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087
087.00
Olho sobre o Bexiga
Marcelo Carvalho Ferraz
087.01
O princípio do
urbanismo na Argentina
Parte 1 – O aporte
francês
Ramón Gutiérrez
Existe diferença entre o espaço e o lugar? Se não existe diferença, todo 087.04
espaço pode ser considerado um lugar? Mas se ela existe entre os dois Antonio Bonet e a
conceitos, o que os diferem? Neste contexto, há diferentes tipos de arquitetura do cone
lugares? Estas inquietações nos servirão como diretrizes para o alcance sul: o exemplo de Punta
dos nossos objetivos neste artigo, quais sejam: definição do conceito de Ballena
lugar e a determinação da sua estrutura. Luís Henrique Haas
Luccas
Algumas reflexões sobre os conceitos do espaço e do lugar 087.05
O estudo da forma
Arquitetos, ao se questionarem sobre o que é a Arquitetura, acabaram por urbana no Brasil
refletir sobre a questão do espaço. Zevi (2) afirma que as quatro Stael de Alvarenga
fachadas de um edifício constituem apenas a caixa dentro da qual está Pereira Costa
encerrada a jóia arquitetônica, isto é, o espaço. O autor coloca como o
protagonista da arquitetura o espaço, o vazio. O referido autor considera 087.06
o espaço e o vazio como sinônimos. Para ele, a arquitetura não provém de A ampliação da
um conjunto de larguras, comprimentos e alturas dos elementos Biblioteca de Estocolmo
construtivos que encerram o espaço, mas precisamente deste vazio, do Discussões sobre dois
espaço encerrado, do espaço interior em que os homens andam e vivem. A arquivos
relação entre a Arquitetura e o espaço é retomada também em Coelho Netto Igor Guatelli
(3), que afirma que a Arquitetura não é somente a organização do espaço, 087.07
mas também é o ato de criá-lo. Oliveira (4) em seu pensar, por uma via Influência francesa no
fenomenológica, sobre o que é a arquitetura, a encontra como a […] patrimônio cultural e
“instauração de uma espacialidade no mundo por um corpo polarizado por construção da
suas tarefas” (5). Segundo a autora, a arquitetura por ser atividade identidade brasileira:
transformadora e ordenadora, podemos compará-la a um jogo dado por meio o caso de Pelotas
Glenda Dimuro Peter
de atos primordiais de ordenar e construir, atos como: adicionar- 087.08
subtrair, alternar, antepor-pospor, apoiar, etc. O projeto para o Plano-
piloto e o pensamento
Mas, qual é a definição deste principal elemento com que a arquitetura de Lúcio Costa
trabalha e que tanto referencia? Francisco Lauande
087.09
Para responder ao nosso primeiro questionamento, se existe diferença
Capacidade de
entre o espaço e o lugar, recorremos às etimologias dos cognatos. Segundo
reciclagem
a filósofa Chauí (6), na escrita alfabética ou na fonética, não se
Fredy Massad e Alicia
representa apenas uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia
Guerrero Yeste
dela, o que dela se pensa e se transcreve. Em Cunha (7) e Ferreira (8)
encontramos a mesma definição para o termo espaço (do latim spătĭum), ele 087.11
é a “distância entre dois pontos, ou a área ou o volume entre limites Os azulejos de
determinados” (9). Comparando com a do lugar (do latim locālis, de Portinari como
locus), este é o “espaço ocupado, localidade, cargo, posição” (10). Em elementos visuais da
Ferreira (11), encontramos como acréscimo para a definição do lugar, “1. arquitetura modernista
Espaço ocupado; sítio. 2. Espaço. 3. Sítio ou ponto referido a um fato. no Brasil
4. Esfera, ambiente. 5. Povoação, localidade, região ou país”. Rafael Alves Pinto
Junior
Segundo as definições e as origens das duas palavras, entende-se como
relação entre os dois conceitos que o lugar é o espaço ocupado, ou seja,
habitado, uma vez que uma de suas definições sugere sentido de povoado,
região e país. O termo habitado, de habitar, neste contexto, acrescenta à
idéia de espaço um novo elemento, o homem. O espaço ganha significado e
valor em razão da simples presença do homem, seja para acomodá-lo
fisicamente, como o seu lar, seja para servir como palco para as suas
atividades.
O elemento caráter (céu) é analisado basicamente pelo autor (39) por dois
aspectos: (a) constituição qualitativa (qualidade da luz, da cor e
classificação) e (b) constituição quantitativa (quantidade da luz).
Uma vez que o lugar é o espaço dotado de valor pelo homem, e este está
contemplado naquele, em presença física e/ou simbólica, propomos como
estrutura para o lugar a intersecção de três mundos, ou atributos: os
espaciais, os ambientais e os humanos. Transitando nas esferas
bioclimática e humana está o elemento tempo. Sejam alguns deles:
Cada objeto que percebemos tem uma essência: árvore, mesa, casa, etc., e
também as qualidades que atribuímos a estes objetos: verde, rugoso,
confortável, etc. Mas a essência não é a coisa ou a qualidade e, no caso
da Arquitetura, a tipologia arquitetônica; ela é o ser da coisa ou da
qualidade. Dartigues (53) exemplifica-nos que se tomarmos a IX Sinfonia
de Beethoven, a sua essência persistiria mesmo se todas as partituras,
orquestras e ouvintes desaparecessem para sempre. Ela persistiria, não
como uma realidade, como um fato, mas como pura possibilidade. É essa
pura possibilidade que me permite nomeá-la e distingui-la de imediato de
toda outra sinfonia.
Assim como ao riscar sem o auxílio do compasso um menino dirá que a forma
ligeiramente oval em seu caderno é um círculo, por muitos que sejam os
desenhos de triângulos sobre os quadros-negros de todas as escolas do
mundo, é sempre do triângulo que se trata, podemos dizer que, por
numerosos que sejam os tempos e os espaços em que se fala do lugar, é
pela impossibilidade de ser outra coisa, que é deste lugar que se refere,
e a sua essência nos permite identificá-lo, nomeá-lo e distingui-lo de
imediato de todo e qualquer outro lugar.
notas
1
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. Tradução: Maria Isabel Gaspar e Gaëtan
Martins de Oliveira. 5ª edição. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
OLIVEIRA, Beatriz Santos de. O que é arquitetura? In: DEL RIO, Vicente; DUARTE,
Cristiane Rose; RHEINGANTZ, Paulo Afonso (Org.). Projeto do lugar: colaboração
entre psicologia, arquitetura e urbanismo. Rio Janeiro, Contra Capa/PROARQ,
2002, p. 135.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12ª edição. São Paulo, Ática, 2002.
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Idem, ibidem.
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17
Idem, ibidem, p. 4.
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Idem, ibidem.
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31
HEIDEGGER, Martin. Op. cit., 149. Apud NORBERG-SCHULZ, Christian. Op. cit., p.
10.
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33
Idem.
34
HEIDEGGER, Martin. Op. cit., 97-99. Apud NORBERG-SCHULZ, Christian. Op. cit.,
p. 10.
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36
Idem.
37
Idem.
38
Idem.
39
Idem.
40
Idem, p. 42.
41
Idem, p. 45.
42
Idem.
43
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45
46
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48
CERTEAU, Michel de. L’ invention du quotidien. 1990. Apud AUGÉ, Marc. Op. cit.
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54
Idem, p. 22-23.
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