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Catálogo da Exposição

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100 Anos
de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
Comissão de Cultura e Extensão Universitária
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de São Paulo
realizado no Museu da Casa Brasileira- 1996
Secretaria do Estado da Cultura - SP
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

O centenário da abertura do curso de engenheiros-


APRESENTAÇÃO arquitetos da Escola Politécnica, o primeiro curso universitário
nessa área em São Paulo, nos dá ensejo para uma avaliação dos
dos nossos cursos de Arquitetura do presente. Podemos nos
perguntar se a formação técnica dos atuais cursos é a mais
adequada e se os profissionais que formam são os que melhor
servem ao país e à sua própria vocação. E perguntar se os cursos
atuais são mais eficientes que os do passado.
Quase todos os politécnicos que tiveram destaque na vida
pública eram engenheiros-arquitetos ou engenheiros civis e
arquitetos: Ramos de Azevedo, Alexandre Albuquerque,
Hippolyto Pujol, Anhaia Mello, Prestes Maia, Guilherme Winter,
Cerqueira Cesar, Artigas.
Em primeiro lugar devemos lembrar que este ano podemos
comemorar também os 300 anos de existência comprovada da
mais antiga Aula de Arquitetura Militar no Brasil, a da Bahia, já
existente em 1696,certamente o início do ensino de Arquitetura,
em todo o país. Diversamente do que se poderia supor, as Aulas
de Arquitetura formavam profissionais que não eram conhecidos
como arquitetos mas como engenheiros. Naquele época, a
atuação profissional nessa área era dividida apenas entre
Arquitetura Militar e Arquitetura Civil. A edificação civil era
sempre entendida como Arquitetura Civil e exercida por
engenheiros. Não se supunha também que os arquitetos
pudessem exercer suas funções sem envolvimento direto com a
direção das obras.
Na França, os caminhos percorridos não foram os mesmos. Nos
séculos XVII e XVIII desenvolveu-se em París o trabalho
arquitetônico na Academia, com ampla base histórica, para
atender à demanda de uma arquitetura especializada, de
representação oficial e privada, mais do que utilitária. É fato bem
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

conhecido, no Brasil,que em tempos de Napoleão Bonaparte,


com a criação da Escola Politécnica e da Academia de Belas Artes
de Paris, as atividades de projeto arquitetônico se tornaram
relativamente independentes da construção, com a definição
final de duas profissões, ambas envolvendo as atividades de
edificação civil e, no caso dos engenheiros, com as outras áreas,
do campo que hoje conhecemos como Engenharia Civil, como
obras de infra-estrutura, calculos estruturais e instalações.
Mas não é tão conhecido, no Brasil, o fato de que essa separação
não ocorreu da mesma forma em outros países. Na Inglaterra, até
meados do século XIXnão existiam cursos de Engenharia Civil.
Na Alemanha, a separação não se concretizou. Os profissionais
da área de edificação civil, que conhecemos como arquitetos,
para os alemães eram um tipo de engenheiros, E foram esses,
exatamente, que se tornaram famosos no final do século XIXe
nas primeiras décadas do século XX,pela modernidade de sua
arquitetura e por suas extraordinárias contribuições técnicas -
como a elaboração de normas técnicas, de padrões para
racionalizaçãode componentes e luta pela industrialização das
edificações - e sua brilhante capacidade de articulação entre o
desenvolvimento da industria e o desenvolvimento de uma
arquitetura racionalista. Podemos dizer que, até pouco antes de
1930,a liderança do Movimento Modernista esteve com os
alemães.
Essas duas tradições nos voltam à memória, quando pensamos
no curso de engenheiros-arquitetos da EscolaPolitécnicae no
prestígio social que alcaram os profissionais ali formados. Pelos
seus padrões, o curso estava próximo das duas tradições
mencionadas. Era como uma continuação das Aulas Militares de
Arquitetura que formavam engenheiros, à margem da Academia
de Belas Artes, e como a tradição alemã.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

É interessante observar que Ramos de Azevedo formou-se na


Bélgicacomo engenheiro-arquiteto e Paula Souza formou-se em
engenharia na Alemanha (onde os engenheiros tinham uma
formação humanística, porque eram também "arquitetos") e
demostrou suas qualidades projetando a Escola Caetano de
Campos. Ao organizar a Politécnica, levou para seus quadros um
engenheiro alemão, Max Hehl, formado do mesmo modo. E o
primeiro brasileiro a coordenar o Gabinete de Resistência dos
Materiais da Politécnica, Hippolyto Pujol, era engenheiro-
arquiteto, projetava bem e revelava qualidade como crítico de
Arquitetura.
Eram comuns os casos de engenheiros civis e arquitetos que
associavam as duas competências. Mas não havia
regulamentação da profissão. A formação profissional visava a
competência e não uma reserva de mercado, que de resto con-
tinua a não existir nos dias atuais.
Essa combinação produzia efeitos para o que hoje entendemos
como engenheiros, como também para os arquitetos. E quase
todos tiveram destaque na vida pública, como os arquitetos
atuais não estão conseguindo alcançar. Os que tinham menos
talento para projetar, terminavam sempre por construir e muitos
estiveram entre os melhores construtores de São Paulo. A
formação humanística na Politécnica formou duas gerações de
profissionais que souberam olhar para o futuro e liderar o
desenvolvimento, na sua área e, sob muitos aspectos, na vida
política do estado de São Paulo.
A criação das faculdades de Arquitetura nos afastou das escolas
de Engenharia e nos aproximou da tradição das academias de
Belas Artes. Mas na FAU-USP,de início os professores
engenheiros ainda pertenciam aos quadros da unidade e os
alunos podiam, se quisessem, fazer o curso de mestre de obras
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

do SENAI,para estudantes de Engenharia e Arquitetura, para


aprender a controlar uma obra. Construir bem era uma
obrigação. Hoje, bem perto de nós, os arquitetos argentinos
constroem obras que projetam e mesmo executam obras para
outros profissionais, como faziam os nossos antigos engenheiros-
arquitetos.
A reforma de 1969afastou dos quadros da FAULUSP os
professores engenheiros. Figueiredo Ferraz retirou-se da última
sessão conjunta de nossa congregação protestando em altos
brados e uma ou duas semanas antes de falecer nos reiterou seus
protestos.
Hoje temos projetos arquitetônicos feitos por engenheiros civis,
que tiveram apenas 4 meses de aula sobre Arquitetura e
arquitetos que vivem à margem do controle da produção da
construção civil, com um mercado de trabalho que se estreita
sempre mais. Pelo menos para os jovens, esta é uma boa
oportunidade para uma avaliação dos resultados dessa situação,
do ponto de vista de seu futuro profissional e do ponto de vista
dos benefícios para a sociedade.

Nestor Goulart Reis

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1. ANTES DA POLITÉCNICA: AS AULAS DE ARQUITETURA E OS ENGENHEIROS MILITARES

Arq. Benedito Lima de Toledo


Hist. Beatriz P. Siqueira Bueno
Arq. Nestor Goulart Reis
100 Anos de Ensino de Arquitetura e
Urbanismo em São Paulo

Durante o Período Colonial, os trabalhos de Arquiteturae


Urbanismo eram realizados por profissionais formados nas
chamadas "Aulas de Arquitetura Militar", de Portugal e do
Brasil Porque no Brasilhavia cursos de Arquitetura. Masnessa
época utilizavam-se alguns conceitos, com palavras que hoje
adquirem sentidos completamente diferentes. A edificação em
geral era conhecida como Arquitetura. Havia duas formasde
Arquitetura: a Civi.le a Militar e quase sempre os trabalhos eram
realizados pelos chamados engenheiros militares. Não se usavaa
expressão Engenharia Civil. Não havia o conceito de Engenharia,
que só foi introduzido no final do século XVIII e início do XIX.
Por outro lado, os profissionais que se responsabilizavam pelas
construções, civis ou .militares,eram denominados engenheiros.
Raramente se usava a expressão arquiteto. Em 1647,depois da
chamada restauração portuguêsa, D, Jodo IV criou em Lisboa um
curso permanente, denominado Aula de Fortificaçàoe
Arquitetura Militar, conhecido como Academia, que abria suas
portas também para alguns civis. No final do século XVII,o
governo português decidiu criar aulas de Fortificaç,ioe
Arquitetura nas várias colónias. No Brasil, temos notícia de uma
Aula de Arquitetura em 1696,na Bahia, em documento em que
se menciona a Aula Oque se instituiu naquela cidade" (Souza
Viterbo Dicionário histórico e documental dos arquitetos,
engenheiros e construtores portugueses ou a serviço de Portugal,
Lisboa, 1904,Pags, 305-306). Existiram outras Aulas, em
Pernambuco, Belém e Rio de Janeiro. Os profissionais formados
nesses cursos eram responsáveis pelos trabalhos de traçado e a
fortificaçdo das vilas e cidades, bem como pela Arquitetura. Por
esse motivo, em 1996estamos comemorando a passagem de 3W
anos comprovados, de criação, no Brasil do primeiro curso,
destinado ao ensino de Arquitetura e Urbanismo,

Nestor Goulart Reis

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100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

PRESPF,CTO,E DA S

OS ENGENHEIROS MILITARES NO BRASIL COLÓNIA


Durante o período colonial, os trabalhos de arquitetura e de urbanismo eram
realizados pelos engenheiros militares, profissionais formados nas chamadas
"Aulas de Arquitetura Militar",
Esq. - Projetaram fortificações.
Prespecto e Planta da Fortaleza de S, Jozé na Ilha de Santa Catharina.
Fonte: Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro.

Dir. - Elaboraram planos para vilas e cidades


Planta de Villa Bella da Santíssima Trindade Capital do Estado do Mato Grosso,
Fonte: Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro.
Coleçao Nestor Goulart Reis.

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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

TRÓPICO

A DIVERSIDADE DA CONTRIBUIÇÃO Esq. - Realizaram trabalhos cartográficos.


Carta Chorographica da Capitania de S. Paulo, Anno 1766.
Os engenheiros militares asseguravam um apoio técnico de alto nível para o Fonte: Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro. Coleção Nestor Goulart Reis.
governo colonial. Sua contribuição, muito diversificada, incluía trabalhos de
levantamentos geográficos, elaboração de peças de cartografia, projetos de Dir. - Projetaram edifícios públicos.
cidades e de edifícios e mesmo, em alguns casos, o exercício de altos cargos da Projeto para o Palácio Residencial (em 1784)dos Governadores - Belém.
Autor: José Antonio Landi
administração pública, como o governo de algumas capitanias. Fonte: Alexandre Rodrigues Ferreira - Viagem filosófica pelas capitanias do Grão Paráf Rio Negro,
De importância excepcional foram as comissões técnicas e científicas enviadas Mato Grosso e Cuiabá, 1783-1792.Conselho Federal de Cultura, RI, 1971. Colegão Nestor Goulart
para demarcação das fronteiras com a América Espanhola no quadro dos Reis.
Tratados de Madri (1750)e Santo Ildefonso (1778),as quais fizeram parte
profissionais de alto nível, como José Antonio Landi, que trabalhou no Pará, e
José Custódio de Sá e Faria, que trabalhou em São Paulo durante a
administração do Morgado de Mateus,
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

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AS AULAS DE ARQUITETURA MILITAR

Os engenheiros militares eram em grande parte formados nas aulas de


Arquitetura Militar de Lisboa e outras cidades portuguesas. Alguns eram
formados em outros países como França, Alemanha, Itália ou Países Baixos e
contratados pelo governo português. No final do século XVII a Coroa iniciou
uma política de criação das Aulas de Arquitetura em várias cidades
brasileiras. A mais antiga informação disponível comprova a existência de
uma Aula de Arquitetura na Bahia em 1696,razão pela qual podemos dizer
que, neste ano, estamos comemorandotambém 300 anos de ensino de
Arquitetura e Urbanismo no Brasil.
Esq. - José Antonio Caldas foi professor da Aula da Bahia, levantou as plantas de Salvador
e Vitória e desenhou suas elevações ou "prospectos" como se dizia na época.
"Prospecto da Vila da Victoria (...) Foi tirado com A câmara obscura por José Antonio
Caldas, Capitam de Infantaria com exercício de Engro Lente da Aula Regia das
Fortificações da Bahia", 1767,
Fonte: Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro. Coleção Nestor Goulart Reis.

Dir. - Alpoim dirigia a Aula do Rio de Janeiro e projetou o Palácio dos Governadores da
cidade.
Palácio dos Governadores do Rio de Janeiro.
Fonte: Desenho de Thomas Ender, in Ferrez, Gilberto; O Brasil de Thomas Ender - 1817,s.l„
Fundação
João Moreira Salles, s.d.
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100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

OS ENGENHEIROS MILITARES NA CAPITANIA DE SÃO PAULO

Com a restauração da Capitania de São Paulo em meados do século XVIII, os


engenheiros militares passaram a ter um papel relevante também nesta região.
José Custódio registrou em seu "diário de viagem" o percurso entre São Paulo
e a fortaleza de Iguatemi-MS e João da Costa Ferreira realizou o levantamento
geográfico de toda a costa da Capitania de São Paulo, com suas vilas, o que na
época incluía o litoral do atual estado do Paraná. Ambos realizaram também
projetos para edificações. Segundo Benedito Lima de Toledo, Ferreira foi o
autor do projeto da Calçada do Lorena.
Abaixo - No final do século XVIIIos engenheiros militares elaboravam os projetos dos
edifíciosmais importantes, na Capitania de São Paulo.
Prospecto dos Quarteis Novos da Legiam de Voluntarios Reais de S. Paulo - Anno
1790- João da Costa Fera.
Fonte: Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro. Coleção Nestor Goulart Reis.

Dir. - Os confrontos militares com a América hispânica trouxeram para São Paulo
quadros que deveriam atuar junto às fronteiras.
"Demonstração de hua porção do R. Ygatemy, Lugar da Fortaleza de N.S. dos
Prazeres" (...)o Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria Fecit.
Fonte: BibliotecaNacional do Rio de Janeiro.

PROSPECTO
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
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OS ENGENHEIROS MILITARES NO IMPÉRIO

Nas primeiras décadas após a Independência, a administração da Província de São


Paulo continuou a se apoiar nos quadros técnicos constituídos pelos engenheiros
militares. Os nomes mais conhecidos são os de Daniel Pedro Muller, RufinoJosé
Felizardo e Costa e José Jacques da Costa Ourique. Esses profissionais realizaram
projetos para casas de câmara e cadeia de numerosas vilas e cidades, projetaram
pontes e estradas, sendo a mais conhecida a Estrada da Maioridade entre São Paulo e
Santos, construída entre 1840-1844.

Esq. - A construção de estradas e pontes também ficava sob sua responsabilidade.


Projeto de ponte sobre o rio Tietê em Parnaíba - 1849.
Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo. Coleçáo Nestor Goulart Reis.

Dir. - Após a Independência, os edifícios públicos continuaram a ser projetados pelos


engenheiros militare,s a serviço da Província.
Projeto para a Casa de Câmara e Cadeia de Ubatuba - 1833.
Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo, Coleçáo Nestor Goulart Reis,
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

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O GABINETE TOPOGRÁFICO Dir. - Os professores do Gabinete Topográfico levantavam plantas das cidades.
"1842- Carta da Capital de São Paulo" (...)"José Jacques da Costa Ourique -
Com a vinda da Famflia Real em 1808,a "Aula Militar" do Rio de Janeiro foi Fortificador da Capital".
transformada em Academia, da qual se originou em meados do século a Fonte: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Coleção Nestor Goulart Reis.
Escola Central, depois Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Em 1826
iniciaram-se os cursos da Academia Imperial de Belas Artes, inclusive o de
Arquitetura, que a partir dessa época ficava separada da Engenharia.
Em 1842foi criado em São Paulo o Gabinete Topográfico, que oferecia um
curso de "Pontes e Calçadas", sob direção de Daniel Pedro Muller. O Gabinete
foi uma primeira escola de engenharia em São Paulo, tendo formado alguns
profissionais importantes. Foi extinto poucos anos depois e restabelecido no
início da década de 60.
Esq. - O Marechal Daniel Pedro Muller fundou o Gabinete Topográfico, que funcionou
no antigo Colégio dos Jesuítas, onde se instalou o Palácio do Governo.
"Largo do Palácio do Governo e Igreja do Colégio dos Jesuítas, São Paulo, 1847"-
Aquarela de Miguel BenícioDutra,
Fonte: Miguel Dutra, Edição do MASP, São Paulo, 1981.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

Yfô/ñanda

OS IMIGRADOS E OS "ESTRANGEIRADOS" Esq. - No final do século, arquitetos


europeus imigrados para o Brasil realizaram obras
importantes.
Nas duas décadas que antecederam o início das aulas do curso de engenheiros- Museu do Ipiranga.
arquitetos da Escola Politécnica, a Província de São Paulo acolheu alguns profissionais Fonte:Arquivo do LAI'.
da área de arquitetura formados na Europa. Entre esses, Matheus Heussler, Hermann Dir. - Ramos de Azevedo foi
Von Puttkamer e Tommaso Gaudêncio Bezzi, este radicado no Rio de Janeiro, vindo a provavelmente o primeiro "estrangeirado", engenheiro-arquiteto
formado no exterior, e lançou as
São Paulo para elaborar o projeto do então chamado monumento do Ipiranga, onde Largo do Palácio - Conjunto bases da formação profissional sistemática em São Paulo,
arquitetônico em cujas obras Ramos de Azevedo iniciou em
hoje funciona o Museu Paulista da USP. SãoPaulosuasatividades de construtor.
Nesse mesmo período, formava-se na Bélgica,na Universidade de Gand, como Fonte:cartãopostal - Coleção
Nestor Goulart Reis.
engenheiro-arquiteto, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, um dos fundadores da
Escola Politécnica e o principal construtor em São Paulo. Usando ironicamente a
expressão portuguesa do século XVIII,para indicar os profissionais naturais do país
que se formavam no exterior e levavam para Portugal idéias renovadoras, podemos
classificar Ramos de Azevedo como nosso principal "estrangeirado", entre um grupo
numeroso de paulistas que se formaram na Europa e nos EUA, antes da abertura dos
cursos da Escola Politécnica.
Largo do Palacio São Paulo

Fotv o. Aehtschi:ii
2. O DESENVOLVIMENTO DE sÄo PAULO E A FORMACÄO PROFISSIONAL 1890-1945

Soc. Maria Irene Smreczanyi


Soc. Maria Lücia Caira Gitahy
Soc. Maria Ruth Amaral de Sampaio
Soc. Ana D. Lanna - Colabora$o
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
DA PROFISSÃO: O ENSINo
A INSTITUCIONALIZAÇÃODISCIPLINA ACADÊMICA.
DE ARQUITETURA COMO
1896 - 1948
No último quartel do século passado, o capitalismo
mundial sofreu uma transformação tão profunda quanto a que
vivemos hoje. Foi a assim chamada Segunda Revolução Indus-
trial. O Brasil, que não desejava ficar à margem da economia
mundial, teve que enfrentar profundos desafios, para definir sua
posiçãona então "nova" divisão internacional do trabalho. Entre
os maiores, estavam dois: enfrentar a questão do trabalho
escravo e promover a construção de uma infraestrutura de
transportes, energética e urbana capaz de melhor conectar uma
crescenteprodução agrícola de exportação ao mercado mundiale
ao mesmo tempo, reafirmar e redefinir a posição do país no
sistema mundial.
Os grandes marcos da Abolição da Escravidão e da República
criaram o quadro político necessário a estas redefinições. Como
advento do período republicano, inicia-se a formação de um
mercado de trabalho livre. O esforço construtivo destinado à
produção de um território organizado (dentro dos
marcos sócio-econômicose culturais que "modernos"
então impunham-se)
crescee aprofunda-se, criando as ligações
afirmação da capital do Estado como necessárias para a
polo centralizador de um
produtivo hinterland.
Requalificaras relações entre
cidade e campo e os espaços
produtivos no interior de ambos,
divisão internacional do assim como o lugar do Brasilna
trabalho, não era apenas uma tarefa de
construçãofísica mas também
sociais voltadas para a de construção de instituições
busca intelectual e para a redefinição das
relações sociais. A fundação
da Politécnica, em do curso de engenheiros-arquitetos
1896, cujo centenário
lugar no bojo destes aqui comemoramos, teve
processos.
superior da Arquitetura Aqui inicia-se, tanto o ensino
aos materiais de e Urbanismo, quanto a pesquisa ligada
construção. Em 1917, é
Arquitetura do Mackenzie. criado o curso de
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

E neste contexto que inicia-se a formação de um mercado


imobiliário em São Paulo. São criados os primeiros escritórios de
arquitetura e constituem-se lentamente os diversos setores da
industira da construção em bases empresariais. O esforço de
diversificação social era abrangente: era preciso criar os quadros
superiores, os "oficiais" intermediários e um grande "exército"do
trabalho, capaz de construir uma forma brasileira de "cidade
moderna".
Durante as primeiras décadas do século, predominou na
arquiteutra paulista o assim chamado "ecletismo" que acabou por
permitor um maior domínio de diversas técnicas construtivas.
Com o patrocínio estatal, a partir da década de 1930,a
Arquitetura Moderna tem um maior reconhecimentonacional e
internacional, de modo que são fundadas duas faculdades
dedicadas de forma exclusiva à Arquitetura e ao Urbanismo: a
do Mackenzie, em 1947 e a FAU-USP, em 1948.

Maria Lúcia Caira Gitahy


100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

A EVOLUÇÃO

LEGENDA

CO%ST

A CONSTRUÇÃO DE UMA INFRA-ESTRUTURA

A ligação ferroviária entre o porto de Santos e o planalto foi inaugurada em


1867pela São Paulo Railway, que monopolizou o trecho durante setenta anos.
A Estação da Luz, com características de monumento ferroviário, foi
inaugurada em 1904.Em 1890,a rede ferroviária já possuía a forma de uma
'árvore", canalizando toda produção cafeeira para um curto "tronco". No
outro extremo, ramificava-se, servindo à ocupação de novos territórios, com
frentes pioneiras.

Esq. - Estação da Luz.


Fonte: Foto de Geraldo Horácio de Paula Souza.

Dir. - Mapa mostrando as etapas iniciais de construção da rede ferroviária.


Fonte: Matos, Odilon Nogueira de - Café e Ferrovias. São Paulo, Alfa-Omega, 1974.
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
em São Paulo
- AS FERROVIAS Esq. - Máquinas de tração para a subida da serra.
A CONSTRUÇÃODE UMA INFRA-ESTRUTURA Fonte: Arquivo da Rede Ferroviária Federal.
ferroviárias. A ligação
A modernização tecnológica inicia-se com as obras Dir. - Ponte sobre o rio Piracicaba.
entre o porto e o planalto, com transposição da Serra do Mar, foi uma das Fonte: Acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
obras mais complexas de sua época. As outras ferrovias foram construídas
com participaçãode engenheiros e arquitetos brasileiros. Alguns, como Paula
Souza e Ramos de Azevedo, foram fundadores e professores da Escola
Politécnica de São Paulo.
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
A CONSTRUÇÃO DE UMA INFRA-ESTRUTURA - O PORTO DE
SANTOS

Outra obra de infra-estrutura que envolveu enorme esforço construtivo


brasileiro foi a do porto de Santos, dirigida pelo engenheiro brasileiro
Guilherme Weinschenk. Foi muito difícil para a empresa conseguir
trabalhadores para enfrentar as epidemias santistas, afundando-se no lodo
para realização da obra.
Esq. - Obras do porto de Santos.
Fonte: Cartão Postal - Coleção Dr. Elyseo Belchior.

Dir. - Obras do porto de Santos.


Fonte: Coleção da Cia. Docas de Santos.
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em
São Paulo

UM MERCADO DE TRABALHO LIVRE

Em SãoPaulo, a formação de um mercado de trabalho livre foi viabilizada


atravésda promoção da imigração. O governo do estado estabeleceu um
sistemade imigraçãosubsidiada. A Hospedaria dos Imigrantes é um marco
visíveldeste processo.Paralelamente ao sistema oficial havia outras correntes
Imigratórias.

Esq.- Hospedaria dos Imigrantes.


Fonte:Acervo da BibliotecaMário de Andrade.

Dir. - Imigrantes armênios em uma pensão, no início do século.


Fonte: Foto do professor J. Risbalah pertencente a coleção Geraldo
Horácio de Paula Souza.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

UM MERCADO DE TRABALHO LIVRE - AS OBRAS DE INFRA- Esq. • Reservatório de Água da Cantareira.


ESTRUTURA Fonte: Foto de Geraldo Horácio de Paula Souza,

Associados à fixação do imigrante e à modernização das cidades, os Dir. • Usina Hidrelétrica de Parnaiba
programas de saneamento foram uma prioridade no início da República. Fonte: Arquivo da Eletropaulo.
Foram construídos serviços de abastecimento de água, canais de drenagem e
de esgotos. A instalação das hidrelétricas foi contemporânea à dos grandes
centros mundiais. A Light inaugurou em 1901a Usina de a maior do
estado. No interior do estado foram construídas várias usinas hidrelétricas de
pequeno porte, por engenheiros brasileiros ou estrangeiros residentes no
Brasil.
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

UM MERCADO DE TRABALHO LIVRE - INDUSTRIALIZAÇÃO

Com o trabalho livre, ganha importância na economia urbana o setor


industrial. Os bairros fabris e os bairros operários são um aspecto novo na
paisagem das cidades.

Acima - Uma das primeiras fábricas de tecidos construída em São Paulo foi a de Luís
Anhaia, ainda antes do regime republicano.
Fábricade Tecidos Anhaia.
Fonte:BibliotecaMunicipalMário de Andrade.

Dir. - Já no início da República, tornaram-se comuns as indústrias fundadas por


imigrantes.
Moinho Matarazzo.
Fonte: Revista Industrial - São Paulo na exposição de 1900.

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100 de Ensim de Arquitetura e Urbanistno em Sio Paulo

UM MERCADO DE TRABALHO LIVRE - OS EX-ESCRAVOS

O destino dos ex-escravos,com a formação de um mercado de trabalho livre,


suprido pelos imigrantes, foi sobreviver nas fimbrias da "nova" ordem
económica,lutando para ocupar certos nichos e os múltiplos serviços e
expedientes subalternos, característicosda economia urbana informal. A
construção civil absorveu pequena parte.
Esq. - O porto de Santos.
Fonte: Revista Industrial - O Estado de Sáo Paulo em Paris - Exposiçhode 19(X).

Dir. - Estivadores no porto de Santos.


Fonte: Acervo da BibliotecaMário Andrade.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
MUDANÇAS NA VIDA URBANA - A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO

A cidade de São Paulo atravessa profundas mudanças, visíveis na sua


fisionomia durante este período. A modernização da cidade incluiu um novo
centro e a abertura de bairros elegantes, com a mudança dos cafeicultores para
a capital.
Dir. - O bairro de Higienópolis e a residência da família Penteado.
Fonte: Acervo do LAP - Laboratório de Estudos sobre Urbanização Arquitetura e Preservação -
FAU-USP

Abaixo - O centro de São Paulo.


Fonte: Cartão postal - Coleção Nestor Goulart Reis.

ViadJCto do Chà.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em So Paulo

MUDANÇAS NA VIDA URBANA - O DEBATE CULTURAL E


INTELECTUAL

Construir uma infra-estrutura moderna, requalificando as relações entre


como o
cidade e campo e os espaços produtivos no interior de ambos, assim
lugar do Brasil na divisão internacional do trabalho, não era apenas uma
tarefa de construção física mas também de construção de instituições sociais
A
voltadas para a busca intelectual e para a redefinição das relações sociais.
fundação do curso de engenheiros-arquitetos da Politécnica, em 1896,cujo
centenário aqui comemoramos, teve lugar no bojo destes processos. Aqui
inicia-se, tanto o ensino superior da Arquitetura e Urbanismo, quanto a
pesquisa ligada aos materiais de construção.
Abaixo - Diploma de Luiz de Anhaia Mello.
Fonte: Acervo da BHioteca da FAU-USP - Colegão Sra. Ada Paula Souza de Anhaia Mello.

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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
O CURSODE ARQUITETOS DO MACKENZIE

A demanda por profissionais qualificados leva a Escola de Engenharia


Mackenziea criar um curso de engenheiros-arquitetos em 1917.

Esq. - A orientação do curso do Mackenzie foi estabelecida pelo arquiteto Christiano


das Neves, de formação académica, diplomado por uma universidade americana.
Residência de Nelson Luís do Rego - Projeto de Cristiano das Neves.
Fonte: Arquivo Samuel e Christiano das Neves - Biblioteca da FAU-USP.

Dir. - No Mackenzie a formação deveria ser mais próxima do esquema "Beaux


Arts"de Paris.
Pátio central do Mackenzie
Fonte: Revista Ilustração Brasileira, Set. 1927.
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
e Ofícios.
Esq. - Liceu de Artes Azevedo - Biblioteca FAU-USP.
MUDANÇAS NA VIDA URBANA - DIVERSIFICAÇÃO SOCIAL Fonte: Acervo Ramos de
Paula Souza obra de Ramosde
- Entrada do edifício
O esforço de diversificação social era abrangente: era preciso criar os quadros Dir. - Escola Politécnica
superiores, os "oficiais" intermediários e um grande "exército" do trabalho, de Azevedo - Biblioteca
FAU-USP.
capaz de construir uma forma brasileira de "cidade moderna". A qualificação Fonte: Acervo Ramos
do trabalhador era uma preocupação recorrente da elite paulista naqueles
anos e concretizou-se, não apenas nos cursos ministrados pela Politécnica,
mas também através do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, fundado em
1873,que ganhou novo prédio em 1900.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em
São Paulo

MUDANÇAS NA VIDA URBANA - MERCADO IMOBILIÁRIO


inicia-se já no último
A formação de um mercado imobiliário em São Paulo
quartel do século passado. Mas no final do mesmo, com o grande impulso
construtivo apontado aqui, inicia-se paralelamente o estabelecimento da
indústria da construção civil em bases empresariais. A constituição deste ramo
industrial é lenta e complexa. Ao mesmo tempo, formam-se paulatinamente o
mercado de locações, o de terrenos e o de moradias. Na década de vinte, os
debates sobre o "problema" da moradia operária já começavam a ocorrer em
SãoPaulo, assim como surgiam empresas voltadas para este segmento do
mercado.

Dir. - Os empreendimentos imobiliários na área central destinavam-se a escritórios.


Rua Boa Vista.
Fonte: Foto de Geraldo Horácio de Paula Souza - Biblioteca da FAU-USP - Coleção Sra. Ada Paula
Souza de Anhaia Mello.

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37
3. O CURSO DE ENGENHEIRos_ ARQUITETOSDA ESCOLA POLITÉCNICA DE SÃO PAULO

Arq. Sylvia Fischer


Arq. Maria Lúcia Bressan
Arq. Nestor Goulart Reis
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

A Escola Politécnica foi fundada em 1894.O curso de


engenheiros-arquitetosiniciou suas aulas em 1896.Era uma das
opções á disposição dos alunos, após a conclusão do curso
básico, à semelhança dos cursos de engenheiros civis ou
mecânicos. Alguns dos alunos cumpriam os créditos para serem
engenheiros-arquitetose civis mas alguns nomes de destaque,
como Anhaia Mello,Vilanova Artigas e Cerqueira Cesar
completaram exclusivamente o curso de engenheiros-arquitetos.
Era um curso com alguma formação humanística aplicada,
focalizando os problemas da Arquitetura e também os das
cidades,quando apenas se começava a usar a palavra
Urbanismo.Mas não há dúvida de que todos os problemas de
projeto eram examinados com os alunos, inclusive os de
desenvolvimentotecnológico, com destaque para o uso do
concreto.Examinando a lista dos nomes dos profissionais
formados por esse curso e suas excepcionais contribuições para o
desenvolvimento da Construção Civil e do Urbanismo e sua
atuaçáo decidida para o desenvolvimento do estado de São
Paulo, é inegável que dali saíram alguns dos nomes de mais alta
liderança na Escola Politécnica e no cenário político do estado de
São Paulo, A vida intelectual destas últimas décadas, com alta
especialização,esconde um pouco a importância da atuação
cultural, técnica e política daqueles profissionais, que
demonstravam ampla visão de conjunto sobre seu campo
profissional e sobre a sociedade. Ao lado dos engenheiroscom
visão mais fortemente técnica, que brilharam em suas respectivas
áreas de atuaçao, os engenheiros-arquítetos formado pela
Politécnica se destacaram na vida pública, Não houve urnalinha
de modernizaçãono Urbanismo, na Arquitetura e
aperfeiçoamento tecnológico, no qual não tivesse se destacado
alguns deles, O estudo da primeira fase do
ensino de Arquítetura
em São Paulo nos ajudará na
avaliação das perspectivas para 0
futuro próximo,

Nestor Goulart Reis


100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

O INÍCIO DO CURSO

A Escola Politécnica de São Paulo foi fundada em 1894.O curso de


engenheiros-arquitetosteve início em 1896.Era uma, entre as opções
possíveis, após a formação básica comum aos vários cursos.

Acima - O escritório profissional de Ramos de Azevedo foi o ponto de partida e de


apoio permanente da equipe de professores e alunos do curso de engenheiros-
arquitetos.
Ramos de Azevedo em seu escritório.
Fonte: Acervo Ramos de Azevedo - Biblioteca FAU-USP.

Dir. - O primeiro prédio construído para a Politécnica foi denominado Paula Souza,
em homenagem ao seu fundador. Nele funcionou o curso de engenheiros-arquitetos,
que ocupava a sala de desenho no último andar, à direita.
Edifício Paula Souza.
Fonte: Acervo Ramos de Azevedo - Biblioteca FAU-USP.
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

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MUDANÇAS NA VIDA URBANA - RENOVAÇÃO DOS PROCESSOS


CONSTRUTIVOS

Alguns engenheiros-arquitetos formados pela Escola Politécnica atuaram com


destaque em São Paulo, no aperfeiçoamento da tecnologia do concreto.

Esq. - Hippolyto Pujol trabalhou no Laboratório de Resistência dos Materiais da Escola


Politécnica. Seu desempenho nesse terreno foi acompanhada por um alto nível de
qualidade de projeto.
Edifício à rua Álvares Penteado - Projeto de Pujol e A. Toledo.
Fonte: Foto de Ennio Brauns e Marco Antonio de Moraes - Coleção Sylvia Ficher.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São PaUlo

FORMAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO - INDÚSTRIA DE


MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

A organização empresarial da construção civil envolveu o setor industrial de


materiais de construção, incluindo ramos como cal, material cerâmico e mais
tarde cimento.

Esq. - O setor de material cerâmico já estava em desenvolvimento na primeira década


do regime republicano.
Cerâmica Sensaud e Lavaud - Osasco
Fonte: Revista Industrial - São Paulo na Exposição de 1900

Abaixo - A primeira fábrica de cimento, a Rodovalho, não produzia cimento Portland


para estruturas, mas um produto adequado para o preparo de argamassas.
Fábrica de Cimento Brasil - estação de Rodovalho.
Fonte: Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

RECONHECIMENTO SOCIAL DA PROFISSÃO SOB O


DESENVOLVIMENTISMO NACIONAL - 1945-1963
Os anos da II Guerra Mundial e as duas décadas seguintes
foram de intensa industrialização e crescimento da população
urbana, especialmente em São Paulo. Sob os estímulos das
políticas de desenvolvimento com base no mercado interno,
instauradas após 1930, a cidade se consolida como o mais
dinâmico polo de capitalização do país, passando de grande
centro industrial a metrópole nacional ao final do período. Aos
crescentes investimentos correspondem crescente oferta de
empregos e atração em massa de imigrantes nacionais. Sua
população salta de 1,3 milhões em 1940para aproximadamente
2,2 milhões em 1950e 3,8 milhões em 1960.
As feições urbanas expressam a nova prosperidade pela
verticalização do centro e bairros habitacionais mais próximos,
como Higienópolis. Além disso, a cidade expande-se
horizontalmente pelas periferias populares auto-construídas,
invadindo municípios vizinhos, progressivamente incorporados,
especialmente após os anos J.K., numa área metropolitana em
formação.
No projeto e edificação dos espaços mais nobres, o arquiteto vai
adquirir maior presença e renome, atuando em obras complexas.
Urbanisticamente, este é o momento em que se completa o
modelo radial concêntrico pelo andamento do plano de avenidas
de Prestes Maia. Quanto aos edifícios, os princípios racionais e a
linguagem enxuta do modernismo, aliados ao domínio da
tecnologia de produção e emprego do concreto armado, impõem-
se como mais eficientes do ponto de vista econômico.
O modernismo afirma-se sob o patrocínio do Estado Novo pelos
momentos decisivos das encomendas a arquitetos do Ministério
da Educação (inaugurado em 1945)e de Brasília (inaugurada em
1960).Internacionalmente o movimento moderno é promovido
pelos trabalhos de reconstrução européia no pós-guerra, num
40
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

clima de fomento a maior equanimidade social, enquanto sua


linguagem, levando seus aspectos escultóricos ao requinte, é
assumida como símbolo de uma nova era de bem-estar e
progresso sob a égide do capital.
As elites locais, representadas por figuras de destaque como
Matarazzo, integram-se ao patrocínio do modernismo, a exemplo
do Estado e do que acontecia com magnatas como Rockfeller no
plano internacional.
Este é, por excelência, o momento de distinção do arquiteto no
país. O entusiasmo por sua formação acadêmica e profissional
vai se evidenciar em São Paulo no final da década de 1940,com a
fundação de instituições especializadas, as Faculdades de
Arquitetura do Instituto Mackenzie (1947)e da Universidade de
São Paulo (1948).Seus formandos encontraram um próspero
mercado de trabalho que acompanhou a curva ascendente da
economia de mercadorias e acabam reestruturando toda a
cidade, cindida entre diferentes pólos. Reurbaniza-se o centro,
mas um centro não basta. As avenidas Paulista e Faria Lima,
verticalizadas, não bastam. A metrópole é o centro; o país, sua
periferia.

Maria Irene Q. F. Smreczanyi

41
100Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo

MUDANÇAS SOCIAIS 1945 - 1965 - CRESCIMENTO DA METRÓPOLE

Os anos da Segunda Guerra Mundial e as duas décadas seguintes foram de


intensa industrialização e expansão da população urbana, especialmente em
São Paulo, estabelecendo uma nova perspectiva para a construção civil e para
os arquitetos.
Acima - Uma fotografia aérea de São Paulo, cerca de 1935,tendo o edifício Martinelli
ao centro, mostra o aspecto da cidade nessa época, que teria cerca de 1 milhão de
habitantes.
Vista aérea de São Paulo.
Fonte: Coleção Nestor Goulart Reis.

Dir. - Por volta de 1950,o centro de São Paulo ja mostrava um grande número de
edifícios em concreto. A cidade tinha então cerca de 2,2 milhões de habitantes.
Vista aérea do centro de São Paulo.
Fonte: Coleção Nestor Goulart Reis.
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100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
MUDANÇASNA FORMAÇÃO INTELECTUAL - CRIAÇÃO DA
FACULDADEDE ARQUITETURA MACKENZIE

Em 19470 antigo curso de Arquitetura, fundado em 1917por Christiano


Stoklerdas Neves, que funcionava ligado à Escola de Engenharia, passa a ser
independente,instalando-se na Faculdade de Arquitetura Mackenzie, sendo
Christianodas Neves seu primeiro diretor.

Dir.- Umafotografia de 1948,por ocasião da formatura, mostra todos os professores


e os alunos do curso, tendo ao centro o diretor. Estão presentes: Arnaldo Paoliello,
RobertoAflalo, Gastão Rachou, Marino Barros, Rodolfo Ortenblad Filho, William
BlancoTrindade (Billy Blanco), Fernando Martins Gomes, Carlos Bahiana, Diogo Faria
Cardoso,Pedro Lambert, Majer Botcovsky, Luiz Roberto Carvalho Franco, Milton
Ghiraldini, Vicente Ignatti, Jorge Richter, Klaus Eggers, Antonio Augusto Marx, Nilo
Villaboim,Ernany Avelar Pires, Carlos Lemos, Herbert Revoredo, Francisco Kosuta,
Paulo Morita, José Carlos Maia, Milton Nogueira de Sá e na primeira fila, ladeando
Christiano das Neves, Paula Tagliacozzo e a secretaria D. Anita.
Fonte:Arquivo Carlos Lemos.

Abaixo - A orientação do ensino no Mackenzie permaneceu durante algumas décadas


comcaráter acadêmico. Seus ex-alunos se destacaram, inclusive como arquitetos
modernos.
ArquitetoChristiano Stokler das Neves entrega diploma ao arquiteto Paulo Archias
Mendes da Rocha. São Paulo, Teatro Municipal.
Fonte:Arquivo Arq. Paulo Mendes da Rocha.
100 Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo
INTELECTUAL - CRIAÇÃO DA
MUDANÇAS NA FORMAÇÃO FAUUsp
de Arquitetura e Urbanismo e o cursode
Em 1948foi criada a Faculdade Politécnica deixou de
engenheiros-arquitetos da Escola receber novosalunos
1954, com a formatura de João Batista Ferreira Pimont.
sendo extinto em

Abaixo - A FAU-USP foi instalada à Rua Maranhão, na Vila Penteado, edifíciodoado


especialmente com a finalidade de acolher a nova instituição. Hoje o prédio abrigaos
cursos de Pós-Graduação.As cátedras das materias técnicas foram ocupadaspelos
professoresda Politécnica,mantendo-se em grande parte a ligação original.
Vila Penteado, prédio conhecido hoje como "FAU Velha"
Fonte: Acervo da Biblioteca da FAUUSP.

Esq. - Em 19690 curso de graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismofoi


transferido para o prédio novo, na Cidade Universitária. No mesmo ano, a chamada
reforma universitária proibiu as duplicações das cátedras e excluiu da estruturada
FAU os professores da Politécnica, enfraquecendo-se a ligação original.
Edifício da FAU na Cidade Universitária.
Fonte: Acervo da Biblioteca da FAU-USP.

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100'Anos de Ensino de Arquitetura e Urbanismo em
São Paulo
AMPLIAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO - PARTICIPAÇÃODOS
ARQUITETOS

Uma parte importante do trabalho dos arquitetos estava voltada para o


mercado imobiliário com projetos para edifícios residenciais e de escritório,
sob a forma de incorporações em condomínios.

Esq. - Esse impulso se estendeu rapidamente a Santos e Guarujá , após a inauguração


da Via Anchieta, em 1947.
Edifício "Sobre as Ondas"- Guarujá - Projeto de Oswaldo Corrêa Gonçalves.
Fonte: Foto de Ennio Brauns e Marco Antonio de Moraes - Coleção Sylvia Ficher

Dir. - Os condomínios se tornaram comuns a partir dos anos 40. Para as incorporações
de maior qualidade, tornou-se fundamental o projeto arquitetônico bem elaborado.
Edifício Louveira - Praça Vilaboim - Projeto de Vilanova Artigas e C. Cascaldi.
Fonte: Fotografia de Gustavo Neves da Rocha Filho.

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