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Estática das

Construções:
Estruturas Hiperestáticas
Prof. Madeleing Taborda Barraza

Indaial – 2021
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Madeleing Taborda Barraza

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

B269e
Barraza, Madeleing Taborda
Estática das construções: estruturas hiperestáticas. / Madeleing
Taborda Barraza – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
219 p.; il.
ISBN 978-65-5663-725-9
ISBN Digital 978-65-5663-721-1
1. Estruturas hiperestáticas. - Brasil. II. Centro Universitário
Leonardo da Vinci.
CDD 620

Impresso por:
Apresentação
A montagem de estruturas na engenharia obedece a um grupo de
critérios que validam o comportamento mecânico dela, todos eles radicados
na análise prévia das alternativas de projeto que levam a avaliar a tipologia
estrutural, os materiais que pretendem ser empregados, as dimensões dela e
os métodos de construção possíveis. Assim, fazer a análise é tão importante
que determinará se algo pode ou não ser executado.

A realidade é que nem todas as estruturas são simples como uma


viga com dois apoios nos extremos e uma carga pontual ou distribuída sobre
sua secção. A realidade mostra que as estruturas formam uma rede contínua,
pelos médios mecânicos, para receber as cargas para as quais foi projetada.
Desta forma, sua funcionalidade atinge um espaço tridimensional com nu-
merosos apoios de diversos tipos e com diferentes orientações, e não consti-
tuídas de uma única peça em um espaço bidimensional, como são concebi-
dos na estática determinada. Estas condições fazem com que sejam geradas
mais incógnitas de reação (força ou momento) atuando sobre os apoios, as
quais não são possíveis de conhecer pelas técnicas habituais. Assim, estudar
o comportamento das estruturas estaticamente indeterminadas, ou também
chamadas hiperestáticas, é necessário para compressão real das estruturas.

Neste livro didático serão abordados os conceitos, princípios e métodos


associados à análise das estruturas hiperestáticas, esperando que, na medida
que cada um deles seja compreendido, os cálculos para a análise das estruturas
sejam mais rápidos. Este livro didático está estruturado da seguinte forma:

Na Unidade 1 são abordados os conceitos de indeterminação está-


tica e cinemática, a forma de determinar esse grau em certas estruturas, os
princípios de comportamento linear e superposição de efeitos que ajudam a
limitar movimentos das estruturas e, finalmente, identificar que a tipologia
das estruturas. Adicionalmente são mostrados alguns métodos aproximados
que não introduzem os conceitos de compatibilidade ainda que são aplica-
dos para estruturas hiperestáticas.

Consecutivamente, na Unidade 2 são explicados dois métodos de aná-


lise, que se contrapõem, para resolver as incógnitas geradas pela continuidade
e o tipo de carregamento das estruturas, o método das forças e o método dos
deslocamentos, cada um deles com seus fundamentos e formas de cálculo.

Finalmente, na Unidade 3, você aprenderá a utilizar softwares que


auxiliam nos cálculos das incógnitas geradas pela indeterminação estática,
cada um com a sua configuração e suas limitações. Será mostrada a interface
e os comandos (passo a passo) que facilitam e comprovam todos os princí-
pios abordados nas unidades anteriores.
É importante indicar que na atualidade os cálculos associados à com-
pressão de deslocamento, reação ou deformação dos pontos de conexão en-
tre seções de uma estrutura ou uma peça da mesma não são exclusivos de
um método. A utilização de modelos computacionais tem o intuito de abor-
dar o maior número de variáveis possíveis, porém, o efeito combinado de
distribuição de cargas, dimensões e qualidade dos materiais é o que melhor
representa a análise das estruturas.

Muito ânimo e bons estudos!

Prof. Madeleing Taborda Barraza

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO.................................................... 1

TÓPICO 1 — ESTRUTURAS INDETERMINADAS........................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 ESTRUTURAS RETICULADAS E NÃO RETICULADAS........................................................... 3
3 REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS E RESPOSTA DA ESTRUTURA....................................... 5
3.1 EQUILÍBRIO GERAL...................................................................................................................... 7
3.2 INDETERMINAÇÃO ESTÁTICA................................................................................................. 7
4 VANTAGENS E DESAVANTAGES DAS ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS....................... 8
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 14

TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE.................................... 17


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 17
2 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO......................................................................................................... 17
2.1 EQUILÍBRIO GLOBAL................................................................................................................. 17
2.2 EQUILIBRIO LOCAL ................................................................................................................... 18
3 EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE.......................................................................................... 19
3.1 COMPATIBILIDADE DAS DEFORMAÇÕES........................................................................... 20
4 EQUAÇÕES DE ELASTICIDADE.................................................................................................. 22
4.1 EQUILÍBRIO DOS ESFORÇOS.................................................................................................... 23
5 EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE EM ESTRUTURAS SIMÉTRICAS............................ 24
5.1 CONDIÇÕES DE CONTORNO EM ESTRUTURAS SIMÉTRICAS....................................... 25
6 EXEMPLO DE APLICAÇÃO............................................................................................................ 28
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 33

TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO.............. 35


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 35
2 COMPORTAMENTO LINEAR........................................................................................................ 35
3 PRINCÍPIO DE SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS.......................................................................... 37
3.1 EFEITO DA TEMPERATURA E RECALQUE EM APOIOS.................................................... 39
4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO.......................................................................................................... 40
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 49

TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA.......................................................................................... 51


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 51
2 ARMADURAS..................................................................................................................................... 51
2.1 HIPÓTESES APLICADAS............................................................................................................ 52
2.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO....................................................................................................... 52
3 PÓRTICOS........................................................................................................................................... 54
3.1 HIPÓTESES APLICADAS............................................................................................................ 55
3.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO....................................................................................................... 56
4 MÉTODOS ALTERNATIVOS.......................................................................................................... 58
4.1 MÉTODO APROXIMADO PARA ANÁLISE ESTATICA DE EDIFICIOS ALTOS............... 58
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 60
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 68

UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO..................................................................................... 71

TÓPICO 1 — PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL................................................................ 73


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 73
2 ESPECIFICAÇÕES DO PRINCÍPIO............................................................................................... 73
2.1 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E CONSERVAÇÃO................................................................ 74
2.2 CONDIÇÕES DE DEFORMAÇÃO............................................................................................ 75
3 FORMULAÇÃO DO TRABALHO VIRTUAL ............................................................................. 76
4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO............................................................................................................ 79
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 84

TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)............................. 87


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 87
2 FUNDAMENTOS DO MÉTODO................................................................................................... 87
3 CONCEITOS AUXILIARES.............................................................................................................. 88
4 EQUAÇÕES DO MÉTODO.............................................................................................................. 93
4.1 ANÁLISE DE CASOS . ................................................................................................................ 93
4.2 RESTABELECENDO AS CONDIÇÕES DE COMPATIBILIDADE......................................... 95
4.3 SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE................................ 102
4.4 REAÇÕES E DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES FINAIS....................................... 102
5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO........................................................................................................ 103
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 123
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 124

TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)................... 127


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 127
2 FUNDAMENTOS DO MÉTODO................................................................................................. 127
3 EQUAÇÕES DO MÉTODO............................................................................................................ 128
3.1 CONDIÇÕES A SER APLICADAS NO MÉTODO................................................................. 128
3.2 CONSOLIDAÇÃO DE EQUAÇÕES......................................................................................... 131
4 APLICAÇÃO DO MÉTODO EM ESTRUTURAS SIMÉTRICAS........................................... 132
5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO........................................................................................................ 137
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 153

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 155

UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS................................................................ 157

TÓPICO 1 — USO DO FTOOL......................................................................................................... 159


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 159
2 ESPECIFICAÇÕES DO PROGRAMA.......................................................................................... 159
2.1 INTERFACE DO PROGRAMA.................................................................................................. 160
2.2 ESPECIFICAÇÕES DE OPÇÕES AGRUPADAS..................................................................... 161
2.3 ESPECIFICAÇÕES PARA DESENHO...................................................................................... 163
2.4 ATRIBUTOS PARA NÓS E MEMBROS ESTRUTURAIS ...................................................... 164
2.5 ATRIBUIR CARGAS PARA NÓS E MEMBROS ESTRUTURAIS......................................... 168
3 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO........................................................................................................ 171
3.1 VIGA HIPERESTÁTICA............................................................................................................. 171
3.2 PÓRTICO HIPERESTATICO...................................................................................................... 180
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 184

TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2.................................................................................................. 185


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 185
2 ESPECIFICAÇÕES DO PROGRAMA.......................................................................................... 185
2.1 EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1.................................................................................................. 187
2.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2.................................................................................................. 199
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 202

TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME............................................................................................ 205


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 205
2 INTERFACE DO PROGRAMA...................................................................................................... 205
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 210
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 218

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 219
UNIDADE 1 —

GENERALIDADES DA
INDETERMINAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a necessidade de analisar as estruturas hiperestáticas;

• calcular o grau de indeterminação;

• aprender as equações de equilíbrio e compatibilidade aplicadas para re-


solver estruturas hiperestáticas;

• reconhecer as condições que definem uma estrutura reticulada como


hiperestática;

• aplicar o princípio de comportamento linear e superposição dos efeitos;

• conhecer métodos aproximados para a análise de estruturas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ESTRUTURAS INDETERMINADAS

TÓPICO 2 – CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

TÓPICO 3 – COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA


SUPERPOSIÇÃO

TÓPICO 4 – ANÁLISE APROXIMADA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

ESTRUTURAS INDETERMINADAS

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, nós vamos conhecer o que significam os conceitos comu-


mente aplicados às estruturas como tipologia, equilíbrio, compatibilidade e in-
determinação estática. Será visualizado o estado que representa cada um deles.

O conceito de indeterminação está associado a um excesso de incógnitas
que não podem ser solucionadas com as típicas equações de equilíbrio dadas pela
estática básica. Para garantir a estabilidade da estrutura é necessário conhecer
como acontece esse equilíbrio. Kassimali (2015) aponta que analisar estruturas hi-
perestáticas implica analisar as dimensões, a ordem ou disposição dos elementos
na estrutura e a seção transversal, tais como a sua área, momento de inércia e mo-
dulo de elasticidade. Desta forma, desenhá-las pode ser um processo repetitivo,
pois atribuindo dimensões iniciais às forças internas obtidas, levarão ao ajuste.

A finalidade dos métodos que calculam a tal indeterminação é aplicar um


procedimento simplificado que permita conhecer os possíveis deslocamentos da es-
trutura, os esforços que acontecem nela e as reações ao longo do corpo rígido. Entre-
tanto, para chegar à aplicação você deve conhecer qual princípio é permitido e quan-
do é permitido e, muito além disso, entender o que ele representa para a estrutura.

2 ESTRUTURAS RETICULADAS E NÃO RETICULADAS


Para atingir o objetivo de suportar as cargas projetadas, a estrutura deve-
-se constituir de materiais, que precisam ser acoplados. A eficiência das conexões
entre elementos definirá a resposta da estrutura. Assim, existem diferentes tipo-
logias de estruturas que são analisadas por diferentes métodos. Falar de tipologia
é se referir ao tipo de conexão entre os membros que a compõem, quando, por
exemplo, a estrutura é feita como um único corpo rígido, tal como uma placa, a
análise é pelas deformações que podem acontecer. Entretanto, quando a estrutu-
ra corresponde a um ensamble de peças com membros, a compressão e a flexão
correspondem a uma estrutura que cada membro atua de modo diferente.

As estruturas podem ser contínuas, ocupando grandes áreas sem pontos visí-
veis de conexão. Podem ser constituídas de barras, quando as peças são interconectadas
entre si, por sua vez o tipo de união permite diferenciar dois tipos de estruturas. Quan-
do os nós podem fazer o giro (articulações), a estrutura é indicada como articulada,
quando eles estão impedidos de girar ou deslocar (o nó é rígido) passa a ser chamada
reticulada. Nas figuras 1, 2 e 3 podem ser observadas os diferentes tipos de estruturas.
3
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 1 – ESTRUTURA CONTÍNUA

FONTE: <https://bit.ly/35MofKA>. Acesso em: 22 de nov. 2020

Na Figura 2 observamos a conexão entre membros, que por sua vez criam
uma estrutura plana. Estas descontinuidades fazem da estrutura uma aproxima-
ção de peças parcialmente rígidas.

FIGURA 2 – ESTRUTURA ARTICULADA

FONTE: <https://bit.ly/3qsiwmE>. Acesso em: 22 nov. 2020.

NTE
INTERESSA

Comece a observar o entorno em que você vive e poderá e poderá identificar


que existem diferentes formas e conceitos aplicados sobre as estruturas, formas e tama-
nhos variáveis que precisam ser estudadas de modo individual.

Quando na estrutura não são evidentes essas conexões, por se tratar de


uniões soldadas ou fundições de peças, existe a possibilidade de realizar curvas
sutis nos membros, tal como na Figura 3.

4
TÓPICO 1 — ESTRUTURAS INDETERMINADAS

FIGURA 3 – ESTRUTURA RETICULADA

FONTE: <https://bit.ly/2UxuwY3>. Acesso em: 22 nov. 2020

No grupo das estruturas reticuladas podem ser adicionados os pórticos


planos e espaciais. Nas estruturas de concreto vaziado in situ, a interseção viga-pilar,
como é vista na Figura 4, representa um nó rígido, pois pela introdução do aço e
envolvimento com concreto, este ponto deve atuar como continuidade do sistema.

FIGURA 4 – INTERSEÇÃO VIGA-PILAR

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3wSE7qy>. Acesso em: 22 nov. 2020.

3 REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS E RESPOSTA DA ESTRUTURA


A análise de estrutura aplica uma simbologia abreviada para indicar que
os tipos de apoio possíveis, que suportam a estrutura ou com os quais ela se cruza
espacialmente. Estas representações são comuns à estática básica, a forma mais
“fácil” de compreender as reações envolvidas a cada tipo de apoio é identificar
qual movimento ele não pode realizar (movimento restringido).

5
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

QUADRO 1 – TIPOS DE APOIO E SUAS REPRESENTAÇÕES

Movimento Nº de
Apoio-vínculo Representativo de
restringido incógnitas

Rolete
Reação na vertical 1 Balancim
Superfície lisa

Reação na
vertical, Articulação
2
Reação na Superfície áspera
horizontal

Reação na
vertical,
Engastamento
Reação na 3
ou apoio fixo
horizontal,
Momento (giro)

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3zTH1x9>. Acesso em: 21 nov. 2020.

E
IMPORTANT

Estas formas de apoio não são os únicos empregados para representar os dife-
rentes tipos de apoio, porém o princípio associado é o mesmo, só será necessário identifi-
car o número de restrições dele.

Quando uma estrutura é esquematizada mediante linhas verticais e


horizontais ou diagonais, com seus apoios e com algum tipo de carregamento
(concentrado ou distribuído) existirá um sistema com equilíbrio (estabilidade),
exclusivamente quando as dimensões e os esforços de todos os membros sejam
resistidos pelos materiais que o compõem. Assim, é necessário para o projetista
conhecer as condições geométricas e os módulos dos materiais para que dessa
forma possa ter alternativas de implementação.

6
TÓPICO 1 — ESTRUTURAS INDETERMINADAS

3.1 EQUILÍBRIO GERAL


O equilíbrio pode ser definido como um estado de imobilidade no objeto,
atingido pela anulação das forças atuantes sobre ele. Em termos estruturais, sig-
nifica que as cargas aplicadas sobre ela são “assumidas” pelas reações nos apoios
que a suportam, uma convergência de reações e cargas, porém, quando as forças
aplicadas, distantes do eixo do corpo, podem produzir giro nele, também devem
existir. Pelo anterior, as reações devem se opor internamente às cargas aplicadas
para atingir o equilíbrio, e inclusive na ausência delas.

3.2 INDETERMINAÇÃO ESTÁTICA


Quando podemos indicar que o sistema é hiperestático? Quando depois de
fazer uma somatória de forças-reações nos nós e apoios, temos vazios ou desigual-
dades para determinar os valores de todas elas. Não conseguimos quantificar esse
estado de equilíbrio. Assim, será necessário realizar uma diferença da quantidade
de equações disponíveis e incógnitas, atuando no sistema, a modo global e local.

Existirá uma indeterminação externa ou grau de hiperestaticidade externa (Hext)


quando a diferença de número de reações exteriores desconhecidas (n) e o número de
equações da estática (e) seja diferente de zero, representado assim na EQ 1.1:

Hext = n - e (EQ 1.1)

Na seguinte Figura 5 podem ser observados diferentes estados estáticos.


A mudança no tipo de apoio gera incógnitas adicionais que envolvem as reações
horizontais e de giro. Pela necessidade de buscar outro método que nos permita
conhecê-las. Aplicando a equação previamente indicada, podemos identificar n =5,
enquanto e=3, assim o grau de hiperestaticidade desta estrutura é Hext =2.

FIGURA 5 – EXEMPLO DE ESTRUTURAS COM DIFERENTES CONDIÇÕES DE DETERMINAÇÃO

FONTE: Adaptado de Cervera e Blanco (2002, p. 16-17)

Da mesma forma, também pode existir uma indeterminação interna ou


grau de hiperestaticidade interna, quando, apesar de conhecer as reações externas,
é impossível determinar os esforços em todos os membros. Será necessário
suprimir apoios internos e substituí-los por reações internas que determinarão o
grau de hiperestaticidade interna, como pode ser exemplificado na Figura 6.

7
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 6 – EXEMPLO DE ESTRUTURAS COM DIFERENTES CONDIÇÕES HIPERESTATICIDADE

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 45)

Conhecer o grau de hiperestaticidade permitirá identificar se a origem da


indeterminação está nos apoios ou em ligações internas. Para o caso de estruturas
reticuladas que possuem um fechamento (mais de três barras), é gerado um estado
de hiperestaticidade porque os pontos de interseção correspondem a um novo ponto
rígido. Esses valores de reação ou esforço só podem ser determinados ao realizar um
corte na estrutura. Assim, será liberada uma ligação rígida em uma seção escolhida,
podendo ser introduzidas três equações associadas aos esforços provocados.

Com base nisso podemos apontar inicialmente que a Figura 6a corresponde a


uma estrutura isostática externamente, porém ao mesmo tempo é hiperestática interna-
mente. Já, a Figura 6b corresponde a um hiperestaticidade interna e externa. Para calcu-
lar seu grau de hiperestaticidade, em pórticos, empregamos a seguinte equação EQ 1.2:
H = (n + 3a) - (3 + c) (EQ 1.2)

Onde:

H: grau de hiperestaticidade, adimensional


n: número de reações, adimensional
a: número de anéis formados, adimensional
c: número de equações vindas de articulações internas, adimensional

Para os anteriores exemplos podemos aplicar a equação para pórticos e


determinaremos seu grau de hiperestaticidade:

Estrutura Figura 6a temos que: n = 3, a = 1, c =0, assim, H =3


Estrutura Figura 6b temos que: n = 6, a = 1, c =0, assim, H =6

4 VANTAGENS E DESAVANTAGES DAS ESTRUTURAS


HIPERESTÁTICAS
Um projetista não decide se realiza uma estrutura determinada ou inde-
terminada, a realidade é que essas condições são próprias do sistema de apoio e
da quantidade de membros que compõe o tudo, e que dará o suporte desejado.
Dessa forma, existem certas vantagens e desvantagens das estruturas hiperestáti-
cas comparadas com as estruturas isostáticas, resumidos na Figura 7.
8
TÓPICO 1 — ESTRUTURAS INDETERMINADAS

FIGURA 7 – VANTAGENS DAS ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS

FONTE: Adaptado de Borges (2015, p. 16-17)

Se consideramos duas vigas como as representadas na Figura 8, o dia-


grama do momento fletor, nelas indica que, tendo seu valor máximo em cada
situação e sua associação ao esforço máximo de flexão, na viga hiperestática é
significativamente menor que na viga isostática. Da mesma forma, a deflexão as-
sociada a esta viga será menor, considerando que a seção transversal da própria
viga seja igual em ambos os casos (KASSIMALI, 2015).

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DAS VANTAGENS DAS ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS

FONTE: <https://bit.ly/3wWOxFW>. Acesso em: 28 nov. 2020.

Quando uma estrutura hiperestática é desenhada adequadamente, ela tem a


capacidade de redistribuir as suas cargas quando uma parte da estrutura sofre sobre-
-esforços ou colapsa parcialmente devido a questões climáticas ou geológicas como
sismos, furacões e explosões. Tendo mais elementos e/ou reações nos apoios requeri-
dos pela estabilidade estática, a ausência de algum elemento de continuidade ou de
apoio levará a um ajuste, situação que pode ser justificada pela redundância destes.

Tomando o exemplo uma viga como a indicada na Figura 9. Elas supor-


tam uma ponte sobre um riacho e o pilar central, representado pelo ponto B,
é destruído por um navio acidentalmente. Devido à viga isostática só possuir

9
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

um número suficiente de reações requeridas para sua estabilidade, eliminar o


apoio B levará ao colapso da estrutura, tal como é representado na segunda parte
da figura. Entretanto, na viga hiperestática acontece uma reação extra no senti-
do vertical, pelo tanto esta estrutura não irá a colapso obrigatoriamente e pode
permanecer estável, mesmo que o apoio B esteja ausente. Isso considerando que
a viga tenha sido dimensionada adequadamente para suportar a carga morta,
assim a ponte poderá ser reparada fechando a circulação e logo colocada em fun-
cionamento após reforma do pilar B.

FIGURA 9 – EFEITO DE TER REDUNDANCIA DE APOIOS DE UMA VIGA HIPERESTÁTICA

FONTE: Adaptado de Kassimali (2015, p. 443)

Na mesma linha de discussão, também existem algumas desvantagens


relacionadas ao cálculo de estruturas hiperestáticas em comparação com as estru-
turas isostáticas, o resumo dessas desvantagens é registrado na Figura 10.

FIGURA 10 – DESVANTAGENS DAS ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS

FONTE: Adaptado de Fadu (2018, p. 7)

Em estruturas isostáticas é muito comum ter articulações, que permitem


o trabalho individual de cada membro. Quando é produzido algum tipo de es-
forço, seja por causa de um assentamento do apoio ou recalque pela temperatura,
como pode ser observado na Figura 11, os membros da estrutura atuariam como

10
TÓPICO 1 — ESTRUTURAS INDETERMINADAS

um corpo rígido sem produzir flexão, é dizer, a viga permanece reta. No entanto,
quando o assentamento acontece na viga hiperestática, por ela ser contínua, a
seção transversal sofre um esforço de flexão nos diferentes pontos.

FIGURA 11 – EFEITOS DE ASSENTAMENTO SOBRE VIGAS

FONTE: Kassimali (2015, p. 444)

Pelo fato de as estruturas hiperestáticas terem continuidade nos seus


apoios e/ou nos membros, até criar uma espécie de rede plana, o cálculo da mes-
ma obriga a usar diferentes métodos que facilitem a obtenção de dados, pois na
medida em que o número de elementos seja incrementado assim mesmo será
incrementado o número de incógnitas do sistema. É por isso que são aplicadas
simplificações geométricas, em muitos casos o uso de matrizes, que geram uma
associação mais rápida das variáveis.

Por último, as muitas representações registradas podem fazer parecer


que as estruturas hiperestáticas são “difíceis” de achar ou que são casos especial,
quando na real, as estruturas estaticamente determinadas são as especiais, tal
como pode ser observado na seguinte Figura 12.

11
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 12 – CONFIGURAÇÃO REAL DE DUAS ESTRUTURAS E A REPRESENTAÇÃO DO SEU


COMPORTAMENTO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3wWOxFW>. Acesso em: 28 nov. 2020.

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A identificação de uma estrutura como indeterminada indica que se devem


empregar outros métodos para calcular as reações ou esforços produzidos
pelo carregamento das cargas, que inclusive pode ser o peso próprio.

• Existem diferentes tipos de estruturas que são analisadas segundo as condi-


ções de espaço, que predominam nela, assim como o tipo de conexão que ela
tem entre seus membros.

• Há dois tipos de indeterminação, a estática e a cinemática, conceitos introdu-


zidos para prover equações que ajudem a resolver essa indeterminação.

• Pode ser atribuído um grau de indeterminação associando o número de nós e


o número de reações desconhecidas.

13
AUTOATIVIDADE

1 Com a resolução dos valores das incógnitas de força e momento que partici-
pam numa estrutura é possível criar, sobre um eixo por membro contínuo, o
diagrama respectivo. Assim, como você estudou em disciplinas anteriores, as-
sinale a alternativa CORRETA que apresenta o diagrama de momentos fletores
(DMF), correspondente à viga contínua hiperestática representada a seguir:

a)

b)

c)

d)

2 Quanto mais apoios e secções tiver uma estrutura, maior grau de indeterminação
terá. Com base nos conceitos previamente explicados e aplicando a consideração
de simetria, determine o grau de hiperestaticidade das seguintes estruturas:

3 Foram definidas várias frases, que bem organizadas constituem um pará-


grafo que resume os conceitos de estruturas iso, hiper e hipoestáticas. Sobre
o exposto, ordene os itens a seguir:

14
I- É uma estrutura hipoestática.
II- Uma estrutura é hiperestática quando, ao ser analisada,
III- A serem determinadas do que as incógnitas que
IV- Podem ser resolvidas pelas equações de equilíbrio.
V- É chamada estrutura isostática e,
VI- Possui mais reações externas e/ou mais forças internas
VII- É menor ao número de equações de equilíbrio se diz que
VIII- Quando o número de reações em apoios
IX- Quando esse número de equações é igual

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I – V – II – VII.
b) ( ) II – VI – III – IV – IX – V – VIII – VII – I.
c) ( ) I – II – VIII – IV – VII – III – V – III.
d) ( ) II – IV – VI – III – VIII – I – VII – V – IX.

4 Nos conceitos anteriormente citados sempre foi usada a palavra equilíbrio para
referir-se ao estado em que devem estar as estruturas. No entanto, escassamen-
te se falou de estabilidade. Qual é a diferença entre estes dois conceitos?

5 Considerando que as estruturas são feitas de materiais, que têm diferentes


coeficientes de dilatação e que podem ter erros de fabricação (dimensiona-
mento), como estas características poderiam causar problemas nas estrutu-
ras hiperestáticas e não isostáticas?

15
16
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E
COMPATIBILIDADE

1 INTRODUÇÃO

Tal como Cervera e Blanco (2002) indicam, a mecânica das estruturas des-
cansa sobre os conceitos de equilíbrio e compatibilidade. As condições de equilí-
brio são suficientes nos sistemas estaticamente determinados para fazer cálculo
de reações, assim, o conceito de compatibilidade e suas condições são introduzi-
dos nos sistemas indeterminados como relações adicionais baseadas na geome-
tria das deformações (KASSIMALI, 2015).

No momento em que a estrutura é carregada, ela se deforma sob essa car-


ga. Os pontos que estavam conectados entre si permanecerão conectados ainda
que a distância entre eles possa ter sido modificada devido à deformação. Assim,
todos os pontos de uma estrutura se ajustam de modo que a estrutura permaneça
encaixada na sua configuração original, conservando o equilíbrio e gerando com-
patibilidade ou equivalência entre as deformações, ou qualquer que seja a forma
de deslocamento (CAPRANI, 2007).

Neste tópico serão indicadas essas equações e as condições de aplicação


delas, assim como as representações de uma estrutura deformada e cortada para
subtrair essas equações.

2 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO
O estudo das estruturas indeterminadas é uma extensão das estruturas
determinadas ou isostáticas, assim, argumentos que foram ditos nessa área con-
tinuam sendo validos. Com a diferença que, considerando perspectivas mais rea-
listas mais informações, podem ser obtidas das estruturas para sua análise.

2.1 EQUILÍBRIO GLOBAL


Especificamente, o sistema total (interno e externo) das forças que atuam
sobre uma estrutura devem estar em equilíbrio estático, se isso não acontece a
estrutura está propensa a qualquer deslocamento na interação dos seus apoios.
O equilibro é representado por um sistema nulo, produto de uma somatória de
forças e rotações que se contrapõem entre si. Desta forma, devem ser cumpridas
aquelas equações da estática, escritas de forma vetorial nas EQ 1.3 e 1.4:
17
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

(EQ 1.3)

(EQ 1.4)

Sendo que: representa cada uma das forças que atuam sobre a estrutu-
ra, podendo ser no sentido horizontal e vertical;
representa o momento gerado por cada uma das forças, respeito um
ponto aleatório.

Em vista de que as estruturas podem ter geometrias e estados de carrega-


mento diferentes, estas equações de equilíbrio se extrapolam para as três direções
(x, y, z), tanto para forças quanto para os momentos. Assim, para uma estrutura
que sometida a seu próprio peso, como uma laje, é uma estrutura contínua que
requer outro tipo de análise estrutural para entender a forma de se deformar e
dar continuidade de suas tensões. Para o caso de estruturas do tipo barras, seus
elementos podem estar conectados por articulações ou por pontos rígidos (es-
trutura reticulada), nestas situações são suprimidos certos casos de equilibro de
forças e de momentos, como pode ser visto na Figura 13.

FIGURA 13 – TIPO DE ESTRUTURAS: A) SUPERFICIAL: UMA PLACA QUE SOFRE ESFORÇOS DE


FLEXÃO, B) BIDIMENSIONAL: UM PÓRTICO QUE SOFRE ESFORÇOS PREDOMINANTEMENTE
DE FLEXO-COMPRESÃO

FONTE: Adaptado de Cervera e Blanco (2002, p. 22)

2.2 EQUILIBRIO LOCAL


Em qualquer apresentação das estruturas deve ser cumprido o equilíbrio em
cada membro que a constitui, é dizer, o equilibro global pode existir, mas isso não é
suficiente para que cada membro realmente esteja em equilíbrio. De forma específica,
as peças que formam uma estrutura de barras devem estar em equilíbrio entre elas, e
inclusive quando são consideradas as forças e momentos atuando nos extremos delas.
Analogamente, os nós da estrutura devem estar em equilíbrio sob a ação das forças e
dos momentos que atuam nos extremos das barras, como pode ser visto na Figura 14.

De modo geral, a aplicação de uma carga F no membro 2 gera reações do


tipo H (associada à força axial), V (associada à força cortante) e M (associado ao
momento atuante) no apoio do membro 1. Na condição de equilibro de forças im-
plica que a reação H e V sejam iguais e opostas às componentes de F. Da mesma

18
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

forma que, o equilibro do momento produzido por F, respeito o ponto C implica


que, M = V X l - H X h. (EQ 1.5).

FIGURA 14 – EQUILÍBRIO EM CADA MEMBRO DE UMA ESTRUTURA RETICULADA, DE MODO


GLOBAL E DE MODO UNITÁRIO

FONTE: Adaptado de Cervera e Blanco (2002, p. 33)

ATENCAO

Quando começamos a realizar os cálculos e vemos que não é possível identifi-


car os valores das reações e que fazendo um diagrama de corpo livre de cada membro não
convergem as forças atuantes sobre ele, é momento de introduzir os conceitos de compati-
bilidades, que levarão a gerar mais equações em que estas forças também serão relacionadas.

3 EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE
As condições de equilíbrio não são as únicas que devem ser consideradas
durante o comportamento de estruturas. É necessário identificar a compatibilidade
dos membros com relação as suas deformações e deslocamentos. Considerando
que estas deformações podem acontecer no apoio, nos nós ou nas barras, devem ser
cumpridas as seguintes condições, em qualquer hipótese de movimento que seja
adoptada e especificamente quando os deslocamentos sejam pequenos, tais que:

a) A deformação nos apoios deve cumprir a limitação do movimento associado a ele.


b) A deformação nos nós deve cumprir a limitação de movimento nas extremida-
des das barras que convergem neles.
c) A deformação de uma barra para outra deve ter continuidade, de modo que
não sejam registradas ausência de material e sentido discreteado do corpo.

19
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

Os dois primeiros itens fazem parte da chamada compatibilidade exter-


na, enquanto a última aponta a compatibilidade interna. Todas garantem que a
estrutura, ao se deformar, permaneça contínua no interior do seu elemento estru-
tural e possua comportamento previsível.

Tomando a seguinte estrutura reticulada, da Figura 15, podem ser anali-


sadas as deformações que acontecem.

FIGURA 15 – DESLOCAMENTOS EM UMA ESTRUTURA RETICULADA PELA APLICAÇÃO DE UMA CARGA

FONTE: Cervera e Blanco (2002, p. 44)

a) Não existem deformações nem movimento no ponto A, pela sua condição;


b) Os movimentos que acontecem no ponto B, por ser um ponto rígido, são
idênticos para as barras que chegam até ele. Adicionalmente, não pode
acontecer um giro relativo entre as mesmas barras.
c) As barras AB e BC sofreram deformações proporcionais de alongamento e
encurtamento, pelo trabalho de tração e compressão que recai sobre eles. O
giro diferencial, que produz Φc e consecutivamente produz Φb, acontece por
causa da flexão pode ser calculado com base a esforços respetivos.

Desta forma, a aplicação de forças gera de modo único reações nos mem-
bros das estruturas.

3.1 COMPATIBILIDADE DAS DEFORMAÇÕES


Estes deslocamentos podem estar em alguma seção ou nos extremos de
barras, sendo que também cumprirão a lei de continuidade das deformações e
destas serão definidas as equações geométricas. Essa continuidade das deforma-
ções estabelece as seguintes condições, tomando como exemplo a Figura 16.

20
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

FIGURA 16 – CORTE DE UMA SEÇÃO

FONTE: O autor (2020)

Quando não são aplicados os conceitos de continuidade e compatibilidade


na seção S, então os deslocamentos da parte I seriam independentes da parte II. As-
sim, por lei da continuidade da deformação pode ser estabelecido que os giros (φ)
(com unidades angulares) de um lado serão equivalentes em magnitude e com sen-
tido contrário ao outro, da mesma forma a deformação (u) (com unidades de com-
primento sobre comprimento, mm/m ou mm/mm) e o deslocamento horizontal (v)
(com unidades de comprimento, mm, m ou outras). A Figura 17 mostra esquemas de
algumas deformações relativas e indica seu sentido segundo o movimento horário.

FIGURA 17 – ALGUMAS DEFORMAÇÕES RELATIVAS

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 67)

Da mesma forma, existirão deformações relativas (com valores conheci-


dos ou indicados) nas quais se deve cumprir que, como apontas as equações EQ
1.6, EQ 1.7 e EQ 1.8:

φr = φ - φ' (EQ 1.6)

ur = u - u' (EQ 1.7)

vr = v - v' (EQ 1.8)


A compreensão da existência das deformações relativas também permite
introduzir equações no mesmo sentido do esforço que ela acontece. Conhecer que
estas deformações acontecem permitirá determinar um grau de hiperestaticidade
geométrica ou de translação.

21
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

4 EQUAÇÕES DE ELASTICIDADE
Falar de leis constitutivas nos materiais é fazer referência a conceitos da
resistência/mecânica dos materiais, especificamente, a um grupo de equações que
associam tensões e deformações. De comportamento elástico-linear, tal como a
Lei de Hooke (EQ 1.9) aplicada para materiais.

σ=E.ε (EQ 1.9)

Sendo que,

σ, corresponde esforço normal à seção transversal do membro, N/m2


E, corresponde ao modulo de elasticidade, N/m2
ε, deformação associada ao esforço normal, sem unidades.

Esta equação pode ser transformada considerando as informações que fo-


ram previamente discutidas ou conhecidas, como a substituição dos parâmetros
de esforço e deformação, já que o modulo de elasticidade é uma constante. A
equação EQ 1.10 pode ser reescrita desta forma:

(EQ 1.10)

Como foi indicado anteriormente, na análise das estruturas, os materiais


trabalham em regime elástico-linear e assim com a aplicação e posterior ausên-
cia de cargas, o material não registra deformação, em uma análise de primeira
ordem. Se isto não acontece seriam aplicadas condições de regímen não linear e
uma análise de segunda ordem deve ser feita, que é valido para cálculos de pro-
jetos de estruturas metálicas ou de concreto armado.

FIGURA 18 – VISUALIZAÇÃO DO REGIME ELÁSTICO PARA ANÁLISE DE ESTRUTURAS NO DIA-


GRAMA GERAL DE FORÇA-DEFORMAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/2TVAKAP>. Acesso em: 2 dez. 2020.

22
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

4.1 EQUILÍBRIO DOS ESFORÇOS


A continuidade da estrutura é refletida pelas ligações internas que fazem
dela um todo. Esta pode ser avaliada, de modo abstrato, mediante o equilibro de
tensões em pontos internos da estrutura, ou, na manifestação anulação entre os
descolamentos de um ponto. Segundo Martha (2002), a tensão interna, sendo um
conceito abstrato de força por unidade de área, pode cortar qualquer seção da
estrutura e separá-la em duas partes iguais da sua seção transversal.

O efeito da força axial, uma força cortante e um momento fletor, qualquer


deles atuando na área da seção transversal produzirá um esforço, que vai gerar
deformações, que podem resultar em encurtamento ou em um alongamento. É
neste ponto onde são avaliados os esforços, também deve cumprir-se que, toman-
do como exemplo a Figura 19:

MB + MB' = 0 (EQ 1.11)

NB + NB' = 0 (EQ 1.12)

VB + VB' = 0 (EQ 1.13)

FIGURA 19 – ESFORÇOS INTERNOS QUE ACONTECEM EM UMA BARRA

FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/1596224/>. Acesso em: 1 dez. 2020.

Adicionalmente podem existir outros esforços provocados por momentos de


torsão, num plano perpendicular às estruturas planas (solicitações coplanares), po-
rém estes esforços não são contemplados nestes estudos, ainda que são aplicados a
estruturas reticulares planas, como as grelhas, que também podem ser hiperestáticas.

23
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

E
IMPORTANT

Adicionalmente no entorno da configuração das estruturas hiperestáticas,


também existem esforços adicionais, que não causam efeito sobre a geometria visível dela,
mas na configuração interna, por isso invitamos você a ler nossa Leitura Complementar. É
muito interessante como o concreto protendido e sua representação leva a produzir esfor-
ços internos que, a diferença dos anteriormente nomeados, estão sob controle.

5 EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE EM ESTRUTURAS


SIMÉTRICAS
A configuração da geometria das estruturas permite ter uma ideia geral
do número de incógnitas a serem levantadas, entretanto, se existe uma simetria
nela podem ser reduzidos o número de incógnitas, aplicando um corte simétrico,
desta forma, a simplificação no sistema levará à formação de uma estrutura
equivalente para que no encontro com seu espelho, a compatibilidade continue
existindo. Tal como pode ser visto na seguinte Figura 20.

FIGURA 20 – ESTRUTURA CARGADA SIMETRICAMENTE E SUA RESPETIVA EQUIVALÊNCIA

FONTE: Cervera e Blanco (2002, p. 33)

Os pontos B, D, D’ e B’ terão possíveis deformações simétricas, ainda que


ao ser aplicada a simétrica, deve ser substituído o tipo de ligação correta nas barras
cortadas. Especificamente, o tipo de apoio que representa. Poderia assumir-se que
para estruturas assimétricas que seria necessário o cálculo total, mas, como foi dito
anteriormente, o princípio de superposição de efeitos facilita esta mesma subdivisão
em “novos” sistemas equivalentes ou estrutura auxiliar, como pode ser representado
na seguinte Figura 21. Assim, basicamente o número de incógnitas é reduzido.

24
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

FIGURA 21 – ESTRUTURA HIPERESTÁTICA CARREGADA ASSIMETRICAMENTE

FONTE: Cervera e Blanco (2002, p. 31)

O carregamento de qualquer tipo de estrutura também gera uma defor-


mada associada, que sendo uma estrutura simétrica também pode registrar esfor-
ços solicitantes simétricos, para isso é necessário avaliar as condições de compa-
tibilidade dos membros nos planos de simetria.

Tal como foi visto na Figura 19, as forças geram tensões normais e tan-
genciais, segundo o plano de atuação, que atuam em seções transversais opostas
e originam esforços solicitantes simétricos ou antissimétricos. Especificamente, a
força axial e o momento fletor serão esforços simétricos, enquanto a força cortante
e o momento de torção são esforços antissimétricos (NETO, 2016).

5.1 CONDIÇÕES DE CONTORNO EM ESTRUTURAS


SIMÉTRICAS
Quando se tem planos simétricos, existe a formação de deslocamentos
ou rotações nulas dos membros, como pode ser ilustrado na Figura 22. Para
carregamentos simétricos, o deslocamento u e a rotação φ devem ser nulos. No caso
de carregamento antissimétrico, o deslocamento ν e a rotação θ devem ser nulos.

25
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 22 –CONDIÇÕES DE CONTORNO A) NO CARREGAMENTO SIMÉTRICO, B) NO CARRE-


GAMENTO ANTISSIMÉTRICO

FONTE: Neto (2016, p. 5)

Essas condições de compatibilidade levaram a uma configuração defor-


mada como registra a Figura 23. Neste caso, a presença de uma articulação na
metade do membro permite anular o momento fletor em A e rotações relativas
das extremidades dos membros nesse nó.

26
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

FIGURA 23 – CONFIGURAÇÃO DA DEFORMADA (EM VERMELHO) DURANTE A) CARREGAMEN-


TO SIMÉTRICO, B) CARREGAMENTO ANTISSIMÉTRICO

FONTE: Neto (2016, p. 6-7)

ATENCAO

A configuração da deformada obedece a um esquema exagerado da superfície


neutra da estrutura sob um carregamento específico e pode ser construído sem necessida-
de de atribuir valores às forças ou momentos.

Neto (2016, p. 7) aponta um passo a passo para simplificar o processo:


i. Identifique os planos de simetria da estrutura.
ii. Divida os esforços concentrados aplicados nas seções de simetria
e aplique as metades nas seções imediatamente ao lado.
iii. Se o carregamento for assimétrico, decomponha-o em dois: um
simétrico e um antissimétrico.
iv. Esboce a configuração deformada evidenciando os deslocamentos
e rotações no plano de simetria. A configuração deve refletir a si-
metria ou assimetria do carregamento que a gerou.

27
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

v. Obtenha uma estrutura similar mediante cortes passando pelos planos


de simetrias. Levante os esforços solicitantes não-nulos nas seções defi-
nidas pelos planos de simetria e introduza os vínculos fictícios associa-
dos a condições de simetria ou assimetria de carregamento.
vi. Determine o grau de hiperestaticidade da estrutura auxiliar.
vii. Se ela for isostática, obtenha as reações e os esforços solicitantes
por equilíbrio.
viii. Se ela for hiperestática, resolva pelo processo dos esforços ou dos
deslocamentos.

6 EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Tomando um exemplo de Neto (2016), que considera a seguinte figura,
traçamos o diagrama de momento fletor a partir da deformada da viga contínua,
considerando que o produto do módulo e da inércia (EI) = constante.

FIGURA 24 – EXEMPLO EXPLORATÓRIO

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

Desenvolvendo o gráfico da deformada, nós podemos ter um gráfico


como o seguinte (deformada em azul), sobre ele é possível identificar um plano
de carregamento antissimétrico, traçado pela linha A.

DICAS

O traçado da deformada segue o sentido de giro dos momentos atuantes na


estrutura, assim, observa o sentido e começa a avaliar pelos extremos, identificando se é
possível ou não o deslocamento na estrutura.

FIGURA 25 – DEFORMADA DO EXEMPLO A SER ANALISADO

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

28
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

Sobre as partes da seção (Lado direito de A e lado esquerdo de A), podemos


aplicar novamente um plano simétrico, fazendo um novo corte S, que torna a deforma-
da simétrica a cada lado, como pode ser visto na seguinte figura. A deformada cortada,
terá apoio fictício que permite unicamente o giro, com reação horizontal nula.

FIGURA 26 – APLICAÇÃO DE NOVO PLANO DE SIMETRIA E SINALIZAÇÃO DE UM APOIO


FICTÍCIO PARA COMPRENDER O TIPO DE DESLOCAMENTO NA DEFORMADA

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

Analisando a parte geometria da deformada, sabemos que, independen-


temente dos valores dos momentos, a rotação nesse ponto se deve a dois efeitos
(φs1 e φs2), que relacionados devem cumprir que sejam iguais a zero (0), situações
representadas da seguinte forma:

FIGURA 27 – SEGMENTO DA ESTRUTURA PARA ANALISAR POR COMPATIBLIDADE

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

Lembrando que: (EQ 1.16)

O valor do momento no ponto S, (EQ 1.17)

Podemos criar o diagrama de momentos em termos de Mo, ou seja, como se


fosse um valor conhecido, ou unitário. Assim, o momento no extremo corresponderá
a , e quando o valor for conhecido só será necessário multiplicar a fração indicada
pelo valor associado. Sequencialmente, pode ser explicado da seguinte forma,
avançando do ponto S até o extremo direito da viga, onde o momento se faz zero:
O valor de ¼ será constante até se encontrar com o Mo, no apoio localizado a uma
distância a, sendo Mo a unidade inteira, o gráfico descenderá até ¾ e continuará
decaindo até zero para o último apoio, tal como a Figura 28 o representa:

29
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 28 – CRIAÇÃO PARCIAL DO DIAGRAMA DE MOMENTO EM TERMOS DE Mo

FONTE: ADAPTADO DE NETO (2016, P. 8)

Já conhecendo esta seção, que é simétrica, pode ser construído o diagrama até
o ponto de assimetria, pois atua na forma de espelho porque temos o Mo existindo
no mesmo ponto de aplicação, na mesma distância a, assim teremos o lado direito da
seção A (ver Figura 29), inicialmente apontada como o plano de assimetria.

FIGURA 29 – CONTINUAÇÃO DA CRIAÇÃO DO DIAGRAMA DE MOMENTO

FONTE: ADAPTADO DE NETO (2016, P. 8)

Finalmente, sendo A o plano de assimetria, sabemos que os valores


registrados do lado direito terão sentido inverso do lado esquerdo, cumprindo-se
que no último apoio o valor do momento será zero e na metade da distância 2a a
fração do valor do momento corresponderá a ¼.

FIGURA 30 – DIAGRAMA DE MOMENTO TOTAL DA VIGA

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

Também pode ser criado o digrama de cortante, considerando que a


curva que o representa é um grau menor que o diagrama de momento, tendo
magnitudes associadas à divisão do Mo pela distância a.

30
TÓPICO 2 — CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

FIGURA 31 – DIAGRAMA DE CORTANTE PARA O EXMPLO ANTERIOR

FONTE: Adaptado de Neto (2016, p. 8)

31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Existe a necessidade de cumprir as condições de equilíbrio, de compatibilida-


de e das leis constitutivas para facilitar a análise das estruturas.

• As deformações e os deslocamentos assumidos pelo efeito de superposição e


linearidade são pequenos, em comparação com a dimensão da peça estrutural.

• Os conceitos de resistência de materiais são aplicados para auxiliar ou com-


plementar as condições de equilíbrio interno, manifestados pelos esforços in-
ternos dos membros das estruturas.

• Aplicar eixos simétricos podem simplificar os cálculos de deslocamentos, re-


ações e esforços nas estruturas hiperestáticas.

• Os princípios de superposição e compatibilidade devem ser devidamente sa-


tisfeitos quando a estrutura é simplificada simetricamente.

32
AUTOATIVIDADE

1 Anteriormente foram avaliadas as possibilidades de transformar estruturas


com simetria de cargas em um sistema equivalente reduzido. Com base
nisso, desenhe a estrutura equivalente para a seguinte figura:

2 A seguinte figura representa um pórtico plano e sua deformada. Pode-se


afirmar que essa deformada corresponde à real deformada, considerando
que a carga seja o peso próprio da estrutura.

a) ( ) Sim, porque todos se mantêm rígidos e a deformada é correspondente


em todos as seções.
b) ( ) Sim, porque os nós foram deformados e a deformada é correspondente
em todas as seções.
c) ( ) Não, porque os nós foram deformados e a deformada na seção H-I não
é correspondente a essa deformada.
d) ( ) Não, porque os nós estão rígidos e a deformada na seção E-F não é cor-
respondente a essa deformada.

3 O sentido em que os momentos atuam nos membros está definido pela re-
gra da mão direita, aplicados sobre um plano em específico. Quando se
trata de momentos fletores que atuam nos pórticos, a análise passa a ser
num plano bidimensional, porém, quando o terceiro plano é introduzido,
os momentos torsões podem surgir. Sobre um modelo de estrutura no qual
podem ocorrer esforços de torsão, assinale a alternativa CORRETA:
33
a) ( ) Pórtico plano.
b) ( ) Tirante.
c) ( ) Viga.
d) ( ) Grelha.

4 Relacionado os conceitos de força, deslocamento, deformação e esforço


pode ser construída uma frase. Algumas premissas não relacionam correta-
mente estes conceitos, existe então uma relação válida na análise das defor-
mações e cargas de um membro estrutural. Escolha a resposta correta:

a) ( ) Um esforço produz uma força entre os membros que conecta, sendo


que gera deformações na forma de deslocamentos.
b) ( ) Um deslocamento produz um esforço entre os membros que conecta
que só pode ser recuperado quando a força seja retirada e assim a de-
formação é recuperada.
c) ( ) Uma força produz um deslocamento, que produz uma deformação que
leva à formação de esforços que só pode ser reduzida na ausência da força.
d) ( ) Uma força pode produzir um esforço que levará à formação de defor-
mações, uma das quais pode ser um deslocamento.

5 Um usuário fez a seguinte afirmação: o equilíbrio é necessário, a compatibili-


dade é opcional, de modo que certas deformações podem acontecer e mesmo
assim o sistema será mantido em equilíbrio. Disserte sobre essa justificativa.

34
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO


DA SUPERPOSIÇÃO

1 INTRODUÇÃO

O objetivo da análise das estruturas é determinar as reações e desloca-


mentos que acontecem nela e permitem manter o equilíbrio, porém esse objetivo
não é único para os pontos de apoio delas senão em qualquer ponto da mesma
(CAMBA; CHACÓN; PEREZ, 1982). Por isso, são criados os diagramas de forças
e momentos, que permitem visualizar baixo em que condições o sistema pode
ficar mais carregado que em outros.

Para atingir esse objetivo, quando a estrutura sofre um deslocamento/de-


formação, essa configuração geométrica resultante deve ser previsível. Por co-
nhecer melhor as relações lineares, a hipótese de comportamento linear entre a
força e o deslocamento é assumido na análise estrutural.

Em virtude das relações lineares, que acontecem entre cargas e deslocamen-


tos ou deformações, pode admitir-se que um efeito produzido por alguma situação
de carregamento pode ser analisado em modo simples e unitário para analisar sis-
temas de cargas menos complicados, uma superposição de efeitos unitários. Assim,
este princípio é um dos conceitos mais importantes da análise de estruturas.

Neste tópico será vista a aplicação desses princípios e como ajudam na


resolução dos problemas da análise de estruturas.

2 COMPORTAMENTO LINEAR
Como já foi dito antes, a linearidade é uma hipótese aplicada à análise dos
materiais das estruturas para auxiliar a construir mais equações que dão solução às
incógnitas das estruturas. Se não fosse assumida essa condição, os deslocamentos
poderiam ter qualquer tipo de valor aos quais estaria associado um valor de proba-
bilidade de ocorrência, complicando ainda mais os cálculos. A Figura 32 representa
o significado matemático de uma relação linear entre a força e o deslocamento:
proporcionalidade, muito diferente de um comportamento não linear que é repre-
sentado por curvas de um grau polinômio maior que 1; um desvio a uma linha reta.

35
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 32 – COMPORTAMENTO LINEAR E NÃO LINEAR ENTRE FORÇA E DESLOCAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/3ql5ZRE>. Acesso em: 3 dez. 2020.

De modo específico, o cumprimento simultâneo de três condições permitirá atri-


buir o comportamento linearmente elástico a uma estrutura (GERE; WEAVER, 1987):

i. O material segue a Lei de Hooke, a relação entre as tensões e as deformações


é elástica e linear – linearidade no material;
ii. Os deslocamentos da estrutura são pequenos, comparados com dimensões
das peças estruturais; espessura, comprimento, sendo assim a linearidade
geométrica. Esta hipótese estabelece que a geometria da estrutura deformada
não é muito diferente da estrutura original, o que possibilita continuar aplicando
as condições de equilíbrio no lugar de ser aplicada sobre a deformada;
iii. Não é relevante o efeito axial sobre o momento fletor nos membros. Este último
requisito implica que, as forças axiais não sejam grandes e que a interação
desta força com alguma possível deformação, não contribui para incremento
ou decréscimo do momento fletor atuante.

FIGURA 33 – EXEMPLO DA HIPÓTESE DE PEQUENOS MOVIMENTOS

FONTE: Cervera e Blanco (2002, p. 64)

Estas hipóteses permitirão:

i. Oferecer solução para o problema estrutural, que satisfaz as condições de equilíbrio


e de compatibilidade, tendo aplicação para qualquer método de análise escolhido.
ii. Permitem simplificar postulações do problema estrutural, na indicação de
equilíbrio tanto compatibilidade.

Segundo Martha (2010), existe um grande número de estruturas civis que


tem descolamentos pequenos, mas indica um contraexemplo de estrutura na qual
não é possível adotar essa hipótese, representado pela Figura 34:

36
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

FIGURA 34 – ESTRUTURA COM DESCOLAMENTOS TOTAIS MAIORES

FONTE: Martha (2010, p. 96)

Isso não exclui a existência de modelos estruturais que, possivelmente, só


após a deformação acontecer, alcancem um equilíbrio, como na Figura 35, onde
se pode observar que quando os momentos atuam, a estrutura dificilmente vai
encontrar equilíbrio. Após as reações deixar de concorrer no ponto o equilíbrio
seria atingido, o que deixaria em um estado de iminente instabilidade.

FIGURA 35 – EXEMPLO DE ESTRUTURA COM TENDÊNCIA À INSTABILIDADE OU EQUILÍBRIO


APÓS DEFORMAÇÃO

FONTE: Martha (2010, p. 103)

3 PRINCÍPIO DE SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS


Como consequência de postular o comportamento linear, pode ser aplica-
do o conceito de superposição, é dizer, o efeito de um sistema de forças aplicadas
sobre uma estrutura é igual à somatória dos efeitos produzidos por cada uma
das forças analisadas individualmente na mesma estrutura. Especificamente, os
deslocamentos produzidos pela aplicação de forças podem ser produto de uma
coexistência de deslocamentos produzidos pelas mesmas forças analisadas indi-
vidualmente. A sequência de representação deste princípio, como a combinação
linear de duas forças isoladas, que produzirão deslocamento final com o efeito
conjunto da sua existência e mostrado nas seguintes figuras.

37
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 36 – EFEITO FINAL DE DUAS CARGAS SOBRE UMA VIGA ENGASTADA NO EXTREMO

FONTE: Adaptado de Martha (2010, p. 96)

Para analisar o efeito individual de toda força, separamos cada uma das forças
e avaliamos a deslocamento provocado separadamente, como se observa na Figura 37.

FIGURA 37 – EQUIVALÊNCIA DE APLICAÇÃO DAS CARGAS DE MODO ISOLADO

FONTE: Adaptado de Martha (2010, p. 96)

FIGURA 38 – RESULTADO FINAL DE DESLOCAMENTO COMO PRODUTO DAS CONSIDERA-


ÇÕES INDIVIDUAIS DAS CARGAS

FONTE: Adaptado de Martha (2010, p. 96)

Outro exemplo com a presença de giro pode ser observado na Figura 39.
Nela, a atuação conjunta de A1 e A2 gera uma condição de deformada D, que é
uma equivalência quando são analisados o momento e a força de modo separado,
cada um gerando uma deformada singular.

38
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

FIGURA 39 – EXEMPLO DE PRINICÍPIO DE SUPERPOSIÇÃO CONSIDERANDO O GIRO

FONTE: Adaptado de Gere e Weaver (1987, p. 121)

E
IMPORTANT

O princípio de superposição não só indica que os deslocamentos lineares pro-


duzidos por forças são produto de uma somatória de forças determinada, também indica
que existirão deslocamentos angulares por causa dos momentos que atuem nela.

3.1 EFEITO DA TEMPERATURA E RECALQUE EM APOIOS


Em uma estrutura isostática, a variação de temperatura produz, exclusi-
vamente, deslocamentos devido a que, na estática básica, os corpos são conside-
rados rígidos. Abaixo dessa mesma condição estão os deslocamentos produzidos
pelo recalque em apoio, já que vários deles o permitem. Não obstante, numa es-
trutura hiperestática, este tipo de situações gera esforços internos, que devem ser
contemplados para a análise dos esforços, deslocamentos ou deformações, como
é representado na Figura 40.

39
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 40 – EFEITO DA TEMPERATURA SOBRE A) ESTRUTURA ISOSTÁTICA, B) ESTRUTURA


HIPERESTÁTICA

FONTE: Martha (2010, p. 105)

Você, acadêmico, poderia se perguntar: com que frequência acontece o recal-


que ou a variação de temperatura nas estruturas? Pois a realidade é que com muita
frequência. Mesmo que o encontro entre vigas e pilares, ou o próprio solo, seja con-
siderado um ponto rígido, está susceptível a assentamentos parciais diferenciais, que
causam esforços internos na peça. Assim mesmo, durante o processo de cura do con-
creto com as condições ambientais e o volume de concreto pode gerar tensões internas
nos membros estruturais, devido a isso é importante que as considerações construtivas
sejam tomadas em conta durante o planejamento dos projetos e de modo vice-versa.

A visualização de possibilidade de recalque unitário no apoio também é


uma hipótese que pode ser aplicada para achar reações e/ou esforços na estrutu-
ra, encaixado dentro de métodos de deslocamento ou de flexibilidade.

4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
Uma estrutura hiperestática pode ser resolvida aplicando equações de
compatibilidade quando possui um grau hiperestático 1 ou 2. E pode ser reali-
zada uma única substituição, de modo que uma condição de deslocamento ou
rotação seja conhecida. Apresentaremos dois exemplos, considerando que quan-
do surgem muitas incógnitas outros métodos (que serão explicados em unidades
próximas) serão necessários.

EXEMPLO 1

Como temos dito anteriormente, as equações de equilíbrio não são su-


ficientes para determinar as reações nas estruturas hiperestáticas, assim, forças
desconhecidas aparecerão nas equações, enquanto nas condições de compatibi-
lidade aparecerão deslocamentos desconhecidos, que serão utilizados para rela-
cionar força-deformação para expressar as forças desconhecidas em termos dos
deslocamentos desconhecidos ou vice-versa. O sistema resultante de equações
com um único tipo de incógnita que permite resolver as incógnitas, que depois
são substituídas nas relações fundamentais para determinar as características de
resposta faltantes da estrutura.

Vamos considerar o exemplo da seguinte figura:

40
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

FIGURA 41 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO

FONTE: Adaptado de Kassimali (2015, p. 448)

O digrama do corpo livre no ponto A, pode ser estabelecido na seguinte


Figura 42:

FIGURA 42 – DIAGRAMA DO CORPO LIVRE

FONTE: Kassimali (2015, p. 448)

As equações de equilíbrio estão dadas assim:

(EQ 1.18)

, ou seja

(EQ 1.19)

41
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

Agora, considerando as equações de compatibilidade podem ser


relacionados os deslocamentos verticais dos três elementos no ponto A com o
deslocamento vertical do ponto A, assim, pode ser criado um diagrama de
deslocamento como mostra a Figura 43, assumindo que esse deslocamento é
pequeno, podemos indicar que os deslocamentos δAB e δAC são simétricos:

δAB = δAC = Δ sin θ = 0.8 Δ (EQ 1.20)

δAD = Δ (EQ 1.21)

Fazendo uma substituição de EQ 1.21 em EQ 1.20 podemos obter a relação


para a deformação axial do elemento:

δAB = δAC = 0.8δAD (EQ 1.22)

FIGURA 43 – DIAGRAMA DE DESLOCAMENTO

FONTE: Adaptado de Kassimali (2015, p. 448)

Da mesma forma podemos expressar a equação anterior em termos das for-


ças axiais nos elementos utilizando as relações de força-deformação dos elementos:

(EQ 1.23)

(EQ 1.24)

(EQ 1.25)

Relacionando novamente com a deformação, podemos obter, substituindo


na EQ 1.22:

(EQ 1.26)

42
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

Podemos determinar a força axial nos três elementos da armação resol-


vendo simultaneamente a última equação gerada (EQ 1.26) com as equações de
equilíbrio iniciais (EQ 1.19). Como resultado teremos a representação na Figura
44 e seus valores são:

FAB = FAC = 61.68 t (EQ 1.27)

FAD = 128.5 t (EQ 1.28)

Pelo anterior, as deformações também podem ser substituídas ingressando


os valores obtidos na EQ 1.24 e EQ 1.25 e seus valores seriam:

δAB = δAC = 0.041 m e δAD = 0.051 m

FIGURA 44 – REPRESENTAÇÃO FINAL DAS FORÇAS

FONTE: Adaptado de Kassimali (2015, p. 448)

Finalmente, substituindo valores de deformação axial nas condições de


compatibilidade iniciais, podemos encontrar o valor do deslocamento no ponto
A: Δ = 0.051 m.

EXEMPLO 2

Na seguinte viga, vista na Figura 45, o valor do momento de engastamento


quer ser conhecido. Considere EI = 3.5 x 105 T . m2. Aplique as condições de
superposição e compatibilidade para determinar dito valor.

FIGURA 45 – EXEMPLO DE VIGA COM GRAU DE HIPERESTATICIDADE 1

FONTE: O autor (2021)

43
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

Identificamos, mentalmente, que a viga tem quatro reações e que com au-
xílio das equações de equilíbrio podemos conhecer três delas, entretanto, também
sabemos que no ponto A, mesmo existindo um momento, não é possível a rota-
ção. Esse será nosso ponto de partida. Faremos uma substituição do momento
existente como se fosse uma carga, tal como Figura 46 indica.

FIGURA 46 – EQUIVALÊNCIA DO SISTEMA

FONTE: O autor (2021)

A superposição dos efeitos de rotação produzidos pelo momento da car-


ga distribuída, φA (5), e do momento substituído, φA (M), devem causar o mesmo
efeito na rotação no ponto A, φA: ser nula. A compatibilidade é representada assim:

φA = φA (5) + φA (M) = 0 (EQ 1.29)

Pesquisando nas tabelas de flechas e deflexões (inclinação ou rotação) de


vigas biapoiadas, poderemos obter a rotação máxima no ponto A pela ação da
carga distribuída e do momento à esquerda; as rotações atribuídas a cada situa-
ção, podemos definir cada uma delas assim:

(EQ 1.30)

(EQ 1.31)

Sendo assim: (EQ 1.32)

Do qual podemos definir que

M = - 10 T . m

E
IMPORTANT

As tabelas de vigas biapoiadas com variação no tipo de apoio é um conheci-


mento adquirido no estudo de resistência de materiais. Invitamos você a visitar este link
para lembrar: https://issuu.com/leandrosousaeng/docs/u_-_apendice_d_flechas_vigas2.

44
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

EXEMPLO 3

Para a estrutura especificada na Figura 47 é solicitado determinar as rea-


ções nos apoios.

FIGURA 47 – EXEMPLO COM PÓRTICO

FONTE: Adaptado de Unican (2013, p. 17)

Para resolver devemos considerar duas condições importantes:

✔ O giro que é produzido no ponto C deve ser igual na viga quanto no pilar.
✔ Realizar o equilíbrio no nó C.

Aplicando a compatibilidade no ponto C, pode ser separado o pórtico em


duas partes, tal como a Figura 48 indica. Assim, as rotações relativas a cada parte
poderão ser igualadas.

Na viga BC – teremos que:

(EQ 1.33)

Enquanto no pilar AC – teremos que:

(EQ 1.34)

Então, (EQ 1.35)

45
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 48 – SEPARAÇÃO DO PÓRTICO

FONTE: Adaptado de Unican (2013, p. 17)

Agora, considerando o equilíbrio de momentos no ponto C, identificamos


as partes, resumidas na Figura 49.

(EQ 1.36)

Ou seja, (EQ 1.37)

De modo que, (EQ 1.38)

FIGURA 49 – EQUILÍBRIO GERAL DE MOMENTOS

FONTE: Adaptado de Unican (2013, p. 17)

Para o cálculo das reações, determinamos o equilíbrio em cada membro,


como indica a Figura 50:

(EQ 1.39), que usando a (EQ 1.38)


permite transformar:

(EQ 1.40)

46
TÓPICO 3 — COMPORTAMENTO LINEAR E PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

Podemos determinar o valor de YA, aplicando:

(EQ 1.41)

Assim usando a (EQ 1.39), (EQ 1.42)

FIGURA 50 – EQUILÍBRIO NOS MEMBROS

FONTE: Adaptado de Unican (2013, p. 18)

Isso nos permite criar o diagrama de momentos, cortante e axial estimados assim:

FIGURA 51 – DIAGRAMAS ESTIMADOS

FONTE: Adaptado de Unican (2013, p. 19)

47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É importante de assumir um comportamento linear nos materiais das estruturas.

• Pode ser registrada uma equivalência de um sistema de cargas para vários ana-
lisados individualmente, aplicando o princípio de superposição de efeitos.

• A variação de temperatura e o recalque de apoio não produzem efeitos de


esforços internos em estruturas isostáticas.

• A separação de tipo de cargas atuantes para construção dos diagramas é im-


portante para compreensão do efeito individual delas, porém, é importante
lembrar que a estrutura está submetida a um efeito combinado.

48
AUTOATIVIDADE

1 Com a seguinte figura, crie um modelo sequencial de superposição de efei-


tos que possa dar resposta ao problema de hiperestaticidade:

2 Com os seguintes itens, intenta-se construir um parágrafo para condensar


a informação sobre comportamento linear das estruturas e as variáveis que
involucra. Analise as sentenças a seguir:

I- Dentro do regime elástico a tensão e a deformação são linearmente dependentes.


II- De modo que, a deformação e a tensão não são proporcionais.
III- E as tensões, no plano de qualquer seção da estrutura, e os esforços inter-
nos que atuam neste plano, também, são linearmente dependentes.
IV- Pelo tanto, é possível dizer que as deformações e os deslocamentos são linear-
mente dependentes, exclusivamente, dos esforços que atuam nas estruturas.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.

3 A seguinte figura mostra uma situação de carregamento que pretende ser


analisada a partir de duas estruturas, que em teoria darão lugar ao carrega-
mento original. Realmente, a parte b e c dão lugar à parte a?

49
a) ( ) Sim, o extremo esquerdo das situações dá lugar (em somatória) à defor-
mada da parte a.
b) ( ) Sim, observando a deformada, b e c são congruentes para a parte b.
c) ( ) Não, o extremo direito da parte b e c deveriam permitir o deslocamento,
mas não permitem.
d) ( ) Não, nenhuma dessas estruturas poderá dar lugar à configuração original.

4 As estruturas existem para receber as diversas cargas que pretendem circu-


lar o permanecer durante a vida útil de uma edificação. O comportamento
das deformações que nela acontecem, sua deformada, sempre será uma re-
lação linear dos materiais e as forças?

5 A análise de estruturas obedece a uma série de procedimentos e teoremas


para intentar aproximar os modelos à realidade da estrutura. Nesse senti-
do, qual é a necessidade de introduzir o conceito de superposição de efeitos
na análise das estruturas?

50
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1

ANÁLISE APROXIMADA

1 INTRODUÇÃO
Existem alguns métodos que permitem analisar armaduras e pórticos, base-
ados no comportamento estrutural, que se aproximam aos valores de força procu-
rados, porém ao não serem considerados métodos analíticos, aplicam certas simpli-
ficações que visam dar entendimento de qual análise aplicado é mais conveniente.

Quando se projeta uma estrutura inicialmente não são conhecidas as di-


mensões dela e por isso não pode ser aplicada uma análise estática sobre ela. De-
vido a isto, se pensa em uma estrutura que possa ser estaticamente determinada,
levando a determinar um desenho preliminar dos elementos da estrutura e mais
que isso proporciona informação sobre o comportamento de uma estrutura sob
carga (HIBBELER, 2012).

Mesmo assim, é importantíssimo apontar que todos os métodos acabam


sendo aproximados porque as condições reais das cargas, a geometria, o modulo
do material e a resistência de juntas ou suportes não são conhecidas absolutamente.

DICAS

Quando aplicados estes métodos de aproximação, estaria introduzindo uma


porcentagem de erro nos cálculos de um possível sistema analisado analiticamente, assim,
não quer dizer que esteja errado aplicar, porém não é válido para sistemas com muitos
elementos de grande envergadura.

2 ARMADURAS
A Figura 52 mostra um tipo comum de armadura, usada com frequência
como suporte lateral em prédios ou posicionadas em alguma ponte. Indicando
que, ela não é indicada como elemento principal e que por ele pode ser analisada
por um método aproximado. Se é eliminada uma diagonal em cada um dos três
painéis, a armadura se torna estaticamente determinada, então buscamos deixá-la
estaticamente determinada para poder analisá-la. Para isso serão inseridas algumas
hipóteses, com respeito às diagonais, uma das quais possui um estado de tensão e

51
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

consequentemente, a sua correspondente estará em estado de compressão. A força


cortante do painel V será suportada pelo componente vertical da força de tensão no
elemento a, e a componente vertical da força a compresso do elemento b.

FIGURA 52 – ARMADURA A SER ANALISADA E ESQUEMA DE SEÇÃO COM FORÇAS ATUANTES


NO CORTE AB

FONTE: Hibbeler (2012, p. 264)

2.1 HIPÓTESES APLICADAS


De modo geral são aceitos dois métodos de análise, que introduzem
certas hipóteses:

Método 1: Se os elementos em diagonal são desenhados intencionalmente


compridos e finos, eles não suportariam força de compressão, pois sofreriam pan-
deio. O que levaria a que a forca cortante do painel seja resistida na sua totalidade
pela diagonal em tensão, enquanto a diagonal em compressão assume força zero.

Método 2: Se os elementos são construídos com seções grandes lamina-


das, como ângulos ou canais, podem ser igualmente capazes de suportar uma
força de tensão e de compressão. O suponho será que cada diagonal de tensão e
de compressão suporta a metade da força cortante do painel.

2.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Determine, aplicando um método aproximado, as forças nos elementos
que se mostram na Figura 53. É indicado que as diagonais da estrutura suportam
forças de tensão e compressão. As reações nos apoios já têm sido calculadas.

52
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

Realizando uma inspeção, se determina que a estrutura é hiperestática


de segundo grau, o suposto requer que as diagonais de tensão e de compressão
sejam iguais, então denominaremos essa força como F.

FIGURA 53 – EXEMPLO DE ARMADURA

FONTE: HIBBELER (2012, P. 264)

Traçando o diagrama do corpo livre do ponto A, na Figura 53b, teremos a


imagem c da mesma figura.

(EQ 1.43)

Então F = 8.33 kN = FFB = FAE

Para o caso da somatória de momentos temos que:

(EQ 1.44)

Então FFB = 6.66 kN

(EQ 1.45)

Então FAB = 6.66 kN

A partir do ponto A, Figura 53c, calculamos o valor de FAF

53
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

(EQ 1.46)

Então FAF = 15 kN

Da mesma, forma podemos determinar as forças que acontecem no painel


direito da armadura, nos quais também se deve cumprir que as forças das diago-
nais sejam iguais,

A partir do ponto C, teremos a seguintes condições:

(EQ 1.47)

Então F = 8.33 kN = FDB = FEC, que levará às mesmas equações de momento


no ponto C e D

(EQ 1.48)

Então, FED = 6.66 kN

(EQ 1.49)
Então, FBC = 6.66 kN

Finalmente com isso, realizando um diagrama de corpo livre sobre o ponto


D e E, tal como se vê na Figura 54. Calcularemos que: FDC = 5 kN e FEB = 10 kN.

FIGURA 54 – DIAGRAMA DE FORÇAS ATUANDO NO PONTO D e E

FONTE: Adaptado de Hibbeler (2012, p. 265)

3 PÓRTICOS
Geralmente, os pórticos ou marcos apresentam uma rigidez tal que a es-
trutura tem a capacidade de resistir efeitos laterais como vento ou sismo. Na prá-
tica, um engenheiro de estruturas pode empregar diversas técnicas para realizar
uma análise aproximado de um pórtico. Essa análise é desenvolvida sobre a for-
ma em que a estrutura é deformada sob a carga.

Uma das técnicas é considerar somente os elementos de uma região. Isso é


possível unicamente quando os deslocamentos dos elementos não tenham muita in-
fluência sobre os elementos fora dessa região. Entretanto, é considerada toda a curva

54
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

de deflexão da estrutura. A partir disso pode-se especificar a localização aproximada


dos pontos de inflexão, ou seja, dos pontos em que o elemento mude sua curvatura.
Estes pontos podem ser considerados como articulações, com momento nulo. Esse
será a suposição aplicada para analisar pórticos sob carga vertical e quando sejam
registradas cargas laterais será aplicado o princípio de superposição.

ATENCAO

A estrutura pode se submeter a duas cargas ao mesmo tempo desde que o


material permaneça elástico, ou seja, siga um comportamento linear.

3.1 HIPÓTESES APLICADAS


Considere um marco típico como aquele representado na Figura 55a, quan-
do ela está submetida à carga vertical uniforme. Vamos analisar exclusivamente
uma viga interna desse sistema, Figura 55b, na qual os pilares A e B terão três rea-
ções sobre a viga, levando-a a ser estaticamente indeterminada, em terceiro grau.
Assim, para torná-la estaticamente determinada devemos fazer dois supostos.

Se os pilares são extremamente rígidos não existiria rotação nos extremos


A e B da viga e a curva de deformação seria similar à Figura 56a. Análises de
outros métodos levarão a indicar que o ponto do momento nulo acontece a 0.21L
de cada suporte. Ora, se as conexões com o pilar são flexíveis, a viga será tratada
como simplesmente apoiada, os momentos serão nulos nos apoios, e sua defor-
mada seria similar à Figura 56b. Todavia, na realidade, os pilares proporcionam
certa flexibilidade, nem muito rígidos nem muito flexíveis, assim o ponto em que
aconteceria o momento nulo seria definido como 0.1L (o ponto médio das duas
situações). Junto a essa condição, as forças axiais que possam atuar durante um
carregamento vertical podem ser desconsideradas.

FIGURA 55 – A) MARCO PLANO TÍPICO DE PREDIOS, B) ANÁLISE SOB UMA VIGA ESPECÍFICA

FONTE: Adaptado de Hibbeler (2012, p. 270)

55
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

FIGURA 56 – DEFORMADA SEGUNDO AS CONDIÇÕES DOS SUPORTES

FONTE: Adaptado de Hibbeler (2012, p. 271)

Resumindo, cada vão de comprimento L pode ser modelado como um vão


simplesmente apoiado com comprimento 0.8L descansando sobre dois extremos em
balanço, cada um com 0.1L. tal como a figura demostra. Os supostos sucintos seriam:

i. Existe um momento nulo no vão a 0.1L do suporte esquerdo.


ii. Existe um momento nulo no vão a 0.1L do suporte direito.
iii. O vão não registrará forças axiais.

FIGURA 57 – ESTRUTURA APROXIMADA PARA SER ANALISADA

FONTE: Hibbeler (2012, p. 271)

3.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Determine de forma aproximada o momento dos pontos E e C produzido
pelos elementos EF e CD do pórtico que se representa na Figura 58. Imediatamente
é mostrado o sistema equivalente.

56
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

FIGURA 58 – EXEMPLO DE PÓRTICO COM CARREGAMENTO EXCLUSIVAMENTE VERTICAL

FONTE: Adaptado da Hibbeler (2012, p. 271)

Para solucionar o pedido devemos considerar que, esses 800 kN/m podem
equivaler a uma carga concentrada de 4800 kN no centro do vão reduzido, e que
estes devem estar em equilíbrio com as reações nos extremos. Lembrando que não
existem mais reações, então nos extremos teremos estas reações no vão (Figura
59a), enquanto ao tramo em balanço a situação Figura 59b.

M = 1600 (1) + 2400 (2) = 6400 kN . m (EQ 1.50)

FIGURA 59 – FORÇAS ATUANDO SOBRE O VÃO SIMPLIFICADO E SEU DIAGRAMA DE MOMENTO


RESPETIVO

FONTE: Adaptado de Hibbeler (2012, p. 271)

O cálculo do momento nos extremos, pela ação das cargas pontuais, e o


valor do momento máximo para uma viga simplesmente apoiada, nos permitirá
construir o gráfico do momento, registrado na Figura 59b.

57
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

4 MÉTODOS ALTERNATIVOS
Muitas linhas de pesquisa procuram ter maior detalhe do comportamento
das estruturas. Isto supõe contemplar pontos semirrígidos das uniões, diferentes
respostas da estrutura (componente dinâmico), comportamento plástico, com-
portamento de segunda ordem, porém a sua finalidade é prover soluções razoá-
veis para as questões sem resolver (LACORT, 2011).

Em muitas ocasiões a análise estrutural pode se tornar uma questão com-


plexa quanto à quantidade de membros: lajes, vigas, pilares, entre outros, têm
comportamentos diferentes e não exclusivamente planos, geometrias irregulares
e até esbeltez. Assim, é normal recorrer a ferramentas computacionais que facili-
tam os cálculos e economizam tempo de análise.

Entretanto, o mau uso de uma ferramenta dará lugar a análises erradas, o


engenheiro deve ter noção do que está errado ou deve ser ajustado. Assim, ter a
capacidade de identificar manualmente os passos necessários para analisar estru-
turas é supremamente importante.

A continuação é introduzida, brevemente, como um método que permite


discretizar ou analisar separadamente a continuidade de uma estrutura, consi-
derando uma iteração entre pilares e plantas, baseando-se em uma condição de
compatibilidade, uma análise linear-elástica para realizar uma avaliação tridi-
mensional construída a partir de um problema plano.

4.1 MÉTODO APROXIMADO PARA ANÁLISE ESTATICA DE


EDIFICIOS ALTOS
O método proposto por Santos Filho (1990) aplica equações diferenciais
de segunda ordem, contando com um reduzido número de graus de liberdade.
Aplica as seguintes hipóteses (SANTOS, 1991, p. 2):
i. O piso da edificação age como um diafragma horizontal, sendo
absolutamente rígido no seu plano;
ii. Os elementos verticais oferecem pequena resistência à torsão simples;
iii. As deformações de cisalhamento dos pilares são desprezadas;
iv. Deformações axiais das peças verticais são excluídas dos cálculos;
v. Os materiais são utilizados dentro do regime elástico;
vi. Apenas pequenas deformações são consideradas
vii. Os efeitos de inercia não são considerados.

Os autores apontam uma formulação básica de análise, considerando a


atuação exclusiva de cargas transversais que produziram esforços normais e a
vinculação de pilares unidos por elementos horizontais:

(EQ 1.51)

58
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

Onde:

N´, corresponde aos esforços normais.


Qij é a força de cisalhamento na extremidade da peça horizontal que interliga os
pilares i e j.

Adicionalmente, são consideradas as cargas laterais que geram uma


configuração de deformada estável aplicando uma condição de compatibilidade
em relação às rotações dos pilares. De tal forma que pode ser construído um
conjunto de equações em que as cargas axiais de cada pilar e as formas de
cisalhamento definidas para os elementos horizontais (que são as que podem
causar a flambagem), em uma configuração matricial assim:

[N''] = [A] [N] + [C] (EQ 1.52)

Sobre estas, devem ser consideradas as condições de contorno, onde o


termo A e C correspondem a:

Aij = byiYi - bxiZj (EQ 1.53)

Ci = byziT - bziMz - byiMy (EQ 1.54)

A variável b representa a rigidez à flexão e torção, do pilar Y e Z, enquanto


T e M indicam os esforços de torção e flexão devido a cargas externas. Com as
devidas análises matemáticas para resolver a EQ 1.24, será achada uma análise
dos esforços em função do tipo de carregamento.

TUROS
ESTUDOS FU

O cálculo de estruturas hiperestáticas se torna mais complicado na medida que o


número de membros vai incrementando. Na seguinte unidade serão abordados os métodos ge-
neralizados que permitem determinar reações, deslocamentos ou deformações das estruturas.

59
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

ALTERNATIVA DE REPRESENTAÇÃO DA PROTENSÃO, NO PROJETO


DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

Kalil J. Skaf
Fernando R. Stucchi

1 INTRODUÇÃO

Como a NB1/93 se propõe a integrar numa só norma as estruturas de con-


creto armado (CA) e as de concreto protendido (CP) é preciso estabelece com
clareza a proximidade entre ambos. Mais que isso, é preciso discutir as formas
alternativas para representar a ação da protensão, de forma facilitar a introdução
do projetista de concreto armado no mundo do protendido.

É preciso cuidado, porque essa introdução se faz usualmente via edifica-


ções com pisos protendidos, estruturas altamente hiperestáticas, onde a ação da
protensão é normalmente representada por cargas externas equivalentes e onde
os esforços hiperestáticos são muito importantes.

Como o projeto das pontes, tradicionais estruturas protendidas, não usa


representar a protensão por cargas externas equivalentes, mas por esforços so-
licitantes iniciais, é preciso discutir a comparação de ambos, as facilidades e as
dificuldades de cada um.

Além disso, os hiperestáticos de protensão podem ser tão grandes, em decor-


rência de concepções equivocadas, que a solução protendida pareça inconveniente.

É preciso escolher a disposição de pilares e suas rigidezes, a disposição de


juntas de dilatação, o processo construtivo e as fases de protensão, de modo que esses
hiperestáticos sejam limitados e a estrutura resulte convenientemente protendida.

a. Conceituação de concreto armado e protendido. Diferenças e semelhanças.

Uma peça de concreto armado é uma peça de concreto onde os esforços inter-
nos de tração (salvo raras exceções) são suportados por armadura passiva coveniente-
mente disposta. Essa armadura só fica solicitada quando a deformação da peça sob car-
ga, muitas vezes inclusive com fissuração, gera alongamento suficiente da armadura.

Uma peça de concreto protendido é uma peça de concreto onde alguns daque-
les esforços de tração são suportados por armadura ativa. Uma armadura ativa equi-
vale a uma armadura passiva que foi previamente pré-alongada. Essa é a diferencia
essencial entre CA e CP. Com isso a armadura não é apenas solicitada quando a peça
se deforma, a peça já é executada com uma solicitação inicial na armadura ativa, decor-
rente desse prolongamento. A única diferença essencial é o pré-alongamento.
60
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

Existem outras diferenças secundárias dignas de nota:

a) O concreto protendido exige aço de alta resistência, pois, como descobriu


Freyssinet em 1928, as perdas por retração e fluência do concreto roubam todo
o efeito da protensão para aços comuns ou de resistências baixa a média. É por
isso que Fpqy >= 800 MPa
b) O concreto armado exige aço de resistência não muito alta, pois as deforma-
ções necessárias para solicitar a armadura seriam muito grandes e as peças
fissurariam muito. É por isso que Fyk <= 600 MPa. Mesmo que nem sempre
seja aceito, é o caso dos estribos das vigas onde o limite é 500 MPa.
c) Usualmente as peças protendidas são construídas com concreto de maior resistên-
cia com o objetivo de aproveitar melhor sua maior rigidez, função da fissuração
inibida ela protensão, e de dar maior durabilidade, função de maior exposição da
armadura ativa (maior superfície especifica e possibilidade de corrosão sob tensão).

Podem ser visualizadas essas diferencias resumidas assim:

- Como um campo de Deformações iniciais.


- Como um conjunto de esforços solicitantes iniciais equivalentes.
- Como um conjunto de carga equivalentes.

Por questões de extensão a forma de analisar essa comparação será


abordada como um conjunto de esforços solicitantes iniciais equivalentes.

2 PROTENSÃO COMO UM CONJUNTO DE ESFORÇOS SOLICITANES


INICIAIS EQUIVALENTES

a. Caso de uma viga isostática protendida

Considere-se a viga isostática protendida mostrada a seguir, da qual se


separa a viga de concreto do cabo de protensão.

Nessa figura, P(X) – força de protensão.

Fla – força longitudinal do aço.


Ftc – força transversal de curvatura.
61
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

No corte A, no meio do vão da viga protendida não atua nenhum esforço


solicitante uma vez que a viga não recebe carga externa alguma. Ao separar a
viga d concreto do cabo de protensão devemos considerar os esforços oriundos
da interação entre eles. Esses esforços são:

- As forças de protensão P(X) em cada ancoragem.


- As forças longitudinais de atrito, Fla.
- As forças transversais de curvatura Ftc.

Como esses esforços correspondem a ação e reação, ao reunirmos o cabo


de protensão e a viga de concreto, esses esforços se anulam. Assim, embora a viga
de concreto esteja solicitada a flexocompressão e o cabo a tração, quando eles são
reunidos na viga protendida esses esforços solicitantes se anulam mutuamente.

Considerando o cabo isolado, observa-se que o conjunto de esforços apli-


cados a ele é auto equilibrado, de forma que nenhuma reação de apoio é gerada.
O mesmo pode ser dito da viga de concreto.

Considere-se agora a metade esquerda de cada um dos elementos.

Como é sabido da teoria dos fios, a


resultante de todos os esforços apli-
cado ao cabo da direita de A é a força
de tração Pv no cabo, no meio do vão.

Pelo princípio de ação e reação, pode-se dizer que, na viga de concreto


a resultante dos esforços aplicados à direita de A é a força de compressão Pv
excentricamente aplicada e (x). Assim, qualquer que seja a seção considerada da
viga de concreto, o efeito da protensão pode ser representado pela força do cabo,
aplicada no sentido inverso de compressão de concreto.

62
TÓPICO 4 — ANÁLISE APROXIMADA

Essa força corresponde a um conjunto de 3 esforços solicitantes.

N(x) = - P(x) cos α (x)


V(x) = P(x) sen α (x)
M(x) = -P(x) ● e(x) ● cos α (x)

Esses três esforços representam corretamente a protensão na seção consi-


derada S(X) e representam uma opção mais pratica.

b. Caso de uma viga hiperestática protendida

Considere-se uma viga continua, parte integrante de um pórtico. Quando se pro-


tende essa viga, sua livre deformação sob ação da protensão fica coibida pelos vínculos
hiperestáticos, o que gera esforços hiperestáticos como os mostrados na seguinte figura.

Esses esforços hiperestáticos são os únicos esforços solicitantes realmente


provocados pela protensão. Quando separamos a viga de concreto do cabo de
protensão e os analisamos separadamente notamos que:

- Os vínculos hiperestáticos não afetam os esforços no cabo, função da sua gran-


de flexibilidade. Aliás, como se sabe, a deformada da viga protendida é de-
finida pela deformação da viga de concreto isolada. O cabo se adapta sem
dificuldade a essa condição.

63
UNIDADE 1 — GENERALIDADES DA INDETERMINAÇÃO

- Os vínculos hiperestáticos geram na viga de concreto isolada os mesmos esfor-


ços obtidos na análise que considera a viga protendida completa
- Quando superpomos a viga de concreto com o cabo de protensão os esforços isos-
táticos de proteção (N, V e M) se anulam mutuamente, mas os hiperestáticos não.

Concluindo:

a) Na verificação do estado limite último (ELU) devem-se incluir os esforços hi-


perestáticos.
b) Na verificação do estado limite de utilização (ELUt) atundo sobre uma viga
isolada devem-se superpor os esforços isostáticos de protensão, os esforços
hiperestáticos acima representados.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3gSr7fe>. Acesso em: 29 nov. 2020.

64
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem outros métodos aproximados para calcular incógnitas em estruturas


hiperestáticas, porém estes métodos não introduzem conceitos de compatibili-
dade de deformações e procuram levar a estrutura a um modelo determinado.

• Os métodos aproximados devem aplicar supostos que podem ter algum tipo
de validade, dependendo da geometria e do módulo dos materiais que cons-
tituem a estrutura.

• Estes métodos existem para ajudar a nortear o dimensionamento dos elemen-


tos estruturais.

• Além do estado de hiperestaticidade, para questões de cálculo e determinação


de reações, as estruturas podem estar submetidas a outro tipo de esforços pro-
vocados pelo trabalho ativo aplicado durante a montagem do aço de reforço.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

65
AUTOATIVIDADE

1 Para desenhar os membros de uma estrutura estaticamente indeterminada


é necessário estimar as dimensões antes de proceder a realizar a análise por
algum método “exato’, assim uma análise aproximada permitirá identificar
as forças a partir das quais podemos realizar o dimensionamento dos mem-
bros. Como que essa informação pode ser complementada?

a) ( ) Dessa forma se terão as dimensiones que devem ser usadas para a cons-
trução da estrutura.
b) ( ) Este dimensionamento deve ser testado por um método analítico mais
complexo.
c) ( ) As dimensões obtidas passaram a ser avaliadas reiterativamente até
cumprir o método mais conveniente.
d) ( ) Estas dimensões devem ser comparadas com outro método e escolher
qual delas é maior.

2 A seguinte imagem registra uma decomposição de forças de um sistema


original em sistemas mais simples. Os sistemas correspondem congruente-
mente ao sistema original?

a) ( ) Sim, porque é separada a carga lateral e os dois momentos atuantes.


b) ( ) Sim, porque foi eliminada a carga lateral e só foram considerados os
momentos.
c) ( ) Não, porque não podem ser separados os momentos dessa forma
d) ( ) Não, porque só tinha que ser modificado o tipo de apoio para ajustar o
número de equações.

3 Como foi visto, uma carga pode se decompor em um conjunto de novas car-
gas, as quais poderão produzir deformadas e reações, é incluso ter restrições.
Estes sistemas de somatórias (estado primário) são os únicos que darão lugar
ao sistema original. Assinale a alternativa CORRETA sobre essa informação:

a) ( ) Verdadeira, porque o sistema original é produto da somatória dos esta-


dos primeiros.
b) ( ) Falsa, porque sistemas que criam o sistema original podem ser diversos
e não são únicos.

66
c) ( ) Verdadeira, a decomposição do sistema não pode superar mais de três
estados primários.
d) ( ) Falsa, em função do sistema original serão produzidos um ou vários
estados primários, que também podem ser únicos quando se trata de
indeterminação estática de segundo grau.

4 Com base na informação aprendida no Tópico 4, pode se dizer que a análise


aproximada é melhor que uma análise analítica, pois serão conhecidas as dimen-
sões e as forças reais mais rapidamente, mesmo que exista um leve incremento
no valor, porém esse valor poderia ser tomado como um fator de segurança?

5 Os métodos aproximados especificados no texto não são os únicos que exis-


tem. Você poderia listar mais dois métodos aproximados?

67
REFERÊNCIAS
BORGES, M.L.M. Teoria de estruturas II. Centro universitário de Leste de Minas Ge-
rais, UNILESTE, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3zTySsH. Acesso em: 2 jun. 2021.

CAMBA, J. L.; CHACÓN, F.; PEREZ, F. Apuntes de análisis estrutural I. Universi-


dad Nacional Autónoma de Mexico, Facultad de Ingenieria, Distrito Federal, 1982.

CAPRANI, C. Strutural analysis III. Compatibility of displacements and principle of


superposition. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3gTgwk2. Acesso em: 26 maio 2021.

CERVERA, M.; BLANCO, E. Mecânica de estructuras. Libro 2. Método de Anali-


sis. Barcelona: Edicions UPC, 2002.

GERE, J.M.; WEAVER, W. J. R. Análise de estruturas reticuladas. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara, 1987.

HIBBELER, R.C. Analisis estructural. Octava edición. Cidade do México: Pearson, 2012.

KASSIMALI, A. Analisis estructural. Quinta edición. Cidade do México: Cenga-


ge Learning, 2015.

LACORT, A.G. Analisis manual aproximado y exacto de pórticos espaciales me-


diante cargas descompuestas. Información tecnológica vol. 22, 2011. Disponível
em: https://bit.ly/3j9pgnR. Acesso em: 26 maio 2021.

MARTHA, L. F. Métodos básicos da análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ponti-


fícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC, 2002.

MARTHA, L. F. Análise de estruturas. Conceitos e métodos básicos. Rio de Janei-


ro: Elsevier editora Ltda., 2010.

NETO, E. S. A. Estruturas hiperestáticas simétricas. Escola politécnica da USP.


2016. Disponível em: https://bit.ly/3h1GKQf. Acesso em: 26 maio 2021.

ROCHA, A. M. D. Hiperestática plana geral. I vol. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora


Científica, 1964.

SANTOS FILHO, M. L. An approximate method for static, dynamic and stability ana-
lisis for tall buildings. Dissertation. Colorado State University, Colorado, U.S.A. 1990.

SANTOS FILHO, M. L.; SANTOS, V. B. L. Método aproximado para análise está-


tica de edifícios altos. Revista Tecnologia e humanismo, v. 6, n. 9, 1991.

68
SKAF, K. J.; STUCCHI, F. R. Alternativas de representação da protensão, no projeto
de estruturas de concreto. Boletim técnico da Escola Politécnica da USP. Departa-
mento de Engenharia de Estruturas e Fundações, Série BT/PEF/9512, São Paulo, 1995.

UNIVERSIDAD DE CANTABRIA (UNICAN). EP-F-005. Ejercicios de vigas


hiperestáticas. Resistencia de materiales. 2013. Disponível em: https://bit.ly/2U-
z1HKR. Acesso em: 28 maio 2021.

69
70
UNIDADE 2 —

MÉTODOS DE CÁLCULO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o princípio de trabalho virtual que auxilia os métodos de reso-


lução de problemas nas estruturas hiperestáticas;

• aplicar o método das forças e o método dos deslocamentos para solucio-


nar as dúvidas dentro das estruturas hiperestáticas;

• compreender as diferenças entre o método de forças e método de des-


locamentos;

• identificar a conveniência de uso de um método do outro.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

TÓPICO 2 – MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

TÓPICO 3 – MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

71
72
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

1 INTRODUÇÃO

A atuação das forças sobre a estrutura gera diferentes tipos de trabalho


sobre ela mesma, que acabam modificando a sua energia interna ou a energia de
deformação do sistema. Essas magnitudes podem ser relacionadas mediante o
princípio de conservação de energia, que pode oferecer o conhecimento de uma
variável sempre e quando esteja relacionada à equação de balance energético.

Mediante o princípio do trabalho desaparecem essas limitações de equa-


ções, devido ao fato de que, introduzindo uma força virtual ou um deslocamento
virtual, podem ser geradas tantas equações como sejam necessárias para resolver
estática ou cinematicamente a estrutura.

Este princípio baseia-se em outros conceitos da mecânica de estruturas


que serão especificados para compressão do aluno. No final, você será capaz de
determinar o trabalho virtual e a energia de deformação virtual do sistema com-
plementário, estabelecendo equações de balance, a conservação da energia.

2 ESPECIFICAÇÕES DO PRINCÍPIO
Durante a aplicação das equações de equilíbrio, a estrutura carregada por
um sistema de cargas P, permanece rígida enquanto elas atuam, porém, isso não
corresponde à realidade, como temos visto antes, algumas técnicas de análise in-
dicam que a estrutura se pode deformar e que esta deformação deve ser pequena.
Desta forma, o princípio do trabalho virtual (PTV) é introduzido para determinar
deslocamento em qualquer ponto de um corpo deformável, no qual atuam cargas
de diferentes magnitudes em pontos diferentes.

Para determinar os deslocamentos em algum ponto desse corpo, é neces-


sário aplicar os conhecimentos do princípio de conservação da energia, podendo
ser que nesse ponto não existam cargas atuando diretamente, assim o desloca-
mento é desconhecido.

73
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

E
IMPORTANT

O sistema de cargas que deforma sutilmente a estrutura não deforma em ne-


nhum sentido os apoios onde ela repousa, entretanto, se diz que essa deformação superou
o limite elástico do corpo.

2.1 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO E CONSERVAÇÃO


Tomemos por exemplo a seguinte situação, esquematizada na Figura 1.
Tal como indica Sussekind (1980), um objeto m encontra-se em equilíbrio, ou seja,
mesmo submetido a um conjunto de forças , se a resultante delas ( é nula. Ora,
nesse mesmo objeto acontece um deslocamento, , que não acontece pelas forças
previamente atuantes, porém pela ação de um sistema de forças fictício. Pelo anterior,
pode se dizer que esse deslocamento não é real, é um deslocamento virtual.

FIGURA 1 – FORÇAS ATUANTES SOBRE O OBJETO m.

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 23)

O trabalho realizado pelo conjunto de forças , com resultante , que


atuam sobre o objeto m quando ele sofre o deslocamento virtual , além de ser
virtual é nulo. Assim que basicamente: . O princípio d’Alembert per-
mite garantir a conservação do equilíbrio estático e energético afirmando que:
“Para um ponto material em equilíbrio, o trabalho virtual realizado pelos siste-
mas de forças reais em equilíbrio que atua sobre o ponto, quando este sofre um
deslocamento virtual arbitrário qualquer, é nulo” (SUSSEKIND, 1980, p. 1).

É importantíssimo indicar que essa força ou carga virtual , sendo ex-


terna, produzirá internamente uma força ou uma carga virtual interna, pelo que
existe uma relação com o mediante as equações de equilíbrio. Enquanto isso,
no sistema real de cargas, o sistema terá um deslocamento real. Comparativa-

74
TÓPICO 1 — PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

mente, a carga virtual , gera um deslocamento, , proporcional a uma carga


interna u e seu respetivo deslocamento dL (MUÑOZ, 2018). Existindo conserva-
ção da energia, uma única carga virtual unitária, P' = 1, é definido que:

(EQ 2.1)

Os deslocamentos não só aconteceriam de modo linear, senão também de modo


rotacional, associados a um momento fictício M' com magnitude unitária. De modo que,
um momento externo unitário gera um momento interno denominado uθ, supondo que
as cargas reais deformam o objeto uma quantidade dL sobre a rotação interna.

(EQ 2.2)

2.2 CONDIÇÕES DE DEFORMAÇÃO


Consideremos a estrutura da Figura 2, que está submetida ao carregamento
indicado. Sendo um corpo elástico, ela se deformará devido a estas cargas, adquirin-
do uma deformada esquematizada. Realizando um corte ds, existirão deformação
relativas pela ação dos esforços de momento (M), normal (N) e cortante (Q). Cada um
deles gerando deformações denominadas: dφ (rotação relativa de duas seções distan-
tes de ds devido a M), Δ ds (deslocamento axial relativo de duas seções distantes de
ds, devido a N), dh (deslizamento relativo de duas seções distantes de ds, devido a Q).

FIGURA 2 – ESTADO DE DEFORMAÇÃO

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980)

75
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Os valores destas deformações relativas são dados por:

Onde:

E: Módulo de elasticidade longitudinal do material, MPa ou GPa;


G: Módulo de elasticidade transversal, MPa ou GPa;
I: Momento de inercia de seção transversal em relação a seu eixo neutro, Kg/m2
ou cm4;
S: Área de seção transversal, m2;
X: Coeficiente de redução, resultante da distribuição não uniforme das tensões
cisalhantes.

Ora, vamos supor que desejamos o deslocamento do ponto m na direção


Δ (como se observa na Figura 2b), chamando-o de δ. Esse deslocamento como
virtual pela aplicação de uma carga = 1, que causa o mesmo efeito que todas as
cargas em Figura 2a, fará parte da configuração da deformada (virtual) indicada
em Figura 2b idêntica a Figura 2a.

NTE
INTERESSA

Para ter ideia do que significam as condições de deformação, tome um peda-


ço de massinha e tente fazer dela um fio de espessura média. Se intentamos deformá-la em
algum ponto, poderemos pensar que existem várias formas de chegar a deformá-la nesse
mesmo ponto, assim, sob um sistema de cargas específicas, poderíamos atribuir um valor
específico a uma delas que cause o mesmo efeito de deformação.

3 FORMULAÇÃO DO TRABALHO VIRTUAL


Nessa mesma estrutura da Figura 2, sendo o corpo elástico e sob o carre-
gamento especificado, pode-se indicar que, o trabalho virtual das forças exter-
nas é igual ao trabalho virtual das forças internas, para quaisquer deslocamentos
virtuais compatíveis com os vínculos da estrutura. Levando para uma situação
específica, como a representada na Figura 3, uma viga biapoiada, com dois siste-
mas de carga, no primeiro desconhecemos o deslocamento no ponto D2, porém
introduzindo uma carga com valor unitário, justamente onde acontece D2, po-
deremos conhecer seu valor.

76
TÓPICO 1 — PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

FIGURA 3 – CÁLCULO DE DESLOCAMENTO GENÉRICO EM UMA VIGA BIAPOIADA COM DOIS


SISTEMAS DE CARGA

FONTE: Martha (2010, p. 191)

Temos: trabalho virtual das forças externas (cargas e reações): Wext =


(EQ 2.6).

O trabalho das forças internas (Wint) é a somatória dos trabalhos virtuais de


deformação de todos os elementos de comprimento ds ao longo da estrutura (de
comprimento l) e, aplicando princípios de linearidade das deformações, é valido
o princípio da superposição de efeitos. Teremos que, no caso do trabalho interno:

(EQ 2.7)

Onde: , representa o esforço por momento fletor virtual, kN/ m2

, o esforço axial/normal virtual, kN/ m2


, o esforço cortante virtual, kN/ m2

Que pode ser transformado em, segundo as expressões da resistência dos materiais:

(EQ 2.8)

Igualando o trabalho interno e externo, teremos que:

(EQ 2.9)

Nesta última equação se observa a relação do deslocamento produzido


por uma força virtual e os respectivos momentos e características das estruturas.

Observações:

77
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

i. O estado de deformação pode ser provocado por: carregamento exterior, va-


riação de temperatura, movimentos (recalques) de apoios, modificações im-
postas na montagem.
ii. Em estruturas espaciais devem ser considerado o trabalho virtual das forças
internas que geram momento de torção, um esforço de torção ( ), que vale:

(EQ 2.10)

Sendo Ito momento de inércia à torção da seção da peça e T o esforço de


torção real, em unidades ou .

De modo geral, pode-se expressar que o cálculo de deformações em estrutu-


ras devidas ao carregamento exterior atuante é resolvido pela seguinte expressão:

(EQ 2.11)

Entretanto, na prática, em certas estruturas podem ser simplificadas cer-


tas informações, pois não produzem esforços significativos, tal como: in-
clusive, com erro mínimo, o esforço cortante pode ser desprezado.

ATENCAO

O esforço cortante só pode ser desprezado quando na estrutura não existem


vãos curtos ou cargas muito elevadas.

Adicionalmente, neste conteúdo, as estruturas analisadas são bidimensio-


nais, de modo que o esforço de torção será tirado da equação de trabalho. Con-
sequentemente, a expressão fica reduzida, dado que a expressão EI é constante:

(EQ 2.12)

A resolução desta expressão foi simplificada ao uso de tabelas, que asso-


ciam o formato do diagrama de momento M(real) e (virtual). Tal como é ob-
servado na Figura 4, que funciona como um cruzamento do diagrama horizontal
com o diagrama vertical.

78
TÓPICO 1 — PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

FIGURA 4 – TABELA PARCIAL DE INTEGRAL DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS EM UMA ESTRUTURA

FONTE: Martha (2010, p. 192)

Este tipo de tabela é chamado tabela de Kurt Beyer, pode ser encontrada
em vários livros e pela internet. Quando o formato do diagrama de momento não
corresponde à única figura podem ser realizados efeitos de superposição, de modo
que em um único quadro serão escolhidos quatro quadros a serem somados.

4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Considere que se deseja calcular o deslocamento horizontal do apoio da
direita da estrutura desenhada na Figura 5, onde também são mostrados os siste-
mas real e virtual utilizados, e a respectiva configuração da deformada real (onde
o deslocamento desejado Δ está indicado), junto ao diagrama de momentos
. O diagrama de momentos fletores real M está indicado na Figura 6. O material
adotado tem as seguintes características: Aço, com E = 2,05 x 108 kN/m2.

As colunas adaptaram uma seção transversal CS 200x52.3, com área Ac =


6,7 x 10-3m2 e Ic = 4,8 x 10-5 m4, enquanto a seção transversal da viga é VS 300x43.0,
com área Av = 5,5 . 10-3m2 e Iv = 8,8 . 10-5 m2.

79
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 5 – CÁLCULO DE DESLOCAMENTO DEVIDO A UM CARREGAMENTO EXTERNO PELO PFV

FONTE: Martha (2008, p. 85)

FIGURA 6 – TRAÇADO DE DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES DO EXEMPLO

FONTE: Martha (2008, p. 85)

A energia de deformação interna virtual para o cálculo do deslocamento


da estrutura da Figura 4 é composta de duas parcelas, um resultado dos efeitos
axiais e outra dos efeitos de flexão. O cálculo da parcela associada aos efeitos axiais
é mostrado a seguir, sendo que a integral ao longo da estrutura é decomposta em
um somatório de integrais ao longo das três barras:

(EQ 2.13)

Nessa expressão, os esforços normais reais N e virtuais são obtidos


diretamente das reações de apoio indicados na Figura 5 e l é o comprimento de
uma barra. Dessa forma, tem-se:

(EQ 2.14)

O cálculo da parcela de energia de deformação virtual por flexão também


é decomposto em um somatório de integrais computadas em cada barra:

80
TÓPICO 1 — PRINCÍPIO DO TRABALHO VIRTUAL

(EQ 2.15)

O diagrama de momentos fletores real é desmembrado em dois triângu-


los e uma parábola com máximo no centro, e o diagrama de momentos fletores
virtuais é desmembrado em dois triângulos. Com base na Figura 7, essas parcelas
são combinadas em separado para avaliar a integral. Observa-se que os sinais
da integral são positivos quando as parcelas dos diagramas tracionam fibras do
mesmo lado da barra, e são negativos quando tracionam fibras opostas.

FIGURA 7 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES REAL E VIRTUAL PARA A


VIGA DA ESTRUTURA DA FIGURA 4

FONTE: Martha (2008, p. 86)

As parcelas de contribuição para a energia de deformação virtual por


flexão indicadas na anterior são somadas às parcelas de contribuição das colunas,
resultando em:

(EQ 2.16)

Assim, unindo as soluções, pode-se ter:

(EQ 2.17)

81
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

O deslocamento calculado é contrário ao sentido da carga virtual apli-


cada. Observa-se que a contribuição da parcela de energia de deformação devida
ao efeito axial (-1,40 x 10-4m) é muito menor em módulo do que a contribuição da
parcela devida ao efeito de flexão (-2,79 x 10-2m). Isto é usual para pórticos que
trabalham a flexão e, em geral, no cálculo manual a contribuição da energia de
deformação axial é desprezada.

82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• É muito importante compreender a origem do processo de trabalho virtual e


como ele auxilia na resolução de deformações na estrutura hiperestática.

• É necessário identificar os tipos de esforços que influenciam sobre o trabalho


virtual.

• A aplicação de princípios matemáticos e físicos, como a conservação de energia,


permite criar conceitos consolidados para resolver dúvidas nos sistemas mecânicos.

• Existem tabelas que, associando a geometria da estrutura e seu carregamento,


indicam os valores de momentos considerando a inercia e modulo de elasti-
cidade do membro.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

83
AUTOATIVIDADE

1 O emprego do método do trabalho virtual permite utilizar as tabelas de


Kurt Beyer, abreviando os cálculos das integrais matemáticas, que repre-
sentam a área baixo a curva = trabalho. Sobre o valor correspondente à
integração dos seguintes diagrama de momento real e virtual, assinale a
alternativa CORRETA:

FONTE: O autor (2020)

a) ( ) 1791.585.
b) ( ) 191.916.
c) ( ) 1595.685.
d) ( ) 1795.596.

2 (FUNDEP, 2018) O princípio dos trabalhos virtuais (PTV) permite ao en-


genheiro calcular uma única componente de deflexão a cada aplicação do
método. Sobre a aplicação do PTV para cálculo de deflexões em estruturas
isostáticas (vigas, pórticos e treliças), é incorreto afirmar:
FONTE: QCONCUROS.COM. Questões de concursos. Q909594. 2018. Engenharia civil. Ban-
ca FUNDEP. Disponível em: https://bit.ly/3jhunSG. Acesso em: 12 dez. 2020.

a) ( ) Com base no princípio da conservação de energia, o trabalho virtual


presume que as cargas são aplicadas lentamente para que nem energia
cinética nem calorífica sejam produzidas.
b) ( ) Se uma deflexão tem componentes vertical e horizontal, apenas uma
análise em uma dessas direções é necessária para encontrá-la, pois a
deflexão real é a soma vetorial das duas componentes ortogonais.
c) ( ) O PTV é útil no estabelecimento do método da carga unitária, que per-
mite o cálculo de deslocamentos na análise linear de estruturas, recor-
rendo apenas a soluções equilibradas complementadas com as apro-
priadas leis constitutivas.
d) ( ) Para um corpo elástico, que atingiu sua configuração de equilíbrio, o
trabalho virtual total das forças externas que nele atuam é igual ao tra-
balho virtual das forças internas nele atuantes, para todos os desloca-
mentos virtuais arbitrários, compatíveis com os vínculos do corpo, que
lhe sejam impostos.

84
3 O aprendizado do tópico anterior pode ser resumido no seguinte parágra-
fo, que precisa de uma justificativa para fechar o sentido dele.

“As forças virtuais são independentes das condições de apoio, desde que equilibradas,
a estrutura em que se deseja calcular o deslocamento pode ser hiperestática, e o modelo
com a força unitária pode ser isostático, obtido pela...

Sobre a alternativa que constrói o melhor sentido para o parágrafo, assinale a


alternativa CORRETA:

a) ( ) Separação em subsistemas que tiram a hiperestaticidade e posterior


suma das reações individuais.
b) ( ) Retirada dos vínculos superabundantes da estrutura hiperestática e
aplicação de rotulas no seu lugar.
c) ( ) Contagem de reações superabundantes e transformadas em forças uni-
tárias simultaneamente.
d) ( ) Substituição de todo o sistema pelas reações de valor 1 e inclusive os
deslocamentos.

4 Uma das peculiaridades do trabalho virtual é o método da carga unitária,


que usa quantidades imaginárias para serem aplicadas na estrutura. Disser-
te sobre os resultados obtidos com esse método.

5 Existe outro teorema, conhecido como o teorema de Castigliano, que apon-


ta ao princípio de conservação de energia para determinar deslocamento de
algum ponto na estrutura. Disserte sobre em que consiste este teorema e a
que outro teorema anteriormente nomeado tem parecido.

85
86
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA


FLEXIBILIDADE)

1 INTRODUÇÃO

O método das forças, também chamado do método das flexibilidades,


é, basicamente, a superposição de deslocamentos em termos de estruturas es-
taticamente determinadas. As forças e os momentos são as incógnitas que são
determinadas a partir de deslocamentos conhecidos, baseados nas equações de
compatibilidade das deformações, claramente garantem que os deslocamentos
finais sejam compatíveis com as condições de apoio originalmente estabelecidos
na estrutura (CAMBA; CHACON; PEREZ, 1982).

Existe uma constante comparação e operação com sistemas reais e fictícios


assim, como as variáveis de cada: deslocamentos e reações, este fato levará a gerar
X número de equações que relacionam as incógnitas, sendo em ocasiões extensas.
Uma forma de abordar a solução é criando sistemas matriciais, que ajudam a visu-
alizar padrões e distribuem coeficientes de modo sistêmico (SANTOS et al., 2008).

Recomendamos ter muita paciência para associar as equações de momen-


tos segundo o carregamento da estrutura, assim como o formato do diagrama,
além de treinar a sequência que leva o passo a passo dos cálculos matriciais, que
possam ser registrados. No texto são abordados certos critérios para nortear e não
esquecer durante a parte prática.

2 FUNDAMENTOS DO MÉTODO
Freitas e Tiago (2020) apontam que, é aplicado o “artifício” de substituir a
estrutura a ser analisada por uma estrutura isostática, denominada estrutura-ba-
se. Tendo que obrigatoriamente registrar a distribuição de esforços e deformações
idênticas a registrada na estrutura hiperestática, assim, o nível estático e cinemá-
tico é correspondente.

Adicionalmente, Martha (2010) acrescenta que formalmente o método das


forças é representado por uma sequência de identificação e aplicação das con-
dições básicas do problema: primeiro, as condições de equilíbrio, depois, as leis
constitutivas dos materiais e, finalmente, as condições de compatibilidade.

De modo geral, pode-se estabelecer a seguinte sequência de resolução


pelo método:
87
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

i. Definir a estrutura isostática base, selecionar as incógnitas hiperestáticas e li-


berar as correspondentes condições de compatibilidade.
ii. Resolver a estrutura isostática base, em função das incógnitas hiperestáticas à
base de satisfazer as condições de equilíbrio.
iii. Determinar as incógnitas hiperestáticas, à base de impor as necessárias condi-
ções de compatibilidade.
iv. Determinar as reações, esforços e movimentos na estrutura hiperestática original.

No entanto, de maneira específica, é mostrado o seguinte esquema para


determinar que variável abordar inicialmente.

FIGURA 8 – SEQUÊNCIA PARA ANALISAR ESTRUTURAS PELO MÉTODO DA FLEXIBILIDADE

FONTE: <https://bit.ly/2SrhURC>. Acesso em: 16 dez. 2020.

São indicados certos conceitos auxiliares sobre as matrizes que são criadas
pelos coeficientes de flexibilidade, deformações e reações.

3 CONCEITOS AUXILIARES
A flexibilidade nas estruturas por ser entendida como a capacidade de ajus-
tar-se às pressões do entorno, reagindo com facilidade a estados de carregamento e
podendo inclusive ser dúctil (se deformar sem romper) (CAÑAVATE, 2015).

A construção da matriz de flexibilidade, representada como F, correspon-


de às deformações independentes causadas pelo esforço independente unitário,
quando todos os restantes são nulos (FREITAS; TIAGO, 2020).

88
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

Propriedades da matriz de flexibilidade:

i. É uma matriz quadrada: o grau de hiperestaticidade “H” indica que fazem


falta números de equações adicionais, de filas, nas que são relacionadas às
forças redundantes cujos valores devem ser achados. Da forma em que são
colocadas as equações de compatibilidade, terão redundâncias multiplicadas
com seus respetivos coeficientes de flexibilidade.
ii. É uma matriz invertível: para que a matriz seja invertível além de quarada
deve ser uma matriz não singular. Ou seja, o valor da sua determinante deve
ser diferente de zero. Pode ser definida assim:

(EQ 2.18)

Sendo que, A-1 é a matriz inversa de A e I corresponde de ordem n x n.

E
IMPORTANT

Se a matriz de flexibilidade resulta ser uma matriz singular, isso significa que as
forças escolhidas não são redundantes realmente (a estrutura original é instável) e conse-
cutivamente a matriz não corresponde a uma matriz de flexibilidade.

iii. A diagonal principal da matriz é positiva: considerando que na diagonal a car-


ga unitária redundante aplicada vai no mesmo sentido que o deslocamento, a
relação Δ = F x R > 0, considerando que R sempre assume valores positivos para
dar lugar a valores > 0 na diagonal principal da matriz de flexibilidade.
iv. O sistema cumpre a o teorema de reciprocidade, lei de Betti: esta lei apon-
ta que: se um corpo, isento de variações de temperatura e de assentamentos
de apoios, está submetido a duas deformações elásticas independentes, cada
uma produzindo o deslocamento unidade de um ponto, em certa direção, a
força P atuando no primeiro ponto e na primeira direção, capaz de produzir
o deslocamento Δp/Q1 unidade no segundo ponto e na segunda direção, é igual
à força Q1que, atuando no segundo ponto e na segunda direção é capaz de
produzir o deslocamento Δp1 unidade do primeiro ponto na primeira direção
(BARROS, 2004). Tal como a seguinte figura o representa.

89
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DA LEI DE BETTI

FONTE: Malavé e Ojeda (2017, p. 11)

Assim, o trabalho virtual 1 (Wv1), produzido pelas cargas presentes no


sistema 1 (P1, P2 ... Pn), é resultado do produto de cada carga pela respetiva defor-
mação equivalente do sistema 2 ( , . Sendo que para o sistema 1 e 2,
o trabalho total é equivalente.

(EQ 2.19)

(EQ 2.20)

(EQ 2.21)

v. Cumpre a lei de Maxwell: esta lei é um caso particular da Lei de Betti,


estabelecendo o seguinte ditado: o deslocamento de um ponto i, pela ação
de uma carga unitária aplicada num outro ponto j no um sistema, é igual ao
deslocamento do ponto j pela aplicação de uma carga unitária no ponto i do
mesmo. Assim, os coeficientes de flexibilidade fij são iguais a fij, pelo que a matriz
de flexibilidade de um é igual à matriz transposta do outro, ou seja, é simétrica.

FIGURA 10 – ESQUEMA DA LEI DE MAXWELL

FONTE: Adaptado de Malave e Ojeda (2017, p. 12)

90
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

Aplicando a Lei de Betti:

fij x 1 = fji x 1 (EQ 2.22)

fij = fji (EQ 2.23)

Esta propriedade facilita muito a análise das estruturas, assim, não será
necessário efetuar n(n + 1) trabalhos virtuais para conhecer as constantes da equa-
ção de compatibilidade das deformações que dependem da matriz de flexibilida-
de. Será suficiente determinar os termos da matriz com a estrutura que represen-
ta problema original ou primário. Estes termos pertencem à diagonal principal
na matriz de flexibilidade e os que estão por cima da diagonal, assim, poderá ser
resolvido o sistema de equações.

vii. Equações de compatibilidade: as equações de compatibilidade serão obtidas


das relações das deformações. A solução ao problema original, os deslocamen-
tos resultantes, ΔR, virá dos deslocamentos Δ0dados pela relação do trabalho
virtual no sistema primário com os sistemas complementares, e a solução do
problema complementar será feita a partir da associação do trabalho virtual
dos sistemas complementares (em caso de existir mais de um) com o produto
da matriz de flexibilidade (f), com o vetor de cargas desconhecidas (Q).

(EQ 2.24)

Do qual podemos despejar Q

(EQ 2.25)

viii. Efeitos dos assentamentos: um assentamento pode ser analisado como produto
de dois efeitos superpostos, tal como é apresentado na seguinte Figura 11.

FIGURA 11 – SUPERPOSIÇÃO DOS ASSENTAMENTOS

FONTE: Malave e Ojeda (2017, p. 14)

A forma em que são estudados pode ser resumido no seguinte Quadro 1,


que aborda a alienação do assentamento com a redundância do sistema.

91
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

QUADRO 1 – ESQUEMATIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO E A REDUNDÂNCIA

Quando a redundância coincide com o Quando a redundância não coincide


assentamento com o assentamento

Linha de compatibilidade de deforma-


ções (Afeta a matriz de deslocamento Afeta o trabalho virtual
totais)
(EQ 2.26) (EQ 2.27)
FONTE: Adaptado de Malave e Ojeda (2017, p. 15)

Efeitos de gradientes térmicos: um diferencial de temperatura pode levar


dois estados diferentes: esforço de flexão no membro (rotação no mesmo) e esfor-
ço axial (estiramento). Tal como se apresenta na seguinte Figura 12.

FIGURA 12 – ESFORÇOS NOS MEMBROS PELO GRADIENTE TÉRMICO

FONTE: Adaptado de Malave e Ojeda (2017, p. 15)

As respectivas equações que introduzirão esses esforços são:

FLEXÃO: (EQ 2.28)

AXIAL: Nt = Δt0 x at x EA (EQ 2.29)

Onde Δt = ti - ts (EQ 2.30)

(EQ 2.31)

(EQ 2.32)

δt = Δt0 x at x L (EQ 2.33)

92
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

Onde:

Mt, momento fletor por gradiente térmico, T . m ou kN . m


Δt, delta de temperatura, °C
at, coeficiente de dilatação térmica, °C-1
ti, temperatura inicial, °C
ts, temperatura secundaria, °C
L, longitude do elemento, em m
θt, rotação a causa do gradiente térmico, radianos
δt, deslocamento a causa do gradiente térmico, mm

4 EQUAÇÕES DO MÉTODO
O objetivo do método é criar uma estrutura isostática, então, será necessá-
rio eliminar apoios. Em caso de não ser possível, será necessário eliminar víncu-
los internos. Qualquer que seja a decisão, permitirá gerar um sistema principal ou
de base. Daí a importância de identificar o grau de hiperestaticidade.

Tomando o seguinte exemplo, criado por Martha (2010), de uma viga com
multiplex apoios como ilustra a Figura 13a, será necessário eliminar 2 vínculos.
No lugar deles serão colocadas reações, que criam um sistema isostático, porém
são de natureza hiperestática (X1 e X2) (Figura 13b).

FIGURA 13 – VIGA CONTIDA COM TRÊS VÃOS E CARREGAMENTO UNIFORME DISTRIBUÍDO


NO PRIMEIRO VÃO

FONTE: Adaptado de Martha (2010, p. 222)

O detalhe dessa substituição é que no lugar de X1 e X2 os deslocamentos


são nulos. Para continuar a análise, é feita uma superposição de casos utilizando
a estrutura base ou sistema principal (SP). Como a estrutura original é duas vezes
hiperestática, nesta análise, existem três casos básicos, tal como mostrados a seguir.

4.1 ANÁLISE DE CASOS


CASO 0: neste caso, atua a carga externa atua no SP e os valores de X1 e
X2 são nulos (=0). A Figura 14 mostra a configuração deformada do caso (0), onde
os termos de carga δ10 e δ20 estão indicados, e o diagrama de momentos fletores,
M0, para este caso.

93
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 14 – SOLICITAÇÃO EXTERNA ISOLADA NO SP DA FIGURA 13

FONTE: Martha (2010, p. 223)

Aplicaremos que: δ10 corresponde ao deslocamento vertical no ponto do


apoio eliminado associado a X1 provocado pelo carregamento externo no caso 0.
Enquanto δ20 corresponde ao deslocamento vertical no ponto do apoio eliminado
associado a X2 provocado pelo o carregamento externo no caso 0.

CASO (1): teremos uma estrutura do SP sem carregamento e com,


exclusivamente X1 = 1 e X2 = 0, tal como indicado na Figura 15. A configuração
deformada e o diagrama de momentos fletores do caso (1) estão mostrados na
figura, onde os coeficientes de flexibilidade δ11 e δ21 estão indicados. Por definição,
o diagrama de momento de fletores M1 é para X1 = 1.

Os coeficientes de flexibilidade no caso (1) são interpretados fisicamente como:


δ11 correspondente ao deslocamento vertical no ponto do apoio eliminado associado
a X1 provocado por X1 = 1 no caso (1). Enquanto, δ21 correpondente ao deslocamento
vertical no ponto do apoio eliminado associado a X2 provocado por X1 = 1 no caso (1).

FIGURA 15 – HIPERESTÁTICO X1 ISOLADO NA ESTRUTURA ISOSTÁTICA BASE

FONTE: Martha (2010, p. 223)

94
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

CASO (2): neste caso, somente o hiperestático X2 atua na estrutura isos-


tática base, sem a solicitação externa e com X1 = 0. Analogamente ao caso (1),
coloca-se X2 em evidência no caso (2). A configuração deformada e o diagrama
de momentos fletores, M2 (para X2 = 1), do caso (2) estão mostrados na Figura 16,
onde os coeficientes de flexibilidade δ12 e δ22 estão indicados.

FIGURA 16 – HIPERESTÁTICO X2 ISOLADO NA ESTRUTURA

FONTE: Martha (2010, p. 224)

Os coeficientes de flexibilidade no caso (2) são interpretados fisicamente


como: δ12 correspondente ao deslocamento vertical no ponto do apoio eliminado
associado a X1 provocado por X2 = 1 no caso (2). Enquanto, δ22 corresponde ao
deslocamento vertical no ponto do apoio eliminado associado a X2 provocado por
X1 = 1 no caso (2) (MARTHA, 2010).

4.2 RESTABELECENDO AS CONDIÇÕES DE COMPATIBILIDADE


Com base na superposição dos três casos básicos são restabelecidas
as condições de compatibilidade que foram violadas na criação da estrutura
isostática base. O foco agora é reestabelecer as condições impostas pelos apoios
eliminados, isto é, vai se impor que, na superposição, os deslocamentos verticais
finais dos pontos dos apoios são nulos.

(EQ 2.34)

O cálculo dos coeficientes que aparecem neste sistema de equações é


feito com auxílio do Princípio de Forças Virtuais (PFV). O PFV trabalha com um
sistema real de deformação, do qual se quer calcular um deslocamento em algum
ponto, e um sistema de forças virtuais, com uma força aplicada no ponto e na
direção do deslocamento que se quer calcular.

95
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

No presente exemplo da viga contínua com três vãos, para o SP adotado,


os deslocamentos a serem calculados são sempre os deslocamentos verticais nos
pontos dos apoios eliminados para a criação do SP, portanto, os sistemas de
forças virtuais adotados sempre serão forças unitárias aplicadas nestes pontos.
Observa-se que estes sistemas correspondem justamente aos casos (1) e (2) para
os hiperestáticos X1 e X2 com valores unitários. Dessa forma, os sistemas de
deformação real são os casos (0), (1) e (2) e os sistemas de forças virtuais são os
casos (1) e (2) com X1 = 1 e X2 = 1, respectivamente.

Cálculo de δ10:

Para se calcular o termo de carga δ10 é utilizado o PFV, o sistema real


de deformação é o caso (0) e o sistema de forças virtuais é o caso (1) com X1
= 1. Portanto, a expressão para este coeficiente, desprezando deformações por
cisalhamento. O Momento real (M0 ) e o momento virtual (M1).

(EQ 2.35)

A integral acima é calculada para cada trecho da viga:

(EQ 2.36)

Esta integral é calculada com base na seção anterior para a combinação


de diagramas de momentos fletores. Para tanto, os diagramas em cada trecho
da viga são decompostos em parcelas retangulares (que não existem neste caso),
triangulares e parabólicas simples, tal como indica a Figura 17.

A seguir são mostradas as expressões das combinações das parcelas dos


diagramas. Em cada trecho, cada parcela no caso (1) é combinada com as outras
parcelas no caso (0). Observa-se que os momentos fletores no caso (0) tracionam
as fibras inferiores e no caso (1) tracionam as fibras superiores. Portanto, os si-
nais das integrais são negativos. O valor final para δ10 é mostrado em função de l
(comprimento de um trecho), q (taxa de carregamento distribuído) e EI (rigidez à
flexão da viga). Isso resulta em:

(EQ 2.37)

(EQ 2.38)

(EQ 2.39)

96
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

O valor final de δ10 é: (EQ 2.40)

FIGURA 17 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES PARA O CÁLCULO DO


TERMO DE CARGA δ10

FONTE: Martha (2010, p. 225)

Cálculo de δ20:

Este cálculo é análogo ao cálculo do termo de carga δ10. Para calcular δ20
pelo PFV, o sistema de deformação real é o caso (0) e o sistema de forças virtuais
é o caso (2) com X2 = 1, resultando em:

(EQ 2.41)

Esta integral é calculada com base na combinação dos diagramas de mo-


mentos fletores em cada trecho da viga, tal como mostrado na Figura 18.

As expressões para as integrais para cada trecho e o resultado final para


δ20 estão mostrados a seguir. Assim, como para δ10, os sinais são negativos, pois os
momentos fletores dos casos (0) e (2) tracionam fibras opostas:

(EQ 2.42)

(EQ 2.43)

(EQ 2.44)

97
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Que resulta em: (EQ 2.45)

FIGURA 18 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES PARA O CÁLCULO DO


TERMO DE CARGA δ20

FONTE: Martha (2010, p. 226)

Cálculo de δ11:

Para calcular o coeficiente de flexibilidade δ11 pelo PFV, o sistema real de


deformação e o sistema de forças virtuais coincidem: são o caso (1) com X1 = 1.
Dessa forma,

(EQ 2.46)

Esta expressão demonstra que o sinal de δ11 é positivo. A combinação dos


diagramas de momentos fletores estão mostradas na Figura 19 e as expressões para
as integrais em cada trecho para o cálculo deste coeficiente são mostradas a seguir:

(EQ 2.47)

(EQ 2.48)

(EQ 2.49)

(EQ 2.50)

98
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

Que dá lugar a: (EQ 2.50)

FIGURA 19 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES PARA O CÁLCULO DO


TERMO DE CARGA δ11 RELATIVO AO SP

FONTE: Martha (2010, p. 227)

Cálculo de δ21 e δ12:

No cálculo do coeficiente de flexibilidade δ21 pelo PFV, o sistema real de


deformação é o caso (1) com X1 = 1 e o sistema de forças virtuais é o caso (2) com
X2 = 1. Para o cálculo do coeficiente de flexibilidade δ12, os papéis dos casos (1) e
(2) se invertem: o sistema de deformação real é o caso (2) com X2 = 1 e o sistema
de forças virtuais é o caso (1) com X1 = 1. Isso resulta em:

(EQ 2.51)

(EQ 2.52)

Estas expressões demonstram que δ12 e δ21 são iguais, onde (δij = δji) sendo
i e j índices de hiperestáticos. A Figura 20 mostra a combinação dos diagramas
de momentos fletores: as expressões para as integrais em cada trecho e o cálculo
final destes coeficientes são mostrados abaixo. Observa-se que estes coeficientes
são positivos pois os momentos fletores dos casos (1) e (2) tracionam fibras do
mesmo lado (neste exemplo são as fibras superiores):

(EQ 2.53)

(EQ 2.54)

99
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

(EQ 2.55)

O que resulta em:

(EQ 2.56)

FIGURA 20 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES PARA O CÁLCULO


DOS COEFICIENTES DE FLEXIBILIDADE δ12 E δ21 RELATIVO AO SP

FONTE: Martha (2010, p. 228)

Cálculo de δ22:

Assim como para δ11, no cálculo do coeficiente de flexibilidade δ22 pelo


PFV, o sistema real de deformação e o sistema de forças virtuais se identificam.
Para δ22, os dois sistemas são o caso (2) com X2 = 1. Isto resulta em:

(EQ 2.57)

Como mencionado, observa-se que o sinal de δ22 é positivo. O cálculo des-


te coeficiente é feito através das integrais mostradas abaixo que resultam da com-
binação dos diagramas de momentos fletores mostrada na Figura 21.

(EQ 2.58)

(EQ 2.59)

100
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

(EQ 2.60)

Isso resulta em: (EQ 2.61)

FIGURA 21 – COMBINAÇÃO DE DIAGRAMAS DE MOMENTOS FLETORES PARA O CÁLCULO


DOS COEFICIENTES DE FLEXIBILIDADE δ12 RELATIVO AO SP

FONTE: Martha (2010, p. 228)

NOTA

A compressão dos cálculos das deformações pode ser associada visualmente


com o antes e o depois da substituição da reação que é realizada, saberemos que uma de-
formação esta influenciada por todas as situações (de momento) que estão sendo aplica-
das na estrutura, assim, praticamente é necessário conhecer os valores de momento antes
e depois da substituição do apoio. Por exemplo, imagine, uma viga construída com vários
apoios, se você tirar um deles deformações aconteceram a lado e lado do apoio tirado.
Avaliar essa magnitude se faz importante para não causar estragos no membro estrutural.

101
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

4.3 SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES DE


COMPATIBILIDADE
Com base nas expressões dos termos de carga e dos coeficientes de flexi-
bilidade encontrados anteriormente, pode-se montar o sistema de equações de
compatibilidade final do Método das Forças para este exemplo:

(EQ 2.62)

(EQ 2.63)

A partir da solução deste sistema de equações, determinam-se os valores


dos hiperestáticos X1 e X2 em função de l (comprimento de um vão da viga) e q
(taxa de carregamento distribuído):

(EQ 2.64)

Observa-se que estes valores são independentes do parâmetro El (rigidez


à flexão da viga), que foi eliminado na solução do sistema de equações acima.

DICAS

A forma em que são distribuídas as deformações e as reações indica a sua relação


causa-efeito, exemplificado da seguinte maneira: as deformações 1 e 2 são produzidas pela ausên-
cia/presencia da reação 1, ao igual que a presença/ausência da reação 2 causa deformações 1 e 2.

4.4 REAÇÕES E DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES


FINAIS
Para finalizar a solução da viga contínua com três vãos, resta determinar o diagra-
ma de momentos fletores finais. Este diagrama pode ser determinado de duas maneiras:

• Calcula-se o Sistema Principal com o carregamento aplicado simultaneamen-


te aos hiperestáticos X1 e X2 com os valores corretos encontrados;
• Utiliza-se a própria superposição de casos básicos para a obtenção dos mo-
mentos fletores finais: M = M0 + M1 x X1 + M2 x X2.

102
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

A segunda opção é em geral utilizada, pois os diagramas de momentos


fletores dos casos básicos já estão disponíveis (foram necessários para o cálculo
dos termos de carga e dos coeficientes de flexibilidade). A Figura 22 mostra as
reações nos apoios e os momentos fletores finais para esta estrutura.

FIGURA 22 – REAÇÕES DE APOIO E DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES FINAIS DA ESTRUTURA

FONTE: Martha (2010, p. 229)

5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1

Determinaremos o diagrama de momento da seguinte estrutura na Fi-


gura 23, utilizando o método das forças. Os efeitos de cargas axiais e cortantes
são desconsiderados.

Os dados do sistema estrutural:

E = 2x107 T/m2 h = 0.14 I = 870 cm4 at = 1x10-5 °C-1

NTE
INTERESSA

Com a realização deste exemplo, você conseguirá abordar todas as condi-


ções possíveis atuando na estrutura. Então, não tenha medo de calcular pela configura-
ção geometria que a estrutura representa.

103
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 23 – ESTRUTURA CARREGADA

FONTE: Malavé e Ojeda (2017, p. 19)

SOLUÇÃO:

O primeiro passo é determinar o grau de hiperestaticidade, considerando


a fórmula mostrada na unidade anterior:

H = 3(1) - 6 = - 3, pelo tanto, a nosso grau de hiperestaticidade nos pede


realizar três substituições

DICAS

Na resolução de sistemas hiperestáticos pode ser conveniente substituir pon-


tos onde acontecem reações de momento fletor, quando existir restrições de giro, desta
forma ao ser determinados são colocados diretamente no diagrama de momento.

104
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

A seguir são apresentadas três opções para reduzir as redundâncias do


sistema e transformá-las em reações ou aplicar rótulas.

FIGURA 24 – OPÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO DE REDUNDÂNCIAS DO SISTEMA ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 20)

A opção B será desenvolvida como exemplo: Serão construídas todas as


equações possíveis e depois correlacionadas para permitir identificar. Primero
será resolvido o sistema inicial aplicando uma articulação.

Do sistema principal, introduzindo a articulação teremos que:

(EQ 2.65)

(EQ 2.66)

Fazendo um equilibro de momentos, no ponto C, em cada um dos mem-


bros, identificamos três seções.

∑MCD = 0 (EQ 2.67), ausência de cargas, é conservado o equilíbrio, assim Dx = 0

Então: Ax = -7

∑MCE = 0 → 10(2) - Ey (4) = 0 (EQ 2.68)

Somatória de momentos em A, do sistema, correspondem à somatória de


todas as cargas existentes, que são multiplicadas pela respectiva distância per-
pendicular ao ponto A. Considerando a regra da mão direita, teremos que:

105
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

(EQ 2.69)

→ MA - 10.5 - 5 - 8 - 20 = 0 (EQ 2.70)

→ MA = 43.5 (EQ 2.71)

Assim também, podemos determinar que:

→ - 4 - 10 + Ay + 5 = 0 (EQ 2.71)

→ - 9 - Ay = 0

→ Ay = 9

Estes resultados são mostrados na seguinte Figura 25.

FIGURA 25 – REAÇÕES DO SISTEMA COM A ARTICULAÇÃO INTRODUZIDA

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 20)

O respectivo gráfico de momento pode ser criado tomando os valores dos


extremos ou aplicando as fórmulas de momentos segundo o tipo de carregamento
(Figura 26).

106
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

FIGURA 26 – DIAGRAMA DE MOMENTO PARA O SISTEMA COM ARTICULAÇÃO INTRODUZIDA

FONTE: Malavé e Ojeda (2017, p. 21)

Para desenvolver as incógnitas ou redundâncias do sistema B, teremos


que considerar um a um os sistemas atuando, exclusivamente, com a carga X1, X2
e X3, de modo unitário. Assim, X1 tomará o valor de 1. Adicionalmente será apli-
cado o momento fletor, como indica a equação EQ 2.19 gerado por temperatura
nas seções que, frente à dilatação não podem ter deslocamento, correspondentes
a AB e BC (são rígidas). Esse momento tem o seguinte valor:

T.m

Aplicando as equações de equilíbrio, teremos que:

∑Fy = 0 → Ay + Ey = 0, (EQ 2.72)

tendo ausência de carga, teremos que:

∑Fy = 0 → Ay = - Ey (EQ 2.73)

∑Fx = 0 → Ax + Dx = 0 (EQ 2.74)

∑MCE = 0 (EQ 2.75), ausência de cargas, é conservado o equilíbrio, assim Ey = 0

∑MCD = 0 → Dx(3) + 1 = 0 (EQ 2.76)

Assim Dx = - 0.33 T e Ax = 0.33 T

∑MAC = 0 → MA - (- 0.33) (8) - 1 = 0 (EQ 2.77)

então MA = - 1.65 T . m

Podem ser especificadas as reações e construído o diagrama de momentos,


tal como a Figura 27 indica.

107
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 27 – REAÇÕES CALCULADAS E DIAGRAMA DE MOMENTO RESPETIVO POR AÇÃO


EXCLUSIVA DE X1

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 21)

Para o seguinte sistema, o valor de X2 = 1, serão novamente aplicadas as


condições de equilíbrio para determinar os valores das reações:

∑Fy = 0 → Ay + Ey = 0 (EQ 2.78), tendo ausência de carga, teremos que:

∑Fy = 0 → Ay = - Ey (EQ 2.79)

∑Fx = 0 → Ax - Dx= 0 (EQ 2.80)

Observa-se que o sentido de X2 na seção CD é contrário a X1, com o mes-


mo valor, deste modo, pode se afirmar que o valor da reação Dx será igual que no
primeiro sistema complementar pero de sentido contrário. Ou seja, Dx = 0.33 T,
pelo anterior Ax = - 0.33 T.

∑MCE = 0 → Ey (4) + 1 = 0 (EQ 2.81),

então Ey = - 0.25 T, assim, Ay = 0.25 T

∑MAC = 0 → MA - (0.33)(8) + 1 - 1 = 0 (EQ 2.82),

então MA = 2.65 T . m

Novamente poderemos construir o gráfico de momentos, tal como se


observa na Figura 28.

108
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

FIGURA 28 – REAÇÕES CALCULADAS E DIAGRAMA DE MOMENTO RESPETIVO POR AÇÃO


EXCLUSIVA DE X2

FONTE: Malavé e Ojeda (2017, p. 22)

Finalmente, para o sistema complementar 3 teremos que, a atuação do


momento unitário na seção CE causa o mesmo valor na reação Ey, com o mesmo
sentido. De modo que, Ay terá o mesmo valor de 0.25 T.

Para o caso do valor do momento MA, este corresponderá ao mesmo valor


de X3 com sentido contrário para dar equilíbrio ao sistema. A representação do
sistema é ilustrada na Figura 29.

FIGURA 29 – REAÇÕES CALCULADAS E DIAGRAMA DE MOMENTO RESPETIVO POR AÇÃO


EXCLUSIVA DE X3

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 22)

109
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Passamos a construir o sistema de equações, onde o deslocamento total do


sistema (θnr), é resultado da somatória das rotações pelos momentos unitários 1, 2
e 3, efeito de temperatura e assentamento na estrutura toda. Sendo que este deve
ser nulo. A convenção indica que:

θ10 é o deslocamento produzido pelas condições de momento no sistema principal


e os momentos do sistema virtual onde atua X1.
θ20 é o deslocamento produzido pelas condições de momento no sistema principal
e os momentos do sistema virtual onde atua X2.
θ30 é o deslocamento produzido pelas condições de momento no sistema principal
e os momentos do sistema virtual onde atua X3.
F11 corresponde ao coeficiente de flexibilidade do sistema sob as condições do
sistema virtual X1 repetidamente.
F12 corresponde ao coeficiente de flexibilidade do sistema sob as condições do
sistema virtual X1 e o sistema virtual X2.
F13 corresponde ao coeficiente de flexibilidade do sistema sob as condições do
sistema virtual X1 e o sistema virtual X3. E assim sucessivamente, podendo
construir as equações de compatibilidade assim:

θ1r = θ10 + F11 X1 + F12 X2 + F13 X3 (EQ 2.83)

θ2r = θ20 + F12 X1 + F22 X2 + F23 X3 (EQ 2.84)

θ3r = θ30 + F31 X1 + F32 X2 + F33 X3 (EQ 2.85)

E
IMPORTANT

A ausência de momento atuando sobre algum membro descarta a possibi-


lidade de usá-lo na somatória de deslocamentos, pois deve ser um efeito conjunto de
momentos atuantes para ser calculado o deslocamento.

No seguinte passo, obteremos os deslocamentos do problema original e


os coeficientes de flexibilidade utilizando o PTV:

Calculamos o primeiro deslocamento, θ10:

Wext = θ10 x 1 - (0.05)(0.33) = θ10 - 0.017 (EQ 2.86)

Como Wext = Wint (EQ 2.87)

O cálculo do Wint é determinado e aplica as integrais de momento, que são


obtidas das tabelas Kurt Beyer. A Figura 30 mostra esses cálculos.

110
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

FIGURA 30 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint)


ASSOCIADO AO SISTEMA PRINCIPAL E AO SISTEMA VIRTUAL DE X1

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 23)

Wint = 2.33 Tm

Assim, teremos que:

θ10 - 0.017 = - 2.33 (EQ 2.88)

Calculamos que, θ10 = - 2.31 m

Da mesma forma são feitos os cálculos para θ20:

Wext = θ20 x 1 + (0.05)(0.33) - (0.33)(0.25) = θ20 + 0.009 (EQ 2.89)

A Figura 31 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X2.

FIGURA 31 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint)

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 23)

111
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Wint = 2.71 Tm, assim aplicando EQ 2.87

θ20 + 0.009 = 2.71 (EQ 2.90)

Assim, θ20 = 2.71 m

Para o caso de θ30 teremos que:

Wext = θ30 x 1 - (0.03)(0.25) = θ30 - 0.0075 (EQ 2.91)

A Figura 32 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X3.

FIGURA 32 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint)

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.84 Tm, assim aplicando EQ 2.87

θ20 - 0.0075 = - 0.84 (EQ 2.92)

Assim, θ20 = - 0.84 m

Na continuação, são determinados os valores dos coeficientes de flexibilidade

F11:

Wext = F11 x 1 (EQ 2.93)

A Figura 33 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X1 com ele mesmo.

112
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

FIGURA 33 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint) PARA F11

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.18 Tm, aplicando EQ 2.87

F11 = 0.18

F12:

Wext = F12 x 1 (EQ 2.94)

A Figura 34 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X1 e X2.

FIGURA 34 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint) PARA F12

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.19 Tm, aplicando EQ 2.87

F12 = - 0.19, lembrando que F12 = F21, então,

F13:

Wext = F13 x 1 (EQ 2.95)

A Figura 34 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X1 e X2.

113
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 35 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint) PARA F13

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.07 Tm, aplicando EQ 2.87

lembrando que F13 = F31, então,

F23:

Wext = F23 x 1 (EQ 2.96)

A Figura 36 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual do sistema de X2 e X3.

FIGURA 36 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO (Wint)PARA F23

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.06 Tm, aplicando EQ 2.87

F23 = - 0.06, lembrando que F23 = F32, então,

F33:

Wext = F33 x 1 (EQ 2.97)

114
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

A Figura 37 mostra os cálculos de associar o sistema principal com o


sistema gerado pelo trabalho virtual interno do sistema X3 e ele mesmo.

FIGURA 37 – DETERMINAÇÃO DE CURVAS PARA CÁLCULO DO TRABALHO INTERNO( WINT) PARA F33

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

Wint = - 0.06 Tm, aplicando EQ 2.87

F23 = 0.06

Todos estes coeficientes de flexibilidade e os deslocamentos permitem-


nos construir as equações da seguinte forma:

0 = - 2.31 + 0.18 X1 - 0.19 X2 + 0.07 X3 (EQ 2.98)

0 = 2.71 - 0.19 X1 + 0.25 X2 + 0.06 X3 (EQ 2.99)

0 = - 2.84 + 0.07 X1 - 0.06 X2 + 0.06 X3 (EQ 2.100)

Identificada a matriz de flexibilidade como:

(EQ 2.101)

Que tem como resultado:

X1 = 6.89 T . m, X2 = 5.44 T . m, X3 = 0.53 T . m

Estes valores corresponderiam às redundantes do sistema, que devem ser


introduzidas para determinar o diagrama de momento real.

∑ Fy = 0 → Ay + Ey - 4 - 10 = 0 (EQ 2.101), tendo ausência de carga, teremos que:

∑ Fy = 0 → Ay = 14 - Ey (EQ 2.102)

∑ Fx = 0 → Ax + Dx + 7 = 0 (EQ. 2.103)

∑ MCD = 0 → 5.44 + 6.89 + Dx (3) = 0 (EQ. 2.104),

então Dx = - 4.11 T, assim Ax = - 2.89 T

∑ MCE = 0 → 4.91 + 10 (2) - Ey (4) = 0 (EQ. 2.105),

então C = 6.23 T, assim Ay = - 7.77 T

115
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

∑ MAC = 0 → 1 (4)(2) + 1 (7)(1.5) - 4.11 (8) + 10(2) + 5 + 5.44 + 6.89 - 0.53 - 4.911 -
MA = 0 (EQ. 2.106),
assim, MA = - 17.51 T . m

O gráfico de reações finais e do diagrama de momento são observados na


Figura 38 e Figura 39.

FIGURA 38 – VALORES DAS REAÇÕES DO SISTEMA TOTAL

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

FIGURA 39 – DIAGRAMA FINAL DE MOMENTO PARA O SISTEMA ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Malavé e Ojeda (2017, p. 24)

116
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2

Obter os diagramas solicitantes e as reações de apoio para a estrutura


da Figura 40, devido a cada carregamento indicado, diminuição de temperatura
(30 °C) e recalque no ponto A, conforme indica a parte b da mesma Figura 40.
Considerando os seguintes dados: EJc = 104 T . m2 e a = 10-5/ °C.

FIGURA 40 – SISTEMA ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 113)

Solução:

i. Sistema principal e hiperestáticos:


Tratando-se de uma estrutura duas vezes hiperestática, devem-se romper dois
vínculos, a fim de obter seu sistema principal isostático. Aplicado rotulas nos nós
C e D da estrutura hiperestática dada e transmitindo os momentos fletores atuan-
tes em C e D, nossos hiperestáticos X1 e X2 serão os indicados na Figura 41, preser-
vando a compatibilidade estática da estrutura dada com seu sistema principal.

FIGURA 41 – SISTEMA APLICANDO RÓTULAS

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 114)

117
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

ii. Diagramas no sistema principal:


Aplicando no sistema principal, respectivamente, o carregamento externo e
cada um dos hiperestáticos, tomados iguais a 1, obtemos a Figura 42.

FIGURA 42 – DIAGRAMAS DO SISTEMA

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 114)

iii. Cálculo dos EJcδ:


Se tratando de um quadro, consideraremos apenas seu trabalho à flexão, obtendo:

(EQ 2.107)

(EQ 2.108)

(EQ 2.109)

(EQ 2.110)

(EQ 2.111)

iv. Equações de compatibilidade*

(EQ 2.112)

118
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

ATENCAO

Deveríamos escrever {X} = - { EJc δ]-1{EJc δ0}, já que não estamos trabalhando
como os δ verdadeiros, mas, sim, com seus valores multiplicados por EJc. Como agiremos
sempre desta forma, para não complicar a notação, escreveremos simplesmente: {X} =
-[δ]-1{δ0}, embora estejamos usando os EJc δ0.

v. Hiperestáticos, obteremos:

(EQ 2.113)

vi. Diagramas solicitantes e reações

Temos E = E0 + 3,27 E1 + 4,09E2 (EQ 2.114),

Obtendo os diagramas solicitantes e as reações de apoio indicados nas


Figura 43, Figura 44 e Figura 45.

FIGURA 43 – TRANSIÇÃO DOS MOMENTOS NA ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 115)

119
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 44 – REAÇÕES DO TIPO Q

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 116)

FIGURA 45 – REAÇÕES DO TIPO N

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p. 116)

a) Influência da temperatura
Basta substituirmos o vetor [δ0] pelo vetor [δT]. Obtemos, então:

(EQ 2.115)

Os novos hiperestáticos, devido à variação de temperatura, são:

(EQ 2.116)

Os esforços devidos à variação de temperatura serão, pois: Etemp = - 0,55E1


- 2,18E2, (EQ 2.117) estando os diagramas solicitantes indicados nas Figura 46,
Figura 47 e Figura 48.

120
TÓPICO 2 — MÉTODO DAS FORÇAS (MÉTODO DA FLEXIBILIDADE)

FIGURA 46 – DIAGRAMA DE MOMENTO DA ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

FIGURA 47 – REAÇÃO DO TIPO Q POR AÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

FIGURA 48 – REAÇÕES DO TIPO N POR AÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

c) Recalques de apoio
Basta substituirmos o vetor [δ0] pelo [δT] no caso, vem:

(EQ 2.118)

Os hiperestáticos devidos ao recalque são, então:

(EQ 2.119)

121
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

A partir da expressão Erec = - 7,3 E1 - 22,4 E2 (EQ 2.120), obtemos os diagra-


mas solicitantes indicados nas Figura 49, Figura 50 e Figura 51.

FIGURA 49 – DIAGRAMA DE MOMENTOS PRODUZIDOS PELO RECALQUE

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

FIGURA 50 – DIAGRAMA DE REAÇÃO TIPO Q PRODUZIDOS PELO RECALQUE

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

FIGURA 51 – DIAGRAMA DE REAÇÃO TIPO N PRODUZIDOS PELO RECALQUE

FONTE: Adaptado de Sussekind (1980, p.117)

122
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O significado da flexibilidade numa estrutura significa, a possibilidade de


que os deslocamentos aconteçam, porém estes têm limitações de deformação.

• Certas propriedades matriciais facilitam a construção da matriz de flexibilidade,


junto a teoremas energéticos que apontam que o sistema conserva sua energia.

• Aplicar o método de forças na sequência correta de identificar os deslocamentos


e redundâncias permite resolver as incógnitas de uma estrutura hiperestática.

• O sistema de equações pode se tornar uma matriz simples que permite asso-
ciar coeficientes às reações da estrutura.

123
AUTOATIVIDADE

1 A seguir, listamos algumas proposições acerca dos temas abordados no tó-


pico. Sobre o exposto, associe os itens, utilizando o código a seguir:

A. Lei de Betti, reduz a quantidade de


I- O método das forças deve respeitar
cálculo necessários a fazer no Mé-
as condições de equilíbrio.
todo das Forças.
II- O método das forças deve respeitar B. Ausente rompimento de vários
as condições de compatibilidade. segmentos da peça estrutural.

C. As deformações permanecem dentro


III- O teorema de Maxwell garante que
do limite da região elástica no diagra-
dij = dji.
ma tensão versus deformação.

IV- Material da estrutura tem com- D. Reações de apoio e, forças externas


portamento elástico e linear. obedecendo condições da estática.
V- O MF consiste em substituir a es- E. Remoção de certas restrições, por
trutura isostática por uma estrutu- exemplo, reações de apoio.
ra isostática fundamental.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I-C – II-E – III-D – IV-A – V-B.


b) ( ) I-D – II-B – III-A – IV-C – V-E.
c) ( ) I-B – II-A – III-D – IV-C – V-E.
d) ( ) I-E – II-D – III-C – IV-B – V-A.

2 Outra forma de levar a estrutura estaticamente indeterminada a um estado


de determinação é introduzindo rótulas no sistema onde uma reação de
apoio tem lugar, a rótula permitirá que o momento nesse ponto seja nulo,
como é representado na seguinte figura. Sobre duas proposições nessas
condições, assinale a alternativa CORRETA:

FONTE: O autor (2020)

124
a) ( ) A existência de um momento antes e depois do apoio não podem ter a
mesma valoração pois existe uma porção de estrutura entre eles.
b) ( ) Em estas condições são produzidas rotações relativas entorno ao apoio
que devem ser analisadas de modo individual e separado, como nos casos
de substituição de reação unitária.
c) ( ) Será demonstrado que os momentos reais calculados terão magnitude
zero, pois, esses apoios com rotula não podem ter rotação.
d) ( ) A rotação no ponto de apoio é zero porque pela natureza do apoio e
sem falta de especificação de assentamento não pode acontecer um va-
lor diferente a este.

3 Nos seguintes itens são feitas colocações básicas que permitem dar um re-
sumo do foco do método das forças e as especificações das variáveis que in-
teragem nele. Sobre o exposto, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Objetivo do Método.
II- Variáveis.
III- Número de variáveis.
IV- Em que o sistema é transformado.
V- Termos de carga das equações finais.
VI- Coeficientes das equações finais.

( ) Coeficientes de flexibilidade: deslocamentos e rotações nos pontos dos


vínculos liberados no SP provocados por hiperestáticos com valores uni-
tários atuando isoladamente.
( ) Associados ao número do grau de hiperestaticidade.
( ) Estrutura estaticamente determinada, obtida pela eliminação de dos vín-
culos excedentes.
( ) Determinar, dentro do conjunto de soluções em forças que satisfazem as
condições de equilíbrio, qual das soluções faz com que as condições de
compatibilidade também sejam satisfeitas.
( ) Forças e momentos.
( ) Deslocamentos e rotações nos pontos dos vínculos liberados no SP pro-
vocados pela solicitação externa (carregamento).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) VI – III – IV – I – II – V.
b) ( ) V – I – II – III – IV – VI.
c) ( ) I – III – V – VI – II – IV.
d) ( ) II – I – III – V – IV – VI.

4 Considerando o método ensinado neste tópico, aplique os conceitos para


obter o diagrama de momentos fletores para a seguinte estrutura, que tem
EJ = 104 tm2, devido aos recalques indicados.

125
FONTE: O autor (2020)

5 Neste tópico foi introduzido o conceito de coeficiente de flexibilidade, que


poderia ser comparado com coeficiente de dilatação térmica. O que poderia
ser dito sobre a interpretação física dos coeficientes de flexibilidade?

126
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO


DA RIGIDEZ)

1 INTRODUÇÃO
O método dos deslocamentos tem como ideia básica determinar, dentro do
conjunto de soluções em deslocamentos que satisfazem as condições de compatibili-
dade, qual solução faz com que as condições de equilíbrio também sejam satisfeitas.

Observa-se que o método dos deslocamentos aborda a solução de estrutu-


ras de maneira inversa ao que é feito no método das forças. Por isso, esses métodos
são considerados duais. Na formalização do método dos deslocamentos, a sequên-
cia de introdução das condições básicas também é inversa: primeiro são utilizadas
as condições de compatibilidade, em seguida são consideradas as leis constitutivas
dos materiais e, finalmente, são utilizadas as condições de equilíbrio.

Mediante a aplicação de deslocamentos virtuais, são gerados estados virtu-


ais de deslocamentos que levam, cada um deles, a uma equação de balance energé-
tico na que é igualado o trabalho virtual gerado pelas forças exteriores reais ao des-
locar-se virtualmente com a energia de deformação virtual armazenada (BASSET
SALOM, 2003). Estes estados virtuais são gerados aplicando sobre a estrutura real
um conjunto de deslocamentos virtuais que devem cumprir os seguintes requisitos:

Os deslocamentos virtuais devem reunir as seguintes características:

• Ser arbitrários, ou seja, independentes da configuração de deslocamentos real


assim como da linha de ação das forças exteriores.
• Ser compatíveis (cinematicamente admissíveis), é dizer, cumprir as condições
de compatibilidade.
• Ser pequenos, ou seja, cumprir a hipótese de pequenos movimentos.

2 FUNDAMENTOS DO MÉTODO
Baseados nas diretrizes do laboratório de estrutura da Universidade de
Coimbra, podemos resumir que o procedimento do método é o seguinte:
a) Numa primeira fase determina-se o grau de indeterminação cine-
mática e escolhe-se um sistema de coordenadas de modo a poder-
-se identificar a posição e a direção dos deslocamentos dos nós. Em
seguida são introduzidas forças de restrição (em número igual ao

127
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

grau de indeterminação cinemática) que impedem os deslocamen-


tos dos nós (as forças são do mesmo tipo, sentido e direção dos
deslocamentos impedidos).
b) Depois determinam-se as forças de restrição somando as forças de fi-
xação dos extremos das barras convergentes nos nós (um a um). Tais
forças devem impedir os deslocamentos para qualquer tipo de ação
externa quer sejam cargas, variações de temperatura, pré-esforços etc.).
Estas ações podem ser consideradas separadamente ou em conjunto.
Se na estrutura que vai ser analisada existe algum deslocamento
prescrito, por exemplo, um assentamento de apoio, as forças de res-
trição correspondentes ao impedimento deste(s) deslocamento(s)
devem ser considerados nesta etapa.
Determina-se ainda nesta fase os esforços internos nas barras correspon-
dentes as forças de restrição (nos impedidos de movimentarem-se).
c) A estrutura é considerada deformada, de tal modo que numa das
coordenadas generalizadas o deslocamento seja unitário e nulo em
todas as outras. As forças necessárias para levar a estrutura a esta
configuração são então calculadas sendo o procedimento repetido
para cada uma das restantes coordenadas as generalizadas (restri-
ções impostas inicialmente).
d) Os deslocamentos necessários para eliminar as forças de restrição (ob-
tida em b) são determinados aplicando a sobreposição dos efeitos para
os diversos deslocamentos impostos e igualando às forças de restrição.
e) Os esforços na estrutura original são obtidos adicionando aos es-
forços na estrutura restringida os esforços originados pelos deslo-
camentos determinados no item anterior (LABEST, 2000, p. 2).

3 EQUAÇÕES DO MÉTODO
As equações de equilíbrio e suas incógnitas são os movimentos indepen-
dente dos nós, que são as incógnitas cinemáticas principais. O número de estados
virtuais e pelo tanto o número de equações deverá coincidir precisamente com o
número de movimentos independentes.

A matriz de rigidez é uma matriz de transformação linear: transforma o


vetor dos deslocamentos no vetor das ações. Esta é inversa à matriz de flexibili-
dade. Lembrando que cada um dos componentes obedece a uma relação entre
uma força, numa coordenada específica, produto de um deslocamento na mesma
coordenada ou próximo (ARAGÃO FILHO, 2001).

3.1 CONDIÇÕES A SER APLICADAS NO MÉTODO


Calcavanti (2006) realiza uma abordagem generalizada do método me-
diante as análises da seguinte viga, representada na Figura 52. Uma estrutura na
qual deve ser determinado o grau de indeterminação cinemática (os deslocamen-
tos desconhecidos). Desprezando deslocamentos axiais. Assim, na viga represen-
tada existem duas possibilidades de movimento em cada ponto (A e B), desloca-
mento vertical e rotação, contabilizando seriam quatro possíveis deslocamentos.

128
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

Contudo, no ponto A não existe a possibilidade de deslocamento vertical nem


rotação e em B não pode acontecer deslocamento vertical. Desta forma, a única
indeterminação está na rotação no ponto B.

FIGURA 52 – VIGA ANALISADA PELO MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS

FONTE: Adaptado de Calcavanti (2006, p. 40)

Diferente do método das forças onde eram liberadas as redundâncias do


sistema (reações ou momentos), agora é necessário restringir onde acontecem as
redundâncias cinemáticas, pois anulando (levando-as a zero) poderemos calcular
reações de condições hipotéticas, porém que, somadas a outras condições fictícias
darão lugar à estrutura original. Assim, como na Figura 53a, o sistema passa a ter
restrição nas condições reais de carregamento, porém também será necessário,
ausentar esse carregamento e ver que acontece com o momento que leva a uma
rotação unitária, representada por Figura 53b.

FIGURA 53 – ADAPTAÇÃO DA ESTRUTURA ORIGINAL, IMPEDIMENTO DE ROTAÇÃO

FONTE: Adaptado de Calcavanti (2006, p. 40)

A nova condição da estrutura e o cálculo do momento é representado


mediante tabelas, tal como mostra a Figura 54. Lembrando que esta condição não é
real, o valor do momento é calculado por , para a condição a da Figura 53.

129
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 54 – MOMENTOS EM CONDIÇÃO DE ENGASTAMENTO PERFEITO

FONTE: <https://bit.ly/3qoemfu>. Acesso em: 17 jan. 2021.

NTE
INTERESSA

A denominação destas tabelas em inglês é FEM Table, de modo que, se você está
interessado em achar condições estendidas das estruturas pode procurar com essa especificação.
Em português: tabela de engastamento perfeito e em espanhol: momentos de empotramiento.

Para o caso da rotação unitária (redundante) sem carregamento original, é


aplicada a situação mais equivalente segundo as tabelas parcialmente representa-
das na Figura 55, sendo assim esse momento terá magnitude de: , assim,
sendo θB = 1, mB passa a ser um coeficiente de rigidez.

130
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

FIGURA 55 – AÇÃOS NAS EXTRAMIDADES DEVIDO AOS DESLOCAMENTOS

FONTE: Adaptado de Gere e Weaver (1981)

3.2 CONSOLIDAÇÃO DE EQUAÇÕES


Pelo princípio de superposição de efeitos, as condições construídas para
restringir o deslocamento devem levar ao equilíbrio em qualquer ponto da estru-
tura. Para nosso caso, o ponto B da estrutura permite a rotação porem o momento
é nulo. Desta forma podemos construir que:

MFB = MB + mB (EQ 2.121),

Onde lembramos que:

MFB: momento final no ponto B da estrutura real


MB: momento causado pelo carregamento na extremidade restringida
mB: momento causado pela redundância cinemática sem carregamento na estru-
tura restringida

Realizando as devidas substituições e observando a convenção de signos,


teremos que a equação EQ 2.85 equivale a,

(EQ 2.121), do qual despejamos e:

(EQ 2.123)

Adicional aos deslocamentos, também podem ser obtidas as reações de


apoio e esforços internos nas extremidades das barras, utilizando o princípio de su-
perposição pois as tabelas também indicam a equivalência para estas. Por exemplo:

RFB = RB + rB (EQ 2.124)

131
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Onde:

RFB: reação vertical final no ponto B da estrutura real.


RB: reação vertical causada pelo carregamento na extremidade restringida.
rB: reação vertical causada pela redundância cinemática sem carregamento na
estrutura restringida.

Observando as tabelas anteriormente registradas teremos que ,


, construída a equação considerando a equivalência da (EQ 2.124):

(EQ 2.125) obteremos que:

(EQ 2.126)

E
IMPORTANT

Com o método dos deslocamentos, tudo se resume a focar nos desloca-


mentos que conhecemos, sendo estes nulos, ou especificados por assentamento. Desta
forma, o método é uma constante comparação de engastamentos perfeitos.

4 APLICAÇÃO DO MÉTODO EM ESTRUTURAS SIMÉTRICAS


Quando as estruturas são simétricas, podemos empregar um artifício sub-
dividindo as cargas em duas parcelas: simétrica e assimétrica (ROCHA, 1964). 

Podemos ter dois casos: 

i. Simetria da estrutura em relação a um eixo que não passa pelos nós. 


ii. Simetria da estrutura em relação a um eixo passando pelos nós. 

Especificamente:  

Caso i: Simetria em relação a um eixo que não passa pelos nós. 

Para as cargas simétricas, as rotações nos nós simétricos são assimétricas,


como mostra a Figura 56. 

Tomaremos como incógnitas, as rotações assimétricas: 

Xa = X1 = - X1 (EQ 2.127)

132
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

Xb = X2 = - X11 (EQ 2.128)

FIGURA 56 – ESTRUTURA COM CARREGAMENTO SIMÉTRICO

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 58)

Para a solução de Xa e Xb vamos estabelecer a equação de equilibrio dos


momentos nos nós 1 e 2. Para a ação das cargas no sistema principal, os coeficien-
tes ∂a0, ∂bo, ... representam a soma dos momentos no nós 1 e 2, respectivamente e
os obtidos calculando-se os fatores de carga das hastes que concorrem a este nós. 

FIGURA 57 – DISCRETIZAÇÃO DE MOMENTOS E SEUS COEFICIENTES ASSOCIADOS À METADE


DO SISTEMA

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 60)

Quanto aos coeficientes das incógnitas, teremos que estabelecer as condiciones: 

Xa = X1 = - X1 = 1 (EQ 2.129)

Xb = X2 = - X11 = 1 (EQ 2.130)

Para os nós que não contém barras cortadas pelo eixo de simetria como o


nó 1, basta fazer X1 = 1 porque a rotação X1 + 1 não dá lugar a momentos no nó
1. Para o nó que contém barra cortada pelo eixo de simetria, como o nó 2 da Figu-
ra 58, temos que estabelecer a condição Xb = 1 ou seja: 

X2 = 1

X11 = - 1

133
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Que dá para momento no nó 2 o valor: 

a211 - b211 (EQ 2.131)

Toda a alteração introduzida pela simetria consiste em considerar apenas


metade da estrutura, substituindo o fator da haste costada pelo eixo de simetria
pelo valor de a211 - b211 como se vê na figura 39. 

Para as cargas assimétricas, as rotações nos nós simétricos são simétricas


e podemos tomar como incógnitas as rotações: 
Xa = X1 = X1 (EQ 2.132)

Xb = X2 = X11 (EQ 2.132)

Seguindo o raciocínio análogo ao caso anterior, chegaremos à conclusão


de que a única alteração a introduzir neste caso será a substituição do fator a211 da
haste cortada pelo eixo, pelo valor a211 + b211  (EQ 2.134).

Na Figura 58 vemos um esquema indicando as alterações a fazer nos casos


que acabamos de estudar: cargas simétricas e cargas assimétricas. 

FIGURA 58 – ESQUEMATIZAÇÃO PARA UM SISTEMA SIMÉTRICO E ASSIMÉTRICO DE UMA MESMA


ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 62)

Para escrever a matriz e depois fazer os diagramas finais, basta seguir a mar-
cha geral utilizando os esquemas de fatores de forma e de carga, com a substituição in-
dicada na Figura 58. Verifica-se que, no caso de simetria em relação a um eixo que não
passa pelos nós, teremos redução do número de incógnita a sua metade. 

Caso ii: Simetria em relação a um eixo passando pelos nós

a. Cargas simétricas 

Sendo as rotações assimétricas, a rotação é nula nos nós pelos quais passa


o eixo de simetria. Podemos então substituir a estrutura dada por outra em que
os  nós, pelos quais passa o eixo  de simetria são assimilados a engastes perfei-
tos. Na Figura 59 vemos um exemplo desta substituição. 

134
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

FIGURA 59 – SISTEMA PRINCIPAL E EQUIVALÊNCIA COM SISTEMA SIMÉTRICO

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 63)

Assim, o nó 2 se transforma na extremidade D da Figura 55b, perfeitamente


engastada. Teremos, neste caso, o número n de incógnitas reduzido a um valor
menor que sua metade. O cálculo se procede pela marcha geral, substituindo-se a
estrutura da Figura 59a pela Figura 59b.

b. Cargas assimétricas 

Para as cargas assimétricas, devido à simetria, a matriz será duplamente


simétrica, quando consideramos a estrutura no seu conjunto. 

FIGURA 60 –TRANSFORMAÇÃO NA ESTRUTURA PARA EFEITOS DE CARGAS ASSIMÉTRICAS

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 63)

Por exemplo, para a estrutura da Figura 60, a matriz será: 

(EQ 2.135)

Esta matriz pode ser transformada na seguinte forma: 

(EQ 2.136)

135
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Por este resultado, verificasse que a solução pode ser obtida tomando-se


metade da estrutura (nos 1 e 2), desde que, para o nó central, considere-se apenas
a metade dos coeficientes ∂22 e ∂20.

FIGURA 61 – SEPARAÇÃO DO SISTEMA EM UM NOVO SISTEMA SIMÉTRICO

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 64)

Para a estrutura da Figura 60, o problema pode ser resolvido tomando-se


a parte sombreada da estrutura da Figura 61, usando-se na haste central 2C meta-
de de seus fatores de forma e de carga como se observa na Figura 62.

Para encontrar a metade dos fatores de carga da haste central costumas-


se supor agindo nesta haste apenas a metade de suas cargas aplicadas. 

FIGURA 62 – ESPECIFICAÇÕES DE COEFICIENTES E MOMENTOS NO NOVO SISTEMA SIMÉTRICO


EQUIVALENTE

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 66)

Obtidas as incógnitas, os momentos finais  são calculados usando-se os


esquemas da Figura 62, sendo que os momentos finais obtidos para a haste 2C
devem ser duplicados. Com efeito, no nó 2 da haste 2 devemos ter: 

M2c = m2c + a2cX2 (EQ 2.137)

Usando os coeficientes indicados nos esquemas, temos: 

(EQ 2.138)

Que é a metade do valor anterior o qual representa o momento real a ser tomado. 

136
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
Considerando todas as informações comentadas anteriormente se faz ne-
cessário colocar em prática e mediante os seguintes casos poderão ser aplicadas
as convenções matriciais.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1

Resolver a estrutura especificada na Figura 63, com carregamento unifor-


me e com rigidez à flexão constante. Os dados são: EI = 2 x 107 kN . m2, EA = 107 kN.

FIGURA 63 – EXEMPLO DE ESTRUTURA A SER ANALISADA

FONTE: Adaptado de Blanco, Cervera e Suarez (2015, p. 75)

O primeiro passo a seguir é tentar descompor a forma em que a estrutura


está carregada e calcular as reações nesses estados diferentes. Tal como é indica-
do na Figura 64, onde foram criadas duas seções engastadas para cada tramo da
estrutura. Este estado separado será chamado de: Estado A.

FIGURA 64 – SEPARAÇÃO DA ESTRUTURA PARA ANÁLISE – ESTADO A

FONTE: Adaptado de Blanco, Cervera e Suarez (2015, p. 75)

137
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Será necessário calcular o valor do momento M e o cortante V para posterior-


mente tomar eles como cargas no novo sistema de cargas para a estrutura original.

Considerando as fórmulas para o cálculo de momentos, de uma viga en-


gastada nos dois extremos: , momento máximo de e força
cortante nos extremos: .

No novo sistema, denominado Estado B, teremos que, tal como se observa


na Figura 65, deve ser aplicado um método para resolver as incógnitas.

FIGURA 65 – NOVO SISTEMA DE CARGA (ESTADO B) A SER APLICADO NA ESTRUTURA E O


SISTEMA DE REFERÊNCIA

FONTE: Adaptado de Blanco, Cervera e Suarez (2015, p. 75)

São calculadas então as matrizes de rigidez para as peças e seus eixos


locais. Considerando que as propriedades das barras são idênticas e pelo tanto
estas matrizes são iguais em todas elas e com valor de:

(EQ 2.139)

ATENCAO

O coeficiente K'aa corresponde a uma matriz 3x3, com coeficientes localiza-


dos na exata posição da matriz do lado (EQ 2.139), assim como os demais coeficientes.
Ou seja, K'aa possui A, 0, 0 na primeira fila A, 0, 0 na primeira coluna e na diagonal A, B, D
até formar a matriz 3x3. Para o caso do coeficiente K'bb possui –A, 0,0 na primeira fila, -A,
0, 0 na primeira coluna e –A, -B, E na diagonal, e assim em diante.

138
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

Onde: (EQ 2.140) (EQ 2.141)

(EQ 2.142) (EQ 2.143)

(EQ 2.144)

Considerando que a barra 1, da Figura 65b, possui uma inclinação, é necessá-


rio que a matriz tenha um ajuste que é dado pela seguinte especificação de Figura 66:

FIGURA 66 – MATRIZES REPRESENTATIVAS PARA OS COEFICIENTES MA MATRIZ DE RIGIDEZ


REAL, COM SEUS COMPONENTES COM SÃO MODIFICADOS PELA ORIENTAÇÃO DO MEMBRO

(EQ 2.145) (EQ 2.146)

(EQ 2.147) (EQ 2.148)


FONTE: Adaptado de Blanco, Cervera e Suarez (2015, p. 51-52)

Onde C: representa o cosseno do ângulo, e S o seno no mesmo ângulo.


Isso, considerando que o membro 1-2 tem inclinação de 53.13°, enquanto 2-3 é 0°.

Assim, é gerada uma nova matriz com ajuste nos componentes

(EQ 2.149)

139
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Onde: (EQ 2.150)

(EQ 2.151)

(EQ 2.152)

(EQ 2.153)

(EQ 2.153)

(EQ 2.155)

A matriz de rigidez global equivale a:

(EQ 2.156)

Serão feitas as devidas substituições para obter a matriz local seguinte, onde

(EQ 2.157)

(EQ 2.158)

(EQ 2.159)

(EQ 2.160)

K= (EQ 2.161)

140
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

Introduzindo as condições de apoio da estrutura, engastamento nos nós 1 e


3, levando à eliminação das filas e colunas correspondentes aos graus de liberdade
de ditos nós, sendo estes 1,2,3 e 7,8,9. O sistema passa a ter redução desta forma:

(EQ 2.162)

O termo da direita do sistema anterior corresponde ao caso de cargas conside-


rado, no que a forca V e o momento M, atuantes sobre o nó 2, tem sido introduzido com
os signos correspondentes, respeito ao sistema global de referência. A solução deste
sistema de equações permite obter o valor dos movimentos desconhecido, ou seja, as-
sociados ao nó 2, que estão associados aos graus de liberdade 4,5 e 6. Obtém-se:

(EQ 2.163)

Os deslocamentos estão em metros e os ângulos em radianos. Sabendo


isto, podem ser calculadas as reações nos nós com movimento prescrito. Como
somatória dos estados, sendo que uma das partes é o produto do coeficiente da
matriz K pelo deslocamento possível (d). Assim:

(EQ 2.164)

Teremos que:

(EQ 2.165)

Os esforços nos extremos das barras do estado B, são calculados assim:

(EQ 2.166)

Onde: [f'12] (EQ 2.167)

Repetindo este procedimento, obteremos os esforços nos extremos das


barras correspondentes ao estado B.

141
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

(EQ 2.168); (EQ 2.169);

Realizando a superposição dos estados e lembrando que no estado A, onde


o engaste é perfeito pela ausência de carga teremos que os esforços são nulos.

(EQ 2.180); (EQ 2.181);

As forças são expressadas em kN e os momentos em kN . m, poderemos


construir os seguintes gráficos.

FIGURA 67 – DIAGRAMAS PARA A ESTRUTURA ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Blanco, Cervera e Suarez (2015, p. 81)

EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2

Veja a estrutura da Figura 68 com momentos de inércia constantes e iguais para to-


das as barras. Construa o diagrama de momento correspondente a ela.

142
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

FIGURA 68 – EXEMPLO DE ESTRUTURA CARREGADA

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 74)

Por se tratar de hastes com momentos e inércia iguais e constante ao longo


delas, os comprimentos elásticos são iguais aos comprimentos das hastes e os fa-
tores de forma se obtém empregando as fórmulas , enquanto , assim: 

(EQ 2.182)

(EQ 2.183)

(EQ 2.184)

a2c = ac2 = 1,00 (EQ 2.185)

(EQ 2.186)

(EQ 2.187)

(EQ 2.188)

b1B = 0,50 (EQ 2.189)

bC2 = 0,50 (EQ 2.190)

b2D = 0,50 (EQ 2.191)

O esquema dos fatores de forma está indicado na Figura 69.

143
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

FIGURA 69 – DISTRIBUIÇÃO DOS FATORES DE FORMA NA ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 75)

Para os fatores de carga utilizaremos a tabela obtendo a seguinte fórmu-


la para carga uniformemente distribuída: 

(EQ 2.192)

De acordo com a convenção de sinais, com os valores dos vãos e as cargas


do problema, temos: 

(EQ 2.193)

(EQ 2.194)

(EQ 2.195)

m1A = + 4,00 tm (EQ 2.196)

m21 = + 16,00 tm (EQ 2.197)

mD2 = + 12,00 tm (EQ 2.198)

O esquema dos fatores de carga está indicado na seguinte Figura 70.

FIGURA 70 – FATORES DE CARGA NA ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 75)

Usando os esquemas das figuras Figura 69, Figura 70, teremos para coefi-


cientes da matriz. 

144
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

∂11 = 1,00 + 0,50 + 1,00 = 2,50 (EQ 2.199)

∂22 = 0,50 + 0,667 + 1,00 = 2,167 (EQ 2.200)

∂12 = 0,25 (EQ 2.201)

∂10 = + 4 - 16 = - 12 (EQ 2.202)

∂20 = + 16, - 12 = + 4 (EQ 2.203)

Teremos, portanto, a seguinte matriz

(EQ 2.204)

Resolvendo, encontramos: 

X1 = 5,043 X2 = - 2,428

Os momentos finais serão obtidos utilizando os esquemas das figuras an-


teriores e as fórmulas:

Momento de ligação aplicado no extremo: M12 = m + aX1 + bX2 (EQ 2.205)

Momento de ligação de nó até extremo: M1A = m + aX1 (EQ 2.206)

Teremos no nó 1: 

M1A = 4 + 1,00X1 = 2,167 tm (EQ 2.207)

M1B = 1,00X1 = 5,043 tm (EQ 2.208)

M12 = - 16 + 0,50X1 + 0,25X2 = 14,086 tm (EQ 2.209)

Como conferência, a soma deve ser igual a zero: 

9,043 + 5,043 – 14,086 = 0 

No nó 2, os momentos serão: 

M2D = - 12 + 0,667X1 = 13,619 tm (EQ 2.210)

M2C = 1,00 X2 = - 2,428 tm (EQ 2.211)

M21 = + 16 + 0,50X2 + 0,25X1 = + 16,047 tm (EQ 2.212)

Conferência: 16,047 + 2,428 – 13, 619 = 0

Nos extremos da estrutura, temos: 

MA1 = - 4 + 0,667X1 = - 1,479 tm (EQ 2.213)

145
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

MB1 = - 0,50X1 = + 2,521 tm (EQ 2.214)

MC2 = + 16 + 0,50X2 + 0,25X1 = - 1,414 tm (EQ 2.215)

MD2 = + 12 + 0,333X2 = + 11,191 tm (EQ 2.216)

Com os valores dos momentos de ligação, traçamos os diagramas de mo-


mentos fletores.

FIGURA 71 – DIAGRAMA FINAL DO MOMENTO FLETOR

FONTE: Adaptado de Rocha (1964, p. 76)

146
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

LEITURA COMPLEMENTAR

ANÁLISE MATRICIAL PRELIMINAR DE ESTRUTURAS ESTATICAMENTE


INDETERMINADAS POR MEIO DO MÉTODO DA FLEXIBILIDADE: UM
ESTUDO DE CASO ENVOLVENDO DUAS VIGAS HIPERESTÁTICAS
E A DETERMINAÇÃO COMPLETA DOS SEUS DESLOCAMENTOS,
ROTAÇÕES E COEFICIENTES DE FLEXIBILIDADE

Alexandre Manoel dos Santos


Sérgio Scheer
Adilandri Mércio Lobeiro
Lucas Máximo Alves

1 INTRODUÇÃO

De acordo com James M. Gere e William M. Weaver, em [GERE_1980], os


conceitos básicos do Método da Flexibilidade, também conhecido como “Método
da Força”, descrevem uma generalização organizada e sistematizada de um ou-
tro método, cuja origem é mais antiga, denominado “Método de Maxwell-Mohr”,
desenvolvido por J.C. Maxwell em 1864 e estendido por Otto C. Mohr em 1874.

Na abordagem do Método da Flexibilidade as estruturas estaticamente


indeterminadas são preliminarmente analisadas de tal maneira que as suas inde-
terminações são resolvidas por meio de considerações específicas sobre o com-
portamento elástico da estrutura quando submetidas a um determinado padrão
de carregamento, e de considerações sobre as suas configurações de suporte. Tais
considerações fornecem as condições necessárias para a formulação das equações
de compatibilidade das deformações causadas pelas cargas aplicadas e também
pelas ações redundantes sobre a estrutura, com as suas configurações de suporte,
geralmente hiperestáticos, em termos de coeficientes de flexibilidade. As ações
redundantes são reações incógnitas do sistema indeterminado convenientemente
escolhidas pelo engenheiro analista para tornar a estrutura original em uma es-
trutura estaticamente determinável.

Em outras palavras, no Método da Flexibilidade é preciso descrever ana-


liticamente quais são as influências individuais que as ações atuantes exercem,
incluindo as ações redundantes, em termos de deslocamentos e rotações (deno-
minadas também de “deformações”), sobre a estrutura como um todo. Então,
por meio do conhecimento que o analista tem sobre as condições de compati-
bilidade das deformações da estrutura, causadas pelas cargas atuantes, com as
suas configurações de suporte, que a definem como uma estrutura hiperestática,
juntamente com o conhecimento que ele deve ter sobre a equação diferencial da
linha da curva elástica em seu caso específico, e do uso adequado do Método da
Flexibilidade, a estrutura original passa a ser estaticamente determinável.

147
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

Nas equações de compatibilidade estão envolvidos os deslocamentos cal-


culados para uma versão modificada da estrutura original, estaticamente determi-
nada, denominada “estrutura aliviada”, com os suportes retirados da configuração
original. As reações desses suportes serão consideradas no cálculo das deformações
que causam na estrutura aliviada, em seus próprios pontos de aplicação.

Para permitir a generalização do uso deste método sobre estruturas mais


complicadas, a sua abordagem é apresentada na forma matricial. A notação matri-
cial tem a vantagem de permitir que o processo de obtenção da solução do proble-
ma seja organizado e sistematizado, independente da sua complexidade, de tal for-
ma a evitar erros durante a execução de cada um dos passos do referido processo.

Neste artigo, o Método da Flexibilidade é utilizado para realizar a análise


preliminar de duas estruturas estaticamente indeterminadas.

Considera-se como análise preliminar a obtenção dos valores das reações


incógnitas, de tal forma que a estrutura se torne estaticamente determinável. A
operacionalização do método para a resolução desses dois problemas requer uso
frequente das tabelas, que resumem o cálculo dos deslocamentos e das rotações
causadas na estrutura, devido às ações das cargas e redundantes envolvidas. Es-
ses cálculos são apresentados em seções imediatamente subsequentes àquelas
que apresentam a solução de cada problema.

2 CASO DE ESTUDO

A viga a seguir é um caso típico de viga estaticamente indeterminada,


muito utilizada para descrever didaticamente a aplicação do Método da Flexibili-
dade. Vários autores a utilizam, entre eles Gere (1965; 2003), Popov (1980) e Ghali
(1989). Trata-se de uma viga com dois tramos, apoiada em três suportes simples,
com grau 1 de indeterminação estática, conforme a Imagem 1. O problema se
resume em uma simples pergunta: qual é o valor da reação “Rby”?

VIGA EM ESTUDO

Para resolver o problema por meio do método da flexibilidade, o enge-


nheiro analista deve aliviar a estrutura original, que é estaticamente indetermina-
da, transformando-a em uma estrutura estaticamente determinada, conforme a
148
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

Imagem 2. Tal transformação, entre outras transformações possíveis, ocorreu pela


retirada do suporte da estrutura original no ponto “B”. Então, a reação “Rby”
deixou de ser uma reação e passou a assumir o papel de ação redundante, atu-
ante no mesmo ponto “B” da estrutura aliviada. Isso significa que agora o siste-
ma é estaticamente determinável, e as deformações no ponto “B” causadas, tanto
pela carga distribuída “W1”, denominada “DW1B”, descrita na segunda parte
da Imagem 2, como pela ação redundante “Rby”, denominada “DRbyB”, des-
crita na terceira parte da Imagem 2, podem agora ser identificadas por meio do
conhecimento sobre a equação diferencial da linha da curva elástica da estrutura
aliviada, considerando as influências de cada uma delas isoladamente. É o que
será mostrado na resolução do problema.

TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA PRINCIPAL EM SISTEMAS EQUIVALENTES

O cálculo do deslocamento “DW1B”, no ponto “B” da estrutura aliviada,


causada pela carga distribuída “W1”, está descrito na expressão (1). Essa expres-
são foi obtida diretamente da Figura 4a, cujos valores, por sua vez, estão baseados
em diversas tabelas presentes em Gere (1965; 2003), Popov (1980) e Ghali (1989).
Nessa figura, as deformações estão significativamente exageradas para uma me-
lhor visualização. O cálculo de “DW1B” representa o passo “P2” do processo de
solução via Método da Flexibilidade.

(1)

149
UNIDADE 2 — MÉTODOS DE CÁLCULO

O cálculo do deslocamento “DRbyB”, no ponto “B” da estrutura aliviada,


causada pela ação redundante “Rby”, está descrito na expressão (2). Essa expres-
são também foi obtida diretamente da Imagem 3, cujos valores são baseados nas
referências bibliográficas citadas anteriormente.

(2)

DESLOCAMENTO CAUSADOS NA VIGA PELA CARGA W1 E A REAÇÃO ADICIONADA

Um aspecto importante sobre os deslocamentos na estrutura aliviada,


causados pelas ações redundantes, é que eles fornecem os coeficientes de flexibi-
lidade da estrutura, por unidade de força da ação redundante aplicada. Assim, o
coeficiente de flexibilidade “δRbyB” da estrutura sob ação de “Rby” no ponto “B”
é derivado de (2) e pode ser descrito pela expressão (3).

(3)

O valor de “δRbyB” representa a influência que a ação redundante “Rby”


exerce sobre a estrutura aliviada por unidade de força. O conhecimento a respeito
dos coeficientes de flexibilidade é muito importante na resolução de problemas
estaticamente indeterminados, com grau de indeterminação maior que 1.

O próximo passo na resolução desse problema, é a montagem das equa-


ções de compatibilidade associadas ao problema. Como nesse caso existe ape-
nas uma ação redundante, que é “Rby”, então, existirá somente uma equação de
compatibilidade. Tal equação deve ser compatível com o fato de que a estrutura
original, estaticamente indeterminada, não pode ter deslocamentos verticais no
suporte posicionado no ponto “B”, causados pela carga distribuída “W1” e pela
ação redundante “Rby”. Uma maneira elegante de descrever este fato é, usando
a configuração aliviada e praticando o princípio da superposição, pela realização
da soma das deformações causadas por cada uma das ações envolvidas na con-
figuração aliviada e exigir que essa soma seja zero. Isto é, o deslocamento total,

150
TÓPICO 3 — MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS (MÉTODO DA RIGIDEZ)

resultante da adição de todos os deslocamentos provocados pelas ações atuantes


na configuração aliviada, deve ser zero. Por isso o termo “equação de compatibi-
lidade”, pois a expressão analítica dos deslocamentos totais deve ser compatível
com a configuração de suporte nos pontos considerados. Então, a expressão (4)
descreve a equação de compatibilidade associada ao problema.

DW1B + DRbyB = 0

(4)

(5)

O valor obtido em (5) representa o final do Método da Flexibilidade sobre


a estrutura original. Pode-se dizer que 62,5 % da carga distribuída “W1” sobre a
viga é absorvida pela reação “Rby”. O complemento da carga considerada é rate-
ado igualmente, por questões de simetria, entre as reações “Ray” e “Rcy”, confor-
me a expressão (6). Esses valores podem ser confirmados por meio da aplicação
das equações do equilíbrio estático.

Nesse momento, o problema encontra-se resolvido e considera-se que a


análise preliminar do caso “Caso 1” está encerrada.
FONTE: <https://bit.ly/3jnOj6s>. Acesso em: 17 dez. 2020.

151
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O simplificado que pode ser o método dos deslocamentos fazendo uso de


tabelas para calcular os engastamentos perfeitos.

• Deve ser determinado o grau de hiperestaticidade cinemática para saber que


apoio ou vínculo deve ser restringido.

• A configuração matricial obriga a parametrizar os coeficientes e sua interação


com os momentos ou deslocamentos.

• Quando a estrutura apresenta alguma inclinação nos membros, é necessário levar


sua configuração local ao mesmo sistema global, fazendo uso de senos e cossenos.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

152
AUTOATIVIDADE

1 Se comparamos o método das forças com o método dos deslocamentos a


abordagem das soluções para determinar as incógnitas em uma mesma
estrutura existira uma relação. Qual é essa relação?

a) ( ) Complementaria.
b) ( ) Inversa.
c) ( ) Proporcional.
d) ( ) Não tem relação nenhuma.

2 A seguinte figura representa uma estrutura que deve ser analisada pelo
método dos deslocamentos. Qual das seguintes proposições faz parte da
resolução do problema?

FONTE: O autor (2020)

a) ( ) Deve ser analisado o trecho AB em condições reais.


b) ( ) Deve ser analisado o trecho BC gerando exclusivamente um engasta-
mento no ponto B.
c) ( ) Deve ser analisado o trecho AC colocando exclusivamente um engasta-
mento no ponto C.
d) ( ) Deve ser analisado o trecho AB colocando engastamento em B e também
analisando o trecho BC colocando engastamento em ambos extremos.

3 Nos seguintes itens são feitas colocações básicas que permitem dar um resumo
do foco do método dos deslocamentos e as especificações das variáveis que
interagem nele. Sobre o exposto, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Objetivo do Método.
II- Variáveis.
III- Número de variáveis.
IV- Em que o sistema é transformado.
V- Termos de carga das equações finais.
VI- Coeficientes das equações finais.

( ) Estrutura cinematicamente determinada, obtida pela adição de dos vín-


culos necessários.
( ) Deslocamentos e rotações.

153
( ) Determinar, dentro do conjunto de soluções em deslocamentos que satis-
fazem as condições de compatibilidade, qual das soluções faz com que as
condições de equilíbrio também sejam satisfeitas.
( ) Forças e momentos nos pontos dos vínculos liberados no SH provocados
pela solicitação externa (carregamento).
( ) Coeficientes de rigidez: forças e momentos nos vínculos adicionados no
SH para impor configurações deformadas com deslocabilidades isoladas
com valores unitários.
( ) Associados ao número do grau de hipergeometria.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) IV – II – I – V – VI - III.
b) ( ) V – I – II – III – IV – VI.
c) ( ) I – III – V – VI – II – IV.
d) ( ) II – I – III – V – IV – VI.

4 A análise de estrutura de modo manual demanda escolher um método para


ser aplicado. Considerando estes que foram ensinados nesta unidade, existiria
alguma vantagem do método dos deslocamentos sobre o método das forças?

5 Os coeficientes são definidos como valores que modificam um parâmetro.


Para o caso do coeficiente de flexibilidade, significa o deslocamento na dire-
ção i por causa de uma ação de valor unitário na direção j. Nesse sentido, o
que representa um coeficiente de rigidez?

154
REFERÊNCIAS
ARAGÃO FILHO, L. A. C. Curso de análise matricial de estruturas. Rio de Janei-
ro: Instituto de Engenharia Militar, 2001.

BASSET SALOM, L. El princípio de los desplazamientos virtuales (PDV). Escuela


técnica superior de arquitectura, Universitt politècnica de València, España, 2003.

BLANCO, E.; CERVERA, M.; SUAREZ, B. Análisis matricial de estructuras. Cen-


tro Internacional de Métodos Numéricos en Ingeniería (CIMNE), España, 2015.

CAMBA, J. L.; CHACON, F.; PEREZ, F. Apuntes de Análisis estructural I. Uni-


versidad Nacional Autonoma de Mexico, Mexico, 1982. Disponível em: https://
bit.ly/2TfQo9V. Acesso em: 28 maio 2021.

CAÑAVATE, J. Estructuras rígidas y flexibles. Granada Hoy. La columna. 2015.


Disponível em: https://bit.ly/3x4np7U. Acesso em: 3 jan. 2021.

CARIELLO, J. A.; OJEDA, A. G. Introducción al análisis de estructuras. Método


de las fuerzas. Apuntes de clase y ejercicios resueltos. Universidad de Carabobo,
departamento de ingeniería estructural, Venezuela, 2017.

CALCAVANTI, M. V. S. Análise Matricial de Estruturas Reticuladas. Um curso


para acadêmicos de Engenharia Civil. Anápolis, 2006. Disponível em: https://bit.
ly/3A7N5ST. Acesso em: 28 maio 2021.

FREITAS, J. A.; TIAGO, C. Análise elástica de estruturas reticuladas. Univer-


sidade de Lisboa, Portugal, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3junUUy. Acesso
em: 28 maio 2021.

GERE, J. M.; WEAVER, W. J. Analysis of framed structures. Rio de Janeiro-RJ:


Editora Guanabara S.A, 1981.

LABEST. Método de deslocamentos. 2000. Disponível em: https://www.dec.


uc.pt/labest/MD.pdf. Acesso em: 18 dez. 2020.

MALAVÉ, J. A.; OJEDA, A. G. Introducción al análisis de estructuras. Método


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departamento de ingeniería estructural, Venezuela, 2017.

MARTHA, L.F. Métodos básicos da análise de estruturas. Pontifícia Universi-


dade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: https://bit.
ly/3x4ssVV. Acesso em: 28 maio 2021.

155
MARTHA, L. F. Análise de estruturas. Conceitos e Métodos básicos. Rio de Ja-
neiro: Elsevier Editora Ltda., 2010.

QCONCUROS.COM. Questões de concursos. Q909594. 2018. Engenharia civil.


Banca FUNDEP. Disponível em: https://bit.ly/3jhunSG. Acesso em: 12 dez. 2020.

ROCHA, A. M. D. Hiperestática plana geral. I vol. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora


Cientifica, 1964.

SANTOS, A. M. et al. Análise matricial preliminar de estruturas estaticamente


indeterminadas por meio do método da flexibilidade. Uniuv em Revista, União
da Vitória, v. 11, p. 27-72, Brasil, 2008.

SUSSEKIND, J. C. Curso de análise estrutural. Vol. II. 8. ed., Rio de Janeiro,1980.


Disponível em: https://bit.ly/3w1w1Lb. Acesso em: 28 maio 2021.

156
UNIDADE 3 —

USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• aprender a configuração de três softwares que auxiliam na análise de


estruturas;

• identificar a conveniência de uso de um software e do outro;

• analisar uma estrutura através do uso de uma ferramenta computacional; 

• desenvolver destreza na simulação de estruturas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – USO DO FTOOL

TÓPICO 2 – USO DO MASTAN2

TÓPICO 3 – USO DO ACADFRAME

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

157
158
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

USO DO FTOOL

1 INTRODUÇÃO

A configuração e extensão reais que podem ter os projetos estruturais re-


sultam em uma atividade exaustiva e repetitiva quando pretendem ser analisa-
dos, ainda mais se for de modo manual. Os erros podem saltar à luz do dia e
é por isso que a informativa foi colocada aos pés da sociedade, para facilitar a
manipulação da informação.

Nas unidades anteriores foram indicados os princípios sob os quais são


realizadas as análises de estrutura empregando um método em específico. Todos
os softwares aqui indicados fazem uso dos conceitos de superposição de efeitos
e simultaneidade de cargas, entre outros, todos eles na faixa de linearidade dos
membros que convergem em um nó, e com possibilidade de uma análise não
linear (no caso do Sap2000), requerendo outros dados, sempre procurando re-
presentar a realidade da estrutura em serviço, que é mais do que uma estrutura
reticulada. Trata-se de uma combinação de componentes.

FTOOL é uma abreviação para Two-dimensional Frame Analysis Tool, um


programa desenvolvido inicialmente por estudantes de iniciação científica e
professores do departamento de informática e de engenharia civil da universi-
dade PUC-Rio, no ano de 1991. No entanto, só foi no ano 1998 que foi lançada a
versão 2.00. Atualmente é distribuída a versão 4.00 (do ano 2018) e desta serão
feitas as devidas indicações.

2 ESPECIFICAÇÕES DO PROGRAMA
Martha (2010) indica que o programa FTOOL é uma ferramenta destinada
a ensinar o comportamento estrutural de objetos planos, tais como pórticos e vigas.
Tem o objetivo de familiarizar o estudante a essas configurações, pois possui uma
interface amigável e aplica análises sobre barras únicas. Vamos identificar essa con-
figuração e exemplificaremos uma estrutura de modo que o estudante possa repli-
car, já que o programa está disponível na internet para qualquer usuário.

159
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

DICAS

FTOOL é de acesso totalmente gratuito, disponível no link: https://bit.ly/3s1ofR0.


Depois apertar o botão Download, será necessário realizar um registro com seus dados pes-
soais. O arquivo será descarregado no formato .rar, do qual deve ser extraído e executado.

2.1 INTERFACE DO PROGRAMA


Começaremos apresentando a interface do programa na Figura 1, em que
podem ser observados quatro espaços característicos.

O primeiro (em vermelho) trata-se de grupo de comandos ou configu-


rações textuais (File, Options e Display), que listam outras opções. O segundo
espaço (em azul) trata-se de comandos rápidos com relação ao arquivo (novo,
abrir, salvar, colar, desfazer, refazer) e com relação à seção transversal, tipos de
apoio e cargas distribuídas. O terceiro espaço (em verde) corresponde à área de
desenho, que possui leituras de coordenadas H (horizontal) e V (vertical) no lado
inferior esquerdo da tela. No quarto espaço (em amarelo) estão as configurações
do material (modulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e coeficiente de dila-
tação térmica), podendo especificar nomes para cada um deles.

FIGURA 1 – INTERFACE DO PROGRAMA FTOOL

FONTE: O autor (2021)

160
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

2.2 ESPECIFICAÇÕES DE OPÇÕES AGRUPADAS


Com só três comandos textuais, que abrem uma lista de outras operações,
o FTOOL deixa sua operação de modo mais visual, com comandos mais rápidos
ou simplificados, com figuras. São apresentadas as funcionalidades da maioria
dos comandos e sua simbologia. A primeira opção é o grupo File, suas especifica-
ções são resumidas na Figura 2.

FIGURA 2 – COMANDOS DA OPÇÃO “FILE”

FONTE: O autor (2021)

Os comandos mais utilizados deste menu são especificados Figura 3.

FIGURA 3 – COMANDOS RÁPIDOS DO MENU “FILE”

FONTE: O Autor (2021)

A seguinte opção é o grupo Options, que, basicamente, reúne as atividades de


análise e configuração numérica, estática e visual da estrutura. É resumida na Figura 4.

161
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 4 – OPÇÕES LISTADAS DO COMANDO “OPTIONS”

FONTE: O autor (2021)

O último grupo de opções é o comando Display, que permite selecionar


um visual para a área de trabalho e no momento da impressão do modelo, suas
cargas e os resultados. É resumido na Figura 5.

FIGURA 5 – OPÇÕES LISTADAS DA OPÇÃO “DISPLAY”

FONTE: O autor (2021)

162
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

2.3 ESPECIFICAÇÕES PARA DESENHO


Para a área de desenho estão atribuídos os comandos da esquerda, listados
na Figura 6, sendo que podem ser simplesmente inseridos, sem a consideração
das coordenadas e sem especificação de geometria.

FIGURA 6 – COMANDOS RÁPIDOS PARA DESENHO DAS ESTRUTURAS

FONTE: O autor (2021)

Podem ser definidos mediante o modo Keyboard mode, que solicita as


coordenadas do membro, ou do nó, tal como mostra a Figura 7.

FIGURA 7 – DADOS SOLICITADOS QUANDO É ATIVADO O MODO TECLADO

FONTE: O autor (2021)

Os objetos do desenho podem ser transformados, aplicando o comando Trans-


form, que permite realizar modificações sobre ele, especificadas na seguinte Figura 8.

163
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 8 – COMANDO “TRANSFORM” E SEU SIGNIFICADO

FONTE: O autor (2021)

2.4 ATRIBUTOS PARA NÓS E MEMBROS ESTRUTURAIS


Os seguintes comandos de acesso rápido fazem parte de uma barra de
controle de atributos ou propriedades, que permite atribuir propriedades aos nós
e aos membros estruturais.

FIGURA 9 – COMANDOS DA BARRA DE ATRIBUTOS

FONTE: O autor (2021)

Essas especificações técnicas (do material) e as restrições geométricas (do


membro) devem ser definidas a partir da opção “Create new material parame-
ters”, para posteriormente definir as propriedades do material. A Figura 10 esten-
de as opções possíveis dentro de Materials parameters, sendo que certas configu-
rações podem ser importadas de arquivos antigos.

164
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

FIGURA 10 – ESPECIFICAÇÕES DE “MATERIAL PARAMETERS”

FONTE: O autor (2021)

Para a geometria da seção transversal de algum membro, é necessário de-


finir um novo bloco de atributos de seção transversal, que possui diversos parâ-
metros. Esse tipo de configuração pode ser aplicado a todos ou alguns membros
estruturais do espaço modelo. Os perfis t correspondem a padrões brasileiros, ou
especificados por tabela de fabricantes.

Quando é gerado um novo bloco, este requer especificações de seção


transversal, mesmo que não esteja padronizada comercialmente. O perfil possui-
rá forma geométrica regular (Quadrada, Retangular, Circular etc.)

Basicamente, existem dois tipos de seções: parametrizadas (seções genéri-


cas) e tabuladas. No caso de seções parametrizadas, o usuário define os parâmetros
da seção transversal, enquanto na seção tabulada não é possível editar a geometria.

Na seção Generic (mostrada na Figura 11a), os parâmetros listados pedem


os seguintes dados (mostrada na Figura 11b): geometria; área (A), área efetiva de
corte (As), momento de inércia (I), altura da seção (d), posição do centroide (y).

165
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 11 – CONFIGURAÇÃO DENTRO DO COMANDO “SECTION PROPERTIES”

FONTE: O autor (2021)

Outras especificações, como a conexão entre membros, também podem ser


ajustadas mediante o comando Rotation release, dependo do extremo ou da quantidade
de membros aos quais querem ser aplicadas. A Figura 12 permite visualizar a tipologia.

FIGURA 12 – OPÇÕES DO COMANDO “ROTATION RELEASE”, A) ATRIBUI OU REMOVE CON-


FIGUAÇÕES DE CONEXÃO ENTRE OS MEMBROS, B) ATRIBUI ARTICULAÇÕES A NÓS OU MEMBROS

FONTE: O autor (2021)

166
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

Quando o nó é um apoio, são definidos os deslocamentos/rotações que podem


acontecer nele mediante o comando Support conditions. A Figura 13 apresenta as opções.

FIGURA 13 – CONFIGURAÇÕES PARA OS APOIOS

FONTE: O autor (2021)

Sobre a configuração ou ajuste visual da tela geral do programa, existe uma


barra de controle definida na esquina inferior esquerda, conforme a Figura 14.

FIGURA 14 – COMANDOS DE CONTROL DE VISUALIZAÇÃO

FONTE: O autor (2021)

167
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Os campos de H (comprimento horizontal) e V (comprimento vertical)


mostram o tamanho da janela de visualização, que pode ser alterada. Sua locali-
zação corresponde à barra inferior da tela, conforme a Figura 15.

Do lado direito da barra pode ser ativada a função Grid, que liga uma “ma-
lha”, que facilita o desenho do modelo. Para esta opção devem ser definidas as dis-
tâncias entre os pontos (X: Intervalos em x; Y: Intervalos em y). Ativar a função Grid
habilita a opção Snap, a qual nos “leva” a utilizar os pontos definidos pela malha e
facilita o desenho dos membros estruturais para determinados casos.

FIGURA 15 – BARRA DE COORDENADAS

FONTE: O autor (2021)

2.5 ATRIBUIR CARGAS PARA NÓS E MEMBROS ESTRUTURAIS


Sobre a configuração geométrica e localização dos membros e nós foi defi-
nida por ser atribuídas às cargas que representarão situações específicas, a Figura
16 resume as formas de assignar as cargas.

FIGURA 16 – COMANDOS DE ACESSO RÁPIDO PARA ATRIBUIR CARGAS

FONTE: O autor (2021)

168
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

ATENCAO

A expressão trem de carga faz referência a todas as configurações de cargas


vivas possíveis e tipificadas atribuídas à estrutura.

FIGURA 17 – OPÇÕES PARA ATRIBUIR CARGAS. A) NO NÓ, B) MOMENTOS NOS EXTREMOS DO


MEMBRO, C) CARGA UNIFORME, D) CARGA LINEAR, E) CARGAS POR EFEITOS DA TEMPERATURA

FONTE: O autor (2021)

Pode ser definido um grupo de cargas vivas mediante o emprego do


comando Load train, que precisa ser localizada e tipificada como carga pontuais
ou distribuídas, com possibilidade de amplificar seu impacto e ser condicionada
ao exterior ou interior. A Figura 18 resume esse comando.

169
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 18 – CONFIGURAÇÃO PARA O TREM DE CARGA

FONTE: O autor (2021)

Como últimos comandos de acesso rápido, teremos as opções de resul-


tados de análise, que, aplicando a ação das cargas configuradas sobre a inércia
especificada, poderão mostrar uma configuração deformada e os diagramas de
momento finais da estrutura.

FIGURA 19 – COMANDOS DE ACESSO RÁPIDO PARA VISUALIZAR OS RESULTADOS

FONTE: O autor (2021)

Com toda essa informação em mente, pretendemos realizar um exemplo


de aplicação para facilitar o uso dos comandos e a importância deles.

170
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

3 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
A melhor forma de adquirir destreza na manipulação de software é tra-
çando estruturas nele, seguindo a lógica do programa e compreendendo os resul-
tados que são lançados. Desta forma, são colocados alguns exemplos para dese-
nhar, carregar e avaliar segundo as condições que sejam especificadas.

3.1 VIGA HIPERESTÁTICA


A seguinte estrutura está carregada com diferentes tipos de cargas e tem uma
extensão total de 20 m. Verifique a determinação do diagrama de momentos em T.m.

FIGURA 20 – EXEMPLO A SER EXECUTADO NO PROGRAMA

FONTE: O autor (2021)

Conhecendo os comandos do programa, primeiramente definiremos as


unidades de trabalho, na opção Units & number formatting, assim:

✓ Force: Ton
✓ Moment: Tfm
✓ Distrib.load: tf/m

Usaremos as ferramentas de desenho (Insert member) para traçar os tramos,


definindo suas distancias mediante Keyboard mode, tal como a Figura 21 indica. Nos-
so primeiro tramo começa em 0.0 m e termina em 4.00 m, o segundo tramo começará
em 4.00 m e terminará em 7.00 m, o terceiro tramo começará em 4.00 m e terminará
em 11.00 m, o quarto tramo começará em 11.00 m e terminará em 15.00 m.

171
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 21 – INGRESO DE DADOS PARA DESENHAR UM MEMBRO

FONTE: O autor (2021)

Para o segundo tramo, continuaremos usando o mesmo comando, visuali-


zando que pouco a pouco vão aparecendo os tramos, tal como se vê na Figura 22.

FIGURA 22 – INSERÇÃO DO SEGUNDO TRAMO

FONTE: O autor (2021)

Adicionando sequencialmente os membros teremos uma viga especifica-


da, como na Figura 23.

172
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

FIGURA 23 – EXTENSÃO DA VIGA INSERINDO TODOS OS TRAMOS

FONTE: O autor (2021)

Na continuação, determinaremos os apoios da nossa viga, utilizando o


comando Support conditions. A configuração de cada apoio será editada do lado
direito da tela, como pode ser observado na Figura 24. Uma observação muito
importante é que os tramos definem a presença de um apoio, ou seja, a cada início
ou final de tramo será solicitada a informação do tipo de apoio.

FIGURA 24 – DEFINIÇÃO DOS TIPOS DE APOIO NA VIGA

FONTE: O autor (2021)

173
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Nossa viga terá todos seus apoios definidos, tal como é resumido na Figura 25.

FIGURA 25 – VIGA COM TODOS OS APOIOS DEFINIDOS

FONTE: O autor (2021)

Agora, procedemos a inserir pontos nodais, que representarão aplicação de


cargas pontuais ou limitarão sua extensão. Para isso será necessário fazer uso do comando
Insert node, que por meio do Keyboard mode possibilita o ingresso das coordenadas dos
nós (Figura 26). O primeiro nó surge em 1 m e o segundo nó aparece em 3 m.

FIGURA 26 – INSERÇÃO DOS NÓS PARA ATRIBUIÇÃO DE CARGAS

FONTE: O autor (2021)

174
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

Na medida em que vão sendo inseridos os nós, pontos são marcados na


nossa estrutura, como pode ser visto na Figura 27.

FIGURA 27 – INSERÇÃO DO SEGUNDO NÓ

FONTE: O autor (2021)

Também são acrescentados os nós a 6.00 m, 9.00 m, 12.00 m e o último a


17.00 m. A localização de todos os estes podem ser vistos na seguinte Figura 28.

FIGURA 28 – TODOS OS NÓS MARCADOS NA ESTRUTURA

FONTE: O autor (2021)

175
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Na continuação são atribuídas as cargas a cada um dos nós ou membros


segundo a especificação da Figura 29. Para isso, utilizamos o comando Nodal
forces, podendo atribuir nomes como PUNTUAL1, definindo o sentido (+ ou -) e
direção (Fx, Fy) dela. Claramente, cada nó com carga pontual deve ser selecionado.

FIGURA 29 - ATRIBUIÇÃO DE CARGAS NODAIS

FONTE: O autor (2021)

Um a um foram inseridas as cargas pontuais e na Figura 30 é resumida


sua localização.

FIGURA 30 – CARGAS PONTUAIS DEFINIDAS

FONTE: O autor (2021)

Para o caso do momento, realizamos o mesmo procedimento, definimos


um nome, sua configuração e valor, tal como se observa na Figura 31.
176
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

FIGURA 31 – DEFINIÇÃO PARA A CARGA DE MOMENTO NO NÓ

FONTE: O autor (2021)

Cada vez que um membro for selecionado sob o comando de Linear loads,
deve ser atribuído um novo nome, sentido e direção. Valores no início e no fim do
membro, tal como se observa na Figura 32.

FIGURA 32 – COMANDO PARA ATRIBUIR CARGAS LINEARES AOS MEMBROS

FONTE: O autor (2021)

As configurações correspondentes para as três cargas lineares do problema


são apresentadas na Figura 33.

177
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 33 – CARGAS LINEARES DEFINIDAS SOBRE OS MEMBROS COM SEU SENTIDO ESPECFICIADO

FONTE: O autor (2021)

Finalmente, todas as cargas foram atribuídas e o visual da nossa viga


carregada fica da seguinte forma:

FIGURA 34 – VISUAL DA VIGA COM TODAS AS CARGAS

FONTE: O autor (2021)

De modo sequencial, mas não obrigatoriamente na ordem, definimos a se-


ção transversal da nossa viga mediante os comandos de acesso rápido na parte su-
perior do programa, correspondente à seção transversal e o tipo de material. A Fi-
gura 35 resume este procedimento, lembrando que foi uma especificação arbitrária.

178
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

FIGURA 35 – DEFINIR A SEÇÃO TRANSVERSAL E O TIPO DE MATERIAL EMPREGADO NA ESTRUTURA

FONTE: O autor (2021)

Antes de executar o programa, deve ser necessário salvar o arquivo, nos


comandos rápidos da opção File, marcando a preferência do lugar onde será loca-
lizado. Uma opção muito comum são outros programas de modelagem, desenho
ou escrita, como Microsoft Word.

FIGURA 36 – PASTA QUE SURGE AO APERTAR O COMANDO SALVAR

FONTE: O autor (2021)

Finalmente, nosso diagrama de momentos é definido com seus valores,


que exibem sua numeração nos nós representativos de aplicação de carga. A Fi-
gura 37 é o resumo de todo o trabalho executado.

179
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 37 – DIAGRAMA DE MOMENTO FINAIS

FONTE: O autor (2021)

3.2 PÓRTICO HIPERESTATICO


A Figura 38 registra um pórtico carregado com dois tipos de carga. Solici-
ta-se determinar os valores das reações e o diagrama do momento, considerando
que o material deve ser Aço ( , e α = 0,000012/ °C)
com perfis metálicos do tipo Welded I- Shapes (BR). Para a viga, a configuração será
a nº 3, enquanto os pilares serão nº 1.

FIGURA 38 – EXEMPLO DE PÓRTICO A REPRESENTAR

FONTE: O autor (2021)

O aspecto visual da estrutura deve ficar assim:

180
TÓPICO 1 — USO DO FTOOL

FIGURA 39 – PÓRTICO CARREGADO NO PROGRAMA

FONTE: O autor (2021)

A parte da configuração especificada do perfil metálico é indicada no co-


mando Section properties, com os valores registrados na Figura 40.

FIGURA 40 – CONFIGURAÇÃO DO PERFIL METÁLICO PARA PILARES E VIGA

FONTE: O autor (2021)


181
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Os devidos valores das reações são:

Apoio esquerdo: Rx = -24.8 kN, Ry = 12.2 kN


Apoio direito: Rx = -20.2 kN, Ry = 25.3 kN, M = 70.7 kN. A Figura 41 resume
estes valores e a forma do diagrama. O momento máximo da viga é de: 13.8 kN.m,
no pilar esquerdo: 33.4 kN.m e no pilar direito -70.7 kN.m

FIGURA 41 - DIAGRAMA DE MOMENTOS E REAÇÕES DO PÓRTICO.

FONTE: O autor (2021)

182
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A configuração do programa FTOOL oferece comandos de acesso rápido,


como as listas do menu.

• Pode ser fácil inserir estruturas planas e atribuir cargas em nós ou membros
usando o FTOOL.

• É necessário definir a geometria da seção transversal e tipo de material para obter


gráficos de momento correspondente com o tipo de estrutura a ser analisada.

• Existem limitações no programa relacionadas a mostrar tridimensionalmente


objetos e configurações de segundo grau das cargas distribuídas.

183
AUTOATIVIDADE

1 Em certas ocasiões, os membros têm certas restrições no apoio com relação


a assentamentos ou deformações por temperatura. Essa configuração se en-
contra dentro do programa em qual comando?

a) ( ) Rotation release.
b) ( ) Support conditions.
c) ( ) Thermal loads.
d) ( ) Deformation constrains.

2 Vamos considerar que o FTOOL pode modelar estruturas bidimensionais.


Deste modo, é possível afirmar que é valido modelar estruturas como uma
grelha e analisar a sua deformada como pertencente ao terceiro eixo?

a) ( ) Sim, porque uma grelha é uma estrutura plana que pode ser represen-
tada de modo vertical.
b) ( ) Não, porque a grelha necessita considerar momentos como a torção,
que não podem ser inseridos no programa.
c) ( ) Sim, porque os momentos fletores que se transmitem de um membro
sobre o outro podem ser especificados no plano z.
d) ( ) Não, porque a quantidade interseções nodais e carregamentos fora do plano
dos membros levaria à queda no processamento dos dados do programa.

3 A seguinte estrutura foi analisada na primeira unidade mediante um méto-


do aproximado, que determinou que o valor do momento máximo, no cen-
tro do vão, correspondia a 3600 kN.m. Reproduza a estrutura no programa
FTOOL e mostre o diagrama de momento ‘lançado” por ele, considerando
uma altura total de 8 m, material definido como concreto isotrópico (confi-
guração interna do programa) e dimensiones para as vigas de altura=0.30 e
largura = 0.15, enquanto os pilares serão de 0.20x0.20 m.

4 Em vários métodos de cálculo analíticos é considerado que a carga axial é des-


prezada porque não produz nenhum tipo de efeito significativo e permite sim-
plificar a análise. Essa consideração também deve ser considerada no uso do
FTOOL e assim, será menor o esforço que possa ser produzido nos membros?

5 Hoje em dia, são necessários programas que possam desenhar estruturas


reais e que permitam montar combinações de carga para obter deformadas
próximas da realidade. Sendo assim, o programa FTOOL pode ser empre-
gado na análise de estruturas reais? Que tipo de estruturas são essas?

184
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

USO DO MASTAN2

1 INTRODUÇÃO

Outro programa que aplica a análise sobre estruturas planas e tridimensionais


é o MASTAN2. Este programa apresenta uma interface mais simples do que do FTO-
OL, entretanto, existe uma análise adicional que não pode ser feita no FTOOL e que o
MASTAN2 oferece: uma análise de segunda ordem, tanto para modo elástico como
para inelástico. Isso quer dizer que o nível de complexidade na análise aumentou.

A forma de inserir os dados no programa é similar, digitando coordena-


das, selecionando repetitivamente nos comandos listados no menu, com um úni-
co uso. Com necessidade constante de ajustar o visual na medida que a estrutura
incrementa o número de nós e membros.

Como as configurações ou atribuições mais importantes foram ditas no FTO-


OL, na apresentação deste programa não serão ditos muitos detalhes, pois o aluno por
associação poderá inferir a função de cada comando. Ainda assim, são apresentados os
visuais, e o passo a passo do mesmo exercício pode ser acompanhado pelo estudante.

DICAS

O MASTAN2 é um programa de acesso totalmente gratuito, disponível no link:


http://www.mastan2.com/.
No menu lateral, você vai encontrar uma opção de Download, o qual te oferecerá a opção
de baixar uma das duas versões, a versão 1 (que requer a instalação do MATLAB) ou a ver-
são 2 (não precisa acesso ao MATLAB). Basicamente, a diferença entre eles é o tamanho do
arquivo. O arquivo será descarregado e ser executado no ordenador.

2 ESPECIFICAÇÕES DO PROGRAMA
A interface deste programa pode ser vista na Figura 42, na qual só três es-
paços são os mais importantes. Estes são: uma barra superior de sete opções (File,
View, Geometry, Properties, Conditios, Analysis e Results), uma barra inferior
que define o status do programa, aceitação das operações e permite o ingresso de
informação e um quadro preto que é a área de desenho.

185
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 42 – INTERFACE DO MASTAN2

FONTE: O autor (2021)

As especificações das opções do menu são especificadas na Figura 43. Rela-


cionadas à nomeação e salvação do arquivo (menu File), a configuração visual da
estrutura (menu View), realizar operações de desenho de nós ou elementos ou trans-
formar os mesmos (menu Geometry), definindo a seção transversal dos membros e o
tipo de material, e podendo atribui-la de modo especifico (menu Properties).

FIGURA 43 – PRIMEIRAS OPÇÕES DA BARRA DE MENU

FONTE: O autor (2021)

Outras opções do menu são expostas na Figura 44, permitindo definir


os apoios e as forças que atuaram sobre os membros ou nós ou restrições (menu
Conditions), levar à análise da estrutura em alguma ordem (menu Analysis), mostrar
os resultados (menu Results), em função da direção de aplicação das mesmas.

186
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

FIGURA 44 – ULTIMAS OPÇÕES DO MENU

FONTE: O autor (2021)

2.1 EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1


Considerando o mesmo exemplo da Figura 20, serão apresentados os pas-
sos para modelar a estrutura indicando dicas importante para atingir o nosso
objetivo de visualizar o diagrama de momentos.

Para que os membros possam ser definidos, é necessário inicialmente de-


finir os nós, usando o menu Geometry, opção Define node, que limitam sua ex-
tensão. Por isso, o primeiro passo será definir todos os nós, desde aqueles onde a
carga é aplicada como aqueles que define o tamanho do membro. Lembramos a
localização dos nós:

• Primeiro nó (0,0), sendo (x, y);


• segundo nó (1,0);
• terceiro nó (3,0);
• quarto nó (4,0);
• quinto nó (6,0);
• sétimo nó (7,0);
• oitavo nó (9,0);
• nono nó (11,0);
• décimo nó (12,0);
• décimo primeiro nó (15,0);
• décimo segundo nó (17,0);
• décimo terceiro nó (20, 0).

Como na seguinte Figura 45 pode ser observado, a dimensão Z deve ser


preenchida sempre com 0 (zero), em caso de ser estrutura plana. Adicionalmente,
deve ser apertado o comando Apply, pois um simples Enter do nosso teclado não
resolve. Assim, os pontos vão surgindo na tela do programa, resumido na Figura 46.

187
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 45 – DEFINIÇÃO DA PRIMEIRA COORDENADA DO NÓ

FONTE: O autor (2021)

E
IMPORTANT

Este programa não possui uma configuração de unidades, assim, todas as in-
formações inseridas (distâncias, momentos, cargas, módulo de elasticidade) já devem ser
inseridas com compatibilidade dimensional.

FIGURA 46 – VISUALIZAÇÃO DE TODOS OS NÓS NOMEADOS E SEQUENCIADOS

FONTE: O autor (2021)

188
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

Agora podem ser inseridos os membros, fazendo uso do menu Geometry,


opção Define Element. Este passo precisará selecionar o nó de início e o nó do fim
do elemento, como pode ser visto na parte inferior da Figura 47. Os membros
aparecerão como linhas descontínuas, pois não têm recebido especificação algu-
ma de geometria ou material, ou seja, serão meramente linhas.

FIGURA 47 – DEFINIÇÃO DOS MEMBROS ENTRE NÓS

FONTE: O autor (2021)

Fazendo o processo repetitivamente, obteremos a extensão total da viga,


visualizada na Figura 48.

FIGURA 48 – INSERÇÃO DE TODOS OS MEMBROS

FONTE: O autor (2021)


189
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

ATENCAO

É importante salvar o arquivo realizado, pois uma vez que ele é fechado, após
perguntar se você está seguro de sair, não é possível recuperar a informação. Dessa forma,
será necessário refazer a distribuição de nós novamente, fato que pode ser cansativo quando
a estrutura é tridimensional. Para salvar, basta abrir o menu File e pressionar a opção Save.

Na continuação, de modo arbitrário, queremos definir uma seção trans-


versal para poder executar o programa, pois senão será produzido um erro nele,
e uma palavras na barra inferior, no status, indicarão que é inviável realizar a
análise. Clicando no menu Properties, na opção Define section, surgirá uma nova
configuração na barra inferior, na qual solicita um nome, em caso de ser um novo
material ou oferece configurações geométricas de uma base de dados internas, tal
como a Figura 49 aponta. Quando o material é novo, também devem ser especifi-
cadas parâmetros geométricos como sua área e momento de inercia.

FIGURA 49 – CONFIGURAÇÃO PARA DEFINIR A SEÇÃO TRANSVERSAL DOS MEMBROS

FONTE: O autor (2021)

Selecionando uma geometria da data base será definido o tipo de material,


clicando no menu Properties, na opção Define material, como aço, modulo de
elasticidade (E) de 150 GPa, coeficiente de Poisson (u) de 0.3. Estas especificações
não influenciam na ordem de grandeza dos valores no diagrama de momentos,
porém sim na deformada. A Figura 50 visualiza o ingresso dos dados.

190
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

FIGURA 50 – DADOS SOLICITADOS PARA DEFINIR AS PROPRIEDADES DO MATERIAL

FONTE: O autor (2021)

O material será definido e imediatamente é atribuído aos membros, fa-


zendo uso do menu Properties, na opção Attach section. Neste caso, a opção All
da barra permite selecionar todas as peças ao mesmo tempo para atribuir essa
configuração. A Figura 51 permite ver como se apresenta essa seleção.

FIGURA 51 – ATRIBUIR SEÇÃO A TODOS OS MEMBROS

FONTE: O autor (2021)

191
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Na sequência são definidos os apoios da estrutura, usando o menu Con-


ditions, com a opção Define fixities, o qual modifica a barra inferior para marcas
as coordenadas de movimento restringidas, deve ser selecionado o nó ao qual vai
ser definido o apoio e pressionar Apply (ver Figura 52). Posteriormente, deve ser
limpado com a opção Clr da barra, pois senão esse nó será considerado para o
próximo para a definição do próximo apoio.

FIGURA 52 – DEFINIR TIPO DE APOIO

FONTE: O autor (2021)

Resumida na Figura 53, a forma de apresentar os apoios é com flechas vermelhas.

FIGURA 53 – TODOS OS APOIOS DEFINIDOS

FONTE: O autor (2021)


192
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

DICAS

O programa não possui um comando para desfazer uma atribuição a definição


previamente feita. No entanto, dentro da barra de menu existe a possibilidade de remover os
nós ou eliminar os elementos, e assim novamente atribuir e ajustar sua carga previamente de-
finida. Essa ordem posterior não afeta o diagrama final, porém deve ser conservada a forma de
inserção de os outros membros, assim não existirão sentidos invertidos nos diagramas.

Em seguida são atribuídas as cargas aos nós fazendo uso do menu Condi-
tions, porém estão as diferentes opções para Forças (comando Forces), momentos
(comando Moments) e para carga distribuída (comando Uniform load). Assim, na
Figura 54 é especificada a carga pontual do nó localizado a 1 m da origem.

FIGURA 54 – ATRIBUÇÃO DE CARGA A NÓS

FONTE: O autor (2021)

Na seguinte imagem, já são colocadas todas as cargas pontuais, que não


necessitam ser definidas com nome.

193
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 55 – TODAS AS CARGAS PONTUAUS ASSIGNADAS NOS NÓS

FONTE: O autor (2021)

Finalmente, o momento é designado para um nó enquanto as cargas dis-


tribuídas são atribuídas aos membros, observando que o programa tem limita-
ções para atribuir cargas lineares, pelo que para este caso do exemplo será ajus-
tada a geometria das cargas lineares a cargas uniformes com um valor de 2T/m e
5T/m. A configuração final da viga está registrada na Figura 56.

FIGURA 56 – AJUSTE NAS CARGAS DISTRIBUÍDAS E APARÊNCIA FINAL DA VIGA

FONTE: O autor (2021)

194
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

Não pode ser esquecido de atribuir o material que anteriormente foi de-
finido, fazendo uso do menu Properties, a opção Attach material. Desta forma,
a linha descontínua que era apresentada como membro passará a ser sólida, tal
como pode ser visto na Figura 57. Da mesma forma, também é mostrada uma
vista espacial da nossa estrutura na Figura 59.

FIGURA 57 – DEFINIÇÃO DE MATERIAL PARA TODOS

FONTE: O autor (2021)

195
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 58 – VISTA ESPACIAL DA ESTRUTURA

FONTE: O autor (2021)

O mais importante do desenho foi finalizado, o momento da análise é


agora. Acessando ao menu Analysis e ativando o comando 1st- Orden Elastic,
como aparece na Figura 59, devemos configurar também a barra inferior para que
seja na seção do plano correspondente e clicar no botão Apply.

FIGURA 59 – ANÁLISE DE PRIMEIRA ORDEM

FONTE: O autor (2021)

196
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

A barra inferior informará se foi realizado com sucesso a análise ou, se algum
erro foi registrado. Nesse caso, o alerta é ativado e não pode ser gerado tipo de gráfico
algum. Para este caso, ao estar tudo corretamente indicado, será necessário ir ao menu
Result, na opção de Diagrams, sendo que esta opção nos levará novamente a escolher
outra opção. Entre elas está a deformada, o diagrama de forças axiais, o cortante em X,
em Z, os diagramas de momentos em Y ou Z ou a combinada desses. O nosso interesse
está no diagrama de momentos Z. A Figura 60 permite visualizar sua geometria.

FIGURA 60 – DIAGRAMA DE MOMENTOS SEM VALORES E COM A CONFIGURAÇÃO VISUAL DO


SENTIDO NA BARRA INFERIOR

FONTE: O autor (2021)

Entretanto, este diagrama não tem ativada a visualização dos valores no


diagrama, assim, em caso de ter interesse neles, deve ser ativada mediante o co-
mando View, opção Labels, onde clicando novamente na opção Diagram values
e tirando Node#s fica mais limpa a imagem, bem como a Figura 61 exibe.

197
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 61 – DIAGRAMA DE MOMENTO COM VALORES ANTES E DEPOIS DO MOMENTO

FONTE: O autor (2021)

A modo de plus é mostrada a configuração do diagrama de cortante, sele-


cionando a opção Shear Y dentro do menu de diagrams, apresentado na Figura 62.

FIGURA 62 – DIAGRAMA DE FORÇA CORTANTE

FONTE: O autor (2021)

198
TÓPICO 2 — USO DO MASTAN2

2.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2


Considerando o exemplo da Figura 38, será feito o ajuste de trocar a carga
linear do pilar por uma carga uniformemente distribuída com valor de 10kN/m. É
solicitado o valor das reações o diagrama do momento. A estrutura teria o visual
registrado na Figura 63.

FIGURA 63 – PÓRTICO AJUSTADO PARA MODELAR

FONTE: O autor (2021)

E
IMPORTANT

Devido ao programa não ter uma definição de unidades especificas, deve-se ter
muito cuidado com a convergência das unidades, então, considerando que as cargas estão
em kN/m, as unidades do modulo de elasticidade (E), também devem ser congruentes.

Considerando que a base de dados do programa só oferece opções de perfil


metálico, quando se trata de concreto, deve ser especificada a seção transversal, tendo
que especificar as dimensões e o momento de inércia, tal como a Figura 64 indica.

199
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 64 – VALORES DA SEÇÃO DOS ELEMENTOS

FONTE: O autor (2021)

Depois da devida análise, o diagrama de momento é indicado na Figura


65 e os valores das reações são:

Nodo inferior esquerdo: Fx = -33.19kN, Fy = 8.362 kN


Nodo inferior direito: Fx = -26.81 kN, Fy = 29.4 kN, M = 102,1 kN.m

FIGURA 65 – DIAGRAMA DE MOMENTOS (MOMENTO Z) PARA O PÓRTICO ESPECIFÍCADO

FONTE: O autor (2021)

200
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A configuração do programa MASTAN2 não oferece comandos de acesso rá-


pido, estes devem ser procurados nas listas do menu.

• A localização de cada comando deve ser bem conhecida para que seja rápida
a inserção de informação através do teclado.

• O mais importante é inserir os nós da estrutura, pois eles definem o início e fim do
membro, sem possiblidade de estes serem editados após surgimento de um nó.

• Existem limitações no programa relacionados à atribuição de cargas lineares,


de modo que essa opção dificulta a obtenção de um diagrama similar aos
outros exemplos.

201
AUTOATIVIDADE

1 Em certas ocasiões, os membros estruturais têm certas restrições no apoio ou


suporte com relação a assentamentos ou deformações por temperatura. Para atri-
buir essas especificações, deve ser aplicada uma sequência no programa para
permitir configurar os valores. Essa sequência requer o uso de quais comandos?

a) ( ) Menu geometry, opção: Define Node.


b) ( ) Comando Support Conditions.
c) ( ) Menu: Conditions, opção: Define Disp. Settlements, opção: Define Tem-
perature Effects.
d) ( ) Menu geometry, opção: Define Connections.

2 Vamos considerar que mediante o MASTAN 2 podem ser analisadas estrutu-


ras bidimensionais. Deste modo, é possível afirmar que um tipo de estrutura
como uma grelha, que requer momentos paralelos à seção transversal de um
membro (Momentos torcionais), poderia ser modelada usando MASTAN2?

a) ( ) Sim, porque uma grelha é uma estrutura plana que pode ser represen-
tada de modo vertical.
b) ( ) Não, porque a grelha necessita considerar momentos a torção, que não
podem ser inseridos no programa.
c) ( ) Sim, porque o programa permite desenhar em 3D, e atribuir momentos
e cargas em todos os sentidos.
d) ( ) Não, porque a quantidade interseções nodais e carregamentos fora do plano
dos membros levaria à queda no processamento dos dados do programa.

3 A ordem é muito importante para aplicar a lógica de análise e sentido dos


membros estruturais desenhados no programa. Sobre as informações de
configuração geométrica ou de propriedades nos modelos no MASTAN 2,
assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Os materiais devem ser definidos e depois atribuídos aos membros.


b) ( ) É necessário marcar a restrição de deslocamento em Z quando se trata
estruturas planas.
c) ( ) Cada membro pode assumir uma única carga distribuída, como resul-
tado das somatórias atuantes.
d) ( ) Não importa a ordem em que surgem os nós, os elementos são quebra-
dos na interseção com um deles.

202
4 A informação acerca do programa indica que podem ser feitas definições de
pré-processamento, análises elástico e não elástico e indicações de pós-pro-
cessamento. A que se refere o pós-processamento? Justifique sua resposta.

5 Alguns autores indicam que MASTAN2 é similar a softwares comerciais


que circulam, ainda que o número de opções de pré e pós-processamento
seja limitado para o usuário, de modo que ele aprenda a manipular a ferra-
menta. Sendo assim, o uso do programa MASTAN2 pode ser empregado na
análise de estruturas reais? Justifique sua resposta.

203
204
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

USO DO ACADFRAME

1 INTRODUÇÃO

O software AcadFrame é uma ferramenta informática muito intuitiva para fa-


zer análise estrutural. Foi desenvolvida com fins educativos na engenharia, fazendo
uso do método dos elementos Finitos com foco exclusivo nos pórticos e treliças planas,
porém considerando a não linearidade geométrica, efeito de temperatura e combina-
ção de ações externas. A sua primeira versão foi lançada no ano 2006 e disponibilizada
para a comunidade da Universidade de São Paulo (CODA; PACCOLA, 2006).

Na sua versão acadêmica, a plataforma distribuidora indica que o estu-


dante tem inteira responsabilidade pelo uso e validação dos resultados. O Acad-
Frame tem limitações na análise com o número de elementos (80 quando se trata
de pórticos, e 150 quando se trata de treliças).

Neste tópico, favorecendo o conhecimento de manipulação que tem o alu-


no dos outros softwares, seremos mais diretos na construção das estruturas, o
típico exemplo e mais um alternativo. Quando se trata de estruturas, protocolos
devem ser cumpridos, assim não se esqueça de ter cuidado no passo a passo.

DICAS

O AcadFrame também é de acesso totalmente gratuito, disponível no link:


http://web.set.eesc.usp.br/softwares_depto/acadframe/.
Veja, acadêmico, neste site, você encontra o download do software e um manual. Assim, não espe-
cificaremos com detalhes os comandos neste tópico, mas mostraremos a interface do programa.

2 INTERFACE DO PROGRAMA
Várias áreas podem ser identificadas na interface do programa, sendo que todas
dão acesso a novas informações, dando click nelas. Na Figura 66 são identificadas várias
regiões, a nº 1 (em vermelho) tem o menu em lista, a região nº 2 (em azul) comandos rápi-
dos para um novo arquivo, abrir, ou salvar, até ajustar o tamanho do espaço do trabalho e
o espaçamento (Grid). As opções do espaço nº 3 (em verde) permitem configurar o espaço
nº 5 (em branco), e no espaço nº 4 se tem várias opções de configuração de tipo materiais
e suas propriedades, apoios e tipos de carregamento, além dos efeitos pela temperatura.
205
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 66 – INTERFACE DO ACADFRAME POR REGIÕES

FONTE: O autor (2021)

O programa facilita que, quando o aluno não queira trabalhar com o cursor
do mouse, pode trabalhar pelo teclado definindo as coordenadas dos nós. Como
em outros programas, não existe configuração de unidades, o ajuste do grid a uni-
dades menores permitirá que o cursor seja preciso na extensão dos elementos.

Considerando o exemplo da Figura 20 serão apresentados os resultados ou


configurações mais significativas, começando pela configuração do grid, tal como a
Figura 67 apresenta. Baseado nisso, será construída a geometria do exemplo.

FIGURA 67 – CONFIGURAÇÃO DO GRID E SUA VISUALIZAÇÃO NO PROGRAMA

FONTE: O autor (2021)

206
TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME

A estrutura foi desenhada, como se vê na Figura 68, na qual também fo-


ram definidos os tipos de vínculos ou apoios, segundo a opção no menu lateral,
indicado em vermelho. Na continuação será definido o carregamento concentra-
do e distribuído dela, clicando na opção em azul da mesma figura.

FIGURA 68 – CONFIGURAÇÃO APÓS CRIAÇÃO DA EXTENSÃO DA ESTRUTURA

FONTE: O autor (2021)

A diferença de outros programas o valor do carregamento não pode ser vi-


sualizado, apenas indicada sua localização e cada valor diferente deve ser nomeado
e posteriormente atribuído ao nó escolhido. Essa peculiaridade é vista na Figura 69.

FIGURA 69 – ATRIBUIÇÃO DO CARREGAMENTO CONCENTRADO

FONTE: O autor (2021)

Conseguindo atribuir as cargas, definindo o material e a seção transversal dela


(Concreto de módulo de elasticidade de 30x109 N/m2, área quadrada de 0.10mx0.10m
e peso específico de 1.60T/m2), congruente com as unidades das propriedades, pode
ser processada a análise, utilizando o comando processar, do lado das letras DXF, no
espaço nº 2 da Figura 66. O diagrama final do momento fletor é escolhido entre as
diversas opções de análise linear. Sua aparência fica registrada na Figura 70. Do lado,
é indicada a faixa de valores por cores que são associados a cada elemento.

207
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 70 – GRÁFICO DO MOMENTO FLETOR

FONTE: O autor (2021)

Finalmente, pode ser criado um relatório que especifica as configurações


geométricas e técnicas da estrutura, pois o programa não permite verificar certas
atribuições definidas. Assim, você pode conferir tanto as cargas quanto os nós
e seu espaçamento ou conexão. Essa opção só é habilitada depois de processar
a estrutura, e o comando fica antes de eleger o tipo de combinação. A Figura 71
mostra parcialmente o conteúdo desse relatório.

FIGURA 71 – ESQUEMA DO RELATÓRIO DE PROCESSAMENTO

FONTE: O autor (2021)

Também é apresentada a configuração final do exemplo da Figura 39, em que


se deseja conhecer o valor das reações nos apoios, considerando que será realizado com
as mesmas especificações geométricas, porém este programa não contempla especifi-
cações de perfis metálicos, então, pretende ser usada uma configuração de concreto,
com especificações de área e material igual à configuração prévia deste programa. As-
sim, a Figura 72 é o resultado dessa análise, com os respectivos valores de reações.
208
TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME

FIGURA 72 – DIAGRAMA DE MOMENTO PARA PÓRTICO DO EXEMPLO NA FIGURA

FONTE: O autor (2021)

209
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

VISUALBARRAS: UM SOFTWARE DIDÁTICO PARA O ENSINO DE ANÁLISE


MATRICIAL DE ESTRUTURAS RETICULADAS PLANAS E MATRICIAL

Zacarias Martin Chamberlain Pravia


Eduardo Pasquetti
Juliana Ana Chiarelloz

1 INTRODUÇÃO

A análise de estruturas é fundamental nos cursos de engenharia civil ou ar-


quitetura. Porém, os estudantes em geral não são suficientemente motivados para a
aprendizagem de disciplinas que tratam do tema por duas razões fundamentais. A
primeira, porque a análise estrutural envolve um grande nível de abstração, dificul-
tando adquirir e assimilar tal conhecimento; a segunda, porque os conceitos são de
difícil visualização. Com o objetivo de desenvolver ferramentas computacionais para
o ensino de análise e dimensionamento de estruturas, o primeiro autor vem desen-
volvendo vários esforços na criação de programas que sejam verdadeiramente di-
dáticos e não apenas “versões educacionais” ou limitadas de programas comerciais.

No desenvolvimento de programas computacionais para aprendizagem (CAL


– Computer Aid Learning) devem ser no mínimo seguidas as recomendações apre-
sentadas por Pravia e Kripka. Há de se ressaltar que software educativo, ou programa
computacional pedagógico – PCP, é aquele que tende a viabilizar o processo de ensino
aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento consciente e a construção dialética do
conhecimento do aluno. Embora existam excelentes programas comerciais para análise
de estruturas, um programa computacional pedagógico pode focar o mesmo assunto,
mas de forma a enfatizar o poder crítico e de assimilação de conteúdos.

Este trabalho apresenta um programa para análise de estruturas reticuladas


planas, dentro do contexto de ser realmente pedagógico, de acordo com as diretrizes
apresentadas na referência. O estágio atual do sistema VISUALBARRAS, realiza a aná-
lise de treliças e pórticos planos, permitindo interagir com o programa de maneira a
fixar os conceitos teóricos de diferentes tópicos das disciplinas de teoria das estruturas.

2 O SOFTWARE VISUALBARRAS

O programa VISUALBARRAS vem sendo desenvolvido desde o ano


2000, pelo primeiro autor com o incansável apoio dos bolsistas mantidos pela
FAPERGS, e no seu estágio atual permite estudar os conceitos de análise matri-
cial de estruturas reticuladas planas (treliças e pórticos). Uma visão detalhada do
programa será exposta através de um exemplo de uma treliça plana (vide Fig. 1).

210
TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME

FIGURA 1 – EXEMPLO DE TRELIÇA PLANA PARA DETALHAR AS CAPACIDADES DO VISUALBARRAS

O programa permite fornecer dados pela via interativa ou através de ar-


quivos em formato ASCII. Após a instalação automática do programa, pode-se
acessar o mesmo através do ícone na área de trabalho do Windows. A primeira
tela do programa é aquela mostrada na Fig. 2, onde pode-se notar os comentários
para uso do programa, embora exista um ajuda contextual para o mesmo, que
pode ser acionada em qualquer momento através da tecla F1.

Na Figura 3 mostra-se a tela para fornecer dados sobre tipos de materiais


e seções para o exemplo mostrado na Figura 1, observe-se que cada tela de for-
necimento de dados tem uma janela de texto com indicações de como dispor os
dados, com algumas explicações sobre o que representam os mesmos.

FIGURA 2 – TELA INICIAL DO VISUALBARRAS

211
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

FIGURA 3 – TELA DE DADOS DE SEÇÕES E MATERIAIS

Já na Figura 4 apresenta-se a tela de dados para as conectividades dos


elementos, de novo existe uma janela de texto com indicações para que o usuário
entenda como e que deve fornecer como dados. No extremo inferior esquerdo
dessa figura mostra-se um desenho com os nós da estrutura que ajuda na definição
das conectividades dos elementos.

FIGURA 4 – TELA DE DADOS PARA DEFINIÇÃO DOS ELEMENTOS DA ESTRUTURA

FIGURA 5 – TELA DE VISUALIZAÇÃO DO SISTEMA VISUALBARRAS

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TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME

Existem outras telas de ingresso de dados para fornecer carregamentos e


condições de apoio ou contorno, que não são aqui mostradas pelo limite de pá-
ginas para apresentação do trabalho. A visualização do modelo com várias alter-
nativas (nós, elementos reações, deformada da estrutura etc.) é mostrada na tela
de visualização do sistema, tal como apresenta-se na Figura 5. Dentro das várias
opções permitidas na tela de visualização, é importante ressaltar as capacidades
de zoom, deslocamento e até animação da deformada da estrutura. Também é
possível imprimir o modelo em estudo, assim como fazer cópias para a área de
transferência do sistema Windows, para elaboração de relatórios (as Figuras 1 e 2
deste trabalho foram produzidas dessa maneira).

Por outro lado, existem opções para mostrar resultados numéricos de des-
locamentos, esforços, reações e outros valores, tal como mostrado na Figura 6. Op-
ções interessantes permitem observar as matrizes locais e globais de elemento, assim
como a matriz global da estrutura com e sem condições de contorno (vide Figura 7).

FIGURA 6 – TELA DE APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E RESULTADOS INTERMEDIÁRIOS

FIGURA 7 – OPÇÃO PARA VISUALIZAÇÃO DE MATRIZ DE RIGIDEZ DA ESTRUTURA

O sistema de ajuda está estruturado de maneira a ser um pequeno livro


sobre os aspectos teóricos envolvidos na análise matricial de estruturas, na Fig. 8
apresenta-se duas telas que mostram partes do sistema de ajuda.

213
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

No sistema de ajuda, além de apresentar como pode-se operar o progra-


ma, são apresentados os aspectos teóricos, exemplos bibliografias que podem ser
consultadas. Esta parte do sistema está ainda em desenvolvimento, porém quan-
do completa, permitirá ao sistema VISUALBARRAS ser um livro eletrônico inte-
rativo para estudo de análise de estruturas.

Outros detalhes do programa podem ser consultados no trabalho de Pas-


quetti e Pravia, principalmente no que diz a confiabilidade de resultados obtidos
com o VIUSALBARRAS, que foram semelhantes aos obtidos com um programa
comercial reconhecido (ANSYS).

FIGURA 8 – TELAS DO PROGRAMA QUE MOSTRAM O SISTEMA DE AJUDA

3 EXEMPLO DE USO PARA AULA EXPOSITIVA

Um verdadeiro programa educacional para análise de estruturas, deve


permitir liberdade para o estudo de diferentes aspectos do tema. A seguir mos-
tram-se um exemplo onde é mostrada a matriz de rigidez global da estrutura
da Figura 1, sem condições de contorno, e com as condições de contorno com a
técnica de um e zeros e com a técnica de número grande. Na Figura 7 observa-se
a matriz de rigidez global sem introdução de condições de contorno, na Figura
9.a apresenta-se a matriz com a técnica de um e zeros, e na Figura 9.b, usando a
técnica de número grande. Com a possibilidade de mostrar como esse aspecto
funciona, fica evidente as vantagens para mostrar numa aula expositiva para os
alunos com essas técnicas de maneira clara.

Um outro exemplo que pode ser considerado é mudar a numeração dos


nós para apresentar a esparsidade da matriz de rigidez da estrutura, e a impor-
tância de existir algoritmos de numeração ótima para aproveitar posições da me-
mória do computador. Muitos outros exemplos podem ser criados, e ainda qual-
quer professor poderá preparar até avaliações sobre o tema com o uso do sistema.

214
TÓPICO 3 — USO DO ACADFRAME

FIGURA 9.A – MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL DA ESTRUTURA DA FIG.1 COM CONDIÇÕES DE


CONTORNO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE UM E ZEROS

FIGURA 9.B – MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL DA ESTRUTURA DA FIGURA 1 COM CONDIÇÕES DE


CONTORNO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE NÚMERO GRANDE

4 COMENTÁRIOS FINAIS

O sistema aqui apresentado, de maneira sucinta, está atualmente sendo


desenvolvido, espera-se que até o final do ano 2001, ou início de 2002, esteja total-
mente pronto, porém no estágio atual pode ser considerado operacional e pode
ser obtida cópia do mesmo com o primeiro autor. Com relação a pórticos planos,
falta apenas testar as opções para carga distribuída e construção de diagrama de
esforços axiais (veja-se Figura 10).

Os resultados das avaliações realizadas com alunos e professores de di-


ferentes instituições de ensino têm sido satisfatórias, apenas com recomendações
para criar um módulo “demo” do programa para seguir passo a passo a construção
e análise de um modelo, tal opção deverá ser integrada no sistema ainda este ano.

Este trabalho faz parte de um projeto para desenvolvimento de ferramen-


tas computacionais para análise e dimensionamento de estruturas coordenador
pelo primeiro autor, que convida a professores interessados de outras instituições
a participara do mesmo. Aliás, após o sistema VISUALBARRAS ser completado
dentro das metas propostas, será disponibilizado de maneira livre para aqueles

215
UNIDADE 3 — USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

que desejem integrar novos elementos ou opções no sistema. Dentro desse proje-
to de criação de ferramentas foi iniciada uma segunda fase com o desenvolvimen-
to de um sistema para dimensionamento de estruturas de madeira.

FIGURA 10 - EXEMPLO DE UM PÓRTICO PLANO NO VISUALBARRAS

FONTE: <https://bit.ly/3s4EWv3>. Acesso em: 25 jan. 2021.

216
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A configuração do programa ACADFRAME é simples e intuitiva, podendo


ser representada estruturas planas.

• As opções de análise podem ser lineares e não lineares, dependendo de uma


configuração mais dinâmica das cargas.

• De modo parecido a outros programas, a identificação das coordenadas para


os nós ou a ativação do grid é fundamental para ter ideia da orientação dos
elementos enquanto são desenhados.

• O AcadFrame pode criar a deformada da estrutura e através dela o estudante


pode identificar a congruência do sentido das cargas aplicadas.

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217
AUTOATIVIDADE

1 A configuração do programa, quando pretende considerar os efeitos da


temperatura sobre as estruturas, pede uma informação chamada Ti e Ts.
Sobre o que esta informação corresponde a(à)?

a) ( ) Tempo inicial da deformação e Tempo secundário.


b) ( ) Diferencial de temperatura e tempo de exposição.
c) ( ) Temperatura inicial e Temperatura secundaria.
d) ( ) Tempo inicial e temperatura secundária.

2 No momento de introduzir os dados de geometria do material, é possível


definir uma configuração arbitrária e não vai ocorrer problema algum. So-
bre a veracidade desta premissa, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Verdadeira, porque independente da informação o programa vai pro-


cessar e lançar um resultado.
b) ( ) Falsa, porque se a informação não é congruente o programa não permi-
tirá continuar a análise.
c) ( ) Verdadeira, porque o programa realiza o ajuste de unidades para vali-
dar a informação.
d) ( ) Falsa, porque surgirá um anúncio de erro fatal e fechará automaticamente.

3 Todos os programas de modelação usam uma ordem lógica de configu-


ração dos membros estruturais para poder levar a cabo o lançamento dos
resultados. Sobre as informações de configuração geométrica ou de pro-
priedades nos modelos no ACADFRAME, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Os materiais devem ser definidos e depois atribuídos aos membros.


b) ( ) É necessário definir as cargas e posteriormente ser atribuídas nos elementos.
c) ( ) Não é possível ajustar os valores das cargas atribuídos, o elemento deve
ser apagado e novamente criado, para ter certeza do seu valor final.
d) ( ) Depois da análise não é possível ajustar a estrutura.

4 Existem certas configurações de carga atuantes que produzem um efeito


combinado nos esforços e deformações dos membros estruturais. Estas
configurações obedecem a especificações de dimensionamento instauradas
por norma nacional de desenho estrutural. O programa permite configurar
combinações de carga. Indique como seria esse funcionamento:

5 O programa ACADFRAME aplica recursos de análise não linear geomé-


trica exata. Esta configuração computacional é permitida pelo método de
elementos finitos. Baseado nisso, é possível afirmar que o ACADFRAME
pode ser empregado na análise de estruturas reais? Justifique sua resposta.

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REFERÊNCIAS
CODA, H. B.; PACCOLA, R. R. AcadFrame: software acadêmico para análise
de pórticos e treliças planas. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3jFksoN.
Acesso em: 12 mar. 2021.

MARTHA, L. F. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. Rio de


Janeiro: Elsevier editora Ltda., 2010.

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