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2 Revisão da Literatura

Uma fundação de um prédio é uma estrutura de suporte construída abaixo do


solo que serve para distribuir o peso da edificação e assegurar sua estabilidade e
segurança. A fundação é responsável por transmitir a carga do prédio para o solo de
maneira uniforme, evitando assim que o peso do edifício cause deformações no solo
ou danos à própria construção.

Existem diferentes tipos de fundações de prédios, como a fundação rasa,


também conhecida como sapata, que é uma laje de concreto armado construída na
superfície do solo; a fundação profunda, que é construída em profundidades
maiores, como estacas e tubulões; e a fundação direta, que é uma combinação de
ambos os tipos e é utilizada em edificações de grande porte.

A escolha do tipo de fundação de um prédio depende de vários fatores, como


o tipo de solo, a carga que a edificação irá suportar e as condições ambientais
locais. É importante que a fundação seja projetada e executada por profissionais
capacitados, seguindo as normas técnicas e de segurança para garantir a
durabilidade e a estabilidade do prédio.

Sobre a fundação profunda, que será utilizada para pesquisa, são estruturas
de suporte construídas em profundidades maiores, geralmente utilizadas em
edificações de grande porte ou em solos que apresentam baixa capacidade de
carga. Esse tipo de fundação é projetado para suportar grandes cargas verticais e
horizontais e transmiti-las para camadas mais resistentes do solo.

Existem diferentes tipos de fundações profundas, como as estacas, os


tubulões e os caixões. Os tubulões são estruturas cilíndricas ou retangulares que
são escavadas no solo e preenchidas com concreto. Já os caixões são estruturas de
concreto armado pré-moldado ou moldado in loco que são utilizadas para suportar
grandes cargas. As estacas são elementos cilíndricos ou prismáticos que são
cravados ou escavados no solo e podem ser feitas de concreto armado, madeira ou
aço. Para pesquisa iremos utilizar a estaca mega e à estaca raiz.
2.1 Processo executivo das estacas mega

As estacas mega, também conhecidas como estacas escavadas ou estacas


tipo Strauss, são um tipo de fundação profunda utilizada em obras de grande porte,
como pontes, viadutos, edifícios, entre outros.

E utilizado um tipo de estaca que possui peças da estrutura cravadas no solo,


com o auxílio de um macaco hidráulico. Esse equipamento aplica uma forca na
estrutura local da edificação, que pode ser um conjunto de vigas, lajes e paredes
fazendo com que as reações das peças sejam deslocadas na direção contraria e
cravadas no solo.

Sua utilização pode ser de várias maneiras, que varia dependendo do objetivo
do uso. Umas das utilizações seria para correção de patologias existentes, que pode
ter ocorrido devido a presença de recalque na estrutura. Uma outra aplicação seria
em forma de reforço da fundação, que pode ter de ser para atender a demanda de
aumento de carga ou para maior segurança da obra.

O processo executivo das estacas mega envolve diversas etapas, que se


inicia-se com a perfuração do solo, utilizando-se uma broca helicoidal. Essa broca é
colocada em um trado, que é acoplado a um equipamento de perfuração, que pode
ser uma máquina de perfuração com martelo vibratório ou uma perfuratriz hidráulica.
A perfuração é realizada até atingir a profundidade necessária para a execução da
estaca.

Após a perfuração, uma armadura é inserida no interior da estaca. Essa


armadura é composta por barras de aço de alta resistência e é presa a um
dispositivo de tração, que a mantém no lugar durante o processo de concretagem. A
armadura é dimensionada de acordo com as cargas que a estaca deve suportar.

A concretagem é realizada por meio da inserção de concreto no interior da


estaca, utilizando-se um tubo de concretagem. O concreto é bombeado por meio de
uma bomba de concreto, que garante a homogeneidade e a compactação do
material. É importante que o concreto utilizado na execução das estacas mega tenha
alta resistência e seja devidamente dosado para garantir a qualidade da fundação.
Após a concretagem, o concreto é deixado para curar por um período de
tempo determinado, que varia de acordo com as condições climáticas e com as
especificações do projeto. Durante esse período, é importante que a estaca fique
protegida de agentes externos que possam prejudicar o processo de cura.

Ao final do processo, a estaca mega é submetida a testes de carga para


verificar a qualidade e a resistência do material. Esses testes são realizados por
equipamentos específicos que aplicam cargas progressivas na estaca, simulando as
condições de uso da estrutura. Os resultados desses testes são fundamentais para
garantir a segurança e a estabilidade da fundação.

2.2 Processo executivo das estacas raiz

A estaca raiz são do grupo de estacas utilizadas em fundações profundas,


que podem atingir uma profundidade maior que 50 metros com um diâmetro de 80 a
500 mm. Ela e uma estaca argamassada “in loco”, produzida no canteiro de obras
sendo uma excelente alternativa para terrenos com dificuldades de acesso ou para
construções em áreas urbanas, onde o espaço para a execução de obras é limitado.

Podemos destacar que a estaca raiz são estacas de muita versatilidade e


podem ser utilizadas em diferentes tipos de terreno e em várias situações. Elas se
adaptam facilmente a diferentes geometrias e podem ser executadas em qualquer
profundidade. Tem um menor impacto ambiental por não gerar grandes volumes de
resíduos, o custo de aplicação e baixo pois ela não demanda grandes equipamentos
e a execução é mais rápida e eficiente.

O processo executivo da estaca raiz envolve diversas etapas que se inicia-se


com a perfuração do solo, utilizando-se uma broca helicoidal. Essa broca é colocada
em um trado, que é acoplado a um equipamento de perfuração, que pode ser uma
máquina de perfuração com martelo vibratório ou uma perfuratriz hidráulica. A
perfuração é realizada até atingir a profundidade necessária para a execução da
estaca.

Em seguida, uma armadura é colocada no interior da estaca, de forma que


fique envolvida pelo concreto. Essa armadura é composta por barras de aço de alta
resistência, que são posicionadas de acordo com as cargas que a estaca deve
suportar.

Após a colocação da armadura, o furo da estaca é preenchido com uma pasta


de cimento e água, também conhecida como leite de cimento. Essa pasta preenche
os espaços vazios entre a armadura e as paredes da estaca, formando uma camada
de concreto aderida às paredes do furo. Essa camada de concreto é conhecida
como graute. A seguir, o furo é preenchido com concreto, utilizando-se uma bomba
de concreto. O concreto é lançado de baixo para cima, de forma a expulsar o leite de
cimento e preencher completamente o furo. Durante a concretagem, é importante
que o concreto seja devidamente dosado e que a sua colocação seja feita de forma
contínua, para garantir a integridade da estaca.

Após a concretagem, o concreto é deixado para curar por um período de


tempo determinado, que varia de acordo com as especificações do projeto. Durante
esse período, é importante que a estaca fique protegida de agentes externos que
possam prejudicar o processo de cura.

Ao final do processo, a estaca raiz é submetida a testes de carga para


verificar a qualidade e a resistência do material. Esses testes são realizados por
equipamentos específicos que aplicam cargas progressivas na estaca, simulando as
condições de uso da estrutura.

2.3 Dimensionamento

O dimensionamento de estacas de reforço é um tema relevante na


engenharia civil, uma vez que as estacas são frequentemente utilizadas como
solução para reforçar fundações existentes e garantir a estabilidade de estruturas.
Diversos estudos têm sido realizados para aprimorar os métodos de
dimensionamento de estacas de reforço, com o objetivo de torná-los mais precisos e
eficientes.

Um dos métodos mais comuns para o dimensionamento de estacas de


reforço é o método do Estado Limite Último (ELU). Esse método leva em
consideração a resistência do solo e da estaca, bem como a geometria da estaca e
as cargas atuantes sobre ela. O dimensionamento é realizado de forma que a
capacidade de carga da estaca seja maior ou igual à carga atuante sobre ela.
Outro método bastante utilizado é o método do Estado Limite de Serviço
(ELS), que considera a deformação da estaca sob as cargas atuantes, bem como
outras condições de serviço, como a estabilidade lateral da estaca. O
dimensionamento é realizado de forma que a deformação da estaca seja aceitável
para as condições de serviço previstas.

Além desses métodos, outras abordagens têm sido propostas para o


dimensionamento de estacas de reforço, como o método de equilíbrio limite, o
método de elementos finitos e o método de análise probabilística. Cada método tem
suas próprias vantagens e limitações, e a escolha do método mais adequado
dependerá das características específicas do projeto de reforço e das propriedades
do solo.

2.3.1 Métodos semiempíricos do cálculo da capacidade de carga da


estaca mega

Os métodos semiempíricos para o cálculo da capacidade de carga de estacas


mega como reforço seguem princípios semelhantes aos utilizados para estacas de
fundação. No entanto, existem algumas diferenças em relação à geometria e ao
comportamento da estaca mega, que devem ser consideradas.

Um dos métodos mais utilizados para o cálculo da capacidade de carga de


estacas mega como reforço é o método proposto por Randolph e Wroth (1978).
Esse método considera a estaca mega como um cilindro oco, com uma seção
transversal circular e paredes finas. A capacidade de carga é calculada com base na
resistência do solo que envolve a estaca mega.

O método proposto por Randolph e Wroth considera a capacidade de carga


da estaca mega como a soma da capacidade de carga da estaca original mais a
capacidade de carga adicionada pelo reforço da estaca. A capacidade de carga
adicionada é calculada como o produto de um fator de capacidade de carga, que
depende das características da estaca e do solo, e da carga de ruptura da estaca
original. A equação geral do método é dada por:

Qc = Qb + Qa = Qb + Kt * Qb * (d - Db) * (t / Db)^2 * (B / Ls)

onde:

Qc = capacidade de carga da estaca reforçada (kN)


Qb = capacidade de carga da estaca original (kN)

Qa = capacidade de carga adicionada pelo reforço (kN)

Kt = fator de capacidade de carga

d = diâmetro da estaca mega (m)

Db = diâmetro da estaca original (m)

t = espessura do revestimento (m)

B = largura da base do revestimento (m)

Ls = comprimento da estaca (m)

O fator de capacidade de carga Kt pode ser determinado a partir de gráficos


ou de equações semiempíricas que levam em consideração a relação entre o
diâmetro da estaca, o comprimento da estaca e as propriedades do solo.

Outro método semiempírico comumente utilizado é o método de Reese


(1984), que considera a estaca mega como um tubo circular preenchido com
material granular. A capacidade de carga é calculada com base na resistência do
solo à compressão e na resistência do material granular dentro do tubo.

O método de Reese leva em consideração a resistência do solo que envolve


a estaca mega, bem como a resistência do material granular dentro do tubo. A
resistência do solo é avaliada por meio de ensaios de penetração estática ou por
meio da utilização de parâmetros geotécnicos obtidos em ensaios de laboratório ou
em campo.

O método de Reese também utiliza fatores de capacidade de carga para


determinar a capacidade de carga de estacas megas reforçadas. Neste método, a
capacidade de carga da estaca reforçada é calculada como a soma da capacidade
de carga da estaca original mais a capacidade de carga adicionada pelo reforço da
estaca. A capacidade de carga adicionada é calculada como o produto de um fator
de capacidade de carga, que depende das características da estaca e do solo, e da
carga de ruptura da estaca original. A equação geral do método é dada por:
Qc = Qb + Qa = Qb + Kt * Qb * Ar * Kp

onde:

Qc = capacidade de carga da estaca reforçada (kN)

Qb = capacidade de carga da estaca original (kN)

Qa = capacidade de carga adicionada pelo reforço (kN)

Kt = fator de capacidade de carga

Ar = área da seção transversal do reforço (m^2)

Kp = fator de eficiência de carregamento

Além desses métodos, existem outros métodos semiempíricos que podem ser
utilizados para o cálculo da capacidade de carga de estacas mega como reforço,
como o método de O'Neill e Reese (1999) e o método de Matlock e Reese (1982).
Cada método tem suas próprias premissas e limitações, e a escolha do método mais
adequado deve ser baseada nas características do solo e da estrutura em questão,
bem como na disponibilidade de dados geotécnicos.

2.3.2 Métodos semiempíricos do cálculo da capacidade de carga da


estaca raiz

Os métodos semiempíricos para o cálculo da capacidade de carga de estacas


raiz como reforço são semelhantes aos utilizados para o cálculo da capacidade de
carga de estacas convencionais. A principal diferença é que a estaca raiz é uma
estaca de reforço, ou seja, ela é utilizada para melhorar a capacidade de carga de
uma estaca já existente.

Um dos métodos mais utilizados é o método do coeficiente de transferência


de carga (Método CTC). Neste método, a capacidade de carga da estaca raiz é
calculada a partir do coeficiente de transferência de carga, que é obtido por meio de
ensaios de carga em estacas já existentes.

O método consiste em instalar a estaca raiz em uma posição próxima à


estaca existente e submetê-la a um ensaio de carga. Durante o ensaio, a carga é
transferida da estaca raiz para a estaca existente, e a carga na estaca existente é
medida. Com base nos dados obtidos no ensaio, é possível calcular o coeficiente de
transferência de carga, que é utilizado para calcular a capacidade de carga da
estaca raiz.

A fórmula para calcular a capacidade de carga da estaca raiz pelo Método


CTC é:

Qb = Ap * Nc * Sc * Tc

Onde:

Qb é a capacidade de carga da estaca raiz em kN;

Ap é a área da seção transversal da estaca raiz em m²;

Nc é o coeficiente de reação do solo adimensional;

Sc é o coeficiente de forma adimensional, que depende da relação entre o


diâmetro e o comprimento da estaca raiz;

Tc é o coeficiente de correção adimensional, que considera as condições de


carregamento, tais como a distribuição de carga e o fator de carga.

Outro método semiempírico comum é o método do comprimento equivalente


(Método LE). Neste método, a capacidade de carga da estaca raiz é calculada a
partir de um comprimento equivalente, que é obtido a partir de ensaios de carga em
estacas já existentes.

A fórmula para calcular a capacidade de carga da estaca raiz pelo Método LE


é:

Qb = Ap * Sf * Sd * Sr * Kp

Onde:

Qb é a capacidade de carga da estaca raiz em kN;

Ap é a área da seção transversal da estaca raiz em m²;

Sf é o fator de forma adimensional, que depende da relação entre o diâmetro


e o comprimento da estaca raiz;
Sd é o fator de profundidade adimensional, que considera o efeito da
profundidade da estaca raiz;

Sr é o fator de resistência adimensional, que considera a resistência lateral do


solo;

Kp é o coeficiente de capacidade de carga adimensional, que considera o tipo


de solo e o tipo de carga aplicada

O método consiste em instalar a estaca raiz em uma posição próxima à


estaca existente e submetê-la a um ensaio de carga. Durante o ensaio, a carga é
transferida da estaca raiz para a estaca existente, e a carga na estaca existente é
medida. Com base nos dados obtidos no ensaio, é possível determinar um
comprimento equivalente para a estaca raiz, que é utilizado para calcular a
capacidade de carga da estaca raiz.

É importante ressaltar que esses métodos semiempíricos devem ser


utilizados com cautela, pois a capacidade de carga da estaca raiz como reforço pode
ser influenciada por diversos fatores, como a resistência do solo, a qualidade da
instalação da estaca e as características da estaca existente.

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