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Material Teórico
Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Marjolly Priscilla Bais Shinzato
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Selma Aparecida Cesarin
Legislação Brasileira Aplicável aos
Resíduos Sólidos
• Introdução
• Legislação Federal
• Considerações Finais
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Contextualização
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Introdução
Nesta Unidade, vamos conhecer os principais documentos legais aplicáveis aos resíduos
sólidos urbanos, industriais, hospitalares, agrícolas, resíduos da construção civil, de portos,
aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários.
Também vamos conhecer a legislação aplicável aos resíduos especiais, como os resíduos
nucleares, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, resíduos eletroeletrônicos e pneus.
Vamos nos aprofundar na legislação federal aplicável aos diferentes tipos de resíduos e
como os geradores de cada tipo de resíduo devem atender a estes documentos legais.
Legislação Federal
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Vocábulo Definição
Local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou irregular, de quaisquer substâncias
Área contaminada ou resíduos.
Série de etapas que envolvem desde o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas
Ciclo de vida do produto e insumos e o processo produtivo até o consumo e a disposição final.
Coleta seletiva Coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição.
Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o
aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA
Destinação final – Sistema Nacional de Meio Ambiente, do SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e do
ambientalmente adequada SUASA – Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária e, entre elas, a disposição final,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.
Disposição final Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a
ambientalmente adequada evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.
Pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de
Geradores de resíduos sólidos suas atividades, nelas incluído o consumo.
Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
Gerenciamento de tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final
resíduos sólidos ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta lei.
Conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar
Gestão integrada as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa
de resíduos sólidos do desenvolvimento sustentável.
Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e à restituição dos resíduos sólidos ao setor
Logística reversa empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada.
Produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e
Padrões sustentáveis permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
de produção e consumo necessidades das gerações futuras.
Processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades
físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos
Reciclagem produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do
SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA.
Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por
Rejeitos processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada.
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a
cuja destinação final se procede, propõe-se a proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados
Resíduos sólidos sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-
Reutilização química, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA
e, se couber, do SNVS e do SUASA.
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A Política Nacional de Resíduos Sólidos se baseia na elaboração de Planos de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos pela União, estados, municípios e geradores como: estabelecimentos
comerciais ou de prestação de serviços que gerem resíduos perigosos, indústrias, empresas de
serviços de saneamento básico, hospitais, clínicas e todos que gerem resíduos de serviços de
saúde, mineradoras, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários.
A esquematização a seguir resume essa exigência legal pertinente à Lei 12.305/10:
Portos,
aeroportos
Comércio
Indústrias
União
Mineradoras
Estados
Política Plano de
Nacional de Gerenciamento Hospitais,
Resíduos Sólidos de Resíduos Sólidos Municípios clínicas
Demais Empresas de
Geradores saneamento
Construção
civil
Resíduos
agrotóxicos
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
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Você sabe o que significa passivo ambiental?
Imagine um município que por anos lançou todo o
resíduo urbano coletado diretamente no solo. A todo o
custo que o município terá para destinar corretamente
Você sabia?
este resíduo, descontaminar a área e outras ações
necessárias damos o nome de passivo ambiental.
https://www.youtube.com/watch?v=JCmzYgDPPoo.
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Logística Reversa
Vamos agora conhecer o conceito de Logística Reversa, estabelecido no Art. 33 da Lei
12.305/10, que consiste em criar um mecanismo de retorno dos produtos pelo consumidor
final até o fabricante.
A logística Reversa é aplicável aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
dos seguintes produtos: agrotóxicos (embalagens), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes
e suas embalagens, lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos e seus componentes
(carregador, baterias etc.).
A Lei 12.305/10 estabelece definitivamente que todos esses produtos, quando findo seu ciclo
de vida, devem ser retornados pelo consumidor final ao comerciante e distribuidores, que devem
retorná-los ao fabricante ou ao importador, que deverá dar a eles a destinação adequada.
Entenda que aqui há uma obrigação do consumidor final, que é devolver este tipo de
produto ao comerciante, e não descartá-lo junto com os resíduos urbanos, reforçando a
responsabilidade social sobre os resíduos.
Vejam que a Lei 12.305, de 2010, é muito completa ao exigir que o poder público
administrativo em todas suas esferas e geradores privados elabore e disponibilize um programa
de gerenciamento dos resíduos sólidos. Porém, você sabe se no seu município há este Plano?
Existem programas para a coleta seletiva e o correto manejo dos resíduos?
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Principais leis aplicáveis aos resíduos industriais
Além de atender à Lei 12.305/10, as atividades industriais devem atender, também, às
exigências técnicas legais estabelecidas na Licença de Operação que o órgão ambiental emite.
O primeiro passo para uma empresa gerenciar os resíduos sólidos gerados em suas atividades
é mapear os resíduos gerados e caracterizar, conforme a NBR 10.004 – Classificação de
Resíduos, norma brasileira regulamentar editada pela ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas, que é aplicada para classificar os resíduos.
Classe I – Perigosos
Classe II – Não perigosos
Classe II A – Não inertes
Classe II B – Inertes
Mas como saber a qual das classes acima o resíduo pertence? A NBR 10.004 oferece
algumas orientações para conseguir classificar os resíduos; porém, para se certificar se um
resíduo é Classe I ou Classe II A, classificações que exigem destinações com custos maiores, é
importante solicitar a caracterização a um laboratório credenciado.
Em todo caso, vamos abordar de forma resumida algumas características dos processos de
classificação dos resíduos sólidos estabelecidos na NBR 10.004.
Os resíduos perigosos pertencentes à Classe I são assim definidos, caso apresentem uma
ou mais das 5 características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou
patogenicidade.
Vejam que a maioria dos resíduos químicos apresenta alguma destas características. Inclusive,
as embalagens de produtos químicos devem trazer este tipo de informação.
Na Norma NBR 10.004, no Anexo H, estão elencados alguns desses resíduos como
sucatas metálicas ferrosas e não ferrosas, resíduos de restaurantes ou refeitórios, resíduos de
borrachas, papel e papelão, madeira, areia de fundição, resíduos de materiais têxteis, minerais
não metálicos e bagaço de cana.
Os resíduos Classe II podem ser dispostos em aterros ou encaminhados a processos de
reprocessamento ou reciclagem.
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Para entendermos esta classificação, primeiro temos de entender o que significa o termo
“inerte” que é sinônimo de algo inativo, ou seja, que não sofre alteração de suas propriedades.
Então, quando dizemos que o resíduo é não inerte, na verdade, estamos dizendo que ele
apresenta alteração de suas propriedades físico-químicas. Por exemplo, quando dispomos
determinado resíduo solo e com a ação da chuva, sol, ou seja, da intempérie, ele muda suas
características reagindo, por exemplo, formando gases, tornando-se corrosivo etc. podemos
dizer que este resíduo é não inerte e que tem potencial de contaminação.
Conforme a NBR 10.004, os resíduos não inertes podem apresentar uma destas
características: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Normalmente, para se conseguir classificar um resíduo como Classe II A – não inerte, são
feitos testes lixiviação e solubilização em laboratórios.
Considerando que o termo inerte representa algo que não tem alteradas suas características
físico-químicas, podemos dizer que os resíduos inertes são aqueles que nos testes de solubilização
e lixiviação não tiverem em nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água.
As normas NBR 10005, NBR 10.006 e NBR 10.007 dão as orientações para a realização
destes ensaios.
Ou seja, para classificar os resíduos industriais, normalmente, é necessário enviar amostras
a laboratórios credenciados que possam emitir laudos oficiais com os quais será possível definir
a melhor destinação.
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Legislação aplicável ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde
Para o gerenciamento dos resíduos gerados nos serviços de saúde, vamos apresentar os dois
documentos legais que mais se aplicam, a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 306, de
7 de dezembro de 2004, da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e a Resolução
CONAMA n. 358, de 20 de abril de 2005, do Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Tanto a ANVISA quanto o CONAMA são organismos federais e devem ser considerados
para o correto gerenciamento dos resíduos de saúde.
Os dois documentos legais são muito similares e partem da necessidade da elaboração do
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS baseado nas características
dos resíduos e na seguinte classificação estabelecida pelos dois documentos:
Grupo A Infectantes
Grupo B Químicos
Grupo C Radioativos
Grupo D Resíduos comuns
Grupo E Perfurocortantes
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Resíduos radioativos
A principal norma aplicável ao gerenciamento dos resíduos radioativos é a CNEN-NE 6.05
– Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas, de 17 de dezembro de 1985,
publicada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Conforme esse documento, todas as instalações que gerem resíduos radioativos devem
manter registros com as informações de todas as variações de inventários dos materiais
radioativos, inclusive dos rejeitos.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear, a CNEN, é quem vistoria as instalações radiativas,
incluindo centros de saúde e centros de pesquisa onde materiais radioativos são manipulados.
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Embalagens de agrotóxicos
O gerenciamento das embalagens de agrotóxicos deve atender ao conceito de logística
reversa determinado na Lei 12.305/10. Assim, a Resolução CONAMA n. 465, de 5 de
dezembro de 2014, dispõe sobre os requisitos e critérios técnicos mínimos necessários para
o licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens de
agrotóxicos e afins, vazias ou contendo resíduos.
Além disso, conforme a Lei 9.974, de 6 de junho de 2000, as embalagens vazias de
agrotóxicos devem ser devolvidas aos estabelecimentos comerciais onde foram adquiridas,
sendo que as embalagens rígidas devem passar pela tríplice lavagem ou lavagem de pressão.
Note que esta lei de 2000 já apresenta o conceito de logística reversa considerado na Lei
12.305, dez anos depois.
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Pneus
Apesar de os pneus também estarem considerados na Lei 12.305/10 quanto ao mecanismo
da Logística Reversa, a Resolução CONAMA n. 410, de 30 de setembro de 2009, dispõe
sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação
ambientalmente adequada.
A principal exigência desta resolução é que os fabricantes e importadores deem a destinação
adequada para cada pneu inservível em troca de cada pneu novo comercializado.
Com isto, garante-se que a quantidade de pneus novos comercializados seja igual à quantidade
de pneus inservíveis destinados. Anualmente, os fabricantes e importadores devem relatar ao
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente a quantidade destinada de pneus inservíveis.
Há alguns anos, a quantidade gerada de pneus inservíveis que ia parar em terrenos baldios,
aterros, rios e córregos era alarmante.
A logística reversa para o caso dos pneus começou bem antes da lei 12.305/10. A
Resolução CONAMA n. 258, de 26 de agosto de 1999, já estabelecia metas para a redução
da quantidade de pneus inservíveis a serem atendidas pelos fabricantes e importadores.
Em quinze anos, praticamente, o passivo ambiental de pneus inservíveis no país foi
eliminado. Atualmente, os pneus entram na composição de asfalto de rodovias, considerado
asfalto ecológico, além de servirem como coadjuvante na combustão de fornos de cimento.
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Considerações Finais
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Material Complementar
Vídeos:
Para aprofundar seus estudos, consulte:
Política Nacional dos Resíduos Sólidos
https://www.youtube.com/watch?v=JCmzYgDPPoo;
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Referências
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Unidade: Legislação Brasileira Aplicável aos Resíduos Sólidos
Anotações
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