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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

ESCOLA DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JOÃO MARTINS DA CUNHA JÚNIOR

SEGURANÇA NAS FUNDAÇÕES DE CASAS POPULARES.

Salvador – Ba
2008.1
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JOÃO MARTINS DA CUNHA JÚNIOR

SEGURANÇA NAS FUNDAÇÕES DE CASAS POPULARES.

Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial


para avaliação da disciplina Estágio II do curso de
engenharia civil da Universidade Católica do Salvador
sob orientação da professora Ana Sueli Pinho.

Salvador – Ba
2008.1
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PROBLEMÁTICA

De alguma maneira é preciso morar. No campo, na grande ou pequena cidade é


necessário algum tipo de moradia para o indivíduo sobreviver, não só para morar, mas para
se alimentar, realizar a sua higiene pessoal, se vestir, ter a sua privacidade, um abrigo para
descansar, conviver com a sua família entre outras necessidades.
A moradia ainda representa um custo elevado que nem todas as famílias possuem
renda suficiente para cobrir os gastos na compra de um terreno ou de uma edificação,
gerando a exclusão destas pessoas dos grandes centros das cidades. Com esta exclusão, a
população de baixa renda é obrigada a ir morar ao redor das cidades industrializadas, onde
não existem instalações elétricas, sanitárias, hidráulicas, por conta do preço do terreno
mais barato. São as chamadas periferias.
Para morar na periferia é preciso ter o seu terreno para construir a sua casa ou
edificação, e a situação piora quando a família não tem condições financeiras nem para
comprar o terreno nessas localidades, originando a invasão de terrenos privados, áreas de
proteção ambiental e áreas consideradas de risco.
Para as famílias que conseguem comprar o terreno, a forma mais rápida de
construir, é através de multirões organizados pelo dono do terreno e a mão-de-obra é de
familiares e amigos que executam os trabalhos nos fins de semana ou na folga do
proprietário do terreno. Este processo é conhecido como autoconstrução.
A autoconstrução preocupa devido a falta de um profissional capacitado para a
realização de um estudo preliminar da construção e no acompanhamento dos processos
executivos.
Um item muito importante na construção de uma casa ou uma edificação é a
fundação da mesma. A fundação é o elemento estrutural de base natural ou preparada,
destinada a suportar estrutura de qualquer tipo sejam edifícios, barragens, pontes, tanques
de armazenamento de líquidos, entre outras. Podem ser classificadas como superficiais (ou
rasas ou diretas), profundas e especiais.
É indispensável a existência da fundação em qualquer tipo de obra de engenharia,
pois ela é responsável pela garantia de suas condições de estabilidade, da conservação de
sua estética e da manutenção de sua funcionalidade. Segundo Orrico (2004) são quatro os
requisitos básicos a serem cumpridos por uma fundação:
a) apresentar segurança à ruptura suficiente, seja do terreno sobre o qual se apóia a
superestrutura, como também do material que constitui o elemento de fundação;
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b) conduzir a valores de deformações verticais (recalques) e horizontais compatíveis à


superestrutura projetada;
c) não oferecer riscos de segurança às fundações de estruturas vizinhas;
d) atender aos aspectos econômicos do construtor.
O tipo de fundação vai depender de algumas diretrizes, como o tipo de construção a
ser executada, características gerais do terreno, entre outras. As características do terreno
são obtidas através de uma análise no solo que é realizada através de um ensaio conhecido
como Standard Penetration Test (SPT). Trata-se de uma técnica simples, barata e bem
conhecida que através de sondagem o solo é retirado e levado para análise em laboratório,
o que determina também a presença de lençol freático. Conforme Wilson Conciani (2008),
para construções de pequeno porte, esta técnica pode chegar a até 20% do custo da obra,
valor estimado quando possui o orçamento total da obra.
Em construções próximas a encostas, consideradas como área de risco, é
fundamental o ensaio de sondagem para a determinação da fundação que irá prevenir
contra o desabamento da construção no caso de um deslizamento de terra. Outras
conseqüências como trincas e rachaduras nas paredes são alguns dos problemas causados
com o recalque (deformações verticais) que o solo pode sofrer com o excesso de chuvas,
ressecamento dos mesmos ou peso da construção quando não tem uma boa fundação.
Como a execução correta de uma fundação com o estudo do terreno, possui um
custo elevado para a população de baixa renda, pela necessidade de um engenheiro
determinar alguns aspectos essenciais para a construção, as famílias constroem de acordo
com o que o pedreiro da construção acha que deve ser feito, por ter de alguma forma
presenciado em obras onde já trabalhou. Essas pessoas procuram reduzir os custos da
melhor maneira possível, usando as fundações que melhor assemelham com o material
disponível para a construção, com a facilidade do manuseio entre outras.
Muitos usam uma espécie de fundação rasa, chamada de blocos que são colocados
sobre algumas estacas escavadas a trado manual na altura em torno de 1,00 a 1,50 metros.
As estacas podem ser de concreto armado ou simplesmente de concreto, e são colocadas
em locais onde irão nascer os pilares.
As estacas são peças alongadas de pequena seção transversal em relação ao seu
comprimento, tendo essencialmente a função de transmitir as cargas que suportam para
camadas profundas de solo. Neste caso a estaca utilizada é a estaca broca, que é utilizada
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quando a presença de solo firme for superior a 0,60 metros de profundidade e tem a função
de apoiar a viga baldrame.
Para Orrico (2004), o procedimento de execução da fundação é o seguinte:
a) Perfuração – é feita a trado manual ou mecânico e deve prosseguir até a
profundidade desejada pelo calculista. Só pode ser efetuado sem a presença de
lençol freático, o diâmetro das brocas variam de 20 a 50 mm;
b) Concretagem - o concreto deve ser lançado do topo da perfuração com o auxílio de
funil, devendo apresentar Fck não inferior a 15 Mpa (Fck – resistência
característica do concreto, que também é um dado fornecido pelo engenheiro
calculista);
c) Armadura - estas estacas não são armadas, utilizando-se somente armaduras de
ligação com o bloco. Quando necessário, a estaca pode ser armada para resistir aos
esforços da estrutura.
Muitas vezes o material usado em construção de casas populares feitas pela população
de baixa renda é sobra de material deixado nas ruas ou até mesmo em lixões e recolhido
pela população. Outra opção utilizada é o radier.
O radier é uma fundação superficial. É uma laje de concreto armado sobre o solo
que serve de apoio à estrutura, podendo ser usada como contrapiso e calçada. Só pode ser
executado em um terreno cujo solo seja uniforme para evitar possíveis recalques, para isso
é necessário realizar a análise do solo. No radier não é preciso o uso de estacas para servir
de apoio, pois só são empregados em terrenos firmes.
Outros usam a viga baldrame, que é uma sapata corrida que pode ser usada quando
encontra um terreno firme até 0,60 metros de profundidade. É feita a escavação em seção
retangular, cujas dimensões serão fornecidas pelo engenheiro calculista, e a baldrame pode
ser realizada de concreto armado ou de bloco de concreto. A ferragem da viga é calculada
pelo engenheiro calculista que irá fornecer o tamanho das bitolas dos ferros, o espaçamento
dos estribos, o recobrimento da armadura, para evitar corrosão, e a classe do concreto a ser
empregado. Os pilares são locados em um mesmo alinhamento e nascem sobre a baldrame.
As cintas de amarração são usadas como espécie de viga baldrame, também uma fundação
considerada rasa, para o travamento das vigas que servem como fundação. Na viga
baldrame usa o terreno como fôrma.
O objetivo da pesquisa é estudar no campo a existência da segurança nas fundações
de casa populares, comparando com a norma de projeto e execução de fundações – NBR
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6122. Com o intuito de obter este objetivo, foram determinadas as seguintes questões
orientadoras:
1. Quais os tipos de fundação existentes nas casas populares?
2. Como o processo executivo é realizado nas fundações de casas populares?
3. As fundações de casas populares são compatíveis com a NBR 6122?

Para responder as questões orientadoras será utilizada uma metodologia que será dividida
em etapas.
A primeira etapa deste trabalho será o levantamento bibliográfico e técnico, este
será feito por diferentes fontes de pesquisa com a intenção de coletar informações de
diversos autores sobre as questões envolvendo a segurança das fundações de casas
populares.
Depois de realizado todo o levantamento de informações, a segunda etapa do
trabalho é a revisão bibliográfica, que tem como objetivo a organização dos principais
tópicos a serem utilizados para a realização da pesquisa.
A terceira etapa será constituída da pesquisa em campo através de questionários e
entrevistas para saber qual o tipo de fundação que foi utilizada na casa do entrevistado.
Na quarta etapa será feito o estudo de caso de algumas fundações que foram obtidas
na terceira etapa e relacionar o seu processo executivo com a norma regulamentadora de
projeto e execução de fundações – NBR 6122.
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REFERÊNCIAS

- RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. 4ª ed. São Paulo:
Editora Contexto, 1998 (Coleção Repensando a geografia).
- ORRICO, Eduardo Fernando. Introdução ao estudo de fundações. Vitória Régia
(Agência de criação e editora), 2004.
- CONCIANI, Wilson. Projeto simplifica alicerces de casas populares.
www.conciani.com.br. Disponível em 14/04/2008.

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