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Estática das

Construções: Estruturas
Isostáticas

Prof. André Valmir Saugo Ribeiro

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. André Valmir Saugo Ribeiro

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

R484e

Ribeiro, André Valmir Saugo

Estática das construções: estruturas isostáticas. / André Valmir


Saugo Ribeiro. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

190 p.; il.

ISBN 978-85-515-0385-0

1. Estática. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 624.171

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo! Para a disciplina proposta, Estática
das Construções: Estruturas Isostáticas, foram produzidas três unidades,
servindo como base para o aprendizado dos alunos.

As três unidades são divididas da seguinte maneira: a primeira


unidade aborda os conceitos fundamentais que servirão como base da
disciplina, a segunda unidade utiliza os conceitos fundamentais da primeira
para calcular e traçar os diagramas de esforços solicitantes dos elementos
estruturais apresentados e, a terceira, utiliza as definições fundamentais,
também da primeira, para calcular e traçar os diagramas dos esforços
solicitantes, além de apresentar e explicar os princípios dos trabalhos virtuais
e linhas de influência.

Aproveite o material!

Prof. André Valmir Saugo Ribeiro

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES.......................................................................... 1

TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS................................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
2 NOÇÕES FUNDAMENTAIS............................................................................................................ 3
3 TIPOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS...................................................................................... 9
4 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA........................................................................... 13
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 17

TÓPICO 2 – ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES


DE APOIO EM ESTRUTURAS..................................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 19
2 CONCEITOS......................................................................................................................................... 19
3 EQUILÍBRIO ESTÁTICO................................................................................................................... 20
4 DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO........................................................................... 21
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 29
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 30

TÓPICO 3 – ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E


TEOREMA FUNDAMENTAL....................................................................................... 31
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 31
2 CONCEITOS......................................................................................................................................... 31
3 ESFORÇOS SOLICITANTES............................................................................................................ 33
4 TEOREMA FUNDAMENTAL........................................................................................................... 37
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 49
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 58

UNIDADE 2 – VIGAS E PÓRTICOS.................................................................................................. 61

TÓPICO 1 – VIGAS................................................................................................................................ 63
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 63
2 CONCEITOS......................................................................................................................................... 63
3 VIGA BIAPOIADA SIMPLES.......................................................................................................... 64
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 70
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 71

TÓPICO 2 – VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS....................................................... 73


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 73
2 CÁLCULOS........................................................................................................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 84
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 85

VII
TÓPICO 3 – APOIO GERBER.............................................................................................................. 87
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 87
2 APOIO GERBER EM VIGAS............................................................................................................ 87
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 96

TÓPICO 4 – VIGAS INCLINADAS.................................................................................................... 97


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 97
2 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES DE VIGAS INCLINADAS............ 97
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 104

TÓPICO 5 – PÓRTICOS........................................................................................................................ 105


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 105
2 PÓRTICOS SIMPLES......................................................................................................................... 105
3 PÓRTICOS COMPOSTOS................................................................................................................ 109
4 ARCOS................................................................................................................................................... 114
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 117
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 120

UNIDADE 3 – TRELIÇAS, PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS E LINHAS


DE INFLUÊNCIA......................................................................................................... 123

TÓPICO 1 – TRELIÇAS......................................................................................................................... 125


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 125
2 DEFINIÇÃO.......................................................................................................................................... 125
3 MÉTODO DOS NÓS OU MÉTODO DE CREMONA................................................................. 126
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 134

TÓPICO 2 – MÉTODO DAS SEÇÕES OU DE RITTER................................................................. 137


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 137
2 MÉTODO DE RITTER OU MÉTODO DAS SEÇÕES................................................................. 137
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 142

TÓPICO 3 – TRELIÇAS ESPACIAIS.................................................................................................. 145


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 145
2 TRELIÇA ESPACIAL.......................................................................................................................... 145
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 151

TÓPICO 4 – PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)................................................. 153


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 153
2 PTV......................................................................................................................................................... 153
3 PRINCÍPIO DOS DESLOCAMENTOS VIRTUAIS..................................................................... 155
4 PRINCÍPIO DAS FORÇAS VIRTUAIS.......................................................................................... 158
5 MÉTODO DA CARGA UNITÁRIA................................................................................................ 160
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 173
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 174

VIII
TÓPICO 5 – LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI).................................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 175
2 LINHAS DE INFLUÊNCIA EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS PLANAS............................ 175
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 181
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 186
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 187

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 189

IX
X
UNIDADE 1

ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• relembrar conceitos necessários para o embasamento da estática das


construções;

• apresentar e explicar as estruturas que serão focadas durante o curso;

• explicar a importância da disciplina para a área da construção civil;

• explicar conceitos sobre a estática das construções

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em três tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades, estas que reforçarão o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS

TÓPICO 2 – ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS


REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

TÓPICO 3 – ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E


TEOREMA FUNDAMENTAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

1 INTRODUÇÃO
Uma estrutura pode ser dimensionada para estar em um sistema em
equilíbrio ou em movimento. O dimensionamento de uma estrutura leva em
consideração sua utilização, como edifícios, pontes, pórticos, estruturas que
são dimensionadas para haver equilíbrio. Eixos de motores são exemplos de
estruturas que são dimensionadas para movimento.

Nesta unidade, será abordado o dimensionamento de estruturas em


equilíbrio estático, este voltado para o caso das construções e focando nos
elementos estruturais: vigas, pórticos planos e treliças.

2 NOÇÕES FUNDAMENTAIS
O primeiro conceito a ser abordado é o conceito de força, que pode ser
definido como uma ação mecânica de um corpo sobre um ponto material. A ação
pode ser representada por um vetor (força interativa) que é aplicado no ponto
(LINDENBERG NETO, 1996). Matematicamente, a força interativa é apresentada
por um par constituído por um vetor e por um ponto: uma força W é aplicada no
ponto Y (Y, W), por exemplo.

Segundo Lindenberg Neto (1996), é de suma importância compreender


que, quando falamos de uma força interativa, estamos referenciando um vetor
aplicado e não um vetor livre. Uma força interativa pode ter sua linha de ação
no plano horizontal ou no plano vertical, comumentemente chamadas de forças
verticais e forças horizontais. A linha de ação de uma força W aplicada em um
ponto Y é a reta que passa pelo ponto Y e é paralela a W.

3
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 1 – LINHA DE AÇÃO DA FORÇA W APLICADA EM Y

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 2)

E
IMPORTANT

Devemos levar em consideração o ponto de aplicação da força, pois uma força


aplicada em pontos diferentes de um mesmo sólido produzirá efeitos diferentes. Podemos
verificar, a seguir, que a força aplicada no ponto A acarretará ao sólido um movimento
de rotação no sentido horário. Entretanto, quando a mesma força é aplicada no ponto B,
ocorrerá o movimento de rotação do sólido no sentido anti-horário. Por fim, aplicando
uma força no ponto C, não provocará nenhum movimento no sólido.

FIGURA 2 – DIFERENTES PONTOS DE APLICAÇÃO DE UMA FORÇA EM UMA MESMA BARRA

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 1)

Podemos dizer que o momento de uma força em relação a um ponto


tem a dimensão do produto por uma determinada distância perpendicular
(LINDENBERG NETO, 1996).
4
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FIGURA 3 – FORÇA W APLICADA EM UM PONTO A UMA DISTÂNCIA D DA ORIGEM O,


GERANDO UM MOMENTO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 2)

Assim:
 
MO = W P x d

Em que:

WP: é a força aplicada no ponto P.

d: é a distância da Origem até o ponto P.

A distância d normalmente recebe o nome de braço de alavanca. O momento


é medido por unidade de força e uma distância (KNm, Nm, Kgfcm etc.). O sinal do
momento pode ser determinado pela regra da mão direita (também chamada de
regra do saca-rolha) ou por determinação de sentidos anti-horário e horário.

A regra da mão direita é a seguinte: posicionar os dedos da mão direita


indicada pela força e o polegar indicará a direção procurada. Polegar entrando no
papel: a rotação será no sentido horário. Polegar saindo da folha: a rotação será
no sentido anti-horário.

E
IMPORTANT

Saber tais conceitos sobre força e momento é de suma importância para


cálculos estruturais, pois os elementos sofrem ações das grandezas. Para calcularmos os
esforços gerados em um elemento estrutural, devemos atribuir apoio ou apoios a uma
determinada estrutura que será estudada.

5
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Para falarmos sobre estruturas isostáticas na construção civil, devemos


conhecer os tipos de apoio utilizados para o dimensionamento de elementos
estruturais estáticos. Segundo Sussekind (1981), os apoios fazem restrição de
movimentos em um determinado ponto, gerando forças de reações.

O primeiro apoio a ser abordado será o apoio simples ou articulação


móvel. Este é representado, normalmente, por símbolos.

FIGURA 4 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO SIMPLES

FONTE: Lindenberg Neto (1996, p. 26)

O apoio restringe o movimento na direção da reta normal de vinculação.


Ainda, permite movimentos paralelos na direção da reta normal da vinculação e
movimento de rotação do sólido em torno do ponto vinculado.

FIGURA 5 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DE APOIO SIMPLES

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27)

A força gerada pela restrição do movimento do apoio é chamada de


força de reação do apoio. É uma força com a direção conhecida, porém devemos
determinar o sentido e a intensidade em cada caso. A seguir, ilustramos a força
de reação de um apoio móvel com o movimento impedido na direção vertical.

FIGURA 6 – REAÇÕES DO APOIO SIMPLES DO EXEMPLO SUPRACITADO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27)

6
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O segundo apoio a ser abordado é o apoio fixo. É representado,


normalmente, por símbolos. Vejamos!

FIGURA 7 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO FIXO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27)

O apoio restringe o movimento na direção da reta normal de vinculação e


permite movimentos de rotação do sólido em torno do ponto vinculado.

FIGURA 8 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DO APOIO FIXO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 28)

A força gerada pela restrição de movimento de apoio é chamada de força de


reação de apoio. É uma força com a direção conhecida, porém devemos determinar
o sentido e a intensidade em cada caso. A seguir, ilustramos as forças de reações de
um apoio fixo com o movimento impedido nas direções horizontal e vertical.

FIGURA 9 – REAÇÕES DE APOIO SIMPLES DO EXEMPLO SUPRACITADO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 28)

7
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

O terceiro apoio a ser comentado é o apoio engastado, e este gerará três


reações nas direções X, Y e Z. O apoio engastado normalmente é representado
como veremos a seguir.

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO ENGASTADO

FONTE: O autor

Determinado tipo de apoio restringe o movimento da peça nas direções


vertical, horizontal e de rotação.

FIGURA 11 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DO APOIO ENGASTADO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 29)

Após a rápida abordagem de alguns conceitos necessários para o


entendimento da matéria, iremos abordar alguns tópicos de grande importância
para base.

8
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

3 TIPOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS


Falaremos da estrutura de uma edificação focando nos elementos
estruturais mais importantes e comuns nas edificações de concreto armado.

Uma estrutura é formada por elementos estruturais. Esses elementos têm


como objetivos receber e transmitir os efeitos das ações sofridas na estrutura,
acarretando deformações. Os tipos de elementos estruturais mais utilizados
são as barras, folhas e os blocos. São caracterizados segundo a sua geometria,
comparando a ordem de grandeza das três dimensões principais do elemento.

As barras têm como principais características dimensões da seção


transversal com mesma ordem de grandeza e comprimento maior, diferente
ordem de grandeza em relação à seção transversal e seu eixo é uma linha reta ou
uma curva aberta. As barras originam sistemas estruturais como vigas, pórticos,
treliças, pilares etc. e são encontradas na classe dos elementos estruturais lineares.

Pilares são elementos estruturais verticais e, normalmente, tais estruturas


estão submetidas a esforços de momentos fletores nas duas direções e por esforço
normal para a compressão. Podem ser vistos, a seguir, exemplos de pilares pré-
fabricados para a construção de um barracão.

FIGURA 12 – PILARES PRÉ-FABRICADOS DE UM BARRACÃO

FONTE: O autor

As vigas são elementos estruturais horizontais e, normalmente, estão


sujeitas a esforços verticais recebidos da laje. Transmitem esses esforços para
os pilares ou, então, a uma carga concentrada. Na figura a seguir é mostrada a
concretagem de vigas baldrames de uma edificação.

9
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 13 – VIGAS BALDRAMES

FONTE: O autor

Os pórticos são elementos estruturais compostos por elementos


horizontais (vigas) e por elementos verticais (pilares). A diferença é que, quando
é considerada um pórtico, essa estrutura não é dividida entre pilar e viga, e esses
elementos se comportam como um só elemento. Podemos verificar, a seguir, que
os pilares e as vigas são entrelaçados formando uma única estrutura e, assim, a
estrutura trabalhará toda como uma e não cada elemento individualmente.

FIGURA 14 – ESTRUTURA PARA PÓRTICO DE CONCRETO

FONTE: <https://www.bibliocad.com/pt/biblioteca/portico-de-concreto_7818/>.
Acesso em: 29 abr. 2019.

As treliças são estruturas compostas por cinco ou mais unidades


triangulares construídas com elementos retos, os quais são interligados por suas
extremidades em pontos conhecidos como nós.

10
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FIGURA 15 – TRELIÇAS METÁLICAS DE UM BARRACÃO

FONTE: <http://www.ebanataw.com.br/trelica/trelica.htm>. Acesso em: 29 abr. 2019

As folhas ou estruturas de superfície apresentam grandes superfícies em


relação à espessura. Determinado elemento estrutural origina tipos de estruturas
como lajes, placas etc. As folhas encontram-se na classe dos elementos estruturais
bidimensionais. As lajes são elementos estruturais que, geralmente, transmitem
os esforços para as vigas que as sustentam, transmitindo para os pilares. A seguir,
pode ser vista uma laje de madeira suportada por vigas que distribuem a carga
para os pilares.

FIGURA 16 – LAJE DE MADEIRA

FONTE: <https://www.novesengenharia.com.br/tipos-de-lajes-lajes-de-madeira/>.
Acesso em: 29 abr. 2019.

Os blocos possuem três dimensões com mesma ordem de grandeza, e os


blocos de fundação são exemplos de sistemas estruturais formados pelo elemento
estrutural bloco. Os blocos encontram-se na classe dos elementos estruturais
tridimensionais. Um exemplo está ilustrado a seguir, em que encontramos
um bloco de fundação produzido com mais de 1000 m³ de concreto para uma
edificação com mais de 40 andares.

11
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 17 – BLOCO DE FUNDAÇÃO

FONTE: O autor

A seguir, são ilustrados esses elementos estruturais supracitados. As


figuras a) e b) representam os elementos estruturais lineares, c) representa os
bidimensionais e d) os tridimensionais.

FIGURA 18 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS POR SUA GEOMETRIA


ℓ3

ℓ1 ℓ1

ℓ3
ℓ2 bw = ℓ3
ℓ2

ℓ3

h = ℓ3 ℓ2

ℓ1 ℓ2
ℓ1

FONTE: Bastos (2014, p. 67)

12
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

4 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA


Para que uma estrutura seja considerada isostática, o número de equações
de equilíbrio da estática deve ser igual ao número de incógnitas (reações dos
apoios). Os exemplos a seguir mostram como verificar se uma estrutura pode ser
considerada isostática.

EXEMPLO 1

FIGURA 19 – VIGA BIAPOIADA

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 33)

Verificamos que há três reações dos apoios (RAH; RAV; RBV). Essas três
reações serão determinadas através das três equações fundamentais da estática
para uma estrutura plana:

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0

Podemos observar que a relação fundamental de uma estrutura isostática


é satisfeita, pois temos o mesmo número de incógnitas (reações de apoio) e o
mesmo número de equações fundamentais de equilíbrio da estática.

EXEMPLO 2

FIGURA 20 – VIGA ENGASTADA

FONTE: O autor

13
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

E
IMPORTANT

Como sabemos, o apoio A é um apoio engastado, o qual não permite


movimentos nas três direções X, Y e Z. Assim, gerará três reações no apoio A (Rax, Ray e
Ma), como ilustrado a seguir.

FIGURA 21 – REAÇÕES DE APOIO

FONTE: O autor

Como no Exemplo 1, temos uma estrutura plana linear. Para encontrarmos


as incógnitas, serão utilizadas as mesmas três equações de equilíbrio do Exemplo 1.

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0
Portanto, há uma equivalência nas equações a serem utilizadas com o
número de incógnitas a ser determinado. Assim, conclui-se que a estrutura do
Exemplo 2 é uma estrutura isostática.

EXEMPLO 3

FIGURA 22 – EXEMPLO
10.0 kN

20.0 kN

FONTE: O autor

14
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Sabemos que o apoio A é um apoio móvel que está impedindo o movimento


na horizontal e o apoio B é um apoio fixo que impede o movimento na horizontal
e na vertical. Assim, temos uma reação na horizontal para o apoio A, que será
denominada de Rax, e duas reações no apoio B, que serão denominadas de Rbx e
Rby. Essas reações são ilustradas no sistema a seguir.

FIGURA 23 – REAÇÕES DE APOIO

10.0 kN
20.0 kN

FONTE: O autor

Verificamos que há três reações de apoio (Rax, Rbx e Rby) e, para determiná-
las, serão utilizadas as mesmas três equações de equilíbrio dos Exemplos 1 e 2.
Portanto, infere-se que a estrutura do Exemplo 3 é isostática, pois o número de
equações é igual ao número de reações dos apoios a serem determinados.

A seguir, devemos exercitar a teoria para que, mais à frente, o conceito


esteja consolidado, podendo você, acadêmico, resolver problemas mais complexos
com os demais conceitos que serão abordados nos itens seguintes.

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O grau de estaticidade de uma estrutura é determinado pela análise dos apoios


da estrutura, além do número de equações que são utilizadas para determinação
das reações de apoio.

• Para a estrutura ser considerada isostática, o número de reações de apoio


(incógnitas a serem determinadas) deve ser igual ao número de equações de
estática.

• Se o número de reações de apoio for maior que o número de equações de


estática, a estrutura é hiperestática e, se for menor, é considerada hipostática.

16
AUTOATIVIDADE

1 Determinar se as estruturas a seguir são isostáticas.

a)

b)

c)

d)

17
e) 10.00 kN/m

f) 10.00 kN/m

g) 10.00 kN/m

h) 10.00 kN/m

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS


REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, será demonstrado o método de como calcular as reações de
apoio dos elementos estruturais. Além disso, será abordada a estrutura treliça e
demonstrado o cálculo da sua isostaticidade.

2 CONCEITOS
Estruturas reticulares são estruturas geralmente formadas por barras de
eixo reto, ligadas por rótulas ou articulações. Exemplos de estruturas reticulares
são as treliças e as grelhas. Quando estas são submetidas a cargas aplicadas nos
nós apenas, as barras são submetidas a esforços axiais.

Soriano (2005) classifica as estruturas em barras de acordo com dois


critérios: quanto aos esforços seccionais desenvolvidos nas barras e quanto ao
equilíbrio estático das estruturas. De acordo com o primeiro critério, as estruturas
reticuladas podem ser classificadas como treliças plana e espacial, pórticos plano
e espacial, grelha e estruturas com escoras, tirantes ou cabos. O caso mais geral de
estruturas reticuladas é o pórtico espacial pois, a cada ponto nodal, estão associados
seis deslocamentos e seis esforços nodais, totalizando doze deslocamentos e doze
esforços nodais por barra.

Segundo Valle et al. (2013), para obtermos o equilíbrio de uma treliça


isostática, devemos respeitar duas condições: (1) Equilíbrio estável (Nós
indeslocáveis); (2) Número de incógnitas (W) igual ao número de equações
de equilíbrio da estática (E). O número de incógnitas é dado pelo número de
reações (R) somado com o número de barras (B). Já o número de equações de
equilíbrio é o resultado do número de nós (Z) multiplicado por 2 (esse valor
é multiplicado devido à existência de uma equação no eixo e x e outra no y.
Assim, deve-se ter W = E. O esquema a seguir representa uma treliça plana com
as representações das rótulas e a formação de uma treliça isostática.

19
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 24 – TRELIÇA ISOSTÁTICA

FONTE: Valle et al. (2013, p. 29)

Para a 2ª relação ser satisfeita,

W=E

Em que W é a soma das reações presentes no sistema com o número total


de barras:

W = RAH + RBV + RAV + número de barras

W = 3 + 11 = 14

E é o total de rótulas ou nós multiplicado por dois.

E = 2 x número de nós

E = 14

Assim, W = E e, consequentemente, temos uma estrutura isostática.

3 EQUILÍBRIO ESTÁTICO
Como já fora supracitado, para obter uma estrutura isostática deve-se
ter o número de incógnitas a ser determinado igual ao número de equações de
equilíbrio que será utilizado para determinação das incógnitas. Para se obter
uma estrutura em equilíbrio isostático, deve-se ter feito o cálculo das equações
de equilíbrio:

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0

20
TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

As equações garantem que o sistema não esteja em movimento,


equilibrando-o. A primeira equação garante que o somatório das forças horizontais
seja zero, garantindo que a estrutura não esteja em movimento horizontal. Já a
Equação 2 verifica o somatório das forças verticais da estrutura. Caso a condição
seja satisfeita, ela garante que o sistema não estará em movimento vertical. Por
fim, tem-se a terceira equação, esta que busca verificar os momentos que são
aplicados na estrutura e, caso a condição seja satisfeita, garante que o sistema não
esteja em movimento de rotação.

4 DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO


Para determinarmos as reações de apoio de uma estrutura isostática,
utilizamos as equações de equilíbrio. Essas equações determinam que a estrutura
esteja em equilíbrio, portanto, não havendo deslocamento.

EXEMPLO 1

No caso a seguir, tem-se um exemplo de um caso em que o sistema será


satisfeito por essas condições, garantindo que o sistema fique em equilíbrio
isostático. Assim, devemos calcular/encontrar as reações dos apoios.

FIGURA 25 – ESQUEMA ESTRUTURAL DA VIGA ISOSTÁTICA BIAPOIADA

25 KN

1,5 m 4,5 m

FONTE: O autor

E
IMPORTANT

Primeiramente, devemos calcular se a estrutura é uma estrutura isostática.


Como já explicado anteriormente, pode ser verificada seguindo a especificação de que o
número de incógnitas deve ser igual ao número de equações da estática. Assim, temos:

21
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Número de equações = 3

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0
Número de incógnitas a ser calculado pelas equações:

RAV, RBV, RBH ------------- 3 incógnitas

Assim, temos um sistema isostático. Agora, vamos garantir que o sistema


esteja em equilíbrio. Verificando pela primeira equação:

∑ FH = 0
Como não temos nenhuma força atuando no eixo x, a força de reação do
apoio B no eixo x deve ser 0, RBH = 0. Segunda equação:

∑ FV = 0
Verificamos que há três componentes verticais de força, RAV, RBV e 25KN.
Assim:

RAV + RBV – 25 = 0

Como temos duas incógnitas para uma equação, vamos utilizar a última
equação de equilíbrio. É preciso tentar descobrir, pelo menos, uma das incógnitas
e, assim, determinar os valores. Portanto, aplicamos o ponto de origem em B e a
equação de equilíbrio do momento fletor em relação ao ponto de origem B.

∑ MB = 0
Com a origem em B, temos duas forças aplicando o momento em relação
ao ponto: a RAV e 25 KN. A força RBV está aplicada sobre o ponto de origem B
e, assim, não exerce momento na estrutura a partir do ponto B. A força 25 KN
gera um momento positivo em relação ao ponto B, já que gera um momento no
sentido anti-horário. A força RAV gera um momento negativo no sentido horário
em relação ao ponto B. Assim:

22
TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

− RAVx6 + 25 x 4,5 = 0
25 x 4,5 = RAVx6
25 x 4,5
RAV =
6
RAV = 18,75 KN

Após encontrarmos a força de reação em A (RAV), podemos determinar as


demais forças do sistema:

RAV + RBV – 25 = 0
RAV + RBV = 25
RBV + 18,75 = 25
RBV = 6,25 KN

Determinadas as incógnitas do sistema, garantimos que o sistema esteja


em equilíbrio, já que as três equações do sistema em equilíbrio isostático foram
satisfeitas. Assim, há o seguinte resultado:

FIGURA 26 – REAÇÕES DE APOIO DA VIGA ISOSTÁTICA BIAPOIADA

FONTE: O autor
EXEMPLO 2

É preciso calcular as reações de apoio de uma viga com uma carga


uniforme de 20KN/m distribuída ao longo da estrutura.

FIGURA 27 – EXEMPLO

FONTE: O autor

23
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Verificamos que o apoio A é um apoio fixo, ou seja, há duas forças de


reação no ponto. Já no ponto B temos um apoio móvel, o que significa apenas
uma força de reação. O apoio B está travado na direção vertical. Assim, temos:

FIGURA 28 – ESQUEMA ESTRUTURAL

FONTE: O autor

Primeiramente, devemos calcular se a estrutura é uma estrutura isostática.


Assim:

Número de equações = 3

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0

Número de incógnitas a ser calculado pelas equações:

RAx, RAy, RBy ------------- 3 incógnitas

Assim, afirmamos que é uma estrutura isostática, e o próximo passo é


determinar as reações dos apoios A e B. Então, são aplicadas as equações de
equilíbrio da estática:

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0
Sabemos que não há forças externas aplicadas na direção da força da
reação Rax. Portanto, o valor é igual a 0, Rax = 0. Para que possamos encontrar a
reação Rby, aplicamos o somatório dos momentos em relação ao ponto A.

24
TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

∑ MA = 0
20.3, 25.3, 25
Rby.3, 25 − 0
=
2
105, 625
Rby =
3, 25
Rby = 32,5 KN

A força aplicada pela carga uniforme distribuída é aplicada na metade


da distância da aplicação da força, porém em toda a viga. Assim, temos o
valor da carga multiplicado pelo comprimento de aplicação da carga e o ponto
de aplicação da carga (metade da distância da aplicação da carga). Após a
determinação da reação de apoio B (Rby), podemos encontrar a reação de apoio
A (Ray) através da equação:

∑ FV = 0
Rby + Ray – 20 . 3,25 = 0
Ray = 32,5 KN

Como as reações foram encontradas com o sinal positivo, adotamos o


sentido inicial que foi considerado.

O sistema final é apresentado da seguinte forma.

FIGURA 29 – REAÇÕES DE APOIO DA VIGA

FONTE: O autor

EXEMPLO 3

É preciso determinar as reações dos apoios A e B no pórtico.

25
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 30 – EXEMPLO DE PÓRTICO

FONTE: O autor

E
IMPORTANT

O primeiro passo é determinar se a estrutura é isostática. Sabemos que, para


uma estrutura plana ser considerada isostática, o número de equações a ser utilizado deve
ser igual ao número de incógnitas ou reações a ser determinado.

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0

Serão utilizadas três equações de equilíbrio para determinação das reações


dos apoios A e B. Como o apoio A é um apoio fixo, este gera duas reações de
apoio (Ray e Rax), já o apoio B é um apoio móvel que acarreta uma força de reação
(Rby), pois está travado na direção vertical. Como o número de incógnitas é igual
ao número de equações de equilíbrio a ser utilizado, a estrutura é considerada
isostática. O sistema com as reações dos apoios e as forças externas aplicadas é
apresentado a seguir.

26
TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS

FIGURA 31 – ESQUEMA ESTRUTURAL

FONTE: O autor

O próximo passo é aplicar as equações de equilíbrio para encontrar os


valores das reações de apoio. Começaremos aplicando a equação de equilíbrio
para as forças em relação ao eixo X.

∑ FH = 0
Rax + 20 = 0

Rax = –20 KN

Como o resultado da força de reação Rax foi negativo, deverá ser feita a
inversão no sentido da força, indicando ser no sentido oposto ao da força externa
aplicada na estrutura e no sentido oposto ao adotado no sistema inicial.

Para encontrarmos a força de reação no apoio B (Rby), verificamos as


forças que geram momento fletor em relação ao ponto A.

∑ MA = 0
Rby . 1,95 – 20 . 1,81 = 0

Rby = 18,56 KN

Para encontrar a reação do apoio A, é preciso aplicar a equação de


equilíbrio das forças verticais.

27
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

∑ FV = 0
Ray + Rby – 30 = 0

Ray = 11,44 KN

Com a determinação de todas as reações de apoio, apresenta-se o esquema


do sistema da estrutura final.

FIGURA 32 – REAÇÕES DE APOIO

FONTE: O autor

28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As reações de apoio (incógnitas) são determinadas a partir das equações de


equilíbrio da estática.

• A maneira de calcular a isostaticidade de uma treliça é diferente da maneira


que é calculada a isostaticidade de vigas e pórticos.

• As reações de apoio são dependentes das cargas externas aplicadas na estrutura.

29
AUTOATIVIDADE

1 Calcule as reações de apoio das estruturas a seguir:

a) 25.00 kN/m

1.95 m

b) 25.00 kN/m

1.95 m

c)
30.0 kN

1.02 m

1.95 m

d) 30.0 kN/m

1.95 m

e)
60.0 kN

20.0 kN

1.95 m
1.09 m

30
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E


TEOREMA FUNDAMENTAL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, serão abordados os conceitos de isostaticidade em
algumas estruturas espaciais e os conceitos e cálculos dos esforços solicitantes
em estruturas planas.

2 CONCEITOS
Conforme Lindenberg Neto (1996), uma estrutura pode ser chamada de
estrutura espacial quando os eixos das diversas barras não estão contidos em
um mesmo plano. Quando uma estrutura é considerada espacial, englobará três
dimensões. Suas condições isostáticas são muito parecidas com as condições
das estruturas planas, porém com uma equação de equilíbrio a mais. A seguir, é
ilustrada uma estrutura espacial.

FIGURA 33 – ESTRUTURA ESPACIAL

4tf

D
2tf

RCZ
RCX
C

RAX RBX
A B RCY
RAZ RBZ

RAY RBY

FONTE: Valle et al. (2013, p. 22)

31
Verificamos que existem três apoios fixos com três reações cada (Rax; Ray;
Raz; Rbx; Rby; Rbz; Rcx; Rcy; Rcz), três cabos e quatro nós. A isoestaticidade é
determinada pelo número de apoios fixos multiplicado pelo número de incógnitas
a ser determinado e somado pelo número de cabos ou barras. O resultado deve ser
igual ao número de nós multiplicado pelo número ocupado dimensionalmente
pela estrutura. Assim, verifica-se que:

W = 3 x 3 + 3 = 12

E = 3 x 4 = 12

Como W = E, então a condição isostática é satisfeita. Para um pórtico


espacial engastado, a condição é mostrada a seguir.

FIGURA 34 – PÓRTICO ESPACIAL


4tf
1tf
2tf

4.00m

3.00m

5.00m Y

Rax Max X
Raz Ray
Z
Maz
May

FONTE: Valle et al. (2013, p. 23)

A condição de isoestaticidade é calculada pela quantidade de incógnitas a ser


determinada, devendo ser a mesma quantidade de equações de equilíbrio. Assim:

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑ Fz = 0
∑ Mx = 0
∑ My = 0
∑ Mz = 0
32
O número de equações de equilíbrio e a quantidade de incógnitas (forças/
momentos de reação) geradas pelo apoio (Rax; Ray; Raz; Max; May; Mas) são
seis. Assim, verifica-se que a condição de isoestaticidade da estrutura é satisfeita.

3 ESFORÇOS SOLICITANTES
Para caracterizar o estado de tensão dos pontos de uma estrutura constituída
por barras, é preciso determinar as tensões que atuam nos três planos perpendiculares
entre si, dois a dois. Para o caso de barras, um dos planos sempre será o plano da
seção transversal. Portanto, a determinação das tensões nas seções transversais das
barras é um dos temas que será estudado (LINDENBERG NETO, 1996).

Segundo Lindenberg Neto (1996), para obter as tensões que atuam em


uma seção transversal da barra, é preciso supor que haja um corte separando
as seções transversais e determinar as forças distribuídas que atuam na seção
cortada e que equilibram cada uma das partes da barra. Contudo, a obtenção
direta das tensões não é simples e a resistência dos materiais realiza o cálculo de
maneira indireta por intermédio dos esforços solicitantes.

Os esforços solicitantes são aqueles obtidos pela redução das tensões no


centro de gravidade (G) de uma seção transversal.  A redução das tensões em G
consiste
 em aplicar, no ponto, dois esforços; (1) R , que é a resultante das tensões;
(2) M , o momento que as tensões têm em relação a G.

Pela Lei da Ação e Reação, a ação que uma parte da seção exerce sobre a
outra é representada pelas tensões, que são as forças distribuídas nos pontos da
seção transversal, não sendo estas representadas pelos esforços solicitantes, que
são os esforços concentrados (LINDENBERG NETO, 1996).

Podemos dizer que os esforços solicitantes decorrem das tensões. Eles


representam a ação que uma parte da barra exerce sobre a outra. Esses esforços
pontuais acarretam uma força e um momento mecanicamente equivalentes ao
sistema que foi reduzido.

Sabendo que o sistema está em equilíbrio, tanto na parte 1 quanto na parte


2, os esforços externos aplicados e os esforços solicitantes para cada parte também
se encontram em equilíbrio. Assim, verificamos que os esforços solicitantes são
muito atraentes e úteis, pois são fáceis para determinação. Uma vez conhecidos
os esforços externos e entendendo que o sistema se encontra em equilíbrio, a
determinação dos esforços solicitantes pode ser dada através da utilização das
equações de equilíbrio (LINDENBERG NETO, 1996).

Conforme será mostrado a seguir, as tensões nos pontos de uma viga


são diretamente proporcionais aos esforços solicitantes que atuam nas seções
transversais. As maiores tensões se apresentam com os maiores esforços
solicitantes (LINDENBERG NETO, 1996).

33
Segundo Lindenberg Neto (1996), a seção mais perigosa de uma
estrutura formada por barras é, portanto, a seção na qual há a combinação mais
desfavorável de esforços solicitantes, havendo as maiores tensões na estrutura.
Em uma estrutura formada por barras, determina-se a seção crítica por meio dos
diagramas de esforços solicitantes.

Para compreender o que são os diagramas de esforços solicitantes, será


utilizada uma viga para exemplificá-los. O sistema constituído pela viga é plano
e são consideradas planas as estruturas constituídas por barras cujos eixos se
situam em um plano.

EXEMPLO 1

FIGURA 35 – EXEMPLO
15.0 kN

3.00 m
8.12 m

FONTE: O autor

O primeiro passo é determinar as incógnitas da estrutura, que são as reações


de apoio. Como a estrutura é plana, há três reações de apoio para determinação e
três equações de equilíbrio, verifica-se que a estrutura é uma estrutura isostática.
Assim, o sistema tem o seguinte formato:

FIGURA 36 – ESQUEMA ESTRUTURAL


15.0 kN

3.00 m
8.12 m

FONTE: O autor

34
As reações de apoio serão determinadas com as seguintes equações de
equilíbrio:

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑ MO = 0
Primeiramente, vamos aplicar a equação do momento com o ponto de
origem em A e, então, determinar a reação de apoio Rcy. Temos:

∑ MA = 0
Rcyx8,12 − 15 x3 =
0
45
Rcy =
8,12
Rcy = 5,54 KN

Após a determinação da reação Rcy, determinaremos a reação do apoio A


no eixo Y (Ray).

∑ Fy = 0
Ray + Rcy − 15 =0
Ray + 5,54 − 15 =
0
Ray + 5,54 − 15 =
0
Ray = 9, 46 KN

Por fim, determinaremos a reação do apoio A no eixo X. Como não temos


nenhuma força externa no eixo X e apenas uma reação no eixo, a resultante da
reação é 0 KN.

Com as reações de apoio podemos traçar o diagrama de esforço cortante


e o momento fletor. Antes de traçar os diagramas, é importante destacar como é
feita a convenção dos sinais dos esforços solicitantes.

QUADRO 1 – CONVENÇÃO DE SINAIS PARA OS ESFORÇOS SOLICITANTES

Esforço Solicitante Sinal positivo Sinal negativo


Normal Tração Compressão
Giro do trecho analisado no Giro do trecho analisado no
Cortante
sentido horário sentido anti-horário
Momento fletor Tração das fibras inferiores da barra Tração das fibras superiores da barra

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996)

35
Os sinais dos esforços solicitantes (Normal, Cortante e Momento Fletor)
são demonstrados a seguir.

FIGURA 37 – CONVENÇÃO DE SINAIS PARA OS ESFORÇOS SOLICITANTES EM UMA VIGA

FONTE: O autor

Após a colocação, verificamos que, até os três metros, com o ponto de


referência em A, tem-se o esforço cortante atuante somente na reação do apoio A
(apoio esquerdo da estrutura, ou seja, o apoio fixo). Após os três metros, tem-se
o esforço cortante da reação de apoio em A menos o esforço cortante resultante
da carga aplicada no ponto B. Portanto, o gráfico do esforço cortante é constante
até os três metros, com esforço gerado pela reação do apoio A. Após os três
metros também é constante, porém, será o esforço cortante gerado pela reação do
apoio em A menos a força aplicada no ponto B. O diagrama de esforço cortante é
mostrado a seguir.

FIGURA 38 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE


9.5

-5.5

FONTE: O autor

Podemos, também, traçar o diagrama de momento fletor. Esse diagrama


pode ser representado pela equação Q = Ray.x para o trecho A até B, em que x vai
de 0 até 3 metros. Ainda, Q = Rcy.x do trecho C até B, em que x tem o valor de 0
até 5,12 metros.

36
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

FIGURA 39 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR

28.4
FONTE: O autor

Após serem traçados os diagramas, verifica-se que o momento fletor


máximo está localizado no ponto B, em que está aplicada a força de 15 KN.

4 TEOREMA FUNDAMENTAL
É constituído pela forma mais simples, rápida e segura para determinar
os esforços solicitantes que atuam em uma seção transversal de uma barra
(LINDENBERG NETO, 1996).

Vamos exemplificar o teorema através de uma viga poligonal com um


corte representado pela letra S (seção). Determinaremos os esforços solicitantes
na seção S reduzindo seu centro de gravidade ou todos os esforços externos
aplicados à direita e à esquerda do corte.

FIGURA 40 – EXEMPLO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97)

Para determinação dos esforços, iremos relembrar os tópicos que foram


abordados antes do teorema fundamental. Sabe-se que, como o apoio
   A é
um engaste e é uma estrutura plana, temos três incógnitas (FAH ; FAV ; M A ) para

37
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

determinar e três equações do equilíbrio. Assim, como o número de incógnitas


a ser determinado é igual ao número de equações utilizadas para determinação,
pode-se afirmar que a estrutura é uma estrutura isostática.

Após verificação da isoestaticidade da estrutura, vamos determinar as


reações de apoio e os esforços solicitantes na seção feita pelo corte da estrutura.
Podemos olhar tanto para o lado direito como o lado esquerdo da estrutura.
Contudo, o lado esquerdo não tem esforços externos aplicados, e sim reações do
apoio a serem determinadas. Logo, começaremos a analisar a estrutura olhando
para o lado direito da seção S.

FIGURA 41 – RESOLUÇÃO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97)

Sabemos que, a partir do ponto S, iremos determinar um momento


fletor, uma reação das forças externas na componente x e uma na componente
y. Começaremos a determinar o momento fletor, este que irá ser causado pelas
forças externas na seção S:

∑ Ms = 0
Ms + 60 − 30 + 170 =
0
Ms = −200 KN.m

A força de 30 KN aplicada no ponto D causará um momento fletor de 60


KN.m. Assim, 30KN x 2m. Como a força ocasiona um movimento de rotação no
sentido anti-horário, o sinal do momento é positivo, resultando em +60KN.m.

A força de 30 KN aplicada no ponto F causará um momento fletor de


30KN.m, pois 30KN x 1m. Como essa força resulta em um movimento de rotação
no sentido horário, o sinal do momento é negativo, resultando em -30KN.m.

38
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

A força de 85 KN é aplicada no ponto C, resultando em um momento


fletor de 170 KN.m, já que o momento é calculado por 85KN x 2m. Como a força
resulta de um movimento de rotação no sentido anti-horário, o sinal do momento
é positivo: +170KN.m.

O resultado do momento em S representa que o momento que está


aplicado na seção transversal S tem sentido horário, fazendo com que as fibras
abaixo do centro de gravidade sejam tracionadas.

O próximo passo é determinar a força que está sendo aplicada nas


componentes horizontal (X) e vertical (Y) na seção S. Assim:

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
As forças aplicadas na componente vertical são as forças de 85KN, força
positiva, pois está sendo aplicada no sentido positivo do eixo Y (para cima), e
30Kn, força negativa, pois está sendo aplicada no sentido negativo do eixo Y
(para baixo). As duas forças aplicadas na componente horizontal são as forças de
85KN. Assim, temos:

Fsy +85 − 30 =0
Fsy = −55 KN
Fsx − 85 + 30 =
0
Fsx = 55 KN

Com a determinação dos esforços solicitantes na seção S, temos o resultado


ilustrado a seguir.

FIGURA 42 – REAÇÕES DA SEÇÃO

FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97)

39
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Após a determinação das forças e momentos atuantes na seção S,


verificamos que, pelo princípio da ação e reação, as forças que atuam no lado
esquerdo da seção S são as mesmas que atuam na análise da direita, porém com
direções opostas.

FIGURA 43 – EXEMPLO

170.0 kNm

55.0 kN

55.0 kN
FONTE: O autor

Para determinar as reações do apoio A, aplicamos as três equações de


equilíbrio. Após o cálculo, verificamos que, no caso, as reações do apoio A são os
mesmos valores das reações da seção S, porém com sentidos opostos. Assim, as
reações do apoio A apresentam os valores e as orientações são mostradas.

FIGURA 44 – REAÇÕES DE APOIO

55.0 kN
267.7 kNm
55.0 kN

FONTE: O autor

Após a determinação das reações de apoio, podemos traçar o diagrama


dos esforços solicitantes do sistema com a seção S. Os diagramas dos esforços
solicitantes ficaram da seguinte forma.

40
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

FIGURA 45 – DIAGRAMA DE ESFORÇO NORMAL

-55.0 -55.0

-55.0
-30.0

-30.0 -30.0

FONTE: O autor

FIGURA 46 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE

-55.0 -55.0
30.0
-30.1
0.1

-30.0 -30.0

FONTE: O autor

41
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 47 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR

90.1
90.1

146.3

201.4
29.7
29.7

30.1
29.8

30.1
29.8

FONTE: O autor

EXEMPLO 2

A seguir, um exemplo da viga apoiada com uma carga concentrada. Serão


traçados os diagramas de esforços solicitantes.

FIGURA 48 – EXEMPLO
15.0 kN

3.00 m

8.12 m

FONTE: O autor

O sistema da estrutura fica da seguinte maneira:

42
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

FIGURA 49 – ESQUEMA ESTRUTURAL

15.0 kN
FONTE: O autor

O primeiro passo é fazer a verificação da isoestaticidade da estrutura.

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑ MO = 0
Assim, afirma-se que a estrutura é isostática. Como não há forças externas
aplicadas no eixo horizontal X, a reação do apoio A (Rax) é igual a 0.

∑ MA = 0
Rby.8,12 − 15.3 =
0
Rby = 5, 54 KN

∑ Fy = 0
Ray + Rby − 15 =0
Ray= 15 − 5,54
Ray = 9, 46 KN

Após a determinação das reações de apoio, serão calculados os esforços


solicitantes. Podemos determinar através do teorema fundamental. Na sequência,
fazer a divisão da viga com a seção S e optar pela redução na seção do corte
através dos esforços externos à esquerda ou à direita.

43
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 50 – APLICAÇÃO DO TEOREMA FUNDAMENTAL

15.0 kN
3.00 m

8.12 m

FONTE: O autor

Para o caso, será analisado, primeiramente, o trecho de B até S. Após a


decisão tomada de qual trecho será estudado, serão determinados os diagramas
dos esforços solicitantes, sendo o diagrama de momento fletor, esforço cortante
e esforço normal.

Para o trecho de B até S, as equações do esforço cortante e do momento


fletor são definidas por:

Esforço cortante para o trecho B até S, sendo que x varia de 0 até 5,12.

Qs = Rby
Qs = –5,54 KN

Momento fletor para o trecho B até S, sendo que x varia de 0 até 5,12.

Ms = Rby.x

Como a equação do momento é linear, será representada por uma reta no


diagrama.

Para x = 0:

Ms = 0 KN.m

Para x = 5,12:
Ms = 28,36 KN.m

Para o trecho de apoio A até a seção S, x varia de 0 até 3 metros.

Esforço cortante:

Qs = + 9,46 KN

Momento fletor:

44
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

Ms = Ray.x
Ms = 9,46.x

Para x = 0:

Ms = 0 KN.m

Para x = 3:

Ms = 28,38 KN.m

E
IMPORTANT

Como nenhum esforço solicitante é apresentado na horizontal, o esforço


normal solicitante é igual zero. Portanto, são mostrados os diagramas de esforço cortante
e momento fletor.

FIGURA 51 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE


9.5

-5.5
FONTE: O autor

FIGURA 52 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR

28.4
FONTE: O autor

EXEMPLO 3

O próximo exemplo será feito com uma carga distribuída em uma viga
biapoiada:

45
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 53 – EXEMPLO
50.00 kN/m

2.00 m

FONTE: O autor

O primeiro passo será determinar as reações dos apoios A e B. Serão


utilizadas as relações de equilíbrio a seguir:

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑ MO = 0
A primeira equação da estática não será aplicada no exemplo porque não
se tem força externa no eixo X. Assim, a reação do apoio A no eixo X será 0.

∑ MA = 0
− 50.2.2
+ Rby.2 =
0
2
Rby = 50 KN

∑ Fy = 0
Ray − 50.2 + Rby =
0
= 100 − Rby
Ray
= 100 − 50
Ray
Ray = 50 KN

Após a determinação das reações de apoio, utiliza-se o teorema


fundamental da estática, fazendo o corte ou a seção para determinar os esforços
solicitantes na seção transversal da viga.

46
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

FIGURA 54 – APLICAÇÃO DO TEOREMA FUNDAMENTAL


50.00 kN/m 50.00 kN/m

2.00 m

FONTE: O autor

A seção S foi determinada a partir do apoio A. Assim, para o trecho A até S:

FIGURA 55 – ANÁLISE DA SEÇÃO DO APOIO A ATÉ A SEÇÃO S


50.00 kN/m

FONTE: O autor

Assim, são apresentadas as equações dos esforços cortante e momento


fletor para o trecho. A incógnita x varia seu valor de 0 até 2:

Q = –50.x + 5

Quando x = 0:

Q0 = 50 KN

Quando x = 1:

Q1 = 50 KN

Quando x =2:

Q2 = –50 KN

Após a determinação dos esforços cortantes em 0, 1 e 2, traça-se o diagrama


de esforço cortante.

47
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

FIGURA 56 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE


49.9

0.2

-49.9

2.00 m

FONTE: O autor

Para o momento fletor, para desenhar o diagrama, é utilizada uma equação


de segundo grau. Assim, o diagrama apresentado será uma parábola.

x2
−50. + 50.x
Ms =
2

Quando x=0:

Ms = 0 KN.m

Quando x=1

Ms = + 25 KN.m

Quando x=2

Ms = 0 KN.m

Após a determinação do momento fletor em 0, 1 e 2, traça-se o diagrama


de momento fletor.

FIGURA 57 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR

24.9

2.00 m

FONTE: O autor

48
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

LEITURA COMPLEMENTAR

DIAGRAMAS DE FORÇA CORTANTE (CISALHAMENTO)


E MOMENTO FLETOR

Elementos estreitos que suportam cargas aplicadas perpendicularmente


ao seu eixo longitudinal são chamados de vigas. Em geral, as vigas são barras
compridas retas com área da seção transversal constante. Elas são classificadas
conforme seus apoios. Por exemplo, uma viga simplesmente apoiada tem um
apoio fixo em uma extremidade e está apoiada em roletes (apoio móvel). Uma
viga em balanço é engastada em uma extremidade e livre na outra. Uma viga
apoiada com extremidade em balanço tem uma ou ambas as extremidades em
balanço. Certamente, as vigas são consideradas o mais importante de todos os
elementos estruturais. Exemplos incluem elementos usados para apoiar os pisos
dos edifícios, o tabuleiro de uma ponte ou a asa de um avião.

Viga simplesmente apoiada

Viga em balanço

Viga apoiada com extremidade em balanço

Figura 6.1

Devido às cargas aplicadas, as vigas desenvolvem força cortante


(cisalhante) interna e momento fletor que, em geral, variam de ponto para ponto
ao longo do eixo da viga. A fim de projetar a viga adequadamente, é necessário,
primeiramente, determinar o cisalhamento e o momento máximos na viga. Um
modo de fazer isso é expressar V e M como funções de uma posição arbitrária x
ao longo do eixo da viga.

Essas funções de cisalhamento e momento são então aplicadas e


representadas por gráficos denominados diagramas de força cortante e momento
fletor. Os valores máximos de V e M são então obtidos a partir desses gráficos.

Usamos o método das seções para determinação da carga interna em um


ponto específico do elemento. Entretanto, se tivermos de determinar V e M internos
como funções de x ao longo da viga, será preciso localizar o cone imaginário a
uma distância arbitrária x da extremidade da viga e definir V e M em termos de
49
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

x. Assim, a escolha da origem e a direção positiva para qualquer x selecionado são


arbitrárias. É mais comum, porém, localizar a origem na extremidade esquerda
da viga e a direção positiva da esquerda para a direita.

Em geral, as funções de cisalhamento interno e momento fletor obtidas em


função de x são descontínuas, ou seu declive é descontínuo nos pontos. Assim,
tais funções devem ser determinadas para cada região da viga localizada entre
quaisquer duas descontinuidades da carga. Por exemplo: as coordenadas x1, x2 e
x3 têm de ser usadas para descrever a variação de V e M em todo o comprimento
da viga. Essas coordenadas são válidas apenas nas regiões de A a B, no caso de
x1, de B a C no caso de x2 e de C a D no caso de X3.

w0

A
B
C D
x1
x2
x3
Figura 6.2

Convenção de sinal de viga

Antes de apresentar um método para determinar o cisalhamento e o momento


fletor como funções de x e depois relacionar as funções (diagramas de força cortante
e de momento fletor), é necessário estabelecer uma convenção de sinal para definir a
força cortante interna “negativa” e a “positiva” e o momento fletor. Apesar de a escolha
da convenção de sinal ser arbitrária, usaremos a convenção geralmente adotada na
prática da engenharia e mostrada a seguir. As direções positivas são as seguintes: a
carga distribuída atua sobre a viga no sentido de cima para baixo, a força cortante
interna provoca rotação no sentido horário e o momento interno provoca compressão
nas fibras superiores. As cargas opostas a essas direções são consideradas negativas.

w(x)

Carga distribuída positiva


V V

Cisalhamento interno positivo


M M

Momento interno positivo


Convenção de sinal de viga

Figura 6.3

50
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

Procedimento de análise

Os diagramas de força cortante e momento fletor de uma viga são


construídos por meio do seguinte procedimento.

Reações de apoio

“Determinar todas as forças reativas e conjugados que atuam sobre a


viga e desdobrar em componentes todas as forças que atuam perpendicular e
paralelamente ao eixo da viga”.

Funções de cisalhamento e momento fletor:

• Especificar coordenadas separadas x com origem na extremidade esquerda da


viga.
• Selecionar a viga perpendicular a seu eixo a cada distância x e desenhar o
diagrama de corpo livre de um dos segmentos. Certificar-se de que V e M
sejam mostrados atuando no sentido positivo, de acordo com a convenção de
sinal mostrada na Figura 6.3.
• A força cortante é obtida somando as forças perpendiculares ao eixo da viga.
• O momento é obtido somando os momentos em torno da extremidade
selecionada do segmento.

Diagramas de Força Cortante e Momento Fletor

• Esquematizar o diagrama de força cortante (V versus X) e o diagrama de


momento fletor (M versus X). Se os valores numéricos das funções que
descrevem V e M forem positivos, serão desenhados acima do eixo x, ao passo
que os valores negativos serão desenhados abaixo do eixo.
• Em geral, é conveniente mostrar os diagramas de força cortante e momento
fletor diretamente abaixo do diagrama de corpo livre da viga.

Método gráfico para construir os diagramas de força cortante


(cisalhamento) e momento fletor

Nesta seção, discutimos um método mais simples para construir os


diagramas de força corante e momento — um método baseado em duas relações
infinitesimais que existem entre carga distribuída, cisalhamento e momento.

Regiões de carga distribuída

Consideremos a viga mostrada na Figura 6.10a, submetida a um


carregamento arbitrário. O diagrama de corpo livre de um pequeno segmento
∆x da viga é mostrado na Figura 6.10b. Uma vez que esse segmento foi escolhido
em uma posição x onde não há carga concentrada ou conjugado, os resultados a
serem obtidos não se aplicarão aos pontos de carga concentrada.

51
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Observe que todas as cargas mostradas no segmento atuam na direção


positiva de acordo com a convenção de sinal estabelecida (Figura 6.3). Além disso,
tanto a força cortante resultante interna quanto o momento interno devem sofrer uma
pequena alteração finita, mantendo o segmento em equilíbrio. A carga distribuída foi
substituída pela força resultante w (x) ∆x que atua a uma distância fracionária k (∆x)
a partir da extremidade direita, onde O < k < 1 [por exemplo, se w (x) for uniforme,
k=1/2]. Aplicando as duas equações de equilíbrio do segmento, temos:

w(x)∆x
w(x)

k(∆x)

F1 F2 V
w(x)
M
M+∆M
O N A

C V+∆V

M1 M2 ∆x
x ∆x Diagrama de corpo Área da seção
livre do segmento ∆x transversal do segmento
(a) (b)

Figura 6.10

+ ↑ ∑ Fy 0;
= ( x)∆x − (V + ∆V ) 0
V − w=
∆V =− w( x)∆x
∑ Mo 0;
(+= − V ∆x − M + w( x)∆x[k (∆x)] + ( M =
+ ∆M ) 0
∆M = V ∆x − w( x)k (∆x) 2

Dividindo por ∆x e calculando o limite quando ∆x→0, as duas equações


anteriores tornam-se:

dV
= − w( x)
dx
(6.1)
declive do = – intensidade
diagrama de cisalhamento da carga distribuída
em cada ponto em cada ponto

dM
=V
dx
(6.2)
declive do = cisalhamento
diagrama de momento em cada
em cada ponto ponto

52
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

As duas equações oferecem um meio conveniente para obter rapidamente


os diagramas de força cortante e momento de uma viga. A Equação 6.1 diz que, em
determinado ponto do diagrama de força cortante, o declive é igual à intensidade
negativa da carga distribuída. Consideremos, por exemplo, a viga da Figura 6.11a.
A carga distribuída é positiva e aumenta de zero até wb. Portanto, o diagrama de
força cortante será uma curva com declive negativo, aumentando de zero a -wb. Os
declives específicos wa = 0, -wc, wd e -wb são mostrados na Figura 6.11b.

De maneira similar, a Equação 6.2 menciona que, em determinado ponto, o


declive do diagrama de momento é igual à força cortante. Observe que o diagrama
de força cortante da Figura 6.11b começa em + Va, decresce para zero, torna-se
negativo e decresce para – Vb. O diagrama de momento terá, então, um declive
inicial de + Va, que decresce para zero. Assim, o declive torma-se negativo e decresce
para -Vb. Os declives específicos Va, Vc, Vd, 0 e -Vb são mostrados na Figura 6.11c.

As equações 6.1 e 6.2 também podem ser reescritas sob a forma dV = -w (x)
dx e dM = Vdx. Observando que w (x) dx e V dx representam áreas infinitesimais
sob a carga distribuída e o diagrama de força cortante, respectivamente, podemos
integrar as áreas entre quaisquer dois pontos C e D da viga (Figura 6.11d) e escrever:

∆V =− ∫ w( x)dx
(6.3)
mudança de = – área sob a
força cortante carga distribuída

∫ V ( x)dx
∆M =
(6.4)
mudança de = área sob o diagrama
momento de força cortante

A Equação 6.3 demonstra que a mudança de força cortante entre os


pontos C e D é igual à área (negativa) sob a curva da carga distribuída entre esses
dois pontos (Figura 6.11d). De modo semelhante, pela Equação 6.4, a mudança
de momento entre C e D (Figura 6.11f) é igual à área sob o diagrama de força
cortante na região C a D.

53
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

w
w = w (x) B

(a) (d)
A B C D
C D
V
V
0
–wC
VA –wD ∆V
(e)
x
(b) x C D

–VB

M –wB M

VD 0 ∆M
VC

VA (f)
–VB x
(c) C D
x

Figura 6.11

Como dissemos antes, as equações anteriores não se aplicam em pontos


onde atuam força concentrada e conjugados.

Regiões de força concentrada e momento fletor

O diagrama de corpo livre do pequeno segmento mostrado na Figura


6.10ª, visualizado sob uma das forças, aparece na Figura 6.12ª. Pode-se observar
que é necessário equilíbrio de forças.

+ ↑ ∑ Fy 0;
= V − F − (V + ∆V ) 0
=
∆V =−F (6.5)

Assim, quando F atua de cima para baixo sobre a viga ∆V é negativo, de


modo que a força cortante “salta” para baixo. Da mesma maneira, se F atua para
cima, o “salto” (∆V) será para cima.

Pela Figura 6.12b, o equilíbrio de momento requer que a mudança de


momento seja:

(+ ∑ Mo 0;
= V ∆x − M 0
M + ∆M − M 0 −=
Fazendo ∆x → 0, temos:

∆M =
M0
(6.6)

54
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL

No caso, se Mo for aplicado no sentido horário, ∆M será positivo, de


modo que o diagrama de momento “saltará” para cima. De maneira semelhante,
quando Mo atuar no sentido anti-horário, o “salto” (∆M) será para baixo.

A Tabela 6.1 ilustra a aplicação das equações 6.1, 6.2, 6.5 e 6.6 em alguns
casos comuns de carregamento. Nenhum desses resultados deve ser memorizado.
Em vez disso, devem ser estudados cuidadosamente para que você fique bem
informado. Valem a pena o tempo e o esforço gastos.

Carga Diagrama de Força Cortante


dV Diagrama de Momento
dM
= −w =V
dx dx

P w=0 V2
M1 M2 P w=0 V1
V1
V2 M2
M1
V1 V2 A força P de cima para baixo faz
V 'saltar' para baixo de V1 para V2+ O declive constante muda de V1 para V2+

V
M1 M0 M2 w=0 V
V V M1 M2
V V Não há mudança na força cortante visto Declive positivo constante, M0 no sentido
que o declive w = 0. anti-horário faz M 'saltar' para baixo.

V2
w0 -w0
M1 M2 V1
V1 M2
V2 M1
V1 V2 Declive negativo constante. Declive positivo que diminui de V1 para V2+
w2
-w1 V2
w1
M1 M2 -w2 V1
V1 M2
V2 M1
V1 Declive negativo que aumenta Declive positivo que diminui
V2
de -w1 para -w2+ de V1 para V2+

w1
-w1 V2
w2
M1 -w2
M2 V1 V1
M2
V2 M1
V1
V2 Declive negativo que diminui Declive positivo que diminui
de -w1 para -w2+ de V1 para V2+

Tabela 6.1

Procedimento de análise

O procedimento a seguir oferece um método para construir os diagramas


de força cortante e momento de uma viga com base nas relações entre carga
distribuída, cisalhamento e momento.

55
UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

Reações de apoio

• Determinar as reações de apoio e desdobrar as forças que atuam sobre a viga


em seus componentes perpendicular e paralelo ao eixo da viga.

Diagrama de força cortante

• Estabelecer os eixos V e X e construir um gráfico com os valores conhecidos do


cisalhamento nas duas extremidades da viga.
• Como dV/dx = -w, o declive do diagrama de força cortante em qualquer ponto
é igual à intensidade (negativa) da carga distribuída no ponto. Observe que w
é positiva quando atua de cima para baixo.
• Se o valor numérico do cisalhamento tiver de ser determinado em um ponto,
pode ser encontrado esse valor usando tanto o método das seções quanto a
equação de equilíbrio da força, como a equação ∆V = -∫w (x), a qual expressa
que a mudança do cisalhamento entre dois pontos quaisquer é igual à área
(negativa) sob o diagrama de carga entre os dois pontos.
• Como w (x) deve ser integrada para se obter ∆V, então se w (x) for uma curva de
grau n, V (x) será uma curva de grau n+1. Por exemplo, se w (x) for uniforme, V
(x) será linear.

Diagrama de momento fletor

• Estabelecer os eixos M e X e construir um gráfico com os valores conhecidos do


momento nas duas extremidades da viga.
• Como dV/dx = V, o declive do diagrama de momento fletor em qualquer ponto
é igual ao cisalhamento no ponto.
• No ponto em que o cisalhamento é nulo, dM/dx =0 e, portanto, será um
momento máximo ou mínimo.
• Se o valor numérico do momento tiver de ser determinado em um ponto, pode
ser encontrado esse valor usando tanto o método das seções quanto a equação
de equilíbrio do momento, como a equação ∆M = ∫V(x)dx, a qual expressa
que a mudança de momento entre dois pontos quaisquer é igual à área sob o
diagrama de força cortante entre os dois pontos.
• Como V(x) deve ser integrada para se obter ∆M, então se V(x) for uma curva de
grau n, M(x) será uma curva de grau n+1. Por exemplo, se V(x) for linear, M(x)
será parabólica.

FONTE: HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. São Paulo: Pearson Educação, 2006. p. 199-211.

56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O cálculo para isostaticidade de estruturas espaciais é muito parecido com as


estruturas planas, porém, engloba a terceira dimensão.

• O teorema fundamental é de suma importância para a determinação dos


esforços solicitantes e, consequentemente, dos seus diagramas.

• A partir do teorema fundamental são determinadas as equações para encontro


dos esforços solicitantes das estruturas.

• A partir da determinação dos esforços solicitantes, é possível traçar os


diagramas, os quais são de suma importância para um projeto estrutural.

57
AUTOATIVIDADE

1 Calcule e trace os diagramas de esforços cortantes das estruturas a seguir.

a) 80.0 kN

3.29 m
8.01 m
80.0 kN

b)

4.48 m

7.00 m

c)

d)

58
e) 150.00 kN/m

4.06

f) 150.00 kN/m

5.85

59
60
UNIDADE 2

VIGAS E PÓRTICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• explicar o que são vigas e pórticos;

• explicar a importância da realização dos cálculos para a prática;

• aprender a calcular os esforços solicitantes nas estruturas citadas na unidade;

• traçar os diagramas dos esforços solicitantes nas estruturas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em cinco tópicos. No decorrer da
unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – VIGAS

TÓPICO 2 – VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

TÓPICO 3 – APOIO GERBER

TÓPICO 4 – VIGAS INCLINADAS

TÓPICO 5 – PÓRTICOS

61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1

VIGAS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico será abordado o elemento estrutural viga. Serão
apresentados os diferentes tipos de vigas em situação de projeto e como calcular
tais elementos.

2 CONCEITOS
Como já explicado na primeira unidade, vigas são elementos estruturais
que têm a função de distribuir as cargas de um elemento estrutural para outro.
Estas podem ser apresentadas em um projeto da seguinte maneira:

GURA 1 – PROJETO ESTRUTURAL DE UMA VIGA

FONTE: O autor

Na imagem é exemplificado um tipo de viga de concreto em um projeto


estrutural de uma determinada construção. Verificamos que, para a viga, foram
utilizadas duas barras de aço com uma bitola de 10mm na parte superior da viga
e duas barras de aço com bitola de 10mm na parte inferior. Outras informações
podem ser visualizadas, como o comprimento das barras, quantidade de estribos,
comprimento, a bitola e a disposição dos estribos ao longo da viga.
63
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

E
IMPORTANT

O conteúdo deste livro, no qual serão determinados os esforços solicitantes


nas estruturas estudadas, contribui com o dimensionamento das estruturas e o tipo de
armadura a ser utilizado nos elementos. É necessário conhecer o tipo de esforço solicitante
em cada parte do elemento estrutural para que se possa fazer o dimensionamento da
estrutura estudada.

Há vários tipos de viga que podem se apresentar em determinadas


situações no campo de projeto. Os tipos serão abordados e estudados nos
subtópicos a seguir deste capítulo.

3 VIGA BIAPOIADA SIMPLES


O primeiro tipo de viga a ser abordado será a viga biapoiada simples. É
composto por um sistema estrutural que apresenta dois apoios nos extremos da
viga e esforços externos atuantes. Pode ser interpretado como a viga sobre dois
pilares, estes que estão nos extremos. Então, a carga será transferida para os apoios
(pilares) pela determinação das reações de apoio. Os esforços transferidos para
os apoios são dependentes dos carregamentos que estão aplicados no elemento
estrutural em questão. A seguir, temos exemplos dos tipos de vigas.

EXEMPLO 1

FIGURA 2 – VIGA COM CARGA CONCENTRADA


40.0 kN

2.40 m

4.50 m

FONTE: O autor

Para a determinação das reações dos apoios A e B, deve-se verificar se


a viga em questão é uma viga isostática. A verificação deve ser feita com as
equações de equilíbrio. Se o número de incógnitas é igual ao número de equações
utilizadas para determinação das reações de apoio, então a viga será denominada
isostática. Assim:
64
TÓPICO 1 | VIGAS

∑ FH = 0
∑ FV = 0
∑ MO = 0
Há três incógnitas: Rax, Ray e Rby. Assim, o número de incógnitas a ser
determinado é igual ao número de equações utilizado para determinação das
incógnitas. Após, serão determinadas as reações dos apoios.

∑ FH = 0
E
IMPORTANT

Como falta força atuante na direção do eixo X (horizontal), a reação do apoio


A no eixo X será igual a 0. Portanto, Rax = 0. Então, podemos fixar um apoio e verificar o
momento atuante pelas forças. Fixaremos o apoio A e determinaremos, assim, o momento
atuante em relação ao apoio A. Então, consideremos que Rby estará atuante na direção
contrária à força externa atuante.

FIGURA 3 – VIGA COM CARGA CONCENTRADA


40.0 kN

2.40 m

4.50 m

FONTE: O autor

∑ MA = 0
Rby.4,5 − 40.2, 4 =
0
40.2, 4
Rby =
4,5
Rby = 21, 33 KN

65
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Após a determinação da reação de apoio B, obtemos Rby = 21,33 KN. Como


o resultado apresentou sinal positivo, adotamos a direção que foi predeterminada
para a reação. Após, foi utilizada a última equação para determinar a direção e a
magnitude da reação.

∑ FV = 0
Rby − 40 + Ray =
0
= 40 − 21,33
Ray
Ray = 18,67 KN

A reação de apoio Ray foi considerada com a mesma direção da reação de


apoio Rby, pois ambas têm o mesmo resultado e este foi positivo. Assim, a direção
foi mantida a mesma. Portanto, o sistema resultante é apresentado a seguir.

FIGURA 4 – REAÇÕES DOS APOIOS A E B PARA A VIGA COM CARGA CONCENTRADA


40.0 kN

2.40 m

4.50 m

FONTE: O autor

Para traçarmos os diagramas de esforços cortantes será utilizado o teorema


fundamental, que consiste em dividir o elemento estrutural em seções.

Serão analisadas duas seções. O primeiro trecho consiste do ponto A até


o esforço externo atuante, ou seja, x variará de 0 até 2,4 metros a partir do ponto
A. O segundo trecho será de B até o esforço externo atuante, em que x variará de
0 até 2,10 metros a partir do ponto B.

Para o primeiro trecho:

66
TÓPICO 1 | VIGAS

FIGURA 5 – ANÁLISE DO TRECHO A ATÉ S

2.40 m

FONTE: O autor

Para o esforço cortante:

Qs = +18,67 KN

Como já visto na primeira unidade, se o esforço cortante aplica um esforço


que atuará no sentido horário em relação à origem e, no caso, com esforço externo
atuante, o esforço cortante será positivo. Como não há forças atuando na direção
do eixo X, não existirão esforços normais solicitantes.

Para o momento fletor:


Ms = 18,67.x

Para x=0, ponto A:

MA = 0 KN.m

Para x=2,4, esforço externo:

Ms = +44,81 KN.m

E
IMPORTANT

Como a reação do apoio A traciona as fibras inferiores da viga, o sinal do


Momento Fletor será positivo. Como a equação encontrada para determinar o Momento
Fletor é uma equação de primeiro grau, tem-se, para o gráfico de Momento Fletor, uma
reta. Para o esforço cortante, como não há variação, há uma constante.

67
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 6 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE PARA O TRECHO ANALISADO


18.7

FONTE: O autor

FIGURA 7 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR PARA O TRECHO ANALISADO

44.
FONTE: O autor

Agora, serão encontrados os esforços solicitantes do segundo trecho e,


então, serão traçados os diagramas dos esforços para toda a viga.

FIGURA 8 – ANÁLISE DO TRECHO S ATÉ B


40.0 kN

2.10 m

FONTE: O autor

Para o esforço cortante:

Qs = – 21,33 KN

E
IMPORTANT

Se o esforço cortante aplica um esforço que atuará no sentido anti-horário em


relação à origem e, no caso, com esforço externo atuante, o esforço cortante será negativo.
Como não há forças atuando na direção do eixo X, não existirão esforços normais solicitantes.

68
TÓPICO 1 | VIGAS

Para o momento fletor:

Ms = – 21,33.x

Para x=0, ponto B:

MB = 0 KN.m

Para x= 2,1, esforço externo:

Ms = + 44,81 KN.m

Como a reação do apoio A traciona as fibras inferiores da viga, o sinal do


Momento Fletor será positivo. Como a equação encontrada para determinar o
Momento Fletor é uma equação de primeiro grau, tem-se, para o gráfico de Momento
Fletor, uma reta. Para o esforço cortante, como não há variação, há uma constante.

FIGURA 9 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FINAL


18.7

-21.3
FONTE: O autor

FIGURA 10 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FINAL

44.8

FONTE: O autor

69
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os esforços solicitantes de uma força aplicada em uma viga influenciam no


projeto estrutural.

• A viga isostática biapoiada simples é composta por um sistema estrutural que


apresenta dois apoios nos extremos da viga e esforços externos atuantes.

• É de suma importância aplicar o teorema fundamental para calcular e traçar os


diagramas de esforços solicitantes de uma viga isostática biapoiada simples.

70
AUTOATIVIDADE

1 Calcule e trace os diagramas de esforços solicitantes da viga isostática


biapoiada simples a seguir:

a)

b)

c)

d)

e)

71
72
UNIDADE 2 TÓPICO 2

VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

1 INTRODUÇÃO
Vimos estruturas com uma única carga atuante ou com cargas que não
interferem uma na outra em relação aos diagramas de esforços solicitantes. Agora,
veremos um exemplo de mais de uma carga atuando e interferindo no traçado
dos diagramas de esforços solicitantes e sendo dependente de mais de uma carga
para traçar um mesmo diagrama. Assim, teremos uma superposição de efeitos
devido ao fato de mais de uma carga ter efeito em um mesmo esforço solicitante.

FIGURA 11 – VIGA BIAPOIADA COM SUPERPOSIÇÃO DE CARGAS

FONTE: O autor

Verificamos que existe uma superposição de efeitos causada pelas cargas


concentrada de 80KN e distribuída de 35KN/m. A viga pode ser imaginada como
duas vigas biapoiadas com uma carga concentrada e outra com carga distribuída.
O cenário é apresentado a seguir.

FIGURA 12 – PRIMEIRA VIGA COM A CARGA DISTRIBUÍDA DE 35,0 KN/M

FONTE: O autor

73
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 13 – SEGUNDA VIGA COM A CARGA CONCENTRADA DE 80,0 KN

FONTE: O autor

A estrutura pode ser calculada isoladamente com cada tipo de carga


e, depois de determinados os esforços solicitantes de cada carga externa, são
somados esses efeitos das cargas e são traçados os gráficos da estrutura.

A seguir, primeiramente, será demonstrado o cálculo com as cargas externas


atuantes juntas e, depois, será exemplificado como seria o cálculo para a mesma
estrutura com as mesmas cargas, mas utilizando a superposição dos efeitos.

2 CÁLCULOS
Começaremos fazendo o cálculo das reações dos apoios presentes na
estrutura, dos esforços solicitantes na viga em questão, estes ocasionados pelas
cargas e, por fim, vamos desenhar os diagramas de esforços solicitantes. Podemos
dividir a estrutura em duas estruturas com as cargas atuantes.

Primeiramente, é preciso verificar se a viga é uma estrutura isostática.


Sabendo que há três equações de equilíbrio a serem utilizadas no presente
exemplo e três reações de apoio para determinação, podemos dizer que a estrutura
em estudo é uma estrutura isostática. Então, serão determinadas as reações dos
apoios em questão. São: Rax, Ray e Rby.

FIGURA 14 – VIGA ORIGINAL COM SUPERPOSIÇÃO DAS CARGAS

FONTE: O autor

74
TÓPICO 2 | VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

Para determinação das reações, verificamos que não há forças atuantes na


direção do eixo X, assim Rax = 0 KN. Para determinação das demais reações será
fixado o ponto A, aplicando um momento.

∑ MA = 0
35.5.5
Rby.5 − 80.2, 61 − 0
=
2
Rby = 129, 26 KN

Como o resultado da reação deu positivo, seu sentido pré-ajustado é


considerado como original. Por fim, será determinada a última reação de apoio, a Ray.

∑ Fy = 0
Rby + Ray − 80 − 35.5 =
0
Ray = +125, 74 KN

Como a reação Ray apresentou sinal positivo, portanto, é considerado o


sentido adotado como o sentido correto da reação. Assim, o sistema é apresentado
da seguinte forma.

FIGURA 15 – REAÇÕES DOS APOIOS DA VIGA ORIGINAL

FONTE: O autor

Após a determinação das reações de apoio, serão determinados os esforços


solicitantes na estrutura e, também, é preciso traçar os diagramas desses esforços.

Conforme o teorema fundamental, a estrutura será dividida em seções.


No caso, serão duas seções antes e depois da carga concentrada de 80 KN. Assim,
temos um trecho que será de A até a carga concentrada, em que o valor de x será
entre 0 e 2,61 metros. O outro trecho será de B até a carga concentrada, em que x
terá o valor entre 0 e 2,39 metros.

Para o primeiro trecho:

75
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 16 – SEÇÃO DA VIGA ORIGINAL PARA ANÁLISE DOS ESFORÇOS SOLICITANTES

FONTE: O autor

No primeiro trecho, x terá um valor de 0 a 2,61 metros. Como não há força


atuante no eixo X, não haverá esforço normal. Para o esforço cortante:

Qs = 125,74 – 35.x

Para x= 0, ponto A:

QA = + 125,74 KN

Para x = 2,61, ponto carga concentrada (ponto S):

Qs = 125,74 – 35.x

Qs = 34,4 KN

E
IMPORTANT

Os valores dos esforços cortantes são positivos, pois o valor do esforço solicitante
maior é o esforço com movimento horário. Como a equação para determinar o esforço cortante
é uma de primeiro grau, a representação do esforço no diagrama será feita por uma reta.

76
TÓPICO 2 | VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

FIGURA 17 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE DA VIGA ORIGINAL PARA SEÇÃO ANALISADA

125.9
34.8

2.61 m

FONTE: O autor

Para determinar o momento fletor:

x2
=Ms 125, 74.x − 35.
2

Para o ponto A, em que x = 0:

MA = 0 KN.m

Para o ponto S, em que x = 2,61:

Ms = 209 KN.m

FIGURA 18 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DA VIGA ORIGINAL PARA A SEÇÃO ANALISADA

209

FONTE: O autor

Após a determinação dos esforços solicitantes no primeiro trecho, será


analisado o segundo trecho. Este corresponde do ponto B até o ponto com a carga
concentrada, em que x varia de 0 até 2,39 metros a partir do ponto B.

77
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 19 – SEÇÃO DA VIGA ORIGINAL PARA ANÁLISE DOS ESFORÇOS SOLICITANTES

FONTE: O autor

Para o esforço cortante no trecho:

Qs = – 129,26 + 35.x

Para o ponto B, em que x = 0:

Qb = –129,2 KN

Para o ponto S, em que x = 2,39:

Qs = – 45,2 KN

E
IMPORTANT

Como a equação do esforço solicitante é uma de primeiro grau, o gráfico


é representado por uma reta. O esforço cortante no trecho tem sinal negativo, pois a
resultante das cargas atuantes tem sentido anti-horário. Assim, o esforço cortante final
teria o seguinte gráfico.

FIGURA 20 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FINAL DA VIGA ORIGINAL

125.9
34.8

-45.2
-129.2
FONTE: O autor

78
TÓPICO 2 | VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

Para traçar o gráfico final do momento fletor da estrutura será calculado o


momento fletor no trecho. Assim, há a equação a seguir.

x2
−129, 26 x + 35.
Ms =
2

Para o ponto B, em que x = 0:

Mb = 0 KN

Para o ponto S, em que x = 2,39:

Ms = 209 KN

E
IMPORTANT

O sinal é positivo devido ao momento fletor gerado pelos esforços solicitantes


ter valor positivo, pois estes tracionam a parte inferior da viga. O diagrama tem o traçado
de uma parábola, pois a equação encontrada é uma de segundo grau. A seguir, é ilustrado
o final da estrutura.

FIGURA 21 – DIAGRAMA DO MOMENTO FLETOR FINAL DA VIGA ORIGINAL

209.3
FONTE: O autor

A partir do exemplo supracitado, é preciso fazer exercícios para consolidar


o que foi explicado.

Agora, será demonstrado como ficaria o cálculo utilizando a superposição


dos efeitos e, posteriormente, a construção dos diagramas de esforços solicitantes.

Assim:

79
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 22 – VIGA 1 COM APENAS A CARGA CONCENTRADA ATUANTE

FONTE: O autor

Para a determinação das reações dos apoios A e B, como não temos força
externa atuante na direção horizontal, Rax = 0.

∑ MA = 0
Rby.5 − 80.2, 61 =
0
Rby = 41, 76 KN
∑ FV = 0
Ray − 80 + 41, 46 =
0
Rby = 38, 24 KN

Utilizando o teorema fundamental, serão inseridas duas seções: uma


antes da carga externa atuante e uma após a carga externa atuante a partir do
ponto A. Assim, as equações para traçar os diagramas dos esforços solicitantes
para a carga externa atuante são ilustradas a seguir.

Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A:

Qs = 38,24

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A:

Ms = 38,24.x

Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

Qs = –41,46

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

Ms = 41,46.x

Agora, serão definidos os esforços solicitantes para a carga distribuída


externa atuante na estrutura.

80
TÓPICO 2 | VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

FIGURA 23 – VIGA 2 COM APENAS A CARGA DISTRIBUÍDA ATUANTE

FONTE: O autor

As reações dos apoios A e B são mostradas a seguir.

Rax = 0
Ray = 87,6 KN
Rby = 87,6 KN

As reações de apoio têm sentido contrário ao da força externa aplicada, ou


seja, sentido positivo do eixo Y. A viga será dividida em duas seções: uma antes
de 2,61 metros e uma depois, a partir do ponto A.

Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A:

Qs = 87,6 – 35.x

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A:

x2
Ms 87, 6 x − 35.
=
2
Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

Qs = – 87,6 + 35.x

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

x2
Ms 87, 6 x − 35.
=
2
Após, são somadas as equações para a determinação dos esforços
solicitantes finais. Por fim, é preciso traçar os diagramas da estrutura real.

Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A:

Qs = 87,6 – 35.x + 38,24

81
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Para x=0 metros:

QA = 125,9 KN

Para x=2,61 metros:

QS1 = 34,49 KN

Esforço cortante, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

Qs = – 87,6 + 35.x – 41,46

Para x=0 metros:

QB = – 129,1 KN

Para x=2,39 metros:

QB = – 45,4 KN

Assim, segue o resultado final do esforço cortante.

FIGURA 24 – DIAGRAMA DO ESFORÇO CORTANTE FINAL COM A SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS


125.9
34.8

-45.2
-129.2
FONTE: O autor

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,61 a partir de A.

x2
Ms = 87, 6 x − 35. + 38, 24 x
2
Para x=0 metros:

MA = 0 KN.m

Para x=2,61 metros:

MS1 = 209,2 KN.m

Momento Fletor, em que x varia de 0 a 2,39 a partir de B:

82
TÓPICO 2 | VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

x2
+ 87, 6 x − 35.
Ms = + 41, 46.x
2

Para x=0 metros:

MB = 0 KN.m

Para x=2,39 metros:

MB = 209,2 KN.m

Assim, o resultado de Momento Fletor final fica igual ao encontrado com


a determinação das forças atuantes em conjunto, o que já era esperado.

FIGURA 25 – DIAGRAMA DO MOMENTO FLETOR FINAL COM A SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS

209.3

FONTE: O autor

83
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Quando temos mais de uma carga atuante em uma viga, pode ser aplicado o
princípio da superposição dos efeitos.

• A superposição dos efeitos analisa individualmente cada carga atuante na


estrutura e depois somam-se os efeitos das cargas e encontram-se os resultados
desejados.

• Podemos aplicar a superposição dos efeitos em uma estrutura e calcular os


Diagramas de Esforços Solicitantes (DES) em uma viga. Ainda, foram traçados
os DES para determinado tipo de carregamento aplicado em uma viga.

84
AUTOATIVIDADE

1 Utilizando o princípio da superposição dos efeitos, calcule e trace os


diagramas de esforços solicitantes da viga a seguir:

a)

10.0 kN
40.00 kN/m 40.00 kN/m

4.23 m

9.98m

b)
10.0 kN

70.00 kN/m 70.00 kN/m

4.65 m

11.51m

c) 70.00 kN/m 70.00 kN/m

20.0 kN

6.74 m

10.05 m

85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 3

APOIO GERBER

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, será abordado o conceito de apoio Gerber, realizado o
cálculo de estruturas que contêm o apoio Gerber, além da construção de seus
diagramas de esforços solicitantes.

2 APOIO GERBER EM VIGAS


O apoio Gerber tem por finalidade ligar elementos estruturais. A ligação
é calculada como se houvesse uma rótula entre as barras. Segundo Thomaz,
Carneiro e Saraiva (2014), a rótula é uma ligação entre barras de uma estrutura
em que não há transmissão de momento fletor, transmitindo somente esforços
normais (axiais) e cortantes (transversais). Quando o apoio é inserido entre duas
barras horizontais, conectando-as, a viga pode ser denominada de Gerber.

Segundo Sussekind (1996), quando a rótula é colocada no trecho em


questão, esta fará a transmissão dos esforços verticais e horizontais para o próximo
trecho, ou seja, a rótula não é capaz de absorver os esforços, mas de transmiti-los
para a barra de ligação.

FIGURA 26 – ESFORÇOS TRANSMITIDOS PELA RÓTULA


P1 P2 P3 P4 P5 P6

A B C D

P 5 P6

HC C D

P2 VC VD
P1 P3 P4
VC
A HC
B C

FONTE: Sussekind (1996, p. 74)

87
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Podemos dividir a viga em duas vigas com a rótula, sendo considerada um


apoio de 2° gênero (trecho C até D). É preciso lembrar que a viga não absorve os
esforços, mas transmite para uma outra barra considerada estável (Trecho A até C).

A primeira viga a ser analisada em um cálculo deve ser a instável, para


que, com ela, sejam determinados os esforços que serão transmitidos para a viga
estável. Como não há transmissão de momento pela rótula no ponto C, é inserida
uma equação da estática na qual podemos dizer que o somatório dos momentos no
ponto C é igual a zero (SUSSEKIND, 1996). Assim, para o cálculo da isoestaticidade,
utilizaremos o número de equações da estática no plano (ΣFx=0 ΣFy=0 ΣM=0) e
mais uma equação de ΣM = 0 para cada rótula inserida na estrutura.

FIGURA 27 – VIGA COM APOIO GERBER


P1 P2 P3 P4 P5 P6

A B C D
FONTE: Adaptado de Sussekind (1996, p. 74)

As equações de equilíbrio são:

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑M = 0
∑ Mc = 0
São quatro equações de equilíbrio da estática para determinar quatro
incógnitas (reações dos apoios): Rax, Ray, Rby e Rdy. Assim, considera-se a
estrutura a ser analisada isostática.

Após a explicação do apoio Gerber em vigas, será aplicado um exercício


com apoio Gerber para exemplificar o que foi discorrido até o momento.

EXEMPLO

88
TÓPICO 3 | APOIO GERBER

FIGURA 28 – VIGA COM APOIO GERBER

FONTE: O autor

A estrutura será dividida em duas outras estruturas e serão dispostas a seguir.

FIGURA 29 – FUNCIONAMENTO DO APOIO GERBER

50.0 kN

FONTE: O autor

Primeiramente, é possível verificar que a estrutura é isostática, pois há


quatro equações da estática (ΣFx=0 ΣFy=0 ΣM=0 e ΣMB=0) para o encontro das
quatro incógnitas (Ray, Rcy, Rcx e Rdy). Após a determinação da isoestaticidade
da estrutura, é preciso analisar a viga que se encontra instável, com o trecho AB,
já que o ponto B não é um apoio do segundo gênero, mas uma rótula que somente
transmite os esforços naquele ponto.

FIGURA 30 – PRIMEIRA PARTE A SER ANALISADA

FONTE: O autor

O trecho tem 5,50 metros e as reações correspondentes são Ray, Rby e


Rbx. Como não há força atuante na componente horizontal, Rbx = 0.

89
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

∑ MB = 0
20.5,5.5,5
Ray.5,5 − 0
=
2
Ray = 55 KN
∑ Fy = 0
Ray − 20.5,5 + Rby =
0
Rby = 55 KN

Para o primeiro trecho, é preciso verificar os esforços solicitantes


fazendo uma seção antes da rótula, que é o ponto B, assim, o x variará de 0
até 5 metros. Portanto, teremos as seguintes equações para determinarmos os
esforços solicitantes.

Esforço Cortante:

Qs = 55 – 20.x

Para x=0 metros:

QA = 55 KN

Para x=5,5 metros:

QA = –55 KN

Momento Fletor:

x2
= 55 x − 20.
Ms
2
Para x=0 metros:

MA = 0 KN.m

Para x=2,75 metros (momento máximo para uma viga biapoiada com
carga distribuída uniforme):

Mmeio = 75,6 KN.m

Para x = 5,5 metros:

MB = 0 KN.m

Na rótula, há falta de um esforço solicitante, portanto, o valor será inserido


um pouco antes da rótula e o valor que será encontrado para o outro trecho será
inserido um pouco depois da rótula.
90
TÓPICO 3 | APOIO GERBER

FIGURA 31 – DEC (DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE)

55.0

FONTE: O autor

FIGURA 32 – DMF (DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR)

75.6

FONTE: O autor

E
IMPORTANT

Para o próximo trecho de B até D, serão transmitidos os esforços encontrados


no ponto B com sentido contrário ao encontrado na viga instável. Quando são transmitidas
as reações encontradas, há modificação no sentido delas. Assim:

FIGURA 33 – SEGUNDA PARTE A SER ANALISADA


50.0 kN

FONTE: O autor

O valor de Rby é de 55 KN e Rbx = 0. Com esses valores serão encontradas


as reações dos apoios C e D. Assim:

91
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

∑ Fx = 0
Rcx = 0 KN

∑ MD = 0
−55.10, 49 + Rcy.5,5 − 50.2,54 =
0

Rcy = 128 KN

∑ Fy = 0
33,58 − 55 − 50 + Rdy =
0

Rdy = −23, 0 KN

Após a determinação das reações de apoio, serão feitas duas seções para
determinar os esforços solicitantes: uma imediatamente antes do apoio C a partir
do ponto B, uma imediatamente antes da carga concentrada de 50 KN e uma
imediatamente antes do apoio C, ambas a partir do ponto D. Os valores de x variarão
de 0 a 4,99 metros, de 0 a 2,54 metros e de 0 até 2,96 metros, respectivamente.

FIGURA 34 – TRANSFERÊNCIA DE CARGAS NO APOIO GERBER


50.0 kN

FONTE: O autor

Esforço Cortante:

Qs = –55 KN

Momento Fletor:

Ms = –55.x

92
TÓPICO 3 | APOIO GERBER

X=0 metros:

MB = 0 KN.m

X=4,99 metros:

MC = –269,5 KN.m

Segundo trecho:

FIGURA 35 – TRECHO ANALISADO DA VIGA

FONTE: O autor

Esforço Cortante:

Qs = 23 KN

Momento Fletor:

Ms = – 23.x

X=0 metros:

MD = 0 KN.m

X = 2,54 metros:

Mcarga = –58,4 KN.m

Trecho C até a carga concentrada de 50 KN:

93
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 36 – TRECHO ANALISADO DA VIGA

FONTE: O autor

Esforço Cortante:

Qs = 73 KN

Momento Fletor:

Ms = – 58,4 – 50x – 23x

X=0 metros:

Mcarga = –58,4 KN.m

X=2,96 metros:

MC = –274,4 KN.m

Com a definição de todos os esforços solicitantes, serão traçados os


diagramas de esforços solicitantes finais.

FIGURA 37 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FINAL DA VIGA COM APOIO GERBER


73.0
55.0
23.0

– 55.0
FONTE: O autor

FIGURA 38 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FINAL DA VIGA COM APOIO GERBER


274.3

58.4

75.6
FONTE: O autor

94
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Na presença de apoio Gerber em uma estrutura, deve-se tomar cuidado quanto


à transferência das cargas de apoio de uma viga para a outra.

• Na rótula que representa o apoio Gerber, os esforços solicitantes são nulos.

• Podemos aplicar o apoio Gerber em uma estrutura e calcular os Diagramas de


Esforços Solicitantes (DES) em uma viga.

95
AUTOATIVIDADE

1 Calcule e desenhe os diagramas de esforços solicitantes das vigas a seguir:

a) 50.0 kN

30.00 kN/m

5.55 m
2.83 m
10.02 m 50.0 kN

b)
30.00 kN/m

5.99 m

5.99 m
1.82 m

11.99 m

96
UNIDADE 2
TÓPICO 4

VIGAS INCLINADAS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, será abordado o conceito de vigas inclinadas. Aprenderemos
a calcular os esforços solicitantes desse tipo de estrutura e a traçar o diagrama dos
esforços solicitantes.

2 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES DE


VIGAS INCLINADAS
Vigas inclinadas são estruturas cujo eixo encontra-se inclinado. Os
carregamentos podem ser dispostos perpendicularmente, paralelamente ou
podem ser oblíquos ao eixo da viga. Quando o carregamento é disposto nos eixos
de projeção da viga, carregamento oblíquo, é necessário fazer a decomposição
da carga. Já no carregamento disposto perpendicularmente ou em paralelo ao
eixo, não é necessário fazer a decomposição da carga. O conceito é exemplificado
nas figuras a seguir.

FIGURA 39 – CARREGAMENTO PERPENDICULAR AO EIXO DA VIGA

FONTE: Lindenberg Neto (1996, p. 142)

97
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 40 – CARREGAMENTO OBLÍQUO AO EIXO DA VIGA

FONTE: Lindenberg Neto (1996, p. 143)

FIGURA 41 – DECOMPOSIÇÃO DA CARGA OBLÍQUA EM RELAÇÃO AO EIXO DA VIGA

FONTE: Lindenberg Neto (1996, p. 144)

O que influencia nos esforços solicitantes é a posição do carregamento


em relação à viga, não a posição da viga em relação a um outro referencial. Os
diagramas de esforços solicitantes devem ser traçados conforme a posição.

O tipo de carregamento perpendicular ao eixo da viga inclinada pode ser


visualizado, na prática, como uma viga de cobertura, a qual sofre ação do vento. Já
o carregamento oblíquo ao eixo pode ser compreendido com atuação de pessoas
em uma escada. A seguir, será mostrado o cálculo dos esforços solicitantes para
uma viga inclinada com carregamento oblíquo.

EXEMPLO

98
TÓPICO 4 | VIGAS INCLINADAS

FIGURA 42 – EXEMPLO DE VIGA INCLINADA

m
k N/
.00
50

274 m
4.19 m

FONTE: O autor

Antes de começar a fazer os cálculos, nota-se que a carga atuante na viga


está distribuída de forma oblíqua. Assim, deverá ser feita a decomposição da
carga. Deve ser encontrado o ângulo α.

cateto oposto
Tgα =
cateto adjacente
2, 74
Tgα =
4,19
2, 74
Tgα =
4,19
 2, 74 
α = Tg −1  
 4,19 
α 33,18 °
=

Após a determinação do ângulo, pode ser feita a decomposição da carga


para o eixo da viga, que terá uma resultante perpendicular e paralela ao eixo.
Assim, pode ser verificado que:

Resultante paralela ao eixo:

Cargaparalela = 50.sena

Cargaparalela = 27,36 KN/m

Resultante perpendicular ao eixo:

Cargaparalela = 50.cosa

Cargaparalela = 41,85 KN/m

99
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Após a decomposição da carga, serão encontradas as reações de apoio das


vigas Rax, Ray e Rby. Serão utilizadas as equações de equilíbrio.

∑ Fx = 0
Rax = 0 KN

Falta força atuante na direção do eixo x, então, Rax = 0 KN.

∑ MA = 0
( 5, 006 )
2

−50cosα . + Rby.4,19 =
0
2
Rby = 125, 2 KN

∑ Fy = 0
−50.5, 006 + Rby + Ray =
0
Ray = 125, 2 KN

Após a determinação das reações de apoio, será feita uma seção na viga,
em que x terá o valor de 0 até 5,006 (comprimento total da viga). Contudo, é
preciso saber que as reações de apoio são oblíquas ao eixo da viga, assim, devem
ser decompostas nos eixos paralelo e perpendicular. Com a seção inserida, serão
determinados os esforços solicitantes para o traçado dos diagramas.

Esforço Normal:

Ns = 50.sena.x – 125,2.sena

Para x=0 metros, a partir do ponto A:

NA = – 68,6 KN

Para x=2,503 metros, a partir do ponto A:

Ncarga = – 0,03 KN

Para x=5,006 metros, a partir do ponto A:

NB = 68,6 KN

100
TÓPICO 4 | VIGAS INCLINADAS

FIGURA 43 – DIAGRAMA DE ESFORÇO NORMAL

FONTE: O autor

Esforço Cortante:

Qs = –50.cosa.x + 125,2.cosa

Para x=0 metros, a partir do ponto A:

QA = 105,03 KN

Para x=2,503 metros, a partir do ponto A:

Qcarga = 0,04 KN

Para x=5,006 metros, a partir do ponto A:

QB = – 104,71 KN

FIGURA 44 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE

.9
-104

9
104.

FONTE: O autor

101
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Momento Fletor:

x2
−50.cosα . + 125, 2.cosα .x
Ms =
2
Para x=0 metros, a partir do ponto A:

NA = 0 KN.m

Para x=2,503 metros, a partir do ponto A:

Mcarga = 131,2 KN

Para x=5,006 metros, a partir do ponto A:

MB = 0 KN

FIGURA 45 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR

1.4
13

FONTE: O autor

102
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para o cálculo dos esforços solicitantes, deve ser feita a análise da carga aplicada
para ser feita ou não a decomposição das cargas na estrutura.

• É muito importante lembrar que deve ser feita a análise da carga em relação à
estrutura, e não o contrário.

• Os diagramas de esforços solicitantes devem ser desenhados conforme a


inclinação da estrutura.

103
AUTOATIVIDADE

1 Calcule e trace os diagramas de esforços solicitantes das vigas inclinadas a


seguir:

a)
m
N/
00k
50.

2.41 m
4m
5.3

4.77 m

b)
/m
0 kN
40.0
1.79 m

m
5.99

5.72 m

c)
40.0 kN

1.65 m

5.52 m

m
3.48
5.77 m

104
UNIDADE 2 TÓPICO 5

PÓRTICOS

1 INTRODUÇÃO
Pórticos planos são estruturas estáveis bidimensionais em um
determinado plano. São compostos por elementos estruturais conectados entre si
(normalmente, vigas e colunas). Os elementos estruturais do pórtico trabalham
em conjunto como uma única peça estrutural e não individualmente.

Neste capítulo, serão apresentados alguns casos de pórticos planos que


podem estar presentes em cálculos estruturais.

2 PÓRTICOS SIMPLES
Pórticos simples são estruturas formadas por barras verticais e
horizontais, podendo ter rótulas e/ou elementos estruturais inclinados. A seguir,
são ilustrados e calculados os diagramas de esforços solicitantes de um pórtico
simples biapoiado.

FIGURA 46 – EXEMPLO DE PÓRTICO


20.00 kN/m
2.50 m

4.00 m

FONTE: O autor

O primeiro passo é determinar se a estrutura em questão é uma estrutura


isostática. Há três equações da estática para o plano e, no exemplo, há três reações
dos apoios a serem determinadas. Assim, pode-se inferir que a estrutura é isostática.

105
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

É preciso, também, determinar as reações de apoio com as equações de


equilíbrio para uma estrutura plana.

∑ MA = 0
20.4.4
Rby.4 − 0
=
2

Rby = 40 KN

∑ FV = 0
−20.4 + 40 + Ray =
0

Ray = 40 KN

Como não há forças atuantes na direção do eixo X, não há reação na


direção Rax = 0 KN.

Após a determinação dos apoios, serão inseridas três seções na estrutura:


uma na barra vertical a partir do ponto A (x varia de 0 a 2,5 metros), outra na barra
horizontal (x varia de 0 até 4 metros a partir do ponto A) e, por fim, uma seção a
partir do ponto B na barra vertical ao lado do apoio B (x varia de 0 até 2,5 metros).

FIGURA 47 – PRIMEIRO TRECHO


40.0 kN

FONTE: O autor

106
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

Esforço Normal:

Ns = –40 KN

Como não há esforço cortante no trecho e nenhuma força que gere


momento fletor, seus valores são 0 KN e 0 KN.m.

FIGURA 48 – SEGUNDO TRECHO (BARRA HORIZONTAL)


20.00 kN/m

FONTE: O autor

Esforço Normal:

Ns = 0 KN

Esforço Cortante:

Qs = 40 – 20.x

Para x=0 metros:

QHI = 40 KN

Para x=4 metros:

QHF = –40 KN

Momento Fletor:
x2
= 40 x − 20.
Ms
2

107
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Para x =0 metros:

MHI = 0 KN.m

Para x=2 metros:

QHmeio = 40 KN.m

Para x=4 metros:

MHF = 0 KN.m

O terceiro trecho é igual ao primeiro, barra vertical. Assim, o único esforço


atuante será o normal e com a devida carga de 40 KN da reação de apoio B, Rby.
Portanto, os diagramas de esforços solicitantes são mostrados a seguir.

FIGURA 49 – ESFORÇO NORMAL


-40.0

-40.0

FONTE: O autor

FIGURA 50 – ESFORÇO CORTANTE


40.0

-40.0

FONTE: O autor

108
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

FIGURA 51 – MOMENTO FLETOR

39.9

FONTE: O autor

3 PÓRTICOS COMPOSTOS
Pórticos compostos são estruturas compostas pela associação de pórticos
simples. Ao menos um dos pórticos tem estabilidade própria e os demais podem
ser capazes de apenas transmitir esforços de (SUSSEKIND, 1996). A seguir, é
ilustrado um exemplo de pórtico composto.

FIGURA 52 – EXEMPLO DE PÓRTICO COMPOSTO


P3 P4

F
E G

P2 P5

C H
D I
P1 P6

A B J K

FONTE: Sussekind (1996, p. 131)

A estrutura exemplificada é composta por três pórticos: 1° pórtico trecho


ACB, 2° pórtico DEFGH e 3° pórtico JIK. É interessante verificar que o 2° pórtico
não tem estabilidade própria e tem a função de transmitir esforços para os outros
dois, que têm a responsabilidade de absorver esforços. Portanto, o primeiro
pórtico a ser analisado é o pórtico 2 para transmissão de esforços.

Após a explanação da definição e como deve ser feito o cálculo, serão calculados
os esforços solicitantes de um pórtico composto e o traçado de seus diagramas.

109
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 53 – EXEMPLO DE PÓRTICO


40.00 kN/m

20.0 kN/m

2.50 m
2.49 m 2.05 m

FONTE: O autor

No exemplo, há dois pórticos para serem analisados: 1° pórtico trecho CE,


segundo pórtico ABCD. Como já citado, o primeiro pórtico a ser analisado deve
ser o que não tem estabilidade.

FIGURA 54 – SEÇÃO ANALISADA DO PÓRTICO

20.0 kN
2.50 m

2.05 m

FONTE: O autor

A rótula no ponto C tem o papel de transmitir esforços cortantes e normais


para o pórtico estável. Assim, ela se comporta como um apoio de 2° gênero. Logo,
serão determinadas duas reações do apoio C (Rcy e RCx), além da reação Rey.

∑ Fx = 0
Rcx − 20 =0
Rcx = 20 KN

∑ Fy = 0
Rcy − Re y =
0
Rcy = Rey

∑ Mc 110= 0
Rcy − Re y =
0
Rcy = Rey
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

∑ Mc = 0
Rey.2, 05 = 0
Rey = 0 KN

A única força que será transmitida será a força Rcx = 20KN. Agora, será
resolvido o pórtico estável com a transmissão da carga Rcx.

FIGURA 55 – PÓRTICO ESTÁVEL COM TRANSMISSÃO DA CARGA RCX


40.00 kN/m

2.49 m

FONTE: O autor

∑ Fx = 0
Rax − 20 =
0
Rax = 20 KN

∑ MA = 0
40.2, 49.2, 49
Rdy.2, 49 − + 20.2,5 =
0
2
Rdy = 29, 8 KN

∑ Fy = 0
Ray + Rdy − 40.2, 49 =
0
Ray = 69, 8 KN

Após a determinação das reações de apoio de todo o sistema, será feita


a análise dos esforços solicitantes e, assim, é possível traçar os diagramas de
esforços solicitantes finais. As seções serão inseridas entre o trecho AB (x varia
entre 0 e 2,5 metros a partir de A), trecho BC (x varia entre 0 e 2,49 metros a partir
de A), Trecho DC (com valor de x variando de 0 a 2,5 metros a partir de D) e
trecho CE (x variando de 0 a 2,05 metros a partir de E).
111
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Trecho AB

Esforço Normal:

Ns = – 69,8 KN

Esforço Cortante:

Qs = – 20 KN

Momento Fletor:

Ms = – 20.x

Para x=0 metros:

MA = 0 KN.m

Para x=2,5 metros:

MB = – 50 KN.m

Trecho BC

Esforço Normal:

Ns = – 20 KN.m

Esforço Cortante:

Qs = 69,8 – 40.x

Para x=0 metros:

Qs = 69,8 KN

Para x=2,49 metros:

Qs = – 29,8 KN

Momento Máximo, Q=0:

Qs = 69,8 – 40.x
0 = 69,8 – 40.x
x = 1,75 metros

Momento Fletor:

112
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

x2
−20.2,5 + 69,8.x − 40,
Ms =
2
Para x=0 metros:

MB = – 50 KN.m

Para x=1,75 metros:

MB = 11 KN.m

Para x=2,49 metros:

MB = 0 KN.m

Trecho CD

Esforço Normal:

Ns = – 29,8 KN

Esforço Cortante:

Qs = 0 KN

Momento Fletor:

Ms = 0 KN

Trecho CE

Esforço Normal:

Ns = – 20 KN

Esforço Cortante:

Qs = 0 KN

Momento Fletor:

Ms = 0 KN.m

Seguem os diagramas finais:

113
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 56 – ESFORÇO NORMAL

–20.0 –20.0

–69.9

–29.9
FONTE: O autor

FIGURA 57 – ESFORÇO CORTANTE


69.9

–29.9
–20.0

FONTE: O autor

FIGURA 58 – MOMENTO FLETOR


49.9
49.9

11.2

FONTE: O autor

4 ARCOS
Os tipos de pórticos simples supracitados podem ser apresentados com as
barras curvas ao invés de barras retas (SUSSEKIND, 1996).
114
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

FIGURA 59 – PÓRTICO EM ARCO

P
C
S

R
A θ B

P P
VA = VB =
2 2

FONTE: Sussekind (1996, p. 124)

Quando o pórtico é apresentado conforme o exemplo, os esforços


solicitantes são calculados a partir de ângulos, havendo decomposição das forças
conforme o trecho da estrutura a ser estudado (SUSSEKIND, 1996).

R
Va ( R − R.cosθ ) =
Ms = P. (1 − cosθ )
2

P
Qs = . senθ
2

P
Ns = . cosθ
2

Assim, os diagramas de esforços solicitantes para o exemplo são ilustrados


nas figuras a seguir.

FIGURA 60 – MOMENTO FLETOR


PR
M=
PR
(1- cos θ )
M max =
2 C
2
PR
M= (1- cos θ )
2

A θ θ B

FONTE: Sussekind (1996, p. 125)

115
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

FIGURA 61 – ESFORÇO CORTANTE

P
+
2
Psenθ
+
2
C Psenθ

2

P

2

A θ θ B

FONTE: Sussekind (1996, p. 125)

FIGURA 62 – ESFORÇO NORMAL

P
− cosθ P
2 C − cosθ
2

θ θ
P A B P
− −
2 2
FONTE: Sussekind (1996, p. 125)

116
TÓPICO 5 | PÓRTICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO

O princípio da superposição é, geralmente, usado para determinar a


tensão ou o deslocamento em determinado ponto do elemento quando este está
sujeito a um carregamento complexo. Ao subdividir a carga em componentes,
o princípio da superposição afirma que, para se determinar a tensão ou o
deslocamento resultante no ponto, é preciso encontrar, primeiramente, a tensão
ou o deslocamento provocado pela carga do componente individual que atua
separadamente sobre o elemento. A tensão ou o deslocamento resultante é,
então, determinado somando algebricamente as contribuições provocadas pelos
componentes individuais.

As duas condições seguintes devem ser válidas para que o princípio da


superposição seja aplicado.

1- A carga deve ser linearmente relacionada à tensão ou ao deslocamento. Por


exemplo, as equações σ = P/A e δ = PL/AE envolvem relações lineares entre P e
σ ou δ.
2- A carga não deve mudar significativamente a geometria ou a configuração
original do elemento. Se ocorrerem mudanças significativas, a direção e
a localização das forças aplicadas e seus braços de momento mudarão e,
consequentemente, a aplicação das equações de equilíbrio terá resultados
diferentes. Como exemplo, consideremos a barra fina mostrada na Figura 4.10a,
sujeita à carga P. Na Figura 4.10b, P é substituída por dois de seus componentes:
P = P1 + P2. Se P provocar deflexão muito grande na haste, como mostrado,
o momento da carga, Pd, em torno de seu apoio, não será igual à soma dos
momentos de suas cargas componentes: Pd ǂP1d1 + P2d2, pois d1 ǂ d2 ǂ d.

P1
P
P2

d1
d d2

(a) (b)
Figura 4.10

A maioria das equações que envolvem carga, tensão e deslocamento


consiste em relações lineares entre as grandezas. Além disso, os elementos ou
corpos a serem considerados são tais que a carga produz deformações muito
pequenas, a ponto de a mudança na posição e na direção da carga ser insignificante
e desprezada [...].

117
UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS

Momento de inércia de uma área

Para o cálculo do centroide da área, consideramos o momento de


primeira ordem dessa área em torno de um eixo; ou seja, foi necessário calcular
uma integral da forma ∫x dA. Alguns tópicos da resistência dos materiais
exigem o cálculo de um momento de segunda ordem da área, isto é, ∫x² dA. Essa
integral é denominada momento de inércia da área. Para o momento de inércia,
consideremos a área A mostrada na Figura A.5, no plano x-y. Por definição, os
momentos de inércia do elemento infinitesimal dA em torno dos eixos x e y são
dIx = y² dA e dIy = x² dA, respectivamente. O momento de inércia para toda a
área é determinado por integração, isto é:

x dA

x
0
Figura A.5

I x = ∫ A y 2 dA

I y = ∫ A x 2 dA

Podemos também expressar o momento de segunda ordem do elemento


infinitesimal em torno do polo O ou do eixo z (Figura A.5). Isso é denominado
momento polar de inércia (dJO = r² dA). Aqui, r é a distância perpendicular do
polo (eixo z) ao elemento dA. O momento polar de inércia para toda a área é:

2
J=
o ∫A
r dA= I x + I y

A relação entre JO e Ix, Iy é possível, visto que r² = x² + y² (Figura A.5).

Pelas deduções, Ix, Iy e JO serão sempre positivos, visto que envolvem o


produto do quadrado da distância pela área. Além disso, as unidades de momento
de inércia envolvem o comprimento elevado à quarta potência, isto é, m4, mm4
ou pé4, pol4.

Por meio das equações mostradas, os momentos de inércia para algumas


formas comuns de áreas foram calculados em torno dos eixos do centroide.

FONTE: HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. São Paulo: Pearson Educação, 2006. p. 102-103.

118
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:

• Há vários tipos de pórticos que devem ser analisados e então calculados


conforme o carregamento e sua disposição.

• Os diagramas de esforços solicitantes de um pórtico são dependentes de cada


elemento estrutural.

• Para os pórticos compostos, deve ser feita a transferência de cargas de um


elemento estrutural para o outro.

119
AUTOATIVIDADE

1 Calcule e trace os diagramas de esforços solicitantes para as estruturas a seguir:

a) 80.00 kN/m

10.0 kN

2.48 m

2.53 m

b)
60.0 kN

40.0 kN

10.0 kN
2.63 m

2.54 m

c) 80.00 kN/m

10.0 kN
6.02 m 20.0 kN
3.21 m

6.53 m 3.02 m

120
2 Determine o DMF para o arco a seguir:

a)

par. 2.o grau

A B

121
122
UNIDADE 3

TRELIÇAS, PRINCÍPIO
DOS TRABALHOS VIRTUAIS
E LINHAS DE INFLUÊNCIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• explicar o que são treliças;

• explicar a importância da realização dos cálculos para a prática;

• aprender a calcular os esforços solicitantes nas estruturas citadas;

• traçar os Diagramas dos Esforços Solicitantes nas estruturas;

• mostrar e exemplificar o teorema do princípio dos trabalhos virtuais;

• explicar e demonstrar o que são linhas de influência em estruturas


isostáticas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em cinco tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades, estas que reforçarão o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – TRELIÇAS

TÓPICO 2 – MÉTODO DAS SEÇÕES OU DE RITTER

TÓPICO 3 – TRELIÇAS ESPACIAIS

TÓPICO 4 – PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

TÓPICO 5 – LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1

TRELIÇAS

1 INTRODUÇÃO
No presente capítulo será abordado o conceito de treliças: o que são tais
elementos estruturais? Como são ilustrados em projeto? Como se apresentam na
prática e como se realizam os cálculos dos esforços solicitantes nos elementos?

2 DEFINIÇÃO
Treliças planas são estruturas formadas por barras dispostas, formando
uma rede de triângulos. Essas barras são interligadas entre si, por meio de pinos,
soldas ou parafusos. Essa interligação visa formar uma estrutura rígida, tendo a
finalidade de resistir a esforços normais. É denominada treliça plana devido ao fato
de todos os elementos pertencerem ao mesmo plano (SOUZA; DE RODRIGUES;
MASCIA, 2008). Um exemplo de treliça de cobertura é ilustrado a seguir.

FIGURA 1 – TRELIÇA DE COBERTURA

FONTE: O autor

A seguir, é possível observar como é detalhada uma treliça de cobertura,


o comprimento dos elementos estruturais barras, a quantidade de material que
será utilizado para executar a estrutura e como será feita a interligação entre os
elementos estruturais.

125
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 2 – PROJETO DE UMA ESTRUTURA DE COBERTURA

FONTE: O autor

Segundo Souza, De Rodrigues e Mascia (2008), uma treliça ideal é


um sistema reticulado no qual os elementos estruturais têm todas as suas
extremidades rotuladas e as cargas são aplicadas nas rótulas. Há dois métodos
para dimensionamento e que podem ser utilizados para as treliças: (1) Método
dos Nós (Método de Cremona); (2) Método das Seções (Método de Ritter).

3 MÉTODO DOS NÓS OU MÉTODO DE CREMONA


Segundo Sussekind (1981), tratando-se de uma treliça em equilíbrio,
os nós também estarão em equilíbrio, assim, para a determinação dos esforços
normais atuantes em suas barras, é feita, sucessivamente, a análise de equilíbrio
de cada um dos nós.

A análise deve ser iniciada por um nó, este com duas incógnitas (deve-se
começar pelo nó em que há os esforços normais atuantes). Deve ser estendida aos
demais, sempre em uma ordem com duas incógnitas para determinação em cada
um dos nós (SUSSEKIND, 1981).

126
TÓPICO 1 | TRELIÇAS

FIGURA 3 – TRELIÇA ISOSTÁTICA PLANA

E 1 F 3P

2 4 6
3 5
HA = 3P A 7 8 9 D
B C
3P
VA = 2P VD = P

a a a

FONTE: Sussekind (1981, p. 220)

Assim, os nós a serem escolhidos para o início da análise devem ser os dos
pontos A ou D, já que o sistema fornece as forças atuantes e há duas incógnitas
para a determinação. Os sinais das forças atuantes nos nós são determinados
por meio da verificação se a força atuante está comprimindo (sinal negativo) ou
tracionando o nó (sinal positivo).

E
IMPORTANT

No método, o nó (junção) é isolado e analisado para que possamos encontrar


as forças atuantes, as incógnitas em questão e, assim, passar para o próximo nó.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE ANÁLISE DO MÉTODO DE CREMONA

E N1 N1 C 3P N6
N3
N2
N4 N4 N6
A N7 N2 N3 N7 N5
N8 D
3P 2P B N9
VD P

FONTE: Sussekind (1981, p. 281)

Com os nós analisados isoladamente, serão encontrados os esforços


normais atuantes em cada trecho e, por fim, teremos todos os esforços normais
atuantes em cada nó e, consequentemente, em cada barra. Com os esforços
encontrados, será traçado o Diagrama de Esforço Normal atuante na treliça em
estudo. A seguir, será traçado o Diagrama de Esforço Normal para uma treliça,
calculado por meio do Método de Cremona.

127
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

EXEMPLO

FIGURA 5 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

Primeiro passo: Verificar a isoestaticidade da estrutura.

R + B = 2n

Em que:

R = número de reações a ser determinado


B = número de barras da estrutura
n = quantidade de nós da estrutura

Assim:

R = 3 (Va, Vb, Ha)


B = 13
n=8

13 + 3 = 2.8
16 = 16

A Estrutura é isostática!

É preciso encontrar as reações de apoio Va e Vb. Para isso, devem ser


utilizadas as equações de equilíbrio das forças.

∑ Ma = 0
Vb.14 − 2.3 − 2.7 − 2.11 − 1.14 =
0
Vb = 4 KN

∑ Fy 128
=0
Vb.14 − 2.3 − 2.7 − 2.11 − 1.14 =
0
Vb = 4 KN TÓPICO 1 | TRELIÇAS

∑ Fy = 0
Vb − 2 − 2 − 2 − 1 − 1 + Va =0
Va = 4 KN

Após encontrar as reações dos apoios Va e Vb, o sistema da estrutura


estudada fica da seguinte forma.

FIGURA 6 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

Após encontradas as reações de apoio, são isolados os nós e encontrados


os esforços normais atuantes nas barras. É preciso isolar o nó do ponto A.

FIGURA 7 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

O ângulo formado pelo ponto A e por NC é 26,56°. Esse ângulo foi encontrado
fazendo a tangente: cateto oposto = 4 metros pelo cateto adjacente = 8 metros.

∑ Fv = 0
4 − 1 + Nc.sen 26,56° =0
Nc = −6, 71 KN
129
4 − 1 + Nc.sen 26,56° =0
Nc = −6, 71 KN
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

∑ Fx = 0
Nh − Nc.cos 26,56° =0
Nh = + 6, 01 KN

O próximo será o nó do ponto F. Deve-se fazer a decomposição dos


esforços normais Nd, Ng e Nc nas componentes horizontais e verticais.

FIGURA 8 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

∑ Fy = 0
−2 + Nc.sen 26,56 − Ng .cos 26,56 + Nd .sen 26,56 =0
=Ng 1,117 + 0, 499 Nd

∑ Fx = 0
Nc.cos 26,56 − Ng .sen 26,56 + Nd .cos 26,56 =
0
Nd = −5, 82 KN

Sabe-se que:

Ng = 1,117 + 0,499 Nd

Ng = –1,8 KN

130
TÓPICO 1 | TRELIÇAS

FIGURA 9 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

∑ Fy = 0
− Ng .sen63, 44° + Ni.sen53,13 = 0
Ni = + 2, 00 KN

∑ Fx = 0
− Nh + Ng .cos 63, 44 + Ni.cos53,13 + Nj = 0
−6 + 1,8.cos 63, 44 + 2.cos53,13 + Nj =0
Nj = + 4 KN

O próximo ponto a ser determinado é o nó central, o ponto D.

FIGURA 10 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

FONTE: Sussekind (1981, p. 226)

131
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

∑ Fy = 0
Nt = 0 KN

∑ Fx = 0
0
Nj − Ne =
Ne = +4 KN

Nt = 0 KN

Por conta de a treliça ser espelhada,


Fx = 0as forças atuantes nas barras do lado

esquerdo da treliça terão as mesmas magnitudes e efeitos das barras do lado
direito. Assim, com as informações − Ne = 0 de cada barra e sabendo que a
Njcalculadas
treliça é espelhada, o Diagrama deNe Esforço
= +4 Normal
KN da treliça é ilustrado a seguir.

FIGURA 11 – EXEMPLO DO MÉTODO DOS NÓS

ONTE: Sussekind (1981, p. 227)

132
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Para aplicação do Método de Cremona, devem serem isolados os nós (junções)


e calculado um nó de cada vez.

• O Método de Cremona é de fácil aplicação e deve ser iniciado pelo nó com mais
informações.

133
AUTOATIVIDADE

1 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método dos Nós.
G 2t

6m
F 2t
E

6m

C D 2t

6m

A B 6t
6t 6t
6m 6m

2 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método dos Nós.

50 KN 100 KN 50 KN

2 metros 2 metros
D
B C
2 metros
45 o

A E
HE
F

VA VE

3 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método dos Nós.

VB

HB B

C 40 KN

20 KN
26,57 o
26,57

HA A E
D
o

2 2

134
4 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo
Método dos Nós.

VB

HB
B5
2t

2t

2t

26.57 o
A
45

HA 1 2 3 4
o

2 2 2

135
136
UNIDADE 3
TÓPICO 2

MÉTODO DAS SEÇÕES OU DE RITTER

1 INTRODUÇÃO
Verifica-se que não há apenas um método para o cálculo dos esforços
solicitantes em uma treliça. No tópico anterior, foi mostrado como realizar o
cálculo desses esforços em uma treliça por meio do Método de Cremona. No
presente tópico, será mostrado como realizar o cálculo dos esforços solicitantes
por meio do Método de Ritter.

2 MÉTODO DE RITTER OU MÉTODO DAS SEÇÕES


O método de Ritter, ou Método das Seções, indica que devem ser
escolhidas, para análise da estrutura, barras não paralelas e nem concorrentes
no mesmo ponto. É preciso determinar os esforços normais pelas equações da
estática (SUSSEKIND, 1981).

Diferentemente do método de Cremona, este não analisa isoladamente


a junção entre as barras. No método de Ritter são introduzidas seções que
interceptam as barras da estrutura e, então, é feita a análise da estrutura a
partir dessas seções. Somente entrarão nos cálculos as barras nas quais foram
inseridas as seções.

E
IMPORTANT

O corte introduzido na estrutura deve ser feito de maneira que existam, no


máximo, três incógnitas, e utilizando as equações de equilíbrio da estática.

EXEMPLO

137
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 12 – EXEMPLO DO MÉTODO DAS SEÇÕES

10 KN
2.00 m 2.00 m

FONTE: <http://www.labciv.eng.uerj.br/rm4/trelicas.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2019.

Primeiro passo: Verificar a isoestaticidade da estrutura.

R + B = 2n

3 + 7 = 2.5
10 = 10

A estrutura é isostática!

Determinando h:

h
Tg 53° =
1

h = 1,33 metros

Cálculo das reações de apoio da estrutura:

∑ Ma = 0
Vb.4 − 10.2 =
0
Vb = 5 KN

∑ Fy = 0
Vb + Va − 10 =
0
Va = 5 KN

As seções serão inseridas nas barras 1 e 2 (primeira seção) e nas barras 2, 3


e 4 (segunda seção). Como a treliça é simétrica, a partir da obtenção dos esforços
normais atuantes no lado esquerdo da estrutura serão espelhados os resultados e
adotados para o lado direito da estrutura. Assim:

138
TÓPICO 2 | MÉTODO DAS SEÇÕES OU DE RITTER

FIGURA 13 – EXEMPLO DO MÉTODO DAS SEÇÕES

FONTE: <http://www.labciv.eng.uerj.br/rm4/trelicas.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.

FIGURA 14 – EXEMPLO DO MÉTODO DAS SEÇÕES

FONTE: <http://www.labciv.eng.uerj.br/rm4/trelicas.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.

∑ Fy = 0
5 KN + F1.sen53° =0
F 1 = −6, 26 KN ( compressão )

∑ Fx = 0
F 2 − F1.cos53° =0
F 2 = +3, 77 KN ( tração )

139
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 15 – EXEMPLO DO MÉTODO DAS SEÇÕES

F4

F3

F2

FONTE: <http://www.labciv.eng.uerj.br/rm4/trelicas.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.

∑ ME = 0
F 4.1,33 + 5.2 =
0
F 4 = −7, 52 KN ( compressão )

∑ Fy = 0
− F 3.sen53° + 5 = 0
F 3 = +6, 26 KN ( tração )

A partir dos resultados, temos que:

F7 = F1 = -6,26 KN
F6 = F2 = 3,77 KN
F5 = F3 = 6,26 KN

Com os resultados calculados, o diagrama de esforços normais final


apresenta-se da seguinte forma:

FIGURA 16 – EXEMPLO DO MÉTODO DAS SEÇÕES

FONTE: <http://www.labciv.eng.uerj.br/rm4/trelicas.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.

140
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Para o cálculo dos esforços solicitantes de uma treliça, pode-se utilizar o Método
de Cremona ou o Método de Ritter.

• O Método de Ritter divide a estrutura em seções, já o Método de Cremona


analisa a estrutura em cada nó (junção).

141
AUTOATIVIDADE

1 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método das Seções.
2.00 m

36.00 kN
18.00 kN

2.00 m 2.00 m 2.00 m

2 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método das Seções.

3 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo


Método das Seções.

142
4 Calcule os esforços solicitantes na estrutura e suas reações de apoio pelo
Método das Seções.

50 KN 100 KN 50 KN

2 metros 2 metros
D
B C

2 metros
45 o

A E
HE
F

VA VE

143
144
UNIDADE 3
TÓPICO 3

TRELIÇAS ESPACIAIS

1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos anteriores, foram mostradas treliças planas e, neste tópico,
será mostrado um panorama geral sobre treliças espaciais. Será abordado o
cálculo dessa estrutura para verificar sua isostaticidade, além de um exemplo de
como calcular os esforços solicitantes de uma estrutura como essa.

2 TRELIÇA ESPACIAL
Segundo Souza e Gonçalves (2006), a treliça espacial ou tridimensional é
um caso especial de uma estrutura reticulada tridimensional. É formada por duas
ou mais malhas planas. Normalmente, essas malhas são paralelas, além de serem
ligadas por diagonais verticais ou inclinadas.

Para o equilíbrio isostático de uma treliça espacial são consideradas


seis equações de equilíbrio. Ainda, para a garantia da isoestaticidade, deve ser
satisfeita a condição descrita a seguir.

Equações de equilíbrio para uma treliça espacial

∑ Fx = 0
∑ Fy = 0
∑ Fz = 0
∑ Mx = 0
∑ My = 0
∑ Mz = 0
Para a condição de isoestaticidade, se tem:

R + B = 3n

Em que:

145
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

R é o número de reações a ser determinado (incógnitas externas)


B é o número de barras (incógnitas internas)
n é o número de nós
o valor 3 é devido à estrutura ser tridimensional

EXEMPLO

Determine se a treliça a seguir é isostática. Considere que os apoios A, B e


E sejam apoios de 2° gênero.

FIGURA 17 – EXEMPLO DE TRELIÇA ESPACIAL

FONTE: <https://pt.slideshare.net/pablobelchor/trelia-espacial-1-exerccio-resolvido>.
Acesso em: 18 set. 2019.

O primeiro passo é determinar se a treliça espacial é isostática, assim:

R + B = 3n
9 + 6 = 3n
15 = 15

A treliça espacial estudada é isostática

Para o exemplo supracitado, é preciso dimensionar a treliça para suportar


a força F, que vale (-200i + 400j)N.

Começando os cálculos pelo ponto D, adota-se o ponto A na origem (0, 0,


0). Assim, o ponto D tem as seguintes coordenadas (1i; 2j; 2k):

F = – 200i + 400j + 0k

Para calcular FDA, é necessário fazer as coordenadas do ponto A menos


as coordenadas do ponto D:

146
TÓPICO 3 | TRELIÇAS ESPACIAIS

 −1i − 2 j − 2k 
FDA = FDA  2 
 1+ 4 + 4 
FDA −0,33 FDAi − 0, 66 FDA j − 0, 66 FDA k
=

Para o ponto B: (6i; 3,5j; 0k).

Para calcular FDB, é preciso fazer as coordenadas do ponto B menos as


coordenadas do ponto D.

 5i + 1,5 j − 2k 
FDB = FDB  
 25 + 2, 25 + 4 
2

FDB +0,89 FDB i + 0, 26 FDB j − 0,35 FDB k


=

Para o ponto C: (0i; 3,5j; 0k).

Para calcular FCD, é preciso fazer as coordenadas do ponto D menos as


coordenadas do ponto C.

 1i − 1,5 j + 2k 
FCD = FCD  
 1 + 2, 25 + 4 
2

FCD +0,37 FCD i − 0,55 FCD j + 0, 74 FCD k


=

Com as quatro forças conhecidas, faz-se a soma das forças aplicadas nas
mesmas direções do plano. Assim, há três equações:

0 (1)
−200 − 0,33 FDA + 0,89 FDB + 0,37 FCD =
0 ( 2)
+400 − 0, 66 FDA + 0, 26 FDB − 0,55 FCD =
0 ( 3)
0 − 0, 66 FDA − 0,35 FDB + 0, 74 FCD =

Para encontrar as incógnitas, deve ser resolvido o sistema com as três


equações. Primeiramente, pegaremos a equação de número 3 e multiplicaremos
por -1. Após, faremos a subtração da equação 3 com a equação 2. Assim, teremos:

147
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

0 + 0, 66 FDA + 0,35 FDB − 0, 74 FCD =


0(3)
0 + 0, 66 FDA + 0,35 FDB − 0, 74 FCD + 400 − 0, 66 FDA + 0, 26 FDB − 0,55 FCD =
0
0, 61FDB + 400 − 1, 29 FCD =
0
−400 + 1, 29 FCD
0, 61FDB =
−400 + 1, 29 FCD
FDB =
0, 61
FDB = −655, 74 + 2,11FCD

Após encontrarmos FDB, substituiremos FDB na equação (1). Assim, temos:

0 (1)
−200 − 0,33 FDA + 0,89 FDB + 0,37 FCD =
−200 − 0,33 FDA + 0,89 ( −655, 74 + 2,11FCD ) + 0,37 FCD =
0
−200 − 0,33 FDA − 583, 60 + 1,88 FCD + 0,37 FCD =
0
−0,33 FDA =783, 60 − 2, 25 FCD
783, 60 − 2, 25 FCD
FDA =
−0,33
FDA −2374, 54 + 6, 81FCD
=

Após isolar FDA, serão substituídos FDA e FDB na segunda equação.


Assim, teremos:

+400 − 0, 66 ( −2374,54 + 6,81FCD ) + 0, 26 ( −655, 74 + 2,11FCD ) − 0,55 FCD =


0
+400 + ( +1567,19 − 4, 49 FCD ) + ( −170, 49 + 0,55 FCD ) − 0,55 FCD =0
+1797 − 4, 49 FCD =
0
FCD = +400, 23 N ( compressão )

Como o resultado deu positivo, o sentido adotado está correto e a barra


CD está sendo comprimida. O próximo passo é substituir o resultado FCD em
uma das equações. Começaremos com a equação a seguir.

−655, 74 + 2,11FCD
FDB =
FDB = +188, 74 N ( tração )

Como o resultado deu positivo, o sentido adotado está correto e a barra


DB está sendo tracionada. O próximo passo é substituir o resultado FCD na outra
equação. Assim, teremos o resultado de FDA.

148
TÓPICO 3 | TRELIÇAS ESPACIAIS

−2374,54 + 6,81FCD
FDA =
FDA = +351, 02 N ( tração )

Como o resultado deu positivo, o sentido adotado está correto e a barra DA


está sendo tracionada. O próximo passo é encontrar as forças no nó C (0; 3,5 ;0).

FCA =0i − FcA j + 0k


FCB = FCB i − 0 j + 0k
FCE =0i + 0 j + FCE k

Como a direção da força da barra CD está saindo da estrutura, é preciso fazer


o ponto C menos o ponto D. Assim, há a coordenada resultante de (-1; 1,5; -2).2,69.

 −i + 1,5 j − 2k 
FCD = 400, 23  
 1 + 2, 25 + 4 
2

FCD= 400, 23 ( −0,37i + 0,55 j − 0, 74k )


−148, 08i + 220,12 j − 296,17 k
FCD =

Com as quatro forças conhecidas, faz-se a soma das forças aplicadas nas
mesmas direções do plano. Assim:

FCA =0i − FcA j + 0k


FCB = FCB i − 0 j + 0k
FCE = 0i + 0 j + FCE k
−148, 08i + 220,12 j − 296,17 k
FCD =

FCB − 148, 08 =
0
FCB = +148, 08 N ( tração )

− FcA + 220,12 =
0
FcA = +220,12 N ( tração )

FCE − 296,17 =
0
FCE = +296,17 N ( compressão )

149
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O cálculo da isostaticidade de uma treliça espacial não difere muito do cálculo


de uma treliça plana.

• O cálculo dos esforços solicitantes deste tipo de treliça é mais complexo quando
comparado com o cálculo de uma treliça plana.

150
AUTOATIVIDADE

1 Determine se a treliça em questão é isostática, considerando que os apoios


A, B e C são apoios de 2° gênero (impedindo o movimento em x e z).

2 Calcule se a estrutura é isostática, lembrando que as linhas pontilhadas não


são barras.
4tf

D
2tf

RCZ
RCX
C

RAX RBX
A B RCY
RAZ
RBZ

RAY RBY

151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 4

PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

1 INTRODUÇÃO
Após feito o estudo das estruturas planas isostáticas (vigas, pórticos e
treliças) e das forças invariáveis com o tempo, iremos estudar o princípio dos
trabalhos virtuais (PTV). O conceito será explicado e aplicado em estruturas
planas isostáticas na área da construção civil.

2 PTV
O PTV estabelece o equilíbrio de um determinado sistema a partir de seus
possíveis deslocamentos. O princípio dos trabalhos virtuais tem como premissa
o trabalho virtual realizado pelas forças externas, e este é equivalente ao trabalho
virtual produzido pelas forças internas.

A palavra virtual expressa que as forças e os deslocamentos envolvidos


podem não ser correspondentes. Há apenas condições para que as forças se
encontrem estaticamente admissíveis e os deslocamentos cinematicamente
admissíveis.

Um ponto sofre um deslocamento de W¹ para W², mas este não, 


necessariamente, ocorreu devido à ação das forças. O deslocamento (δ r ) é
denominado de virtual do ponto W.

FIGURA 18 – EXEMPLO DO CONCEITO DE DESLOCAMENTO VIRTUAL

FONTE: Adaptado de Dimitrovová (2016)

153
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

O princípio dos trabalhos virtuais (PTV) é, na verdade, uma forma diferente


de escrever as equações de equilíbrio da estática. Para a aplicação do PTV em
estruturas isostáticas, é necessário realizar, artificialmente, uma libertação, pois esta
permitirá que ocorra um duplo efeito: (1) a incógnita pretendida passa a realizar
trabalho e, (2) a estrutura isostática, agora hipostática, pode se movimentar. A
variável estática libertada assume agora o papel de uma força aplicada.

FIGURA 19 – EXEMPLOS DE LIBERAÇÕES DE APOIO

FONTE: Dimitrovová (2016, p. 6)

E
IMPORTANT

É impossível realizar movimento em uma estrutura isostática composta por


elementos estruturais rígidos se não violar os apoios da estrutura.

Sendo uma estrutura isostática antes da libertação, após sua introdução


transforma-se em um mecanismo de apenas um grau de liberdade. É a única
força aplicada atuando na estrutura, porém, é preciso analisar as duas estruturas
em questão e somar os efeitos para calcular o deslocamento.

E
IMPORTANT

Para a aplicação do PTV, é de suma importância que a estrutura tenha um


grau de hipoestaticidade igual a 1, ou seja, a estrutura deve ficar com o grau de liberdade
igual a 1.

O PTV dá origem a alguns princípios: (1) Princípio dos deslocamentos


virtuais; (2) Princípio das forças virtuais.

154
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

3 PRINCÍPIO DOS DESLOCAMENTOS VIRTUAIS


O princípio dos deslocamentos virtuais pode ser aplicado à análise
de estruturas gerais e pode ser encontrado na literatura como teorema dos
deslocamentos virtuais. A abordagem desse teorema terá foco em estruturas com
barras de comportamento linear.

A equação que rege o princípio tem como base o princípio da conservação


de energia.

 
∑Pidδ = ∫  ∑i σ d ε  dV
i σ ε v  ,

σ são as tensões internas aplicadas na estrutura, ε é a deformação interna,


P são as forças externas aplicadas, δ são as deformações externas ocasionadas
pelas forças e i representa o número de forças externas. Assim, o trabalho virtual
das forças externas é igual ao trabalho virtual das forças internas.

Conforme Soriano (2006), podem ocorrer as seguintes ações externas em


uma estrutura: as forças externas, variações de temperatura, deformações prévias
de montagem e deslocamentos prescritos (denominado recalque de apoio).

Podemos incluir as reações de apoio apenas considerando estas como forças


externas, desde que sejam impostos e medidos deslocamentos virtuais prescritos.
Assim, a equação do teorema com as reações de apoio fica da seguinte forma:

 
∑Piδ i + ∑Rjδ
i j
pj =  ∑
∫v  σ ,ε  dV
σ d ε

Na equação, R representa as reações de apoio e j o número de reações de


apoio. Os símbolos δ i, δ j e d ε são os deslocamentos e deformações virtuais. Toda
vez que uma incógnita for demonstrada com uma barra sobre ela, significa que
esta será virtual.

Considere que, em um campo de deslocamentos virtuais, a equação


resultante seja utilizada para calcular uma reação de apoio. Em uma estrutura
isostática, o procedimento é simples, principalmente quando o campo de
deslocamentos virtuais é de corpo rígido, não havendo trabalho virtual interno.
A parte da equação que corresponde à parte dos esforços internos será 0. Assim:

∑Pid δ i + ∑Rjd δ
i j
j 0
=

A seguir, é possível observar um exemplo de como utilizar essa equação


para substituir as equações de equilíbrio da estática.

155
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 20 – EXEMPLO

FONTE: Soriano (2006, p. 19)

O deslocamento virtual do apoio em que não se deseja calcular a reação


será 0, assim, aplicando o princípio dos deslocamentos virtuais, temos que:

Rδr + Pδp = 0 (1)

Conforme ilustrado no exemplo, pela geometria:

δr δp
=
a b
δr
δp = . b ( 2)
a

Após a afirmação, é preciso substituir (2) em (1):

Pδ r
RAδ r + .b =
0
a

RAδ r = − r .b
a
P
RA = − .b
a

Para a outra reação de apoio:

156
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

δr δp
=
a a+b
δr
δp
= . ( a + b )( 3)
a

Após a afirmação, é preciso substituir (3) em (1):

P
− .( a + b )
R=
a

Com a determinação das reações de apoio, foi observado que a equação


do princípio dos deslocamentos virtuais pode substituir as equações de equilíbrio
da estática para encontro das reações de apoio.

É possível, também, determinar os esforços internos atuantes, como o


esforço normal, cortante, momento fletor e momento de torção. A equação para o
cálculo desses esforços é apresentada a seguir.

FIGURA 21 – EQUAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES EM UMA ESTRUTURA

FONTE: Adaptado de Soriano (2016)

Os valores de E, I, G, A e J dependerão do tipo de material utilizado na


estrutura e das características da seção transversal da estrutura que será estudada.
A seguir, é possível observar como proceder com o cálculo dessas propriedades
da estrutura para as principais seções transversais utilizadas.

157
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 22 – INFORMAÇÕES DAS PRINCIPAIS SEÇÕES TRANSVERSAIS UTILIZADAS

tb
th th

tb

FONTE: Soriano (2006, p. 26)

4 PRINCÍPIO DAS FORÇAS VIRTUAIS


Em um sistema elástico-linear, é apenas uma outra forma de ser aplicado
o princípio dos deslocamentos virtuais. Esse princípio tem como objetivo agilizar
a aplicação do princípio dos deslocamentos em casos específicos.

Para o PFV é utilizada uma estrutura ou sistema auxiliar, chamado de


sistema virtual. Esse sistema é completamente independente do sistema real, mas
trabalha com a mesma estrutura, porém com cargas diferentes. É preciso ressaltar
que as cargas impostas no sistema virtual não são cargas existentes e, por isso, são
denominadas de cargas virtuais (MARTHA, 2010).
158
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

A seguir, podemos observar como é montado o sistema virtual a partir do


sistema real quando queremos saber o deslocamento no ponto D2.

FIGURA 23 – EXEMPLO (SISTEMAS REAL E VIRTUAL)

FONTE: Martha (2010, p. 80)

A carga virtual foi aplicada no ponto D2, já que é preciso encontrar o valor
do deslocamento no ponto D2. O sistema virtual é diferente do sistema real, com
diferentes reações de apoio e diferentes gráficos de esforços solicitantes.

Segundo Martha (2010), o tipo de deslocamentos relativos internos em


um sistema real é dependente do tipo de solicitação externa. Como já citado, os
principais tipos de solicitações externas que podem ocasionar essas deformações
são: carregamento externo, variação de temperatura e recalque de apoio.

A equação que expressa o teorema ou princípio das forças virtuais é


mostrada a seguir.

FIGURA 24 – EQUAÇÃO PFV

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

No exemplo supracitado em que foi aplicado o PFV, o valor da carga


virtual não foi indicado, mas normalmente é utilizado o valor de 1. Assim, pode
ser chamado de método da carga unitária.

159
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

5 MÉTODO DA CARGA UNITÁRIA


O método tem como objetivo determinar o deslocamento em determinada
direção. É feito de um ponto qualquer de uma estrutura de barras sob ações.
Assim, é necessário considerar um novo carregamento para a mesma estrutura,
uma força unitária no ponto e direção do deslocamento desejado.

FIGURA 25 – EXEMPLO MÉTODO DA CARGA UNITÁRIA


P

p δ

F=1

Ruj

FONTE: Soriano (2006, p. 29)

Na figura, é possível observar um mesmo pórtico, porém, um com o


carregamento original e o outro com o carregamento virtual da força unitária
no lugar do deslocamento. Assim, são analisadas as duas estruturas para a
determinação de seus esforços externos e internos. O deslocamento desejado
pode ser calculado pela equação a seguir.

FIGURA 26 – EQUAÇÃO PARA CÁLCULO DO DESLOCAMENTO

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Quando é preciso determinar uma rotação no lugar do deslocamento


linear, será aplicado um momento virtual unitário adimensional no ponto e na
direção da rotação requerida. A seguir, é exemplificado como realizar o cálculo
do deslocamento para uma viga de carregamento uniformemente distribuído,
isostática e engastada.

160
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

EXEMPLO 1

Calcule o deslocamento transversal δ e a rotação θ da extremidade livre da


viga em balanço. Avalie a influência do momento fletor quando comparado com a
influência do esforço cortante para o referido deslocamento. A viga tem um vão de
6 metros, seção transversal retangular de base = 20 cm e altura = 60 cm, G = E/2,4.

FIGURA 27 – EXEMPLO 1

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Para a determinação dos esforços internos atuantes na viga, há as equações


a seguir:

px 2
M =−
2
V = − px

Para o sistema virtual:

FIGURA 28 – EXEMPLO

F=1

F=1

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Para a viga com carregamento virtual unitário:

Viga da esquerda:

Mu = –x

Vu = –1
Viga da direita

Mu = –1

Vu = 0
161
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Para o cálculo do deslocamento δ, é utilizada a viga do lado esquerdo com


a carga virtual vertical. Já para o cálculo da rotação θ, será utilizada a viga do lado
direito. Ambas serão utilizadas conjuntamente com a viga do sistema real.

Assim, pelo método da carga unitária:

l l
1 px 2 1

EI ∫
0
2
.x dx +
GAv ∫0
px dx

A 6
Av = e F= para a seção retangular.
F 5

pl 4 pl ²
+ δ
=
8 EI 2GAv
1296 p 36 p
=δ +
8 E 0, 2.0, 6 3
(2.  )
 0, 2.0, 6 

12  1, 2  E
2, 4
45000 p 432 p
= δ +
E E

E
IMPORTANT

A parte da equação referente ao esforço cortante representa 0,96% em relação


à parte da equação representada pelo momento fletor.

45432 p
δ=
E

Para o cálculo da rotação θ, deve ser considerado o momento unitário.


Os esforços podem ser observados na seção Mu = -1 e Vu = 0. Logo, o método da
força unitária indica que:

162
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

l
1 px 2
θ=
EI ∫
0
2
dx

pl 3
θ=
6 EI
10000 p
θ=
E

Para facilitação dos cálculos de integrais, podem ser feitas análises a partir
dos gráficos de esforços solicitantes. Ainda, é possível combinar a área produzida
pelos gráficos da estrutura em questão.

1
Ma Mb
FIGURA 29 – TABELA PARA COMBINAÇÃO DOS 13 GRÁFICOS
13 M a M b 
1 Ma Mb
Mb 13 M a M b 
3 M aaM bb
ℓ 312
12 M a M b 
1 Ma Mb
1 2 Ma Mb
Mb 2 Ma Mb
162
1 Ma Mb
Mb 16 M a M b 
166 M a M b 
Ma M (2M b  b +M c )
Ma 16
Mb Mc 16 a M (2M b +M c )
ℓ 1 M a (2M b +M c )
16 M a (2M b +M c )
Mb 16 M a M (2M b b
+M c )
136 M a M b 
3
13 a b M M 
Parábola quadrática
1 Ma Mb
Mb 13 M a M b 
31 M aaM bb
314 M a M b 
Parábola quadrática 142 M a M b 
1 Ma Mb
Mb 114 Ma Mb
4 M aa M bb 1+ b  
a b 1664 a M b  bi 
M
16 M a M b 1+ bi  
1 M a M b 1+ b  
M 16 M aa M
aM  b 1+ bi  
M
M 16 M Ma M
aa M
b
b  1+ i  
Mb 6 MMa (2M  b +Mi c)
b b
M
6a b 
b

1
1
1M M (M bb +M )
Mb Mc M aaaa (M
11222 M (M b +M
+M ccc ))
M aM(Mbb +M cc )
32
a b

Ma Mb 2
22 M a M b 
M aa M
M bb 
Parábola quadrática 12333 M
M a
a Mb
b
ℓ 34 M a M b 
Mb 11
1 M aa M 
Parábola quadrática 13 M Ma MM bbb 
31 M aa M bb  b 
3
3 M a M b 1+  
6  i
Mb 11
M
1 aa M bb M 
12 M M aa M bb 
a b 2
2 Ma Mb
2
FONTE: Soriano (2006, p. 33)

163
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Se obtivermos um gráfico de esforços solicitantes nos sistemas real e


virtual com formato de um triângulo, a fórmula que determinará a combinação
sem a necessidade de uma integral será 1 M a .M b . .
3

EXEMPLO 2

A seguir, é ilustrado um pórtico com vigas e colunas de seção transversal de


propriedades A = 134cm², I = 29213cm³ e Av = 39cm². O material do pórtico é o aço, e
suas propriedades são: E = 205 GPa e G = 78,5 GPa. Faça o cálculo do deslocamento
horizontal B com e sem a consideração das deformações dos esforços normal e
cortante. Analise a influência das deformações (SORIANO, 2006).

FIGURA 30 – EXEMPLO 2 - SISTEMA ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

FIGURA 31 – EXEMPLO 2 - SISTEMA VIRTUAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

O deslocamento procurado é descrito pela equação:

164
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

FIGURA 32 – EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS REFERENTES


A CADA ESFORÇO SOLICITANTE

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Transformação das unidades:

E = 205 GPa = 205.000.000.000 N/m² = 205.109 N/m²


G = 78,5 GPa = 75.000.000.000 N/m² = 78,5.109 N/m²
A = 134 cm² = 134.10-4 m²
Av = 39 cm² = 39.10-3 m²
I = 29213 cm4 = 29213.10-8 m²

Organização para os cálculos:

E.A = 205.109 . 134.10-4 = 2,747.106 KN


E.I = 205.109 . 29213.10-8 = 5,9887.104 KN.m²
G.Av = 78,5.109 . 39.10-3 = 3,0615.105 KN

FIGURA 33 – DIAGRAMA DOS ESFORÇOS SOLICITANTES COM O CARREGAMENTO ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

FIGURA 34 – DIAGRAMA DOS ESFORÇOS SOLICITANTES COM O CARREGAMENTO ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

165
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 35 – DIAGRAMA DOS ESFORÇOS SOLICITANTES COM O CARREGAMENTO ORIGINAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

FIGURA 36 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS SOLICITANTES COM A CARGA UNITÁRIA

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

FIGURA 37 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS SOLICITANTES COM A CARGA UNITÁRIA

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

166
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

FIGURA 38 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS SOLICITANTES COM A CARGA UNITÁRIA

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Barra AB, esforço normal:


Li = 4,0 metros
Nu = + 0,66667
N = + 40,0

Li
Nab = ∫ 40.0, 66667 dx
0

Nab = 40.0, 66667.4


Nab =106, 67 KN

Barra CD, esforço normal:


Li = 3,0 metros
Nu = - 0,66667
N = - 40,0

Li

∫ 40 . −0, 66667dx
Ncd =−
0

Ncd = 40.0, 66667.3


Ncd = 80 KN

Assim, a soma das duas parcelas da parte integral equivale a:

= δ Nab + δ Ncd
soma
soma = 186, 67 KN

A parcela que representa o deslocamento devido ao esforço normal pode


ser descrita como:

167
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

li
1
EA ∫0
δN = Nu.N dx

1
δN = .186, 67
2, 747.106
δ N = 6, 7954.10-5 m

Para o momento fletor:

FIGURA 39 – COMBINAÇÃO ENTRE OS GRÁFICOS DE MOMENTO FLETOR

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

A parcela que representa o deslocamento devido ao esforço normal pode


ser descrita como:
li
1
EI ∫0
δM = Mu.M dx

3306, 7
δM =
5,9887.104
δ M = 5, 5216.10-2 m

FIGURA 40 – COMBINAÇÃO ENTRE OS GRÁFICOS DE ESFORÇO CORTANTE

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

168
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

A parcela que representa o deslocamento devido ao esforço normal pode


ser descrita como:

li
1
GAv ∫0
δV = Vu.V dx

400
δV =
3, 0615.105
δ V = 1, 3065.10-3 m

Após os cálculos da contribuição de cada esforço atuante para o


deslocamento no ponto B, será feito o cálculo do deslocamento horizontal final
do ponto B:

δ = δ N + δ V +δ M
δ = 0, 0056589 mm

A participação efetiva do momento fletor, esforço cortante e do esforço


normal representa, respectivamente, 97,6%, 2,3% e 0,1%.

Podem existir forças externas, como o efeito da temperatura, que


causa deslocamentos em estruturas isostáticas. A equação para o cálculo do
deslocamento ocasionado por essa força é definida por:

FIGURA 41 – DESLOCAMENTO EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

δ = ∫ N α T dx+ ∫ M α g T dx
x u x u
FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Em que:

Ti −T s
gt =
h

Ti é a temperatura da face inferior do elemento estrutural


Ts é a temperatura da face superior do elemento estrutural

169
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

FIGURA 42 – ATUAÇÃO DE TS E TI

FONTE: Soriano (2006, p. 45)

A seguir, será possível observar o cálculo de deslocamentos em uma


estrutura exposta à variação térmica.

EXEMPLO 3

Determine a rotação da seção de apoio A do pórtico devido aos acréscimos de


temperaturas. α = 10-5/°C; altura das seções transversais h = 35cm (SORIANO, 2006).

FIGURA 43 – SISTEMA REAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Com o sistema real apresentado, será ilustrado o sistema virtual das forças
com suas reações de apoio.

170
TÓPICO 4 | PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)

FIGURA 44 – SISTEMA VIRTUAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

Após os sistemas montados e apresentados, serão calculados e desenhados


os diagramas dos esforços solicitantes do sistema virtual.

FIGURA 45 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DO SISTEMA VIRTUAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

FIGURA 46 – DIAGRAMA DE ESFORÇO NORMAL DO SISTEMA VIRTUAL

FONTE: Adaptado de Soriano (2006)

171
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

É de conhecimento que:

Ti −T s
gt =
h
15 − 10
gt =
0,35
gt = 14, 286°C / m

A rotação procurada é definida por:

3 lj lj

=θA ∑ (α .T ∫Nu dx + α .gt ∫Mu dx )


j =1 0 0

10 + 15  1 
=θ A 10−5. . ( −0,16667.4 + 0,16667.3) + 10−5.14, 286.  −1.4 − .1.6 
2  2 
θ A = 1, 0208.10-3 rad

172
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• O PTV pode ser aplicado em estruturas isostáticas.

• O Princípio dos Trabalhos Virtuais dá origem ao Princípio dos Deslocamentos


Virtuais, Princípio das Forças Virtuais e ao Método da Força Unitária.

• Para o cálculo desses princípios, devem ser utilizados sistemas virtuais com
uma força virtual aplicada, que geralmente tem o valor de 1.

• Podem ser determinadas as reações de apoio através desse princípio, além dos
gráficos de esforços solicitantes de cada sistema.

• Pode ser verificada a parcela representativa de cada esforço solicitante que


contribui para o deslocamento final da estrutura.

173
AUTOATIVIDADE

1 Calcule o deslocamento transversal δ e a rotação θ da extremidade livre


da viga em balanço. A viga tem um vão de 6 metros, seção transversal
retangular de base = 20 cm e altura = 40 cm, G = E/2,4.

F=1
x

F=1

2 A seguir, é ilustrado um pórtico com vigas e colunas de seção transversal de


propriedades A = 154cm², I = 38953cm³, Av = 44,8cm². O material do pórtico
é o aço, e suas propriedades são: E = 205 GPa e G = 78,5 GPa. Faça o cálculo
do deslocamento horizontal B com e sem a consideração das deformações
dos esforços normal e cortante. Encontre a deformação.

3 Determine a rotação da seção de apoio A do pórtico devido aos acréscimos


de temperaturas. α = 10-5/°C; altura das seções transversais h = 55cm.

174
UNIDADE 3
TÓPICO 5

LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, será abordado o conceito de linhas de influência.
Primeiramente, é preciso trazer a definição do conceito e sua importância para,
depois, tratar de sua aplicação com ênfase em vigas isostáticas planas.

2 LINHAS DE INFLUÊNCIA EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS


PLANAS
Segundo Sussekind (1981), linhas de influência são representações
gráficas ou analíticas do valor de um efeito elástico em uma dada seção da
estrutura, com produção por uma carga unitária, a qual tem influência em toda
a estrutura. Conforme Martha (2010), linhas de influência mostram a variação
de um determinado efeito, este que é dependente da posição de uma carga que
percorre sobre toda a estrutura.

É preciso distinguir linha de influência de diagrama de esforços


solicitantes, pois uma ordenada da linha de influência em um ponto se refere, de
um modo geral, ao efeito dessa carga em uma outra seção (SUSSEKIND, 1981). O
comportamento da linha de influência é exemplificado a seguir.

FIGURA 47 – COMPORTAMENTO DA LINHA DE INFLUÊNCIA EM UMA VIGA


P=1
z
A B
S

–b
L.I.MS

a
FONTE: Sussekind (1981, p. 301)

Imaginemos que a linha de influência de momentos fletores na seção S da


viga é conhecida:

175
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Ms = a, para P =1 em A
Ms = -b, para P=1 em B, e assim sucessivamente.

As linhas de influência são de suma importância, pois diversas estruturas


são projetadas para solicitação de cargas móveis. Como sabemos, os esforços
internos desse tipo de estrutura não variam apenas pela magnitude da força
aplicada, mas também pela posição (MARTHA, 2010). Alguns exemplos são:
pontes rodoviárias, pontes ferroviárias e pórticos industriais que suportam
pontes rolantes para o transporte de cargas. A partir das verificações, podemos
inferir que o projeto de estruturas deve ter a determinação das posições das cargas
móveis, estas que produzem valores extremos de esforços solicitantes nas seções
do elemento estrutural.

Com a definição de linhas de influência, é possível verificar que a


ferramenta pode ser aplicada para os diversos tipos estruturais. As resoluções dos
problemas que serão propostos passarão por duas etapas: (1) Com uma estrutura
exemplificada, é possível verificar o efeito de E e a seção S, obtendo sua linha de
influência; (2) conhecido o trem-tipo (totalidade de cargas móveis) e a linha de
influência, serão obtidos os efeitos devidos.

EXEMPLO 1

Há uma viga isostática biapoiada com um carregamento concentrado


unitário:

FIGURA 48 – EXEMPLO 1

FONTE: Martha (2010, p. 295)

O equilíbrio de forças verticais e de momentos em relação ao ponto A


determina os valores das reações Va = (l-x)/l e Vb = x/l. Essas equações são as
próprias expressões analíticas das linhas de influência das reações de apoio,
pois mostram a variação de Va e Vb sendo dependentes da posição x da carga
concentrada. Assim:

176
TÓPICO 5 | LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

FIGURA 49 – REAÇÕES DE APOIO

FONTE: Martha (2010, p. 295)

Segundo Martha (2010), a imposição direta da situação de equilíbrio pode ser


utilizada para determinar as linhas de influência dos esforços solicitantes, impondo
uma seção genérica S da viga biapoiada. Duas situações serão consideradas: uma
quando a carga concentrada está na esquerda da seção S e outra quando está na direita.
Assim, podem ser verificadas, a seguir, as situações descritas.

Esforço Cortante

P = 1 à esquerda de S (x < a) → Qs = -Vb → LIQs = - LIVb = - x/L


P = 1 à direita de S (x > a) → Qs = +Va → LIQs = + LIVa = (L-x)/L

Momento Fletor

P = 1 à esquerda de S (x ≤ a) → Ms = +b.Vb → LIMs = +b.LIVb = b.x/L


P = 1 à direita de S (x ≥ a) → Ms = +a.Va → LIMs = + a.LIVa = a.(L-x)/L

É possível verificar as linhas de influência do esforço cortante para a


estrutura analisada.

FIGURA 50 – LINHAS DE INFLUÊNCIA DO ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR


PARA O EXEMPLO 1

FONTE: Martha (2010, p. 295)

177
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

EXEMPLO 2

FIGURA 51 – VIGA EM BALANÇO

FONTE: Silva (2016, p. 6)

Reações de apoio:

∑ Ma = 0
−1.x + Ma =
0
Ma = x
∑ Fy = 0
Va − 1 =0
Va = 1

Assim, temos:

x = 0 → Ma = 0; Va = 1
x = L → Ma = L; Va = 1

FIGURA 52 – GRÁFICOS DAS LINHAS DE INFLUÊNCIA

45o
VA MA
A B A B

FONTE: Adaptado de Silva (2016)

178
TÓPICO 5 | LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

FIGURA 53 – VIGA ISOSTÁTICA

FONTE: Adaptado de Silva (2016)

x < c → Qs = 0
x > c → Qs = 1

Assim:

FIGURA 54 – ESFORÇO CORTANTE

FONTE: Adaptado de Silva (2016)

FIGURA 55 – VIGA ISOSTÁTICA

FONTE: Adaptado de Silva (2016)

x < c → Ms = 0
x ≥ c → Ms = -1 (x-c) (tração na face superior)

179
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Substituindo os valores em x:

x = c → Ms = 0
x = L → Ms = -1(L-c) = -d

Assim, temos que:

FIGURA 56 – MOMENTO FLETOR

FONTE: Adaptado de Silva (2016)

180
TÓPICO 5 | LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

LEITURA COMPLEMENTAR

LINHA ELÁSTICA

Antes de determinar a inclinação ou o deslocamento de um ponto da viga


(ou do eixo), é conveniente esquematizar a forma defletida da viga sob carga, a fim
de “visualizar” todos os resultados calculados e, assim, verificá-los parcialmente.
O diagrama de deflexão do eixo longitudinal que passa pelo centroide de cada
área da seção transversal da viga é denominado linha elástica. A linha elástica da
maioria das vigas é esquematizada sem muita dificuldade. Ao fazer o diagrama,
entretanto, é necessário saber como vários tipos de apoio limitam a inclinação
ou o deslocamento. Em geral, os apoios que resistem a forças, como um pino,
limitam o deslocamento, e os que resistem, como uma parede, limitam a rotação
ou a inclinação. Com essas ideias em mente, vemos, na Figura 12.1, dois exemplos
típicos de linhas elásticas de vigas (ou eixos) com carga e em escala exagerada.

Se a linha elástica da viga for difícil de traçar, sugere-se desenhar antes seu
diagrama de momento fletor. Segundo a convenção de sinal estabelecida na seção
6.1, o momento fletor interno positivo tende a curvar a viga com a concavidade
para cima (Figura 12.2a). O momento fletor negativo, ao contrário, tende a curvar
com a concavidade para baixo (Figura 12.2b).

Momento interno positivo:


concavidade para cima

Momento interno negativo:


concavidade para baixo

181
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Portanto, se o diagrama de momento fletor for conhecido, será mais fácil


construir a linha elástica. Como exemplo, consideremos a viga da Figura 12.3a e
seu diagrama de momento fletor, na Figura 12.3b. Devido aos apoios de rolete e
de pino, o deslocamento em B e D deve ser nulo. Na região de momento negativo,
AC (Figura 12.3b), a linha elástica deve ser côncava para baixo; na região de
momento positivo, CD, ela deve ser côncava para cima. Portanto, deve haver
um ponto de inflexão no ponto C, onde a curva muda a concavidade de cima
para baixo, uma vez que se trata de um ponto em que o momento fletor é nulo.
Com base nesses fatos, a linha elástica da viga é desenhada em escala exagerada
na Figura 12.3c. Deve ser observado, também, que os deslocamentos ∆A e ∆E são
especialmente críticos. No ponto E, a inclinação da curva elástica é nula, portanto,
a deflexão da viga deve ser máxima. O fato de ∆E ser realmente maior que ∆A ou
não depende das intensidades relativas de P1 e P2 e da localização do rolete em B.

Diagrama de momento fletor

Ponto de inflexão

Seguindo esses mesmos princípios, observe como a linha elástica da


Figura 12.4 foi construída. No caso, a viga está em balanço, engastada no apoio
fixo em A – logo, a linha elástica deve ter tanto o deslocamento como a inclinação
no ponto. Além disso, o maior deslocamento ocorrerá em D, onde a inclinação
é nula, ou C.

182
TÓPICO 5 | LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

Diagrama de momento fletor

Ponto de inflexão
Linha elástica

Relação momento-curvatura

Desenvolveremos agora uma relação importante entre o momento fletor


interno da viga e o raio de curvatura ρ da linha elástica em determinado ponto. A
equação resultante será usada em todo o capítulo como base em todos os métodos
apresentados, cuja finalidade é determinar a inclinação e o deslocamento da linha
elástica de uma viga (ou de um eixo).

A análise que segue, nesta e na próxima seção, requer o uso de três


coordenadas. Como mostra a Figura 12.5a, o eixo x é positivo para a direita, ao
longo do eixo longitudinal da viga, inicialmente reto. Ele é usado para localizar
o elemento infinitesimal que tem largura não deformada dx. O eixo v é positivo
para cima a partir do eixo x. Ele mede o deslocamento do centroide da área da
seção transversal do elemento. Com essas duas coordenadas, definiremos, mais
tarde, a equação da linha elástica, v, em função de x. Finalmente, uma coordenada
y “localizada” é usada para especificar a posição de uma fibra. Ela é positiva para
cima a partir do eixo neutro, como mostra a Figura 12.5b. Lembre-se: essa mesma
convenção de sinal foi usada na dedução da fórmula da flexão.

Para dedução da relação entre o momento fletor interno e ρ, limitaremos a


análise a um caso bem comum: uma viga inicialmente reta deforma-se elasticamente
pelas cargas aplicadas perpendicularmente ao seu eixo x, este localizado no
plano de simetria x-v da área da seção transversal. Devido ao carregamento, a
deformação da viga é provocada tanto pela força de cisalhamento interna como
pelo momento fletor. Se a viga tiver comprimento muito maior que sua altura, a
maior deformação será provocada pela flexão e, portanto, concentraremos nossa
atenção em seus efeitos. Deflexões provocadas por cisalhamento serão discutidas
mais adiante neste capítulo.
183
UNIDADE 3 | TRELIÇAS, PRINCÍPIO

Antes da Após a
deformação deformação

Quando o momento fletor interno M deforma o elemento da viga,


o ângulo entre as seções transversais torna-se dθ (Figura 12.5b). O arco dx
representa a parte da linha elástica que intercepta o eixo neutro em cada seção
transversal. O raio de curvatura desse arco é definido como a distância ρ,
medida do centro de curvatura O´ para dx. Qualquer outro arco do elemento
estará sujeito a uma deformação normal. Por exemplo, a deformação no arco
ds, localizado a uma distância y do eixo neutro, é ε = (ds´ - ds)/ds. No entanto,
ds = dx = ρ dθ e ds´ = (ρ – y) dθ e, assim, ε = [(ρ – y) dθ -ρdθ]/ρdθ:

1 ε
=−
ρ y

Se o material é homogêneo e comporta-se de maneira linear-elástica, aplica-


se a lei de Hooke (ε = σ/E). Além disso, aplica-se a fórmula da flexão, σ = -My/I.
Combinando essas duas equações e substituindo-as na equação anterior, temos:

1 M
=
ρ EI

Sendo:

ρ = raio de curvatura em um ponto específico da curva elástica (1/ρ seria a própria


curvatura)
M = momento fletor interno da viga no ponto em que ρ deve ser determinado
E = módulo de elasticidade do material
I= momento de inércia da viga calculado em torno do eixo neutro

184
TÓPICO 5 | LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI)

O produto EI na equação, denominado rigidez à flexão, é sempre uma


quantidade positiva. O sinal de ρ depende, portanto, da direção do momento
fletor. Como mostra a Figura 12.6, quando M é positivo, ρ prolonga-se para cima
da viga, isto é, na direção positiva de v. Quando M é negativo, ρ prolonga-se para
baixo da viga, ou na direção negativa de v.

Usando a fórmula da flexão, σ = -My/I, podemos também expressar a


curvatura em termos de tensão na viga, ou seja:

1 σ
= −
ρ Ey

Tanto a Equação 12.2 quanto a 12.3 são válidas para raios de curvatura
pequenos ou grandes. Entretanto, o valor de ρ é quase sempre calculado como
uma quantidade muito grande.

FONTE: HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. São Paulo: Pearson Educação, 2006. p. 449-452.

185
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico, você aprendeu que:

• As linhas de influência são de grande relevância em cálculos para a determinação


de um esforço máximo quando cargas móveis atuam em uma estrutura.

• Linhas de influência descrevem a variação de um determinado efeito ocasionado


pela posição de uma carga unitária que passeia sobre a estrutura.

186
AUTOATIVIDADE

1 Determine as linhas de influência das reações de apoio e as dos esforços


solicitantes (esforço cortante e momento fletor).

187
188
REFERÊNCIAS
BASTOS, P. S. dos S. Estruturas de concreto armado. São Paulo: Universidade
Estadual de São Paulo, 2014.

BEER, F. P. Mecânica vetorial para engenheiros. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.

BOTELHO, M. H. C. Resistência dos materiais para entender e gostar. São


Paulo: E. Blucher, 2010.

DIMITROVOVÁ, Z. Sebenta de disciplina DCR. Portugal, 2016. Disponível em:


http://www2.dec.fct.unl.pt/seccoes/S_Estruturas/DCR/teoricas/2_1Sebenta.pdf.
Acesso em: 2 jul. 2019.

HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. São Paulo: Pearson Educação, 2010.

LINDENBERG NETO, Henrique. Introdução à mecânica das estruturas. São


Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1996.

MARTHA, L. F. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. 2010.


Disponível em: http://www.elsevier.com.br/site/produtos/Detalhe-Produto.
aspx?tid=57922&tit=AN%C3%81LISE%20DE%20ESTRUTURAS. Acesso em: 4
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POPOV, E. P. Introdução à mecânica dos sólidos. São Paulo: E. Blucher, 2009.

SILVA, R. M. da. Notas de aula: Análise Estrutural I. 2016. Disponível em:


https://engucm.files.wordpress.com/2016/05/linhas-de-influencia-de-estruturas-
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SORIANO, H. L. Análise de estruturas: método das forças e dos deslocamentos.


Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2006.

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SOUZA, M. F. S. M.; DE RODRIGUES, R. B.; MASCIA, N. T. Sistemas


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SOUZA, A. S. C. de; GONÇALVES, R. M. Análise teórica e experimental de


treliças espaciais. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 31,
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SUSSEKIND, José Carlos. Curso de Análise Estrutural 1 - Estruturas Isostáticas.


Porto Alegre: Globo, 1996.
189
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Porto Alegre: Globo, 1981.

THOMAZ, E.; CARNEIRO, L.; SARAIVA, R. Vigas Gerber com dentes


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VALLE, Ângela do et al. Apostila de Análise Estrutural I. Santa Catarina:


Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.

190

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