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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG

ITHALO BRUNO VILELA BUENO

Estudo comparativo entre os softwares Cypecad, Eberick e


TQS

PASSOS
2020
Ithalo Bruno Vilela Bueno

Estudo comparativo entre os softwares Cypecad, Eberick e


TQS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Estado de Minas
Gerais, unidade de Passos, como
requisitopara o título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Sidnei Ramos Borges

Passos
2020
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos familiares e amigos que sempre estiveram ao meu
lado ao longo da graduação.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais e irmão, os quais me apoiaram e incentivaram durante


toda a graduação. Agradeço também aos amigos Ana Paula, Gustavo, Igor, Keila,
Leonardo Santos, Leonardo Silva, Leticia e Rafael, que sempre estiveram ao meu lado
durante a graduação; à Leticia Lovo por todo o suporte, incentivo e ajuda. Agradeço,
ainda, ao José Francisco, que se tornou um grande amigo e conselheiro na fase final
da graduação e na realização deste trabalho. Por fim, agradeço ao meu orientador,
Sidnei Ramos Borges, por toda a orientação dada neste trabalho.
RESUMO

Atualmente, existem três principais softwares de cálculo estrutural, os quais


apresentam algumas diferenças entre si. Este trabalho tem como objetivo apresentar
como cada software trabalha em situações semelhantes, observando as diferenças
gerais entre os mesmos. Para que fosse obtido os resultados, foram lançadas duas
edificações, sendo uma térrea e outra de três pavimentos, nos três softwares,
resolvendo assim os problemas apresentados por cada software, e assim, extraindo
as informações importantes para o estudo. Essas informações foram extraídas e
colocadas em formato de tabelas e gráficos para que se tenha uma melhor
visualização. Diante às diversas comparações, chega-se a conclusão que todos os
softwares são ferramentas de muita importância para os profissionais que trabalham
com projetos estruturais, tendo eles ferramentas e informações muito boas para o que
é determinado, cabendo a cada profissional decidir qual será o software que mais se
encaixa a sua realidade.

Palavras-chave: Software estrutural. Estruturas. Engenheiro estrutural.


ABSTRACT

Nowadays there is three main structural analysis softwares, having some diferences
between them. This study has the goal to show how each software works in similar
situations, noting the general differences between them. In order to obtain the results,
was created two buildings, one single storey and one three story in each software,
solving the problems showed by each one, and them collecting the relevant information
to this study. These informations were collected in chart format to better visualization.
Given the parallel, come to the conclusion that all the structural analysis softwares
studied here are really important tools to the professionals who work with structural
projects, having them all tools and very good informations about the subject-matter, so
it is up to each professional to decide which software will be the one who fits better to
your reality.

Key words:Structural analysis softwares. Structure. Structural engineer.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pirâmides de Gizé ..................................................................................... 17

Figura 2 - Termas de Caracalla em Roma ................................................................ 18

Figura 3 - Laje maciça ............................................................................................... 26

Figura 4 - Viga de concreto armado .......................................................................... 27

Figura 5 - Pilares de concreto armado ...................................................................... 28

Figura 6 - Sapata retangular de concreto armado ..................................................... 31

Figura 7 - Diagrama tensão-deformação idealizado.................................................. 37

Figura 8 - Diagrama tensão-deformação bilinear de tração ...................................... 37

Figura 9 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas ............ 39

Figura 10 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativas ............... 40

Figura 11 – Janela para criação do projeto ............................................................... 48

Figura 12 - Janela para escolha do modo de introdução da estrutura ...................... 48

Figura 13 - Lançamento dos níveis ........................................................................... 49

Figura 14 – Definição dos dados gerais .................................................................... 50

Figura 15 - Croqui nível Térreo ................................................................................. 51

Figura 16 - Croqui nível Cobertura ............................................................................ 51

Figura 17 - Croqui nível Caixa d'água ....................................................................... 52

Figura 18 - Modelo 3D Residência ............................................................................ 52

Figura 19 - Cálculo da obra ....................................................................................... 53

Figura 20 - Janela de erros e avisos ......................................................................... 53

Figura 21 – Níveis ..................................................................................................... 54

Figura 22 - Definição dos Dados Gerais ................................................................... 55

Figura 23 - Croqui do nível pavimento Tipo .............................................................. 55


Figura 24 - Croqui do nível Pavimento Cobertura ..................................................... 56

Figura 25 - Croqui do nível Pavimento Caixa d'água ................................................ 56

Figura 26 - Modelo 3D Edifício .................................................................................. 57

Figura 27 - Lançamentos dos níveis ......................................................................... 57

Figura 28 - Árvore do projeto..................................................................................... 58

Figura 29 - Tabela de Materiais e Durabilidade......................................................... 59

Figura 30 - Croqui do nível Caixa d'água .................................................................. 60

Figura 31 - Croqui do nível Térreo ............................................................................ 60

Figura 32 - Croqui do nível Cobertura ....................................................................... 60

Figura 33 - Modelo 3D Residência ............................................................................ 61

Figura 34 - Janela para escolha do modo de cálculo ................................................ 61

Figura 35 - Processamento da estrutura ................................................................... 61

Figura 36 - Janela para conferência de erros e avisos.............................................. 62

Figura 37 - Lançamento dos níveis ........................................................................... 63

Figura 38 - Tabela de Materiais e Durabilidade......................................................... 64

Figura 39 - Croqui do nível Pavimento Tipo .............................................................. 64

Figura 40 - Croqui do nível Cobertura ....................................................................... 65

Figura 41 - Croqui do nível Caixa d'água .................................................................. 65

Figura 42 - Modelo 3D Edifício .................................................................................. 66

Figura 43 - Janela para entrada de Dados Gerais do Edifício ................................... 67

Figura 44 - Janela para escolha do Modelo Estrutural .............................................. 68

Figura 45 - Lançamento dos níveis ........................................................................... 68

Figura 46 - Janela de Materiais ................................................................................. 69

Figura 47 - Janela de Cobrimentos ........................................................................... 69

Figura 48 - Árvore do Projeto .................................................................................... 70


Figura 49 - Croqui nível Térreo ................................................................................. 71

Figura 50 - Croqui nível Cobertura ............................................................................ 71

Figura 51 - Croqui nível Caixa d'água ....................................................................... 72

Figura 52 - Modelo 3D Residência ............................................................................ 72

Figura 53 - Janela de Processamento....................................................................... 73

Figura 54 – Janela para conferência de erros e avisos ............................................. 73

Figura 55 - Lançamentos dos níveis ......................................................................... 74

Figura 56 - Croqui do nível Pavimento Tipo .............................................................. 75

Figura 57 - Croqui do nível Cobertura ....................................................................... 76

Figura 58 - Croqui do nível Caixa d'água .................................................................. 76

Figura 59 - Modelo 3D Edifício .................................................................................. 77


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de Classe de agressividade ambiental (CAA) .............................. 34

Tabela 2 - Tabela de valores estimados de módulo de elasticidade em função da

resistência característica à compressão do concreto (considerando o uso de granito

como agregado graúdo) ............................................................................................ 36

Tabela 3 - Valores característicos superiores da deformação específica de retração

εcs (t∞,t0) e do coeficiente de fluência ϕ (t∞,t0) ........................................................ 38

Tabela 4 - Valor do coeficiente de aderência η1 ....................................................... 38

Tabela 5 - Valores de Ψ1000, em porcentagem ...................................................... 41

Tabela 6 - Parâmetros para as curvas S-N (Woeller) para os aços dentro do concreto

.................................................................................................................................. 42

Tabela 7 - Combinações últimas ............................................................................... 44

Tabela 8 - Combinações de serviço .......................................................................... 45

Tabela 9–Comparação da área total de seções dos pilaresda residência por software

.................................................................................................................................. 81

Tabela 10–Comparação da área total de seções das vigasda residência por software

.................................................................................................................................. 81

Tabela 11–Comparação da área total das seções de pilares e vigas da residência por

software ..................................................................................................................... 82

Tabela 12 – Comparação de metros cúbicos de concreto da residência por software

.................................................................................................................................. 83

Tabela 13 - Comparação de quilos de aço da residência por software ..................... 84

Tabela 14 - Comparação de metros quadrados de formas da residência por software

.................................................................................................................................. 85
Tabela 15 - Cargas total – Residência ...................................................................... 86

Tabela 16 - Coeficiente Gama Z – Residência .......................................................... 87

Tabela 17 - Deslocamento horizontal – Residência .................................................. 87

Tabela 18 - Comparação da área total de seções dos pilares do edifício por software

.................................................................................................................................. 88

Tabela 19 - Comparação da área total de seções das vigas do edifício por software

.................................................................................................................................. 89

Tabela 20 - Comparação da área total das seções de pilares e vigas do edifício por

software ..................................................................................................................... 90

Tabela 21 - Comparação de metros cúbicos de concreto do edifício por software ... 90

Tabela 22 - Comparação de quilos de aço do edifício por software .......................... 91

Tabela 23 - Comparação de metros quadrados de formas do edifício por software . 92

Tabela 24 - Comparação das cargas de fundação do edificio por software .............. 93

Tabela 25 - Carga Total – Edifício ............................................................................. 94

Tabela 26 - Coeficiente Gama Z – Edifício ................................................................ 94

Tabela 27 - Deslocamento horizontal – Edifício ........................................................ 95


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

a.C – antes de Cristo

BIM – Building Information Modeling

CAD – Computer Aided Design/Desenho Assistido por computador

CIRSOC - Centro de Investigación de los Regulamentos Nacionales de Seguridad


para las Obras Civiles

DXF – Drawing Exchange Format

ELS – Estado Limite Serviço

ELU – Estado Limite Último

IFC – Industry Foundation Classes

NBR – Norma Brasileira


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

1.2 Justificativa........................................................................................................ 18

1.2 Objetivos Gerais ................................................................................................ 15

1.3 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16

2.1 História do Concreto Armado e Cálculo Estrutural ........................................ 17

2.2 Softwares de Cálculo Estrutural ...................................................................... 22

2.2.1 CypeCAD ......................................................................................................... 22

2.2.2 Eberick ............................................................................................................. 23

2.2.3 TQS .................................................................................................................. 24

2.3 Elementos Estruturais Básicos ........................................................................ 25

2.3.1 Lajes ................................................................................................................. 25

2.3.2 Vigas ................................................................................................................ 26

2.3.3 Pilares .............................................................................................................. 28

2.3.4 Fundações........................................................................................................ 29

2.4 Princípios de um Projeto Estrutural ................................................................ 31

2.5 Norma Regulamentadora .................................................................................. 32

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 46

3.1 CypeCAD - Residência ...................................................................................... 47

3.2 CypeCAD - Edifício ............................................................................................ 54

3.3 Eberick - Residência ......................................................................................... 57

3.4 Eberick - Edifício ............................................................................................... 62

3.5 TQS - Residência ............................................................................................... 66


3.6 TQS - Edifício ..................................................................................................... 74

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 78

4.1 Lançamento ....................................................................................................... 78

4.2 Resolução de erros e avisos ............................................................................ 79

4.3 Quantitativos ..................................................................................................... 80

4.3.1 Residência........................................................................................................ 80

4.3.2 Edifício.............................................................................................................. 88

4.4 Discussão .......................................................................................................... 96

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 100


14

1 INTRODUÇÃO

Um dos principais fatos históricos entre os ocorridos para que os seres


humanos pudessem evoluir, foi a habilidade de se estabelecer em uma região
considerada ideal para a sua sobrevivência. Contudo, muitos desses locais, não
possuíam um abrigo para que pudessem se proteger das adversidades, criando
assim, a necessidade de se construir qualquer tipo de estrutura que pudesse os
proteger.
Estas construções não seguiam um modelo específico, muito menos cálculos,
sendo feitas das mais diversas matérias-primas, como por exemplo, barro, madeira,
folhagens, rochas, entre outras.
Com o passar dos anos, os simples refúgios passaram a ser edificados, de
maneira mais racional, seguindo alguns padrões, formatos e dimensões, e não
servindo somente para proteger das adversidades, mas também para adorar Deuses,
proteger contra animais e seres humanos, ou até mesmo simbolizando a
grandiosidade do poder de quem aquela construção pertencia.
Durante a história, as construções foram um indicativo do avanço da tecnologia
e estudo, os quais ocorreram de forma gradativa ao longo do tempo. Ao passo que
obtiveram grandes avanços na tecnologia, viu-se o mesmo avanço na área da
construção civil, surgindo assim, os cálculos estruturais, que trouxeram uma maior
segurança e assertividade nas mais diversas construções.
Todos esses cálculos, juntamente com os desenhos, eram feitos à mão e isto,
implicava em algumas desvantagens, quais sejam: poderiam acontecer erros que
passariam despercebidos, eram demorados para serem feitos, não sendo muito viável
que houvessem mudanças neles depois de iniciados, ou se feitas as mudanças,
deveria começar todo o processo novamente.
Com a invenção dos computadores, via-se ali, uma grande solução para que
esses cálculos fossem feitos de maneira mais ágil e rápida, com uma menor
probabilidade de erro, o que seria de grande ajuda caso o projeto viesse a ter
mudanças, e até mesmo a possibilidade de se testar diferentes soluções estruturais.
Atualmente, esses softwares são capazes de cálculos complexos, em minutos,
podendo calcular as mais diversas estruturas, emitindo todos os desenhos,
quantitativos, modelos 3D, soluções estruturais mais econômicas, e também a
15

possibilidade de mudanças em qualquer momento, desde a fase de concepção até o


final.

1.1 Justificativa

É sabido que a grande maioria dos profissionais de Engenharia Civil, que


trabalham com cálculos estruturais, fazem o uso de softwares para a realização dos
mesmos, aliado com todo o conhecimento teórico, aprendido ao longo da graduação.
É de suma importância que os profissionais, comumente chamados de
Calculistas, tenham no mínimo uma noção básica de como cada software se
comporta, como é o lançamento, os prós e contras de cada, saída de dados após a
finalização dos cálculos, entre outros.
Atualmente, pouco se sabe sobre as reais diferenças entre os três softwares,
pois existem poucos estudos os comparando de uma maneira mais ampla, como seus
resultados, em situação teoricamente equivalentes.

1.2 Objetivos Gerais

O objetivo deste trabalho é a comparação dos resultados obtidos com o


lançamento e cálculo de edificações semelhantes, sendo uma térrea e outra de três
andares, nos softwares escolhidos neste trabalho, sendo eles: Cypecad, Eberick e
TQS.

1.3 Objetivos Específicos

Após lançadas as duas edificações nos softwares, será comparada a soma das
seções dos elementos estruturais (vigas e pilares), quantitativos, o quanto essas
disparidades podem afetar economicamente, dificuldades e facilidades encontradas
no lançamento e resolução de erros de cada software, suas diferenças quanto a
interpretação de dados, podendo assim ter uma melhor noção de como cada software
trabalha.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O cálculo estrutural é utilizado em todas as edificações, sendo a fase mais


importante da elaboração de um projeto, pois, nele se concentra toda a segurança do
empreendimento, confrontando estabilidade à edificação com o menor custo possível.
O cálculo estrutural surgiu de maneira natural, como uma necessidade de se
aperfeiçoar os processos construtivos, afunilando-se através da ciência conhecida
como resistência dos materiais.
Por mais que a engenharia tenha evoluído, muitas vezes através da
experimentação, tentativa e erro, alguns nomes relevantes tiveram importantes
contribuições para esse segmento (IBIRÁ, 2017).
Arquimedes (287 a.C. – 212 a.C.) contribui com estudos valiosos como a
determinação do π, a descoberta das alavancas e da hidrostática. Desenvolveu,
ainda, uma base sólida no campo da geometria, permitindo conceitos como a estática
dos corpos difundida (IBIRÁ, 2017).
Leonardo da Vinci (século XV/XVI) deixou seu legado na disciplina de
resistência dos materiais, através de estudos de deformações em vigas e outros
elementos especiais, afirmando que “em todo objeto que é apoiado, mas pode se
curvar, e que apresenta seção transversal e material uniformes, a parte que está mais
distante dos apoios será a que mais vai se curvar” (IBIRÁ, 2017).
Diversos outros também contribuíram, como Galileu Galilei (século XVI/XVII)
com a conceito de resistência relativa entre a seção transversal de um corpo e seu
peso próprio, Robert Hooke (século XVII) com a Lei de Hooke, Leonhard Paul Euler
(século XVIII) através do Cálculo de Flambagem, Siméon-Denis Poisson (século XIX)
com o Coeficiente de Poisson, Thomas Young através do Módulo de Elasticidade,
entre outros (IBIRÁ, 2017).
Os egípcios tiveram grande contribuição para a engenharia estrutural, quando
a pirâmide de degraus para o faraó Djoser foi construída por Imhotep o primeiro
engenheiro na história conhecido pelo nome (WIKIPÉDIA, 2020).
No século XXVI a.C, a Grande Pirâmide de Gizé foi construída no Egito.
Manteve-se a maior estrutura feita pelo homem há milênios e foi considerado um feito
inigualável na arquitetura até o século XIX (WIKIPÉDIA, 2020).
17

Figura 1 - Pirâmides de Gizé

Fonte: ARANHA (2016)

Atualmente, pode ser feito por diversos sistemas, entre eles o sistema
computacional, o que é de extrema importância, visto que os cálculos se tornam mais
confiáveis, rápidos, sendo possível diversas experimentações para que se tenha a
melhor solução para um projeto.

2.1 História do Concreto Armado e Cálculo Estrutural

Segundo Porto e Fernandes (2017, p.13), o material mais utilizado


mundialmente para a construção de edifícios é o concreto, que, trabalhado juntamente
com a armadura de aço, recebe o nome de concreto armado.
O concreto se destaca por ter um ótimo desempenho, facilidade de manejo e
economia, tendo como deficiência a resistência aos esforços de tração.
Ainda de acordo com Porto e Fernandes (2017, p.14), ao longo da história, tem-
se relatos que os romanos utilizaram um material muito semelhante ao concreto
armado utilizado atualmente, sendo argamassa de pozzolana com barras de bronze,
introduzidas para a recuperação das ruínas das Termas de Caracalla em Roma.
18

Figura 2 - Termas de Caracalla em Roma

Fonte: ANTUNES (2017)

O empreiteiro escocês Josef Aspdin, em 1824, foi o responsável por


desenvolver o processo de produção do cimento Portland, que recebeu essa
denominação devido a sua semelhança visual às pedras calcárias da ilha de Portland
(PORTO e FERNANDES, 2017, p.14).
Ao contrário do que se pensa, a primeira utilização do concreto foi para a
fabricação de um barco protótipo, feito pelo engenheiro francês Joseph-Louis Lambot
(PORTO e FERNANDES, 2017, p.14).
Para Porto e Fernandes (2017, p.14), o barco, construído utilizando argamassa
de cimento, areia e fios de arame entre a massa, foi apresentado na Exposição
Universal de Paris em 1855, onde Joseph-Louis não obteve êxito, pois não conseguiu
convencer os presentes a utilizar o novo material, o qual foi julgado impróprio para a
construção de navios.
Ainda de acordo com Porto e Fernandes (2017, p.14), nesta mesma exposição,
estava presente o paisagista e horticultor francês Joseph Monier, que se deparou com
a solução para os problemas de durabilidade e umidade dos vasos cerâmicos e de
madeira, passando a construí-los de concreto armado.
Sendo assim, Monier fabricou e patenteou diversas estruturas de concreto
armado, como: a) 1867: vasos de cimento para horticultura e jardinagem; b) 1868:
19

tubos e tanques; c) 1869: painéis decorativos para fachadas de edifícios; d) 1872:


reservatórios de água; e) 1873 e 1875: pontes e passarelas; f) 1878: vigas de concreto
armado (PORTO e FERNANDES, 2017, p.14).
Devido à grande divulgação na França e toda a Europa, Monier é considerado
por muitos como o pai do concreto armado. E, em 1878, Monier expande sua
divulgação para outros países (PORTO e FERNANDES, 2017, p.14).
Ainda em Porto e Fernandes (2017, p.14), em 1877, após uma série de ensaios
em construções de concreto armado, o advogado Thaddeus Hyatt publica os
resultados e se torna um grande precursor do concreto armado, demonstrando
compreender o funcionamento do aço e concreto juntos, ajudando nos estudos do
posicionamento das barras para melhor contribuírem na resistência do material.
Após as firmas alemãs Freytag & Heisdchuch e Marstenstein & Josseaux terem
comprado os direitos de patente de Monier em 1884, o engenheiro alemão Gustav
Adolf Wayss, em 1886, também compra as patentes de Monier para as desenvolver
em sua empresa de construções (PORTO e FERNANDES, 2017, p.15).
De acordo com Porto e Fernandes (2017, p.15), baseado em diversos ensaios
feitos pela empresa de Gustav, é divulgado resultados em 1887, onde o construtor
Mathias Koenen apresenta o que seria a primeira base para cálculo de concreto
armado, através de um método de dimensionamento empírico.
Ainda nas lições de Porto e Fernandes (2017, p.15), em 1888, o alemão
Döhring registra a patente para a utilização de protensão da armadura em pequenas
placas e vigas, o que aumenta a resistência dos elementos estruturais. A patente de
viga com armação semelhante às usadas atualmente, que consiste em barras
longitudinais e estribos para absorção de esforços de tração, foi registrada por
Hennebique, em 1892.
Em 1902, o alemão Emil Mörsch, engenheiro da Wayss & Freitag, publica os
resultados de seus estudos sobre a teoria de Koenen, a partir de diversos estudos.
Ele é considerado um dos maiores contribuintes para o progresso do concreto
armado, visto que seus conceitos viraram fundamentos da teoria de dimensionamento
de elementos em concreto armado (PORTO e FERNANDES, 2017, p.15).
Após a primeira norma sobre projeto e construção de estruturas de concreto
armado ter surgido na Alemanha em 1904, Mörsch e Koenen desenvolveram em
1912, os princípios do concreto armado, tornando conhecido que a tensão prévia nas
20

armaduras elimina esforços de tração e que, uma parte da protensão é perdida devido
a deformação lenta e retração do concreto (PORTO e FERNANDES, 2017, p.15).
Baseado em Porto e Fernandes (2017, p.15), em 1928, o francês Freyssinet
registra várias patentes em relação as perdas de protensão, devido à deformação
lenta e retração do concreto, passando a ser considerado o pai do concreto armado
protendido e reconhecendo a importância da protensão na construção civil.
Após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, o concreto protendido começa a
ser utilizado em escala mundial.
Tratando-se do cenário nacional, consoante Porto e Fernandes (2017, p.15), a
mais antiga menção ao concreto armado foi no Rio de Janeiro, em 1904, em uma
publicação do professor Antônio de Paula Freitas, da Escola Polytechnica do Rio de
Janeiro, chamada “Construcções em cimento armado” e, a primeira utilização que se
tem datado é da Emprezade Construcções Civis, em construções habitacionais de
Copacabana, sob responsabilidade do engenheiro Carlos Poma. A patente utilizada
era uma variante do sistema Monier.
Carlos Poma viria a executar prédios, muros, fundações, reservatórios d’água
e escada após o sucesso do uso do concreto armado (PORTO e FERNANDES, 2017,
p.15).
Para Porto e Fernandes (2017, p.16), Carlos Euler e seu auxiliar Mario de
Andrade Martins Costa, através de um projeto de uma ponte sobre o rio Maracanã em
1908, foram os primeiros a realizar cálculos de estruturas em concreto armado no
país.
Em 1924, uma associação entre a empresa Wayss & Freytag e a Companhia
Construtora em Cimento Armado, possibilitou a formação de engenheiros brasileiros
e um grande desenvolvimento do concreto armado no país (PORTO e FERNANDES,
2017, p.16).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu em 1940 a
NB-1: cálculo e execução de obras de concreto armado, prevendo o dimensionamento
em serviço, baseando-se nas tensões admissíveis e no estado-limite último. Esta
norma foi atualizada ao longo dos anos, devido às várias evoluções dos materiais e
técnicas referentes ao concreto armado (PORTO e FERNANDES, 2017, p.16).
NB-1 (ABNT, 1940): Getúlio Vargas decreta obrigatório o uso desta para obras
públicas. A Norma considerava o estádio III para aço e concreto, abordava as
21

generalidades, esforços solicitantes, esforçõs resistentes, disposições construtivas,


execução de obras, materiais e tensões admissíveis.
NB-1 (ABNT, 1960): passa a considerar o estádio III para todas as solicitações,
discute sobre a resistência característica fck, utiliza-se como referência as normas
europeias do Comité Euro-Internacional du Béton (CEB).
NBR 6118 (ABNT, 1980): faz considerações a respeito dos efeitos locais de
segunda ordem.
NBR 6118 (ABNT, 2003): passa por uma mudança na sequência de capítulos,
dá-se prioridade à parte de projetos e faz-se referência às outras normas apenas no
que se trata à execução. Unifica-se as partes de concreto simples, armado e
protendido, além de introduzir 4 classes de CAA (Classe de Agressividade Ambiental),
observações de efeitos globais de segunda ordem, requisitos de durabilidade,
qualidade de análise estrutural. Em 2007, passa por uma emenda, sendo aprovada
pela ISO/TC 71 e passando a ser considerada, em 2008, uma norma de padrão
internacional.
NBR 6118 (ABNT; CB-02, 2013): projeto de revisão para que a norma passe a
abranger classes de concreto com resistência de até 90 MPa; exigir avaliação da
conformidade do projeto por um profissional habilitado, introduzir critérios que foquem
na durabilidade, aumento da dimensão mínima de pilares de 12 cm para 14 cm, e
melhorias quanto à segurança na produção de pilares muito esbeltos.
NBR 6118 (ABNT, 2014): após ser publicada em abril de 2014, foi cancelada e
substituída pela versão corrigida, que incorpora a Errata 1, de 7 de agosto de 2014.
Esta versão estabelece requisitos e procedimentos de projeto para estruturas de
concreto que apresentam alto desempenho com resistência de compressão de até 90
MPa, abrangendo concretos do grupo II de resistência. Foram ajustados domínios de
cálculo, diagrama tensão-deformação do concreto, formulação para obtenção do
módulo de elasticidade Ec, levando-se em consideração o tipo de agregado.
Visto que os projetos de estruturas armadas de concreto são os mais comuns
no país, é necessário que todos os profissionais de Engenharia Civil, Arquitetura e
semelhantes, tenham o devido conhecimento da norma ABNT NBR 6118:2014 –
Projeto de estruturas de concreto –, procedimento, o qual garante que todos os
projetos sejam feitos seguindo os mesmos padrões, sendo estes de estrutura de
concreto armado, simples e protendido.
22

A NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica sobre a qualidade do concreto, tendo


como aspectos principais a resistência mecânica e o cobrimento das armaduras. Os
parâmetros usados para a definição destes aspectos são a classe de agressividade,
risco de deterioração, relação ideal entre água e cimento, classe de resistência do
concreto.
Em relação ao cobrimento das estruturas de aço, são determinados
cobrimentos mínimos para cada tipo de situação, visando assim, garantir a segurança
e resistência da edificação.
Outros parâmetros contemplados pela norma são os dos materiais que serão
utilizados na construção, cabendo ao profissional responsável ou empresas, a
realização de uma série de controle tecnológicos rigorosos para constatar a
integridade dos materiais.
Ela também apresenta considerações para o dimensionamento estrutural,
como: condições de equilíbrio, condições de compatibilidade, carregamento
monotônico, armaduras transversais, pilares-parede, cabos de protensão, arranjo
longitudinal, método de bielas e tirantes, dimensões mínimas para elementos
estruturais entre outros.
Também apresenta outros assuntos como: simbologias, definições, critérios de
projeto, segurança e estados limites, ações, deslocamentos e abertura de fissuras,
análise estrutural, instabilidade e efeitos de segunda ordem, detalhamentos dos
diversos elementos estruturais e etc.

2.2 Softwares de Cálculo Estrutural

Atualmente, os softwares Eberick (AltoQI), CYPECAD (CYPE Ingenieros) e


TQS (TQS Informática), são os softwares para cálculo e detalhamento estrutural mais
usados por profissionais de diversos países, entre eles o Brasil.

2.2.1 CypeCAD

A empresa espanhola CYPE Ingenieros (CYPECAD, 2020, n.p) é a responsável


pelo software CYPECAD, empresa a qual conta com mais de 35 anos de experiência
no ramo de Arquitetura, Engenharia e Construção. Teve seu início nos anos de 1980
no campo da patologia, e hoje, conta com diversos outros softwares destinados a
23

Engenharia e Construção. O CYPECAD se encontra atualmente na sua versão


CypeCAD 2020.
Com o CypeCAD é possível o desenvolvimento de projetos estruturais de
concreto armado, pré-moldado, protendido e misto de concreto e aço, englobando
etapas de lançamento do projeto, análise e cálculo estrutural, dimensionamento e
detalhamento final dos elementos.
O programa apresenta diversas opções de normas para o dimensionamento e
detalhamento, contendo a NBR 6118 (ABNT, 2014) (Projeto de estruturas de concreto
– procedimento), NBR 6122 (ABNT, 2019) (Projeto e execução de fundações), NBR
7480 (ABNT, 2007) (Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado
– Especificação), NBR 6123 (ABNT, 2013) (Forças devidas ao vento em edificações)
e a NBR 8681 (ABNT, 2004) (Ações e segurança nas estruturas – Procedimento).
O Cypetambém conta com uma plataforma CAD própria, sendo possível
desenvolver projetos estruturais diretamente, o que é de muita importância visto que
o programa conta com uma facilidade no lançamento da estrutura a partir do
lançamento automático que acontece com a leitura de arquivos DWG/DXF,
reconhecendo o pré-dimensionamento da seção do pilar, assim como a continuidade
para os outros pavimentos.
O programa admite diversos tipos de estruturas como lajes sem vigas, pilares
apoiados diretamente em lajes com ou sem capitéis, lajes rebaixadas em níveis
diferentes em um mesmo pavimento.
Todos os softwares citados acima obedecem às NBRs para a execução dos
cálculos, análises e detalhamentos.

2.2.2 Eberick

O Eberick (ALTOQI, 2020, n.p) é um software desenvolvido pela AltoQi, a qual


teve sua fundação em 1989. Esta, já no ano seguinte de sua fundação, lançou o
PROVIGA, PROPILAR, PROLAJE e PROINFRA, precursores do Eberick, que teve
seu lançamento em 1996 para o ambiente Windows, integrando projetos de pilares,
lajes, vigas e infraestrutura.
Este ganhou o prêmio ASSESPRO 98 na categoria “Sistemas de Engenharia e
Computação Gráfica”. Atualmente, o Eberick se encontra na sua versão 2020.
24

O Eberick possui seu próprio ambiente de CAD, tendo recursos para


modelagem de pilares, vigas, lajes, escadas, fundações, reservatórios, muros, entre
outros, podendo o modelo ser visualizado no pórtico 3D.
O programa verifica os elementos em relação ao ELU e ELS, seguindo as
normas brasileiras, sendo esses resultados mostrados em janelas especificas, as
quais também demonstram os esforços e resultados de armadura.
A geração de detalhamento dos elementos estruturais possui diversas opções
para que cada projetista adeque às necessidades requeridas, gerando também a
planta de formas, de acordo com a geometria da estrutura, incluindo informações de
cotagem, hachuras, eixos para locação, tabelas de sobrecargas, planta de locação
dos pilares e das fundações, incluindo cotas e eixos de locação editáveis, cortes em
qualquer posição da estrutura, com representações dos elementos e vistos em
profundidade com cotas, níveis acumulados e indicações dos pavimentos.
É possível a criação de um documento para memorial de cálculo da edificação,
contendo relatórios referentes à analise global, esforços e dimensionamento dos
elementos, cargas nas fundações, dados da obra e normas utilizadas para análise e
dimensionamento dos elementos.
Outro relatório que é possível extrair do programa, é o referente aos materiais
da edificação como: volume de concreto, peso de aço, área de forma, quantitativo de
blocos de enchimento, consumo de aço e tabela de custos de materiais, forma e
execução de cada peça estrutural.
O Eberick conta com o importador IFC (openBIM) para que possa realizar a
leitura de projetos arquitetônicos, elétricos, hidrossanitários e outras disciplinas que
sejam necessárias, de forma integrada no programa, sendo feita assim a
compatibilização de projetos.

2.2.3 TQS

A TQS Informática LTDA (BELK, 2012, n.p.), desenvolvedora do TQS, foi


fundada em 1986 e é referência do seu campo de atuação, que se caracteriza por
desenvolvimento de softwares para estruturas de concreto armado, protendido, pré-
moldado e alvenaria estrutural.
25

O software TQS tem como opção para os seus cálculos as normas: CIRSOC-
2005, NB1-78, NBR-6118:2003 e NBR-6118:2014, sendo de opção do profissional a
escolha de qual será usado. O TQS se encontra atualmente na sua versão TQS 21.
O TQS é composto por sistemas que trabalham de forma integrada e
automatizada, possibilitando a concepção estrutural, análise estrutural,
dimensionamento e detalhamento de armaduras, geração de desenhos até a emissão
de plantas, atendendo sempre os requisitos das normas técnicas ABNT e
compatibilização do modelo estrutural dentro de um ambiente BIM.

2.3 Elementos Estruturais Básicos

2.3.1 Lajes

As lajes são “elementos de superfície plana, sujeitos principalmente a ações


normais a seu plano. As placas de concreto são usualmente denominadas lajes.
Placas com espessura maior que 1/3 do vão devem ser estudadas como placas
espessas" (NBR 6118, 2014, item 14.4.2.1, p. 84).
Para Almeida (2006, p. 3), são elementos planos com duas dimensões (a e b)
muito maiores que a terceira (h), cujos carregamentos são perpendiculares ao plano
médio, que contém os lados a e b.
São elementos estruturais bidimensionais caracterizados por sua espessura
bem menor do que seu comprimento e largura, tendo assim grande deformabilidade
(flecha). Podem ter diversas denominações, como:
a) Laje nervurada: lajes que apresentam nervuras com armações, podendo ser,
assim, preenchidas por materiais inertes, de menor peso entre as nervuras.
b) Laje maciça: laje de seção homogênea, sendo toda a sua estrutura armada
e preenchida com concreto armado.
c) Laje treliçada: laje composta por vigotas pré-moldadas com armações
treliçadas, podendo ter alturas variadas. O espaço entre elas é preenchido com lajotas
e semelhantes.
d) Laje plissada: lajes resistentes pela própria forma, podendo assumir diversos
formatos.
26

e) Laje alveolar: painéis pré-moldados de concreto (geralmente são


protendidas), possuindo seção constante e alvéolos em seu comprimento, diminuindo
assim o seu peso.
f) Laje cogumelo: lajes nervuradas que não são apoiadas diretamente por vigas,
e sim por pilares.
g) Laje entrepiso: usadas em edifícios, são aquelas que dividem dois
pavimentos, servindo assim como piso para o pavimento superior e cobertura para o
pavimento inferior.
As cargas atuantes são perpendiculares ao seu plano, tendo assim um
comportamento de placa, transmitindo posteriormente esse carregamento para as
vigas, ou diretamente para os pilares ou pilares com capitéis (lajes lisas e cogumelo).
As lajes podem ser engastadas, apoiadas ou em balanço.

Figura 3 - Laje maciça

Fonte: Própria (2020)

2.3.2 Vigas

As vigas são “elementos lineares em que a flexão é preponderante” (NBR 6118,


2014, item 14.4.1.1, p. 83).
27

Segundo Almeida (2006, p. 3), são elementos lineares com duas dimensões (b
e h) bem menores que a terceira (l). Os carregamentos são perpendiculares ao maior
elemento (l) e estão submetidos a momentos fletores. Não deve estar submetida à
torção.
Tem suas dimensões de seção bem menores ao seu comprimento, podem ser
de concreto armado, ferro ou madeira. Possuem diversas nomenclaturas, fazendo
referência ao uso especifico das vigas para cada situação ou sua forma, como:
a) Viga baldrame: vigas usadas em fundações para receber as cargas
provenientes de toda a estrutura e distribuí-las diretamente ao solo ou elemento de
fundação. Podem ser de concreto simples ou armado.
b) Viga parede: vigas que possuem uma grande relação altura/vão, não sendo
mais válida a hipótese da seção plana.
c) Viga composta: vigas construídas de dois ou mais materiais distintos.
d) Viga chata: viga cuja altura é menor que a largura, ficando oculta na laje.
São elementos estruturais que recebem as cargas provenientes das lajes e
paredes, transmitindo-as para os pilares. Trabalham como barras, podendo estar
submetidas a esforções de tração, torção, cisalhamento, flexão e cisalhamento.
Podem ser bi-apoiadas ou apoiadas (engastadas ou simples), contínuas ou em
balanço.

Figura 4 - Viga de concreto armado

Fonte: Própria (2020)


28

2.3.3 Pilares

Os pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na


vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR 6118,
2014, item 14.4.1.2, p. 84).
Para Almeida (2006, p. 4), são elementos lineares com duas dimensões (hxe
hy) bem menores que a terceira (le). Os carregamentos são paralelos a le e comprimem
a seção transversal (hxe hy). Podem ser submetidos a momentos fletores pequenos.
Tem suas dimensões de largura e comprimento bem inferiores à altura. Caso
tenham sua maior dimensão 5 vezes maior que a menor dimensão da seção, são
chamados de pilar-parede. Quando um pilar tem sua seção circular, é chamado de
coluna. Podem ser feitos de concreto armado, ferro ou madeira.
Tem como função receber os carregamentos verticais provenientes das vigas,
e transmití-os a outros elementos, como vigas, lajes e fundações, também
participando do sistema estrutural de contraventamento.
Em uma edificação, podem ser classificados quanto a sua posição na planta da
edificação, sendo pilares internos, pilares de extremidade ou pilares de canto.
Quanto a sua função estrutural, podem ser classificados como pilares
decontraventamentoou pilares contraventados.

Figura 5 - Pilares de concreto armado

Fonte: Própria (2020)


29

2.3.4 Fundações

Segundo Pereira (2013, n.p), fundações são elementos que têm por finalidade
transmitir as cargas de uma edificação para as camadas resistentes do solo, sem
provocar ruptura do terreno de fundação. Podem ser, também, chamadas de
alicerces.
As fundações podem ser rasas, ou seja, “elemento de fundação cuja base está
assentada em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação(...)”
(NBR 6122, 2019, item 3.28, p. 5), sendo exemplos deste tipo de fundação:
a) Blocos: elementos de forma quadrada ou retangular, trabalham as cargas
recebidas através de compressão, não sendo necessário o uso de armadura, pois a
compressão é resistida apenas pelo concreto;
b) Vigas baldrame: vigas usadas em fundações para receber as cargas
provenientes de toda a estrutura e distribuí-las diretamente ao solo ou elemento de
fundação. Podem ser de concreto simples ou armado;
c) Sapatas: podem ser separadas em sapata isolada, a qual consiste em uma
forma piramidal, sendo interligadas pelo baldrame, e a sapata corrida, sendo uma
estrutura de concreto armado que fica abaixo da alvenaria, diferenciando-se das vigas
baldrames devido ao fato de suas dimensões de largura e altura serem maiores;
d) Radier: tipo de fundação que consiste em uma laje de concreto armado
diretamente sobre o solo, o qual geralmente tem baixa resistência.
Outro tipo de fundação são as profundas, isto é, “elementos de fundação que
transmite a carga ao terreno ou pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície
lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou
base apoiada em uma profundidade superior a oito vezes a sua menor dimensão em
planta e no mínimo 3,0 m (...)” (NBR 6122, 2019, item 3.27, p. 5), sendo exemplos
deste tipo:
a) Tubulão: consiste em elementos cilíndricos com base alargada, ou seja,
diâmetro da base maior que o fuste, pois a sua capacidade de carga é suportada pelo
contato da base com o solo resistente a grande profundidade. Podem ser executados
a “céu aberto” ou “a ar comprimido”;
b) Estacas: são elementos cravados nos terrenos em grandes profundidades,
sendo responsáveis por transmitir as cargas provenientes da edificação. As cargas
30

são transmitidas através da resistência de ponta, resistência lateral ou as duas. Dentre


as estacas existem diferentes tipos, sendo eles:
I) Estaca escavada: executada com trado helicoidal, sendo necessário somente
a colocação de armaduras e concretagem após.
II) Estaca Franki: são moldadas no local, sendo a escavação feita por sonda
metálica e a superfície sendo protegida até a profundidade final da estaca com
revestimento metálico. O revestimento é retirado assim que a estaca vai sendo
concretada.
III) Estaca raiz: muito utilizada em solos que necessitam perfurar rochas ou
solos com matacões, pois sua perfuração pode ser rotativa ou rotopercussiva.
IV) Estaca hélice contínua: moldada in loco, sendo a escavação feita por trado
helicoidal com tubo acoplado, o qual é retirado simultaneamente com a concretagem.
V) Estaca pré-moldada: são pré-fabricadas e posteriormente cravadas no solo,
sendo o processo de cravamento feito através de vibração, percussão ou prensagem.
VI) Estaca metálica: consistem em perfis metálicos cravados por meio de uma
bate-estaca.
VII) Estaca de madeira: troncos de madeira com boa resistência, sendo
cravadas no solo como uma estaca pré-moldada de concreto. Recomendadas para
situações em que ficará submersa.
VIII) Estaca prancha: feitas por perfis metálicos cravados justapostos para
estruturas de contenção. O processo de cravação é feito com bate-estaca.
IX) Estaca mega: consiste em módulos pré-moldados de concreto que variam
de 25cm a 50cm de altura, que são cravados continuamente através de cilindros
hidráulicos, até que se chegue à profundidade desejada.
Normalmente, são feitos blocos sobre as estacas ou tubulões, para que eles
recebam as cargas provenientes do edifício e transmita para a fundação profunda,
evitando assim que sofram tração.
Para que se decida qual tipo de fundação (rasa ou profunda) deverá ser usada
em uma edificação, é necessário um estudo prévio, sendo necessário levar em conta
a carga da edificação, nível do lençol freático, composição e resistência do solo. O
teste de composição e resistência do solo deve ser feito através de ensaios de
sondagem, os quais são regulamentados pela norma NBR-15492 (ABNT 2007).
31

Figura 6 - Sapata retangular de concreto armado

Fonte: Própria (2020)

2.4 Princípios de um Projeto Estrutural

Uma estrutura é formada pelo conjunto de elementos estruturais que, ao


interagirem entre si, resistem aos esforços da edificação em relação ao seu uso,
garantindo também durabilidade diante das adversidades, sejam elas naturais ou não.
Segundo Almeida (2006), um projeto deve ser resistente, estável e ter
qualidades, sendo elas a funcionalidade, construtibilidade, beleza e durabilidade.
Para que se tenha um bom projeto estrutural, faz-se necessário o conhecimento
de informações preliminares, imprescindíveis para a compreensão de como será o
projeto e o que este necessitará para atender a todas suas obrigações. Essas
informações são:
a) Projeto arquitetônico: tendo a posse do mesmo, é possível que o projetista
possa verificar as diferentes formas de conceber a estrutura, solicitar alterações nesta
para melhores soluções estruturais, tendo em vista que existem milhares de soluções
32

para uma mesma edificação, cabendo ao projetista sempre observar e então decidir
qual é a melhor.
b) Laudo de sondagem: é de extrema importância que se tenha o laudo de
sondagem do solo onde será feita a edificação, visto que o mesmo será o responsável
por suportar toda a edificação. Segundo Koerich (2015, n.p), o laudo de sondagem
pode representar uma economia, reduzindo a incerteza no dimensionamento e
representando um aspecto de segurança a obra, não devendo assim ser visto como
um custo extra.
c) Características das construções vizinhas: deve-se observar para casos em
que possa haver escavações nas divisas, diferenças consideráveis de níveis entre
ambas ou quando ambas possam ter ou necessitar de estruturas, sejam elas de
sustentação ou fechamento, nas divisas. Também, deve-se observar quais os
possíveis danos, sejam eles materiais ou não, que a concepção da nova construção
possa trazer as vizinhas.

2.5 Norma Regulamentadora

Para que todas as estruturas feitas dentro do território nacional sigam um


padrão, a NBR 6118 (ABNT, 2014) fala, no seu item 5, sobre requisitos gerais de
qualidade da estrutura e avaliação da conformidade do projeto.
Dentro do referido item, é explicado quais os requisitos que devem ser
cumpridos. Os requisitos de qualidade da estrutura, item 5.1 da NBR 6118 (ABNT,
2014), possui 3 subgrupos, quais sejam: a) 5.1 – Requisitos de qualidade da estrutura,
b) 5.2 – Requisitos de qualidade do projeto e c) 5.3 – Avaliação da conformidade do
projeto, os quais contém informações importantes como:
As condições gerais trazem que “as estruturas de concreto devem atender aos
requisitos mínimos de qualidade classificados em 5.1.2, durante sua construção e
serviço, e os requisitos adicionais estabelecidos em conjunto entre o autor do projeto
estrutural e o contratante”(NBR 6118, 2014, item 5.1.1, p. 13).
Em classificação dos requisitos de qualidade da estrutura, item 5.1.2 da NBR
6118 (ABNT, 2014), estão: a capacidade resistente que “consiste basicamente na
segurança à ruptura” (NBR 6118:2014, item 5.1.2.1, p. 13); o desempenho em serviço
que “consiste na capacidade da estrutura manter-se em condições plenas de
utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos que comprometam em
33

parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada" (NBR 6118:2014, item 5.1.2.2, p.
13); e a durabilidade que “consiste na capacidade da estrutura resistir às influências
ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo
contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto" (NBR 6118:2014, item
5.1.2.3, p. 13).
Em requisitos de qualidade do projeto, item 5.2 da NBR6118:2014, tem-se:
qualidade da solução adotada, onde esta "(...) deve atender aos requisitos de
qualidade estabelecidos nas normas técnicas, relativos à capacidade resistente, ao
desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura. A qualidade da solução
adotada deve ainda considerar as condições arquitetônicas, funcionais, construtivas
(ver ABNT NBR 14931), estruturais e de integração com os demais projetos (elétrico,
hidráulico, ar-condicionado e outros), explicitadas pelos responsáveis técnicos de
cada especialidade, com a anuência do contratante” (NBR 6118:2014, item 5.2.1, p.
13).
Tem-se, ainda dentro do item 5.2, condições impostas ao projeto (item 5.2.2) e
a documentação da solução adotada (item 5.2.3).
Por fim, tem-se a avaliação da conformidade do projeto, item 5.3, todos da NBR
6118:2014.
Quanto às diretrizes para durabilidade das estruturas de concreto, a NBR
6118:2014 explicita que “por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo
durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem
intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção
prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme 7.8 e 25.3, bem como de
execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais" (NBR
6118:2014, item 6.2.1, p. 15).
Outro item importante é quanto a agressividade do ambiente, item 6.4, pois “a
agressividade do meio ambiente está relacionada as ações físicas e químicas que
atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas,
das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras
previstas no dimensionamento das estruturas" (NBR 6118:2014, item 6.4.1, p. 16).
É apresentada abaixo, uma tabela para que se tenha como referência qual
classe de agressividade ambiental deverá ser aplicada para cada projeto.
34

Tabela 1 - Tabela de Classe de agressividade ambiental (CAA)

Fonte: NBR 6118 (2014)

Sendo o principal material para a construção de estruturas de concreto,“se


aplica aos concretos compreendidos nas classes de resistência dos grupos I e II, da
ABNT NBR 8953, até a classe C90. A classe C20 ou superior, e aplica ao concreto
com armadura passiva e a classe C25, ou superior, ao concreto com armadura ativa.
A classe C15 pode ser usada em obras provisórias ou concreto sem fins estruturais,
conforme a ABNT NBR 8953” (NBR 6118:2014, item 8.2.1, p. 22).
Dentre esses concretos, a norma define algumas propriedades dos materiais
para os projetos de estruturas de concreto, tendo como principais para o concreto os
seguintes:
a) Massa específica: deve estar compreendida entre 2000 kg/m³ e 2800 kg/m³
para concretos normais secos em estufa. Caso não conhecida, deve-se considerar
2400 kg/m³ para o concreto simples e 2500 kg/m³ para o concreto armado, para efeitos
de cálculo. Quando conhecida a massa específica do concreto, a massa específica
do concreto armado sofre um acréscimo de 100 kg/m³ a 150 kg/m³.
b) Coeficiente de dilatação térmica: considera-se 10-5/ºC para análise
estrutural.
35

c) Resistência à compressão: refere-se aos resultados obtidos através de


ensaios de corpos de prova cilíndricos, moldados segundo a ABNT 5738 (ABNT,
2015) e rompidos de acordo com a ABNT NBR 5739 (ABNT, 2018). Deve-se referir a
idade de 28 dias do concreto, quando a mesma não for indicada. Para se obter a
estimativa da resistência à compressão média, fcmj, correspondente a uma resistência
fckj especificada, segue-se o que é indicado na ABNT NBR 12655 (ABNT, 2015). O
ensaio para obtenção da evolução da resistência à compressão com a idade deve ser
obtida através da mesma norma.
d) Resistência à tração: são obtidos em ensaios realizados de acordo com as
ABNT NBR 7222 (ABNT, 2011) e ABNT NBR 12142 (ABNT, 2010), para a resistência
à tração indireta fct,sp e a resistência à tração na flexão fct,f, respectivamente. Para a
resistência direta fct, considera-se 0,9 fct,sp ou 0,7 fct,f. Caso não se tenha os valores de
fct,sp e fct,f, o valor médio característico é obtido através das seguintes equações:
fctk,inf= 0,7. 𝑓𝑐𝑡𝑚
fctk,sup= 1,3 . 𝑓𝑐𝑡𝑚
sendo:
/
fct,m = 0,3 . 𝑓𝑐𝑘 , para concretos de classes até C50
fct,m =2,12 ln(1 + 0,11 𝑓𝑐𝑘), para concretos de classes C55 até C90
e) Módulo de elasticidade: é obtido aos 28 dias de idade do concreto, sendo
considerado o módulo de deformação tangente inicial segundo o ensaio da ABNT
NBR 8522 (ABNT, 2017). Para os casos onde não são feitos os ensaios, estima-se o
valor do módulo de elasticidade inicial a partir das seguintes equações:
Eci =αE . 5600 𝑓𝑐𝑘, para fck de 20MPa a 50 MPa
/
Eci =21,5 . 10 . + 1,25

sendo:
αE = 1,2 para basalto e diabásio
αE = 1,0 para granito e gnaisse
αE = 0,9 para calcário
αE = 0,7 para arenito
O módulo de secante é obtido pelo ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522,
ou pela expressão:
Ecs = αi . Eci
sendo:
36

αi = 0,8 + 0,2 . ≤ 1,0

Também é apresentada uma tabela com valores estimados para serem usados
em projetos estruturais.

Tabela 2 - Tabela de valores estimados de módulo de elasticidade em função da resistência


característica à compressão do concreto (considerando o uso de granito como agregado graúdo)

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal: “para tensões de


compressão menores que 0,5 fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de
Poisson v pode ser tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade transversal
Gc igual a Ecs/2,4" (NBR 6118:2014, item 8.2.9, p. 25).
f) Compressão: considerando os diagramas tensão-deformação, admite-se
uma relação linear entre as tensões e deformações, quando as tensões de
compressão forem menores que 0,5 fc, adotando o valor secante para o módulo de
elasticidade segundo a expressão contida nesta. Analisando o estado-limite último, é
usado o diagrama tensão-deformação a seguir:
37

Figura 7 - Diagrama tensão-deformação idealizado

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

Os valores para c2 e cu são:


c2 = 2,0 ‰, para concretos de classes até C50
cu =3,5 ‰, para concretos de classes até C50
c2 = 2,0 ‰ + 0,85 ‰ . (𝑓𝑐𝑘 − 50) ,
, para concretos de classes C55 até C90

cu = 2,6 ‰ + 35 ‰ .

g) Tração: “para o concreto não fissurado, pode ser adotado o diagrama tensão-
deformação bilinear de tração, indicado na Figura 8.3" (NBR 6118:2014, item 8.2.10.2,
p. 27).

Figura 8 - Diagrama tensão-deformação bilinear de tração

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)


38

h) Fluência e retração: os valores são obtidos através da tabela a seguir:

Tabela 3 - Valores característicos superiores da deformação específica de retração εcs (t∞,t0) e do


coeficiente de fluência ϕ (t∞,t0)

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

A respeito do aço de armadura passiva, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece:


a) Categoria: aços com resistência de escoamento compreendido nas
categorias CA-25, CA-50 e CA-60, sendo classificados pela NBR 7480 (ABNT, 2007)
e com diâmetros e seções transversais nominais estabelecidos pela mesma.
b) Tipo de superfície aderente: podem ser usados fios lisos, entalhados,
providos de mossas ou saliências. A capacidade aderente entre aço e concreto é
relacionada de acordo com o coeficiente η1:

Tabela 4 - Valor do coeficiente de aderência η1

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)


39

c) Massa especifica: “pode-se adotar para a massa específica do aço de


armadura passiva o valor de 7850 kg/m3"(NBR 6118:2014, item 8.3.3, p. 29).
d) Coeficiente de dilatação térmica: “o valor de 10-5/°C pode ser considerado
para o coeficiente de dilatação térmica do aço, para intervalos de temperatura entre -
20°C e 150°C" (NBR 6118:2014, item 8.3.4, p. 29).
e) Módulo de elasticidade: “na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo
fabricante, o módulo de elasticidade do aço pode ser admitido igual a 210 GPa" (NBR
6118:2014, item 8.3.5, p. 29).
f) Diagrama tensão-deformação, resistência ao escoamento e a tração: valores
característicos do escoamento fyk, resistência à tração fstk e deformação na ruptura uk,
são obtidos através de ensaios de tração segundo a ABNT ISO 6892-1. Para aços
sem patamar de escoamento, o valor de fyk é o valor de tensão correspondente à
deformação permanente de 0,2%. Para efeito de estado-limite de serviço e último,
tração e compressão, com intervalos de temperatura entre -20°C e 150°C, usa-se a
seguinte tabela para os cálculos:

Figura 9 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

g) Características de dutilidade: aços CA-25 e CA-50 devem atender valores


mínimos de fst/fy e uk indicados na ABNT NBR 7480 (ABNT, 2007), para que possam
ser considerados de alta dutilidade, seguindo o mesmo critério para os aços CA-60.
Não deverá ocorrer ruptura ou fissuração em ensaios de dobramento a 180°, sendo
esses ensaios realizados de acordo com a ABNT NBR 6153 (2016), utilizando
diâmetros de pinos especificados pela ABNT NBR 7480 (ABNT, 2007).
h) Soldabilidade: desde que um aço obedeça aos limites estabelecidos pela
ABNT NBR 8965 (ABNT, 1985) , o mesmo é considerado soldável. A ABNT NBR 8548
40

(ABNT, 1984) fala sobre o ensaio à tração para verificação da emenda de aço soldada,
ABNT NBR 7480 (ABNT, 2007) sobre a força de ruptura mínima na barra soldada. O
alongamento sob carga não deve comprometer a dutilidade da armadura, e o
alongamento total plástico deve atender a um mínimo de 2%.
A respeito do aço de armadura ativa, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece:
a) Classificação: “os valores de resistência característica à tração, diâmetro e
área dos fios e das cordoalhas, bem como a classificação quanto a relaxação, a serem
adotados em projeto, são os nominais indicados na NBR 7482 (ABNT, 2020) e na
NBR 7483 (ABNT, 2020), respectivamente" (NBR 6118:2014, item 8.4.1, p. 30).
b) Massa especifica: adota-se 7850 kg/m3.
c) Coeficiente de dilatação térmica: sendo os intervalos de temperatura entre -
20°C e 100°C, o valor considerado é 10-5/°C.
d) Módulo de elasticidade: deve ser fornecido pelo fabricante ou por meio de
ensaios, caso não, considera-se o valor de 200 GPa para fios e cordoalhas.
e) Diagrama tensão-deformação, resistência ao escoamento e à tração: deve
ser fornecido pelo fabricante ou obtido por ensaios segundo a ABNT NBR 6349.
Devem satisfazer a ABNT NBR 7483 (ABNT, 2020) quanto à resistência ao
escoamento convencional fpyk, resistência à tração fptk, alongamento após ruptura uk.
Valores fpyk, fptk e uk obedecem ao que especifica a ABNT NBR 7482 (ABNT, 2020).
Para efeito de estado-limite de serviço e último, com intervalos de temperatura
entre -20°C e 150°C, usa-se a seguinte tabela para os cálculos:

Figura 10 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativas

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)


41

f) Características de dutilidade: considerados de dutilidade normal os fios e


cordoalhas com valor de uk maior que o mínimo dito na NBR 7482 (ABNT, 2020) e
NBR 7483 (ABNT, 2020), respectivamente. Seguindo o ensaio da NBR 6004 (ABNT,
1984), o número mínimo de dobramentos alternados dos fios de protensão deve
atender a NBR 7482 (ABNT, 2020).
g) Relaxação: “a relaxação de fios e cordoalhas, após 1000h a 20°C (Ψ1000) e
para tensões variando de 0,5 fptk a 0,8 fptk, obtida nos ensaios da NBR 7484 (ABNT,
2020), não pode ultrapassar os valores dados nas NBR 7482 (ABNT, 2020) e ABNT
7483 (ABNT, 2020), respectivamente" (NBR 6118:2014, item 8.4.8, p. 31). Para
projetos, usa-se a tabela a seguir:

Tabela 5 - Valores de Ψ1000, em porcentagem

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

Tanto para armadura passiva quanto para armadura ativa, a NBR6118:2014,


tratando-se de resistência à fadiga, especifica que “essa verificação é satisfeita se a
máxima variação de tensão calculada, Δσs, para a combinação frequente de cargas
satisfaz: γf ΔσSs ≤ Δfsd, fad" (NBR 6118:2014, item 23.5.5, p. 197), tendo a Tabela a
seguir com os valores de Δfsd,fad:
42

Tabela 6 - Parâmetros para as curvas S-N (Woeller) para os aços dentro do concreto

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

A estrutura deve passar pelas verificações de segurança e estados-limites,


sendo eles:
a) ELU (Estado-limite último): refere-se quando a estrutura já não pode mais
ser utilizada devido ao seu esgotamento da capacidade resistente, oferecendo assim
grande risco à segurança. Perda de equilíbrio da estrutura, colapso progressivo,
esgotamento da capacidade resistente da estrutura considerando ações sísmicas,
esgotamento da capacidade resistente da estrutura devido às solicitações normais e
tangenciais, esgotamento total ou parcial da estrutura considerando efeitos de
segunda ordem e esgotamento total ou parcial da estrutura considerando exposição
ao fogo são exemplos de ELU.
b) ELS (Estado-limite serviço): refere-se quando a estrutura ainda pode ser
utilizada, porém compromete o conforto do usuário, durabilidade, aparência e boa
utilização das estruturas. Formação ou aberturas de fissuras, deformações
43

excessivas, descompressão parcial ou total, compressão excessiva e vibrações


excessivas são exemplos de ELS.
Toda estrutura deve resistir às ações a ela imposta, sendo essas responsáveis
por produzir efeitos significativos na estrutura, analisando os limites últimos e de
serviço. A NBR 8681 (ABNT, 2004) classifica as ações em permanentes, variáveis e
excepcionais, cada uma tendo suas peculiaridades e respeitando as normas a elas
aplicáveis.
I) Ações permanentes: “(...) são as que ocorrem com valores praticamente
constantes durante toda a vida da construção. Também são consideradas
permanentes as ações que aumentam no tempo, tendendo a um valor-limite
constante" (NBR 6118:2014, item 11.3.1, p. 56). Dentre as ações permanentes, temos
as ações permanentes diretas, peso próprio, peso dos elementos construtivos fixos e
de instalações permanentes, empuxos permanentes, ações permanentes indiretas,
retração do concreto, fluência do concreto, deslocamento de apoio, imperfeições
geométricas, imperfeições globais, imperfeições locais, momento mínimo e protensão
(caso a estrutura seja protendida).
II) Ações variáveis: dentro das ações variáveis, temos as ações variáveis
diretas e indiretas, sendo as ações variáveis “(...) constituídas pelas cargas acidentais
previstas para o uso da construção, pela ação do vento e da água, devendo-se
respeitar as prescrições feitas por Normas Brasileiras especificas” (NBR 6118:2014,
item 11.4.1, p. 61), e as ações variáveis indiretas causadas pelas variações de
temperatura, uniformes ou não. São exemplos de ações variáveis diretas as cargas
acidentais previstas para o uso da construção, ação do vento, ação da água e ações
variáveis durante a construção. Para ações variáveis indiretas temos como exemplo
as variações uniformes e não uniformes de temperatura e ações dinâmicas.
III) Ações excepcionais: ações em que os efeitos não podem ser controlados
por outros meios, tendo que definir seus valores para caso particular, segundo as
Normas Brasileiras correspondentes.
Após a definição das ações que irão atuar em cada estrutura, deve-se fazer o
estudo das combinações de ações, definindo assim o carregamento. “Um
carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não
desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período
preestabelecido. A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura; a verificação da
44

segurança em relação aos estados-limites últimos e aos estados-limites de serviço


deve ser realizada em função de combinações últimas e de combinações de serviço,
respectivamente" (NBR 6118:2014, item 11.8.1, p. 66). As combinações últimas estão
expressas através da seguinte Tabela:

Tabela 7 - Combinações últimas

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)

As combinações de serviço são separadas em:


a) Quase permanentes: atuam durante grande parte da vida da estrutura.
Podem ser consideradas na verificação do estado-limite de deformações excessivas.
b) Frequentes: repetem-se muitas vezes durante a vida da estrutura. Podem
ser consideradas na verificação dos estados-limites de formação de fissuras, abertura
de fissuras, vibrações excessivas, deformações excessivas decorrentes de vento ou
temperatura que comprometam as vedações.
45

c) Raras: ocorrem raramente durante a vida da estrutura, pode ser necessária


na verificação do estado-limite de formação de fissuras. Para melhor compreensão,
tem-se a seguinte tabela:

Tabela 8 - Combinações de serviço

Fonte: NBR 6118:2014 (2014)


46

3 METODOLOGIA

Para que se tenha uma análise justa dos resultados entre os programas, foram
desenvolvidos dois projetos, sendo o primeiro de uma casa térrea com 172,00m², e
de um prédio de 3 andares com 158,00m² de área privativa e 16,00m² de área comum,
totalizando 174,00m² em cada pavimento, e um total de 522m².
Ambos os projetos passaram por um pré-dimensionamento dos elementos
estruturais para que a geometria fosse lançada igualmente nos programas, partindo
assim de um início comum a todos. A partir deste ponto, os projetos foram lançados
seguindo as particularidades de cada software e assim, adaptando e corrigindo os
erros gerados e apresentados.
O projeto arquitetônico é o principal projeto que deve ser levado em
consideração quando se faz uma concepção estrutural, pois a estrutura deve respeitar
os elementos arquitetônicos.
A estrutura também deve estar em harmonia com os projetos complementares
de instalações elétricas, hidráulicas, incêndio, entre outras. Para a concepção
estrutural, segue-se o modelo de cascata, começando outros pelos níveis superiores,
seguindo abaixo até os inferiores. Tratando-se dos elementos estruturais, começa-se
pelos pilares, seguindo para as vigas e lajes.
Tratando-se dos pilares, loca-se primeiro os pilares de cantos, seguindo para
os pilares que serão comuns para os todos os pavimentos da edificação, pilares de
extremidades e por fim os pilares internos, os quais devem sempre que possível
respeitar as imposições e particularidades do projeto de arquitetônico.
Deve-se, sempre que possível, locar pilares alinhados para que sejam
formados pórticos com as vigas, contribuindo assim para a estabilidade global do
edifício.
Não é recomendado que se tenha grandes distâncias entre pilares, tendo como
média uma distância de 4m a 6m, pois distâncias superiores fazem com que as vigas
tenham dimensões maiores, acarretando em maiores custos e dificuldades técnicas
quanto à montagem da armação e das formas.
Distâncias muito reduzidas também não são recomendadas, visto que podem
acarretar em interferência nos elementos de fundação.
As vigas devem ser lançadas de modo que interliguem os pilares previamente
locados nos diversos pavimentos, formando assim pórticos. Pode haver a
47

necessidade de lançamento de vigas extras, sendo estas para dividir um painel de laje
de grandes dimensões, fechamento de painéis de lajes, suporte de parede divisória,
evitando o apoio direto sobre a laje, ou somente para efeito arquitetônico.
Tratando-se da seção de vigas, é comum usar sua largura igual a da alvenaria
que será utilizada, tendo sua altura limitada ao espaçamento disponível entre o nível
superior e os vãos logo abaixo.
Para as lajes, o modo de lançamento já é mais simples, pois seu
posicionamento fica definido pelo arranjo das vigas.

3.1 CypeCAD – Residência

Quando se abre o software CypeCAD, é colocado o nome do novo projeto


através da primeira janela aberta, a qual posteriormente mostrará uma tela para que
o projetista possa escolher como começará o projeto, tendo como opção: obra vazia,
importação de uma obra de Cype 3D, introdução automática DXF/DWG, introdução
automática IFC. O programa também oferece dois exemplos iniciais de introdução
automática DXF/DWG e introdução automática IFC.
Para esse estudo, foi utilizado o modo introdução automática DXF/DWG, a qual
abre uma nova janela com várias abas, onde a primeira é "Dados do edifício", sendo
eles os níveis de projeto existentes juntamente com suas alturas, podendo ser
cobertura casa das máquinas, casa das máquinas, cobertura, pisos, térreo e subsolos.
Na segunda aba aberta, "Pisos/Grupos", pode-se alterar os títulos de cada
nível, alturas e cotas do nível da fundação. Em "Descrição dos grupos", são colocadas
as sobrecargas de utilização e as cargas permanentes para cada nível, e em seguida,
na aba "Máscaras DXF-DWG" é importado o projeto CAD, onde o software é capaz
de ler as layers presentes e, sendo possível optar por não utilizar algumas.
Em seguida, atribui-se cada planta importada para cada nível existente no
projeto através da aba "Atribuir vistas aos grupos". Na sétima e oitava aba, "Layers
para pilares" e "Layers para vigas", respectivamente, é possível mostrar ao software,
quais as layers presentes no desenho CAD importado se refere aos pilares e vigas,
tendo assim, o lançamento automático destes elementos.
48

Figura 19 - Janela para criação do projeto

Fonte: Própria (2020)

Figura 20 - Janela para escolha do modo de introdução da estrutura

Fonte: Própria (2020)


49

Figura 21 - Lançamento dos níveis

Fonte: Própria (2020)

Ao término de todo esse processo, será gerada a obra e, em seguida, aberta a


janela "Dados Gerais", onde será alterada as configurações gerais do projeto. Será
utilizado para os cálculos a norma NBR 6118 (ABNT, 2014), concreto C25, como
agregado será usado o basalto com diâmetro de 19mm.
Quanto à "Classe de agressividade ambiental" foi utilizado CAA "II – Moderada
– Urbana". Para cargas de alvenaria, foi utilizado o comando "Cargas lineares em
vigas", e colocado um valor calculado anteriormente, visto que o software não faz esse
cálculo. Para carga referente à "Caixa d’água", foi adicionado 1,08tf/m² na laje do nível
da mesma.
50

Figura 22 - Definição dos Dados Gerais

Fonte: Própria (2020)

Ao finalizar as configurações, será aberta a tela principal do programa, onde


têm-se diversas abas inferiores, as quais serão utilizadas para o lançamento dos
elementos estruturais, através dos comandos do software, e resultados do projeto
após calculado.
Para o lançamento de pilares, vigas, lajes e etc, é utilizado a aba "Entrada de
pavimento", navegando entre os níveis anteriormente inseridos no programa. Ao final
de todo o lançamento, há no software uma ferramenta para que possa ser feita a
conferência do lançamento efetuado, chamada "Verificar geometria do grupo atual"
(para verificação de um único nível), "Verificar geometria do grupo atual e superiores"
(para verificação do nível atual e seus superiores) e "Verificar geometria de todos os
grupos" (para verificação de todos os niveis existentes no projeto).
51

Figura 23 - Croqui nível Térreo

Fonte: Própria (2020)

Figura 24 - Croqui nível Cobertura

Fonte: Própria (2020)


52

Figura 25 - Croqui nível Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)

Figura 26 - Modelo 3D Residência

Fonte: Própria (2020)

Finalizado e conferido o lançamento, pode-se optar por dois tipos de cálculo da


estrutura, "Calcular a obra" (inclusive a fundação), fazendo um cálculo da estrutura e
transferindo as cargas para a fundação e assim dimensionando-a, ou "Calcular a obra"
(sem dimensionar fundação), onde se é calculada toda a obra, porém sem transmitir
as cargas para a fundação, tendo assim um pré-cálculo para a conferência de sessões
dos elementos e correção dos erros que podem ser gerados pelo programa.
Na aba inferior "Resultados", é onde será possível observar os erros que
aparecerão, em cor vermelha para melhor localização, e ao clicar no elemento em
questão com erro, pode-se ver qual o erro encontrado, seu relatório e então editar o
53

que for necessário para que se elimine o erro apresentado. Apósa resolução de todos
os erros, executa-se o comando "Calcular a obra" (inclusive a fundação) para um
cálculo estrutural completo.
Figura 27 - Cálculo da obra

Fonte: Própria (2020)

Figura 28 - Janela de erros e avisos

Fonte: Própria (2020)


54

Ao finalizar os cálculos sem nenhum erro e, conferido todos os avisos


mostrados pelo software, o projetista pode obter os quantitativos e outras informações
da estrutura através do menu "Arquivo – Relatório" e então, extrair os detalhamentos
em diversos formatos disponibilizados pelo software.

3.2 CypeCAD – Edifício

O lançamento do edíficio foi feito seguindo os procedimentos anteriormente


seguidos para o lançamento da residência, tendo como principal diferença o número
de níveis a mais, juntamente com a cota de fundação que, agora é de 2 metros abaixo
do nível do solo, sendo o tipo de fundação igual ao usado na residência (sapatas de
concreto armado).
A classe de agressividade ambiental continua sendo a "Classe II – Moderada",
usual para áreas urbanas. Todos os pavimentos possuem 3 metros, sendo a
"Cobertura", a única com 1,40 metros. No nível da "Caixa d’água", foi adicionada uma
carga extra de 1,94tf/m² para suportar a carga de água referente às caixas d’água.

Figura 29 – Níveis

Fonte: Própria (2020)


55

Figura 30 - Definição dos Dados Gerais

Fonte: Própria (2020)

Figura 11 - Croqui do nível Pavimento Tipo

Fonte: Própria (2020)


56

Figura 32 - Croqui do nível Pavimento Cobertura

Fonte: Própria (2020)

Figura 33 - Croqui do nível Pavimento Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)


57

Figura 34 - Modelo 3D Edifício

Fonte: Própria (2020)

3.3 Eberick - Residência

Quando se é aberto o software Eberick para que se possa calcular uma nova
edificação, a primeira tela aberta é a de entrada de pavimentos, onde o projetista deve
adicionar todos os níveis que a edificação terá, separando-as por títulos e colocando
suas alturas.
O Eberick, automaticamente, somará as alturas dos níveis, para que o projetista
tenha o conhecimento e possa conferir a altura total da edificação e seus lances.
Também é mostrado, e pode ser alterado, o nível inferior e o nível do solo.

Figura 35 –Lançamento dos níveis

Fonte: Própria (2020)


58

Após o lançamento dos pavimentos, o software abrirá a aba a seguir, a qual


tem como nome "Projeto". Nela, ficará contida todas as informações do projeto, como:
os níveis anteriormente adicionados com seus respectivos croquis, formas, desenhos,
lajes, pilares, vigas e elementos de fundação; pilares em prumada; cortes; pranchas;
arquivos; modelos 3D; configurações de desenho; configurações do projeto; e
configurações do sistema.
É por meio desta aba, principalmente, que o projetista navegará pelo projeto e
terá acesso aos menus dos elementos estruturais lançados, seus valores e resultados
dos cálculos.

Figura 36 - Árvore do projeto

Fonte: Própria (2020)

Os desenhos arquitetônicos, os quais podem ser previamente feitos em um


programa CAD e importados, ou feitos diretamente pela plataforma CAD presente no
programa, são adicionados no sub-menu "Desenho" correspondente, para que possa
ser usado como máscara, no lançamento dos elementos estruturais, de acordo com
cada pavimento no menu "Croqui".
Para que possa definir alguns critérios de projeto, deve-se ir na aba
"Configurações" e depois "Materiais e Durabilidade", onde foi definido que o concreto
usado seria o C25, dimensão de 19mm do agregado, e que vigas e pilares teriam
cobrimento de 3cm, enquanto as lajes seriam de 2,5cm e os elementos de fundação
59

4,5cm. Observa-se que quando colocado cobrimento de 3cm para as fundações, o


software apresentou uma mensagem de erro, a qual diz que aquele é insuficiente para
a classe de agressividade em relação a peças em contato com o solo, sendo 4,5cm a
recomendação normativa. Quanto à CAA, foi selecionado a classe "II – Moderada".
Outros parâmetros como bitolas, fluência, barras, abertura máxima de fissuras
e combinações também podem ser alterados. Para demais configurações, é utilizado
o que é especificado na NBR 6118 (ABNT, 2014).
Para cargas de alvenaria, foi usado o comando "Carga de parede", presente
nos comandos de vigas, sendo assim o peso calculado pelo próprio software através
de simples informações fornecidas e escolhidas no mesmo. Foi adicionado também
uma carga extra de 1081kgf/m² na laje do nível "Caixa d’água", referente a carga de
água.

Figura 37 - Tabela de Materiais e Durabilidade

Fonte: Própria (2020)

No sub-menu "Croqui" é onde se faz o lançamento estrutural, utilizando os


comandos necessários, como pilar, pilar de fundação, viga, laje e etc.
O lançamento deve ser feito separadamente em todos os níveis antes
inseridos, verificando sempre se estão alinhados em relação aos outros níveis.
Para uma rápida verificação de lançamento, o software tem ferramentas como
"Verificar proximidades" e "Detectar proximidades", ambas presentes no menu
superior "Elementos". O pórtico 3D da estrutura pode ser acessado a qualquer
momento para que se possa ter uma melhor compreensão e visualização do que está
sendo lançado, sendo este acessado através do comando "Pórtico 3D".
60

Figura 38 – Croqui do nível Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)

Figura 39 - Croqui do nível Térreo Figura 40 - Croqui do nível Cobertura

Fonte: Própria (2020) Fonte: Própria (2020)


61

Figura 41 - Modelo 3D Residência

Fonte: Própria (2020)

Feito todo o lançamento da obra, através do comando "Processar estrutura", o


software efetuará todo o cálculo estrutural por si só. O projetista pode escolher por um
cálculo mais simplificado para uma pré-análise da estrutura lançada ou o cálculo
completo quando já se tem a certeza de todos os elementos, posições e dimensões.

Figura 42 - Janela para escolha do modo de cálculo Figura 43 - Processamento da estrutura

Fonte: Própria (2020) Fonte: Própria (2020)


62

Feito o cálculo da estrutura, o programa exibirá por pavimento os menus


dedicados a cada tipo de elemento estrutural presente no pavimento em questão.
Cada um destes contendo diversas informações importantes para o projetista em
relação a eles.
É possível também, através do comando "Diagnóstico – Status dos elementos",
obter-se um resumo de todos os elementos dimensionados e seus respectivos avisos
ou erros.

Figura 44 - Janela para conferência de erros e avisos

Fonte: Própria (2020)

Assim que o projetista tiver certeza de que não há mais nenhum erro ou avisos
que possam ser prejudiciais à edificação, o software oferece diversas formas para a
extração das pranchas, que serão enviadas para a obra e quantitativos.

3.4 Eberick – Edifício

Para o lançamento do edifício, foram feitos os mesmos procedimentos


anteriormente feitos para a residência, sendo feito somente, as devidas modificações
63

para o edifício, como níveis para os demais pavimentos e níveis intermediários para o
lançamento das escadas.
Anteriormente definidos, cada pavimento possui 3 metros de pé-direito, com
exceção do nível "Cobertura", o qual possui 1,40 metros. O nível para assentamento
das fundações, as quais são sapatas de concreto armado, foi de 2 metros abaixo do
nível do solo.
Quanto à CAA (Classe de agressividade ambiental), foi adotada CAA II –
Moderada, sendo assim adotados os cobrimentos já pré-configurados pelo software.
Para a laje do nível "Caixa d’água" foi adicionada uma carga extra de 1941 kgf/m²,
referente à carga de água.
Demais procedimentos seguiram iguais aos anteriormente feitos para a
residência.

Figura 45 – Lançamento dos níveis

Fonte: Própria (2020)


64

Figura 46 - Tabela de Materiais e Durabilidade

Fonte: Própria (2020)

Quanto ao lançamento, foi feito de acordo com a concepção inicial, mudando


somente o necessário para a correção de erros acusados pelo programa pós-
processamento da estrutura.
Após todas as alterações feitas e finalizado o projeto, foram retirados os
quantitativos para futura comparação neste mesmo trabalho.

Figura 47 - Croqui do nível Pavimento Tipo

Fonte: Própria (2020)


65

Figura 48 - Croqui do nível Cobertura

Fonte: Própria (2020)

Figura 49 - Croqui do nível Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)


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Figura 50 - Modelo 3D Edifício

Fonte: Própria (2020)

3.5 TQS – Residência

Quando aberto, o software TQS apresenta sua tela principal com todas as
funcionalidades e menus do programa. Para que se possa iniciar um novo projeto, o
projetista deve acessar a aba "Edifício", na parte superior da tela, e logo após, o
comando "Novo".
O programa abrirá uma janela para que o projetista possa colocar todas as
informações do projeto e parâmetros iniciais. É apresentado inicialmente também, um
projeto exemplo.
Na aba "Gerais", foi colocado o nome do arquivo (TCC – Casa), escolhido
"Concreto Armado / Protendido" como o tipo de estrutura e foi usada a versão mais
recente da NBR 6118 que o programa oferece para esse projeto, sendo ela a NBR
6118 (ABNT, 2014).
Na segunda aba, "Modelo", foi escolhido o modelo "IV – modelo de vigas e
pilares", flexibilizando conforme critérios, como modelo estrutural do edifício e, em
67

modelos independentes, foi selecionado que a estrutura se comporte como um corpo


único, sem juntas ou torres separadas.
De acordo com essas escolhas, o TQS traz logo abaixo um texto explicando
como será feito a análise e cálculo estrutural.
Em "Pavimentos", é onde se deve adicionar os níveis que o edifício terá,
juntamente com seu título e número de repetição (caso a mesma tenha níveis
repetidos), seu pé-direito em metros, classe (fundação, subsolo, térreo, mezanino,
transição, primeiro, tipo, cobertura, ático, duplex, tríplex).
Para que se tenha certeza de que o lançamento dos níveis foi feito
corretamente, o software disponibiliza logo ao lado, um preview em corte, com os
níveis adicionados e suas alturas individuais e totais.
Em "Materiais", foi escolhido o uso do Concreto C25 e em relação a CAA, foi
colocada a "Classe II – Moderada – Urbana". Na aba "Cobrimentos", foi determinado
que lajes em geral teriam cobrimentos inferiores e superiores de 2,5cm e 3cm de
cobrimento para vigas e pilares, e 4,5cm de cobrimento para fundações ou elementos
em contato com o solo, segundo especifica a norma.
Quanto ao lançamento de cargas de alvenaria, foi feito através do comando
"Distribuída Linearmente" presente na aba "Cargas", selecionando o tipo de alvenaria
desejado e a sua altura. Na laje do nível "Caixa d’água" foi adicionada uma carga extra
de 1,08 tf/m², referente à sobrecarga da mesma, devido à caixa d’água.

Figura 51 - Janela para entrada de Dados Gerais do Edifício

Fonte: Própria (2020)


68

Figura 52 - Janela para escolha do Modelo Estrutural

Fonte: Própria (2020)

Figura 53 - Lançamento dos níveis

Fonte: Própria (2020)


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Figura 54 - Janela de Materiais

Fonte: Própria (2020)

Figura 55 - Janela de Cobrimentos

Fonte: Própria (2020)

Após o lançamento dos níveis de projeto, será aberta a tela principal do TQS,
onde se pode ver todos os projetos existentes, separadamente. Ao abrir a árvore de
projeto, pode-se ver os sub-menus: "Gerais", "Plantas", "Critérios", "Desenhos",
"Listagens", "Dados", "Espacial", "Pilares", "Pavimentos" e "Fundações".
O software tem como peculiaridade o fato de ler somente arquivos DWG-TQS,
sendo assim, necessário converter o arquivo CAD previamente feito e, inserindo-o no
sub-menu "Gerais", para que seja usado como máscara para o lançamento estrutural.
70

Em seguida, no sub-menu "Pavimentos", é escolhido para cada pavimento, qual será


o DWG-TQS de referência para o lançamento.

Figura 56 - Árvore do Projeto

Fonte: Própria (2020)

Ao entrar em cada pavimento e clicar em "Modelo estrutural", será aberta uma


nova janela para o lançamento dos elementos estruturais, através de seus respectivos
comandos.
O lançamento será feito separadamente para cada nível existente, sempre
verificando o lançamento ao final, através dos comandos "Processar o pavimento" (faz
a consistência, processamento do pavimento e visualização dos resultados) e
"Consistência da planta" (acusa tipos de problemas no lançamento de formas).
O pórtico 3D é acessado a partir do comando "Visualização do modelo 3D",
ajudando assim, o projetista a compreender e visualizar o que está sendo lançado,
bem como o lançamento final. Ao finalizar o lançamento em cada pavimento, deve-se
salvar o que foi feito, através do comando "Salvar o modelo estrutural".
71

Figura 57 - Croqui nível Térreo

Fonte: Própria (2020)

Figura 58 - Croqui nível Cobertura

Fonte: Própria (2020)


72

Figura 59 - Croqui nível Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)

Figura 60 - Modelo 3D Residência

Fonte: Própria (2020)

Realizado todo o lançamento estrutural, é executado o comando


"Processamento global", para que o software efetue o cálculo da obra.
É possível que se faça cálculos preliminares, a fim de que se possa corrigir
erros antes que sejam gerados os detalhamentos, para que, após a correção de erros
73

e avisos que sejam capazes de prejudicar a estabilidade da estrutura, sejam feitos


cálculos completos e a geração dos detalhamentos e desenhos.
Realizado o cálculo completo, o projetista terá acesso a todos os
detalhamentos e formas do projeto através da expansão de cada árvore deste,
obtendo os respectivos detalhamentos dos elementos estruturais presentes nos
níveis.

Figura 61 - Janela de Processamento

Fonte: Própria (2020)

Figura 62 - Janela para conferência de erros e avisos

Fonte: Própria (2020)


74

Finalizado o projeto, é possível gerar todas as pranchas através do próprio


software, para que sejam enviados a obra e os quantitativos.

3.6 TQS – Edifício

Seguindo os mesmos procedimentos feitos para ao lançamento da residência


no software, o lançamento do edifício foi realizado somente com as diferenças em
número de níveis, cota de fundação que passou a ser 2 metros abaixo do nível do
solo, sendo o tipo de fundação sapatas de concreto armado.
Quanto à CAA, foi mantida a "Classe II – Moderada", para áreas urbanas.
Todos os pavimentos possuem 3 metros de altura, com exceção da "Cobertura" com
1,40 metros de altura.
Todas as outras configurações e procedimentos seguiram iguais aos realizados
no projeto da residência. Para o nível "Caixa d’água" foi adicionada a carga extra de
1,941 tf/m² para suportar a carga de água referente as caixas d’água.

Figura 63 - Lançamento dos níveis

Fonte: Própria (2020)


75

Para o lançamento, foi seguida a concepção estrutural inicial, ocorrendo


mudanças onde se mostrou necessário, locais estes que foram identificados através
dos erros emitidos pelo programa após o processamento da estrutura.
Corrigidos todos os erros graves emitidos pelo programa e, verificado os avisos,
foram feitas as modificações e finalizado o projeto, extraindo assim os quantitativos
para a montagem da tabela de comparação.

Figura 64 - Croqui do nível Pavimento Tipo

Fonte: Própria (2020)


76

Figura 65 - Croqui do nível Cobertura

Fonte: Própria (2020)

Figura 66 - Croqui do nível Caixa d'água

Fonte: Própria (2020)


77

Figura 67 - Modelo 3D Edifício

Fonte: Própria (2020)


78

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Visto que cada software possui seus modos de cálculo, alguns erros foram
exibidos em um software e não necessariamente nos outros, tendo assim diferenças
de soluções estruturais para cada software.
Todas as estruturas foram lançadas igualmente no início, alterando somente o
necessário para que passasse nos cálculos, não alterando também os arranjos
considerados melhores por cada software, como disposição, número, diâmetro de
barras e etc.
Essa decisão foi feita para que não tivesse a interferência do projetista no
resultado, podendo assim ter resultados mais favoráveis para algum software. Porém,
esta decisão, para uma situação real, em que a construção realmente será executada,
não pode ser mantida, visto que o software é somente uma ferramenta para ajudar o
projetista na concepção, geração de detalhes, desenhos, teste de diversas soluções,
e não uma ferramenta que substitui totalmente o papel do calculista no processo,
devendo ele conferir todos os resultados pelo programa e fazer alterações que achar
necessário, mesmo que elas não tenham sido acusadas nos erros e avisos.

4.1 Lançamento

Quanto ao lançamento, os softwares possuem mecanismos bem similares,


tendo todos eles os comandos básicos necessários para que o projetista possa lançar
toda a superestrutura, sendo elas das mais diversas formas e complexidades. O que
se percebe são as particularidades de cada software em certos aspectos e etapas do
lançamento.
Quanto a essas particularidades encontradas, pode-se destacar que Eberick e
TQS apresentam cálculos automáticos de carga de alvenaria, com o Eberick
oferecendo a possibilidade de se escolher diferente tipos de alvenaria e o que a
complementa, como emboço, reboco, enquanto o TQS só dispõe de dois tipos de
alvenaria.
O CypeCAD não dispõe do mesmo cálculo automático, devendo o projetista
fazer previamente esse cálculo. O mesmo, pode-se constatar quando se trata dos
79

lançamentos de cargas, específicas quanto ao seu uso, sobre cada laje, tendo o
Eberick uma vantagem por apresentar mais opções em relação aos outros softwares.
Neste trabalho foi encontrada uma maior dificuldade quanto ao lançamento da
escada no software CypeCAD, enquanto Eberick e TQS tiveram um lançamento mais
fácil, com destaque para o Eberick, que possui um sistema de cálculo de pisos e
espelhos de acordo com a diferença de altura previamente indicada.

4.2 Resolução de erros e avisos

É de extrema importância, e até mesmo imprescindível, que os softwares


apresentem com muita assertividade os erros e avisos presentes na estrutura lançada,
para que o projetista tenha ciência do que deve ser alterado, o que deve ser observado
para que se decida, se esse aviso possa ser resolvido ou somente dada uma atenção
à aquele aviso.
Todos os softwares apresentam, sim, esses erros e avisos muito bem,
divergindo um pouco em questão de quais erros foram exibidos, em qual programa,
para o mesmo tipo de construção.
O TQS exibe logo na sua tela, após a conclusão de cálculos, todos os erros e
avisos, com explicações do porquê veio a ser exibido aquele erro ou aviso, com uma
citação da NBR referente àquele erro, mostrando algumas vezes, também como
aquele erro pode ser resolvido.
O Eberick apresenta duas maneiras de se exibir os erros e avisos presentes no
projeto, sendo a primeira, logo após a conclusão do cálculo e a segunda, através de
menus de conferência e edição dos elementos estruturais presentes no projeto, sendo
que em ambas, é possível que o projetista acesse uma página na web da própria
AltoQi, onde se tem uma explicação mais detalhada daquele erro, juntamente com
possíveis resoluções para aquele erro ou aviso e, como isto pode ser feito no software.
O CypeCAD, após o cálculo da estrutura, apresenta de maneira breve os erros
em uma janela, dando o caminho que o projetista deve fazer para que possa verificar
com mais clareza de detalhes os erros. Estes erros são acessados através de uma
aba inferior chamada "Resultados", onde o projetista, uma vez nela, seleciona através
de menus superiores o elemento desejado e assim, aparecerá os elementos com
erros.
80

Selecionando o elemento, é mostrado qual foi o seu erro, e selecionando


novamente, é aberta uma nova janela para que se possa fazer as modificações,
analisar com mais detalhes em qual quesito o elemento não obteve os resultados
desejados, podendo resolvê-lo da maneira que achar mais adequada.

4.3 Quantitativos

Após todos os cálculos realizados nos softwares, devidamente corrigidos todos


os erros e avisos que poderiam afetar a estrutura negativamente, foi extraído
diretamente dos softwares os relatórios de materiais oferecidos por cada um, e
montado uma tabela para comparação.
As tabelas de quantitativos foram separadas em: Seções de pilares, vigas e
totais em cm² (centímetros quadrados), Volume de concreto em m³ (metros cúbicos),
Área de aço em kg (quilos) e por último Formas em m² (metros quadrados).
Foi feita, também, uma tabela comparativa para as cargas que chegam nas
fundações, sendo essa expressa em tf (toneladas força).
Ao extrair os quantitativos dos softwares, foi visto que o CypeCAD não forneceu
os quantitativos quanto aos m² (metros quadrados), que seria utilizado de formas.
Sabendo que foi lançada a mesma obra nos três softwares, foi pego os valores
fornecidos pelos outros dois e feita uma média, para que a comparação fosse feita,
sendo assim o quantitativo de metros quadrados de formas do software CypeCAD um
valor estimado.

4.3.1 Residência

a) Seções: a Tabela 9, referente às seções foi feita com a soma das áreas das
seções retangulares dos elementos (pilares e vigas) em cm², para que possam ser
vistas as diferenças entre cada software quanto à seção.
81

Área total de seções - Pilares (cm²)

11150
11100
11050
11000
10950
10900
10850 Total
10800
TQS Eberick CypeCAD
Total 10920 11120 11120

Tabela 9–Comparação da área total de seções dos pilaresda residência por software

Fonte: Própria (2020)

Como mostra a Tabela 9 acima, Eberick e CypeCAD se igualam nas áreas das
seções dos pilares, enquanto o TQS fica com uma diferença inferior de 200cm² para
os dois. Esta diferença ocorre devido a um pilar de b=20cm e h=30cm no Eberick e
CypeCAD, enquanto no TQS foi utilizado b=20cm e h=20cm.
A próxima, Tabela 10, se refere às seções somadas das vigas em cm²,
separado por colunas, referentes a cada nível da residência, para ver onde se tem as
diferenças entre softwares, e ao final uma soma totalizando as áreas.

Área total de seções - Vigas (cm²)

30000
25000
20000 CypeCAD
15000
10000 Eberick
5000 TQS
0
Térreo Cobertura Caixa Total
d'água
TQS 12800 9220 1480 23500
Eberick 12800 10780 1480 25060
CypeCAD 12800 12740 1480 27020

Tabela 10–Comparação da área total de seções das vigasda residência por software

Fonte: Própria (2020)


82

Visto que foi lançado para todos os softwares as vigas baldrames de b=20cm
por h=40cm e não foi apresentado nenhum erro referente a estas seções, não se vê
disparidades entre os softwares referentes às vigas do pavimento térreo, o que
também ocorre nas vigas do nível caixa d’água, tendo todas as vigas iguais em ambos
os softwares.
A diferença acontece quando é colocado em questão o nível cobertura, onde
se chega à conclusão que o CypeCAD, necessitou de uma área maior, em cm² de
vigas, seguido por Eberick e por último o TQS, o qual apresenta a menor soma total
de área de vigas.
Esta diferença, reflete-se também, no resultado final, ficando assim o CypeCAD
com a maior área de centímetro quadrada de seções de vigas, seguido por Eberick e
por fim, o TQS.
Somada as áreas de seções de pilares e vigas dos 3 softwares, vê-se que o
TQS continua como o software que menos usou área de centímetro quadrado no total
da edificação, sendo seguido pelo Eberick com uma diferença de 1.760cm² e por
último o CypeCAD, como o software que mais utilizou área, com um total de
38.140cm², usando 1.960cm² a mais que o Eberick e, 3.720cm² a mais que o TQS.

Soma Total das Seções (cm²)

40000
30000
20000 CypeCAD
10000 Eberick
TQS
0
Pilares Vigas Total
TQS 10920 23500 34420
Eberick 11120 25060 36180
CypeCAD 11120 27020 38140

Tabela 11–Comparação da área total das seções de pilares e vigas da residência por software

Fonte: Própria (2020)


83

b) Volume de Concreto:

Concreto m³ - Casa

50
40
30
20 CypeCAD
10 Eberick
TQS
0
Laje Viga Pilar Fundação Total
Maciça
TQS 18,6 13,9 4,7 6,3 43,5
Eberick 23,2 15,2 4,6 4,9 47,9
CypeCAD 18,52 16,85 3,83 6,38 45,58

Tabela 12 – Comparação de metros cúbicos de concreto da residência por software

Fonte: Própria (2020)

Após extraídos os quantitativos oferecidos pelos softwares, estes foram


separados por elementos estruturais, para que se possa ver mais detalhadamente os
resultados de cada um.
Em todos os programas, tem-se que o elemento estrutural que mais utilizou
metros cúbicos de concreto, foram as lajes maciças, seguido por pilares, fundação e
por último, as vigas.
Para as lajes maciças, é visto que o Eberick é o que tem maior valor, e logo
após, TQS e CypeCAD tem um empate técnico, com uma diferença de 4,6m³ a menos.
Em vigas, o CypeCAD é o que mais utiliza m³, o que já era esperado, visto que o
mesmo possui maior seções de vigas, seguido por Eberick e TQS, com uma diferença
de 1,65m³ e 2,95m³, respectivamente.
O TQS apresenta maior quantidade de metros cúbicos para os pilares, Eberick
segue como o segundo com maior consumo de concreto e por último, o CypeCAD,
tendo uma diferença de 0,1m³ e 0,87m³ para o TQS.
Na última coluna, fundação, Eberick se mostra como o com menor uso de
concreto entre os três, ficando CypeCAD e TQS praticamente empatados, com uma
diferença de 1,4m³ para o Eberick.
Ao final, somado todos os consumos de m³ dos elementos estruturais, Eberick
fica em primeiro, como software que mais utiliza m³ de concreto, com um total de
84

47,9m³, seguido por CypeCAD, com uma diferença de 2,32m³ e logo após, o TQS,
com uma diferença de 4,4m³.
c) Quilos de Aço: na Tabela 13, a seguir, é exibido a quantidade de aço, já
contendo um acréscimo de 10% referente à possível perdas, contendo nas somas aço
CA-50 e CA-60 juntos, sem a distinção de quanto foi usado para cada elemento ou
por cada software. Assim como no gráfico de uso de concreto, este também foi
separado por colunas referentes aos elementos estruturais e, uma com o total somado
ao fim.

Aço kg - Casa

4000
3000
2000 CypeCAD
1000 Eberick
TQS
0
Laje Viga Pilar Fundação Total
Maciça
TQS 1186,9 1138,5 580,8 305,8 3212,00
Eberick 1541,4 1195 718,9 150,6 3605,90
CypeCAD 1404 1000 707 302 3413,00

Tabela 13 - Comparação de quilos de aço da residência por software

Fonte: Própria (2020)

Em lajes maciças, vê-se que, apesar de usadas as mesmas espessuras para


todas as lajes em todos os softwares, é o Eberick que apresenta maior uso em quilos
de aço, seguido por CypeCAD e logo depois o TQS, com uma diferença de 137,4kg e
354,5kg, respectivamente. Em se tratando de vigas, Eberickvolta a apresentar maior
consumo, tendo uma diferença de 56,5kg para TQS e 195kg para o CypeCAD.
Para pilares, TQS é o software que menos tem consumo de aço, com 580,8kg,
138,1kg a menos que o necessário para o Eberick e 126,2kg a menos que CypeCAD,
sendo o Eberick, novamente, o que exige maior consumo de aço.
Somente nos elementos de fundação é que o software Eberick tem menor
consumo de aço, em relação aos outros softwares, consumindo 151,4kg a menos que
85

CypeCAD, o qual se mostrou o segundo com mais consumo de aço nas fundações, e
155,2kg a menos que o TQS, que apresenta o maior consumo.
Somado o consumo em todos os elementos estruturais, Eberick se sai como o
software que mais consumiu aço em geral, seguido por CypeCAD e TQS, com
diferenças totais de 192,9kg e 393,9kg, respectivamente.
d) Metros quadrados de Formas: por último, é exibido, na Tabela 14, de
quantitativos referentes às formas, e assim, como nas outras anteriores, ela também
é separada de acordo com os elementos estruturais, tendo a soma total no final.

Formas m² - Casa

500
400
300
200 CypeCAD
100 Eberick
TQS
0
Laje Viga Pilar Fundação Total
Maciça
TQS 155 167 96 19 437,00
Eberick 155,5 206,7 94,3 18,8 475,30
CypeCAD 155,25 135,66 77,39 32,38 400,68

Tabela 14 - Comparação de metros quadrados de formas da residência por software

Fonte: Própria (2020)

Para lajes, os softwares Eberick e TQS quantificaram praticamente a mesma


quantidade de metros quadrados de formas, tendo uma diferença de somente 0,5m².
O valor de formas para lajes maciças, não foi quantificado pelo CypeCAD,
portanto, para efeitos comparativos foi feita uma média entre os outros programas.
Em se tratando de vigas, Eberick é o que exibe maior valor, sendo seguido por
TQS e CypeCAD, com uma diferença de 39,7m² e 71,04m², respectivamente.
O TQS exibe maior valor de formas quando é colocado em questão os pilares,
tendo uma diferença de 1,7m² para o Eberick, que exibe a segunda maior quantidade,
e 18,61m² de diferença para o CypeCAD, que exibe a menor quantidade.
Para fundações, é o CypeCAD que exibe a maior quantidade de formas, sendo
seguido por TQS e Eberick, com diferenças de 13,38m² e 13,58m², respectivamente.
86

Na soma total, o Eberick apresenta a maior de todos, com 475,3m² de formas,


tendo como diferença para TQS, o segundo com mais quantidade de metros
quadrados de formas, 38,3m², e 74,62m² para o CypeCAD.
e) Carga nas Fundações:

Cargas na Fundação - tf
35

30

25

20

15

10

TQS Eberick CypeCAD

Software Cargas totais


TQS 230 tf
Eberick 261 tf
CypeCAD 303 tf
Tabela 15 - Cargas total – Residência

Fonte: Própria (2020)

A Tabela 15, de carga de fundações foi feita utilizando os resultados retirados


dos softwares, referente a cada pilar, e ao final somado todas as cargas.
Percebe-se que os dois extremos, TQS e CypeCAD, possuem uma diferença
de 73 toneladas, um valor considerável, visto que se trata de uma residência térrea,
enquanto Eberick fica mediano, comparando as cargas com os extremos, tendo
diferença de 31tf e 42tf para o extremo inferior e superior, respectivamente.
Analisando as cargas de cada pilar separadamente, constata-se que os
softwares seguiram bem similares a maior parte, tendo algumas disparidades em
pontos específicos, o que ao final, causou as grandes diferenças quando somada
todas as cargas.
87

f) Gama Z: também foi analisado o coeficiente γz (Gama Z), que é responsável


por classificar a estrutura quanto à deslocabilidade dos nós, podendo estes serem
fixos ou móveis, destacando a significância dos esforços de 2º ordem globais.
Os valores de gama z referentes à residência foram retirados logo após o
cálculo final em cada um dos softwares.

Software Gama Z na direção x Gama Z na direção y


TQS 1,02 1,02
Eberick 1,06 1,04
CypeCAD - -
Tabela 16 - Coeficiente Gama Z – Residência

Fonte: Própria (2020)

Tem-se que as condições de Gama Z, para a consideração dos momentos de


2º ordem e para se classificar a estrutura em nós fixos ou nós móveis, é:
a) γz ≤ 1,1 – Considera-se a estrutura como de nós fixos.
b) γz ≥ 1,1 – Considera-se a estrutura como de nós móveis.
Como pode-se ver, mesmo que poucas as diferenças da estrutura final entre
os softwares, obteve-se resultados diferentes do coeficiente para TQS e Eberick, visto
que CypeCAD não exibiu esses valores para a residência.
Percebe-se que, mesmo com ambos considerando a estrutura como de nós
fixos, não ultrapassando os 10%, Eberick foi o que apresentou maior valor.
g) Deslocamento Horizontal: outro fator importante, os deslocamentos
horizontais da residência, apresentados na Tabela 17 logo abaixo, foram retirados
logo após o processamento final da estrutura.

Software Deslocamento na Deslocamento na


direção x direção y
TQS 0,04 cm 0,07 cm
Eberick 0,04 cm 0,02 cm
CypeCAD 0,08 cm 0,08 cm
Tabela 17 - Deslocamento horizontal – Residência

Fonte: Própria (2020)


88

Segundo a tabela 13.3 – Limites para deslocamentos da NBR 6118 (ABNT


2014) -, o deslocamento horizontal máximo da residência é 0,28cm, valor que não foi
ultrapassado por nenhum software.
Observando os resultados obtidos, é constatado que os deslocamentos
horizontais da residência, independentemente de qual software utilizado, foram
pequenos. Muito disso se deve à baixa estatura da edificação, tendo uma esbeltez
pequena, o que diminui a ação do vento sobre a mesma.
Vê-se que Eberick foi o software com menores valores de deslocamentos
horizontais, em ambas as direções, tendo CypeCAD como seu oposto nesse quesito,
o qual exibiu os maiores valores de deslocamento horizontal. Considerando todos os
deslocamentos exibidos, o maior valor, 0,08cm para direção x e y no CypeCAD, foi
apenas 28% do valor limite estabelecido por norma.

4.3.2 Edifício

a) Seções: assim como foi feito com a residência, para o projeto do edifício,
também foi feita a Tabela 18 referente as seções dos pilares e vigas em
cm², para que seja fácil ver as diferenças entre cada software nesse quesito.

Área total de seções - Pilares (cm²)

25000
20000
15000
10000
5000 Total
0
TQS Eberick CypeCAD
Total 18600 17600 21255

Tabela 18 - Comparação da área total de seções dos pilares do edifício por software

Fonte: Própria (2020)


89

Diferente da residência, no projeto do edifício, os três programas se


diferenciaram quanto à seção total dos pilares, sendo o Eberick o software com o
menor valor, seguido por TQS, e CypeCAD sendo o software que apresentou maior
valor.
Esse valor superior do CypeCAD tem como principal motivo dois pilares
frontais, com dimensões superiores do que o apresentado nos outros softwares
utilizados.

Área total de seções - Vigas (cm²)

120000
100000
80000 CypeCAD
60000
40000 Eberick
20000 TQS
0
Térreo Pavimentos Cobertura Caixa Total
d'água
TQS 25600 54000 24000 4800 108400
Eberick 25600 57200 26600 4800 114200
CypeCAD 25600 50400 23600 4800 104400

Tabela 19 - Comparação da área total de seções das vigas do edifício por software

Fonte: Própria (2020)

Tratando-se de vigas, foi lançado vigas de b=20cm e h=40cm nas vigas


baldrames, em todos os softwares, não apresentando nenhum erro. Assim sendo, vê-
se os mesmos valores para todos.
O mesmo acontece no nível caixa d’água, onde em todos os softwares é
apresentado o mesmo resultado da soma das áreas, em centímetros quadrados, das
vigas referente a esse nível.
Tanto para a soma de todos os pavimentos tipos, quanto para o nível cobertura,
Eberick se sai como o software que mais necessitou de área em cm² de vigas, sendo
seguido por TQS e CypeCAD, em ambos os níveis.
Somadas todas as áreas de vigas, Eberick se sai como o software com maior
valor, sendo seguido novamente por TQS e CypeCAD, tendo uma diferença de
5.800cm² e 9.800cm², respectivamente.
90

Ao final, somando-se as seções de pilares e vigas, o resultado continua o


mesmo encontrado anteriormente com as vigas: Eberick como o software com maior
valor, tendo uma diferença para CypeCAD, software com menor valor, de 6.145cm².
TQS ficou entre os dois, com uma diferença de 4.800cm² para Eberick, e 1.345cm²
para CypeCAD.

Soma Total das Seções (cm²)

140000
120000
100000
80000 CypeCAD
60000
40000 Eberick
20000 TQS
0
Pilares Vigas Total
TQS 18600 108400 127000
Eberick 17600 114200 131800
CypeCAD 21255 104400 125655

Tabela 20 - Comparação da área total das seções de pilares e vigas do edifício por software

Fonte: Própria (2020)

b) Volume de Concreto:

Concreto m³ - Prédio

200
150
100 CypeCAD
50 Eberick
TQS
0
Laje Viga Pilar Fundaçã Escada Total
Maciça o
TQS 70,8 40 20,9 21,5 6 153,2
Eberick 72 47,7 19,8 22,2 6 161,7
CypeCAD 79,47 44,28 20,34 14,21 3,45 158,3

Tabela 21 - Comparação de metros cúbicos de concreto do edifício por software

Fonte: Própria (2020)


91

Utilizando os quantitativos extraídos dos softwares, assim como para a


residência, foi montada a Tabela 21 acima, separada por elementos estruturais para
melhor visualização.
Assim como anteriormente, o elemento estrutural que mais utilizou metros
cúbicos de concreto, foram as lajes maciças, porém aqui, vê-se que após as lajes
maciças, são as vigas que mais utilizam.
As fundações se mostram como o terceiro que mais utilizou metros cúbicos de
concreto nos softwares TQS e Eberick, sendo exceção no CypeCAD, onde esse posto
foi ocupado pelos pilares. O elemento estrutural que menos utilizou concreto, em
todos os softwares, foram as escadas.
Somado todos os metros cúbicos de concreto dos elementos estruturais,
Eberick é o que apresentou maior volume de concreto, com um total de 161,7m³,
seguido por CypeCAD, com uma diferença de 3,4m³ e logo após, o TQS, com uma
diferença de 8,5m³.
c) Quilos de Aço: assim como na Tabela 13 de consumo de quilos de aço feita
anteriormente para a residência, a Tabela 14 a seguir já contém o acréscimo de 10%
referente a perdas, e também é somado juntamente o aço CA-50 e CA-60, sem
distinção de quanto foi usado dos mesmos para cada elemento ou software.
A Tabela 22, segue a mesma separação por elementos anteriormente feita,
tendo no final, uma soma total.

Aço kg - Prédio

12000
10000
8000
6000 CypeCAD
4000 Eberick
2000 TQS
0
Laje Viga Pilar Fundação Escada Total
Maciça
TQS 4138,2 2986,5 2094,4 885,5 320,1 10104,6
Eberick 3774,6 2711,2 2479,3 1031,9 402,6 9997
CypeCAD 4056 1851 2408 646 423 8961

Tabela 22 - Comparação de quilos de aço do edifício por software

Fonte: Própria (2020)


92

Para lajes maciças, TQS se sai como o software que mais utiliza quilos de aço
entre os três, sendo seguido por CypeCAD, com uma diferença de 82,2kg, e
posteriormente, Eberick com 363,6kg de aço a menos.
Tratando-se de vigas, vê-se que a única mudança é que Eberick fica como o
segundo com maior consumo, tendo uma diferença para TQS, que tem maior
consumo, 275,3kg de aço, e 860,2kg a mais que CypeCAD, o qual apresenta o menor
valor.
Nos próximos dois elementos, pilares e fundações, vê-se que Eberick se mostra
como o que mais consome aço, sendo em pilares, uma diferença de 71,3kg e 384,9kg
para CypeCAD e TQS, respectivamente. Em fundações, há uma diferença de 146,4kg
para TQS e 385,9kg para CypeCAD. Referente às escadas, é o único elemento
estrutural em que o CypeCAD apresenta maior consumo de aço, com 423kg, sendo
seguido por Eberick e TQS.
Somando-se todo o consumo de aço, CypeCAD se sai como o software com
menor consumo, diferente do TQS, o qual se mostra como o maior consumidor de aço
nessa situação.
d) Metros Quadrados de Formas:

Formas m² - Prédio

2000
1500
1000 CypeCAD
Eberick
500
TQS
0
Laje Maciça Viga Pilar Fundação Escada Total
TQS 441 426 365 37 24 1269,00
Eberick 442,2 614,5 354,2 49,2 47,7 1507,80
CypeCAD 441,6 306,78 316,06 55,58 35,85 1155,87

Tabela 23 - Comparação de metros quadrados de formas do edifício por software

Fonte: Própria (2020)

Através da Tabela 23 acima, percebe-se que a quantidade de formas em m²


utilizado pelos softwares para as lajes maciças se igualam bastante, tendo uma
diferença máxima de 1,2m² entre o maior, Eberick, e o menor TQS.
93

Quando se trata de vigas, Eberick exibe uma quantidade bem superior aos
outros, tendo uma diferença de 188,5m² e 307,72m² para TQS e CypeCAD,
respectivamente.
O TQS se sai como maior consumidor de formas, quando o elemento estrutural
em questão são os pilares, tendo uma diferença de 10,8m² para Eberick, segundo
maior consumidor, e 48,94m² para CypeCAD.
O único elemento estrutural em que CypeCAD se sai como maior consumidor,
são nas fundações, sendo seguido por Eberick e TQS, com diferenças de 6,38m² e
18,58m², respectivamente. Quanto a escadas, Eberick volta a se mostrar como maior
consumidor, sendo seguido por CypeCAD e TQS.
Quando somado todos os metros quadrados de formas dos elementos
estruturais, Eberick se mostra como o maior consumidor geral, com um total de
1507,80m², com 238,8m² a mais que TQS, segundo maior consumidor, e 351,93m² a
mais que CypeCAD, que se mostrou como menor consumidor de formas.
e) Cargas nas Fundações:

Cargas na Fundação - tf
70

60

50

40

30

20

10

TQS Eberick CypeCAD

Tabela 24 - Comparação das cargas de fundação do edificio por software

Fonte: Própria (2020)

Software Cargas totais na


fundação
TQS 815 tf
Eberick 794 tf
CypeCAD 791 tf
94

Tabela 25 - Carga Total – Edifício

Fonte: Própria (2020)

Comparando as cargas descarregadas pelos pilares para as fundações,


verifica-se que os softwares tiveram resultados bem similares, tendo uma diferença
máxima de 24tf entre os dois extremos, TQS e CypeCAD.
Ao analisar mais separadamente, constata-se que Eberick e CypeCAD
seguiram bem parecidos quanto às cargas descarregadas por cada pilar, diferente do
TQS, que teve disparidades maiores, inclusive em um ponto específico, onde
enquanto os outros dois softwares têm cargas maiores, o mesmo mostra uma carga
bem abaixo.
f) Gama Z: assim como na residência, também foi analisado o coeficiente de
Gama Z, mesmo que o edifício tenha somente três andares, não tendo o número
mínimo de andares para que tal coeficiente fosse verificado, segundo a NBR 6118:
2014, a qual coloca como mínimo quatro andares.

Software Gama Z na direção x Gama Z na direção y


TQS 1,10 1,03
Eberick 1,12 1,13
CypeCAD 1,04 1,02
Tabela 26 - Coeficiente Gama Z – Edifício

Fonte: Própria (2020)

Através dos resultados obtidos, pode-se ver que, estruturas similares em sua
concepção, através de erros e avisos emitidos pelos softwares e suas devidas
resoluções, levaram a diferenças entre si no coeficiente Gama Z, assim como na
residência.
Nota-se que, no primeiro caso, software TQS, a edificação se manteve como
uma estrutura de nós fixos, com valores de 1,10 (para a direção x) e 1,03 (na direção
y), não superando os 10% a mais da 1º ordem. Quanto ao Eberick, a edificação
superou os 10%, tendo resultados de 1,12 (para a direção x) e 1,13 (para a direção
y), sendo assim obrigatório os cálculos referentes a efeitos globais e locais de 2º
ordem e processo P delta, passando a considerar a estrutura como de nós móveis.
95

CypeCAD por sua vez, foi o software com menores valores de Gama Z para ambas
direções, sendo 1,04 para a direção x e 1,02 para a direção y.
Visto os resultados, TQS e CypeCAD consideraram o edifício lançado como
uma estrutura de nós fixos, ao contrário do Eberick, que superou os 10% em ambas
as direções, considerando assim o edifício como de nós móveis.
g) Deslocamento Horizontal: diferente da residência, o edifício possui uma
estatura maior, tendo assim um índice de esbeltez maior, e consequentemente,
também sofrendo mais a ação do vento, o que resulta em deslocamentos horizontais
maiores em relação a construções de menor estatura.

Software Deslocamento na Deslocamento na


direção x direção y
TQS 0,46 cm 0,17 cm
Eberick 0,26 cm 0,15 cm
CypeCAD 0,37 cm 0,27 cm
Tabela 27 - Deslocamento horizontal – Edifício

Fonte: Própria (2020)

Para este edifício, com uma altura total de 16,10m, o deslocamento horizontal
limite é de 0,95cm, valor que não foi ultrapassado por nenhum dos softwares.
Observa-se que os programas exibiram valores diferentes para os
deslocamentos horizontais, porém, valores aceitáveis para um edifício deste porte.
Dentre os softwares, Eberick é o que exibiu os menores valores de
deslocamento horizontal, não ultrapassando 28% do valor limite estabelecido pela
norma, diferente do TQS que chegou a apresentar no seu maior valor (direção x) 48%
do valor limite da norma. CypeCAD se sai como o software com deslocamentos
grandes para as duas direções, porém não superando TQS na direção x.

4.4 Discussão

Sabendo-se de todos os resultados da residência, é visto que a solução


encontrada pelo Eberick, mesmo que implique em mais consumo de concreto, aço,
valor maior de gama z e, sendo mediano nos outros quesitos, ele se sai como a
solução, cujo valor de deslocamento horizontal foi menor; enquanto CypeCAD com
96

um comportamento bem parecido, tendo o maior valor para vigas, total de seções e
cargas, demonstra um resultado de deslocamento superior ao de todos. O TQS fica
como um software de valores majoritariamente menores e deslocamento mediano
comparado aos outros.
Analisando todos os resultados exibidos para o edifício, percebe-se três
comportamentos dos softwares. Começando por CypeCAD que, majoritariamente, fica
como o software com menores valores gerais, com exceção das seções de pilares e
deslocamento horizontal, tendo este último, o maior valor entre os comparados.
Já o Eberick, segue por um caminho totalmente oposto, sendo o software que
na maioria dos comparativos exibe os maiores valores, com exceção das seções de
pilares e deslocamento horizontal, valor este, o menor dentre os softwares, sendo
também, o único a considerar o edifício como de nós móveis.
O TQS se sai como um software com resultados mais medianos, tendo alguns
resultados menores, como na quantidade de metros cúbicos de concreto, e maiores
em uso de aço e soma de cargas.
Essas comparações são importantes para que se saiba as diferenças quanto a
concepções estruturais de cada software, seções de elementos estruturais,
quantitativos e valores básicos em decorrência das soluções apresentadas por cada
programa.
Quando se fala de custos, as diferenças entre cada software é um fator
importante se tratando de edificações de grande porte, onde pequenas diferenças têm
um impacto financeiro muito grande ao final.
Algo que deve ser analisado também, são as seções dos elementos estruturais,
pois alguns softwares exibiram resultados sem erros, apenas com seções mais
robustas, fato que deve ser considerado, visto que algumas edificações possuem
restrições arquitetônicas, não sendo possível o uso de seções mais robustas nessas
situações.
Quanto aos valores de Gama Z e deslocamentos horizontais, é extremamente
importante seus resultados, pois isso influencia muito em como cada software
considera que será o comportamento da estrutura quando finalizada, podendo o
projetista prever com mais exatidão situações críticas, como observado a pouco
tempo em diversos locais do mundo, com eventos naturais ou não, que podem vir a
danificar seriamente a estrutura e até mesmo causar o colapso da mesma.
97

Quanto ao lançamento, foi possível realizar em todos, tendo somente


diferenças básicas. Observou-se que Eberick e TQS têm uma leve vantagem no
lançamento, possuindo diversas automações, o que facilita e agiliza o processo. O
lançamento da escada no CypeCAD se mostrou mais trabalhoso, não calculando e
ajustando os pisos e espelhos, como visto no Eberick, e inserção da mesma na
estrutura, diante disso, apresentou uma maior dificuldade de acerto da escada junto
ao projeto.
Tratando-se da resolução de erros apresentados por cada um, Eberick se
sobressaiu em relação aos demais, sendo mais fácil e ágil compreender o erro e
encontrar soluções, através do suporte da AltoQi que está disponível, tanto online
como off-line, para qualquer erro apresentado após os cálculos.
CypeCAD e TQS exigem que o projetista saiba resolver os problemas
encontrados por si só, visto que ao buscar na internet, dificilmente será encontrada a
resolução deles.
Expostos os comportamentos dos programas diante esses dois testes, verifica-
se que é importante que o projetista tenha o conhecimento técnico e das normas
regulamentadoras vigentes para o desenvolvimento de projetos estruturais, para que
se faça uma otimização do projeto, sabendo como lidar com cada software e suas
peculiaridades, extraindo assim o melhor de cada.
98

5 CONCLUSÃO

O estudo comparativo entre os três principais softwares para cálculos


estruturais, atualmente no mercado, mostra que, os profissionais de engenharia que
desejam seguir na área de projetos estruturais, que desejam, somente, projetar
esporadicamente ou até mesmo estudantes que queiram aprender sobre cálculos
estruturais, estão muito bem amparados.
Todos os softwares, TQS, Eberick e CypeCAD, mostraram-se muito
competentes para os cálculos, tendo cada um seus prós e contras, seja para
lançamento, resolução de problemas, resultados finais e até mesmo o suporte,
cabendo a cada projetista escolher qual dos programas se adequa mais a sua
realidade e necessidade.
Apesar de todos os softwares terem diversas automações que facilitam e
agilizam todo o processo, mostra-se que o conhecimento técnico normativo de um
profissional de engenharia, é necessário para a utilização correta dos programas do
início ao fim.
Conclui-se então, que os softwares se tornaram uma ferramenta essencial
atualmente, facilitando e agilizando todo o processo, porém não excluindo o papel do
profissional de engenharia, que deve manipulá-lo e assim chegar ao resultado final
que julgue ser o mais viável para cada edificação.
99

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