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...•
PARA
HABITAÇAO DE INTERESSE SOCIAL
Recomendações para elaboração
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F!NEP
IPT
Entre as poucas coisas boas que vêm
acontencendo ultimamente, no campo da
arquitetura e do desenho urbano, está a
multiplicação de conjuntos de habitações
populares de boa qualidade.
Surgem empreendimentos realizados por
cooperativas, mutirões e outras entidades
que não podem ter seus projetos aprovados
por procedimentos especiais, à margem da
legislação urbanística em vigor.
Cada município deveria ter, portanto,
normas legais voltadas para a habitação de
interesse social de boa qualidade, isto é:
• capazes de garantir algumas condições
essenciais de segurança e conforto par'a os
moradores e para sua vizinhança;
• capazes de induzir - ou pelo menos,
não impedir - soluções corretas e criativas
para o arruamento, o loteamento e a
implantação das edificações no terreno.
Contibuir para isso é o objetivo deste
trabalho.
São Paulo
1997
FINEP
IPT
~
©1997, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do· Estado de São Paulo SA - IPT
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Diretoria Executiva
Diretor-Superintendente: Milton de Abreu Campanario
Diretor de Planejamento e Gestão: Álvaro Rodrigues dos Santos
Diretor Técnico: Marco Giulietli
Diretor Administrativo-Financeiro: Dilson Suplicy Funaro
Chefe de Gabinete: Carlos Alberto Gonçalves Leite
Conselho Editorial
Presidente: Maria Luiza Otero D'Almeida. Conselheiros: Flávio Farah, João Francisco Peral Cespedes e
Marcelo Martins Seckler
Consultores
Abilio Guerra, Bona de Villa, Claudia Maria Machado da Silva, Denio Munia Benfatti, Eliane Guedes,
Flávia Mourão Parreira do Amaral, Flávio Farah, Gladis Weissheimer, Ivone Salgado, Jacqueline Este .trabalho é dedicado à memória
Menegassi, José Ronal Moura de Santa Inez, Juan Luis Mascaró, Júnia Naves Nogueira, Liamara
Ubermau, Luiz Fernando GOes, Maria Angela Braga Reis, Maria do Carmo P. Barreiro, Marilu Marasquin,
de Claudia Maria Machado da Si/~a
I
Newton Burmeister, Rosane Zotlis Almeida, Ruy Tellechea Filho, Sonia Maria Castro Mendel
Apresentação
4.2.1 Terraplenagem 36
11.11 I roj t a erem apresentados ao Poder Público para .2 Sub ídios para fixação de parâmetros de atendimento
íln li licenciamento 57 obrigató rio 108
6.2.1 Controle da densidade 108
'•. Nor'lrl'l r lativas ao sistema viário 59
6.2.2 Taxa de ocupação 110
1).1 nceito das exigências 59
6.2.3 Dimensões máximas e mínimas dos lotes 113
ub ídios para fixação de parâmetros de atendimento
brigató rio :............... 65 6.2.4 Recuo das edificações com relação às vias públicas 116
i tema viário: subsídios para a preparação de um 6.2.5 Recuo das edificações com relação às divisas
manual técnico de orientação aos projetistas 71 laterais e de fundos 122
-------
de habitacional, através da redução planejada da largura das vias. ~ o a.
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Aponta-se, nesse sentido, a conveniência da hierarquização das vias ü
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e os problemas decorrentes de um sistema viário em malha, tipo o
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entorno;
• a influência do aumento da densidade populacional na redução ~'"
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dos custos de infra-estrutura para cada habitação. Nas figuras 2.1 e
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2.2 são apresentados elementos das conclusões obtidas por Mas- ~'" \..'
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caró e Villa Gomez. -o "
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2.2 Parâmetros da normalização mais sensíveis com relação ao
acréscimo de custos
Considerando a forte incidência dos custos da edificação no
total de gastos é necessário que as diretrizes técnicas contidas na
regulamentação urbanística possibilitem soluções econômicas para
a edificação.
A possibilidade de implantação de pequenos condomínios
horizontais, constituídos pelo agrupamento horizontal de habitações
multifamiliares, é importante na racionalização dos custos dos
empreendimentos habitacionais, na medida que:
• os custos de implantação são significativamente menores que Figura 2.1 Gráfico do custo por habitação, em dólares (1977), dos serviços urbanos em relação
na habitação unifamiliar, em função do melhor aproveitamento do à densidade. Fonte: Mascaró, 1979, p.222. ,
Figura 2.2 Racionalização do desenho urbano - custo por habitação das" redes de agu.a,
terreno e menor custo de implantação das redes de infra-estrutura, esgoto e energia elétrica em função da densidade. Fonte: Oscar Vdla Gomez: Raclonallzaclon
levando-se em conta que as redes internas podem ter características dei diseno urbano para viviendas de interés social", apud Falcoskl, 1988.
semelhantes às dos ramais domésticos;
• xiste a possibilidade de mesclar parcela do terreno de uso •. ti luLirl" d difi a õ fa ilita a criação de espaços li'-
omum dos condôminos (vias internas, jardins, áreas de recreação vr m i mplo do que é possível obter nas edificações unifamiliares
te.) com parcelas de uso privativo do proprietário -terreno vinculado implantadas em lotes de pequenas dimensões. Um sobrado de 70 m2
à unidade autônoma- para a implantação da edificação e, por exem- implantado em um lote de 70m2 gera dois quintais de 17,5 m2,
plo, para um pequeno jardim ou quintal agregado à casa (vide figura confinados e de uso limitado. Dez sobrados implantados em um lote
2.3); de 700 m2, têm 350 m2 de espaço livre de uso comum, possibilitando
alternativas interessantes de utilização do espaço;
• são possíveis soluções em que se constrói de início apenas o
embrião da edificação, podendo ser feita a ampliação no segundo
piso ou em parcela do terreno vinculado à unidade autônoma. Neste
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I caso a convenção de condomínio estabelece as regras para a edifica-
r-I I~II!I~LI ção e define a parcela do terreno autônomo que pode ser ocupada;
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• é possível a construção de condomínios horizontais em terrenos
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I I de pequenas dimensões, com um aproveitamento do terreno bastante
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li I I ,_I = superior ao das residências unifamiliares, e com um padrão pelo
menos equivalente no tocante às condições de insolação, ventilação
etc. Na figura 2.4 apresenta-se uma solução de projeto para 4 resi-
dências sobrepostas, em um lote de 250 m2.
I'
10 ,
3 C')
Res.1 Res.3
55m2 63 m2
Res.2 Res.4
55 m2 63 m2
alternativa 1: alternativa 2:
induzida pela legislação usualmentevetada pela legislação
lu OJOJ
Figura 4"1 Riscos associados às residências unifarniliares com acesso por via d -ir ulação de Figura 4.2 Impacto, nas obras de terraplenagem, da exigência de que todos os lotes tenham
veículos em áreas de elevada deciividade natural caimento para as ruas lindeiras
pl;lta" rma do l:lIlHle d \ rt aterro. A au ência de defini a labor ão d um parecer geot' cnico, nos casos de terrenos de
qu nto à drenag m provi 6ria na fase de obras, à micro drenagem I vada complexidade geológica ou geotécnica. Este parecer com-
d áreas terraplenadas, ao manejo de solos, à proteção superficial, preende a delimitação das zonas ou unidades do terreno que apresen-
aos cuidados técnicos nas áreas de empréstimo e bota-fora são tam comportam~nto>~geotécnico homogêneo e o estabelecimento,
i temáticos. Entende-se que, dependendo do nível de complexidade para cada unidade, de diretrizes geotécnicas para o desenvolvimento
da intervenção proposta para implantação do ef11preendimento habi- dos projetos.
tacional, os elementos que constituem o projeto de terraplenagem As diretrizes geotécnicas incluem recomendações relacionadas
devam ser variados, ou seja, existem casos em que se torna indispen- a escavações, estabilidade de taludes de corte e aterro, comportamen-
ável maior nível de detalhamento do projeto de terraplenagem, to de aterros quanto a deformações (recalques), estabilidade dos \
incluindo a caracterização geológica-geotécnica da área, avaliação terrenos à erosão, bem como orientações para escolha de fundações.
do impacto ambiental decorrente da implantação da obra e identifi- Podem ser considerados terrenos de elevada complexidade
ação de medidas mitigadoras dos impactos previstos. Dentre as geológica ou geotécnica aqueles que apresentam uma ou mais das
ituações que requerem maior nível de estudo e detalhamento do seguintes características:
projeto de terraplenagem, devem ser apontadas: • mais do que 30% da área total do terreno envolvendo declivi-
• execução de aterros em várzeas e em áreas de solo mole; dade natural superior a 15%;
• ocupação de áreas junto a córregos e locais potencialmente • mais do que 30% da área total do terreno apresentando solos
inundáveis em decorrência da alteração das condições de escoamento moles de elevada compressibilidade;
do córrego ou do aumento de vazão da bacia de drenagem; • mais do que 30% do terreno apresentado afloramentos de
• áreas em que está prevista a terraplenagem generalizada ou a rocha ou matacões em superfície;
execução pontual de cortes e aterros de grandes dimensões; • mais do que 30% do terreno apresentando evidências de
• áreas de elevada declividade ou locais potencialmente críticos intervenções anteriores potencialmente problemáticas como cortes,
quanto ao desenvolvimento dos processos erosivos. aterros, depósitos de resíduos ou atividades de mineração;
Em linhas gerais, do ponto de vista das exigências legais, • presença de zonas com risco de escorregamentos, erosão de
entende-se que é necessário: grande porte ou inundação.
• alterar as exigências que obrigam ou induzem à implantação A elaboração do parecer geoté.cnico deve iniciar-se por uma
de projetos com terraplenagem generalizada e reconstrução compartimentação geotécnica do terreno. A delimitação e descrição
topográfica; das unidades geotécnicas do terreno devem tomar por base os dados
• incrementar, em geral, o nível de detalhamento exigível dos da investigação geotécnica de superfície, sondagens e eventuais
projetos de terraplenagem; investigações complementares. Esta compartimentação deve ser
• identificar os casos em que são necessários estudos comple- apresentada em plantas e texto explicativo, contendo; no mínimo,
mentares e detalhar os elementos adicionais exigíveis nestes casos. os seguintes elementos:
• mapa geotécnico do terreno, lançado sobre planta topográfica,
Parecer geotécnico contendo a delimitação em planta das unidades de comportamento
Sugere-se que, por ocasião do fornecimento de diretrizes para geotécnico homogêneo;
elaboração do projeto (art. 7° da Lei Federal 6766/79), seja solicitada
• seções geotécnicas obtidas da interpolação dos perfis de P:lr Ia pro guir endo jogada nos córregos, pode-se ter um
ondagem; r ultado tímido. A meta básica de resgatar a vida aos corpos d'água
• descrição das características geotécnicas relevantes de cada pressupõe a eliminação, praticamente total, dos dejetos lançados
unidade identificada, envolvendo, por exemplo, risco de instabilização sem tratamento.
de taludes existentes e de desenvolvimento de processos erosivos Se no município existe um esforço coletivo, através da aplicação
e.xpressivos, ri~co de inundação, declividade do terreno, vegetação, de recursos públicos, direcionado para a implantação de sistemas
tipO de material (solo ou rochas) presente em superfície, presença centralizados de tratamento dos esgotos, é necessário considerar
de solos compressíveis em superfície ou em profundidade, etc. esta iniciativa. Assim, é incoerente aplicar recursos em estações de
Além da compartimentação geotécnica, o parecer deverá incluir tratamento locais em áreas que brevemente serão integradas ao
texto explicativo contendo as diretrizes para o desenvolvimento das sistema centralizado de tratamento. Porém, é também incoerente
fases iniciais do projeto relativas a cada unidade do terreno. Estas aceitar que novos empreendimentos possam lançar diretamente seus
diretrizes incluem: dejetos nos corpos d'água, em áreas ainda não poluídas ou em locais
• critérios para obtenção de material para construção de aterro onde não se tem uma previsão concreta de entrada em operação do
(possíveis jazidas, forma de exploração, e proteção da área após a sistema centralizado de tratamento. Verifica-se, dessa forma, que a
exploração); exigência de tratamento de esgotos nos novos empreendimentos
• configurações geométricas dos taludes de corte e aterro deve considerar as diferenças existentes com relação:
necessárias para garantir a estabilidade; , • à possibilidade ou não de conexão do sistema de coleta de
• recomendações para a minimização e controle de problemas esgotos do empreendimento à rede de coleta pública;
de recalques, nos casos de aterros apoiados sobre solos compressíveis; • à possibilidade de que a rede pública existente possa, em curto
• cotas de aterro e demais medidas necessárias para viabilizar a prazo, ser integrada às estações de tratamento centralizado existen-
ocupação de terrenos potencialmente inundáveis; tes ou em construção;
• orientações para a execução das obras de terraplenagem (plano • ao estado de poluição em que se encontra o corpo d'água,
de manejo, cuidados construtivos, proteção superficial etc.) onde está previsto o lançamento temporário dos dejetos, enquanto
não se finalizam as obras de tratamento.
4.2.2 Tratamento de esgotos Identificados os setores da cidade que receberão tratamento,
No Brasil, nos últimos anos, a política de investimentos públicos deve ser feita uma série de ajustes nas leis que disciplinam o uso e
na área de saneamento priorizou a saúde pública em detrimento da a ocupação do solo nas áreas urbanas e urbanizáveis, visando incenti-
,
preservação ambienta/. Assim, é bastante comum que a parcela da var e estimular a ocupação das áreas já atendidas, ou com atendimen-
população atendida pelo sistema público de abastecimento de água to previsto a curto prazo. Torna-se possível, também, explicitar as
seja superior àquela atendida pela coleta de esgotos, por sua vez exigências, com relação ao tratamento de esgotos, para os novos
muito superior à parcela que tem seus esgotos tratados. empreendimentos habitacionais. Estas exigências podem ser formula-
A otimização dos investimentos em tratamento de esgotos pres- das conforme apresentado nas figuras 4.3 e 4.4, respectivamente
supõe que se privilegie e incentive a ocupação das áreas que dispõem para empreendimentos em que está prevista abertura de arruamento
ou irão dispor, em curto prazo, de sistemas de tratamento. Cabe público (Ioteamento) e nos casos d.e empreendimentos a implantar
lembrar que se uma parcela dos esgotos gerados for tratada, e uma em lotes já existentes.
Ár as que têm possibilidade de conexão imediata ao sistema de tratamento: Par o o de tratam nto e di po i ão d goto no t rr no
xlglr rede de coleta. p rt ncente ao empreendimento, existe norma da ABNT - NBR 7229
- Construção e Instalação de Fossas Sépticas e Disposição dos Efluen-
Áreas que têm possibilidade de conexão ao sistema de tratamento a curto
tes Finais, que apresenta os procedimentos de dimensionamento,
prazo:
exigir rede de coleta; aceitar lançamento sem tratamento, se o corpo d'água receptor já estiver
projeto, operação e manutenção, para sistemas que recebem, de um
3
poluído. Exigir tratamento (estação local) em caso contrário. ou mais prédios, até 75 m por dia. Incluem-se nesta norma os pa-
râmetros:
Áreas para as quais se prevê a conexão ao sistema de tratamento a médio
• para os diversos tipos de fossa séptica (câmara única, câmaras
prazo:
sobrepostas e câmaras em série);
exigir rede de coleta e tratamento (estação local). Aceitar disposição dos esgotos no lote, nas
situações tecnicamente possíveis.
• para a disposição dos efluentes das fossas sépticas no solo
(sumidouros e valas de infiltração);
Áreas para as quaisnão está prevista implantação de sistema de tratamento: • para o tratamento dos efluentes das fossas sépticas e disposi-
evitar a ocupação. Exigir tratamento (disposição no lote ou rede e estação de tratamento local) nos
ção nos corpos d'água (filtros anaeróbios e valas de filtração).
casos em que se permitir a ocupação.
Os sistemas de tratamento e disposição de esgotos nos lotes
1 \ guia rebaixada
/
Em outros, ela apenas aprova o projeto elaborado pelo empreendedor,
ou fornece o conjunto de normas técnicas a serem atendidas para o
desenvolvimento do projeto. Seja qual for do caso, é necessário que
a legislação municipal estabeleça claramente a obrigatoriedade de
sua elaboração, e da identificação do respectivo responsável técnico.
Figura 4.10 Posicionamento da faixa calçada dos passeios para simplificação da colocação da O texto legal deve apresentar a listagem dos projetos a serem
guia rebaixada, em loteamentos. elaborados, Esta lista não precisa ser igual à dos projetos a serem
apresentados para análise e licenciamento pelo Poder Público. No • I m nto do p io;
aso das edificações, por exemplo, o projeto estrutural raramente • arborização das vias públicas;
está incluído entre os produtos a serem apresentados e analisados • tratamento urbanístico e paisagístico das praças, áreas não
pela municipalidade. Cabe ao projetista a responsabilidade de que o edificáveis, áreas lindeiras a córregos, linhas de drenagem sazonais
projeto estrutural atenda às normas técnicas. O mesmo conceito e corpos d'água em geral;
pode se aplicar a alguns projetos relativos à urbanização. • rede de telefon ia;
A listagem dos projetos a serem elaborados depende do tipo do • iluminação das vias públicas;
empreendimento, diferenciando-se, em especial, aqueles que envol- • fornecimento de gás canalizado (quando for o caso);
vem abertura do sistema viário público, daqueles em que as edifica- • mobiliário urbano.
ções serão executadas em lotes já existentes. A legislação pode incluir Esta listagem supõe um empreendimento em que ,serão abertas
uma relação completa de projetos, dispensando-se alguns deles, nos vias públicas. Nos casos em que estiver prevista a implantação de
casos específicos. unidades multifamiliares, é necessário que estes projetos incluam
Vale destacar a conveniência de exigir a elaboração do projeto também as áreas coletivas (áreas internas aos condomínios, de
completo, mesmo que nem todas as obras projetadas venham a ser utilização coletiva). Nos casos de empreendimentos com edificações
executadas na fase inicial do empreendimento. É fundamental que multifamiliares, que não envolvam abertura de via pública, esta
o projeto do empreendimento consiga caracterizar como ficará o listagem se aplica somente às áreas coletivas.
conjunto após a implantação completa das obras de urbanização, e Não se abordam, neste trabalho, os critérios relativos aos projetos
que estejam indicadas quais serão as diversas etapas de implantação das edificações, supondo-se que estes critérios já estão regulamen-
destas obras, ao longo do tempo. Isto não impede que sejam exigidos tados na maior parte dos municípios. Vale destacar, para o caso
projetos mais detalhados das obras que serão executadas na fase' específico dos empreendimentos habitacionais de interesse social,
inicial. a necessidade de que o projeto das edificações inclua o detalhamento
Sugere-se qüe seja exigida, pelo Poder Público, a elaboração de da(s) alternativa(s) de ampliação das unidades evolutivas (embriões).
projeto, ao nível executivo, das obras a serem executadas na fase
inicial, e ao nível de estudo preliminar, das obras que serão executadas 4.4 Projetos a· serem apresentados ao Poder Público para
ao longo do tempo, depois que o empreendimento já estiver habitado. análise e licenciamento
A listagem dos projetos a serem elaborados deve incluir, além Antes da definição da listagem dos projetos a serem apresenta-
do projeto geométrico de urbanismo, os seguinte elementos: dos pelo empreendedor ao Poder Público, cabe avaliar os objetivos
• abastecimento de água potável; envolvidos na apresentação destes projetos. Dentre estes, destacam-
• captação, condução, tratamento e disposição de esgotos; se:
• captação, condução e disposição das águas pluviais, incluindo • cadastro dos lotes, edificações e áreas públicas que serão gera-
a drenagem das vias não pavimentadas (fase inicial); das pelo empreendimento;
• fornecimento de energia elétrica; • cadastro das obras de infra-estrutura que serão implantadas,
• terraplenagem das áreas públicas e dos lotes; na fase inicial, e das obras previstas ao longo do tempo;
• pavimentação das vias e tratamento primário das vias não • avaliação do atendimento às regras e critérios estabelecidos
pavimentadas (fase inicial); na legislação urbanística.
• pl n jamento das ações de responsabilidade da municipalidade
etlv Ividas na viabilização do conjunto.
O objetivos relacionados ao cadastro indicam a necessidade de
;lpr entação de todos elementos que façam a caracterização geomé-
lri a das obras previstas. Frente a estes objetivos, é de fundamental
importância que o levantamento topográfico esteja bem elaborado,
p ra evitar que as obras sejam implantadas em desacordo com o
projeto elaborado. É também necessário garantir que qualquer modi-
fi ação, na implantação das obras, seja registrada pelo empreendedor
informada à municipalidade. Se estes cuidados não forem tomados,
o objetivo de cadastrar as obras realizadas fica seriamente compro-
metido: a Prefeitura muitas vezes guarda, em seus arquivos, grande
quantidade de projetos que têm apenas uma remota semelhança
om a realidade.
Apesar da necessidade de elaboração de projetos executivos das 5.1 Conceito das exigências
obras que serão implantadas na fase inicial, não é necessária a apre- O sistema viário urbano é o elemento articulador das atividade
entação dos projetos completos à municipalidade. Como exemplo, que ocorrem na cidade e um foco constante de conflitos. Estes
é necessário saber a posição e dimensões das redes enterradas. No conflitos são inevitáveis, o que se constata analisando-se as funções
entanto, pode não interessar a análise dos detalhes técnicos e geomé- que as vias desempenham. Entre essas funções incluem-se:
tricos destas redes, usualmente apresentados em um projeto • circulação de pedestres e veículos;
executivo. • acesso às edificações;
Sugere-se que seja exigida a apresentação: • lazer e convívio socia I;
• da proposta geométrica de cada um dos projetos elaborados • estacionamento~
(cujas obras serão, ou não, implantadas na fase inicial); • comércio local (feiras, bancas etc.);
• da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) relativa ao • implantação de redes públicas de infra-estrutura (água, esgoto
desenvolvimento de cada um dos projetos; etc.);
• do memorial descritivo de cada um dos projetos realizados, • implantação de equipamentos diversos (orelhões, caixas de
identificando-se os critérios e normas técnicas utilizados na sua correio etc.).
elaboração, a descrição dos elementos que compõem o projeto com- Surgem conflitos decorrentes da diversi dade de funções. A circu-
pleto (além daqueles que foram apresentados para a municipalidade) lação rápida de veículos é conflitante com as atividades de lazer,
e a descrição sucinta das obras projetadas; com a circulação de pedestres, com o estacionamento e mesmo com
• da descrição detalhada e especificações técnicas das obras o acesso às edificações. O tráfego de veículos de serviço e transporte
que serão executada.s na fase inicial. coletivo é tonflitante com o tráfego de veículos de passageiros. Pode-
se avaliar a dificuldade de equacioná-Ios, garantin~o-se o real
atendimento de funções tão diversas. Na realidade só se consegue
que a via cumpra bem suas funções principais se algumas dessa d d qu XI ta uma limitação ao tama;;r,o máximo do lote condo-
!
funções forem privilegiadas, até com prejuízo de outras. Se uma rua minial.
tem como funções principais o acesso às edificações, circulação de Vias de pedestres: suas funções principais são o acesso de pedes-
pedestres e lazer, serão necessários padrões geométricos que tres às edificações, o lazer e convívio social e a implantação das
impeçam a circulação de veículos a velocidades elevadas. Os critérios redes de infra-estrutura. Não se prevê o acesso de veículos de passeio
urbanísticos têm um papel importante para o bom funcionamento e cqminhões. Podem ser executadas na forma de escadaria. "
do sistema viário, ou seja, para garantir que as funções principais \Vias mistas! mesmas funções da via de pedestres. Admitem-se
sejam atendidas. (como "convidados") os veículos de passeio para acesso às edificações
Torna-se necessário diferenciar as vias cuja função principal é a e, apenas em casos eventuais ou emergenciais, a entrada de cami-
circulação de veículos (tráfego de passagem) daquelas em que se nhões. As vias devem ter pequena extensão e atender número reduzi-
deseja baixo volume de tráfego e baixa velocidade. O dimensionamen- do de unidades habitacionais. Têm características semelhantes às
to das vias principais de acesso a um empreendimento habitacional de um ca lçadão.
deve levar em conta a demanda de tráfego. Seus parâmetros geomé- Vias locais: incluem-se nas suas funções a circulação regular de
tricos devem ser fornecidos por ocasião da expedição das diretrizes veículos (passeio e caminhões), de caráter essencialmente local, a
ao projeto, levando-se em conta os dados de planejamento de tráfego circulação de pedestres, o lazer, a implantação das redes de infra-
e transportes e a análise do empreendimento e seu ~ntorno. É muito estrutura. Torna-se necessário garantir baixo volume de tráfego e
difícil estabelecer critérios urbanísticos gerais nestes casos. Entretan- baixa velocidade dos veículos (cerca de 20 km/hora). São vias que
to, parte significativa das vias em um empreendimento habitacional podem ter pista de rolamento estreita, porém necessariamente di-
tem apenas tráfego local e, na maioria dos casos, pode-se prever mensionada para a circulação dos caminhões de serviços. Devem ter
com segurança que esta característica da via se manterá no futuro. conformação geométrica que permita prever, com segurança, que
Nestes casos as dimensões geométricas das vias estão relacionadas não constituirão futura ligação viária e escoamento de tráfego de
ao cumprimento das funções de circulação .de pedestres, circulação passagem. Preferencialmente deve ser possível identificar o número
de veículos para acesso aos lotes e veículosde serviço a baixa veloci- máximo de unidades.habitacionais atendidas pela via.'
dade, lazer, convívio social e implantação de redes de infra-estrutura. Vias coletoras: é maior o volume de veículos e a velocidade de
A solicitação de tráfego tem pequena influência no dimensionamento circulação e podem constituir ligação viária com outras partes do
das vias de tráfego local. Para estes casos é possível o estabelecimento tecido urbano, embora o tráfego seja predominantemente local. Po-
de critérios urbanísticos gerais baseados nas características e funções dem ter tráfego de ônibus. Nestas vias são necessários cuidados no
principais da via. projeto geométrico para minimizar conflitos entre a circulação de
Apresenta-se a seguir uma sugestão de classificação das vias pedestres e de veículos, considerando-se velocidades de até 40 km/
públicas de tráfego local, considerando-se suas características fun- hora.
cionais, objetivando o estabelecimento de critérios urbanísticos Vale destacar que a Lei Federal 6766/79 estabelece a destinação
diferenciados para cada categoria. Não estão incluídas as vias inter- de 35% do total da gleba para áreas públicas e que não é necessário
nas dos conjuntos multifamiliares horizontais e verticais. Entende- que o município fixe um percentual mínimo para o sistema viário. O
se que a legislação urbanística municipal não deve entrar em detalhes percentual adequado varia muito em função das condições especí-
sobre as características a serem atendidas por este tipo de vias, ficas locais e das características do projeto. Também não é necessário
ntrar m d 'léJlh obre as vias particulares, situadas dentro do • dimen ionamento adequado para a çirculação e manobra de
lotes "condominiais". veículos de passeio e de serviços;
Entende-se que os critérios urbanísticos relativos ao sistema • previsão de espaços para a implantação das redes de infra-
viário devem possibilitar, ao projetista, flexibilidade na seleção dos estrutura, para a arborização e disposição de lixo;
parâmetros geométricos a serem adota dos no projeto. Mesmo sepa- • condições de acesso e circulação de deficientes;
rando-se as vias em categorias, existem diversas variáveis que devem • condições adequadas para o estacionamento de veículos,
alterar significativamente sua geometria. Cabe citar: quando for o caso.
• mão única, ou dupla, de circulação de veículos; É importante assinalar que a exigência de dimensões mínimas
• existência, ou não, de acesso aos lotes situados junto à via; das vias não constitui garantia de boa qualidade de p"rojeto.
• forma de estacionamento (no próprio lote, em bolsões coletivos Encontram-se boas soluções, em vias de pequena ou grande largura.
ou no sistema viário); Encontram-se, também, soluções sofríveis em vias de pequena ou
• densidade populacional dos assentamentos que têm acesso grande largura. Existe um conjunto de fatores que interfere no bom
pela via; resultado: a existência ou não de postes e muros, a largura das
• existência, ou não, de uso comercial, institucional e de serviços calçadas, a posição da arborização, do mobiliário urbano, entre outros.
na via que está sendo projetada. Uma via local, com 6 metros de largura total, apresenta ótimos resul-
É evidente a dificuldade de que a legislação defina parâmetros tados em um empreendimento em que as casas são implantadas
geométricos diferenciados para todas as situações previsíveis. Cabe com muros de pequena altura, sem postes de energia elétrica e a via
também lembrar a tendência, verifica da no Brasil, de adoção dos constitui um calçadão (vide figura 5.1). Com a mesma largura total,
valores mínimos da legislação como padrão. Como exemplo, a exigên- o resultado é significativamente pior se forem executados passeios
2
cia de lotes com no mínimo 125 m e 5 metros de frente gerou laterais - a pista de rolamento e os passeios ficam com largura
grande quantidade de projetos em que, praticamente, todos os lotes insuficiente. É conveniente que a regulamentação legal explicite
têm essas dimensões. objetivos, e parâmetros de projeto visando assegurar boas condições
A legislação deve apresentar os objetivos e parâmetros associa-
dos à funcionalidade do sistema viário a serem atendidos nos empre-
.
de circulação, segurança etc. É, porém, contraproducente tentar
assegurar boa qualidade do projeto urbanístico através da lei; este
endimentos habitacionais, e"ntendendo-se que cabe ao projetista e procedimento tem como sub-produto a tendência ao superdimensio-
ao empreendedor a responsabilidade pela implantação de projetos namento, geração de conflitos no sistema viário e acréscimo
que atendam aos objetivos pretendidos, e não apenas obedeçam às desnecessário de custos. Recomenda-se que os parâmetros técnicos
"dimensões" estabelecidas pela legislação. Dentre esses objetivos voltados à garantia do padrão de qualidade do projeto do sistema
cabe destacar: viário sejam apresentados na forma de um guia de orientação à
• clara identificação da hierarquia da via projetada, garantindo- elaboração dos projetos, sem caráter de norma ou lei. Critérios
se que as funções principais da via sejam contempladas--e5ê]am técnicos diversos dos apresentados neste guia podem ser utilizados
minimizados os conflitos inerentes ao sistema viário; pelos projetistas, desde que garantidos os objetivos previstos na lei,
~~
• dimensionamento adequado para a circulação de pedestres, e se forem apresentadas as justificativas técnicas associadas aos
considerando a implantação da arborização, postes e mobiliário parâmetros técnicos utilizados.
urbano;
Figura 5.1a - A dimensão da via é apenas um dos fatores envolvidos na qualidade dos projetos. Figura 5.2 - A exigência de largura minima das vias não garante qualidade dos projetos.
Boas soluções podem ser encontradas em vias locais de pequena largura. Foto: Tama New Soluções inadequadas são verificadas também em vias larga
Town.
.
vias devem receber diretrizes de projeto da municipalidade,
a conexão da rede viária do novo empreendimento
indicando
com a rede exis-
tente ao seu redor, bem como as dimensões das vias de interligação
a serem implantadas, considerando o plano viário municipal e a
demanda de tráfego prevista.
Para as demais vias, destinadas à circulação interna e tráfego
local na área do empreendimento, a municipalidade pode delegar
aos projetistas a responsabilidade de seleção dos parâmetros geomé-
tricos, desde que:
• esteja indicada em planta a categoria da via projetada;
• tenham sido considerados os parâmetros de desempenho da
Figura 5.1b - Os postes e muros são fatores negativos nas vias locais de pequena largura. via e os parâmetros geométricos dos veículos-tipo.
Foto: Conjunto habitacional·em Rio Branco- Acre.
ug r - e a seguinte classificação e respectivos parâmetros de on tituir uma alt rnativa para o tráf<\go de passagem ou d
d empenho: ac sso aos assentamentos habitacionais nd entorno. As vias locais
Vias de pedestres: sua geometria deve possibilitar a passagem devem possibilitar a passagem de um caminhão, quando existir outro
imultânea de dois pedestres e a implantação das redes de infra- caminhão estacionado paralelamente ao meio fio. Em, pelo menos
estrutura e arborização. Deve ser prevista a colocação de hidrantes um dos lados da pista, deve ser prevista calçada com largura suficien-
ou outros mecanismos de combate a incêndios aprovados pelo Corpo te para arborização.
de Bombeiros. Nas intersecções das vias de pedestres com vias que Vias coletoras: sua geometria deve possibilitar o estacionamento
possibilitem circulação regular de caminhões deve ser previsto um de automóveis de passeio, em pelo menos, um dos lados da pista e a
local para deposição de lixo, dimensionado em função do número passagem simultânea de dois ônibus ou caminhões em sentidos
de unidades habitacionais a atender. contrários. As calçadas, em ambos os lados da pista, devem possibili-
Vias mistas: devem ter pequena extensão e características de tar a circulação concomitante de dois pedestres em toda sua exten-
sistema viário "fechado", ou seja, em que se pode identificar o número são, e devem ter geometria que possibilite arborização. Nos casos
de unidades habitacionais atendidas pela via. Podem ser implantadas de prolongamento de vias já existentes, a dimensão da nova via
como calçadão, sem pista de rolamento e nesses casos deve ser deve ser compatível com a da já existente.
prevista a implantação de guia rebaixada na intersecção viária. Sua Concordância horizontal: a concordância horizontal das pistas
geometria deve possibilitar a implantação das redes de infra-estru- de rolamento e do alinhamento dos lotes, nas curvas e inter cçõe,
tura e arborização e devem ter largura suficiente para, considerando deve ser feita de forma a garantir distâncias de visibilidade superiores
as redes e arborização, permitir: às distâncias mínimas de parada para as velocidades de projeto das
• passagem de um caminhão nos locais em que não existe acesso vias consideradas
direto aos lotes; Nas curvas, deve ser prevista sobre-largura da pista de rolamento
• passagem de um caminhão considerando a presença de um e nas intersecções curva de concordância nos alinham nto do meio
automóvel de passeio estacionado na pista, nos locais com acesso fio, considerando as dimensões e condições de manobrabilidade do
aos lotes; veículos-tipo.
• permitir a entrada e saída nos estacionamentos das residências Concordância vertical: a concordância vertical da pi tas de rola-
e a manobra de retorno dos automóveis de passeio, levando-se em mento deve garantir condições de visibilidade, de modo que o moto-
conta os raios de giro desses veículos. rista de um automóvel de passageiros circulando na velocidade dire-
Deve ser prevista a colocação de hidrantes ou outros mecanismos triz de projeto da via, possa enxergar uma criança a uma distância
de combate a incêndios aprovados pelo Corpo de Bombeiros. Nas superior à necessária para a frenagem do veículo naquela velocidade.
intersecções entre as vias mistas e as vias que possibilitam circulação A concordância vertical nos cruzamentos de vias deve considerar a
regular de caminhões deve ser reservado um local para deposição necessidade de uma plataforma relativamente plana, imediatamente
de lixo, dimensionado em função do número de unidades habitacio- junto à intersecção, de forma que o veículo que aguarda a passagem
nais a atender. Recomenda-se que seja permitido o controle de acesso de outro, possa ter condições de visibilidade.
de veículos, como forma de garantir o tráfego local, desde que seja Apresenta-se, no quadro a seguir, referências para o estabeleci-
assegurado o livre acesso de pedestres. mento de exigências relativas às declividades longitudinais máximas
Vias locais: não devem ser consideradas locais as vias que podem das vias.
via limite desejável limite máximo limite máximo a o ,O minh o r torn em marcha à ré. A baia d v'rá po ibilitar
para trechos para trechos
maiores que 50 m menores que 50 m o r torno, com manobras, do veículo de passeio-tipo, não sendo
coletora 8% 12% 14% necessariamente de forma circular.
local 10% 14% 16% Sugere-se, assim, que as vias sem saída tenham geometria que
mista 12% 16% 18%
possibilite:
Figura 5.3 Valores limites recomendados para declividade longitudinal de vias pavimentadas • manobra de retorno para automóveis de pa seio nas vias
Obs. O limite máximo desejável constitui limite que o projetista deve considerar como um
patamar, evitando preferencialmente ultrapassar.
mistas;
• manobra de retorno para caminhões nas vias locais;
As declividades mínimas, tanto longitudinal, quanto transversal, • retorno de caminhões e ônibus, sem manobras, nas vias
têm por objetivo garantir condições de escoamento das águas pluvi- . coletoras.
ais, evitando a formação de poças na pista de rolamento. Entende-
se que o valor mínimo de 0,5%, usualmente estabelecido para esse Estacionamento
fim, é um valor adequado para pisos em asfalto ou concreto. Valores O elevado custo de provisão de vagas de estacionamento nos
da ordem de 0,8% são necessários para pisos com superfícies irregu- empreendimentos habitacionais de interesse social deve ser conside-
lares, como aqueles executados com pedra acomodada a mão. rado quando se definem exigências neste sentido. Porém, o impacto
urbano dos empreendimentos executados sem o dimensionamento
Retorno em vias sem saída adequado de vagas leva a que seja adotado cuidado especial na
As vias locais na forma de alças apresentam melhor desempenho definição deste parâmetro. Entre os fatores envolvidos na decisão
que as vias "cul de sac". Nestas, deve ser evitada a exigência de ba- de proporcional idade de vagas, vale destacar:
lões de retorno circular em todas as categorias de vias, considerando • custo do terreno no município e no local do empreendimento,
os problemas de terraplenagem e de acesso aos lotes associados, e conseqüentemente, custo para destinação de vagas de estaciona-
em especial nas áreas de declividade natural elevada. mento no próprio lote;
Nas vias coletoras sem saída, que constituem um caso excepcio- • condições de atendimento de transportes coletivos na área
nal, a exigência de condições geométricas que possibilitem retorno em que vai ser executado o conjunto;
sem manobras-para caminhões e ônibus é pertinente. Se a baia for • renda da população-alvo;
de forma circular, torna-se necessário um raio da pista de rolamento • condições de segurança no município e aceitabilidade de esta-
de 11 metros. cionamento no leito viário (em bolsões de estacionamento ou em
Nas vias locais, o tráfego regular de caminhões praticamente vagas na rua).
limita-se à coleta de lixo e distribuição de gás. Sugere-se a exigência Recomenda-se que, nos empreendimentos habitacionais multifa-
de baias com geometria que possibilite a manobra do caminhão- miliares (horizontais e verticais), a proporção de vagas de estaciona-
tipo, sem especificar sua forma. O projetista poderá escolher a geome- mento em relação ao número de unidades habitacionais seja definida
tria mais adequada ao projeto, considerando as condições específicas considerando-se as faixas de renda mensal familiar da população
locais. que constitui o público-alvo do programa habitacional de interesse
Nas vias mistas, a circulação de caminhões ocorre apenas em social. Apenas como referência apresenta-se, na figura 5.4, os percen-
caráter excepcional e emergencial, podendo-se considerar que, nesses
tuais das famílias que não possuíam automóvel, por faixas de r nda, metro técnicos, tanto urbanísticos, como relativos à edificação, com-
na Grande São Paulo em 1987. patíveis com a circulação de deficientes. Estas ,edificações devem
Nos empreendimentos com habitações unifamiliares, pode ser estar localizadas de forma a possibilitar acesso às áreas institucionais
admitido que parte das unidades previstas seja implantada sem vagas e comerciais, bem como às vias de transporte coletivo e devem ser,
de estacionamento, possibilitando assim o acesso por via de pedes- preferencialmente, colocadas à venda para pessoas portadoras de
tres. deficiências físicas, auditivas ou visuais. Estes setores dos assenta-
mentos habitacionais, compatíveis para o acesso e circulação de
Deficientes deficientes, devem ser projetados considerando-se as especificações
Visando melhorar as condições de acesso e circulação desta técnicas da NB 9.050 da ABNT e os parâmetros do CET relativos ao
parcela da população, os empreendimentos habitacionais devem ter rebaixamento de guias e calçadas (CET,1985).
parte das unidades habitacionais projetada e implantada com parâ-
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~ subsidiar a preparação de um manual técnico de orientação aos
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".\ 5.3.1 Hierarquização do sistema viário
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",\; Começou' a existir, em diversos países do primeiro mundo, nos
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últimos 50 anos, uma preocupação muito grande com os conflitos
entre pedestres e veículos nos assentamentos habitacionais. Surge
a tendência aos projetos com forte hierarquização viária. As vias
internas dos assentamentos habitacionais têm tráfego essencial-
não tem casa própria mente local, não levando a outro destino que não o próprio conjunto
---- média habitacional. Apresentam-se, adiante, alguns exemplos de sistema
. .. . . . . . . .. , casa própria + 5 anos
viários com esta configuração .
• disposição das habitações em torno de um espaço central (vide
Figura 5.4 Percentual das famílias que não possuem automóvel, por faixas de renda, na
Grande São Paulo. Fonte: Metrô-SP - Informações obtidas do banco de dados resultante da figura 5.5);
pesquisa origem/destino de 1987.
• disposição em que os veículos estacion m contiguam nt à
via de acesso ao núcleo habitacional (vide figura 5.6);
• disposição em que vias de acesso em "cul de sac" penetram na
área do núcleo habitacional;
• disposição de acessos mediante um sistema de vias "cul de
sac"(vide figura 5.7);
• disposição dos acessos mediante vias em alça (eventualmente
associadas à vias "cul de sac" (vide figura 5.8).
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Figura 5.5 Conjunto com habitações em torno de um espaço central - sistema viário fechado.
Cooperativa Covimt 1, Uruguai. Planta e foto do conjunto, com 30 unidades habitacionais. Figura 5.6 Conjunto habitacional com estacionamento contíguo à via de acesso. Conjunto
Arquiteto Mario Spallanzani, 1969. Fonte: Revista Óculum 7/8 p.64 Intercooperativo, Mesa 3- Uruguai. Fonte: Revista Óculum 7/8 p.62
d Ir r P ulo,divulgouotrabalhod envolvidoporYama-
gui hi, m qu ão compiladas as dimensões dos veículos nacionais
ão selecionados veículos-tipo a serem considerados na elaboração
de projetos geométricos viários urbanos. Identificam-se 4 categorias
de veículos:
• veículos de passeio e utilitários:
• veículos leves de carga e microônibus (peso bruto total de até
8 toneladas);
• veículos médios de carga (peso bruto total entre 8 e 15 tonela-
~;~~----_.-
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das);
• ônibus urbanos.
Não foram considerados os veículos com peso bruto total (PBT)
superior a 15 toneladas, pois os levantamentos efetuados indicaram
Figura 5.7 Conjunto habitacional com acesso mediante sistema de vias "cul de sac': Fonte:
McCluskey, 1985 que praticamente toda distribuição de carga interna à área urbana
em São Paulo é efetuada por caminhões até 15 toneladas.
Na figura 5.9 apresentam-se as dimensões básicas da 4 catego-
rias de veículos-tipo e os raios de giro mínimo correspondentes.
~
Veículos - Tipo de Projeto Dimensões do ve ículo(m) Dimensões do raio
de giro minimo (m)
Passeio e utilitários (kombi) C Bt Ee Bd L Bit Re Ri L SL
Caminhões leves com PBT < 8 ton 4,75 1,30 2,70 0,80 1,77 1,42 5,50 3,10 2,40 0,60
Micro-ônibus
--
Caminhões médios 8 < PBT < 15 ton 7,30 1,95 4,10 1,25 2,25 1,66 9,00 6,00 3,00 0,80
Ônibus urbano 8,40 2,00 5,20 1,20 2,35 1,80 10,00 6,50 3,50 0,90
C
~I~~I
~Fil: .. :1<\
~~~ Ee
C = Comprimento
Bt = Balanço traseiro
~~./\
Ee = Entre eixos
Bd = Balanço dianteiro
L = Largura do veiculo
... Bit = Bitola traseira
Re = Raio externo
\ ~ \ \ SI..
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,, ,,
Ri
L
= Raio interno
= Largura da trajetória
,, ,, ,, SL = Sobrelargura
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Figura 5.8 Conjunto habitacional com acessos mediante vias em alça. Fonte: McCluskey,
1985
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5.3.3 Parâmetros geométricos das vias
Conforme indicado na publicação "Residential Roads and Footpaths ao
LI") LI") ~ ao
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Layout Considerations" (Department of the Environment-1977): 00
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possibilitar o cruzamento de veículos grandes. A maioria dos
veículos, entretanto, será constituída por automóveis privados
e a capacidade de tráfego raramente será um ponto crítico, mes- B ao
a LI")
CDt:::- IID[)g~ 08
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00
I~
determinados locais, para possibilitar a redução da área viária e
Ir
seu impacto visual, para preservar árvores e outros elementos
referenciais e para ajudar a diferenciar as vias de acesso resi-
go
dencial das demais categorias de vias ".
gôL
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Na figura 5.10 são apresentadas as larguras de pistas de rolamen-
to necessárias para o cruzamento de várias categorias de veículos e
larguras de calçadas, tendo em vista a circulação de pedestres e
W
carrinhos de mão. Cabe destacar que estes parâmetros de projeto
são dirigidos exclusivamente para vias de acesso residencial, com
velocidades de circulação bastante baixas. As vias coletoras não se
OB 4.800 4.100 3.000
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enquadram nessa situação.
A publicação "Normas para o projeto geométrico de vias urbanas"
i
(DNER-1975) indica larguras mínimas de 3 metros para cada faixa
de rolamento e de 2,5 metros para faixa de estacionamento, em vias
o
com velocidade diretriz de 40 km/h. Sugere, ainda, as seguintes
larguras mínimas da pista de rolamento:
• para vias de mão única: 6,5 ou 6 metros (velocidade diretriz ~
W
de 40 ou 30 km/h, respectivamente);
• para vias de mão dupla: 10,5 ou 9,5 metros (velocidade diretriz Figura 5.10 Parâmetros geométricos de pistas de rolamento e calçadas.
de 40 ou 30 km/h, respectivamente). Fonte: McCluskey,1985 p.290. Obs.: os números entre parênteses são recomendados para
uma circulação mais folgada ou para longas distâncias
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Figura 5.11 Parâmetros
geométricos - áreas de
estaci on amen to. Fonte:
8.ôo ~ gg & §' g
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~ números entre parênteses
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<ri <Xi indicam a largura necessária
90' 90' 90' <i
90' 90' da via, entrando-se na vaga
de marcha-a-ré
78 79
Na definição da largura da pista de rolamento é importante A utiliz o d urvas de concordân i h I nl~J1 na int r
considerar como se dará o estacionamento. Na figura 5.11 apresen- ções tem por objetivo garantir a visibilidade e a ondições de mano-
tam-se os parâmetros geométricos das vias, necessários para que se bra dos veículos. Há que se considerar o conjunto de fatores que
possa estacionar os diversos veículos-tipo. Verifica-se que para interferem nesse objetivo. Cabe citar entre eles:
possibilitar o estacionamento do automóvel-tipo de passeio a 90 • recuo da edificação;
graus, de frente, fora da pista de rolamento, é necessário que a • tipo de muro e seu posicionamento;
mesma tenha uma largura mínima de 6 metros. Para que possa • largura dos passeios;
estacionar em paralelo, junto ao meio fio, é necessária uma pista de • velocidade prevista de circulação;
rolamento com 5,2 metros. • posicionamento dos postes, árvores, placas e outros acessórios;
Constata-se, assim, que a largura da pista de rolamento de uma • forma de concordância do alinhamento dos lotes e da pista de
via de tráfego local fica condicionada à forma de acesso às edificações rolamento;
e ao tipo de estacionamento previsto, não sendo suficiente considerar • tipo de veículo previsto.
apenas a largura necessária ao cruzamento de veículos. Para que se possa avaliar a questão de visibilidade necessária
em curvas, apresenta-se na figura 5.13 o método gráfico de determi-
5.3.4 Intersecções, concordâncias horizontal e vertical nação das áreas a serem mantidas sem obstrução visual. O gráfico é
Os parâmetros geométricos das intersecções viárias das curvas e construído lançando-se a distância de parada a partir dos pontos de
de concordância estão diretamente relacionados às distâncias míni- tangência da curva (A e B) e subdividindo essa distância em trechos
mas de visibilidade para se garantir condições de segurança, distância de aproximadamente 3 metros cada. A subdivisão prossegue em seg-
essa, por sua vez, relacionada à distância de parada dos veículos. mentos também ao longo da curva. Em seguida, unem-se os pontos
Apresenta-se na figura 5.12 uma tabela com as distâncias de parada, dos segmentos designados com o mesmo número e a superfície resul-
definidas em função da velocidade. tante deve ser mantida sem obstáculos visuais.
10km/h 9
20 km/h 19 m
30 32
30 km/h N
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60 km/h 85 90 U')
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Figura 5.12 Distância de parada em função da velocidade. Fontes: DNER: "Normas para o Figura 5.13 Determinação da visibili-
(J)
projeto geométrico de vias urbanas"; Department of the Environment: "Residential roads dade e áreas sem obstrução visual em
and footpaths layout considerations': curvas. Fonte: McCluskey, 1985, p.292
Aplicando-se esse método, em uma curva de 90° de uma via
com pista de rolamento de 6 metros, em que se supõe velocidades
de 20 km/h, verifica-se ser necessária uma faixa sem obstrução visual
. de 2 metros a partir da guia. O estabelecimento de largura mínima
do passeio é uma forma de se garantir a visibilidade necessária.
Apenas a indicação de recuos da edificação não assegura totalmente
esse objetivo, considerando a possível existência de muros no alinha-
mento. A execução de canto chanfrado no alinhamento dos lotes,
junto às curvas e intersecções, é uma medida que poderia melhorar
a visibilidade, tornando desnecessária a execução de passeios mais
largos exclusivamente para esse fim.
Para verificação da visibilidade nas intersecções de vias, sugere-se
a aplicação do critério apresentado nas figuras 5.14 e 5.15. O valor
de X, inserido nestas figuras, varia de 2,4 metros -nas intersecções
entre vias locais com velocidades previstas da ordem de 20 km/h- a
~g
3,5 metros para intersecções de vias com velocidades da ordem de
50 km/h e tráfego de até 300 veículos por hora.
Em uma intersecção de vias locais em que se adote um raio de ,
>
concordância horizontal do meio fio de 6,5 metros, é necessária ,
uma largura mínima de passeio de 1,5 m para que se possa garantir ,
visibilidade, supondo velocidade de circulação de 20 km/h. A visibili- 1
alinhamento dos lotes. Em uma intersecção de via local com coletora / \ (l-/Ch~
"
ou de coletora com coletora, em que se adote um raio de concordân-
"
cia horizontal de 6,5 metros no meio fio, a calçada deve ter largura 3.6 '\,":',Jt~
mínima de 2,5 metros para que se possa garantir visibilidade. A visi-
bilidade ta-rrÍbém é atendida se, com a mesma largura de calçada, I~
for executado canto chanfrado de 5 metros na concordância do
alinhamento dos lotes.
O raio dé concordância horizontal do meio fio tem também
importância ao nível das condições de manobrabilidade dos veículos,
conforme pode ser observado na figura 5.16.
Figura 5.14 Verificação da visibilidade em intersecções de vias de tráfego local
As curvas côncavas e convexas de concordância vertical devem
Figura 5.15 Verificação da visibilidade em intersecções de vias coletoras
ser implantadas com um comprimento que garanta condições de Figura 5.16 Condições de manobrabilidade nas intersecções.
visibilidade, conforto e segurança. Nas autopistas essas curvas de
transição devem ser implantadas na forma de parábolas e o compri-
mento mínimo deve ser definido em função da velocidade e da
diferença de inclinação entre os trechos para os quais será feita a
transição. No caso de vias de tráfego local, sugere-se adotar os se-
guintes critérios:
Vias mistas: sem restrição - verificar se a curva de concordância
adotada não implica problemas para circulação de veículos de passeio
(vide figura 5.17) .
Vias locais: desenhar inicialmente a curva de transição com uma Especial atenção deve ser dispensada às curvas de concordância
extensão equivalente a L= 3y, onde L é o comprimento total da curva vertical nos trechosjunto às intersecções. Nestes trechos, para evitar
de transição e y o ângulo formado, expresso em porcentagem. Verifi- problemas de falta de visibilidade, a declividade da pista deve ser
car se a curva resultante atende à condição de visibilidade para dis- baixa. Sugere-se que a via tenha uma declividade máxima de 5%
tância de parada de 19 metros, correspondente à velocidade diretriz em um trecho de pelo menos 5 metros antes da intersecção (vide fi-
de 20 km/h (figura 5.18). gura 5.19).
Vias coletoras: desenhar curva de transição com extensão de
L= 12y. Verificar se a curva resultante atende à condição de visibilida- 5.3.5 Arborização e infra-estrutura
de para uma distância de parada de 45 metros, correspondente à Cabe considerar, quando se definem as dimensões do sistema
velocidade diretriz de 40 km/h (figura 5.18). viário, a arborização e a implantação das redes de infra-estrutura.
Apresenta-se, a seguir, algumas sugestões de adequação do tipo de
árvore às características físicas do local a ser arborizado (Figuras
5.20 e 5.21).
Figura 5.20 Porte e espaçamento entre árvores em função da largura das calçadas
Fonte: Cruz et ai, 1992
equipamentos distância minima (m)
esquinas 5
faixa de pedestres 3
Existem alternativas para que se possa arborizarsem necessaria- Figura 5.22 Alternativas para arborização sem alargamento contínuo dos passeios- arborização
na faixa reservada para estacionamento. Fonte: Villa, 1987, p.51
mente implantar calçadas com largura contínua da ordem de 2
metros. Dentre estas alternativas, vale citar:
• alargamento localizado das calçadas nos trechos com arbo-
rização;
• arborização no trecho da pista de rolamento destinado ao
estacionamento (figura 5.22);
• arborização no canteiro central;
• arborização em apenas um dos lados da via (face ensolarada)
e posteamento na outra calçada (figura 5.23).
Com relação à infra-estrutura, o condicionante geométrico ao
sistema viário mais relevante é a rede de energia elétrica. Segundo
Bona de Villa, (Villa, 1987- p.47) a distância mínima de segurança
de edificações à fiação é de 1 metro (vide figura 5.24). Nos casos em
que se prevê que o passeio, além da implantação
deve possibilitar a circulação de pedestres, torna-se
do posteamento,
necessária uma
_6.0 _.1.-- JJ
10.5
30
5.3.6 Declividades
Normalmente é indicada a conveniência de se limitar a declivi-
dade longitudinal das vias a valores da ordem de 7%, evitando-se,
mesmo para vias locais, declividades superiores a 12%.
As declividades elevadas introduzem uma série de problemas e
inconveniências, destacando-se:
• dificuldades de circulação de pedestres, deficientes físicos e
ciclistas;
• riscos de acidentes e tendência de circulação de veículos a
• peso de lixo gerado diariamente por habitante: 0,72 kg (mé- velocidades elevadas;
dia dos 180 maiores municípios brasileiros em 1987); • ruído de veículos;
3
• peso específico do lixo: 180 a 270 kg por m (dados dos muni- • dificuldades de estacionamento de veículos paralelamente ao
cípios de Caxias do Sul e Curitiba, a partir de medidas em recipientes meio fio;
de 200 litros); • dificuldades de implantação das obras de drenagem e pavimen-
• composição do lixo (em peso, baseado em dados do município tação;
de São Paulo, em 1990): AJo1tt- t' (I; Iv '" . • comprometimento do uso de lazer na via.
- res t os organlcos
A' 52,501/0
"
o r 1.(5 / Ir<J.~)d c...-
No entanto,
vias com declividades
em terrenos de alta declividade a implantação
maiores pode ser o "mal menor", pelos seguin-
de
= ~il:~~~cos ~:~Z: 3~Y~ !(5/~~dJC :2 11- 6 JAI • rede viária com declividades baixas implica
de terra muito extensos e destruição praticamente
em movimentos
total·da cobertura
- metais 4,9% \~ t !<S..; c20õ ~Iln;)": ),)~ vegetal;
- outros 5,5% I' ~ 0I/lJ • quando as vias são dispostas acompanhando as curvas de nível,
\/z1õw}' ,I O ~e-, o eixo longitudinal dos lotes com frente para essas vias acompanha
De acordo com esses parâmetros, para uma via de pedestres a linha de maior declive do terreno, resultando em grande desnível
com 10 residências e coleta de lixo a cada 3 dias, deve ser previsto entre as frentes e os fundos dos lotes;
um depósito de 500 litros (0,5 m\ Um depósito cúbico com esta
Existem outras alternativas de disposição geométrica para as
• dificuldade de drenagem das águas pluviais e esgotos nos lotes
baias de retorno nas vias sem saída. Na figura 5.27 apresentam-se
em declive (cota do lote inferior à da via de acesso);
algumas e apontam-se as dimensões necessárias para uma baia na
• comprometimento da paisagem. Cabe lembrar a frequência
forma de Y, em uma via com 6 metros de pista de rolamento, em que
de ocorrência da habitação de baixa renda com a laje de cobertura
se prevê condições de manobra para o caminhão-tipo. Verifica-se
ao nível da pista de rolamento- casos em que o automóvel passa a
que essa forma de retorno possibilita uma redução razoável da área
constituir fachada da edificação (vide figura 5.25);
pavimentada, em comparação ao retorno circular, garantindo retorno,
• riscos geotécnicos associados aos aterros de meia encosta e
sem manobras, para automóveis de passeio com raio de giro até 5
às obras de terraplenagem para implantação das edificações.
metros.
\
\
L
I
I I
J I
I
L ~
Figura 6.6 A construção de prédios de apartamentos sem recuo com relação à via pública
pode ser uma boa solução. Um dos fatores determinantes para a boa qualidade do projeto é
a largura da calçada. Foto: Rio de Janeiro
6.1.8 R cuo da 'u fi o co~ relação às divisas laterai d d r I t r I, na divi a do lote, é po ív I on truir uma difi ação d
fundo 2 andares, tornando problemática as condições de insolação e ilumi-
Entende-se que a exigência de recuo com relação às divisas nação dos cômodos para ele voltados. Não se consegue, portanto,
laterais e de fundo do lote deve ser uma forma de limitar a volumetria minimizar o impacto da construção nas edificações vizinhas, uma
da edificação, visando evitar que sua implantação interfira negativa~ vez que se libera a construção em uma das divisas laterais do lote. O
mente nas condições de iluminação natural, insolação e ventilação objetivo de melhorar a qualidade da edificação pode funcionar às
dos lotes vizinhos. avessas, e a exigência de recuo lateral pode revelar-se um empecilho
Em muitos municípios, as exigências das leis municipais quanto à elaboração de projetos que otimizam a iluminação e insolação.
aos recuos são desnecessariamente rigorosas nos casos das edifica- Já nos prédios de altura elevada, as exigências de recuo lateral
ções de pequena altura, e são excessivamente permissivas para muitas vezes mostram-se insuficientes. Como exemplo, o Código de
prédios elevados. Edificações de São Paulo, de 1992, permite que um prédio de aparta-
Para as edificações de um ou dois pisos, é freqüente a exigência mentos de 14 andares seja construido a 6 metros de um outro prédio
de recuo lateral com relação a pelo menos uma das divisas do lote. de 8 andares que tem suas janelas voltadas para ele. É praticamente
Tem-se uma situação curiosa: em função desta exigência, o certo que todas as janelas do prédio de 8 andares não receberão
proprietário de um lote de frente pequena não consegue voltar as qualquer insolação nos 6 meses mais frios do ano.
janelas da sua casa para a frente e fundo, que é, em muitos municípios Recomenda-se que ÓS valores de recuos das edificações com
o posicionamento mais favorável do ponto de vista da adequação relação às divisas laterais e de fundos sejam estabelecidos em função
climática (vide figuras 6.7 e 6.8). Induz-se a execução de um corredor da altura da edificação, medida a partir do terreno natural. Estes
lateral, para o qual são voltadas parte das janelas. Junto a este corre- valores devem ser definidos para cada município, independentemente
1r:~1iJ
Figura 6.7 Construções nas divisas dos lotes- o papel da rua como um afastamento natural
entre as edificações
<h Up I i d unid d h bit ja d 1 o~ (7.· O m2) qu, m m t d' d' gl b (' ,(U) n/)
li ~ d lima local. tenha-se uma vegetação exuberante que interessa pr rVtll, p r "
implantação de um parque público. Faltariam, portanto, 1-;,',00 m/
6.2 Subsídios para fixação de parâmetros de atendimento de terreno (25.000 - 7.500) a serem desapropriados. Na atual .11 ua ã
obrigatório econômica dificilmente existiriam recursos para esta desapropriação.
A transferência do potencial construtivo da área a ser doada mple-
6.2.1 Controle da densidade mentarmente poderia ser uma forma de se equacionar os int resses,
7
Um dos parâmetros de controle indireto da densidade é o coefi- sem que fosse necessária a desapropriação. Os 17.500 m doados
2
ciente de aproveitamento, que estabelece um teto para a área a complementarmente corresponderiam a 17.500 m de área cons-
construir. Dependendo da área de cada unidade habitacional, o truir que poderiam ser "transferidos para os terrenos remanescentes':
mesmo valor de coeficiente de aproveitamento pode conduzir a Um aproveitamento hipotético da gleba seria, então:
2
densidades diferenciadas. Como exemplo, um terreno de 1000 m ,
2
com coeficiente de aproveitamento igual a 1, pode conter 20 unidades área verde 25.000 m
2 2
habitacionais de 50 m de área construída ou apenas 10 unidades área institucional (50f0) 2.500 m
2 2
habitacionais de 100 m cada. Vale, porém, lembrar que a demanda viário 5.000 m
2
de infra-estrutura e serviços públicos é maior em uma unidade habi- lotes 17.500 m
tacional de maior área.
O número de unidades habitacionais a implantar e a área cons- Nos 17.500 m2 de lotes poderiam ser construídos no máximo
truída são as principais variáveis que interferem na demanda por 35.000 m2: 17.500 m2 dos quais correspondentes ao coeficiente de
2
infra e superestrutura urbana, no caso de empreendimentos destina- aproveitamento igual a 1 e 17.500 m resultantes da transferência
dos prioritariamente a fins habitacionais. Recomenda-se assim que do potencial construtivo.
a legislação estabeleça coeficientes máximos de aproveitamento dos Neste caso, o controle da densidade se efetivou para toda a
terrenos e que, adicionalmente, seja estabelecida quota mínima de gleba e não para cada lote isoladamente.
terreno por unidade habitacional apenas para setores da cidade onde Nos casos de empreendimentos envolvendo a execução do
o controle da área construída total não é suficiente, sendo necessário arruamento e construção das edificações é possível simplificar a
também limitar o número de unidades habitacionais a implantar. regulamentação desse tipo de operação, estabelecendo-se um
Este controle adicional pode ser necessário em setores em que a coeficiente de aproveitamento aplicável à gleba e não a cada lote
estrutura de serviços públicos, tais como escolas, postos de saúde e isoladamente. Para um percentual de áreas públicas de 400f0, o coefi-
transporte coletivo, encontra-se já saturada. ciente de aproveitamento da gleba é 400f0 inferior ao definido para
Os mecanismos de controle da densidade populacional máxima os lotes isoladamente.
não necessariamente precisam se aplicar por lotes. Como exemplo, O estabelecimento de parâmetros gerais para a gleba permite
vale citar o caso de um empreendimento habitacional a ser implan- uma flexibilidade interessante ao projetista. Como exemplo, podem
2
tado em uma área de 50.000 m , em uma zona da cidade que tenha ser propostos projetos com tamanhos diferenciados de lotes e dife-
coeficiente de aproveitamento máximo igual a 1. Suponha-se que a rentes tipologias habitacionais, considerando-se os condicionantes
área verde a ser doada ao Poder Público, pelas exigências legais,
d 'üd:l l rda gl b I I' qu . p rmill'rn '1 inlillnç. o tlíl i\( Uil pluv íl' tIO ',010 ti tllI I
nal, mo um todo. tot I do I t· - vi a ontr lar a ár imp 'rm (V( i tI dll/It 11
fluxo das águas pluviais que escoam uperfi ialm nt ;
6.2.2 Taxa de ocupação • taxa de terraplenagem: relação entre o total da ár oui to dI
A fixação da taxa de ocupação máxima a ser atendida pelos alteração do perfil de solo existente e a área total do lot - vi ,I ml
mpreendimentos habitacionais de interesse social vai depender da nimizar a área terraplenada em cada lote e manter a morroloqiíl
forma como este assunto é tratado e regulamentado no município. topográfica natural;
O valor tecnicamente recomendável vai depender das condições • taxa de vegetação: relação entre a área destinada à manu-
climáticas, dos hábitos dos cidadãos, do padrão de investimentos tenção ou implantação de vegetação arbórea e a área total do lot '
que se pretende efetuar, por exemplo em obras de climatização arti- - visa à manutenção da vegetação existente em área a ser ocupada.
ficial (iluminação, ventilação etc.) ou de drenagem de águas pluviais. A fixação do "índice mínimo de áreas permeáveis" insere-se no
Valores da ordem de 50% são geralmente adequados. Em alguns esforço de maximizar a infiltração de águas pluviais no solo, e pod
casos identificam-se setores específicos da cidade onde interessa a ser acompanhada de outras medidas legais tais como a exigência de
adoção de parâmetros mais restritivos quanto à taxa de ocupação. implantação de "pisos drenantes" nas áreas de estacionamento,
Podem ser citados, como exemplos: passeios e vias de pedestres. Identifica-se que a utilização de pisos
• áreas de recarga de aquíferos subterrâneos, onde é necessário mesclando áreas impermeabilizadas com áreas em que é possível a
minimizar a área impermeabilizada; infiltração no solo (grama, pedriscos etc.) surte um efeito bastante
• áreas com vegetação de porte, onde convém permitir a edifica- positivo na redução das águas pluviais que escoam superficialmente.
ção, sendo porém necessário ocupar pequenas extensões dos terrenos Sugere-se que, enquanto estudos mais aprofundados não são
(mesmo que com edificações verticalizadas), visando preservar parte realizados, a caracterização de "piso drenante" seja feita como sendo
significativa da vegetação existente; aquele que permite a infiltração das águas pluviais em um percentual
• áreas de encostas ou de elevada declividade natural. de sua área total. Avalia-se, preliminarmente, que percentuais da
Em alguns municípios, é admitida maior taxa de ocupação para ordem de 10 a 20% já possam significar uma melhoria significativa
a edificação no subsolo, buscando facilitar a implantação de garagens de desempenho com relação aos pisos integralmente
subterrâneas. Considerando-se que a fixação da taxa máxima de impermeabilizados.
ocupação tem um papel tanto ao nível da "permeabilidade" das edifi- Considerando que o piso intercalado com grama, solo ou pedrisco
cações, como, também, das possibilidades de infiltração das águas apresenta problemas para a circulação de carrinhos, cadeiras de roda
pluviais no solo, entende-se que este tipo de procedimento somente ou mesmo para pedestres, sugere-se que a relação entre a área que
se justifica para municípios em que o problema de enchentes é de permite a infiltração e a área impermeabilizada seja considerada
segunda ordem. para cada metro quadrado. Apresenta-se, adiante, um exemplo de
Complementarmente à taxa de ocupação máxima podem ser caracterização de "piso drenante" de acordo com estas ponderações:
fixados outros índices que atendem objetivos específicos, não Piso drenante é o que permite, a cada metro quadrado de pi-
abrangidos pela taxa de ocupação isoladamente, dentre os quais so, a infiltração de águas pluviais no solo em pelo menos 15% de
2
vale destacar: sua superfície (0,15 m ).
• índice mínimo de áreas permeáveis: relação entre as áreas do
Esse tipo de caracterização permite uma ampla gama de projetos d v m r pr p to m a p Ifi o , I vando- m onl~l ~I
de pisos classificados como drenantes, inclusive, soluções em que caracteri ti a do meio fí ico. Vi ndo m ximizar a infiltra d
se implanta faixas impermeáveis contínuas, intercaladas por áreas águas pluviais no solo e reduzir o fluxo das águas em sup rff i ,
que permitem a infiltração, facilitando a circulação de pedestres e deve ser estimulada a execução de pisos drenantes nos estaciona-
cadeira de rodas. Algumas alternativas de piso drenante passíveis mentos descobertos, passeios e vias de pedestres.
de implantação, com esta regulamentação, são apresentadas na figu-
ra 4.15. 6.2.3 Dimensões máximas e mínimas dos lotes
A limitação da taxa de terraplenagem permite evitar os projetos Os empreendimentos habitacionais devem ser implantados em
com "reconstrução topográfica", através da terraplenagem, e tem lotes cujas dimensões não ultrapassem aquelas correspondentes à
especial importância nas áreas em que os condicionantes do meio de uma quadra-padrão, estabelecida para este fim, no mu.nicípio.
físico, ou as condições paisagísticas, contraindicam a implantação Esta proposição ampara-se no conceito de que a "quadra" é o espaço
de empreendimentos habitacionais, que envolvam grandes alterações da cidade onde a propriedade é privada, não existindo circulação
no relevo existente. Considerando-se a possibilidade de implantação pública.
de edificações sobre pilotis, pode-se ter inclusive taxa de terraplena- Todas as áreas públicas dos empreendimentos habitacionais de-
gem inferior à taxa de ocupação, nos casos em que se mostrar neces- vem possibilitar livre acesso ao público. A concessão do direito real
sário que a edificação seja implantada sem modificações do relevo de uso de vias públicas, visando ao controle de acesso de veículos e
natural. à segurança dos moradores, somente deve ser admitida se:
A taxa de ocupação máxima dos lotes deve ser definida, preferen- • for garantido o livre acesso de pedestres;
cialmente, para toda a cidade, aplicando-se inclusive -à edificação • a via tiver caráter estritamente local, de forma que seu tráfego
subterrânea. Juntamente com a taxa de ocupação máxima, convém tenha como único destino as edificações situadas junto a ela;
fixar parâmetros voltados à manutenção de parte da área livre dos • a área total da via e dos lotes situados junto a ela tenha dimen-
lotes sem impermeabilização. Parâmetros mais restritivos quanto à sões que não ultrapassem as de uma quadra.
taxa de ocupação, parâmetros que limitam a área terraplenável em Os empreendimentos habitacionais implantados em terrenos
cada lote ou condicionam a preservação e implantação de vegetação, limítrofes a áreas de interesse público (caráter histórico, paisagístico,
cultural, ambiental etc.) devem ser projetados de forma a possibilitar
..
DO
o livre acesso à essas áreas. A municipalidade deve prever diretrizes
oOOOO viárias que viabilizem o acesso público, buscando impedir que, através
O OO O O
do desmembramento sucessivo das glebas limítrofes, este acesso
O OO O O
00
I. 100 .1 ~
O
O
OO
OO
O
O
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torne-se
diferenciada
vetado.
A exigência de tamanho mínimo de lotes unifamiliares
nos casos em que as edificações serão entregues prontas
deve ser
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/~ - ...:··1· ...
..' I I ". edificação pretendida
I I ". (condicionada à concordância
: ~ dos vizinho envolvidos)
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edificação implantável
de acordo com os
critérios propostos
Figura 6,15 A planta e corte "A" mostram um exemplo da possibilidade de construir sem
recuo lateral a edificação até a altura h. A planta e corte "B" mostram a posição do angulo a
7. Normas relativas às áreas verdes e
institucionais
7.1 Introdução
O rápido crescimento da população mundial no último século, e
as alterações no modo de vida ocorridas neste período trouxeram,
também, modificações nas formas de apropriação da terra, em
especial da terra urbana. Em uma conjuntura em que a maior parte
do espaço tem "dono" e o acesso às propriedades particulares é bar-
rado, a observação do mundo, é feita pelas telas do cinema ou televi-
são ou a partir dos lugares que permitem acesso público. As ruas,
estradas, parques, edifícios públicos, ou mesmo os locais de comércio
e serviços, assumem importância especial quando se considera este
aspecto.
Ao se pensar os critérios urbanísticos relativos às áreas públicas
é preciso lembrar algumas tendências observadas nas metrópoles,
que vêm intervindo significativamente na forma de uso destes espa-
ços. Cabe destacar:
• a situação de miséria de parte da populaç~o e expressiva carên-
cia habitacional provocando forte tendência de ocupação dos espaços
públicos sem utilização claramente estabelecida;
• a violência, a insegurança e o medo de utilização dos espaços
públicos (a colocação de cercas em praças é um reflexo);
• a aceitação, pelos municípios, de áreas livres transferidas pelos
lo't í1d n' , IIWdtl
I m 10 i problcmáti o (Ia adio, -I v:Hln indi ar a 10 üli élÇ o aproximada do quip"lmento e e ptl~~O livrt ,
d livid d n tur I te.); estab I ndo r públicas propor ionai à d n idad , r é1 t~
• a forte preocupação ecológica, em especial quanto à preserva- que, incluindo o sistema viário, não podem er inf rior a 0/O do
ção das áreas vegetadas; total da gleba. Existe então a possibilidade de, caso a caso, m função
• a freqüente utilização de bares, restaurantes e centros comer- das condições de cada gleba, estabelecer diretrizes quanto às área
ciais como espaços de convívio e recreação; públicas, variando-se o percentual de doação em função da densida-
• a freqüente cessão de áreas de uso comum do povo, original- de. Neste contexto, os critérios urbanísticos devem orientar a tomada
mente destinadas a praças e jardins públicos, para uso por entidades de decisão quanto à seleção das áreas públicas, por ocasião do forne-
privadas ou instituições que edificam nesses terrenos. cimento das diretrizes, evitando-se regulamentos que procurem "es-
A importância do espaço de livre acesso público e as grandes gotar" o assunto, sob risco de se limitar, desnecessariamente, a
alterações que a utilização desses espaços vem sofrendo nos últimos decisão em cada caso específico.
anos, mostram a dificuldade de se estabeler critérios urbanísticos e Pela Lei Federal n° 6.766/79 consideram-se:
a necessidade de se criar regras que sejam flexíveis, de modo a permi- • comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura,
tir a implantação de projetos que se adaptem às novas situações. saúde, lazer e similares e
Cabe lembrar que o executivo municipal tem um poder bastante • urbanos os equipamentos públicos de abastecimento de água,
grande quanto à seleção das áreas públicas, conferido pela Lei Federal serviços de esgotos, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede
n° 6.766/79. Destacam-se os seguintes pontos previstos na Lei telefônica e gás canalizado (artigos 40 e 50).
Federal: No presente texto, chamam-se de áreas institucionais aquelas
destinadas à implantação de equipamentos urbano e comunitário
"artigo 4 Os loteamentos deverão atender pelo menos, aos
0
As necessidades urbanas quanto às áreas institucionais constituem
seguintes requisitos: uma lista extensa: além das creches, pré-escolas, escolas de 1 e 2
0 0
1- as áreas destinadas a sistema de circulação, a implantação graus e postos de saúde, têm-se hospitais, universidades, cemitérios,
de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços postos policiais e de correios, escritórios administrativos municipais,
livres de uso público serão proporcionais à densidade de ocupa- mercados, bibliotecas, teatros, centros culturais e comunitários,
ção prevista para a gleba, ... terminais rodoviários, asilos e locais para caixa de água, estações de
artigo 7 A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal, quando
0
tratamento de água e esgotos, entre outros. Surge a dúvida: quais
for o caso, indicará, nas plantas apresentadas junto com o reque- as categorias de equipamentos devem ser incluídas no dimensiona-
rimento, de acordo com as diretrizes de planejamento estadual mento de áreas a serem doadas pelo empreendedor do assentamento
e municipal: habitacional? Usualmente, nos projetos de parcelamento do solo, os
- a localização aproximada dos terrenos destinados a equipamen- municípios estabelecem a exigência de doação de 5% do total da
to urbano e comunitário e das áreas livres de uso público (inci- gleba como área institucional, independente da densidade populacio-
so 111) ". nal do empreendimento. Cabe avaliar este valor e o que é possível
implantar, quanto a equipamentos públicos e comunitários, nessa
De acordo com a lei, as prefeituras municipais, por ocasião do área, considerando-se a densidade. Na figura 7.1 apresenta-se a
fornecimento de diretrizes para um novo empreendimento podem metragem quadrada disponível para cada unidade habitacional, em
fun '0 da densidade populacional, considerando-se a doação dO/o 7.2 Conceito das exigências relativas às áreas v rd
d áreas institucionais. Verifica-se que, com uma densidade de 120 A legislação de parcelamento do solo dos municípios usualm til'
unidades por hectare, tem-se 4,2 metros quadrados de área insti- exige doação de 10 a 15% de áreas verdes com relação ao total de
tucional por unidade habitacional. No Estado de São Paulo, esta gleba, sem exigir a implantação de praças e outros equipamenlo
quota não atende sequer à implantação das escolas de 10 e 20 graus, nos espaços previstos. Supõe-se que esses espaços seriam gradativn-
mesmo considerando-se os parâmetros mínimos de dimensionamen- mente equipados, pela própria municipalidade. Na prática, freqüentt-
to de terrenos para implantação desses equipamentos, proposto pela mente as áreas reservadas são impróprias para este fim e tem sido
FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação. ocupadas por favelas. Torna-se, assim, necessária uma revisão da
Por um lado, fica clara a necessidade de revisão dos parâmetros política pública relativa à capacitação das áreas verdes, que não p -
de dimensionamento das áreas institucionais a serem destinadas de se restringir à discussão do seu dimensionamento. Sugere-se que
pelos empreendedores habitacionais, sob risco de não se dispor de a legislação incorpore os seguintes conceitos e ponderações:
área pública sequer para a implantação de escolas. Por outro lado, • deve-se procurar garantir que as áreas verdes projetadas sej m
deve-se considerar que o empreendedor repassa ao preço dos lotes equipadas por ocasião da implantação do empreendimento habitacio-
ou habitações o custo dos terrenos transferidos ao domínio do muni- nal. As áreas não equipadas devem ser cercadas para evitar ocupação
cípio. A criação de áreas públicas por essa via tem, assim, impacto irregular;
nos custos habitacionais, sendo preciso estabelecer o equilíbrio entre • deve existir possibilidade para que, nos casos específicos, a
o que vai ser arcado pelo poder público, através da compra ou municipalidade possa exigir a preservação e transferência da proprie-
desapropriação de terras, e pelo comprador da unidade habitacional. dade de terrenos de interesse ambiental. Uma das formas de indeniza-
ção dos proprietários pela parcela acima dos limites usualmente
estabelecidos é a transferência do potencial construtivo;
• as áreas verdes devem ter condições efetivas de implantação
Densidade habitacional Área institucional disponível
para cada unidade habitacional (m')
de equipamentos de lazer e recreação. Em especial, a doação como
(unidades habitacionais por ha)
áreas verdes, das áreas não edificáveis previstas na Lei Federal 6.766
20 25,0
12,5
(ao longo dos córregos, rodovias, ferrovias etc.) deve ser analisada,
40
8,3 visando evitar que as "sobras" do parcelamento, sem condições de
60
80 6,3 uso público, possam ser destinadas para esse fim;
100 5,0 • ao estabelecer as exigências relativas às áreas verdes é conve-
120 4,2 niente separar os casos nos quais é possível quantificar o número
140 3,6 de unidades habitacionais a ser implantado, daqueles em que esta
3,1
160 quantificação não é possível. No primeiro caso os critérios de dimen-
180 2,8
sionamento são mais claros, e pode-se exigir que a área verde desti-
200 2,5
nada pelo empreendedor seja proporcional à densidade prevista.
220 2,3
Quando não se conhece o número de unidades a implantar, são neces-
Figura 7.1 Área institucional disponível para cada unidade habitacional, em função da sários procedimentos indiretos de avaliação da densidade;
densidade (considerando reserva de 50f0, com relação ao total da gleba) • é necessário separar os casos de empreendimentos implantados
m glebas m lotes. Nos lotes, em geral, já houve algum tipo d I ram nt fin lidad ,dim n õ 10 liza ão do t rr 'n d Li
doação de áreas públicas, embora, possa ser necessário exigir destina- nados ao uso institucional. É fácil avaliar a complexidade d t t r
ção complementar, em função do adensamento previsto; na medida em que estão envolvidos dados e decisões de órgãos d<1
• nos casos de empreendimentos habitacionais em glebas de administração pública municipal, estadual e, eventualmente, federal,
pequenas dimensões, ou em áreas especialmente bem servidas de muitas vezes com planejamento autônomo, descentralizado e incom-
áreas verdes, pode ser conveniente aceitar a doação de áreas verdes pleto. De qualquerforma torna-se indispensável que a administração
(e também institucionais) fora da área do empreendimento. A indeni- pública identifique a finalidade do terreno que passará ao domínio
zação em dinheiro, para um fundo destinado à aquisição de áreas público, para que o projeto possa ser feito adequadamente, conside-
públicas é uma alternativa a ser considerada; rando que os terrenos institucionais tem dimensões e raios d
• parte das necessidades referentes aos espaços livres pode ser atendimento diferenciados em função da finalidade a que se desti-
suprida em locais que não venham a ser ocupados irregularmente. nam.
As possibilidades da própria rua, das calçadas, dos recuos, dos espaços Convém que a legislação urbanística municipal explicite clara-
condominiais, e mesmo privados, devem ser também consideradas. mente os estudos e levantamentos que deverão ser realizados para
São necessários estímulos, previstos nos critérios de urbanização, fornecimento de diretrizes para os novos empreendimentos habita-
para que possam existir áreas de preservação ambiental, efetivamente cionais, bem como os elementos que deverão ser incluídos nestas
preservadas, de propriedade particular. Estímulos são também neces- diretrizes.
sários para a implantação de vegetação nas áreas livres dos lotes e É necessário contornar a dificuldade de obtenção de terrenos
junto às áreas comerciais, industriais e de serviços. Pode-se minimizar com dimensões suficientes para implantação das es.colas de primeiro
assim os problemas de segurança e manutenção, mantendo-se os e segundo graus. Se os empreendimentos habitacionais tiverem sem-
objetivos de preservação ambienta I e ampliação da área vegetada; pre pequenas dimensões, não se terá, na estrutura atual, a doação
• deve ser evitada a pulverização excessiva das áreas verdes de terrenos com dimensão suficiente para implantação das escolas.
públicas, considerando-se as dificuldades de manutenção decorren- Considerando-se o critério usual de doação de 5% para áreas institu-
tes. cionais, apenas loteamentos de mais de 100.000 m2 fariam doações
de terrenos com dimensões compatíveis com a implantação de
7.3 Conceito das exigências relativas às áreas institucionais escolas, de acordo com os critérios adotados no Estado de São Paulo.
Sugere-se que as áreas institucionais, transferidas ao domínio Torna-se assim necessário estabelecer mecanismos que possibilitem:
público nos empreendimentos habitacionais, sejam proporcionais à • a destinação de terrenos em proporções maiores que aquelas
densidade populacional, e sejam dimensionadas prevendo-se a estabelecidas pelo dimensionamento padrão previsto na legislação,
implantação, pelo menos, dos equipamentos básicos de saúde (UBS), indenizando-se pela parcela complementar. Como alternativa, pode
escolas de ensino infantil e escolas de primeiro e segundo graus. Os ser permitida a transferência do potencial construtivo correspondente
critérios urbanísticos não podem tentar substituir a análise de dispo- à área doada complementarmente, para o próprio terreno ou para
nibilidade de equipamentos no entorno da área em que vai ser terrenos situados fora da área do empreendimento, considerando-
implantado o empreendimento habitacional. Ou seja, por ocasião se nestes casos a proporcional idade de valores entre os terrenos
do fornecimento das diretrizes ao projeto, compete ao órgão de envolvidos;
planejamento municipal analisar as necessidades locais e definir • que nos pequenos empreendimentos possa ser dispensada a
reserva de áreas para quipamntos institucionais, d d que o • r vudt", de p quena dimen ~ n (alçada, rrnllt' 10',
empreendedor destine recursos IOrrespondentes à área que deveria centrai d vi j rdins de residência (vide fi ura 7.2);
ter sido reservada, para um funm destinado à aquisição de terras e
para a implantação de equipameltos institucionais públicos (urbano
e comunitário).
Com relação ao dimensionmento das áreas institucionais a
serem transferidas ao domínio plblico, por ocasião dos novos empre-
endimentos habitacionais, enteme-se que, de modo semelhante ao
proposto para as áreas verdes, !Critério deve ser diferenciado nos
empreendimentos em glebas e enlotes e nos casos em que se conhe-
ce ou não o número de unidadea implantar.
Em função das condições es~cíficas do entorno, pode ser decidi-
do, por ocasião das diretrizes ao ~Djeto,o uso das áreas institucionais
como área verde e vice-versa.
cipação do poder público municipal na definição relativa à localização 20 80 50,0 12,5 75,0 18,75
das praças, como forma de evitar as distorções hoje observadas. A 40 160 25,0 6,2 37,5 9,4
possibilidade de indicação das áreas públicas, por ocasião do forne- 60 240 16,7 4,2 25,0 6,2
cimento das diretrizes municipais, constitui alternativa para esta 80 320 12,5 3,1 18,7 4,7
definição. 100 400 10,0 2,5 15,0 3,7
No caso das áreas de interesse ambiental, a situação é um pouco 150 600 6,7 1,7 10,0 2,5
diferente - compete inquestionavelmente ao órgão público, no res-
200 800 5,0 1,2 7,5 1,9
guardo do interesse da coletividade, indicar as áreas que devem ser
preservadas, considerando que sua ocupação pode trazer danos para
a cidade como um todo. As áreas de preservação ambiental podem
A arbitrariedade no dimensionamento das áreas verd públi 7.5 Áreas institucionais - subsIdio paro I x:Jç. o dt par.lm tro
inevitável. Não se pode entretanto negar a necessidade de de atendimento obrigatório
tabelecer áreas públicas proporcionais à densidade de ocupação. A flexibilidade conferida aos município p Ia L i deral 6.766,
Para fixação da área a ser doada, considerando a densidade, sugere- para seleção de áreas públicas por ocasião do fornecim "to de diretri-
e a utilização do seguinte procedimento: zes aos projeto de parcelamento do solo, permite que jam sucintas
• estabelecer um percentual mínimo da área da gleba, a ser as exigências da legislação urbanística municipal, com relação às
doado nos projetos que envolvem parcelamento do solo (valores da áreas institucionais. Sugere-se a inclusão dos seguint s tópicos:
ordem de 100/0) e, simultaneamente, • dimensionamento "padrão" da área a ser transferida para
• estabelecer uma quota mínima de área verde de acesso público, domínio público: percentual mínimo da gleba e quot mínima de
2
por unidade habitacional. A quota de 10 m por unidade habitacional terreno por unidade habitacional;
é uma referência, caso se considere que a doação de 100/0 da gleba • possibilidade de exigência de destinação de áreas institucionais
atende satisfatoriamente a projetos de até 100 unidades habitacio- acima do dimensionamento "padrão", em função da análise da dispo-
nais por hectare. nibilidade de equipamentos no entorno;
Vale destacar que os empreendimentos implantados na forma • obrigatoriedade de incluir no projeto a designação do uso de
de condomínios geram demandas por terrenos públicos, mesmo que cada uma das áreas institucionais previstas, de acordo com as diretri-
o projeto não preveja o parcelamento do solo. A inclusão, na legisla- zes municipais;
ção, de um limite máximo para a área de cada lote, obrigando o par- • obrigatoriedade de execução de cercas e colocação de placas
celamento das glebas com área superior à este limite, constitui uma indicando o uso previsto, visando dificultar a ocupação irregular
forma de contornar o problema. Deve-se avaliar a conveniência de das áreas institucionais;
explicitar na legislação que qualquer empreendimento habitacional • possibilidade de repasse, a municipalidade, de áreas fora da
proposto para glebas que ainda não foram parceladas e que, portanto, gleba, levando-se em conta a proporcional idade dos valores dos terre-
ainda não destinaram terrenos públicos para a municipalidade, deve- nos (condicionada à concordância do órgão de planejamento);
rão passar por um processo de parcelamento do solo que inclua a • possibilidade de repasse de recursos correspondentes ao valor
transferência de terrenos ao domínio público. -' do terreno previsto pelo dimensionamento "padrão", para um fundo
Em função das condições específicas do município, com relação municipal destinado exclusivamente à aquisição de terrenos e im-
à carência de áreas verdes públicas, pode ser conveniente estabelecer plantação de equipamento em áreas verdes e institucionais (também
a exigência de áreas livres destinadas à recreação, internamente condicionada à concordância do órgão de planejamento);
aos lotes, nos empreendimentos multifamiliares. Como referência • possibilidade de se incluir, nas diretrizes ao projeto, a utilização
para o dimensionamento destas áreas livres de uso coletivo dos dos terrenos destinados a áreas institucionais como área verde, e
2
condôminos, sugere-se a quota de 6 m por unidade habitacional. vlce-versa;
Entende-se que a reserva de áreas verdes nos empreendimentos • tamanho máximo dos lotes e exigência de parcelamento do
habitacionais deve suprir a demanda por áreas de recreação infantil, solo prévio nos projetos de condomínios propostos para glebas, ou
praças e locais para prática esportiva, não incluindo portanto o seja, para áreas que ainda não destinaram áreas públicas para a
dimensionamento correspondente aos parques e reservas naturais. municipalidade.
f\ dir lri o pr ~ t t'm uma importância muito g nUt \I cola d duca ão Infantil
( ttl r' p n bilidade deve estar explicitada na legislação. Os órgãos Anali ando- o parâm tro d pl n j m nlo
públi o r ponsáveis pelo plane~amento físico dos equipamentos mento de escolas de educação infantil da xtint ON P - rl1pil
dI aúd educação mudam freqüentemente suas diretrizes, nhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo ( ON
difi ultando o estabelecimento de regras genéricas. Torna-se 1976), da CECAP - Companhia Estadual de Casas Popular d .-o
ri ária uma forte interação do órgão de plane~amento municipal Paulo (CECAP,1979), bem como as recomendações dos livro d Dodi
m tes órgãos, de modo a aperfeiçoar o processo de formulação (1953) e Ferrari (1977), verificam-se alguns pontos de conv rg"n ifl,
cJ diretrizes ao projeto. entre os quais cabe citar:
Apenas como referência para um pré-dimensionamento das • as escolas de educação infantil devem comportar não m i
r as institucionais, apresentam-se adiante alguns dados sobre as que 200 alunos por turno, evitando-se escolas com menos d 100
Unidades Básicas de Saúde, Escolas de Ensino Infantil e Escolas de alunos por turno;
1 e 2° graus, do município e da Região Metropolitana de São Paulo. • as escolas devem ser posicionadas para atender unidades habi-
tacionais situadas a distâncias inferiores a 500 metros;
aúde-UBS • a área construída por aluno, em cada turno, é da ordem de 4
2
O Plano Metropolitano de Saúde, que surgiu na primeira metade m (com exceção do trabalho da CONESPque indica valores da ordem
2
da década de oitenta, alterou a filosofia de implantação do serviço de 8 m por aluno);
vigente até então na Grande São Paulo. A entrada no sistema passou • a taxa de ocupação dos terrenos deve ser limitada a 50%;
se dar através das UBS-Unidades Básicas de Saúde que, se necessá- • a faixa etária enquadrável na escola infantil (4 a 6 anos) é da
rio, encaminham os pacientes aos hospitais gerais. As UBS, adminis- ordem de 6% do total da população.
tradas pelo município, passaram então a substituir os antigos Postos Considerando esses dados, uma escola infantil para 150 alunos
de Atendimento Médico (municipais) e Centros de Saúde (estaduais), por turno (300 no total, considerando funcionamento em 2 turnos),
2 2
com a ampliação do tipo de serviço prestado. Sua concepção prevê deve ter 600 m de área construída e 1200 m de terreno. Apesar
o atendimento de uma população entre 2000 e 20000 habitantes, dos trabalhos serem convergentes quanto à taxa de ocupação, a
ituada em um raio de até 2000 metros. , CECAP recomenda, para escolas deste porte, uma área de terreno da
2 2
O Plano Metropolitano de Saúde prevê que 20000 pessoas repre- ordem de 1900 m e a CONESPindica terrenos da ordem de 2500 m .
entam 270 consultas por dia (1,35% da população), exigindo uma
2
área construída útil de 483,4 m (CDH,1985). O equivalente módulo Escolas de Primeiro e Segundo Graus
2
construtivo exige uma área construída de 500 m em um terreno de O modelo de planejamento adotado pela FDE - Fundação de
2
1200 m . A baixa taxa de ocupação segue as recomendações do Desenvolvimento da Educação, prevê ofuncionamento das escolas
Ministério da Saúde e se deve à necessidade de garantir afastamentos em 3 turnos (2 diurnos e um noturno), com 35 alunos por classe,
dos vizinhos e das vias, fornecer espaços para estacionamento e sendo o funcionamento da ,. à 4a série necessariamente no período
permitir ampliações. Aponta-se a possibilidade de utilização de terre- diurno. Para efeito de planejamento do número de alunos, considera-
2
nos de até 800 m , mediante construção de mais de um pavimento, se um índice de 1,2 alunos por unidade habitacional, para Primeiro
o que é conveniente evitar por motivos funcionais. e Segundo Graus. Na figura 7.4 apresenta-se uma listagem da área
construída e área de terreno necessária à construção de escola, em
função do número de salas de aula considerado, de acordo com os ducação, indicam uma localização preferencial qu po ibil l(' ()
dados da FDE (FDE, 1991). Adicionou-se, à essas informações da acesso a pé em não mais que 15 minutos, correspondendo a um ru
FDE, o número de alunos máximo da escola e o número de unidades de atendimento de aproximadamente 800 metros.
habitacionais passível de ser atendido pela instalação física.
Considera-se, em geral, que do ponto de vista administrativo e Situação física das escolas existentes e resumo dos dados
pedagógico é conveniente que as escolas de Primeiro e Segundo Foi feito um levantamento da situação física das escolas já
Graus tenham de 10 a 12 salas de aula. implantadas, para verificar em que medida os elementos de planej ~
Os parâmetros de área do terreno das escolas apresentados na mento anteriormente apresentados coincidem com a realidade d s
figura 7.4 consideram escolas implantadas em 1 pavimento. Em áreas escolas existentes.
0
de elevada densidade populacional, admite-se a implantação de Analisando-se os dados de 2121 escolas estaduais de 1 e 2°
escolas em mais de 1 pavimento, reduzindo-se em uma terça parte graus da Grande São Paulo, no ano de 1990, chegou-se ao seguint
as dimensões dos terrenos assinalados. Quanto à localização das perfil:
escolas, os técnicos da FDE-Fundação para o Desenvolvimento da
n° médio de salas por escola 12,8
área necessária 2 n° médio de alunos por escola 1173,0
m de terreno
nOde salas terreno construção n° total de nOde por unidade n° médio de classes por escola 34,0
(m2) (m2)
de aula alunos unidades habitacional
área média construída 2754 m2
4 4.400 844 420 350 12.6 2
4.400 área média do terreno 6997 m
5 912 525 437 10.1
6 4.400 979 630 525 8.4
7 4.400 1.047 735 612 7.2 Analisando-se os dados de 205 escolas municipais de ensino
8 6.300 1.444 840 700 9.0 infantil de São Paulo, no ano de 1990, tem-se o seguinte perfil:
9 6.300 1.512 945 787 8.0
10 6.300 1.579 1.050 875 7.2
11 6.300 1.647 1.155 962 6.5 n° médio de salas por escola 4,7 salas
12 8000 1.848 1.260 1.050 7.6 n° médio de alunos por escola 485 alunos
13 8000 1915 1.363 1.137 7.0 n° médio de classes por escola 15,5 classes
14 8.000 1.983 1.470 1.225 6.5 2
área média de terreno 3835 m
15 8.000 2.050 1.575 1.312 6.1
16 9.800 2.352 1.680 1.400 7.0
17 9.800 2.419 1.785 1.487 6.6 Na figura 7.5 apresenta-se um resumo dos dados de planejamen-
18 9.800 2.487 1890 1.575 6.2 to e dimensionamento dos equipamentos básicos de saúde e
19 9.800 2.554 1.995 1.662 5.9
educação.
20 11.400 2.748 2.100 1.750 6.5
21
Analisando-se os dados da figura 7.5, verifica-se que as quotas
11.400 2.815 2.205 1.837 6.2
22 11.400 2.883 2.310 1925 5.9 de terreno por unidade habitacional referentes às instalações físicas
23 11.400 2.950 2.415 2012 5.7 dos equipamentos de educação já implantados em São Paulo chegam
mesmo a ultrapassar os patamares sugeridos pelos órgão de plane-
Figura 7.4 Dados de planejamento das instalações físicas das Escolas de Primeiro e Segundo
Graus. Fonte: FDE, 1991, p.24 jamento educacional.
2
Adotand -, mo r ferência, a quota de 10 m por unidad
h bitacional para equipamentos institucionais básicos, tem-se a
necessidade de áreas que variam entre 4% e 20% do total da gleba,
para projetos com 40 e 200 unidades habitacionais por hectare,
respectivamente. Essesvalores podem ultrapassar significativamente
o valor de 5% usualmente proposto nas leis municipais.
Entende-se, portanto, que os critérios urbanísticos, neste
momento, devem prever exigência de transferência ao domínio públi-
co de áreas institucionais dimensionadas para possibilitar a implanta-
ção dos equipamentos básicos de saúde e educação (UBS, EMEI,
Escolas de 1° e 2°), levando-se porém em conta a densidade e preven-
do-se a possibilidade de destinação de áreas complementares para
outros equipamentos. Propõe-se que os encargos da destinação des- Referências bibliográficas
tas áreas complementares sejam suportados pelo Poder Público, atra-
vés de compra/desapropriação, ou pela indenização do potencial ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 1994. Adequação
construtivo não utilizado. Propõe-se ainda que a identificação da das edificações e do mobiliário urbano à pessoa deficiente; NB-9DSD.
necessidade de implantação de outros equipamentos seja avaliada Rio de Janeiro.
e definida em função das condições específicas do local onde vai ser ___ o 1982. Construção e instalação de fossas sépticas e disposição dos
implantado o empreendimento, por ocasião do fornecimento de efluentes finais; NBR-7229. Rio de Janeiro.
diretrizes. É o caso, por exemplo, das creches públicas, que em deter- ALUCCI, M.P.; CARNEIRO, C.M.; BARING, J.G.A. 1986. Implantação de conjuntos
minados bairros podem ter uma importância muito grande. habitacionais: recomendações para adequação climática e acústica. São
Paulo: IPT. 95p. (IPT - Publicação 1779).
Quota de terreno por 0,16 a 0,48 m' 0,6 a 1,3 m' 4,3 a 7,6 m' CECAP - COMPANHIA ESTADUAL DE CASAS POPULARES. 1978. Bases para
unidade habitacional dimensionamento de equipamentos comunitários e das áreas livres. São
(planejamento)
Paulo.80p.
Quota de terreno por 1,26 m' 8,1 m' 1979. Bases para dimensionamento de creches em conjuntos popu-
unidade habitacional
___ o
DCLuzzatto.
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ção (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos. de projeto. São Paulo, IPT. (lPT - Publicação, 1635).
FDE - FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. 1991. Boletim ___ o 1987. Efeito da adição de brita a um solo argiloso visando obras de
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1990. São Paulo. 29p. ANEXO 1- Subsídios para a definição e
VAZ, J.c. 1994. Mais casas com novas leis. São Paulo: Pólis. (Dicas - Idéias caracterização dos empreendimentos
para a Ação Municipal, 6).
VAZ, J.c. e MORETII, R.S. 1995. Condomínios horizontais. São Paulo: Pólis.
habitacionais de interesse social
(Dicas - Idéias para a Ação Municipal, 33).
É necessário que a regulamentação dos empreendimentos habi-
VILLA, Bona. 1987. Critérios para elaboração de normas urbanísticas munici-
tacionais de interesse social inclua a definição e caracterização destes
pais para loteamentos e conjuntos em condomínio. São Paulo: CEPAM.
91 p. empreendimentos, visando evitar a utilização dos parâmetros especi-
ais previstos nesta legislação, para o atendimento de população que
___ o1991. O controle do uso e da ocupação do solo urbano pelo município.
não se enquadra na faixa de renda considerada de interesse social.
São Paulo. 138p.
Em alguns municípios, a utilização desses parâmetros especiais
VILLlBOR, D.F. 1982. Estabilização granulométrica ou mecânica. São Carlos.
tem sido restrita às empresas habitacionais administradas pelo poder
56p. (Notas de aula, Escola de Engenharia São Carlos, Universidade de
público. Desta forma, ficam excluídas as cooperativas, mutirões, e
São Paulo).
mesmo pequenos empreendedores interessados em produzir
YAMAGUISHI, A.T. /s.d./. Áreas de estacionamento e gabarito de curvas horizon-
moradias econômicas para venda ou aluguel. Esta regulamentação
. tais. São Paulo: Companhia de Engenharia de Tráfego. (CET - Boletim
afasta o capital privado da produção da habitação popular.
Técnico, 33).
Em outros municípios admite-se que as empresas privadas utili-
zem-se dos parâmetros definidos na legislação de interesse social,
desde que comprovada a comercialização dos imóveis produzidos
para famílias de baixo poder aquisitivo. Neste caso, surgem algumas
dificuldades:
• como evitar que o imóvel, inicialmente comercializado para
famílias de pequeno poder aquisitivo, seja rapidamente transferido
para famílias fora da faixa de renda de interesse' social?
• como comprovar que o imóvel foi efetivamente comercializado
p ra f míli d b ix poder aquisitivo? As limitações quanto às características e dimensões do imóvel
Uma alternativa para aceitação das empresas privadas na visam a produção de unidades habitacionais não atraentes para a
produção da habitação de interesse social é condicionar a população de mais alto poder aquisitivo. Apresentam-se adiante algu-
omercialização dos' imóveis produzidos a famílias previamente mas sugestões de limitações que podem ser incluídas na legislação:
cadastradas pela entidade municipal responsável pela política
• áreas mínima e máxima do lote, nos casos de lotes destinados
habitacional. A operacionalização desta exigência é complexa, e são a residências unifamiliares;
naturais os receios dos empreendedores privados, que ficam • quotas mínima e máxima de terreno por unidade habitacional,
obrigados a efetuar a venda do imóvel a um comprador indicado por nos casos de residências multifamiliares;
uma terceira parte. Persistem as dificuldades de equacionar a • áreas construídas mínima e máxima, nos casos de edificações
produção das cooperativas e de pequenos grupos que pretendem evolutivas, e de unidades acabadas (prever diferenciação da área
construir, por exemplo, através de mutirão. máxima para edificações de dois pisos);
Entende-se que as garantias de que a habitação é efetivamente • apenas um banheiro completo por unidade habitacional, admi-
utilizada pela população carente são fundamentais nos casos em tindo-se mais um lavabo nos casos de edificações de dois andares;
que o Poder Público está subsidiando sua produção. É o caso, por • apenas uma vaga de estacionamento de veículos;
exemplo, das habitações produzidas com recursos do FGTS,ou quando
• gabarito de altura máxima da edificação de 12 metros, não se
o município executa, a fundo perdido, parte da infra-estrutura ur- permitindo a utilização de elevadores.
bana. Essa caracterização simplificada dos empreendimentos habitaci-
Já a utilização de parâmetros urbanísticos especiais da habitação onais de interesse social visa somente reduzir os riscos de distorções
de interesse social para a produção de habitação destinada à popula- na comercialização dos imóveis. Os riscos não ficam eliminados.
ção de melhor poder aquisitivo nem sempre constitui ônus significa- Entende-se, porém, que é limitado o alcance da legislação neste
tivo para os cofres públicos. Se não forem grandes os riscos de com- sentido. Uma caracterização complexa dos empreendimentos de inte-
prometimento da qualidade de vida na cidade, associados à utilização resse social pode trazer dificuldades, para o Poder Público e para os
das normas urbanísticas especiais, recomenda-se simplificar a carac- empreendedores, dificuldades estas que inibem, ainda mais, a produ-
terização e enquadramento destes empreendimentos. Para esta sim- ção da habitação destinada à população de baixa renda.
plificação, sugere-se:
• que a legislação para os empreendimentos habitacionais de
interesse social possa ser utilizada, indistintamente, por indivíduos,
grupos de indivíduos, empresas particulares ou públicas;
• que existam limitações quanto às características e dimensões
do imóvel, para que o mesmo possa ser enquadrado como empreendi-
mento habitacional de interesse social;
• que seja averbado, na matrícula do imóvel, no Cartório de
Registro de Imóveis, que se trata de empreendimento de interesse
social, e que o registro somente poderá ser feito em nome de pessoa
que não seja proprietária de outro imóvel.
ANEXO 2 - Alguns comentários sobre a
legislação de interesse social aplicável aos
projetos de urbanização de favelas e de
loteamentos existentes
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