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CURSO FUNDAÇÕES EM CONCRETO ARMADO

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Introdução:

1. O que são fundações?

As fundações são elementos fundamentais em estruturas de

concreto armado, pois são responsáveis por transmitir as cargas da

edificação para o solo de forma segura e estável.

Figura1. Caminho das ações

Fonte: instagram.com/engmatheusborges
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2. Qual a importância na escolha correta?

A escolha correta do tipo de fundação é fundamental para

garantir a segurança e estabilidade de uma edificação, seja ela uma

casa ou algo maior como um prédio de vários andares. Uma

fundação inadequada pode comprometer toda a estrutura,

colocando em risco a vida das pessoas e prejudicando o

desempenho da construção.

Por isso, é importante que o engenheiro civil e o pedreiro/mestre

de obras conheçam as características do solo e as cargas que serão

suportadas pela estrutura, a fim de escolher o tipo de fundação mais

adequado.

Além disso, é crucial que a execução da fundação seja

realizada de forma correta e seguindo as normas técnicas e de

segurança, a fim de garantir a qualidade e durabilidade da estrutura.

De forma resumida, a escolha correta do tipo de fundação e a

execução adequada são fatores essenciais para a construção de

uma edificação segura e resistente.


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3. Quais informações eu preciso para escolher a

fundação correta?

Para escolher o tipo de fundação mais adequado para uma

edificação, é necessário considerar as seguintes informações:

• Características do solo: É importante conhecer as propriedades

do solo, como tipo, resistência e capacidade de suporte de

carga. Isso pode ser obtido por meio de sondagens e ensaios

geotécnicos.

• Cargas atuantes: É necessário conhecer as cargas que serão

suportadas pela estrutura, como o peso próprio da construção,

o peso dos elementos estruturais, o peso das pessoas e dos

equipamentos, entre outros.

• Geometria da edificação: É preciso conhecer a geometria da

edificação, como a altura, a distribuição das cargas e a

disposição dos pilares.

• Restrições de projeto: É necessário considerar as restrições de

projeto, como a proximidade de outras edificações, de

tubulações e de redes elétricas.

Com base nessas informações, o engenheiro civil pode escolher o

tipo de fundação mais adequado para a edificação.


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De acordo com a NBR 6122, para qualquer edificação deve ser feita

uma campanha de identificação geotécnica preliminar, constituída

de no mínimo por sondagens a percussão (com SPT), de forma

resumida é o método que vai identificar após escavação em que

ponto o solo tem determinado nível de resistência.

Figura 2. Esquema ensaio SPT

Fonte: metalica.com.br
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Aula 2: Tipos de fundações

4. Como se classificam as fundações?

As fundações podem ser classificadas em dois tipos principais:

• Fundações diretas: são aquelas que transmitem as cargas da

edificação diretamente para o solo. Também chamada de

fundações rasas. Exemplos: sapatas e radier.

• Fundações indiretas: são aquelas que transferem as cargas da

edificação para o solo por meio de atrito lateral. Também

chamada de fundações profundas. Exemplo: estacas.

Figura 3 - Diferença entre fundação superficial e fundação profunda

Fonte: adaptada de ABNT (2019).


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5. Quais são os tipos de fundações mais comuns (e

definições)?

De acordo com a NBR 6122 – Projeto e execução de fundações, os

tipos mais comuns de fundações são:

a) Sapatas: elemento de fundação rasa, de concreto armado,

dimensionado de modo que as tensões de tração nele

resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura

especialmente disposta para este fim.

Figura 4. Anatomia de uma sapata isolada

Fonte: instagram.com/engmatheusborges
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b) Estaca: elemento de fundação profunda executado inteiramente

por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase

de sua execução, haja trabalho manual em profundidade.

Figura 5. Esforços atuantes em uma estaca

Fonte: Esp. Aline Cristina Souza dos Santos

c) Tubulão: elemento de fundação profunda em que, pelo menos

na etapa final da escavação do terreno, faz-se necessário o

trabalho manual em profundidade para executar o

alargamento de base ou pelo menos para limpeza do fundão

da escavação, uma vez que este tipo de fundação as cargas

são resistidas preponderantemente pela ponta.


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Figura 6. Geometria esquemática de um tubulão típico


Fonte: adaptada de Albuquerque e Garcia (2020).

d) Radier: elemento de fundação rasa dotado de rigidez para

receber e distribuir mais do que 70% das cargas da estrutura.

Figura 7. Radier
Fonte: construcaociviltips.blogspot.com

e) Broca: fundação profunda perfurada com trado manual,

preenchida em concreto, com comprimento mínimo de 3m,

utilizada para pequenas construções, com cargas limitadas a

100 kN (aproximadamente 10 Tf.)


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Figura 8. Broca
Fonte: clubedoconcreto.com.br

Aula 3: Tipos mais comuns de estacas

6. Estaca escavada

Como o nome já diz, este tipo de estaca é executado por meio de

escavação do terreno, utilizando um equipamento mecanizado que

perfura o solo “com trado curto acoplado a uma haste até a

profundidade especificada em projeto, devendo-se confirmar as

características do solo através da comparação com a sondagem mais

próxima” (NBR 6122:2019), pag. 69).

Quando possível, este tipo de estaca tende a ser a mais

econômica, porém, possui limitações:

• A sua profundidade é limitada ao nível do lençol freático (N.A.).

• A concretagem deve ser feita no mesmo dia da perfuração.


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7. Estaca hélice contínua monitorada

Essa estaca recebe este nome devido à ferramenta utilizada

para a sua perfuração — uma broca composta por um tubo central oco

com hastes laterais helicoidais contínuas, a hélice contínua. Ela é

moldada, in loco, por meio da injeção de concreto, sob pressão, pela

haste central da broca, simultaneamente, à sua retirada do solo

(BERBERIAN, 2010).

Figura 9. Etapas de execução da estaca hélice contínua monitorada

Fonte: Esp. Aline Cristina Souza dos Santos

Suas principais vantagens:

• Pode ser executada abaixo do nível do lençol freático

(N.A.).

• Elevada produtividade: com, apenas, uma equipe de

trabalho, podem ser realizadas perfurações diárias na ordem


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de 150 m a 400 m por dia, dependendo das condições do

projeto.

• Ausência de vibrações ou ruídos: diferentemente da

maioria dos equipamentos

típicos de percussão.

8. Estaca pré-fabricada (concreto)

Este tipo de estaca pode ser fabricado em concreto armado ou

protendido, desde que apresente resistências compatíveis com os

esforços de correntes de manuseio, transportes, cravação e utilização.

Comumente, são empregadas estacas com seções transversais

quadradas, hexagonais, octogonais e circulares, e aquelas de maiores

dimensões são vazadas para reduzir o peso próprio da peça (MAIA et

al., 2019).

A sua cravação, assim como nas estacas metálicas, também

pode ser realizada por percussão, vibração ou prensagem.


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Figura 10. Estaca pré-moldada de concreto sendo cravada por bate-

estaca

Fonte: Shutterstock

9. Estaca metálica

Este tipo de estaca é fabricado em aço e com variadas opções

de seção transversal.

Podem atingir cotas muito profundas do terreno devido ao fato

de seus elementos serem, facilmente, emendados, por meio de soldas.


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Figura 11. Estacas metálicas

Fonte: aegrupo.com.br

10. Demais tipos de estacas

Deve-se citar ainda que temos mais tipos de estacas,

tais como:

• Madeira;

• Cravada à reação (Mega);

• Strauss;

• Franki;

• Raiz;

• Barrete

• Estaca tubular de aço.


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Aula 4: Sapatas e radier

11. Tipos de sapatas

As sapatas comumente são divididas nos seguintes tipos:

• Sapata isolada: recebe a carga pontual de, apenas, um pilar.

Figura 12. Sapata isolada

Fonte: adaptada de Alonso (2019).

• Sapata associada: recebe a carga pontual de mais de um pilar.

Figura 13. Sapata associada

Fonte: adaptada de Albuquerque e Garcia (2020).


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• Sapata corrida: recebe a carga distribuída de mais de um pilar

ou de uma parede num mesmo alinhamento; assemelha-se a

uma viga que distribui a carga por contato direto com o solo.

Figura 14. Sapata corrida

Fonte: utilizandobim.com

12. Como é calculado o tamanho da sapata?

De acordo com a NBR 6122, as dimensões mínimas de uma

sapata é de 60x60cm.

Para determinar o tamanho da sapata, basicamente deve-se

dividir a carga atuante (do pilar) pela tensão admissível do solo

(valores obtidos de ensaio tipo SPT e/ou ensaio de placa).


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Figura 15. Dimensões

Fonte: utilizandobim.com

Quanto maior a carga, maior a base, conforme figura ilustrativa abaixo.

Figura16. Anatomia de uma sapata isolada

Fonte: instagram.com/engmatheusborges
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13. Como executar corretamente uma sapata.

Ver vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=fsAeGNdxmp8&list=PLTNOKHPF9a

5H4HxzrGv7OHsUw70dxwofG&index=1

14. Quando é possível fazer um radier?

O radier é um tipo de fundação direta rasa, portanto, deve-se

utilizar quando o solo tem uma boa tensão superficial e as cargas da

fundação sejam relativamente baixas (ou solo impenetrável). É

basicamente uma laje maciça apoiada diretamente sobre o solo.

Geralmente, são utilizados quando: ocorrem muitas

sobreposições de áreas de sapatas devido a cargas elevadas dos

pilares e baixa resistência dos solos e se deseja uniformizar os

recalques pela associação de todos (ou quase todos) os pilares da

edificação. Ou em edificações onde as cargas são lineares (como

alvenaria estrutural, por exemplo).

15. Como executar corretamente um radier

Para a execução de radiers do tipo armados, normalmente, é

utilizado um concreto com resistência à compressão de 25 MPa. Já

para os protendidos, o mais comum é recorrer ao concreto de 30 MPa.


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Deve-se também ter uma atenção com relação à cura do concreto

armado que pode ser obtida com lâmina d’água ou através de uma

manta geotêxtil umedecida.

As etapas para execução são:

a) Abertura e preparação da cava/vala;

b) Colocação de camada de brita para nivelar o terreno e evitar o

contato da armação com o solo;

c) Colocação de lona plástica ou manta retardadora de vapor;

d) Posicionamento das instalações hidrossanitárias e elétricas;

e) Posicionamento de armaduras: comuns e passivas no caso de CA

e de protensão (ativas) no caso de CP;

f) Concretagem (não esquecendo da rastreabilidade e de execução

de ensaios aplicáveis nesta etapa);

g) Cura do concreto,

h) Impermeabilização e reaterro (quando aplicável)

Aula 5: Tubulões

16. Quando utilizar um tubulão?

Normalmente o tubulão é utilizado em situações como:

a) Se for preciso executar uma fundação profunda, em área

urbana, no solo abaixo do leito de um rio que não pode ser


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desviado ou esgotado durante os trabalhos (como execução

de pontes, por exemplo);

b) Tubulões são, em geral, empregados nos casos cujas

camadas de solo próximas à superfície do terreno

apresentam baixa capacidade de carga (baixa resistência)

e/ou elevada compressibilidade;

c) Locais onde temos cargas altas e há dificuldade de acesso

com equipamentos para estacas.

17. Quais os tipos de tubulões?

Classificamos os tubulões, de acordo com a condição de escavação,

em dois grupos: tubulões a céu aberto e aqueles a ar comprimido (ou

pneumáticos).

a) Tubulões a céu aberto são aqueles executados em condições a

céu aberto, cujo interior é submetido, apenas, à pressão

atmosférica, do início ao fim dos trabalhos. Indicados para

situações de posicionamento “acima do lençol freático, ou

mesmo abaixo dele, nos casos em que o solo se mantenha

estável sem risco de desmoronamento e seja possível controlar

a água no interior do tubulão”

b) Tubulões a ar comprimido (ou pneumáticos) são executados

em condições controladas e confinadas com seu interior,


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submetido à pressão de ar comprimido, do início ao fim dos

trabalhos, para expulsar (secar) a água no interior da escavação.

São indicados para situações de posicionamento abaixo do nível

d’água em solos que não atendem às condições de estabilidade

e apresentem risco de desmoronamento, por isso, a “escavação

do fuste destes tubulões é sempre realizada com o auxílio de

revestimento, que pode ser de concreto ou de aço (perdido ou

recuperado)”

18. Como é executado um tubulão?

Execução de um tubulão a ar comprimido:

A execução deste tipo de tubulão segue o procedimento de

escavar o terreno até a profundidade onde se detecta a presença de

água, em seguida, é feito o posicionamento de uma campânula que

isola a área da escavação e permite a injeção de ar comprimido no

poço, com pressão suficiente para manter o lençol freático longe da

escavação. Os trabalhadores prosseguem nas escavações, em

condições de maior pressão (hiperbárica) e de solo seco, até a

profundidade considerada ideal ao alargamento da base.


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A figura, a seguir, ilustra a instalação dos equipamentos e

revestimentos que promovem a condição para o trabalho de

escavação hiperbárica ou sob ar comprimido.

Figura 17. Instalação dos equipamentos empregados em tubulão a ar

comprimido ou pneumático

Fonte: adaptada de Albuquerque e Garcia (2020).


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Execução de um tubulão a céu aberto:

Figura 18. Execução dos tubulões a céu aberto

Fonte: https://www.totalconstrucao.com.br/tubuloes/
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As etapas de execução deste tipo de fundação são:

1. Escavação mecânica ou manual do fuste;

2. Alargamento da base e limpeza

3. Conferência da base pelo engenheiro ou então pelo

responsável pela obra

4. Por fim, a concretagem.

Para concluir, o mais importante, ao final de um curso como este, é


que você consiga reproduzir a lógica que conduz um engenheiro a
definir um tipo de fundação em detrimento de outro sem perder de
vista o fato de que são as fundações que irão garantir a estabilidade
e a segurança; seja ela da dimensão que for.
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