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NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS
VEDAÇÕES VERTICAIS
ANAIS
EDITORES
Fernando Henrique Sabbatini
Mercia Maria Bottura de Barros
Jonas Silvestre Medeiros
PCC/EPUSP
São Paulo-SP
http://www.pcc.usp.br
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU 69.022(061.3)
ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL
Comissão organizadora
Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini (Coordenador)
Profa. Dra. Mercia Maria Bottura de Barros
Prof. M. Eng. Jonas Silvestre Medeiros
Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco
Apresentação
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP sempre desenvolveu
expressiva atividade em pesquisa e prestação de serviços à comunidade, visando
atender aos interesses da sociedade, em sintonia com o panorama científico e
tecnológico nacional e internacional.
É neste contexto que vem se dando a atuação do Departamento de Engenharia de
Construção Civil, através de seus seis Grupos de Ensino, Pesquisa e Extensão
Universitária.
O presente evento é organizado pelo Grupo de Tecnologia e Gestão da Produção
na Construção Civil - GEPE-TGP, o qual reúne atualmente sete professores
doutores, três professores com mestrado, dez alunos de doutorado e vinte e cinco
alunos de mestrado.
Esse Grupo tem como objetivo geral desenvolver e transferir tecnologia adequada
ao setor da construção civil, buscando resultados de forma integrada com os
diversos aspectos multidisciplinares que envolvem os processos de produção e as
características e realidade do setor no país. Enfoca a tecnologia tanto no seu
sentido latu, como enquanto tecnologia de planificação, de organização, de direção
e de controle da produção e, nesse sentido, atualmente, tem desenvolvido trabalhos
nas áreas de:
• Alvenaria estrutural: objetiva a evolução tecnológica dos processos construtivos
em alvenaria estrutural, através da avaliação e desenvolvimento de
componentes, técnicas, métodos e processos construtivos racionalizados.
i
• Gestão da produção na construção civil: visa ao desenvolvimento de
conceitos, metodologias e ferramentas voltados para a gestão de sistemas de
produção que contribuam para a melhoria de eficiência e o aumento de
competitividade dos agentes envolvidos, em especial das empresas de
construção.
• Racionalização dos métodos, processos e sistemas construtivos: visa ao
aprimoramento tecnológico dos processos construtivos tradicionais, através da
implantação de tecnologias construtivas racionalizadas, e ao desenvolvimento de
novas técnicas, métodos e processos de produção.
• Qualidade e produtividade nos métodos, processos e sistemas
construtivos: estuda a aplicação dos princípios da gestão da qualidade às
empresas do setor da construção e aos processos construtivos e o
desenvolvimento de metodologias e ferramentas para avaliação e incremento da
produtividade dos processos e métodos construtivos.
• Qualidade do projeto na construção de edifícios : tem por objetivo o
estabelecimento de diretrizes e métodos que contribuam para a melhoria da
qualidade do projeto de edifícios, baseados em princípios de gestão da
qualidade, racionalização construtiva e construtibilidade e com vistas à evolução
tecnológica.
Por essa ocasião, um dos temas que gerou grandes debates, suscitando calorosas
discussões, foram as vedações verticais do edifício. Procurando dar uma rápida
resposta aos anseios, então apresentados, é que se promove o presente evento.
Objetivos do Seminário
• Apresentar um panorama atual das alternativas de produção das vedações
verticais, discutido-as tecnicamente, buscando, com isso, contribuir para o
aumento do conhecimento tecnológico acerca desse subsistema do edifício;
• divulgar, junto ao meio produtivo, os trabalhos realizados pela EPUSP sobre o
tema; e
ii
• identificar as necessidades do mercado, de modo a auxiliar na definição dos
trabalhos específicos de ensino, pesquisa e extensão universitária a serem
desenvolvidos.
Público alvo
Profissionais e pesquisadores ligados à área de construção de edifícios.
Estrutura do evento
Este Seminário, totalmente voltado às vedações verticais de edifícios, foi organizado
em três painéis, com enfoque para os temas: “a produção competitiva através de
novas tecnologias construtivas”; “desempenho e patologias”; “gestão do processo
de produção”.
Os objetivos do primeiro painel foram: contextualizar as mudanças de paradigmas
que vêm afetando a produção das vedações verticais; traçar um panorama que
mostrasse como os agentes do processo de produção - de modo particular, os
produtores de materiais e componente, os projetistas e os construtores - têm
reagido às novas tecnologias propostas; apresentar exemplos concretos de ações
empreendidas.
Por sua vez, os outros dois painéis visaram tratar com maior profundidade, através
da visão de especialistas da área, as questões afeitas ao desempenho, às
patologias e ao processo de produção das vedações verticais, procurando-se, além
disso, identificar pontos para novas investigações, incluindo-se depoimentos e
opiniões dos principais agentes envolvidos com o processo de produção.
Estes painéis contiveram:
• apresentações de trabalhos por professores e pesquisadores da EPUSP
e por especialistas da área;
• depoimentos de profissionais convidados de empresas construtoras e de
projeto e fornecedoras de materiais, componentes e serviços;
• debates motivados por duas questões essenciais: “Como os diferentes
agentes têm enfocado o tema vedações verticais de modo a contribuir
para a evolução tecnológica do processo de produção?” e “Quais são as
maiores carências na área?”.
Promoção
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Departamento de Engenharia de Construção Civil
Av. Prof. Almeida Prado trav. 2, 271 – Cidade Universitária
05508-900 - São Paulo - SP
Tel.: (011) 818-5429 Fax: (011) 818-5544
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iii
Patrocinadores
Cerâmica Selecta
Gethal S.A.
Glasser Blocos e Pisos de Concreto Ltda.
Inpar Incorporações e Participações Ltda.
Knauf do Brasil Ltda.
Morlan S. A.
Prensil S. A.
Quartzolit
Sical Concreto Celular Autoclavado
Tigre – tubos e conexões
Apoio
ANTAC - Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
ITQC - Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade da Construção
PINI Editora
SindusCon SP – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
Docentes :
Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso - coordenador
Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini
Prof. M.Eng. Jonas Silvestre Medeiros
Prof. M.Eng. Godofredo Augusto de Campos Marques
Prof. Dr. Hermes Fajerstajn
Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco
Profa. Dra. Mercia Maria Semensato Bottura de Barros
Prof. Dr. Sílvio Burrattino Melhado
Prof. Dr. Ubiraci Espinelli Lemes de Souza
Prof. M.Eng Vitor Levy Castex Aly (afastado)
Doutorandos :
Eng. M.Eng. Alberto Casado Lordsleem Jr.
Enga. M.Eng. Ana Lúcia Rocha de Souza
Arq. M.Eng. Cynara Tessoni Bono
Eng. M.Eng. Edimilson Freitas Campante
Prof. M.Eng. Emerson A. M. Ferreira (UFBA)
Eng. M.Eng. Júlio César Sabadini de Souza
Eng. M.Eng. Márcio Minto Fabrício
Eng. M.Eng. Mário Collantes Candia
Profa. M.Eng. Marcela Paula Maria Zanin Meneguetti (UEM)
Profa. M.Eng. Sheyla Mara Baptista Serra (UFSCar)
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Mestrandos :
Eng. Adriano G. Vivancos
Enga. Artemária C. Andrade
Eng. Eduardo C. Fontenelle
Eng. Eduardo Henrique Pinheiro de Godoy
Eng. Edson Toledo Albuquerque Jr.
Enga. Eliana Kimie Taniguti
Tecn. Fanny M. Maeda
Eng. Fausto Carraro
Eng. Fred Borges da Silva
Eng. Josaphat Lopes Baía
Prof. José Carlos Paliari (UFSCar)
Eng. José Vicente B. Teixeira
Eng. Leonardo T. Massetto
Enga. Luciana Beltrati Ruiz
Eng. Luiz Otávio C. Araújo
Eng. Maurício Kenji Hino
Enga. Palmyra Farinazzo Reis
Eng. Rolando Ramirez Vilato
Profa. Enga. Sasquia Hizuru Obata (FAAP)
Enga. Sofia Villagarcia Zegarra
v
vi
SUMÁRIO
vii
viii
A INDUSTRIALIZAÇÃO E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE
VEDAÇÕES: UTOPIA OU ELEMENTO DE COMPETITIVIDADE
EMPRESARIAL?
1. INTRODUÇÃO
Verifica-se que as decisões neste campo são, muitas vezes, adotadas sem
reflexão, sem uma necessária visão sistêmica, sem compreensão efetiva dos
verdadeiros condicionantes do problema e, freqüentemente, sem definir os
objetivos, as metas a serem atingidas.
1
Neste trabalho serão feitas algumas reflexões sobre a industrialização, processo
hoje absolutamente essencial para que o setor de construção civil de edificações
brasileiro mantenha sua competitividade, e sua relação com o uso dos velhos e
novos métodos de se construir vedações.
2. INDUSTRIALIZAÇÃO
2
objetivem aumentar progressivamente o nível de produtividade operacional
(relação entre o que é produzido e os recursos investidos nesta produção) e o de
produção. O desenvolvimento deve ocorrer, não só com a utilização de novos
métodos e processos construtivos, novas técnicas e novos materiais mas,
principalmente, com o incremento progressivo do nível de organização da
atividade de construção civil em todas as suas fases, do projeto ao uso do
produto fabricado pela indústria.
Em nossa tese de doutorado [1] propusemos uma definição coerente com esta
concepção organizacional e evolutiva:
3. A MUDANÇA ORGANIZACIONAL
3
Isto não fica tão claro quando o enfoque é o de garantir a qualidade do produto.
Posto que a qualidade é uma exigência do mercado cada vez mais solicitada,
devido à mudanças comportamentais permanentes dos clientes (não é moda
transitória), parece óbvio que uma empresa, para manter seu grau de
competitividade, precisa atender melhor do que a concorrência esta exigência. O
que não é de entendimento consensual é que somente alterando profundamente
a organização dos processos de produção é que será possível ter certeza da
qualidade prometida e entregue. Qualidade entendida como satisfação das
exigências do cliente mas, também, como ausência de falhas que impliquem em
custos de manutenção não previstos.
4
Como parece ser uma tendência o aumento do custo da mão de obra com o
tempo (devido à mudanças nas relações de trabalho e devido ao esperado
incremento na demanda, como resultado da evolução do setor), aquelas
empresas que alterarem significativamente seus processos de produção
reduzindo a dependência da mão de obra, tenderão a terem seus custos
relativos reduzidos, mesmo que aparentemente estes novos processos
impliquem em aumento de custos. No nosso entender alterar significativamente
os processos de produção implica em mudar a atual organização de produção.
5
A organização de produção atual é inadequada porque: não se dispõe de
projetos construtivos (projetos para produção) que definam precisamente, sem
margem para decisões de obra, como construir o que está previsto; utilizam-se
para o planejamento ferramentas tecnicamente adequadas, mas baseadas em
parâmetros incompletos e dados irreais (entre outras origens, também porque
não se baseia em projetos construtivos); utilizam-se métodos de gestão
incoerentes e pouco eficientes; não se dispõe de sistemáticas de controle de
processo que permitam a tomada de decisões gerenciais eficazes e nos
momentos adequados; utiliza-se uma estrutura organizacional, no canteiro, não
propícia para a condução do processo pela engenharia, sem técnicos, sem
tecnólogos, com mestres e encarregados “assumindo” responsabilidades
incoerentes com sua própria capacitação; não premia, não estimula, não
valoriza a qualificação profissional dos operários e a produtividade dos mesmos.
Isto tudo, entre inúmeras outras deficiências, as quais justificam a ineficácia e a
inadequabilidade da organização atual.
6
determinam o seu grau de competitividade é a excelência dos seus projeto,
planejamento e gestão. É essencial também que existam empresas
fornecedoras dos diversos subsistemas e que estas detenham níveis
semelhantes de excelência nestes campos.
7
de parcerias competentes ou de produzir ela própria algumas partes, quando
estas parcerias não conseguirem ser tão eficientes quanto ela.
Da mesma forma, o projeto estrutural não diz como executar a estrutura. Ele a
conceitua geometricamente, especifica materiais, define posições de ferragens,
etc.
Um projeto é um plano para fazer algo. É pensar antes de fazer, é planejar o que
e como fazer, em uma etapa que antecede a execução de alguma coisa. É tomar
decisões previamente, e não no momento da execução. Um projeto para
produção nada mais é do que pensar e planejar como fazer antes de fazer algo e
complementa um projeto que define o que deve ser feito.
Parece óbvio que, para fazer bem feito um produto, para fazê-lo com a máxima
eficácia, para otimizar o uso de recursos disponíveis, devemos pensar antes de
sair executando. Todos os outros ramos industriais sabem e praticam isto. É
inimaginável que uma indústria de lanchas saia fazendo uma, por mais exclusiva
e única que esta seja, sem projetos completos de como produzí-la.
8
Por mais incrível que possa parecer, a construção civil de edifícios no Brasil
somente há poucos anos começou a utilizar-se, ainda muito timidamente, de
projetos para produção. O projeto de fôrma (projeto de como fazer os moldes
dos elementos em concreto), enquanto prática comum não tem dez anos. O
projeto de alvenaria (projeto de como executar as paredes do edifício) é prática
dos últimos três ou quatro anos.
Isto porque as decisões de obra são decisões não-sistêmicas. São tomadas para
resolver problemas que aparecem durante a execução. O problema do
engenheiro de obra e do mestre é construir, e de alguma forma ele encontra
soluções de como fazê-lo. Mas, seguramente, não de uma forma que otimize o
todo.
9
domínio do processo. Que permita um planejamento preciso do que produzir.
Que permita identificar as falhas do processo e que sirva para induzir alterações
que tornem-no progressivamente mais eficaz.
Nos últimos vinte e cinco anos temos assistidos toda sorte de tentativas de se
alterar esta situação pela introdução de métodos e processos construtivos
inovadores. Dos sistemas construtivos pré-fabricados às divisórias leves tipo
“drywall” da década de 70, temos constatado uma sucessão de fracassos. No
10
nosso entender os insucessos ocorreram em grande parte porque tentou-se
introduzir as inovações mantendo-se a mesma estrutura organizacional da
produção artesanal. Tentou-se evoluir, sem alterações significativas na forma de
produzir.
11
responsabilidades dispersas, com se a lógica fosse “cada um sabe o que deve
fazer, para isto eles são profissionais” .
12
baseada em profissionais capazes de compreender e aceitar, por exemplo, os
projetos para produção e os controles a serem estabelecidos. Que saibam gerir
o processo de forma a conseguir a máxima eficácia. Que trabalhem com níveis
de produtividade muito superiores aos atuais.
13
Por tradição construtiva local? Certamente não teríamos abandonado o bom e
velho tijolo de "barro", que vedou eficientemente nossos edifícios
multipavimentos até cerca de 30 a 40 atrás.
Por tudo isto ao mesmo tempo e por ainda muitos outros critérios. É uma
escolha complexa, difícil, delicada. E de fundamental importância para a
qualidade do edifício, da vida humana que irá ocupar o edifício e do processo de
produção do edifício. É uma escolha técnica, uma definição essencialmente
técnica.
14
São questionamentos nada fáceis de serem respondidos. Eles somente reforçam
a importância da escolha e reafirmam que tem de ser uma decisão técnica. Não
é uma decisão para ser tomada por um único interveniente, por uns poucos
critérios, ou na "emoção" , ou no "eu acho que,,,".
Com apenas uma alternativa para paredes externas e duas para paredes
internas em relação a famigerada alvenaria de “tijolo baiano”, parece que o
problema não é tão difícil de ser equacionado. Infelizmente não é bem assim.
Sem saber avaliar, por exemplo: o que significa “39 dB de redução acústica”;
porque é um critério de desempenho importante para as vedações; como este
parâmetro é obtido; quais as condições de contorno do ensaio; porque o barulho
da água descendo na prumada ressoa dentro da suíte, deixando seu cliente
louco (literalmente e de raiva da sua empresa), e, principalmente, como isto
15
afeta o seu negócio, que é construir e vender apartamentos, hoje você pode por
todo o negócio a perder!
O presente seminário foi organizado tendo por premissa básica esta importância
que o domínio do conhecimento técnico tem hoje para a sobrevivência das
empresas em mercados competitivos. Assim, nestes três dias procuraremos
analisar os aspectos técnicos, o desempenho e os aspectos relacionados ao
projeto e gestão da produção destas vedações.
E porque tudo isto ganhou importância nos dias atuais? Ou muito mais agora do
que no passado?
16
construção, em um cenário de crescente elevação de exigências de qualidade e
desempenho do produto pelos usuários do mesmo.
17
Desta forma, definimos o conceito de desenvolvimento tecnológico, como sendo:
“Desenvolvimento tecnológico, para uma indústria, é um processo evolutivo,
fundamentado no avanço contínuo e incremental das tecnologias de produção e
comercialização de seus produtos e que é induzido pela necessidade de manter-
se competitiva nos mercados onde atua.” Em economias abertas (de mercado)
este processo adquire hoje importância vital para uma empresa pois, está
fortemente associado a sua sobrevivência.
Mas também é utopia um profissional da construção civil pensar que irá reduzir
custos e continuar atendendo as demais exigências dos clientes seguindo a
moda (a moda agora é laje plana, "drywall" e piso zero e eu já estou viabilizando
o painel de fachada na minha próxima obra), copiando "modernidades", usando
técnicas e materiais que nunca utilizou, mudando o discurso para o "a minha
empresa agora tem tecnologia de primeiro mundo", sem investir em
18
desenvolvimento tecnológico. Falando mais claramente: sem por dinheiro no
negócio.
É utopia pensar que se está evoluindo apenas adotando "o que todo mundo está
usando". Sem ter domínio real da tecnologia. Sem mudar os seus processos
organizacionais. Não mudar simplesmente porque alguém disse que tinha que
ser assim. Mas, como resultado de um processo de mudança conduzido pelo
desenvolvimento tecnológico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOSTER, J.S. Structure and fabric - part 1. London, B.T. Batsford, 1973.
19
20
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS ALVENARIAS RACIONALIZADAS
Para isso, faz-se uma breve retrospectiva de como vem ocorrendo o processo de
racionalização das alvenarias de vedação, destacando-se o papel da Escola
Politécnica neste contexto, e, na seqüência, apresentam-se as principais ações
de racionalização que a empresa deverá empreender em nível de projeto,
produção e controle, para que a tecnologia seja efetivamente implantada em seu
sistema produtivo.
Conclui-se que todas essas ações deverão estar vinculadas a uma visão
sistêmica que considere a produção do edifício como um todo, para que a
racionalização possa ter um maior alcance, resultando em maiores ganhos de
produtividade, qualidade e, por conseqüência, de competitividade empresarial.
1. INTRODUÇÃO
1
Os edifícios, objeto do presente trabalho, referem-se àqueles de múltiplos pavimentos,
construídos com estrutura de concreto armado moldada no local e com vedações de alvenaria,
constituindo o que SABBATINI [1989] denomina de “processo construtivo tradicional”.
21
Há cinco anos atrás ROCHA LIMA JR. [1993] afirmava, com razão, que os que
pretendessem se perpetuar no setor necessitariam trilhar rotinas de ação
empresarial orientadas por um vetor de modernidade balizado pela adequação
dos métodos de administração e gerenciamento; pela capacidade de entender o
relacionamento empreendedor-mercado em toda a sua dimensão e pelo
condicionamento dos processos de produção a tecnologias que resultassem
numa melhoria no nível de perdas, através da sua racionalização.
Esse vetor de modernidade tem sido perseguido por muitas empresas do setor,
através de diferentes ações que almejam o mesmo objetivo, ou seja, a
excelência da produção e do produto oferecido, a fim de que alcancem maior
competitividade no mercado.
22
Ao se considerar apenas o custo do vedo2, que varia em torno de 3% a 6% no
conjunto das atividades que compõem o edifício de múltiplos pavimentos, pode
parecer que a racionalização não seja fundamental; entretanto, considerando-se
as suas inter-relações com os demais subsistemas do edifício, racionalizar a sua
produção torna-se imprescindível.
Portanto, ainda que todo o edifício deva ser racionalizado, o enfoque deste
trabalho será para a racionalização das alvenarias de vedação, tanto internas
quanto externas, como uma estratégia de melhoria da produção como um todo.
2
No caso específico deste trabalho, o vedo corresponde às paredes de alvenaria (de blocos
cerâmicos, de concreto, de concreto celular autoclavados e sílico calcários) que constituem tanto
23
Esse autor salienta ainda que “os princípios da racionalização devem ser
aplicados ao edifício tanto como produto quanto como processo", ou seja,
o edifício precisa começar a ser racionalizado na sua fase de concepção. É
nesse momento que se consegue auferir os maiores ganhos com as ações de
racionalização, estendendo, então, tais ações à etapa de produção, a fim de que
uma vez implementadas, obtenha-se os ganhos previstos.
24
A atual configuração da indústria da Construção Civil, fundamentada na
competitividade empresarial, não se estabeleceu em um curto espaço de tempo.
A indústria da Construção Civil vem passando por diversos estágios sucessivos
de evolução tecnológica, os quais serão aqui sintetizados, com foco para a
evolução das vedações verticais.
25
Uma das primeiras alterações significativas no setor da construção ocorre em
meados do século 19. Nessa época, a produção deixou de ser realizada apenas
para uso próprio e passou a atender ao mercado, pois em função da expansão
da atividade cafeeira, houve um adensamento dos centros urbanos, exigindo-se
a construção de moradias, de obras de infra-estrutura urbana e também a
abertura de caminhos para o escoamento da produção [FARAH, 1992].
Segundo o IPT [1988], por essa época, “nas construções de pequeno porte
passaram a predominar as alvenarias portantes de tijolos, às vezes
complementadas por peças estruturais de aço ou de concreto armado”.
Para REIS FILHO [1978] a arquitetura em fins do século XIX, com o emprego
dos tijolos maciços nas paredes de alvenaria, conseguiu reduzir
significativamente os erros de medida “de decímetros para centímetros”; além
disso, salienta que com a uniformidade na largura das paredes, foi possível a
produção mecanizada de portas e janelas.
26
Nesse período ocorreram grandes mudanças estruturais em toda a sociedade
brasileira, com expressivas repercussões sobre a indústria da Construção.
FARAH [1992] afirma que conhecimentos científicos passaram a ser aplicados
na construção de edificações nas décadas de 20 e 30.
Com a mudança de regime de governo em 1964 teve início uma nova etapa de
desenvolvimento da indústria da Construção Civil. Intensificou-se o
desenvolvimento dos subsetores construções pesadas e montagem industrial.
27
Quanto à produção de habitações, ainda que a demanda fosse crescente, o
mercado estava praticamente paralisado por falta de recursos financeiros.
28
Teve início, assim, o processo de desenvolvimento da “alvenaria racionalizada”
em contraponto à “alvenaria tradicional”, empregada até então.
29
execução das paredes de vedação em alvenaria; as diretrizes para o controle de
produção3.
Nasce, com isso, mais um projeto de pesquisa, denominado EP/EN-7, que teve
como objetivos:
3
Deve-se destacar que ainda que se tenham passados dez anos a partir da elaboração desse
documento, o seu conteúdo continua atualizado, uma vez que a sua elaboração fora totalmente
conduzida segundo os princípios da racionalização construtiva.
30
de submódulos, geometricamente regulares, sem a necessidade de se empregar
equipamentos de corte.
Além disso, o bloco foi concebido com uma geometria que facilitava o seu corte
em módulos de ¼; tinha-se, assim, o bloco inteiro, o meio bloco, o bloco ¾ e o
bloco ¼. Com isso, a “dimensão modular” mínima era de 50mm, o que auxiliava
na distribuição dos componentes nos vãos estruturais, previamente definidos.
Esse componente passou a ser produzido por uma fábrica que produziu a
boquilha necessária e o componente passou a ser utilizado em alguns projetos
da empresa, de modo particular, na cidade de São Paulo.
Frente aos resultados obtidos nas obras de São Paulo, investiu-se na produção
de um componente maior que permitisse a passagem de instalações através de
seus furos, evitando-se os rasgos. Após algumas tentativas, chegou-se ao
31
componente de dimensões 25x25, produzido inicialmente por apenas uma
grande indústria paulista, a Cerâmica Selecta. Esse componente, ainda que com
dimensões maiores, continuou a ser conhecido como “bloco POLI”.
32
Ou seja, atualmente estão disponíveis no mercado, inúmeras possibilidades de
produção da alvenaria racionalizada, sobretudo pela existência de componentes
do tipo submódulos e também devido à regularidade e precisão geométricas dos
componentes disponibilizados.
Essas ações deverão envolver não apenas o projeto, mas também outros
setores da empresa, como por exemplo, o setor de suprimentos que deverá
realizar uma “compra técnica” e não “compra por preço” e que, além disso,
deverá contratar os subempreiteiros segundo procedimentos de produção bem
definidos; deverá envolver ainda toda a equipe de produção, inclusive a gerência
da obra que precisará propor alternativas para o treinamento da mão-de-obra,
tanto para a leitura dos projetos, como para a própria execução da alvenaria e
também deverá definir diretrizes claras de controle e recebimento dos serviços.
33
Quando não se faz a coordenação prévia da alvenaria com os demais
subsistemas a ela relacionados o potencial de racionalização do conjunto
diminui, no entanto, muito ainda pode ser feito através do emprego de
componentes de alvenaria de modulação flexível tais como os cerâmicos
seccionáveis, os de concreto com submódulos e os de fácil corte, como por
exemplo os de concreto celular autoclavados.
34
Pouco vale um projeto de modulação de alvenaria que não incorpore essas
definições. A distribuição dos blocos em um determinado vão, o próprio
operário, com algum nível de treinamento, é capaz de realizar, ainda que não
exista um desenho.
Além disso, identificam-se casos em que o projeto de alvenaria chega nas obras
somente depois da sua execução ter sido iniciada. Nessa situação, dificilmente o
projeto poderá contribuir com a produção, uma vez que depois que a mão-de-
obra tenha iniciado um determinado procedimento, dificilmente o abandonará.
A aplicação do projeto para produção nas obras de edifício deve ser encarada
como um contínuo aprendizado, assim como o seu desenvolvimento. E, ainda
que as empresas construtoras estejam no início desse aprendizado, muitos
benefícios já puderam ser observados ao se realizar algumas visitas aos
canteiros, tais como os citados a seguir:
35
• maior precisão no posicionamento das instalações;
36
Pelas colocações anteriores fica claro que para que se tenha maior potencial de
racionalização da produção é necessário que se resgate para a etapa de projeto,
a responsabilidade pela adequação técnica e pela exeqüibilidade das propostas
que serão encaminhadas aos canteiros de obra. É necessário também, que se
proporcione a esses canteiros, os meios adequados à condução do processo de
produção, segundo o sistema produtivo de cada empresa.
37
As questões relativas à mão-de-obra serão consideradas no item que segue,
discutindo-se neste item apenas as relativas aos materiais, componentes e
equipamentos.
38
Na maioria das empresas, o setor de suprimentos tem também a
responsabilidade pela aquisição ou locação dos equipamentos de produção.
Neste caso em especial, a empresa precisará definir a sua “política” de aquisição
de equipamentos, de modo que os mesmos sejam compatíveis com o sistema
de produção a ser adotado. Por exemplo, pouco adianta a empresa optar pelo
emprego de argamassas ensacadas, quando não investe na aquisição ou
locação de uma argamassadeira de eixo horizontal, adequada à produção desse
tipo de material.
39
da empresa, considerando-se todos os níveis: desde gerentes, até a motivação,
o treinamento e o fornecimento de condições de trabalho adequadas aos
operários dos demais níveis hierárquicos.
• os documentos de referência;
40
eles podem servir como referência inicial, pois os procedimentos de produção,
para serem elaborados e poderem ser incorporados à cultura da empresa,
devem passar por um processo adequadamente conduzido, a fim de que não se
tenha apenas “pilhas de papel” que tomam espaço no escritório dos gerentes de
obra e que não atingem efetivamente o canteiro. O importante é aproximar a
etapa de elaboração dos procedimentos à cultura da empresa.
Uma forma de condução desse processo que tem sido experimentada e que tem
dado bons resultados é através da adoção de uma obra piloto em que a
alvenaria racionalizada, posa ser efetivamente praticada, mesmo que não esteja
completamente definida no papel ou que se tenha tomado como referência um
procedimento padrão.
41
5.3 A mão-de-obra de Produção
Ainda que verdadeira, essa premissa precisa ser revertida com urgência para
que a indústria da Construção Civil possa atingir patamares diferenciados de
qualidade e competitividade. No entanto, a questão que se coloca é como
reverter esse processo?
42
porque conseguem, pelo número de obras, transferir os operários de uma obra
para outra, em função de suas especialidades. Para outros subsistemas do
edifício a mão-de-obra é totalmente contratada de terceiros.
43
parceria, ambos precisam ganhar. O primeiro precisa ter as responsabilidades
compartilhadas pelo segundo e este, precisa ter condições de investir na
formação de seu pessoal.
44
diversos pesquisadores como sendo fundamentais para a melhoria das relações
empresa-operário.
45
• o estabelecimento de TOLERÂNCIAS que serão aceitas para a realização
dos serviços;
• os parâmetros para correção das não conformidades;
• como as informações decorrentes do processo de controle circulam entre os
envolvidos com a produção;
• como o processo de controle poderá subsidiar projetos futuros.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
46
As mudanças ocorrem também junto aos fornecedores de materiais,
componentes e equipamentos. Principalmente em decorrência da abertura de
mercado, diversas empresas têm trazido novos produtos, nem sempre
conhecidos, que passam a disputar espaço nos projetos e também nos canteiros
de obras de edifícios.
47
mudança que deverá ser extrapolada para outros subsistemas do edifício e
deverá ser contínua ao longo do tempo, evoluindo a cada nova aplicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
48
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS PAREDES MACIÇAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Como não poderia deixar de ser, o processo de modernização pelo qual vem
passando a indústria brasileira encontra reflexos em todos os setores, inclusive
no da construção de edifícios. No entanto, o subsetor edificações é
caracterizado, ainda hoje, por um elevado índice de desperdícios, baixa
produtividade, reduzida qualificação da mão-de-obra, além da baixa qualidade
do seu produto final.
49
num cenário econômico em que os riscos da atividade empresarial e a
competitividade do mercado (retração da demanda, escassez de obras públicas,
maior grau de exigência do usuário) pressionam as empresas para a busca de
estratégias de aumento da produtividade e da diferenciação do produto em
termos de qualidade”.
BARROS (1996) parece concordar com essa posição, ao afirmar que com a
retração do mercado, existe realmente uma tendência das empresas de buscar a
racionalização da produção de edifícios, através da otimização das atividades de
obra, abreviação de prazos, minimização de custos, sem implicar na ruptura da
base produtiva que caracteriza esse subsetor.
50
Se as empresas realmente buscam ganhos de produtividade e eliminação de
desperdícios para serem competitivas precisam alterar rapidamente este estágio
de desenvolvimento da tecnologia de produção das vedações verticais e, mais
especificamente, das paredes de vedação, para que possa atingir um novo
patamar tecnológico e organizacional, o que dificilmente será alcançado com as
tecnologias tradicionalmente empregadas.
51
Dessa forma, fazem parte das vedações verticais: as paredes ou divisórias, as
esquadrias e os revestimentos, de modo que cada uma dessas partes será
responsável pelo adequado desempenho do conjunto.
Diz-se que uma parede é maciça quando ela é constituída por apenas um
material, o qual ocupa todo o seu volume aparente. Segundo FERREIRA (1986),
a palavra maciço é sinônima de compacto ou não-oco, no entanto, tais termos
são menos empregados para designar a parede maciça.
52
São paredes constituídas por elementos em forma de painéis pré-moldados ou
pré-fabricados, geralmente de concreto armado, obtidas por acoplamento úmido
ou mecânico.
De acordo com a norma brasileira NBR 9062 (ABNT, 1985), elemento pré-
fabricado é definido como sendo aquele “executado industrialmente, mesmo em
instalações temporárias em canteiro de obra sob condições rigorosas de controle
de qualidade”, e elemento pré-moldado como sendo aquele “executado fora do
local de utilização definitiva na estrutura com controle de qualidade menos
rigoroso que o elemento pré-fabricado”.
53
Vantagens Desvantagens
• Utilização de equipamentos
especiais de transporte
horizontal e vertical
• Necessidade de juntas
Na etapa de projeto, por exemplo, deve ser dada especial atenção à modulação
e a resolução prévia dos problemas de interface com as outras partes do edifício,
assim como, para o fato de que os esforços decorrentes do transporte dos
painéis, geralmente diferem daqueles de utilização.
54
dependem trombam com a tendência que vem se observando no mercado da
construção de edifícios, no qual a implementação de ações visando a
racionalização da produção tem sido uma constante, entre outros motivos, por
não necessitar romper com a base produtiva que caracteriza o setor, ou seja,
emprego de mão-de-obra pouco qualificada e baixo uso de equipamentos de
grande porte.
A parede maciça moldada no local pode ser definida como sendo: o elemento do
subsistema vedação vertical de formato laminar, obtido por moldagem no seu
local definitivo de utilização.
55
• sistema de fôrmas metálicas: os elementos que compõem esse sistema
são metálicos. Foi desenvolvido com a idéia de multiplicar o número de usos
de um mesmo painel, racionalizando a utilização das fôrmas. Basicamente,
são utilizadas hoje as fôrmas em aço e alumínio;
Para FAJERSZTAJN (1987), são leves as fôrmas que podem ser movimentadas
manualmente, sem a necessidade de equipamentos de transporte e pesadas
aquelas que necessitam de equipamentos para movimentação e transporte,
como por exemplo as fôrmas metálicas de aço que são posicionadas no local de
concretagem através de gruas.
56
de conferir à parede uma maior capacidade de deformação diante das
solicitações.
A produção de paredes maciças com fôrmas tipo parede pode ser realizada
também com as fôrmas mistas, as quais podem ser de grandes dimensões;
porém, são mais comumente utilizadas em pequenos módulos que permitem a
execução de paredes com alturas variáveis. O uso de fôrmas mistas modulares
de pequenas dimensões prescinde da utilização de equipamentos de grande
porte, pois apenas um operário pode realizar o seu transporte.
57
As vedações verticais em alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto, são
caracterizadas pela produção artesanal, quando não racionalizadas, com uso
intensivo de mão-de-obra, baixa mecanização e elevados desperdícios de mão-
de-obra, material e tempo. Além disso, a qualidade e a produtividade do serviço
de execução de alvenaria são dependentes da habilidade do operário.
58
• existência de uma seqüência de trabalho ordenada: permite a
simplificação e repetição das tarefas, imprimindo ritmo definido nas
atividades de obra;
• elevado custo das fôrmas: o alto investimento realizado nas fôrmas deve
ser amortizado em diversas reutilizações. A necessidade de alta reutilização
das fôrmas é viabilizada quando se tem uma demanda constante e uma
tipologia definida de construção;
59
∗ para assegurar a máxima reutilização das fôrmas, a largura dos
painéis usada para produzir um dado comprimento de parede deverá
ser selecionada como referência para o edifício como um todo.
Desde então, por iniciativa da empresa GETHAL S.A. Serviços para Construção,
uma das empresas fornecedoras de sistemas de fôrmas mistas utilizados para a
moldagem de paredes de concreto celular espumoso, tem sido majoritária a sua
utilização na construção de casas populares.
60
A utilização do concreto celular espumoso como material de enchimento foi
motivada em função das características de isolamento termo-acústico,
densidade menor que a do concreto convencional e custo.
61
vedações verticais, além de prescindir de mudanças significativas no sistema de
produção existente.
62
métodos existentes. Identifica-se aqui um conjunto de soluções exeqüíveis,
que servirão de material de análise para as próximas etapas;
63
Durante a construção do protótipo poderão ser introduzidas alterações,
motivadas pela detecção de problemas não previstos nas etapas anteriores;
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
64
De modo geral, a execução de paredes maciças utilizando fôrmas metálicas e
mistas agrega ao processo de produção do edifício ganhos potenciais em termos
de produtividade, nível de produção, qualidade final do produto e custo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
65
BARROS, M.M.S.B.; SABBATINI, F.H. Desenvolvimento de um método
construtivo para produção de vedações verticais de concreto celular.
São Paulo, 1997. /Apresentado como plano de trabalho a ser efetuado
através de convênio de pesquisa e desenvolvimento tecnológico entre a
EPUSP e a GETHAL - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Não
publicado/
66
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS VEDAÇÕES LEVES DE GESSO
ACARTONADO
1. INTRODUÇÃO
! Pela demanda:
67
! Pela oferta:
2. CONCEITUAÇÃO
68
Dentre estes processos estão os métodos de construção a seco de vedações
verticais leves de compartimentação e separação, classificadas como divisórias
internas, e constituídas por uma estrutura suporte reticulada e fechamento em
chapas. Nos Estados Unidos estes métodos são denominados genericamente
por "drywall construction".
69
3. HISTÓRICO E MERCADO
70
Desta forma o mercado ofertante atual está constituído, principalmente, pelas
seguintes empresas, com respectivos indicadores de produção:
Para que possa ser feita uma análise comparativa entre as vantagens e
desvantagens potenciais de cada uma destas tecnologias serão analisadas
neste capítulo as principais características desta tipologia de vedação interna.
71
QUADRO 1 - Características das Divisórias de Gesso Acartonado
♦ Sensibilidade à umidade
72
precisão na posição das prumadas e das passagens (p.ex. pontos de
esgoto, conduítes apontados nas lajes) que interagem com as
divisórias. A não observância deste novo referencial de precisão irá
exigir ajustes (leia-se "gambiarras") no local, incompatíveis
conceitualmente com a montagem industrial. O ideal seria que também
os demais subsistemas não fossem moldados no local, como é a
pratica construtiva em países tais como os Estados Unidos e Japão.
Ainda, para maior eficácia do processo de produção, é necessária uma
compatibilização dimensional (coordenação modular) das divisórias
com a estrutura e demais subsistemas;
73
sem supervisão e sem ajudantes. Isto implica que a mão de obra tenha
grau de instrução compatível, o que pode ser um limitante na atual
estrutura de produção;
74
subsistemas tem de ser alterada em função das características próprias
das divisórias, como por exemplo: o fechamento prévio dos vãos das
janelas com esquadrias, a execução prévia do telhado e a de não
permitir construções úmidas posteriores;
75
principalmente em relação às deformações, pois a modelagem utilizada
para dimensionar o sistema estrutural reticulado é coerente com a
existência de vedações de rigidezes não-significativas. Por outro lado, ao
não contraventar a estrutura esta dependerá apenas da rigidez dos seus
elementos e a rigidez decorrente do arranjo estrutural para resistir aos
esforços horizontais. Se o dimensionamento no Brasil atendesse sempre
às exigências normativas de estabilidade global esta característica da
divisória não seria importante, como não o é em outros países. No
entanto, infelizmente, presume-se que a grande maioria dos edifícios
projetados no Brasil não atendam a estas exigências e dependem do
contraventamento fornecido pela alvenaria para permanecerem estáveis e
íntegros, quando atuam esforços de vento. Por decorrência, presume-se
que a substituição da alvenaria pelas divisórias de gesso acartonado, se
analisada de uma forma tecnicamente correta, irá incrementar a
volumetria das estruturas de concreto e dificultar a disposição de vigas e
pilares de um grande número de edifícios, ao invés de diminuí-la.
76
de alertar claramente seus clientes sobre a natureza da vedação que
estará sendo empregada. Existem aspectos legais, culturais e sociais
envolvidos, pelo fato de ser divisória e não parede, que não devem ser
negligenciados.
♦ SENSIBILIDADE À UMIDADE
77
Se o risco for significativo, deve-se prever um detalhe que garanta a
separação da chapa (junta de trabalho) e do montante da parede
externa
78
♦ VEDAÇÃO OCA E ESTRUTURADA POR PERFIS.
79
das chapas normalmente ocorre uma quase que total degradação. No
entanto, o volume de entulho gerado é significativamente menor. Para
poder retirar uma divisória sem causar problemas os forros e contrapisos
devem estar nivelados. Ou seja, eles devem ser executados antes das
divisórias, como é a recomendação geral. Ser leve significa menor
quantidade de carga morta, que é um aspecto positivo quando se pensa
na estrutura suporte (fundações, p. ex.). O contraponto é que o isolamento
acústico contra sons aéreos, que depende da massa da divisória, é muito
prejudicado. Para adequar as divisórias às exigências do usuário estas
devem ter componentes, como camadas de isolantes acústicos e bandas
sônicas, que garantam um desempenho aceitável. Ter baixo volume de
material traz vantagens em termos de transporte e estocagem. No entanto
as chapas de pequena espessura têm, por isto, baixa resistência.
Cuidados especiais devem ser tomados para solucionar em projeto as
eventuais deficiências em termos de suporte de cargas suspensas,
resistência à impactos e ao corte em intrusões (arrombamento).
80
5. VANTAGENS POTENCIAIS DAS DIVISÓRIAS DE GESSO ACARTONADO
EM RELAÇÃO ÀS PAREDES DE ALVENARIA
♦ Ganho de área
♦ Menor peso
♦ Desempenho acústico
♦ Vantagens econômicas.
81
♦ GANHO DE ÁREA
♦ MENOR PESO
82
♦ FACILIDADE DE EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES EMBUTIDAS
♦ DESEMPENHO ACÚSTICO
83
desempenho acústico inferior das divisórias simples em relação à parede
de alvenaria. Evidentemente as divisórias acusticamente eficientes tem
maior custo e demandam maiores cuidados no detalhamento e execução.
Nas fases de projeto, contratação e execução dos serviços estes cuidados
devem ser seguidos para a obtenção de um desempenho aceitável.
84
instalações deverão ser testadas antes do fechamento da divisória, o que
implica mudanças no planejamento e administração da interdependência
entre dois serviços e dois sub-contratantes.
♦ VANTAGENS ECONÔMICAS
85
6. LIMITAÇÕES E DIFICULDADES DO USO DE DIVISÓRIAS DE GESSO
ACARTONADO NO BRASIL
86
♦ DEFORMABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
87
♦ AUSÊNCIA DE NORMAS DE DESEMPENHO E DE REQUISITOS DE DESEMPENHO
PARA VEDAÇÕES NO PAÍS
88
♦ DEPENDÊNCIA DE MUDANÇAS NA QUALIDADE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
DOS DEMAIS SUBSISTEMAS
89
com a falta de segurança que se associa às construções leves ou com a
sua aparente fragilidade. Evidentemente a cultura de uma sociedade pode
ser modificada, pois ela é dinâmica e sofre influências dos usos e
costumes de outros povos, principalmente na era da aldeia global. Mas,
para isto ocorrer são necessários investimentos constantes e demanda
tempo. Esta é uma barreira suplantável mas, para que isto ocorra, todos
os setores interessados na implantação das divisórias de gesso
acartonado devem investir na mudança cultural.
90
7. PROJETO E MONTAGEM DE DIVISÓRIAS DE GESSO ACARTONADO -
ASPECTOS IMPORTANTES A SEREM OBSERVADOS
Infelizmente quase nada disto existe ainda no Brasil. Para que as divisórias
sejam corretamente empregadas no País, as empresas, a estrutura de produção,
o próprio mercado terão de evoluir.
Aqueles que pretendem hoje utilizar-se desta tecnologia têm que compreender
que existem riscos e que estarão sendo pioneiras em um processo evolutivo
absolutamente necessário para o País. No entanto, as empresas não devem
acreditar que todos os problemas já foram equacionados. É provável que o
tenham sido nos países de origem desta tecnologia, mas pelo exposto acima,
devem compreender que muito ainda precisa ser feito para equacioná-los no
Brasil.
91
Nos itens 4,5 e 6 procurou-se analisar as principais características e limitações
das divisórias de gesso acartonado, de modo a subsidiar a decisão daqueles que
pretendam utilizar-se desta tecnologia. Indiretamente analisou-se os aspectos
mais importantes que devem ser questionados no projeto, na contratação dos
serviços e na montagem das divisórias de gesso acartonado, para que o seu
emprego traga os resultados esperados.
92
exigências da sociedade e às características e cultura do setor [15,16]. Este
desenvolvimento está quase todo ainda por ser feito. Entre os riscos
decorrentes desta situação de precário domínio tecnológico estão o
surgimento de sérios problemas patológicos nos edifícios;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[6] SOUZA, M. O melhor dos iguais. Construção São Paulo. São Paulo, n.2309,
p.4-7, 1992.
93
[7] CORBIOLLI, N. Crescimento geométrico. Construção São Paulo. São
Paulo, n.2502, p.10-11, 1996.
94
O DESEMPENHO ESTRUTURAL E A DEFORMABILIDADE DAS
VEDAÇÕES VERTICAIS
1. INTRODUÇÃO
95
Muitas vezes, entretanto, esta substituição é feita sem a necessária visão
sistêmica levando muitas vezes a alterações que, ao invés de trazer benefícios
para a construção e seus usuários, é origem de problemas patológicos.
96
do comportamento destes componentes no conjunto da vedação e no conjunto
de todos os demais componentes e subsistemas do edifício.
Tem-se encontrado, com uma freqüência cada vez maior, patologias nas
vedações verticais dos edifícios. A princípio, isto pode parecer um contra-senso,
frente à evolução tecnológica por que está passando o sistema de vedações
verticais. Estes problemas não são provenientes das novas tecnologias em si,
mas da mudança de cenário que vem ocorrendo nas construções nos últimos
anos.
A concepção das estruturas de concreto armado tem evoluído muito nos últimos
anos. O desenvolvimento de ferramentas, principalmente computacionais, que
permitem uma modelagem mais precisa das estruturas e a utilização de
97
materiais especiais como os concretos de alto desempenho, tem possibilitado a
concepção de estruturas com arranjos diferenciados, como a utilização de lajes
planas, tipo “cogumelo”, com elementos cada vez mais esbeltos e grandes vãos.
98
Os limites estabelecidos pela norma brasileira utilizada como parâmetro por
projetistas é da limitação das flechas dos elementos estruturais em L/300 ou
L/500. Estes níveis de deformação entretanto são incompatíveis com a grande
maioria dos sistemas empregados para a vedação vertical. Isto pode ser
observado em uma série de ensaios realizados tanto nas estruturas de edifícios,
como em laboratório, por ocasião de um convênio de desenvolvimento
tecnológico realizado na EPUSP (1994).
99
comportamento das paredes era observado quanto ao surgimento de fissuração,
à medida que os carregamentos e deformações eram impostos à estrutura.
Deformação
Deformação sem
Espessura Sobrecarga com
Componente da enrijecimento
da laje aplicada enrijecimento
alvenaria pela alvenaria
(cm) (kN/m2) pela alvenaria
(mm)
(mm)
Concreto celular
16 4,0 1,50 4,37
autoclavado
Concreto celular
10 2,3 1,55 3,50*
autoclavado
100
Apesar da menor rigidez da laje, pode-se observar que o nível de deformações
do conjunto continuou relativamente pequeno.
O ACI (1979) no seu Manual de Prática faz uma série de recomendações quanto
a limites de deformação das estruturas que podem ser admitidos, em função do
tipo de vedação vertical, como mostra a Tabela 3.
101
O CSTC (1967) faz uma resenha dos valores limites estabelecidos pelas normas
de vários países europeus (Tabela 4). Estas limitações correspondem aos
critérios de dimensionamento adotados por cada particular código, não podendo
ser diretamente comparados. Entretanto, pode-se observar variações muito
expressivas nos valores tabulados.
França / BA 60 1/500
Alemanha 1/250
Suécia 1/1.000
102
aproveitamento do sistema de fôrmas, leva, muitas vezes, a menores períodos
para o retirada dos escoramentos e o conseqüente carregamento precoce da
estrutura.
Por outro lado, a pouca atenção dada aos procedimentos executivos durante a
produção da estrutura de concreto como os cuidados no transporte,
adensamento e principalmente na cura do concreto depois do lançamento,
podem contribuir decisivamente para um estágio de deformações da estrutura
que possibilitam levar ao comprometimento futuro do desempenho da vedação
vertical.
CHANG, K.Y. E HWANG, S.J. (1996) alertam que o fator de multiplicação 2 para
a obtenção da deformação ao longo do tempo, a partir das deformações
instantâneas, subestima as deformações que realmente ocorrerão para o caso
das lajes de concreto.
103
O planejamento integrado da execução das vedações verticais e das estruturas
proporcionam levar a soluções que permitam diminuir os efeitos nocivos das
deformações das estruturas sobre as vedações verticais. Entre as medidas
possíveis podem ser citadas:
104
do edifício. Assim, detalhes como juntas de movimentação e trabalho, separando
as vedações verticais da estrutura, ou entre os elementos da própria vedação
vertical, devem ser considerados, com as implicações que têm para a execução
destas vedações e das interferências que provocam nos demais subsistemas do
edifício, inclusive as mudanças estéticas pela criação destas juntas.
Falta muitas vezes aos fabricantes a visão de que um produto, por mais
excepcionais que sejam as suas qualidades potenciais, quando utilizado de
maneira inadequada, pode proporcionar o surgimento de problemas patológicos
que comprometem a reputação do próprio produto e sua utilização futura.
105
possibilitem que as mesmas tenham um desempenho adequado ao longo de
toda a vida útil do edifício.
106
como objetivo principal diminuir o módulo de deformação das paredes de
alvenaria e assim aumentar a sua capacidade de acomodar deformações.
98 80 98
CARGAS
P1 P2 PORTICO DE
CONCRETO ARMADO
1 2
157
3 4
LEITURAS
107
Neste ensaio, os pórticos eram submetidos a carregamentos, controlando-se o
nível de deformação imposta. Frente às deformações impostas, analisava-se o
comportamento das alvenarias, através do surgimento de fissuras.
108
Mesmo em sistemas construtivos onde a vedação vertical não toma parte do
subsistema estrutura, as paredes estão sujeitas a diferentes níveis de
deformação. Parte das solicitações são provenientes das cargas de utilização do
edifício, como as cargas causadas por choques e impactos, ou as tensões
provenientes das cargas penduradas sobre as paredes. Além destas, a vedação
vertical é solicitada pelas tensões internas originadas pelas variações
volumétrica causadas pela variação no conteúdo de umidade ou temperatura
das paredes. A estas somam-se as tensões indesejáveis transmitidas pelas
estruturas aos elementos das paredes. Quando solicitada por este conjunto de
esforços, as vedações verticais devem apresentar resistência mecânica
adequada
109
A resistência dos blocos de concreto de vedação (sem função estrutural) é
especificada pela NBR 7173/82 (ABNT, 1982), que estabelece valores mínimos
individuais de 2,0 MPa e médios de 2,5 MPa.
No caso dos painéis leves, de forma geral não se prevê a possibilidade destes
resistirem a carregamentos superiores aos proporcionados pelas cargas de
110
utilização. Para estas, suas limitações estão ligadas ao tipo de estruturação
concebido para tal finalidade, assim podem-se variar, em função das cargas de
utilização esperadas, a seção transversal e espaçamento dos perfis
responsáveis pela estruturação, de forma a garantir o bom desempenho da
vedação vertical frente aos carregamentos de utilização.
4. CONCLUSÕES
111
produção de vedação vertical que aliem a racionalização dos serviços ao
adequado desempenho dos mesmos.
BIBLIOGRAFIA
CHANG, KY; HWANG, SJ. Pratical estimation of two way slab deflection.
Journal of Structural Engineering. ASCE Structural Division, vol 122, no. 2,
1996.
112
O DESEMPENHO ACÚSTICO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS EM
EDIFÍCIOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
113
Isso pode ocorrer quando os excessos são de tal ordem que, mesmo a proteção
sonora de um edifício projetado e construído para proporcioná-la em níveis
satisfatórios, acaba resultando insuficiente.
"IMÓVEL INSONORIZADO"
Tempos atrás surgiu no mercado imobiliário essa designação, para o que seria
um apartamento capaz de isolar os ruídos da rua, dos vizinhos, de máquinas e
equipamentos do prédio. A idéia foi mal dimensionada e acabou significando
custos adicionais elevados, tendo sido rapidamente deixada de lado.
O seu maior mérito foi chamar a atenção para os problemas acústicos, comuns
em edifícios multipavimentos, e que atualmente voltam a preocupar as
construtoras, pressionadas pelas clientelas de certos nichos de mercado,
principalmente o dos apartamentos de padrão elevado. As pessoas que se
mudam para esses imóveis, quase sempre estão deixando casas confortáveis e
tranqüilas, porém inseguras. Fazem, porém, questão de manter o sossego e
privacidade de que dispunham antes, não se conformando em ouvir tantas
coisas que se passam no prédio e saber que também são ouvidas pelos
vizinhos.
114
aeroporto. Vêem-se os aviões decolando mas não se ouve nada, quando muito,
um rumor quase imperceptível, de baixa freqüência. Não se nota também a
descarga do sanitário do andar de cima, ou ruídos hidráulicos de duchas e
torneira. O ar condicionado só se escuta muito discretamente, junto à grelha de
insuflamento. As paredes são mudas. O teto só transmite algum ruído muito
ocasional da queda de algum objeto pesado no andar de cima, ou o impacto dos
pés de alguém que tenha dado um pulo, por uma razão qualquer.
A classe "A" de proteção acústica dos imóveis também é conseguida com vários
outros cuidados como evitar ruídos hidráulicos em paredes que não as das
próprias áreas ditas "molhadas", como cozinha, banheiro e área se serviço. Não
são aceitáveis também ruídos de equipamentos de infra-estrutura do edifício,
como elevadores, bombas de recalque e ar condicionado central.
115
IMÓVEL COM QUALIDADE ACÚSTICA PADRÃO "B"
No que se refere à implantação, é de bom senso que edifícios com usos muito
sensíveis a ruído, como os residenciais, os de escritório, os de hospitais,
escolas, os destinados a cultos religiosos e outros, não sejam construídos em
116
avenidas com trânsito pesado, ou, se o forem, que suas janelas não se abram
diretamente para as avenidas, mas para as laterais, ou mesmo para os fundos,
com algumas ressalvas. Se, por exemplo, ao seu redor e muito próximos, já
existam, ou venham a existir outros edifícios, o ruído da avenida continuará
sendo muito intenso, devido às reflexões nos espaços entre as fachadas. Além
disso prejudicam-se a insolação e a ventilação do prédio.
Também não se recomenda que cômodos para usos sensíveis a ruído, sejam
colocados junto a poços de elevadores, caixas de escada, corredores por onde
transitem muitas pessoas, a maior parte do tempo, etc.
Prédios com qualidade acústica padrão "B" e mesmo alguns do padrão "A",
ressentem-se, sobretudo, do problema dos pisos, antigamente amenizados pelo
uso de carpetes, hoje agravados pela preferência generalizada por assoalhos de
madeira tabuados, pisos vinílicos, cerâmicos, de pedras, etc. Além disso, é
praticamente inviável evitar-se a sobreposição de cômodos de mesma
destinação, como quartos e salas de estar.
Esse problema tem solução técnica, variável caso a caso, algumas muito
simples e eficazes, mas que encontram grande resistência de aceitação por
parte dos construtores, receosos de uma clientela "ainda não batizada". Tais
clientes são os adquirentes de imóveis que ainda não passaram pela experiência
de viver em apartamentos, não tendo noção exata da gravidade do problema e,
normalmente, mais preocupados com o aspecto e a solidez dos pisos. De fato,
pisos com CTSI elevados normalmente são assentados com algum material
resiliente de permeio. Quando percutidos, soam "chocho", dando a impressão
para uma pessoa desavisada, de terem sido mal feitos.
117
providências de bom senso, como assegurar-se de que o amortecimento de
vibrações da casa de máquinas dos elevadores seja bem calculado, a
canalização da bomba de recalque não seja embutida, os banheiros das suítes
nos apartamentos fiquem separados dos dormitórios, intercalando-se “closets”, e
assim por diante.
118
O segundo tipo de descuido pode ser um erro de especificação, mas também
uma especificação não atendida, por conveniência ou rapidez na instalação de
forros leves contínuos, em escritórios. De fato, tais forros normalmente são
constituídos por réguas metálicas muito leves, espaçadas entre si, ou
perfuradas, justamente para que o som passe para o “plenum” acima do forro
onde estão mantas de materiais absorventes sonoros, quase sempre ensacadas
em plásticos escuros. Ocorre que o efeito de absorção dessas mantas implica
justamente em se deixar atravessar, em boa parte, pelos sons, reduzindo-o
apenas numas certa medida, variável, conforme seus constituintes graves,
médios ou agudos. O forro resulta, por conseguinte, num sistema pelo qual o
som proveniente de uma sala consegue passar, numa trajetória ascendente e
noutra descendente, após refletir-se na laje do pavimento superior, acima do
“plenum”. Retorna, pois, reduzido, mas ainda perfeitamente audível, para a
própria sala em que foi gerado, ou para uma sala vizinha se a trajetória de
reflexão descrita ocorrer no trecho do forro abaixo do qual a divisória tem sua
borda superior. Em outros termos, pode-se dizer que as conversas, as
discussões, as ordens que são dadas em uma sala, contornam a divisória por
cima e são ouvidas na sala vizinha.
119
as divisórias e paredes só não corresponderão na parte acústica, se a sua
constituição implicar nos chamados "furos de isolação sonora".
120
Assim, na versão não revestida, essas maiores deficiências estão entre 500 e
630 Hz, enquanto que nas duas outras, estão entre 200 e 315 Hz.
Mas a parede sem revestimento apresenta outra região dos resultados em que
sofre uma queda brusca nos valores de R, entre 1600 e 2500 Hz. Trata-se aí de
vazamento sonoro pelos buracos e frestas muito comuns em paredes de blocos
cerâmicos de vedação, resultantes de partes quebradas dos tijolos ou de falhas
de argamassa de assentamento, usada nas juntas.
121
SOLUÇÕES PESADAS E SOLUÇÕES COMPOSTAS
Atualmente, uma pessoa com mais do que 50 anos que more ou trabalhe em um
prédio de construção recente, poderá referir-se aos bons tempos das
construções com tijolos maciços de barro, em que as paredes eram firmes,
resistentes a tudo, inclusive aos sons.
122
acústicos, numa espécie de substituição de grossas paredes, por lâminas de
materiais densos, como gesso e cimento reforçado com fibras, tendo de permeio
materiais de amortecimento.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
123
O DESEMPENHO DAS VEDAÇÕES FRENTE À AÇÃO DA ÁGUA
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o consumidor brasileiro, de modo geral, tem ficado mais
atento à qualidade dos produtos. Com o produto edifício não tem sido diferente.
Os acidentes ocorridos recentemente devem ter contribuído também para uma
maior atenção por parte dos usuários para os defeitos de obra. Temos percebido
entre vários construtores uma preocupação crescente com esta mudança
comportamental.
125
Embora tenhamos sempre que conviver com dúvidas e riscos em nossa
profissão, sabemos que nosso dever enquanto engenheiros é desenvolver as
tecnologias e meios necessários para controlar estes riscos e atingir resultados
cada vez mais eficazes. Neste trabalho vamos discutir um aspecto particular da
tecnologia das vedações verticais: o desempenho frente à ação da água.
Talvez a água seja o mais simples e ao mesmo tempo o mais essencial material
de construção. Empregamos água para produzir concreto e argamassa, blocos e
tijolos, tintas e membranas. Com água limpamos a obra e abastecemos os
usuários para suas necessidades básicas de higiene e saúde.
Mesmo sendo indispensável para a construção, a água também é fonte dos mais
variados problemas patológicos que atingem os edifícios e suas partes
constituintes.
REYGAERTS et al. (1978) estudando vários países, também conclui que a maior
parte dos problemas diz respeito à ação da água. Este afirma ainda que cerca da
metade dos problemas de infiltração (que corresponde a 60 % do total) ocorre
pelas paredes.
126
combinando-se ou não com outros fatores,. Entre os principais problemas
podemos citar:
• variação dimensional nos componentes, elementos construtivos e
praticamente em todos os materiais porosos (concreto, argamassa, blocos,
gesso, etc.);
• proliferação de microorganismos;
• manchas e eflorescências;
• deterioração de revestimentos;
• corrosão de metais;
• condensação e
• comprometimento da habitabilidade.
Como nos lembra SABBATINI (1988), no passado recente, era como utilizar-se
no Brasil paredes de tijolo maciço de 25 cm (1 vez) revestidas em ambas as
faces com argamassa. Beirais e peitoris bem detalhados e amplos protegiam as
fachadas.
127
3 A AÇÃO DA ÁGUA NAS VEDAÇÕES VERTICAIS: CONCEITOS BÁSICOS
A ação da água não pode ser eliminada da construção, seus efeitos devem ser
controlados. Talvez este seja o conceito mais importante que devemos rever
aqui. PEREZ (1986) explica que os problemas com água sempre existiram:
alteram-se a intensidade, freqüência e tipologia. O objeto central de foco do
projeto e da execução das vedação verticais é, portanto, o controle da entrada
de água na edificação para a manutenção do desempenho ao longo do tempo.
Vale esclarecermos ainda que o emprego da palavra impermeável ou a
expressão à prova d’água, devem ser considerados inadequados quando se
trata das vedações, possuindo inclusive, no nosso entender, erro conceitual.
• projeto e execução;
A água pode agir de variadas formas nas edificações. Podemos ter ação da
água proveniente das atividades necessárias à construção, da água de
capilaridade que ascende pelo solo, da água que vaza e se infiltra devido a
128
problemas nas instalações sanitárias, da água de lavagem, de manutenção e
acidental, da água de condensação e da água de chuva que passa pelas
vedações exteriores. A água dos trabalhos de construção tende a diminuir com o
tempo, sendo as condições de ventilação e insolação determinantes para a
evaporação desta umidade. A água absorvida pelas vedações a partir do solo
tem origem em lençóis freáticos e na água da chuva que se infiltra pelo terreno.
PEREZ (1986) mostra que a água da chuva sozinha pode representar de 40 a 70
% dos problemas de infiltração.
Para passar através de uma vedação vertical é necessário que ocorram três
condições fundamentais: FISHBURN (1942); (GRIMM, 1982b); BIA (1985)
(SABBATINI, 1988)
Quase sempre reunimos todas estas condições. Temos chuva para formar
lâmina de água pela fachada, pressão de vento, sucção capilar em nossos
materiais, ação gravitacional e poros e fissuras mais que suficientes para permitir
129
infiltrações. GRIMM (1982b) explica que a atuação conjunta da chuva incidente e
da pressão do vento, atuando simultaneamente, forçam a água para o interior da
edificação através dos poros, fissuras existentes na superfície dos materiais e
principalmente pelas fissuras e aberturas presentes nas interfaces entre as
juntas de argamassa e os blocos e outros elementos construtivos como as
janelas.
Para o BIA (1985), entretanto, sob condições normais de exposição é difícil que
grandes quantidades de água penetre pelos blocos / tijolos e argamassa. Esta
fonte afirma que, também nos EUA, antes do uso de corrente de paredes duplas
em fachadas, paredes simples de grande espessura eram empregadas para
evitar a passagem de água (espessuras superiores a 30 cm).
PEREZ (1986) explica ainda que a porosidade pode ser aberta e fechada. Nos
materiais de porosidade aberta existem canais de interligação entre os poros que
facilitam a passagem das moléculas de água.
130
que a pressão capilar é função do diâmetro do poro e que a pressão interna
varia ao longo comprimento do poro. Além disso a densidade e viscosidade da
água podem alterar os resultados de permeabilidade4.
A água pode então passar pelos blocos e tijolos, mas seu caminho preferencial é
através dos canais existentes nas interfaces bloco-argamassa. O local mais
comum para esta infiltração ocorrer, como observaram GRIMM (1982b) e
SABBATINI, FRANCO (1988), é na ligação entre juntas horizontais e verticais.
Para FISBURN (1938) que realizou um trabalho que serviu de base para muitos
outros estudos, os revestimentos argamassados reduzem, mais do que as
pinturas, a permeabilidade à água de chuva das paredes de alvenaria. De
4
Este autor define permeabilidade como sendo a medida da infiltração de água por uma parede.
131
acordo com CLARK (1975) citado por GRIMM (1982b), as películas de silicone
aplicadas a alvenarias de fachada não fecham aberturas maiores que 0,5 mm
deixadas pelas falhas de execução, muito embora elas reduzam
temporariamente a permeabilidade à água. Este autor afirma que após seis
meses, uma parede de tijolos tratada com silicone, tem sua absorção de água
média aumentada de 9,5 % para 26 %. Neste ritmo, revela, “a vida útil esperada
destes tratamentos não passa de três anos”. Em qualquer caso, devemos
considerar que alvenarias que apresentam fissuras devido a retração,
movimentação higroscópica e estrutural, sejam revestidas ou não, criam
condições propícias para a passagem da água.
bloco sílico-calcário 25 cm 68 13
tijolo cerâmico maciço 38 cm 86 9
tijolo cerâmico furado 24 cm 82 10
blocos de concreto celular 20 cm 69 1
132
citada por PEDROSO (1986) a classificação de Força 9 (Ventania Forte com
ventos de 22 m/s) para São Paulo e Força 9 (Ventania Moderada com ventos de
16 m/s) para o Nordeste, talvez sejam mais do que suficientes para permitir um
dimensionamento de vedações verticais resistentes à penetração de água. Na
falta de dados meteorológicos mais precisos é possível também - como faz a
NBR 7202 para o caso das janelas de alumínio - empregar um percentual das
velocidades básicas do vento. Esta norma, por exemplo, adota para definição da
velocidade do vento 10 % dos valores da isopletas segundo a NB 599, obtendo-
se valores próximos àqueles da Escala de Beaufort reproduzida na Tabela 3.2.
133
Para quantificar o efeito conjunto da chuva e do vento sobre as vedações das
fachada, os britânicos desenvolveram um Índice de Chuva Incidente que pode
ser aplicado como critério para definir o grau de intensidade de exposição de
paredes de alvenaria à penetração da água. Este índice, conhecido como DRI
(Driving Rain Index), pode servir para balizar a adoção de parâmetros mínimos
destinados ao projeto de vedações, com ou sem revestimentos de acordo com a
pluviosidade e velocidade do vento da localidade da construção. LACY (1971)
apresenta o DRI, criado no Building Research Station, explicando o seguinte:
5
PEREZ (1986) utilizou como fonte a Revista do DAEE N. 33 – Chuvas de Intensidade no
Estado de São Paulo (separata), 1973.
134
exposição à penetração de água: protegida, moderada e severa. Além disso, ele
verificou que as partes da fachada mais expostas à penetração de água são
aquelas próximas às extremidades dos lados (esquinas), podendo em alguns
casos chegar a ser duas vezes mais solicitada. Este autor considera que todas
as paredes de edifícios localizados a 8 km ou menos do mar, grandes lagos ou
estuários de rios devem ser consideradas expostas a condições severas.
Florianópolis 4 1393 6
Salvador 4 1587 6
Fortaleza 4 1570 6
Petrolina 4 441 2
Santos 3 2066 5
A Tabela 3.4 apresenta as três condições de exposição a que podem está sujeita
uma vedação vertical. Além de considerar a localização geográfica em relação a
um grande corpo d’água, o autor observa a exposição da edificação em função
de sua altura e posição topográfica, posição relativa da parede em relação à
edificação e o DRI.
Deve-se também considerar que uma parede está protegida da chuva incidente
quando edificações permanentes na vizinhança protegem a parede em todas as
direções e possuem altura superior ao respaldo da parede equivalente a 1,2
vezes a distância horizontal que as separam ou ainda se existir uma outra
parede além do respaldo da parede em questão, cuja largura seja pelo menos 85
% da altura.
135
Tabela 3.4 Condição de exposição de paredes expostas a chuva incidente
(LACY, 1971)6.
PAREDE SEM PROTEÇÃO DE OBSTÁCULOS DA VIZINHANÇA
6
A atual norma BS 5628 (1986) reviu estes valores e alterou a classificação inicial prevista por
LACY (1971).
7
Próximas à esquinas das fachadas são as regiões de parede que distam menos de 1/10 da
largura da fachada medido a partir das esquinas e a menos de 1/10 da altura medido a partir do
respaldo.
8
Todas as paredes de edifícios localizadas a 8 km ou menos do mar, grande lago ou rio devem
ser consideradas sob condição de exposição severa.
136
blocos e necessidade de aderência adequada. Ele acrescenta ainda os cuidados
com os reforços metálicos entre os dois painéis das paredes duplas resistentes à
corrosão e juntas de controle e detalhes construtivos adequadamente projetados
para evitar fisssuração.
9
Este item é baseado no trabalho apresentado no Digest 110 do BRE (1972) e na dissertação de
mestrado de PEREZ (1986).
137
a umidade relativa deverá crescer. Nestas condições o ponto de saturação (UR
= 100 %) pode ser alcançado e a partir deste, qualquer quantidade de vapor
adicionada irá se depositar como condensação. Se, por outro lado, a quantidade
de vapor de água permanecer constante e a temperatura diminuir, como o ar
mais frio pode suportar menos umidade, a UR deverá se elevar até a saturação
quando a temperatura estiver em 15 ºC. A partir deste momento, qualquer
decréscimo na temperatura implicará em condensação. Este momento será,
portanto, considerado como o ponto de orvalho (dew-point) para o ar daquele
ambiente.
Condições atmosféricas
138
orvalho, o vapor de água presente no ar condensa. Mas, logo que as paredes de
aquecem a sua temperatura excede aquela do ponto de orvalho, a condensação
cessa e a umidade formada pela condensação evapora.
Influências artificiais
139
estrutura e as vedações. A maior parte desta umidade evapora para o ar interno
dos ambientes e então se condensa em regiões frias, usualmente à noite. O
BRE (1972) estima que esta quantidade de água pode chegar até 4.000 kg,
prolongando-se o período de secagem em até um ano. Alguns benefícios podem
ser obtidos deixando-se portas internas e a ventilação permanente das janelas
liberada para facilitar o processo de secagem.
PEREZ (1986) chama atenção ainda para as pontes térmicas. Estas pontes são
regiões das vedações que sofrem maior perda de calor e portanto, apresentam
temperaturas menores, são regiões vulneráveis à condensação. As pontes
térmicas são criadas principalmente em locais de descontinuidade de materiais,
como: pilares, vergas e contra-vergas, juntas e tubulação de água fria embutidas
nas paredes.
Condensação intersticial
140
ponto de orvalho). Em uma dada posição intermediária entre estas duas faces, a
temperatura poderá ser igual à temperatura de ponto de orvalho e a
condensação poderá ocorrer.
O processo exato que ocorre em uma situação como essa é complexo e difícil de
ser explicado pelo fato da água condensada poder alterar as propriedades
térmicas e de transmissão de vapor nos materiais porosos. Entretanto, o
conceito acima pode ser empregado para a verificação de situações nas quais
pode ocorrer risco de condensação.
141
4 O DESEMPENHO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS À AÇÃO DA ÁGUA
A maioria dos autores que estudaram a ação da água nas vedações verticais
destaca a qualidade do projeto como o principal fator para tornar uma parede
resistente à penetração de água. É no projeto que se compatibilizam as
condições de exposição definidas para cada caso, com as características que a
parede apresentar para um desempenho adequado.
142
espaço entre as duas folhas é preenchido ou não existe. Estes tipos de parede
tem sido utilizados há mais de 50 anos em vários países ao ponto de ser cada
vez mais raro encontrar paredes maciças em fachadas. Na solução mais
comumente empregada nos dois casos, a folha interna é de blocos vazados de
concreto e a folha externa em tijolo cerâmico. Dificilmente estas paredes são
revestidas de argamassa e poucas vezes empregam-se pinturas. Nos Estados
Unidas da América, por exemplo, todas as importantes entidades que se
dedicam ao estudo das alvenarias (já citadas), recomendam o uso de paredes
duplas para as vedações de fachada.
143
as argamassas de assentamento, tipos de revestimento, deformações esperadas
e modularidade.
10
Report BMS 7 – Water permeability of masonry walls (1933).
11
Esta vazão corresponde a uma chuva de 138 mm/h.
12
A pressão de 500 Pa equivale a aproximadamente 50 mmca. e corresponde a um vento de
cerca de 28 m/s (100 km/h).
144
observadas a incidência de manchas de umidade (intervalo de tempo necessário
ao aparecimento, crescimento até 4 horas) e infiltração (intervalo de tempo
necessário ao fluxo13 e vazão) que ocorrem na face oposta da parede.
Inicialmente a norma previa observações em períodos de até 72 horas. Após
várias revisões a norma passou a recomendar observações até 4 horas,
espaçadas de 30 em 30 minutos e repetição do ensaios após 28 dias.
13
FISHBURN (1942) definiu e a ASTM E 514 depois adotou que, para existir um fluxo de água
145
Esta, de fato, é a crítica mais importante ao ensaios da ASTM E 514, que
reconhecida até por FISBURN (1942), emprega valores de pressão e vazão
muito rigorosas. Este autor explica que as observações mais importantes devem
ser tomadas nas primeiras horas do ensaios, sendo sua continuidade
interessante para efeitos de análise comparativa entre os diversos tipos de
paredes / vedações ensaiadas.
O método da ASTM E 514 foi adaptado pelo IPT (1981) que empregou o ensaio
para fazer vários estudos no Brasil. PEREZ (1986), analisando ensaios de
estanqueidade realizados no IPT14 em paredes de tijolo, bloco cerâmico, blocos
de concreto e painéis de concreto maciço, constatou que a maioria dos sistemas
de pinturas empregados para melhorar a estanqueidade foram falhos em sua
maioria. Ele observa que os melhores resultados foram obtidos com
revestimento de argamassa. BAUER (1987) também usou metodologia
semelhante com aplicação de 260 Pa após uma fase inicial onde apenas a água
atuava na face da parede.
3
(leakage) é necessária uma vazão de 3 dm /min.
14
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Penetração de água em
paredes externas. São Paulo, 1981. (Relatório 13.258).
146
paredes de blocos cerâmicos vazados (14 cm de espessura) e aparentes em
edifícios de alvenaria estrutural. Submetendo as paredes à vazão de 3 dm3 / min
e à pressão 30 mmca em uma câmara de 0,5 m2, estes autores observaram que
paredes com juntas mal preenchidas apresentaram manchas em 15 minutos. A
maior parte das paredes ensaiadas, entretanto, apenas apresentaram manchas
no lado interno somente após 1 horas após o início do ensaio com aplicação
simultânea de água e pressão. Após 4 horas de ensaios a maioria das manchas
foram inferior a 3 % da área ensaiada. Comparando paredes tratadas com
silicone eles também observaram melhorias de desempenho.
147
formato em L que, acoplado à face da parede, permite a ação de uma coluna
d’água de altura padrão. Além de avaliar uma área muito pequena, este método
não considera a ação do vento e a energia cinética das gotas, fundamentais para
a infiltração de água pela fachada. A este respeito KROGSTOD et al. (1993)
observa ainda que “os resultados variam muito em função do lugar onde está
posicionado o tubo de vidro, não avaliando o sistema como deveria ser”.
148
Para isto o revestimento deve ser capaz de acomodar pequenas movimentações
da base sem apresentar fissuras prejudiciais. Revestimentos de pequena
espessura, por exemplo, apresentam menor capacidade de absorver
deformações e, portanto, maior facilidade para fissurar, permitindo a passagem
da água. Por outro lado, revestimentos com espessura muito elevadas, também
podem apresentar fissuras devido a retração elevada e problemas de aderência.
As antigas técnicas de execução de revestimentos parecem ter dado mais
resultados do que as que utilizamos hoje. O uso de emboço e reboco em duas
camadas distintas, constituía-se numa barreira dupla, normalmente mais
eficiente para resistir à passagem da água.
149
construção seca são discutidas em uma análise econômica detalhada por
NAVON et al. (1996). Este autor cita vantagens normalmente citadas como:
maior possibilidade de modificações futuras, maior facilidade de controle de
produção, menor necessidade de transporte e estocagem no canteiro. Neste
trabalho o autor levanta ainda a questão cultural do uso das divisórias secas,
que são chamadas normalmente de dry wall.
Normalização
150
procedimento NB 1313 (1990) trata das divisórias levas internas. Esta norma
prescreve que, sob a ação da água a divisória não deve apresentar:
• fissuras verticais nas capas com extensão superior a 10 mm, medidas a partir
da borda que foi imersa.
Por fim, o painel é coberto e ventilado por 48 h, para então serem tomadas as
medidas necessárias e posterior verificação dos requisitos da NB 1313. Para
verificar o efeito da umidade os painéis devem ficar durante 168 h (somatórios
dos ciclos do ensaios anterior) a 25 ºC e entre 80 e 95 % de UR. Nos painéis
resistentes à água deve ser aplicada em uma das duas faces, a cada 24 h,
nebulização com água em temperatura ambiente, à vazão de 0,10 dm3/m2,
sendo que a primeira nebulização ocorre somente após 70 h do início do ensaio.
151
Verificam-se então as dimensões pela NB 3255, comparando-as com as
tolerâncias prescritas na NB 1313.
A American Society for Testing and Materials apresenta várias normas para
especificação e ensaios destinadas à painéis de gesso. A norma ASTM C 36
(1995) trata da especificação geral dos painéis de gesso. Nesta são
especificados critérios de resistência à flexão, deflexão úmida, dureza das
bordas e resistência ao arrancamento de suportes para fixação. Esta norma
limita as variações de espessura e comprimento dos painéis, contemplando
ainda as condições das bordas e esquadro das arestas. Para os painéis de
gesso resistentes à água existe uma norma específica que prescreve apenas as
espessuras de 12,7 mm (1/2”) e 15,9 mm (5/8”): ASTM C 630 (1993). Além de
estabelecer critérios para as características citadas anteriormente, esta norma
prescreve as especificações para a resistência à água. Dois critérios são
contemplados: imersão e absorção superficial.
A absorção dos painéis resistente à água deve ser inferior 5 % em peso depois
de duas horas de imersão da amostra. Para a absorção superficial os painéis
não devem exceder o limite de 1,6 g depois de duas horas em contato com a
água. Para os dois ensaios são cortadas placas de 305 x 305 mm do centro dos
painéis, separadas em seguida ao meio. Para o ensaio de imersão, metade das
placas é imersa em água na horizontal até serem cobertas em 25,4 mm. Para o
152
ensaio de absorção superficial, que na verdade verifica a resistência à água do
cartão, é empregado um dispositivo denominado Cobb Tester. Este dispositivo é
descrito como um anel estanque de 100 cm2, onde são colocadas as amostras.
O anel é então preenchido com água na altura de 25,4 mm. Depois de duas
horas cada amostra é retirada do anel, removendo-se o excesso de água e
efetuando-se a pesagem. Calculando-se a diferença média de peso da amostra,
têm-se o peso da água absorvida.
15
O endereço do site é www.national-gypsum.com. Pode-se consultar ainda a Gypsum
Association no Boletim BA 231 - Assessing and repairing water damage to gypsum board.
153
5 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DA AÇÃO DA ÁGUA
NAS VEDAÇÕES VERTICAIS
154
Assistindo o agravamento destes tipos de problemas, podemos perceber que,
além de termos perdido mão-de-obra qualificada para a execução estes
serviços, parece que perdemos também o senso de preocupação com a
durabilidade devido à ação da água. Não é de se estranhar, portanto, que as
edificações mais novas, sem beirais e pingadeiras, por exemplo, apresentem
com freqüência, sinais de deterioração precoce.
155
Tabela 5.1 Recomendações para a definição de paredes de alvenaria de acordo
com as condições de exposição segundo a norma britânica BS 5628
Parte 3 (1985).
ESPESSURA
CONDIÇÕES DE DRI CONSTRUÇÃO DA PAREDE SIMPLES
REVESTIMENTO MÍNIMA17
EXPOSIÇÃO m2/s (SINGLE LEAF) 16
(mm)
16
Parede simples é aquela que possui apenas um painel de alvenaria. Na Europa e nos EUA é
prática corrente empregar paredes duplas com vazio interno (cavity wall) e paredes compostas
com mais de uma folha trabalhando aderido. Nestes casos as condições de estanqueidade são
diferentes conforme se percebe nos critérios apresentados por GRIMM (1982b).
17
Foram considerados os menores valores de espessura pela nova classificação da BS 5628
Parte 3 (1985) que prevê seis categorias diferentes de grau de exposição e não três como está
apresentado acima. Para levar em consideração o DRI, optou-se por preservar a classificação do
antigo código CP 121 (1973) em três categorias, pois os novos critérios adotados dependem
fundamentalmente de precisão e detalhamento dos fatores meteorológicos de cada clima, que
ainda não dispomos em nosso país.
18
Para condições de exposição muito severas nenhuma das situações, com ou sem
revestimento de argamassa, é recomendada. A norma indica nestes casos, somente o uso de
revestimento s cerâmicos e outros especiais.
156
• presença de revestimento externo da superfície;
• espessura da parede;
• características arquitetônicas.
A seguir é apresentada uma tabela que mostra como alguns fatores interferem
na penetração da chuva em paredes duplas. A Tabela 6.2 apresentada na
seqüência mostra estes fatores sem levar em consideração a influência da mão-
de-obra e detalhamento arquitetônico.
Acabamento das frisado côncavo frisado frisado em relevo sem frisar faceando
juntas aparentes ou inclinado faceando para dentro
157
RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA MINIMIZAR A AÇÃO DA ÁGUA:
158
• tratar adequadamente com selantes elastoméricos as juntas de contorno com
esquadrias e outros elementos construtivos da fachada19;
19
Para saber mais sobre o uso de selantes recomendamos PANEK; COOK (1991).
20
O uso de DPC na Inglaterra é lei (Ato de Saúde Pública) desde 1875 de acordo com Maclean;
Scott (1995) em Dictionary of Building (Penguim Books)
21
Para tijolos cerâmicos o BIA (1985) chegou a conclusão que IRA (Taxa Inicial de Absorção)
2
superior a 0,8 g / min. / m pode ser prejudicial para aderência para praticamente todos os tipos de
argamassa.
159
• cuidados na cura das paredes para evitar insolação direta, ventos e chuvas
incidentes que levem à saturação;
Outro item que merece destaque particular para evitar a penetração de água é o
detalhamento da interface das janelas com a alvenaria e o revestimento exterior.
Em geral estes locais não estão sujeitos a movimentações intensas podendo-se
empregar, por exemplo, selantes de base acrílica e butílica, desde que o produto
seja recomendado para este fim, destacando a compatibilidade de aderência
com os materiais da junta e durabilidade aos agentes atmosféricos.
Revestimentos argamassados
Sobre o uso de revestimentos a norma BS 5628 (1985) comenta que eles podem
de fato melhorar substancialmente a resistência a penetração de água das
paredes. Para uma solução mais efetiva a norma considera os revestimentos
cerâmicos, entre outros que pouco são usadas por aqui (metálicos, plásticos,
tipo shingles, etc.). Esta norma diz: “estes revestimentos contribuem
22
Recomendação do BIA (1985).
160
substancialmente para a resistência à penetração de água desde que sejam
definidos corretamente a dosagem, espessura, número de camadas e detalhes
adequados para minimizar fissuração”. Sobre isto destacamos a necessidade de
definir de modo adequado os reforços e juntas dos revestimentos para minimizar
as fissuras.
161
Sobre pintura e tratamentos com materiais repelentes à água, a BS 5628 (1985)
explica que “o uso de sistemas de pinturas e outros tratamentos com materiais
repelentes à água, como silicones, por exemplo, podem aumentar a resistência à
penetração de água mas podem também diminuir a evaporação de água do
interior da parede, dependendo das condições de exposição”. Devemos
entender que nas alvenarias aparentes o emprego de películas hidrofugantes ou
pinturas permeáveis ao vapor somente pode ser satisfatório em condições
moderadas de exposição e quando não há falhas de preenchimento (que é muito
difícil de ser obtido) nem fissuração posterior. Além disso, estes tratamentos tem
vida útil limitada, precisando ser continuamente renovados.
Divisórias de gesso
23
O autor cita o Relatório 14.199 – Avaliação do comportamento, ao longo do tempo, de
pinturas externas aplicadas sobre bases inorgânicas, não metálicas (1980).
162
dos azulejos permite à água escorrer para dentro da banheira, evitando uma
camada excessiva de adesivo, quando a espessura da impermeabilização
exige;
O anexo desta mesma norma traz ainda recomendações para aplicação dos
azulejos sobre os painéis de gesso, a saber:
163
7 CONCLUSÕES
24
Sobre este assunto, especificamente, são apresentados neste seminário dois outros trabalhos.
164
populares devem ter critérios diferentes? Será que as vedações que usamos
hoje são adequadas?
As patologias das vedações nos revela que, em boa parte dos casos, sabemos
que a resposta à última pergunta é não. Para as outras questões ainda
precisamos esperar respostas mais definitivas. Faltam, por exemplo, dados de
fatores climáticos e meteorológicos que permitam uma classificação mais
adequada das condições de exposição para o projeto das vedações (PEREZ,
1986)
Para finalizar vejamos o que diz uma parte (talvez a menos rigorosa) do Código
de Hamurabi escrito a cerca de 2200 anos atrás, um testemunho histórico do
rigor já aplicado na prática às falhas na construção (CIB, 1983):
“Se um construtor construir uma casa para um homem e ela não ficar firme
e trazer destruição, ele deve restaurar o que foi destruído, fazendo isto a
seu próprio custo.”
Agradecimentos
165
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166
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168
AS FISSURAS COM ORIGEM NA INTERAÇÃO
VEDAÇÃO-ESTRUTURA
1. INTRODUÇÃO
169
2. A EVOLUÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS
RETICULADAS E DAS ALVENARIAS DE VEDAÇÃO
170
Estas alterações da estrutura trouxeram para a alvenaria:
ADMISSÍVEL (PRATICADA)
ACI 318 NB-1
171
Modificações aconteceram também na técnica construtiva, na seqüência de
execução e no planejamento operacional. No quadro 1C estas características
são comparadas entre as diferentes épocas citadas.
Construção da estrutura
Construção de toda estrutura;
defasada de 3 a 4 lajes da
SEQÜÊNCIA EXECUTIVA fechamento alvenaria de cima para
alvenaria; fechamento
baixo após execução da estrutura
alvenaria de baixo para cima
172
deformação lenta está ainda para acontecer, ao contrário de antigamente
quando a quase totalidade da mesma já havia ocorrido.
RESISTÊNCIA À
2 à 5 dN/cm²
COMPRESSÃO DE 15 à 40 dN/cm² ( 1,5 à 4 MPa)
( 0,2 à 0,5 MPa)
PAREDINHAS
MÓDULO DE
10.000 à 20.000 dN/cm² 20.000 à 50.000 dN/cm²
DEFORMAÇÃO DE
( 1 à 1,5 GPa) ( 2 à 5 GPa)
PAREDINHAS
173
ao da alvenaria de tijolo maciço ela deve estar submetida a uma deformação
induzida de amplitude muito menor). Como conseqüência de ambas as
características:
S>R
Ou seja, as solicitações ( S ) a que a alvenaria pode estar submetida, em algum
momento podem suplantar as resistências ( R ) da mesma. Como resultado:
3. INTERAÇÃO ALVENARIA-ESTRUTURA
174
carregamento devido à reação da alvenaria, de sentido contrário ao que ela
aplicou na alvenaria.
175
Pode-se afirmar que a parede de alvenaria atua na estrutura reticulada como um
elemento de contraventamento. Ao travar as deformações do pórtico, no qual se
insere, ela se comporta como uma chapa rígida de contraventamento. O grau de
contraventamento irá depender da rigidez da alvenaria. Para compreender o
funcionamento da parede de alvenaria enquanto contraventamento pode-se
fazer algumas analogias.
A alvenaria não é nem bloco de espuma, nem chapa de aço. A sua rigidez é
intermediária e por isto ela contraventa parcialmente o pórtico. Quanto de
contraventamento? Qual a parcela da deformação induzida que ela absorve e
qual a que ela impede de ocorrer resistindo às tensões impostas. Depende da
sua rigidez e da sua resistência.
176
TABELA 1 - Ensaio de Flexão de Pórticos tipo "infilled frame"
PÓRTICOS
Bloco
Sim 1:2:9 8.96 1.59
cerâmico
Bloco
Não 1:2:9 7.39 1.11
cerâmico
Bloco de
Sim 1:2:9 4.30 1.81
concreto
Bloco de
concreto 1:2:9 5.85 1.35
celular Não
Bloco de
concreto Não F11 6.28 3.77
celular
PÓRTICO
DEFLEXÃO
CARGA NA NA RUPTURA
ARGAMASSA DE RUPTURA Tf
TIPO DE BLOCO REVESTIMENTO ASSENTAMENTO mm
177
Pode-se afirmar que:
178
esperadas da estrutura com a capacidade da alvenaria de absorvê-las e ou
resisti-las. Para simplificar o processo pode-se consultar tabelas de múltiplas
entradas que considerem todas as principais variáveis. Estas tabelas são
empíricas, fundamentadas na experiência, pois não se dispõem de
conhecimento científico consolidado para torná-las cientificamente precisas. As
variáveis mais importantes e uma proposta de classificação destas estão
discriminadas no quadro 2. O autor está trabalhando na configuração de tabelas
que parametrizem estas variáveis para auxiliar no dimensionamento e na
escolha das tipologias e técnicas construtivas das vedações em alvenaria.
Como foi visto no item 2, por diversas razões, o equilíbrio que deveria sempre
existir entre as paredes de vedação e a estrutura reticulada foi rompido no
processo convencional. As questões que precisam ser respondidas são duas: O
que deve ser feito para evitar o aparecimento de patologias? Como recuperar o
equilíbrio rompido e solucionar o problema ?
179
QUADRO 3 - Alternativas para evitar problemas na interação alvenaria-estrutura
180
juntas estanques na posição das juntas de trabalho. Apesar de existirem
diversas alternativas tecnicamente aceitáveis, o custo das que são mais
eficientes e confiáveis e ou aspectos estéticos dificultam o uso desta solução.
• Não pode, na maior parte das vezes, ser adotada isoladamente. Como
foi visto as estruturas estão hoje extremamente deformáveis (e por isto os
problemas patológicos estão ocorrendo). Estima-se que muitos edifícios
estariam seriamente comprometidos sem o atual contraventamento da
alvenaria. Sem este, provavelmente as estruturas terão de ser enrijecidas
concomitantemente com a dessolidarização para responderem de per si a
todos os esforços (que, aliás, é a sua função). A limitação está em que isto irá
provavelmente encarecer a execução da estrutura, alternativa normalmente
não aceita pelo mercado.
Uma outra limitação desta alternativa é de que ela também não é uma solução
a ser adotada isoladamente (como a anterior). Isto em razão do fato de que
aumentando a resistência da alvenaria significa aumentar as espessuras de
181
parede (diminuindo área) e a densidade superficial e, por conseqüência, as
cargas atuantes. Como resultado, as estruturas terão de ser mais rígidas e de
maior volumetria, portanto deverão ser concomitantemente alteradas.
182
∗ Admitir (e por em prática) que o domínio do processo tem de ser
assumido totalmente pela engenharia. Ou seja as decisões saírem do
nível do "eu sempre fiz assim", "isto é teoria, deixa que eu resolvo a
minha moda" e do "deixa eles falarem, depois na obra a gente faz do
nosso jeito". Saírem do nível da mestria e passarem a ser decisões
técnicas adotadas pela engenharia de processo.
183
QUADRO 4 – Recomendações para obtenção de estruturas menos deformáveis
✓ MAIOR RIGIDEZ LOCALIZADA
Incremento nas dimensões dos elementos estruturais, principalmente
espessuras de lajes.
✓ MAIOR RIGIDEZ GLOBAL
Aumento na quantidade, dimensão e rigidez dos nós - uso de vigas sob
paredes.
✓ MENOR DEFORMABILIDADE DOS ELEMENTOS
Incrementar tempo de escoramento permanente e aumentar o percentual
de escoras permanentes. Estudar a viabilidade da laje protendida em
alguns casos
✓ CONCRETO COM MENOR DEFORMAÇÃO ELÁSTICA
Maior módulo de deformação elástica (28 dias), promover a cura úmida
✓ CONCRETO COM MENOR DEFORMAÇÃO LENTA
Incrementar tempo de escoramento, promover a cura úmida por, pelo
menos, 7 dias, Maior módulo de deformação aos 28 dias
184
Decorrentes da Interação Alvenaria-estrutura
6. COMENTÁRIOS FINAIS
185
Em nosso País, a consolidação da tecnologia de produção de vedações em
alvenarias de baixo risco de fissuração, está ainda por ser feita. O GEPE-TGP -
Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia e Gestão da Produção,
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de
Construção Civil, vem pesquisando, assessorando e desenvolvendo inúmeros
trabalhos nesta área. Nas publicações referenciadas [6,7,8,9] muito deste
trabalho pode ser avaliado. O Grupo espera poder no próximo ano consolidar
todo este conhecimento em uma publicação específica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
186
A GESTÃO DA PRODUÇÃO DE VEDAÇÕES VERTICAIS :
ALTERNATIVAS PARA A MUDANÇA NECESSÁRIA
RESUMO
187
1 INTRODUÇÃO
188
Tal enfoque das questões gerenciais teve início com a chamada Escola das
Relações Humanas, de Elton Mayo e Kurt Lewin, e se desenvolveu inicialmente
em países nórdicos, onde se combinou com a visão “técnica” da Escola
Clássica, resultando no enfoque dito sócio-técnico. Este evoluiu no Japão, já
após a Segunda Guerra mundial, dando origem a muitos conceitos e
ferramentas atualmente em uso, como os ligados à gestão da qualidade.
25
Muitos autores chamam de “administração” o que aqui chamamos de “gestão” e de “gestão” o
que chamamos de “direção” ou “condução”.
189
• organização, o que implica na identificação das competências necessárias
para a realização das atividades que têm que ser desenvolvidas ao longo do
processo a ser gerenciado, na definição dos condicionantes que limitam tal
desenvolvimento, na definição e obtenção dos meios a serem postos à
disposição para tanto, na previsão das interfaces e na coordenação do
conjunto dessas atividades ;
A gestão das produção de vedações verticais situa-se num contexto mais amplo,
de gestão do sistema de produção da obra como um todo. Numa definição
simplista, entendemos por um tal sistema como aquele que envolve o conjunto
das atividades de produção propriamente ditas e as de planejamento,
principalmente aquelas que se desenrolam no canteiro de obras. No entanto, a
gestão do sistema de produção deve ainda considerar atividades desenvolvidas
fora do canteiro, que sejam importantes para a gestão da produção tratada
globalmente.
190
componentes, – quanto daqueles que interagem com ela - projetistas,
empreendedor, gerenciadora, órgão públicos, clientes finais, etc.
A boa gestão da execução das vedações deve conseguir mobilizar todos esses
agentes para que a produção se processe do modo o mais eficiente possível,
levando em conta as necessidades e características próprias de cada um. Mais
do que isso, ela deve permitir que os agentes outros que os atuantes
diretamente na empresa construtora sejam efetivamente envolvidos na gestão e
nos processos de tomada de decisão relacionados à execução.
Por em prática este conceito novo trata-se de um grande desafio, pois o mesmo
é ainda pouco conhecido e aceito na construção civil brasileira, mesmo se vem
sendo adotado por empresas do setor no exterior. Seu enfoque sistêmico do
processo de produção integra as idéias advindas da Escola das Relações
Humanas, vistas anteriormente.
Por sua vez, o quadro 1.2 apresenta, para as macroatividades das fases de
Estudos de Preparação (Projeto do Processo e Planejamento Inicial da
191
Produção ; quadro 1.2a) e de Produção26 (Logística Externa, Logística do
Canteiro e Execução ; quadro 1.2b), as atividades ou ações de planejamento,
organização, direção e controle nelas envolvidas, as ferramentas aplicadas e os
produtos resultantes que caracterizam a chamada gestão de materiais.
Outras atividades de gestão existem e que não podem ser associadas à gestão
de materiais e de pessoas. Esse é o caso, por exemplo, dos controles dos
custos de produção e da qualidade dos serviços executados e do
replanejamento de custos.
26
Não trataremos neste texto das etapas de Estudos Preliminares, de Projeto e de Uso,
Manutenção e Operação, sendo evidente que nelas são tomadas decisões críticas que
condicionam, posteriormente, a produção das vedações verticais. É nelas que, por exemplo, a
opção pelo uso de alvenarias ou de divisórias leves de gesso acartonado nas vedações interiores
é tomada.
192
Quadro 1.1 - Etapas do processo de produção, fases envolvidas e macroatividades realizadas.
Projeto
ETAPAS DO ESTUDOS EXECUÇÃO USO, MANUTENÇÃO
PROCESSO DE PRELIMINARES E OPERAÇÃO
PRODUÇÃO
COMERCIAL ESTUDOS DE ESTUDOS DE PRODUÇÃO ASSISTÊNCIA
FASES DO
CONCEPÇÃO PREPARAÇÃO TÉCNICA
PROCESSO
SISTEMA DE
PRODUÇÃO
193
Quadro 1.2a – Gestão de Materiais : macroatividades e atividades envolvidas, ferramentas aplicadas e produtos resultantes (fase
de Estudos de Preparação).
PROJETO DO PROCESSO
- Determinação dos condicionantes do produto (método e sistema construtivos, - Procedimento de Especificação e Inspeção de - Caderno de PEIMs da obra
materiais e componentes) Materiais (PEIM) - Caderno de PEISs da obra
- Determinação dos condicionantes do Planejamento Inicial de Execução (fases - Procedimento de Execução e Inspeção de - Projeto do canteiro
da obra) Serviços (PEIS) - Projetos para Produção dos serviços
- Determinação dos condicionantes do canteiro (local ; vizinhança) - Metodologias para análise dos fluxos e críticos (estrutura, alvenaria,
- Determinação dos condicionantes legais (NR-18 ; leis municipais) eliminação de atividades que não agreguem revestimentos, impermeabilização,
- Determinação dos equipamentos, áreas e instalações a serem mobilizados valor etc.)
- Metodologias para elaboração de Projetos - Diretrizes para o Sistema de
para Produção Comunicações
- Metodologias para elaboração de Projetos de - Planilhas de Medições
Canteiros - Relação de Pontos Críticos e de
- Mecanismos de seleção de fornecedores Pontos de Controle
- Planejamento Inicial da obra - Relação de Interfaces Técnicas e
Organizacionais
PLANEJAMENTO INICIAL DA PRODUÇÃO
- Definição de objetivos e metas do sistema de produção - Técnicas de Planejamento, Programação e - Planejamento Inicial da obra
- Elaboração do Planejamento Inicial da obra Controle da Produção (PPC)
- Desenvolvimento de ferramentas para Projetos de Canteiros
AMBAS AS MACROATIVIDADES
- Metodologia para elaboração de Estudos de - Conjunto : Guia de Execução da Obra
- Condução do processo que leve à elaboração do Guia de Preparação
Execução da Obra
194
Quadro 1.2b – Gestão de Materiais : macroatividades e atividades envolvidas, ferramentas aplicadas e produtos resultantes (fase
de Produção).
195
Quadro 1.3a – Gestão de Pessoas : macroatividades e atividades envolvidas, ferramentas aplicadas e produtos resultantes (fase
de Estudos de Preparação).
PROJETO DO PROCESSO
- Determinação da mão-de-obra a ser mobilizada - Procedimento de Execução e Inspeção de - Caderno de PEISs da obra
Serviços (PEIS) - Caderno de PGESs da obra
- Procedimento de Gerenciamento da - Plano de Pessoal (Higiene e
Execução de Serviços (PGES) motivação - qualificação, fixação,
- Metodologias para análise dos fluxos e conteúdo do trabalho)
eliminação de atividades que não agreguem - Balanceamento inicial de equipes de
valor produção
- Metodologias para elaboração de Projetos - PCMAT
para Produção - Projetos para Produção dos serviços
- Metodologias para elaboração de Projetos de críticos (estrutura, alvenaria,
Canteiros revestimentos, impermeabilização,
- Norma NR-18 etc.)
- Mecanismos de seleção de subempreiteiros - Diretrizes para o Sistema de
- Planejamento Inicial da obra Comunicações
- Planilhas de Medições
- Relação de Pontos Críticos e de
Pontos de Controle
- Relação de Interfaces Técnicas e
Organizacionais
PLANEJAMENTO INICIAL DA PRODUÇÃO
- Definição de objetivos e metas do sistema de produção - Técnicas de Planejamento, Programação e - Planejamento Inicial da obra
- Elaboração do Planejamento Inicial da obra Controle da Produção (PPC)
AMBAS AS MACROATIVIDADES
- Metodologia para elaboração de Estudos de - Conjunto : Guia de Execução da Obra
- Condução do processo que leve à elaboração do Guia de Preparação
Execução da Obra
196
Quadro 1.3b – Gestão de Pessoas : macroatividades e atividades envolvidas, ferramentas aplicadas e produtos resultantes (fase
de Produção).
197
2 ESTUDOS DE PREPARAÇÃO, PLANEJAMENTO INICIAL DA PRODUÇÃO,
PROJETO DO PROCESSO, LOGÍSTICA EXTERNA (SUPRIMENTOS) E
LOGÍSTICA DO CANTEIRO (MICRO PLANEJAMENTO FLEXÍVEL)
198
Para tanto, emprega-se as tradicionais Técnicas de Planejamento, Programação
e Controle da Produção (PPC), além de outras ferramentas computacionais, que
permitem realizar-se simulações e projeções de conseqüências de eventos
futuros.
199
antes da pintura. As outras informações serão definidas como conseqüência
destas ou como decorrência de condicionantes próprios (datas de entrega dos
projetos, datas de fornecimentos, datas de mobilização / desmobilização do
canteiro, datas de intervenção dos subempreiteiros, etc.).
200
2.4 Logística Externa (Suprimentos)
Se a origem grega da palavra evoca a idéia de “lógica” (logistiké), foi de seu uso
enquanto conceito militar que ela passou a ser empregada na indústria em geral.
Com esse sentido, ela relaciona-se com o planejamento e realização de projetos
táticos, alocação de recursos humanos, materiais, ou de qualquer outra
natureza, transporte, manutenção e operação de instalações e acessórios
destinados a ajudar o desempenho de qualquer função militar.
201
A Logística Externa ou de Suprimentos reúne uma parte das atividades acima
citadas, especificamente as que se ocupam da provisão dos recursos materiais e
humanos para a obra. Como seu próprio nome o diz, ela se preocupa com as
relações entre o canteiro e os agentes exteriores que fornecem os recursos
necessários.
202
3 GESTÃO DE MATERIAIS
203
3.1 Procedimentos de Especificação e Inspeção de Materiais (PEIM) e
Procedimentos de Execução e Inspeção de Serviços (PEIS). Gestão da
Qualidade de Materiais
Por outro lado, somente a correta aplicação de tais materiais é que leva a
obtenção de uma edificação adequada. Assim, são os Procedimentos de
Execução e Inspeção de Serviços (PEIS) que prescrevem as técnicas e
processos segundo os quais tais aplicações ocorrem, nos mais diferentes
serviços de obra, inclusive os envolvidos na produção das vedações verticais.
204
O estabelecimento dos PEIMs e dos PEISs compete normalmente à empresa, e
não à obra. Trata-se de elementos que fazem parte de sua cultura, que traduzem
a maneira segundo ela trabalha. Eles constituem instrumentos obrigatórios da
gestão da qualidade de materiais, relacionando-se diretamente com conceitos
tais como o de Controle da Qualidade, Garantia da Qualidade, Certificação de
Produtos, Marcas de Conformidade e Certificação de Serviços de Execução.
205
3.3 Metodologias para Elaboração de Projetos para Produção
206
Mesmo se os conceitos acima são comuns a todos os subsistemas, a
elaboração da parcela do Projeto para Produção própria a cada um exige uma
metodologia específica, adaptada às características e condicionantes das
tecnologias empregadas.
207
O seu uso evita que se trabalhe com fornecedores que não atendam às
exigências da empresa ou que tenham tido mau desempenho em obras
anteriores.
O que pode ter de novo realizar reuniões de obra, já que elas sempre foram
feitas ? O como elas são conduzidas e quem dela tomam parte e,
principalmente, a participação que se quer destes agentes.
Como já dito, para uma boa gestão, espera-se que o engenheiro gerente de obra
ponha a prova todas as suas competências voltadas para os agentes, ligadas às
ações de direção ou de condução do sistema de produção. Ele deve atuar assim
fixando objetivos e metas e fazendo com que estes sejam alcançados, fazendo
circular as informações, tomando decisões, incentivando a transparência,
buscando o comprometimento e a motivação das pessoas e o surgimento do
espírito de cooperação entre elas, desenvolvendo trabalhos em grupo, facilitando
a comunicação, mostrando a sua liderança e incentivando que esta se manifeste
junto aos outros agentes. Nesse processo, as reuniões de obra assumem um
papel fundamental.
27
Após a primeira reunião, o engenheiro comercial da empresa e o gerente de obras poderão se
desligar da Equipe. Com o passar do tempo, vai nela ocorrendo, paulatinamente, o engajamento
de todos os representantes dos principais subempreiteiros evolvidos (e, eventualmente mas mais
raramente, dos representantes dos principais industriais fornecedores).
208
Uma sistemática de reuniões a serem realizadas após o início das obras deve
ser claramente definida28.
28
Definir a freqüência de reuniões de “acompanhamento” é um ponto importante, sendo
recomendado ao menos a realização de um encontro a cada quinze diais. No entanto, nem sempre
a presença de todos os membros da Equipe será necessária. Toda reunião deverá ser precedida
de convocação e preparação de ordem do dia, preparando-se ata dos trabalhos após sua
conclusão.
A presença dos profissionais que militem efetivamente na obra deve ser estimulada, e não, por
exemplo, dos responsáveis pelas empresas (a participação sistemática de um mestre de um
subempreiteiro, dispondo de autonomia e poderes de decisão, poderá ser mais interessante que a
do dono da empresa).
Certas reuniões deverão marcar pontos mais notáveis da evolução dos trabalhos, como a
liberação da estrutura de um pavimento tipo para início da primeira marcação de alvenaria, por
exemplo. Tais reuniões deverão contar com a presença de toda a Equipe, servindo como “pontos
de gestão” da evolução dos trabalhos. A construtora poderá realizar reuniões com a mesma
finalidade, envolvendo somente a participação de membros internos.
O controle da programação das reuniões deverá ser sistemático, sendo realizado a cada reunião
os necessários replanejamentos após discussão coletiva.
29
Durante a fase de Estudos de Preparação, a Equipe de Preparação e Acompanhamento pode
ser desmembrada em subequipes, cada uma cuidando dos aspectos afeitos a uma parcela dos
subsistemas do edifício (por exemplo, em Equipe Obra Bruta e Equipe Obra Fina). No entanto, as
subequipes deverão ter um único coordenador e delas participam, obrigatoriamente, o
representante do cliente, o arquiteto e o engenheiro responsável pela condução da obra (caso não
seja ele mesmo o coordenador) ; tais membros encarregar-se-ão da comunicação interequipes.
209
A importância da comunicação, no interior da empresa e entre esta e os
fornecedores em geral, clientes e projetistas, é imensa. Infelizmente, não temos
aqui espaço para discuti-la.
30
As interfaces técnicas podem se constituir por : interfaces de projeto, previsões de negativos
para embutimentos na estrutura ou nas alvenarias, previsões de esperas, tolerâncias admissíveis,
etc.
31
Por sua vez, as interfaces organizacionais podem se constituir por : delimitações das
extensões do trabalho de cada agente, transferências de tarefas ou serviços, modificações de
especificações, proteções dos serviços acabados, condições de limpeza dos ambientes de
trabalho, controles de recepção ou de aceitação de serviços, controles diversos, etc.
32
Tal organização envolve : tratamento dos aspectos ligados à higiene e à segurança durante a
execução ; funcionamento do canteiro, incluindo áreas necessárias, escolha e compartilhamento
dos equipamentos, definição da estrutura organizacional e da estrutura hierárquica da obra,
definição de responsabilidades pela limpeza e remoção de entulhos, etc.
210
Já na fase de Produção, a Equipe de Preparação e Acompanhamento pode
apoiar a empresa construtora em atividades tais como :
33
Tal processo inclui a gestão : da implantação do canteiro, dos sistemas de transporte, das
zonas de estocagem, das zonas de préfabricação, da segurança patrimonial, etc.
34
São exemplos desses controles os de : prazos de entrega, qualidade das entregas, roubos ou
perdas por deterioração, falta de tomada de decisão, defeitos de comunicação, erros de
planificação, etc.
211
Por outro lado, as principais atividades de controle envolvidas na gestão de
materiais e que merecem destaque são :
Uma vez disponíveis tais documentos, são elaborados outros produtos, que
virão, finalmente, constituir o Guia de Execução da Obra :
4 GESTÃO DE PESSOAS
212
O quadro 1.3 apresenta muitas semelhanças com o que vimos no quadro 1.2. As
maiores diferenças dizem respeito, como era de se imaginar, à macroatividade
de Execução. Tem-se assim como atividades a se destacar a gestão das
interfaces entre serviços subempreitados e a garantia dos fluxos de informações
entre os agentes. Ambas são garantidas pelas Reuniões de Obra realizadas e
pelo Sistema de Comunicação concebido e posto em prática, ambos já vistos.
213
• alfabetização e formação básica ;
• integração social ;
• formação técnica específica e polivalente ;
• novo papel acordado e novo perfil desejado para o mestre de obras (técnico
de nível médio) ;
• qualificação da mão-de-obra ;
• política de fixação da mão-de-obra ;
• valorização do conteúdo do trabalho (ampliação das tarefas, autonomia e
responsabilização, liderança) ;
• desenvolvimento de aspectos comportamentais (cultura organizacional,
autonomia, responsabilização, liderança, comunicação, etc.) ;
• melhoria das condições de trabalho (higiene e segurança) ;
• padronização dos processos de trabalho ;
• emprego de novas formas de organização da mão-de-obra própria e dos
subempreiteiros (círculos da qualidade, células de trabalho, grupos semi-
autônomos, etc.).
214
e transporte de materiais e pessoas e para a armazenagem e estocagem de
materiais ; e para a definição das instalações elétricas provisórias.
O seu uso evita que se trabalhe com subempreiteiros que não atendam às
exigências da empresa ou tenham tido mau desempenho em obras anteriores.
215
elas procedimentos próprios da empresa construtora, sem que os mesmos
tenham sido adaptados à cultura própria das empresas que fornecem o serviço.
Uma parceria é uma forma de relação comercial entre empresas, na qual não
são simplesmente as relações puras e simples de mercado, ligadas aos preços
oferecidos e contratados, que imperam, mas um “algo a mais”, que permite com
que em tais relações se incorporem trocas outras, como tecnológicas ou
organizacionais, e que as mesmas apresentem uma “durabilidade no tempo”.
216
Concluindo, uma vez que a construtora tenha relações de parcerias com
subempreiteiros, estes poderão ser chamados a opinar sobre os procedimentos
da empresa, resolvendo-se assim o dilema anteriormente apontado. A mesma
postura vale, em menor escala, para os fornecedores de materiais e
componentes (gestão de materiais).
Cabe no entanto ainda citarmos alguns pontos com relação com o tema :
217
6 VIABILIDADE E DIFICULDADES DE SE IMPLANTAR AS ALTERNATIVAS
COLOCADAS
218
• falta generalizada de treinamento e de política que supra as carências
existentes ;
• dificuldades em fixar a mão-de-obra, devido à alta rotatividade ;
• falta de cultura relacional entre agentes do setor (exemplos : relação
autoritária entre empresa x engenheiro x mestre x encarregados x operários ;
dificuldades em se estabelecer parcerias ; visão de que o concorrente é
sempre um inimigo ; visão de que o fornecedor de produto ou serviço é
sempre um inimigo) ;
• problemas diversos com a cadeia produtiva (exemplos : fornecedores de
materiais e componentes, subempreiteiros, projetistas, fornecedores de
equipamentos, entre outros, despreparados para aplicar as ferramentas
disponíveis e dar respostas eficientes às empresas construtoras ; existência
da não conformidade intencional ; inadequação das condições de transporte
e embalagem de produtos ; falta de opções em equipamentos de obra) ;
• falta de normas de produtos (de especificações), de procedimentos e de
normas de desempenho ;
• conjuntura econômica e social em permanente mudança, impondo riscos
significativos (incertezas quanto à continuidade de obras, falta de recursos
financeiros).
7 CONCLUSÕES
Ficou claro, pelo que foi visto, que bem gerenciar exige o desenvolvimento de
uma pluralidade de ações, cuja natureza pode ser de planificação, organização,
direção e controle.
219
• Logística Externa, que é central à gestão de materiais, consolidada através
do Plano de Suprimentos e do Sistema de Comunicação (fornecedores) ;
• Logística do Canteiro, que tem como elementos fundamentais o Sistema de
Comunicação da obra e o Micro Planejamento Flexível (possibilitando
revisões coletivas ao longo da obra do que é planejado) ;
• Execução, onde a direção é fundamental, tendo como elementos
articuladores os afeitos à gestão de pessoas e às parcerias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
220
O PROJETO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS: CARACTERÍSTICAS E A
IMPORTÂNCIA PARA A RACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO DE
PRODUÇÃO.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a alvenaria de pedras foi utilizada nas cidades litorâneas em que este
material existia em abundância, a partir da colonização do país. Em são Paulo
onde não havia disponibilidade de pedras, a metodologia construtiva utilizada a
partir da colonização do país foi a taipa de pilão. A utilização de tijolos só se
tornou popular, a partir do ciclo econômico do café, começando por obras
ligadas diretamente ao beneficiamento daquele produto agrícola.
221
O domínio tecnológico da produção das alvenarias e revestimentos até esta
época era dos mestres de obra, responsáveis pelo andamento e qualidade da
execução dos serviços. As técnicas eram repassadas informalmente de geração
para geração de profissionais. Com a crescente desqualificação e
desvalorização da mão-de-obra que ocorreu a partir da década de 50, a boa
técnica de construir foi perdida. Ninguém mais tinha do domínio sobre a técnica
de produção da vedação vertical.
A vedação vertical, por outro lado, ocupa posição estratégica entre os serviços
da construção de edifícios. A vedação vertical é o subsistema que tem como
principais funções compartimentar a edificação e propiciar aos ambientes
característica que permitam o adequado desenvolvimento das atividades para as
quais eles foram projetados. Constitui-se, além dos vedos, que definem a
tecnologia de produção e são os principais responsáveis pelo desempenho
global da vedação vertical, dos revestimentos e das esquadrias existentes sobre
as paredes.
Além disso, a vedação vertical possui interface com vários outro subsistemas do
edifício, como a estrutura, as instalações, as vedações horizontais,
impermeabilizações, entre outros.
222
Assim, a racionalização da construção do edifício tradicional passa
necessariamente pela racionalização dos serviços de vedação vertical.
2. RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA
Esta definição, embora esteja de acordo com o senso comum sobre este
conceito é muito mais abrangente que as ações, que a primeira vista, devem ser
implementadas para a consecução de seus objetivos. Não se pode imaginar que
a racionalização da vedação vertical seja constituída simplesmente pela
substituição dos materiais e equipamentos tradicionais, por congêneres de maior
qualidade e desempenho. Esta visão limita muito os possíveis resultados que
podem ser advindos da racionalização construtiva.
223
O conceito de racionalização construtiva só pode ser plenamente empregado
quando as ações são planejadas desde o momento da concepção do
empreendimento.
• Desenvolvimento da documentação;
224
a) Servir como ferramenta de coordenação do projeto;
225
• A integração intensa entre projeto e obra, tanto no sentido da equipe de
projeto dirimir eventuais dúvidas ou colaborar com alterações não previstas,
como da equipe de obra contribuir com sua "experiência construtiva" durante
a elaboração dos projetos para aumento da "construtibilidade" do mesmo. O
trabalho de coordenação deve se estender inclusive durante a execução do
empreendimento, de forma a dar suporte a possíveis alterações a serem
realizadas.
226
não unicamente o subsistema vedação vertical, mas também os demais
subsistemas do edifício, de forma que o desempenho do conjunto não seja
afetado por problemas de incompatibilidade entre as partes.
227
• Comunicação efetiva das informações técnicas;
228
na analise do desempenho da vedação vertical e merecem soluções
particularizadas. Dentre estes destacam-se os seguintes aspectos:
229
partir da análise destas informações deve-se decidir, por exemplo pelas
características mecânicas que devem ser utilizadas nos casos do emprego de
alvenarias de vedação. Bem como estabelecer a forma de ligação dos elementos
da vedação vertical com a estrutura em cada uma das situações do projeto.
230
seqüência dos serviços, como a possibilidade de execução de etapas de
revestimento e da própria vedação, antes da ligação definitiva desta com a
estrutura, de forma a minimizar a transmissão para as paredes das cargas
proporcionadas pela execução destes elementos.
231
compatibilização dos diversos elementos que compõe o edifício sejam
compatibilizados, pela utilização de componentes que podem ser recortados com
baixo desperdício. Exemplos destes componentes são os blocos de alvenaria
que são particionáveis sem a perda dos parte, ou os componentes que permitem
o corte como os blocos de concreto celular autoclavados ou as placas de gesso
acartonado.
Estes ajustes, ainda assim representam uma atividade adicional que não
incorpora valor ao serviço produzido, representando uma diminuição no potencial
de racionalização destes componentes.
232
usados nestas situações devem propiciar um fácil entendimento, não só de sua
composição, mas também da forma de sua execução.
233
Outro aspecto de grande relevância que deve ser considerado no projeto das
vedações verticais é o seu relacionamento com as esquadrias de portas e
janelas. As esquadrias representam uma parcela bastante significativa do custo
das vedações verticais e sua colocação é atividade crítica para a liberação de
outras frentes de serviço para a complementação da obra.
234
empresas buscam soluções mais radicais, desvinculando completamente a
execução destes subsistemas com a execução da vedação vertical. Assim estão
sendo aplicados com freqüência cada vez maior idéias, como por exemplo, a
utilização de “shafts” visitáveis e da passagem das tubulações por seções ôcas
das paredes e dos forros.
Se faz também importante nesta fase do projeto a análise das espessuras dos
revestimentos e impermeabilizações previstos para cada um dos componentes
da vedação vertical. A não consideração desta interferência, nesta fase, pode
levar ao aumento excessivo destes revestimentos durante a etapa de
construção, acarretando perdas não previstas e até aumentando a possibilidade
de surgimento de problemas patológicos nestes elementos.
4. CONCLUSÕES
235
A implantação da racionalização construtiva, por sua vez passa por outras
etapas, sem as quais os potenciais benefícios advindos das estratégias
utilizadas, podem não ser permanentes nas empresa e em todos os seus
empreendimentos.
BIBLIOGRAFIA
236
PRODUTIVIDADE E CUSTOS DOS SISTEMAS DE
VEDAÇÃO VERTICAL
Dentre os vários critérios que devem ser considerados para a escolha da melhor
opção para constituição da vedação vertical de um edifício, a avaliação dos
custos envolvidos está sempre presente.
237
2. COMPARAÇÃO DE CUSTOS QUANTO À DIFERENTES OPÇÕES
• custo financeiro
238
• custos indiretos relativos à redução de prazos
Muitas vezes o usuário final pode valorizar determinadas opções mais que
outras, ainda que não haja claras diferenças quanto ao desempenho (por
exemplo, a aceitação ou não de determinado produto pelo mercado não deve ser
desprezada).
3.1. PRODUTIVIDADE
O termo produtividade diz respeito aos bens produzidos com a utilização dos
fatores de produção. Vai ser aqui considerada como a eficácia na transformação
de recursos em produtos. Para se medir a produtividade faz-se uso de
indicadores, normalmente calculados por meio de uma relação entre as entradas
necessárias e as saídas geradas pelo processo. Assim é que o número de
homens-horas demandados para se fazer um metro quadrado de vedação
vertical é um exemplo de indicador de produtividade, assim com o número de
reais demandados pelo mesmo metro quadrado também o é.
239
Note-se que podemos falar em indicadores mais ou menos abrangentes,
respectivamente: globais ou parciais. Observe-se ainda a possibilidade de se
falar em produtividade física (as entradas são representadas por quantidades
dos recursos físicos, como por exemplo número de tijolos, quilos de cimento) e
em produtividade financeira (as entradas são calculadas em valores monetários,
como por exemplo em reais).
240
Fica claro portanto que, para se ter sucesso quanto aos custos, é importante
cuidar-se da produtividade, seja ela financeira (mensurando o sucesso na
aquisição dos recursos físicos necessários) ou física (mensurando o sucesso
quanto ao uso dos recursos físicos na execução do serviço).
RESULTADO
Empreendim. GLOBAL
MAT
Mercado
MO EQU
MAT
Obra
MO EQU
241
4.1. Alvenaria
4.1.1. Mão-de-obra
RUP = Hh / m2
onde:
Hh = homens-hora demandados;
A RUP pode ser medida com base diária (calculada a partir dos valores de Hh e
m2 relativos ao dia de trabalho em análise) ou cumulativa (calculada a partir dos
valores de Hh e m2 relativos ao período que vai do primeiro dia em que se
estudou a produtividade até o dia em questão). Ainda quanto às RUP diárias,
pode-se definir a RUP potencial como sendo aquela considerada representativa
de um bom desempenho e passível de ser repetida muitas vezes na obra sendo
avaliada.
Enquanto a RUP potencial indica uma meta de bom desempenho passível de ser
obtida (até porque foi registrada na obra em questão), a RUP cumulativa mostra
o desempenho acumulado ao longo de um período mais longo de tempo. As
diferenças entre as RUP potencial de várias obras são normalmente
representativas de variações quanto ao conteúdo de trabalho (por exemplo de
tecnologia utilizada), enquanto a discrepância entre a RUP cumulativa e a
potencial de uma mesma obra mostra o quanto o comportamento ocorrido está
afastado do potencialmente obtenível, sendo normalmente uma indicação da
qualidade da gestão do serviço (maiores afastamentos representando
possivelmente piores gestões).
242
• as RUP potenciais das obras variaram de 0,55 Hh/m2 a 1,50 Hh/m2, o que
mostra uma grande oportunidade de atuação quanto à tecnologia;
• as RUP cumulativas das obras variaram de 1,02 Hh/m2 a 2,16 Hh/m2, o que
significa que a obra de pior desempenho consumiu mais de 100% de mão-
de-obra por unidade de serviço que a de melhor desempenho;
4.1.2. Material
IC = QM / m2
243
onde:
IC = indicador de consumo;
4.1.2.1. Blocos/Tijolos
17 13 12 11 3 48 37
244
P>45
40<P<=45
35<P<=40
Intervalo de Perdas
30<P<=35
25<P<=30
20<P<=25
15<P<=20
10<P<=15
5<P<=10
P<=5
0 2 4 6 8 10 12
Nº de Obras
245
Tabela 3- Estatísticas relativas à argamassa de assentamento por filete.
4.1.3. EQUIPAMENTO
246
Figura 4- Carrinho auto-paletizável para transporte de blocos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
247
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIAS
248
O DESAFIO DA IMPLANTAÇÃO DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO
SISTEMA PRODUTIVO DAS EMPRESAS CONSTRUTORAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
249
uma série de novos referenciais de mercado, os empresários do setor têm sido
obrigados a repensarem as antigas formas de produção, uma vez que a
atividade produtiva está inserida num mercado altamente competitivo,
estimulado pelo desafio de oferecer um produto economicamente acessível e
que satisfaça às exigências dos clientes.
250
• ausência de uma política de educação básica voltada aos excluídos da
escola, que constituem a mão-de-obra potencialmente empregada pela
indústria da Construção.
251
processo de produção, de forma a permitir a evolução contínua das mudanças
inicialmente propostas.
Deve-se deixar claro que o emprego de uma nova tecnologia construtiva pode
ser feito por qualquer empresa, para quaisquer subsistemas do edifício. No
entanto, no contexto desta proposta não basta apenas aplicar uma nova
tecnologia, em um dos canteiros de obra da empresa.
252
aspectos tecnológicos, organizacionais e de gestão do processo de
produção.
Antes que se apresente a metodologia propriamente dita, deve-se ter claro que a
empresa deverá observar uma série de premissas fundamentais, caso contrário,
pode-se comprometer o processo de implantação, ou seja, é necessário preparar
o ambiente da empresa para o início do processo de implantação.
253
financeiros para se poder viabilizar os demais, recurso de tempo para que
não se atropele o processo de implantação.
3 FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA
254
Observa-se que, sem romper drasticamente com a base produtiva, busca-se,
através de ações de racionalização da produção, uma melhoria contínua quanto
às condições de trabalho, ao uso de equipamentos, ao emprego da tecnologia
disponível e com isso, melhorar a produtividade, reduzir desperdícios e melhorar
a qualidade do produto final.
4 DIRETRIZES BALIZADORAS
Para isso, o plano de ação a ser estruturado pela empresa deverá ser conduzido
por diretrizes que permitam aumentar o nível de racionalização e diminuir o grau
de variabilidade do processo de produção, o que pode ser traduzido por
diretrizes que envolvam uma maior interação entre os setores responsáveis pela
produção, quais sejam: projeto; suprimentos; recursos humanos e execução de
obras. E, neste sentido, as diretrizes que deverão conduzir o desenvolvimento do
plano de ação, amplamente discutidas em BARROS [1996], são aqui
sintetizadas:
35
O ciclo “PDCA”, proposto originalmente por DEMING [1986], contempla atividades voltadas ao
planejamento das ações de melhoria em qualquer setor da empresa (“P”); à sua execução (“D”) e
verificação (“C”) e, finalmente, a ação (“A”), no sentido de correção dos problemas identificados
ou de implementar novos esforços para se atingir um novo patamar na busca da melhoria
contínua.
255
condições para o avanço tecnológico, à medida em que incorpore as
definições para a completa realização da produção, inclusive as
relativas ao planejamento do empreendimento;
256
analisar a sua conduta ao promoverem as alterações tecnológicas e também as
dificuldades encontradas e os principais resultados obtidos.
É evidente que num mercado “de altos e baixos” tal situação pode ter sido
alterada por diversas ocorrências, tais como, pelas oscilações no mercado
financeiro. Além disso, a própria evolução tecnológica, gerencial e organizacional
que algumas das empresas vêm passando, já contribuíram para que tenham
ocorrido mudanças no quadro aqui apresentado.
257
5.1 Apresentação das ações das empresas
São ações definidas, muitas vezes, pelo “sentimento” e pela “percepção” das
pessoas que dirigem as empresas que, pela sua experiência e vontade de
melhorar, procuram os novos produtos e métodos construtivos disponíveis no
mercado. E, na base da “tentativa e erro”, procuram aumentar o grau de
racionalização de seu sistema de produção.
Por isso, a análise das ações das empresas construtoras feita à luz das
premissas e diretrizes estabelecidas pela metodologia, procurará mostrar como
enfrentar o desafio de consolidar as novas tecnologias no sistema
produtivo das empresas.
258
organização da documentação que dará suporte ao sistema de produção; as
ações objetivando os recursos humanos; a organização do setor de suprimentos,
voltada à nova tecnologia; a implantação de um sistema de controle.
259
A produção de diversos subsistemas do edifícios, a partir de um projeto voltado à
produção é uma realidade nessa empresa. O treinamento tanto dos engenheiros
de campo, quanto das equipes de trabalho, envolvendo a leitura do projeto e a
execução dos serviços é conduzido pelo próprio engenheiro de desenvolvimento.
Apesar das dificuldades que o seus cargos lhes impõem, esses diretores
mostram total disposição em continuar realizando as ações para que as novas
tecnologias sejam fixadas em suas obras. Para isso procuram reunir subsídios
que lhes dêem suporte para a realização das atividades, como por exemplo, a
contratação de escritórios de projetos, a negociação com subempreiteiros, o
envolvimento de toda a equipe de produção através de reuniões técnicas, no
sentido de motivá-la a participar do processo de implantação.
260
Há uma empresa em que a opção expressa da diretoria é pelo desenvolvimento
das questões de segurança e de vivência no canteiro de obras. Para ela, a
questão tecnológica é decorrência, sendo obtida diretamente no mercado, a
partir do que este lhe oferece. Seu diretor técnico afirma: “deixo os outros
experimentarem primeiro, quando estiver bem consolidado no mercado, trago
para a empresa”.
Através da pesquisa foi possível identificar também que para algumas empresas,
por enquanto, as intenções dos seus diretores são maiores que ações praticadas
e muito do que dizem estar fazendo não ocorre efetivamente nas obras.
Por não terem uma estrutura voltada à implantação de novas tecnologias, e por
não poderem estar pessoalmente conduzindo o processo de implantação, os
diretores acabam por estabelecer diretrizes genéricas a serem adotadas pelas
obras, o que nem sempre acontece. No entanto, como não foram estabelecidos
mecanismos de comunicação e de controle eficientes, muitas vezes acreditam
(ou querem acreditar) que as novas tecnologias estão sendo praticadas, quando
na verdade não estão.
Pelas colocações anteriores, fica claro que quando não se tem verdadeiros
líderes envolvidos com o processo de implantação, dificilmente as novas
tecnologias serão fixadas ao sistema de produção das empresas. Este constitui,
pois o primeiro desafio!
Não são muitas as alternativas utilizadas pelas empresas para buscarem novas
tecnologias. Durante a pesquisa, foram encontradas duas posturas básicas: ou
as empresas investem em sua capacitação tecnológica, através da contratação
de consultores ou de convênios objetivando o repasse tecnológico, ou elas
utilizam as novas tecnologias apresentadas pelo mercado de materiais e
componentes.
Uma das empresas, por exemplo, levou toda a sua equipe técnica, bem como
um de seus melhores subempreiteiros, a participarem de um curso sobre
tecnologia e qualidade. Após o curso, a empresa identificou a premência de
evoluir tecnologicamente o seu sistema de produção. Por isso, optou pela
contratação de consultores, especialistas em tecnologia de processos
261
construtivos e desenvolvimento de projetos, que a auxiliaram na condução do
processo de implantação de novas tecnologias nos canteiros de obras.
Há um grupo de empresas cuja busca de tecnologia tem uma origem distinta das
anteriormente citadas. As empresas desse grupo fizeram parte de um programa
desenvolvido pelo SINDUSCON-SP cujo objetivo foi a padronização dos
métodos construtivos empregados pelas empresas. Assim, o conhecimento
tecnológico dessas empresas foi sendo incorporado através desses
procedimentos, elaborados em conjunto.
262
Por isso, reafirma-se que, além da existência de um líder para a condução do
processo, a empresa precisa conhecer a tecnologia a ser implantada e,
também, disponibilizar uma série de recursos, a fim de que as diretrizes
fundamentais do processo de implantação, discutidas na seqüência, sejam
efetivadas.
Além dessa verificação, está prevista, ainda, uma etapa de análise do potencial
de racionalização dos projetos. Entretanto, para que essa etapa seja efetiva, é
preciso que a empresa tenha o domínio das novas tecnologias potencialmente
utilizáveis nos projetos de edifícios.
Por isso, ainda que a empresa seja apenas construtora, deverá investir em
novas tecnologias.
263
Deve-se lembrar que no caso de empreendimentos de terceiros, a simples
identificação do potencial de racionalização não soluciona o problema. Essas
melhorias deverão ser negociadas com os clientes, para a sua efetivação.
Ainda que o fluxo de análise de projeto proposto por essa empresa seja propício
à incorporação de novas tecnologias, o que se pôde depreender da pesquisa
realizada com o seu diretor técnico, é que essa oportunidade não está sendo
totalmente explorada, pois a análise dos projetos e a elaboração das alterações
não são sistematizadas e não existem diretrizes que conduzam essa análise e a
alteração de projetos. Na maioria das vezes as modificações propostas estão
fundamentadas apenas no conhecimento tecnológico da equipe técnica, cujo
subsídio é o dia-a-dia na obra e o conhecimento repassado pelo diretor técnico.
Apesar de todas essas dificuldades, acredita-se que esse seja um caminho que
deve continuar a ser percorrido pela empresa e por todas as que prestam
serviços a terceiros, procurando, com isso, a melhoria contínua de seu processo
de produção.
Além disso, na maioria dos fluxos de projeto fica claro que o desenvolvimento
dos anteprojetos para as disciplinas de estruturas e instalações ocorre somente
após a aprovação do projeto na prefeitura. Portanto, muitas definições
264
assumidas no anteprojeto de arquitetura não poderão ser modificadas,
diminuindo-se, de certa forma, o potencial de racionalização.
265
Como na maioria das vezes os projetos tradicionalmente realizados não
atendem à produção, permanece nos canteiros a cultura de que “o projeto não
funciona”. Por isso, encontram-se, ainda, muitas dificuldades para a utilização do
projeto para produção.
Uma das empresas tem realizado esforços para implantar duas ações que se
complementam, objetivando a melhoria do processo de projeto: uma delas
refere-se à criação de uma Banco de dados de Tecnologia; e a outra, à
qualificação de projetistas.
266
que precisa ser distribuída, o que somente será possível à medida em que a
empresa adotar uma adequada metodologia para a implantação das novas
tecnologias.
267
visuais, tais como, as figuras que ilustram as etapas de execução. Entretanto,
grande parte dos procedimentos é ainda muito discursiva, não servindo à maioria
da mão-de-obra que deveria ter acesso aos mesmos.
Uma alternativa encontrada por uma das empresas foi a produção de um “gibi”
para definir o procedimento de execução das alvenarias de vedação. Trata-se,
porém, de uma iniciativa isolada. Apenas um serviço encontra-se na forma de
“gibi” e apenas uma das empresas o possui.
268
incentivos, a capacitação tecnológica encontram-se mais consolidados que em
outras.
269
No primeiro caso, a empresa construtora contrata a subempreiteira para o
fornecimento de mão-de-obra para serviços diversos. É o que costumam
denominar “subempreiteiras de serviço civil”, as quais comumente atuam nas
atividades de produção da estrutura, da alvenaria e de revestimentos
(argamassados e cerâmicos, tanto interiores como exteriores ao edifício).
270
Como todas essas empresas estão empenhadas em procurarem melhores
formas de produção, as maioria delas está desenvolvendo mecanismos de
parceria, junto aos seus subempreiteiros.
Para um dos diretores técnicos entrevistado, a diretriz que tem norteado o seu
trabalho é: “trabalhar com poucas subempreiteiras dispostas a melhorar a sua
forma de atuação, dando-se preferência àquelas que prestem serviços a outras
empresas construtoras que também estejam procurando a melhoria dos
processos de produção”.
271
pesquisa serão apresentados em função dessa posição, considerando-se os
profissionais de nível superior e médio, os mestres e encarregados e os
operários da produção.
“quanto maior o grau de instrução, maior é a rejeição pela novidade (...) tem-se
tentado mudar o perfil do profissional disponível no mercado: o ‘engenheiro
tocador de obra’. Busca-se formar o gerente da obra, capaz de fazer a gestão do
empreendimento sob todos os aspectos: econômico-financeiro e técnico (...)”.
De modo geral, as ações das empresas, nesse campo, não têm sido balizadas
por uma adequada metodologia, o que pode dispersar os investimentos.
Acredita-se que à medida em que os programas de capacitação fizerem parte do
plano de ação das organizações, o retorno dos investimentos realizados poderão
estar expressos nos resultados obtidos nas obras.
b) mestres e encarregados
A capacitação dos mestres de obras e dos encarregados, na maioria das em-
presas, infelizmente, tem sido deixada para um plano secundário. O contato dos
mestres e encarregados com as novas tecnologias tem ocorrido somente no
272
momento em que as atividades estão sendo realizadas nas obras, conduzidas
pela equipe de engenharia. Dessa forma, os mestres e encarregados acabam
sendo apenas espectadores do processo de implantação. E, muitas vezes, por
não terem participado ativamente, rejeitam a nova tecnologia, dificultando a sua
efetivação.
273
treinamento e a reciclagem dos seus conhecimentos e a sua motivação para
empreenderem novos desafios, tornam-se fundamentais quanto ao
desenvolvimento dos recursos humanos.
c) mão-de-obra de produção
Em todas as entrevistas realizadas com as empresas, o treinamento da mão-de-
obra aparece como um importante elemento do processo de introdução de novas
tecnologias. Apesar dessa constatação, nenhuma das empresas pesquisadas
tem um programa de treinamento voltado aos seus operários.
274
treinamentos em canteiro. Esse tipo de treinamento, porém, nem sempre se
mostra eficiente. Muitas vezes, assim que o fornecedor sai do canteiro, a mão-
de-obra volta à prática anterior, pois de modo geral não há um processo de
fixação da nova tecnologia.
Por outro lado, as empresas também são unânimes em afirmar que não há
rejeição por parte da mão-de-obra de produção em aprender as novas técnicas e
que não há treinamento sem motivação das pessoas. Por isso, a maioria delas
tem procurado a motivação de seus recursos humanos, empregando diferentes
alternativas.
275
forma, as empresas que trabalham com mão-de-obra de subempreiteiras pouco
têm feito com relação à motivação, justificando que a contratação dos serviços
ocorre por preço fechado.
Uma outra empresa tem optado pela melhoria das condições de trabalho e de
segurança nos canteiros de obras, não importando se a mão-de-obra é própria
ou de terceiros. Esse trabalho tem envolvido o treinamento do pessoal quanto à
segurança e estímulo ao uso de equipamentos de proteção. Envolve, também,
investimentos na infra-estrutura do canteiro de obras, objetivando melhores
condições de trabalho. Nesse sentido, foram melhoradas as condições de
alojamento, alimentação, vestuário, lazer e educação.
276
rotatividade dos operários, o que é uma condição imprescindível no processo de
implantação das novas tecnologias, pois na medida em que são feitos
investimentos na capacitação e no treinamento dos operários, é preciso que os
mesmos não abandonem a empresa num momento seguinte.
277
realizar a compra técnica, desde que lhe sejam estabelecidos os parâmetros
adequados, a compra técnica será realizada.
278
O mercado de materiais e componentes para a construção, durante muito tempo,
acostumou-se a “fazer o que bem entendia”, “a entregar o que quisesse e
quando quisesse”. Esse processo precisa ser revertido. E, somente o será
quando as empresas começarem a impor a sua diretriz de como comprar e como
receber tecnicamente.
Portanto, para que possa haver evolução nessa relação, é necessário que as
empresas construtoras definam, em parceria com os fornecedores, os
procedimentos de aquisição e recebimento, para que não haja não-
conformidades durante o recebimento.
Essa postura não é fácil de ser mantida, sobretudo nos casos em que se tem um
número reduzido de fornecedores e pouca flexibilidade no planejamento da obra.
No entanto, pelo que foi anteriormente apresentado e analisado, fica clara a
importância de se ter um setor de suprimentos voltado à produção.
279
poderão continuar desprezando os projetos e fazendo adaptações, pois os
materiais e componentes entregues e aceitos estão fora dos parâmetros de
produção.
280
O controle dos processos, previsto nos programas de Gestão da Qualidade, faz
parte de um conjunto de medidas que visam à padronização e documentação
dos processos de produção. Ou seja, os processos devem ser padronizados e
deve haver um controle para verificar se o padrão está sendo atendido.
Na maioria dos casos, não se sabe o que fazer com os resultados do controle.
Por exemplo, quando a tolerância estabelecida pelos procedimentos é
ultrapassada (casos de não conformidade), o que deverá ocorrer? E ainda, quem
realiza o controle? Qual a amostragem para cada atividade? Como as
informações do controle realimentarão a continuidade do processo de produção?
281
projeto, bem como, com a tolerância estabelecida, permite identificar de imediato
possíveis falhas de locação, as quais deverão ser corrigidas previamente à
liberação da fôrma para a concretagem.
Esse modelo, ainda que de pequena complexidade, não tem sido facilmente
incorporado pelas obras; entretanto, quem o vem utilizando é enfático ao afirmar
que foram significativos os ganhos com relação à precisão dimensional da
estrutura após a implantação do sistema de controle.
Além dos modelos de controle citados, pôde-se identificar também que algumas
empresas possuem, para o serviço de execução de alvenarias de vedação, um
procedimento de controle que contém grande parte dos elementos propostos nas
diretrizes estabelecidas pela metodologia, quais sejam:
282
eficiência do treinamento?; como identificar os elementos que podem ser
melhorados em empreendimentos futuros?
Alguns dos diretores técnicos das empresas, para justificar a ausência de uma
estrutura organizacional voltada ao controle dos processos afirmam: “minha
empresa é pequena, estou sempre na obra verificando o que está ocorrendo.
Faço reuniões periódicas com meus engenheiros e gerentes para ter o retorno
dos principais acontecimentos da obra”. Entretanto, ao serem questionados: “e
se o número de obras aumentar, o que acontece?” A resposta é única: “perco o
domínio do processo; não daria tempo de acompanhar de perto”.
Não existe sistematização de dados, não existem registros formais, não existe
análise das experiências vividas. O conhecimento adquirido fica registrado para
algumas pessoas que participaram do processo de produção e, na maioria das
283
vezes, não têm mecanismos formais para que possam transmitir e sedimentar
esse aprendizado.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelas colocações anteriores fica claro que não há uma estagnação do setor de
Construção de Edifícios, como muitos autores insistem em afirmar. As empresas
são dinâmicas e estão procurando novas formas de produção que lhes permitam
alcançar maior competitividade no mercado presente.
Com isso, muitas ações que visam à racionalização, mas que são pontuais,
acabam por se perder no complexo processo de produção que envolve a
construção de cada novo edifício.
284
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
285
286
TRABALHOS DE
PESQUISAS EM
ANDAMENTO
287
288
DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO CONSTRUTIVO PARA
VEDAÇÕES VERTICAIS DE EDIFÍCIOS CONSTITUÍDAS DE PAREDES
DE CONCRETO CELULAR ESPUMOSO COM FIBRA DE
POLIPROPILENO
M. Eng. Alberto Casado Lordsleem Jr.,
acljr@pcc.usp.br
Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini,
fhsabba@pcc.usp.br
1. INTRODUÇÃO
289
• discussão do processo de produção das paredes maciças e, em particular,
das paredes maciças moldadas no local;
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
290
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA
COM CHAPAS DE GESSO ACARTONADO
Esse aumento no consumo pode ser atribuído, entre outros fatores, ao potencial
de racionalização que essa tecnologia oferece, aliada à necessidade das
empresas construtoras em buscarem eficiência no processo de produção.
291
2 OBJETIVO
3 METODOLOGIA
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
292
ENTENDENDO A PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA
NO SERVIÇO DE ALVENARIA
293
Obra ‘A’: edifício residencial com 15 pavimentos-tipo; alvenaria de vedação com
blocos de concreto; 463m2 de alvenaria por pavimento-tipo; 25 dias de coleta.
mediana das rup’s diárias: 1,15hh/m2 (excluindo todos os vãos).
Obra ‘B’: edifício comercial com 19 pavimentos-tipo; alvenaria de vedação com
blocos cerâmicos; 221m2 de alvenaria por pavimento-tipo; 40 dias de coleta.
mediana das rup’s diárias: 1,28hh/m2 (excluindo todos os vãos).
Obra ‘C’: edifício residencial com 3 pavimentos-tipo; alvenaria estrutural com
blocos de concreto e alvenaria de vedação também com blocos de concreto;
380m2 de alvenaria estrutural e 160m2 de alvenaria de vedação por pavimento-
tipo; 10 dias de coleta.
mediana das rup’s diárias: 1,40hh/m2 (excluindo todos os vãos).
Obra ‘D’: conjunto de 15 casas térreas em alvenaria resistente, utilizando-se
blocos de vedação de concreto; 106m2 de alvenaria por casa; 32 dias de coleta.
mediana das rup’s diárias: 2,70HH/M2 (excluindo todos os vãos).
CONSIDERAÇÃO FINAL
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
294
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE VEDAÇÕES INTERNAS DE
PLACAS DE GESSO ACARTONADO
M. Eng. Julio Cesar Sabadini de Souza
jcssouza@pcc.usp.br
Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini
fhsabba@pcc.usp.br
1. INTRODUÇÃO
A construção civil no Brasil passa por um processo de mudanças em que a
competitividade está mais acentuada (HAETINGER, 1996).
Dentro desse contexto, a busca por maiores níveis de racionalização, qualidade
e produtividade bem como a redução de perdas e custos tornam-se medidas de
grande importância.
Nesse sentido, os elementos de vedação de placas de gesso acartonado
constituem-se em uma alternativa para a execução das vedações verticais
internas dos edifícios em substituição aos elementos de alvenaria, tendo maior
potencial de aumento da produtividade e de redução de custos e desperdícios.
O presente trabalho de doutorado tem o objetivo principal de desenvolver e
consolidar a tecnologia do subsistema vedação vertical interior, constituído de
placas de gesso acartonado.
Estimativas apontam que, embora hoje o país tenha um consumo insignificante
de placas de gesso acartonado (cerca de 0,012m2/habitante em 1994), existe a
tendência de se multiplicar a utilização desses componentes (CORBIOLI, 1996).
Apesar de ser largamente empregada em outros países, considera-se que não
se pode importar sistemas de produto36 sem o desenvolvimento de sistemas
de produção37 pois a vedação vertical interna faz parte do edifício de forma
integrada, possuindo grande interação com os seus subsistemas e elementos,
justificando-se, dessa maneira, a importância da elaboração do seu
desenvolvimento tecnológico segundo uma adequada metodologia.
TANIGUTI (1998), referindo-se a um levantamento de informações sobre a
execução de vedações com placas de gesso acartonado, em empresas
construtoras da cidade de São Paulo, afirma que se pôde constatar, em algumas
obras, que as placas de gesso “(...) eram inseridas apenas como um mero
substituto da alvenaria (...) sem planejamento da produção e também não se
observavam previamente as interfaces com os demais subsistemas”. Segundo a
autora, por esse motivo, muitas vezes as soluções eram improvisadas e
contrariavam as recomendações dos fabricantes das placas.
Assim, o trabalho proposto partirá do princípio de que existe a necessidade de
se ter domínio sobre a tecnologia de produção das vedações de placas de gesso
36
Sistemas de produto são definidos como conjuntos de materiais, componentes e elementos
integráveis que se complementam e são utilizados na produção de um bem.
37
Sistemas de produção são definidos por WARSZAWSKI (1977) como sistemas utilizados na
fabricação de produtos e que se caracterizam por possuir: tecnologia de produção, projeto do
produto e organização da produção específicos, consolidados e totalmente integrados.
295
acartonado a partir de um desenvolvimento sistêmico dessas vedações, em que
se considere a interação com os demais subsistemas do edifício.
2. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do trabalho será adotada uma metodologia que envolve
uma revisão bibliográfica sobre o tema e a elaboração de pesquisa de campo e
de laboratório enfocando dois aspectos principais:
• a interação das vedações com a estrutura do edifício, avaliando-se
experimentalmente, em laboratório e em campo, a capacidade dos elementos
de vedação suportarem as deformações da estrutura;
296
ESTUDO COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
SIMPLES DAS ALVENARIAS DE VEDAÇÃO FORMADAS POR
BLOCOS/TIJOLOS ENCONTRADOS NA REGIÃO DE SÃO PAULO
Eng. Leonardo Tolaine Massetto
ltmassetto@pcc.usp.br
Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini
fhsabba@pcc.usp.br
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. DESENVOLVIMENTO
297
A terceira etapa será planejada com base nos resultados anteriores. Prevê-se
avaliar a correlação e a confiabilidade dos resultados obtidos por ensaios de
diferentes tipos de corpos de provas - bloco/tijolo isolado, primas, paredinhas,
parede em escala real.
4. CONCLUSÕES
Uma vez totalmente concluído, esse estudo fornecerá uma referência técnica
para que as construtoras possam ter meios de definir suas vedações verticais,
avaliando técnica e financeiramente cada uma das opções (muitas delas têm
desempenho desconhecidos) aqui descritas e disponíveis no mercado paulista.
Ao mesmo tempo, os resultados podem parametrizar o mercado das empresas
fabricante de blocos, pois identificará as resistências de alvenarias feitas com
diversos tipos de blocos. Tal fato é considerado positivo pois pode dar aos
fabricantes a chance de comparar seu produto, no âmbito do mercado como um
todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
298
PAINÉIS DE FACHADA EM CIMENTO
REFORÇADO COM FIBRAS (GRC)
Arq. Vanessa Gomes da Silva
vangomes@pcc.usp.br
Prof. Dr. Vanderley M. John
vmjohn@pcc.usp.br
INTRODUÇÃO
O mercado de construção nacional carece de tecnologias racionalizadas de
vedação de fachadas, com velocidade de execução compatível com o ritmo
imposto aos demais serviços de construção. Também é notável a crescente
preocupação com a qualidade ambiental, popularizada no início da década de 80
com as primeiras discussões sobre desenvolvimento sustentável.
299
içamento e eleva significativamente a resistência a impacto, relacionada ao
índice de quebras durante o manuseio e içamento dos painéis (PCI,1994).
(a) (b)
A pesquisa sobre painéis GRC foi concluída e uma versão preliminar do manual
de projeto está sendo organizada para possibilitar a construção dos primeiros
protótipos assim que liberada a importação do equipamento de projeção.
Espera-se contar com resultados dos primeiros ensaios de desempenho dos
componentes E-GRS dentro do próximo ano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE – PCI. Recommended
Practice for Glass Fiber Reinforced Concrete Panels. Chicago, PCI, 1994.
99 pp. (Revised Edition)
CEM-FIL INTERNATIONAL LTD. Cem-FIL Technical Data. Merseyside,
Glassfibre Reinforced Cement Association – GRCA. 1997. 67 pp.
300
PROJETOS DE
PESQUISAS EM
ANDAMENTO
301
302
PROJETO DE PESQUISA – CONVÊNIO EPUSP-GETHAL
303
304
PROJETO DE PESQUISA
CONVÊNIO EPUSP- KNAUF/CYRELA/INPAR
DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE PRODUÇÃO DE DIVISÓRIAS INTERNAS EM
CHAPAS DE GESSO ACARTONADO
1ª FASE - METODOLOGIAS DE PROJETO E EXECUÇÃO
305
306
PROJETO DE PESQUISA – CONVÊNIO EPUSP-MORLAN
307
Secretária: Iara Martins
Projeto Gráfico: Maria Alice Gonzales
308