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URBANISMO I

ANÁLISE URBANA INTEGRADA: BAIRRO


DO POÇO DA PANELA - RECIFE
ÁREA 06

Pollyana Coimbra
Ricardo Brendel
Vinícius Pádua
Yuri da Costa
APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa é um produto das análises ótica da Rua Cidadã e da Arquitetura


geradas durante o primeiro semestre de Urbana e, portanto, do Espaço Urbano
2020 da disciplina de Urbanismo I, do Cidadão.
curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Católica de Pernambuco O diagnóstico desenvolvido pelos
2 (UNICAP). alunos sob orientação das professoras 3
titulares da disciplina, Clarissa Duarte
O estudo envolve uma área que e Léa Cavalcanti, caminha para
se encontra regida pela Lei de a proposição de diretrizes para o
Reestruturação Urbana (ARU), de 2001, desenvolvimento mais qualificado do
a Lei dos Doze Bairros, e compreende a território em análise.
totalidade do Bairro do Poço da Panela,
na Zona Norte da Cidade do Recife. Poderá, de um lado, indicar a
necessidade de fortalecer aspectos
A área em questão apresenta fortes urbanísticos positivos e, de outro,
potencialidades para os estudos propor diálogos acerca de possíveis
urbanos do Recife, uma vez que elementos que possam gerar conflitos
reúne elementos de Preservação de com os conceitos considerados mais
Patrimônio Histórico e Cultural, grandes adequados ao desenvolvimento de
áreas verdes, tão importantes para cidades saudáveis, democráticas,
manutenção da qualidade de vida e seguras e humanizados.
da paisagem natural de uma cidade,
além de comércio e grandes áreas de
habitação.

Somam-se a esses fatores as


importantes conexões do Poço da
Panela com os bairros de Casa Forte,
Santana, Monteiro, Casa Amarela,
Iputinga e Cordeiro, e o fato de ser
uma área privilegiada em relação à
hidrografia da cidade, tornando-a um
RECIFE, 2020 interessante objeto de estudo sob a
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4 LEITURA URBANA LOCAL
4.1 POR UMA CIDADE PRESERVADA E 4.3 POR UMA CIDADE HUMANIZADA,
PRODUTIVA SEGURA E CONFORTÁVEL
4.1.1 Identidade 4.3.1 Permeabilidade
4.1.2 Proporcionalidade 4.3.2 Caminhabilidade
4.1.3 Densidade 4.3.3 Vegetalização
4.1.4 Diversidade 4.3.4 Iluminação

2 CONCEITUAÇÃO
4.2 POR UMA CIDADE INTEGRADA
E INCLUSIVA
4.2.1 Acessibilidade
2.1 CIDADE PARA PESSOAS 4.2.2 Multimodalidade
2.2 ESPAÇO URBANO CIDADÃO 4.2.3 Conectividade
2.3 RUA CIDADÃ 4.2.4 Colaboração
4 5

5 LEITURA INTEGRADA
CARACTERIZAÇÃO GERAL
3 DA ÁREA DE ESTUDO

3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

6
3.1.1 Atores Históricos
3.1.2 A comunidade
REFERÊNCIAS
3.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS
1
INTRODUÇÃO

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objeto de estudo o parâmetros urbanísticos que orientam
bairro do Poço da Panela, na Zona Norte as construções e o desenvolvimento da
da Cidade do Recife, e foi orientado área.
pelas professoras titulares da disciplina,
Clarissa Duarte e Léa Cavalcanti. O terceiro capítulo compreende a
maior parte e o ponto nevrálgico da
A metodologia do trabalho consiste pesquisa, uma vez que ao seguir os
na divisão do Bairro do Poço da procedimentos metodológicos do Plano
Panela em 10 (dez) áreas distribuídas Centro Cidadão, fornece um diagnóstico
aos grupos de docentes da disciplina amplo do trecho em estudo através
para elaboração de diagnósticos da obtenção de dados dos elementos
e análises acerca dos elementos urbanos e suas variáveis, de modo a
urbanos dos referidos recortes. estabelecer uma métrica que indique
o desempenho desses elementos em
A primeira parte do estudo, preocupa- todo o território, e cujo resultado é a
se em estabelecer conceitos do construção de um gráfico capaz de
Urbanismo contemporâneo como traduzir de forma integrada o nível de
Cidade para Pessoas, Espaço Urbano qualidade que cada indicador possui.
Cidadão e Rua Cidadã, com foco nos
preceitos estabelecidos pelo Plano O diagrama é derivado do método
Centro Cidadão, projeto resultante desenvolvido pelo escritório holandês
de parceria entre a Universidade MVRDV, responsável por diversos
Católica de Pernambuco (UNICAP) projetos de arquitetura e urbanismo
e a Prefeitura da Cidade do no mundo. A análise é descrita
8 Recife (PCR), finalizado em 2018. como Urban Quality Wheel, uma 9
margarida cujas pétalas representam
A segunda parte tem por objetivo as qualidades analisadas, divididas
caracterizar a área de estudo, em três graus de intensidade.
percorrendo o registro histórico do
Bairro do Poço da Panela, abordando A convergência da análise de todos
o seu surgimento, os principais os itens aqui levantados resulta no
personagens históricos envolvidos na quarto e último capítulo, denominado
sua formação cultural, bem como a Leitura Integrada. É nele que se
chegada dos assentamentos populares. percebem as relações entre as
Nesse sentido, foram tomadas lições qualidades analisadas e onde se
dos estudos de José Luiz da Mota apontam direções para a gestão do
Menezes e Carlos Bezerra Cavalcanti, espaço público visando a sua correção
além dos inúmeros registros históricos e melhoria, produzindo um espaço
propiciados pelo acervo digital construído mais positivo, confortável e
da Fundação Joaquim Nabuco. seguro para a cidade e seus cidadãos.

Os aspectos legais que envolvem Espera-se reunir este trabalho aos


a área também são tratados na demais desenvolvidos na disciplina
segunda parte do material, com base para que seja possível a caracterização
nas informações extraídas do ESIG, o mais amplo do Poço da Panela, com
Sistema de Informações Geográficas do dados e análises capazes de identificar
município. Aqui o ponto em destaque seus principais problemas, qualidades
é o Zoneamento Legal da área de e potencialidades como espaço vivo
estudo, item importante para identificar urbano e cidadão.
áreas de preservação ambiental, do
patrimônio histórico ou com diretrizes
urbanas específicas, bem como os
2.1 CIDADE PARA PESSOAS
2.2 ESPAÇO URBANO CIDADÃO
2.3 RUA CIDADÃ

2
CONCEITUAÇÃO

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
Jan Gehl (2010) destaca que cinquenta anos para se dar conta de
é necessário repensar a lógica que o modelo de cidade produzido no
modernista de planejar as cidades, último século é perigoso a manutenção
estabelecer valores como vitalidade, da própria vida humana.
segurança e sustentabilidade aliados
a um projeto maior de vida saudável Portanto, faz-se necessária a
para os cidadãos. observância de critérios de um Espaço
Urbano Cidadão, um ambiente que
Há uma preocupação no conceito de tenha a Rua como peça chave conectora
Cidade para Pessoas de produzir um de relações e experiências sociais, onde
ambiente convidativo como ponto de o público e o privado se encontrem
partida para um planejamento maior, e conjuguem uma mesma língua em
ou seja, enfatizar a função social do prol da cidade, dessa forma, podemos
espaço público como lugar de encontros, resgatar valores humanísticos, reativar
uma questão vital na conquista de espaços nas cidades e propiciar
uma sociedade sustentável, aberta e ambiente saudável e seguro para a
democrática (DUARTE, 2018). atual e futuras gerações.

Privilegiar, portanto, espaços As lições apreendidas nos conceitos


caminháveis, onde os cidadãos sintam- de Jan Gehl rendem frutos em cidades
se seguros e confortáveis para transitar, como Copenhagen e Nova Iorque que
ocupar e permanecer, parece ser uma nos últimos anos estão no caminho
das estratégias adotadas por Jan de repensar as decisões urbanísticas
2.1 CIDADE PARA PESSOAS Gehl. No documentário espanhol “La
Escala Humana” (2017), o arquiteto
com um olhar mais preocupado com
a dimensão humana. As cidades
demonstra, por exemplo, como a latinoamericanas ainda resistem à
análise da conversão de fluxos de quebra dos paradigmas massivos
A partir da segunda metade do século no planejamento dos espaços. A ruas destinadas aos automóveis para de cidade-produto, em especial as
12 XX, valores modernistas de que as consequência disso é o que se vê na ruas exclusivamente para pedestres, brasileiras, entretanto, é necessário 13
cidades são nocivas aos seres humanos maioria dos centros urbanos nos dias interfere diretamente na vitalidade dos o fomento de debates para captar o
e que edifícios independentes seriam a de hoje: espaços que se tornaram hostis centros urbanos. máximo de atenção de profissionais,
situação ideal, concepções de que a ao convívio humano, esquecidos pelas estudiosos, atores políticos e em
rua é apenas um local de passagem políticas públicas e um prato cheio para Pode parecer uma resposta simples, mas especial da futura geração de arquitetos
e onde avançar muros e recuar o mercado da especulação imobiliária, como ele observa, o mundo demorou e urbanistas.
construções tornaram-se o padrão, que de forma errática ocupa muitas
mitigaram a dimensão humana nas vezes a posição de agente urbanizador
cidades, reduzindo consideravelmente nas cidades.
a qualidade de vida nos centros
urbanos. Nesse sentido, as ideias veiculadas
pelo dinamarquês ao longo de sua
O arquiteto e urbanista dinamarquês carreira, endossam os preceitos do
Jan Gehl em sua obra intitulada Direito à Cidade de Henry Lefebvre
Cidade para Pessoas (2010), invoca (1968) que afirma ser a cidade uma
mais do que um registro de seus anos “mediação entre mediações”, ou seja,
de pesquisa, registra para o mundo um o cidadão como componente essencial
protesto contra as ideias dominantes para vitalidade das cidades, dessa
de planejamento urbano baseadas forma, as interações humanas são
nesses valores modernistas redutores peças necessárias para a qualidade
da dimensão humana nas cidades. dos espaços.

Gehl (2010), ressalta que a setorização A partir do momento que perdemos


das cidades, o esvaziamento das o olhar humano no desenho, e a
ruas e o isolamento dos cidadãos em cidade passa a ser encarada como
edifícios fechados ao convívio social, um mero produto, perdemos também
permitiu um esquecimento de valores oportunidades de oferecer espaços
que destacavam a escala humana confortáveis, seguros e democráticos.

Imagem 1: Exemplo de Cidade para Pessoas, vias largas para


o passeio, espaço convidativo, seguro e confortável para o
pedestre. Kruisplen, Roterdã, Países Baixos.
Fonte: Os autores (2019)
2.2 ESPAÇO URBANO CIDADÃO Essa mudança de paradigma, que
interpreta a cidade como um todo,
contrapondo a noção modernista
A visão contemporânea de cidade tem Os dois conceitos fundamentais para da individualidade e segregação
as pessoas como elemento central, de esse desenvolvimento são a Rua Cidadã funcional, retoma uma aproximação
modo que não só a escala humana, e a Arquitetura Urbana, que tratam mais humana da produção do ambiente
mas as trocas sociais e interações dos dos espaços públicos e privados, construído, onde o espaço público é o
cidadãos com a paisagem cultural respectivamente, sempre tendo por meio pelo qual a vida acontece e as
sejam valorizadas e respeitadas objetivo a fusão dos componentes que atividades privadas se conectam, tal
visando ao estabelecimento de cidades sintetizam e que possam se traduzir como nas cidades antigas.
mais justas, seguras, confortáveis e num espaço urbano fluido e capaz
capazes de cumprirem sua função de agregar as pessoas, promovendo O espaço urbano como um organismo
de aproximar as pessoas, afinal, a coexistência entre os diferentes, complexo cujas variáveis devem ser
somos seres sociais e tal como outras segundo Storch (2017), “é preciso a articuladas para promover o bem-
características humanas, devemos ser coexistência entre as diferentes pessoas estar, a segurança e o conforto do
adequadamente estimulados para que no espaço urbano, diante da condição cidadão, bem como a sustentabilidade
possamos atingir a plenitude dessa da vulnerabilidade humana.” econômica, ambiental e social.
condição.
Logo, o indivíduo que utiliza ou habita
Para que as cidades assumam essa a edificação deve, do interior, interagir ARQUITETURA URBANA: O EDIFÍCIO INTEGRADO AO
filosofia é necessário não somente com o desconhecido que está do lado ENTORNO
considerar os habitantes e usuários de fora, na rua, e vice-versa. Trata-
do lugar de maneira conjunta aos se também da forma como essas A conciliação entre os modelos antigo
elementos da paisagem, especialmente esferas se interpenetram, a transição e moderno de desenvolvimento das
a natural, mas que se estabeleça entre o público e o privado deve, à luz cidades ocorre na quadra aberta,
um planejamento capaz de estudar, desse entendimento, ser o mais sutil e conceituada nos anos 1970, e que
conceber e executar os espaços públicos natural possível, o que não significa propõe o uso conjunto de elementos
e privados de maneira integrada e desconsiderar as particularidades dos como a rua-corredor, característica das Imagem 3: Praça coberta entre dois
14 cidades tradicionais, e dos edifícios 15
complementar, conformando o Espaço usos das edificações e a singularidade edifícios estabelece transição entre espaço
Urbano Cidadão. do indivíduo. autônomos, símbolo da modernidade, público e privado. Miami, Flórida, EUA.
de maneira a aproveitar as vantagens Fonte: Os autores (2016)
oferecidas por cada um.

Uma abordagem desse tipo ressalta


a importância de que o projeto dos
espaços privados sejam guiados
pelo planejamento e relação com o
espaço público, de forma a favorecer
o bem comum e agregar qualidade à
cidade, tendo no horizonte o respeito
às preexistências e às especificidades
de cada lugar, é o que caracteriza o
conceito da Arquitetura Urbana.

De acordo com o Plano Centro Cidadão


(2018), são cinco as propriedades
espaciais fundamentais para sua
concretização: i) Permeabilidade,
física e visual; ii) Proximidade, com
a rua e entre as edificações; iii)
Proporcionalidade, com o entorno e
com a escala humana; iv) Variedade,
de formas e usos; e v) Viabilidade,
urbana e econômica.

Imagem 4: Pessoas sentadas na Piccadilly


Circus, em Londres, Inglaterra.
Fonte: Wikimedia (2014)
Imagem 2: Intervenções na Market Street
encorajam pessoas a se conhecer e desfrutar
a rua, em São Francisco, Califórna, EUA.
Fonte: Gehl People (2015)
2.3 RUA CIDADÃ
O conceito de Rua Cidadã é fortemente
explorado pelo estudo técnico do Plano
Centro Cidadão desenvolvido numa
parceira entre UNICAP e Prefeitura da
Cidade do Recife, ele considera a rua
como principal elemento da equação
do Sistema de Espaços Públicos de uma
cidade.

A rua, a partir daí, rompe com conceitos


modernistas de apenas espaço de Imagem 7: Exemplo de coexistência entre
passagem ou espaço destinado diferentes modais de transporte em Amsterdã,
ao fluxo de automóveis, e passa a Países Baixos. Fonte: Os autores (2019)
compreender uma função social de
agente democrático e de conector entre
espaços públicos e privados. MOBILIDADE que prevê diferentes tipos de usuários
dividindo o mesmo espaço público,
Assim sendo, o desenho urbano dotado Elemento urbano que diz respeito coexistindo.
de coerência e preocupado com a ao deslocamento da população no
qualidade, além de considerar esses espaço geográfico da cidade. Para Os fatores socioambientais também
elementos citados, também ocupa-se ser considerada adequada, deve- devem ser levados em conta, com
da segurança e conforto dos cidadãos, se observar alguns fatores como, preferência para os modais de
seguindo as premissas dos conceitos por exemplo, a qualidade e material transporte coletivo, que racionalizam o
de cidade atrativa, convidativa, viva, das superfícies das vias exclusivas uso das vias, bem como para pedestres
16 de Gehl. de transporte público, ciclofaixas e e ciclistas, cujo deslocamento é o menos 17
ciclovias, bem como das calçadas; se poluente entre todos.
Para alcançar este status de Rua é possível encontrar de forma clara e
cumpridora da função social, o Plano desimpedida sinalizações de trânsito A mobilidade também pode criar formas
Centro Cidadão apresenta quatro para todos os tipos de usuários. A de interação entre outros modais de
elementos urbanos que devem ser redução do leito carroçável e o estímulo transporte que não os convencionais
analisados e levados em consideração, Imagem 5: Conjunto residencial próximo à mobilidade ativa também podem ser que conhecemos aqui no Brasil, como
são eles: a) Mobilidade, b) Interface à Rue de Bercy, em Paris, França, como boas estratégias para o alcance de ônibus, metrô, bicileta e automóvel.
Arquitetônica, c) Vegetação e d) Mobiliário exemplo de interface arquitetônica. uma rua mais cidadã e atrativa. Ela pode e deve tirar partido de outros
Urbano/Infraestrutura. Fonte: Os autores (2019) modais, muitas vezes mais condizentes
Atender aos preceitos de uma boa com a realidade brasileira, como o
mobilidade confere à rua mais transporte fluvial.
diversidade, segurança e vida, uma vez

Imagem 6: Ilustração demonstrando o encontro entre a rua cidadã (região em amarelo) e Imagem 8: Exemplo de coexistência entre
a Arquitetura Urbana (em azul). Fonte: Duarte, Clarissa (2005) diferentes modais de transporte em Amsterdã,
Países Baixos. Fonte: Os autores (2019)
2.3 RUA CIDADÃ VEGETAÇÃO sombreamento adequado aos usuários,
e aquelas que o fazem em sua maioria
A natureza no espaço urbano é um dificultam ou impedem o deslocamento
importante fundamental. A presença sobre a calçada.
INTERFACE ARQUITETÔNICA Edifícios de uso misto com o térreo
de sombreamento das árvores pode
ocupado por atividades de comércio,
Elemento urbano que conecta as faces serviços ou culturais, devem dialogar ajudar a amenizar a temperatura,
das edificações com a rua. Também se com os pedestres, tornando-se atenuando o efeito das ilhas de calor
consideram interfaces as edificações atrativos. É um mecanismo que reativa e gerando uma maior sensação de
e elementos erigidos nos limites dos os centros das cidades e deve ser conforto para o cidadão.
lotes, sendo o elemento que impacta sempre estimulado.
diretamente nas relação rua/usuário. Além da arborização, entra no cômputo
Em nosso local de estudo, verifica- do elemento vegetação a existência
Nesse sentido, a rua cidadã também se pouca qualidade das interfaces de elementos naturais como a fauna
passa pelo cuidado e preocupação da arquitetônicas, a maioria se isola do e corpos d’água, que contribuem
esfera particular para com o público. contexto urbano, oferecendo gradis ou também para a amenização ambiental
Edificações com fachadas cegas, grandes muros cuja permeabilidade é nas cidades.
fechadas ao exterior, potencializam a nula.
sensação de afastamento, segregação Entretanto, é válido mencionar que caso
e insegurança. a vegetação não seja adequadamente
planejada, pode se tornar um
Assim, precisamos resgatar os valores problema para o espaço urbano. Ao
de viligância social de Jane Jacobs que invés de proteger das condicionantes
em sua obra Vida e Morte das Grandes climáticas, pode trazer insegurança,
Cidades ressalta a necessidade de interferência visual e até mesmo afetar
permeabilidade visual e proximidade a acessibilidade, prejudicando pessoas
entre as pessoas para produzir cidades cegas, indivíduos com mobilidade
mais vivas, saudáveis e seguras, com reduzida e idosos.
18 “olhos para a rua”. 19
Por isso, é importante que sejam
A interface arquitetônica também está adotadas espécies apropriadas ao
Imagem 9: Conjunto habitacional próximo local, com continuidade e proporção.
relacionada ao uso a que se destinam à Rue de Bercy, em Paris, França. Exemplo
as edificações, sendo a fachada ativa de interface conectada diretamente à rua Imagens 11 (acima) e 12 (abaixo):
essencial nessa relação com o espaço e preocupada com a escala humana no Na área de estudo, a vegetação Arborização ao longo da Rue de Bercy, Paris,
público. projeto. Fonte: Os autores (2019) em grande parte não fornece França. Fonte: Os autores (2019)

Imagem 10: Interface Arquitetônica,


Antuérpia, Bélgica. Projeto vencedor
de concurso e desenvolvido pelo
escritório belga B-Architecten.
Fonte: Os autores (2019)
2.3 RUA CIDADÃ
MOBILIÁRIO E INFRAESTRUTURA

Elemento urbano que se refere aos


objetos utilitários ou equipamentos
que suportam as atividades dos
cidadãos nos espaços públicos,
podendo estar presentes nos parques,
praças e calçadas. Além disso, inclui a
iluminação pública e demais sistemas
utilitários, como fornecimento de
energia, de água e gás, coleta de
esgoto, e comunicação.

Importante destacar que na análise


do mobiliário e infraestrturua a
qualidade dos materiais deve ser
levada em consideração, assim
como da iluminação, que interfere
diretamente no conforto e na sensação
de segurança. O mobiliário escolhido
deve ser adequado às condicionantes
climáticas do local.

Na área de estudo podemos inferir que


20 há escassez de mobiliário urbano. Não 21
há, por exemplo, lixeiras suficientes
ao longo dos passeios. Além disso,
o posteamento não cumpre com sua
função primordial de iluminação, ainda
obstruindo a passagem e dificultando a
caminhabilidade.

Por outro lado, podemos encontrar Imagem 13: Exemplo de Mobiliário e


uma praça (Praça Poço da Panela) e um Infraestrutura em Gantes, Bélgica. Aqui
pequeno parque na região, no qual as tomou-se como partido o relevo da área
condições de mobiliário se encontram para executar os bancos e distribuir os
adequadas. postes. Fonte: Os autores (2019)

Imagem 14: Exemplo de Mobiliário e Infraestrutura em Roterdã, Países Baixos. Banco de


material reciclado executado pela comunidade. Fonte: Os autores (2019)
3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

3.1.1 Atores históricos
3.1.2 A Comunidade

3.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS

3
CARACTERIZAÇÃO
GERAL DA ÁREA
DE ESTUDO

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS Esse fato também é presente nos estudos
de Menezes (2019) que esclarece que
as “águas do poço aberto foram úteis
O Bairro do Poço da Panela tem suas da água daquela localidade”. Já em epidemias” e que o lugar se tornou
origens nas iniciativas de facilitar o para outros, o nome adveio de uma centro das atenções da população
escoamento da produção açucareira estrutura de barro criada para segurar com melhores recursos financeiros,
dos antigos engenhos da região. De as paredes de um poço feito num olho provocando a divisão das terras
acordo com Menezes (2019), tudo d’água descoberto. restantes em sítios, lotes e praças.
remonta ao ano de 1802 quando a
Câmara de Olinda decidiu reabrir um Fato é que, qual seja a origem do O bairro do Poço da Panela passa por
antigo caminho a pedido dos engenhos nome, a história do bairro está ligada seguidas configurações espaciais para
de Casa Forte, Monteiro e Dois Irmãos. ao surto de cólera que assolou o acomodar a população crescente,
Recife no final do Século XVIII, quando tendo vivido na enchente de 1975
Ainda de acordo com o estudioso, o os médicos da cidade passaram a uma importante reconfiguração Imagem 17: Casarão no Poço da Panela.
antigo caminho foi nomeado como aconselhar as pessoas mais ricas a irem socioeconômica: muitos moradores IPHAN. Fonte: Menezes (2019)
Estrada Real e a partir de então a para as bandas do povoado banhar- se mudaram, mais notadamente
ocupação humana tomou corpo no se no trecho do Capibaribe que por aqueles de baixa renda que tiveram
local. Ainda no século 19, com o ali passava, pois tinha propriedades de ser removidos de outros bairros e
parcelamento das terras do Engenho medicinais (SILVA, 2009). municípios (LIMA et al, 2016).
Casa Forte, foram sendo instaladas
mais moradias ao longo das margens
do Rio Capibaribe, surgindo, de um
lado, o povoado da Ponte de Uchôa,
e de outro, na direção Sul, nas
proximidades de uma capela e do
pátio do engenho, o do Poço da Panela
(MENEZES, p. 120, 2019).
24 25
A região alcança a denominação de
Povoação em meados de 1817 com
a permissão de um alvará e com a
construção da Paróquia de Nossa
Senhora da Saúde. Já o curioso nome
Poço da Panela é objeto de celeuma Imagem 18: Residência onde morou o
entre os historiadores, Cavalcanti litógrafo Henrich Carls.
(p.309, 2018), afirma que o nome Imagem 15: Casarão no Poço da Panela. Fonte: Menezes (2019)
se deu em “virtude de uma panela IPHAN. Fonte: Menezes (2019)
de barro que foi colocada no fundo
do poço para melhorar a qualidade

Imagem 19: Litografia do Poço da Panela


em 1878. Fonte: Menezes (2019)
Imagem 16: Poço da Panela em 1847
Fonte: Bassler, W. Poço da Panela. Litografia,
1847. Fonte: Certeza, G. Raras e Preciosas
Vistas e Panoramas do Recife, Fundarpe (1984)
3.1.1 ATORES HISTÓRICOS HEINRICH CARLS
Franz Heinrich Carls, foi um desenhista,
ANNA PAES JOSÉ MARIANO fotógrafo e artista gráfico alemão que
chegou ao Brasil em 1859, e morou no
Anna Gonsalves Paes de Azevedo é Assim como Joaquim Nabuco, José bairro do Poço da Panela, onde fundou
um principais personagens históricos Mariano era membro da associação uma das primeiras casas de litografia
do Bairro do Poço da Panela, e de emancipatória Clube do Cupim, de Pernambuco, a Casa Litographica
acordo com Gaspar (2009), nasceu em fundado em 1884, que alforriava, (SILVA, 2012). Em seu atelier trabalhou
meados de 1617, filha dos portugueses defendia e protegia os escravos o artista suíço Luiz Schlappriz e o pintor
Jerônimo Paes de Azevedo e Izabel (VAINSENCHER, 2009), com sua alemão H. Moser, cujas obras são até
Gonsalves Paes, sendo, portanto esposa, atuou fortemente no movimento hoje admiradas e responsáveis por
proprietária das terras do Engenho abolicionista ajudando diretamente seu ajudar a reconstituir parte da vida
Casa Forte. amigo Joaquim Nabuco a ser eleito cotidiana da cidade do Recife daquela
deputado-geral. Ainda de acordo com época.
Considerada mulher à frente de seu Vaisencher (2009), foi trancafiado Imagem 23: Igreja de Nossa Senhora da
tempo, devido a sua maneira avançada na fortaleza do Brum e quando solto Saúde, Poço da Panela, Recife.
para a época, suas atitudes em relação assumiu uma cadeira de deputado, Fonte: Os Autores (2020)
aos holandeses e sua conversão ao tendo atuado até o fim da vida em prol
calvinismo (GASPAR, 2009). das questões abolicionistas. Hoje em
dia há um busto em sua homenagem
no bairro.
3.1.2 A COMUNIDADE
CAPITÃO HENRIQUE MARTINS Chama atenção nos arredores do Aí reside a explicação da ocupação
Poço da Panela, comumente associado mais espontânea da população de
Não se sabe muito a respeito da sua a uma população de renda mais baixa renda se dar às margens do rio,
história, contudo, pelo que se depreende alta, a existência de um significativo que além da já citada subsistência,
26 da obra de Menezes (2019), era o assentamento popular às margens do proporcionou aos habitantes o controle 27
dono de importantes propriedades da Rio Capibaribe. e uso do tráfego fluvial.
região como Sítio das Jaqueiras e Ponte
d’Uchoa, tendo sido o responsável Não há muitos estudos sobre a Segundo levantamento de 2017, mais
pela construção da Paróquia de Nossa chegada e permanência desses de mil pessoas vivem na comunidade,
Senhora da Saúde no bairro do Poço moradores na região, contudo, os que se relaciona de maneira muito
da Panela. estudos de Lima et al (2016) revelam peculiar com o entorno, numa outra
que, na verdade, o Poço da Panela tem escala de cidade: mais verde,
sido alvo de especulação imobiliária conectada à paisagem natural, onde
há décadas, mais notadamente a partir o clima de cidade interiorana domina
OLEGÁRIA MARIANO (DONA OLEGARINHA) da instauração da Liga Social Contra apesar da luta diária pelo direito à
o Mocambo, em meados de 1940, e moradia digna.
Personagem importante na narrativa o consequente expurgo da população
histórica do Poço da Panela, Olegária dos mocambos para outros bairros A comunidade constitui a Zona
Mariano ou Dona Olegarinha, foi menos adensados. Especial de Interesse Social (ZEIS)
uma importante referência para a Poço da Panela, área protegida pela
comunidade negra, uma vez que junto Nesse período alguns moradores legislação e cujo direito de ocupação
a seu marido, foi um dos principais juntaram-se para habitar as margens é assegurado aos moradores. Essa
elementos do movimento abolicionista alagadas do rio em razão da relação com delimitação legal e urbana também
em Pernambuco (VAINSENCHER, as atividades de pesca. Tal informação prevê o desenvolvimento de políticas de
2009). é corroborada por reportagens feitas urbanização, regularização e titulação,
na região que elucidam que na década tendo em vista o direito fundamental à
Ajudou a acolher diversos escravos de 1950, subsequente às políticas moradia e o cumprimento da função
na Casa do Poço e dali mesmo higienistas do governador Agamenon social do solo urbano, como previsto na
encaminhava-os em segurança para Magalhães, muitas famílias passaram Constituição de 1988 e regulamentado
outros locais, chegando mesmo a Imagens 20, 21 e 22: As representações a construir suas casas perto do rio, que pelo Estatuto da Cidade, de 2001.
dispor de bens materiais para perseguir artísticas de Anna Paes (no alto), Dona por muitos anos serviu como fonte de
seu intento de justiça. Olegarinha (embaixo à esquerda), e José renda e alimentação.
Mariano (embaixo à direita). Fonte: Fundaj
3.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS A área de estudo é disciplinada e
regulada pelas seguintes zonas e
de Ambiente Natural), assim como
o curso d’água do rio propriamente
setores: dito, que faz parte de uma Unidade
A legislação do Recife tem como natural, histórica e cultural, bem como de Conservação Natural (UCN). São
principais instrumentos de regulação das tipologias arquitetônicas existentes. • São aplicados os parâmetros da áreas definidas de modo a preservar
urbana o Plano Diretor (Lei Nº Zona de Ambiente Construído (ZAC) as características naturais da paisagem
17.511/2008) e a Lei de Uso e No que se refere ao zoneamento, são Controlada II; urbana e preservar os ecossistemas;
Ocupação do Solo (Lei Nº 16.176/96), delimitadas as regiões das macrozonas:
que se encontram em processo de MAC, Macrozona do Ambiente • Dentro da Área de Reestruturação • ZEIS Poço da Panela, Zona
revisão, e estabelecem parâmetros, Construído, e MAN, Macrozona do Urbana (ARU), tem o território inserido Especial de Interesse Social. Segundo
limitações, incentivos e diretrizes Ambiente Natural; e suas subdivisões no Setor de Reestruturação Urbana 3 o Plano Diretor (2008) “são áreas
para o desenvolvimento da política sendo as três Zonas de Ambiente (SRU-3), caracterizado por margear de assentamentos habitacionais de
urbana e territorial. Também há outros Construído – ZAC, e as quatro Zonas o Rio Capibaribe e ter ocupação população de baixa renda, surgidos
instrumentos como a Lei de Edificações, de Ambiente Natural – ZAN. com tipologia predominantemente espontaneamente, [...] onde haja
a Lei de Parcelamento do Solo, e unifamiliar; possibilidade de urbanização e
decretos e leis complementares que Além disso, são definidas as chamadas regularização fundiária e construção
pormenorizam aspectos específicos. Zonas de Diretrizes Específicas - ZDE • Parte do território está contida na de habitação de interesse social”;
(ZEPH, ZEIS, ZEPA, ZEA, ZEAI), que ZEPH 5, Zona Especial de Preservação
O bairro do Poço da Panela faz parte do compreendem áreas que necessitam de do Patrimônio Histórico-Cultural. • Setores de Sustentabilidade
zoneamento da Área de Reestruturação parâmetros especiais para regulação Constituída pelo Setor de Preservação Ambiental 2 (SSA-2): o número 50
Urbana (ARU), delimitada na Lei de uso e ocupação do solo. Rigorosa (SPR-1), cujas áreas requerem (no entorno da Praça Poço da Panela),
dos doze Bairros (Lei Nº 16.719), cuidados na manutenção, restauração e o 49 (no entorno da Praça Virgílio
de 2001. Nela foram definidos A adoção de uma legislação mais e compatibilização com o sítio; e o Setor de Oliveira). Os referidos setores são
parâmetros urbanísticos com objetivo restritiva tem sido fundamental para de Preservação Ambiental (SPA-1), que áreas no entorno de praças e parques,
de limitar e compatibilizar o ambiente a manutenção das características fica na transição entre o setor anterior estas classificados como Unidades de
construído com a infraestrutura de tão valorizadas no Poço da Panela, e e áreas de parâmetros urbanísticos Equilíbrio Ambiental – UEA.
cada bairro, buscando equilíbrio entre especialmente para conservação de menos rigorosos;
desenvolvimento e conservação das suas tipologias e forma de ocupação, No Mapa de Zoneamento é possível
28 • A porção às margens do Rio Capibaribe visualizar os limites de cada zona e 29
características singulares da paisagem bem como da paisagem consolidada.
faz parte da ZAN Capibaribe (Zona setor, bem como imóveis especiais.

Imagem 24: Sobreposição de zonas e setores da


legislação urbana do Recife sobre fotogrametria.
Fonte: ESIG PCR (2013).
LEGENDA

ARU - Área de Reestruturação Urbana


(Lei dos Doze Bairros - Nº 16.719/2001)

SRU 2 - Setor de Reestruturação Urbana 2

SRU 3 - Setor de Reestruturação Urbana 3

ZEPH 5 - Zona Especial de Preservação do


Patrimônio Histórico-Cultural

SPR 1 - Setor de Preservação Rigorosa

SPA 1 e 2 - Setor de Preservação Ambiental

ZEIS - Zona Especial de Interesse Social

ZEIS Poço da Panela

Imóveis Especiais e Unidades Protegidas

IEP - Imóvel Especial de Preservação

SSA2 - Setor de Sustentabilidade Ambiental 2

IPAV - Imóvel de Preservação de Área Verde

Área Verde, Praça, Parque

Limite de Bairro
Fonte: ESIG PCR

MAPA DE ZONEAMENTO DO
POÇO DA PANELA
4.1 POR UMA CIDADE PRESERVADA
E PRODUTIVA

4.1.1 Identidade
4.1.2 Proporcionalidade
4.1.3 Densidade
4.1.4 Diversidade

4.2 POR UMA CIDADE INTEGRADA


E INCLUSIVA

4

4.2.1 Acessibilidade
4.2.2 Multimodalidade
4.2.3 Conectividade
4.2.4 Colaboração

LEITURA
4.3 POR UMA CIDADE HUMANIZADA,
SEGURA E CONFORTÁVEL URBANA

4.3.1 Permeabilidade DO LOCAL
4.3.2 Caminhabilidade
4.3.3 Vegetalização
4.3.4 Iluminação

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
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34 AD 35

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A análise deste capítulo segue as analisadas, podendo indicar um maior
LID

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diretrizes dos estudos realizados pela ou menor grau de intensidade, são três, A

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Universidade Católica de Pernambuco entre cada um dos aspectos levantados.

IZA
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(UNICAP) em parceria com a Prefeitura TI

ÇÃ
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O
I
da Cidade do Recife (PCR) na iniciativa Serão analisadas ao todo doze

ÃO
M

ACESS
do Plano Centro Cidadão, iniciado no qualidades urbanas, agrupadas em
ano de 2014. três grupos de afinidade e distintos por
cores:
O procedimento metodológico é
fundamentado na leitura das qualidades • Identidade,

INTEGRADO
INCLUSIVO
urbanas responsáveis por caracterizar • proporcionalidade,
o território, sempre tomando como • densidade,
base os preceitos de Espaço Urbano • diversidade,
Cidadão, também presente no estudo • permeabilidade,
mencionado. • caminhabilidade,
• vegetalização,
O intuito é a construção de um gráfico • iluminação,
capaz de identificar o nível de qualidade • acessibilidade,
que determinado indicador urbano • multimodalidade,
possui em um dado território. • conectividade e
• colaboração.
O diagrama é fruto do método do
escritório holandês MVRDV (2012),
responsável por diversos projetos de
arquitetura e urbanismo no mundo. A
análise é descrita como Urban Quality Imagem 25: Gráfico Margarida do “Espaço
Wheel, uma margarida cujas pétalas Urbano Cidadão”. Fonte: Plano Centro
são caracterizadas pelas qualidades Cidadão (2018)
POR UMA CIDADE
PRESERVADA E
PRODUTIVA

4.1
4.1.1 IDENTIDADE
4.1.2 PROPORCIONALIDADE
4.1.3 DENSIDADE
4.1.4 DIVERSIDADE
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A identidade é o item responsável e Janela (4,10%), Casarão (1,50%),

ÃO
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M
por verificar a capacidade de um Edifício Caixão (4,10%), Templos
determinado local em expressar sua (0,50%) e Outros (1,00%).
essência através do tipo arquitetônico.

INTEGRADO
INCLUSIVO
A identidade também é o elemento Importante destacar que o tipo Sobrado
que irá afirmar o patrimônio existente (ARAGÃO, 2017), se caracteriza por
como importante atrativo sócio cultural construções de uso residencial comuns Unidade de medida: Tipos
e econômico do lugar. à paisagem brasileira do oitocentos, arquitetônicos.
localizadas de frente para a rua ou
Seguindo a análise proposta pelo Plano de esquina. No Recife, emerge ante o Grau de identidade: Recorrência

O
POÇ
Centro Cidadão (2014), a verificação “espaço sobrado” dos lotes. de tipos arquitetônicos similares.

L DO
REA
de tipos arquitetônicos similares será

A
RAD
elemento definidor de identidade da

EST
área: “quanto maior a recorrência de
um mesmo tipo ou conjunto de tipos,
maior o grau de identidade tipológica R. M
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de uma área. CO

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Na área de análise foram encontrados

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ao todo 09 (nove) tipos arquitetônicos

IRM
distintos, dentre estes o que detém o

R.
maior percentual é o tipo classificado
como Casa Mínima Popular (65,10%).

EIRA
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DE
38 Outros tipos residenciais compreendem

LIO
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os seguintes percentuais: Casa Solta Imagem 26: Exemplo de sobrado

IRG
R. Á

R. V
L VAR
no Lote (12,30%), Sobrado (7,30%), encontrado no bairro. Fonte: Google Street OM
ACE
Casa Sem Recuo (4,10%), Casa Porta View (2020) DO

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0 5 20 40 m
IDENTIDADE - ÁREA 6
65,10% ESCALA 1:2000

CASA SEM RECUO LATERAL


CASA MÍNIMA POPULAR

CASA PORTA E JANELA


CASA SOLTA NO LOTE

Imagem 27: Casarão na esquina da Estrada Real do Poço com a Rua Álvaro 7,30%
12,30%
4,10% 0,50% 4,10%
4,10% 1,50%

EDF. CAIXÃO
1,00%
Macedo, ao fundo o Bar do Vital. Fonte: Os autores (2020)
SOBRADO

TEMPLOS

CASARÃO

OUTROS
...
Apesar do tipo Casa Mínima Popular Constatou-se através de visita à área TIPOS EXISTENTES
predominar sobre os demais tipos de estudo que aquela poderia ser
arquitetônicos, percebemos que a melhor qualificada se houvesse o A denominação “Casa Mínima Popular”
distribuição da ocupação do solo é devido cuidado com a elaboração de foi considerada a mais adequada
bastante desigual: de um lado, grandes políticas urbanas que beneficiassem a para definir as variedades presentes
porções de solo destinados à uma comunidade existente na região. nos assentamentos de baixa renda
residência e, de outro, uma porção da região. As variações percebidas
menor de solo mais adensado, onde se Portanto, a valorização dos espaços e são reflexos de tipologiais tradicionais
estabelece uma comunidade de baixa valores populares, bem como a busca (Sobrado, Casa de Porta e Janela, e Casa
renda. por uma cidade justa e democrática, Solta no Lote) adaptadas às condições
sob a ótica do Espaço Urbano socioeconômicas dos habitantes.
Sendo assim, Casas Soltas no Lote Cidadão, são fatores cruciais para o
apesar de representar apenas 12,30% fortalecimento da identidade de um Segundo Aragão (2017), o tipo sobrado
do percentual dos tipos arquitetônicos, território, além de peças fundamentais apresenta-se de uma forma distinta
apresenta grande impacto na ocupação para a preservação do patrimônio na cidade do Recife: tendo “empenas
do solo e na identidade local, fazendo histórico e imaterial do local. laterais dos edifícios, os telhados
com que este atributo seja qualificado extremamente inclinados, a construção
em grau médio. mais estreita”.
A presença das Casas Soltas no lote na Aproveitando o ponto de partida das
área de estudo representam espaços construções características do Recife,
destinados à população de alto poder destacam-se ainda os Casarões, que
aquisitivo, isoladas por grandes muros, nas palavras de Menezes (2019) são
evidenciando o distanciamento social marcos do século XIX que representam
típico das cidades brasileiras, além uma mudança no estilo de vida da
de baixo grau de vigilância social alta sociedade da época, que elegeu
e ausência de um Espaço Urbano áreas afastadas do centro urbano para
Cidadão. Imagem 28: Casas mínimas populares
40 ocupar, reproduzindo um estilo de vida
presentes no Largo Poço da Panela. mais semelhante ao Europeu, dando
Fonte: Google Street View (2020) início às construções de Casarões,
Solares e Palacetes.

Em termos de patrimônio arquitetônico,


além do tradiconal casario, tem-se a
Igreja de Nossa Senhora da Saúde,
único exemplar da categoria “Templos”
na área de estudo, e que também
contribui na construção da paisagem
cultural do Poço da Panela.

Apesar das contradições identificadas


no território, com diferenças sociais
solidificadas na identidade tipológica
da área, observa-se, de acordo com
Menezes (2019), que o bairro do Poço
da Panela ainda resguarda uma boa
escala das edificações, numa busca
diferenciada da forma de habitar a
cidade.

Ao lado, a correspondência entre os


tipos arquitetônicos identificados e os
registros de alguns dos exemplares
presentes no trecho estudado, de modo
a explicitar os critérios estilísticos e
formais da classificação adotada.
Imagem 29: O contraste entre os muros altos que predominam nos imóveis mais valorizados
e as moradias mínimas da Rua Marechal Bittencourt. Fonte: Google Street View (2020)
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A proporcionalidade edificada de

ÃO
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M
uma área pode ser medida a partir
do equilíbrio entre os gabaritos das

INTEGRADO
edificações. Assim, quanto mais a

INCLUSIVO
massa edificada compuser uma relação
harmoniosa entre seus gabaritos, maior
será a proporcionalidade do local. Unidade de medida: Gabarito.

Pode-se dizer que a área analisada Grau de proporcionalidade:


possui alta proporcionalidade, sendo Percentual de variação de gabaritos
50,25% das edificações térreas, 46,19% (quanto menor a variação, maior a
com dois pavimentos e 3,55% com três proporcionalidade).
pavimentos.

A proporcionalidade pode então estar


relacionada aos tipos arquitetônicos
da área, classificados anteriormente
no mapa de identidade. Observa-
se que existe uma grande harmonia
entre os gabaritos, sendo que as
edificações mais altas possuem apenas
três pavimentos, respeitando a escala
predominantemente residencial da
área, composta por casas.
42
Ressalta-se que esse elemento
urbano se refere à relação entre as
edificações e o seu entorno. Apesar de
a relação quanto à escala humana ser
fundamental para a construção de um
espaço urbano cidadão, e, portanto,
definidora de uma arquitetura urbana Imagem 30: Sobrado na esquina da Estrada
e uma rua cidadã, essa varíavel não é Real do Poço com a Rua Visconde de
aqui pormenorizada. Araguaya. Fonte: Os autores (2020)

N
0 5 20 40 m
PROPORCIONALIDADE - ÁREA 6

3 e 4 Pavimentos ESCALA 1:2000


(3,55%)
LEGENDA

TÉRREO 50,25%
2 PAVIMENTOS 46,19%
3 E 4 PAVIMENTOS 3,55% Térreo
Imagem 31: Visão aérea do trecho analisado do bairro do Poço da Panela. Percebe- (50,25%)
se a homogeneidade dos baixos gabaritos. Fonte: Google (2020) 2 Pavimentos
(46,19%)
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INTEGRADO
INCLUSIVO
Unidade de medida: Número de
habitantes por hectare (densidade
populacional).
Imagem 32: Quadra menos densa do Poço Imagem 33: Quadra mais densa do Poço da
da Panela, com 16,25 hab./ha. Panela, com 690,22 hab./ha. Grau de densidade: Valor maior
Fonte: Google (2020) Fonte: Google (2020) ou menor da relação hab/ha (ref:
maior ou igual a 300 hab/ha é alta
densidade; menor ou igual a 100
hab/ha é baixa densidade).

DENSIDADE
Para termos uma cidade viva e pulsante e a desigualdade no acesso ao solo
são necessárias pessoas circulando nas urbano, um pequeno excerto de um
ruas, desenvolvendo suas atividades de cenário que se repete por toda a cidade
maneira dinâmica, com acesso próximo do Recife e Região Metropolitana.
44 e facilitado a serviços e comércio, com
os trajetos preferencialmente realizados Na porção mais ao Nordeste do
a pé ou de bicicleta, incentivando a trecho, caracterizada por ocupação
mobilidade ativa. regular e loteada, casas implantadas
em terrenos amplos promovem uma
Um dos aspectos mais importantes ocupação rarefeita com densidades
ao conceber o espaço urbano é o baixas, perfazendo mais da metade
controle das densidades construtiva, (53,30%) do território. Tem-se nessa
habitacional e populacional, esta área a densidade mais baixa (16,25
última levantada e analisada aqui, de hab./ha) encontrada no estudo, na
modo a estabelecer um equilíbrio entre quadra conformada pela Estrada Real
ocupação do solo e sustentabilidade do Poço com as Ruas Médico Mário
econômica, social e ambiental. Guimarães, Irmã Maria da Paz e Álvaro
Macedo (imagem X).
Certamente novas discussões acerca
do adensamento urbano emergirão Em contraste, vemos próximo ao Rio
após a pandemia do COVID-19, mas Capibaribe as ocupações informais da
até aqui é desejável uma densidade ZEIS Poço da Panela com densidades
acima de 250 habitantes por hectare, de média a alta. Aqui o que se verifica
segundo Leite (2012), porém com são moradias em sua maioria em
ocupação adequada às condicionantes condições não ideais e geralmente N
e capacidades da infraestrutura do amontoadas, mesmo que ainda com 0 5 20 40 m
DENSIDADE POPULACIONAL - ÁREA 6
local. algum ordenamento em certas regiões,
com valores que chegam a 690,22 ESCALA 1:2000
Entre as contradições encontradas hab./ha, o caso da quadra existente Alta Densidade
no território do Poço da Panela na extremidade próxima ao rio da Rua LEGENDA (11,30%)
estudado, a densidade escancara a Virgílio de Oliveira. SEM HABITAÇÃO 0%
falta de planejamento do território
1 - 100 HABITANTES/HECTARE 53,30%
100 - 300 HABITANTES/HECTARE 35,55%
Baixa Densidade
>300 HABITANTES/HECTARE 11,13% (53,30%)
Média Densidade
(35,55%)
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io Vitrúvio

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Rua Antôn

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INTEGRADO
INCLUSIVO
Unidade de medida: Variação de
usos.

R. V
Imagem 34: Uso habitacional unifamiliar na

is
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Rua Tito Lívio Soares. Fonte: Google (2020) Grau de diversidade: Relação

e de
equilibrada do percentual do uso

Arag
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residencial e demais usos.

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R. M
DIVERSIDADE édic
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a
A diversidade de uma área está e cultural, religioso e comercial (0,1%

rad
Est
relacionada aos diferentes usos cada).
presentes. Eles podem contribuir para
gerar uma cidade mais movimentada, Nota-se que ao ter um grande

Largo
trazendo benefícios à população local, percentual de habitações, a diversidade

s
oare
Poço

Paz
mas para que isso ocorra é necessário é classificada como baixa, uma vez que

oS
da
da Pa
que haja um equilíbrio entre o uso não há um equilíbrio adequado com os

rmã

Lívi
nela

R. I

ito
habitacional e os demais usos de modo demais usos. Tal fato pode gerar alguns

R. T
a garantir desenvolvimento econômico, efeitos indesejáveis na região, como
46 segurança e sustentabilidade. esvaziamento de suas vias nos finais de
semana e durante o período noturno. R. Á
lvar
Assim, um lugar não pode ser oM
ace
do
considerado diverso se não há volume Para mitigar esses efeitos indesejados
populacional combinado a um conjunto é necessário incentivar o uso misto
de atividades complementares, visando nas edificações, mais notadamente

ira
atender as necessidades dos variados dos pavimentos térreos, diretamente

live
R. M

eO
tipos de usuários. conectados com a rua, buscando al.

io d
Bite
a fundamental integração entre os nco

irgíl
urt

R. V
Na área analisada percebe-se que espaços públicos e privados para que
há uma diversidade baixa de usos. O sejam mais atrativos, confortáveis e
que se destaca com maior percentual seguros aos usuários.
é o uso habitacional, seja este informal
(58,10%) ou formal (30,10%).

Um fato que chama a atenção é a


existência de uma edificação gerida
pelas Forças Armadas, cujo lote possui
grande área, que serve de residência
para os funcionários. Não há prestação N
de serviços oficiais nesse local, motivo 0 5 20 40 m
pelo qual optou-se pela classificação de DIVERSIDADE - ÁREA 6
uso como sendo do tipo habitacional. ESCALA 1:2000

USO MISTO (HABITACIONAL + COMERCIAL)


Os demais usos se encontram com

USO MISTO (HABITACIONAL + SERVIÇO)


Imagem 35: Uso habitacional multifamiliar
índices abaixo de 10% como por

HABITAÇÃO FORMAL MULTIFAMILIAR


HABITAÇÃO INFORMAL UNIFAMILIAR

em Casa Mínima Popular na Estrada Real do


HABITAÇÃO FORMAL UNIFAMILIAR

exemplo: uso misto (3,5%), espaço 58,10%


Poço. Fonte: Google (2020)
vazio/sem uso (2,2%), serviço (1,3%)
30,10%
VAZIO / SEM USO

COMERCIAL
RELIGIOSO

CULTURAL
2,60% 1,70%

SERVIÇO
2,20% 1,70% 1,30% 1,30% 0,4% 0,4%
POR UMA CIDADE
INTEGRADA E
INCLUSIVA

4.2
4.2.1 ACESSIBILIDADE
4.2.2 MULTIMODALIDADE
4.2.3 CONECTIVIDADE
4.2.4 COLABORAÇÃO
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A acessibilidade se apresenta em com largura menor do que 2,50 m

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ACES
M
múltiplas dimensões, incluindo aquelas e 16,5% apresentam pavimentação
de natureza atitudinal, tecnológica, em mau estado de conservação.
comunicacional, física, dentre A descontinuidade dos passeios é

INTEGRADO
INCLUSIVO
CALÇADAS ACESSÍVEIS
outras. Nesta pesquisa, focaremos casualmente ocasionada pelas raízes (30,80%)
a acessibilidade física nas calçadas de árvores frondosas, desgastes e má
enquanto atributo que possibilita a conservação pública e privada. Unidade de medida: Metros
locomoção de pessoas de maneira fácil, lineares de calçadas com
segura e confortável. Consideraremos Outro fator que promove a CALÇADAS NÃO ACESSÍVEIS
conservação, continuidade e largura
aqui as propriedades fundamentais que descontinuidade são postes e a (69,20%) simultaneamente adequadas.
os passeios púbicos devem apresentar arborização no meio do passeio, além
para promover esse atributo: a) permitir da existência de rampas de automóveis Grau de acessibilidade:
um passeio contínuo, sem obstáculos; b) (para acesso as garagens com Percentual de calçadas com
apresentar bom estado de conservação inclinação e localização irregulares, conservação, continuidade e largura
de sua pavimentação e c) ter largura inviabilizando também um caminhar simultaneamente adequadas.
Ttrecho com
adequada para o deslocamento contínuo e seguro. calçada acessível
de pessoas, incluindo pessoas com (calçada larga,
contínua e em
mobilidade reduzida (PMR). Quanto à conservação da bom estado de
pavimentação, surpreendentemente conservação)
Assim, ao analisar as calçadas 67,3% dos passeios encontram-se
do território, foram aferidas três em bom estado. A largura média
características: a) a continuidade; das calçadas fica em torno de 2 m
b) o estado de conservação e c) a e é claramente incompatível com
largura. Em seguida, foi identificado implantação de faixa acessível para
50 o percentual de calçadas com pedestres (com no mínimo 1,20 m) e a
conservação, continuidade e largura existência de árvores de grande porte
simultaneamente adequadas para se (que exigem alegretes de no mínimo
identificar o grau de acessibilidade 1,50 m x 1,50 m), além de postes
local. e lixeiros, obrigando as pessoas a
caminharem muitas vezes pelo leito da
A acessibilidade da área é visivelmente via. O somatório de tudo isso resulta
precária, apresentando 63,4% de suas em 69,2% de calçadas inacessíveis,
calçadas descontínuas (com obstáculos caracterizando um baixo grau de
em seu percurso), mais de 92,2% acessibilidade na área.

N
0 5 20 40 m
ACESSIBILIDADE - ÁREA 6
QUANTO AO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA QUANTO À CONTINUIDADE DOS FLUXOS DE ESCALA 1:2000
PAVIMENTAÇÃO PEDESTRES (PRESENÇA DE OBSTÁCULO VERTICAIS) QUANTO À LARGURA

BOM CONTÍNUO ESTREITA (DE 0 A 1.20m)


REGULAR DESCONTÍNUO MÉDIA (DE 1.20 A 2.50m)
RUIM
LARGA (ACIMDA DE 2.50m)
Imagem 36: Canteiro e calçadas de baixa acessibilidade na confluência das Ruas Antônio DESCONTÍNUO (63%)
Vitrúvio e Luiz Guimarães, Poço da Panela, Recife. Fonte: Os autores (2020)
BOM (67,3%) ESTREITA (14,3%) MÉDIA (77,9%)

REGULAR (16,5%) CONTÍNUO (37%)


RUIM (16,2%) LARGA (7,8%)
ADE
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O item multimodalidade pode ser conexões na cidade, não interligam

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entendido como aquele em que uma “via bairros ou cidades e, por isso,
tem a capacidade de acolher o maior merecem uma análise diferenciada.
número possível de tipos de modais de

INTEGRADO
INCLUSIVO
transporte” (DUARTE et al, 2018, p.32). Em virtude do seu baixo grau de
Ocorre que, neste acolhimento, deve ser conectividade, embora possível, não
levado em consideração a segurança e há como esperar a presença de todos Unidade de medida: Metros
o conforto dos usuários em coerência os modais em suas vias (transporte lineares de ruas com
também com a hierarquia viária. público, ciclovias, ciclofaixas, etc) razão multimodalidade.
pelo qual se considera a presença
Hierarquia viária, segundo o Plano de multimodalidade ainda que não Grau de multimodalidade:
Centro Cidadão (2018), segue os moldes haja a presença de todos os modais. Percentual de metros lineares de ruas
do item Conectividade, onde se analisa com multimodalidade (que abrigam
as vias como de Eixo Metropolitano, A área analisada caracteriza-se por um o máximo de modais em coerência
Urbano, Local e Microlocal e nestas grande potencial em atrair pessoas, com a sua hierarquia viária).
vias podemos constatar a existência devido as qualidades espaciais que
dos modais: pedestres, ciclistas, reúne no seu contexto, mesmo que
transporte público e automóveis. reúna apenas 32% de multimodalidade
nas suas vias, ainda assim
Importante destacar que a mera encontramos algumas qualidades para
presença do modal não se faz caminhabilidade dos pedestres, vias
suficiente para determinar o espaço largas e com fluxo controlado para a
como uma qualidade Urbano-cidadã, presença de ciclistas que trazem ao
nas palavras de Speck (2016, p.26) território a escala cidadã necessária
52 devemos considerar aspectos como para uma melhor qualidade de vida.
prosperidade, saúde e sustentabilidade
como argumentos para uma cidade mais Nas imagens 37 e 38 pode-se
caminhável e, com isso, mais próxima observar duas referências de ruas
de um espaço Urbano-Cidadão. pedestrianizadas que atendem aos
conceitos aqui preconizados.
Em sua grande maioria, as vias da área
de estudo são Locais ou Microlocais,
que reúnem uma escala menor de

N
0 5 20 40 m
MULTIMODALIDADE - ÁREA 6
ESCALA 1:2000
LEGENDA VIAS COM MULTIMODALIDADE 32%
VIAS DE EIXO URBANO

VIAS LOCAIS VIAS SEM MULTIMODALIDADE 68%


Imagem 37: Stroget Street, exemplo de Imagem 38: Lange Voorhout, rua convidativo VIAS MICROLOCAIS
rua segura, confortável e caminhável em e participativa em Haia, Países Baixos. Fonte:
VIAS PEDESTRIANIZADAS
Conpenhagen, Dinamarca. Fonte: Google Google (2020)
(2020) ESPAÇOS PÚBLICOS POLARES
COM MULTIMODALIDADE

VIAS DE EIXO URBANO


A única via caracterizada como de Eixo Urbano, a Rua Álvaro Macedo reúne boas
qualidades espaciais para os modais: calçadas largas e desimpedidas para o
tráfego de pedestres. As vias também se encontram em bom estado de conservação,
embora fosse necessário atender outros parâmetros de acessibilidade (piso tátil e
mais rampas de acesso) para ser considerada mais segura, confortável e inclusiva.

As vias são largas com controle de tráfego proporcionado em partes pelo uso
do revestimento de pedra, que reduz sensivelmente a velocidade de veículos Imagem 40: Rua Irmã Maria da Paz. Imagem 41: Rua Tito Lívio Soares.
automotores. Foi verificado também que não há circulação de transporte coletivo Fonte: Google (2020) Fonte: Google (2020)
na Rua Álvaro Macedo, mas em virtude de sua hierarquia e localidade, tal fato
não retira o caráter de multimodal.
VIAS MICROLOCAIS
As Vias Microlocais são as vias mais prejudicadas para análise do item da
Multimodalidade, em sua grande maioria não fornecem boas condições de
caminhabilidade em suas calçadas, por vezes, o espaço em si é mínimo e não
proporciona segurança e conforto.

A Rua Marechal Bitencourt, no entanto, é um das poucas vias que atendem aos
princípios de um espaço seguro, confortável e urbano para os modais: as vias
são largas, permitem um fluxo moderado de forma que ciclistas também se
sintam seguros para trafegar, as calçadas possuem largura e boas condições de
54 caminhabilidade e não há obstáculos nas vias que impeçam a fruição do espaço. 55

Imagem 42: Rua Marechal Bitencourt.


Fonte: Google (2020)

Imagem 39: Rua Álvaro Macedo.


Fonte: Google (2020)

VIAS LOCAIS
As Vias Locais, em sua grande maioria, também reúnem boas qualidades para
a utilização dos usuários de distintos modais. Das 8(oito) vias consideradas
como Locais ao menos 6 (seis) podem ser consideradas com presença do item
multimodalidade.

Dessa forma, vias como a Rua Irmã Maria da Paz e Rua Tito Lívio Soares, permitem
a fruição de pedestres, ciclistas e veículos automotores ao longo dos seus percursos
proporcionando bons diálogos entre os modais no território analisado.
SEM MULTIMODALIDADE VIAS MICROLOCAIS

VIAS LOCAIS Em relação às Vias Microlocais cabem algumas observações: 1) em sua maioria
estão localizadas dentro da comunidade de habitantes de baixa renda de forte
Embora tenha a presença de multimodalidade em 6 (seis) das 8 (oito) vias presença no recorte de estudo e 2) são as vias que menos reúnem qualidades
consideradas como locais, existem pelo menos 2 (duas) em que a análise identifica para multimodalidade.
a não existência da multimodalidade. Uma delas é a Rua Antônio Vitrúvio que,
apesar de possuir vias largas, seu calçamento é todo tomado pela presença de Percebe-se que as Vias Microlocais encontram barreiras físicas como obstáculos
árvores de grande porte que foram plantadas em cima do passeio, obstruindo a no meio da calçada (posteamento, árvores, arbustos, mobiliário, lixo, automóveis)
passagem dos pedestres. e, em certos momentos, não há propriamente espaço para que o usuário circule
com segurança e conforto, sendo o passeio público de largura abaixo do mínimo
Interessante mencionar que a área analisada foi objeto de visita dos docentes da indicado.
disciplina de Urbanismo I, e in loco foi possível constatar que apesar de grande
presença de massa vegetativa, com muros verdes, grandes palmeiras, o usuário Tal constatação não é uma novidade em termos de análises urbanas em territórios
não usufrui das benesses que uma massa vegetativa pode proporcionar. Apesar destinados à população de baixa renda. Historicamente, tais territórios em cidades
de grande porte, as palmeiras não geram bom sombreamento no passeio, brasileiras sofrem com falta de planejamento urbano e de políticas que auxiliem a
igualmente os muros verdes não projetam abrigo à insolação, em verdade, acomodação deste contingente populacional. Recife não escapa desta realidade,
servem mais ao embelezamento do que ao conforto e segurança. onde desde meados da década de 1970 iniciou-se um grande aumento da
população de baixa renda em áreas carentes de infraestrutura e planejamento
Ainda a respeito dos muros, apesar de verdes, são muito altos, muito além do urbano, agravadas pelo início da crise econômica (SOUZA, 2007).
olhar de uma pessoa padrão (1,70 m de altura) e excluem qualquer possibilidade
de contato entre a Rua e a edificação, indo de encontro aos elementos defendidos
pelos conceitos de Rua Cidadão e Espaço Urbano Cidadão.

Imagem 43: Rua Antônio Vitrúvio. Imagem 44: Rua Visconde de Araguaya. Imagem 45: Lar Poço da Panela.
56 Fonte: Google (2020) Fonte: Google (2020) Fonte: Google (2020) 57
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INTEGRADO
INCLUSIVO
Unidade de medida: Hierarquia de
conexão das vias, nas escalas da cidade
(escalas: metropolitana, urbana, local e
micro local).

Grau de conectividade: Amplitude


da hierarquia de conexão das vias do
território com seu entorno.

*A área de análise tem boa conectividade


quanto mais ampla for a escala de
conexão nela existente.

400m (raio caminhável)


Imagem 46: Visão geral das vias do Poço
da Panela no trecho estudado e entorno.
Fonte: Google (arte dos aautores), (2020)
58
De acordo com os estudos do Plano As Vias de Eixo Metropolitano são
Centro Cidadão (DUARTE et al., 2018, vias que interligam os principais
p.33) a conectividade é definida como municípios de uma determinada região
“atributo que permite aos usuários e metropolitana, já as Vias de Eixo
moradores de uma determinada área Urbano exercem influência mais local,
urbana se articularem ou se conectarem interligam diferentes bairros de uma
a outras áreas de seu entorno através cidade, enquanto as Vias Locais não
das ruas e avenidas”. interligam bairros, exercem influência
numa escala local e mais reduzida e,
Dessa forma, para se aferir o grau por fim, as Vias Microlocais que são
de conectividade, deve-se levar em aquelas vias que servem de interligação
consideração a amplitude da hierarquia entre as Vias Locais.
de conexão das vias do território em
análise com o seu entorno e considerar A presente área de estudo pode ser
como unidade de medida a hierarquia considerada de média conectividade
de conexão das vias, nas escalas da por apresentar uma via de eixo urbano
cidade (DUARTE et al., 2018, p. 33). (Rua Álvaro Macedo) que conecta o
Bairro do Poço da Panela ao Bairro de
Ainda de acordo com os estudos do Santana também na Zona Norte do N
Plano Centro Cidadão, quanto mais Recife. 0 5 20 40 m
ampla for a escala de conexão da CONECTIVIDADE - ÁREA 6
área, maior será a sua conectividade,
neste caso, deverão ser verificados os ESCALA 1:2000
respectivos graus/hierarquias das vias: Vias Microlocais
LEGENDA
a) Vias de Eixo Metropolitano; b) Vias 744,09 m - 22,53%
VIAS DE EIXO URBANO
de Eixo Urbano; c) Vias Locais e d) Vias
Microlocais. VIAS LOCAIS
Vias de Eixo Urbano
VIAS MICROLOCAIS 305,93 m - 9,26%

Vias Locais
2.252,06 m - 68,20%
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Para se ter uma boa harmonia entre a promovendo iniciativas importantes

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população daquele local, é necessário para o acervo cultural contemporâneo
ter colaborações para ajudar a suprir do bairro.
as necessidades dos habitantes,

INTEGRADO
INCLUSIVO
além de ter uma apropriação melhor
do seu espaço. Nesta análise, E por fim, a Igreja de Nossa Senhora
foram categorizados cinco tipos de da Saúde, situada na Estrada Real do Unidade de medida:
comunidades: moradores, comercial, Poço, integrada à Praça Poço da Panela, Entidades ou grupos colaborativos.
religiosa, serviço e cultural. e que é um dos marcos do surgimento Grau de colaboração:
do bairro.
09

A partir de então, encontramos projetos Quantidade de entidades ou grupos


engajados como o AMAPP que é uma 01
02
colaborativos.
organização coletiva de articulação
social e política não partidária com
o objetivo de elaborar propostas 03

e reivindicações relacionadas à
preservação do patrimônio histórico,
cultural, meio ambiente, saúde,
educação e formação, segurança
pública, mobilização social, ciclos da
vida, arte e cultura do bairro do Poço
08

da Panela. 04

05

Além disto, encontra-se uma Unidade


60 de Saúde da Família (USF), que seria
um posto de saúde para atender as
necessidades dos habitantes. 06

Imagem 47: USF Poço da Panela na Rua 07

Também há o Poço Cultural, local onde Irmã Maria da Paz, Poço da Panela.
profissionais comprometidos com a Fonte: Google (2020)
arte e com o registro histórico local

10

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0 5 20 40 m
COLABORAÇÃO - ÁREA 6
ESCALA 1:2000
LEGENDA

COMUNIDADES EXISTENTES CENTROS/PROJETOS ENGAJADOS NA COLABORAÇÃO SOCIO-COMUNITÁRIA


COMUNIDADE DE MORADORES
COMUNIDADE RELIGIOSA 01. Igreja de Nossa Senhora da Saúde 06. Quintanda da Lu
02. Poço Cutural 07. Honey Pie Acessórios
Imagem 48: Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Poço Cultural. Fonte: Google (2020) COMUNIDADE COMERCIAL 03. Banca do Poço 08. Poço das Artes - Casa de Clarissa
COMUNIDADE CULTURAL 04. USF - Poço da Panela 09. Fuê
05. Tal Burguer - Hamburguer S* 10. AMAPP ( Associação de Moradores e Amigos do Poço da Panela )
COMUNIDADE SERVIÇOS
POR UMA CIDADE
HUMANIZADA,
SEGURA E
CONFORTÁVEL

4.3
4.3.1 PERMEABILIDADE
4.3.2 CAMINHABILIDADE
4.3.3 VEGETALIZAÇÃO
4.3.4 ILUMINAÇÃO
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PERMEABILIDADE
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PERMEABILIDADE DO LOTE

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A permeabilidade é um dos principais Além do mais, observou-se que a

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PERMEABILIDADE
indicadores da relação entre os maior influência para o grau de BAIXA (8,21%)
espaços públicos e privados, sendo permeabilidade da área ser baixo
que a interação visual entre o pedestre é devido as longas interfaces cuja

INTEGRADO
INCLUSIVO
e o morador ou usuário da edificação permeabilidade é nula (52,62%), e que PERMEABILIDADE
é fundamental não apenas do ponto se situam nas áreas de urbanização ALTA (39,17%)
de vista das relações humanas, um regular do bairro, onde a maioria das Unidade de medida: Metros
estímulo à coexistência, mas para a casas apresenta muros altos. lineares de interfaces arquitetônicas
sensação de segurança, especialmente PERMEABILIDADE com permeabilidade visual alta.
de quem é mais vulnerável, aquele que O resultado disso são ruas com pouca NULA (52,62%)

está do lado de fora, na rua. vigilância social, com sensação de Grau de permeabilidade:
insegurança, assim como o aspecto de Percentual de interfaces
Aqui foram considerados três níveis esvaziamento da área, sem vitalidade arquitetônicas com permeabilidade
de permeabilidade: i) Alta, quando adequada no espaço público. visual alta.
há relação direta e pouco ou nada
obstruída entre o logradouro e o interior Por outro lado, surpreende a
do lote; ii) Baixa, em que há condições significativa metragem de interfaces
de contato visual, porém não é direta com permeabilidade alta, mais de
ou desimpedida; e iii) Nula, quando há 1200 m (39,17%), devido em grande
uma barreira total, sem visada, entre a parte as casas mínimas populares da
edificação e a rua. ZEIS, normalmente sem lote definido,
e contruídas espontaneamente, em
Devido à limitação da metodologia contato direto com a rua. Assim
de obtenção de dados, através do também como os casarões e edificações
64 serviço Google Street View e por históricas do bairro, construídas no
interpretação de imagens de satélite e paramento.
fotogrametria, as áreas mais internas
da ZEIS, sem acesso adequado pelas A baixa produtividade no térreo,
ruas, não puderam ser avaliadas pouco mais de 10%, torna evidente
na sua totalidade, algo que, porém, a monofuncionalidade da área, e a
não interfere na confiabilidade dos necessidade de incentivo ao uso misto,
resultados, tendo em vista a elevada que certamente traria mais vivacidade
cobertura do levantamento. e dinamismo as ruas.
QUANTO À
PRODUTIVIDADE DO TÉRREO

EDIFICAÇÕES
PRODUTIVAS (10,76%)

EDIFICAÇÕES
NÃO PRODUTIVAS
(89,24%)

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0 5 20 40 m
PERMEABILIDADE - ÁREA 6
ESCALA 1:2000
LEGENDA

QUANTO À PERMEABILIDADE DO LOTE QUANTO À PRODUTIVIDADE DO TÉRREO

PRODUTIVO

NÃO PRODUTIVO
Imagem 49: Trecho da Rua Álvaro Macedo onde predominam os muros altos e sua
permeabilidade nula, situação muito comum nessa área do bairro. Fonte: Google
PERMEABILIDADE ALTA
(2020) PERMEABILIDADE BAIXA METROS LINEARES DE INTERFACES ANALISADAS: 3197,47 m
METROS LINEARES DE INTERFACES COM PERMEABILIDADE VISUAL ALTA: 1252,40 m
PERMEABILIDADE NULA
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CAMINHÁVEIS (30,8%)

INTEGRADO
INCLUSIVO
Unidade de medida: Metros
lineares de calçadas com
NÃO - CAMINHÁVEIS (69,2%) conservação, continuidade e largura
Imagem 50: Esquina da Rua Visconde de simultaneamente adequadas e,
Araguaya com Antônio Vitrúvio, Poço da ainda, com permeabilidade visual
panela. Fonte: Os autores (2020) alta de sua interface.

Grau de caminhabilidade:
CAMINHABILIDADE Percentual de calçadas com
conservação, continuidade e largura
simultaneamente adequadas e,
Caminhabilidade, segundo SPECK o diálogo entre arquitetura e espaço ainda, com permeabilidade visual
(2016), é a qualidade de um lugar público, onde “calçadas são cercadas alta de sua interface.
em que se permite ao pedestre as por edificações agradáveis, com sinais
melhores condições de acessibilidade de humanidade”.
para diferentes locais da cidade. Para
garantir essa caminhabilidade, o autor Esse último conceito envolve
salienta quatro condições primárias principalmente a permeabilidade visual
66 para estimular a caminhada, devendo das interfaces arquitetônicas e os usos
ela ser proveitosa, segura, confortável existentes nas edificações voltadas para
e interessante. as ruas.

A caminhada proveitosa é aquela que Assim, no território estudado, a


atende às necessidades do morador caminhabilidade foi aferida a partir da
ou usuário quanto à existência e sobreposição de dois dados, ou duas
proximidade das atividades cotidianas, análises: 1) a extensão de calçadas
relacionando-se diretamente com o acessíveis, e 2) a extensão de calçadas
uso do solo e, mais especificamente, cuja arquitetura tem um alto ou médio
com a produtividade do térreo urbano. grau de integração com o espaço
público.
A caminhada segura prevê tanto a
segurança contra acidentes de trânsito A unidade de medida avaliada foi
quanto a garantia do sentimento de a quantidade de metros lineares
segurança de modo mais amplo, de calçadas com conservação,
englobando também a qualidade física continuidade e largura simultaneamente
das calçadas e travessias, além da adequadas e, ainda, com baixa METROS LINEARES DE CALÇADAS ANALISADAS: 4.908,00 m
dinâmica e vigilância social nas ruas. permeabilidade visual de sua interface. METROS LINEARES DE CALÇADAS CAMINHÁVEIS: 1.514,80 m

A caminhada confortável considera O grau de caminhabilidade, por sua N


a rua como “sala de estar ao ar vez, é o percentual de calçadas com 0 5 20 40 m
CAMINHABILIDADE - ÁREA 6
livre”, ressaltando, por exemplo, a todos os atributos citados acima. No
importância de se ter calçadas com território analisado, apenas 30,8% das ESCALA 1:2000
QUANTO AO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA QUANTO À CONTINUIDADE DOS FLUXOS DE
largura generosa. calçadas são consideradas caminháveis PAVIMENTAÇÃO PEDESTRES (PRESENÇA DE OBSTÁCULO VERTICAIS) QUANTO À LARGURA
de um total de mais de 4,8 quilômetros
ESTREITA (DE 0 A 1.20m)
A caminhada interessante, segundo estudados, apresentando, para este BOM CONTÍNUO
MÉDIA (DE 1.20 A 2.50m)
ele, está relacionada diretamente com atributo, um grau baixo. REGULAR DESCONTÍNUO
RUIM LARGA (ACIMDA DE 2.50m)

DESCONTÍNUO (63%)

ESTREITA (14,3%)
BOM (67,3%) MÉDIA (77,9%)

CONTÍNUO (37%)
REGULAR (16,5%)
RUIM (16,2%) LARGA (7,8%)
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A vegetalização da cidade do Recife, pela copa das árvores, sendo o objeto

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é necessária para o conforto térmico de estudo a metragem linear de calçada
da população, principalmente para os sombreada, para assim identificar o
pedestres, através do sombreamento grau de vegetalização da área.

INTEGRADO
INCLUSIVO
das calçadas pela copa das árvores,
tornando, assim, o caminhar mais Sendo assim, a área analisada mostra
agradável pela ruas. Além disso, os um percentual maior nas árvores de Unidade de medida: Metros
benefícios através dessa relação que a pequeno porte com 53%, na maioria são lineaes de calçadas sombreadas por
natureza traz, em todas as suas formas, encontradas voltadas para calçadas, já árvores.
gera um equilíbrio necessário à vida no as árvores de médio e grande portes
ambiente das cidades, muitas vezes encontra-se com 16%, no qual algumas Grau de vegetalização:
diminuindo a poluição sonora, o efeito atrapalham a caminhabilidade por Percentual de metros lineares de
da ilha de calor, auxilia na drenagem estarem plantada inadequadamente. calçadas sombreadas por árvores.
da água da chuva e o aumento da As áreas com melhor sensação e
biodiversidade. grande continuidade de calçadas
sombreadas, são trechos que contam
Entretanto, se for usado de forma com o sombreamento de árvores dentro
incorreta pode tornar-se um obstáculo dos lotes de 31%.
nas calçadas impedindo uma boa
caminhabilidade, interferindo na Na área estudada, concluímos que a
incidência da luz dos postes para as vegetalização foi baixa pois só 39%
calçadas. dos metros lineares do percurso da
calçada são sombreadas.
Neste estudo, podemos considerar
68 sombreamento das calçadas gerado

N
0 5 20 40 m
VEGETALIZAÇÃO - ÁREA 6
ESCALA 1:2000
TIPO ARBÓREO
ÁRVORES DE MÉDIO E GRANDE PORTE ÁRVORES DE PEQUENO
ÁRVORES DE PEQUENO PORTE ÁRVORES DENTRO
PORTE (53%)
DO LOTE (31%)
ÁRVORES DENTRO DE LOTES QUE
Imagem 51: Exemplo de uso incorreto Imagem 52: Exemplo de uma área SOBREAM AS CALÇADAS
CALÇADAS SOMBREADAS
de arborização na calçada, impedindo o sombreada com qualidade vegetativa SOMBREAMENTO 1.275m (39%)
deslocamento. Fonte: Google (2020) adequada. Fonte: Google (2020) ÁRVORES DE MÉDIO CALÇADAS NÃO SOMBREADAS
METRO LINEAR DE CALÇADAS E GRANDE PORTE (16%) 2.030m (61%)
SOMBREADAS
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Para alcançar um espaço público em lugares que não atendem de

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condizente com os bons preceitos dos forma satisfatória ao item Iluminação
estudos urbanísticos, ou seja, para Pública, é o conflito entre iluminação/
que sejam considerados espaços arborização, já que, de um lado,

INTEGRADO
INCLUSIVO
promotores de sensação de segurança, a arborização muitas vezes é
de livre exercício da cidadania (DUARTE prejudicada por podas desfigurantes,
et al, 2018, p. 28), faz-se imprescindível na falha tentativa de diminuir sombras Unidade de medida: Metro linear
o cuidado com a iluminação pública, indesejáveis e, de outro a iluminação se de calçada diretamente iluminada.
mais um dos itens analisados para torna ineficiente com o plantio aleatório
fruição do Espaço Urbano Cidadão. de espécies vegetais inadequadas ao Grau de iluminação: Percentual
passeio público. de metros lineares de calçadas
De acordo com os estudos de Santos diretamente iluninadas.
(2005, p.87) a valorização exacerbada Na área de estudo, percebe-se todos os
do veículo automotor no século XX e efeitos da falta de cuidado com a escala
o advento das correntes modernistas humana em termos de iluminação
no pensamento urbano, retirou do pública: são poucas as calçadas
pedestre o protagonismo das ruas e da diretamente iluminadas (apenas 9,27%
iluminação pública. do valor total de metros lineares
analisados), a vegetação, que muitas
O efeito da falta de zelo com a escala das vezes faz-se presente mais pelo
humana para iluminação pública embelezamento do que pela intenção
resulta na maioria das vezes na falta de em proporcionar espaços sombreados
iluminação direcionada ao passeio do aos cidadãos, acaba sendo também
pedestre em uma escala que promova um obstáculo para iluminação noturna.
70 segurança e conforto, principalmente à
noite. A iluminação, nestes casos, passa Outro ponto bastante preocupante é
a ser direcionada à via onde circulam a inexistência de postes de iluminação
os automóveis, retirando visibilidade e para pedestres. A sua existência
segurança dos pedestres. certamente auxiliaria a percepção de
um espaço urbano cidadão, seguro e
Ainda segundo Santos (2005, p.87) confortável.
outro efeito que pode ser observado

METROS LINEARES DE CALÇADAS ANALISADAS: 4.908


METROS LINEARES DE CALÇADAS ILUMINADAS: 455

N
0 5 20 40 m
ILUMINAÇÃO - ÁREA 6
ESCALA 1:2000
POSTE DE ILUMINAÇÃO POSTES DE ILUMINAÇÃO
CALÇADAS DIRETAMENTE PARA PEDESTRES - 0%
ILUMINADAS - 9,27%
POSTE DE FIAÇÃO

x POSTE DE ILUMINAÇÃO PARA POSTES DE


Imagem 53: Exemplo do conflito entre Imagem 54: Exemplo da falta de
PEDESTRES ILUMINAÇÃO - 63,40%
vegetação e iluminação e obstáculo na iluminação direta na calçada na Rua Tito
calçada na Rua Antônio Vitrúvio. Fonte: Lívio Soares. Fonte: Google (2020) METRO LINEAR DE CALÇADA CALÇADAS NÃO POSTES DE FIAÇÃO - 36,60%
Google (2020) SOMBREADA POR ÁRVORES ILUMINADAS - 90,72%
5
LEITURA
INTEGRADA

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
LEITURA INTEGRADA
Apesar de ter alta identidade
A Leitura Integrada representa a Os itens como identidade tipológica, tipológica e alta
convergência de todas as análises proporcionalidade, colaboração proporcionalidade entre os
realizadas até então no território e multimodalidade demonstram gabaritos, o território carece de
de estudo. É por meio dela que a potencialidade do território em
é possível confrontar diversas promover um lugar mais democrático. maior diversidade de usos,
análises com uma metodologia Isso é verificado no assentamento sobretudo o incremento da
simples e coerente, extremamente popular que está presente no recorte densidade populacional,
conectada a um planejamento analisado. Apesar de todas as elementos necessários para tornar
urbano sustentável (DUARTE, 2018). adversidades que a população de baixa o território além de atrativo,
renda é submetida, na comunidade há também preservado e produtivo.
Esta leitura, ainda nas palavras de Duarte um forte senso coletivo e ecológico.
(2018), corrobora com os ensinamentos
de Farr (2012), uma vez que aquela se Entre as qualidades encontradas tem-
torna uma importante ferramenta para se: forte presença de jardins e espécies
que a gestão pública realize “decisões vegetais locais em frente as residências,
simples, justas e econômicas”. conexão com o rio, realização de
atividades esportivas ao ar livre e parte
O que se constata neste recorte do das edificações próximas ao passeio
bairro do Poço da Panela é a mesma público que fornecem sensação de

PRO
PRE
problemática realidade de outros segurança e conforto aos pedestres. PRO SERV

POR
espaços da cidade, um descompasso DU ADO DO
TIV
IZA

CIO
no conceito do Espaço Urbano A grande dicotomia surge analisando O N

IDADE
MA L

NAL
Cidadão, uma dificuldade em atender o restante da área, ocupada por ID HU URO TÁVE

E
G

AD
EN E
S NF O R

IDA
aos preceitos de espaços seguros, moradores de maior poder aquisitivo.

DENS
TID

ID
CO

RS
AD

DE
74 confortáveis e atrativos aos cidadãos. Há um esquecimento da escala humana 75

VE
E
quando se constatam os muros altos, que DADE

DI
COLABO ABILI
Observa-se no diagrama ao lado apesar de verdes segregam o pedestre R AÇÃO ESPAÇO P ERME
que cerca de 66% dos atributos (8 e o contato visual com o interior das URBANO
CIDADÃO CAMIN
itens) estão classificados como de edificações, tirando os “olhos” da rua, DE HABILID
IV IDA ADE
grau baixo, ou seja, mais da metade algo também proporcionado pela baixa ECT
CON E
AD

VE
dos atributos que se consideram para densidade desses trechos que interfere LID

GE
ILUM
E AD
A

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análise de um Espaço Urbano Cidadão diretamente na vitalidade das ruas. OD

L
IBILID

IZA
INAÇ
são insuficientes. Apenas 16,6% (2 TI
M

ÇÃ
itens) dos atributos foram classificados Assim, as qualidades mais urgentes UL

O
ÃO
M

ACESS
como de grau alto e dois itens a serem investidas na área são:
(16,6%) considerados como razoáveis. iluminação pública humanizada, maior
permeabilidade entre as edificações e
O cenário desses percentuais indica, o passeio público, melhores condições

INTEGRADO
por exemplo, que há um problema das calçadas, melhor distribuição

INCLUSIVO
O território possui grande É baixo o índice de
na percepção da escala humana na populacional e maior diversidade de
área, os índices que consideram o usos. potencial para desenvolver sombreamento e conforto
espaço como Humanizado, Seguro e diferentes modais em suas vias, proporcionado pela massa
Confortável não apresentam qualidade contudo, necessita melhores vegetal. O território também não
na gradação dos atributos analisados. condições de acesso para todos os é suficientemente iluminado,
usuários. A conectividade em grau especialmente à noite, quando a
A massa vegetal presente não médio não representa grande pouca vegetação ainda entra em
cumpre adequadamente a função de obstáculo ao desenvolvimento da conflito com a iluminação. A
amenização ambiental para os que ali área em função do tamanho do caminhabilidade também é
transitam, não oferecendo o devido prejudicada em razão do excesso
recorte analisado e da hierarquia
sombreamento. A iluminação também
das vias do território. de obstáculos nas calçadas.
se mostra deficitária, especialmente à
noite, causando insegurança.
Rua Antônio Vitrúvio Imagem Original:
Google (2020)
SITUAÇÃO ATUAL

VISÃO DE FUTURO: Rua Antônio Vitrúvio


A visão de futuro é parte da síntese adequadas ao paisagismo urbano,
dos conhecimentos que foram sendo e também possibilitando a criação
construídos ao longo da disciplina de espaços de permanência e de
de Urbanismo I, nela devem estar prática de atividades esportivas e
presentes os conceitos de Cidade de lazer;
para Pessoas, Rua Cidadã e Espaço
Urbano Cidadão, elementos essenciais • Instalação de mobiliário urbano
para a conquista de uma cidade mais que torne a via mais atrativa
saudável, democrática e confortável. e confortável, como bancos
para descanso e contemplação,
A partir da análise das pétalas da paraciclos e lixeiras;
margarida e as qualidades que
representam, foi construída uma visão • Iluminação pública ao nível do
de futuro que aponta um caminho pedestre, uma vez que esse tipo de
para os elementos que devem ser iluminação aumenta a sensação
preservados, as potencialidades a serem de segurança e o conforto para
exploradas, e os pontos problemáticos passeio noturno, tornando a via
que merecem ser repensados e mais convidativa;
melhorados pelas entidades públicas e
pelos cidadãos. Essa visão foi executada • Possibilidade de transformá-la
através de elementos gráficos, visuais, em uma rua compartilhada, uma
que permitam uma reflexão lúdica vez que não há fluxo intenso de
sobre determinados trechos da área de automóveis, apenas de moradores
estudo. do logradouro e arredores, além
76 da possibilidade de estimular
O primeiro deles eleito para a atividades ao ar livre tomando
intervenção gráfica foi a Rua Antônio partido do verde do local, atraindo Rua Antônio Vitrúvio
Vitrúvio, nela podemos perceber a
ausência de muitos dos conceitos que
as pessoas para o espaço público; VISÃO DE FUTURO
caracterizam a Rua Cidadã e o Espaço • Instalação de rampas para
Urbano Cidadão. Neste espaço, acessibilidade, regularização das
destacam-se a obstrução das calçadas calçadas, e implantação de piso
pela vegetação e por lixeiras, altos tátil de alerta e direcional, para
muros nos limites dos lotes, grande que o espaço seja democrático e
presença de massa vegetal, porém que inclusivo.
não fornece o adequado sombreamento
e ainda reduz a visibilidade noturna,
iluminação pública escassa e ausência
de espaços de permanência para
usuários e moradores da área. A via
ainda é utilizada em sua essência
como estacionamento para veículos
automotores.

Para o aferimento de um futuro mais


saudável para a área, vislumbram-se
algumas estratégias:

• Alargamento da calçada do lado


par, assim é possível preservar a
vegetação, incluir novas espécies
Rua Marechal Bittencourt Imagem Original:
Google (2020)
SITUAÇÃO ATUAL

VISÃO DE FUTURO: Rua Marechal Bittencourt


O segundo trecho escolhido para confortável, como bancos para
a elaboração de uma proposta de descanso, paraciclos e lixeiras;
visão de futuro foi a Rua Marechal
Bittencourt, onde foi identificada uma • Iluminação pública ao nível do
dicotomia bem representativa das pedestre, uma vez que esse tipo de
cidades brasileiras: de um lado muros iluminação aumenta a sensação
altos destinados a isolar grandes lotes de segurança e o conforto para
pertencentes a uma minoria, de outro, passeio noturno, tornando a via
alta densidade construtiva e moradias mais convidativa;
populares espontãneas disputando
espaço e se verticalizando cada vez • Possibilidade de transformar a rua
mais. em um espaço compartilhado,
incentivar atividades diversificadas
Destaca-se ainda a precariedade da (atividades comerciais, culturais)
iluminação pública, apesar de ser um que tragam mais interações sociais
trecho longo, somente são identificados e consequentemente mais vitalidade
dois postes com essa finalidade, e à rua, tornando-a um espaço
ainda assim fora da escala do cidadão. atrativo;
Nos locais em que estão presentes
geralmente constituem obstáculo na • Instalação de rampas para
calçada. Outro ponto que merece ser acessibilidade, regularização das
mencionado é que a vegetação se calçadas, e implantação de piso
encontra podada de forma irregular tátil de alerta e direcional, para
para liberar a passagem da rede que o espaço seja democrático e
78 aérea, retirando todo potencial de inclusivo;
sombreamento da calçada e da via e
danificando a massa vegetal. • Incentivo à redução e/ou Rua Marechal Bittencourt
A realidade apresentada pode ser
substituição dos muros altos nos
limites dos lotes por soluções que
VISÃO DE FUTURO
resumida em: um passeio desconfortável aumentem a permeabilidade visual,
para usuários e moradores, uma vez e consequentemente a interação
que a caminhabilidade num dos lados social, também reduzindo a
da rua é prejudicada pela presença de insegurança e segregação.
obstáculos na calçada como arbustos
e postes, e do outro grandes muros de
pedra que tornam a permeabilidade
física e visual nula, retirando a sensação
de segurança e impedindo a vigilância
social.

Para o atingir um futuro mais saudável


para a área, apontam-se algumas
diretrizes:

• Alargamento da calçada, assim


é possível incluir novas espécies
vegetais adequadas ao paisagismo
urbano e tornar o passeio mais
confortável e seguro;

• Instalação de mobiliário urbano


que torne a via mais atrativa e
6
REFERÊNCIAS

URBANISMO I
POÇO DA PANELA
ÁREA 6
REFERÊNCIAS
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
ARQUITETURA E URBANISMO
URBANISMO I [2020.1]

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