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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Introdução aos Estudos de Impacto Ambiental

Júlio Pacheco
jpachecobuzi@yahoo.com.br
Alcance ?

 Quando e como surgiu?

 Qual relação entre Desenvolvimento Sustentável e AIA?

 Quais outros conceitos ou conhecimentos associados a AIA ?


O que é Impacto
Ambiental ?
O que é AIA ?
AIA

“... É atividade de identificar e prever impactes sobre o ambiente


bio-geofisico, saúde humana e a adequação de propostas
legislativas, politicas, programas, projetos e processos operacionais
e de interpretar e comunicar a informação colhida a esse respeito ”
(In Brian Clark,1994)

“.. . exame sistemático das consequências ambientais de projectos,


políticas, planos e programas. O seu principal objectivo é de
fornecer os decisores um levantamento das implicações de acções
alternativas antes da tomada de decisão” (Ridgway, B. et al.,1996).
“ ... A avaliação consiste em determinar valores quantitativos a atribuir
a parâmetros seleccionados que definem a qualidade do ambiente
antes, durante e depois da ação proposta...” (In Brian Clark,1994).

“... Avaliação de todos efeitos ambientais relevantes e consequentes


efeitos sociais que podem advir da realização de um determinado
projeto....” (In Brian Clark,1994).

“Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento de gestão


ambiental preventiva e consciente na identificação e análise prévia
qualitativa e quantitativa dos efeitos ambientais, beneficios e
perniciosos de uma atividade proposta” (Moçambique Lei 20/97 de 1
Outubro)
Ambiente x Problemas x Sustentabilidade

1. O meio físico condicionador (fluxos de energia e matéria).


2 e 3 Os meios biológico e sócio-econômico, por realimentação,
completam a interação com o meio físico.
Quando e Como
surgiram os Problemas
Ambientais?
Ambiente x Problemas x Sustentabilidade

No início, era primitiva (2 a 4 milhões de anos), os recursos naturais


eram suficientes, as relações homem natureza eram excelentes.
Porém....

”O ambiente é a espinha dorsal da economia, a fonte da sobrevivência


e a fonte da riqueza de uma nação” (Ridgway, B. et al., 1996)

Existe uma forte relação e dependência inevitável entre o


desenvolvimento e a exploração dos recursos naturais.
Paradigma Ambiente - desenvolvimento
Paradigma Ambiente - desenvolvimento
Ambiente x Problemas x Sustentabilidade

Alterações na constituição e disposição dos processos ecológicos


(ecossistemas) que suportam e mantem a vida

 Litosfera ( ... )
 Hidrosfera ( ... )
 Atmosfera ( ... )
 Biosfera ( ... )

Impactos Globais: Chuvas acidas; Aquecimento Global; Perda da


Biodiversidade

Os impactos ambientais podem variar quanto a natureza,


magnitude, extensão, tempo ou duração, probabilidade,
reversibilidade e significância (Ridgway, B. et al.,1996)
Modelo DPSIR

 Driving forces (forças motrizes ou forças motoras)

 Pressures (pressões)

 States (estados)

 Impacts (impactos)

 Responses (respostas)
Modelo DPSIR
História e evolução da AIA

• Os movimentos ambientalistas dos Estados Unidos da América


conseguiram mobilizar a população e persuadiram o governo a
aprovar e 1969, a Lei Ambiental Federal “National Environmental
Protection Act (NEPA).

• 1970, 1 de Janeiro, o presidente Nixon promulga a Lei NEPA;

• As conferências internacionais foram um grande contributo para que


muitos países avançassem rapidamente e implementassem a
avaliação do impacto.

• Clube de Roma em 1970, reconhece a escassez de recursos


naturais e a vulnerabilidade económica.
Conferência de Estocolmo (Suécia, 1972)
A primeira conferência da ONU para o meio ambiente foram criados os
26 princípios melhorar e preservar o meio ambiente.

Conferência de Toronto (Canadá, 1988)


A Conferência de Toronto foi a primeira a se preocupar com o clima.
Houve uma reunião de cientistas alertando sobre a redução dos gases
que aumentam o efeito estufa.

Conferência no Brasil (Rio de Janeiro, 1992)


Uma das maiores conferências para a discussão de questões
ambientais tambem chamada de Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida
também como Rio-92 ou Eco-92. Nessa reunião foi criada a
Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
Conferência de Berlim (Alemanha, 1995)
São feitas negociações e definidas metas para a redução dos gases
de efeito estufa

Conferência de Kyoto (Japão, 1997)


Nessa conferência foi criado o Protocolo de Kyoto, que sugere a
redução de gases do efeito estufa (cujas metas são de 5,2%)

Conferência de Haia (Holanda, 2000)


Tensão entre Estados Unidos e União Europeia. Os EUA (um dos
maiores emissores de gases estufa), o presidente George W. Bush
afirmou que o país não ratificaria o protocolo e não participaria do
acordo alegando que haveriam custos muito altos para a redução
desses gases.

Conferência de Nova Délhi (Índia, 2002); Conferência de Milão


(Itália, 2003); Conferência de Buenos Aires (Argentina, 2004);
Conferência de Montreal (Canadá, 2005); Conferência de Nairóbi
(África, 2006 )

Conferência em Durban (África do Sul, 2011) Protocolo de Kyoto, estendido


até 2017.
História e Evolução em Moçambique

Em Moçambique, o Programa de Gestão Ambiental indica os


seguintes passos da institucionalização da gestão ambiental:

 1982: Criação da Unidade de Gestão Costeira (UGC)


 1987: O Ministro dos Recursos Minerais é designado para dirigir a
institucionalização da gestão ambiental em Moçambique
 1991: Criação da Divisão do Meio Ambiente.
 1992: Criação da Comissão do Meio Ambiente
 Em 1994: Criado o Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental (MICOA).
 1997: Aprovação da Lei do ambiente (Lei 20/97, de 29 de
Dezembro) e o primeiro Regulamento sobre o Processo de
Avaliação do Impacto Ambiental aprovado em 1998 e revogado
para o Decreto 45/2004 revogado pelo decreto 54/2016
(MICOA, 1999)
VANTAGENS E IMPORTANCIA
DA AIA (...)

?
IMPORTANCIA DA AIA
(Ridgway, B. et al.,1996)

Ambientalmente sustentável em termos de melhoramento do


desenho, localização e uso de recursos.
O melhor desenho da actividade pode minimizar doenças resultantes da sua
implementação reduzindo custos de tratamento e compensação.

Melhor cumprimento dos padrões de qualidade ambiental


A aderência aos padrões de qualidade ambiental reduz os impactos sobre o
ambiente e a probabilidade de multas.
VANTANGENS DA AIA
(Ridgway, B. et al.,1996)

Salvaguarda dos custos de investimento e de operação


Os custos poderão ser avultados se os impactos ambientais não tiverem
sido considerados inicialmente e ser necessário alterações futuras.

Redução de tempo e custos para aprovação das actividades

Aceitação da actividade pelo público


Envolvimento, o público, pode influenciar a tomada de decisão e fica
confidente com a actividade.
Outros Conceitos Relacionados

AMBIENTE: é o meio em que o homem e outros seres vivem e


interagem entre si e com o próprio meio, inclui:

 terra, água, ar, incluindo todas camadas da atmosfera


 toda matéria orgânica e inorgânica e organismos vivos
 todas condições sociais, económicas e culturais que afectam a vida
das comunidades os ecossistemas, a biodiversidade e suas
relações ecológicas.
QUALIDADE AMBIENTAL:
é o estado do ambiente, numa determinada área ou região,
conforme é percebido objectivamente, em função da medição da
qualidade de alguns dos seus componentes, ou mesmo
subjectivamente, em relação a determinados atributos,
nomeadamente, a beleza, o conforto, o bem estar, etc. (Moreira
Dias, I., 1993).

ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL (EIA):


é a componente de AIA que analisa técnica e cientificamente as
consequências que irão resultar da implantação de uma actividade
no ambiente.

RELATÓRIO DO ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL (REIA):


é a apresentação dos resultados da Estudo do Impacto Ambiental.
MONITORIZAÇÃO AMBIENTAL:
Verificação da implementação das medidas de mitigação se
ocorrem de acordo com as previsões, incluindo a conformação dos
parâmetros previstos com os limites e padrões de qualidade
ambiental acordados e a implementação de acções correctivas onde
for necessário

AUDITORIA AMBIENTAL:
“ Avaliação, a posteriori, dos impactes ambientais do projecto, tendo
por referência normas de qualidade ambiental, bem como as
previsões, medidas de gestão e recomendações resultantes do
procedimento de AIA ”.
Risco

Perigo

Dano

Análise de Riscos

Avaliação de Riscos

Gerenciamento/Gestão de Riscos
Perigo (...)

?
Perigo

Situações danosas tais como lesões ou doenças, danos materiais


ou ambientais ou a combinação de ambos, que podem ser
provocadas por todo o tipo de instalações, actividades,
equipamentos ou outro componente material do trabalho.
Perigo

É a possibilidade elevada, ou reduzida, de ocorrência de um


evento que possa provocar danos e causar consequências.

Característica de uma atividade ou substância que expressa a sua


condição de causar algum tipo de dano a pessoas, a instalações ou
ao meio ambiente.

É a propriedade intrínseca de uma substância perigosa ou de uma


situação física de poder provocar danos à saúde humana e/ou ao
ambiente.
Fator de Perigo

É a razão entre a Massa Liberada Acidentalmente e a Massa de


Referência
Massa de Referência (MR)

É a menor quantidade da substância capaz de causar danos a uma


certa distância do ponto de liberação. É definida para cada uma das
substâncias perigosas

Algumas situações de Perigo:


Concentração no ar de substância tóxica capaz de causar morte em
1% das pessoas expostas durante um tempo de 30 minutos;

Fluxo de radiação térmica capaz de causar morte em 1% das


pessoas expostas durante um tempo de 60 segundos;

Explosão gerando combinação de sobre pressão e impulso capaz de


causar morte em 1% das pessoas expostas.
Massa Liberada Acidentalmente (MLA)

É a maior quantidade de material perigoso capaz de participar de


uma liberação acidental de substância perigosa devido a vazamento
ou ruptura de tubulações, componentes em linhas, bombas, vasos,
tanques etc., ou por erro de operação ou de reação descontrolada ou
de explosão confinada ou não, nas instalações em licenciamento.

Na ausência de informações mais precisas, a MLA deve ser


considerada como igual a 20% da massa de material estocado ou
em processo
Risco (...)

?
Risco

O termo risco é proveniente do latim e significa ousar. Entende-se


“risco” como possibilidade de “algo não dar certo”, mas seu
conceito atual envolve a quantificação e qualificação da incerteza,
tanto no que diz respeito às “perdas” como aos “ganhos”, com
relação ao rumo dos acontecimentos planejados.
Risco

“Quando investidores compram ações, cirurgiões realizam


operações, engenheiros projetam pontes, empresários abrem seus
negócios e políticos concorrem a cargos eletivos, o risco é um
parceiro inevitável. Contudo, suas ações revelam que o risco não
precisa ser hoje tão temido: administrá-lo tornou-se sinônimo de
desafio e oportunidade”. (BERNSTEIN, 1996, p. VII)
Risco

Medida da capacidade que um perigo tem de se transformar em


um acidente.

Está relacionado com a chance de ocorrerem falhas que “libertem”


o perigo e da magnitude dos danos gerados.

Contextualização de uma situação de perigo, ou seja, a


possibilidade da materialização do perigo ou de um evento
indesejado ocorrer
Risco

É o potencial de realização de consequências adversas

indesejadas para a saúde ou vida humana, para o ambiente ou

para bens materiais.


Society for Risk Analysis
Risco

Norma P 4.261,

Define risco como sendo a medida de danos à vida humana,


resultante da combinação entre a frequência de ocorrência e a
magnitude das perdas ou danos (consequências).

CETESB (2013),
Tipos/analise de Risco

Vários riscos são analisados por especialistas e geridos em


separado, não em conjunto. (Cada um olha para um segmento
específico, não o todo).

 Riscos financeiros (investimentos, crédito, taxa de câmbio,


taxa de juros etc.)
 Riscos regulatórios e políticos (Advogados)
 Risco de segurança física,
 Risco ocupacional, (industrial, agrícola, domestico, etc)
 Risco ambiental,

Os riscos não se desenvolvem separadamente, causam efeito


dominó uns sobre os outros.
Risco

Medida da capacidade que um perigo tem de se transformar em um


acidente.

Está relacionado com a chance de ocorrerem falhas que “libertem” o


perigo e da magnitude dos danos gerados.

Contextualização de uma situação de perigo, ou seja, a


possibilidade da materialização do perigo ou de um evento
indesejado ocorrer.
PERIGO = Potencial fonte de Riscos

Magnitude da
Risco = Frequência x
Consequência

PERIGO ≠ RISCO
Factores de Risco

 Periculosidade;

 Vulnerabilidade, e

 Exposição ao perigo.
Outros Conceitos Importantes

Acidente Evento específico não planejado e indesejável, ou uma


sequência de eventos que geram consequências indesejáveis.
(CETESB)

Dano
Efeito adverso à integridade física de um organismos infraestruturas
ou bens.
Vulnerabilidade

É a susceptibilidade de exposição a danos (físicos, morais,


financeiros, ambientais etc) devido à sua fragilidade ou
incapacidade de prevenir, de resistir e de contornar potenciais
impactos negativos.

Área vulnerável
Área no entorno da atividade, onde os trabalhadores, a população
e o ambiente se encontram expostos aos efeitos de acidentes.
ECOLO
GIA
RADICA
L
NÃO SE
DEIXEM

DOMINAR

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