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Notas de Aula

Sistemas Construtivos 1

FUNDAÇÕES (alicerce)
1. ASPECTOS A CONSIDERAR NA ESCOLHA DO TIPO ADEQUADO DE FUNDAÇÃO
- Solo (tipo de solo; capacidade de suporte; nível do lençol freático);

- Carregamentos; e

- Área ou superfície de transmissão do carregamento ao solo.

2. FUNDAÇÃO SUPERFICIAL (RASA OU DIRETA)


Elemento de fundação em que a carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas sob a
base da fundação, e a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente à
fundação é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Algumas fontes afirmam que
são fundações executadas a até três metros abaixo do nível da base da construção.

1) Baldrame 2) Blocos ou Sapatas 3) Radier

2.1 Blocos
Elemento de fundação superficial dimensionado de modo que as tensões de tração nele
resultantes sejam resistidas pelo material, sem a necessidade de armadura. Este tipo de
fundação normalmente é utilizado quando há atuação de pequenas cargas.

Os blocos são elementos estruturais de grande rigidez, que suportam


predominantemente esforços de compressão simples provenientes das cargas
dos pilares. Podem ser de concreto simples (não armado) ou de pedra
(argamassada ou não). Geralmente, usam-se blocos quando a profundidade da
camada resistente do solo está entre 0,5 e 1,0 m de profundidade.

2.2 Baldrames
Os baldrames, também denominados em algumas
regiões do Brasil como alicerces, normalmente
são utilizados na construção de pequenas
construções e/ou para suportar cargas não muito
elevadas, podendo ser de concreto, alvenaria de
tijolos cerâmicos, de blocos de terra crua ou
mesmo de pedra, sem a necessidade de armação
(podem ter). Trabalham principalmente resistindo
a esforços de compressão.

Em boa parte dos casos devem receber algum sistema de impermeabilização para evitar a
ascensão capilar da umidade.

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2.3 Radier

Elemento de fundação superficial (superfície, placa ou laje) que suporta ao mesmo tempo os
carregamentos de uma edificação provenientes de pilares e/ou paredes, distribuindo-os ao solo.
Por consumir um volume de concreto relativamente alto, é mais viável em obras com grande
concentração de cargas.

Usualmente é executado em concreto armado, uma vez que, além de esforços de compressão,
devem resistir a momentos provenientes dos pilares e/ou paredes diferencialmente carregados,
e ocasionalmente a pressões do lençol freático (necessidade de armadura negativa). Entretanto
existem radiers projetados para trabalhar com esforços apenas de compressão, como é o caso
dos radiers abobadados, podendo assim serem executados com pequenos componentes (tijolos
ou blocos).

O fato do radier ser uma peça inteiriça permite alcançar grandes áreas de distribuição e
transmissão dos carredamentos das edificações, o que possibilita o seu uso tanto em
construções de pequeno porte e carregamento quanto as de grande porte e com cargas
elevadas.

Outra vantagem é que a sua execução cria uma plataforma de trabalho para os serviços
posteriores; porém, em contrapartida, impõe a execução precoce de todos os serviços
enterrados na área do radier (instalações sanitárias, drenagens, etc.).

Os radiers podem ser enrigessidos por vigas ou paredes estruturais, como é o caso do radier
celular ou nervurado. Isto ocorre quando os carregamentos são muito elevados e as tensões
para serem absorvidas por uma placa o superfície lisa acarretariam em estruturas maciças de
custo elevado e alto consumo de material.

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2.4 Sapata

Transmitem para o solo de maneira pontual, através de sua base, a


carga de um pilar ou de uma viga.

Elemento de fundação superficial, usualmente de concreto armado,


dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes
sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente disposta
para esse fim.

Ao contrário dos blocos, as sapatas não trabalham apenas à compressão simples, mas também à
flexão, devendo neste caso serem executadas incluindo material resistente à tração.

Sapata Isolada: entre as sapatas é a solução preferencial


por ser, em geral, mais econômica e por consumir menos
concreto. Um projeto econômico deve ser feito com o
maior número possível de sapatas isoladas.

As sapatas podem ter vários formatos, mas o mais comum


é o cônico retangular, pois consome menos concreto e
exige trabalho mais simples com a fôrma.

A sapata deve, preferencialmente, ter seu centro de


gravidade coincidindo com o centro de cargas.

Sapata Associada: Sapata comum a dois ou mais pilares. No caso em que a proximidade entre
dois ou mais pilares seja tal que as sapatas isoladas
se superponham, deve-se executar uma sapata
associada. A viga que une os dois pilares denomina-
se viga de rigidez e tem a função de permitir que a
sapata trabalhe com tensão constante.

Além disso, podem ser necessárias quando as


cargas estruturais forem grandes. Como nas sapatas
isoladas, o posicionamento da peça de fundação
deve respeitar o centro de cargas dos pilares.

Sapata Corrida: Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente ou de pilares ao
longo de um mesmo alinhamento.

São elementos contínuos que acompanham a linha das paredes, ou


melhor, são dispostas abaixo do carregamento linear. As sapatas
corridas normalmente recebem as cargas diretamente das paredes.

A transferência de carga é feita linearmente. As sapatas corridas são


semelhantes aos baldrames, porém são utilizadas em situações de
maior carregamento ou com solos menos resistentes, porexigirem
maior superfície de transmissão para o mesmo carregamento.

A utilização de sapatas corridas é adequada economicamente enquanto sua área em relação à


da edificação não ultrapasse 50%. Caso contrário, é mais vantajoso reunir todas as sapatas num
só elemento de fundação, como o radier.

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Sapatas Alavancadas: Caso o projeto preveja uma sapata em


divisa de terreno ou com algum obstáculo, a peça não consegue
ter o centro de gravidade e o centro de cargas coincidentes. Para
compensar a excentricidade das cargas, é necessário transferir
parte dos esforços para uma sapata próxima por meio de uma
viga alavancada.

Fundação Superficial (rasa ou direta) – Procedimento executivo

Para a execução das fundações rasas ou diretas usualmente são realizadas as seguintes etapas:

1. Escavação;

2. Colocação de um lastro de concreto magro de 5 a 10 cm de espessura. A superfície final


deverá resultar plana e horizontal;

3. Posicionamento das fôrmas (quando o solo assim o exigir);

4. Colocação das armaduras (se o tipo de fundação exigir);

5. Concretagem;

6. Execução de camada impermeabilizante (quando necessário);

7. Reaterro: após a execução da fundação, ou após a cura (quando se tratar de concreto),


deverá ser feito o reaterro compactado da cava ou vala;

3. FUNDAÇÃO PROFUNDA
Elemento de fundação que transmite a carga ao solo pela base (de suporte), ou por sua
superfície lateral (de atrito) ou pela combinação das duas situações, devendo sua ponta ou base
estar assentada em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no
mínimo a 3,0 m do nível mais baixo da construção. São fundações profundas as Estacas e os
Tubulões.

3.1 TUBULÃO
Elemento de fundação profunda, escavado no terreno em que, pelo menos na sua etapa final, há
descida de pessoas, que se faz necessária para executar o alargamento de base e/ou a limpeza
do fundo da escavação, uma vez que neste tipo de fundação as cargas são transmitidas
essencialmente pela ponta. Os tubulões podem ser do tipo “tubulão a céu aberto” ou “tubulão a
ar comprimido”.

Tubulão a céu aberto: Consiste em um poço aberto manualmente ou


mecanicamente em solos coesivos, de modo que não haja desmoronamento
durante a escavação, e acima do nível d’água.
Quando há tendência de desmoronamento,
reveste-se o furo com tubo de concreto ou tubo de
aço. O fuste é escavado até a cota desejada, a
base é alargada e posteriormente coloca-se a
armação na cabeça do fuste e enche-se de
concreto.

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Tubulões a ar comprimido: Este tipo de fundação é utilizado quando existe água no solo a ser
escavado, exigem-se grandes
profundidades e/ou existe o perigo de
desmoronamento das paredes. Neste
caso, a injeção de ar comprimido nos
tubulões impede a entrada de água, pois
a pressão interna é maior que a pressão
da água, sendo a pressão empregada no
máximo de 3 atm, limitando a
profundidade em 30m abaixo do nível
d’água. Isso permite que sejam
executados normalmente os trabalhos de
escavação, alargamento do fuste e
concretagem.

Estes tubulões são encamisados com


camisas de concreto ou de aço. No caso
de camisa de concreto, a cravação da
camisa, abertura e concretagem da base
são feitas sob ar comprimido, pois o
serviço é feito manualmente. Se a camisa
é de aço, a cravação é feita a céu aberto
com auxílio de um bate estacas e a
abertura, alargamento de base e
concretagem do tubulão são feitos a ar
comprimido.

3.2 ESTACA
As estacas são elemento de fundação profunda executadas inteiramente por equipamentos ou
ferramentas, sem que em qualquer fase de sua execução, haja descida de pessoas. Os materiais
empregados podem ser: madeira, ferro, aço, concreto pré-fabricado, concreto moldado in loco,
ou pela combinação destes. As estacas podem ser classificas em duas categorias:

a) Estacas de deslocamento (de cravação)

b) Estacas escavadas

Estacas de Deslocamento: São aquelas introduzidas ou cravadas no terreno através de algum


processo que não provoca a retirada do solo. Por exemplo: Estaca pré-moldada de concreto;
Estaca metálica; Estaca de madeira; e Estaca tipo Franki.

Estacas Escavadas: São aquelas executadas in situ através de perfuração do terreno por um
processo qualquer, com ou sem remoção de material, com ou sem revestimento, com ou sem a
utilização de fluido estabilizante. Por exemplo: Estaca Strauss; Estaca Trado Rotativo; Estaca
Hélice Contínua; Estaca-Raiz.

Cota de arrasamento: Nível em que deve ser deixado o topo da estacade modo a possibilitar
que o elemento de fundação e a sua armadura penetrem no bloco de coroamento.
Nega: Medida da penetração permanente de uma estaca, causada pela aplicação de um golpe
de martelo ou pilão, sempre relacionada com a energia de cravação. Dada a sua pequena
grandeza, em geral é medida para uma série de dez golpes.

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Estaca pré-fabricadas de concreto armado (estaca cravada)

Estaca introduzida no terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou


martelo vibratório. Como decorrência do problema de transporte e equipamento, têm limitações
de comprimento, sendo fabricadas em segmentos, o que leva em geral à necessidade de
grandes estoques e requerem armaduras especiais para içamento e transporte. O comprimento
de cravação real às vezes difere do previsto pela sondagem, levando a duas situações: a
necessidade de emendas ou de corte. No caso de emendas, geralmente constitui-se num ponto
crítico, dependendo do tipo de emenda: luvas de simples encaixe, luvas soldadas, ou emenda
com cola epóxi através de cinta metálica e pinos para encaixe. Apresentam-se em várias seções
(quadradas, circulares, circulares centrifugadas, duplo “T”, etc.).

O processo de cravação mais utilizado é o de cravação dinâmica, onde o bate-estacas utilizado é


o de gravidade. Este tipo de cravação promove um elevado nível de vibração, que pode causar
problemas às edificações próximas do local. O processo prossegue até que a estaca que esteja
sendo cravada penetre no terreno, sob a ação de certo número de golpes, um comprimento pré-
fixado em projeto. Uma das vantagens destas estacas é que podem ser cravadas abaixo do nível
d’água e em terrenos com presença de água.

Estaca Mega (estaca de reação ou prensada)

Estaca introduzida no terreno por meio de macaco hidráulico reagindo contra uma estrutura já
existente ou criada especificamente para esta finalidade. É constituída de elementos justapostos
(de concreto armado, protendido ou de aço) ligados uns aos outros por emenda especial e
cravados sucessivamente por meio de macacos hidráulicos. Estes buscarão reação ou sobre a
estrutura existente ou na estrutura que esteja sendo construída ou em “cargueiras”
especialmente construídas
para tanto (cravação
estática). A solidarização da
estaca com a estrutura é feita
sob tensão: executa-se um
bloco sobre a extremidade da
estaca; com o macaco
hidráulico comprime-se a
estaca calçando a estaca sob
a estrutura; retira-se o
macaco e concreta-se o
conjunto. Costumam ser
utilizadas para reforço de
fundações.

Estaca metálica ou de aço


Estaca cravada, constituída de elemento estrutural produzido industrialmente, podendo ser de
perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa dobrada ou calandrada.

Podem ser cravadas em quase todos os tipos de terreno; possuem facilidade de corte e emenda;
podem atingir grande capacidade de carga; trabalham bem à flexão; e, se utilizadas em serviços
provisórios, podem ser reaproveitadas várias vezes. Seu emprego necessita cuidados sobre a
corrosão do material metálico. Sua maior desvantagem é o custo superior em relação às Estacas
Pré-fabricadas de Concreto, Estaca Strauss ou Estaca Franki.

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Estacas de madeira
São troncos de árvore cravados com bate-estacas de pequenas dimensões e martelos leves.
Antes da difusão da utilização do concreto, elas eram empregadas quando a camada de apoio às
fundações se encontrava em profundidades grandes. Para sua utilização, é necessário que elas
fiquem totalmente abaixo d’água; o nível d’água não pode variar ao longo de sua vida útil.
Atualmente utilizam-se estacas de madeira para execução de obras provisórias, principalmente
em pontes e obras marítimas. Os tipos de madeira mais usados são eucalipto, aroeira, ipê e
guarantã.

ESTACA MOLDADA IN LOCO

Estaca executada preenchendo-se com concreto, argamassa ou solo-cimento perfurações


previamente executadas no terreno.

Estaca escavada mecanicamente


Estaca executada por perfuração do solo através de trado
mecânico, sem emprego de revestimento ou fluido estabilizante,
para que, em seguida, o furo seja preenchido com concreto que
é vertido a partir da superfície com auxílio de um funil. Um caso
particular da estaca escavada mecanicamente é a estaca broca
executada por perfuração com trado manual, na maioria das
vezes, e posterior concretagem através do lançamento do
concreto a partir da superfície.

Brocas
São estacas executadas “in loco” sem molde, por perfuração no terreno com o auxílio de um
Trado, sendo o furo posteriormente preenchido com o concreto apiloado. A perfuração é feita por
rotação/compressão do tubo do trado, seguindo-se da retirada da terra que se armazena nas
hastes.

Várias restrições podem ser feitas a este tipo de estaca: baixa capacidade de carga, geralmente
entre 4 e 5 tf; há perigo de introdução de solo no concreto, quando do enchimento; há perigo de
estrangulamento do fuste; não existe garantia da verticalidade; só pode ser executada acima do
lençol freático; comprimento máximo de aproximadamente 6,0 m (normalmente entre 3,0 e 4,0
m); trabalha apenas à compressão, sendo que às vezes é utilizada uma armadura apenas para
fazer a ligação com os outros elementos da construção.

Assim, a broca, à vista de suas características, é usada somente para casos limitados e sua
execução é feita normalmente pelo pessoal da própria obra.

Estaca Strauss
Estaca executada por perfuração do solo com uma sonda ou piteira e revestimento total com
camisa metálica, realizando-se o lançamento do concreto e retirado gradativa do revestimento
com simultâneo apiloamento do concreto.

A estaca Strauss pode ser empregada em locais confinados ou terrenos acidentados devido à
simplicidade do equipamento utilizado. Sua execução causa pequenas vibrações, evitando
problemas com edificações vizinhas. Porém, em geral possui capacidade de carga menor que
estacas Franki e pré-fabricadas de concreto e possui limitação devido ao nível do lençol freático.

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A estaca Strauss é uma fundação em concreto (simples ou armado), moldada in loco, executada
com revestimento metálico recuperável.

O processo executivo se inicia com a abertura de um furo no


terreno, utilizando o soquete, até 1,0 a 2,0 m de profundidade,
para colocação do primeiro tubo, dentado na extremidade
inferior, chamado “coroa”. Em seguida, aprofunda-se o furo
com golpes sucessivos da sonda de percussão, retirando-se o
solo abaixo da coroa. De acordo com a descida do tubo
metálico, quando necessário é rosqueado o tubo seguinte, e
prossegue-se na escavação até a profundidade determinada.
Para concretagem, lança-se concreto no tubo até se obter
uma coluna de 1,0 m e apiloa-se o material com o soquete,
formando uma base alargada na ponta da estaca. Para formar
o fuste, o concreto é lançado na tubulação e apiloado,
enquanto que as camisas metálicas são retiradas com o
guincho manual.

A concretagem é feita até um pouco acima da cota de arrasamento da estaca. Após esta etapa,
coloca-se barras de aço de espera para ligação com blocos e vigas baldrame na extremidade
superior da estaca.

Estaca Hélice Contínua Monitorada


Estaca de concreto moldada in loco, também conhecida por Estaca Elis, é executada mediante a
perfuração do terreno com a introdução, por rotação, de um trado helicoidal contínuo e injeção de
concreto pela própria haste central do trado simultaneamente com a retirada do mesmo, sendo
que a armadura é colocada após a concretagem da estaca.

Atualmente, a estaca mais em voga é a hélice contínua monitorada. Trazido da Europa no final
dos anos 80, nos últimos anos esse sistema se firmou no mercado brasileiro, após a importação
de máquinas, principalmente italianas, construídas especialmente para execução desse tipo de
fundação. O principal atrativo da hélice contínua está na produtividade.

A perfuração consiste em fazer a hélice penetrar no terreno por meio de torque apropriado.
Alcançada a profundidade, o concreto é bombeado por esse tubo, preenchendo a cavidade
deixada pela hélice, que é
extraída lentamente. O
concreto normalmente utilizado
apresenta resistência
característica de 20 MPa, é
bombeável e o slump é
mantido entre 200 e 240 mm.
Exige a colocação da armação
após a concretagem. Para
controlar a pressão de
bombeamento do concreto, o
sistema possui instrumento
medidor digital que informa
todos os dados de execução
da estaca.

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São indicadas para obras que demandam rapidez, ausência de barulho e de vibrações
prejudiciais a prédios da vizinhança. Pode ser executada em terrenos coesivos e arenosos, na
presença ou não do lençol freático e atravessa camadas de solos resistentes. Oferecem
excelente produtividade. Em função do porte do equipamento, as áreas de trabalho devem ser
planas e de fácil movimentação. Exige central de concreto ou equipamento de bombeamento de
concreto nas proximidades do local de trabalho. É necessário um número mínimo de estacas
compatível com os custos de mobilização dos equipamentos envolvidos. Os equipamentos
disponíveis permitem executar estacas de no máximo 32 m de profundidade e inclinação de até
1:4 (H:V).

Estaca Tipo Ômega


Embora ainda não tenha tido tempo de se firmar no mercado nacional, a estaca ômega é
apontada por muitos especialistas como a última palavra em tecnologia para fundações
profundas. O princípio executivo é semelhante ao da hélice contínua, o que diferencia é o
formato do trado. Em vez de ser expelido do furo, na estaca ômega o material escavado é
pressionado contra a parede de perfuração pelo próprio trado. Em decorrência dessa
compactação do solo, é possível mobilizar mais resistência lateral, permitindo reduzir a
profundidade da estaca. Além disso, sobretudo em terrenos que apresentam possibilidade de
desmoronamentos, a ômega apresenta um comportamento melhor que a hélice. O processo de
concretagem também é similar ao da hélice contínua, assim como a produtividade. É possível
executar estacas de até 28 m de profundidade. Os diâmetros de hélice e ômega disponíveis
iniciam com 270 mm e vão de 320 mm a 620 mm. Da mesma forma,
o custo dos dois sistemas é parecido.

O trado é cravado por rotação, por meio de uma mesa rotativa


hidráulica, com deslocamento lateral do solo e sem o transporte do
material escavado à superfície. Alcançada a profundidade, o concreto
é bombeado à alta pressão pelo interior do eixo do trado que é
retirado do terreno girando-se no sentido da perfuração. A parte
superior do trado é construída de forma a empurrar de volta o solo
que possa cair sobre o trado. A armadura pode ser introduzida antes
ou depois da concretagem. O processo é monitorado por sensores
ligados a um computador colocado na cabine do operador.

Estaca Raiz
Quando a falta de espaço é um fator determinante, uma opção é
a estaca-raiz, utilizada tanto em obras convencionais, como em
reforços de fundações. Tal flexibilidade é possível porque a
ferramenta de escavação é relativamente pequena, permitindo o
trabalho em locais com pé-direito baixo. Além disso, escava
qualquer tipo de material, até mesmo concreto e rocha.

Estaca armada e preenchida com argamassa de cimento e areia,


moldada in loco executada através de perfuração rotativa ou roto-
percussiva, revestida integralmente, no trecho em solo, por um
conjunto de tubos metálicos recuperáveis.

É uma estaca de pequeno diâmetro concretada “in loco”, cuja


perfuração é realizada em direção vertical ou inclinada. Essa
perfuração se processa com um tubo de revestimento e o
material escavado é eliminado continuamente, por uma corrente

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fluida (água, lama bentonítica ou ar) que introduzida através do tubo refluí pelo espaço entre o
tubo e o terreno. Completada a perfuração, coloca-se a armadura ao longo da estaca,
concretando-se à medida em que o tubo de perfuração é retirado. O processo de perfuração e o
emprego de ar comprimido na concretagem, em conjunto, concorrem para conferir à estaca uma
adequada resistência estrutural e ótima aderência ao terreno, o que garante uma elevada
capacidade de carga.

Estaca Franki
Estaca moldada in loco executada pela cravação, por meio de sucessivos golpes de um pilão, de
um tubo de ponta fechada sobre uma bucha seca de pedra e areia previamente firmada na
extremidade inferior do tubo por atrito. Esta estaca possui base alargada e é integralmente
armada.

As estacas tipo Franki apresentam grande


capacidade de carga e podem ser
executadas a grandes profundidades, não
sendo limitadas pelo nível do lençol freático.
Seus maiores inconvenientes dizem respeito
à vibração do solo durante a execução,
podendo causar problemas em construções
vizinhas, área necessária ao bate-estaca e
possibilidade de alterações do concreto do
fuste, por deficiência do controle.

Estacões
São estacas escavadas de maior diâmetro, usando lama bentonítica, fluido que ajuda a
estabilizar a parede da escavação. Seu uso se justifica em obras de maior carga e os
equipamentos chegam a atingir 70 m de profundidade. A limitação, no entanto, está na
necessidade de um amplo canteiro de obras, não só por causa das grandes máquinas de
perfuração, mas também pela necessidade de um tanque de armazenamento de lama e área
para deposição do solo escavado.

Blocos de coroamento: São elementos estruturais


maciços de concreto armado que solidarizam as
"cabeças" de uma ou um grupo de estacas, distribuindo
para elas as cargas dos pilares e dos baldrames. São
também denominados blocos de capeamento.

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INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICA

Em função do porte da obra ou de condicionantes específicos, deve ser realizada vistoria


geológica de campo por profissional especializado, eventualmente, complementada por estudos
geológicos adicionais

Reconhecimento inicial
Aaspectos de grande importância na elaboração dos projetos e previsão do desempenho das
fundações:

a) Visita ao local;

b) Feições topográficas e eventuais indícios de instabilidade de taludes;

c) Indícios da presença de aterro (“bota fora”) na área;

d) Indícios de contaminação do subsolo, lançada no local ou decorrente do tipo de ocupação


anterior;

e) Prática local de projeto e execução de fundações;

f) Estado das construções vizinhas;

g) Peculiaridades geológico-geotécnicas na área, tais como: presença de matacões, afloramento


rochoso nas imediações, áreas brejosas, minas d´água, etc.

Investigação geotécnica
Para qualquer edificação deverá ser feita uma campanha de investigação geotécnica preliminar
constituída, no mínimo, por sondagens a percussão (com SPT), visando a determinação da
estratigrafia (formação e disposição dos terrenos) e classificação dos solos, a posição do nível
d'água e a medida do índice de resistência à penetração SPT.

Em função dos resultados obtidos na investigação geotécnica preliminar, poderá ser necessária
uma investigação complementar, através da realização de sondagens adicionais, bem como de
outros ensaios de campo e em laboratório. Em obras de grande extensão, a utilização de ensaios
geofísicos pode se constituir num auxilio eficaz no traçado dos perfis geotécnicos do subsolo.

Independentemente da extensão da investigação geotécnica preliminar realizada, devem ser


feitas investigações adicionais sempre que, em qualquer etapa da execução da fundação, forem
constatadas diferenças entre as condições locais e as indicações fornecidas pela investigação
preliminar, de tal forma que as divergências fiquem completamente esclarecidas.

Sondagens e ensaios de campo


Os ensaios de campo visam determinar parâmetros de resistência, deformabilidade e
permeabilidade dos solos, sendo que alguns deles também fornecem a estratigrafia local. Para
fins de projeto de fundações, deverão ser programadas, no mínimo, Sondagens a Percussão
(SPT) de simples reconhecimento dos solos, abrangendo o número, a localização e a
profundidade dos furos em função de uma referência de nível (RN) bem definida e protegida
contra deslocamentos.

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Sondagens de Reconhecimento, NBR – 8036

A sondagem a percussão necessita de, no mínimo, um furo


para cada 200 m² de área de projeção em planta da
edificação, até 1200 m² de área. Entre 1200 e 2400 m²,
precisará ser feito um furo para cada 400 m² que excederem
de 1200 m². Acima de 2400 m², fazer um plano de
sondagem especifico.

Operador
Em quaisquer circunstâncias, o número mínimo de peso
sondagens será: guia
• Dois para área de projeção em planta de edificação até
200 m²;

• Três para área entre 200 m² e 400 m².

É sempre aconselhável a execução de sondagens, no


haste
sentido de reconhecer o subsolo e escolher a fundação
adequada, fazendo com isso, o barateamento das
fundações. As sondagens representam, em média, apenas
0,05 a 0,005% do custo total da obra. É um dos ensaios de
campo mais utilizados, que tem por objetivo medir a amostrador
resistência do solo ao longo da profundidade perfurada.

Com este ensaio é possível conhecer:

• O tipo de solo atravessado, através da retirada de uma amostra deformada a cada metro
perfurado;

• A resistência oferecida pelo solo à cravação do amostrador padrão, sendo que esta é
correlacionada com o número de golpes necessários à cravação de 45cm;

• A posição do nível do lençol freático, quando encontrado durante a perfuração.

As fases de ensaio e de amostragem são realizadas simultaneamente,


55cm - Abertura
utilizando um tripé, um martelo de 65kg, uma haste e o amostrador. Desta
100cm
forma, a cada metro faz-se, inicialmente, a abertura do furo com um
45cm - Ensaio
comprimento de 55cm, e o restante dos 45cm para a realização do ensaio
de penetração. 55cm - Abertura

100cm
• A camada de 45cm é perfurada em etapas de 15cm cada;
45cm - Ensaio

• O amostrador é cravado 45 cm no solo, sendo anotado o número de

golpes necessários à penetração de cada 15 cm.

O Índice de Resistência à Penetração é determinado


através do número de golpes do peso padrão, caindo de
uma altura de 75 cm, considerando-se o número necessário
de golpes à penetração dos últimos 30 cm do amostrador.

Fundações 12
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Sistemas Construtivos 1

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 6122/96 – Projeto e execução de fundações.

ABNT. NBR 6484 - Execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos - Método de
ensaio.

HACHICH, Waldemar, et al. Fundações: Teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Pini, 1998. 750 p.

MELHADO, S. B. et all. Apostila da disciplina PCC-2435: Tecnologia da Construção de Edifícios


I. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2002.

YAZIGI, Walid. A Técnica de Edificar. São Paulo: PINI, 2001.

Artigos da Revista Téchne. Disponível em http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil

 LEAL Ubiratan. Fundações rasas. Téchne 83, 2004. Disponível em:


http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/83/sumario.asp.

 NAKAMURA, J. Fundações profundas I - Estacas pré-fabricadas.

 NAKAMURA, J. Fundações profundas II - Estacas moldadas in loco.

 FIGUEROLA, V. Segredos do solo. Entrevista com Victor Froilano Bachmann de Mello.

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