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Como escolher o tipo de fundação da minha obra?

Durante a complexa jornada de se projetar uma obra é comum que surjam diversas dúvidas
sobre qual caminho seguir, dentre as várias escolhas possíveis durante o planejamento uma
das mais importantes é “como escolher o tipo de fundação da minha obra? ”.

A fundação é o elemento estrutural responsável por transferir as cargas dos pilares para o
solo, sendo assim a fundação suporta as cargas dos pilares que por sua vez suportam as cargas
das vigas e essas suportam o peso das lajes. Para escolher o melhor tipo de fundação temos
que levar em conta diversos fatores e um dos mais importantes é o próprio terreno.

O terreno

O terreno que a obra será executada é um dos fatores mais importantes na escolha das
fundações a existência ou não de lençol freático, resistência do solo e composição do solo são
alguns dos fatores importantes na hora de escolher a fundação.

Um terreno com solo bem resistente ou com afloração de rocha já nos primeiros metros pode
ser o mais adequado para fundações rasas, já um solo menos resistente pode ser o ideal para
fundações profundas.

Caso o terreno tenha lençol freático no seu subsolo é preciso atenção redobrada já que alguma
fundação tem restrições quanto o contato com água.

Para saber melhor como mapear o terreno é preciso que seja realizado um ensaio de
sondagem é com o resultado da sondagem em mãos que saberemos melhor como é o subsolo
do terreno, mas cuidado a sondagem não pode ser feita de qualquer jeito existem vários
métodos e normas para serem seguidas para ajudar você nessa etapa o Construa entrega a
você o passo-a-passo de como planejar, executar e interpretar sondagens dos mais variados
métodos.

Arquitetura e método construtivo

Outro fator preponderante para a escolha da fundação é o projeto arquitetônico da obra e seu
método construtivo. A arquitetura de uma obra pode definir diferentes cotas de fundação
além de claro definir a área total da obra. Com o projeto arquitetônico e a sondagem em mãos
o engenheiro calculista pode definir as cargas que serão distribuídas por cada fundação
sempre levando em conta a segurança e economia.

Fundação rasa x fundação profunda

Depois de ter em mãos os ensaios da sondagem e a divisão das cargas da obra é hora de
definir a fundação e considerando os métodos mais usados podemos dividir as fundações em
dois grandes grupos: fundações rasas (diretas ou superficiais) e fundações profundas
(indiretas).

Segunda a NBR 6122 – Projeto e execução de fundações, fundação rasa é definida como a
fundação em que a carga é transmitida ao terreno predominantemente pelas pressões
distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de assentamento em relação ao
terreno é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Na categoria de fundação rasas
se encontram as sapatas, os blocos, os radies, as sapatas associadas, as vigas de fundação e as
sapatas corridas.
Por outro lado, segunda a mesma norma fundação profunda é definida como o elemento de
fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície
lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, e que se encontra assentado
em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão, e no mínimo 3 metros, salvo
justificativa. Na categoria de fundação profunda incluem-se as estacas, os tubulões e os
caixões.

Dentro dessas duas grandes categorias os métodos mais comuns são:

Estacas

Esse tipo de fundação costuma ser muito usado em solos menos firmes e por definição são um
elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas,
sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de operário.

Estacas tem seção transversal muito pequena em relação ao seu comprimento e podem ser de
concreto, madeira, metálicas ou mistas (dois materiais). E ainda podem ser moldadas in loco
(feitas na própria obra) ou pré-moldadas.

Estaca tipo broca

Estaca cuja perfuração é feita através de trado manual, é um dos elementos de fundação amis
comuns para obras pequenas em solos não muito resistentes.

Estaca "hélice contínua"

Tipo de fundação profunda constituída por concreto, moldada in loco e executada por meio de
trado contínuo e injeção de concreto pela própria haste do trado. Esse tipo de fundação tem
sido bastante usado em obras com cargas consideráveis em terrenos com solos não muito
resistentes. Faz parte do grupo de estacas escavadas sendo a mais utilizada por quase sempre
ser a que demanda menos recursos financeiros.

Estacas cravadas

Também conhecidas como “bate estacas” é utilizado em construções de diversos portes em


solos com baixa resistência superficial, à estaca pode ser cravada por prensagem (macaco
hidráulico) ou por percussão (uso de martelo a gravidade).

Por ser uma fundação que gera vibração o seu uso pode ser restrito em algumas áreas.

Tubulão

Os tubulões podem ser feitos a céu aberto ou sob ar comprimido e constituídos de aço ou
concreto. Esse tipo de fundação geralmente é executado para obras de grande porte e pelo
menos na sua fase final existe a descida de operário no seu interior.

O tubulão a céu aberto geralmente é executado acima do lençol freático e feito a partir da
concretagem de um poço aberto no terreno.

Sapatas

As sapatas são fundações rasas e com capacidade de carga baixa ou média. Por isso, são
recomendadas para terrenos com solo firme e boa resistência. Nesse sistema de fundação a
cargas de tração é resistida pela armadura, geralmente possuem forma trapezoidal.

Existem ao todo 4 tipos de sapatas: sapata isolada, sapata corrida, sapata associada e sapata
alavancada.
Ao executar uma sapata cuidado com o contato direto do solo com a armadura, o Construa
recomenda o uso de uma camada de brita no solo antes da concretagem e colocação da
armadura.

Via de regra esse tipo de fundação é mais econômico quando a área da base das sapatas é
inferior a 50% da área total da casa.

Radier

Elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou carregamentos


distribuídos, é construído de forma parecida a uma laje ou uma placa de concreto armado.

Esse tipo de fundação costuma ser econômica e indicada para solos argilosos e obras de
pequeno porte.

Ao executar um radier lembre-se de que as instalações elétricas e hidráulicas devem ser


executadas previamente. Outro cuidado importante é a cura correta do radier.

Bloco de Fundação

Essa fundação é executada com concreto e tem a base quadrada ou retangular. Não tem
necessidade de armadura já que esse elemento deve ser dimensionado para que o concreto
resista tanto as cargas de compressão quanto as de tração.

O bloco é recomendado para obras de pequeno porte em solos com boa capacidade de
resistência. É uma fundação de rápida execução e menor custo.

Segundo a NBR 6122 os blocos não devem ter dimensão menor que 60 cm.

Viga baldrame

As vigas baldrames não são consideradas propriamente uma fundação já que a sua função é
distribuir o peso das paredes para as fundações.

Bloco sobre estacas

Os blocos sobre estacas ou de coroamento são elementos que fazem a distribuição de cargas
do pilar para fundações profundas como estacas ou tubulões. Os blocos de coroamento são
armados e seguem normativos de cálculo definidas pelo item 22.7 da NBR 6118 - Projeto de
estruturas de concreto –Procedimento.

Os blocos podem fazer a ligação de pilares entre uma ou mais estacas dependendo da
necessidade.

Observações importantes

Depois de definir o tipo de fundação é sempre bom ter em mente algumas dicas importantes e
recomendações gerais para a execução.

Uma das dicas principais é em caso de terreno com aterro tome cuidado com recalques, já que
geralmente esse tipo de solo não é compactado também bem quanto o solo natural. Se
possível sempre calcule sua fundação passando do aterro.

Evite cravações e vibrações próximas a estruturas de contenção como murros de arrimo, essas
estruturas já se encontram sobre grandes cargas então é prudente que se evite o possível para
gerar alguma carga a mais que comprometa a contenção
Avalie as condições das construções vizinhas e faça memorial fotográfico das condições das
casas vizinhas ante e depois da execução das fundações. Essas e outras dicas você encontra na
tela do seu smartphone com o aplicativo do Construa.

Conclusão

Como esperado a decisão de qual fundação escolher para a sua obra pode ser definida como
uma balança entre segurança e economia onde cada detalhe importa, cada decisão acertada
nessa hora é crucial para que lá no fim da obra o resultado seja o melhor possível.

E dentre tantos caminhos e decisões a serem tomados nós do Cosntrua temos a missão de
descomplicar todos esse processo através de um compilado imenso de normas, bibliografias e
boas práticas de profissionais renomados na área, para saber mais cadastre-se no nosso
pré-acesso clicando aqui.

Referencias

NBR 6122 - Projeto e execução de fundações

NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto — Procedimento

Conaz – “Tipos de fundações: como definir a melhor para sua obra? ”

Cerâmica Mônaco - “Tipos de Fundações: Como Escolher a Melhor para Minha Obra? ”

Sienge – “Fundação na construção civil: Como escolher o tipo e executar bem? ”

Civilização Engenheira – “Elemento estrutural responsável por distribuir os esforços da


edificação no solo. Conheça os tipos de fundações”

Escola Engenharia – “Viga Baldrame: O que é e como executar”

Mérito Engenharia – “O que são blocos de coroamento?”

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