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INTRODUÇÃO À ANÁLISE
ESTRUTURAL
Renan de Lima Branco
Thiago Drozdowski Priosta

Introdução à análise estrutural

1ª edição

Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2019

2
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
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Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


__________________________________________________________________________________________
Branco, Renan de Lima
B816i Introdução a Análise Estrutural / Renan de Lima
Branco. Thiago Drozdowski Priosta. – Londrina : Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2019.
140 p.

ISBN 978-85-522-1557-8

1. Estrutura. 2. Diagrama de esforços solicitantes.


3. Hiperestaticidade. I. Branco, Renan de Lima. II. Priosta,
Thiago Drozdowski. III. Título.

CDD 620
____________________________________________________________________________________________
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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INTRODUÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL

SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5

Caracterização de estruturas 6

Classificação das forças atuantes nas estruturas 25

Classificação dos apoios das estruturas e suas reações 42

Diagramas de Esforços Solicitantes para estruturas lineares 63

Diagramas de Esforços Solicitantes para estruturas em pórticos 80

Relação Matemática entre os diagramas de esforços solicitantes e o


comportamento das estruturas 97

Introdução à hiperestaticidade das estruturas 117

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Apresentação da disciplina

Seja bem-vindo à disciplina de Introdução à Análise Estrutural. Nesta


disciplina você será apresentado aos conceitos fundamentais para
a análise estrutural, bem como levantar informações iniciais para o
dimensionamento de estruturas. Inicialmente, será apresentado a
uma visão da análise estrutural na história, bem como sua abordagem
em termos práticos no cenário da construção. Através desta disciplina
você será capacitado a identificar e classificar os tipos de estruturas,
aplicando conceitos da mecânica, como estática e equilíbrio de corpos,
para realizar análise da aplicação de cargas externas, bem como as
reações em apoios.

A fase seguinte de estudos é essencial para capacitar quanto à definição


das características dos elementos estruturais, pois será estudado como
calcular os esforços internos em uma estrutura por meio dos diagramas
de esforços solicitantes, seja uma estrutura linear ou em pórticos.
Além disso, você aprenderá a realizar a diferenciação entre estruturas
isostáticas e hiperestáticas.

Por fim, a disciplina ainda lhe introduzirá à relação matemática entre os


diagramas de esforços solicitantes e o comportamento das estruturas,
como deformações e deslocamentos. Para análises de estruturas
hiperestáticas, os recursos manuais se apresentam limitados, logo são
necessários recursos computacionais para solucionar a problemática
de modelar e analisar o comportamento de estruturas sujeitas a ações
externas, mesmo quando se apresentam como hiperestáticas.

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Caracterização de estruturas
Autor: Renan de Lima Branco

Objetivos

• Proporcionar reflexão sobre a origem dos estudos


de análise estrutural e sua evolução.

• Capacitar a leitura e interpretação de sistemas


estruturais quanto aos seus elementos.

• Capacitar para a identificação de diferentes tipos de


estruturas e suas aplicações.

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1. A concepção estrutural

1.1 Os fatores históricos para o desenvolvimento das


construções

Estima-se que a revolução agrícola se deu por volta de 12.000 a.C.


(BRAIDWOOD, 1960). Desde então a espécie humana alterou a forma
de se organizar em sociedade. Com o desenvolvimento de estruturas
de irrigação (Figura 1), passou a ser possível deixar aos poucos a cultura
nômade para se tornar sedentária.

Figura 1 – Resquícios de sistema de irrigação da região de Cuzco, Peru

Fonte: iStock – lovelypeace/iStock.com.

Para muitos historiadores, a revolução agrícola é um dos principais


pontos de inflexão na história da humanidade. A convivência
em sociedades fixadas em uma determinada região permitiu o
desenvolvimento tecnológico mais acelerado, uma vez que passou a ser
possível o acúmulo de conhecimento.

 7
A Pont du Gard (Figura 2) é um aqueduto que data da era do império
Romano, construído sobre o rio Gardon, próximo a cidade de Vers-
Pont-du-Gard, no sul da França (PONT DU GARD, 2019). A Pont du Gard,
também conhecida como Ponte do Gard, foi construída de forma a
sobrepor três fileiras de arcos. O objetivo era levar água para a cidade
de Nîmes, é a mais alta de todas as elevações romanas e uma das mais
bem preservadas. Esta é uma obra característica do período histórico
em que os romanos expandiram seu império através do investimento
em infraestrutura, como abastecimento de água e estradas, fixando
cidades e consolidando seu domínio nas regiões por onde construía.

Figura 2 - Pont du Gard, França

Fonte: espiegle/iStock.com.

O desenvolvimento das tecnologias construtivas não advém somente


para suprir as necessidades humanas por água e alimentos. Um
importante motor para o desenvolvimento das construções e grandes
estruturas é a necessidade de defesa e a participação em guerras.
Além do comércio, grandes pontes foram construídas para transportar
exércitos de uma região à outra.

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A Grande Muralha da China (Figura 3) é uma barreira fortificada no norte
da China com 21.196 km de extensão. A construção da muralha começou
na Dinastia Qin (221-206 a.C.), sob o Primeiro Imperador Shi Huangdi e
continuou por centenas de anos ao longo de muitas dinastias diferentes
(WALDRON, 1990). Este é um exemplo de uma mega construção motivada
pelas necessidades de proteção em períodos de guerra.

Figura 3 - Grande Muralha da China

Fonte: Hung_Chung_Chih/iStock.com.

1.2 A estrutura

A estrutura é o esqueleto de uma construção. Ela é responsável pela


sustentação de todos os sistemas e subsistemas, resistindo aos esforços
atuantes. Além disso, é responsável por prover segurança e estabilidade
à construção. A estrutura deve ser projetada para resistir a intempéries,
choques mecânicos e outros fatores que possam afetar a construção.
O esquema da Figura 4 apresenta a segmentação clássica entre
superestrutura e infraestrutura, quando analisada uma construção.

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Figura 4 - Elementos da superestrutura e da infraestrutura

Fonte: Elaborada pelo autor.

2. Análise estrutural

A análise estrutural é a previsão do desempenho da estrutura sob os


esforços aos quais os elementos estão submetidos. Os esforços provêm
de cargas, movimentações e mudanças de temperatura. A análise
estrutural tem como principais objetivos identificar nos elementos:

• tensões ou resultantes de tensões, tais como forças normais,


forças cortantes e momentos fletores;

• flechas (deslocamentos); e

• reações de apoio.

Uma estrutura pode ser concebida como um empreendimento


por si próprio ou pode ser utilizada como o esqueleto de outro
empreendimento. Para uma edificação residencial, por exemplo, a
ordem do dimensionamento da estrutura é inversa à ordem de locação
dos elementos que a compõem (Figura 5).

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Figura 5 – Relação entre dimensionamento e locação da estrutura.

Fonte: Elaborada pelo autor.

2.1 O processo de análise estrutural

A análise estrutural se dá sobre o projeto estrutural e juntos compõem


a Engenharia Estrutural. Essa é uma área na qual muitos engenheiros
civis se especializam e trata do planejamento, projeto, construção
e manutenção de sistemas estruturais para transporte, moradia,
trabalho e lazer.

Uma estrutura pode ainda ser projetada e construída em aço, concreto,


madeira, pedra, materiais não convencionais (materiais que utilizam
fibras vegetais, por exemplo), ou novos materiais sintéticos (plásticos, por
exemplo). Ela deve resistir a ventos fortes, a solicitações que são impostas
durante a sua vida útil e, em muitas partes do mundo, a terremotos
(MARTHA, 2010, p. 1).

Para cada tipo de material escolhido para a estrutura, seja em função


econômica, de disponibilidade ou até mesmo da expertise da mão de
obra, há uma tecnologia de construção distinta. Dessa forma, o aporte
da análise estrutural também será distinto. O resultado final do projeto
estrutural é a especificação de uma estrutura de forma completa:
locação, dimensões e detalhes de execução.

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A primeira etapa da análise estrutural é a previsão do comportamento
da estrutura descrita em projeto. O estado da estrutura deve atender,
dentro dos coeficientes normatizados, às condições de segurança
e de utilização para as quais ela foi projetada. É importante ser
enfatizado que o comportamento aceitável é aquele que não apresente
deslocamento ou vibração excessivos sob carga (GILBERT et al., 2009).

O comportamento da estrutura é definido em função de diversos


parâmetros: tensões atuantes, características dos materiais que a
compõem, deformações e deslocamentos na estrutura. A análise
estrutural deve ser feita para as possíveis configurações dos
carregamentos e solicitações. As teorias que baseiam as análises
iniciaram com o estudo de estruturas formadas por barras (elementos
com uma dimensão muito superior às outras duas). É comum realizar
análises prévias do comportamento global, ou parcial, de edifícios
aproximando para um modelo de barras (MARTHA, 2010).

2.2 Avanços no campo da análise estrutural

O estudo das estruturas data desde meados do século XVII, por Galileu
Galiei. Desde então notórios cientistas1 e matemáticos contribuíram
para a formalização da engenharia estrutural (MARTHA, 2010). Esse
embasamento científico criado permite o estudo dos carregamentos
e esforços atuantes nos componentes estruturais. Dois adventos que
marcam avanços no campo da análise estrutural foram a Revolução
Industrial, que trouxe à tona o uso de novos materiais na construção, e o
advento dos computadores, que possibilitou a resolução de complexos
equacionamentos de análise estrutural.

1
Jacob Bernoulli (1654-1705), Euler (1707-1783), Lagrange (1736-1813), Coulomb (1736-1806), Navier (1785-
1836), Thomas Young (1773-1829), Saint-Venant (1797-1886), Kirchhoff (1824-1887), Kelvin (1824-1907), Maxwell
(1831-1879), Mohr (1835-1918), entre outros.

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12
PARA SABER MAIS
A Engenharia Civil brasileira está presente nas listas de
recordes mundiais, especialmente na construção de pontes.
De acordo com Martha (2010), o Brasil foi cenário de um
forte e concentrado investimento em infraestrutura na
metade do século XIX, o que proporcionou grande evolução
na construção de grandes pontes, hidrelétricas e rodovias.

Desde o final do século XX, softwares para análise estrutural são o


ponto central em todo o processo da Engenharia Estrutural. Muitos
apresentam uma interface sofisticada, intuitiva e versátil, com
ferramentas de auxílio ao projeto. Tais softwares são indicados para
diversas áreas, como infraestrutura de transporte, obras industriais,
públicas, instalações de ginásios de esportes, obras para geração de
energia, edifícios de múltiplos usos, etc. Uma outra característica é o
ambiente de modelagem gráfica, que é baseado em objetos 3D (Figura
6), que fornece de forma visual a distribuição dos esforços entre os
elementos da estrutura.

Figura 6 - Software para Análise Estrutural

Fonte: https://edrmedeso.com/tekla-structures-and-sap2000-v-17-interface-2/.
Acesso em: 24 fev. 2019.

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Esses avanços permitem a construção de estruturas cada vez mais
complexas, uma vez que é possível realizar as verificações estruturais num
curto espaço de tempo e com grande confiabilidade dos resultados. A
confiabilidade dos resultados está diretamente relacionada com a correta
parametrização da estrutura, em termos normativos. Além disso, o domínio
técnico do profissional que atua nas análises estruturais é o ponto-chave
para a correta interpretação dos resultados e tomadas de decisões que
favoreçam o desempenho seguro das estruturas. Graças aos recursos
computacionais, hoje é possível construir arranha-céus rapidamente (Figura
7), servindo como marcos que representam o desenvolvimento tecnológico
e a competitividade econômica dos países (DEMPSEY, 2014).

Figura 7 - Novos arranha-céus estão sendo construídos rapidamente


ao longo de Abu Dhabi

Fonte: MindStorm-inc/iStock.com.

14
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Para passar da simples interpretação da estrutura real até chegar ao
modelo computacional é necessário seguir o processo apresentado
na Figura 8. A estrutura real é apresentada graficamente e sobre ele
pode ser elaborado o modelo estrutural, que consiste na visualização
dos carregamentos sobre a estrutura. Essa etapa exige grande poder
de intepretação e abstração por parte do profissional. A etapa seguinte
é o modelo discreto, onde serão apresentados os deslocamentos
e deformações. Trata-se de uma etapa intrínseca ao cálculo
computacional, no entanto, para uma série de análises prévias é possível
obter o modelo por meio de alguns métodos analíticos (Método das
Forças e Método dos deslocamentos). Por fim, o modelo computacional
é aquele a ser tratado por meio do Método dos Elementos Finitos (MEF)
e tem como resultado um resumo detalhado do comportamento de
todos os elementos da estrutura e a relação entre eles.

Figura 8 – Abstração para análise estrutural

Fonte: Adaptada de Martha (2010).

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3. Elementos estruturais

Toda estrutura pode ser segmentada em elementos que a compõem.


O que diferencia os elementos entre si são características geométricas
e os esforços sob os quais cada um deles trabalha. A NBR 6118 (ABNT,
2014), em seu item 14.1, classifica os elementos em função das suas
características geométricas.

Elementos lineares (ou barras, Figura 9.a) são aqueles onde uma das
dimensões é maior em pelo menos três vezes a maior dimensão da
seção transversal. Os exemplos mais comuns são as vigas (recebem
carga verticalmente ao eixo principal) e os pilares (recebem carga
axialmente ao eixo principal).

Elementos bidimensionais (ou elementos de superfície, Figura 9.b)


são aqueles onde uma dimensão é muito menor que as outras duas
dimensões. Os exemplos mais comuns são as lajes (placas, pois têm
carregamento perpendicular à superfície) e as paredes. Além de placas,
os elementos bidimensionais podem se comportar como chapas,
quando o carregamento está contido no plano da superfície. Por fim,
cascas são elementos de superfície curva.

Elementos tridimensionais são os elementos de volume, onde as


três dimensões têm a mesma ordem de grandeza, como blocos de
fundação, sapatas, etc.

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Figura 9 – Exemplo de elementos no contexto da estrutura

a. Barras que compõem uma estrutura, b. Superfície que compõem uma estrutura,
desempenhando papel de vigas e pilares. desempenhando papel de laje.
Fonte: runna10/iStock.com. Fonte: sheldunov/iStock.com.

4. Tipos de estruturas

Muitos fatores contribuem para a escolha de um sistema estrutural.


Os fatores podem ser econômicos, disponibilidade de materiais
ou até mesmo disponibilidade de mão de obra. O profissional
responsável por realizar as análises da estrutura precisa estar ciente
das peculiaridades do sistema escolhido. A seguir são apresentados os
principais sistemas estruturais.

4.1 Concreto armado

O concreto armado é originado pela composição de concreto (mistura


de cimento, água, agregados miúdos e graúdos) e armaduras de aço,
tendo como principal fenômeno a aderência entre os dois diferentes
materiais. O desempenho de estruturas de concreto armado é
historicamente conhecido e apresenta muitas vantagens: baixo custo
de produção e execução, domínio das técnicas construtivas (alta
disponibilidade de mão-de-obra), flexibilidade de projeto, boa resistência
ao fogo, intempéries, choques mecânicos e vibrações.

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PARA SABER MAIS
O concreto tem como principal característica a elevada
resistência a compressão. Já o aço apresenta como
principais características a ductilidade, resistência à tração,
flexão e torção. Dessa forma, juntos, compõem um dos
sistemas estruturais mais utilizados globalmente.

Uma variação muito aplicada do concreto armado é o concreto


protendido, onde as armaduras sofrem deformações antes da
concretagem, melhorando seu desempenho durante o período de
utilização da estrutura. Geralmente é aplicado para vencer grandes vãos
que o concreto armado simples são venceria.

4.2 Estruturas metálicas

As estruturas metálicas são aquelas cujos elementos são produzidos


totalmente em material metálico, principalmente aço. A estrutura
metálica pode ser utilizada para a execução de vigas, pilares, terças,
treliças de telhado, dentre outros. Este tipo de estrutura vem sendo
largamente utilizado desde a revolução industrial e apresenta uma série
de vantagens: seções esbeltas melhoram o uso do espaço e deixam a
estrutura mais leve, maior confiabilidade nas propriedades do material
(pelo fato de ser industrializado), uniformidade no acabamento, canteiro
de obra mais enxuto e maior velocidade na execução.

4.3 Estruturas de madeira

As estruturas de madeira vêm ganhando espaço no mercado de


construção em larga escala, principalmente com o uso de matéria-prima
de reflorestamento, posteriormente tratadas para resistir melhor às
ações físico-químicas do ambiente. Para se posicionar no mercado como
um sistema estrutural competitivo, as estruturas de madeira necessitam

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18
de alguns cuidados, como o tratamento contra fungos e cupins e,
em algumas situações, a aplicação de substâncias que retardam a
propagação do fogo em caso de incêndio. Entre as vantagens do uso das
estruturas de madeiras podemos destacar a leveza do material, baixo
preço e o fato de ser composta por materiais renováveis.

4.4 Alvenaria estrutural

A alvenaria estrutural é um sistema no qual os pilares e vigas de concreto


armado são substituídos por paredes autoportantes. Essas paredes são
construídas com blocos de alta resistência, podendo ser cerâmicos ou de
concreto. As vantagens no uso desse sistema é a economia com fôrmas
de madeira, aço e concreto, além de suas técnicas serem de simples
replicação para formação de mão de obra, o canteiro de obras é mais
organizado, pois apresenta uma menor variedade de materiais.

4.5 Estruturas mistas

As estruturas mistas são aquelas compostas pela combinação de mais


de um sistema estrutural isolado. No setor da construção civil no Brasil
são muito comuns obras com estruturas mistas de concreto armado
com estruturas metálicas. Nestes casos, os pontos que requerem maior
atenção são as interfaces de ligação entre os diferentes materiais.
Além do projeto detalhado da ligação, é fundamental considerar os
diferentes comportamentos, intrínsecos às características de cada um
dos componentes.

5. Recapitulando

A análise estrutural é a ferramenta que permite estudar o


comportamento das estruturas e elaborar projetos cada vez mais
eficientes e seguros. Com análises cada vez mais precisas, é possível
evoluir quanto às técnicas e materiais utilizados. É papel do profissional
interpretar corretamente os elementos da estrutura e estudar aos
esforços, cargas e deformações que estão sujeitos.

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TEORIA EM PRÁTICA
Você trabalha em um escritório de análise e cálculo
estrutural. Além de projetos estruturais, a empresa é
responsável por emitir laudos quanto à estabilidade e
segurança de estruturas. Em épocas em que o mercado
da construção está aquecido, as principais tarefas
estão relacionadas com cálculo e desenvolvimento de
projetos estruturais. Em épocas de baixa no mercado da
construção, o principal serviço é a visita aos mais variados
tipos de edificações, inspeção, análise dos esforços aos
quais cada elemento está submetido e o parecer quanto
ao comportamento do sistema estrutural. Você está
responsável por treinar um novo funcionário e como
primeira tarefa pediu que fizesse um relatório com duas
construções que encontrasse no trajeto até o restaurante
na hora do almoço, descrevendo resumidamente os
elementos estruturais presentes na edificação, bem
como os prováveis esforços a que estão submetidos.
O novo funcionário apresentou em seu relatório um
museu e um galpão industrial. Agora você precisa explicar
detalhadamente os elementos estruturais e apresentar os
esforços característicos aos quais estão sujeitos.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A estrutura é o esqueleto de uma construção. Ela é
responsável pela sustentação de todos os sistemas e
subsistemas, resistindo aos esforços atuantes. Além
disso, é responsável por prover segurança e estabilidade
à construção. A estrutura deve ser projetada para:

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a. proporcionar um ambiente com iluminação e
ventilação natural, seguro e com longa vida útil.

b. resistir a intempéries, choques mecânicos e outros


fatores que possam afetar a construção.

c. resistir aos esforços das lajes e impedir qualquer


deslocamento dos seus elementos.

d. proporcionar que os deslocamentos sejam


transmitidos às fundações.

e. resistir aos choques mecânicos provocados pelo


trânsito dos ocupantes da edificação.

2. Para passar da simples interpretação da estrutura real


até chegar ao modelo computacional, é necessário
seguir algumas etapas:
1. Modelo computacional

2. Modelo discreto

3. Estrutura Real

4. Modelo estrutural

Assinale a alternativa que apresenta corretamente a


sequência das etapas descritas.
a. 1-3-2-4.

b. 1-3-4-2.

c. 3-4-2-1.

d. 3-4-1-2.

e. 4-3-2-1.

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3. A escolha dentre os diferentes sistemas estruturais
é uma tomada de decisão que deve ser baseada nas
características necessárias para o projeto. Avalie as
afirmativas a seguir com V para verdadeiro e F para falso.

( ) O concreto armado apresenta baixo custo e alta


confiabilidade nas características do material.

( ) O concreto armado protendido apresenta boa


resistência ao fogo e é utilizado para vencer
grandes vãos.

( ) As estruturas metálicas apresentam um canteiro de


obra enxuto e maior velocidade de execução.

a. V-V-V.

b. V-F-V.

c. V-F-F.

d. F-F-V.

e. F-V-V.

Referências bibliográficas

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118: Projeto de estruturas


de concreto-procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
BASTOS, P. S. S. Fundamentos do concreto armado. Bauru: UNESP, 2006.
BRAIDWOOD, R. J. The agricultural revolution. Scientific American, v. 203, n. 3,
p. 130-152, 1960.
DEMPSEY, Michael Cameron. Castles in the Sand: A city planner in Abu Dhabi.
McFarland, 2014.
GILBERT, A. M.; LEET, K. M.; UANG, C. M. Fundamentos da análise estrutural.
3. ed. McGrawHill Brasil, 2009.

22
22
KASSIMALI, A. Structural analysis. Cengage Learning, 2009.
MARK, E. Great Wall of China. Ancient History Encyclopedia. Disponível em: https://
www.ancient.eu/Great_Wall_of_China/. Acesso em: 24 fev. 2019.
MARTHA, L. F. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. 1. ed. Rio de
Janeiro: Editora Elsevier, 2010.
PONT DU GARD. Site oficial da Ponte do Gard. Disponível em: http://www.
pontdugard.fr/fr?langue=FR. Acesso em: 17 mar. 2019.
WALDRON, Arthur. The Great Wall of China: from history to myth. Cambridge
University Press, 1990.

Gabarito

Questão 1 – Resposta: B
A estrutura é o esqueleto de uma construção. Ela é responsável
pela sustentação de todos os sistemas e subsistemas, resistindo aos
esforços atuantes. Além disso, é responsável por prover segurança
e estabilidade à construção. A estrutura deve ser projetada para
resistir a intempéries, choques mecânicos e outros fatores que
possam afetar a construção.
Questão 2 – Resposta: C
A estrutura real é apresentada graficamente e sobre ele pode ser
elaborado o modelo estrutural, que consiste na visualização dos
carregamentos sobre a estrutura. Essa etapa exige grande poder de
intepretação e abstração por parte do profissional. A etapa seguinte
é o modelo discreto, onde serão apresentados os deslocamentos
e deformações. Trata-se de uma etapa intrínseca ao cálculo
computacional, no entanto, para uma série de análises prévias é
possível obter o modelo por meio de alguns métodos analíticos
(Método das Forças e Método dos deslocamentos). Por fim, o
modelo computacional é aquele a ser tratado por meio do Método
dos Elementos Finitos (MEF) e tem como resultado um resumo
detalhado do comportamento de todos os elementos da estrutura
e a relação entre eles.

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Questão 3 – Resposta: E
A 1ª afirmativa é falsa, pois o aço apresenta alta confiabilidade nas
características do material por ser produzido industrialmente. As
outras afirmativas são verdadeiras.

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Classificação das forças atuantes
nas estruturas
Autor: Renan de Lima Branco

Objetivos

• Capacitar a verificação das cargas que podem agir


sobre a estrutura durante sua vida útil;

• Dominar as normas relacionadas para o


dimensionamento de carregamentos e os tipos de
carregamentos que cada elemento está sujeito;

• Ser capaz de estimar a magnitude das cargas


de projeto.

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1. Carregamentos

Beer (2009) apresenta que as forças atuantes sobre um corpo rígido


podem ser separadas em dois grupos: forças externas e forças
internas. As ações de outros corpos (ou campos) são as forças
externas e são responsáveis pelo comportamento exterior do
corpo rígido. As forças externas são caracterizadas por representar
carregamentos sobre as estruturas. Já as forças internas são aquelas
responsáveis por manter a estrutura íntegra, inclusive se for composta
por diferentes elementos.

As forças externas representam os carregamentos sobre a estrutura.


Tais carregamentos são, geralmente, classificados em função da sua
natureza e origem: cargas permanentes, cargas acidentais e cargas
ambientais (KASSIMALI, 2016).

1.1 Carregamentos permanentes

As cargas permanentes consistem dos pesos dos vários elementos


estruturais e nos pesos de quaisquer objetos que compõem ou estão
permanentemente conectados à estrutura. Assim, para um edifício, as
cargas permanentes incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, entre outros elementos construtivos.

Inicialmente, o carregamento permanente inerente à própria


estrutura deve ser calculado com base em valores característicos
e, após análise estrutural e ajuste das dimensões dos elementos
estruturais, deve ser adotado o novo carregamento. Os pesos
específicos de alguns materiais comuns de construção estão
fornecidos na Tabela 1. Outros equipamentos presentes na edificação
têm seus dados obtidos com os fabricantes.

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Tabela 1 – Pesos específicos geralmente adotados
Material Peso específico (kN/m³)
Alumínio 25,9
Tijolo 18,8
Concreto armado 23,6
Aço (estrutural) 77,0
Madeira 6,3
Fonte: Kassimali (2009).

PARA SABER MAIS


A norma brasileira que apresenta as diferenciações entre os
carregamentos é a NBR 8681 (ABNT, 2004), “Ações e segurança
nas estruturas – Procedimento”. De acordo com a norma, as
ações a considerar classificam-se em permanentes, variáveis
e excepcionais. Além disso, a norma fixa os requisitos para a
verificação da segurança estrutural e estabelece as definições
e os critérios de quantificação das ações e das resistências a
serem consideradas no projeto das estruturas.

Veja na prática um exemplo para determinar o carregamento


permanente de uma viga. A viga metálica de perfil I da Figura 1 suporta
uma laje de espessura 10 centímetros. A área de influência1 da laje sobre
esta viga é de 1,80 metros ao longo de todo o elemento. A viga ainda
suporta uma parede de 30 centímetros de largura por 2,40 metros de
altura composta por tijolos. Para calcular o carregamento permanente
que atua sobre a viga, basta utilizar os dados da Tabela 1 e seguir os
cálculos apresentados a seguir.

1
Área de influência é a porção da área da laje que exerce influência sobre o comprimento de uma viga espe-
cífica. A sustentação de uma laje, geralmente, se dá pela distribuição de sua carga sobre algumas vigas, dessa
forma é necessário calcular qual será a parcela de carga que cada uma das vigas recebe. Há uma seção espe-
cífica para você estudar mais sobre este assunto.

 27
Como não se conhece o comprimento total da viga, pode ser admitido o
carregamento por unidade de comprimento:

Laje: 23,6kN / m2 · 1,80m / m · 0,10m = 4,248kN / m


Parede: 18,8kN / m2 · 2,40m · 0,30m / m = 13,536kN / m
Total: 4,248 + 13,536 = 17,784kN / m

Figura 1 – Parede e laje sobre viga metálica.

Fonte: Adaptada de Hibbeler (2016).

Além deste carregamento, para análise do comportamento da viga será


necessário acrescentar seu peso próprio. Para elementos metálicos,
o peso próprio é encontrado tabelado em função do perfil metálico
empregado. Essas informações, assim como detalhes do perfil, podem
ser obtidos em catálogos de fabricantes.

1.2 Carregamentos acidentais

Cargas acidentais são todas aquelas que atuam sobre a estrutura em


função do uso da edificação. Elas podem variar tanto em magnitude

28
28
quanto em localização da sua aplicação, e ainda podem ser causadas
pelos pesos de objetos temporariamente colocados em uma estrutura,
veículos em movimento ou forças naturais. Existe a estipulação de
valores mínimos a serem adotados pela norma NBR 6120 (ABNT, 2000).
As cargas acidentais (ou variáveis) normalmente são especificadas como
cargas uniformemente distribuídas em kN / m2. A Tabela 2 apresenta
alguns valores mínimos a serem adotados para diferentes usos.

Tabela 2 – Valores mínimos para algumas cargas acidentais

Local Carga (kN/m²)


Escritórios e banheiros 2, 0
Bancos
Salas de diretoria e de gerência 1, 5
Com acesso ao público 3, 0
Corredores
Sem acesso ao público 2, 0
Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1, 5
Edifícios residenciais
Despensa, área de serviço e lavanderia 2, 0
Forros Sem acesso a pessoas 0, 5
Lojas 4, 0
Fonte: NBR 6120 (ABNT, 2000).

É importante ressaltar que, segundo a NBR 6120 (ABNT, 2000), no


item 2.2.1.4:

Nos compartimentos destinados a carregamentos especiais, como os devidos


a arquivos, depósitos de materiais, máquinas leves, caixas-fortes, etc., não é
necessária uma verificação mais exata destes carregamentos, desde que se
considere um acréscimo de 3 kN/m2 no valor da carga acidental.

Além de estabelecer padrões de cálculo, a norma ainda estabelece


alguns pontos de atenção, como a majoração de cargas acidentais no
projeto de garagens e estacionamentos. O item 2.2.1.6 da NBR 6120
(ABNT, 2000) apresenta como deve ser feita essa majoração, bem como
a majoração de alguns elementos:

 29
• Acréscimo de carga vertical de 1 kN na posição mais desfavorável
de todo elemento isolado de coberturas, tais como ripas, terças e
barras de banzo superior de treliças;

• Acréscimo de carga vertical de 2 kN/m e horizontal de 0,8 kN/m ao


longo dos parapeitos e balcões;

Já para o cálculo dos pilares e das fundações de edifícios não destinados


para depósitos, as cargas acidentais podem ser reduzidas de acordo
com os valores indicados na própria norma.

PARA SABER MAIS


O estudo das cargas encontradas em pontes segue a norma
NBR 7187 (ABNT, 2004), “Projeto e execução de pontes
de concreto armado e protendido”, onde é apresentada
uma classificação igual à conhecida para edificações
(permanentes, acidentais, ou variáveis, e excepcionais).
No entanto, cada uma dessas classes abrange ações que
requerem acompanhamento pela própria norma de pontes,
a NBR 7188 (ABNT, 2013), pois o estudo de cargas em
movimento difere bastante de cargas estáticas.

1.3 Carregamentos ambientais

Finalmente, após conhecer os carregamentos devido ao peso próprio da


estrutura e às solicitações inerentes ao seu uso, você conhecerá quais
são as cargas devido a fenômenos ambientais (naturais ou não).

As mais comuns delas são cargas de vento, produzidas pelo fluxo do vento
em torno da estrutura. A NBR 6123 (ABNT, 2013) trata das forças devidas
ao vento em edificações. Neste caso, as cargas de vento são consideradas
ambientais pela sua origem, mas não excepcionais, pois ocorrem numa
frequência maior do que sismos e incêndios, por exemplo.

30
30
A velocidade básica do vento, V0, é a velocidade de uma rajada de 3
segundos, excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 metros acima
do terreno, em campo aberto e plano. A Figura 2 apresenta o gráfico das
isopletas da velocidade básica no Brasil, com intervalos de 5 m/s. Como
regra geral, é admitido que o vento básico pode soprar de qualquer
direção horizontal.

Figura 2 – Isopletas da velocidade básica V0 (m/s)

Fonte: NBR 6123 (ABNT, 2013).

A força do vento em uma superfície plana depende da velocidade


característica do vento, que por sua vez depende da velocidade básica
e de diferentes fatores: ([1] topográfico; [2] influência da rugosidade do
terreno, das dimensões da edificação ou parte da edificação em estudo
e de sua altura sobreo terreno; e [3] conceitos probabilísticos.

 31
As cargas de ventos são especialmente importantes para estruturas
metálicas, pois são estruturas leves e o vento representa um risco à
estabilidade e segurança. Em estruturas metálicas, o vento pode causar
efeitos de sobrepressão (efeito é somado às cargas permanentes
e acidentais) ou efeitos de sucção (efeito é subtraído das cargas
permanentes de acidentais).

Outras cargas ambientais importantes para cálculo, mas classificadas


como excepcionais, são aquelas devido a explosões, choques de
veículos, incêndios, enchentes ou sismos excepcionais. Os incêndios, ao
invés de serem tratados como causa de ações excepcionais, também
podem ser levados em conta por meio de uma redução da resistência
dos materiais constitutivos da estrutura. Cargas ambientais que podem
ser consideradas não excepcionais, além do vento, podem ser as
variações de temperatura, o atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, as
pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas.

A NBR 8681 (ABNT, 2004) é onde estão consolidadas as tabelas de


referência para majoração das cargas em função de sua origem e
frequência.

2. Área de influência

A área de influência que contribui para o carregamento de um


determinado elemento deve ser encontrada pelo estudo da geometria
do sistema estrutural. A seguir são apresentados alguns casos bastante
recorrentes, mas, para modelos menos usuais, será necessário que você
estude muito bem as características geométricas e interprete como as
cargas serão transmitidas entre os elementos.

As Figuras 3a e 3b apresentam um caso de uma laje com dimensões


3L1 × L2 apoiada sobre um sistema composto por 4 vigas igualmente

32
32
espaçadas (AE, BF, CG, DH) e duas longarinas (AD, EH). Em casos como
esse, cada viga receberá uma carga proporcional à metade da área
da laje que apoia, onde q é a carga acidental considerada. No caso
de vigas centrais, BF, CG, elas recebem duas vezes o valor das vigas
laterais AE, DH.

Figura 3a – Áreas de influência sobre vigas, caso 1

Fonte: Adaptada de Kassimali (2009).

Figura 3b – Áreas de influência sobre longarinas, caso 1

Fonte: Adaptada de Kassimali (2009).

Dessa forma, o carregamento em função da área de influência para


cada elemento fica:

 33
Para este caso apresentado, vale ressaltar que a carga q apresentada
está relacionada com o carregamento da laje, não estando somado o
valor do peso próprio das vigas metálicas.

A Figura 4 apresenta um caso de laje com dimensões L × L apoiada


sobre um sistema composto por 4 vigas de iguais dimensões (AB,
BD, DC, CA). Em casos como esse, cada viga receberá uma carga
proporcional a um quarto da área da laje que apoia, onde q é a carga
acidental considerada.

34
34
Figura 4 – Áreas de influência sobre vigas, caso 2

Fonte: Adaptada de Kassimali (2009).

Dessa forma, o carregamento em função da área de influência para


cada elemento fica:

A Figura 5 apresenta um caso de laje com dimensões L1 × L2, com L1 > L2


apoiada sobre um sistema composto por 4 vigas (AB = CD, AC = BD). Em
casos como esse, as vigas menores receberão a carga proporcional ao
triângulo isósceles virtualmente definido e as vigas maiores receberão
carga proporcional à área do trapézio apresentado na Figura 2.5, onde q
é a carga acidental considerada.

 35
Figura 5 – Áreas de influência sobre vigas, caso 3

Fonte: Adaptada de Kassimali (2009).

Para estes casos, o carregamento em função da área de influência para


cada elemento fica:

36
36
3. Combinações de carregamentos

A análise das estruturas requer avaliar os efeitos dos carregamentos


combinados sobre os elementos. Não basta analisar o efeito de
um tipo de carregamento somente. Para tanto, as combinações
utilizadas variam em função dos estados limites. Os estados limites
podem ser estados limites últimos ou estados limites de serviço. Os
estados limites considerados nos projetos de estruturas dependem
dos tipos de materiais de construção empregados e devem ser
especificados pelas normas referentes ao projeto de estruturas com
eles construídas.

ASSIMILE

Estados limites de uma estrutura tratam-se dos estados


a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho
inadequado às finalidades da construção. Podem ser
últimos (ELU) ou de serviço (ELS). Quando a estrutura
atinge o ELU, paralisa-se parcial ou totalmente o uso da
edificação. Já para o ELS, são verificados efeitos estruturais
que não respeitam as condições especificadas para o uso
normal da construção.

Este capítulo apresentou um roteiro base para o estudo dos


carregamentos nas estruturas, apresentando as principais Normas
Brasileiras que regem este campo de trabalho. É muito importante
que pratique o que foi apresentado para ter domínio das normas e
suas especificidades.

 37
TEORIA EM PRÁTICA
Você trabalha em um escritório de análise e cálculo
estrutural e precisa determinar o carregamento das vigas
e das longarinas de uma estrutura metálica. A estrutura
está apresentada na Figura 6 e se sabe que este pavimento
será destinado às salas de gerência de um banco. A laje foi
feita em concreto armado (16 centímetros de espessura) e
as vigas são de um perfil metálico com 0,7 kN / m de carga
devido ao peso próprio, e longarinas com 2,1 kN / m.

Figura 6 – Pavimento de um banco

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. As cargas permanentes consistem dos pesos dos


vários elementos estruturais e nos pesos de quaisquer
objetos que compõem ou estão permanentemente
conectados à estrutura. Assim, para um edifício, as
cargas permanentes:

38
38
a. incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, ventos e esforços gerados por recalques.
b. incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, entre outros elementos construtivos.
c. incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, ventos e esforços pela dilatação térmica.
d. incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, esforços pela dilatação térmica, entre outros
elementos construtivos.
e. incluem os pesos dos pilares, vigas, lajes, telhados,
paredes, ventos, entre outros elementos construtivos.

2. A força do vento em uma superfície plana depende


da velocidade característica do vento, que por sua vez
depende da velocidade básica e de diferentes fatores.
Avalie as afirmativas a seguir e assinale com V para
fatores verdadeiros e F para falsos.

( ) topográfico;

( ) rugosidade do terreno;

( ) uso e altura da edificação;

( ) conceitos probabilísticos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a. V-V-V-V.
b. F-V-V-V.
c. V-F-F-V.
d. V-V-F-F.
e. V-V-F-V.

 39
3. Com relação às cargas acidentais, analise as
afirmativas a seguir:
I. Cargas podem variar tanto em magnitude quanto em
localização da sua aplicação;

II. Não existe a estipulação de valores mínimos a serem


adotados, pois derivam de processos empíricos;

III. Em hipótese alguma podem ser minorados os


valores das cargas acidentais, pois isso seria contra a
segurança.

É correto o que se a firma apenas em:


a. I.

b. II.

c. III.

d. I e II.

e. II e III.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8681: Ações e


segurança nas estruturas-Procedimento. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto-procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6120: Cargas para o
Cálculo de Estruturas de Edificações. Rio de Janeiro, 2000.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6123: Forças devidas
ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 2013.

40
40
BEER, Ferdinand P. et al. Vector mechanics for engineers. 9. Ed. Tata McGraw-Hill
Education. Nova Iorque, 2009.
HIBBELER, Russell C.; TAN, Kiang-Hwee. Structural Analysis in SI Units. Pearson
Australia Pty Limited, Sinapura, 2016.
KASSIMALI, A. Structural analysis. Cengage Learning, Ilinois, 2009.

Gabarito

Questão 1 – Resposta: B
As cargas permanentes consistem dos pesos dos vários elementos
estruturais e nos pesos de quaisquer objetos que compõem ou
estão permanentemente conectados à estrutura. Assim, para um
edifício, as cargas permanentes incluem os pesos dos pilares, vigas,
lajes, telhados, paredes, entre outros elementos construtivos.
Cargas de ventos, deslocamentos e deformações são acidentais.
Questão 2 – Resposta: E
A força do vento em uma superfície plana depende da velocidade
característica do vento, que por sua vez depende da velocidade
básica e de diferentes fatores, são eles: topográfico; rugosidade
do terreno; posicionamento da estrutura (bem como altura) e
conceitos probabilísticos. O carregamento do vento independe o
uso da edificação.
Questão 3 – Resposta: A
Existe a estipulação normatizada dos valores de cargas acidentais
mínimos que devem ser adotados em função do uso da edificação.
A norma ainda prevê a minoração de cargas acidentais quando a
edificação não será utilizada como depósito de armazenamento,
por exemplo.

 41
Classificação dos apoios das
estruturas e suas reações
Autor: Renan de Lima Branco

Objetivos

• Compreender a ocorrência dos esforços internos em


situações de equilíbrio;

• Capacitar a identificar os diferentes tipos de apoios


dos elementos estruturais;

• Capacitar a calcular as reações nos diferentes tipos


de apoios.

42
42
1. Apoios de elementos estruturais

Toda estrutura é projetada de forma tal que as cargas recebidas


sejam transmitidas ao solo de alguma forma. No entanto, uma
estrutura, geralmente, não é constituída de um único elemento
(estrutura monolítica). As estruturas são compostas por elementos que
transmitem as cargas recebidas aos elementos a que estão conectados.
Existe um trabalho integrado entre os elementos para que seja
alcançada a estabilidade da estrutura.

A relação entre elementos se dá por conexões. Quando é feita uma


análise estrutural detalhada, analisa-se cada um dos elementos
isoladamente, na medida do possível. Dessa forma, cada tipo de
conexão entre elementos pode ser representado como um apoio,
classificados em rígidos, articulados ou com rolamento. Na Figura 1
é possível observar representações clássicas para esses diferentes
tipos de suporte.

Figura 1 - Representação de apoios: (a) classe I, apoio móvel. (b) classe II,
apoio fixo. (c) classe III, engaste

(a) (b) (c)


Fonte: Elaborada pelo autor.

As reações de apoio são os esforços exercidos pelos apoios a fim de


assegurar o equilíbrio do elemento. É importante conhecer seus valores,
sentidos e direções. Como os apoios representam pontos de contato
entre diferentes elementos, a Terceira Lei de Newton assegura que o
carregamento transmitido ao elemento de apoio terá igual módulo,
direção e sentido oposto à reação calculada.

 43
PARA SABER MAIS

O enunciado da Terceira Lei de Newton é o seguinte:

“Para toda força que surgir num corpo como resultado da


interação com um segundo corpo, deve surgir nesse segundo uma
outra força, chamada de reação, cuja intensidade e direção são
as mesmas da primeira, mas cujo sentido é o oposto da primeira”
(RIDPATH, 2012).

2. Equilíbrio de estruturas

Para a análise de reações nos apoios é importante compreender o


conceito de esforços internos e a diferenciação das forças externas. As
forças externas são aquelas originadas de carregamentos (permanentes,
acidentais, ambientais), bem como as reações dos apoios estruturais. Já
os eforços internos são aqueles presentes em cada seção do elemento.

O equilíbrio estrutural pode ser definido como a permanência no


estado de repouso de uma estrutura que, inicialmente em repouso,
continua neste estado mesmo quando sujeita a uma combinação de
carregamentos (KASSIMALI, 2015). O equilíbrio é alcançado quando
todas as forças atuantes, momentos e reações de apoio (Figura 2) se
equilibram, sem haver resultante diferente de zero em qualquer direção.

O sistema de equações que representa o equilíbrio tridimensional de


um elemento é o seguinte:

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44
Figura 2 – Atuação de forças externas e momentos atuantes em um
elemento tridimensional

Fonte: Adaptada de Kassimali (2009).

Para um modelo bidimensional (estruturas planas), o conjunto de


equações que definem o equilíbrio pode ser resumido naquelas que
relacionam somente as duas coordenas principais1 (x e y):

As principais formas de carregamento estão apresentadas na Figura


3. A Figura 3(a) apresenta a força concentrada, caracterizada por ser
aplicada em um único ponto, podendo variar módulo, sentido e direção.
A Figura 3(b) apresenta o momento fletor concentrado, caracterizado
por causar uma rotação do elemento em torno do eixo z, podendo variar
o sentido do giro. A Figura 3(c) apresenta o carregamento distribuído,
caracterizado por aplicar cargas ao longo de um trecho do elmento,
podendo variar o formato da sua distribuição.

1
O momento em torno do eixo z é considerado no sistema de equações, pois ele é gerado pelas forças nos
eixos x e y.

 45
Figura 3 – Principais carregamentos. (a) Força concentrada. (b) Momento
concentrado. (c) Carga distribuída

(a) (b) (c)


Fonte: Elaborada pelo autor.

3. Cálculo de reações

Para aplicar os conceitos de equilíbrio e apoio, tendo por finalidade


o cálculo das reações de apoio, vamos estudar a Figura 4. Uma viga
biapoioada, com um apoio fixo em uma extremidade e um apoio móvel
na outra, recebe uma carga concentrada, uma carga triangularmente
distribuída e um momento concentrado. As reações de apoio são
responsáveis por garantir o equilíbrio do sistema de equações, ou seja,
a somatória das forças na direção x e na direção y devem ter somatória
igual a zero. O apoio do ponto A apresenta duas reações, pois é um
apoio fixo e impede o deslocamento em duas direções, gerando uma
reação vertical RA e uma reação horizontal HA. O apoio do ponto B é
um apoio simples e impede o deslocamento somente em uma direção,
gerando somente uma reação, neste caso, como o apoio B sustenta o
elemento na direção vertical, a reação será na direção vertical RB.

46
46
Figura 4 – Equilíbrio estático em uma viga biapoiada

3.1 Exemplos de aplicação

É fundamental que o profissional da Engenharia Estrutural domine


o processo de calcluar as forças de reações dos apoios. Dessa forma
a proposta desta seção é que você exercite a capacidade resolutiva
de problemas. Serão apresentados diferentes tipos e posições de
apoios, com diferentes carregamentos. Para todas essas configurações
o objetivo é o mesmo: determinar módulo, direção e sentido das
reações de apoio.

3.1.1 Força aplicada sobre viga biapoiada

A seguir está apresentada uma viga biapoiada com uma carga


concentrada de 20 kN aplicada a 3 metros de um dos apoios.

Figura 5 – Viga com carregamento concentrado

Fonte: Elaborada pelo autor.

 47
O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como
atribuir nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado
apoio A aquele mais à esquerda do elemento, e B, aquele mais à
direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido


das reações de apoio adotadas. No caso, a equação da somatória
das forças na direção do eixo y mostra que as reações RA e RB
apresentam sinal contrário ao da força concentrada aplicada, ou seja,
foi convencionado para a resolução do problema que as reações teriam
sentido contrário à força aplicada.

48
48
Figura 6 – Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.1.2 Força aplicada sobre viga engastada

A seguir está apresentada uma viga engastada com uma carga


concentrada de 20 kN aplicada a 5 metros do engaste, na extremidade
oposta ao apoio.

Figura 7 – Viga engastada com carregamento concentrado

Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como atribuir


nomenclatura para o apoio. No caso, foi considerado o engaste
como apoio A.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A
impede toda movimentação, inclusive rotação, haverá um momento
diferente de zero que deve equilibrar-se com o momento causado pela
força aplicada. Dessa forma, temos o seguinte sistema de equações:

 49
Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido das


reações de apoio adotadas. No caso, a força aplicada tende a rotacionar
o elemento no sentido horário, logo, a reação de momento no engaste
(apoio A) deverá ter sentido anti-horário.

Figura 8 – Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.1.3 Força aplicada sobre viga em balanço

A seguir está apresentada uma viga biapoiada com uma carga


concentrada de 20 kN aplicada na extremidade em balanço, onde os
apoios distam 3 metros entre si.

Figura 9 – Viga biapoiada com balanço

Fonte: Elaborada pelo autor.

50
50
O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como atribuir
nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado apoio A aquele
mais à esquerda do elemento, e B, aquele mais à direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido das


reações de apoio adotadas. No caso, a equação da somatória das forças
na direção do eixo y mostra que as reações RA e RB apresentam sinal
contrário ao da força concentrada aplicada, ou seja, foi convencionado
para a resolução do problema que as reações teriam sentido contrário
à força aplicada, caso o sinal seja positivo. Como RA apresenta sinal
negativo, seu sentido apresenta o mesmo da força aplicada.

 51
Figura 10 - Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

4. Carga distribuída sobre viga biapoiada

A seguir está apresentada uma viga biapoiada com uma carga


distribuída de 20 kN/m aplicada ao longo dos 4 metros entre os apoios.

Figura 11 – Viga biapoiada com carregamento distribuído

Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como atribuir


nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado apoio A aquele
mais à esquerda do elemento, e B, aquele mais à direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

52
52
Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido


das reações de apoio adotadas. No caso, a equação da somatória das
forças na direção do eixo y mostra que as reações RA e RB apresentam
sinal contrário ao da força concentrada aplicada, ou seja, foi
convencionado para a resolução do problema que as reações teriam
sentido contrário à força aplicada, o que foi confirmado pelo sinal de
positivo ao final dos cálculos.

Figura 12 - Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.1 Carga distribuída sobre viga em balanço

A seguir está apresentada uma viga biapoiada com uma carga


distribuída de 20 kN/m ao longo de toda a extensão do trecho em
balanço de uma viga biapoiada.

 53
Figura 13 – Viga biapoiada com balanço e carregamento distribuído

Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como


atribuir nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado
apoio A aquele mais à esquerda do elemento e, B, aquele mais à
direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

54
54
Figura 14 - Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.2 Combinação de carga distribuída e força concentrada


aplicada em viga

A seguir está apresentada uma viga biapoiada com uma carga


concentrada de 20 kN aplicada na extremidade em balanço e uma carga
distribuída de 4 kN/m no trecho entre os apoios.

Figura 15 – Viga biapoiada com balanço e carregamento distribuído 2

Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como atribuir


nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado o apoio A aquele
mais à esquerda do elemento, e B, aquele mais à direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

 55
Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido das


reações de apoio adotadas. No caso, a equação da somatória das forças
na direção do eixo y mostra que as reações RA e RB apresentam sinal
contrário ao da força concentrada aplicada, ou seja, foi convencionado
para a resolução do problema que as reações teriam sentido contrário
à força aplicada, caso o sinal seja positivo. Como RA apresenta sinal
negativo, seu sentido apresenta o mesmo da força aplicada.

Figura 16 – Resolução

Fonte: Elaborada pelo autor.

56
56
4.3 Força aplicada em pórtico

A seguir está apresentado um pórtico biapoiado, onde os apoios distam


4 metros horizontalmente e 2 metros verticalmente. Na extremidade em
balanço do pórtico está aplicada uma caraga concentrada de 10 kN.

Figura 17 – Pórtico inclinado com carga concentrada

Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo é fazer as considerações necessárias, como atribuir


nomenclatura para os apoios. No caso, foi considerado apoio A aquele
mais à esquerda do elemento, e B, aquele mais à direita do elemento.

Na sequência, assegura-se o equilíbrio através do sistema de equações


de equilíbrio. Para esta etapa, pode-se adotar que, como o apoio A não
impede a rotação, a somatória de momentos neste ponto será nula,
fornecendo uma das equações para o sistema:

Resolvendo este sistema, apresentam-sem as seguintes equações:

 57
Para visualizar o resultado obtido, é importante relembrar o sentido das
reações de apoio adotadas. No caso, a equação da somatória das forças
na direção do eixo y mostra que as reações RA e RB apresentam sinal
contrário ao da força concentrada aplicada, ou seja, foi convencionado
para a resolução do problema que as reações teriam sentido contrário
à força aplicada, caso o sinal seja positivo. Como RA apresenta sinal
negativo, seu sentido apresenta o mesmo da força aplicada.

A compreensão de como diferentes confirgurações do sistema estrutural


alteram os valores das reações de apoio poderá ser alcançada somente
com o exercício de desenvolver o raciocínio de cálculo. Aproveite para
resolver novamente os exemplos apresentados com a liberdade de
variar os valores das cargas e das dimensões das vigas e pórticos.

TEORIA EM PRÁTICA
Você está responsável por analisar um pórtico que recebe
diferentes carregamentos: um carregamento distribuído,
uma carga concentrada e um momento concentrado (Figura
18). Fazendo as considerações necessárias, apresente os
valores das reações nos apoios desse pórtico.

58
58
Figura 18 – Pórtico inclinado com carga concentrada

Fonte: Elaborada pelo autor.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. As cargas atuantes em uma estrutura são transmitidas


entre os elementos estruturais de uma forma que:

a. as conexões funcionam como ponto de contato entre


os elementos e podem ser interpretadas, em termos
de análise, como apoios.

b. as conexões e os apoios sejam conhecidamente


distintos: um proporciona impedimento à rotação
enquanto o outro impede deslocamentos.

c. as conexões entre eles funcionam como ponto de


contato rígido entre os elementos e podem ser
interpretadas, em termos de análise, como engastes.

 59
d. os valores transmitidos independem do tipo de
conexões e restrições de movimentos que ela
proporciona.

e. para cada tipo de sistema estrutural existe uma


nomenclatura diferente para os tipos de apoios.

2. As reações de apoio são os esforços exercidos pelos


apoios a fim de assegurar o equilíbrio do elemento. É
importante conhecer seus valores, sentidos e direções.
Avalie as afirmativas a seguir com V para verdadeiro e F
para falso.

( ) o carregamento transmitido ao elemento de apoio


terá iguais módulo e direção, mas sentido oposto à
reação calculada.
( ) o estudo da transmissão das cargas aos apoios é
importante para entender o equilíbrio do elemento
estrutural.
( ) as reações de apoio são exemplos de esforços
internos da estrutura.
( ) o equilíbrio é alcançado quando todas as forças
atuantes, momentos e reações de apoio resultam em
valores diferentes de zero, em qualquer direção.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a. V-V-V-V.
b. F-V-V-V.
c. V-F-F-V.
d. V-V-F-F.
e. V-V-F-V.

60
60
3. Avalie as afirmativas a seguir, onde cada uma delas
descreve as principais formas de carregamento em um
elemento estrutural:
I. a força concentrada é caracterizada por ser aplicada
em um único ponto, podendo variar módulo, sentido
e direção.

II. o momento fletor concentrado é caracterizado por


causar giro do elemento em torno do próprio eixo de
aplicação da força.

III. o carregamento distribuído é caracterizado por


aplicar cargas em todo o elemento estrutural, de
forma uniforme.

É correto o que se a firma apenas em:


a. I.

b. II.

c. III.

d. I e II.

e. II e III.

Referências bibliográficas

BEER, Ferdinand P. et al. Vector mechanics for engineers. 9. ed. Tata McGraw-Hill
Education, Nova Iorque, 2009.
HIBBELER, Russell C.; TAN, Kiang-Hwee. Structural Analysis in SI Units. Pearson
Australia Pty Limited, Singapura, 2016.
KASSIMALI, A. Structural analysis. Cengage Learning, Ilinois, 2009.
RIDPATH, Ian. A dictionary of astronomy. Oxford University Press, Oxford, 2012.

 61
Gabarito

Questão 1 – Resposta: A
Existe um trabalho integrado entre os elementos para que seja
alcançada a estabilidade da estrutura. A relação entre elementos se
dá por conexões. Quando é feita uma análise estrutural detalhada,
analisa-se cada um dos elementos isoladamente, na medida do
possível. Dessa forma, cada tipo de conexão entre elementos
pode ser representado como um apoio, classificados em rígidos,
articulados ou com rolamento.
Questão 2 – Resposta: D
As reações de apoio são consideradas forças externas à estrutura,
mas é fundamental seu conhecimento para o cálculo dos esforços
internos. O equilíbrio é alcançado quando todas as forças atuantes
(concentradas, distribuídas, momentos e reações de apoio)
equilibram-se, ou seja, a resultante em cada direção é igual a zero.
Questão 3 – Resposta: A
O momento fletor causa a rotação do elemento
perpendicularmente ao eixo de aplicação da força. A carga
distribuída pode ser aplicada ao longo de um trecho do elmento,
não necessariamente em todo o elemento e pode variar o formato
da sua distribuição.

62
62
Diagramas de esforços solicitantes
para estruturas lineares
Autor: Renan de Lima Branco

Objetivos

• Compreensão das forças normais, cortantes e


momentos fletores;

• Análise das forças e momentos internos que são


transmitidos ao longo dos elementos;

• Capacitar para representação dos diagramas de


esforços solicitantes.

 63
1. Forças e momentos internos

As forças e momentos internos são aqueles que partem do elemento


estrutural realizado sobre o restante. Considere a viga da Figura 1, onde
uma viga biapoiada nas suas extremidades recebe um carregamento
distribuído e uma carga concentrada. Para compreender como os
esforços internos são transmitidos ao longo do elemento é importante
que seja analisada uma determinada seção, no caso, a seção CC’.

Figura 1 – Viga biapoiada

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para se estudar os esforços internos, deve-se avaliar trechos segmentados


dessa viga: AC e BC. Dessa forma, considerando-se o equilíbrio estático
para cada uma dessas abordagens é possível identificar os esforços
resultantes em CC’, ou seja, os esforços internos da viga em determinada
seção. Observe que a Figura 2 faz justamente essa consideração. A
Figura 2(a) mostra que para equilibrar as forças externas deve haver uma
combinação de ações internas na seção CC’, assim como a Figura 2(b). Tais
ações na seção da viga é o que se denomina esforços internos e eles são
classificados em: força cortante (representada com a letra ‘S’ na Figura
2), força normal (representada com a letra ‘N’ na Figura 2) e momento
fletor (representada com a letra ‘M’ na Figura 2). Vale ressaltar que a
força normal é aquela aplicada no eixo do centro de gravidade da viga,
enquanto a força cortante é transversal a esse eixo.

64
64
Figura 2 – Esforços internos na seção da viga

(a) (b)
Fonte: Elaborada pelo autor.

Para que haja equilíbrio no elemento como um todo, observe que


o sentido dos esforços internos em AC e BC são opostos. Segundo
Kassimali (2009), o esforço normal interno em qualquer seção é
igual em magnitude, mas com sentido oposto à soma algébrica das
componentes na direção paralela ao eixo da viga em ambos os lados da
seção considerada. O mesmo raciocínio pode ser aplicado para o esforço
cortante e o momento fletor.

Ainda neste assunto, quando se trata de esforços interno, é muito


importante seguir padronizações quanto ao sentido dos esforços e o
que isso representa quando se desenvolve os cálculos. As considerações
para esforço normal, cortante e momento fletor são as seguintes:

• Esforço normal positivo é aquele que tende a tracionar


o elemento;

• Esforço cortante positivo é aquele que gera momento no sentido


horário sobre uma seção;

• Momento fletor positivo é aquele que tende a tracionar as fibras


inferiores e comprimir as fibras superiores do elemento.

 65
2. Procedimento para cálculo
Para o cálculo dos esforços internos basta ter registrados os esforços
externos e a geometria do elemento. Para o caso das vigas, pode-se
considerar o procedimento descrito na Figura 3.

1. Calcular as reações de apoio.


2. Definição de uma seção perpendicular.
3. Escolha um dos lados definidos pela seção (indicado escolher
aquele com menor número de reações do apoio).
4. Cálculo do esforço normal na seção.
5. Cálculo do esforço cortante na seção.
6. Cálculo do momento fletor.
7. Pode-se verificar os valores encontrados calculando os esforços
para a mesma seção, mas como ponto de partida o outro lado
definido pela seção.

Vamos verificar alguns exemplos a seguir com as vigas da Figura 4(a),


4(b) e 4(c).

Figura 4 – Esforços externos atuando em uma viga

(a)

(b)

66
66
(c)

(d)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para as vigas da Figura 4, considere uma seção num ponto ‘C’ localizado
a 1 metro da extremidade direita. A seguir será apresentado o roteiro de
cálculo para os esforços internos desta seção para cada um dos casos
(vigas das Figuras 4(a), 4(b), 4(c) e 4(d).

Como já foi apresentado, basta realizar o cálculo para o equilíbrio da


parte do elemento delimitada pela seção de interesse. Dessa forma,
para a seção de interesse da viga apresentada na Figura 4(a), tem-se os
seguintes cálculos:

 67
Semelhantemente aos cálculos para a viga da Figura 4(a), a viga da
Figura 4(b) apresenta os mesmos carregamentos externos quando
considerada a porção à direita da seção.

ASSIMILE

Para o simples cálculo dos esforços internos presentes


na seção de um elemento estrutural vale ser considerado
somente esforços de um lado ou de outro da seção.

Dessa forma, para a seção de interesse da viga apresentada na


Figura 4(b) os cálculos pela direita da seção já foram apresentados,
então tem-se os seguintes cálculos quando considerada a porção à
esquerda da seção:

68
68
Para a seção de interesse da viga apresentada na Figura 4(c), tem-se os
seguintes cálculos:

Para a seção de interesse da viga apresentada na Figura 4(a), tem-se os


seguintes cálculos:

 69
3. Diagramas de esforços internos

Uma forma bastante visual de apresentar como um elemento estrutural


se comporta é com o uso dos diagramas de esforços. Seja o diagrama de
força normal, o de esforço cortante ou o de momento fletor, todos estes
fornecem dados suficientes para tomadas de decisões no âmbito da
análise estrutural.

Segundo Martha (2009), o diagrama de esforços cortantes pode ser


definido como uma descrição da variação dos esforços cortantes ao
longo das seções transversais da estrutura. Já o diagrama de momentos
fletores apresenta a variação dos momentos fletores ao longo das
seções transversais da estrutura. A convenção adotada para o desenho
do diagrama é tal que valores positivos de esforços cortantes são
desenhados do lado das fibras superiores da barra e negativos do outro
lado, diferentemente da representação para o diagrama de momentos
fletores, onde os valores positivos ficam no lado das fibras inferiores da
barra e os negativos do outro lado.

Para todas as vigas da Figura 4 será apresentado o roteiro de cálculo a


seguir. Considere como “x” a distância entre o ponto de origem e uma
seção “C” estudada. Para a Figura 4(a), por exemplo, há a aplicação de
uma carga concentrada de 20 kN na extremidade direita, tomando esta
extremidade como origem de um eixo x, você pode avaliar como os
esforços internos desenvolvem-se ao longo do eixo:

70
70
Para esta viga, como o esforço cortante se mostrou independentemente
do valor de ‘x’, o diagrama observado é um retângulo de altura 20 kN por
comprimento 5 metros. Já o diagrama do momento fletor é um triângulo
na parte superior da viga (sinal negativo é representado na parte
superior), iniciando com valor igual a zero kN.m na origem e chegando a
100 kN.m no ponto do engaste.

Viga Figura 4(a) Diagrama

Cortante (kN)

Momento
Fletor (kN.m)

Para a viga da Figura 4(b), você perceberá que para cada ponto de
esforço externo deve haver uma seção para estudar os esforços
internos, pois há uma descontinuidade no diagrama. No primeiro
caso isso não foi necessário, pois se tratava de uma viga engastada
somente em uma extremidade. Para uma carga concentrada em uma
viga biapoiada com um trecho em balanço há a aplicação de uma
carga concentrada de 20 kN na extremidade direita, tomando esta
extremidade como origem de um eixo x, você pode avaliar como os
esforços internos se desenvolvem ao longo do eixo:

 71
Para esta viga, como o esforço cortante se mostrou independente do
valor de ‘x’ em cada um dos trechos analisados e o diagrama observado
é um retângulo de altura 20 kN por comprimento 2 metros (trecho em
balanço) e um outro retângulo de altura 13,3 kN com sinal negativo
para o trecho entre os apoios. Já o diagrama do momento fletor é um
triângulo na parte superior da viga (sinal negativo é representado na
parte superior), onde tem um valor máximo de 40 kN.m no apoio mais
ao centro e valor nulo em ambas as extremidades.

Viga Figura 4(b) Diagrama

Cortante (kN)

Momento
Fletor (kN.m)

72
72
Para a viga da Figura 4(c), a resolução será muito similar à resolução da
viga 4(b), pois há mais de um ponto de aplicação de esforços externos ao
longo da viga. Tomando esta extremidade como origem de um eixo x, você
pode avaliar como os esforços internos se desenvolvem ao longo do eixo:

Para esta viga, como o esforço cortante se mostrou dependente do


valor de ‘x’, o diagrama observado é um triângulo com altura máxima
sobre o apoio mais ao centro com valor de 40 kN. À esquerda fica
representado um retângulo, pois neste trecho o valor indemende de ‘x’,
com altura de 13,3 kN, é negativo. Já o diagrama do momento fletor é
uma parábola com concavidade para cima no trecho em balanço e um
com altura máxima no apoio mais ao centro. As alturas do triângulo
e da parábola apresentam mesmo valor no apoio (40 kN.m) e nas
extremidades apresentam valor nulo.

 73
Viga Figura 4(c) Diagrama

Cortante (kN)

Momento
Fletor (kN.m)

Para a viga da Figura 4(d), há a aplicação de uma carga concentrada de


20 kN na extremidade direita e uma carga distribuída no trecho entre
os apoios, logo apresenta descontinuidades e precisa ser estudada
trecho a trecho:

Para esta viga, como o esforço cortante se mostrou independente


do valor de ‘x’ para o primeiro trecho, o que gera um diagrama
retangular de altura 20 kN, já para o segundo trecho o diagrama
observado é um trapézio negativo (abaixo da linha central do

74
74
elemento) com altura máxima sobre o apoio mais ao centro com valor
de 19,3 kN e altura mínima sobre o apoio fixo com valor de 7,3 kN. Já
o diagrama do momento fletor é uma parábola com concavidade para
cima no trecho entre os apoios e um triângulo no trecho em balanço.
A altura máxima está no apoio mais ao centro, com valor de 40 kNm.
Nas extremidades o valor é nulo.

Viga Figura 4(d) Diagrama

Cortante (kN)

Momento
Fletor (kN.m)

TEORIA EM PRÁTICA
Você está responsável por dimensionar a armadura de uma
viga biapoiada e com uma extremidade em balanço. Tal viga
recebe diferentes carregamentos ao longo de sua extensão.
No primeiro trecho, tomando como referência o apoio à
esquerda da viga, do ponto 0 aos 2 metros recebe 2 kN/m e
recebe também uma carga concentrada de 10 kN no ponto
3 metros. Na extremidade em balanço ainda há uma carga
concentrada de 5 kN.

 75
Como engenheiro estrutural você sabe que a correta
armação da viga depende diretamente da análise dos
diagramas de esforços cortantes e de momento fletor.
Fazendo as considerações necessárias, apresente os
diagramas dessa viga.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a


relação entre forças internas e externas.

a. Os esforços externos são aqueles que partem do


elemento estrutural realizados sobre os apoios, como
uma forma de manter o equilíbrio estático.

b. Os esforços internos são aqueles que partem do


elemento estrutural realizados sobre o restante,
como uma forma de manter o equilíbrio com as
forças externas.

c. Os apoios de um elemento estrutural representam


um tipo de esforço interno, pois aplicam uma carga
de reação.

76
76
d. Os apoios de um elemento estrutural representam
um tipo de esforço externo e não é considerado no
cálculo dos esforços internos.

e. Os esforços externos são aqueles transmitidos


ao longo do elemento, enquanto que os esforços
internos são aqueles aplicados pelo uso da estrutura.

2. Para entender a relação entre os esforços internos de


uma mesma seção, quando se analisa por diferentes
segmentos dela (pelo trecho da esquerda ou pelo trecho
da direita), Kassimali (2009) apresenta um importante
raciocício.

Avalie as afirmativas a seguir com V para verdadeiro e F


para falso.

( ) Para que haja equilíbrio no elemento como um todo,


observe que o sentido dos esforços internos em
uma mesma seção, quando analisada por diferentes
segmentos, são opostos.

( ) O esforço normal interno em qualquer seção é


igual em magnitude, mas com sentido oposto
à soma algébrica das componentes na direção
paralela ao eixo da viga em ambos os lados da seção
considerada.

( ) Não se pode estabelecer uma relação de raciocínio


entre os diferente tipos de esforços internos, pois
cada um apresenta um mecanismo diferente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

 77
a. V-V-V.

b. F-V-V.

c. V-F-F.

d. V-V-F.

e. V-V-F.

3. Quando se trata de esforços interno é muito importante


conhecer os sentidos (positivos e negativos) de cada
um dos esforços. Avalie as afirmativas a seguir, onde
cada uma delas descreve sobre o sentido dos esforços
internos de um elemento estrutural:

I. Esforço normal positivo é aquele que tende a


comprimir o elemento;

II. Esforço cortante positivo é aquele que gera momento


no sentido horário sobre uma seção;

III. Momento fletor negativo é aquele que tende a


tracionar as fibras tanto superiores quanto as
inferiores do elemento.

É correto o que se a firma apenas em:

a. I.

b. II.

c. III.

d. I e II.

e. II e III.

78
78
Referências bibliográficas

BEER, Ferdinand P. et al. Vector mechanics for engineers. Tata McGraw-Hill


Education, Nova Iorque, 9ª Ed. 2009.
HIBBELER, Russell C.; TAN, Kiang-Hwee. Structural Analysis in SI Units. Pearson
Australia Pty Limited, Singapura, 2016.
KASSIMALI, A. Structural analysis. Cengage Learning, Ilinois, 2009.

Gabarito

Questão 1 – Resposta: B
Os esforços internos são aqueles que partem do elemento
estrutural realizados sobre o restante, como uma forma de manter
o equilíbrio com as forças externas. As forças externas são todas
aquelas que atuam sobre o elemento, sejam carregamento ou
reações dos apoios.
Questão 2 – Resposta: D
Para que haja equilíbrio no elemento como um todo, observe que
o sentido dos esforços internos em uma mesma seção, quando
analisada por diferentes segmentos, são opostos. O esforço normal
interno, por exemplo, em qualquer seção é igual em magnitude,
mas com sentido oposto à soma algébrica das componentes na
direção paralela ao eixo da viga em ambos os lados da seção
considerada. Assim como essa forma de interpretar vale para o
esforço normal, ela pode ser aplicada aos demais esforços internos.
Questão 3 – Resposta: B
O esforço normal positivo é aquele que tende a tracionar
o elemento. O esforço cortante positivo é aquele que gera
momento no sentido horário sobre uma seção. O momento fletor
negativo é aquele que tende a tracionar as fibras inferiores e
comprimir as superiores.

 79
Diagramas de esforços solicitantes
para estruturas em pórticos
Autor: Renan de Lima Branco

Objetivos

• Compreensão de elementos estruturais


complementares como vigas Gerber;

• Capacidade de utilizar conhecimentos de elementos


de estruturas lineares para uma aplicação mais
abrangente;

• Desenvolver habilidade de sobrepor diagramas de


esforços solicitantes.

80
80
1. Pórticos

Dentre as estruturas mais comuns estão os pórticos. Trata-se de estruturas


compostas por elementos lineares ligados entre si. Quando a temática são
os pórticos, eles podem se apresentar na forma plana ou espacial. Para o
cálculo como estrutura espacial, você pode aplicar as técnicas para cálculos
de grelhas, no entanto, o enfoque é que você consiga compreender bem
como analisar uma estrutura bidimensional, pois com estas análises você
estará capacitado para compreender e aplicar a transmissão dos esforços
internos para qualquer tipo de estrutura.

Uma propriedade muito importante na análise estrutural é o grau de


hiperestaticidade. Trata-se de um conceito baseado no número de
reações de apoio e o número de equações de equilíbrio disponíveis para
determinar as incógnitas. O grau de hiperestaticidade é a diferença entre
o número de reações e o número de equações de equilíbrio disponíveis.
Kassimali (2015) apresenta um equacionamento para o cálculo do grau
de hiperasticidade com a seguinte formulação:

i = (3m + r) – (3j + ec),

onde i é o grau de hiperestaticidade, m é o número de elementos do


pórtico, j é o número de nós, r é o número de reações de apoio, e ec
é o número de rótulas internas presentes no pórtico (você verá na
sequência o conceito de vigas Gerber). Dessa forma, quando:

• i < 0, diz que o pórtico é estaticamente instável ou hipostático;

• i = 0, diz que o pórtico é estaticamente determinado ou isostático;

• i > 0, diz que o pórtico é estaticamente indeterminado ou


hiperestático.

A Figura 1 apresenta alguns exemplos de pórticos bastante recorrentes.


A ligação entre os elementos pode ser engastada (rígida) ou
representada por rótulas.

 81
Figura 1 – Estrutura de quadros mais utilizados

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: Adaptada de LEGGERINI e KALIL (2010, p. 78).

As figuras 1(b) e 1(d) apresentam um elemento bastante comum em


pórticos. Para seguir os estudos em análise estrutural é imprescindível
que você retome sobre os trabalhos do engenheiro Henrich Gerber. No
fim do século XIX, Gerber patenteou a chamada viga Gerber. Trata-se de
introduzir articulações em determinada seção de uma viga inicialmente
contínua. A nível de aplicação, o aparecimento das vigas Gerber foi
necessário para solucionar a problemática construtiva de ligação não
rígida entre elementos, como em pontes e estruturas pré-moldadas
(SUSSEKIND, 1973).

82
82
ASSIMILE
A viga Gerber consiste na associação de vigas com
estabilidade própria com outras sem estabilidade própria.
Nesta associação, as vigas com estabilidade própria suprem
as demais dos vínculos que lhes faltam, ficando o conjunto
estável. A ligação entre as partes se dá por meio de
articulações (rótulas) (FONTES, 2005).

2. Procedimento para cálculo


O pórtico da Figura 2 apresenta a forma de proceder com a análise
estrutura de pórticos. Para cada trecho antes e depois de cada conexão
entre os elementos é necessário realizar a análise dos esforços internos,
definindo os valores de esforços normais, cortante e momento fletor.

Figura 2 – Seções de interesse

Fonte: Elaborada pelo autor.

 83
ASSIMILE
“Deve-se salientar o fato de que ao ser considerada a
seção de uma barra qualquer de um pórtico, devem ser
consideradas todas as cargas externas aplicadas à direita
ou à esquerda da seção, inclusive as cargas que atuam em
outras barras que não a em estudo” LEGGERINI e KALIL
(2010, p. 79).

Para o cálculo dos esforços internos basta ter registrados os esforços


externos e a geometria do elemento. Para o caso dos pórticos, pode-se
considerar o procedimento descrito a seguir:

1. Verificar a determinação estática, utilizando o equacionamento


apresentado no capítulo. Caso o pórtico seja isostático, prossiga
para o passo seguinte, do contrário finalize aqui a análise
(a análise de pórticos hiperestáticos demanda a aplicação
de ferramentas como método das forças ou método dos
deslocamentos);

2. Calcular as reações de apoio;

3. Determinar os esforços internos nas extremidades de cada um


dos elementos;

4. Para cada elemento do pórtico, construa os diagramas de esforços


normal, cortante e momento fletor.

Para que você consiga validar os resultados calculados, você pode


acessar aplicativos para smartphone e softwares gratuitos para
a validação dos diagramas obtidos. É muito importante que o
procedimento apresentado para o cálculo seja exercitado, pois assim
você poderá consolidar técnicas através da própria experiência e chegar
a algumas conclusões interessantes.

84
84
Por exemplo, você verá que as reações de apoio são definidoras dos
valores de esforços cortantes e normais na interface do elemento
estrutural com o apoio até haver uma nova carga externa ou até que
mude o elemento.

A Figura 3 apresenta um pórtico sobre o qual serão feitas algumas


observações.

Figura 3 – Pórtico com um apoio fixo e um apoio simples

Fonte: Elaborada pelo autor.

Este pórtico apresenta 3 elementos, 4 nós, 3 reações de apoio e 0 rótulas


internas, logo seu grau de hiperasticidade (i) é igual a (3.3 + 3) – (3.4 + 0)
= 0, logo se trata de um pórtico isostático ou determinadamente estático
e pode ser calculado.

A Figura 4(a) apresenta o diagrama de esforços normais. Observe que


nos elementos verticais ligados aos apoios, os valores do esforço normal
é o valor exato das reações verticais. No caso, como essas reações são
para cima, o elemento estará comprimido nesta situação. O elemento
horizontal do pórtico pode ter seu valor de esforço normal calculado

 85
pela soma dos esforços normais que chegam no elemento, seja pela
direita ou pela esquerda. Pela direita, como a única força externa no
sentido do eixo do elemento horizontal é a força de 10 kN aplicada, este
será justamente o valor do esforço normal. Como atua comprimindo o
elemento, terá representação de sinal negativo. Pela esquerda, o valor
obtido será o mesmo, pois somando-se o valor da reação de apoio com
a carga distribuída no elemento a sua esquerda, obtém-se o valor de 10
kN comprimindo o elemento.

Para os demais esforços internos esse mesmo exercício pode ser


feito. Quanto ao diagrama de esforços cortantes, o mesmo pode
ser observado na Figura 4(b). O elemento à esquerda, por exemplo,
recebe uma reação de apoio de 2,0 kN para a direita, logo o elemento
terá um esforço interno para a esquerda (no sentido horário). Como
o elemento continua recebendo esforços externos na mesma direção
e sentido, o diagrama será representado por um trapézio de base
inferior 2,0 kN e base superior de 10,0 kN, ambos com sinal negativo. O
elemento da direita não recebe reações horizontais, logo não apresenta
esforço interno de cortante. O elemento superior, quando analisado
da esquerda para a direita, apresenta um valor de esforço cortante
igual, em módulo, ao esforço normal que é transmitido pelo elemento
adjacente. O esforço cortante no início do elemento, então, será de 12,5
kN e com sinal positivo, pois demanda do mesmo um esforço vertical
para baixo, favorecendo um giro sentido anti-horário. Ao longo de
sua extensão, a carga externa recebida tem sentido contrário à carga
inicial, então o diagrama de esforço cortante será representado por um
trapézio onde o esforço cortante é decrescente, iniciando em 12,5 kN e
com valor mínimo de 3,5 kN na extremidade à direita.

Por fim, o diagrama de momentos fletores pode ser elaborado


analisando elemento a elemento também. Observe que o valor do
momento na extremidade do elemento é o valor da área do diagrama de
esforços cortantes no mesmo elemento estrutural.

86
86
A Figura 4(c) apresenta justamente o diagrama de momentos fletores.
O elemento à direita terá valor nulo, pois não há esforços externos
que tendam a fletir a estrutura (causar efeito de giro). O elemento
à esquerda apresenta uma carga de reação de apoio concentrada
na extremidade inferior e uma carga distribuída que tendem causar
flexão ao longo de todo o elemento, atingindo o valor de 24 kN.m
na extremidade superior. A barra horizontal recebe uma carga
concentrada na extremidade à direita, a qual é minimizada pelo valor
da reação de apoio deste lado. Esta carga concentrada resultante
(3,5 kN), em conjunto com a carga distribuída, causa uma flexão com
formato parabólico iniciando em 0 kN.m e indo até 24 kN.m em sua
extremidade oposta.

Figura 4 – Diagramas de esforços internos no pórtico da Figura 3

(a) Esforço normal (kN) (b) Esforço cortante (kN) (c) Momento fletor (kN.m)
Fonte: Elaborada pelo autor.

Para os pórticos dos exemplos a seguir é esperado que você consiga


obter seus respectivos diagramas de esforço normal, esforço cortante
e momento fletor. Lembrando que o sinal positivo do momento fletor
indica o lado em que as fibras do elemento estarão tracionadas.

Verifique que para os pórticos das Figuras 5, 6, 7 e 8 foram adotadas


essas mesmas premissas e raciocínio para os diagramas de esforços
normais, cortantes e momentos fletores. Em particular, nas Figuras 6 e 8
os pórticos rótulas onde o momento fletor é nulo.

 87
Figura 5 – Pórtico engastado e com elementos em balanço

(a) Pórtico em balanço (b) Esforço normal (kN)

(c) Esforço cortante (kN) (d) Momento fletor (kN.m)

Fonte: Elaborada pelo autor.

88
88
Figura 6 – Pórtico engastado-apoiado com rótulas internas

(a) Pórtico engastado-apoiado (b) Esforço normal (kN)

(c) Esforço cortante (kN) (d) Momento fletor (kN.m)

 89
 Figura 7 – Pórtico com apoio fixo e móvel, com uma barra em balanço

(a) Pórtico com barra em balanço (b) Esforço normal (kN)

(c) Esforço cortante (kN) (d) Momento fletor (kN.m)

90
90
Figura 8 – Pórtico com apoios fixos e viga Gerber

(a) Pórtico com viga Gerber (b) Esforço normal (kN)

(c) Esforço cortante (kN) (d) Momento fletor (kN.m)

Como expectativa para este capítulo, você deve praticar o que aprendeu
e treinar desenhos de diagramas de esforços internos para pórticos. Por
mais exemplos que você tenha tido contato, a prática profissional nos

 91
expõe a cada dia a uma situação diferente, onde o diferencial está em
aplicar aquilo que foi consolidado através de exemplos para qualquer
pórtico com que se deparar.

TEORIA EM PRÁTICA
Você está responsável por dimensionar uma estrutura
composta por elementos metálicos e você já sabe que
dependendo dos esforços atuantes em cada um dos
elementos é que você poderá encomendar o tipo da peça.
Trata-se de um pórtico onde há atuação de vento na lateral
direita e uma carga pontual (para baixo) proveniente de
uma estação de tralbalho no topo do elemento vertical à
direita. O vento causa um esfoço externo distribuído de 3,0
kN/m, enquanto a carga pontual aplicada é de 10 kN.

Como engenheiro estrutural, você sabe que a correta


análise do pórtico tem como consequência um
dimensionamento seguro e econômico da estrutura.
Fazendo as considerações necessárias, apresente os
diagramas desse pórtico.

92
92
VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Assinale a alternativa que apresenta corretamente sobre


o grau de hiperestaticidade de um determinado pórtico.
a. O grau de hiperestaticidade depende somente dos
apoios que sustentam o pórtico.

b. Um pórtico estaticamente determinado requer


análises complexas que não podem ser executadas
sem auxilio computacional.

c. A quantidade de nós em um pórtico é importante para


a definição do seu grau de hiperestaticidade.

d. Os apoios de um elemento estrutural apresentam


duas reações, o que é importante saber para a
definição do grau de hiperestaticidade.

e. Os esforços externos são definidores do grau de


hiperestaticidade.

2. A execução de elementos extensos e em que há a


necessidade de deslocamentos pontuais previstos em
projeto trouxe a necessidade da criação da viga Gerber.

Avalie as afirmativas a seguir com V para verdadeiro e F


para falso.

( ) A viga Gerber consiste na associação de vigas


com estabilidade própria com outras sem
estabilidade própria.

( ) As vigas com estabilidade própria suprem as demais,


ficando o conjunto estável.

 93
( ) A ligação entre as partes se dá por meio de engastes.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


a. V-V-V.
b. F-V-V.
c. V-F-F.
d. V-V-F.
e. V-V-F.

3. Para a elaboração dos diagramas de esforços internos,


você deve calcular o esforço ao longo de cada elemento.
Para isso, você calcula esforço sem seções específicas
dos elementos, escolhidas estrategicamente. A respeito
desse processo, avalie as afirmações a seguir:
I. Devem ser consideradas todas as cargas externas
aplicadas em cada lado seção.
II. Deve-se incluir neste estudo as cargas que atuam em
outras barras, mesmo aquelas que não estão em estudo.
III. O valor das reações de apoio não são imporantes
para a definição dos diagramas, pois estes tratam de
esforço internos.

É correto o que se a firma apenas em:


a. I.
b. II.
c. III.
d. I e II.
e. II e III.

94
94
Referências bibliográficas

FONTES, Fernando Fernandes. Análise estrutural de elementos lineares


segundo a NBR 6118: 2003. São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos-USP,
Departamento de Engenharia de Estruturas, São Carlos, 2005.
HIBBELER, Russell C.; TAN, Kiang-Hwee. Structural Analysis in SI Units. Pearson
Australia Pty Limited, Singapura, 2016.
KASSIMALI, A. Structural analysis. Cengage Learning, Ilinois, 2009.
LEGGERINI, M. R., KALIL, S. B. Resistência dos Materiais I. Notas de aula.Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2007.
SUSSEKIND, José Carlos. Curso de Análise Estrutural, vol. 1. Estruturas
Isostáticas. Editora Globo, Rio de Janeiro, 1973.

Gabarito

Questão 1 - Resposta C

O grau de hiperestaticidade depende dos tipos dos apoios


que sustentam o pórtico, da quantidade de elementos
estruturais e da presença de rótulas. Um pórtico estaticamente
determinado pode ser analisado matematicamente com
recursos manuais simples. Os apoios de um elemento
estrutural representam podem apresentar uma, duas ou três
reações de apoio. Os esforços externos não têm influência no
grau de hiperestaticidade.

Questão 2 - Resposta D

As afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. A terceira afirmativa é


falsa pois a ligação entre dois elementos de uma viga Gerber
se dá de forma a articulada, ou seja, resiste somente a
deslocamentos verticais e horizontais, mas permite o giro.

 95
Questão 3 - Resposta B

Na elaboração do diagrama de esforços internos de um pórtico


devem ser consideradas todas as cargas externas aplicadas de
um dos lados seção de estudo, incluindo os esforços externos que
atuam em outras barras, mesmo aquelas que não estão em estudo.
O valor das reações de apoio são definidores dos diagramas
de esforços internos, pois são o ponto de partida na base dos
elementos do pórtico.

96
96
Relação matemática entre os
diagramas de esforços solicitantes
e o comportamento das estruturas
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Visualizar a relação matemática existente entre os


diagramas de esforços e o comportamento das
estruturas;

• Conhecer os diversos comportamentos estruturais


dos elementos;

• Capacitar o aluno à resolução e entendimento


de problemas simples de avaliação e verificação
estrutural;

• Compreender o correto comportamento das


estruturas a partir dos diagramas de esforços.

 97
1. Carregamentos

Para se demonstrar o comportamento real de estruturas, deve-se


estudar profundamente o conceito dos esforços que solicitam uma
estrutura, suas causas e seus efeitos. O aprendizado será melhorado
cada vez que você visualizar uma estrutura e exercitar seu conceito de
análise do comportamento destas estruturas.

Neste contexto, visualize a Figura 1 que apresenta uma barra prismática


engastada em uma das extremidades, com uma carga concentrada P
aplicada na outra extremidadade.

Figura 1 – Barra prismática engastada com carga pontual

Fonte: Adaptada de Neto (1996).

Imagine qual o ponto mais propício para o rompimento de uma barra


prismática engastada conforme apresentado através da Figura 1. Se
sua resposta foi: “o ponto mais propício para o rompimento da barra é
a região próxima ao engastamento”, quer dizer que sua intuição e seu
aprendizado estão caminhando na direção correta.

Mas, responder a esta pergunta, talvez de maneira intuitiva, seja


um exercício simples. Procure aprofundar sua análise por meio
de perguntas mais complexas, como “por qual motivo a região
próxima ao engastamento está mais propícia ao rompimento?”. Com
questionamentos como este, você estará mergulhando no conceito
de análise estrutural e se condicionando ao estudo prático do
comportamento das estruturas.

98
98
Para compreender melhor o que ocorre com a barra prismática da
Figura 1, podemos afirmar que se aumentarmos continuamente
a carga concentrada P aplicada à barra prismática da Figura 1, ela
provavelmente se romperá junto ao engastamento, pois é onde se terá
o maior momento fletor nesta barra e, conseqüentemente, onde ela
estará sujeita aos maiores esforços (NETO, 1996).

Este conceito e comportamento ocorre, pois, através da análise de


uma estrutura, é possível perceber que os esforços que ocorrem
nas estruturas são proporcionais às ações que atuam nelas. Em
outras palavras, as tensões existentes nos elementos estruturais são
proporcionais aos esforços que atuam nestes elementos. Ainda para
o caso da barra prismática apresentada na Figura 1, a tendência de
rompimento próximo ao engastamento ocorre nesta região em função
dos maiores momentos fletores atuantes e, consequentemente, as
maiores tensões.

Com base neste conceito, pode-se afirmar que as seções de maior


importância para uma análise estrutural são aquelas que apresentam
as maiores tensões. O ato de se descobrir qual o conjunto de esforços
atuantes que gera o caso mais desfavorável recebe o nome de
combinação. Em uma análise estrutural, calcular qual a combinação
de esforço mais crítico em uma determinada seção é o que se faz
necessário para que o projeto de estruturas obtenha êxito quando da
sua fase de dimensionamento dos elementos estruturais.

O cálculo destes esforços máximos (mais desfavoráveis) nas estruturas é


muito bem realizado através do que chamamos de diagrama de esforços
solicitantes. Estes diagramas apresentam graficamente os pontos críticos
(maiores esforços) que acomentem cada estrutura. Estes diagramas
variam em função dos valores dos esforços que solicitam as estruturas
e é justamente pela interpretação destes diagramas de esforços
solicitantes que se compreende como uma estrutura se comporta.

 99
PARA SABER MAIS
A compreensão completa do comportamento de uma
estrutura claramente não deve estar fundamentada na
análise apenas dos diagramas de esforços solicitantes.
Outros pontos importantes são necessários para que se
conheça corretamente o comportamento de uma estrutura,
como, por exemplo, os deslocamentos que ocorrem e as
deformações nos materiais que compõem a estrutura.

1.1 Diagramas: Relação entre carga, força cortante e


momento fletor

Como dito, os diagramas de esforços solicitantes variam ao longo


das barras que representam os elementos estruturais. Por este
motivo, o correto entendimento do funcionamento deste processo é
imprescindível ao profissional que milita atuar no campo das estruturas.

Um dos itens mais importantes quando do uso dos diagramas é a


correta interpretação dos dados apresentados nos mesmos, e os
sinais que são apresentados juntamente com os diagramas possuem
significados diferentes de acordo com a ocasião e não devem ser
negligenciados durante a análise.

Na Tabela 1, é apresentada a convenção de sinais dos esforços


solicitantes mais usuais nas estruturas.

Tabela 1 – Convenção de sinais dos esforços solicitantes

Esforço Solicitante Sinal Positivo (+) Sinal Negativo (–)


Força normal Tração Compressão
Gira o trecho de barra em Gira o trecho de barra em que
Força cortante
que atua no sentido horário atua no sentido anti-horário
Traciona as fibras Traciona as fibras
Momento fletor
inferiores da barra superiores da barra
Fonte: Adaptada de Neto (1996).

100
100
A representação da situação de um elemento estrutural, portanto, é
realizada por meio dos diagramas e a construção destes pode ser obtida
com a construção das equações fundamentais da estática.

Neste contexto, Kassimali (2015, p. 152) afirma que:

A construção dos diagramas de momento fletor e de esforço cortante


pode ser acelerada consideravelmente utilizando-se as relações
diferenciais básicas que existem entre as cargas, os esforços cortantes e
os momentos fletores.

Para se obter a equação dos esforços internos, vamos utilizar a viga


apresentada na Figura 2 e considerar a notação de sinais apresentada
na Tabela 1.

Figura 2 – Viga biapoiada

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

Para esta viga, considere uma fatia infinitesimal1 de comprimento


Dx, onde será realizado o equilíbrio deste trecho isolado. Para isso,
apresenta-se na Figura 3 o diagrama de corpo livre deste elemento.

1
Extremamente pequeno. Na matemática, diz-se das grandezas infinitamente pequenas ou consideradas
como somas de acréscimos sucessivos infinitamente pequenos.

 101
Figura 3 – Diagrama de corpo livre do trecho de comprimento
infinitesimal de uma viga biapoiada

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

Neste diagrama de corpo livre, M é o momento fletor e Q é o esforço


cortante que atuam na face esquerda do elemento. Analogamente,
M+DM e Q+DQ são as variações nos respectivos esforços em função
do comprimento Dx na face direita do elemento. Esta variação ocorre
devido à carga distribuída “q(x)” que atua na viga, com isso, esforços
cortantes e momentos fletores variam em função da distância “x”.

Em função do comprimento Dx ser infinitamente pequeno, a carga


q(x) é considerada constante no trecho e por conta de o elemento
necessariamente estar em equilíbrio, deve-se satisfazer as equações de
equilíbrio existentes para o caso, conforme a seguintes equações: SFx = 0,
SFy = 0 e SMx = 0.
Percebe-se que a condição SFx = 0 é automaticamente atendida em
função da não existência de esforços horizontais, conforme apresentada
pela Figura 2. Desta forma, com relação a aplicação da condição SFy = 0
no elemento da Figura 3, temos o que se é apresentado na Eq. 1.

102
102
Tomando como referência o ponto “O” na face direita da Figura 3 e a
convenção de sinais apresentada na Tabela 1, a cortante Q é positiva,
pois está para cima e as forças Q+DQ e q(x).Dx são negativas, pois estão
em direção oposta ao da cortante Q.

O termo final DQ / Dx da Eq.1 representa a inclinação do diagrama da


força cortante. Deste modo, a inclinação do diagrama da força cortante
em um ponto é igual a intensidade da carga neste ponto, ou seja, DQ /
Dx = q(x).

Se a pretensão é determinar a variação da força cortante entre


dois pontos ao longo da viga, por exemplo, deve-se integrar o
penúltimo termo DQ = q(x) · Dx . da Eq. 1, obtendo-se então a equação
apresentada na Eq. 2:

No caso da Eq. 2, o termo representa a variação da força cortante

entre dois pontos determinados como “a” e “b” ao longo do eixo da

viga, onde se pretende descobrir esta variação de cortante, enquanto

que o termo da Eq. 2 representa a área do diagrama da carga


distribuída nos trechos “a” e “b” ao longo da viga. Resumidamente,
podemos dizer que a variação na cortante entre dois pontos de uma viga
é igual a representação da área da carga distribuída entre estes mesmos
dois pontos. Isso é muito comum na prática quando se está fazendo

 103
os cálculos para o diagrama de esforços solicitantes e será visto mais
adiante em exemplo prático a ser realizado.

Aplicando a equação de equilíbrio para a terceira condição que trata dos


momentos fletores, SMx = 0, temos o que segue apresentado na Eq. 3. A
referência continua sendo o ponto “O”, conforme Figura 3.

Conforme Kassimali (2015), os termos com diferenciais de segunda


ordem podem ser negligenciados. Ainda neste contexto, Assan (2015)
afirma que os produtos de diferenciais são desprezados, porque são
muito menores que o próprio diferencial, permitindo que a equação
assuma a forma exposta na Eq. 4:

Esta apresentação pode ser demonstrada também na forma da Eq. 5:

O termo DM / Dx da Eq. 5 representa a inclinação do diagrama do


momento fletor e é igual à cortante no mesmo ponto. Se quisermos
encontrar a variação do momento fletor entre dois pontos, basta
integrar a Eq. 4, gerando o que segue apresentado na Eq. 6:

No caso da Eq. 6, o termo representa a variação do momento


fletor entre dois pontos (“a” e “b”) ao longo do eixo da viga e o termo

104
104
da Eq. 6 representa a área sob o diagrama do esforço cortante
entre dois pontos ao longo da viga. Resumidamente, pode-se afirmar
que a variação do momento fletor entre dois pontos ao longo da viga
é igual a área do diagrama de esforço cortante entre os mesmos dois
pontos ao longo desta viga.

Através das equações apresentadas anteriormente, que são conhecidas


como equações fundamentais da estática, é possível definir que a
derivada da força cortante é a própria carga distribuída, enquanto que a
derivada da equação do momento fletor é igual à própria força cortante.

Até o momento, foi considerada uma carga distribuída ao longo do eixo


x de uma viga, conforme Figura 2, porém, em casos de ocorrência de
cargas concentradas (pontuais), o que foi apresentado nas equações Eq.
1 e Eq. 2 não é válido, devendo-se recorrer ao que se segue na Eq. 7.

A interpretação que surge a partir da Eq. 7 é de que a variação da


cortante em um ponto onde é aplicada uma carga concentrada é igual à
própria carga aplicada.

Agora, para casos onde haja a aplicação de momentos fletores


concentrados em determinado ponto de uma viga, as equações
apresentadas na Eq. 3 a Eq. 6 não são válidas nestes pontos de aplicação
do momento concentrado, sendo necessário considerar o que segue
apresentado na Eq. 8

 105
Onde M é exatamente o momento concentrado aplicado e define-se
que a variação do momento fletor no ponto de aplicação do momento
concentrado é igual ao valor do próprio momento concentrado no ponto.

Algumas relações, portanto, podem ser realizadas e são


destacadas a seguir:

a. A taxa de variação da força cortante em uma viga em relação ao


eixo x equivale à própria carga q(x);

b. Quando a carga distribuída q(x) é nula, a cortante Q é constante;

c. A taxa de variação do momento fletor em uma viga em relação ao


eixo x equivale à própria força cortante Q;

d. Quando a cortante é nula, o momento fletor é máximo;

e. Quando não há esforço cortante atuando em um determinado


trecho da viga, este mesmo trecho possuirá momento constante;

f. Quando se tem cargas pontuais, o diagrama de esforços cortantes


(DEC) terá uma descontinuidade;

g. Quando houver carga distribuída constante sobre a viga, o


diagrama de esforço cortante (DEC) é uma reta;

h. Quando houver carga distribuída constante sobre a viga, a área do


diagrama desta carga é igual a variação da cortante neste trecho;

i. A área do diagrama de esforço cortante é igual ao valor do


momento fletor no trecho;

j. Quando houver carga distribuída constante sobre a viga, o


diagrama de momento fletor (DMF) é uma parábola do 2º grau.

É interessante salientar que os valores das variações dos esforços são


representados de modo perpendicular ao longo do eixo do elemento

106
106
por meio dos diagramas de esforços solicitantes e que a prática na
análise desses diagramas fará com que você possa interpretar cada vez
melhor o funcionamento e o comportamento das estruturas.

ASSIMILE
Não se esqueça que o conceito de graus de liberdade se
refere aos movimentos de um corpo rígido. No plano, temos
3 graus de liberdade, sendo 2 translações e 1 rotação. No
caso do espaço tridimensional, são 6 os graus de liberdade,
sendo 3 translações e 3 rotações.

1.2 Exemplo de aplicação

1.2.1 Exemplo de carga concentrada (pontual)

Considere a viga observada na Figura 4, com um apoio fixo à


esquerda denominado “A” e um apoio móvel à direita denominado
“B”. Esta viga está submetida a uma carga pontual “P” aplicada no
ponto “C” a uma distância “a” do apoio “A” à esquerda. O vão total
da viga será denominado “L” e é constituído pela somatória das
distâncias “a” e “b”.

Figura 4 – Viga biapoiada com carga concentrada

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

 107
Na Figura 5 é apresentado o diagrama de corpo do livre para a viga
biapoiada da Figura 4. Note que são demonstradas as equações dos
valores das reações dos apoios A e B desta viga.

Figura 5 – Diagrama de corpo livre para viga biapoiada com


carga concentrada.

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

Para resolução do exemplo, realiza-se o corte de um trecho da viga em


uma seção S qualquer e então é feito o equilíbrio de um dos lados da
seção cortada. Neste caso, considere o corte S apresentado na Figura
5, numa seção entre o ponto “A” e o ponto “C” da viga. O equilíbrio será
realizado olhando para o lado esquerdo desta seção. Para a composição
das equações de esquilíbrio na seção à esquerda do corte S, observe o
diagrama de corpo livre desta região na Figura 6.

Figura 6 – Diagrama de corpo livre da região à esquerda da seção S

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

108
108
Para o equilíbrio desta seção, a equação da força cortante é apresentada
na Eq. 9 e a equação do momento fletor na Eq. 10.

Diante destas equações, para o ponto “C” desta viga, é possível observar na
Figura 7 os diagramas de esforço cortante (DEC) e momento fletor (DMF).

Figura 7 – Diagrama de esforço cortante e de momento


fletor até o ponto C

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

Para a seção à direita do ponto “C” desta viga, a Figura 8 e as


equações Eq. 11 e Eq. 12 apresentam o diagrama de corpo livre e as
equações de equilíbrio (cortante e momento fletor), respectivamente,
para um corte S da seção localizado entre o ponto “C” e o apoio “B”.
Para as equações de equilíbrio, manteve-se o critério de analisar a
região à esquerda corte S.

 109
Figura 8 – Diagrama de corpo livre da região à esquerda da seção S

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

Diante destas equações, para o restante da viga é possível observar na


Figura 9 os diagramas de esforço cortante (DEC) e momento fletor (DMF).

Figura 9 – Diagrama de esforço cortante e de momento fletor para a viga

Fonte: Adaptada de Hallack et al (2013).

110
110
Ao se analisar as Figura 7 e 9, observa-se a existência das relações
citadas anteriormente no item 1.1 desta aula. Para estas relações,
temos conforme:

• Item b, quando a carga distribuída q(x) é nula, a cortante Q é


constante;

• Item d, quando a cortante é nula, o momento fletor é máximo;

• Item f, quando se tem cargas pontuais, o diagrama de esforços


cortantes (DEC) terá uma descontinuidade;

• Item i, a área do diagrama de esforço cortante é igual ao valor


do momento fletor no trecho, isto é, perceba que na Figura 7 é
possível ver que o valor do momento fletor é exatamente a área
do retângulo que existe no diagrama de esforço cortante da

mesma Figura 7. Neste caso, .

Ainda, para este exemplo, pode-se citar que devido a não existência
de momentos concentrados aplicados nos apoios e por estes
apoios serem de 1º gênero, também conhecido como “apoio
móvel” (caso do apoio “B”) e de 2º gênero, também conhecido como
“apoio fixo” (caso do apoio “A”), os momentos nestes pontos são
sempre nulos, conforme representado na Figura 9. Esta é mais uma
relação que pode ser tomada de maneira a se verificar e analisar o
comportamento de uma estrutura.

Caso houvesse algum momento aplicado em uma das extremidades ou


se algum destes apoios nas extremidades fosse um apoio de 3º gênero
(engaste), nesta situação o momento não seria nulo.

 111
2. Considerações finais

• A análise das estruturas requer prática por parte do profissional


que atuará no seu dimensionamento, por este motivo, indica-
se que sejam aprofundados os estudos dos temas aqui vistos e
que outros casos possam ser treinados por você, para que no
decorrer dos exercícios perceba que a análise do comportamento
estrutural, aos poucos, torna-se uma tarefa mais simples e direta.

• Dada a importância do assunto para segurança das estruturas,


mesmo com a prática, é importante saber que não se pode
negligenciar ou desvalorizar esta etapa. Deste modo, não se
recomenda que, mesmo com a prática, a atenção seja deixada
de lado. Lembre-se, esta etapa de análise do comportamento
estrutural influencia diretamente na segurança de uma edificação.

TEORIA EM PRÁTICA
Considerando que você trabalha diretamente com cálculo
estrutural, seu superior em um escritório de engenharia
solicitou que você realizasse todos os cálculos pertinentes a
uma viga biapoiada, que será posicionada sobre a entrada
de uma garagem de uma residência. Nesta garagem, a viga
estará recebendo uma carga concentrada (pontual) ,que
é exatamente o ponto onde um portão será instalado na
entrada desta garagem. Você deve calcular as reações de
apoio que esta viga possui, bem como os esforços cortantes
e momentos fletores existentes, e traçar os referidos
diagramas. Para esta tarefa, desconsider o peso próprio da
viga, portanto, considerar apenas a carga concentrada do
apoio do portão como sendo 2,2 kN. As dimensões da viga
são demonstradas na Figura abaixo, assim como a posição
da carga concentrada de 2,2 kN. Para traçar os diagramas
de esforços cortantes (DEC) e o de momentos fletores

112
112
(DMF), procure avaliar as relações entre carga, cortante e
momento citadas nesta aula.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O ponto mais provável para a ruptura de uma peça
recebe o nome de seção crítica. No geral, essa seção
crítica é a seção onde...
a. ...os esforços são exatamente iguais aos carregamentos.
b. ...a força cortante possui valor igual ao do
momento fletor.
c. ...os carregamentos na estrutura são máximos.
d. ...as tensões na estrutura são máximas.

e. ...os esforços se anulam.

2. Em uma análise estrutural, algumas relações entre cargas,


esforços cortantes e momentos fletores são pertinentes.
De acordo com estas relações, avalie as afirmativas a
seguir com V para verdadeiro e F para falso.

( ) A seção onde ocorre esforço cortante máximo, o


momento fletor também é máximo;
( ) Quando a carga aplicada é máxima, o momento
fletor é mínimo ou nulo;

 113
( ) Cargas concentradas geram descontinuidade no
diagrama de esforço cortante;

( ) Sempre há momento nos apoios,


independentemente do tipo de apoio e da existência
ou não de momento concentrado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a. V-V-V-F.

b. F-V-V-V.

c. V-F-F-V.

d. F-V-F-V.

e. F-F-V-F.

3. Com relação aos diagramas de esforços solicitantes de


uma estrutura, analise as afirmativas a seguir:
I. Através dos diagramas de esforços solicitantes é que
se escolhe o tipo de material a ser utilizado para a
estrutura;

II. Os diagramas representam graficamente o


comportamento das estruturas;

III. Os diagramas de esforços cortantes e momentos


fletores possuem algumas relações entre si e o
conhecimento destas relações proporciona uma
análise mais rápida e precisa.

É correto o que se afirma apenas em:

a. I e III.

b. II e III.

114
114
c. II.

d. I e II.

e. I.

Referências bibliográficas

ASSAN, A. E. Resistência dos Materiais: Volume 1. Campinas: Editora


Unicamp, 2015.
HALLACK, J. C. et al. Apostila de Resistência dos Materiais I. Juiz de Fora:
Departamento de Mecânica Aplicada e Computacional, 2013.
NETO, H. L. Introdução à Mecânica das Estruturas. Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. São Paulo: Departamento de Engenharia de Estruturas e
Fundações. USP, 1996.
KASSIMALI, A. Análise Estrutural. 5. ed. São Paulo: Cengage, 2015. Tradução de:
Noveritis do Brasil.

Gabarito

Questão 1 – Resposta: D
Os pontos mais importantes para uma análise estrutural ocorrem
onde a seção é submetida às tensões máximas que podem
ocorrer em uma peça. No geral, o dimensionamento estrutural
visa atender à seção com esforços máximos e, consequentemente,
seção onde ocorre a máxima tensão no material que compõe a
estrutura. Os pontos onde ocorrem os maiores carregamentos, não
necessariamente são onde ocorrem as maiores tensões.
Questão 2 – Resposta: E
Quando há aplicação de carga concentrada, o diagrama de esforço
cortante possui uma descontinuidade, pois em função da aplicação
da força em um único ponto concentrado, o diagrama de esforço

 115
cortante representa esta carga através de uma mudança brusca na
direção do diagrama (descontinuidade).
Questão 3 – Resposta: B
Mesmo sendo uma ótima maneira de se compreender como
determinado material vai se comportar, o diagrama de esforços
solicitantes não é o fator preponderante para essa escolha, pois
outros fatores devem ser analisados, como a oferta do material
na região da obra, a expertise da mão de obra que realizará a
construção, o custo x benefício, entre outros.
Os diagramas de esforços solicitantes de fato representam o
comportamento da estrutura de maneira gráfica.
Os diagramas de esforços cortantes e momentos fletores possuem
relações entre si e o conhecimento destas relações facilita o
entendimento do comportamento estrutural.

116
116
Introdução à hiperestaticidade
das estruturas
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Conceituar as estruturas hiperestáticas;

• Diferenciar as estruturas isostáticas e as estruturas


hiperestáticas;

• Conhecer os principais métodos de análise;

• Aprofundar o conhecimento na análise de


estruturas.

 117
1. Introdução

Com relação às estruturas, podemos realizar a classificação destas,


de modo a este ser o passo inicial para uma análise estrutural em
edificação. Esta classificação é realizada em função do grau de
estaticidade que a estrutura possui, sendo eles:

• Estrutura Hipostática

Quando a estrutura não possui vínculos suficientes para garantir a sua


total imobilidade. Nas estruturas hipostáticas, o número de incógnitas é
menor do que o número de equações de equilíbrio disponíveis.

• Estrutura Isostática

Quando esta possui vínculos suficientes para garantir a sua imobilidade.


Geralmente se diz que o número de incógnitas é igual ao número de
equações de equilíbrio disponíveis no sistema.

• Estrutura Hiperestática

Quando esta possui vínculos em abundância para garantir a sua total


imobilidade. Para este caso, o número de incógnitas é maior que o
número de equações de equilíbrio.

As equações de equilíbrio supracitadas e existentes para que sejam


satisfeitas as leis da estática são as seguintes equações: SFx = 0, SFy =
0 e SM = 0.

1.1 Vantagens e desvantagens das estruturas hiperestáticas

É verdade afirmar que o uso de estruturas hiperestáticas é algo que os


profissionais de cálculo estrutural buscam durante a fase de concepção
do modelo. As vantagens que podem ser listadas para o caso das
estruturas hiperestáticas são as que se seguem:

118
118
Uma das vantagens deste tipo é que, se comparada às estruturas
isostáticas, as hiperestáticas possuem capacidade de redistribuição
dos esforços enquanto que as outras não. Em caso de alguma parte da
estrutura ficar sobrecarregada, ela possui capacidade de redistribuir
estes carregamentos a mais para os elementos ao seu redor, fazendo
com que a estrutura possua uma folga a mais na sua capacidade
portante. Martha (2010, p. 43) afirma que:

Essas vantagens são decorrência da própria característica da estrutura


isostática de ter seus esforços internos definidos única e exclusivamente
pelas cargas aplicadas e pela geometria da estrutura, não existindo
dependência quanto às propriedades dos materiais e de rigidez das barras.

Do ponto de vista das estruturas reais, uma peça isostática é


aquela que possui número de vínculos igual ao necessário para seu
equilíbrio. Ao se retirar um desses vínculos, a mesma passa a ser uma
estrutura hipostática.

Soma-se a esta situação o fato de as estruturas hiperestáticas gerarem


tensões e deformações nas estruturas menores do que as estruturas
isostáticas, uma vez que suas rigidezes são maiores. Imagine duas
vigas de mesmo vão, mesma seção e mesmo carregamento. Para a
viga isostática, as flechas que ocorrem são maiores do que as flechas
verificadas nas vigas hiperestáticas.

Com relação às desvantagens que ocorrem nas estruturas


hiperestáticas, pode-se citar o que segue:

As estruturas hiperestáticas possuem maior sensibilidade na ocorrência


de recalques dos apoios. Quando uma situação deste tipo ocorre
nestas estruturas, esforços adicionais são gerados nos elementos
que a compõem. No caso de estruturas isostáticas, estas são menos
suscetíveis a problemas do tipo, uma vez que não sofrem tanta variação
de acréscimo de esforços na ocorrência de recalques dos apoios.

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Outra situação que ocorre de modo a gerar um efeito negativo são as
tensões que surgem em virtude da variação da temperatura. Sendo
a estrutura hiperestática uma estrutura com menor possibilidade
de deformação, as dilatações e retrações geradas por variação de
temperatura causam acréscimos de esforços nos vínculos, situação esta
que não ocorre com tanta intensidade em estruturas isostáticas.

1.2 Relações fundamentais

A análise de uma estrutura necessita do uso de três relações para


que seja considerada completa. Estas relações são as “equações de
equilíbrio, Condições de compatibilidade e Relações entre força-
deformação do elemento”. Dentro deste contexto, Kassimali (2015, p.
402) traz o conceito das relações fundamentais necessárias para que o
cálculo e análise das estruturas seja entendido como completo.

As equações de equilíbrio são relacionadas às forças que atuam sobre a


estrutura (ou suas partes), assegurando que a estrutura toda, bem como
suas partes, permaneçam em equilíbrio; as condições de compatibilidade
relacionam os deslocamentos da estrutura, de forma que suas diversas
partes se encaixem, e as relações entre força-deformação do elemento,
que envolvem as propriedades do material e da seção transversal (E, I
e A) dos elementos, fornecem o vínculo necessário entre as forças e os
deslocamentos da estrutura.

Para as estruturas hipostáticas, a abordagem não será realizada, uma


vez que este tipo de estrutura possui característica extremamente
instável e sua utilização nas estruturas é de caráter não desejável,
sendo, portanto, evitadas.

Para as estruturas isostáticas (que também recebem o nome de


estruturas estaticamente determinadas), as reações de apoio e os
esforços internos podem ser conhecidos com o auxílio das equações
de equilíbrio. Na sequência, usa-se o conceito de condições de
compatibilidade e relações entre força-deformação do elemento para se
determinar os deslocamentos da estrutura.

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Já para as estruturas hiperestáticas (também conhecidas como
estruturas estaticamente indeterminadas), não é possível definir as
reações e os esforços internos somente com as equações de equilíbrio,
uma vez que possuem mais reações de apoio e/ou elementos. Neste
contexto, Kassimali (2015) afirma que estruturas deste tipo: “devem
ser complementadas por relações adicionais com base na geometria
de deformação das estruturas”, ou seja, levam em consideração as
hipóteses geométricas utilizadas na concepção do modelo estrutural.

Estas relações adicionais recebem o nome de condições de


compatibilidade e asseguram a continuidade dos deslocamentos e
deformações em uma estrutura. Um exemplo desta situação é abordado
por Kassimali (2015, p. 399) quando este afirma:

... em um nó rígido, as flechas e rotações de todos os elementos que se


encontram no nó devem ser as mesmas. Assim, a análise de uma estrutura
indeterminada envolve, além das dimensões e disposições dos elementos
da estrutura, suas propriedades dos materiais e da seção transversal (como
áreas da seção transversal, momentos de inércia, módulos de elasticidade
etc.), que, por sua vez, dependem das forças internas da estrutura.

PARA SABER MAIS


As flechas nas estruturas são os deslocamentos que
ocorrem de maneira perpendicular à seção do elemento
estrutural. No caso das vigas e lajes, as flechas são os
deslocamentos na vertical. Apesar de ser um efeito comum
nas estruturas (desde que controladas dentro de limites
aceitáveis normativamente), são tratadas como uma
situação a ser evitada nas edificações correntes.

Em definição às condições de compatibilidade, Martha (2010) divide em


dois grupos estas condições e a definição é apresentada a seguir:

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• Condições de compatibilidade externa: referem-se aos vínculos
externos da estrutura e garantem que os deslocamentos e
deformações sejam compatíveis com as hipóteses adotadas com
respeito aos suportes ou ligações com outras estruturas.

• Condições de compatibilidade interna: garantem que a


estrutura permaneça, ao se deformar, contínua no interior
dos elementos estruturais (barras) e nas fronteiras entres os
elementos estruturais.

Neste panorama, uma estrutura pode também receber definições


quanto à hiperestaticidade do ponto de vista interno ou externo.
Uma estrutura é internamente hiperestática quando as equações
da estática não são suficientes para determinar os esforços internos
desta, isto é, não é possível de se determinar os esforços internos
em uma seção qualquer da estrutura através apenas das equações
de equilíbrios existentes (mesmo depois e calculadas as reações de
apoio da estrutura).

No caso de a estrutura ser considerada externamente hiperestática,


quando há um número em abundância de reações que impedem
o deslocamento da estrutura. Não há possibilidade da estrutura se
deslocar, como um todo. Nesta situação, somente as equações de
equilíbrio da estática não são suficientes para o cálculo das reações de
apoio (SORIANO; LIMA, 2006).

Em outras palavras, a estrutura internamente hiperestática está


relacionada à incapacidade de se calcular os esforços internos de uma
barra que compõe a estrutura e a estrutura externamente hiperestática
está relacionada com a incapacidade de se calcular todas as reações de
apoio através apenas das equações de equilíbrio da estática.

A ligação entre as equações de equilíbrio e as equações de


compatibilidade é realizada através das relações entre força-
deformação do elemento.

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1.3 Análise de estruturas hiperestáticas

Como visto, o uso simplificado das condições de equilíbrio não é possível


para a resolução de estruturas hiperestáticas, sendo necessário lançar
mão das três relações fundamentais da análise estrutural.

As metodologias mais utilizadas para resolução de estruturas deste


tipo na atualidade são divididas em 2 categorias distintas, onde cada
uma delas possui um tipo diferente de incógnita para a solução das
equações. O método das forças possui como incógnitas as forças e
momentos (caracterizados pelas próprias reações de apoio ou pelos
esforços internos) nas estruturas e o método dos deslocamentos possui
como incógnitas os deslocamentos e as rotações.

De modo grosseiro, é comum afirmar que o método dos deslocamentos


é realizado de maneira inversa ao método das forças, pois enquanto
que no método das forças a ideia é utilizar primeiramente as condições
de equilibrio e no final as condições de compatibilidade, no método dos
deslocamentos primeiramente se utiliza das condições de compatibilidade
e no final é que se utiliza das condições de equilíbrio (MARTHA, 2010).

Para Kassimali (2015, p. 406), o método das forças é usual para a análise
de estruturas hiperestáticas com poucos elementos e e/ou reações,
isto é, no geral, pequenas estruturas. O método dos deslocamentos
em contrapartida é mais conveniente para uso via computacional,
sendo mais adotado na análise de grandes estruturas e altamente
hiperestáticas. Por este motivo, na sequência, abordar-se-á apenas o
método das forças, por este ser a metodologia mais comum para o
cálculo e análise manual de estruturas.

2. Método das forças

O método das forças (ou método dos esforços) é também chamado de


método da flexibilidade e visa tornar inicialmente a estrutura hiperestática
em uma estrutura isostática por meio da remoção de restrições que

 123
a tornam estaticamente indeterminada. Em outras palavras, elimina-
se apoios para que a estrutura resultante desta remoção possa ser
considerada isostática (estaticamente determinada). A estrutura,
resultando da remoção dos apoios necessários, deve ser estática e
geometricamente estável, recebendo o nome então de estrutura principal.

Quando o apoio é eliminado, está se permitindo o deslocamento neste


ponto, entretanto, para se garantir a restrição que originalmente existia,
a soma dos deslocamentos gerados pela remoção do apoio deve ser
igual ao deslocamento que a estrutura possuía antes da remoção do
apoio. A esta situação de deslocamento nos apoios é chamada de
condição de compatibilidade de deslocamentos.

O apoio removido é denominado como restrição redundante e as


reações deste apoio são chamadas de hiperestáticos. Os hiperestáticos
(reações dos apoios removidos) são inseridos na estrutura principal
como uma força externa desconhecida e calculados através da resolução
das equações de compatibilidade citadas no parágrafo anterior.

Martha (2010) define a ideia básica do método das forças como sendo
determinar, dentro do conjunto de soluções, em forças que satisfazem
as condições de equilíbrio também satisfazem as condições de
compatibilidade. Resumidamente, esta ideia resulta na metodologia de
reduzir a estrutura hiperestática em estruturas isostáticas, introduzindo-
se graus de liberdade na estrutura.

2.1 Grau de hiperestaticidade

Uma das tarefas iniciais ao método das forças (ou esforços) é a definição
do quão hiperestática é a estrutura. Isto é feito através da verificação do
grau de hiperestaticidade que a mesma possui. Se uma estrutura possui
grau de hiperestaticidade igual a 2, significa que serão necessários a
liberação de 2 vínculos para que a mesma se torne isostática e assim
possa satisfazer a condição citada no item anterior. Se a estrutura
possuir 1 grau de hiperestaticidade, apenas um 1 vínculo deverá ser
liberado para que a mesma se torne isostática e assim sucessivamente.

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Para a verificação do grau de hiperestaticidade, vejamos a Figura 1 com
uma barra com carga uniformemente distribuída qualquer determinada
“q” e o vão “L”. O apoio à esquerda receberá o nome de apoio A e o
apoio à direita receberá o nome de apoio B.

Figura 1 – Barra Hiperestática

Fonte: Elaborada pelo autor.

A Figura 1 possui 4 incógnitas, sendo elas: no apoio à esquerda (engaste)


temos 3 incógnitas, que são as restrições da reação vertical, reação
horizontal e do momento. No apoio à direita (apoio móvel), temos 1
restrição, que é o da reação vertical. Como neste caso são 3 equações
de equilíbrio (pois não se tem rótulas no sistema), temos para o grau de
hiperestaticidade, o que é apresentado na Eq. 1:

Com o grau de hiperestaticidade resultado em 1, dizemos que a


estrutura é 1 vez hiperestática, sendo necessário a retirada de 1 vínculo
para que a mesma possa ser considerada isostática e assim adotado o
método das forças para resolução do problema. Para o mesmo exemplo
da Figura 1, podemos optar por duas soluções diferentes para tornar a
estrutura isostática, sendo eles os apresentados nas Figuras 2 e 3.

Figura 2 – Barra Hiperestática transformada em isostática com


eliminação do engaste à esquerda

Fonte: Elaborada pelo autor.

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Na Figura 2, o engaste foi transformado em apoio fixo no apoio A à
esquerda, isto é, o giro do apoio A foi eliminado, resultando assim em
uma estrutura isostática, pois possui 3 incógnitas (2 no apoio fixo A à
esquerda e 1 no apoio B à direita) e 3 equações de equilíbrio. Neste caso,
o momento no apoio A à esquerda, que foi removido com a eliminação
do engaste, é inserido no sistema com o nome de hiperestático no
mesmo ponto, como sendo um momento aplicado neste ponto.

Figura 3 – Barra Hiperestática transformada em isostática com a


eliminação do apoio móvel à direita

Fonte: Elaborada pelo autor.

Outra solução possível é a apresentada na Figura 3, onde o apoio


móvel B à direita é eliminado, resultando assim em uma estrutura
também isostática, pois tem-se as 3 incógnitas do engaste A à esquerda
e 3 equações de equilíbrio. A incógnita que foi retirada no apoio B à
esquerda é aplicada por meio de uma carga no mesmo apoio B com o
nome de hiperestático.

2.2 Exemplo de aplicação

Para a viga apresentada como engastada e apoiada na Figura 4,


observe os carregamentos e vãos. O apoio à esquerda engastado será
denominado A e o apoio móvel à direita será denominado B.

Figura 4 – Viga engastada-apoiada

Fonte: Elaborada pelo autor.

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Para esta viga, o apoio B à direita será removido, tornando a estrutura
em uma viga em balanço, portanto, uma viga isostática. Esta condição é
visualizada na Figura 5.

Figura 5 – Viga engastada em balanço

Fonte: Elaborada pelo autor.

No local do apoio B à direita é adicionado a força denominada como


hiperestática. Na Figura 6 se encontra o sistema com a aplicação do
hiperestático.

Figura 6 – Viga engastada em balanço

Fonte: Elaborada pelo autor.

O sistema apresentado na Figura 5, com o sistema sem o apoio móvel B


e com a carga original, será chamado de “sistema 0” e a estrutura com o
hiperestático aplicado, conforme Figura 6, será chamada de “sistema 1”.

Na sequência, o que devem ser calculados são os deslocamentos para


cada sistema indicado, ou seja, calcula-se o deslocamento no ponto
B (à direita da viga) para o sistema em virtude da carga real (carga
uniformemente distribuída). Este deslocamento receberá o nome de δ B,C,
pois se trata do deslocamento no ponto B devido à carga real C.

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Em seguida, calcula-se o deslocamento (para o mesmo ponto B) que
ocorre em função da carga de reação adicionada (o hiperestático). Este
deslocamento receberá o nome de δ B,R , pois se trata do deslocamento
no ponto B devido à carga de reação (o hiperestático).

Posteriormente a isso então se aplica a equação de compatibilidade,


onde sabemos que no ponto B o deslocamento vertical deve ser zero.
Deste modo, a equação de compatibilidade dos deslocamentos é
apresentada na Eq. 2.

Para a estrutura com a carga real (sistema 0), por meio do método de
carga unitária, Lopez (2018) apresenta a equação para o deslocamento
deste referido sistema conforme está descrito pela Eq. 3.

Já para a estrutura com carga hiperestátitca (sistema 1), também levando


em consideração o método da carga unitária, Lopez (2018) apresenta
a equação para o deslocamento, agora para o sistema 1, conforme
descrito pela Eq. 4.

Na sequência, deve-se aplicar a condição de compatibilidade


apresentada na Eq. 2, surgindo assim o que se segue na Eq. 5.

Desta equação, procura-se isolar o termo R, que é a reação no apoio B à


direita da viga, com isso temos na Eq. 6.

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O sinal negativo na Eq. 6 representa que o que fora adotado inicialmente
na Figura 6 para como sendo o sentido da carga hiperestática é o
oposto, neste caso, é para cima.

A partir de então, através das equações de equilíbrio e do apresentado


na reação conforme a Eq. 6, pode-se solucionar as demais reações do
sistema e então, como resultados da aplicação destas equações, tem-se
o que se segue:

Como não há esforços na horizontal, a resultante horizontal no apoio A é


nula, assim temos para SFx = 0:

Na vertical, deve-se obedecer a equação de equilíbrio S Fy = 0, portanto:

Por meio da aplicação da Eq. 6 definida anteriormente, chegamos à


reação vertical no apoio B conforme segue:

E então se calcula a RVA através de:

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Com isso, as reações do exemplo proposto estão calculadas, cabendo
agora traçar os diagramas de esforços cortantes e momentos fletores. A
Figura 7 apresenta o diagrama de esforço cortante do exemplo.

Figura 7 – Diagrama de esforço cortante

Fonte: Elaborada pelo autor.

O momento fletor na barra neste caso pode ser calculado através da


equação de equilíbrio S M = 0. Sendo assim, realizando a somatória de
momentos em torno do ponto do apoio A à esquerda da viga, temos:

O momento MA foi tomado como negativo por ser considerado como


girando de forma anti-horária a barra e os demais sinais positivos e
negativos seguem o mesmo padrão de notação de sinais.

O momento máximo no vão se encontra no ponto onde o diagrama de


esforço cortante é nulo. A distância do ponto de cortante nula ao apoio
B à direita vale:

Sabendo o ponto de momento máximo, calcula-se o valor do momento


fletor para x = 1,8757m.

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O diagrama de momento fletor pode ser visualizado na Figura 8.

Figura 8 – Diagrama de momento fletor

Fonte: Elaborada pelo autor.

ASSIMILE

Não se esqueça que o cálculo do diagrama de momento


fletor pode também ser realizado através do diagrama de
esforço cortante, pois a área do diagrama de esforço cortante
é igual ao valor do momento fletor no trecho analisado.

3. Considerações finais

• A atividade de análise estrutural atualmente possui uma infinidade


de programas que auxiliam na interpretação do que ocorre com
as estruturas. Mesmo com a dificuldade maior que há no estudo
de estruturas hiperestáticas, o seu conhecimento é de fatal
importância, uma vez que as principais estruturas utilizadas nos
dias de hoje são de característica hiperestática. Essa dificuldade
maior citada está no fato de que estas estruturas possuem mais

 131
incógnitas do que equações, sendo necessária a adoção de
equações adicionais que auxiliam na resolução dos problemas. O
método das forças, portanto, caracteriza uma boa maneira de se
resolver estes problemas.

• Seu entendimento será maximizado ao passo que você, ao


praticar/estudar a resolução e a interpretação dos resultados,
perceberá quais são as etapas necessárias ao processo de
resolução dos problemas de estruturas hiperestáticas.

TEORIA EM PRÁTICA
Você foi contratado para trabalhar em uma empresa que
atua diretamente com cálculo estrutural e uma das primeiras
atividades que seu superior lhe deu para auxiliar na sua
ambientação aos serviços de análise de estruturas foi o de
verificar o grau de hiperestaticidade de algumas estruturas
específicas. Calcule o grau de hiperestaticidade das seguintes
estruturas, demonstrando quais são os vínculos em cada
apoio. Também verifique qual a solução para tornar a
estrutura possível de ser calculada pelo método das forças:

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VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Com relação ao método das forças, qual a ideia principal


da metodologia para viabilizar a resolução de estruturas
hiperestática?

a. ...compatibilizar os esforços nos nós dos


apoios móveis.

b. ...reduzir a estrutura hiperestática em estruturas


isostáticas.

c. ...ampliar a estrutura isostática em estrutura


hiperestática.

d. ...igualar a estrutura hiperestática em estrutura


hipostática.

e. ...retirar os apoios que a tornam hipostática.

2. Qual a definição para estruturas externamentes


hiperestática?

a. É a estrutura incapaz de se calcular todos os esforços


internos através apenas das equações de equilíbrio
da estática.

b. É a estrutura onde não se é possível determinar com


exatidão os esforços internos e externos.

c. É a estrutura incapaz de se calcular todas as reações


de apoio através apenas das equações de equilíbrio
da estática.

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d. É a estrutura onde não se é possível definir como
sendo hiperestática ou isostática.

e. É a estrutura que não possui esforços externos


aplicados.

3. Quando a estrutura é considerada como hiperestática?


a. Quando a estrutura possui vínculos a menos para
garantir a sua total imobilidade.

b. Quando a estrutura possui vínculos mínimos


suficientes para garantir a sua total imobilidade.

c. Quando a estrutura possui vínculos a mais para


garantir a sua total mobilidade.

d. Quando a estrutura possui vínculos mínimos


suficientes para garantir a sua total mobilidade.

e. Quando a estrutura possui vínculos em abundância


para garantir a sua total imobilidade.

Referências bibliográficas

MARTHA, L. F. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. 1. ed. Rio de


Janeiro: Editora Elsevier, 2010.
KASSIMALI, A. Análise Estrutural. 5. ed. São Paulo: Cengage, 2015. Tradução de:
Noveritis do Brasil.
LOPEZ, Rafael Holdorf. Estruturas estaticamente indeterminadas. Florianópolis:
UFSC, 2018.
SORIANO, Humberto Lima. Estática das estruturas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora
Ciência Moderna, 2010, 416 p.
SORIANO, Humberto Lima; LIMA, Silvio de Souza. Análise de estruturas. Método
das forças e Método dos deslocamentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência
Moderna, 2006, 324 p.

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Gabarito

Questão 1 – Resposta: B
A ideia principal é reduzir a estrutura hiperestática em estruturas
isostáticas através da eliminação de vínculos abundantes.
Questão 2 – Resposta: C
É a estrutura incapaz de calcular todas as reações de apoio através
apenas das equações de equilíbrio da estática, pois neste caso
é necessária a adoção das equações de compatibilidade e das
relações entre força-deformação do elemento.
Questão 3 – Resposta: E
Quando a estrutura possui vínculos em abundância para garantir
a sua total imobilidade, ela é considerada como hiperestática,
pois possui maior capacidade de distribuição de esforços e, a
depender do apoio, se retirado algum, a estrutura ainda possui
capacidade de estabilidade.

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