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2022

FUNDAÇÕES
Sumário
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................2

2. CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................2

3. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO ....................................3

3.1 CRITÉRIO TÉCNICO ....................................................................................3


3.2 CRITÉRIO ECONÔMICO ...............................................................................4
4. TIPOS DE FUNDAÇÃO ..........................................................................................4

4.1 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS .........................................................................4


4.1.1 Tipos de Fundações Superficiais .............................................................................................. 5
4.1.2 Métodos Construtivos das fundações superficiais .................................................................. 9

4.2 FUNDAÇÕES PROFUNDAS .........................................................................11


4.2.1 Tipos de Fundações profundas .............................................................................................. 12
4.2.2 Métodos Construtivos das fundações profundas .................................................................. 20
5. CÁLCULO ESTRUTURAL ...................................................................................32

6. CONTROLE DE EXECUÇÃO ...............................................................................32

7. PROVA DE CARGA .............................................................................................33

7.1 PROVA DE CARGA ESTÁTICA (PCE) ..........................................................33


7.2 PROVA DE CARGA DINÂMICA (PDA) ..........................................................33
8. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO........................................................................34

8.1 MUROS DE ARRIMOS ................................................................................34


8.2 CORTINAS DE CONTENÇÃO ........................................................................36
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................38
APRESENTAÇÃO

A disciplina de Fundações é de suma importância para o profissional da cons-


trução civil, pois trata-se de uma das etapas mais importante da obra. A fundação é a
base de toda construção, sendo a sustentação da edificação.
Conhecer os tipos de fundação e os critérios utilizados para se escolher a mais
apropriada, de acordo com cada situação, é imprescindível para que se tenha uma
construção instável, resistente e economicamente viável.
Considerado a importância do tema, será abordado na disciplina os vários tipos
de fundação e seus critérios de escolha, como também os métodos executivos das
mesmas, para que assim seja aplicada a melhor alternativa e se obtenha o melhor
resultado possível, evitando-se manutenções prematuras e riscos.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para se elaborar um projeto geotécnico e de fundações é necessário o


conhecimento adequado do solo sobre o qual a obra será executada. Para isso, é
fundamental proceder-se à identificação e à classificação das diversas camadas que
compõe o solo a ser analisado, assim como suas propriedades.
Para identificação, classificação e determinação das propriedades do solo
existe alguns ensaios, tanto em laboratório como “in situ” (no campo), na prática são
feitos mais ensaios “in situ”, um dos ensaios mais conhecidos é o SPT – “Standard
Penetration Test”, conhecido como sondagem de simples reconhecimento do solo.
As normas que tratam sobre o tema são: NBR – 6118:2014 – Projetos de
estruturas e procedimentos e NBR – 6122:2019 – Projetos e execução de fundações.

2. CONCEITOS INICIAIS

Fundação é a etapa da obra que é responsável pelo processo de transmissão


de cargas ao solo e isso se dá pelo uso de elementos que permita esta distribuição
através das vigas, pilares, paredes, sapatas e estacas afim de garantir a estabilidade
da estrutura.
A fundação tem papel essencial no desempenho da construção pois ela é
responsável por receber os carregamentos provenientes da estrutura, como peso
próprio, sobrecargas, ações do vento e empuxo do solo por exemplo, transmitindo
assim para o solo.
Para um bom entendimento de fundações, faz-se necessários o conhecimento
de alguns conceitos, como:
• Capacidade de carga: É a carga que imposta ao terreno não provoca à
ruptura do solo.
• Carga de ruptura: É a carga, que imposta a uma fundação, provoca à
ruptura do solo, podendo provocar recalques excessivos.
• Carga admissível: É a carga de ruptura dividida por um coeficiente de
segurança, que varia de acordo com o caso; definindo a maior carga que
se deve submeter o solo sem o mesmo romper, ou seja, a carga que
deve ser utilizada no projeto.
• Carga de Trabalho: É a carga que realmente age no elemento de
fundação.
• Recalque: Deformação que ocorre no solo quando o mesmo é
submetido a uma carga de ruptura, provocando movimentação na
fundação que, dependendo da intensidade pode resultar em sérios
danos a estrutura da edificação.

3. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO

São diversas as variáveis que devem ser consideradas para a escolha de um


tipo de fundação a ser utilizado em uma edificação; o principal é o critério técnico, que
condicionam a escolha por um tipo ou outro de fundação, mas devem ser levados em
conta também o critério econômico.

3.1 Critério Técnico

Para a escolha de uma fundação, o engenheiro geotécnico deve levar em


consideração os seguintes elementos:
• Construções próximas: Deve ser analisado as fundações dessas cons-
truções para saber o tipo e as condições das mesmas.
• Levantamento topográfico do local: Esse levantamento deve mostrar
afastamentos, distâncias e cotas de muro, divisas, subsolos,
edificações, árvores e , se existir, redes de esgotos, galerias e túneis.
• Projeto de arquitetura: Plantas com todos os detalhes para que o
projetista da fundação possa fazer todas as análises necessárias; como
as cargas a que essa edificação estará submetida
• Análise geotécnico do solo: Essa análise é feita para se determinar a
composição do solo e suas características, como também o nível do
lençol freático, sendo essa análise compostas de ensaios em campo e
laboratoriais, podemos citar como exemplo o ensaio de SPT –
Sondagem de simples reconhecimento.

3.2 Critério Econômico

Após a análise de todos os critérios técnicos, realiza-se um estudo sobre qual


fundação poderá ser utilizada e a partir das alternativas possíveis de fundações faz-
se um levantamento de mercado, considerando o custo de cada uma das alternativas
possíveis, para se estabelecer a melhor; é importante analisar o custo benefício em
cada situação, tendo como principal critério de escolha, o técnico.

4. TIPOS DE FUNDAÇÃO

As fundações são do tipo superficiais e profundas, a escolha do tipo vai


depender da análise feita pelo projetista estrutural, considerando os critérios
estudados no item 3.

4.1 Fundações Superficiais

São aquelas em que a carga da estrutura da edificação é transmitida ao solo


pelas pressões distribuídas pela base da fundação. Este tipo de fundação deve ser
assentada em profundidade inferior ao dobro de sua menor dimensão em planta. Esta
menor dimensão não pode ser menor a 60 centímetros.
4.1.1 Tipos de Fundações Superficiais
4.1.1.1 Blocos
São elementos de fundação que, geralmente, tem a sua base em planta qua-
drada ou retangular. Conforme a NBR 6122, são dimensionados sem a utilização de
armaduras pois as tensões de tração atuantes nesses elementos podem ser resistidas
pelo concreto devido as dimensões dos blocos.
É recomendado para pequenas obras cujo o solo tem boa capacidade de
suporte, podem ser executados com concreto simples, usinado ou ciclópico.
Os blocos são elementos com transmissão de cargas praticamente pontual, por
isso é muito importante que se tenha cuidado na locação da obra, para que seja feita
corretamente, pois não pode haver excentricidade.
Dentre as vantagens dos blocos de fundação, destacam-se:
• Rapidez na execução
• Baixo custo, uma vez que não se usa armadura
• Boa capacidade de suporte para obras de pequeno porte

Figura 01 – Blocos de fundação


Disponível em: https://www.meiacolher.com/2015/08/fundacoes-de-blocos-e-alicerces-o-que.html

4.1.1.2 Radier
É um tipo de fundação rasa que é semelhante a uma placa ou laje que abrange
toda a área da construção, são de concreto armado em contato direto com o terreno
que recebe as cargas oriundas dos pilares e paredes da superestrutura e
descarregam sobre uma grande área do solo. São utilizados em fundação de obras
de pequeno porte e indicado para solos argilosos. Apresenta vantagens como: baixo
custo e rapidez na execução, além de redução de mão de obra. O radier é executado
em obras de fundação quando a área das sapatas ocuparem cerca de 70% da área
coberta pela construção ou quando se deseja reduzir ao máximo os recalques dife-
renciais.
Dentre as vantagens do radier, destacam-se:
• Redução de recalques diferenciais
• Tempo de execução reduzido
• Pouca mão de obra

Foto 02 – Fundação tipo radier


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/radier/

4.1.1.3 Sapatas
Sapata é um elemento de fundação superficial de concreto armado que tem a
sua base em planta quadrada, retangular, trapezoidal ou circular. São dimensionadas
para resistirem as tensões de tração, que atuam na fundação, pela armadura e não
pelo concreto.
São inúmeras as vantagens de se utilizar o uso das sapatas, pode-se
mencionar:
• São mais eficientes, sendo construídas diretas no solo, dentro de uma
escavação.
• As sapatas são as estruturas que aguentam maior capacidade de carga
entre as fundações rasas.
• Apresentam baixo custo.
• Rápida execução
• Podem ser executadas sem equipamentos ou ferramentas especiais.
A capacidade de carga das sapatas é de baixa a média e sua utilização é indi-
cada caso a sondagem de reconhecimento do subsolo indiquem a presença de argila
rija, dentro outras. As sapatas podem ser divididas em: Sapata isolada, sapata corrida,
sapata associada e sapata de alavanca.

• Sapata Isolada
É o tipo de sapata mais simples e comum da construção civil,
dimensionada para suportar a carga de apenas um pilar ou coluna,
podendo ser de formato quadrado, retangular, trapezoidal, etc.

Figura 03 – Sapatas isoladas


Disponível em: https://casaeconstrucao.org/materiais/sapata-isolada/

• Sapata Associada
É uma sapata comum a mais de um pilar, são utilizadas quando as
distâncias entre duas sapatas isoladas são muito próximas.

Figura 04 – Sapata associada


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/sapatas-de-fundacao/
• Sapata Corrida
Sapatas sujeitas à ação de uma carga distribuída linearmente ou de pi-
lares ao longo de um mesmo alinhamento.

Foto 05 – Sapata Corrida


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/sapatas-de-fundacao/

• Sapata de Alavanca
A sapata alavancada ou com viga de equilíbrio é utilizada quando a base
da sapata não coincide com o centro de gravidade do pilar por estar
próximo a alguma divisa ou outro obstáculo. Desde modo, é criado uma
viga entre duas sapatas de maneira a suportar o momento fletor gerado
pela excentricidade.

Foto 06 – Sapata de alavancada


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/sapatas-de-fundacao/
4.1.2 Métodos Construtivos das fundações superficiais
4.1.2.1 Blocos de Fundação
De acordo com a NBR 6122, os blocos de fundação não devem ter dimensão
menor que 60cm. Segue abaixo as etapas de execução:
• Escavação do terreno: Deve-se escavar a vala para execução do
bloco. Essa escavação é realizada de acordo com as cotas e dimensões
estabelecidas em projetos.
• Execução das formas: Após a conferência das cotas e das marcações
dos pilares, executa-se a montagem das formas para que, posterior-
mente, seja feita a concretagem.
• Lastro de concreto: Caso o bloco não seja executado diretamente
sobre rocha, é necessário a execução de um lastro de concreto simples
de no mínimo 5cm que ocupe toda a extensão da base do bloco, para
proteger o mesmo da umidade do solo.

Figura 07 – Esquema de bloco de fundação com concreto ciclópico


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/blocos-de-fundacao/
4.1.2.2 Radier
Procedimento para execução de radier:
• Limpeza prévia da superfície do terreno assim como o nivelamento e
compactação.
• Colocação de um lastro de brita para proteção da armadura do radier.
• Em torno da fundação em radier coloca-se as formas de madeira, com
largura aproximada de 10cm, na lateral fazendo o fechamento da área a
ser concretada de acordo com as dimensões previstas no projeto estru-
tural ou de fundações.
• Qualquer tubulação hidrossanitária ou elétrica deve ser assentada no
solo sob o radier com saída através da laje, evitando futuros cortes na
laje executada.

Co
Foto 08 – Execução de Radier
Disponível: https://nelsoschneider.com.br/fundacao-radier/

4.1.2.3 Sapatas
A norma NBR 6122 estabelece alguns valores mínimos para o
dimensionamento da sapata isolada; uma delas é que, em planta, elas não devem ter
dimensão inferior a 60 cm. A base da fundação não deve sofrer influência de agentes
atmosféricos e fluxos d’água, e em divisas com terrenos vizinhos, a sua profundidade
mínima é de 1,5m.
As sapatas devem ser bem executadas para garantir a estabilidade e a
durabilidade da estrutura. Abaixo as etapas de execução:
• Escavação do terreno: Essa escavação pode ser feita com pá ou ca-
vadeira manual, sendo utilizado cavadeira hidráulica somente para
fundações grandes; a escavação será feita a partir das cotas definidas
em projeto.
• Lastro de concreto: Caso o bloco não seja executado diretamente
sobre rocha, é necessário a execução de um lastro de concreto simples
de no mínimo 5cm que ocupe toda a extensão da base do bloco, para
proteger o mesmo da umidade do sólido.
• Montagem de fôrmas: Serão montadas de acordo com as dimensões
da fundação, tendo-se o cuidado no travamento e escoramento das
mesmas.
• Colocação de espaçadores: Após as fôrmas prontas, é necessário
colocar os espaçadores nas armaduras, antes de coloca-las dentro da
fôrma, com o objetivo de dar o cobrimento necessário a mesma.
• Armação: Colocação da armação dentro da fôrma, posicionando
conforme a locação da fundação, é primordial que a locação esteja bem
executada, pois das bases das sapatas irão nascer os pilares, cuja as
armações nascem nas sapatas.
• Conferência: Conferir as cotas, eixos, alinhamentos; posições, bitolas e
cobrimentos das armaduras; travamento das fôrmas.
• Concreto: Lançamento e adensamento do concreto, conforme a
resistência definida em projeto.
• Cura úmida: Deverá ser feita a cura úmida do concreto até atingir a
resistência à compressão (fck) igual ou maior que 15Mpa; essa cura é
executada com lançamento de água sobre a peça.
• Reaterro: Após a sapata concretada, a cura úmida finalizada e desforma
realizada, deverá ser executado o reaterro da vala.

4.2 Fundações Profundas

São fundações que transmite as cargas para o solo por meio da resistência de
ponta (base), pela resistência de fuste (lateral) ou por ambas. Este tipo de fundação
deve ser assentada em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em
planta e, no mínimo 3 metros, salvo o projetista tenha alguma justificativa.
As fundações profundas se dividem em: Estacas, tubulões e caixões, vamos
estudar as duas primeiras que são mais utilizadas.
4.2.1 Tipos de Fundações profundas
4.2.1.1 Estacas
As estacas são elementos de fundação que tem como objetivo transmitir as
cargas da edificação atuantes na superfície para o solo. A transmissão das cargas
para o solo é feita de duas formas, pelo atrito lateral entre a estaca e o solo e pela
resistência de ponta da estaca.
São utilizadas em obras de grande porte ou quando as camadas superficiais
do solo não apresentam capacidade de suportar elevadas cargas. Existe vários tipos
de estacas e suas principais diferenças são referentes ao material constituintes ou ao
processo executivo.
Podem ser executadas por equipamentos e ferramentas. Podendo serem cra-
vadas ou perfuradas, são de grande comprimentos e seções transversais pequenas.
Neste tipo de fundação profunda não há a necessidade de descida de operário. As
estacas podem ser feitas de madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado
“in situ” ou mista, elas podem ser de deslocamento ou cravadas.
4.2.1.2 Tipos de Estacas
4.2.1.2.1 Estacas de deslocamentos
As estacas de deslocamentos são aquelas introduzidas no terreno por meio de
algum processo que não provoca a retirada de material. São moldadas “in loco” e se
caracteriza pelo deslocamento lateral do solo que é compactado na parede do furo
até atingir a profundidade do projeto. São concretadas juntamente com a retirada do
equipamento utilizado para o furo e a armadura pode ser inserida após o
bombeamento do concreto. As vantagens das estacas de deslocamento são:
• Alta produtividade
• Monitoração das estacas
• Baixíssima remoção de solo
• Aumento das tensões laterais, melhorando as condições de atrito
• Redução do volume de concreto das estacas
As estacas de deslocamentos podem ser: estacas pré-moldadas de concreto,
metálicas, de madeira e do tipo Franki.
4.2.1.2.1.1 Estacas pré-moldadas de concreto
Podem ser de concreto armado ou protendido. São cravadas por percussão,
prensagem ou vibração e a escolha de um destes tipos deve ser feita de acordo com
a dimensão da estaca, características do solo e do projeto e condições da vizinhança.
Vantagens:
• Boa capacidade de carga e boa resistência de esforços
• Por serem produzidas em fábricas tem um bom controle tecnológico do
concreto
Desvantagens:
• Durante a cravação geram grandes vibrações no solo
• Por serem de concreto têm peso próprio elevado, o que limita um pouco
seu comprimento, pois precisam ser transportadas até o local de
aplicação.

4.2.1.2.1.2 Estacas metálicas


Elemento estrutural produzido industrialmente, podendo ser constituído por
perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapas, dobradas ou
calandradas, tubo sem costura e trilhos. As estacas de aço devem resistir à corrosão
pela própria natureza do aço ou por tratamento adequado, porém dispensam
tratamento se estiverem totalmente enterradas em terreno natural.
Utiliza-se esse tipo de estaca quando no solo existem pedras, matacões e
pedregulhos, o que tornaria difícil a cravação de estacas de concreto ou madeira. As
estacas podem ser emendadas por solda com talas de reforço, ou por talas
aparafusadas.
Podem ser cravadas com um martelo de queda livre desde que a relação do
peso do pilão e o peso da estaca não seja menor do que 0,5 e nem o martelo tenha
peso inferior a 10 KN.
Vantagens:
• Podem ser emendadas
• Possuem pouca vibração durante a cravação
• Conseguem atravessar camadas resistentes do solo e atingem grandes
profundidade.
Desvantagens:
• Elevado custo quando comparado com outros tipos de estacas.
• Apresentam grande risco de corrosão ou oxidação se não forem bem
tratadas.

4.2.1.2.1.3 Estacas de madeira


São geralmente constituídas de tronco de árvores, cravadas por uns bate esta-
cas; são mais utilizadas para obras provisórias, quando utilizadas para obras
permanentes devem receber tratamentos contra-ataques de fungos, bactérias e
outros organismos.
A ponta da estaca de madeira deve ter diâmetro maior do que 15 cm e deve
ser protegida com ponteira de aço caso a estaca necessitar penetrar ou atravessar
camadas resistentes de solo.
O topo da estaca deve ter diâmetro maior do que 25 cm e devem ser protegidos
para minimizar danos durante a cravação.
Podem ser cravadas com um martelo de queda livre desde que a relação do
peso do pilão e o peso da estaca não seja menor do que 1,0, devendo ser a maior
possível.
Vantagens:
• Duração prolongada quando mantida permanentemente abaixo do nível
de água.
• Podem ser emendadas desde que se garanta a integridade da estaca.
Desvantagens:
• Geram grandes vibrações durante a cravação
• Devem ser tomados cuidados quando a estaca fica exposta a flutuação
do nível da água pois podem surgir ação de fungos e bactérias.
• O comprimento para este tipo de estaca é limitado a 12 metros.
4.2.1.2.1.4 Estacas Franki
É uma estaca de concreto armado moldada in loco que emprega um tubo de
revestimento (camisa metálica) recuperável, com ponta fechada.
O tubo de revestimento é cravado dinamicamente no terreno, com ponta fe-
chada, derramando-se dentro da mesma mistura de brita e areia, socada
energicamente com um pilão de queda livre com peso mínimo que varia de 1 a 3
toneladas, caindo de vários metros de altura.
Sob os golpes do pilão, a mistura de brita e areia forma na parte inferior do tubo
uma "bucha" estanque, fortemente comprimida contra as paredes do tubo. Ao se bater
com o pilão nessa bucha, a mesma arrasta o tubo e, graças a ela, a agua e o solo não
podem penetrar, obtendo-se ao final da cravação uma forma absolutamente estanque.
Apresenta grande capacidade de carga e pode alcançar grandes profundidades.
Vantagens:
• Suportam grandes cargas
• Podem atingir grandes profundidades, podendo seu comprimento ser
ajustável durante a execução.
• Apresentam grande resistência de ponta e lateral.
Desvantagens:
• Seu processo executivo causa muita vibração, podendo danificar
construções vizinhas
• Grande tempo de execução, o que demanda maiores custos com
equipamentos e mão de obra.

4.2.1.2.2 Estacas escavadas


As estacas escavadas são aquelas em que ocorre a retirada de matéria em sua
perfuração no solo. Todas são do tipo moldadas in loco e podem ser executadas com
ou sem revestimento, podem ser do tipo: Strauss, hélice contínua e estaca raiz.
Vantagens das estacas escavadas:
• Ausência de vibração no terreno pois a escavação se faz por rotação,
podendo ser executadas próximos a divisas sem causar problemas ao
vizinho.

• Conhecimento imediato e real de todas as camadas atravessadas


de solo e possibilidade de uma segura avaliação de capacidade
de carga da estaca, mediante a coleta de amostra e seu eventual
exame em laboratório.
• Grande mobilidade, versatilidade e produtividade.
• Atingem grandes profundidades e suportam grandes cargas.
• Capazes de serem executadas mesmo em presença de água
com o uso de revestimento ou camisa metálica.

4.2.1.2.2.1 Estacas Strauss


As estacas Strauss são estacas escavadas pois, para serem inseridas
no terreno é necessária remoção prévia do solo. A estaca tipo Strauss se ca-
racteriza por ser moldada in loco e são executadas enchendo-se de concreto
as perfurações que foram escavadas. É indicada para estruturas de pequenas
dimensões. Por empregar equipamentos de médio porte, tem um campo de
aplicação importante quando há limitações de acesso para grandes máquinas
no canteiro
Vantagens:
• Além de ter uma relação custo-benefício favorável em comparação a
outros métodos de fundações profundas, a solução apresenta baixa
emissão de vibrações no solo, minimizando os riscos de danos a
edificações vizinhas.
• Um custo benefício competitivo
• Possibilidade de execução da estaca com o comprimento do projeto
• Quando executado acima do nível da água, a sua execução é
considerada relativamente fácil.
Desvantagens:
• Capacidade de carga baixa quando comparada a uma estaca pré-
moldada de concreto.
• É de difícil cravação em solo resistente
• Difícil execução abaixo do nível de água.
4.2.1.2.2.2 Estacas hélice contínua
Estaca de concreto moldada in loco, executada através de um equipamento
que possui um trado helicoidal contínuo, que retira o solo conforme se realiza a esca-
vação, e injeta o concreto simultaneamente, utilizando a haste central desse mesmo
trado. Uma vez concluída a concretagem, é introduzida a ferragem necessária.
E um sistema que proporciona uma boa produtividade e, por esse motivo, é
recomendável que haja uma central de concreto nas proximidades do local de
trabalho. Além disso, as áreas de trabalho devem ser planas e de fácil movimentação.
O sistema pode ser empregado na maioria dos tipos de solos, exceto em locais
onde há a presença de matacões e rochas. Estacas muito curtas, ou que atravessam
materiais extremamente moles também devem ter sua utilização analisada
cuidadosamente.
Vantagens:
• Ausência de vibrações no terreno.
• Baixo nível de ruído.
• Alta produtividade comparada com outros tipos de estacas de fundação.
• Alta capacidade de carga.
• Os equipamentos permitem monitoração contínua de todo o processo
de execução das estacas, favorecendo o controle de qualidade.
• Alcança grandes profundidades e pode atravessar camadas de solo com
SPT = 50
Desvantagens:
• Não perfuram matacões ou rochas.
• Custo elevado devido a tecnologia aplicada no equipamento.
• Terreno plano
• A central não pode ser localizada distante do local de execução, devido
à alta produtividade.
4.2.1.2.2.3 Estacas raiz
Estacas concretadas "in-loco", injetadas, consideradas de pequeno diâmetro,
elevada capacidade de carga baseada essencialmente na resistência por atrito lateral
do terreno.
Escavadas com perfuratriz, executadas com equipamento de rotação ou roto-
percussão com circulação de água, lama bentonítica ou ar comprimido.
E recomendado para obras com dificuldade de acesso para o equipamento de
cravação, pois emprega equipamento com pequenas dimensões (altura de
aproximadamente 2m). Pode, por meio de ferramentas especiais, atravessar terrenos
de qualquer natureza, inclusive alvenarias, concreto armado, rochas ou matacões.
Pode ser utilizada também para reforço de fundações existentes, fundações de novas
pontes e viadutos, contenções de encostas.
Pode ser executada de forma inclinada, resistindo a esforços horizontais.
E uma estaca de argamassa armada, com fuste continuo rugoso e armada ao
longo de seu comprimento.
As estacas raiz foram empregadas inicialmente no reforço de fundações e ao
longo dos anos, com o aprimoramento de novas técnicas, seu uso disseminou-se
permitindo resolver diversos problemas na área de fundações, de contenção de
taludes ou escavações, de consolidação de terrenos e outros.
Vantagens:
• Podem perfurar e atravessar qualquer tipo de terreno, como matacões,
rochas, concreto, etc.
• Alta produtividade
• Ausência de vibrações no terreno.
• Podem ser executadas em locais de difícil acesso.
Desvantagens:
• Custo relativamente elevado quando comparado com outros tipos de
fundações.
• Geram grande desperdício de água e demandam alto consumo de
cimento e ferragens.
4.2.1.3 Tubulões

Segundo a NBR 6122:2019, tubulão é um elemento de fundação profunda es-


cavada, em que pelo menos na etapa final, há a descida de pessoas para o
alargamento de sua base ou limpeza do fundo da escavação, pois em tubulões as
cargas são transmitidas preponderantemente pela base.
Um tubulão é assim chamado por ser uma fundação de seção circular de
grande diâmetro, ficando então com o aspecto de um grande tubo, posto normalmente
na posição vertical ou com pequena inclinação. Os tubulões podem ter ou não base
alargada e serem executados com ou sem revestimentos que podem ser de aço ou
de concreto.
Então, segundo a definição da norma, já temos a principal diferença entre
tubulões e estacas: há a descida de pessoas pelo tubulão, o que não ocorre em
estacas.
Além disso, outra característica interessante sobre tubulões também está
contida nesse conceito: as cargas são transmitidas principalmente pela base. A
resistência lateral de um tubulão geralmente é tão baixa que apenas equilibra o peso
próprio da fundação.
Os tubulões se dividem em: Tubulões a céu aberto e a ar comprimido.
4.2.1.3.1 Tubulões a céu aberto
Os tubulões a céu aberto são elementos estruturais de fundação executados
concretando-se um poço aberto no terreno, geralmente dotado de uma base alargada.
O tubulão a céu aberto trata-se de uma fundação profunda, escavada manual ou
mecanicamente, em que, pelo menos na sua etapa final, há descida de pessoal para
alargamento da base ou limpeza do fundo quando não há base.
Esse tipo de tubulão é geralmente utilizado acima do nível do lençol freático.
Entretanto, também pode ser utilizado, em casos especiais, em solos saturados
em que seja possível bombear a água do interior do tubulão sem o risco de
desmoronamento do solo.
Esses tubulões podem sem executados em concreto simples ou concreto
armado.
No caso de carregamentos apenas de compressão, só há necessidade de
armação de ligação entre tubulão e bloco de coroamento, sendo dispensada a
armação ao longo do fuste.
4.2.1.3.2 Tubulões a ar comprimido
Tubulões com ar comprimido são utilizados quando existe água, exige-se gran-
des profundidades e existe o perigo de desmoronamento das paredes da estaca.
Nesse caso, a injeção de ar comprimido no tubulões impede a entrada de água, pois
a pressão interna é maior que a pressão da água, sendo a pressão empregada, no
máximo, de 3 atm, limitando a profundidade em 30 m abaixo do nível d’água.
Custos elevados e riscos de acidentes no trabalho são fatores que limitam o
processo de utilização dos tubulões a ar comprimido.

4.2.1.4 Blocos de Coroamento


Os blocos de coroamento são elementos de concreto que exercem a função de
transferir os esforços dos pilares, provenientes da superestrutura para as fundações
profundas (estacas e tubulões). No item 22.7 a ABNT NBR 6118:2014 define os blocos
como sendo estruturas de volume que são utilizadas para transferir as estacas e aos
tubulões as solicitações da fundação.
Os blocos de coroamento sobre estacas podem ser realizados para 1, 2, 3, 4…
n estacas. O que definirá a quantidade de estacas será estritamente a capacidade de
carga da estaca e os parâmetros geotécnicos do terreno.

Figura 09 – Bloco de coroamento sobre estacas


Disponível em: https://www.e-zigurat.com/blog/pt-br/classificacao-dos-blocos-de-coroamento-sobre-
estacas-quanto-a-sua-rigidez/

4.2.2 Métodos Construtivos das fundações profundas


4.2.2.1 Estacas de deslocamentos
4.2.2.1.1 Estacas pré-moldadas de concreto
• Locação: A locação deve ser feita com um furo do mesmo diâmetro
da estaca. Posteriormente, ele deve ser preenchido com areia.
Dessa forma, quando os equipamentos e as pessoas transitarem
pelo canteiro, as sinalizações de onde as estacas serão executadas
não serão danificadas. Esse furo será a guia para a cravação do
primeiro elemento de cada estaca.
• Posicionamento e içamento: Tanto o posicionamento quanto o
içamento das estacas são realizados pelo equipamento de bate
estaca, por meio de um cabo auxiliar do guincho que traga junto a
torre e coloque-a na posição vertical, possibilitando o assentamento
no local definido para a cravação. Essa etapa deve ser feita
obedecendo a seguinte ordem: primeiro, a torre do bate-estacas é
aprumada; segundo, apruma-se à estaca. Os prumos de face frontal
e lateral também devem ser verificados.
• Cravação: A cravação das estacas é normalmente feita pelo pro-
cesso de percussão, com martelos de queda livre. A relação entre o
peso do pilão e o da estaca (Pp/Pe) deve ser a maior possível, com
valor mínimo recomendável de 0,7. Durante a cravação, o bate-
estacas é posicionado no piquete indicador do centro da estaca a ser
cravada. A torre do equipamento é aprumada e, com um cabo auxiliar
de manobras, a estaca é posicionada nessa torre, com a base
assentada sobre o local adequado no solo. Em seguida, o martelo
juntamente com o capacete é descido até seu encaixe na cabeça da
estaca. Por fim, é executada a cravação.

Foto 10 – Cravação de estacas pré-moldadas


Disponível em: https://www.meiacolher.com/2015/08/tipos-de-estacas-para-fundacao aprenda.html
4.2.2.1.2 Estacas Metálicas
• Remoções de interferências: É feita utilizando a retroescavadeira para
abrir o solo no alinhamento onde será cravado o perfil. Este
procedimento tem como objetivo localizar “antes da cravação”, restos de
fundação dos imóveis pré-existentes no terreno, evitando que o perfil
atinja peças que podem danificar ou desviar o perfil do seu alinhamento.
• Locação: Os eixos dos perfis devem ser locados no terreno de acordo
com o projeto de fundação.

Foto 11: Marcação da estaca metálica


Disponível em: https://www.universidadetrisul.com.br/etapas-construtivas/cravacao-de-perfis-
metalicos-na-construcao-civil

• Cravação: Estudar a logística para o início da cravação é imprescindível


para que se otimize tempo, produtividade e espaço no canteiro; deve-se
acompanhar criteriosamente a locação dos gabaritos dos perfis; durante
a cravação, é importante a conferência do prumo do perfil; deve-se aten-
tar também quanto ao peso do martelo, em função da altura máxima que
ele pode atingir para não danificar os perfis. É importante que se faça a
investigação do terreno antes de iniciar a cravação do perfil; O peso do
martelo deve ser igual ou superior ao peso da estaca. É importante que
a cravação do primeiro perfil tenha o acompanhamento do
consultor/projetista de fundação.
Desta forma, o especialista saberá se o solo está se comportando como
foi previsto e quais as medidas a tomar. A cravação é executada com
um bate estaca.

Foto 12 – Cravação de estaca metálica


Disponível em: https://www.universidadetrisul.com.br/etapas-construtivas/cravacao-de-perfis-
metálicos-na-construção-civil

4.2.2.1.3 Estaca de Madeira


• Locação: Fazer a locação do centro da estaca
• Cravação: São cravadas com bate estacas de pequenas dimensões e
martelos leves. As cabeças das estacas devem ser protegidas com um
capacete metálico.

Foto 13 – Estaca de madeira cravada


Disponível em: https://directiva.eng.br/servico/estaca-de-madeira/
4.2.2.1.4 Estaca Franki
• Locação: Deve-se fazer a locação das estacas de acordo com o projeto
estrutural.
• Cravação: A estaca é cravada por meio de golpes de pilão de um bate
estaca, o peso desse pilão varia de acordo com o diâmetro da estaca,
conforme a NBR 6122/2019.
• Execução da base alargada: A base alargada ou o bulbo da estaca
Franki pode ser realizado com bucha seca de material granular ou com
concreto magro. A bucha é socada pelo pilão até a formação do bulbo.
A quantidade de material do bulbo será definida no projeto de fundações.
• Colocação da armadura: De acordo com a NBR 6122/2010, as estacas
Franki podem ser executadas sem o uso de armaduras em casos espe-
ciais. Porém, normalmente mesmo quando as solicitações de carga em
que as estacas estarão submetidas não indiquem o uso de armadura,
utiliza-se uma armadura mínima por motivos de ordem construtiva.
Geralmente, as armaduras dessas estacas são longitudinais, ao longo
de seu comprimento, e transversais, formadas pelos estribos que podem
ser colocados de um a um ou realizados em espiral.
• Concretagem dos furos: Depois de realizada a cravação dos furos e a
devida colocação das armaduras, realiza-se o processo de concretagem
das estacas. O consumo mínimo de cimento deve ser de 350kg/m3 e o
concreto deve ser lançado em pequenas quantidades com sucessivas
compactações e retirada do tubo de revestimento.
Foto 14 – Processo executivo da estaca Franki
Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/estaca-franki/

4.2.2.2 Estacas Escavadas


4.2.2.2.1 Estaca Strauss
• Locação: Deve-se fazer a locação das estacas de acordo com o projeto
estrutural.
• Escavação: Realizada pelo apiloamento do solo através de equipa-
mento bate-estaca, utilizando uma sonda ou piteira metálica até o
primeiro ou segundo metro de escavação. Então é colocado um
segmento curto de revestimento metálico com coroa na ponta. A seguir,
prossegue-se a perfuração com golpes sequenciais e eventual adição
de água. Conforme a descida do tubo, rosqueia-se o tubo seguinte até
a escavação atingir a profundidade determinada. Atingida a cota prevista
no projeto de fundação da edificação, o operador do bate estacas
Strauss faz a checagem se a piteira já não entra tanto no solo. Isso
ocorre quando se atinge um nível em que o SPT é 20. Se isto acontecer,
autoriza-se a concretagem.
• Limpeza dos tubos e colocação da armação: Após a conclusão da
escavação, limpa-se as camisas metálicas (tubos) através do
lançamento de água que, por sua vez, é pulverizada para fora junto com
o solo residual em forma de lama, caso a estaca seja armada , a
armadura é colocada.
• Concretagem: Após a limpeza da escavação, o concreto é lançado
através de um funil até que se tenha uma coluna de aproximadamente
1m, que deve ser apiloado para a formação do fuste da estaca. Em
sequência, repete-se o procedimento com a simultânea retirada da
camisa metálica conforme sobe o nível de concreto. A retirada das
camisas deve ser feita com guincho manual de forma lenta, evitando a
subida da armadura e a formação de vazios.

Foto 15 – Execução da estaca Strauss


Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-fundacao/estaca-strauss/

Foto 16 – Equipamentos para perfuração da estaca Strauss


Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-fundacao/estaca-strauss/
Foto 17 – Etapas de execução da estaca Strauss
Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-fundacao/estaca-strauss/

4.2.2.2.2 Estaca Hélice Contínua


• Locação: Deve-se fazer a locação da estaca de acordo com o projeto
estrutural.
• Perfuração: É feita por meio da rotação da hélice pela aplicação do tor-
que até a profundida estabelecida em projeto; a hélice não deve ser
retirada do solo em momento algum até que a profundidade de projeto
seja atingida , para que se possa garantir a estabilidade do furo até a
concretagem.
• Concretagem: Iniciada após a perfuração, o concreto é bombeado pela
haste central do trado ao mesmo tempo em que ela é retirada, nesse
momento não há rotação do trado.
• Colocação da armadura: A armadura é colocada após a realização da
concretagem, introduzida por gravidade ou com o auxílio de um pilão de
pequena carga.
Foto 18 – Etapas de execução da estaca hélice contínua
Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/estaca-helice-continua/

4.2.2.2.3 Estaca Raiz


• Locação: Deve-se fazer a locação das estacas de acordo com o projeto
estrutural. Para o correto posicionamento do equipamento, a perfuratriz,
é necessário que o terreno esteja nivelado, antes do ínico da perfuração,
deve-se conferir a verticalidade e o ângulo de inclinação do tubo metálico
em relação à estaca.
• Perfuração: Pode ser vertical ou inclinada, é executada com uma
perfuratriz, equipamento mecânico. É utilizado um processo rotativo com
circulação de água, lama betonítica ou polímero sintético, que permite a
fixação do tubo metálico para o revestimento provisório até a ponta da
estaca. Caso seja encontrado algum material resistente durante a
perfuração, como matacões ou rocha, pode ser utilizado uma coroa
diamantada, ou pode-se prosseguir a perfuração por processo
percussivo. O tubo metálico é inserido conforme a perfuração vai
ganhando profundidade sendo composto de vários segmentos que
serão ligados entre si por juntas rosqueáveis. A profundidade e o
diâmetro da perfuração são definidos em projetos e de acordo com as
características do solo encontrado na sondagem SPT do terreno.
• Fixação da armadura: Após a perfuração é realizada a limpeza do tubo
metálico através de golpes de água dentro da estaca, para em seguida
a armadura seja inserida no interior do tubo.
• Injeção da argamassa e retirada dos tubos metálicos: A argamassa
constituída por cimento e areia é bombeada através de um tubo até a
ponta da estaca, o macaco hidráulico utilizado para retirar os tubos me-
tálicos deve ser programado de forma que a retirada não aconteça muito
rápida, senão a distribuição uniforme da massa pode ser comprometida.
À medida que a argamassa sobe pelo tubo de revestimento, o tubo é
simultaneamente retirado. Quando o tubo estiver cheio, a extremidade
superior é fechada e são aplicados golpes de pressão com ar
comprimido para o adensamento da argamassa e a interação com o solo
(atrito lateral).

Foto 19 – Etapas de execução da estaca raiz


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/estaca-raiz/

Foto 20 – Estacas raiz escutada


Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-fundacao/estaca-raiz/
4.2.2.2.4 Bloco de Coroamento
Etapas de execução de um bloco de coroamento:
• Abertura da vala: A vala é escavada de acordo com as dimensões do
projeto e com os equipamentos adequados, pois a mesma é feita acima
das estacas onde o bloco será executado, não podendo, assim, danificar
as estacas que estão ali. Depois da escavação é feito o apiloamento do
solo com o objetivo de compactar e regularizar o terreno, preparando-o
para o recebimento do concreto magro.
• Preparação da cabeça das estacas: Durante a concretagem das esta-
cas e tubulões o concreto é lançado acima da cota de arrasamento. Para
se executar os blocos de coroamento as estacas precisam ser cortadas
até a cota de arrasamento, o nível das estacas deve ficar 5cm acima do
solo escavado, para dessa forma haver uma ligação e ajuste entre o
bloco e as estacas acima das quais ele estar sendo executado. Esse
serviço de preparação deve ser executado com muito cuidado, pois as
estacas não podem sofrer danos, os cortes devem ser regular e plano
para permitir transferência das cargas conforme previsto no projeto.
• Execução do lastro de concreto magro: É feita uma camada fina de
concreto magro no fundo da vala, com espessura de 5cm, que tem a
função de regularizar a superfície da vala, além de evitar que o bloco de
coroamento fique em contato com o solo, pois a umidade e as
substâncias químicas presentes no solo podem diminuir a resistência da
estrutura.
• Montagem das Formas: As formas, geralmente, são de madeira,
realizadas sobre o lastro de concreto. Tem por objetivo moldar a
estrutura de concreto e só são retiradas quando o concreto atinge a
resistência apropriada para desforma. As dimensões da forma são de
acordo com o projeto de fundação.
• Instalação das armaduras: As armaduras são executadas conforme as
especificações dos projetos com relação ao tipo, bitola, tamanhos e o
espaçamento. As formas devem ser limpas, assim como as armaduras
também. Em casos de blocos de pequenas dimensões a armadura
poderá ser montada fora da forma, blocos maiores é preferível fazer a
montagem dentro da forma.
• Concretagem do bloco de coroamento: A concretagem é pode ser re-
alizada com concreto usinado ou preparado na própria obra. Alguns
cuidados devem ser tomados durante da concretagem: A forma deve ser
molhada para que não se tenha materiais que se misturem com o
concreto, evitando que as formas absorvam a água do concreto, caso a
forma seja de madeira; observar se a armadura sofre algum
deslocamento durante o lançamento do concreto, caso aconteça a
concretagem deve ser interrompida para que a armação seja
concertada; o lançamento do concreto deve ser contínuo para que não
exista juntas de concretagem; o concreto deve ser vibrado, com o
vibrador de imersão, com o objetivo de evitar a formação de vazios no
bloco. A concretagem é finalizada quando o concreto cobrir a armadura
de acordo com o cobrimento presente no projeto de fundação.
• Retirada das formas: Deve ser realizada assim que o concreto atingir
sua resistência de projeto. Após desforma o bloco deverá ser
impermeabilizado com o intuito de evitar a infiltração para o seu interior.

Figura 21 – Blocos de coroamento


Disponível em: https://construirsozinho.com.br/bloco-de-coroamento
5. Cálculo Estrutural
O cálculo estrutural é feito por ´profissional especializado, engenheiro de
estrutura ou geotécnico, de acordo com a norma NBR 6122/2019, não cabendo ao
técnico esse cálculo. Porém é de suma importância o entendimento dos projetos e
dos processos executivos.
A NBR 6122/2019 trata-se da norma regulamentadora de projetos e execução
de fundações de qualquer tipo de estrutura especificada como convencional na
Engenharia Civil. Esta norma foi criada em 1986, passando por modificações no ano
de 2010 e recentemente foi publicada sua mais nova revisão em 2019.

6. Controle de Execução

Ao se executar a fundação de qualquer tipo de obra, seja ela de grande, médio


ou pequeno porte, alguns cuidados devem ser considerados para que se mantenha a
qualidade dos serviços, não importa se a fundação é do tipo superficial ou profunda,
alguns cuidados são inerentes a qualquer tipo de fundação e outros são mais especí-
ficos ao tipo da fundação executada. Ao se fazer o controle de execução deve-se
observar, principalmente:
1. Qualidade dos materiais utilizados: Deve-se ter o cuidado de ter bons
fornecedores de materiais, dando preferência àqueles que tem um
rigoroso controle de qualidade. Dentre os materiais mais utilizados numa
fundação, tem-se: O concreto, o aço, a madeira e o próprio solo, que
deve ser devidamente bem investigado antes da execução.
2. Qualidade nos processos de execução: Os processos de execução
vão variar de acordo com o tipo de fundação, evidentemente o tipo de
controle a ser feito também não será o mesmo, se adequando a cada
situação, mas de um modo geral, o conhecimento do procedimento
executivo e o treinamento de quem tá executando é de fundamental
importância para se garantir a qualidade do processo.
Levando-se em consideração esses dois critérios, é possível executar
fundações com boa qualidade, ajudando a reduzir custos do empreendimento e, mais
do que isso, evitando o aparecimento de manifestações patológicas que possam vir a
causar problemas e danos ao empreendimento.
7. Prova de Carga

Prova de carga: Consiste num ensaio geotécnico que é realizado em fundações


profundas (Estacas) com a finalidade de avaliar a capacidade de carga real das
fundações e estruturas, verificando o atendimento das premissas de projeto,
garantindo o desempenho adequado da estrutura. A prova de carga pode ser estática
ou dinâmica.

7.1 Prova de Carga Estática (PCE)

Prova de carga estática consiste num ensaio onde é aplicado uma força na
cabeça da estaca e monitorado o deslocamento provocado por essa força. Com base
nisso é feito uma curva de tensão x deformação e identificado os esforços máximos
suportados pela estrutura antes de fraturar. Naturalmente, as cargas que essa estaca
deve suportar será maior que a carga admissível no projeto.
O procedimento normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) por meio de duas normas que regularizam a execução das provas de cargas
nas estacas:
• NBR – 12131:2006 – Estacas – Prova de Carga Estática – Método de
Ensaio
• NBR – 6122:2019 – Projeto e Execução de Fundações

7.2 Prova de Carga Dinâmica (PDA)

Prova de carga dinâmica consiste num ensaio realizado através da instalação


de sensores no fuste da estaca. Os sinais dos sensores são enviados por cabo ao
equipamento PDA, que armazena e processa os sinais. A estaca é golpeada por um
martelo, ondas resultantes do impacto se propagam ao longo da mesma. Os sinais
são armazenados através do equipamento denominado PDA, que vai gerar relatórios
onde se poderá analisar a capacidade de ruptura da interação estaca-solo, a integri-
dade das estacas e a eficiência dos sistemas de cravação.
O procedimento é normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) por meio da norma:
• NBR – 13208:2007 – Estacas – Ensaio de Carregamento Dinâmico
8. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Segundo o Prof. Pérsio Leister de Almeida Barros, estruturas de contenção ou


de arrimo são obras civis construídas com a finalidade de prover estabilidade contra
a ruptura de maciços de terra ou rocha. São estruturas que fornecem suporte a estes
maciços e evitam o escorregamento causado pelo seu peso próprio ou por
carregamentos externos. Podem ser:

8.1 Muros de Arrimos

Estrutura volumétrica formada por blocos destinadas a estabilizar encostas


junto as edificações nas áreas urbanas, pontes, estradas ou ruas. Podem ser
constituídas de paredes vertical ou quase vertical, sendo apoiados numa fundação
rasa ou profundas
São estruturas que combatem os empuxos horizontais pelo próprio peso. O
peso próprio combinado com parte de terras suportadas contribuem para a
estabilidade do talude. São utilizados para conter pequenos ou médios desníveis,
inferiores a cerca de 5 metros. Podem ser construídos com pedra, concreto ciclópico
(simples ou armado), gabiões ou ainda, pneus usados, terra armada.

Foto 22 – Muro de arrimo de concreto ciclópico


Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/muro-de-arrimo/
Foto 23 – Muro de arrimo de pneus
Disponível em: https://carluc.com.br/estruturas-de-contencao/muro-de-arrimo/

Foto 24 – Muro de arrimo de gabião


Disponível em: https://carluc.com.br/estruturas-de-contencao/muro-de-arrimo/
Foto 25 – Muro de arrimo de concreto armado
Disponível em: https://carluc.com.br/estruturas-de-contencao/muro-de-arrimo/

Foto 26 – Muro de arrimo com terra armada


Disponível em: https://carluc.com.br/estruturas-de-contencao/muro-de-arrimo/

8.2 Cortinas de contenção

A cortina de contenção consiste em executar sucessivas estacas no terreno


natural, para que estas formem uma espécie de cortina que manterá a estabilidade do
solo, tornando possível uma escavação.
Foto 27 – Cortina de contenção de estacas
Disponível em: https://escoll.com.br/cortinas-de-contencao/
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEF. Manual de execução de fundações e geotecnia: práticas recomendadas. 1. ed.


São Paulo: Pini, 2012.
ASSSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6118:2014.
Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, ABNT, 256p.
ASSSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6122:2019.
Projeto e execução de fundações, ABNT, 108p
ALBURQUERQUE, Douglas. Tipos de fundação: qual a importância em uma obra e
como escolher o mais adequado. Blog IPOG. Disponível em:
https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/tipos-de-fundacoes/. Acesso em: 21
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Disponível em: https://carluc.com.br/fundacao/sapata-isolada/. Acesso em: 21 de fe-
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PEREIRA, Caio. O que é bloco de fundação? Escola Engenharia, 2017. Disponível
em: https://www.escolaengenharia.com.br/blocos-de-fundacao/. Acesso em: 21 de
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Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-fundacao/estaca-raiz/. Acesso em: 21
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TIBURZIO, Tânia. A função e vantagens do suo das sapatas em uma obra. Site
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RIBEIRO, Marcel. Prova de carga: por que usar essa metodologia na construção? Site
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PEREIRA, Caio. Bloco de Coroamento: o que é, método de cálculo e execução.
Escola Engenharia, 2021. Disponível em:
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