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Impacto Ambiental
Material Teórico
Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de
um Estudo de Impacto Ambiental
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Políticas Públicas, Legislação Brasileira
e Desenvolvimento de um Estudo de
Impacto Ambiental
• Introdução
• Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil
• Realizando um Estudo de Impacto Ambiental
• Finalizando a unidade
· A unidade tem como objetivo dar condições para o profissional de meio ambiente
coordenar a elaboração de um estudo de impacto ambiental e conhecer todos os
componentes envolvidos, inclusive as políticas e legislações pertinentes.
Nesta unidade, abordaremos aspectos das políticas públicas, legislação brasileira na avaliação
de impactos ambientais e desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental. Muitos
aspectos técnicos foram bem simplificados para não nos perdermos e termos uma visão mais
geral do assunto. Os temas abordados podem e devem ser aprofundados na bibliografia citada
e também no material complementar.
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental
Contextualização
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Introdução
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No processo de avaliação de impacto ambiental, deve ser considerada também a realização
de audiências públicas antes da tomada de decisão pelo órgão ambiental competente, para que
as comunidades interessadas no projeto se posicionem. Essa medida também foi regulamentada
pela Resolução CONAMA 009, de 03/12/1987.
No Brasil, o EIA é submetido à análise dos Conselhos de Meio Ambiente, que são compostos
por representantes governamentais e pela sociedade civil organizada em entidades não
governamentais. A análise é submetida antes das decisões oficiais do órgão governamental
competente. A deliberação do conselho pode ter um peso jurídico e administrativo, dependendo
da legislação ambiental específica do estado ou do município envolvido.
Sendo a Avaliação de Impacto Ambiental um instrumento de caráter preventivo, devendo
ser elaborado na fase de planejamento, apresenta como seus principais objetivos subsidiar a
decisão entre a escolha e as possíveis alternativas de um projeto, incluindo a hipótese de não
execução; gerenciar as ações do projeto em todas as suas fases, do ponto de vista ambiental;
e auxiliar o processo de decisão da viabilização do uso dos recursos naturais e econômicos,
promovendo o desenvolvimento sustentável.
A avaliação de impactos envolve muitas variáveis, como procedimentos técnico-
científicos, administrativos, políticos e institucionais. No campo técnico-científico, são
utilizados métodos e técnicas em todas as áreas do conhecimento, principalmente as do
meio físico, biótico, social e econômico. No institucional, métodos de planejamento e
gestão e toda a legislação ambiental. E no campo político, é solicitada a garantia da
participação da sociedade no processo de tomada de decisão sobre a realização de projetos
que venham afetar negativamente o ambiente.
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Vamos apresentar a seguir um diagrama que mostra uma sequência das principais atividades
que fazem parte de um processo de Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil.
Projeto de empreendimento
ou atividade
Gestão ambiental
do empreendimento
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Realizando um Estudo de Impacto Ambiental
A realização de um Estudo de Impacto Ambiental deve passar por algumas etapas que irão
fazer parte do conteúdo final do documento. As etapas são: descrição do ambiente na área de
influência do projeto; descrição do projeto; diagnóstico ambiental; determinação e avaliação
dos impactos; medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras; monitoramento após
implantação das medidas.
Descrição do projeto
A descrição de um projeto constitui-se de duas partes principais - uma se refere a informações
técnicas e outra a informações contextuais. Dentre as informações técnicas, devem constar
a localização do projeto; a concepção física; os métodos; o cronograma de construção; os
requerimentos de energia e água; os procedimentos para o funcionamento; as vias de acesso;
as obras de serviços e apoio; as matérias primas e os insumos em todas as fases do processo;
tipo e quantidade de todas as emissões, incluindo emissões sólidas, líquidas, gasosas e ruído;
as formas de controle, planos e programas ambientais. Devem constar também os custos do
empreendimento; os empregos diretos e indiretos criados em todas as fases; os impostos e
rendas gerados na implantação do projeto; a vida útil do empreendimento; o destino para o
local após o término das atividades; e programas para a recuperação da área.
Resumindo, é necessário que se descrevam todas as atividades e formas do desenvolvimento,
todos os recursos utilizados, os produtos e os resíduos que serão gerados em decorrência das
atividades. Todas as ações e produtos que o projeto vai gerar deverão ser conhecidos. Isso é
necessário para que se identifiquem posteriormente os impactos ambientais.
Nas informações contextuais, deverão constar a justificativa da escolha do projeto e do
local de sua implantação e a necessidade da sua implantação e execução, com a indicação
dos benefícios econômicos, sociais, ambientais, etc.; devem ser apresentadas também as
alternativas tecnológicas do projeto e alternativas de localização.
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O diagnóstico ambiental
No diagnóstico ambiental, deverão ser apresentadas a descrição e análise dos fatores
ambientais e as interações entre eles, para fazer a caracterização da área de influência antes
da implantação do empreendimento.
Os fatores ambientais englobam as variáveis suscetíveis de sofrer direta ou indiretamente
os efeitos das ações executadas na fase de planejamento, implantação e operação do
empreendimento.
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No diagnóstico ambiental, é necessário expor as interações dos fatores ambientais, físicos,
biológicos e sócio econômicos, indicando quais os métodos adotados para a sua análise, com
o objetivo de descrever as inter-relações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos
dos sistemas que serão afetados pelo empreendimento.
DESMATAMENTO
IMPACTOS DIRETOS IMPACTOS INDIRETOS
• Redução da fauna silvestre
Perda da biodiversidade
• Aumento de pragas
• Turbidez da água
• Diminuição da fotossíntese
Aumento da erosão
• Redução da ictiofauna
• Perda de renda
Fonte: Philippi, 2004.
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Medidas mitigadoras
As medidas de atenuação ou mitigação são aquelas aplicadas para prevenir, reduzir ou
eliminar os efeitos ambientais negativos do empreendimento, e quando possível melhorar a
qualidade do meio. Para a mitigação, é necessário modificar aspectos do projeto para que
reduza ou elimine as consequências negativas no meio ambiente.
Aos efeitos positivos de um projeto, são propostas medidas que se potencializem, otimizando
a utilização dos recursos, melhorando o rendimento ambiental.
Para que se obtenha sucesso na atenuação de um impacto, existem várias formas que podem
ser propostas, como alterar a localização de um projeto; modificar as técnicas construtivas e os
equipamentos utilizados; alterar a concepção de um projeto; entre outras. Para cada impacto, cabe
à equipe de elaboração do estudo exercer seu conhecimento e criatividade e propor essas medidas
e discuti-las. É claro que os impactos de maior magnitude são os que merecem uma maior atenção
para que a magnitude e os riscos sejam reduzidos, até que fiquem num ponto aceitável.
Podemos dividir as medidas mitigadoras em medidas de engenharia ou estruturais; medidas
de manejo ou não estruturais; e revisão de políticas. Dentre as várias medidas de engenharia,
podemos citar como exemplo o tratamento de efluentes com o uso de equipamentos alternativos
para melhorá-los. As medidas de manejo incluem o estudo das condições de operação do
processo para poder ajustá-las às condições ambientais. Essas medidas estão baseadas no
conhecimento de que existem níveis toleráveis de impactos, assim administra-se o processo
para que os riscos ambientais fiquem dentro do tolerável. Podemos citar como exemplo a
proibição de movimentar a terra nos períodos de chuva no intuito de minimizar a erosão e a
consequente sedimentação dos corpos d’água.
É fundamental que medidas mitigadoras sejam aplicadas em todos os impactos negativos do
projeto (PHILIPPI, 2004). As medidas compensatórias são consideradas depois de esgotadas
as medidas preventivas e mitigadoras, permanecendo, ainda assim, alguns impactos negativos
em função do projeto. Nessa situação, o empreendedor é obrigado a realizar a recuperação
ambiental, mesmo em uma área que não esteja diretamente ligada ao projeto, mas que seja
valorizada pelo grupo social afetado. Podemos dar como exemplo um empreendimento que,
para sua instalação, precise remover a vegetação arbórea. Como medida compensatória,
terá de plantar um número maior de árvores numa área contígua, ou nas ruas do bairro
ou recuperar uma outra área localizada na vizinhança. Essas medidas podem também ser
compensadas por valores em dinheiro. Nesse caso, atribui-se um valor aos danos causados
pelo empreendedor, que vai reembolsar o órgão ambiental.
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Monitoramento
O monitoramento é a coleta de dados e avaliação que tem como objetivo determinar a
eficácia das medidas de proteção adotadas e desenvolver a capacidade para melhor prever os
impactos, verificando a relação entre os impactos previstos e os impactos reais, no sentido de
subsidiar projetos futuros e melhorar a gestão dos projetos e de seus programas, protegendo
assim o meio ambiente.
O monitoramento atua em 03 frentes:
• Supervisionar a conformidade do termo de referência que foi proposto pelo EIA e
aprovado pelos órgãos ambientais;
• Verificar se há conformidade com a legislação;
• Supervisionar os efeitos, verificando se a previsão realizada está em acordo com a
situação real, principalmente em relação à magnitude, e controlar a eficácia das medidas
de atenuação dos impactos.
Um programa de monitoramento ambiental é necessário para todo EIA/RIMA. Nesse
programa devem constar os objetivos, os instrumentos utilizados e o período de amostragem. O
programa de monitoramento deve definir todos os responsáveis pelas ações de monitoramento.
O programa de monitoramento é muito importante, no sentido que ele vai registrar
toda a dinâmica do processo, podendo identificar impactos não previstos; verificando se
os compromissos que foram assumidos estão sendo cumpridos; determinando a eficácia
das medidas mitigadoras implantadas; e permitindo de forma eficaz a determinação das
compensações pelos efeitos não mitigados.
Finalizando a unidade
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Material Complementar
Leituras:
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, de 23/01/1986: Dispõe sobre critérios básicos
e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental.
https://bit.ly/3wrIZVM
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Referências
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.
PHILIPPI, A. et. al. Curso de gestão ambiental. Barueri, São Paulo: Manole, 2004.
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