catarina:

STAMM, Hugo Rogério. Método para Avaliação de Impacto Ambiental


(AIA) em projetos de grande porte: estudo de caso de uma usina termelétrica.
Tese de doutorado, 284 fl. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial
da Universidade Federal de Santa Catarina Disponível em:
https://goo.gl/Lhtg4Z

Leituras:
Outro dado interessante é que 76,4% dos estudos ambientais avaliados (RIMAS)
utilizaram algum tipo de matriz como técnica de avaliação de impactos ambientais.
Acesse o estudo através do link:
https://goo.gl/TjtQTX

Acesse o Caderno de Licenciamento Ambiental elaborado pelo Ministério do


Meio Ambiente através do link:
https://goo.gl/ofyJYW

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Referências
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.

PHILLIPHI, A. et. al. Curso de gestão ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004.

BASSO, L. A.; Verdum, R. Avaliação de Impacto Ambiental, Eia e Rima como instrumentos
técnicos de gestão ambiental. Porto Alegre: Ed. da Universidade UFRGS, 2006.

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Anotações

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