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Tecnologia da

Construção de
Edificações I
Prof.ª Flavia Lamim de Arantes Soriano
Prof.ª Vivian Figueiredo Pereira Almeida

Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof.ª Flavia Lamim de Arantes Soriano
Prof.ª Vivian Figueiredo P. Almeida

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

S714t

Soriano, Flavia Lamim de Arantes

Tecnologia da construção de edificações I. / Flavia Lamim de


Arantes Soriano; Vivian Figueiredo Pereira de Almeida. – Indaial: UNIASSELVI,
2020.

215 p.; il.

ISBN 978-85-515-0440-6

1. Edificações. - Brasil. I. Almeida, Vivian Figueiredo Pereira de.


II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 690

Impresso por:
Apresentação
Bem-vindo ao Livro Didático de Tecnologia da Construção de
Edificações I, que tem por objetivo construir conhecimentos gerais sobre as
tecnologias básicas utilizadas na construção de edifícios e na gestão de obras.

Espero que você se aproxime do conteúdo desta disciplina, percebendo


o quanto o seu estudo é indispensável para a formação e aprofundamento
dos conceitos sobre variados aspectos que permeiam a construção civil.

É com satisfação que apresentamos este livro, visando ao seu


desenvolvimento pessoal e contribuindo para que se torne futuramente um
profissional capaz de promover uma gestão eficiente de obras.

Começaremos nossos estudos na Unidade 1, na qual serão


apresentados canteiros e locação de obras. A unidade está dividida em quatro
tópicos principais: aspectos gerais de canteiro, instalações em canteiros,
aspectos gerais de locação e métodos executivos de locação.

Na Unidade 2 serão apresentadas fundações e sistemas estruturais,


dividida em quatro tópicos que explicam sobre: engenharia de fundações,
processos usuais de reforço e prevenção de fissuras, sistemas construtivos e
alvenaria estrutural e concreto.

Por sua vez, a Unidade 3 trata da execução de estruturas de concretos,


vedações verticais e coberturas, em que serão apresentados diversos tópicos
explicativos sobre o sistema de formas, armação, concretagem, projeto de
alvenaria de vedação, ligação entre estruturas e paredes de vedação, dentre
outros.

Espero que você, acadêmico, alcance ótimos resultados nesta


disciplina e que este livro contribua com a construção do seu conhecimento.
Aprofunde-se nas leituras indicadas, assista aos vídeos e faça suas próprias
anotações. Dedique-se para se tornar um profissional diferenciado no
mercado de trabalho. Vamos lá?

Boa leitura e bons estudos!

Prof.ª Flavia Lamim de Arantes Soriano


Prof.ª Vivian Figueiredo P. Almeida

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

VI
Sumário
UNIDADE 1 – CANTEIRO E LOCAÇÃO..............................................................................................1

TÓPICO 1 – CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS.............................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................3
2 CONCEITOS BÁSICOS.........................................................................................................................4
3 TIPOS E OS ELEMENTOS DE CANTEIROS....................................................................................7
4 PLANEJAMENTO, ELABORAÇÃO E PADRONIZAÇÃO.............................................................8
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................16
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................17

TÓPICO 2 – INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS...........................................................19


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................19
2 INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS........................................................................................................20
2.1 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS........................................................................................................20
2.2 VESTIÁRIOS......................................................................................................................................21
2.3 ALOJAMENTOS...............................................................................................................................22
2.4 LOCAL PARA REFEIÇÕES E COZINHA.....................................................................................23
2.5 LAVANDERIA .................................................................................................................................25
2.6 AMBULATÓRIO ..............................................................................................................................25
2.7 ÁREA DE LAZER ............................................................................................................................25
3 MANUTENÇÃO E LIMPEZA.............................................................................................................27
4 ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS...................................................28
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................33
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................34

TÓPICO 3 – LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS........................................................37


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................37
2 DEFINIÇÕES BÁSICAS.......................................................................................................................37
3 REQUISITOS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS..................................................................40
4 TIPOS DE LOCAÇÃO .........................................................................................................................46
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................49
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................50

TÓPICO 4 – MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO.................................................................51


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................51
2 PROCESSO DE LOCAÇÃO POR CAVALETES..............................................................................51
3 PROCESSO DA TÁBUA CORRIDA (GABARITO).......................................................................52
4 TRAÇADO E LOCAÇÃO AO LONGO DA CONSTRUÇÃO......................................................54
4.1 EDIFÍCIOS EM CONCRETO ARMADO . ....................................................................................57
4.2 EDIFÍCIOS EM CONCRETO PROTENDIDO .............................................................................58
4.3 EDIFÍCIOS COM ESTRUTURA METÁLICA ..............................................................................59
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................60
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................64
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................65

VII
UNIDADE 2 – FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS.........................................................67

TÓPICO 1 – ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES.................................................................................69


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................69
2 ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PROJETO.................................................................................70
3 SONDAGEM..........................................................................................................................................71
4 CONCEITUAÇÃO GERAL..................................................................................................................73
5 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES.....................................................................................................74
5.1 TRANSMISSÃO DE FORÇA APLICADA AO SOLO.................................................................76
6 TIPOS DE FUNDAÇÕES.....................................................................................................................77
6.1 FUNDAÇÕES DIRETAS OU RASAS.............................................................................................78
6.2 FUNDAÇÕES INDIRETAS OU PROFUNDAS............................................................................80
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................85
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................86

TÓPICO 2 – PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................87
2 CONHECENDO E PREVENINDO FISSURAS...............................................................................87
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................99
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................100

TÓPICO 3 – SISTEMAS CONSTRUTIVOS.....................................................................................103


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................103
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS CONVENCIONAIS....................................................................104
2.1 CONCRETO ARMADO COM ALVENARIA DE VEDAÇÃO.................................................108
2.2 ESTRUTURA METÁLICA.............................................................................................................110
2.3 ESTRUTURA DE MADEIRA........................................................................................................112
2.4 ESTRUTURA PRÉ-MOLDADA....................................................................................................113
3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS NÃO CONVENCIONAIS.........................................................115
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................120

TÓPICO 4 – ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO............................................................121


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................121
2 ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS...............................................................................122
2.1 ALVENARIA NÃO ARMADA.....................................................................................................123
2.2 ALVENARIA ARMADA OU PARCIALMENTE ARMADA....................................................124
2.3 ALVENARIA PROTENDIDA.......................................................................................................124
2.4 MODULAÇÃO DOS ELEMENTOS.............................................................................................125
2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS.............................................................................................129
3 ALVENARIA ESTRUTURAL DE CONCRETO.............................................................................130
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................137
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................138

UNIDADE 3 – ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E


COBERTURAS.............................................................................................................139

TÓPICO 1 – EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO....................................................141


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................141
2 GENERALIDADES.............................................................................................................................142
2.1 COMPONENTES DO CONCRETO.............................................................................................142

VIII
2.1.1 Cimento...................................................................................................................................143
2.1.2 Agregados...............................................................................................................................145
2.1.3 Água........................................................................................................................................145
3 SISTEMA DE FÔRMAS.....................................................................................................................146
4 ARMAÇÃO...........................................................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................154
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................155

TÓPICO 2 – CONCRETAGEM............................................................................................................157
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................157
2 EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS...............................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................167
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................168

TÓPICO 3 – PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO.............................................................169


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................169
2 DEFINIÇÕES BÁSICAS.....................................................................................................................169
3 PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO..................................................................................173
4 LIGAÇÃO ENTRE ESTRUTURAS E PAREDES DE VEDAÇÃO..............................................178
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................184
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................185

TÓPICO 4 – COBERTURAS.................................................................................................................187
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................187
2 TIPOLOGIAS.......................................................................................................................................189
3 DESEMPENHO....................................................................................................................................191
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................204
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................205
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................207

IX
X
UNIDADE 1

CANTEIRO E LOCAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reforçar os conceitos sobre modelagem na construção;

• conhecer elementos e tipos de canteiros;

• introduzir conceitos sobre planejamento, elaboração e implantação de um


canteiro de obras;

• compreender sobre locação de obras e seus métodos executivos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará auto atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

TÓPICO 2 – INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

TÓPICO 3 – LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

TÓPICO 4 – MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

1 INTRODUÇÃO
O planejamento de operações em projetos, cujas fases são diferenciadas,
visam à obtenção de maior produtividade, segurança, menores custos e
desperdícios. O dimensionamento adequado em termos espaciais deve ser
realizado com base na modelagem da construção civil, que contribui para o
desenho de fluxos de processos operacionais de modo otimizado.

O sucesso de um canteiro de obras deve considerar diversos aspectos


que vão desde o armazenamento, dimensionamento, transporte de materiais,
equipamentos de segurança até as áreas de vivência garantidas por legislação
específica.

As áreas de vivência possuem como foco o trabalhador e suas condições


de trabalho. Dizem respeito às condições físicas do ambiente de trabalho, políticas
de organização, higiene e instalações como alojamento, refeitório, banheiros etc.

As áreas operacionais dizem respeito aos espaços em que a obra é


efetivamente realizada e, por isso, os canteiros que estão bem planejados
contribuem para obtenção de melhores resultados em função da disposição de
equipamentos, procedimentos operacionais de movimentação de materiais e
segurança do trabalho.

Para que tudo seja colocado em prática é estudado e desenhado um arranjo


físico. No layout o planejamento das necessidades é adequado ao espaço físico
existente considerando a quantidade de operários, cronogramas, orçamentos,
movimentação de equipamentos e materiais. Assim, é importante que se tenha
conhecimento dos processos produtivos, por quais áreas tais processos passam e
como começam e terminam.

Existem diversos tipos de combinações possíveis, devendo ser escolhida


a que melhor se adéque à estratégia e ao escopo do projeto. Deve-se primar
pelo balanceamento das tarefas de modo a maximizar a utilização dos recursos
disponíveis, evitando tempos ociosos e desperdícios.

3
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

2 CONCEITOS BÁSICOS
As operações relacionadas às obras de construção civil podem ser
definidas como um conjunto de tarefas fundamentais à realização de um projeto.
Segundo Larson e Gray (2016, p. 4-5):

Um projeto é um empreendimento temporário que visa criar um


produto, serviço ou resultado único [...]. As principais características
são: 1. um objetivo estabelecido. 2. Um ciclo de vida definido, com
início e fim. 3. Geralmente, envolve diversos departamentos e
profissionais. 4. Comumente, faz algo que nunca foi feito antes. 5.
Requisitos específicos de tempo, custo e desempenho.

Na construção civil, tanto o conjunto de tarefas quanto os recursos


necessários à execução de um projeto devem ser organizados de forma lógica
na etapa de planejamento. A tecnologia da construção será definida a partir da
escolha de equipamentos, recursos humanos e materiais, tarefas, prazos, ordem e
procedimentos de execução.

A hierarquização sequencial e lógica, estabelecida por meio de fluxogramas,


caracterizarão a estrutura do projeto construtivo. Para o desenvolvimento de
um(a) modelo ou modelagem operacional, o profissional engenheiro deverá
enumerar os recursos envolvidos no projeto e estabelecer o ordenamento das
tarefas de forma otimizada, preferencialmente.

A otimização se relaciona diretamente ao conceito de produtividade e


ambos visam à qualidade, menores custos e tempos de execução. Na Construção
Civil, a modelagem visa ao balanceamento entre recursos e parte disso é resultado
da identificação dos processos que se repetem na linha do tempo.

A modelagem (CYCLONE- CYCLic Operations NEtwork) para análise de


estados de trabalho e fluxo de entidades possui três formas básicas:

FIGURA 1 – CYCLONE - CYCLIC OPERATIONS NETWORK

FONTE: Adaptada de Halpin e Woodhead (1998)

4
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

O formato gráfico do CYCLONE considera alguns elementos básicos que,


de acordo com Halpin e Woodhead (1998) são:

FIGURA 2 – ELEMENTOS BÁSICOS DA MODELAGEM

Usado para representar tarefas normais de


NORMAL
trabalho, que não possuem restrições para iniciar.

Tem por objetivo representar tarefas que possuem


COMBI restrição, condição ou pré-requisito, no entanto,
similar ao elemento NORMAL.

Visa representar “nós”, filas ou esperas para uso


Q node
de estados passivos de recursos.

Indicador de Fluxo direcional da entidade de


Arrow
recursos.

FONTE: Adaptada de Halpin e Woodhead (1998)

Pode se dizer que as formas básicas são o quadrado e o círculo, cuja


função na modelagem é representar esquematicamente a alternância entre os
estados ativos ou ociosos na operação construtiva, utilizando-se setas (arrows)
indicadoras de percurso (HALPIN; WOODHEAD, 1998).

Para que haja uma operação de construção é necessário haver uma tarefa
de trabalho nomeada ou descrita de forma clara, em seguida observar os recursos
necessários a sua execução e, posteriormente, à definição dos estados (ociosos ou
ativos).

Se fôssemos considerar, como exemplo, a operação de movimentação


de terra, de acordo com Halpin e Woodhead (1998) seria necessário: caminhões,
carregador frontal e solo (recursos). Pensando no ciclo do caminhão apenas, a
forma gráfica (Figura 3), já incluído o estado, seria:

5
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 3 – CICLO DO CAMINHÃO

Retorno do
caminhão
vazio

Atividade Espera
de esvaziar na fila

Viagem do Carregamento
caminhão do caminhão
cheio

FONTE: Adaptada de Halpin e Woodhead (1998)

Existem diversas formas de se modelar as estruturas operacionais de um


projeto de construção e o modelista deve ser capaz de identificar, desenvolver,
integrar e definir a inicialização das unidades de fluxo, ou seja, o desenho do
ciclo de determinada atividade prevendo suas características lineares (exemplo:
montagem de estruturas metálicas).

DICAS

Para aprender ou relembrar sobre modelagem das operações de construção,


leia o Capítulo 11 do livro: HALPIN, Daniel W.; WOODHEAD, Ronald W. Administração da
construção civil. Tradução Orlando Celso Longo e Vicente Custodio Moreira de Souza. 2.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

Conhecer as operações e ciclos da obra permitem a elaboração assertiva de


um canteiro de obras, cujo objeto principal serão as atividades administrativas, as
destinadas ao uso dos funcionários e a armazenagem de materiais.

As tarefas administrativas acompanharão o tamanho da obra, ou seja,


quanto maior for, mais pessoas, processos e documentos estarão envolvidos.
As áreas destinadas ao uso dos funcionários referem-se às instalações mínimas

6
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

obrigatórias por leis vigentes e a armazenagem de materiais é o espaço destinado


ao estoque seguro, evitando possíveis danos à saúde. Assim, pessoas e materiais
deverão estar em ambientes diversos.

3 TIPOS E OS ELEMENTOS DE CANTEIROS


De acordo com Illigworth (1993 apud SAURIN; FORMOSO, 2006, p. 19), os
canteiros de obras e suas respectivas características constam no Quadro 1:

QUADRO 1 – TIPOS DE CANTEIROS

Tipo Descrição Exemplo

A construção ocupa o terreno completo


Construções em
RESTRITO ou uma alta porcentagem deste. Acessos
áreas centrais da
(Tipo mais restritos. Áreas delimitadas por meio de
cidade, ampliações
comum) tapumes, muros e com um portão que dá
e reformas.
acesso ao local.

Construções de
A construção ocupa somente uma parcela
plantas industriais,
relativamente pequena do terreno.
conjuntos
Há disponibilidade de acessos para
habitacionais
veículos e de espaço para as áreas de
horizontais e
AMPLOS armazenamento e acomodação de pessoal.
outras grandes
Geralmente apresenta grandes máquinas
obras como
e necessita interação com outras entidades
barragens
(exemplo: prefeitura, polícia, stakeholders
ou usinas
etc.).
hidroelétricas.

Pode ter características do amplo e do


restrito, a diferença é a complexidade Trabalhos em
LONGOS E da organização física. São restritos estradas de ferro
ESTREITOS em apenas uma das dimensões, com e rodagem, redes
ou possiblidade de acesso em poucos pontos de gás e petróleo,
Longitudinais do canteiro. Geralmente estreito, dificulta obras pluviais e
o fluxo adequado de pessoas, materiais e sanitárias urbanas.
equipamentos.

FONTE: Adaptado de Illigworth (1993 apud SAURIN; FORMOSO, 2006, p. 19)

7
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

Observe que embora o canteiro de obra possua a característica “fixa”,


quando estamos falando de um canteiro do tipo longitudinal esse conceito merece
atenção. Perceba que se a própria obra “anda”, o canteiro precisa acompanhar,
como é o caso das obras rodoviárias.

O planejamento adequado do ambiente do canteiro se relaciona


diretamente ao desempenho e à produção da obra. Assim, o layout deve ser
elaborado considerando-se vários elementos, dentre eles:

QUADRO 2 – ÁREAS OPERACIONAIS X ÁREAS DE VIVÊNCIA

Áreas de Vivência Áreas Operacionais


• Vestiário • Escritório
• Instalações sanitárias • Portaria
• Refeitório • Depósitos
• Cozinha • Almoxarifados
• Área de lazer • Central de concreto
• Alojamento e lavanderia • Central de argamassa
• Ambulatório • Central de armação
FONTE: A autora

4 PLANEJAMENTO, ELABORAÇÃO E PADRONIZAÇÃO


O canteiro de obras é como uma “fábrica” com diversas linhas de produção.
Seu objetivo é possibilitar o andamento da obra através das áreas de vivência,
do armazenamento de materiais, processamento, fiscalização e gerenciamento
(LIMMER, 2008). As macroetapas de implantação de um canteiro de obras são:

FIGURA 4 – ETAPAS

FONTE: A autora

8
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

Quando se fala em planejamento de um canteiro, a compreensão deve


ser de que estamos falando do planejamento do layout da obra, etapa em que é
necessário realizar os seguintes passos de forma sistematizada:

• Análise preliminar de coleta de dados:


ᵒ Programa de necessidades do canteiro listando-se as instalações que deverão
ser locadas.
ᵒ Definição técnica da obra listando-se as principais tecnologias construtivas
adotadas, a fim de que se possa ter claro quais serão os espaços necessários
para a circulação, estocagem de materiais e áreas operacionais de produção.
ᵒ Cronograma de fases sequenciadas quanto aos eventos da execução da obra.
Isso permite a alocação de recursos materiais no tempo certo e a estimativa
das respectivas áreas de armazenagem. Nesse sentido, também poderão ser
estimadas as quantidades de operários no início, pico máximo de pessoal e
desmobilização do canteiro.

FIGURA 5 – MODELO DE CRONOGRAMA DE FASES

FONTE: A autora

ᵒ Consulta do orçamento por etapas.

• Preparar o arranjo físico detalhado geral para identificar a localização de cada


equipamento ou instalação no canteiro.
• Detalhar as instalações contendo planejamento de funcionamento e estabelecendo
padrões básicos da empresa (exemplo: armários dos vestiários, técnicas de
armazenamento e cada material, tipo de pavimentação das vias de circulação de
materiais e pessoas), local e forma de fixação de plataformas de proteção.

O planejamento de canteiros visa à obtenção da melhor utilização do


espaço físico disponível, possibilitando a convivência segura e eficiente entre
homens e máquinas. Isso se dá por meio da minimização da movimentação de
componentes, materiais e a própria mão de obra. Por ser um processo gerencial,
inclui etapas conforme esquema apresentado a seguir:

9
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 6 – PROCESSOS GERENCIAIS

FONTE: A autora

Cada município brasileiro possui um Código de Obras e Edificações


dispondo as regras gerais e específicas para o licenciamento, execução, utilização
e manutenção de obras e edificações considerando-se os limites dos imóveis.
Tais especificações podem variar de um município para o outro, de acordo com
Pinheiro e Crivelaro (2014a).

É importante que o canteiro de obras seja um ambiente organizado e


cumpra as exigências legais. Dentre essas exigências se destacam (PINHEIRO;
CRIVELARO, 2014b):

• Norma Regulamentadora – NR 18: sobre as condições e meio ambiente de


trabalho na indústria da construção.
• PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção em estabelecimentos com 20 (vinte) ou mais trabalhadores.

DICAS

Acesse os vídeos para ter uma melhor compreenção dos principais tópicos e
avanços da NR 18 e do PCMAT ao longo do tempo:

• https://youtu.be/ATGBGiPYbh0?list=PLqFX82ErS1XjviaN--JgwaoG63s5206ji
• https://youtu.be/DFMkypjglcU

10
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

Um canteiro eficiente é aquele que atende plenamente à obra dentro


dos prazos e custos do projeto. É resultante de um layout baseado no estudo
prévio da modelagem e considerando aspectos que proporcionem um ambiente
seguro, que possibilitem a padronização de tarefas, a minimização de distâncias,
a adequada estocagem de materiais, a produtividade, a flexibilidade e áreas de
vivências conforme legislação vigente (LIMMER, 2008).

Avaliar o tamanho do terreno, a localização, as condições do solo,


disponibilidade e acesso aos serviços públicos, estacionamentos e instalações
temporárias também são fatores importantes (PEURIFOY et al., 2015).

Note que ao desenhar um arranjo físico é preciso ter a visão do todo. De


acordo com Salgado (2018) e Mendonça e Daibert (2014) é fundamental:

• Verificar o entorno das obras para compatibilizar os horários com as atividades


da vizinhança, se necessário.
• Fazer registro fotográfico do entorno da obra, visando destacar eventuais
problemas existentes na vizinhança. Como exemplo, veja a Figura 7 destacando
a avaria no azulejo:

FIGURA 7 – RELAÇÃO DE MEDIDA

FONTE: A autora

• Preparar o terreno retirando-se entulhos, obstáculos e realizando-se a limpeza


de vegetação, com cuidado para não remover árvores indevidamente ou sem
autorização.
• Adequar o terreno para a implementação da obra após estudos topográficos.
Observar possíveis desníveis de terreno entre ambos para proceder com
a devida proteção. Essa adequação é chamada de movimentação de terra,
realizada a partir do corte e/ou escavação por meio de equipamentos como
retroescavadeira (Figura 8); caminhões basculantes (Figura 9) e pá carregadeira
(Figura 10):
11
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 8 – RETROESCAVADEIRA

FONTE: <https://funcionamientodemaquinas.files.wordpress.com/2017/09/c10782527.
jpg?w=360&h=270>. Acesso em: 18 jul. 2019.

FIGURA 9 – CAMINHÃO BASCULANTE

FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSLzlGv9Bqsrvp6FY5v4xXSX
QDlwtBT2JsKockE-VJtroF3-hYHLg>. Acesso em: 18 jul. 2019.

FIGURA 10 – PÁ CARREGADEIRA

FONTE: <http://www.avesco-cat.lv/fileadmin/user_upload/226D.jpg>. Acesso em: 18 jul. 2019.

12
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

• Visando à segurança da obra, realizar fechamentos da área de construção.


Habitualmente feito com tapumes e especificações de execução.
• Certificar-se na prefeitura da cidade, onde a obra será realizada, se existe um
cadastro completo das redes subterrâneas correspondentes à água, ao esgoto,
às telecomunicações e ao gás.
• Simplificar os acessos de entrada e saída de materiais e sua distribuição,
considerando-se o fluxo de pedestres.
• Prever drenagens.
• Realizar as instalações básicas (água, luz, esgoto etc.).

Embora existam técnicas modernas para o arranjo físico do canteiro de


obras, utilizando-se programas computacionais com capacidade de distinção
entre duas ou mais soluções, técnicas tradicionais serão exploradas mais adiante.

O profissional deve ter uma planta mais detalhada e, no mínimo, com


uma escala de 1:100 da área onde a obra será realizada.

De acordo com Limmer (2008), é importante que se disponha da planta


que contém o arranjo geral da área, a planta do pavimento ou qualquer outra com
a extensão do terreno e suas características plana e altimétrica. É recomendado,
a partir de então, o uso de uma das técnicas a seguir para avaliar os cenários
possíveis:

1. Recobrir o desenho em escala com uma folha de plástico transparente,


e usando-se lápis cera, desenhar na folha de plástico uma primeira
alternativa de localização das diferentes unidades componentes da
“fábrica móvel”.
2. Recortar, em cartolinas coloridas e em escala, os diferentes elementos
que compõem o canteiro e, por tentativas, determinar o melhor
arranjo para os mesmos.
3. Como atualmente a maioria dos projetos são desenvolvidos em CAD,
sobre o desenho do arranjo geral da obra, criar uma camada (layer) e
sobre esta desenhar os diversos componentes do canteiro, podendo-
se usar uma camada para prédios, outra para equipamentos etc.
todas em cores diferentes. Com isso, várias tentativas de arranjo de
canteiro podem ser feitas, escolhendo-se, após cuidadosa análise, a
que se mostrar mais conveniente (LIMMER, 2008, p. 179).

A seguir, conheça um layout de canteiro de obras rodoviárias (Figura


11) e o canteiro de uma obra de construção de linha de transmissão de energia
implantado e em funcionamento (Figuras 12 e 13):

13
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 11 – LAYOUT DE UM CANTEIRO DE OBRAS

Desenhos
1 Escritório 10 Garagens
2 Seção Técnica 11 Ambulatório
3 Almoxarifado 12 Lavador
4 Depósito de Cimento 13 Equipe de Topografia
5 Central de Armaduras 14 Posto de Combustível
6 Refeitório da Cozinha 15 Carpintaria
7 Alojamento 16 Área de Recreação
8 Banheiro e Vestiário 17 Guaritas
9 Oficina 18 Residências

FONTE: DNIT (2016, p. 9)

FIGURA 12 – VISTA DA ÁREA DE UM CANTEIRO DE OBRAS PARA CONSTRUÇÃO DE LINHA DE


TRANSMISSÃO DE ENERGIA

FONTE: A autora

14
TÓPICO 1 | CANTEIRO DE OBRAS: ASPECTOS GERAIS

FIGURA 13 – VISTA DO PÁTIO DE UM CANTEIRO DE OBRAS PARA CONSTRUÇÃO DE LINHA DE


TRANSMISSÃO DE ENERGIA

FONTE: A autora

Embora estrategicamente a padronização de procedimentos, áreas e


atividades se destaque como uma ferramenta gerencial, na construção civil
é importante avaliar quais serviços ou procedimentos podem e devem ser
padronizados em uma obra. Essa avaliação deve considerar fatores como custo,
repetição e, ainda, a semelhança entre as suas operações.

A padronização traz consigo algumas oportunidades de melhorias na


obra, como: diminuição do desperdício de materiais pelo reaproveitamento,
facilidade de planejamento para novos layouts, fortalece a imagem da empresa
no mercado, conformidade com os requisitos legais.

De acordo com Saurin e Formoso (2006), especificamente na instalação de


canteiro, a padronização traz benefícios relativos à redução de perdas materiais
por melhor reaproveitamento; facilidade para planejar o arranjo físico dos novos
canteiros e ainda contribui para consolidação da imagem no mercado (o canteiro
é visto como uma espécie de “cartão de visitas”), conformidade com requisitos
legais e elaboração de modelo básico de PCMAT.

As etapas de padronização dos canteiros variam, geralmente, até três meses


e consideram uma espécie de PDCA (Planejamento, Desenvolvimento, Controle e
Ação). Nesse sentido, primeiramente são levantadas todas as obras da empresa,
analisadas as viabilidades técnicas e financeiras da organização, discutidos os
padrões existentes e definidas as possibilidades de padronização. Discute-se,
altera-se e elabora-se manuais e planos para posterior implementação e controle
das ações. Para as áreas de vivência, não se esqueça que a NR 18 (BRASIL, 2008)
é a norma que norteia o tema.

15
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A modelagem na construção civil é uma das bases para a elaboração do canteiro


de obras.

• O sucesso de um canteiro depende do seu adequado planejamento e mensuração


de diversos aspectos.

• Um arranjo físico de canteiro de obras segue método específico para sua


elaboração.

16
AUTOATIVIDADE

1 “As transformações da rede urbana brasileira durante as décadas de 1940 e


de 1950, bem como as dimensões físico-territoriais das cidades demandavam
novos instrumentos urbanísticos que superassem a visão voltada unicamente
para o controle de uso do solo urbano. A importância do Seminário da
Habitação e da Reforma Urbana, em 1963, residia, portanto, no fato de
assumir a questão habitacional não mais como uma política setorial urbana,
mas como uma parte significativa do lócus da produção e da reprodução
social de seus habitantes”.

FONTE: QUINTO JÚNIOR, L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Revista


Estudos Avançados. São Paulo, v. 17, n. 47, jan./abr. 2003. Disponível em http://www.scielo.br/
pdf/ea/v17n47/a11v1747.pdf. Acesso em: 19 set. 2019.

Com base em nossos estudos e no trecho anterior, assinale a alternativa correta:

a) ( ) O código de obras e edificações visa ao estabelecimento de condições de


meio ambiente e de trabalho para os operários e engenheiros de campo.
b) ( ) O código de obras e edificações é um número obtido nas prefeituras para
identificação de uma construção e processamento do registro de imóveis.
c) ( ) O código de obras e edificações visa ao ordenamento urbano por meio
de regras e normas, estabelecendo procedimentos para uso e ocupação do
solo.
d) ( ) O código de obras e edificações se refere ao número de controle
constante no documento de propriedade e hereditariedade de um terreno.
e) ( ) O código de obras e edificações somente se aplica a construções de
edifícios, havendo legislação específica para a construção de casas de um
pavimento.

2 Sobre a modelagem CYCLONE – CYCLic Operations Network – é correto


afirmar:

a) ( ) Nesta técnica o objetivo é realizar análise de atividades repetitivas, ou


seja, cíclicas, visando ao alcance de uma produção mais uniforme e eficiente.
b) ( ) Trata-se de modelagem trabalhosa, pois cada elemento do modelo
possui um conjunto de atributos associados, tornando-a difícil e demorada.
c) ( ) A modelagem CYCLONE inicia-se com um tema central e evolui através
de linhas ou “ramos” relacionando os subtópicos de construções industriais.
d) ( ) É uma ferramenta que analisa as causas e efeitos de uma ação, servindo
para verificação de uma ocorrência quando há problemas de segurança na
obra.
e) ( ) Visa analisar o espaço físico e suas características espaciais. O uso da
técnica é recomendado apenas em canteiros longitudinais em função das
restrições existentes.

17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

1 INTRODUÇÃO
A garantia de necessidades básicas quanto à higiene e segurança do
trabalho se traduzem em um aumento da produtividade e queda de acidentes na
construção civil. Com o advento da Norma Regulamentadora nº 18, as condições
obrigatórias nos canteiros de obra trouxeram bons resultados.

A NR nº 18 estabelece diretrizes administrativas, de planejamento e


organização (BRASIL, 2008). Já o PCMAT é um programa de prevenção e riscos
ambientais, que visa à redução ou eliminação de acidentes em uma obra. Um
exemplo seria o cuidado com relação à boa iluminação em obras noturnas.

Apesar de culturalmente ainda existirem profissionais da construção


civil que desconsideram a importância da manutenção e limpeza no canteiro de
obras, associada a essa dificuldade são desenvolvidos programas de educação,
sinalização, premiação e conscientização dos benefícios da mudança de
comportamento.

Isso é fundamental não só nas áreas de vivências, mas no âmbito


operacional. O cuidado na armazenagem e transporte dos materiais, a organização
e limpeza do ambiente da obra podem evitar acidentes e traduzir-se em aumento
da segurança do trabalho, redução de custo e tempo.

Além dos recursos humanos existem preocupações também quanto ao


uso de tecnologias e equipamentos. Para que se faça a escolha mais assertiva é
importante reconhecer o portfólio existente, avaliar as experiências vivenciadas
pela empresa, analisar o custo-benefício das escolhas baseando-se em cenários.

Os cenários permitem compreender as implicações das escolhas e, a


partir de incertezas, tomar as decisões que mais se adéquem ao tipo de obra,
aos objetivos a que se destinam, aos investimentos necessários e aos riscos. De
fato, certos acontecimentos podem não ser evitados, mas a tentativa de antevê-los
propicia uma visão mais global do empreendimento.

19
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

2 INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS
As áreas de vivência, previstas na NR 18, são áreas destinadas ao uso
dos funcionários da obra. Os canteiros devem dispor de: instalações sanitárias,
vestiários, local para refeições, cozinha, ambulatório se houver mais de 50
operários e, ainda, para os funcionários residentes o alojamento, lavanderia,
área de lazer. As respectivas áreas deverão ser constantemente conservadas,
dedetizadas e limpas, assegurando os requisitos mínimos de conforto e higiene
(BRASIL, 2008). A seguir serão desenvolvidos os conceitos de acordo com Yazigi
(2009).

2.1 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS


São as áreas destinadas ao asseio corporal e necessidades fisiológicas
de excreção. Devem ser mantidas em pleno estado de conservação, desprovida
de odores, especialmente durante a jornada laboral. Suas paredes devem
ser resistentes e laváveis, assim como o piso também deve ser lavável e não
escorregadio.

Havendo homens e mulheres na obra, os banheiros devem ser


independentes. A sua instalação não deve ligar-se a áreas destinadas às refeições
e devem ser iluminados e arejados. As instalações elétricas devem ser protegidas
e ter pé-direito conforme determinado no Código de Edificações do município da
obra.

Um único conjunto de lavatório, vaso sanitário e mictório (Figura 14) deve


atender a cada grupo de 20 trabalhadores ou fração. Já os chuveiros (Figura 15),
na proporção de um para cada grupo de 10 funcionários.

FIGURA 14 – BANHEIRO E LAVATÓRIO DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

20
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

FIGURA 15 – CHUVEIRO DO CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

Os lavatórios (Figura 14) podem ser individuais ou coletivos, possuir


torneira e estar a uma altura de 90 cm a contar do piso. Devem estar ligados à
rede de esgotos, quando houver, e revestimento liso, impermeável e lavável.

O gabinete sanitário deve ter área minima de 1 m2, ter trinco para
fechamento da porta garantindo a invidualidade, ter lixeira com tampa e papel
higiênico disponível. Os vasos devem ser do tipo bacia turca ou de assento,
sifonados, com descarga. Os mictórios devem ficar na altura máxima de 50 cm
do piso e ambos devem estar ligados à rede de esgotos ou fossa séptica, com
interposição de sifões hidráulicos

Os chuveiros devem estar instalados em uma área de 0,80 m2 com altura


de 2,1 m do piso. Deve ter o escoamento para a rede de esgoto, não ter piso
escorregadio, ter suporte para sabonete e cabide para toalhas.

2.2 VESTIÁRIOS
Deverá ter um vestiário para troca de roupas dos trabalhadores não
residentes em obras (Figura 16). O ambiente deve possuir paredes de alvenaria,
madeira ou material equivalente, cobertura, ser arejado e iluminado, ter armários
individuais com dispositivo de cadeado e o pé-direito conforme determinado no
Código de Edificações do município da obra.

21
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 16 – VESTIÁRIO DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: <https://www.grupovendap.com.br/images/modulo-para-vestiarios-01.jpg>. Acesso em:


20 set. 2019.

2.3 ALOJAMENTOS
Os alojamentos do canteiro de obras devem ter paredes de alvenaria e
piso cimentado ou materiais equivalentes. Possuir ventilação 1/20 da área do
piso, iluminação, ter área mínima de 3 m2 por módulo cama/armário, pé-direito
mínimo de 2,5 para camas simples ou 3 m para camas duplas. Não ser instalado
em subsolos ou porões e instalações elétricas protegidas. Veja exemplos nas
figuras 17, 18 e 19:

FIGURA 17 – VISÃO EXTERNA DO ALOJAMENTO DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

22
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

FIGURA 18 – VISÃO INTERNA DO ALOJAMENTO DE UM CANTEIRO DE OBRAS (1)

FONTE: A autora

FIGURA 19 – VISÃO INTERNA DO ALOJAMENTO DE UM CANTEIRO DE OBRAS (2)

FONTE: A autora

2.4 LOCAL PARA REFEIÇÕES E COZINHA


O local para refeições precisa ser fechado e isolado da obra, possuir piso
lavável e cobertura (Figura 20). Deve possuir capacidade para atender a todos os
operários durante as refeições, ser arejado, iluminado e com lavatório próximo
ou no interior. Assim como os alojamentos, não deve estar situado em subsolos
ou porões.

23
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 20 – ÁREA INTERNA DO REFEITÓRIO DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

Independentemente da existência de cozinha, todo canteiro terá um local


específico para o aquecimento das refeições. Também deve estar garantido o
fornecimento de água potável, filtrada e fresca (Figura 21).

FIGURA 21 – BEBEDOUROS DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

Havendo cozinha em um canteiro de obras, é preciso que haja ventilação


para exaustão dos vapores, pé-direito conforme disposto no Código de Edificações,
pia para lavar os alimentos e utensílios. Aos encarregados da cozinha devem
ser asseguradas instalações sanitárias de uso exclusivo. Para a preservação dos
alimentos, equipamentos de refrigeração.

24
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

2.5 LAVANDERIA
Deve ser um local próprio, coberto, ventilado e iluminado, para que o
trabalhador alojado possa lavar, secar e passar suas roupas de uso pessoal (Figura
22). O local deve conter tanques individuais ou coletivos em número adequado.

FIGURA 22 – LAVANDERIA DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

2.6 AMBULATÓRIO
Havendo 50 ou mais funcionários em uma obra, deverá ser habilitado um
ambulatório com profissional e materiais de primeiros socorros.

2.7 ÁREA DE LAZER


Local previsto para recreação dos trabalhadores, podendo ser usado o
local de refeições para este fim, conforme Figura 23:

25
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 23 –p ÁREA DE LAZER DE UM CANTEIRO DE OBRAS

FONTE: A autora

Sobre a tipologia das instalações provisórias é preciso avaliar sempre o


custo de aquisição, implantação, manutenção, possibilidade de reaproveitamento,
durabilidade, facilidade de montagem e desmontagem, isolamento térmico
e impacto visual (SAURIN; FORMOSO, 2006). Pode ser em alvenaria, sistema
racionalizado em chapas de compensado e o sistema de containers.

A instalação provisória em alvenaria é mais interessante quando o


ambiente pode ser aproveitado após a finalização da obra. Assim, dependendo
da análise realizada, algumas obras optam por alugar espaços já prontos como
pousadas e condomínios para a instalação dos funcionários durante a realização
do projeto.

De acordo com Saurin e Formoso (2006, p. 51), um sistema racionalizado


em chapas de compensado representa:

[...] um aperfeiçoamento dos barracos em chapa de compensado


comumente utilizados, de forma a aumentar o seu reaproveitamento
e facilitar a sua montagem e desmontagem. O sistema racionalizado
constitui-se de módulos de chapa de compensado resinado, com
espessura mínima de 14 mm, ligados entre si por qualquer dispositivo
que facilite a montagem e a desmontagem, tais como parafusos,
dobradiças ou encaixes. Os seguintes requisitos devem ser considerados
na concepção do sistema: (a) Proteger as paredes do banheiro contra
a umidade (requisito da NR-18), revestindo-as, por exemplo, com
chapa galvanizada ou pintura impermeável. Com o mesmo objetivo,
é recomendável que o piso dos banheiros seja feito em contrapiso
cimentado, e não em madeira; (b) Prever módulos especiais para
portas e janelas. As janelas preferencialmente devem ser basculantes,
garantindo iluminação natural à instalação; (c) Fazer a cobertura dos
barracos com telhas de zinco, as quais são mais resistentes ao impacto
de materiais se comparadas às telhas de fibrocimento. Além de usar

26
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

telhas de zinco, pode ser necessária a colocação de uma proteção


adicional sobre os barracos, como, por exemplo, uma tela suspensa
de arame de pequena abertura; (d) Pintar os módulos nas duas faces,
assim como selar os topos das chapas de compensado, contribuindo
para o aumento da durabilidade da madeira. (e) Prever opção de
montagem em dois pavimentos, já que esta será uma alternativa
bastante útil em canteiros restritos. Um problema que pode surgir ao
planejar-se um sistema com dois pavimentos é a interferência com a
plataforma principal de proteção. Nesse caso, uma solução que tem
sido aceita pela fiscalização é o deslocamento da plataforma para a laje
imediatamente superior, somente no trecho em que existe interferência.
O mesmo sistema descrito poderia também ser feito com chapas
metálicas galvanizadas, tomando-se o cuidado adicional, neste caso,
de acrescentar algum tipo de isolamento térmico às paredes, como por
exemplo, placas de isopor acopladas às mesmas. Deve-se estar atento
ainda, para o fato de que o sistema apresentado pode ser aproveitado
também em áreas cobertas. Nesse caso, os únicos componentes do
sistema a serem usados são os módulos de parede.

Em relação ao sistema de containers, Saurin e Formoso (2006, p. 53)


consideram uma prática comum em países desenvolvidos e afirmam que:

Mesmo possuindo um alto custo de utilização devido às dificuldades


para manter um bom nível de conforto térmico o que exige a aquisição
de uma grande quantidade de aparelhos de ar-condicionado os
containers possuem diversas vantagens listadas abaixo: a) Rapidez no
processo de montagem e desmontagem; b) Reaproveitamento total da
estrutura; c) Possibilidade de diversos arranjos internos.
Hoje em dia, o mercado para aquisição de container (aluguel e venda)
é bastante grande e diversificado, o que facilita a sua negociação,
modos de execução e de entrega como container já montado ou
somente de entrega de seus componentes para montagem na obra.
Tendo esta variedade de possibilidades de instalações (Tradicional
racionalizada, containers e alvenaria), cabe ao responsável pelo
planejamento determinar qual é a melhor opção para o canteiro em
questão. Para a tomada da decisão, certos itens devem ser avaliados e
compatibilizados visando ao melhor aproveitamento do canteiro em
questão, como: a) Duração da obra; b) Pico máximo de funcionários que
utilizaram as instalações; c) A vida útil dos materiais que podem ser
utilizados para instalação; d) O custo dos materiais (compra/aluguel);
e) Facilidade de montagem e reaproveitamento; f) Custo de instalação.
Compatibilizando todos estes itens, considerando a experiência e
vivência em obras do engenheiro responsável será possível determinar
qual é a melhor alternativa para o canteiro em estudo.

3 MANUTENÇÃO E LIMPEZA
Tanto a manutenção quanto a limpeza são fatores que contribuem para a
saúde e a segurança dos trabalhadores da obra. Organizar o ambiente, sinalizá-
lo e orientar a todos os envolvidos sobre a necessidade de se manter o local de
trabalho deve ser tarefa constante.

27
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

Existe programa de manutenção da organização do canteiro, que estabelece


rotinas de limpeza e organização com dias e horários marcados. Programas dessa
natureza visam à redução do desperdício e maximização da eficiência quanto ao
melhor uso do espaço disponível.

Em algumas obras são utilizados os conceitos da teoria de 5S, que de


acordo com o Slack (2018, p. 582) consiste:

1. Separe (seiri) – Elimine o que não é necessário e mantenha o


necessário.
2. Organize (seiton) – Posicione as coisas de tal forma que sejam
facilmente alcançadas sempre que necessário.
3. Limpe (seiso) – Mantenha tudo limpo e arrumado; nenhum lixo ou
sujeira na área de trabalho.
4. Standardize (seiketsu) – Mantenha sempre a ordem e a limpeza –
arrumação permanente.
5. Sustente (shitsuke) – Desenvolva comprometimento e orgulho em
manter padrões.

Embora ainda existam profissionais da construção civil que não priorizam


esse tipo de ideia, em algumas obras a gestão do canteiro se mostra mais eficaz
quando há treinamentos, metas, avaliações de desempenho e premiações. Todo
esse movimento parece motivar os trabalhadores a manter o ambiente mais limpo
e organizado.

DICAS

Acesse o canal do SESI no Youtube e assista ao vídeo sobre a importância da


ordem e limpeza em uma obra, disponível no endereço: https://youtu.be/g-orDfcHI3E. Nele
é relatado sobre como as práticas de proteção, ordem e higiene garantem a segurança e
melhoram a qualidade dos serviços.

4 ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE
MATERIAIS
De acordo com Arbache (2011), uma das atividades mais importantes,
em qualquer que seja o negócio, é a gestão dos estoques. O local das instalações
de armazenagem de materiais em canteiros de obras desempenha grande papel
no processo logístico conforme pode ser observado nas operações básicas de
funcionamento constantes na Figura 24:

28
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

FIGURA 24 – OPERAÇÕES DE ARMAZENAGEM

FONTE: Adaptado de Arbache (2011)

Podemos listar várias funções do estoque de materiais, dentre elas,


agilizar e manter ininterrupta as operações, garantir melhores preços de compra
por riscos relacionados à inflação, economia no valor do frete e possibilidade de
desconto no valor unitário em compras por atacado.

Os materiais em canteiros de obras podem ser classificados em perecíveis,


especiais e de acabamento. Os materiais perecíveis, como cimento, cal e gesso
devem ter depósitos específicos, sem umidade, com ventilação e empilhados em
piso elevado do solo. Os especiais, como as tintas, ferragens, fiação etc. são caros
e deterioram com facilidade. Já os materiais de acabamento, como exemplo as
peças sanitárias e azulejos são armazenados posteriormente em local apropriado
após os vedos.

O atendimento da demanda em cada fase do canteiro deve ser realizado


por meio do acompanhamento do cronograma da obra. Com antecedência
devem ser definidas a disposição dos equipamentos fixos e determinadas as áreas
de estocagem. Por vezes, um lugar poderá armazenar materiais diferentes, em
ocasiões diferentes. Veja alguns exemplos de áreas necessárias para a adequada
estocagem de alguns insumos da construção no Quadro 3:

29
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

QUADRO 3 – ÁREAS NECESSÁRIAS PARA ESTOQUE

Material Quantidade Características do Estoque Área (m2)


Cimento 200 sacos Pilhas com 10 sacos 8,4
Cal 200 sacos Pilhas com 15 sacos 4,8
Areia 10 m3 Altura média de 0,8 m 12,5
Bloco 14x19x39 1000 un. Altura média de 1,6 m 7,5
Argamassa Intermediária 1 m3 Altura média de 0,3 m 3,5
Chapas de Compensado 75 chapas Até 75 chapas 4,5
Argamassa industrial 100 sacos Pilhas com 10 sacos 4,2
Madeira Serrada 320 m linear Altura média de 0,6m 6
Azulejo/Cerâmica 100 m2 Altura média de 1,6m 4
FONTE: Souza e Franco (1997, p. 12)

Uma das questões que envolvem a movimentação dos materiais é a


escolha da tecnologia mais adequada ao transporte na obra. Mas qual será a
melhor? Como defini-la com exatidão? Bem, o ideal é que a empresa que precisa
tomar essa decisão tenha um portfólio de equipamentos passíveis de utilização e
o registro das suas experiências com tais tecnologias.

O transporte de materiais pode ser horizontal, vertical e misto conforme


alguns exemplos a seguir:

QUADRO 4 – TRANSPORTES X ORIENTAÇÃO

Horizontal Vertical Misto – Vertical e


Horizontal
• Carrinho de mão • Talha • Guindaste
• Jerica • Guincho de coluna • Bomba de concreto
• Porta-palete • Elevador (pessoas e materiais) • Grua
• Bob-cat • Balancim fachadeiro
• Dumper • Guindaste
FONTE: Adaptado de Mendonça e Daibert (2014)

Sabendo-se que existem diferenciadas opções de composição para o


sistema de transporte de uma obra, para a definição devem ser analisadas questões
como a capacidade, funcionalidade, o custo de instalação e geometria do canteiro.

30
TÓPICO 2 | INSTALAÇÕES EM CANTEIROS DE OBRAS

DICAS

Para entender a diferença entre cada equipamentos de pequeno, médio e


grande porte, leia: MENDONÇA, A. V.; DAIBERT, J. D. Equipamentos e instalações para
construção civil. São Paulo: Érica, 2014.

As datas de entrada, utilização e saída dos equipamentos devem estar


bem definidas, principalmente quando este for alugado. Os acessos e o espaço
para movimentação desimpedidos para que os equipamentos de guindar e
transportar possam ser manuseados com segurança (YAZIGI, 2009). A seguir,
apresentamos um indicador grosseiro da capacidade de uma grua para que você
possa compreender alguns parâmetros de análise para escolha:

QUADRO 5 – EQUIPAMENTO X CICLO X CAPACIDADE

Equipamento Duração de 1 Capacidade/


ciclo Ciclo
FIGURA – GRUA

0,5 m3 concreto
5 minutos 8 m2 de
alvenaria
200 kg de aço

FONTE: <https://www.casadaqualidade.
com.br/wp-content/uploads/2018/10/
constru%C3%A7%C3%B5es-contemporaneas-
768x576.jpg>. Acesso em: 18 jul. 2019.

FONTE: Adaptado Souza e Franco (1997)

No exemplo dado, observe que pelo porte do equipamento, aspectos


geométricos do terreno, a distância das construções vizinhas e a agilidade nos
transportes de materiais serão determinantes para sua escolha, tanto quanto a
complexidade de montagem e desmontagem.

31
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

Ao utilizar qualquer equipamento é importante que a capacidade máxima


seja consultada junto ao fabricante. Todos os equipamentos de transportes devem
ser dimensionados por profissional habilitado, bem como realizada vistoria
prévia quanto à capacidade da carga real, altura de elevação e a conservação do
equipamento (YAZIGI, 2009).

DICAS

Acesse os seguintes links do canal do SESI na plataforma Youtube para saber


mais sobre a utilização e movimentação de gruas e transporte de cargas em geral na
construção civil. Lá são apresentados exemplos, dicas e orientações:

• https://youtu.be/pQ7oVUeKXIA - Gruas.
• https://youtu.be/kyCCS-OJiZ4 - Movimentação de cargas e pessoas.
• https://youtu.be/ELAZlDuPnyY - Transporte e levantamento de carga.
• https://youtu.be/jiGS7EBx0k0 - Transporte manual de cargas.

32
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Instalações provisórias são obrigatórias pela NR 18.

• Manutenção e limpeza no canteiro de obras garantem a segurança e higiene no


local de trabalho.

• Gestão de estoque e transporte de materiais refletem em custo e tempo na obra,


portanto, deve ser tratada com atenção.

33
AUTOATIVIDADE

1 “[...] Por mais elaborado que seja um programa de Segurança e Saúde no


Trabalho e por melhores que sejam as ferramentas por ele disponibilizadas
para o diagnóstico e a solução dos riscos do trabalho, se não houver
disposição e participação compromissada de todos os envolvidos em suas
ações, especialmente do corpo gerencial da empresa, os resultados por ele
produzidos serão limitados, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto
qualitativo”.

FONTE: OLIVEIRA, J. C. Segurança e saúde no trabalho: uma questão mal compreendida.


São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 17, n. 2, abr./jun. 2003. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392003000200002. Acesso em: 10
ago. 2019.

Com base em nossos estudos e na reflexão apresentada sobre o PCMAT ou


NR18 é correto afirmar que:

a) ( ) A NR 18 estabelece direitos e obrigações dos operários, dentre elas, a


conferência e adequação proativa do EPI ao serviço a ser executado.
b) ( ) O PCMAT deve ser desenvolvido por profissional da área de Segurança
do Trabalho quando a obra possuir 20 ou mais funcionários.
c) ( ) A CIPA tem por objetivo prever acidentes e doenças em estabelecimentos
com 10 funcionários.
d) ( ) O PCMAT deve ser desenvolvido por qualquer engenheiro experiente
em obras sem registros de sinistros e com qualquer quantidade de
funcionários.
e) ( ) A NR 18 dispõe que instalações elétricas devem ser construídas,
montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas
por todos diariamente.

2 A armazenagem de materiais no canteiro de obras pode ser entendida como


uma atividade de planejamento e organização das operações destinadas a
manter e a abrigar adequadamente os itens de material, mantendo-os em
condições de uso até o momento de sua demanda efetiva na construção.
Sobre a armazenagem de materiais em obras, é correto afirmar que:

a) ( )  Os materiais devem ser armazenados em local que não prejudique o


trânsito de pessoas e nem obstrua acessos, podendo ir até o limite de altura
do operário que realizar a armazenagem, desde que não ultrapasse 1,80 m.
b) ( )   Os materiais devem ser armazenados em local que não prejudique
o trânsito de pessoas e nem obstrua acessos, podendo o almoxarifado ter
apenas uma divisória simples para separação dos materiais tóxicos dos não
tóxicos.

34
c) ( ) Receber e definir a posição dos materiais no canteiro é responsabilidade
do operário de plantão no ato da entrega. Já o controle de cada material
durante a obra é realizado pelo engenheiro civil presente diariamente no
almoxarifado.
d) ( ) Materiais de grande comprimento ou tamanhos devem ser arrumados
empilhados na vertical se tiverem 60 cm e na horizontal em tamanhos maiores
que 60 cm. Faz-se uma espécie de cinta para que não haja tombamentos.
e) ( ) Os materiais devem ser armazenados em local que não prejudique o
trânsito de pessoas e nem obstrua acessos, não podendo ser empilhados
diretamente sobre piso instável, úmido ou desnivelado.

35
36
UNIDADE 1
TÓPICO 3

LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

1 INTRODUÇÃO
Locar uma obra significa iniciar o processo de transferência de tudo o que
foi projetado para a realidade. Esta é uma fase importante, considerada a base
física das medidas correspondentes à edificação que será construída.

Os trabalhos em terra somente poderão ser iniciados após autorização


dos órgãos competentes, com documentos específicos, auxílio de equipamentos,
ferramentas e profissionais especializados.

Considera-se importante utilizar equipamentos eletrônicos como o nível


a laser e estação total em obras mais complexas, pois, por meio da topografia, é
possível obter resultados mais confiáveis e seguros.

Erros de esquadro ou medidas na etapa de locação proporcionam


marcações diferentes das especificadas em projeto, o que pode gerar perdas em
função do retrabalho, desperdício de materiais, aumento de custo e até mesmo
demolição, caso o erro não seja verificado antes da etapa construtiva.

Os tipos de locação mais comuns são os de cavalete ou tábua corrida, sendo


a primeira mais indicada para obras de menor porte por sua vulnerabilidade e
custos menores, enquanto a segunda para obras maiores e que exigem precisão
absoluta nas marcações.

Neste tópico, você verá o fluxo de atividades comuns à locação de obras


e aprenderá sobre termos rotineiramente utilizados durante a locação. Também
poderá explorar as tecnologias atualmente utilizadas nesta fase da obra e uma
breve introdução sobre os métodos de locação.

2 DEFINIÇÕES BÁSICAS
A locação da obra é o processo de transferência das informações do projeto
para o terreno. É nessa etapa que tudo é marcado com detalhamento e precisão,
visto que quaisquer erros podem prejudicar o andamento das demais fases da
obra.

37
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

Na locação são marcados os recuos, a exata posição do prédio, fundações,


alicerces, paredes, afastamentos, aberturas etc. Para que isso seja realizado
adequadamente é preciso considerar dentre vários aspectos: as dimensões do
terreno, o levantamento topográfico, a extensão da obra e a presença do arquiteto
ou engenheiro responsável.

Quaisquer erros na etapa de topografia, seja natural, instrumental ou


humana no dimensionamento do projeto poderá ocasionar aumento de tempo e
desperdício de materiais. Além disso, a locação é fundamental em etapas como,
por exemplo: montagem de estruturas, marcação de alvenarias e passagem
de instalações elétricas e tubulações. Erros na montagem da estrutura podem
ocasionar patologias e até colapso em elementos estruturais, já na marcação de
alvenaria afetar o uso de determinados cômodos.

O terreno da construção de um edifício deve ser identificado, localizado


e demarcado com perfeição, conforme limites estabelecidos na escritura pública
de compra e venda. Respeitando-se o projeto de locação, é comum ter, como
referência, aspectos como: alinhamento da rua, ponto devidamente sinalizado
pelo topógrafo, edificações vizinhas e até o poste de alinhamento do passeio, uma
lateral do terreno.

Atendidos os requisitos legais junto aos órgãos competentes, parte-se


para a etapa executiva em que é realizada a limpeza e escavação do terreno até a
proximidade das cotas definidas. É importante que esta fase seja acompanhada
por profissionais especializados em topografia, pois são necessários equipamentos
adequados (estação total, nível a laser etc.) para fazer a definição da referência de
nível (RN) e a conferência dos eixos, divisas, distâncias e alinhamento da rua.

A escolha do tipo de locação deve ser analisada com base no


empreendimento que se pretende construir. A locação, como etapa fundamental,
promove uma qualidade na obra e auxilia o cumprimento do que foi orçado e
planejado em termos de prazo.

Se você considerar obras grandes, ou seja, acima de dois pavimentos ou


mesmo com subsolo, é recomendado investir no serviço de locação topográfica,
não só pelas marcações iniciais, mas também para acompanhar o decorrer da
obra, através da locação dos elementos estruturais subsequentes e traduzindo-
se em conformidade da edificação. Resumidamente, as etapas executivas para a
locação de uma obra são:

38
TÓPICO 3 | LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

FIGURA 25 – FLUXO DA LOCAÇÃO DE OBRA

FONTE: A autora

Alguns termos são comumente usados na obra, são eles:

QUADRO 6 – TERMOS CORRIQUEIROS

Termo Significado
Cota de
arrasamento ou É a cota da face superior das estacas ou sapatas.
de respaldo
São gabaritos ou triângulos retângulos, com lados de 30, 40
e 50 cm, ou 60, 80 e 100 cm, ou ainda, 90, 120 e 150 cm. Para
Esquadros
esquadros maiores pode-se usar trenas com lados de 3, 4 e 5
metros ou mais.
Pequenas estacas de madeira que servem para marcar o local
Piquetes
de execução de um elemento estrutural.
Pontalete Qualquer peça de madeira utilizada para apoio, escora.
Pontos de referência iniciais, como, por exemplo, alinhamento
Pontos notáveis de parede de edificação vizinha, alinhamento predial, marco
topográfico, árvore, poste etc.
Marcos de concreto que geralmente marcam a existência de
Testemunhos
um piquete para realizar conferências no gabarito.
Tolerância É o erro admitido em uma medida.
Triangulação Verificação do esquadro com os triângulos retângulos.
FONTE: A autora

39
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

E
IMPORTANT

Erros graves de locação podem resultar na demolição de estruturas.

3 REQUISITOS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS


Para executar cada uma das etapas da obra é preciso o uso de técnicas,
parâmetros e orientações. Os documentos de referência para iniciar o procedimento
de execução de trabalhos em terra são: projeto de prefeitura, levantamento
planialtimétrico e projetos de fundação e arquitetônico executivo de implantação
(YAZIGI, 2009).

O projeto de prefeitura também é conhecido como Projeto Legal,


Aprovação na Prefeitura, Alvará de Construção e Habite-se. Para conseguir sua
aprovação, o importante é conter todas as informações suficientes para a efetiva
construção. Em termos gerais, um projeto padrão deve conter minimamente a
planta baixa, dois cortes, duas elevações, planta de locação, planta de cobertura e
planta de situação (PINHEIRO, 2014b; NETTO, 2014).

A planta baixa corresponde a um corte feito por toda a edificação à meia


altura, para que, a partir da visão vertical, seja possível a análise da distribuição
das paredes, pisos e cerâmicas. Os cortes são desenhos que devem permitir
entender o telhado e outros elementos estruturais como lajes, vigas, espessuras
de parede, contrapiso até chegar na terra, detalhamentos cerâmicos em cozinhas
e banheiros. As elevações se relacionam às fachadas, às vistas externas (NETTO,
2014).

As plantas de coberturas mostram o tipo de cobertura da obra, os tipos de


telhas, as direções das águas dos telhados e suas respectivas inclinações. A planta
de locação mostra como a edificação está locada no terreno que será construído.
Pode ser feito em conjunto com a planta de cobertura. A planta situação mostra
como a obra está localizada em relação à vizinhança, como é o seu entorno,
quais são as ruas que fazem frente, fundo e laterais e qual lote da quadra ela está
localizada (NETTO, 2014).

O importante é compreender que cada município brasileiro possui uma


legislação que visa organizar as regras de uso e ocupação do solo da cidade e
setores específicos para realização de trâmites legais. Essas regras normalmente
estão dispostas em um plano diretor, código de obras, lei do uso e ocupação do
solo e lei de zoneamento urbano. Cada termo desses pode variar, mas visam à
regulamentação (BRASIL, 2001).

40
TÓPICO 3 | LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

No zoneamento urbano o objetivo é estabelecer quais áreas são dedicadas


ao comércio, residências, uso misto, habitação de interesse social, áreas industriais
etc. Com relação ao código de obras, você encontrará critérios da construção em si.
Como exemplo, informações sobre iluminação necessária, ventilação, espessura
mínima de paredes de divisa etc. (BRASIL, 20--).

Com relação à lei de uso e ocupação do solo, já levando em consideração


o zoneamento das cidades você vai entender qual percentual de área permeável
mínima deve haver no projeto, área construída, taxa de ocupação máxima de
construção no tal terreno, em outros. Essas serão informações que constarão na
escritura do seu imóvel no Registro Geral de Imóveis e no IPTU – Imposto Predial
Territorial Urbano futuramente (SÃO PAULO, 2001).

Para enviar à prefeitura para análise, o projeto deve conter o endereço


completo da obra, zoneamento, destinação do uso da obra, quem são os
proprietários, quem é o responsável técnico pelo projeto, a planta de situação
e locação, tabela contendo área total construída, área total permeável e taxa de
ocupação dessa obra em relação ao terreno (SÃO PAULO, 2001).

Cumprindo todos os requisitos técnicos, junto aos desenhos e informações


apresentadas à prefeitura, devem constar no kit os documentos comprobatórios
de propriedade do terreno ou edificação existente, dos direitos de uso e dos
proprietários. É realizado um requerimento no órgão competente que, aprovado,
permite o início da etapa executiva (SÃO PAULO, 2001).

Para que se tenha condições de iniciar os serviços de locação, o terreno


deverá já estar terraplanado e limpo até as cotas de nível estabelecidas para a
execução das fundações. Os profissionais envolvidos nessa etapa devem ser
habilitados e capazes de utilizar instrumentos e métodos apropriados, partindo
da RN – Referência de Nível (cota 0,0) para delimitação dos eixos (SALGADO,
2018).

Além da RN é preciso definir outras referências que permitam a conferência


da distância entre eixos e divisas como o alinhamento da rua, por exemplo. Os
métodos de locação variam conforme o tipo do edifício. Quanto mais extensa a
obra, ou mais precisão tenha sua estrutura, mais precisa terá que ser a locação
(SALGADO, 2018).

As locações podem ser realizadas a partir do uso de duas coordenadas


planimétricas e uma altimétrica. A medição das distâncias, nesse caso, é realizada
com trenas e a altura medida pela transferência de nível com nível de mangueira,
fio de prumo e régua de referência. Recomenda-se o uso de instrumentos
topográficos para definição com precisão da referência do lote no terreno, em
seguida, locação dos alinhamentos e verificação do esquadro (TULER; SARAIVA;
TEIXEIRA, 2017).

41
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 26 – REFERÊNCIA DO LOTE NO TERRENO

FONTE: <https://files.construfacilrj.com.br/2013/12/locacao-de-obra.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2019.

FIGURA 27 – LOCAÇÃO DOS ALINHAMENTOS

FONTE: <https://files.construfacilrj.com.br/2013/12/locacao-de-obra-1.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2019.

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TÓPICO 3 | LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

FIGURA 28 – VERIFICAÇÃO DO ESQUADRO

FONTE: <https://files.construfacilrj.com.br/2013/12/locacao-de-obra-2.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2019.

Um canteiro de obras, dentre diversos materiais e equipamentos, deverá


ter:

• Brita 1.
• Água limpa.
• Nível de bolha com 35 cm.
• Nível de mangueira ou aparelho de nível a laser.
• Prumo de centro.
• Areia média lavada.
• Cimento Portland CP II.
• Esquadro de alumínio.
• Marreta de 5 kg.
• Colher de pedreiro.
• Linha de náilon.
• Serrote.
• Martelo.
• Lápis de carpinteiro.
• Enxada.
• Trena de aço de 30 m.
• Pá etc.

Para a etapa especificamente de locação é preciso ter:

• Cavadeira.
• Martelo.
• Marreta.
• Linha.
• Sarrafos de 1’’ x 4’’ de 1ª qualidade.
• Tábuas de 1’’ x 12’’ de 1ª qualidade.
• Estacas de posição (piquetes).
• Esquadro metálico de carpinteiro.

43
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

• Tintas, principalmente preta, vermelha e branca.


• Teodolito.
• Pregos.
• Arame recozido nº 18.

Os acidentes referem-se a qualquer ocorrência que cause danos físicos ou


à saúde de pessoas que estejam trabalhando ou transitando na obra. Podem ser
de grande ou pequeno porte (MENDONÇA; DAIBERT, 2014). Por essa razão,
além dos materiais que devem constar obrigatoriamente em um canteiro de
obras, são necessários também: EPCs e EPIs (Equipamentos de Proteção Coletiva
e Individual), respectivamente.

Com o desenvolvimento tecnológico, surgiram ao longo do tempo diversos


equipamentos para medição de ângulos e distâncias. Isso não só proporcionou um
grande avanço na forma de obtenção de dados no campo e seu processamento,
quanto melhorou a precisão dessas informações (SOUZA, 2001).

Um dispositivo medidor eletrônico de distância (MED), de acordo com


McCormac, Sarasua e Davis (2019, p. 76), “[...] é um aparelho que transmite um
sinal portador de energia eletromagnética de sua posição atual para um receptor
localizado em outra posição. O sinal é devolvido do receptor para o instrumento
de tal forma que a distância entre eles é medida duas vezes”.

MEDs são classificados como instrumentos eletro-ópticos ou instrumentos


de micro-ondas. A distinção entre eles é baseada no comprimento das ondas da
energia eletromagnética que eles transmitem. Os instrumentos eletro-ópticos
transmitem luz em ondas curtas de cerca de 0,4 a 1,2 µm. Essa luz é visível ou
apenas pouco acima da faixa do visível no espectro. Instrumentos de micro-
ondas transmitem ondas longas, algo em torno de 10 a 100 µm (MCCORMAC;
SARASUA; DAVIS, 2019).

DICAS

Leia o Capítulo 5 sobre instrumentos medidores eletrônicos de distâncias em


MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. Tradução Daniel Carneiro da Silva. 6.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

44
TÓPICO 3 | LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

Para a medição de ângulos e direções com Estações totais, por muito tempo
utilizou-se instrumentos que eram divididos em dois grupos: trânsitos e teodolitos.
A distinção não era muito clara e ambos eram conhecidos por teodolitos e usados
para medição de ângulos horizontais e verticais (MCCORMAC; SARASUA;
DAVIS, 2019). Uma estação total combina três componentes básicos: um MED,
um teodolito eletrônico e um microprocessador, formando um equipamento
único (WOLF; BRINKER, 1994).

De acordo com McCormac, Sarasua e Davis (2019), as estações totais


podem ser:

Estações Totais Convencionais - [...] são os instrumentos de


levantamento mais utilizados para mapeamento, levantamento de
propriedades e estaqueamento de construções. A precisão da estação
total para medição de ângulos pode variar entre 2″, 3″, 5″ e 7″ de
acordo com a norma ISO 17123-3. Geralmente, instrumentos menos
precisos são mais apropriados para a aplicação em construção. Uma
grande quantidade de dados inseridos e armazenados, programas de
análise e opções de transferência de dados são disponíveis. Outras
características incluem seus sistemas operacionais fáceis de usar e
rastreamento dinâmico.
Estação Total com Imageamento (Escaneamento a Laser) - Um escâner
a laser que mede 50.000 pontos por segundo pode ser utilizado para a
coleta de dados para levantamentos topográficos e para levantamento
“as-built” [...]. Pulsos de lasers em alta velocidade com um espelho
oscilante permitem o escaneamento instantâneo de superfícies a partir
de uma posição conhecida. Além disso, esse tipo de equipamento
também pode ser usado como uma estação total convencional para
levantamento ponto a ponto em poligonais ou locações de obras.
Estação Total Robótica (Controlada Remotamente) - A comunicação
sem fio (wireless) entre o prisma e o instrumento, combinada com
um equipamento motorizado, permite a operação da estação total a
partir da posição do bastão [...]. Após a instalação do instrumento,
os dados podem ser coletados por uma única pessoa, eliminando a
necessidade de uma equipe de levantamento diminuindo, assim, os
custos. Um sensor de rastreamento permite ao instrumento seguir a
localização do prisma ou da unidade de posicionamento remoto. O
operador comunica com o equipamento através de tecnologia sem
fio para inserir os dados das locações em campo e outras informações
computacionais relacionadas.
Estação Total GPS (Sistema de Posicionamento Global) – A
integração de um receptor GPS com uma estação total permite a
instalação do instrumento em locais convenientes, eliminando a
dependência de pontos de controle previamente definidos [...]. Esta
tecnologia se baseia nas correções RTK da navegação por satélite para
conseguir a precisão necessária para aplicações em levantamentos [...].
Além disso, sistemas de bastão ou tripé cada vez menores, mais leves
e mais portáveis estão sendo disponibilizados, incluindo uma antena
e receptor GPS, modem de rádio RTK e controladoras manuais. Esses
sistemas servem para aumentar a velocidade da coleta de dados de
campo em locais remotos e comuns (grifo do autor).

45
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

A partir da medida de ângulos e distâncias ou coordenadas, as estações


totais permitem a locação de pontos no campo partindo-se de uma posição
principal e seguindo para as demais, conforme composição no projeto de locação
(TULER; SARAIVA; TEIXEIRA, 2017).

O passo seguinte é alinhar o ângulo horizontal até zero, que a partir das
coordenadas salvas na estação total, o operador deve zerar o ângulo e determinar
o alinhamento do ponto a ser encontrado. Posteriormente, uma etapa mais lenta,
que é a de verificar a distância da estação total até o prisma refletor. Quando
a estação finaliza o cálculo dessa distância, é obtido o resultado. Se a distância
tiver sido negativa, significa que o prisma deve se afastar da Estação Total. Caso
a distância tenha sido positiva, o prisma deve se aproximar da estação total
(TULER; SARAIVA; TEIXEIRA, 2017).

Esse tipo de procedimento é considerado confiável e preciso, embora


possam ocorrer falhas humanas (TULER; SARAIVA; TEIXEIRA, 2017). O uso de
tecnologia é interessante porque minimiza os erros durante a locação de obras
evitando possíveis desperdícios ou prejuízos.

DICAS

Leia o Capítulo 15 sobre sistema de posicionamento global (GPS) em:


MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. Tradução Daniel Carneiro da Silva. 6.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

4 TIPOS DE LOCAÇÃO
A locação por cavaletes (Figura 29) é um método indicado para obras
simples e de pequeno porte em função do menor custo e dificuldade de se
manter as marcações ajustadas. Ele é formado por duas estacas e uma travessa
que, niveladas, conferem estabilidade à estrutura. Chamamos obras de pequenos
portes aquelas realizadas em garagens, barracões e ampliações.

46
TÓPICO 3 | LOCAÇÃO DE OBRAS: CONCEITOS GERAIS

FIGURA 29 – ESQUEMA DE CAVALETES DE LOCAÇÃO

FONTE: <https://files.construfacilrj.com.br/2013/12/locacao-de-obra-3.jpg>. Acesso em: 10 ago.


2019.

A locação por tábua corrida (Figura 30) é utilizada em obras com muitos
elementos ou maiores. Nesse tipo de técnica, a futura construção é contornada com
estacas e tábuas niveladas e alinhadas, a partir de pontaletes cravados no chão,
conforme medidas conferidas. Normalmente, associada à locação topográfica
prévia.

FIGURA 30 – ESQUEMA DE TÁBUAS CORRIDAS

FONTE: <https://files.construfacilrj.com.br/2013/12/locacao-de-obra-4.jpg>. Acesso em: 10 ago.


2019.

A chamada locação topográfica é habitualmente recomendada em obras


de grande porte por gerar uma execução mais organizada da obra. Para esse tipo
de locação é preciso contratar equipe especializada em topografia (Figura 31).

47
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 31 – ESTAÇÃO TOTAL

FONTE: <https://cdn.pixabay.com/photo/2015/01/01/07/59/surveyor-585462_960_720.jpg>.
Acesso em: 10 ago. 2019.

A planta topográfica do terreno é elaborada com base nos pontos de


referência e os projetos da edificação em cima dessa planta. É a partir desses
mesmos pontos de referência que as coordenadas passam do papel para o
terreno. A locação de pontos é realizada com base em dois pontos de coordenadas
conhecidas (DAIBERT, 2014).

A etapa de locação das fundações deve ser feita cuidadosamente, pois será
a base para as demais locações da obra. Seu posicionamento correto é fundamental
para a distribuição das cargas previstas. Se a fundação for superficial, será
importante assegurar a posição e cota para que haja a correta centralização do
carregamento do pilar (BUDH, 2017). Do mesmo modo que nas fundações, um
erro na locação dos elementos estruturais poderá afetar a distribuição das cargas
da edificação.

ATENCAO

Ao realizar a locação, fazer a conferência da distância de pilares até o eixo


auxiliar a identificação de erros na locação; atenção nas atualizações no projeto; concretar
os pontaletes; pintar o gabarito de modo a facilitar a visualização das marcações e linhas;
sinalização dos níveis de cota e pontos de referência marcados pelo topógrafo para auxiliar
na realização das escavações.

48
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• É necessário cumprir alguns requisitos legais antes de iniciar a locação.

• O fluxo de atividades é importante para que a locação ocorra adequadamente.

• Existem equipamentos e ferramentas específicas para cada etapa da obra.

• Os tipos de locação precisam ser escolhidos com base nas necessidades,


tamanho e objetivos de uma obra.

49
AUTOATIVIDADE

1 Uma planta de locação tem por finalidade, como o próprio nome sugere,
localizar a edificação no terreno. Imagine uma planta de uma casa (e uma
área de serviço anexa) no terreno correspondente ao lote 198 de uma planta
de situação. As medidas em metro são 12 m x 36 m. O código de obras de
determinada cidade especifica que os recuos mínimos devem ser de 4 m
para a rua e de 1,5 m para terrenos de extrema. Para verificar se a planta está
dentro das medidas exigidas, quais informações complementares devem
ser apresentadas?

a) ( ) Projeções do telhado, água do telhado, distância de circulação (largura)


entre a casa e a área de serviço anexa.
b) ( ) Dimensões do terreno, projeções do telhado, dimensões dos passeios e
ruas, nome dos logradouros.
c) ( ) Distância de circulação (largura) entre a casa e a área de serviço anexa,
diagrama dos relacionamentos entre aspectos físicos.
d) ( ) Água do telhado, dimensões do terreno, dimensões dos passeios e
ruas, nome dos logradouros.
e) ( ) Distância de circulação (largura) entre a casa e a área de serviço anexa,
dimensões dos passeios e ruas, nome dos logradouros.

2 A locação de obras possui etapas burocráticas e executivas para sua


realização. Enquanto a primeira se relaciona a aspectos legais e fundamentais
ao planejamento e organização da construção, a segunda se refere à execução
propriamente dita do projeto. Sabendo disso, assinale a opção que relaciona
as etapas executivas conforme sua ordenação:

a) ( ) A primeira fase é definição das referências, depois limpeza do terreno,


marcação do gabarito e locação das formas diretamente.
b) ( ) A primeira fase é marcar o gabarito e seus elementos, locar as formas
para então realizar a limpeza do terreno.
c) ( ) A primeira fase é marcar o gabarito, iniciar o método do cavalete ou
tabeira e durante as etapas de cravação dos pontaletes, ir conferindo as
medidas do projeto.
d) ( ) A primeira fase é a limpeza, depois são definidas as referências, feitas
as marcações no gabarito e executado o método de locação conveniente ao
tipo de obra.
e) ( ) A primeira fase é cravar os pontaletes, verificar a medição topográfica
para realizar os ajustes do que foi marcado manualmente, em seguida
limpeza do terreno.

50
UNIDADE 1
TÓPICO 4

MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Os métodos executivos de locação mais utilizados são por cavalete e tábua
corrida, ambos realizados, preferencialmente, a partir de medidas topográficas
fundamentais à correta marcação do gabarito. Já os traçados de ângulos retos
e paralelas na locação de obras servem para determinar o esquadro, ou seja, o
alinhamento da construção no terreno.

Cada locação terá suas características próprias considerando o tipo de


estrutura da edificação a ser construída. As estruturas que trataremos nessa
unidade serão as de concreto armado, concreto protendido e metálica.

As estruturas de concreto armado fazem uso de aço em vigas e pilares e


seu dimensionamento deve ser calculado conforme as normas vigentes dos órgãos
reguladores. A estrutura de concreto protendido em lajes assegura um controle
efetivo às flechas, deixando quase nula a ocorrência de fissuras, alcançando,
então, excelência, qualidade e durabilidade.

As estruturas metálicas podem ser usadas para execução de pilares, vigas,


treliças de telhado, terças, pórticos etc. É importante que não se confunda uma
estrutura metálica com barras de aço usadas em estruturas de concreto armado,
pois possuem propriedades e comportamentos diferentes.

Enfim, as barras de aço são associadas ao concreto para suprir a deficiência


deste em resistir a esforços de tração. Na estrutura metálica há diferença no
processo produtivo e no comportamento mecânico.

2 PROCESSO DE LOCAÇÃO POR CAVALETES


Esse método visa à materialização dos alinhamentos definidos com o
auxílio de equipamentos topográficos. Com duas linhas de nylon ou arame de
aço recozido esticados, a partir das marcações do gabarito e no cruzamento das
linhas, transferir as coordenadas das estacas (sapata ou elemento que venha a
ser executado) para o terreno, usando um fio de prumo, marcar o ponto exato da
estaca (centro), cravando um piquete (pintado de branco). Trata-se de um método
relativamente vulnerável pela possibilidade de deslocamento das marcações
(SCHROEDER, 2018).
51
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 32 – PROCESSO DOS CAVALETES

FONTE: Schroeder (2018, p. 44)

3 PROCESSO DA TÁBUA CORRIDA (GABARITO)


Para realizar esse processo é preciso começar pela cravação de pontaletes
a intervalos regulares alinhados e distantes aproximadamente 1,20 m da
borda exterior da edificação. O esquadro correto do alinhamento dos eixos
perpendiculares deve ser marcado e conferido antes da colocação das tábuas
niveladas (SCHROEDER, 2018).

Em seguida são marcadas as coordenadas na tabeira com pregos e auxílio


de nylon ou arame recozido nº 18. No gabarito devem ser delimitados os eixos
ortogonais de referência, as posições das estacas, os eixos das vigas baldrame, o
centro geométrico e face dos blocos e o eixo das paredes/pilares (SCHROEDER,
2018).

52
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

FIGURA 33 – EXEMPLO DE MARCAÇÃO COM SARRAFOS DE MADEIRA (1)

FONTE: Salgado (2018, p. 24)

FIGURA 34 – EXEMPLO DE MARCAÇÃO COM SARRAFOS DE MADEIRA (2)

FONTE: Salgado (2018, p. 24)

DICAS

Acesse o vídeo sobre os procedimentos técnicos do método do cavalete no


link https://youtu.be/-d1RALfoMio. Veja na prática como este procedimento é realizado.

53
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

4 TRAÇADO E LOCAÇÃO AO LONGO DA


CONSTRUÇÃO
O traçado de ângulos retos e paralelos determinam o esquadro. Esse
procedimento é indispensável para a correta marcação dos alinhamentos das
paredes externas da construção e referência para locação das demais paredes
(SALGADO, 2018).

Conforme visto no vídeo anterior, um método simples consiste na


formação de um triângulo de Pitágoras, fazendo coincidir o alinhamento da base
ao lado do ângulo reto. O esquadro deve ficar tangenciando as linhas sem tocá-
las, quando as linhas ficarem paralelas ao esquadro garantimos o ângulo reto
(Figura 35) (SALGADO, 2018).

FIGURA 35 – ESQUADRO DE UM TERRENO

FONTE: <http://engcarlos.com.br/servicos-preliminares-em-uma-obra-parte-2/>. Acesso em:


15 ago. 2019.

54
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

O traçado de curvas é realizado a partir do cálculo do raio da curva.


Primeiro acha-se o centro e com o auxílio de uma linha ou arame são traçadas
as curvas no terreno como se fosse um compasso. É um método preciso para
pequenos raios.

FIGURA 36 – COMPASSO

FONTE: <https://pixabay.com/pt/vectors/geometria-b%C3%BAssolas-divisores-155184/>. Acesso


em: 15 ago. 2019.

Grandes curvas devem ser calculadas pelo método das quatro partes
(TULER; SARAIVA; TEIXEIRA, 2017), que consiste em aplicar, sucessivamente,
sobre a corda obtida com a flecha precedente, a quarta parte deste último valor
(Figura 37):

FIGURA 37 – MÉTODO DAS QUATRO PARTES

FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-UFR0VYuTanU/Th4AQHUrpII/AAAAAAAAB-E/lxB9_
DCZqdg/s1600/33.gif>. Acesso em: 15 ago. 2019.

55
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

f1=r-r² / ((r²+t²) ^ 1/2)


f 2=f1/4 e f3=f2/4

• sendo: r = raio da curva;


• t = tangente à curva (na intercessão da curva com a reta).

Pode-se dizer que a etapa de locação das fundações é a mais complexa de


todas, pois os demais elementos se utilizarão desta como referência. A execução
perfeita das estacas nas fundações profundas garante sua eficiência e robustez
estimadas em projeto. Se executada fora do escopo pode gerar redistribuição de
cargas ou problemas no bloco de coroamento (ABNT, 1996).

No sistema convencional de locação, as marcações podem ser inexatas. Em
grandes obras, principalmente nessa etapa de locação de fundações, recomenda-se
que sua realização ocorra com o auxílio da topografia para assegurar a marcação
correta das estacas (TULER; SARAIVA; TEIXEIRA, 2017).

Em se tratando de fundações superficiais é preciso estar atento à cota de


arrasamento e ao posicionamento das sapatas para obter centralidade da carga
proveniente do pilar. A estrutura pode se romper em caso de falhas nessas
locações (BUDH, 2017).

Na etapa de locação dos elementos estruturais ocorrem os procedimentos


de fôrma, armação e concretagem das vigas, dos pilares e das lajes. Posicionar
corretamente esses elementos irão garantir a correta distribuição das cargas
esperadas no projeto. Erro de locação de um pilar pode sobrecarregar mais um
que outro, por exemplo (BRASIL, 1997).

No decorrer da execução das estruturas que servirão de fôrma para a


concretagem das lajes é importante provisionar as instalações, ou seja, prever
furações para esgoto, águas pluviais, água fria, caixas de passagem elétrica etc.
Esse cuidado evita retrabalhos, perda de tempo, de material, custos e geração de
entulho após a concretagem (BRASIL, 1997).

A locação das vedações verticais são elementos fundamentais ao


empreendimento, pois são elas que delimitam ambientes e proporcionam o
layout desenhado para o espaço. Da mesma forma que as demais locações, deve
ser realizada com precisão conforme informações definidas em projeto. Assim, os
ambientes ficam com as exatas medidas da planta baixa.

Além da estética e exatidão no projeto propriamente dito, é importante


saber que está previsto no artigo 500, parágrafo primeiro do Código Civil, uma
margem de 5% de tolerância para mais ou para menos na metragem entregue aos
clientes. Caso haja uma entrega menor do que foi comprado, o consumidor pode
reclamar e receber indenização por isso (BRASIL, 2002).

56
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

Existem diversos tipos de métodos construtivos para a estrutura de


edificações como: em concreto armado, concreto protendido e os edifícios com
estrutura metálica. Para cada tipo existe um método de locação mais adequado e
aspectos que devem ser observados, veja:

4.1 EDIFÍCIOS EM CONCRETO ARMADO


Método amplamente usado nas edificações brasileiras, tal técnica está tão
evoluída que sua produção é em série. Divide-se em equipes de carpinteiros para
elaboração das fôrmas, em outra responsável pelo posicionamento das barras
de aço dentro das fôrmas e mais uma para o lançamento e o adensamento do
concreto.

As fôrmas são marcadas na etapa da locação dos elementos estruturais com


a participação, preferencialmente, de carpinteiros especializados e profissionais
experientes como um técnico, mestre ou engenheiro. Por outro lado, é importante
que se faça a conferência por uma terceira equipe, o que garantirá a correta locação
(SALGADO, 2018).

Em edifícios cuja estrutura é em concreto armado, é comum realizar o


método tradicional de locação de um gabarito dos eixos de referência no perímetro
do canteiro e transferir o gabarito para a estrutura tão logo que seja viável. É
fundamental ter a marcação do eixo de referência de projeto na fôrma da laje e
deixar um grampo de aço para, após a concretagem, ter a referência de um eixo
em cada direção para locar os elementos estruturais da laje superior e as vedações
verticais.

Visando evitar retrabalhos, como dito anteriormente, é necessário atentar-


se ao realizar as marcações das passagens por lajes e vigas. Caso, no meio da
construção, seja necessária a perfuração dos elementos após o endurecimento do
concreto, a estrutura pode ser danificada, gerar custos, dentre outros.

Por vezes, em garagens, é necessária a previsão de passagem de instalações


através da seção da viga. A maioria delas por conta dos ralos pluviais e sprinklers.
É essencial que essas esperas sejam posicionadas antes da concretagem e com
um diâmetro maior que o da passagem, preservando assim a seção do concreto
armado. Veja um modelo de estrutura em concreto armado na figura a seguir:

57
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

FIGURA 38 – ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO E PAREDES EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO


CERÂMICA

FONTE: <https://static.wixstatic.com/media/ebe9f6_8f110a8daacb4a849231b59defba2b7f~mv2.
jpg/v1/fill/w_448,h_336,al_c,lg_1,q_80/ebe9f6_8f110a8daacb4a849231b59defba2b7f~mv2.
webp>. Acesso em: 15 ago. 2019.

4.2 EDIFÍCIOS EM CONCRETO PROTENDIDO


As armaduras protendidas em estruturas de concreto, como etapa
construtiva, se apresentam como um sistema interessante em função das
cordoalhas diminuírem a densidade de barras de aço na laje. Além disso,
permitem realizar vãos maiores apoiados diretamente nos pilares (lajes planas).

Para esse tipo de estrutura, é comum utilizar o método tradicional de


locação. É uma estrutura que tem a locação dos elementos estruturais facilitada
por se tratar basicamente de pilares e de vigas externas. Veja figura a seguir:

FIGURA 39 – PONTE COM ESTRUTURA DE CONCRETO PROTENDIDO

FONTE: <http://awacomercial.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/03/concreto-
protendido-4.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2019.

58
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

O posicionamento das fôrmas das instalações prediais desse tipo de


método construtivo deve ser realizado com precisão absoluta. A perfuração de
uma laje protendida, em função da presença de cordoalhas tensionadas dentro
do concreto, é desaconselhada, pois se uma dessas cordoalhas for rompida, há
sérios riscos estruturais.

4.3 EDIFÍCIOS COM ESTRUTURA METÁLICA


As estruturas metálicas têm sido cada vez mais usadas, dada a rapidez de
execução e montagem dos elementos. Inicialmente são montados os pilares e as
vigas para, em seguida, executar as lajes. Para o posicionamento, tanto dos pilares
quanto das vigas, é fundamental a presença de um topógrafo e uma estação total
no canteiro de obras.

Os elementos metálicos são içados com o auxílio de gruas e guindastes


devidamente posicionados. Anteriormente à interligação de um elemento ao
outro, atualmente realizado com o uso de cantoneiras e parafusos, o topógrafo,
como já dito em outros momentos deste livro, auxiliará no posicionamento
preciso. Nesse modelo não é possível a utilização de linhas mestras devido à
incapacidade de se trabalhar com elas em grandes alturas sem lajes.

Iniciando a concretagem das lajes, o topógrafo realiza a marcação dos


eixos principais de referência nas lajes para facilitar a marcação das vedações
verticais.

FIGURA 40 – EDIFICAÇÃO COM ESTRUTURA METÁLICA

FONTE: <https://cdn.escolaengenharia.com.br/wp-content/uploads/2018/07/estrutura-
metalica.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2019.

59
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

Sistemas estruturais e seus tipos

Francis D. K. Ching
Barry S. Onouye
Douglas Zuberbuhler

Os sistemas podem ser definidos como um conjunto de partes inter-


relacionadas ou interdependentes que formam um todo mais complexo e
unificado, servindo a um fim comum. As edificações podem ser vistas como uma
materialização de vários sistemas e subsistemas que precisam, necessariamente,
estar relacionados, coordenados e integrados entre si, e com a forma dimensional
e com a organização espacial do prédio como um todo.

O sistema estrutural de uma edificação é formado por um conjunto estável


de elementos estruturais, projetados e construídos para sustentar e transmitir as
cargas impostas até o solo de maneira segura, sem exceder os esforços permissíveis
de seus elementos. Cada elemento estrutural possui características únicas e se
comporta de maneira única sob cargas impostas. Contudo, antes que os elementos
e componentes estruturais possam ser isolados para fins de estudo e resolução,
é importante que o projetista entenda como o sistema estrutural acomoda e
sustenta, de maneira holística, as formas, os espaços e as relações programáticas
e contextuais do projeto arquitetônico.

Independentemente do tamanho e da escala da edificação, seu sistema


estrutural contém sistemas físicos de estrutura e vedação que definem e organizam
suas formas e espaços. Esses elementos, por sua vez, podem ser divididos em
subestrutura e superestrutura.

Subestrutura

A subestrutura é a divisão inferior de uma edificação (suas fundações),


construída parcial ou completamente abaixo da superfície do solo. Sua função
primária consiste em sustentar e ancorar a superestrutura, além de transmitir suas
cargas para o solo com segurança. Uma vez que funciona como um vínculo crítico
para a distribuição e a resolução das cargas da edificação, o sistema de fundações
(mesmo que, em geral, não fique à vista) deve ser projetado para acomodar a
forma e o leiaute da superestrutura, e para responder às condições variáveis do
solo, das rochas e da água subterrâneas.

As principais cargas impostas sobre a fundação consistem numa


combinação das cargas mortas (peso próprio) e das cargas acidentais (ou de
serviço), que agem verticalmente sobre a superestrutura. Além disso, o sistema de
fundação deve ancorar a superestrutura contra oscilações provocadas pelo vento,
tombamento e pressões ascendentes ou sucção do vento suportar movimentos

60
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

súbitos do solo em caso de terremoto e de resistir à pressão imposta pela água do


lençol freático e pela massa do solo lateral sobre as paredes do subsolo. Em alguns
casos, o sistema de fundação precisa resistir também ao empuxo das estruturas
tensionadas ou com arcos.

O terreno e o contexto de uma edificação influenciam o tipo de subestrutura


selecionada e, consequentemente, o padrão espacial projetado.

• Relação com a superestrutura: o tipo e o padrão dos elementos de fundação


exigidos influenciam, ou até determinam, o leiaute dos apoios da superestrutura.
Para a eficiência estrutural, sempre que possível é preciso manter a continuidade
vertical na transmissão de cargas.
• Tipo de solo: A integridade da estrutura de uma edificação depende, em
última análise, da estabilidade e da resistência sob carregamento do solo ou
rocha sob a edificação. A capacidade de carregamento do solo ou rocha pode,
portanto, limitar o dimensionamento de uma edificação ou exigir fundações
mais profundas.
• Relação com a topografia: As características topográficas de um terreno
possuem implicações e consequências tanto ecológicas como estruturais,
exigindo que todas as implantações considerem os padrões de escoamento
naturais, as condições que podem acarretar o alagamento, a erosão ou o
recalque, e as providências a serem tomadas para a proteção do habitat.

Fundações superficiais

As fundações superficiais são usadas sempre que um solo estável e com


capacidade de carregamento adequada estiver relativamente perto da superfície.
Elas são colocadas diretamente sob a parte mais baixa de uma subestrutura, e
transferem as cargas da edificação diretamente para o solo de apoio, por meio
da pressão vertical. As fundações superficiais podem assumir uma das formas
geométricas a seguir:

• Pontuais: sapatas
• Em linha: muros de arrimo e sapatas corridas
• Planas: radiers – lajes de concreto espessas e extremamente armadas, que
atuam como uma única sapata monolítica para vários pilares ou uma edificação
inteira – são usados sempre que a capacidade de carregamento permissível
de um solo de fundação é baixa em relação às cargas da edificação, e quando
as sapatas dos pilares internos se tornam tão grandes que é mais econômico
fundi-las numa laje única. Os radiers podem ser enrijecidos por meio de uma
grelha de nervuras, vigas ou paredes.

Fundações profundas

As fundações profundas são formadas por tubulões ou estacas cravadas


que descem em um solo inadequado para transferir as cargas da edificação até
um estrato rochoso com capacidade de carregamento mais adequada, ou areias
densas e pedras bem abaixo da superestrutura.
61
UNIDADE 1 | CANTEIRO E LOCAÇÃO

Superestrutura

A superestrutura, ou o comprimento vertical da edificação acima das


fundações, é formada pelas vedações externas e pela estrutura interna que define
a forma da edificação, bem como por seu leiaute e sua composição espaciais.

Pele

A pele ou vedação externa de uma edificação (composta pela cobertura e


pelas paredes externas, janelas e portas) fornece proteção e abrigo para os espaços
internos da edificação.

• A cobertura e as paredes externas protegem os espaços internos contra os


rigores do clima, e controlam a umidade, o calor e o fluxo de ar através das
diversas camadas de uma construção.
• As paredes externas e a cobertura também reduzem os ruídos e proporcionam
segurança e privacidade para os usuários da edificação.
• As portas possibilitam o acesso físico.
• As janelas fornecem o acesso da luz, do ar e das vistas.

Estrutura

O sistema estrutural é necessário para sustentar a pele da edificação, bem


como seus pisos internos e paredes externas e internas; além disso, transfere as
cargas impostas para a subestrutura.

• Os pilares, as vigas e as paredes cortantes sustentam as estruturas do piso e do


telhado.
• As estruturas de piso são as bases planas e niveladas do espaço interno que
sustentam nossas atividades internas e o mobiliário.
• As paredes estruturais internas e as paredes internas não cortantes subdividem
o interior da edificação em unidades espaciais (cômodos).
• Os elementos que resistem aos esforços laterais são lançados para fornecer
estabilidade lateral.

No processo de construção, a superestrutura se eleva a partir da


subestrutura, seguindo o mesmo caminho utilizado para transmitir suas cargas A
intenção formal de um projeto de arquitetura pode ser sugerida ou determinada
pelo terreno e pelo contexto, pelo programa e pela função, ou pelos objetivos e pelo
significado. Além de considerar as opções formais e espaciais, também devemos
contemplar nossas opções estruturais (a palheta de materiais, os tipos de apoios
e elementos horizontais, e os sistemas de resistência aos esforços laterais). Essas
escolhas são capazes de influenciar, sustentar e reforçar as dimensões formais e
espaciais de um projeto.

62
TÓPICO 4 | MÉTODOS EXECUTIVOS DE LOCAÇÃO

Numa etapa posterior do processo de elaboração do projeto, também será


preciso investigar a forma e a dimensão dos componentes estruturais, além dos
detalhes das conexões. Porém, as decisões de larga escala supracitadas veem em
primeiro lugar, uma vez que determinam a direção e estabelecem os parâmetros
para o desenvolvimento do projeto e dos detalhes.

Tipos de sistemas estruturais

Considerando uma atitude especifica em relação à função expressiva do


sistema estrutural e da composição espacial desejada, é possível fazer escolhas
adequadas para um sistema estrutural desde que entendamos os atributos
formais que os vários sistemas desenvolvem ao responder aos esforços impostos
e ao redirecionar essas solicitações para suas fundações.

• As estruturas de massa ativa redirecionam as forças externas principalmente


através do volume e da continuidade do material, como vigas e pilares.
• As estruturas de vetor ativo redirecionam as forças externas principalmente
através da composição dos elementos de tração e compressão, como uma
treliça.
• As proporções dos elementos estruturais (como paredes cortantes, lajes de piso
e de cobertura, abobadas e cúpulas) nos fornecem evidências visuais de suas
funções dentro do sistema estrutural, bem como da natureza de seu material.
Uma parede de alvenaria, que é resistente à compressão, mas relativamente
fraca em termos de flexão, será mais espessa do que uma parede de concreto
armado exercendo a mesma função. Um pilar de aço é mais fino do que um
pilar de madeira suportando a mesma carga. Uma laje de concreto armado de
10,0 centímetros, por exemplo, vencerá um vão superior ao vencido por um
tablado de madeira com a mesma espessura.
• As estruturas de superfície ativa redirecionam as forças externas principalmente
ao longo da continuidade de uma superfície, como uma estrutura em lâmina
ou casca.
• As estruturas de forma ativa redirecionam as forças externas principalmente
através da forma de seu material, como um sistema em arco ou cabo.
• Para fins de estabilidade, as estruturas dependem menos do peso e da rigidez
dos materiais, e mais de sua geometria, como ocorre com as estruturas em
membrana e as treliças espaciais. Nesse caso, os elementos ficarão cada vez
mais finos até perder sua capacidade de gerar a escala e a dimensão de um
espaço.

FONTE: CHING, F. D. K. ONOUYE, B. S.; ZUBERBHLER. Sistemas estruturais ilustrados –


padrões, sistemas e projeto. 2. ed. Tradução Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2015.
p. 22-26.

63
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os métodos executivos de locação podem ser realizados com o auxílio de


cavaletes ou tábuas corridas.

• Na locação de obras é importante realizar o traçado de ângulos retos e paralelas


para maior precisão nas marcações.

• As características de cada tipo de locação como: em edificações em concreto


armado, protendido e estrutura metálica possuem diferenças e objetivos
distintos.

64
AUTOATIVIDADE

1 A locação de obra é o ponto de partida de uma construção. Faça uma visita


a uma obra e prepare um relatório sobre uma locação qualquer contendo:

a) Tipo de construção, tipo do terreno e quantidade de pavimentos.


b) Profissionais, materiais e equipamentos utilizados na locação.
c) Citar e descrever detalhadamente as etapas realizadas.
d) Justificar o uso da metodologia de gabarito utilizada.

2 O concreto armado é moldável e pode se apresentar de diversas formas


e concepções. É fácil de se trabalhar com ele e ainda é durável e protetor
das armações contra a corrosão. Sabendo-se que as estruturas de concreto
utilizam fôrmas em sua execução, sobre seu projeto é correto afirmar:

a) ( ) Incompatibilizar o sistema com o número de reutilizações consideradas


rotineiras.
b) ( ) Utiliza as chamadas plantas de transcrição de pilares para a definição
da vista ortogonal da medida.
c) ( ) Localiza no terreno as dimensões e arredores de onde o projeto será
executado na vertical.
d) ( ) Um projeto de fôrmas visa eliminar soluções improvisadas e aumentar
a precisão geométrica da estrutura.
e) ( ) Aumenta a precisão geostática da estrutura e compatibilização do
sistema com as possibilidades de reutilização.

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66
UNIDADE 2

FUNDAÇÕES E SISTEMAS
ESTRUTURAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar sistemas construtivos;

• reconhecer diferentes abordagens metodológicas de projetos;

• interpretar procedimentos e técnicas da construção civil;

• interpretar planilhas e textos técnicos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES


TÓPICO 2 – PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE
FISSURAS
TÓPICO 3 – SISTEMAS CONSTRUTIVOS CONVENCIONAIS
TÓPICO 4 – ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

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68
UNIDADE 2
TÓPICO 1

ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Para iniciar qualquer tipo de construção é necessário um planejamento e
este precisa de um projeto. Sem um projeto não é possível efetuar qualquer tarefa,
pois as informações técnicas são fundamentais. Para edificar, em qualquer lugar
que seja, independentemente da quantidade de pavimentos e da finalidade, é
preciso buscar soluções construtivas que permitam de forma segura e eficiente
propor edifícios que sirvam a variadas necessidades da sociedade, como:

• Residencial (unifamiliar e multifamiliares).


• Comercial.
• Industrial.
• Público.
• Misto.

A palavra projeto, segundo o dicionário Michaelis, significa: “propósito


de executar algo; plano detalhado de um empreendimento a ser realizado”
(PROJETO, 2019, s.p.).

Na prática técnica, projeto é a “descrição gráfica e escrita das características


de um serviço ou obra de Engenharia ou de Arquitetura, definindo seus atributos
técnicos, econômicos, financeiros e legais” (ABNT, 2012a, p. 2).

Esse conjunto de documentação é capaz de permitir a execução de uma


edificação nas seguintes fases:

• Estudo preliminar.
• Anteprojeto.
• Projeto arquitetônico (NBR 6492).
• Projeto executivo (NBR 6118):
ᵒ cálculo das cargas e esforços;
ᵒ dimensionamento, detalhamento;
ᵒ desenhos, conferência e forma e armação.
• Registros, aprovação, licenciamento para construção.
• Projeto como construído (as built) (NBR 14645-1:01; NBR 14645 - 2:05; e NBR
14645-3:11).

69
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

• Montagem de equipe:
ᵒ engenheiros / arquitetos;
ᵒ desenhistas / projetistas;
ᵒ técnicos / estagiários;
ᵒ apoio / administrativos.

2 ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PROJETO


Para que haja uma organização e entendimento técnico aos projetos, alguns
parâmetros devem ser adotados e seguidos segundo a Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT:

• Numeração das plantas (1 / 2 / 3).


• Classificação por tipo da planta (forma / armação / instalações).
• Formato definido (oficiais A4, A3, A2, A1, A0 e outros).
• Normas construtivas (procedimentos para execução pela ABNT).
• Especificações (técnicas / administrativas).

Diante de todo o projeto definido, ele precisa ser autorizado pelo órgão
competente da gestão municipal, que normalmente é a secretaria de obras do
município onde a construção será executada. Cada órgão possui uma metodologia,
mas, em geral, inicialmente é solicitado o projeto arquitetônico (planta baixa,
cortes, fachadas, cobertura e situação), e para aprovação e liberação do término
da construção é solicitado as built, para verificação e aprovação das alterações que
houveram no projeto inicial.

Após a confecção de todo o projeto inicial, a fase seguinte é a do orçamento


(NBR 12721:06), que visa ao levantamento de custos do projeto por itens:

• Orçamento estimado:
ᵒ por área de cálculo (m²).
• Orçamento detalhado:
ᵒ por composição de custos unitários (planilha de preços).
• Benefício das despesas indiretas (BDI).

DICAS

Para saber mais sobre BDI, acesse: https://engenheirodecustos.com.br/


formula-bdi/.

70
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Com a edificação devidamente elaborada em projetos, levantados todos


os custos e aprovada pelos proprietários, construtora e pelos órgãos competentes,
a sua execução pode ser iniciada e acompanhada por técnicos especializados em
cada área de acordo com o avanço da obra.

3 SONDAGEM

Para estar devidamente estabilizada, toda construção precisa ser edificada
com bases sólidas e resistentes, a fim de suportar o próprio peso e as cargas de
uso decorrentes. O solo que a ancora, por sua vez, deve transmitir a resistência
necessária para receber a carga construída. Porém, só se pode fazer uma obra em
solos resistentes?

A sondagem do solo se faz necessária para se obter as características


das diversas camadas existentes em seu interior. A NBR 8036 dita as diretrizes
para a avaliação e o estudo do subsolo do terreno com quantidade e localização
adequadas de furos para o projeto geotécnico (ABNT, 1983).

QUADRO 1 – ESTADOS DE COMPACIDADE E DE CONSISTÊNCIA

Índice de resistência
Solo à penetração Designação1)
N
≤4 Fofa(o)
5a8 Pouco compacta(o)
Areias e siltes
9 a 18 Medianamente compacta(o)
Arenosos
19 a 40 Compacta(o)
> 40 Muito compacta(o)
≤2 Muito mole
3a5 Mole
Argilas e siltes
6 a 10 Média(o)
Argilosos
11 a 19 Rija(o)
> 19 Dura (o)
1)
As expressões empregadas para a classificação da compacidade das areias
(fofa, compacta etc.) referem-se à deformabilidade e resistência destes solos, sob
o ponto de vista de fundações, e não devem ser confundidas com as mesmas
denominações empregadas para a designação da compacidade relativa das
areias ou para a situação perante o índice de vazios críticos, definidos na
Mecânica dos Solos.
FONTE: ABNT (2001a, p. 17)

71
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Com a sondagem devidamente executada, as características são


apresentadas em um relatório composto de um gráfico e um texto técnico com as
informações referentes ao subsolo analisado, como:

• Localização dos furos da sondagem.


• Caracterização das camadas do solo até a profundidade que atenda ao projeto.
• Espessura das camadas e avaliação das entre camadas.
• Informação do nível do lençol freático.

FIGURA 1 – LOCAÇÃO DOS FUROS NA SONDAGEM DO TERRENO

FONTE: A autora

Observe que na figura RN significa Referência de nível e SPT em inglês


significa Standard Penetration Test ou Ensaio de Sondagem à Percussão.

Os furos de sondagens devem ser, no mínimo, de um para cada 200 m²


de área projetada em planta de edifício até 1200 m² de área total. Entre 1200 m²
e 2400 m² de áreas deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m². Para áreas
superiores a 2400 m², o número de sondagens deve ser fixado de acordo com o
plano particular da construção (ABNT, 1983). A norma dita, também, a quantidade
mínima de furos para sondagens em outras circunstâncias:

• Dois para área da projeção em planta do edifício até 200 m².


• Três para área entre 200 m² e 400 m².

72
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

FIGURA 2 – EXEMPLO DE UM PERFIL DO TERRENO AVALIADO PELA SONDAGEM À


PERCUSSÃO

FONTE: <https://cdn.escolaengenharia.com.br/wp-content/uploads/2018/09/boletim-de-
sondagem.jpg>. Acesso em: 17 out. 2019.

As informações fornecidas pela sondagem indicam as propriedades e


características do subsolo, o que possibilita ao técnico avaliar e escolher a fundação
mais adequada para a edificação em função do terreno.

4 CONCEITUAÇÃO GERAL
Dá-se o nome de fundações à parte da estrutura que transmite ao solo
a carga da edificação. Todos os esforços produzidos pelo peso da construção
deverão ser suportados pelo terreno em que está projetado, devidamente em
equilíbrio, sem que ocorram recalques ou ruptura do solo.

É o início da construção, a primeira etapa a ser construída e normalmente


todos os elementos estruturais que compõem a fundação ficam abaixo do solo. O
volume de todo o material que compõe o solo cobre a infraestrutura até o alicerce.

73
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

FIGURA 3 – SISTEMAS DE CONSTRUÇÃO

FONTE: A autora

A Figura 3 ilustra, de modo esquemático, a localização das fundações


como parte da estrutura de uma edificação.

A fundação tem como função suportar com segurança as cargas


provenientes do prédio. O projetista estrutural repassa ao projetista de fundação
a demanda das cargas que serão transmitidas aos elementos da fundação.
Confrontando essas informações com as características do solo onde será
construído, o projetista de fundações calcula o deslocamento desses elementos e
compara com os recalques admissíveis da estrutura, ou seja, o projeto de fundação
é elaborado após o dimensionamento do projeto estrutural.

5 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES
A NBR 6122 (ABNT, 1996), sobre projeto e execução de fundações, fixa as
seguintes condições básicas a serem observadas:

• O objetivo da construção.
• Os documentos complementares do projeto.
• As definições dos elementos que compõem as fundações.
• As investigações geotécnicas, geológicas e observações locais.
• As cargas e segurança nas fundações.
• As fundações superficiais e profundas.
• As escavações.
• As observações do comportamento e instrumentação de obras de fundação.

74
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Inicialmente, para escolher o tipo de fundação é preciso analisar a


topografia da área a ser construída, as características do perfil de corte do solo
com a resistência do solo e o nível de água, os dados da estrutura conforme
o seu tipo arquitetônico, as características da área ao entorno da construção e
as viabilidades econômicas. Um projeto estrutural mal dimensionado pode
inviabilizar a execução da obra.

O quadro a seguir mostra resumidamente o peso específico dos materiais


mais utilizados para considerar as cargas atuantes numa edificação de acordo
com o projeto de arquitetura e a sobrecarga ou carga útil nas lajes em função de
suas finalidades.

QUADRO 2 – PESO ESPECÍFICO DOS MATERIAIS MAIS UTILIZADOS

Material Peso específico Unidade


Alvenaria de pedra 22 a 24 kN/m³
Alvenaria de tijolo maciço revestido 16 kN/m³
Alvenaria de tijolo furado revestido 13 kN/m³
Concreto simples 23 kN/m³
Concreto armado 25 kN/m³
Enchimento de lajes rebaixadas 14 kN/m³
Revestimento com madeira (taco) 0,45 kN/m²
Ladrilho e pedras de piso 0,50 kN/m²
Mármore de 2 a 3 cm de espessura 0,80 a 0,90 kN/m²
Revestimento de tetos e pisos de lajes
0,25 kN/m²
com argamassa
Telhado completo – telha francesa 1,25 kN/m²
Telhado completo – telha canal 1,50 kN/m²
Telhado completo – telha colonial 1,20 kN/m²
Telhado completo – telha fibrocimento 0,38 a 0,44 kN/m²
Telhado completo – telha zinco 0,32 kN/m²
Madeira de lei 0,9 kN/m³
Forro de madeira 0,16 kN/m²
Forro de fibrocimento com esp. de 6 mm 0,18 kN/m²
Carga extra para forros 0,5 kN/m²

FONTE: Adaptado de ABNT (1980)

75
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

5.1 TRANSMISSÃO DE FORÇA APLICADA AO SOLO


A transmissão da força aplicada ocorre por meio da tensão, transmitida
uniformemente à camada de solo, em que “F” é a força aplicada, “A” é a área da
sapata retangular, “B e L” são as suas dimensões.

FIGURA 4 – SAPATA QUADRADA

FONTE: A autora

F
A=
B× L σ=
A

Para dimensionar a fundação adequadamente, deve-se assentar ou


ancorar a sua base em solo com resistência compatível à estrutura. A resistência
transmitida para o terreno depende da geometria da fundação porque esta faz
referência à distribuição de tensões em profundidade.

FIGURA 5 – DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES DO SOLO

FONTE: A autora

76
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

6 TIPOS DE FUNDAÇÕES
Azeredo (1977) classifica as fundações em diretas ou rasas e indiretas ou
profundas.

• As fundações diretas ou rasas são aquelas que transmitem a carga da estrutura


diretamente ao solo pela fundação. Geralmente são feitas em valas rasas, com
profundidade máxima de 3,0 metros e a área que resiste à carga construída
não ultrapassa ao dobro de sua menor dimensão. São denominadas por blocos,
alicerces, sapatas e radiers.
• As fundações indiretas ou profundas são aquelas que transferem a carga por
efeito de atrito lateral do elemento com o solo e por meio de um fuste. As suas
bases implantadas no solo possuem comprimento superior ao dobro da menor
face e profundidade maior do que 3,0 metros. São denominadas de estacas ou
tubulões.

O diagrama a seguir apresenta a subdivisão dos diferentes tipos de


fundações.

FIGURA 6 – DIAGRAMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

FONTE: Azeredo (1977, p. 30)

77
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

6.1 FUNDAÇÕES DIRETAS OU RASAS


“São usadas quando o solo, logo nas camadas superficiais, apresenta
resistência superior à exigida pela tensão da fundação a ser utilizada” (AZEREDO,
1977, p. 31).

Bloco: elemento de fundação simples, composto de concreto simples,


blocos de pequenas rochas ou tijolos. De forma cônica, de pedestal ou com
degraus, sua altura é maior que a medida das faces laterais e são resistentes à
compressão.

FIGURA 7 – BLOCO EM ALVENARIA DE TIJOLO

FONTE: Azeredo (1977, p. 31)

Sapata: elemento em concreto com altura menor que um simples bloco,


porém as dimensões laterais podem ser quadradas (L=B), retangular (L>B)
ou contínua (L>3B), pois esse tipo de fundação, além da compressão, resiste
principalmente às tensões por flexão.

78
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

FIGURA 8 – SAPATA ARMADA

FONTE: Azeredo (1977, p. 33)

Para os bordos do terreno, quando há necessidade de o pilar ficar


localizado na divisa, a sapata não poderá invadir a propriedade ao lado, então,
nesses casos, usa-se a sapata de divisa ou sapata excêntrica.

FIGURA 9 – SAPATA EXCÊNTRICA

FONTE: A autora

Lastro de concreto: chama-se lastro a camada de concreto magro, ou seja,


o concreto simples, com baixa resistência e espessura de 5 cm colocado no fundo
da vala para proteger a ferragem do contato com o solo e regularizar o nível da
fundação.

79
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Radier: é o elemento da fundação que possui a forma semelhante à de


uma laje, em que a altura é inferior a 50 cm na maioria das vezes e sua área é
proporcional à área da construção.

Força
Tensão =
Área

Essa placa é utilizada como fundação quando o terreno apresenta pouca


resistência, ou seja, a taxa admissível do solo possui menos que a metade do
somatório das cargas da estrutura ou excede a metade da área a ser construída,
tornando economicamente mais viável unir toda a estrutura da fundação em um
único elemento de concreto armado.

FIGURA 10 – RADIER

FONTE: A autora

6.2 FUNDAÇÕES INDIRETAS OU PROFUNDAS


As fundações profundas são empregadas quando o solo apresenta em
seu perfil a localização da camada com resistência considerada adequada para
suportar as cargas da construção a uma grande distância da superfície. Observe
que há uma profundidade onde a substituição das camadas sem resistência
necessária fica economicamente inviável para a construção (AZEREDO, 1977).

Estas podem ser chamadas de estacas ou tubulões e sua função é transmitir


as cargas da fundação para a camada do solo onde haja resistência necessária
para receber as tensões da edificação.

Estacas: são elementos alongados, geralmente cilíndricos ou prismáticos,


cravados ou moldados no solo para transmitir a carga da construção para
as camadas profundas do solo e para a contenção de empuxos laterais ou
compactação de terrenos.

80
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

As estacas podem ser de madeira, porém, para construções com grandes


cargas é mais indicada a utilização de perfis metálicos ou estacas de concreto
armado. Já as estacas compostas são constituídas de diferentes materiais, madeira
e concreto, por exemplo.

FIGURA 11 – MATERIAIS DE ESTACAS

FONTE: Ching (2017, p. 99)

No mercado existem, atualmente, muitos tipos de estacas e cada uma


possui sua particularidade. A escolha do modelo da estaca para cada obra se
faz em função do acesso, profundidade da camada firme, terrenos vizinhos,
viabilidade econômica e resistência. Na Figura 12, esses modelos são mostrados
de modo simplificado. As estacas podem ser moldadas no local, pré-fabricadas
ou escavadas.

81
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

FIGURA 12 – TIPOS DE ESTACAS

FONTE: Ching (2017, p. 99)

As estacas cravadas no solo podem utilizar os seguintes métodos:

• Percussão: utiliza pilões com queda livre ou automáticos, costuma ser o modo
mais utilizado para cravação de estacas, porém emite muito barulho.
• Prensagem: utiliza prensa como macacos hidráulicos em plataformas com
sobrecargas ou contra a própria estrutura existente. Esta não emite fortes
ruídos nem grandes vibrações.
• Vibração: utiliza um grande martelo com pontas tipo garras que fixam na
estaca em movimentos de giros em alta rotação, produzindo assim uma
vibração de alta frequência para a cravação ou retirada das estacas no solo.
Essa modalidade emite vibrações para os terrenos vizinhos.

DICAS

Que tal ver alguns tipos de estacas? Acesse o endereço: https://www.youtube.


com/watch?v=jPwlrUyNcMA.

82
TÓPICO 1 | ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Tubulão: são elementos estruturais de fundação que se assemelham


a um poço. Sua montagem é feita com utilização de tubos metálicos,
com cerca de 75 cm de diâmetros, que vão da superfície do local até
a camada sólida com resistência admissível para a demanda de carga
da construção. A fundação com tubulões a ar comprimido é mais
utilizada em construções de pontes ou obras em regiões onde o solo
seja saturado e que demandem maiores cargas (CHING, 2017, p. 100).

FIGURA 13 – PARTES DE UM TUBULÃO A CÉU ABERTO

FONTE: Ching (2017, p. 100)

83
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

FIGURA 14 – ESQUEMA DE TUBULÃO A AR COMPRIMIDO

FONTE: <https://docplayer.com.br/69443067-Tubulao-a-ceu-aberto-tubulao-a-ar-comprimido.
html>. Acesso em: 2 set. 2019.

84
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A fundação está localizada na parte da infraestrutura da obra.

• O estudo de toda fundação compreende:


ᵒ estudo do terreno com a sondagem do solo;
ᵒ somatório das cargas atuantes sobre a fundação;
ᵒ tipos de fundação mais apropriada ao projeto;
ᵒ execução do projeto seguindo as normas e especificações.

85
AUTOATIVIDADE

1 A fundação está em que parte da estrutura?


a) ( ) Infraestrutura.
b) ( ) Supraestrutura.
c) ( ) Subsolo.
d) ( ) Alicerce.

2 O radier é uma estrutura:


a) ( ) De fundação utilizada em solo com baixa resistência.
b) ( ) De fundação utilizada em terrenos compactados.
c) ( ) De infraestrutura utilizada para o cobrimento da edificação.
d) ( ) De supraestrutura utilizada para o cobrimento da edificação.

86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE
FISSURAS

1 INTRODUÇÃO
Desde o início da civilização, o homem se preocupa com a construção
de estruturas adaptadas as suas necessidades, sejam residenciais, sejam laborais
ou de infraestrutura como pontes, por exemplo. Com isso, a humanidade
acumulou um grande acervo científico ao longo dos séculos, o que permitiu o
desenvolvimento da tecnologia da construção, abrangendo a concepção, o cálculo,
a análise e detalhamento de estruturas, tecnologia de materiais e as respectivas
técnicas construtivas (RIPPER; SOUZA, 1998).

Com o crescimento acelerado da construção civil houve a necessidade


de inovações e a aceitação de maiores riscos. Esses riscos aceitos, mesmo
dentro de certos limites regulamentados de diversas formas, o progresso do
desenvolvimento tecnológico aconteceu e, com ele, o aumento de conhecimentos
sobre estruturas e materiais, em particular, através do estudo e análise dos erros
acontecidos, que têm resultado em deterioração precoce ou em acidentes.

Todas as etapas de um projeto, iniciando pela concepção da ideia,


passando pela execução, até a conclusão da construção, precisa de técnicas e
procedimentos acompanhados com a intenção de prever qualquer erro, qualquer
patologia oriunda de falhas executivas e degradação das estruturas (RIPPER;
SOUZA, 1998).

2 CONHECENDO E PREVENINDO FISSURAS



Quando há problemas na obra, estes podem ser de origens da execução ou
do projeto. Como o processo construtivo envolve várias etapas e cada uma com
a respectiva supervisão, quando um erro passa despercebido em alguma delas,
este pode ficar acumulado no decorrer da construção e provocar sérios riscos à
edificação antes mesmo da conclusão.

Atualmente, com o avanço da tecnologia dos materiais nas construções


e técnicas construtivas, os edifícios têm ficado cada vez mais esbeltos e menos
contraventados, o que os torna mais leves e de menor orçamento. No entanto, os
erros também vêm aumentando (THOMAZ, 2003).

87
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Thomaz (2003) ainda ressalta que, no Brasil, não há um fiel registro


dos problemas patológicos nas construções, mas que em outros lugares, como
na Bélgica, com base em problemas patológicos, concluiu-se que os problemas
pesquisados eram originados de 46% de falhas de projetos, 22% de falhas de
execução e 15% de baixa qualidade dos materiais empregados na construção.

Segundo Oliveira (2012), fissuras são manifestações patológicas e,


geralmente, são causadas por tensões dos materiais. Se estes tiverem um esforço
maior que sua resistência, ocorre falha que provoca uma abertura, e conforme
sua espessura será classificada como fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha.

QUADRO 3 – DEFINIÇÕES SEGUNDO A MEDIDA DAS ABERTURAS

ANOMALIAS ABERTURAS (mm)


Fissura Até 0,5
Trinca De 0,5 a 1,5
Rachadura De 1,5 a 5,0
Fenda De 5,0 a 10,0
Brecha Acima de 10,0
FONTE: Oliveira (2012, p.10)

Vitório (2003, p. 26) relaciona algumas causas mais usuais do fissuramento


das estruturas:

• Cura mal realizada: ressecamento.


• Retração.
• Variação de temperatura.
• Agressividade do meio ambiente.
• Carregamento.
• Erros de concepção.
• Mal detalhamento do projeto.
• Erros de execução.
• Recalques dos apoios.
• Acidentes.

Os quadros a seguir apresentam um resumo das diferentes configurações


das fissuras ocorridas em alvenarias e as prováveis causas geradoras de cada uma
dessas tipologias (TAGUCHI, 2010).

88
TÓPICO 2 | PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS

QUADRO 4 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE FISSURAS POR SOBRECARGA

SOBRECARGAS Fissuras causadas por sobrecargas

Fissuras verticais induzidas por


sobrecargas

Fissuras horizontais por sobrecargas

Fissuras por sobrecarga em apoios

Fissuras por sobrecarga em pilares


de alvenaria

Fissuras por sobrecarga em torno de


aberturas

FONTE: Taguchi (2010, p. 33)

89
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

QUADRO 5 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE FISSURAS TÉRMICAS

Fissuras causadas por variações de


TÉRMICAS
temperatura

Fissuras horizontais por movimentação


térmica da laje

Fissuras inclinadas por movimentação


térmica da laje

Fissuras inclinadas em paredes transversais


por movimentação térmica da laje

Fissuras verticais por movimentação


térmica da laje

Fissuras inclinadas por movimentação


térmica da estrutura de concreto armado

Fissuras de destacamento por


movimentação térmica da estrutura de
concreto

90
TÓPICO 2 | PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS

Fissuras verticais por movimentação


térmica da alvenaria

Fissuras de destacamento de platibanda por


movimentação térmica

FONTE: Taguchi (2010, p. 34)

QUADRO 6 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE RETRAÇÃO – EXPANSÃO

Fissuras causadas por retração e


RETRAÇÃO – EXPANSÃO
expansão

Fissuras horizontais em paredes por


retração da laje

Fissuras na base de paredes por


retração da laje

Fissuras verticais em paredes por


retração da laje

Fissuras de destacamento de paredes


de alvenaria por retração

91
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Fissuras verticais em paredes por


retração da alvenaria

Fissuras horizontais por expansão da


alvenaria

Fissuras verticais por expansão da


alvenaria

FONTE: Taguchi (2010, p. 35)

QUADRO 7 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DAS FISSURAS DEVIDO ÀS DEFORMAÇÕES

Fissuras causadas por deformação de


DEFORMAÇÕES
elementos da estrutura de concreto armado

Fissuras em paredes por deformação do


apoio

Fissuras em paredes por deformação das


vigas de apoio e superior

Fissuras em paredes por deformação da viga


superior

92
TÓPICO 2 | PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS

Fissuras em paredes com aberturas por


deformação da estrutura

Fissuras em paredes por deformação de


balanços

Fissuras horizontais em paredes por


deformação da laje de cobertura

FONTE: Taguchi (2010, p. 36)

QUADRO 8 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE FISSURAS DEVIDO AO RECALQUE DAS FUNDAÇÕES

Fissuras causadas por recalque de


RECALQUE FUNDAÇÕES
fundações

Fissuras causadas por recalque de


fundações segundo um eixo principal

Fissuras causadas por recalque de


fundações fora de um eixo principal

93
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Fissuras verticais em peitoris por


flexão negativa

Fissuras verticais junto ao solo por


ruptura das fundações

Fissuras inclinadas em prédios


estruturados

FONTE: Taguchi (2010, p. 37)

QUADRO 9 – FISSURAS CAUSADAS POR REAÇÕES QUÍMICAS E DETALHES CONSTRUTIVOS

REAÇÕES QUÍMICAS Fissuras causadas por reações químicas

Fissuras horizontais por expansão da


argamassa

Fissuras causadas por detalhes


DETALHES CONSTRUTIVOS
construtivos

Fissuras por ancoragem de elementos


construtivos

Fissuras por deficiência de amarração

FONTE: Taguchi (2010, p. 38)

94
TÓPICO 2 | PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS

Não construímos pensando nos defeitos, não é mesmo? Errado! Assim como
compramos um automóvel com os itens de segurança incluídos, uma edificação
é planejada e projetada com materiais e procedimentos que visam à qualidade
e à garantia. Pelo menos é o que deveria ocorrer em todas as construções, mas,
ocasionalmente, algo sai do planejamento e um problema aparece. Quando surge
durante a construção é um pouco mais viável de ser reparado, embora qualquer
imprevisto possa gerar inúmeras perdas. Mas, e quando os problemas surgem
após a conclusão da obra? Não tenha dúvidas, o problema é dobrado e os gastos
também. Por esse motivo, o controle de uma construção deve ser minucioso e
criterioso.

A prevenção de fissuras nos edifícios, como não poderia deixar de


ser, passa obrigatoriamente por todas as regras de bem planejar, bem
projetar e bem construir. Mais ainda, exige um controle sistemático
e eficiente da qualidade dos materiais e dos serviços, uma perfeita
harmonia entre os diversos projetos executivos, estocagem e manuseio
corretos dos materiais e componentes no canteiro de obras, utilização
e manutenção corretas do edifício etc. (THOMAZ, 2003, p. 127).

FIGURA 15 – ENFERMIDADE – DIAGNÓSTICO

FONTE: Piancastelli (1999 p. 3)

Para recuperar patologias em edificações é necessário ter ciência de como


a construção foi executada, dos materiais utilizados, ensaios feitos e mão de
obra utilizada. Assim, diante dos projetos e relatórios é possível diagnosticar a
procedência da anomalia e buscar soluções cabíveis com melhor custo benefício.
Porém, se não houver informações suficientes da construção onde o técnico
foi solicitado a diagnosticar alguma patologia, o problema fica um pouco mais
complicado.

É nesse momento que não pode haver barganha, nem desprezo de mão de
obra técnica especializada, pois são justamente as respostas que diferenciam um
técnico de uma pessoa que “quebra o galho”. Porque este, normalmente, chega ao
local solicitado, faz a análise visual da área, às vezes usa a chave do seu chaveiro
para verificar alguma fragilidade e uma caneta para medir alguma dimensão e
depois de uma avaliação personalizada comenta algo sem solução definida.

95
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Uma vistoria técnica responsável registra as informações possíveis sobre


a construção; se estas não forem suficientes, o técnico solicita um ensaio cabível
para a situação e, antes de mais nada, se o problema oferecer riscos à vida é
solicitada a interdição pelo técnico, ou isolamento, ou ainda escoramento da área
comprometida até sua recuperação.

Quando é necessário algum ensaio para saber o volume do problema


no interior da estrutura ou em alguma área, o técnico avalia a necessidade de
usar algum que agrida ou altere a configuração da superfície a ser analisada,
ou o profissional utiliza alguma técnica não destrutiva de ensaio. O mercado
vem crescendo nesse setor e há várias tecnologias que diagnosticam em poucos
minutos alguma anomalia ou sua procedência.

Em consulta à Associação Brasileira de Ensaios não Destrutíveis – ABENDI


– foi possível observar que existem várias modalidades de END (ensaios não
destrutíveis), os mais utilizados no mercado atualmente são:

• Ensaio visual.
• Emissão acústica.
• Partículas magnéticas.
• Radiografias.
• Correntes parasitas.
• Estanqueidade.
• Métodos esclerométricos.
• Análise de vibrações.
• Ultrassom.
• Líquidos penetrantes.

Para Almeida, Barata e Barros (1992), os ensaios destrutivos e não
destrutivos se complementam. As seguintes vantagens dos ensaios não
destrutivos, em relação aos ensaios destrutivos, são:

• Permitem praticar a inspeção 100%.


• Fornecem resultados a todo o volume de uma peça.
• Contribuem para melhorar o projeto de uma peça.
• Previnem a ocorrência de falhas em serviço.
• Permitem a detecção e caracterização de defeitos.
• Permitem fazer a caracterização de materiais.
• Permitem fazer a sua caracterização por verificação das dimensões.

As desvantagens dos ensaios destrutivos:

• Provocam a destruição das peças.


• Fornecem resultados que correspondem à inspeção de uma área específica da
peça e não a todo o volume dela.
• Não refletem a qualidade de todas as peças de um lote.

96
TÓPICO 2 | PROCESSOS USUAIS DE REFORÇO E PREVENÇÃO DE FISSURAS

Após análise minuciosa da construção e da patologia, o responsável


técnico avalia o método mais viável de recuperação disponível no mercado,
otimizando prazo de execução com o orçamento da obra de recuperação.

O engenheiro ou o técnico especializado em recuperação estrutural não


ignoram fissura alguma, e reconhecem a procedência de alguns problemas
justamente pela localização e pelo sentido das fissuras. Lembrando que fissuras
são apenas um tipo de anomalia. Existem muitas outras, dentre elas:

• Eflorescências.
• Desagregações.
• Fissurações.
• Falhas de concretagem.
• Deformabilidade excessiva.
• Manchas de umidade.
• Bolor e/ou outros micro-organismos.
• Vibração excessiva.
• Mudanças de coloração.
• Deslocamentos.

FIGURA 16 – EFLORESCÊNCIA EM ENCONTRO DE VIGAS

FONTE: A autora

Segundo Oliveira (2012), fissuras são manifestações patológicas e


geralmente são causadas por tensões dos materiais. Se estes tiverem um esforço
maior que sua resistência, ocorre falha que provoca uma abertura, e conforme
sua espessura será classificada como fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha.

97
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

DICAS

Para saber mais sobre os diferentes tipos de patologia e recuperação,


recomendamos a leitura do livro de Vicente de Souza e Thomaz Ripper, Patologia,
recuperação e reforço de estruturas de concreto.
RIPPER, T; SOUZA, V. C. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São
Paulo: PINI, 1998.

Segundo Thomaz (2003), as obras de reparo e recuperação geralmente


são difíceis, caras, demoradas e incômodas, quando são possíveis. Assim, o
mais eficiente a ser feito é que os profissionais atuem diretamente nas causas do
problema, utilizando todas as técnicas de modo eficaz durante a construção ou na
recuperação. Caso contrário, a charge a seguir sugere como “consolo” a seguinte
ideia:

FIGURA 17 – SOLUÇÃO ALTERNATIVA PARA O PROBLEMA DAS FISSURAS

FONTE: Thomaz (2003, p.174)

98
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Para elaborar um projeto de construção, deve-se respeitar as normas e os


padrões técnicos. Um projeto arquitetônico básico é composto por:
ᵒ planta baixa de cada pavimento;
ᵒ cortes transversais e longitudinais;
ᵒ planta das fachadas principais;
ᵒ planta de cobertura; e
ᵒ planta de situação.

• Há erros de construção e estes vão do projeto à escolha dos materiais até a sua
execução.

• Há diversos tipos de causas para a anomalia identificada pela fissura e que, se


bem identificada é possível, com conhecimentos técnicos, efetuar a recuperação
na maioria dos casos.

99
AUTOATIVIDADE

1 (IESES, 2017) Quando uma edificação não apresenta um desempenho


adequado ela está sujeita a diferentes tipos de patologias que se manifestam
externamente. Entre estas formas de manifestação estão as fissuras. Na figura
a seguir estão representas três tipos de fissuras que ocorrem nas paredes de
alvenaria. Analise as assertivas abaixo relacionadas a estas fissuras e assinale
a única alternativa correta.
FONTE: <https://arquivos.qconcursos.com/prova/arquivo_prova/56071/ieses-2017-igp-
sc-perito-criminal-engenharias-prova.pdf?_ga=2.6256752.2130306050.1568055989-
1595872328.1568055989>. Acesso em: 17 out. 2019.

I- A fissura do tipo 3 está relacionada a recalques diferenciados da fundação.


II- A fissura do tipo 1 está relacionada a esforços de tração advindos da elevação
de temperatura na laje.
III- A fissura do tipo 2 está associada à presença de umidade no solo.

a) ( ) Todas as assertivas estão corretas.


b) ( ) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
c) ( ) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
d) ( ) Todas as assertivas estão incorretas.

2 (Prefeitura de Luís Correia – PI, 2018) Observe os itens a seguir sobre o


Habite-se e marque a alternativa correta:
FONTE: https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/27151284/76b0f2966e59/fiscal_de_
obras.pdf>. Acesso em: 17 out. 2019.

I- É possível conseguir a escritura de um imóvel mesmo que este não possua o


Habite-se.
II- O Habite-se é um documento que visa garantir que o imóvel foi construído
de acordo com as exigências da cidade em que a obra foi concebida.
III- O Habite-se garante que o projeto seguiu os parâmetros exigidos pela
legislação local.

100
a) ( ) I, II e III.
b) ( ) II.
c) ( ) I.
d) ( ) II e III.

101
102
UNIDADE 2 TÓPICO 3
SISTEMAS CONSTRUTIVOS

1 INTRODUÇÃO
Com o avanço da tecnologia e ideias disponíveis na internet, quando se
fala em construir algo, o construtor logo pensa qual sistema construtivo adotará.
No entanto, para edificar algo normalizado, existem apenas algumas opções
clássicas e com padrões normativos para projetar e executar um imóvel.

Mas quem não pensou em ousar numa construção ou superar alguns


conceitos? Há sites com inúmeras dicas e imagens que parecem até surreais.
Imagine-se morando numa caixa metálica ou em um corredor de papel ou até
mesmo num túnel de terra? Por outro lado, há construtores que não inovam,
projetam o clássico com padrões populares ou sofisticados, sempre dentro do
mesmo sistema tradicional, mas entre a inovação extrema e o conservadorismo
clássico, o que precisa ser priorizado? Nada mais, nada menos que a segurança
do sistema construtivo.

Mas, o que é sistema construtivo?

Segundo Weidle (1995, p. 21), a definição de sistema construtivo trata


do conjunto de elementos que definem a estrutura da edificação. A obra pode
ser construída com a estrutura de concreto armado, metálica ou de madeira. A
alvenaria estrutural tem sido muito adotada na última década pela viabilidade
e suas particularidades. Mas essas opções são as que já possuem normatizações
e critérios de produção. Porém, há no mercado, atualmente, empresas e
profissionais com novas técnicas e com conceitos mais sustentáveis, mas sem
ensaios tecnológicos suficientes para todas as abordagens de esforços.

DICAS

Para saber mais sobre definições de sistemas construtivos, acesse: https://


www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sistemas-construtivos/.

103
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

No Brasil, existem algumas técnicas e modalidades de construção que


incluem processos mais modernos e materiais diferentes, sustentáveis ou com
melhor custo-benefício.

2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS CONVENCIONAIS


“O sistema convencional é formado por pilares, vigas e lajes de concreto
armado, sendo que os vãos são preenchidos com tijolos cerâmicos para vedação”
(VASQUES; PIZZO, 2014, p. 3). As construções são projetadas para que tenhamos
níveis de desempenho satisfatório ao longo de sua vida útil. Assim, é necessário
que durante e após a conclusão das obras e no período de operação, que esses
níveis de desempenho sejam monitorados para atender à integridade da
construção, como fatores de deterioração pelo intemperismo, desgaste natural,
fadiga sobre solicitações, operações inadequadas e alterações ambientais.

As normas técnicas são elaboradas com o objetivo de regulamentar


a qualidade, a classificação, a produção e o emprego dos diversos materiais e
serviços. São revisadas conforme a evolução da técnica aplicada. No Brasil, a
normalização cabe à ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, sociedade
civil sem fins lucrativos, mantida por sócios em todo o país. Sua sede está no
Rio de Janeiro. A ABNT se dedica à elaboração de normas técnicas, sua difusão
e incentivo. Essas normas devem ser complementadas por outras normas que
fixam critérios específicos.

Para campos mais restritos, outras entidades também possuem o mesmo


objetivo, tais como:

• ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland.


• ABCI – Associação Brasileira de Construções Industrializadas.
• ABESC – Associação Brasileira dos Serviços de Concretagem.
• ABECEM – Associação Brasil.
• Em outros países, diversas associações regulamentam assuntos técnicos:
ᵒ nos EUA existem diversas associações, à ASTM – American Society for Testing
Material cabe especificar materiais e à AWS – American Welding Society,
especifica-se soldagem;
ᵒ na Alemanha à DIN – Deustche Normenausschuss;
ᵒ na Inglaterra à BS – British Stendards Institution;
ᵒ essas entidades são coordenadas pela ISO – International Organization for
Standardization, através de normas de gestão.

104
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

QUADRO 10 – PRINCIPAIS REFERÊNCIAS NORMATIVAS E CONVENCIONAIS DE SISTEMAS


CONSTRUTIVOS

TIPO NORMA TÍTULO OBJETIVO


Projeto e execuçãoEstabelecer os requisitos para o
de estruturas de projeto, a execução e o controle
NBR 9062
concreto pré- de estruturas de concreto pré-
moldado moldado, armado ou protendido.
Fixar os requisitos básicos
exigíveis para projeto de
Projeto de
estruturas de concreto simples,
estruturas de
NBR 6118 armado e protendido, excluídas
concreto –
aquelas em que se empregam
Procedimento
concreto leve, pesado ou outros
especiais.
Estrutura Estabelecer os requisitos gerais
de para a execução de estruturas
concreto Execução de de concreto. Em particular,
armado estruturas de essa norma define requisitos
NBR 14931
concreto – detalhados para a execução de
Procedimento obras de concreto, cujos projetos
foram elaborados de acordo com
a ABNT NBR 6118.
Fixar as condições especiais
Execução de que devem ser observadas na
desenhos para execução de desenhos técnicos
NBR 7191 obras de concreto para obras de concreto simples
simples ou ou armado. As condições gerais
armado e os significados nessa norma são
os fixados pela ABNT NBR 5984.

105
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Essa norma, com base no método


Projeto de dos estados-limites, estabelece
estruturas de aço os requisitos básicos que devem
e de estruturas ser obedecidos no projeto
NBR 8800
mistas de aço à temperatura ambiente de
e concreto de estruturas de aço e de estruturas
edifícios mistas de aço e concreto de
edificações.
Essa norma, com base no
método dos estados-limites,
Projeto de
estabelece os requisitos para o
estruturas de aço
projeto das estruturas de aço e
e de estruturas
das estruturas mistas de aço e
mistas de aço
NBR 14323 concreto em situação de incêndio
e concreto de
de edificações cobertas pelas
edifícios em
NBR 8800 e NBR 14762, conforme
situação de
os requisitos de resistência ao
incêndio
fogo, prescritos pela NBR 14432
ou legislação brasileira vigente.
Fixar os requisitos exigíveis na
Estrutura verificação da segurança das
metálica estruturas usuais da construção
civil e estabelecer as definições
e os critérios de quantificação
Ações e segurança
das ações e das resistências a
NBR 8681 nas estruturas –
serem consideradas no projeto
Procedimento
das estruturas de edificações,
quaisquer que sejam sua classe
e destino, salvos os casos
previstos em normas brasileiras
específicas.
Essa norma, com base no método
dos estados-limites, estabelece os
requisitos básicos que devem ser
Dimensionamento obedecidos no dimensionamento
de estruturas de à temperatura ambiente, de perfis
NBR 14762 aço constituídas estruturais de aço formados a
por perfis frio, constituídos por chapas
formados a frio ou tiras de aço-carbono ou aço
de baixa liga, conectados por
parafusos ou soldas e destinados
a estruturas de edifícios.

106
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Fixar as condições gerais que


devem ser seguidas no projeto,
na execução e no controle das
estruturas correntes de madeira,
Projeto de
tais como pontes, pontilhões,
NBR 7190 estruturas de
coberturas, pisos e cimbres. Além
Estrutura madeira
das regras dessa norma, devem
de
ser obedecidas as de outras
madeiras
normas especiais e as exigências
peculiares a cada caso particular.
Fixar as condições exigíveis para
Pregos comuns
a fabricação e fornecimento de
NBR 6627 e arestas de aço
pregos e arestas, de aço de baixo
para madeiras
teor de carbono.
Projeto e execução Estabelecer os requisitos para o
de estruturas de projeto, a execução e o controle
NBR 9062
concreto pré- de estruturas de concreto pré-
moldado moldado, armado ou protendido.
Estabelecer os requisitos e
Painéis de parede procedimentos a serem atendidos
de concreto no projeto, na produção e na
NBR 16475 pré-moldado montagem de painéis de parede
Pré- – Requisitos e pré-moldados que se enquadram
moldado procedimentos nos critérios de classificação
estabelecidos na Seção 5.
Especificar os requisitos para
os elementos pré-fabricados
Lajes pré- estruturais quanto à fabricação,
NBR 14859 fabricadas de recebimento e utilização dos
concreto componentes empregados
na construção de lajes, para
qualquer tipo de edificação.

107
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Essa norma dividida em partes,


Alvenaria especifica os requisitos mínimos
NBR 15961 estrutural – Blocos exigíveis para o projeto de
de concreto estruturas de alvenaria de blocos
de concreto.
Essa norma, dividida em partes,
estabelece os requisitos mínimos
exigíveis para o projeto de
estruturas de alvenaria de blocos
Alvenaria
cerâmicos. Essa parte da NBR
NBR 15812 estrutural – Blocos
15812 também se aplica à análise
cerâmicos
Alvenaria do desempenho estrutural de
estrutural elementos de alvenaria de blocos
cerâmicos inseridos em outros
sistemas estruturais.
Especificar o perfil de
Qualificação competência para o pedreiro de
de pessoas vedação, alvenaria estrutural,
no processo revestimento vertical externo,
NBR 15968 construtivo para revestimento horizontal
edificações – Perfil (contrapiso/piso) e revestimento
profissional do vertical interno e para o
pedreiro de obras encarregado de pedreiro de
obras.
FONTE: A autora

A construção técnica aplica os padrões normativos em todas as etapas


construtivas. Os projetos adotam os parâmetros da NBR 15575, que tem como
objetivo estabelecer os requisitos e critérios de desempenho aplicáveis às
edificações habitacionais, como um todo integrado, bem como a serem avaliados
de forma isolada para um ou mais sistemas específicos, assim como na aquisição
de profissionais qualificados no processo construtivo para edificação (ABNT,
2013b).

2.1 CONCRETO ARMADO COM ALVENARIA DE VEDAÇÃO


Existem diversos sistemas construtivos no Brasil e o mais utilizado
é o método de alvenaria de vedação com estrutura de concreto armado. Essas
alvenarias podem ser compostas de tijolos cerâmicos ou blocos de concreto unidos
entre si com uma mistura cimentícia chamada argamassa. Esse sistema não requer
mão de obra com qualificação especializada, por isso se torna economicamente
mais viável, porém a ocorrência de erros é maior também. Segundo Pereira (2018),
esse tipo de sistema possui pontos positivos e negativos, tais como:

108
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

• Vantagens:
ᵒ suporta grandes vãos;
ᵒ grande disponibilidade de mão de obra e materiais;
ᵒ pouco exigência de qualificação da mão de obra;
ᵒ facilita futuras reformas e mudanças no projeto.
• Desvantagens:
ᵒ maior custo;
ᵒ muito peso;
ᵒ maior tempo de execução;
ᵒ gera muitos resíduos.

FIGURA 18 – PRÉDIO EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO E ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO

FONTE: <http://www.ebanataw.com.br/roberto/seguros/construcaoCLASSE1.htm>. Acesso em:


17 out. 2019.

Assim como a estrutura de concreto armado é fechada e isolada com


alvenaria, a estrutura metálica também. No entanto, as técnicas estruturais
possuem métodos particulares em cada método de construção. Embora as
alvenarias sejam feitas com os mesmos parâmetros, a finalização das paredes nas
estruturas metálicas possui afastamentos que respeitam o trabalho de dilatação
dos elementos metálicos da estrutura.

109
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

FIGURA 19 – PRÉDIO EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO E ESTRUTURA METÁLICA

FONTE: <http://guimaraesconstrucao.com.br/?portfolio=construcao-de-predio-em-estrutura-
metalica-e-alvenaria-2>. Acesso em: 17 out. 2019.

FIGURA 20 – DETALHE DE ALVENARIA COM A ESTRUTURA METÁLICA

FONTE: Salgado (2018, p. 124)

2.2 ESTRUTURA METÁLICA


A estrutura metálica é constituída por elementos como o aço, inox e ferro.
De acordo com a demanda de carga da edificação, a estrutura será projetada com o
perfil no teor de carbono ideal para atingir a resistência necessária. Essa estrutura
requer mão de obra especializada e materiais apropriados para adequação do
projeto, tornando uma obra às vezes cara e seletiva.

Como visto no subtópico anterior, o conceito estrutural é similar ao sistema


de concreto armado com fundações, pilares, vigas e lajes. No entanto, devido
às propriedades do aço, o sistema de estrutura metálica possui características
pertinentes as suas propriedades, tais como:

• Dispensa formas.
• O comprimento dos vãos é bem maior.

110
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

• A estrutura é mais esbelta.


• O prazo de execução é menor se comparado ao concreto armado.

Os perfis laminados são produzidos em siderúrgicas com dimensões e


resistência conforme projeto solicitado. O material não é barato, porém o custo-
benefício prevalece na escolha desse sistema de construção dependendo do
projeto e orçamento.

FIGURA 21 – ESTRUTURA METÁLICA CLÁSSICA UTILIZADA NA CONSTRUÇÃO DE PRÉDIO

FONTE: <https://www.escolaengenharia.com.br/estrutura-metalica/>. Acesso em: 17 out. 2019.

DICAS

Para saber mais sobre execução de estruturas de aço, acesse: https://site.abece.


com.br/download/pdf/FolderExecucao10.12.pdf.

Porém, não é somente em grandes prédios, galpões, estádios ou pontes


que a estrutura metálica é muito utilizada, os recursos e benefícios desse sistema
construtivo também podem ser aplicados para construção de residências de
pequeno, médio ou grande porte.

O Steel Frame é um sistema construtivo industrializado e racionalizado.


Sua estrutura é formada por perfis de aço galvanizado e seu fechamento é feito
por meio de placas cimentícias, de madeira ou drywall. A principal diferença
do Steel Frame para os outros sistemas é a limpeza do canteiro de obras, pois a
geração de resíduos é mínima e não há necessidade do uso de água (PEREIRA,
2018). Pereira (2018) informa também que o sistema Steel Frame possui pontos
positivos e negativos, tais como:

111
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

• Vantagens:
ᵒ agilidade na construção;
ᵒ redução do peso da estrutura;
ᵒ maior precisão na execução;
ᵒ melhor isolamento térmico e acústico;
ᵒ menor custo.
• Desvantagens:
ᵒ limite de pavimentos;
ᵒ dificuldade de encontrar mão de obra especializada.

FIGURA 22 – CONSTRUÇÃO COM STEEL FRAME

FONTE: <http://www.brasilengenharia.com/portal/noticias/destaque/12449-light-steel-frame-
uma-revolucao-silenciosa-no-setor-da-construcao-civil>. Acesso em: 17 out. 2019.

DICAS

Para saber mais sobre Steel Frame, acesse: https://plastbrinq.com.br/steel-


frame/.

2.3 ESTRUTURA DE MADEIRA


O método de construção do Wood Frame é muito parecido com o Steel
Frame. A diferença é que no lugar dos perfis de aço galvanizado são utilizados
perfis de madeira, normalmente de reflorestamento, como o pinus. Esse sistema
construtivo é constituído por perfis de madeira maciça, contraventados com
chapas de OSB e estrutura de madeira autoclavada, com função de proteger a
edificação de cupins e umidade (PEREIRA, 2018). O autor diz ainda que esse
sistema construtivo possui pontos positivos e negativos, tais como:

112
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

• Vantagens:
ᵒ canteiro de obras organizado e limpo;
ᵒ uso de madeira de reflorestamento, única matéria-prima renovável da
construção civil;
ᵒ ótimo desempenho acústico e térmico;
ᵒ agilidade na construção;
ᵒ redução de geração de resíduos;
ᵒ baixo custo.
• Desvantagens:
ᵒ mão de obra especializada;
ᵒ limites de pavimentos;
ᵒ maiores cuidados com impermeabilização.

FIGURA 23 – CONSTRUÇÃO COM WOOD FRAME

FONTE: <https://glaucodinizduarteviagens.com.br/2019/02/19/glauco-diniz-duarte-estados-
unidos/>. Acesso em: 17 out. 2019.

DICAS

Para saber mais sobre estruturas de madeira, acesse: http://www.fiepr.org.br/


para-empresas/conselhos/base_florestal/uploadAddress/Wood%20frame[15468].pdf.

2.4 ESTRUTURA PRÉ-MOLDADA


Esse método é muito adotado para edificações sem muito espaço de
canteiro de obras, sustentabilidade para grandes demandas de cargas construtivas
ou mesmo para o melhor planejamento com prazos determinantes.

113
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

A pré-fabricação das estruturas de concreto é um processo industrializado


com grande potencial para o futuro. Todavia, geralmente a pré-fabricação ainda é
vista por projetistas inexperientes como se fosse apenas uma variante técnica das
construções de concreto moldadas no local. Nesse caso, a pré-fabricação significa
apenas que partes da edificação são pré-moldadas em usinas fora do canteiro,
para serem montadas depois na obra, como se o conceito inicial de uma estrutura
moldada no local fosse obtido novamente. Esse ponto de vista é completamente
errôneo. Todo sistema construtivo tem suas próprias características, que
influenciam mais ou menos no layout da estrutura: largura do vão, sistemas de
estabilidade etc. Para conseguir melhores resultados, o projeto deveria, desde o
início, respeitar as demandas específicas e particulares estruturais dos sistemas
construtivos pré-moldados (ACKER, 2003).

Geralmente, as edificações que adotam esse sistema construtivo possuem


um grande volume e prazos fixos, como shoppings, universidades, fábricas e
grandes lojas.

FIGURA 24 – CONSTRUÇÃO PRÉ-FABRICADA

FONTE: <http://www.zanollin.com.br/estruturas-de-concreto/estruturas-de-concreto/estrutura-
de-concreto-para-casas/estruturas-de-concreto-construcao-civil-marilia>. Acesso em: 17 out.
2019.

DICAS

Para saber mais sobre estruturas pré-fabricadas, acesse: http://www.ifbauer.


org.br/noticia/pre-fabricados-de-concreto-6.

114
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS NÃO CONVENCIONAIS


Com a definição de sistemas construtivos e conhecimento de normas
visando à segurança e garantia das edificações, técnicos e construtores vêm
implementando modernidade com sustentabilidade, e materiais como bambu,
garrafas PET e terra tornaram-se elementos estruturais para algumas construções,
porém os sistemas construtivos que não são normatizados ou não seguem um
padrão de normas exclusivas, são considerados não convencionais.

Você já deve ter ouvido falar da flexibilidade e resistência do bambu como


índices de comparação para força e resistência, certo? Pois bem, a prática mostra
muitos resultados positivos, e pessoas têm usado esse elemento encontrado
na natureza para construírem postes, pontes, torres e até residências. Pouco
ainda se conhece de normas que garantam as propriedades do bambu, mas há
inúmeros pesquisadores que defendem e comprovam a eficácia desse material
para utilização na construção civil. Há muitos trabalhos técnicos e acadêmicos
sobre esse assunto na internet.

FIGURA 25 – CONSTRUÇÃO COM ESTRUTURA DE BAMBU

FONTE: ABNT (2018, p. 14)

DICAS

Para mais informações sobre construções com bambu, acesse: https://www.


scia.net/sites/default/files/thesis/construcoes_de_bambu_-_debora_0.pdf.

115
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Outro sistema utilizado por alguns construtores que adotam a ideia do


pré-fabricado são os containers, uma vez em que a estrutura da caixa já vem
pré-definida. Um container nada mais é do que uma caixa metálica destinada
ao armazenamento de peças e materiais, e atualmente vem ganhando novas
utilidades, seja para uma repartição em um canteiro de obras, para abrigar pessoas
durante um evento (como uma feira, por exemplo) ou até mesmo servir como
moradia para alguma família em algum lugar. Essa ideia já é muito utilizada em
países europeus e no Canadá, e aqui no Brasil vem ganhando espaço há alguns
anos.

Mas se você está achando desconfortável habitar numa caixa metálica em


lugares frios ou em estações com altas temperaturas, observe que profissionais,
como engenheiros e arquitetos que se especializam para construir com esse
recurso estrutural, desenvolvem todo um sistema técnico para isolamento
de acústica e térmica, instalações hidrossanitárias e até mesmo estilizar com o
concreto e madeira para melhor acabamento.

FIGURA 26 – PRÉDIO MONTADO COM CONTAINERS

FONTE: <https://www.homify.com.br/foto/1921372/estudo-1-vista-longitudinal>. Acesso em: 17


out. 2019.

DICAS

Para mais informações sobre construções com container, acesse:


http://www.sp.senac.br/blogs/revistainiciacao/wp-content/uploads/2015/12/128_IC_
corre%C3%83%C2%A7%C3%83%C2%B5es-do-autor.pdf.

116
TÓPICO 3 | SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Continuando com a ideia do pré-fabricado e sistema alternativo de


construção com sustentabilidade, vamos falar do ADOBE, conhecido também
como earthbag, superadobe ou hiperadobe. Esse método consiste na técnica de
empilhar terra ensacada, como utilizada pelos militares, para criarem barreiras
contra inundações ou barricadas de proteção nos campos de batalha.

A construção de alvenarias estruturais com a utilização de terra é muito


antiga e utilizada em várias partes do planeta. Com uma breve pesquisa é
possível encontrar castelos no deserto, muralhas em largos campos e casas em
áreas rurais. Por ser um método simples, ecológico, resistente e econômico,
muitas pessoas, sem grandes conhecimentos técnicos, podem executá-lo: bastam
algumas ferramentas, sacos ecológicos especiais, arame farpado e espaço com
grande quantidade de argila ou terra boa, já que a obra demanda material
suficiente para montar todo o volume das paredes, que por sua vez precisam ser
bem mais largas que as alvenarias padrões para garantir a estabilidade e ajuda no
conforto térmico interno da construção depois de pronta.

O acabamento desse tipo de construção pode ser rústico como uma


taipa ou revestido com argamassa e cerâmica, como as construções urbanas. A
cobertura pode ser feita do mesmo método, já que este atende a grandes cargas
devido ao alto índice de compressão ou outros tipos de estruturas, como a de
madeira e telhados.

FIGURA 27 – RESIDÊNCIA CONSTRUÍDA COM O SISTEMA SUPERADOBE

FONTE: <https://construcaodicas.wordpress.com/2015/07/24/como-construir-com-sacos-de-
terra/>. Acesso em: 17 out. 2019.

117
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

DICAS

Para mais informações sobre construções com superadobe, acesse: http://


portalvirtuhab.paginas.ufsc.br/hiperadobe/.

As possibilidades e os sistemas construtivos são inúmeros, no entanto, para


uma construção ser técnica, mesmo que não seja normativa ainda, precisa atender
a alguns critérios de segurança e estrutura. Você se lembra qual é a norma que
dita os procedimentos de ações e segurança nas estruturas? Isso mesmo! A tabela
das principais referências normativas e convencionais de sistemas construtivos
à NBR 8681, que atende a todos os tipos de estruturas, auxilia qualquer sistema
construtivo possível de ser executado (ABNT, 2004b). Dependendo da elaboração
do projeto é viável pesquisar normas, artigos técnicos e profissionais que estejam
de acordo com a metodologia de construção escolhida, mesmo que inovadora.

E você, já pensou em inovar alguma construção? A figura a seguir é para


lhe proporcionar ideias. Bons estudos.

FIGURA 28 – CASA DE CABEÇA PARA BAIXO

FONTE: <http://vogbee.com/br/essas-sao-as-12-casas-mais-incriveis-do-mundo/12/>. Acesso


em: 17 out. 2019.

118
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Há sistemas de construções normatizadas, ou seja, que atendem às normas


de padrão como a ABNT, em nível nacional, e sistemas que não atendem às
convenções normatizadas.

• Ambas precisam ser sustentáveis, duráveis e seguras.

• Sistemas construtivos convencionais podem ser:


ᵒ estruturas de concreto armado ou aço;
ᵒ estruturas de madeira;
ᵒ estruturas pré-fabricadas.

• Sistemas construtivos não convencionais podem ser:


ᵒ estruturas com bambu;
ᵒ estruturas com adobe;
ᵒ containers.

119
AUTOATIVIDADE

1 (TRF - 1ª REGIÃO, 2014) A NBR-15.575, enquanto Norma de desempenho,


busca atender às exigências dos usuários e refere-se especificamente a
sistemas que compõem edificações habitacionais, independentemente dos
seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado, e:
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/files-s3.iesde.com.br/resolucaoq/prova/prova/41684.
pdf.>. Acesso em: 17 out. 2019.

a) ( ) O objetivo, de modo diferente das normas prescritivas, é estabelecer


requisitos fundamentais com base no uso consagrado de produtos ou
procedimentos, buscando o atendimento às exigências dos usuários.
b) ( ) O foco da norma está nas exigências dos usuários para o edifício
habitacional e seus sistemas, considerando para tal o comportamento em
uso e a prescrição atualizada de como os sistemas são construídos.
c) ( ) A forma de estabelecimento do desempenho é comum e
internacionalmente pensada por meio da definição de requisitos, critérios
e métodos de avaliação, os quais sempre permitem a mensuração clara do
seu cumprimento.
d) ( ) A norma explora conceitos que, face à sua natureza conflitante
relativamente aos critérios de medições, são aplicáveis somente com base
nas condições do meio físico e da execução do empreendimento.
e) ( ) As normas de desempenho traduzem as exigências dos usuários em
termos de requisitos e critérios, o que permite orientar soluções tecnicamente
adequadas e, por isso, podem substituir as normas prescritivas.

2 (IFSC, 2017) Com relação às madeiras e estruturas de madeira, marque V


para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/files-s3.iesde.com.br/resolucaoq/prova/prova/42678.
pdf>. Acesso em: 17 out. 2019.

( ) As colunas de madeira podem ser de madeira roliça ou compostas por


elementos contínuos e justapostos.
( ) As madeiras não têm boa resistência à tração na direção das fibras.
( ) As ligações estruturais de peças de madeira podem ser feitas por: cola;
pregos; pinos; parafusos; conectares e entalhes.
( ) As peças de madeira têm comprimento limitado pelo tamanho das árvores
e meios de transporte.
( ) A resistência à compressão normal às fibras é maior que a resistência à
compressão paralela às fibras.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de cima para baixo.


a) ( ) V, F, V, V, F.
b) ( ) F, F, V, V, F.
c) ( ) V, V, V, V, V.
d) ( ) V, F, F, V, F.
e) ( ) V, F, V, V, V.
120
UNIDADE 2
TÓPICO 4

ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

1 INTRODUÇÃO
Existem diversos tipos de alvenarias em função de sua aplicabilidade. Já
falamos em alvenaria de vedação, aplicada para fechar, proteger e isolar uma
edificação, com paredes cuja finalidade é apenas dividir ambientes internos. As
alvenarias podem ser construídas ou simplesmente montadas com diversos tipos
de materiais e tratamentos.

Chamamos de alvenaria o conjunto de peças justapostas coladas em


sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um elemento
vertical coeso. Esse conjunto coeso serve para vedar espaços, resistir
a cargas oriundas da gravidade, promover segurança, resistir a
impactos, à ação do fogo, isolar e proteger acusticamente os ambientes,
contribuir para a manutenção do conforto térmico, além de impedir a
entrada de vento e chuva no interior dos ambientes (TAUIL; NESE,
2010, p. 55).

Porém, há paredes que possuem como principal característica estruturar


a edificação, ou seja, é a própria estrutura acima da fundação que não seja
a alvenaria. Estas possuem particularidades para que a obra não seja só um
amontoado de blocos ou tijolos e que pareça um jogo de lego gigante.

Salgado (2018) define alvenaria estrutural como um sistema construtivo


com a função de suportar os esforços estruturais da edificação, com a condição
principal de padronização dos blocos para a eficácia e segurança desse sistema
construtivo, uma vez que a modulação vertical e horizontal do projeto seja
primordial. Para a base de cálculo, o sistema usa a NBR 10837.

Tauil e Nese (2010) dividem a alvenaria estrutural em três tipos: alvenaria


não armada, alvenaria armada ou parcialmente armada e alvenaria protendida.
Para construir com o sistema de alvenaria como estrutura é recomendado um
projeto detalhado e de mão de obra qualificada.

Há também as alvenarias pré-fabricadas de concreto, com as medidas


e características definidas pelo projeto, que são construídas na empresa ou
indústria qualificada e transportadas até a obra para serem encaixadas conforme
orientação do projeto para atender às edificações modulares.

Construções históricas e milenares foram construídas em alvenaria


estrutural, como, por exemplo, o Parthenon, na Grécia. No Brasil, essa técnica
ganhou volume na década de 1980.

121
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

2 ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS


Para falar de alvenarias estruturais, inicialmente é preciso conhecer
algumas especificações e normas para entender como se aplica cada processo
da construção. As normas referentes à estrutura (NBR 15961, NBR 15812 e NBR
15968) foram citadas no tópico anterior, agora vamos citar algumas normas que
auxiliam e complementam as informações necessárias para projetar e executar
obras com este sistema.

QUADRO 11 – PRINCIPAIS NORMAS PARA ALVENARIA ESTRUTURAL

Essa norma estabelece os requisitos para


Blocos vazados de
NBR produção e aceitação de blocos vazados de
concreto simples para
6136 concreto simples, destinados à execução de
alvenaria
alvenaria com ou sem função estrutural.
Descrever procedimentos para uma
variedade de ensaios para determinação
da resistência da ligação por adesão,
desenvolvida pelo adesivo entre um
elemento de fixação de aço e a superfície
das paredes de um furo aberto no
Chumbadores de adesão concreto ou na alvenaria estrutural
química instalados em (incluindo os elementos da alvenaria,
NBR elementos de concreto ou o rejunte com argamassa e o graute), e
15049 de alvenaria estrutural para determinação dos efeitos sobre essa
– determinação do ligação de uma variedade de fatores,
desempenho incluindo temperatura elevada, incêndio,
radiação, umidade e ação de congelamento
e descongelamento. O especificador ou o
fabricante deve selecionar os ensaios que
são apropriados para um dado sistema de
ancoragem em relação a uma aplicação
específica.
Estabelecer os requisitos mínimos
exigíveis para especificação, recebimento,
dimensões e campos de aplicação em obras
NBR Bloco sílico-calcário para
de alvenaria estrutural ou de vedação, com
14974 alvenaria
ou sem revestimento, de blocos sílico-
calcários, e suas peças complementares de
fabricação nacional ou importadas.
Especificar métodos de ensaio para análise
Blocos vazados de dimensional e determinação da absorção
NBR concreto simples para de água, da área líquida, da resistência à
12118 alvenaria — métodos de compressão e da retração por secagem, em
ensaio blocos vazados de concreto simples para
alvenaria.
FONTE: A autora

122
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

Quando a parede possui a função estrutural, esta substitui os elementos


tradicionais de estruturas convencionais como pilares e vigas, pois as cargas
da edificação são verticalmente distribuídas de modo uniforme nas alvenarias
portantes, as que suportam as cargas, que por sua vez distribuem as cargas
uniformemente ao longo da fundação (TAUIL; NESE, 2010).

2.1 ALVENARIA NÃO ARMADA


Tauil e Nese (2010) explicam que esse tipo de alvenaria não recebe graute,
mas reforços de aço (barras, fios e telas) apenas por razões construtivas, nas
vergas de portas, vergas e contravergas de janelas e outros reforços construtivos
para aberturas. Esses aços também servem para evitar futuras patologias como
trincas e fissuras provenientes da acomodação da estrutura, movimentação por
efeitos térmicos, de vento e concentração de tensões.

FIGURA 29 – ALVENARIA NÃO ARMADA

FONTE: Tauil e Nese (2010, p.21)

123
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

2.2 ALVENARIA ARMADA OU PARCIALMENTE ARMADA


Para esse tipo de parede, que recebe reforços em algumas regiões devido
às exigências estruturais, são utilizadas armaduras passivas de fios, barras e
telas de aço dentro dos vazios dos blocos e posteriormente grauteados, além do
preenchimento de todas as juntas verticais (TAUIL; NESE, 2010).

FIGURA 30 – ALVENARIA ARMADA OU PARCIALMENTE ARMADA

FONTE: Tauil e Nese (2010, p.22)

2.3 ALVENARIA PROTENDIDA


Tauil e Nese (2010) citam que esse tipo de alvenaria reforçada por
uma armadura ativa, ou seja, pré-tensionada, submete a alvenaria a esforços
de compressão. Esse tipo de alvenaria é pouco utilizado, pois os materiais,
dispositivos e mão de obra para a protensão têm custo muito alto para o nosso
padrão de construção, tais como:

• Fixar a espera da barra ou cabo de protensão nas fundações.


• Levantar a parede encaixando os furos dos blocos na barra.
• Prever furos nas fiadas de caneletas.

124
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

• Na altura da emenda da barra os trechos são conectados e protegidos.


• Segue-se a alvenaria até a última fiada.
• Após 14 dias aplica-se a pro-tensão com um torquímetro, lembrando-se de
engraxar as barras.
• Efetua-se a medição e o grauteamento da ancoragem.

FIGURA 31 – ALVENARIA PROTENDIDA

FONTE: Tauil e Nese (2010, p.23)

2.4 MODULAÇÃO DOS ELEMENTOS


O projeto para esse tipo de estrutura deve ser planejado e bem detalhado,
caso contrário as peças não irão encaixar nas dimensões da obra. Os elementos das
alvenarias não são chamados de tijolos e sim de blocos, que podem ser cerâmicos
ou de concreto moldados com dimensões e aditivos necessários para atingirem a
resistência necessária e nos padrões da norma. Há no mercado diversos modelos
e fabricantes desses blocos, e o projetista deve estar ciente das dimensões e
características de cada modelo de bloco, a fim de melhor compor as alvenarias
no projeto.

125
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DE BLOCOS CERÂMICOS (NBR 15270)

BLOCOS DIMENSÕES

Meio Bloco Estrutural – 14x19x14


Medidas (cm): 14x19x14
Peças por m²: 33
Peso: 2,75 (kg)
Peças por carga: 6.000
Bloco Estrutural Principal – 14x19x29
 Medidas (cm): 14x19x29
Peças por m²: 16
Peso: 5,5 (kg)
Peças por carga: 3.000
Bloco Estrutural de Amarração – 14x19x44
 Medidas (cm): 14x19x44
Peças por m²: 11
Peso: 7,6 (kg)
Peças por carga: 2.000

CANALETAS
Calha “J” – 14x19x19
Medidas (cm): 14x19x19
Peças por m²: 5
Peso: 3,7 (kg)
Peças por carga: 5.000
Calha “U” – 14x19x19
Medidas (cm): 14x19x19
Peças por m2: 5
Peso: 3,9 (kg)
Peças por carga: 5.000
Calha “U” baixa – 14x09x19
Medidas (cm): 14x09x19
Peças por m2: 5
Peso: 1,9 (kg)
Peças por carga: 9.000

FONTE: Adaptado de <http://www.ceramicasalema.com.br/produtos/alvenaria-estrutural/>.


Acesso em:17 out. 2019.

126
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

QUADRO 13 – CARACTERÍSTICAS DE BLOCOS CERÂMICOS (NBR 6136)

Família de 11,5 cm de largura DIMENSÕES


Bloco
Largura: 11,5 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 11,5 cm
Peças/M²: 40
Peso: 3,1 kg
Bloco
Largura: 11,5 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 11,5 cm
Peças/M²: 20
Peso: 5,6 kg
Bloco
Largura: 11,5 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 36,5 cm
Peças/M²: 13,3
Peso: 9,0 kg
Família de 29 cm de largura DIMENSÕES
Bloco
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 29 cm
Peças/M²: 16,6
Peso: 8,7 kg
Bloco complementar
Largura: 14 cm
Altura: 7 cm
Comprimento: 14 cm
Peças/Metro: 6,7
Peso: 2,0 kg
Bloco complementar
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 44 cm
Peso: 13,2 kg
Meio bloco
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 14 cm
Peças/M²: 33,3
Peso: 4,0 kg

127
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

Família de 39 cm de largura DIMENSÕES


Bloco
Largura: 9 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 39 cm
Peças/M²: 12,5
Peso: 8,0 kg
Bloco
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 39 cm
Peças/M²: 12,5
Peso: 11,7 kg
Bloco
Largura: 19 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 39 cm
Peças/M²: 12,5
Peso: 16,2 kg
Bloco complementar
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 9 cm
Peso: 3,3 kg
Bloco complementar
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 34 cm
Peso: 10,2 kg
Bloco complementar
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 54 cm
Peso: 17,4 kg
Meio bloco
Largura: 9 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 19 cm
Peças/M²: 25
Peso: 3,6 kg
Meio bloco
Largura: 14 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 19 cm
Peças/M²: 25
Peso: 5,4 kg

128
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

Meio bloco
Largura: 19 cm
Altura: 19 cm
Comprimento: 19 cm
Peças/M²: 25
Peso: 7,8 kg
FONTE: Adaptado de <http://www.multibloco.com.br/produtos/lista.asp?grupo=6>. Acesso em:
17 out. 2019.

Com as opções dos modelos de blocos, a modelagem das alvenarias em


projetos segue a norma de encaixe alternados pelas fiadas, começando pelos
cantos e entroncamentos com outras paredes, como mostra o esquema na imagem
a seguir.

FIGURA 32 – AMARRAÇÃO DE PAREDES EM “L” E “T”

FONTE: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/imagens/Proj%20Arq_06.JPG>.
Acesso em: 17 out. 2019.

2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS


As principais vantagens no sistema de alvenaria estrutural são economia,
rapidez e racionalização (CAMPOS, 2012):

• Economia: os números são muito variáveis, mas ficam entre 15 e 20% do custo
da estrutura da obra:
ᵒ redução das formas;
ᵒ redução do número de especialidades de mão de obra;
ᵒ redução dos revestimentos;
ᵒ redução da armação;
ᵒ redução de desperdícios.
• Rapidez: a obra de alvenaria é mais rápida, limpa e segura.
• Racionalização: o sistema construtivo induz à:
ᵒ racionalização de uma série de outras atividades como, por exemplo, as
instalações elétricas e hidráulicas;

129
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

ᵒ menor diversidade de materiais;


ᵒ facilidade de controle;
ᵒ eliminação de interferências;
ᵒ distribuição das cargas no solo mais uniforme.

De acordo com Campos (2012, p. 15), as principais desvantagens no


sistema de alvenaria estrutural são:

• Impede a execução de reformas que alterem a disposição das


paredes estruturais.
• A concepção estrutural pode acabar condicionando o projeto
arquitetônico.
• A alvenaria não admite improvisações do tipo:
ᵒ “depois tira na massa”;
ᵒ “faz e quebra”;
ᵒ “na obra a gente vê o que faz”.

DICAS

Para saber mais sobre alvenaria estrutural, acesse: http://wwwp.feb.unesp.br/


pbastos/alv.estrutural/Palestra%20Anicer-1.pdf.

3 ALVENARIA ESTRUTURAL DE CONCRETO


Seguindo a ideia de alvenaria estrutural, porém agora como peça única,
existem os sistemas pré-fabricados ou moldados no local, onde as alvenarias
passam a ser chamadas de módulos e são projetadas individualmente para
atender à particularidade de cada parede de uma construção nesse sistema. O
projeto prevê todas as instalações necessárias de cada parede, a carga que ela
deverá distribuir na fundação e acabamentos. Os encaixes são planejados por
escala para que não haja equívocos na hora da montagem no local quando as
paredes são pré-fabricadas.

130
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

FIGURA 32 – AMARRAÇÃO DE PAREDES EM “L” E “T”

FONTE: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/imagens/Proj%20Arq_06.JPG>.
Acesso em: 17 out. 2019.

Esse sistema é industrializado e utiliza formas para moldar o concreto


conforme as propriedades de cada parede da edificação. Embora esse método
pareça ser complicado ou muito sofisticado, saiba que o custo maior está no
investimento da indústria de fôrmas, porém, toda a receita investida inicialmente
é diluída no volume da produção. Esse sistema construtivo geralmente é mais
aplicado em conjuntos habitacionais, licitação de estádios ou edificações que
demandam curto prazo de execução.

As obras pré-modulares requerem maior atenção aos projetos que visam


a todo o tempo a execução. A NBR 15873 orienta a coordenação modular para
edificações, para evitar possibilidades de erros, uma vez que o concreto, após o
seu lançamento, não pode ser mexido (ABNT, 2010c). Outras normas da ABNT
ditam parâmetros para o sistema de edificações modulares:

• NBR 16055: parede de concreto moldada no local para a construção de


edificações – requisitos e procedimentos.
• NBR 15575: edificações habitacionais – desempenho.
• NBR 12655: concreto de cimento Portland – preparo, controle, recebimento e
aceitação.

O sistema de fôrma é industrializado, assim como a elaboração do


concreto, mas não pense que a obra consiste apenas em projetar, montar fôrmas,
concretar, e está pronta, porque essas etapas são apenas partes da metodologia
de construção. Há o controle em todo o processo, pois uma simples retirada de
fôrma sem o devido cuidado pode causar vibração no concreto ainda na cura
e ocasionar patologias nas estruturas. Os cantos de fôrmas também precisam
ser cautelosamente cuidados para evitar volumes ou rebarbas inadequadas que
impeçam o encaixe de esquadrias que também são projetadas e escolhidas no
padrão modular (WENDLER; MONGE, 2018).

131
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

QUADRO 14 – 11 MANDAMENTOS DA PAREDE DE CONCRETO MOLDADA NO LOCAL

Seguir fielmente todas as


Nunca posicionar duas caixas
diretrizes do projeto estrutural:
01 06 elétricas uma “de costas” para
posição das armaduras, reforços,
a outra.
juntas de indução etc.
Utilizar sistemas de fôrmas
Nunca encostar dois ou mais
02 específicos para o sistema e não 07
eletrodutos dentro da parede.
fazer adaptações.
Seguir as diretrizes do projeto Tomar providências para que
de montagem/desmontagem das 08 não ocorram interrupções
03 fôrmas – certificar-se de montar durante a concretagem.
todas as peças do sistema de Não provocar impactos nas
09
fôrmas. paredes durante a desforma.
Não permitir vibrações
Colocar espaçadores plásticos de
próximas às paredes de
armadura em número suficiente
04 10 concreto, como, por exemplo,
(6 unid./m2 nas paredes e 4 unid./
compactação de ruas,
m² nas lajes).
cravação de estacas etc.
Colocar espaçadores plásticos nos
Fazer cura adequada por pelo
05 eletrodutos em número suficiente 11
menos 3 dias.
(2 unid./m de eletroduto).
FONTE: Wendler e Monge (2018, p. 41)

Assim como as fôrmas delimitam as paredes de pequenas casas, é possível


construir prédios com o mesmo processo. Essa técnica é usada para torres, pilares
de pontes e outras obras que precisam de agilidade na execução.

FIGURA 34 – FORMAS PARA MOLDAGEM DE ALVENARIAS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO

FONTE: <https://engenharia360.com/sistemas-construtivos-tudo-o-que-voce-precisa-saber-
sobre-paredes-de-concreto-moldadas-in-loco/>. Acesso em: 17 out. 2019.

132
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

ATENCAO

Assista a uma animação de alvenaria de concreto moldado no local, acessando:


https://www.youtube.com/watch?v=AHbo97alQdM.

DICAS

Você notou como as normas são importantes? Esse curso é exato e, para isso,
segue as orientações normatizadas. É possível construir com estilo e personalidade, mas
orientado pelas normas para discernir o que é certo ou não.

133
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

Método de construção com materiais recicláveis de um ambiente

Autor Ana Maria Castro Machado et al

Introdução

A indústria da construção constitui um dos maiores e mais ativos setores


em toda economia mundial que consomem matéria-prima (AMOEDA,2003).
Em paralelo, os crescentes níveis populacionais associados com a elevação do
poder aquisitivo têm contribuído com o crescimento progressivo e acumulativo
da produção de dejetos descartados em aterros sanitários e/ou lixões. A
Reciclagem de PET colabora para preservação ambiental, de maneira geral, a
reciclagem do PET pode ocorrer de três diferentes maneiras: reciclagem química
— onde os componentes das matérias primas do PET são separados; reciclagem
energética — onde o calor da queima do resíduo pode ser aproveitado para a
geração de energia elétrica (centrais termelétricas); reciclagem mecânica — onde
é realizada a coleta seletiva, a produção de flocos e a reutilização do material
para a produção de outros produtos, inclusive embalagens, mas para fins não
alimentícios(FORMIGONI,2007).

Nesta última forma de reciclagem estão as tentativas de utilização das


garrafas de PET na construção civil, sempre com o intuito de minimizar os
custos, criando alternativas para uma construção mais acessível (ABIPET,2015).
As necessidades implícitas em termos de construção de edifícios e outras
infraestruturas, agrava ainda mais o consumo de matérias-primas não renováveis,
bem assim como a produção de resíduos. A sustentabilidade da indústria da
construção, em particular o caso dos materiais de construção, assume desta forma
um papel primordial de divulgação e aprofundamento do assunto. Diante destes
fatos, preocupações ambientais entram no foco de desenvolvimento sustentável,
para Fritjof Capra, sustentabilidade é um complexo de organização que tem
como características: reciclagem, interdependência, parceria, flexibilidade e
diversidade. Assim, a sustentabilidade, não se refere apenas à preservação e
conservação do meio ambiente, mas, a relação entre os princípios da ecologia
referentes à sustentação da vida: redes, ciclos, energia solar, alianças, diversidade
e equilíbrio dinâmico. Considerando tipos de construção alternativa, a utilização
de garrafas de pet no lugar de tijolos, pode reduzir o custo da obra em 2/3 do
valor e atende os pré-requisitos necessários para ser utilizado como material de
construção (NETO,2014). Este trabalho apresenta os métodos utilizados do uso
do resíduo plástico (garrafa pet) como matéria-prima.

Material e Métodos

Este artigo foi elaborado com dados obtidos através de bancos de dados,
tais como a capes e scielo, referentes aos métodos de construção de ambientes
com garrafas PETS como material. Foi escolhido o ambiente denominado Casa
134
TÓPICO 4 | ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO

PET instalada na FATEC de Presidente Prudente que ocupa um espaço de 24 m2,


como mostra a Figura 1. E a edificação EcoARK, localizada em Taipei, Taiwan,
ocupando cerca de 2000 m², com três níveis, como mostra a figura 2.

Resultados e Discussão

1. Projeto Casa PET

Na construção do ambiente “Casa PET”, foi realizada a nivelação e


limpeza da área para implantar as cavas, que delimitam o local onde as paredes
são colocadas, posteriormente foram preenchidas com concreto. Para a fundação
das paredes, as garrafas PETS, provenientes de campanhas de doações, foram
dispostas de maneira que ficassem deitadas e sobrepostas, sendo preenchidas
com uma mistura de solo cimento (numa proporção de 90% de areia e 10%
de cimento) com o auxílio de um grupo de escoteiros da cidade de Presidente
Prudente, para garantir a rigidez do material, sendo unidas com areia, cimento, cal
e água. Em seguida foi feito um contra piso de cimento, onde todo o encanamento
ficou embutido e foi dado o acabamento, como a colocação de janelas e portas.
O ambiente “CASA PET” proporcionou uma redução elevada e significativa nos
custos de produção, cerca de 2/3, dando uma alternativa acessível com os mesmos
benefícios de um ambiente tradicional.

FIGURA 1 - IMAGEM DEMONSTRATIVA DO AMBIENTE CASA PET

FONTE: Casa PET da FATEC, 2014.

2. EcoARK

Na construção do pavilhão da EcoARK foram utilizadas cerca de 1,5


milhão de garrafas PET, porém foram transformadas em polli-tijolo para criar
uma estrutura de intertravamento (colmeia) o que confere leveza e transparência
ao material, permitindo a entrada de luz. Os polli-tijolos são fixados em uma
malha metálica e uma peça de acrílico revestida por uma substância ininflamável,
juntamente com uma placa de LED, para iluminar a fachada. Posteriormente são

135
UNIDADE 2 | FUNDAÇÕES E SISTEMAS ESTRUTURAIS

fixados em perfis metálicos ligados a estrutura do prédio. Em relação a estrutura


pode ser removida com facilidade, funcionando como um lego, com a mesma
funcionalidade de uma cortina de vidro, porém pesa cerca de apenas 1/5 em
relação à essas estruturas e custa menos da metade.

FIGURA 2 - PAVILHÃO ECOARK

FONTE: National Geographic,2015.

Conclusões

Foi comprovado que o uso de garrafas pets como principal matéria-prima


na construção de ambientes é viável e não desestabiliza a estrutura da casa,
apresentou alta eficiência para suportar sobrepeso, uma ótima durabilidade.
Como reaproveitamento do resíduo plástico (descartados erroneamente) esta é
uma alternativa economicamente viável para a construção de ambientes.

FONTE: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/142205>. Acesso em: 21 out. 2019.

136
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Existe um sistema construtivo normatizado chamado alvenaria estrutural, que


pode ser composto de blocos ou em peças modulares em concreto constituindo
paredes que transmitem as cargas para as fundações de forma homogênea.
Para isso há critérios e cuidados em cada etapa da obra, como:
ᵒ elaboração de projeto de alvenaria estrutural e industrial também;
ᵒ contratação de mão de obra qualificada;
ᵒ controle de qualidade em todas as etapas.

• Mesmo que constituída por blocos, a alvenaria estrutural pode ser qualificada
em três tipos:
ᵒ alvenaria não armada;
ᵒ alvenaria armada ou parcialmente armada;
ᵒ alvenaria protendida.

137
AUTOATIVIDADE

1 (IESES, 2016) A Alvenaria Estrutural é um sistema construtivo racionalizado


no qual os elementos desempenham a função estrutural e de vedação ao
mesmo tempo. O projeto deve seguir a rigorosos modelos matemáticos pré-
estabelecidos. Assinale a alternativa que NÃO correspondente à alvenaria
estrutural.
FONTE: <https://arquivos.qconcursos.com/prova/arquivo_prova/47331/ieses-
2016-bahiagas-tecnico-de-processos-tecnologicos-edificacoes-prova.pdf?_
ga=2.99818011.423320919.1568594992-1595872328.1568055989>. Acesso em: 17 out.
2019.

a) ( ) Como os blocos vazados permitem a passagem das tubulações elétricas


e hidráulicas, também não há necessidade de quebrar paredes, reduzindo
desperdícios de materiais e mão de obra.
b) ( ) Uma das medidas de economia para viabilizar um empreendimento
é empregar blocos de concreto com diversas resistências à compressão, de
acordo com a faixa de andar executada.
c) ( ) Na alvenaria estrutural, elementos como pilares e vigas são
desnecessários, pois as paredes, chamadas portantes distribuem a carga
uniformemente ao longo dos alicerces.
d) ( ) Na alvenaria estrutural não é dispensado o dimensionamento e
execução de pilares convencionais, apenas elimina a execução de vigas
aéreas, mas contribui significativamente para a redução de desperdícios de
materiais e mão de obra.
e) ( ) Na Alvenaria Estrutural elimina-se a estrutura convencional, o que
conduz à importante simplificação do processo construtivo, reduzindo
etapas e mão de obra, com consequente redução do tempo de execução.

2 (INPI, 2006) Os processos tecnológicos aplicados à construção civil incluem


a alvenaria estrutural, na qual se elimina a estrutura convencional de
concreto armado, simplificando o processo construtivo com redução de
etapas, mão de obra e, consequentemente, tempo de execução. No que se
refere às características dessa tecnologia de construção, assinale a opção
correta.
FONTE: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/11064656/459a015a3996/inpi_006_1.
pdf>. Acesso em: 17 out. 2019.

a) ( ) Os acabamentos conseguidos com esse tipo de alvenaria são de maior


espessura, se comparados com os do sistema tradicional de construção.
b) ( ) Esse processo oferece menos segurança ao operário.
c) ( ) Não é possível construir pilares em alvenaria estrutural.
d) ( ) Essa tecnologia de construção gera menos entulho.
e) ( ) A montagem da estrutura é feita de modo que o eixo longitudinal dos
furos dos tijolos (ou blocos) fique na posição horizontal.

138
UNIDADE 3

ESTRUTURAS DE CONCRETO,
VEDAÇÕES VERTICAIS E
COBERTURAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer metodologias de construções com concreto armado;

• reconhecer as diferentes etapas da concretagem;

• reconhecer projetos e técnicas de diversos tipos de alvenarias;

• conhecer procedimentos de vedações e fechamentos de alvenarias;

• identificar alguns tipos de coberturas;

• conhecer algumas normas e textos técnicos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS


TÓPICO 2 – CONCRETAGEM
TÓPICO 3 – PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO
TÓPICO 4 – COBERTURAS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

139
140
UNIDADE 3
TÓPICO 1

EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior estudamos sobre diferentes sistemas construtivos.
Dentre os sistemas normatizados temos como principal, e mais utilizado no
mercado, as construções executadas com o concreto armado. Embora haja outros
elementos que permitam estruturas mais esbeltas, com vãos maiores, mais leves
e cronogramas mais curtos, as estruturas em concreto ainda estão em alta e isso
talvez seja pelo fato do conservadorismo, ou pela solidez, mas observa-se que
todo técnico que projeta uma estrutura, seja o desenho inovador que for, sempre
prevê uma parte em concreto.

Na maior parte dos projetos, as estruturas metálicas são ancoradas em


blocos ou fundações em concreto armado. As estruturas de madeira precisam de
base sólida, estável e que as proteja das intempéries do solo. O concreto atende a
essas demandas com garantias.

O concreto é a criação humana que mais se aproxima das rochas encontradas


na natureza e talvez seja um dos elementos mais analisados em laboratórios
técnicos. Por isso existem tantas normas com definições, procedimentos,
nomenclaturas e ensaios com o concreto.

Mas você sabe como foi feito o primeiro concreto? Acreditaria se o concreto
armado tivesse sido criado por um jardineiro?

Após Josef Aspdin desenvolver o cimento na ilha de Portland, na Inglaterra,


um jardineiro francês chamado Joseph Monier, em 1861, construía jarros de flores
que não resistiam à carga e se rompiam, até quando teve a ideia de acrescentar
barras de aço na parte tracionada das peças feitas em argamassas de cimento,
e gerou o concreto armado. Animado com sua experiência, Monier conseguiu
chegar ao concreto armado, tal como o entendemos atualmente. Obteve, a partir
de 1867, sucessivas patentes para a construção de tubos, lajes, pontes, obtendo
êxitos em suas obras, mesmo sem qualquer base científica, apenas por métodos
puramente empíricos. Depois que os direitos da patente de Monier foram
vendidos para firmas alemãs, o concreto armado pôde encontrar uma primeira
teoria cientificamente consistente, comprovada experimentalmente, elaborada e
publicada por Emil Mörsch, em 1902 (SÜSSEKIND, 1980).

141
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

2 GENERALIDADES
O concreto é uma mistura de cimento e materiais inertes, ou seja,
agregados miúdos e graúdos que devidamente misturados apresentam uma
mistura uniforme com a adição de água.

Süssekind (1980) afirma que o concreto é empregado em todos os tipos


de estruturas. É usado nas estruturas de edifícios residenciais, industriais,
pontes, túneis, barragens, abóbadas, silos, reservatórios, cais, fundações,
obras de contenção, galerias de metrô etc. Listando três razões básicas, todas
individualmente indispensáveis, o concreto armado pode ser considerado uma
solução viável, durável e de enorme confiabilidade a:

• Trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os


dois materiais.
• Os coeficientes de dilatação térmica do aço e concreto são praticamente iguais.
• O concreto protege da oxidação o aço da armadura, garantindo a durabilidade
da estrutura.

As vantagens e desvantagens do concreto armado, segundo Süssekind


(1980, p. 4), são:

• Vantagens:
ᵒ Economia, basicamente a mais importante. O concreto (armado ou
protendido) é mais barato que a solução metálica na maioria dos casos, só
perde para ela em casos de vãos excessivamente grandes.
ᵒ Adaptação a qualquer tipo de forma e facilidade de execução.
ᵒ Ótima solução para estruturas monolíticas, hiperestáticas, com maiores
reservas de segurança.
ᵒ Manutenção e conservação praticamente nulas, associadas à grande
durabilidade.
ᵒ Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes mecânicos.
• Desvantagens:
ᵒ A grande desvantagem do concreto armado é seu peso próprio (2,5 t/m³) e
concreto simples (de valores entre 1,2 e 2,0 t/m³).
ᵒ Outra desvantagem está na dificuldade de reformas ou demolições e o baixo
grau de proteção térmica que oferece.

2.1 COMPONENTES DO CONCRETO


Como já mencionamos antes, o concreto é uma mistura de cimento,
materiais inertes e água. Vejamos um pouco de cada um desses componentes.

142
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

2.1.1 Cimento
O cimento geralmente é comprado em sacos de 50 kg e existem diversos
tipos com diferentes funções. A Associação Brasileira de Cimento Portland –
ABCP –p e a NBR 16697 dividem o cimento por tipo e padronizam por sigla cada
tipo e suas características:

QUADRO 1 – TIPOS DE CIMENTO

Tipos de cimento Siglas Características


Portland
É muito adequado para o uso em construções
de concreto em geral quando não há exposição
Cimento Portland a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas, e
CP I
comum quando não há necessidade de desforma rápida ou
baixo desprendimento de calor. Também utilizado
como retardador da pega.
Com até 10% de material carbonático em massa,
Comum com
CP I-S recomendado para construções em geral, com as
adições
mesmas características.
Recomendado para estruturas que exijam um
Composto com
CP II-E desprendimento de calor moderadamente lento ou
Escória
que possam ser atacados por sulfatos.
Empregado em obras civis em geral, subterrâneas,
Composto com marítimas e industriais. O concreto feito com
CP II-Z
Pozolana esse produto é mais impermeável e por isso mais
durável.
Composto com
CP II-F Para aplicações gerais.
Fíler
Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade,
baixo calor de hidratação, assim como alta
resistência à expansão devido à reação álcali-
agregado, além de ser resistente a sulfatos. É
particularmente vantajoso em obras de concreto-
massa, tais como barragens, peças de grandes
Alto Forno CP III
dimensões, fundações de máquinas, pilares,
obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas
para condução de líquidos agressivos, esgotos e
efluentes industriais, concretos com agregados
reativos, pilares de pontes ou obras submersas,
pavimentação de estradas e pistas de aeroportos.

143
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

É especialmente indicado em obras expostas à


ação de água corrente e ambientes agressivos. O
concreto feito com este produto, em igualdade
Pozolânico CP IV de condições, se torna mais impermeável, mais
durável, apresentando resistência mecânica à
compressão superior à do concreto feito com CP I,
a idades avançadas.
É o tipo mais adequado para aplicações onde o
requisito de elevada resistência às primeiras idades
é fundamental, como na indústria de pré-moldados
e, especialmente, na aplicação da protensão.
Alta resistência CP No entanto, apesar de garantir um crescimento
inicial V-ARI acelerado de resistência já nos primeiros dias, há
um decréscimo na velocidade desse crescimento,
tendendo a valores finais assintóticos próximos aos
obtidos para os demais tipos de cimento a idades
mais avançadas.
Oferece resistência aos meios agressivos sulfatados,
como redes de esgotos de águas servidas ou
industriais, água do mar e em alguns tipos de solos.
Pode ser usado em concreto dosado em central,
concreto de alto desempenho, obras de recuperação
Resistente a
estrutural e industriais, concretos projetado,
Sulfatos CP RS
armado e protendido, elementos pré-moldados de
concreto, pisos industriais, pavimentos, argamassa
armada, argamassas e concretos submetidos ao
ataque de meios agressivos, como estações de
tratamento de água e esgotos, obras em regiões
litorâneas, subterrâneas e marítimas.
Este tipo de cimento tem a propriedade de retardar
o desprendimento de calor em peças de grande
Baixo Calor de
CP BC massa de concreto, evitando o aparecimento
Hidratação
de fissuras de origem térmica, devido ao calor
desenvolvido durante a hidratação do cimento.
Pode ser estrutural e não estrutural. O estrutural
é aplicado em concretos brancos para fins
arquitetônicos, com classes de resistência 25, 32
e 40, similares às dos demais tipos de cimento
Branco CPB e pode, portanto, ser utilizado nas mesmas
aplicações do cimento cinza. Já o não estrutural não
tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo,
em rejuntamento de azulejos e em aplicações não
estruturais.
FONTE: Salgado (2018, p. 94-95)

144
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

2.1.2 Agregados
A NBR 7211 define agregados como miúdo ou graúdo:

• Miúdo – Areia de origem natural ou resultante do britamento de


rochas estáveis, cujos grãos passam pela peneira de 4,75 mm e ficam
retidos na peneira 0,150 mm.
• Graúdo – Pedra britada proveniente de rochas estáveis, ou a mistura
de ambos, cujos grãos passam pela peneira 152 mm e ficam retidos na
peneira 4,75 mm (ABNT, 1983, p.2).

Existem os agregados naturais, os agregados artificiais (bica-corrida,


rachão, restolho e blocos) e os agregados industrializados divididos em leves
(argila expandida e vermiculita) e pesados (hematita e barita).

2.1.3 Água
A água utilizada no concreto deve ser potável. Não pode haver qualquer
resíduo de óleo ou cloro, para não interferir na homogeneidade da mistura nem
na composição química do cimento. Assim, também não pode ser utilizada água
do mar nem água de fonte salobra.

A dosagem de água deve obedecer ao traço solicitado, pois é a quantidade


de água que vai alterar a consistência do concreto.

DICAS

Para saber mais sobre as propriedades do concreto, veja as literaturas:


PETRUCCI, Eladio G. R. Concreto de cimento Portland. 7. ed. Porto Alegre: Globo, 1980; e
LEONHARD, F. Construções de concreto. Rio de Janeiro: Interciência, 2008.

As construções com estrutura de concreto podem ser armadas ou


protendidas. Embora à primeira vista pareçam ser a mesma coisa, a diferença
principal está na aplicação da tensão e dos esforços solicitantes da estrutura.

Para Santos, Pinheiro e Muzardo (2004), o concreto com armadura


passiva (concreto armado) pode ter a sua ferragem composta por barras ou
fios, posicionados, dimensionados e amarrados conforme projeto do calculista.
Todas essas informações do projeto são necessárias e precisam ser respeitadas na
execução para atender às reações calculadas. Um erro de execução pode ocasionar
o colapso da construção. Já o concreto com armadura ativa (concreto protendido)

145
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

possui como ferragens fios e cordoalhas. Essas armaduras são as pré-tracionadas,


por equipamentos próprios, e depois da cura do concreto as tensões são aliviadas,
portanto, os fios e/ou as cordoalhas aplicam uma força de compressão no elemento
estrutural conforme dimensionamento em projeto.

FIGURA 1 – CONSTRUÇÃO COM ESTRUTURA DE CONCRETO

FONTE: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=19&Cod=2097>. Acesso


em: 7 nov. 2019.

A estrutura de concreto pode ter a armadura ativa ou passiva, ou ambas.


Sua aparência ou o seu acabamento final não mostrará a diferença das armaduras
porque o concreto será moldado conforme a fôrma e isolará qualquer ferragem
contra oxidação por exposição ao oxigênio.

3 SISTEMA DE FÔRMAS

A NBR 14931, no item 7, recomenda que o sistema que compreende as fôrmas,
o escoramento, o cimbramento e os andaimes, incluindo seus apoios, bem como as
uniões entre os diversos elementos, deve ser projetado e construído de modo a ter:

• Resistência às ações a que possa ser submetido durante o processo


de construção;
[...]
• Rigidez suficiente para assegurar que as tolerâncias especificadas
para a estrutura e especificações do projeto sejam satisfeitas e a
integridade dos elementos estruturais não seja afetada (ABNT, 2004a,
p. 5-6).

Ainda, a NBR 14931 cita no item 7.1 que assim como o formato, a função, a
aparência e a durabilidade de uma estrutura de concreto permanente não devem
ser prejudicadas devido à qualquer problema com as fôrmas, o escoramento ou
sua remoção. As fôrmas devem adaptar-se ao formato e às dimensões das peças
da estrutura projetada.

146
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

As fôrmas podem ser feitas de madeira, aço ou qualquer material resistente


para garantir a integridade geométrica dos elementos a serem moldados na obra
(ABNT, 2004a).

FIGURA 2 – ESQUEMA DE FÔRMA DE VIGA COM ESCORAS

FONTE: Salgado (2018, p. 67)

QUADRO 2 – TIPOS DE PREGO

Pregos normais com cabeça


Aplicações:
- Montagem de fôrmas para concreto
- Confecção de estruturas diversas
- Forros e tapumes
Tamanho: - variável, a partir de 12 x 12
Pregos sem cabeça
Aplicações:
- Assoalho e marcenaria em geral
- Rodapé
- Molduras de portas e janelas etc.
Benefícios: - Melhor acabamento, pois
fica escondido na madeira
Pregos com cabeça dupla
Aplicações:
- Ideal para montagem de estruturas
de madeiras temporárias como fôrmas
para concreto e andaimes. Sua dupla
cabeça torna mais fácil o arranque,
evitando danos à madeira.
Tamanhos: - 18 x 27, 17 x 27, 18 x 30
FONTE: <https://www.gerdau.com/br/pt/productsservices/products/Document%20Gallery/
catalogo-pregos-gerdau.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

147
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

A NBR 14931 prevê ainda que o escoramento deve ser projetado de modo
a não sofrer, sob a ação de seu próprio peso, com o peso da estrutura e das
cargas acidentais que possam atuar durante a execução da estrutura de concreto,
deformações prejudiciais ao formato da estrutura ou que possam causar esforços
não previstos no concreto (ABNT, 2004a).

No projeto do escoramento devem ser consideradas a deformação e


a flambagem dos materiais e as vibrações a que o escoramento estará sujeito.
Durante a construção, o escoramento deve ser apoiado sobre cunhas, caixas de
areia ou outros dispositivos apropriados para facilitar a remoção das fôrmas, de
maneira que não submeta a estrutura a impactos, sobrecargas ou outros danos.
Na utilização de escoramento metálico devem ser seguidas as instruções do
fornecedor responsável pelo sistema.

Para os planos de desforma e escoramentos remanescentes, a NBR


14931 recomenda levar em conta os materiais utilizados associados ao ritmo de
construção, tendo em vista o carregamento decorrente e a capacidade de suporte
das lajes anteriores, quando for o caso (ABNT, 2004a). A colocação de novas
escoras em posições preestabelecidas e a retirada dos elementos de um primeiro
plano de escoramento podem reduzir os efeitos do carregamento inicial, do
carregamento subsequente e evitar deformações excessivas.

QUADRO 3 – PRÁTICA PARA DESFORMA DOS PAINÉIS

Paredes, pilares e faces laterais de vigas 3 dias

Lajes com até 10 cm de espessura 3 dias

Lajes com mais de 10 cm de espessura 21 dias

Faces inferiores de vigas com até 10 m de vão 21 dias

Arcos e abóbadas 28 dias

Faces inferiores de vigas com mais de 10 m de vão 28 dias

FONTE: Salgado (2018, p. 71)

A NBR 14931 considera os seguintes aspectos:

• Nenhuma carga deve ser imposta e nenhum escoramento removido


de qualquer parte da estrutura enquanto não houver certeza de que os
elementos estruturais e o novo sistema de escoramento têm resistência
suficiente para suportar com segurança as ações a que estarão sujeitos.
• Nenhuma ação adicional, não prevista nas especificações de projeto
ou na programação da execução da estrutura de concreto, deve
ser imposta à estrutura ou ao sistema de escoramento sem que se
comprove que o conjunto tem resistência suficiente para suportar com
segurança as ações a que estará sujeito.

148
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

• A análise estrutural e os dados de deformabilidade e resistência do


concreto usados no planejamento para a reestruturação do escoramento
devem ser fornecidos pelo responsável pelo projeto estrutural ou pelo
responsável pela obra, conforme acordado entre as partes.
• A verificação de que a estrutura de concreto suporta as ações
previstas, considerando a capacidade de suporte do sistema de
escoramento e os dados de resistência e deformabilidade do concreto
(ABNT, 2004a, p. 7).

Para simplificar, a retirada das escoras deve respeitar o sentido das


reações de equilíbrio das peças concretadas. Lembrando que o concreto tem
maior resistência à compressão, ao aço e à tração, então a retirada de escoras
de uma viga em balanço, por exemplo, é feita da parte em balanço para a parte
engastada. Em via biapoiada, a retirada das escoras faz-se do centro do vão para
as extremidades, conforme esquema a seguir.

FIGURA 3 – ESQUEMA DE RETIRADA DE ESCORAS DE VIGA

FONTE: A autora

DICAS

Que tal assistir a uma animação sobre fôrma e desfôrma? Acesse o endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=V6W_ZzBFCzo.

4 ARMAÇÃO
Como dito antes, a armadura nos concretos pode ser constituída por barras,
fios ou cordoalhas. A ferragem no concreto armado vai garantir a resistência
estrutural atuando com as reações de flexão e tração atuantes nas tensões.

O aço para concreto armado (CA) apresenta-se por classes em função da


maleabilidade e da tensão de escoamento:

149
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

QUADRO 4 – RESISTÊNCIAS DO AÇO

Resistência
Categoria característica de Massa máxima dos lotes (t) por bitola
escoamento fyk
5t – 6,3; 6t – 8,0; 8t – 10,0; 10t – 12,5; 13t – 16,0; 16t
CA – 25 250 MPa
– 20,0; 20t – 22,0 25,0; 25t – 32,0 40,0
8t – 6,3; 10t – 8,0; 13t – 10,0; 16t – 12,5; 20t – 16,0;
CA – 50 500 MPa
25t – 20,0 22,0 25,0 32,0 40,0
8t – 6,3; 10t – 8,0; 13t – 10,0; 16t – 12,5; 20t – 16,0;
CA – 60 600 MPa
25t – 20,0 22,0 25,0 32,0 40,0
FONTE: ABNT (2007, p. 12)

De acordo com a norma, Salgado (2018) resume as categorias encontradas


no mercado como:

QUADRO 5 – CARACTERÍSTICAS DE CADA AÇO

Grande maleabilidade (arames), utilizado


principalmente como tirante em fôrmas
para concreto armado.

CA-25

Utilizado como elemento constituinte do


concreto armado, principalmente barras
longitudinais.

CA-50

Também utilizado no concreto armado,


porém preferencialmente usado na
confecção de estribos.

CA-60

FONTE: <https://www2.gerdau.com.br/produtos/vergalhao-gerdau>. Acesso em: 7 nov. 2019.

150
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

O transporte, armazenamento e manuseio não podem danificar as


peças. Cada elemento deve ser identificado conforme projeto para evitar
equívocos durante a utilização. Quando é necessário executar alguma emenda
das armaduras, estas devem ser feitas conforme previstas no projeto estrutural,
respeitando os padrões da NBR 14931.

Tipos de emendas:

• por traspasse;
• por luva com preenchimento metálico, prensadas ou rosqueadas;
• por solda;
• por outros dispositivos devidamente justificados (ABNT, 2004a, p.
10).

Para a identificação das peças da armadura nos projetos de estrutura, cada


componente da armadura recebe uma identificação composta de um desenho
específico que mostra as dimensões a serem formatadas na obra, uma numeração
que identifica a posição do elemento na armadura, a quantidade dos elementos,
o diâmetro (ou bitola) do aço e ainda o comprimento total de cada elemento
utilizado para o corte (SALGADO, 2018).

FIGURA 4 – NOMENCLATURA DA FERRAGEM

FONTE: Salgado (2018, p. 79)

FIGURA 5 – EXEMPLO DE UMA VIGA

FONTE: Salgado (2018, p. 79)

151
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Com essas informações, a interpretação dos desenhos no projeto estrutural


fica mais viável. No entanto, é necessário conhecer o posicionamento das barras
em função dos diagramas de esforços solicitantes, principalmente os de flexão e
tração, como ilustrados nos principais elementos estruturais a seguir:

FIGURA 6 – ARMAÇÃO DE UM TIPO DE VIGA

FONTE: Salgado (2018, p. 78)

FIGURA 7 – ARMAÇÃO DE ALGUNS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

FONTE: Salgado (2018, p. 78)

Após montada, a ferragem deve ser colocada adequadamente na fôrma,


respeitando as dimensões do projeto e os afastamentos do aço da fôrma, e
atendendo à exigência da NBR 6118 que estipula os recobrimentos mínimos
em função da agressividade ambiental. Esses afastamentos são fundamentais
para garantir o cobrimento mínimo de concreto com a finalidade de proteger a
ferragem de fissuras que podem surgir na face do elemento estrutural após a cura
e causar oxidação do aço por contato do oxigênio ou umidade.

152
TÓPICO 1 | EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

FIGURA 8 – ALGUNS TIPOS DE ESPAÇADORES COMERCIALIZADOS

FONTE: Salgado (2018, p. 85)

DICAS

Para saber mais sobre fôrmas e armação é recomendada a leitura de Júlio C.


P. Salgado, Técnicas e práticas construtivas para edificação. 4. ed. São Paulo: Érica, 2018.

153
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O concreto é composto de cimento, agregados graúdos (pedras), agregados


miúdos (areias) e água.

• Cada elemento deve respeitar os critérios normatizados para garantir a


integridade de um bom concreto.

• Há diferentes tipos de concreto e que dentre eles está o concreto armado, que
pode ser feito com ferragens passivas ou protendidas quando a estrutura
demandar a aplicação da tensão de cargas antes da concretagem.

• O sistema de fôrma segue as regras das normas NBR 14931 e a NBR 6118, assim
como os critérios para o descimbramento e os demais itens:
ᵒ pregos;
ᵒ afastamento das ferragens da fôrma com a utilização de espaçadores;
ᵒ reutilização das fôrmas;
ᵒ prazos para retirada das fôrmas.

154
AUTOATIVIDADE

1 (CIAAR, 2019) O cimbramento é a estrutura provisória que sustenta as


fôrmas que vão receber e dar forma ao concreto ainda pastoso. A respeito
do assunto de como será a sequência correta do descimbramento de uma
viga de concreto em balanço com 3 metros pronta para desformar, assinale
a alternativa correta.
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/files-s3.iesde.com.br/resolucaoq/prova/prova/18266.
pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) Deve-se retirar todo o escoramento de uma vez só.


b) ( ) Retiram-se primeiro as escoras do centro e depois em sentido do apoio
e do balanço.
c) ( ) Deve-se iniciar a retirada da ponta em balanço em sentido ao apoio.
d) ( ) Deve-se iniciar a retirada na ponta do apoio e seguir em sentido ao
balanço.

2 (CESPE/UNB, 2010):

Para construir uma mesa de concreto com apoio central, de modo a aumentar
a resistência do seu tampo, evitando que se quebre, um pedreiro decidiu fixar
uma armação de aço para atuar como reforço, contudo, não decidiu sobre o
posicionamento da armação. A figura acima representa três cortes da mesa,
cada um indicando, por meio de uma linha preta, uma possível posição de
fixação da armação do tampo.
FONTE: <http://www.cespe.unb.br/concursos/INMETRO2010/arquivos/
INMETRO10_055_64.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

Nessa situação:
a) ( ) a melhor alternativa para a fixação da armação é a apresentada na
alternativa A.
b) ( ) a melhor alternativa para a fixação da armação é a apresentada na
alternativa B.
c) ( ) a melhor alternativa para a fixação da armação é a apresentada na
alternativa C.
d) ( ) a utilização de armação de aço não é indicada nesse caso, visto que,
fatalmente, irá diminuir a resistência mecânica da mesa.

155
156
UNIDADE 3
TÓPICO 2

CONCRETAGEM

1 INTRODUÇÃO
A concretagem compreende o preparo, o transporte e o adensamento do
concreto. O concreto pode ser misturado à mão ou mecanicamente no canteiro,
ou em usina de concreto que transporta o concreto em caminhões betoneiras
em estado pastoso devidamente dosado. Esse sistema de transporte de concreto
não pode ultrapassar um percurso com duração superior a 45 minutos. Para
distâncias superiores são usados veículos betoneiras que, durante o percurso,
preparam o concreto recebido em estado seco e devidamente dosado ao sair da
central de concreto e o entregam na obra recém-preparado. O preparo industrial
“tem a vantagem de fornecer o concreto com a composição perfeita e plasticidade
adequada conforme solicitado” (CARDÃO, 1988, p. 305).

A mistura do concreto pode ser manual para pouca quantidade e quando


o concreto não requer muito controle. “Não é recomendado fazer a mistura com
volume de concreto superior a 350 litros de uma vez” (AZEREDO, 1997, p. 66). A
imagem a seguir ilustra as etapas da mistura manualmente.

FIGURA 9 – ETAPAS DE MISTURA MANUAL DE CONCRETO

FONTE: <https://www.fazfacil.com.br/wp-content/uploads/2012/07/mat_concreto_mistura_2.
gif>. Acesso em: 7 nov. 2019.

157
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Azeredo (1997, p. 66) faz referência à outra opção de mistura do concreto


que é a mecânica, ou seja, com a utilização de uma betoneira:

[...] constituída de um tambor, fixo ou móvel em torno de um eixo


que passa pelo seu centro, no qual é feita a mistura. As betoneiras se
dividem em intermitentes e contínuas. As intermitentes podem ser
de queda livre (eixo inclinado ou horizontal) e forçadas (cuba fixa ou
contracorrente); as contínuas podem ser de queda livre e forçadas.
Entre os misturadores de concreto, a betoneira é a mais utilizada.

FIGURA 10 – ETAPAS DE MISTURA MECÂNICA DE CONCRETO

FONTE: <https://www.fazfacil.com.br/wp-content/uploads/2012/07/mat_concreto_mistura_3.
gif>. Acesso em: 7 nov. 2019.

Em obras sem espaço físico para armazenamento de materiais, área para


a mistura do concreto e projetos que demandem concreto com controle, faz-
se necessária a solicitação de concreto usinado, pois este chega pronto à obra
para aplicação imediata. Sua maior vantagem é o controle de qualidade, que
não se compara ao concreto misturado na obra sem o controle adequado dos
seus insumos, além da quantidade exata de cimento e água necessária. O uso
de concreto usinado é economicamente viável quando o volume solicitado for
superior a 3 m³ (SALGADO, 2018).

2 EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS


Depois de misturado, ou seja, após o cimento entrar em contato com a água,
dá-se a reação química na mistura e toda a obra é preparada para o recebimento
do concreto fresco, que demanda cuidados e procedimentos conforme as normas
NBR 14931 e a NBR 12655.

158
TÓPICO 2 | CONCRETAGEM

Durante o transporte de concreto fresco na obra, que pode ser por


carrinho de mão, “giricas”, caçambas, caminhão betoneira, calhas,
gruas, correias transportadoras etc., há risco de segregação dos
componentes do concreto, com prejuízo da sua qualidade. Para que
o concreto seja deslocado do local de sua mistura até a fôrma com
qualidade, a peça a ser concretada deve estar preparada para receber o
concreto fresco com todos os equipamentos em perfeitas condições de
uso (SALGADO, 2018, p. 102).

Para melhor descrever os devidos preparativos e aparatos para a


concretagem, o autor descreve uma lista com itens importantes a serem
considerados para que a concretagem transcorra sem problemas e garantindo a
qualidade (SALGADO, 2018, p. 102-103):

• Verificação das fôrmas:


ᵒ Conferir se o nível do concreto acabado está visivelmente
demarcado.
ᵒ Verificar a perfeita fixação das mestras no caso de concretagem
de lajes e de pisos.
ᵒ As fôrmas devem estar limpas e lavadas antes da concretagem.
ᵒ Quaisquer buracos ou fendas que possam deixar o concreto vazar
precisam ser fechados.
• Verificação dos acessos:
ᵒ Procurar o menor percurso possível para o concreto.
ᵒ Verificar se as rampas de acesso não possuem inclinação
excessiva, se o trajeto está desobstruído e livre de entulhos.
ᵒ Verificar se os acessos dos caminhões betoneiras, quando
utilizados, estão em boas condições de tráfego e livre de atoleiros.
ᵒ A circulação dos caminhões deve ser facilitada, de modo que o
caminhão seguinte não impeça a saída do caminhão vazio.
• Verificação do local de descarregamento e lançamento (aplicação):
ᵒ Conferir se o local de descarregamento ou lançamento está
desimpedido e plano.
ᵒ Avaliar se há tábuas sobre as armações, principalmente em casos
de lajes, para a movimentação de equipamentos e pessoal.
• Aplicação com bombas e tubulações:
ᵒ Caso o concreto seja bombeado, prever o local mais próximo
possível da concretagem, para o posicionamento do equipamento
de bombeamento e local para a manobra de caminhões betoneira.
ᵒ Verificar o nivelamento da bomba.
ᵒ Travar firmemente a tubulação em peças já concretadas ou em
estruturas especialmente executadas para este fim, evitando a
fixação na estrutura da forma que vai receber a concretagem.
ᵒ Lubrificar a tubulação com argamassa de cimento e areia, não
utilizando essa argamassa para a concretagem.
• Condições dos equipamentos e equipes:
ᵒ Verificar se os equipamentos para o transporte de concreto estão
limpos e em bom estado e se a equipe operacional (transporte
e aplicação) está dimensionada para o volume e o prazo de
concretagem previsto.
ᵒ Conferir se a obra dispõe de equipamentos de adensamento
(vibradores) em quantidade suficiente.

Salgado (2018, p. 104) ainda esclarece que não basta proceder corretamente
na mistura e no transporte do concreto fresco se a aplicação não for bem executada.
Na sequência, alguns procedimentos a serem acompanhados:
159
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

• Assegurar que o preenchimento das formas seja uniforme,


evitando o lançamento em pontos concentrados que possam causar
sobrecarga na estrutura.
• Não lançar o concreto de altura superior a três metros nem o jogar a
grande distância com pá para evitar a separação da brita. Quando a
altura for muito elevada, deve-se utilizar anteparos ou funil.
• A aplicação do concreto deve ocorrer no menor prazo possível.
• Lançar o concreto diretamente sobre a peça a ser concretada.
• Adensamento do concreto deve ser com auxílio de vibrador de
agulha, ou régua vibratória no caso da concretagem de lajes.
• Iniciar a cura do elemento concretado o mais rápido possível.
• A concretagem deve ser feita no máximo duas horas após a mistura
ficar pronta.
• Evitar paradas de concretagem para que não cause a chamada junta
fria.
• O concreto deve ser adensado em camadas e compatível com o
equipamento de vibradores.
• Utilizar um funil como auxílio para o lançamento de concreto em
pilares quando a altura de lançamento for superior a 2,50 m.
• Verificar se foram previstas ancoragens para os gastalhos de pé de
pilar se for concretada uma laje.
• Realizar ensaios de abatimento (slump-test) no recebimento do
concreto e providenciar coleta para ensaio e controle da resistência
à compressão (fck).
• Antes do início da concretagem de pilares verificar se os elementos
de apoio estão devidamente limpos e com a superfície apicoada.
• Antes da concretagem é comum despejar no pé do pilar uma
argamassa de cimento e areia no traço de 1:3.
• Verificar se toda a camada de concreto está sendo vibrada, bem
como se estão sendo respeitados o tempo de vibração e as camadas
de concretagem.
• Confirmar se os procedimentos para cura da superfície exposta
estão sendo observados.
• Retirar por sarrafeamento ou com auxílio de desempenadeira ou
colher de pedreiro o material exsudado do concreto.

Durante a montagem das ferragens, deve-se verificar a concentração de


armaduras, principalmente nos encontros de pilares com vigas e em emendas,
pois o afastamento entre as barras pode ser menor que o agregado graúdo do
concreto e impedir o preenchimento de toda a fôrma, causando o chamado “ninho
de pedra” e comprometendo a exposição da ferragem na retirada das fôrmas. A
solução para esses casos seria o reposicionamento das ferragens ou a redução
do diâmetro dos agregados, tornando o concreto mais fluido, de acordo com a
autorização do responsável técnico pela estrutura (SALGADO, 2018).

160
TÓPICO 2 | CONCRETAGEM

FIGURA 11 – SEÇÃO DE ELEMENTO MAL CONCRETADO

FONTE: Salgado (2018, p. 105)

As falhas de concretagem podem surgir por vários motivos, entre eles


a concentração de armaduras. Por esse motivo deve-se manter a qualidade de
adensamento e observar o diâmetro dos agregados do concreto. Nas figuras a
seguir são apresentados dois tipos de armação e o posicionamento das barras, de
armadura espaçada (no exemplo da armadura passiva) ou em armaduras densas,
ou seja, com muitas barras.

FIGURA 12 – ARMAÇÃO PASSIVA

FONTE: <https://s3.amazonaws.com/mapa-da-obra-producao/wp-content/uploads/2017/03/
novo-layout-6.jpg>. Acesso em: 7 nov. 2019.

161
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 13 – ARMAÇÃO ATIVA PÓS-TRACIONADA

FONTE: <https://evehx.com/wp-content/uploads/2015/11/aderente-52-250x200.jpg>. Acesso


em: 7 nov. 2019.

DICAS

Para saber mais sobre estruturas de concreto protendido, acesse o site: https://
docplayer.com.br/84336614-Estruturas-de-concreto-protendido.html.

Quando o concreto é usinado, a mistura da massa possui procedimentos


rigorosos e supervisionados por técnicos habilitados para atender às especificações
do projeto elaborado pelo calculista da obra.

As centrais de concreto disponibilizam profissionais credenciados que


auxiliam na especificação do concreto sem interferir na resistência
especificada no projeto. Podem auxiliar quanto à utilização de aditivos,
diâmetro dos inertes em função das peças a serem concretadas e
programação de concretagem. Em obras de médio ou grande porte,
deve-se solicitar uma visita desses profissionais para verificação das
condições da obra (SALGADO, 2018, p. 108).

No pedido do concreto deve-se mencionar:

• Resistência característica do concreto, inclusive o aditivo, se for


usado.
• Dimensão dos agregados em função da peça concretada.
• Consumo mínimo de cimento, se for exigido pelo calculista.
• Fazer referência quanto ao abatimento (slump-test) desejado.
• Volume.
• Peça a ser concretada.
• Programação de entrega em função da capacidade de aplicação.

162
TÓPICO 2 | CONCRETAGEM

No recebimento do concreto usinado na obra deve-se observar:


• Se a nota fiscal possui todas as informações do concreto solicitado.
Não receber o caminhão caso haja discordância na nota fiscal.
• Solicitar que o concreto seja movimentado energeticamente no
“balão” do caminhão antes do descarregamento.
• Realizar o teste de abatimento e, se for necessário, adicionar água
somente com o consentimento do responsável técnico da obra.
• Conforme a norma, retirar corpos de prova para a verificação da
resistência. Esse procedimento também deve ser observado quando
o concreto é feito na própria obra (SALGADO, 2018, p. 108-109).

FIGURA 14 – CAMINHÃO BETONEIRA E CAMINHÃO BOMBA CONCRETANDO LAJE

FONTE: <https://www.concrezac.com.br/images/servicos/02.jpg>. Acesso em: 7 nov. 2019.

FIGURA 15 – TESTE DE ABATIMENTO

FONTE: <http://www.concretoengenharia.com/tpl/timthumb.php?src=uploads/
ConcretoEngenharia-91ece19f88f1b3ee72b6a0e8b9703a56.jpg&h=637&w=871&zc=1>. Acesso
em: 7 nov. 2019.

163
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

DICAS

O que é Slump do concreto e como fazer o teste? Veja no endereço: https://


www.escolaengenharia.com.br/slump-test/.

Após o manuseio do concreto fresco com o devido transporte e aplicação


do concreto, o adensamento da mistura na fôrma tem por finalidade acomodar
o concreto, fazendo com que não haja vazios no interior da fôrma, deixando
a massa de concreto bem coesa. O método mais usual e eficaz de fazer isso é
com a utilização de vibradores especialmente destinados a essa finalidade. Esse
procedimento é muito importante e requer habilidade e treino, por isso essa tarefa
deve ser sempre supervisada pelo técnico responsável pela concretagem ou pelo
mestre de obras.

O excesso de vibração pode provocar a segregação do concreto,


comprometendo assim sua qualidade e eficiência. Acompanhe
algumas observações quanto ao procedimento de vibração:

• O adensamento deve ser feito de modo contínuo e enérgico.


• A vibração da armadura como auxílio no adensamento só é
prejudicial à estrutura. Criam-se bolhas de ar entre a armadura e o
concreto com prejuízo da aderência.
• No uso de vibradores de imersão, eles devem ser introduzidos na
massa de concreto vertical ou pouco inclinada.
• Deve-se evitar uma vibração com duração longa demais, pois
provoca a desagregação do concreto.
• É necessário que a espessura da camada a ser vibrada seja
aproximadamente igual a três quartos do comprimento da agulha
do vibrador, que deve atingir a camada anterior, sem penetrá-la.
• Nas colunas e paredes é melhor usar também um vibrador externo
(ou de parede).
• A batida com o martelo nas fôrmas, bem como o uso de barras de
ferro, não é suficiente para socar o concreto dentro das fôrmas.
• Não se deve deitar o vibrador sobre a armadura em caso de concreto
de lajes.
• Nas lajes e pisos com pouca espessura, o vibrador de imersão tem
pouca eficiência. Utilizar réguas vibratórias especialmente para este
fim (SALGADO, 2018, p. 106).

Há no mercado, motores com diferentes alimentações (elétricos, a gasolina,


portáteis), e mangotes com tamanho e peso diferenciados.

164
TÓPICO 2 | CONCRETAGEM

FIGURA 16 – MOTOR VIBRADOR E MANGOTES

FONTE: <https://sc01.alicdn.com/kf/HTB1rwkRbUD.BuNjt_h7q6yNDVXaE/230V-Part-of-
Concrete-vibrator.jpg_350x350.jpg>. Acesso em: 7 nov. 2019.

Logo após o adensamento do concreto, este deve “descansar” enquanto as


reações químicas reagem durante o período de cura. Para isso, as superfícies das
peças concretadas, “expostas a condições que acarretam a secagem prematura,
deverão ser protegidas por meios adequados, de modo a conservarem-se úmidas
durante pelo menos sete dias contados a partir do dia do lançamento” (AZEREDO,
1997, p. 78).

A cura do concreto pode ser feita de modo tradicional, ou seja, mantendo


a superfície úmida. Em casos em que é difícil manter a superfície úmida, como
em muros e barragen,s por exemplo, é feita a cura química: na superfície
recém-concretada é aplicada uma película como parafina ou resina que impede
a evaporação da água do concreto. Quando o tempo de cura é reduzido, faz-
se a cura térmica, com o objetivo de auxiliar a secagem do concreto de modo
controlado.

DICAS

Para saber mais sobre cura do concreto, acesse: https://www.tecnosilbr.com.


br/o-que-e-cura-de-concreto-e-como-fazer-uma-cura-eficiente/.

165
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 17 – APLICAÇÃO DE PRODUTO PARA A CURA DO CONCRETO EXPOSTO AO CALOR E


VENTOS

FONTE: <https://www.aecweb.com.br/prod/cls/anuncios/pes_47052/ag-cura-acrilico-med.jpg>.
Acesso em: 7 nov. 2019.

166
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• A execução de concretagem requer muita atenção e critérios quanto à/ao:


ᵒ mistura;
ᵒ transporte;
ᵒ recebimento;
ᵒ lançamento;
ᵒ adensamento;
ᵒ cura.

• Por ser uma mistura de materiais inertes e químicos, o concreto não pode ser
lançado de altura superior a 2,50 m em função de sua plasticidade.

• O prazo de validade do concreto fresco da mistura até o adensamento deve


seguir as recomendações da NBR 7212.

167
AUTOATIVIDADE

1 (UFJF, 2014) Com relação às propriedades do concreto no estado fresco,


marque a alternativa INCORRETA.
FONTE: <http://www.ufjf.br/antenado/files/2014/03/T%C3%89CNICO-EM-
EDIFICA%C3%87%C3%95ES-PROVA-E-GABARITO.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) Alguns fatores como consumo de água, agregados, consumo de


cimento, relação água/cimento, adições e aditivos podem afetar a
trabalhabilidade do concreto fresco, pois, alterando um ou mais desses
fatores, haverá mudanças na fluidez ou na coesão ou em ambas as
características.
b) ( ) Um dos equipamentos utilizados em ensaios para medir a consistência
do concreto é o cone de Abrams. O ensaio é conhecido como abatimento de
tronco de cone. Concretos mais fluídos tendem a apresentar abatimentos
menores, devido ao seu espalhamento.
c) ( ) O tipo de mistura, transporte, lançamento e adensamento do concreto
são fatores que limitam a trabalhabilidade, de forma a permitir um
adensamento nos níveis aceitáveis, sem que haja segregação e exsudação
consideráveis do concreto.
d) ( ) O tempo de pega varia, principalmente, com o tipo de cimento, a relação
água/cimento, a temperatura e os aditivos. Cimentos com maior calor de
hidratação ou mais finos apresentam tempos de pega menores. Relações
água/cimento maiores, normalmente, apresentam maiores tempos de pega.
Maiores temperaturas diminuem os tempos de pega.

2 (FCC, 2016) A propriedade das argamassas no estado fresco que determina


a facilidade com que elas podem ser misturadas, transportadas, aplicadas,
consolidadas e acabadas, em uma condição homogênea, recebe o nome de:
FONTE: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/25542535/67ccfa33468d/assist_tec_
infraestrutura_tec_edificacoes.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) Adesão inicial.
b) ( ) Homogeneidade.
c) ( ) Trabalhabilidade.
d) ( ) Consistência.
e) ( ) Exsudação.

168
UNIDADE 3
TÓPICO 3
PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Uma construção é composta de elementos estruturais e de vedação.
Denomina-se alvenaria, a vedação feita de pedras naturais, tijolos ou blocos de
concreto, ligados ou não por meio de argamassas, e deve:

[...] oferecer condições de resistência, durabilidade e impermeabilidade.


A aplicação de tijolos satisfaz plenamente as condições de resistência
e durabilidade; a Impermeabilização, nesse caso, é obtida por meios
artificiais, utilizando produtos específicos. A impermeabilidade
à umidade tem interesse especial sob o ponto de vista higiênico
(AZEREDO, 1997, p. 125).

A alvenaria pode ser feita com os seguintes materiais:

• Tijolos de barro cozido – comum; Iaminado; furado, com quatro furos, com
seis furos, com oito furos; refratário baiano.
• Blocos de concreto.
• Concreto celular.
• Tijolo de vidro.
• Pedras naturais (argamassados, travados).

Cardão (1988, p. 231) trata alvenaria como “um conjunto de materiais


de um trabalho e que deve se comportar como um único bloco”. Ou seja, seus
elementos devem possuir equilíbrio estável sob ação das diferentes forças que a
solicitam.

2 DEFINIÇÕES BÁSICAS
As vedações verticais existentes numa edificação formam um subsistema
composto por elementos que dividem os ambientes internos, controlam e
protegem a ação de agentes indesejáveis e intempéries, e fornecem suporte para
as tubulações das diversas instalações, proporcionando condições de habitação
necessária. “As vedações verticais podem ter esquadrias, vidros, painéis de
diferentes materiais” (SALGADO, 2018, p. 112).

169
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Alvenaria pode ser entendida como um componente construído em obra


pela união entre blocos e tijolos com argamassa de assentamento como elemento
de ligação, formando um conjunto monolítico estável, como ilustrado na imagem
a seguir. Normalmente, as alvenarias de vedação compostas por blocos ou tijolos
possuem um alto índice de quebras, desperdícios, retrabalhos, ausência de projeto
de paginação, sem muito cuidado na execução (SALGADO, 2018).

FIGURA 18 – ELEMENTOS DE ALVENARIA

FONTE: Salgado (2018, p. 112)

Ainda, Salgado (2018, p. 113-114) nos mostra que as principais propriedades


das alvenarias são:

• Ergonomia – a alvenaria é executada assentando peça por peça,


proporcionando um desgaste físico considerável aos trabalhadores.
O seu tamanho, a sua textura e o seu peso podem influenciar
diretamente na produtividade. Nem sempre um bloco maior é mais
produtivo que um bloco pequeno.
• Regularidade dimensional – a regularidade nas dimensões dos
blocos ou tijolos é fator importante para uma uniformidade no
elemento final, além de proporcional economia de argamassa.
• Absorção de água – um bloco ou tijolo com baixa absorção de água
pode comprometer a penetração da nata do cimento nos seus poros,
comprometendo a aderência com a argamassa de assentamento.
Em regiões ou climas muito quentes, deve-se umedecer os blocos,
principalmente os cerâmicos para que não haja uma perda brusca
da umidade da argamassa.
• Tamanho do bloco – diretamente ligado à capacidade da alvenaria
em absorver movimentações oriundas de dilatação térmica e
eventuais recalques. Quanto menos juntas, menor o poder de
movimentação.
• Desempenho térmico e acústico – as alvenarias podem também ser
boas aliadas no isolamento térmico-acústico.
• Peso específico – característica que influencia o dimensionamento
estrutural da edificação, inclusive nas estruturas de fundação.
• Outros elementos – na escolha do elemento de alvenaria deve-
se também verificar a capacidade de suporte e fixação de outros
elementos de acabamento ou decoração, tais como esquadrias,
equipamentos, armários e redes.

170
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Essas propriedades devem ser observadas quanto: à resistência à


compressão, à porosidade, à capilaridade, à absorção de água e aos coeficientes
de absorção e dilatação térmica.

Para melhor conceituar cada parte do sistema de alvenaria, seguiremos a


terminologia sugerida por Thomaz et al. (2009, p. 4):

Alvenaria de vedação - Parede constituída pelo assentamento de tijolos maciços


ou blocos vazados com argamassa, com a função de suportar apenas seu peso
próprio e cargas de ocupação como armários, prateleiras, redes de dormir etc.
Bisnaga de assentar - Bolsa de couro ou tecido resistente, com formato cônico,
tendo no vértice orifício circular, utilizada na execução de alvenarias, para
formar cordões para o assentamento ou o rejuntamento dos blocos.
Bloco cerâmico de vedação - Componente vazado, com furos prismáticos
perpendiculares às faces que os contêm, que integra alvenarias de vedação
intercaladas nos vãos de estruturas de concreto armado, aço ou outros materiais.
Normalmente são empregados com os furos dispostos horizontalmente,
devendo resistir somente ao peso próprio e a pequenas cargas de ocupação.
Bloco cerâmico estrutural - Componente vazado, com furos prismáticos
perpendiculares às faces que os contêm, que integra alvenarias que constituem
o arcabouço resistente da construção, sendo normalmente aplicados com os
furos dispostos verticalmente. Pode também ser aplicado em alvenarias de
vedação.
Bloco cerâmico vazado - Componente de alvenaria fabricado com material
cerâmico, com furos posicionados vertical ou horizontalmente, com área útil
do material cerâmico não excedendo a 25% da correspondente área bruta da
seção.
Bloco compensador - Componente com medidas equivalentes a submódulo
do comprimento do bloco padrão (exemplo 1/4 M e 1/8 M), utilizado para
complementar vãos que não sejam múltiplos inteiros do módulo.
Bloco de amarração - Bloco com dimensões que permitem a amarração das
paredes entre si, sem interferir na modulação.
“Boneca” - Pequeno trecho saliente de alvenaria destinado ao alojamento de
tubulações ou à fixação de marcos de portas e janelas.
Canaleta J - Componente cerâmico com seção em forma de J, sem paredes
transversais, que permite o apoio de lajes sem que se quebre a modulação
vertical das fiadas nas paredes de fachada.
Canaleta U - Componente cerâmico com seção em forma de U, sem paredes
transversais, que permite a construção de cintas de amarração, vergas e
contravergas. Aplicada no topo de paredes internas, permite o apoio de laje
sem que se quebre a modulação vertical das fiadas.
Cinta de amarração - Reforço de material resistente à tração e ao cisalhamento,
introduzida e solidarizada às alvenarias para melhorar o desempenho das
paredes frente a essas tensões.
Componentes complementares - Blocos ou outros componentes cerâmicos que
integram as alvenarias com função específica.

171
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Contraverga - Reforço de material resistente à tração e ao cisalhamento,


introduzida e solidarizada às alvenarias, localizada na parte inferior de vãos,
como os de janelas, com a finalidade de absorver essas tensões.
Escantilhão - Régua graduada, com subdivisão correspondente à altura de cada
fiada, utilizada para obediência à modulação vertical da alvenaria e também
para orientar o prumo das paredes.
Escantilhão com tripé - Escantilhão suportado na vertical por três hastes
articuladas, fixadas na base com pregos de aço, parafusos com buchas ou
outros recursos, com sistema de regulagem que possibilita mantê-lo no prumo
e alinhar a primeira marca com a cota da primeira fiada.
Escantilhão telescópio - Escantilhão constituído por partes escamoteáveis,
com regulagem de altura e sistema de molas que lhes confere capacidade de
encaixar-se e manter-se preso nos reticulados da estrutura, com possibilidade
de manter-se aprumado e alinhado com a cota da primeira fiada.
Esticador de linha - Ferramenta normalmente de madeira, com formato de “U”,
com a linha de náilon enrolada na base do “U”; encaixa-se a ferramenta nos
blocos extremos da fiada que se está executando, com suas pernas enviesadas
em relação ao eixo da parede, de forma que ao se esticar a linha a ferramenta
fica presa por atrito e permite manter a linha esticada.
Finca pinos - Ferramenta semelhante a uma pistola, destinada a cravar pinos
de aço no concreto, na alvenaria ou em outros materiais, funcionando à base
de explosivos; a ferramenta deve ser operada por profissionais habilitados,
devendo apresentar regulagem de pressão (diferentes para os diferentes tipos
de base) e sistema de comando que evite a deflagração acidental do projétil
(pino de aço).
Fio traçante - Barbante / fio de algodão que é impregnado com pó colorido
(“vermelhão” ou equivalente), destinado à marcação de paredes, eixos de
referência etc.; na exata posição que se quer demarcar, o fio é distendido e
suportado nas extremidades, sendo em seguida esticado intermediariamente
para que forme uma catenária invertida; soltando-se repentinamente o fio
tencionado, grava na base a linha desejada.
Graute - Micro concreto ou argamassa autoadensável, isto é, material que se
acomoda no interior do molde sem a necessidade de ser socado ou vibrado,
com a função de solidarizar a armadura à alvenaria.
Junta a prumo - Assentamento de blocos ou tijolos onde os componentes da
fiada superior projetam-se exatamente sobre os componentes inferiores, isto é,
as juntas verticais de assentamento resultam alinhadas.
Junta de controle - Junta introduzida em parede muito longa, em seção com
mudança abrupta de direção ou mudança de espessura da parede, com a
finalidade de evitar a fissuração da alvenaria.
Junta em amarração – Assentamento de blocos ou tijolos de forma defasada, isto
é, o componente superior projeta-se simultaneamente sobre as duas metades
dos componentes inferiores, aceitando-se sobreposição mínima de um quarto
do comprimento em trechos localizados das paredes.
Junta seca - Encontro vertical entre dois blocos contíguos, sem argamassa na
junta vertical de assentamento.

172
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Meia cana - Ferramenta côncava destinada à execução de alvenarias, com


pequena largura, com capacidade para recolher quantidade de argamassa
compatível com a dimensão do cordão que se pretende constituir para o
assentamento de blocos.
Módulo (M) - Unidade de medida padrão que representa a distância entre dois
planos consecutivos do reticulado modular de referência (em geral, assume-se
para essa distância o valor de um decímetro: 1 M = 10 cm).
Palete - Plataforma de madeira sobre a qual se empilham os blocos ou tijolos a
fim de transportá-los em maior quantidade e de forma segura, possibilitando
ainda o içamento através de gruas ou guinchos e facilitando o encaixe de garfos
de carrinhos porta-paletes.
“Palheta”, meia desempenadeira ou régua de assentar - Régua com largura em
torno de 4 ou 5 cm, ligeiramente mais comprida que os blocos, com a qual se
recolhe argamassa da masseira e a deposita sobre o bloco mediante pequenos
movimentos de translação e rotação (raspando a ferramenta na lateral do bloco
e deixando a argamassa depositada no seu topo).
Tijolo cerâmico maciço - Componente de alvenaria com forma de paralelepípedo,
com todas as faces plenas de material cerâmico, podendo apresentar rebaixos
de fabricação em uma das faces de maior área.
Vão “em osso” - Dimensões de uma parede ou de um vão de esquadria, ou ainda
medida linear entre faces de componentes estruturais ou de paredes, sem
que tenha ocorrido aplicação de qualquer tipo de acabamento na obra bruta
(estrutura e alvenarias).
Verga - Reforço de material resistente à flexão e ao cisalhamento, introduzida
e solidarizada às alvenarias sobre os vãos como os de portas ou janelas, com a
finalidade de absorver tensões que se concentram no entorno dos vãos.
Vida útil (VU) - Período de tempo durante o qual o edifício ou seus sistemas
mantém o desempenho esperado, quando submetidos às atividades de
manutenção pré-definidas no respectivo manual de operação, uso e manutenção.
Vida útil de projeto (VUP) - Período estimado de tempo em que um sistema é
projetado para atender aos requisitos de desempenho estabelecidos na série de
normas NBR 15575, desde que cumprido o programa de manutenção previsto
no respectivo manual de operação, uso e manutenção.

3 PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO


A primeira parte da NBR 15270 nos orienta quanto às características
(visuais, geométricas, físicas e mecânicas) a serem respeitadas nas indústrias na
confecção dos tijolos e blocos, ilustrados a seguir (ABNT, 2017d).

173
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 19 – BLOCOS CERÂMICOS

FONTE: ABNT (2017d, p. 2)

O seguinte quadro mostra as dimensões adotadas para comercialização.

QUADRO 6 — DIMENSÕES DE FABRICAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS DE VEDAÇÃO

Dimensões Dimensões de fabricação (cm)


LXHXC Comprimento (C)
Largura Altura
Módulo Dimensional Bloco
(L) (H) ½ Bloco
M = 10 cm principal
(1) M x (1) M x (2) M 19 9
9
(1) M x (1) M x (5/2) M 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (2) M 19 9
(1) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (3) M 9 29 14
(1) M x (2) M x (2) M 19 9
(1) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19
(1) M x (2) M x (3) M 29 14
(1) M x (2) M x (4) M 39 19
(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M 11,5 24 11,5
(5/4) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(5/4) M x (2) M x (2) M 11,5 19 9
(5/4) M x (2) M x (5/2) M 19 24 11,5
(5/4) M x (2) M x (3) M 29 14
(5/4) M x (2) M x (4) M 39 19
(3/2) M x (2) M x (2) M 19 9
(3/2) M x (2) M x (5/2) M 14 19 24 11,5
(3/2) M x (2) M x (3) M 29 14
(3/2) M x (2) M x (4) M 39 19

174
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

(2) M x (2) M x (2) M 19 9


(2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19 19
(2) M x (2) M x (3) M 29 14
(2) M x (2) M x (4) M 39 19
(5/2) M x (5/2) M x (5/2) M 24 11,5
(5/2) M x (5/2) M x (3) M 24 24 29 14
(5/2) M x (5/2) M x (4) M 39 19
NOTA: os blocos com largura de 6,5 cm e altura de 19 cm serão admitidos
excepcionalmente, somente em funções secundárias (como em shafts ou
pequenos enchimentos) e respaldados por projeto com identificação do
responsável técnico.
FONTE: ABNT (2017d, p. 6-7)

Tipos de tijolos e blocos:

FIGURA 20 – TIPOS DE TIJOLOS MACIÇOS DE BARRO

FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/pedraartificialceramica-141126152000-conversion-
gate01/95/pedra-artificial-ceramica-18-1024.jpg?cb=1417015554>. Acesso em: 7 nov. 2019.

175
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 21 – TIJOLOS FURADOS

FONTE: <http://ew7.com.br/projeto-arquitetonico-com-autocad/images/stories/dimenses-dos-
tijolos.png>. Acesso em: 7 nov. 2019.

FIGURA 22 – BLOCOS DE CONCRETO

FONTE: <https://portalconstrucaofacil.com/wp-content/uploads/2019/02/bloco-concreto-
estrutural.jpg>. Acesso em: 7 nov. 2019.

FIGURA 23 – BLOCO DE CONCRETO CELULAR

FONTE: <https://precon.com.br/portal/wp-content/uploads/2017/09/img_bloco_precon.png>.
Acesso em: 7 nov. 2019.

176
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Os blocos de concreto celular, ilustrados na imagem anterior, são utilizados


na confecção de alvenarias e seu peso é inferior ao bloco de concreto comum,
proporcionando o manuseio fácil e custo benefício. As normas NBR 14956, NBR
13438 e NBR 13440 estabelecem métodos e procedimentos de assentamento com
argamassa, além de dimensões e características.

Na execução das alvenarias, dependendo da finalidade, pode-se executar


paredes de “meia vez”, ou seja, paredes com espessura de 10 cm ou a menor
dimensão do tijolo; ou parede “de uma vez” que geralmente são alvenarias de
uso externo, construídas com tijolos deitados, de modo que a sua espessura seja
o dobro da parede de meia vez (REGO, 2010).

FIGURA 24 – POSIÇÃO DOS TIJOLOS NO ASSENTAMENTO

FONTE: <http://ew7.com.br/projeto-arquitetonico-com-autocad/images/stories/tijolos%20
baianos.png>. Acesso em: 7 nov. 2019.

As fiadas são assentadas de modo que as peças (blocos ou tijolos) fiquem


desalinhadas na direção vertical (no prumo). Esse procedimento é feito para que
haja uma amarração entre as peças. “O alinhamento vertical é verificado com o
fio de prumo e na posição horizontal com nível de bolha, prego e linha de nylon
esticada” (REGO, 2010 p. 86), como ilustrado na imagem a seguir.

FIGURA 25 – FIADAS E PRUMO DE ALVENARIA

FONTE: Rego (2010, p. 86)

177
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Para vãos nas alvenarias, como portas, por exemplo, o assentamento


é interrompido na medida necessária do vão e entre os tijolos são colocados
elementos de madeira cortados em forma de trapézio, chumbados nas laterais dos
vãos que servem para colocação de portas ou janelas de madeira. Esses elementos
são chamados de tacos (REGO, 2010).

Atualmente, nas obras de médio a grande porte, esses tacos são substituídos
por ganchos ou parafusos fixados nos caixonetes ou batentes das esquadrias e
fixados por argamassa ou espuma expansiva de poliuretano (SALGADO, 2018).

FIGURA 26 – TACOS DE ALVENARIA

FONTE: Rego (2010, p. 89)

DICAS

Para saber mais sobre execução de alvenaria, acesse: https://www.docsity.


com/pt/apostila-de-pedreiro/4716295/.

4 LIGAÇÃO ENTRE ESTRUTURAS E PAREDES DE


VEDAÇÃO
Para as ligações das alvenarias com a estrutura da edificação, devem-
se considerar “os gradientes térmicos nas fachadas, as dimensões dos panos e
a flexibilidade da estrutura; [para estruturas muito flexíveis como estruturas
reticuladas de grandes vãos por exemplo], adotam-se detalhes construtivos
especiais” (THOMAZ et al., 2009, p. 27), como ilustrado na imagem a seguir.

178
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

FIGURA 27 – LIGAÇÕES ENTRE ALVENARIAS E PILARES DE ESTRUTURAS FLEXÍVEIS

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 29)

Seguindo as recomendações de Thomaz et al. (2009, p. 27), para as:

[...] ligações convencionais com materiais rígidos e estruturas de


concreto armado [...], deve-se proceder inicialmente à vigorosa
limpeza das faces do pilar, com completa remoção do desmoldante.
[Em seguida], as faces de arranque das alvenarias devem receber uma
camada de chapisco. No assentamento, os blocos devem ser fortemente
pressionados contra o pilar, resultando refluxo de argamassa e total
compacidade da junta.
O projeto da alvenaria deve definir a forma de ligação das paredes
com os pilares, a fim de prevenir futuros destacamentos. [...] As
ligações com os pilares podem ser executadas com telas metálicas
[eletro soldadas, galvanizadas, aplicadas a cada duas fiadas e fixadas
no concreto com pinos metálicos] (“tiros” aplicados com finca-pinos).
Neste caso a tela deve ser dobrada exatamente a 90º, [...] aplicando-se
os pinos e as respectivas arruelas o mais próximo possível da dobra da
tela. As ligações com telas podem ser reforçadas mediante emprego de
cantoneira metálica entre a tela e a arruela/cabeça do pino. Para evitar-
se risco de corrosão, as telas devem ser recortadas com largura 1 ou 2
cm menor que a largura dos blocos.

179
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 28 – FIXAÇÃO DE ALVENARIAS EM PILARES COM O EMPREGO DE TELA METÁLICA


GALVANIZADA

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 28)

Thomaz et al. (2009 p. 28) recomendam ainda que:

[Para as] ligações mais fortes com armações de espera podem


ser introduzidas na armadura do pilar, ou com “ferros-cabelo”
posteriormente colados em furos executados com brocas de 8 mm de
diâmetro (colagem com resina epóxi); nos casos correntes recomenda-
se introduzir um ferro de 6 mm a cada 40 ou 50 cm, com transpasse
em torno de 50 cm para o interior da alvenaria e com penetração no
pilar de 6 a 8 cm. [...] A ligação pode ainda ser executada com gancho
/ estribo de dois ramos.

Como veremos na imagem a seguir.

FIGURA 29 – LIGAÇÕES ENTRE ALVENARIAS E PILARES COM GANCHO DE AÇO DE DOIS


RAMOS OU COM AUXÍLIO DE BLOCOS TIPO CANALETA

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 29)

180
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Para as ligações de alvenarias com estruturas metálicas, Thomaz et al.


(2009 p. 30) recomendam que “as ancoragens sejam executadas com insertos de
aço soldados nos pilares e chumbados nas juntas horizontais de assentamento,
seguindo os métodos das ligações nas peças em concreto”. As imagens a seguir
ilustram a ideia.

FIGURA 30 – LIGAÇÕES ENTRE ALVENARIAS E PILARES DE AÇO – ESTRUTURA APARENTE

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 30)

FIGURA 31 – LIGAÇÕES ENTRE ALVENARIAS E PILARES DE AÇO – ESTRUTURA EMBUTIDA

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 30)

Nas fixações de alvenarias com lajes ou vigas superiores, após limpeza e


aplicação de chapisco no componente estrutural é recomendado assentamento
inclinado de tijolos de barro cozido, empregando-se argamassa relativamente
fraca. Cria-se assim uma espécie de “colchão deformável”, amortecedor das
deformações estruturais que seriam transmitidas à parede.

Nos projetos modulados, onde a última fiada de blocos praticamente


faceia a face inferior do componente estrutural, emprega-se argamassa
fraca em cimento. Em se tratando de blocos vazados, a última
fiada pode ser composta por meio-blocos assentados com furos
na horizontal, facilitando-se sobremaneira a execução da fixação
denominada “encunhamento” (THOMAZ et al., 2009, p. 31).

181
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 32 – ENCUNHAMENTO DE PAREDE COM O EMPREGO DE TIJOLOS DE BARRO


COZIDO

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 31)

Quanto à fixação da alvenaria em estruturas muito deformáveis, Thomaz


et al. (2009) recomendam a utilização de ligações ainda mais flexíveis, como, por
exemplo, o emprego de poliuretano expandido ou “massa podre” composta com
esferas de EPS (poliestireno expandido). Nesse caso, adequações de materiais
e de detalhes construtivos devem ser estudadas para garantir a integridade do
revestimento das paredes. O tempo entre a execução da parede e o encunhamento
deve ser respeitado, proporcionando a retração natural da argamassa de
assentamento entre os tijolos.

Sempre que as estruturas forem intencionalmente flexíveis, com


deformações que precisam superar a capacidade de acomodação das
alvenarias, detalhes construtivos apropriados devem ser adotados nos
encontros das alvenarias com as vigas ou lajes, conforme ilustração a
seguir. A ancoragem superior das paredes, nesse caso, pode ser feita
com insertos de aço (ferro de 6 mm, espaçamento em torno de 2 m),
fixados nas vigas ou lajes mediante furação (broca 8 mm, profundidade
do furo 5 a 6 cm), limpeza e colagem com resina epóxi. O acabamento
da junta pode ser executado com selante flexível e moldura de gesso
(“roda-teto”) (THOMAZ et al., 2009, p. 32).

FIGURA 33 – DETALHES DE LIGAÇÃO DAS ALVENARIAS COM LAJE MUITO DEFORMÁVEL

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 32)

182
TÓPICO 3 | PROJETO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Para as ligações com vigas de aço ou lajes mistas, valem as mesmas


recomendações anteriores, pois as alvenarias de fachada podem ser posicionadas
externamente à estrutura, conforme detalhe ilustrado a seguir.

FIGURA 34 – ALVENARIAS POSICIONADAS EXTERNAMENTE À ESTRUTURA METÁLICA

FONTE: Thomaz et al. (2009, p. 33)

183
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A alvenaria se define como elementos de vedações verticais nas construções e


a implementar os componentes que constituem esse sistema de vedação.

• É possível observar os diferentes blocos e tijolos que compõem uma alvenaria


e recomendações normativas quanto às:
ᵒ dimensões;
ᵒ características geométricas;
ᵒ característica mecânica.

• Existem ligações especiais entre elementos estruturais e as paredes de vedação.

184
AUTOATIVIDADE

1 (FGV, 2019) A execução de alvenaria de tijolos e blocos cerâmicos, sem


função estrutural, é muito empregada nas edificações. Com relação às
condições de execução estabelecidas pela ABNT, analise as afirmativas a
seguir.
FONTE: <https://arquivos.qconcursos.com/prova/arquivo_prova/61546/
fgv-2019-dpe-rj-tecnico-superior-especializado-engenharia-civil-prova.pdf?_
ga=2.265092812.279688464.1570584934-231533174.1569810571>. Acesso em: 7 nov. 2019.

I- As alvenarias apoiadas em alicerces devem ser executadas no mínimo 48


horas após a impermeabilização dos alicerces.
II- Recomenda-se chapiscar a face da estrutura que fica em contato com a
alvenaria.
III- No caso de alvenaria de blocos de vedação, estes devem ser usados com
furos na vertical, exceto em disposições construtivas particulares.

Está correto o que se afirma em:


a) ( ) somente I.
b) ( ) somente II.
c) ( ) somente I e II.
d) ( ) somente II e III.

2 (CEPS/UFPA, 2018) Nas paredes de alvenaria, as aberturas de portas e


janelas devem ser reforçadas com elementos construtivos que minimizem as
concentrações de tensões e evitem fissurações localizadas. Esses elementos
são conhecidos como:
FONTE: <https://arquivos.qconcursos.com/prova/arquivo_prova/57968/
ceps-ufpa-2018-unifesspa-tecnico-de-laboratorio-edificacoes-prova.pdf?_
ga=2.261954254.279688464.1570584934-231533174.1569810571>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) marcos para as portas e contravergas para as janelas.


b) ( ) vergas para as portas e contramarcos para as janelas.
c) ( ) vergas para as portas e janelas e contravergas para as janelas.
d) ( ) marcos para as portas e janelas e contravergas para as janelas.

185
186
UNIDADE 3
TÓPICO 4

COBERTURAS

1 INTRODUÇÃO
A cobertura da edificação tem a finalidade de proteger a construção das
intempéries. Desde a construção dos abrigos rústicos nas cavernas até os dias
atuais, a evolução se fez quanto aos materiais utilizados, técnicas construtivas,
tipos de acabamento, elementos estruturais, características e formas de coberturas.

As construções residenciais e de pequeno porte possuem maior índice


de utilização de materiais cerâmicos, porém as obras de grande porte optam por
materiais metálicos em função da rapidez e do custo-benefício.

Uma obra de cobertura consiste em duas partes: a estrutura que pode


ser executada com materiais e peças característicos para sustentar a outra parte
chamada de cobertura. Esta cobre a estrutura com telhas, proporcionando a
proteção da obra. É possível incluir na cobertura elementos destinados à captação
das águas pluviais, como calhas e condutores. A parte estrutural da cobertura
forma um sistema treliçado destinado a suportar toda a carga da cobertura, além
dos esforços provenientes da ação das intempéries e suas variações. Cada parte
desta estrutura possui uma nomenclatura (SALGADO, 2018, p. 146-147):

• Tesoura – estrutura autoportante constituída de diversas peças


formando uma estrutura treliçada com a finalidade de suportar toda
a carga de um telhado.
• Cumeeira – linha mais alta de um telhado.
• Linha – peça de alinhamento da tesoura que recebe todos os esforços
da tesoura e pela qual é transmitida a estrutura principal da obra.
• Perna – suporta as terças e dá inclinação à estrutura conforme o tipo
de telha utilizado.
• Pendural – elemento vertical de distribuição das cargas de um
telhado.
• Escora – elemento oblíquo de distribuição das cargas de um telhado.
• Empena – o mesmo que perna.
• Terça – peça localizada entre o frechal e a cumeeira que tem a
finalidade de travar as tesouras e suportar a estrutura de caibros.
• Água – plano inclinado que define o caimento de um telhado.
• Rincão – linha de encontro entre duas águas de um telhado.
• Empeno – parte de alvenaria de elevação que acompanha o caimento
de um telhado.
• Beiral – parte da estrutura do telhado que se projeta além da
alvenaria externa.
• Tirante – peça em diagonal destinada ao travamento, absorvendo os
esforços de tração da tesoura.
• Frechal – nome dado à primeira terça da tesoura.
• Caibro – peças de apoio para as ripas, pregadas sobre as terças.
• Ripa – peças de apoio das telhas, pregadas sobre os caibros.

187
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

FIGURA 35 – ELEMENTOS DE COBERTURA

FONTE: Salgado (2018, p. 147)

Salgado (2018) ainda comenta sobre outro esquema de apoio da cobertura


que pode ser a utilização de um pilar sobre a laje projetada com essa finalidade.
Esse pilar ou pilarete, que pode ser de alvenaria, suporta as terças e cumeeira. Para
vãos maiores que 3,00 m é recomendado um reforço com pontaletes servindo de
mão francesa para o reforço da estrutura, conforme ilustração a seguir.

FIGURA 36 – ESQUEMA DE APOIO DE COBERTURA

FONTE: Salgado (2018, p. 148)

188
TÓPICO 4 | COBERTURAS

2 TIPOLOGIAS
Existem vários tipos de coberturas que variam de acordo com a escolha do
técnico, levando em conta os fatores climáticos como chuva, vento, temperatura,
neve etc.

FIGURA 37 – TIPOS DE COBERTURAS

FONTE: <http://usuarios.upf.br/~zacarias/Telhados.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

Para cada tipo de telhado há um tipo de tesoura:

FIGURA 38 – TIPOS DE TESOURA

FONTE: Rego (2010, p. 111)

189
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

A cobertura pode variar conforme o sistema construtivo. Existem vários


tipos de telhados, como as telhas de barro cozido, telhas metálicas, plásticas,
vidro, pedra natural e outros, como no quadro a seguir.

QUADRO 7 – TIPOS DE TELHAS

Telha de barro cozido (cerâmica)


• marselhe ou francesa • paulista
• colonial • plan
• paulistinha • itu
Telhas de fibrocimento (cimento amianto)
• ondulada • canalete • moduladas
Telha asfáltica com fibra vegetal
• ondulada • placas em formato de escama
Telhas com fibras de polímeros
• ondulada • canalete
Telhas metálicas
• alumínio • cobre • ferro • zinco
Plástico ou PVC
• onduladas • dômus
Telhas de vidro
• tipo marselhe • tipo paulista
Telha de pedra natural
• escamas (ardósia)
Telhas de policarbonatos
• em formatos diversos

FONTE: Rego (2010, p. 112)

A imagem a seguir ilustra alguns tipos de telhas comercializados


atualmente e cada modelo possui características particulares quanto à colocação,
rendimento, peso e resistência.

190
TÓPICO 4 | COBERTURAS

FIGURA 39 – TIPOS DE TELHAS NO MERCADO

FONTE: <https://www.tuacasa.com.br/wp-content/uploads/2018/02/tipos-de-telhas-18.png>.
Acesso em: 7 nov. 2019

3 DESEMPENHO
Salgado (2018, p. 148) nos orienta que a altura da cumeeira é “o ponto mais
alto do telhado. Para o cálculo deste ponto é necessário saber o comprimento do
vão e o grau de inclinação ou a porcentagem de inclinação conforme o modelo da
telha a ser utilizada”.

Exemplo:

• Vão de 7 m.
• Inclinação de 30% para o telhado.
• A cumeeira está no meio do vão.

191
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Com estes dados temos:

• Ponto do telhado = 30% de 3,50 (metade de 7 m).


• Altura ou ponto do telhado = 1,05 m (SALGADO, 2018, p. 149).

FIGURA 40 – EXEMPLO DE ALTURA DE TELHADO

FONTE: Salgado (2018, p. 149)

Como as madeiras possuem medidas limitadas em função do comprimento


natural de árvores, ou parte do pedaço da madeira não está íntegro para utilizar
na estrutura, nesses casos é necessário fazer emenda de peças com cuidado e
critério em função dos esforços a que se destinam. Veja os tipos de emendas mais
comuns:

FIGURA 41 – TIPOS DE EMENDAS

FONTE: Salgado (2018, p. 149)

“O conjunto das peças que transmitem as cargas das telhas para a tesoura
chama-se engradamento” (REGO, 2010, p. 108).

192
TÓPICO 4 | COBERTURAS

FIGURA 42 – ESQUEMA DE ENGRADAMENTO

FONTE: Rego (2010, p. 108)

As uniões entre as diferentes peças que compõem uma tesoura são


chamadas de sambladuras. As mais comuns estão representadas no quadro a
seguir.

QUADRO 8 – PRINCIPAIS SAMBLADURAS

linha ↔ perna Estas emendas devem ser feitas sobre


o plano da parede, evitando, com isto,
que a reação vertical da parede venha
tirar o equilíbrio da tesoura. Quando
não for possível, deverá ser colocada
uma peça complementar, chamada
de "cachorro", para que a emenda
possa ser ancorada com braçadeiras
ou reforçada lateralmente com chapas
metálicas e aparafusadas.
perna ↔ pendural

Deve ser feita de maneira a resistir ao


cisalhamento, pelo esforço que sofre a
perna.

193
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

pendural ↔ linha Este tipo de sambladura deve ser feito


de maneira tal, a não permitir esforços
à linha. Deve ser com presilha, sem
prender a linha, mantendo distância
de ± 2 cm entre as peças, pois, quando
da época das chuvas, o telhado
aumenta de peso e se essa carga de
peso for transmitida para a linha, esta,
provavelmente, trabalhará à flexão, o
que não é recomendado.
perna ↔ escora ↔ suspensório Este último, embora seja um pendural
secundário, será fixado à linha e à
perna por meio de parafusos, porque
ele não estará sendo fixado na posição
do momento máximo da linha, isto é,
não estará transmitindo carga no ponto
onde a linha está mais sujeita a romper-
se. A escora deverá ficar junto a estes
dois e embaixo da linha de centro da
terça.
terças - estas serão fixadas com pregos sobre a perna da tesoura. Por serem peças
de grande comprimento, necessitam de emendas que deverão ser feitas, sempre,
onde o momento for nulo, aproximadamente a 1/4 do comprimento do vão, isto
é, a 1/4 do espaçamento entre as tesouras, que é de ± 2,5 m.

FONTE: Rego (2010, p. 109)

QUADRO 9 – DIMENSIONAMENTO APROXIMADO DA SEÇÃO DAS PEÇAS DA COBERTURA

• cumeeira 6 cm x 12 cm
• terça 6 cm x 12 cm
• frechal 6 cm x 12 cm
• perna 6 cm x 12 cm
• escora 2,5 cm x 12 cm
• suspensório 2,5 cm x 12 cm
• linha 6 cm x 12 cm
• pendural 6 cm x 16 cm
• caibro 5 cm x 7,5 cm
• ripa 1,5 cm x 5 cm
FONTE: Rego (2010, p. 110)

194
TÓPICO 4 | COBERTURAS

A colocação das telhas deve ser de baixo para cima, ou seja, iniciando pelo
beiral. Recomenda-se colocar duas ripas na primeira fiada para alinhamento das
telhas. Geralmente, no início do beiral coloca-se uma calha e, por conta disso, a
linha dupla de ripa deve ser recuada em aproximadamente 10 cm. Para melhor
acabamento do beiral, os caibros devem ser serrados na ponta na posição vertical
para que seja fixada uma tábua de acabamento denominada testeira ou tabeira
(SALGADO, 2018), como ilustrado a seguir.

FIGURA 43 – COLOCAÇÃO DE TELHA CERÂMICA E ACABAMENTO

FONTE: Salgado (2018, p. 155)

Na finalização da colocação de telhas no encontro com a cumeeira,


normalmente é colocada uma linha de “telhas ‘cumeeira’ assentada com
argamassa mista de cimento, cal e areia” (SALGADO, 2018, p. 155). Mas esse
fechamento se faz após a verificação do alinhamento das telhas assentadas para
melhor acabamento.

Para os acabamentos de telhado em platibanda ou arremate com


alvenaria, se faz necessária a utilização de rufo para isolamento do telhado e
melhor aparência no acabamento. Os rufos podem ser confeccionados no local
em concreto, argamassa ou em chapas metálicas comercializadas. Porém, o rufo
metálico precisa ser fixado na alvenaria e coberto com argamassa (contrarrufo) na
parte superior garantindo a impermeação do mesmo (SALGADO, 2018).

FIGURA 44 – ILUSTRAÇÃO DE RUFO EM ARREMATE COM PAREDE

FONTE: Salgado (2018, p. 161)

195
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Algumas telhas precisam ser fixadas com o auxílio de parafusos, como


é o caso das telhas metálicas. Mas a fixação das telhas pode ser problema para
a cobertura se for executada de modo inadequado, uma vez que as telhas são
furadas para receberem parafusos quando apoiadas sobre madeiras ou ganchos
em estruturas metálicas ou concreto. Em todos os casos e sobre as telhas, os
elementos de fixação (parafusos) devem receber um anel de borracha a ser
colocado entre a telha e a porca ou na cabeça do parafuso de fixação para a
vedação do furo de passagem, mas com o devido cuidado na colocação, como
ilustrado a seguir (SALGADO, 2018).

FIGURA 45 – REGULAGEM DE FIXAÇÃO

FONTE: <https://www.telhap.com.br/parafusos-de-fixacao/>. Acesso em: 11 nov. 2019.

No quadro a seguir é apresentada uma lista de elementos para fixação


de alguns modelos de telhas, conforme projeto e condições climáticas, como a
incidência de fortes ventos.

QUADRO 10 – ELEMENTOS DE FIXAÇÃO

Parafuso com rosca soberba


Fabricado em ferro galvanizado a fogo, com
diâmetro de 8 mm e cabeça com estampa
especial.
Seu uso é imprescindível em coberturas
sujeitas à forte sucção de vento e nas telhas
do beiral, bem como nas coberturas com
inclinação abaixo de 10º (18%).
Gancho com rosca reto L

Para fixação de telhas e peças complementares


em apoio metálico ou de concreto.

Gancho com rosca reto simples


Para fixação de telhas e peças complementares
em apoio metálico.

196
TÓPICO 4 | COBERTURAS

Fixador de abas simples

Para fixação de peças complementares


diretamente nas telhas quando há acesso por
baixo da cobertura.

FONTE: Salgado (2018, p. 162)

A cobertura protege a construção ao receber as águas de chuvas, porém,


devido ao seu volume ou aos ventos, a água que precipita nos beirais pode atingir
a edificação. Para melhor direcionar as águas pluviais recebidas do telhado, é
recomendado prever um sistema de captação de águas pluviais composto de
calhas e condutores.

As calhas possuem dimensões e materiais variados, e são fixadas nos


beirais dos telhados com a finalidade de captar as águas pluviais e direcioná-
las aos condutores, que são fixados nas alvenarias em pontos estratégicos. A
NBR 10844 fixa exigências e critérios necessários aos projetos das instalações de
drenagem de águas pluviais, para garantir níveis aceitáveis de funcionalidade,
segurança, higiene, conforto, durabilidade e economia (ABNT, 1989b).

Nas instalações das calhas recomenda-se “prever saídas de excesso de


água nas extremidades para que não haja problema com o escoamento como
entupimento nos condutores, situação comum em lugares com muita vegetação”
(SALGADO, 2018, p. 166).

FIGURA 46 – CALHA COM PONTA REBAIXADA PARA ESCOAMENTO DE EXCESSO DE ÁGUA

FONTE: Salgado (2018, p. 166)

ATENCAO

Observe os cuidados na execução ou manutenção de um telhado.

197
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

Segundo Salgado (2018, p. 168-169), estes são os cuidados que se deve


ter na execução ou manutenção de um telhado, de acordo com o material da
estrutura. Assim, se for:

• Madeira
ᵒ Usar sempre madeira de lei, sem nós nem lascas, que não
apresentam “brocas”.
ᵒ Usar madeira de bitolas uniformes e sem empenos.
ᵒ A madeira deve estar seca.
ᵒ A madeira que ficar exposta às intempéries deve receber
tratamento impermeabilizante.

• Metálica
ᵒ As peças devem ter recebido tratamento anticorrosivo e pintura
de acabamento.
ᵒ Não deve apresentar sinais de ferrugem e, caso aconteça, deve ser
tratada.
ᵒ As soldas devem ser íntegras e não apresentar sinais de fissuras.
Na dúvida, usar produto específico para visualização.

• Cuidados gerais
ᵒ Não se deve fazer manutenção de telhados em dias de chuva,
exceto em casos de extrema necessidade.
ᵒ Usar, sempre que possível, tábuas sobre as telhas para servirem
de passarelas.
ᵒ O uso do cinto de segurança é imprescindível em qualquer
situação.
ᵒ Na colocação das telhas cerâmicas, elas devem estar bem
apoiadas umas nas outras e sobre a estrutura. As telhas
consideradas empenadas devem ser descartadas, bem como as
que apresentarem fissuras.
ᵒ Na colocação de telhas de fibrocimento o aperto dos parafusos
de fixação deve ser bastante controlado para evitar riscos de
rompimento na telha.
ᵒ Quando a inclinação do telhado é grande ou o local da obra é
sujeito a fortes ventos, é recomendável a amarração das telhas.
ᵒ Na colocação das telhas, não se recomenda empilhar muitas num
só lugar. Aconselha-se distribuí-las em pequenas pilhas ao longo
da superfície do telhado.
ᵒ Durante a colocação das telhas, é preciso prestar bastante atenção
no seu alinhamento.

198
TÓPICO 4 | COBERTURAS

LEITURA COMPLEMENTAR

Telhados verdes como alternativa para construções sustentáveis

Ana Júlia Frizon


Pedro Henrique Branco Lázaro
Eloisa Dezen Kempter
Felippe Benavente Canteras

INTRODUÇÃO

A revolução industrial levou à formação de grandes centros urbanos e


populacionais, na maioria das vezes criados sem planejamento e com poucas
áreas verdes (SPOSITO, 2000). Problemas ambientais como a poluição do ar,
solo e água, escassez de água de boa qualidade, ocorrência de enchentes, ilhas de
calor, entre outros, podem estar relacionados à ocupação desordenada do solo,
ao elevado número de indústrias e à ausência de espaços verdes (PAULA, 2004;
SANTOS, 2012).

As ilhas de calor são anormalidades térmicas, em que a temperatura dos


grandes centros urbanos é maior do que áreas vizinhas, devido à substituição
de materiais naturais pelos urbanos (concreto e asfalto). Esta elevação da
temperatura nas cidades altera a circulação dos ventos, a umidade e as chuvas,
devido à evaporação rápida da água e a poluição lançada na atmosfera pelos
carros e indústrias (PAULA, 2004). O efeito das ilhas de calor é um agravante às
condições térmicas encontradas no interior das edificações, principalmente em
grandes centros urbanos, diminuindo a qualidade de vida dos habitantes destas
edificações.

Dessa forma, é crescente a busca por alternativas que solucionem ou


minimizem esses problemas. Uma destas alternativas são os telhados verdes,
compostos por diversas camadas com diferentes funções, como impermeabilização
da laje, barreira radicular (sistema anti-raiz), sistema de drenagem, filtro, solo,
substrato e vegetação (TAM et al., 2016). Os telhados verdes são coberturas
vegetadas que auxiliam no processo de isolamento térmico e podem ser
classificados de acordo com o porte das espécies vegetais utilizadas: plantas de
porte baixo ou rasteiras caracterizam os telhados verdes extensivos e espécies de
porte médio e arbóreo caracterizam os telhados verdes intensivos.

Além da vista arquitetônica, os telhados ecológicos prestam serviços


ambientais, como filtrar a poluição do ar [...]

199
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

O município de Limeira está localizado no centro-oeste do Estado de São


Paulo, a 154 km da capital (São Paulo), em latitude S 22º 33' 53"e longitude W
47º 24' 06", com uma área total de aproximadamente 581 km², sendo 127 km² de
área urbana com uma população de aproximadamente 303.682 habitantes (IBGE,
2018).

Em relação ao clima, o município insere-se na zona subtropical úmida,


caracterizado como tropical de altitude, com invernos secos e verões quentes.
Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à
Agricultura (CEPAGRI, 2018), o clima de Limeira é do tipo Aw, denominado
como clima tropical de savanas, com intensas chuvas no verão e invernos secos.
Ao longo do ano, as temperaturas variam de 12 °C a 30 °C e dificilmente é inferior
a 8 °C e superior a 34 °C. Tem precipitação média anual de 1.312 mm, e no mês
mais seco, esta é inferior a 60 mm (WEATHERS PARK, 2018). De acordo com o
Centro Integrado Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO, 2018), janeiro é o
mês com maior incidência de chuva, com média de 244,3 mm, e julho é o mês com
menor incidência de chuva, a qual possui uma média de 24,7 mm.

Levantamento de Custos

Através de revisão de literatura foi possível definir as principais variáveis


construtivas dos telhados verdes extensivos, desde os mais simples até os mais
complexos, sendo possível listar os principais materiais utilizados na construção.
Posteriormente foi realizada a consulta a 77 lojas de diversas áreas de comercio
(sendo elas floriculturas, lojas de impermeabilizantes, lojas de materiais de
construção, e outras áreas correlatas), orçando todos os materiais utilizados, a
fim de realizar o levantamento de custo médio de implantação do telhado verde
por metro quadrado. Foram consultadas ainda 05 empresas especializadas em
instalação de telhados verdes, obtendo-se o custo por metro quadrado e os
materiais utilizados para a construção. Os orçamentos foram realizados no estado
de São Paulo. [...]

Módulos Experimentais (M)

Para avaliar o desempenho térmico, três módulos experimentais de


alvenaria estrutural de blocos de concreto e laje de concreto foram construídos.
Um deles foi designado como módulo de Controle (M1), recebendo apenas
impermeabilização superficial da laje. Os demais módulos, contam com camada
de impermeabilização, manta anti-raiz, drenagem (manta geotêxtil Geoflex 130
g.m-2 e camada de 10 cm de argila expandida), 10 cm de substrato e as espécies
escolhidas, Chlorophytum comosum, também conhecida como Clorofito do Sol
(M2), e Hemigrafis alternata (M3), conforme a Figura 1. Os módulos medem 1,74
x 1,74 m e têm 3,00 m de altura.

200
TÓPICO 4 | COBERTURAS

Figura 1. Detalhes Construtivos dos Módulos Experimentais. (A) Vista


Frontal dos três Módulos. (B) Módulo Controle. (C) Módulo com Chlorophytum
comosum. (D) Módulo com Hemigrafis alternata.

Fonte: Autores (2018)

Foram utilizados termohigrômetros da marca Testo modelo 174 h data


logger, com capacidade para medições de temperatura, na faixa de -20 oC a +70
oC e resolução de 0,1 oC e precisão de 0,5 oC, e umidade, na faixa de 0 a 100% RH
e resolução 0,1% RH e precisão de 3%. Com a utilização de quatro equipamentos,
as medições foram realizadas simultaneamente no ambiente externo e no interior
de cada um dos módulos a cada 10 minutos (medidas de temperatura e umidade
do ar ambiente interno e externo), gerando 144 medidas por dia em cada um
dos equipamentos. Ressalta-se que as medidas de temperatura e umidade foram
iniciadas na segunda quinzena de fevereiro sendo registradas até dia 10 de abril
de 2018 e foram excluídos os dias em que os módulos sofreram algum tipo de
manutenção, sendo analisados no total 40 dias válidos, sendo 21 dias de medições
no verão e 19 dias no outono.

Os equipamentos forneceram dados brutos em formato de planilha


de Excel, da qual foram extraídos os valores máximos, mínimos e médios. Foi
realizada ainda a comparação das temperaturas entre os módulos a cada seis
horas, dividindo os dias em quatro períodos: madrugada (00:00 as 6:00h), manhã
(6:00 às 12:00h), tarde (12:00 às 18:00h) e noite (18:00 às 24:00h). A partir da
divisão de períodos, foi aplicado o teste t de student pareado e bicaudal, a nível
de significância de 5%, com a finalidade de comparar as temperaturas registradas
nos períodos entre os módulos e confirmar a existência de diferenças significativas
do ponto de vista estatístico.

201
UNIDADE 3 | ESTRUTURAS DE CONCRETO, VEDAÇÕES VERTICAIS E COBERTURAS

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Levantamento de Custos

No levantamento de custos, verificou-se os valores de cada uma das


camadas (identificadas de (a) a (g)) que compõe os diversos modelos de telhados
verdes. A Tabela 1 apresenta esses valores por camadas e por modelos, com os
custos mínimo, médio e máximo encontrados na pesquisa.

Tabela 1. Custos gerais dos telhados verdes no estado de São Paulo

Custo Custo Custo


Mínimo (R$) Médio (R$) Máximo (R$)
(a)Impermeabilização 7,75 29,26 75,00
(b) Drenagem 96,40 196,08 279,95
(c) Substrato 9,00 35,24 87,50
Custos por
(d) Vegetação 4,50 24,06 48,00
Camadas
(e) Módulos Plásticos 74,40 101,60 125,60
(R$. m -2)
(f) Membrana 55,08 55,08 55,08
Alveolar 0,74 77,92 366,12
(g) Irrigação
Modelo 1 – (a) a (d) 117,65 284,64 490,45
Modelo 2 – (a) a (e) 192,05 386,24 616,05
Custos por
Modelo 3 – (a) a (f) 247,13 441,32 671,13
Modelo
Modelo 4 – (a) a (e) 192,79 464,16 982,17
(R$. m -2)
e (g) 190,00 249,20 310,00
Empresas

Nota-se que os valores mais altos estão relacionados às camadas de


irrigação, drenagem e módulos plásticos. Ressalta-se que a camada de drenagem
é obrigatória em todos os modelos de telhados verdes, sendo dessa forma,
a principal responsável pela elevação dos custos construtivos desse tipo de
cobertura, principalmente dos modelos mais simples. Por outro lado, a camada
de irrigação, que apresenta o maior custo dentre todos os componentes, e os
módulos plásticos são utilizados apenas em modelos de telhados mais complexos,
não sendo componentes obrigatórios nos telhados vegetados. [...]

Conforto Térmico

As medições com os termohigrômetros durante 40 dias indicaram que


as temperaturas máximas tanto no verão (21 dias avaliados) quanto no outono
(19 dias avaliados) ocorrem no período das 14:00 às 15:00 no ambiente externo
aos módulos, sendo que esse comportamento foi observado em 45% dos dias
avaliados. As temperaturas máximas observadas dentro dos módulos ocorreram
majoritariamente no intervalo entre as 17:00 e 18:00, ocorrendo em 57,50% dos
dias no M1, em 50% dos dias no M2 e 42,50% dos dias em M3. Dessa forma,

202
TÓPICO 4 | COBERTURAS

afirma-se que ocorre um atraso térmico médio de 4 horas. Porém ressalta-se


que os materiais empregados nos módulos possuem alta massa térmica, sendo
compostos de blocos de concreto, um material que apresenta capacidade de
absorver, armazenar e liberar calor lentamente. As mínimas temperaturas
registradas, ocorrem entre as 6:00 e as 7:00 nos registros externos (80% dos dias)
e entre as 7:00 e as 8:00 nos módulos, com uma ocorrência em 82,50% dos dias em
M1, 67,50% dos dias em M2 e 70% dos dias em M3, este comportamento pode
ser observado na figura 2A. O período de ocorrência das temperaturas máximas
e mínimas se assemelha aos obtidos por Feitosa e Wilkinson (2018) no Rio de
Janeiro. [...]

CONCLUSÕES

Os telhados verdes têm maior custo de implementação (R$321,64m-2),


porém os ganhos de isolamento e conforto térmico são comprovados, mantendo
a edificação até 3,4°C mais fria em dias de verão em comparação com um telhado
convencional, além de manter a umidade do ambiente até 23,4% maior.

Os telhados verdes conseguem atenuar os picos de temperatura e aumentar


a umidade nas edificações durante os períodos mais quentes do ano, mantendo
o ambiente mais confortável para os usuários, podendo inclusive diminuir o uso
de equipamentos de refrigeração de ambientes, gerando economia de energia.

A espécie vegetal Hemigrafis alternata utilizada no telhado verde


tem melhor isolamento térmico na construção, em comparação com o telhado
convencional e com o telhado verde com Chlorophytum comosum.

REFERÊNCIAS

Revista Verde, v.13, n.5, p.620-629, 2018.

FONTE: <http://dx.doi.org/10.18378/rvads.v13i5.6197>. Acesso em: 21 nov. 2019.

203
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• A cobertura protege a edificação e pode ser feita de vários tipos, materiais e


dimensões.

• A NBR 10884 fixa exigências e critérios necessários aos projetos das instalações de
drenagem de águas pluviais, para garantir níveis aceitáveis de funcionalidade,
segurança, higiene, conforto, durabilidade e economia.

• Cada elemento da estrutura do telhado possui nome específico para melhor


identificação no projeto.

• O telhado pode ser construído com diversos tipos de telhas existentes no


mercado e, para cada método construtivo, deve-se respeitar as propriedades
de cada telha, projetando a estrutura quanto a:
ᵒ dimensão;
ᵒ peso;
ᵒ fixação;
ᵒ inclinação.

CHAMADA

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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

204
AUTOATIVIDADE

1 (AMEOSC, 2018) “Como regra básica, a estrutura de uma cobertura é


composta de um sistema treliçado destinado a suportar todo o carregamento
da cobertura, além dos esforços provenientes da ação das intempéries,
como variação de temperatura, chuva, vento e neve" (SALGADO, J. –
Técnicas e Práticas Construtivas para Edificação). Com base nisso, assinale
a alternativa incorreta acerca da nomenclatura e sua definição:

FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/prova/ameosc-
2018-prefeitura-de-bandeirante-sc-engenheiro-civil>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) Tesoura: estrutura autoportante constituída de diversas peças


formando uma estrutura treliçada com a finalidade de suportar toda a
carga de um telhado.
b) ( ) Cumeeira: linha mais alta de um telhado.
c) ( ) Pendural: suporta as terças e dá inclinação à estrutura conforme o tipo
de telha utilizado.
d) ( ) Escora: elemento oblíquo de distribuição das cargas de um telhado.

2 (FCC, 2011) Considere a figura a seguir.

Uma cobertura é formada por superfícies planas inclinadas para um perfeito


escoamento das águas de chuvas, onde o encontro destas superfícies recebe
denominações específicas. Considerando um telhado de quatro águas, as
indicações numeradas por 1, 2 e 3, respectivamente, referem-se a:

FONTE: <https://s3.amazonaws.com/questao-certa/arquivos_do/provas/2263/prova/fcc-
2011-tre-ap-analista-judiciario-engenharia-civil-prova.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2019.

a) ( ) cumeeira, rincão e espigão.


b) ( ) espigão, rincão e cumeeira.
c) ( ) rincão, espigão e água.
d) ( ) água, rincão e espigão.
e) ( ) cumeeira, espigão e água.

205
206
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. A vez do
bambu na construção civil. Boletim ABNT. Rio de Janeiro, v. 15, n. 161, p. 14-16,
jan./fev. 2018. Disponível em: http://www.abnt.org.br/images/boletim/2018/Jan-
Fev/Boletim_ABNT_161_jan_fev_2018.pdf. Acesso em: 17 out. 2019.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062:


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Janeiro: ABNT, 2017b.

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lajes pré-fabricadas de concreto. parte 3: armadura treliçadas eletrossoldadas
para lajes pré-fabricadas — requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2017c.

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concreto de cimento Portland - preparo, controle, recebimento e aceitação -
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136:


blocos vazados de concreto simples para alvenaria — requisitos. Rio de Janeiro:
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Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios
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Levar ao entendimento dos conceitos e à forma de atender aos requisitos da
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207
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16055:
parede de concreto moldada no local para a construção de edificações —
requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2012b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14645-


3: elaboração do "como construído" (as built) para edificações. parte 3: locação
topográfica e controle dimensional da obra - procedimento. Rio de Janeiro:
ABNT, 2011a.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15968:


qualificação de pessoas no processo construtivo para edificações — perfil
profissional do pedreiro de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2011b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-


1: alvenaria estrutural — blocos de concreto. parte 1: projeto. Rio de Janeiro:
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blocos vazados de concreto simples para alvenaria - métodos de ensaio. Rio de
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Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio.
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-2:


alvenaria estrutural — blocos cerâmicos. parte 2: execução e controle de obras.
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15873:


coordenação modular para edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010c.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800:


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avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


14645-1: elaboração do "como construído" (as built) para edificações. parte 1:
levantamento planialtimétrico e cadastral de imóvel urbanizado com área até
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