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Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Francisco José Pinheiro
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Vamos voltar no tempo e imaginar como era a vida dos cowboys no Velho Oeste dos
Estados Unidos. Os filmes nos mostram que o meio de transporte utilizado na época eram
os cavalos e as diligências, com carros puxados por cavalos. Vamos imaginar um filme
mostrando três vaqueiros que resolveram viajar até uma cidade distante e embarcaram
numa diligência. A diligência não oferecia serviços de bordo e era preciso viajar várias
horas para chegar a um povoado onde tivesse um bar ou um hotel, onde os passageiros
poderiam se alimentar e pernoitar. Para passar o tempo e enfrentar o tédio da viagem, os
vaqueiros beberam uma garrafa de uísque. E o que fizeram com a garrafa vazia? Jogaram
pela janela! E o cocô dos seis cavalos que puxavam a diligência onde foi depositado? Ao
longo do caminho e nas ruas da cidade por onde passaram!
Para descansar dos solavancos da diligência, foram feitas algumas paradas ao longo
de um rio e nas pequenas cidades que passaram, quando então os vaqueiros puderam
desfrutar dos serviços do restaurante e dormir numa cama de hotel. Na manhã seguinte,
descansados e tendo reposto os mantimentos, a diligência seguiu viagem. Podemos ver
desperdício de água no banho e de comida no restaurante, pois era barato e fácil de obter.
Ao longo do caminho, quando estragou a roda do “veículo”, o próprio cocheiro, o
condutor da diligência, foi capaz de repará-la, pois a tecnologia era simples e de domínio
dos usuários.
Agora vamos avançar no tempo e ver outro filme, o que mostra o transporte dos
primeiros três astronautas que chegaram à Lua. Eles viajaram na cápsula da espaçonave,
um espaço semelhante ao de uma diligência. Mas na espaçonave, além de não ter serviço
de bordo, não existia a possibilidade de descer para espichar as pernas e lavar o rosto nas
águas do rio, ou de dormir numa cama de hotel. Repor os mantimentos na manhã seguinte,
de que forma? Todos os suprimentos necessários para a viagem tiveram que ser levados da
Terra. Desperdiçar água ou alimentos? De jeito nenhum! Os recursos eram limitados, se
algum deles comesse um pouco mais do que a ração do dia, faltaria comida ao final da
viagem. E os resíduos gerados com as refeições, urina e fezes dos astronautas, onde foram
armazenados? Sim, porque diferentemente dos vaqueiros da diligência, os astronautas não
podiam jogar os dejetos pela janela.
Enquanto no velho oeste existia uma área enorme desabitada, os recursos eram
abundantes, a tecnologia era simples e o consumo de energia era pequeno, na espaçonave
acontecia justamente o contrário. O espaço físico dentro aeronave era mínimo, os
astronautas trabalhavam, comiam, faziam suas necessidades fisiológicas e dormiam no
mesmo local. A tecnologia era a mais sofisticada da época. A energia dos cavalos foi
substituída por sofisticados equipamentos para colocar e manter a espaçonave no trajeto
entre o Planeta Terra e seu satélite, a Lua. E, muitos produtos e equipamentos foram
desenvolvidos exclusivamente para permitir a sobrevivência dos astronautas nesta viagem.
em que se torne insuficiente para atender à demanda e; o lixo gerado viaja cada vez para
mais longe. Além do problema de espaço, de consumo de energia e da geração de lixo,
existem vários outros aspectos que são abordados na discussão da construção do
desenvolvimento sustentável1.
Foto anterior:
...Nos fins de semana de sol, a orla fica tão apinhada que parece não haver outro programa na cidade.
Com o passar das horas, porém, o cenário maravilhoso se esvai. Lá pelo início da tarde, no trajeto
entre o calçadão e o mar, é grande a possibilidade de o banhista tropeçar numa casca de coco, pisar
num palito de churrasco ou ter de espantar pombos que disputam restos de comida na areia. (Veja.com
– Cidades - Edição 2141 / 2 de dezembro de 2009)
1
Desenvolvimento Sustentável – é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Fonte: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(2008).
No final dos anos de 1960, um grupo de cientistas que assessorou o chamado Clube
de Roma3, utilizando-se de modelos matemáticos, alertou sobre os riscos de um
crescimento econômico contínuo, baseado em recursos naturais não-renováveis. O
relatório Limites ao Crescimento (The limits of growth), elaborado pelo grupo de cientistas
e publicado em 1972, foi um sinal de alerta que incluía projeções, em grande parte, não
cumpridas, mas teve o mérito de conscientizar a sociedade para os limites da exploração
do planeta. O documento do Clube de Roma foi muito importante para despertar a
consciência ecológica mundial, pois colaborou para que, em julho de 1972, fosse realizada
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
Estocolmo, na Suécia.
crime em diversos países. Na mesma época, a crise energética, causada pelo aumento do
preço do petróleo, trouxe à discussão dois novos temas que, mais tarde, ajudaram, e muito,
a luta daqueles que se preocupavam com a proteção do meio ambiente. Ou seja, foram
discutidas questões relativas à racionalização do uso de energia e à busca por combustíveis
mais puros, oriundos de fontes renováveis. Ao mesmo tempo, as primeiras tentativas de
valorização energética de resíduos unem dois dos temas de maior evidência nessa década:
meio ambiente e conservação de energia. O conceito de desenvolvimento sustentável
começa a surgir no painel de temas em discussão. Assim, em 1978, na Alemanha, surge o
primeiro selo ecológico, o Anjo Azul, destinado a rotular produtos considerados
ambientalmente corretos.
Contudo, o maior enfoque era dado sobre o controle da poluição no “final do tubo”,
ou seja, tratava-se o efluente, o resíduo ou a emissão. Essa atitude apresentava o controle
ambiental como um custo adicional para a empresa. Os resíduos perigosos passam a
ocupar lugar de destaque nas discussões sobre a contaminação ambiental. Alguns acidentes
de grande impacto, como a explosão de uma indústria química na Índia (Bhopal, em
1984), o vazamento na usina nuclear na Ucrânia (Chernobyl, em 1986), na então União
Soviética; o derramamento de petróleo no mar do Alasca (Exxon Valdez, em 1989), e a
constatação da destruição progressiva da camada de ozônio que circunda a Terra e a
protege de algumas faixas de radiações solares, trazem finalmente a discussão dos temas
ambientais para o dia-a-dia do homem comum.
Ainda na década de 1980, a proteção ambiental, que era vista sob um ângulo
4
Impacto Ambiental – Segundo Resolução do CONAMA nº 001/86, art. 1º, trata-se de qualquer alteração das propriedades fí-
sicas, químicas e biológicas do ambiente natural, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econô-
micas; as biotas; as condições estéticas e sanitárias, do ambiente natural; e a qualidade dos recursos ambientais. Fonte: CONA-
MA (2008).
5
Relatório Brundtland - Indicada pela ONU, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento para estudar as questões ambientais, após a ONU retomar esse debate no
início da década de 1980.
6
Efeito Estufa – fenômeno natural que tem a função proteger o planeta do esfriamento demasiado que impediria a vida na Ter-
ra. Se não estivesse envolvido pelos gases que o mantém aquecido, nosso planeta estaria congelado. Porém, a emissão de gases
tem aumentado a espessura desta camada e isto vem causando um aquecimento demasiado, que ameaça o equilíbrio climático
da Terra. O efeito estufa dificulta a saída de calor da Terra, o que permite o desenvolvimento de diversas espécies de seres vi-
vos.
Segundo o Relatório Brundtland, uma série de medidas deve ser tomada pelos
Estados nacionais:
Ainda nos anos de 1980, mais precisamente em 1989, em Basiléia, Suíça, é firmado
e a opção pela reciclagem, que combate o desperdício, convergem para uma abordagem
mais ampla e lógica do tema ambiental que pode ser resumida pela expressão “qualidade
ambiental”.
Portanto, nos anos de 1990, pudemos perceber que ocorreu uma mudança de
enfoque com a gestão ambiental ou gestão ecoeficiente. Pudemos observar que o foco
passou a ser otimizar todo o processo produtivo, buscando reduzir o impacto ambiental.
e a integração entre elas e as normas de gestão da qualidade, série ISO 9000, foi o
coroamento de uma longa caminhada em prol da conservação do meio ambiente e do
desenvolvimento em bases sustentáveis. Assim, para as empresas, a questão ambiental
deixa de ser um tema-problema, para se tornar parte de uma solução maior: a
Credibilidade da Empresa junto à sociedade através da qualidade e da competitividade de
seus produtos.
Esse tipo de perspectiva na produção, mais do que trazer resultados em termos ambientais,
é uma gestão que reduz desperdícios de recursos e, em geral, diminui custos, derrubando o
conflito entre economia e ecologia, ou seja, o mito de que uma gestão ambientalmente
responsável é incompatível com o aspecto econômico.
empresa quanto de seus produtos, através da criação de novos produtos verdes e de ações
voltadas para a proteção ambiental.
Desse modo, o gerenciamento ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta
administração das organizações deve analisar.
Neste contexto, as organizações deverão incorporar a variável ambiental no aspecto
de seus cenários de produção e serviços e na tomada de decisão, mantendo assim uma
postura responsável de respeito à questão ambiental.
Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos
do engajamento da organização na causa ambiental. Estes resultados não se viabilizam de
imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os
passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa
atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.
Os dez passos necessários para a excelência ambiental segundo Elkington & Burke,
apud Donaire (1999) são os seguintes:
"1 - Desenvolva e publique uma política ambiental.
2 - Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos.
3 - Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do
pessoal administrativo (linha de assessoria).
4 - Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as
responsabilidades.
5 - Obtenha recursos adequados.
6 - Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade.
7 - Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios.
8 - Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental.
9 - Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em
pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental.
10 - Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os
envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc."
A primeira dúvida que surge quando considerarmos a questão ambiental do ponto de
Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 16
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vista empresarial é sobre o aspecto econômico. Qualquer providência que venha a ser
tomada em relação à variável ambiental, a ideia é de que aumenta as despesas e o
consequente acréscimo dos custos do processo produtivo.
Donaire (1999) refere que "algumas empresas, porém, têm demonstrado que é
possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização
que atua no chamado “mercado verde”', desde que as empresas possuam certa dose de
criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças
ambientais em oportunidades de negócios”.
A gestão ambiental não é um conceito novo nem mesmo uma necessidade nova. O
homem sempre teve de interagir responsavelmente com o meio ambiente. Nos casos em
que tal não ocorreu, o homem teve de enfrentar as consequências nefastas da sua atuação.
A acumulação indiscriminada de resíduos que se verificou na Idade Média, com a
consequente poluição da água e do ar, resultou em gravíssimos problemas de saúde
pública. A industrialização veio agravar este problema ao contribuir de forma bastante
acentuada para a poluição do meio ambiente.
Até ao final da década de oitenta e início da década de noventa, a gestão ambiental
era em grande parte tratada caso a caso, como resultado da pressão popular ou de algumas
medidas legislativas. O ambiente era tratado caso a caso por equipes técnicas e jurídicas,
responsáveis pelas questões reguladoras.
Durante a década de 90 surgiram diversas normas e regulamentos relativos à
implementação de sistemas de gestão ambiental, salientando-se a mundialmente a Norma
ISO 14001:1996 e o EMAS – Eco-Management and Audit Scheme no nível europeu.
A gestão ambiental é a arte de se alinhar ações humanas às forças e resistências
potenciais ou existentes (incluindo seus poderes de autodepuração e recuperação) da
própria natureza, convertendo as ameaças ambientais em riscos gerenciáveis. Dessa forma,
consegue-se levar, por meio de intervenções sistêmicas, a relação homem/natureza a uma
nova estabilidade benéfica, embora longe, possivelmente, do equilíbrio original. Na
maioria dos casos, a gestão ambiental não objetiva a restauração perfeita dos ecossistemas
ou sua manutenção num estado de preservação permanente (sem contribuírem às
atividades extrativistas). A gestão ambiental preconiza, primordialmente, a intervenção do
ser humano na natureza.
Talvez um conceito mais completo – porque inclui aspectos positivos da questão
ambiental (novos mercados, melhorias em eficiência e outros) – seja a seguinte definição:
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), como parte da administração geral, é a estrutura
que orienta, segundo a visão institucional, o empenho ambiental da organização e que
Os SGA são um passo na direção certa para a diminuição dos impactos sobre o
ambiente. Com efeito, estes servem de enquadramento às empresas para manterem e
melhorarem as suas contribuições e impactos sobre o meio ambiente.
Um SGA pretende, assim, melhorar o desenvolvimento econômico global das
empresas através do aumento do seu desempenho ambiental.
das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão fundados nesse princípio.
b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade, através de
seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação ambiental, pois não
é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de todos nós.
c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importa afirmar que não se admite
segredos em questões ambientais, pois afetam a vida de todos. Tudo deve ser feito,
principalmente pelo Poder Público, com a maior transparência possível, e de modo a
permitir a participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos de um modo
geral.
d) Princípio do Poluidor-pagador: Apesar de um princípio lógico, pois quem estraga deve
consertar, infelizmente ainda não é bem aceito na prática, ficando para o Estado esta
obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo, e para o mau empreendedor somente
o lucro.
Para orientar o Gestor Ambiental no desempenho de suas funções é importante ter
uma orientação das principais normas do Direito Ambiental. Assim enumera-se a seguir a
principal legislação ambiental federal de interesse do empresário de qualquer segmento
produtivo do país. Inicia-se com a Constituição de 1988 e segue com os instrumentos
legais em ordem cronológica, indicando o tema a que se refere e o assunto ou obrigações
pertinentes.
requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas
de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nessas
licenças estão determinados os métodos de controle e as condições de operação. A
concessão da LO implica no compromisso do interessado em manter o funcionamento dos
equipamentos de controle da poluição, de acordo com as condições de seu deferimento.
A economia atual, preocupada com o meio ambiente, já não mais aceita produtos
ambientalmente inviáveis e poluentes. Respeitando as atuais regras, aumentam as chances
de negócios para as empresas, principalmente com países do primeiro mundo onde esta
preocupação já está sujeita a legislações mais rígidas. Em decorrência desses fatores, a
Auditoria Ambiental está cada vez mais sendo utilizada como uma ferramenta avaliadora
do desempenho ambiental das empresas e tornando a gerência de meio ambiente um setor
de status na estrutura organizacional.
Para Sales (2001), a Auditoria Ambiental pode ser genericamente definida como o
procedimento sistemático através do qual uma organização avalia suas práticas e
operações que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para
averiguar sua adequação a critérios preestabelecidos (requisitos legais, normas técnicas
e/ou políticas, práticas e procedimentos desenvolvidos ou adotados pela própria empresa
ou pela indústria a qual pertence). Para Malucelli (2004), as auditorias, quanto ao cenário
de aplicação, podem ser enquadradas em duas situações: a primeira onde há o interesse
próprio da empresa e a outra onde a iniciativa é de terceiros ou órgãos ambientais.
Rovere et al. (2001) definem o objetivo da auditoria ambiental através de sua
classificação. Dentre as categorias mais aplicadas destacam-se: auditoria de desempenho
ambiental, auditoria de Sistema de Gestão Ambiental, auditoria de certificação, auditoria
de descomissionamento (descommissioning), auditoria de responsabilidade (due
dilligence), auditoria pontual e, auditoria de conformidade legal (compliance).
[...] seus elementos incluem a criação de uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos e
alvos, a implementação de um programa para alcançar esses objetivos, a monitoração e medição de
sua eficácia, a correção de problemas e a análise e revisão do sistema para aperfeiçoá-lo e melhorar
o desempenho ambiental geral.
4.1 Histórico
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ISO – International Organization for Standardization é uma organização não governamental internacional especializada, fun-
dada em 1946 com o objetivo de reunir órgãos de normalização de diversos países e criar um consenso internacional normativo
de fabricação, comércio e comunicações. Fonte: Standards Development (2008).
passar dos anos, esses rótulos ou selos ecológicos passaram a ter um significado naciona-
lista, constituindo barreiras técnicas e comerciais.
Em 1991, por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a gestão
do Meio Ambiente, foi formulada pela Câmara de Comércio Internacional a Carta Empre-
sarial para o Desenvolvimento Sustentável, reunindo 16 princípios de gestão ambiental,
que indicam os compromissos a serem assumidos pelas empresas e constituem a referência
internacional de estratégia ambiental. É a partir desse documento que a gestão ambiental é
identificada, por várias empresas, como um importante fator de sucesso, assegurando a
aceitação dos produtos interna e externamente, sendo muitas vezes um fator decisivo para
a sobrevivência de muitas delas. É nesse mesmo ano que se cria a Fundação Brasileira
para o Desenvolvimento Sustentável, com aproximadamente 20 empresas, cujo objetivo é
conscientizar os empresários para a necessidade de incluir a questão ambiental no ge-
renciamento de suas atividades.
Ficando cada vez mais eminente a necessidade de uma normalização internacional,
no âmbito da Organização Internacional de Normalização - ISO, com sede em Genebra,
Suíça, tem início em outubro de 1991 o Strategic Advisory Group on Environment -
SAGE. Após dois anos de atividades, o SAGE vem propor, através de um relatório final, a
criação de um novo Comitê Técnico, ISO/TC-207, dentro do conceito de desenvolvimento
industrial auto-sustentável, tendo o objetivo de desenvolver normas e guias sobre "Siste-
mas de Gestão Ambiental" e sobre ferramentas gerenciais para o meio ambiente.
A partir dessas recomendações, em março de 1993, o Conselho da ISO aprovou a
criação do TC 207, dando início aos trabalhos de elaboração da nova ISO Série 14000,
baseados na norma BS 7750: Specification for Environmental Management Systems, que
está em vigor no Reino Unido desde 1993.
A ISO define uma norma como um acordo documentado contendo especificações
técnicas ou outros critérios precisos a serem utilizados uniformemente como uma regra,
diretriz ou definição de características, a fim de assegurar que os materiais, produtos,
processos e serviços sejam adequados a sua finalidade. As normas são formuladas com o
objetivo principal de facilitar o comércio internacional, aumentando a confiabilidade e a
Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 35
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
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ISO 9000 – é a série de normas que descrevem os elementos básicos e a orientação para a implementação de um sistema de
qualidade. Fonte: ISO 9000 – Sistemas de Qualidade (2008).
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ISO 14000 – é a série de normas que tem como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as organi -
zações a cumprirem seus compromissos assumidos com o ambiente natural, estabelecendo, também, as diretrizes para as audi-
torias ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos. Fonte:
ISO 14000 – Gestão Ambiental (2008).
A série de normas ISO 14000 tem como objetivo a criação de um sistema de gestão
ambiental que auxilie as organizações a cumprirem seus compromissos assumidos com o
ambiente natural. Além disso, em função do processo de certificação, tanto das
organizações quanto de seus produtos e serviços, ser reconhecido internacionalmente,
possibilitam às organizações distinguirem-se daquelas que somente atendem à legislação
ambiental.
As normas da série ISO 14000 também estabelecem as diretrizes para as auditorias
ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de
vida dos produtos, já citados anteriormente, possibilitando a transparência da organização
e de seus produtos em relação aos aspectos ambientais, viabilizando harmonizar os
procedimentos e diretrizes aceitos internacionalmente com a política ambiental adotada
pela mesma.
As normas da série ISO 14000 mantêm a mesma numeração no Brasil, precedida do
designativo NBR da ABNT, sendo elas:
As Normas de Gerenciamento Ambiental (SC1) estabelecem os principais elementos
de um sistema de gestão, tais como a política ambiental a ser adotada pela empresa, o pla-
nejamento, implantação e operação, monitoramento e ação corretiva, executando uma aná-
lise crítica da gestão visando ao aprimoramento contínuo.
A Auditoria Ambiental (SC2) será enfocada de quatro maneiras: Princípios de Audi-
toria Ambiental, Procedimentos, Qualificação de Auditores e outras investigações ambien-
tais.
A Rotulagem Ambiental (SC3) irá tratar dos princípios para certificação, autodecla-
ração e os princípios para programas de certificação, visando à formulação de normas diri-
gidas à padronização no campo da rotulagem ambiental. Esta área irá definir os princípios
e a prática para as declarações e os rótulos ambientais (selo verde), bem como as metodo-
logias de implementação, verificação e certificação.
Com o objetivo de acompanhar os trabalhos que foram realizados nos vários comitês
responsáveis pela formulação da ISO 14000 surgiu no Brasil o Grupo de Apoio à Normali-
zação Ambiental - GANA, instituído no âmbito da Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas - ABNT, visando a avaliar as consequências dessas normas sobre as atividades indus-
triais do país. Da mesma forma, o GANA visou a proposição de alternativas que se adap-
tem à realidade brasileira, sem prejudicar o objetivo maior de conservar e proteger a natu-
reza. Nesse sentido, o GANA abriga empresários, instituições de pesquisa e ensino, órgãos
públicos e técnicos, que vêm participando em todas as fases do processo de formulação da
nova norma. Desde sua fundação, o GANA/ABNT vem representando o país em todas as
reuniões de cada um dos seis subcomitês da ISO 14000.
O Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial - INME-
TRO também definiu, em seu planejamento estratégico, um amplo compromisso com a
questão ambiental. Segundo Bueno e Richa (1995): "No que concerne à certificação ambi-
ental, cabe ao INMETRO estabelecer a estrutura para o credenciamento de organismos de
certificação de sistemas de gestão ambiental, de organismos de certificação ambiental de
produtos e de auditores ambientais, garantindo o alinhamento às referências internacionais
em todas as etapas e processos".
Para tanto foi criada a Comissão de Certificação Ambiental (CCA), ligada ao Comi-
tê Brasileiro de Certificação (CBC), com o objetivo de estabelecer as diretrizes gerais para
seu funcionamento, bem como dos grupos de trabalho que vierem a ser formados, elabo-
rando procedimentos, critérios e regulamentos. Esta comissão é composta por representan-
tes de entidades com atuação relevante na área ambiental brasileira, tais como UFRJ,
ABNT, FURNAS, INMETRO, CETESB, etc.
Atualmente a CCA conta com três grupos de trabalhos, Grupo A que trata dos crité-
rios para credenciamento de organismos de certificação ambiental; Grupo B que responde
sobre a qualificação e certificação de auditores ambientais e credenciamento de organis-
mos de treinamento de auditores ambientais e Grupo C respondendo sobre a certificação
de produtos (INMETRO, 1996).
A intensa participação do Brasil junto ao Comitê Técnico 207, responsável pela for-
mulação da ISO 14000, resultou na aceitação do Brasil como sede da IV Reunião Plenária,
conjugada com reuniões de todos os Subcomitês e Grupos Técnicos de Trabalho da referi-
da norma, prevista para a última semana de junho de 1996. Essa reunião plenária será a
maior e mais importante realizada até hoje pelo TC 207, pois nela as normas mais relevan-
tes sob a ótica da certificação (ISO 14001 e 14004) estarão sendo elevadas à categoria de
Norma Internacional, bem como as relacionadas com os princípios e procedimentos de au-
ditoria ambiental (ISO 14010, 14011 e 14012. As demais estarão sendo objeto de discus-
sões finais (ABNT, 1995).
Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 41
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Adoção de (novos)
Otimizar e elevar a
processos produtivos de
eficiência de processos. Tratamento eficaz de
menor impacto
ambiental. Reaproveitamento de efluentes líquidos,
insumos, subprodutos e emissões atmosféricas e
Desenvolvimento de
resíduos sólidos/ resíduos sólidos e semi-
produtos ou processos
mudanças de matérias- sólidos.
com características
primas ou insumos.
“ecológicas”.
Até o final dos anos 80 a gestão ambiental era considerada apenas como agregadora
de custos para as empresas, já que o seu único propósito era descartar o mais rápida e
economicamente os resíduos, de modo a atender aos requisitos legais, fixados
unilateralmente por organismos governamentais distanciados da realidade tecnológica e
econômica das empresas.
Naquele momento, o perfil do profissional ambiental era portanto eminentemente
técnico e orientado apenas a solução dos problemas no final do processo (efluentes,
emissões e resíduos sólidos) resultantes dos processos industriais, na maioria das vezes
sem nenhum envolvimento com o processo gerador dos mesmos, ou mínimo
conhecimento das causas de sua geração. Cabia ao profissional apenas resolver o
problema”viabilizando simultaneamente e unilateralmente a redução dos custos de
tratamento e disposição.
A partir do estabelecimento dos princípios da qualidade total, e do surgimento da
série de normas internacionais ISO 9000, o conceito de defeito e de re-trabalho foram
incorporados à linguagem das empresas. De lá para cá o conceito de defeito foi
gradualmente sendo associado à poluição e o de tratamento e disposição final dos resíduos
ao conceito de re-trabalho. Então surgiu o conceito e a prática da produção mais limpa ou
prevenção da poluição como forma de reduzir os resíduos na fonte, minimizando o defeito
poluição” e, consequentemente o re-trabalho envolvido em seu tratamento e disposição
final. Esta mudança foi assimilada com sucesso na maioria dos países industrializados, já
que a mesma alterou a percepção da gestão ambiental de agregadora de custos para fator
de competitividade por meio da minimização de custos na produção, melhoria da imagem
da empresa, prevenção de acidentes ambientais e seus custos inerentes, melhoria da
comunicação com as partes interessadas (especialmente no que se refere ao diálogo com os
órgãos de normalização, fiscalização e controle ambientais), entre outros.
A ênfase da gestão ambiental na prevenção da poluição ou produção mais limpa
trouxe consigo as seguintes mudanças:
Da apatia para: preocupação do grande público;
Do interesse local para: interesse global;
Do tratamento final de tubo para: prevenção da poluição;
Do isolamento para: envolvimento da alta administração;
De conformidade legal para: melhoria contínua;
Dos custos ambientais para: vantagem competitiva;
Das relações antagônicas e isolacionistas entre indústria e governo para: coo-
peração e participação.
5.3 Reciclagem
resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e
cycle = ciclo).
Como disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reapro-
veitamento,em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acon-
tece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimiza-
das a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulo-
se.
Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por
exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim,
ser reciclado continuamente.
No Brasil os recipientes para receber materiais recicláveis seguem o seguinte pa-
drão:
Azul: papel/papelão
Vermelho: plástico
Verde: vidro
Amarelo: metal
Preto:madeira
Laranja: resíduos perigosos
Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
Roxo: resíduos radioativos
Castanho: resíduos orgânicos
Cinza: resíduo geralmente não reciclável, misturado ou contaminado, não sendo
possível de separação.
5.4 Recuperação
necessários para evitar a sua liberação para o meio ambiente. As cinzas devem ter sua
composição analisada para que seja determinado o melhor método de disposição.
Normalmente são utilizados aterros industriais.
Monitoramento Necessário: Emissões atmosféricas, temperatura, tempo,
oxigenação, composição das cinzas.
O Marketing Verde não se limita à divulgação dos atributos verdes do produto (feito
de material reciclado, baixo consumo energético...), ele orienta a estratégia da organização
para que ela seja ambientalmente correta. O marketing verde não se restringe ao
Departamento de Marketing, envolve os departamentos de P&D, Recursos Humanos,
Educação, etc. É a imagem da organização que sensibiliza os consumidores.
Segundo Ottman (1997), uma organização que deseja utilizar o marketing verde
deve obedecer aos seguintes princípios:
Ser genuína – a estratégia geral da organização deve estar de acordo com a estra-
tégia de marketing. Vender aquilo que anuncia.
Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 50
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Educar seus clientes – mais importante do que informar ao cliente o que a organi-
zação está fazendo, é desenvolver ações para alertar e mostrar caminhos da cons-
trução de um desenvolvimento mais sustentável, de desenvolver ações visando
salvar o Planeta.
Outro aspecto que deve ser observado é o uso de termos técnicos, pois
frequentemente as informações prestadas são incompreensíveis, o que decepciona o
consumidor que busca informações.
Os selos verdes atestam que um produto causa menor impacto ambiental em relação
a outros “comparáveis” disponíveis no mercado. O objetivo é incentivar a melhoria
ambiental de produtos, processos e serviços, mediante a mobilização das forças de
mercado.
Duráveis – com um maior ciclo de vida irá evitar a geração de mais resíduos e a
extração de mais matéria-prima para a produção de novos produtos.
malefício ambiental. Assim, atestam que um produto causa menor impacto ambiental em relação a outros “comparáveis” dispo-
níveis no mercado. Fonte: Brasil (2008a)
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Produção, Universidade Federal de Santa Maria, RS.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!